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São
Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1990, p. 12-14
Ninguém deve supor que a atitude de Calvino para com aquilo que é
humano e para com aquilo que pertence à realização humana não tem necessidade
de correção. No entanto, sua atitude positiva para com esses valores é inerente ao
seu pensamento e têm profundas implicações para aqueles que se consideram
Calvinistas. Isto contribui para a compreensão do modo pelo qual o Calvinismo atua
como uma força cultural.
Também para com a retórica e as ciências naturais, Calvino teve uma atitude
positiva. A influência dos princípios da retórica, sobre seu método teológico, pode
ser constatada. Na introdução de seu Comentário às Cartas aos Tessalonicenses,
Calvino reconhece que deve sua cultura humanística e seu método de ensino
(discendi rationem) ao bem conhecido humanista Maturin Cordier. Como a
retórica, as ciências naturais são dons de Deus, criados por Ele para o uso da
humanidade5. A fonte última da verdadeira ciência da natureza não é outra senão o
Espírito Santo1’. Contudo, Calvino foi inflexível oponente da pseudociência da
astrologia, que gozava de grande prestígio em seu tempo, tanto quanto goza em
nossos dias . O clima espiritual no qual Lutero se desenvolveu, foi o do misticismo
do final da Idade Média. Diferentemente de Calvino e Melanchton, Lutero
permaneceu muito tempo incólume às influências do Renascimento da Cultura
humanística de seu tempo. Em contrapartida, Calvino cedo se dedicou aos estudos
humanísticos. Como teste de sua competência, de sua erudição humanística, ele
escreveu seu famoso comentário sobre o De Clementia, de Sêneca*. Educado pelos
humanistas e autorizados eruditos de seu tempo — Pierre de llítoile e Andrea Alciati
—, bem versado na filosofia da cultura clássica, e ele mesmo reconhecido como um
erudito humanista, Calvino revelou, através de toda a sua vida, domínio da cultura
contemporânea e profundo interesse no seu desenvolvimento. Ele continuou a
demonstrar empenho em relaçào à humanidade do homem e em relaçào àquelas
boas dádivas de Deus — que incluíam a arte e a música — e que eram capazes de
contribuir para o seu desenvolvimento1'.
Ninguém deve supor que a atitude de Calvino para com aquilo que é
humano e para com aquilo que pertence à realização humana não tem necessidade
de correção. No entanto, sua atitude positiva para com esses valores é inerente ao
seu pensamento e têm profundas implicações para aqueles que se consideram
Calvinistas. Isto contribui para a compreensão do modo pelo qual o Calvinismo atua
como uma força cultural.