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Tema: Modelos de Relacionamento com os Pacientes.

Disciplina: Deontologia e Ética Profissional I

Licão número: 23 - 24

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Data: 05/06 de Maio de 2022


1.0. Introdução
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 Em todas relações interpessoais, existem modalidades de atitude,

actos de fala, entre outros. A relação entre um trabalhador de

saúde e seus utentes, é considerada uma das relações mais

delicadas, no fórum profissional e por conseguinte deve ter um

tratamento especial (MISAU, 2012).

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 Ao longo de dois mil e quinhentos anos, a relação trabalhador de
saúde-paciente foi guiada pelos princípios de beneficência e de
não-maleficência, princípios que justificaram o paternalismo do
trabalhador de saúde, isto é, o clínico sabia o que era melhor para
o doente.

 A formulação dos direitos do paciente, em especial o direito à


autonomia, trouxe novas implicações para a relação com os
utentes (MISAU, 2012).
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 Embora a autonomia seja um conceito positivo do ponto de vista
ético, ela tem algumas limitações em Moçambique, pois boa parte
dos utentes, não são bem informados, não têm acesso aos fontes
de informação (como o Internet por exemplo) e têm um baixo nível
de escolaridade.

 Por consequência, a relação clínico-paciente continua fortemente


desigual.

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Hoje em dia, há um crescente empenho dos profissionais e
instituições da área da saúde em aperfeiçoar a qualidade dos
serviços prestados aos usuários.

A qualidade de um serviço assistencial está directamente associada


à qualidade da relação interpessoal que ocorre entre os pacientes e
os profissionais encarregados da assistência (MISAU, 2012).

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 As diferentes possibilidades da relação profissional de
saúde-paciente podem ser objectivadas através de
modelos, tomando como base o tipo de doença, sua fase
de evolução e as correspondentes condições
psicológicas do paciente (MISAU, 2012).

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2.0. Tipos de modelos de relação entre o profissional de saúde e o paciente
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De acordo com MISAU (2012), existem três tipos de modelos de

relação entre o profissional de saúde e o paciente, dos quais:

 Modelo contratual;

 Modelo dialogante (também chamado colegial) e;

 Modelo paternalista.
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2.1. Modelo contratual

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Este modelo consiste em o clínico expôr todas opções terapêuticas, e em

consenso com o doente, decidir qual é a solução, isto é, o profissional explora

profundamente a queixa do paciente e associa ao seu estilo de vida, seus

valores morais e pessoais e recomenda uma solução adequada. Este modelo

propõe uma nova perspectiva nas relações entre profissional de saúde, paciente

e sociedade (MISAU, 2012).

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2.1.1. Maior contribuição
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 Propor um repensar na forma de relacionamento profissional de
saúde -paciente, e romper com a tradição ocidental paternalista;

 O processo de tomada de decisão deve ocorrer num clima de


troca de informações e negociação. A negociação caracteriza- se
por possibilitar que todos os envolvidos tenham vantagens no
processo (MISAU, 2012).

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EXEMPLOS
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 Ex 1: O início do TARV num paciente com todos os critérios, deve
ocorrer num clima contratual, onde o técnico explica porque se
deve começar o tratamento, os efeitos positivos do TARV e os
efeitos adversos. Cabe ao doente decidir se estiver
psicologicamente preparado sobre o horário da toma dos ARVs,
etc. Tanto o técnico e o utente estão profundamente envolvidos no
processo de decisão (MISAU, 2012).

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Ex 2: Na escolha de métodos anticonceptivos, primeiro o
técnico deve mostrar a utente todas as possibilidades e
recomendar o tecnicamente mais indicado. Mas a escolha
está ao critério da utente segundo o seu estilo de vida e
conveniência (MISAU, 2012).

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 Sempre que possível, é indicada uma negociação com o doente, sendo
que este, é um bom modelo de eleição, mas existem situações em que o
seu uso é obrigatório, como:

 Na gestão de doentes crónicos, como por exemplo, diabéticos ou


hipertensos;

 Na prevenção de doenças transmissíveis como ITS; Note que, a


prevenção é contratual, mas o tratamento deve ter uma abordagem
paternalista, como se falará adiante.

 Quando há mais que uma possibilidade terapêutica de eficácia


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Modelo Vantagens Desvantagens

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Há uma relação de confiança; Não é útil quando não existe um

Contratual de possibilidades;

A queixa do doente é profundamente É demorada


explorada;

---
Explora e valoriza as crenças e
princípios do doente;

---
A autoridade do clinico mantem-se;

---
Faz uma fusão entre as considerações
biomédicas e psicossociais;
---
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Melhora a aderência e o control dos
doentes;
2.2. Modelo dialogante (também chamado colegial)
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 O papel do clínico é limitado a uma exposição das soluções e o
paciente decide, isto é, passa a existir uma relação individuo-
individuo, não diferencia os papéis do profissional e do paciente
no contexto da sua relação.

 O processo de tomada de decisão é de alto envolvimento por


parte do doente. Não existe a caracterização da autoridade do
técnico como profissional, e o poder é compartilhado de forma
igualitária, ou até empodera mais o doente.
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 O modelo dialogante subdivide- se em:

Interpretativo (médio envolvimento) e;

 deliberativo (alto envolvimento).

De acordo com o grau de autonomia do paciente.

(MISAU, 2012).

