A Jornada do

Herói
para “O Menino Sonhador”
de Edson Souza

Djonatha Geremias
O que é a Jornada?
A Jornada do Herói foi criada pelo mitologista
Joseph Campbell em 1949 nos Estados Unidos. A Jornada do Herói é um
É uma “fórmula” para criação de histórias, uma sucesso porque ressoa com
sequência padronizada de eventos para um experiências humanas
protagonista ser transformado, desde um início
comum até um final épico.
universais, em diversas áreas
da vida, promovendo o
Esse padrão está presente em mitos clássicos, textos autoconhecimento e a
religiosos, contos de fadas e histórias modernas.
transformação pessoal.
O cinema e a literatura têm usado esse modelo para
criar grandes sucessos (Star Wars, Harry Potter,
Matrix, dentre tantos outros).

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 Conhecendo a
estrutura

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1º ATO - DO LUGAR
COMUM À TRAVESSIA
Aqui o herói recebe o chamado para a aventura,
pode ser a partir de uma motivação pessoal ou
por uma imposição das circunstâncias.

Ele pode hesitar ou recusar, por medo ou por

responsabilidades pessoais, mas no fim sempre
acaba atendendo ao chamado.

Aparece um ou mais mentores, que o orientam

na decisão de atravessar o primeiro portal, que é
um ponto de virada do qual não tem mais volta.

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2º ATO - TESTES,
ALIADOS E A
BATALHA FINAL
O herói entra para um mundo desconhecido, fora
da sua zona de conforto, vivendo altos e baixos.

Ele passa por diferentes provações (de valores, de

habilidades, etc.). Nesse caminho, ele faz aliados e
inimigos, obtém recompensas e punições.

CLÍMAX - Ao final, ele enfrenta a grande provação,

e precisa usar toda sua experiência para vencer.
Este é o momento clímax da história, que vai
revelar o verdadeiro coração do herói.

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3º ATO - O RETORNO
TRANSFORMADO
Depois de ser transformado pela jornada, o herói
retorna para seu ponto de partida do 1º Ato.

Ele compartilha a recompensa, solucionando assim

o problema que o havia motivado para iniciar a
jornada.

Todas as pontas da história são concluídas.

Agora ele pode iniciar uma nova jornada ou se

tornar o mentor de outros heróis.

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 O Menino
Sonhador
Análise do 1º Corte

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Will Dant
Protagonista - o “Herói”

Will é um menino pobre, do Ainda criança, Will incorpora esse

campo. Os pais o conceberam já
com a intenção de que ele fosse
um auxiliar no sustento
financeiro da família.
A expectativa dos pais, desde a
gestação, já colocava no menino
uma inclinação a ser um jogador
de futebol, a ser forte e focado.
sonho e passa a se dedicar
integralmente, mesmo que sua
infância fosse sacrificada no processo.
Eventualmente, ele é reconhecido
pela determinação e talento, e segue
uma jornada linear de crescimento e
sucesso, até a realização do sonho de
tornar-se um famoso futebolista.

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Will Dant Esse sonho é autêntico?

Protagonista - o “Herói” Ou ele quer só atender à

expectativa dos pais?
Nesse 1º corte de narrativo, Will mostra Vale a pena
potencial para ser um herói, mas carece de
obstáculos, que provem a integridade de seu
sacrificar a infância?
sonho e de seu caráter.
Ele se sente obrigado a
A história de Will precisa encarar algumas
salvar a família?
verdades dolorosas para que ele seja mais
real, mais humanizado e possa gerar empatia
nos leitores. Seguem alguns exemplos: O que o seduz: fama, valorização, dinheiro?

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 Modelo de
Proposta

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1º Ato Concepção:
Pais pobres passam necessidades;
Dos pais ao clube de futebol
Decidem ter filhos para ajudarem no campo;
O primeiro filho é um menino.
Neste momento, vamos explorar o aspecto
O pai é fã de futebol, acompanha todos os jogos
psicológico do menino. O surgimento de seus
traumas e expectativas. A pressão da pobreza. A por um radinho;
influência dos pais. A comparação com a vida de Quando sente o bebê chutar a barriga da mãe, o
outras crianças.
pai projeta que o menino será um jogador de
Will não é um menino perfeito, mas precisa ter uma futebol, assim como “Willian Douglas”, um
pureza, para criar vínculo com os leitores. Vamos
famoso jogador de futebol do qual o pai é fã;
mostrar a personalidade sonhadora dele, e o quanto
ele está disposto a se sacrificar por seus sonhos. Will tem uma irmãzinha pouco tempo depois.

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 Infância:

