Você está na página 1de 3

Edu, vamos lá, preciso conversar contigo.

Sábado você levantou algumas questões que me preocuparam bastante, principalmente


quando conectadas com o ocorrido.

No sábado de noite estavamos conversando sobre as possibilidades de mixagem em


nosso set para a Progressive e comentei sobre o cancelamento de fase que está
ocorrendo na Psytrance Influences.

Nesse momento eu estava sentado ao lado de minha esposa, e ao lado dela estava sua
mulher. Então você elevou a sua voz, gritando comigo na frente de ambas, dentro da
sua própria casa.

Isso me feriu bastante, porque realmente não reajo bem com violência e com ofenças,
realmente me senti ofendido por você ter gritado comigo na frente de minha esposa,
principalmente pelo fato de que tenho construído com ela um ambiente de muita
calma, paciência e tranquilidade, tornando esse momento para nós um choque ainda
maior, pois sei que eu jamais gritaria com você, sua mulher ou minha mulher,
independente de qualquer coisa que ocorresse ali no momento. Violência verbal, não
condiz com meu eu, com o que faço e sou.

Mas de qualquer maneira, me mantive em silêncio e te deixei trabalhar, pensando no


que ocorreu.

Alguns minutos depois você comentou sobre sentir que entre nós tem algum conflito
de ego, isso me assustou ainda mais, porque tenho certeza que é algo que você está
projetando e está diretamente ligado à você.

Antes daquela conversa acontecer, eu sequer por um momento tinha entendido que eu e
você tinhamos nos desentendido, até porque, desde o primeiro momento senti que
nossas conversas foram leves, produtivas e tranquilas, fazendo com que naquele
sábado, eu estivesse de coração 100% aberto.

Eu tenho certeza que na minha arte, meu ego não entra em ação, muito pelo
contrário, é algo que faço questão de abafar.

Hoje trabalho com 15 artistas dentro do casting da agência, que vem antes da minha
pessoa, eu assumi um compromisso com todos esses artistas, como representante de
seus projetos em cima de nossa marca e isso vem com muitas responsabilidades, faz
um bom tempo que já não priorizo Jessé e Ambitious na minha vida, meu ego está de
lado.

Mas me deixa extremamente apreensivo o fato de eu estar trabalhando com 15 artistas


e nunca ter tido nenhum empasse com nenhum deles.

Nunca ninguém gritou comigo ou eu gritei com ninguém, nunca ninguém me desrespeitou
na frente de meus amigos ou minha família.

Relações 100% orgânicas, fluídas e positivas.

Quando retornei com a Amanda e começamos a treinar, percebi que estava impaciente e
com pressa nas mixagens, isso prejudicou um pouco o processo.

Entendo que seja uma pessoa extremamente emocional e que isso é diretamente
conectado com sua música, mas isso tem prejudicado o nosso desenvolvimento.
Acredito que nossas mixagens devem ser construídas com técnicas desenvolvidas em
nossos treinos e aulas, como você mesmo apontou, há pouco tempo começou a realmente
levar suas apresentações para a CDJ, isso faz com que suas mixagens no momento
sejam simples.

Não temos problema algum com isso, mas acredito que podemos ir mais longe e devemos
insistir um pouco mais ainda nas transições de cada track, pois precisamos explorar
as possibilidades que estão em nosso caminho, para escolher qual a melhor aplicação
possível.

Nos nossos treinos, sinto que você tenta uma vez passar uma música pra outra e já
decide se gostou ou não, mas essa pressa não faz com que você tenha realmente um
panorama da coisa, sinto que está engessando os caminhos.

Outra coisa que aprendi muito nas mentorias realizadas, é que tudo deve ter um
porquê na mixagem, na seleção das tracks. Quando digo um porquê, me refiro a
realmente lógica e sentido nas ações, algo que tem faltado em sua argumentação para
definição dos nossos objetivos.

Sempre que fala que não gostou de uma música, nunca consegue apresentar um porquê
lógico, com início, meio e fim. Afinal suas decisões perante suas músicas estão
completamente conectadas com a sua emoção, mas eu preciso muito te lembrar que
estamos indo nesse evento à trabalho para apresentar as habilidades desenvolvidas
dentro do Music Lab, não como pista.

