Você está na página 1de 44

Romantismo no Brasil

Sora Edi Tadiotto


Romantismo-poesia: Brasil
Contexto Histórico:
o Brasil recebe a família real portuguesa que vem buscar
refúgio da crise provocada pela busca expansionista de
Napoleão Bonaparte
O impacto desta transferência foi percebido nas mudanças
de toda a infra-estrutura da cidade do Rio de Janeiro que,
até sua vinda, era extremamente precária.
Abertura dos portos para nações amigas-1808
Drenagem dos charcos, ampliação das
ruas, calçadas, novos bairros...
Romantismo-poesia: Brasil
Contexto Histórico:
Implantação de escolas-régias (Ensino
Médio) e a primeira instituição de Ensino
Superior, a Escola Médico-Cirúrgica, na
Bahia.

o Brasil recebeu a Missão Artística Francesa composta por cientistas e


artistas, que registravam em seus textos características do novo reino.
Romantismo-poesia: Brasil
Contexto Histórico:
Nos textos dos integrantes das missões científicas, eram
divulgadas também as idéias nacionalistas e liberais
vigentes na Europa.
Por circularem entre nossos intelectuais, esses textos
exerceram grande influência, marcando fortemente a
ideologia romântica.

Proclamação da Independência política brasileira, em 1822:


identidade nacional em questão
Romantismo-poesia: Brasil
Os intelectuais brasileiros, que vinham levando adiante o que era
sugerido pelos participantes das expedições científicas e artísticas
estrangeiras, viram neste fato o grande pretexto do qual precisavam
para consolidar a idéia de uma nação autenticamente brasileira, ou
seja, separada de Portugal.
Geração Denominação Componentes Modelos Temas
Poéticos
Primeira Nacionalista Gonçalves de Chateaubriande - O índio
Magalhães e Lamartine - A saudade da
Gonçalves Dias Pátria
- A natureza
- A religiosidade
- O amor
impossível

Segunda Individualista Álvares de Azevedo, Byron e Musset - A dúvida


ou Casimiro de Abreu, - O tédio
Subjetivista Fagundes Varela e - A orgia
Junqueira Freire - A morte
- A infância
- O medo do amor
- O sofrimento

Terceira Liberal ou Castro Alves Vitor Hugo - Defesa de


Social ou Condoreira causas
humanitárias
- Denúncia da
escravidão
- Amor erótico

Fonte: Literatura Brasileira: por Sergius Gonzaga.


Disponível em: http://educaterra.terra.com.br/literatura/romantismo/romantismo_12.htm . Acesso em: 14 mai. 2009.
Romantismo-poesia: Brasil
1ª Geração : Indianismo
Apontando os índios e os indícios da natureza exuberante como
símbolos representativos da identidade brasileira começava a ganhar
forma a representação simbólica ideal encontrada pela primeira
geração romântica.
Romantismo-poesia: Brasil
1ª Geração : Indianismo
Em 1840, o recém-fundado Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
promoveu um concurso para premiar o trabalho que melhor apontasse
a maneira de se compor uma história geral do Brasil.

O vencedor foi Von Martius, por ter destacado a importância das três
raças (branca, indígena e negra) na formação do povo brasileiro
Romantismo-poesia: Brasil
Aponte a importância da visão que o IHGB criou na imagem sobre o
Brasil tem, até hoje, de sua própria sociedade.
Romantismo-poesia: Brasil
Gonçalves Dias:
Foi o grande nome de toda primeira geração romântica.