1º Ato
Will é criado na roça, trabalhando desde cedo;
Vê a família passando dificuldade financeira;
Ele incorpora sua missão de nascimento, de ter
Dos pais ao clube de futebol que ajudar a família a sobreviver;
Sacrifica momentos importantes da infância para
juntar dinheiro;
É menosprezado por outras crianças porque é
Neste momento, vamos explorar o aspecto
pobre e por não se destacar em nada;
psicológico do menino. O surgimento de seus
Em algum momento, Will percebe que ser um
traumas e expectativas. A pressão da pobreza. A
jogador de futebol realmente pode trazer
influência dos pais. A comparação com a vida de
dinheiro para sua família e o reconhecimento de
outras crianças.
outras crianças;
Ele não dá muita atenção para sua irmãzinha, que
Will não é um menino perfeito, mas precisa ter uma
vê nele desde pequena uma referência
pureza, para criar vínculo com os leitores. Vamos
importante;
mostrar a personalidade sonhadora dele, e o quanto
Will passa a treinar futebol obstinadamente,
ele está disposto a se sacrificar por seus sonhos.
chamando atenção de um professor, que passa a
ensiná-lo coisas importantes sobre o futebol e a
A Jornada do Herói para “O Menino Sonhador” de Edson Souza - por Djonatha Geremias vida, mas Will só foca no futebol.
1º Ato
Dos pais ao clube de futebol
Infância:
Will é criado na roça, trabalhando desde cedo;
Vê a família passando dificuldade financeira;
Ele incorpora sua missão de nascimento, de ter que
ajudar a família a sobreviver;
Sacrifica momentos importantes da infância para
juntar dinheiro;
É menosprezado por outras crianças porque é pobre
e por não se destacar em nada;
Em algum momento, Will percebe que ser um jogador
de futebol realmente pode trazer dinheiro para sua
família e o reconhecimento de outras crianças;
A Jornada do Herói para “O Menino Sonhador” de Edson Souza - por Djonatha Geremias
Ele não dá muita atenção para sua irmãzinha, que vê
nele desde pequena uma referência importante;
Will passa a treinar futebol obstinadamente,
chamando atenção de um professor, que passa a
ensiná-lo coisas importantes sobre o futebol e a vida,
mas Will só foca no futebol;
Após um confronto de futebol com um valentão da
escola, Will se destaca e chama a atenção da
comunidade toda, e de um treinador de clube de
cidade;
O treinador o convida para treinar com ele em outra
cidade, mas isso o impediria de continuar trabalhando
com os pais;
Will decide negar o convite, mas o pai fica sabendo e
o obriga a sair de casa para seguir o sonho de ser um
jogador de futebol. Hesitante, Will aceita.
2º Ato
Do clube ao campeonato
Início da adolescência:
Will está longe da sua zonda de conforto, em outra
cidade, outro ritmo, outras pessoas;
Will é impactado por saber que meninos e meninas
treinam juntos (ele acredita que futebol é coisa de
menino, e que as meninas não jogam tão bem);
Will mostra que está determinado a vencer na vida
como jogador de futebol para provar ao pai que Will é
sim capaz de salvar a família e mostrar seu valor como
filho mais velho, homem e trabalhador, como o pai;
Uma jogadora de mesmo nome da irmãzinha se torna
a principal jogadora, de mesmo nível que Will, e ele se
sente desafiado em vários níveis, tanto de talento
quanto de valores pessoais.
Will descobre que tem desvantagens em relação a
outras crianças que tinham mais condição financeira
desde sempre e que nunca precisaram trabalhar duro;
Will também descobre que seu passado o deu
vantagens que essas outras crianças não têm, como
senso de responsabilidade, capacidade de jogar em
situações adversas, como chuva, lama, gramado com
pedras, ter mais resistência física e responsabilidade
(ex.: não sair para farra com os colegas de time na
noite antes de um jogo importante).
Com isso, Will se torna capitão do time;
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2º Ato
Do fracasso ao sucesso
Um importante campeonato se apresenta, e Will começa
a sofrer de ansiedade, sem perceber. Demonstra
insegurança e falta de foco, mas segue determinado em
ser o capitão que vai levar o time à vitória.
A partida da final do campeonato é decidida nos
pênaltis. Will quer ser o jogador que vai dar o time da
vitória, sabe que o pai está em casa ouvindo pelo
radinho. Porém, Will é tomado por uma crise de
ansiedade e erra o pênalti, chutando para fora.
Will perde a posição de capitão, e passa a sofrer de
vergonha. Evita falar com os pais por telefone. Ele
precisa de ajuda. Pensa seriamente em desistir de tudo.
Amigos e inimigos que Will fez ao longo da jornada o
confrontam, para motivar e para desmotivar.
Will se reencontra com seu primeiro mentor (1º Ato).
Após uma conversa profunda, Will finalmente
entende alguns ensinamentos que, naquela época,
ignorava. Ele decide continuar no sonho, mas se
questiona “Será que esse é meu sonho de verdade?”
Aos poucos Will retoma o desempenho e volta a ser o
capitão do time. Um novo campeonato se apresenta,
e o time de Will vai para a final. Agora, ele tem
novamente a oportunidade de salvar o time.
No último chute, ele abre mão de ser o batedor do
pênalti e permite que sua rival (agora amiga) dê o
chute da vitória.
O time vence e são classificados para o campeonato
nacional, mas Will, em paz, pega a recompensa em
dinheiro e abre mão de seguir com o time.
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3º Ato
Um novo sonho
Ao chegar em casa, Will é recebido com louvores
pela família e pela comunidade.
Ele ajuda sua família financeiramente a sair das
dívidas e ficarem tranquilos.
Antigos amigos e rivais da escola agora são seus fãs,
e ele descobre que tinha até fã-clube.
Ele reencontra sua irmãzinha, que agora tem o
sonho de ser jogadora de futebol, e Will é o primeiro
a incentivá-la, mesmo quando o pais diz que “isso
não é coisa de menina”.
Will impacta a todos quando diz que não seguirá a
carreira, mas que vai tentar algo novo.
Ele compartilha como foi sua jornada, e percebe
então o quanto aprendeu e o quanto passou a se
conhecer melhor, graças a todos seus mentores, seus
adversários e suas próprias forças internas.
Ele se lembra de seu primeiro mentor, e decide ser
professor de Educação Física. Ele aprendeu que a
grandeza não está na fama, nem no dinheiro, e que
não tem obrigação de atender à expectativa de
ninguém, mas que ele tem todo o potencial para ser
grande e fazer da sua comunidade pessoas grandes,
nutrindo o sonho de novas crianças, e descobrindo
que assim, todos juntos se tornam grandes.
O Menino verdadeiramente Sonhador não é mais
aquele menino obstinado, mas sim aquele que sonha
junto o sonhos de todos os seus companheiros.
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A Jornada do
Herói
para “O Menino Sonhador”
de Edson Souza

Djonatha Geremias