Me preocupa muito mais o aspecto técnico do set, do que o emocional, porque sei que
as pessoas com quem quero desenvolver relações e estão envolvidas profissionalmente
no mercado da música, vão estar prestando atenção em nossa técnica, não em quem
está mais emocionado.

Não podemos mixar apenas pensando na tonalidade das músicas e se as vibes delas
clicam apenas dando o play, tem que tentar mixar a música de todas as maneiras até
realmente ter certeza que não encaixa, uma questão de perseverança.

Em pouquissímos minutos conseguimos encaixar seu último remix entre duas tracks
suas que você acho que não conectavam e funcionou, sempre vale a pena explorar com
calma o cenário.

Outro ponto que preciso conversar contigo é sobre a maturidade que precisa ter em
relação ao que estamos construindo, esta apresentação não é um VS e sim um B2B.
Significa que trabalhamos juntos e as decisões são tomadas juntas.

Você gritou comigo dentro de sua casa, falando palavrões e impondo que eu devo
aceitar a música como ela é e parar de ser petulante.

Mas é aí Eduardo, que eu vejo que o seu ego sim está envolvido em tudo que estamos
fazendo, porque está faltando a maturidade para entender que não vale a pena
prejudicar uma apresentação completa por causa de dois minutos de música que estão
com problema e que só você quer tocar, sem fundamento lógico algum.

O fato de você saber que o baixo está com problema e mesmo assim querer colocar no
meio da apresentação, me faz sentir que você está tratando a apresentação com
desdem, não com o carinho que ela merece, afinal é a primeira apresentação de um
evento extremamente importante pra família da Tríade.
Enviei o trecho que está problemático da Psytrance Influences para todos os meus
mentores, muitos dos quais também estão lhe mentorando.

Du, a gente investe dinheiro mensalmente nessas mentorias para podermos aprender e
melhorar, então eu realmente levo pro meu coração tudo que aprendemos em aula e sei
que um cancelamento de fase é uma coisa ruim no som.

Conversei com todo mundo sobre possibilidade de corrigir esse erro sem acessar o
projeto, mas não tem como.

A realidade é que eu acho que você foi muito extremista no momento, falando que a
gente toca a track inteira ou tira ela.

Eu acredito que possamos tocar ela quase inteira, menos esse trecho onde o baixo
está ruim dos 5:35 até 07:30.

Conversei com diversos profissionais do ramo e tenho certeza que no P.A vai ficar
escancarado que o bass não tá certo.

Preciso que tu realmente pense com calma e tenha a mesma maturidade que tive em
relação a minha track com a Namah, tem uma parte da música que não está boa e eu
não vou tocar no evento, porque não vale a pena prejudicar uma apresentação de 1h30
por causa de um minuto e trinta de música que eu fiz e não ficaram bons. Ainda mais
que eu vou prejudicar você nisso, uma pessoa que não teve nada a ver com a produção
da track.

Du, quero que você entenda que estamos investindo forte nessa apresentação, porque
ela vai para o nosso portifólio, as pessoas vão nos procurar e nos AVALIAR por
causa desse material.

Entendo que devemos estar conectados com a música que está rolando no set e não
quero deixar de tocar nenhuma track que tu quer tocar, afinal desde o primeiro
momento falei que faço questão de ter a psytrance influences no set.

Porém preciso também que entenda que eu tenho a responsabilidade de representar o


time dentro da ANTS e que meu foco está sim em levar uma apresentação de extrema
qualidade, sem gafes. Porque estou indo como principal representante de um time de
muito peso, que cobra uma postura 100% profissional e maturidade suficiente pra não
apresentar nada menos que não seja pura somzeira.

Vou estar vestindo a camiseta da ANTS Bookings e divulgando não só meu trabalho,
mas de um time inteiro composto por 15 artistas e 7 pessoas no ADM.

Então Edu, preciso que entenda, meu ego é a ultima coisa que vem dentro dos meus
objetivos dessa apresentação, porque estou indo representar dois times, ANTS
Bookings e Tríade Trance, o Ambitious é a última coisa que quero evidenciar nessa
apresentação, então tenho certeza que não é o meu ego que está sendo uma barreira
aqui.

Espero honestamente que nós tenhamos maturidade pra resolver esse tema sem ter que
levar ele pra frente, seguindo já os próximos treinos de cabeça erguida e com
respeito ao outro.

Você também pode gostar