De origem mestiça, filho de um comerciante português e uma cafuza


(negro/índio), o poeta orgulhava-se de ter em seu sangue as três raças
que compunham o país.
Romantismo-poesia: Brasil
Gonçalves Dias:
grande nome de toda primeira geração.
De origem mestiça, filho de um comerciante português e uma cafuza
(negro/índio), o poeta orgulhava-se de ter em seu sangue as três raças
que compunham o país.
Características:
◦ arrebatamento romântico
◦ expressão sentimental individual e idealizações
◦ exaltação a natureza da pátria e religiosidade
Romantismo-poesia: Brasil
Gonçalves Dias:
grande nome de toda primeira geração.
De origem mestiça, filho de um comerciante português e
uma cafuza (negro/índio), o poeta orgulhava-se de ter em
seu sangue as três raças que compunham o país.
Características:
◦ arrebatamento romântico
◦ expressão sentimental individual e idealizações
◦ exaltação a natureza da pátria e religiosidade
Obras principais: “Os timbiras”, “Canto do piaga” ,
“Deprecação” e “Juca Pirama”
Romantismo-poesia: Brasil
Gonçalves Dias:
“Juca Pirama”, é narrada a história do último descendente
da tribo tupi, feito prisioneiro pelos timbiras. O prisioneiro
será morto e, depois, devorado em um ritual antropofágico.
Certo de que será morto por seus captores, e temendo pela
vida de seu velho pai (que está cego e sozinho nas matas), o
jovem tupi pede clemência. Enquanto para os leitores isto é
visto como um gesto de nobreza e desprendimento por
parte do filho, é interpretado como sinal de covardia entre
os índios. O chefe dos timbiras o liberta porque não quer
“Com carne vil enfraquecer os fortes”. Quando o tupi
reencontra seu pai, é renegado por ele que, envergonhado
pela covardia do filho, o amaldiçoa.
Romantismo-poesia: Brasil
Gonçalves Dias:
Para se redimir, o tupi volta à tribo timbira e se
entrega para ser morto. O título do poema se
justifica neste ponto, pois Juca Pirama significa,
em língua tupi, “o que é digno de ser morto”.
O chefe da tribo, quando percebe que o jovem
será massacrado por seus guerreiros, ordena que
o soltem pela sua coragem.
Romantismo-poesia: Brasil
São rudes, severos, sedentos de glória,
Já prélios incitam, já cantam vitória,
Já meigos atendem à voz do cantor:
São todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão de prodígios, de glória e terror!
...
“Eis-me aqui, diz ao índio prisioneiro;
“Pois que fraco, e sem tribo, e sem família,
“As nossas matas devassaste ousado,
“Morrerás morte vil da mão de um forte.”
Romantismo-poesia: Brasil
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi.

Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
Romantismo-poesia: Brasil
Gonçalves Dias:
“Canção do exílio” lança o olhar nacionalista como eixo da
poesia romântica no Brasil.
Talvez a poesia mais parodiada da Literatura Brasileira
Romantismo-poesia: Brasil
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Romantismo-poesia: Brasil
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,


Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá
Romantismo-poesia: Brasil
a) Como se sente o eu-lírico?
b) Como conseguimos identificar o exílio e a nossa pátria?
c) identifique no poema, elementos que conectam o eu-lírico à
natureza.
Romantismo-poesia: Brasil
A segunda geração romântica é marcada pela postura de
exagero sentimental: ultra-romântismo
O poeta se posicionava à parte da sociedade por se sentir
incompreendido e demonstrar valores morais e éticos
contrários aos interesses econômicos da burguesia
São jovens do século XIX voltados a si mesmos e que,
portanto, deixam os grandes temas nacionalistas da
primeira geração, por isso assumem para si a imagem de
heróis defensores de valores como honestidade, amor e
liberdade
Romantismo-poesia: Brasil
arrebatamento sentimental,
amor e morte
medo e solidão
natureza retratada ganha ares soturnos tornando-se num espaço sombrio.
Vida é a maior obra de Arte
Pessimismo
Evasão da realidade
Atração pelo mistério
Inadaptação à sociedade
Artista = monstro
Culto ao mórbido / doentio
Idealização da mulher virginal:
Romantismo-poesia: Brasil
Idealização da mulher virginal:
Virgem e Prostituta
Mãe e Amante
Viva e Morta

Influência: contos de Edgar Allan Poe


Noite na Taverna, Álvares de Azevedo
Romantismo-poesia: Brasil
Idealização da mulher virginal:
Virgem e Prostituta
Mãe e Amante
Viva e Morta
◦ O deslumbramento pela morte traz uma imagem de
beleza feminina. Mulheres pálidas, lânguidas, etéreas
substituem as virgens robustas de estéticas anteriores.
Influência: contos de Edgar Allan Poe
Noite na Taverna, Álvares de Azevedo
Romantismo-poesia: Brasil
Modelo da 2ª geração: Lord Byron
Versos Inscritos numa Taça Feita de um Crânio
Não, não te assustes: não fugiu o meu espírito
Vê em mim um crânio, o único que existe
Do qual, muito ao contrário de uma fronte viva,
Tudo aquilo que flui jamais é triste.
Vivi, amei, bebi, tal como tu; morri;
Que renuncie e terra aos ossos meus
Enche! Não podes injuriar-me; tem o verme
Lábios mais repugnantes do que os teus.
Onde outrora brilhou, talvez, minha razão,
Para ajudar os outros brilhe agora e;
Romantismo-poesia: Brasil