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Cont.2 Modelo dialogante
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Este modelo, é impraticável na medicina pública, por falta
de tempo e recursos.

Pode-se mostrar muito útil, nos casos de não aderência a


um tratamento onde seria conveniente dar espaço e
liberdade ao doente para explicar-se, percebendo no
técnico, alguém tão humano como ele(MISAU, 2012).

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Vantagens
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 O técnico e o doente tem uma relação e cumprimento;

 O técnico, da toda informação técnica sobre o assunto, e o doente escolhe o


que se encaixa melhor ao seu estilo de vida;

 Melhora a aderência e o controle dos doentes;

 O técnico e o doente tem uma relação aberta e baseada na confiança e


cumplicidade;

 O técnico, da toda informação técnica sobre o assunto, e o doente escolhe o


que se encaixa melhor ao se estilo de vida.

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Desvantagens
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 A autoridade do técnico, como conhecedor da ciência é muito questionada;

 O tempo de consulta é muito longo;

 A preocupação do técnico, limita-se em querer fazer o que o doente quer;

 Assume que o doente tem informação clara e certa sobre o tema, o que
quase nunca é verdade no nosso contexto;

 Há uma possibilidade de o doente escolher uma opção terapêutica menos


eficaz;

 É demorada.

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2.3. Modelo paternalista
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 Este modelo paternalista é o mais tradicional. Em nome da
Beneficência a decisão tomada pelo clínico não leva em conta os
desejos, crenças ou opiniões do paciente. O médico exerce não
só a sua autoridade, mas também o poder na relação com o
paciente. O processo de tomada de decisão é de baixo
envolvimento, baseando-se em uma relação de dominação por
parte do médico e de submissão por parte do paciente (MISAU,
2012).
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 Em função deste modelo e de uma compreensão
equivocada da origem da palavra "paciente", este termo
passou a ser utilizado com conotação de passividade. A
palavra paciente tem origem grega, significando "aquele
que sofre"(MISAU, 2012).

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Ex 1: A decisão de fazer um teste de HIV no doente, mesmo
sem o consultar, porque o médico acredita que isso ajudará
na decisão terapêutica.

Ex 2: Fazer um tratamento de urgência numa condição que


periga a vida do doente (MISAU, 2012).

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22 Recomenda-se o uso do modelo paternalista

 Em situações de urgência, em que o tempo que se leva p ara


entrar em consenso com o doente pode comprometer a sua vida,
por exemplo, num acidente de viação, ou numa meningite;

 Situações em que se trata de doenças com grande impacto


epidemiológico, como cólera;

 Em pacientes com dificuldades de compreensão das soluções, ou


dificuldade de tomadas decisão.
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O facto deste modelo não exigir negociação, faz dele algo fácil de aplicar e

flexível, tornando -se muitas vezes o modelo de eleição em situações em que há

muitos doentes por assistir, porém a sobrecarga de Trabalho não justifica o seu

uso indiscriminado. Lembre-se que neste modelo, não respeitamos a autonomia

do doente, que é um aspecto crucial para a adesão a tratamentos de longo

prazo e não só (MISAU, 2012).

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3.0.Resumo das características dos modelos
 24 1.
Tabela

Fonte: MISAU.2012. Manual de Ética e Saúde da Comunidade


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Cont.1.
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É importante destacar que o uso de um determinado modelo é fortemente
influenciado pela personalidade do técnico de medicina; é natural que alguns
tenham uma inclinação pelo modelo paternalista, por ter uma personalidade
protectora ou inclinarem-se para o modelo dialogante, por serem pessoas
tímidas. Por vezes, a própria personalidade do doente, pode afectar de modo
inconsciente, a atitude do clínico. O que não se pode admitir, é que o
profissional deixe que o seu “eu” afecte no sucesso da sua relação com o
doente (MISAU, 2012).

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4.0. Conclusões Sobre Modelos de Relacionamento
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Nenhum dos tipos de relações acima descritos é melhor que a outra. Elas
simplesmente correspondem a dadas situações e caracterizam pacientes que se
encontram em contextos psicológicos distintos, sendo o dever do técnico, saber
avaliar qual dos modelos é o mais indicado para a situação. Por exemplo:

O ideal, não é escolher um modelo e segui-lo a fio, mas sim, ir oscilando de um


para o outro durante a consulta, e avaliar qual se enquadra melhor no contexto
da doença e na personalidade do doente (MISAU, 2012).

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Por exemplo:
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 1. Doenças de início precoce, de diminuta gravidade e que
causam mínimo impacto emocional no paciente, geralmente
produzem uma relação profissional de saúde-paciente de curta
duração, frequentemente superficial, não apresentando influência
demasiada no comportamento do profissional.

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Cont.1. Exemplos
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2. As doenças de início recente, porém de gravidade rele vante, agravam os
mecanismos afectivos, dando como consequência directa uma influência
importante sobre o trabalho do clínico.

3. Nas doenças de longa duração, os fenómenos psicológicos assumem


especial importância e necessitam de cuidados médicos crónicos, pois ao lado
dos recursos terapêuticos (dieta, medicamentos, fisioterapia, cirurgia e outros)
a acção psicológica do técnico passa a ter um papel fundamental.

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Referências Bibliográficas
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1. MISAU.2012. Manual de Ética e Saúde da Comunidade.
Moçambique: MISAU. Disponível em: https://intranett.com.br
no dia 03 de Maio de 2022 às 13:12’.

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