QUEM É O REI BEBÊ?
Para compreender o Rei Bebê, vamos imaginar que estamos
de volta ao ventre materno. Sentimos calor, segurança, conforto,
liberdade e poder. Todas as nossas necessidades são satisfeitas.
Somos o centro do nosso universo. Tomam conta de nós só pelo
fato de existirmos e isso nos satisfaz totalmente.
A infância também encoraja as nossas atitudes de Reis Bebês. As
nossas exigências ruidosas de alimento, atenção e carinho são
imediatamente atendidos. Somos, de novo, o centro de um vasto
reino; os nossos desejos são da máxima importância. Através dos
processos naturais de maturidade, da infância e do estado adulto,
a maior parte do sentimento de Rei Bebê é abandonada e
substituída por atributos que permitem uma maior capacidade de
adaptação.
Alguns de nós, no entanto, fomos avançando através dos estágios
de desenvolvimento físico sem nos desprender desta criatura
imatura - o Rei Bebê. Para nós, o Rei Bebê nunca esquece a
aconchegada e maravilhosa segurança da vida pré-natal e infantil
e, tentará constantemente voltar a experimentá-la. O Rei Bebê
luta para reconquistar a felicidade total, que advém de todas as
necessidades a serem satisfeitas.
CARACTERISTICAS DO REI BEBÊ
Ao tentar recuperar a segurança da infância, os Reis Bebês conti-
nuam a funcionar com base nos mesmos sentimentos que, muitos
tempos atrás tanto os gratificaram. “Tiebout” afirma que - quan-
do os traços infantis se mantêm na idade adulta, a pessoa é
imatura - esta imaturidade está ligada aos traços de sentimentos
de onipotência, incapacidade de aceitar frustrações, e fazer as
coisas depressa.
Os Reis Bebês possuem uma grande variedade de traços de per-
sonalidade. Nenhum de nós possui todos estes traços juntos, mas
provavelmente temos vários que nos descrevem. Os Reis Bebês
podem apresentar as seguintes características:
1. Ficam muitas vezes irritados com as pessoas que -
representam uma autoridade ou, com receio delas, e tentam
colocar umas contra as outras de modo a conseguirem o que
querem.
2. Procuram aprovação e freqüentemente perdem a sua própria
identidade no decorrer do processo.
3. São capazes de causar uma primeira impressão boa, porém
incapazes de mantê-la.
4. Tem dificuldade em aceitar críticas pessoais e se sentem
ameaçados e irados quando são criticados.
5. Tem personalidade adictiva e se deixam levar a extremos.
6. Não se aceitam ou alienam-se de si mesmos.
7. Ficam muitas vezes imobilizados pela ira e frustração. Rara-
mente estão satisfeitos.
Lucimar de Oliveira
8. Sentem-se, geralmente, sozinhos, mesmo quando rodeados
de pessoas.
9. Queixam-se e culpam os outros pelo que lhes acontecem.
10. Sentem que não são apreciados e que não pertencem ao
grupo.
11. Enxergam o mundo como uma selva cheia de pessoas egoís-
tas que não estão disponíveis para eles.
12. Encaram tudo como uma catástrofe, como uma situação de
vida ou morte.
13. Julgam a vida em termos absolutos: preto ou branco, certo ou
errado.
14. Vivem no passado, ao mesmo tempo em que receiam o futuro.
15. Tem forte sentimento de dependência e um medo exagerado
de serem abandonados.
16. Tem medo do insucesso e da rejeição. Não tentam coisas
novas aonde possam falhar.
17. Tem obsessão ao dinheiro e às coisas materiais.
18. Sonham com planos e esquemas grandiosos, tendo pouca
capacidade de fazer com que ocorram.
19. Não podem tolerar a doença, nem neles e nem nos outros.
20. Preferem agradar aos superiores e intimidar os subordina-
dos.
21. Acha que as regras e as leis são para os outros, não para eles
próprios.
22. Tornam-se, com freqüência, adictos da excitação e de uma
vida de frenesi.
23. Guardam para si as emoções dolorosas e perdem o contato
com seus sentimentos.
A CRIANÇA ASSUSTADA E O REI BEBÊ
Muitos adictos têm dentro de si uma garota ou um rapaz assusta-
do, solitário e envergonhado que murmura contra si pró-
prio pensamentos derrotistas, baseados numa vida inteira de
mensagens negativas. Constantemente se comparam aos outros e
que não estão à altura deles.
Esses sentimentos, de falta de valor próprio, de culpa e, de não
pertencer, formam a personalidade do Rei Bebê. Neste caso
ser egoísta e exigente emerge como reação a estes sentimentos
de vergonha e inadequação.
Ao lutar de forma Infantil para sermos aceitos e agradar aos
outros, começamos a procurar coisas exteriores para nos sentir
melhor por dentro. Vestuário de alta costura, carros de corrida,
namoros, baladas, drogas e a excitação de uma vida frenética
ajudam a acalmar o sofrimento. Cria-se uma aparência atrativa,
magnética, encantadora para conseguir o que queremos. Usamos
expedientes como a procura do prazer, a procura do poder e da
atenção para preencher o vazio. Mas o vazio permanece. Não
há amor, dinheiro ou fama que bastem para a criança assustada
que existe em nós.
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 Considerando tudo isto como uma fraqueza, a parte de nós que
corresponde ao Rei Bebê tentará destruir, atacar e pôr de lado
a nossa criancinha assustada. Ao negar estes sentimentos, o Rei
Bebê encobre, em última análise, o fato da criancinha assustada
existir.
A luta interior
Compreender o Rei Bebê é difícil, porque as coisas nunca são
aquilo que parecem ser. Existem dois fatores principais de moti-
vação: em primeiro lugar; a criança assustada, solitária, que não
quer ser mais magoada e, em segundo lugar, o Rei Bebê que
nunca está satisfeito.
Lucimar de Oliveira
Quando a criança receosa que existe em nós ouve a palavra não,
uma mensagem interior nos diz que somos maus. Sentimos-nos
amados quando recebemos carinho e, não amados quando nos
corrigem ou nos ralham. Quando somos criticados, a nossa imatu-
ridade insiste no direito de fazer o que entendemos e argumenta
que, se somos amados, os outros devem nos deixar fazer o que
queremos. Muitas vezes, as nossas manipulações nos permitem
ganhar.
Ambas estas facetas - a criança medrosa e o Rei Bebê exigente
- ficam temporariamente satisfeitas se criarmos a pessoa que
pensamos que os outros querem que sejamos. No entanto, a base
para uma recuperação duradora será a criança assustada read-
quirir o sentimento do próprio valor e aprender a controlar os
comportamentos de Rei Bebê.
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