Substituto haverá mais nobre que o vinho


Se o nosso cérebro já se perdeu?
Bebe enquanto puderes; quando tu e os teus
Já tiverdes partido, uma outra gente
Possa te redimir da terra que abraçar-te,
E festeje com o morto e a própria rima tente.
E por que não? Se as fontes geram tal tristeza
Através da existência - curto dia-,
Redimidas dos vermes e da argila
Ao menos possam ter alguma serventia.
Romantismo-poesia: Brasil
Vida = maior obra de Arte:
Spleen = tédio
Escuridão...bebidas fortes, ópio, haxixe, absinto, paraísos artificiais para
fugir da realidade, um comportamento auto-destrutivo associado ao
tédio e à depressão. Esta postura passou a ser conhecida como “mal do
século”.
Romantismo-poesia: Brasil
Casimiro de Abreu
Fagundes Varela
Álvares de Azevedo
Romantismo-poesia: Brasil
Casimiro de Abreu
o poeta mais lido da segunda geração no Brasil. olhar ingênuo para as
questões do amor. (foge um pouco do padrão mal do século )
valorização elementos prosaicos (comparar a moça, que vende flores
colhidas no jardim, a pássaros que brincam entre rosas)
A infância é retratada como a doce lembrança ingênua, inocente e
perfeita.
fuga do presente no passado, revisitado de maneira idealizada

Casimiro de Abreu é o poeta que mais trabalha com o tema


saudosismo. Seus versos Meus oito anos ficaram muito conhecidos
como revelação dos momentos felizes da sua infância.
Romantismo-poesia: Brasil
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
Romantismo-poesia: Brasil
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Romantismo-poesia: Brasil
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Romantismo-poesia: Brasil
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Romantismo-poesia: Brasil
Fagundes Varela
Juiz de Direito, casou-se aos vinte e um anos com Alice
Guilhermina Luande
vida marcada pela tragédia de ter perdido o seu primeiro
filho aos três meses, sua esposa e depois outro filho, do
segundo casamento com sua prima Maria Belisária
Tudo isso o levou a uma vida de dor, boemia e alcoolismo.

Em homenagem ao filho compôs o poema “Cântico do


calvário”. – principal tema de sua poesia
Romantismo-poesia: Brasil
Cântico do Calvário
À Memória de Meu Filho
Morto a l l de Dezembro
de 1863.
Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança. — Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro! pastor
Eras a messe de um dourado estio. colheita / verão
Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, — a inspiração, — a pátria,
O porvir de teu pai! — Ah! no entanto,
Pomba, — varou-te a flecha do destino!
Astro, — engoliu-te o temporal do norte!
Teto, caíste! — Crença, já não vives [...]
Romantismo-poesia: Brasil
Álvares de Azevedo
Mora em São Paulo (1847) para estudar na Faculdade de Direito do Largo
de São Francisco, onde, desde logo, ganhou fama por brilhantes e precoces
produções literárias.
Não chegou a concluir o curso de Direito, pois adoeceu de tuberculose
pulmonar e, além disso, teve um tumor na fossa ilíaca que piorou depois de
uma queda de cavalo, aos 20 anos
Sofrendo dores terríveis, é operado - sem anestesia, atestam seus familiares
- e, após 46 dias de padecimento, vem a falecer no Domingo de Páscoa, 25
de abril de 1852.
Obras :
◦ Teatro : Macário
◦ Poesia : Lira dos Vinte anos e outros
◦ Contos: Noite na Taverna
Romantismo-poesia: Brasil
Álvares de Azevedo
Lira dos Vinte Anos:
A primeira e a terceira partes da obra mostram um Álvares
adolescente, casto, sentimental e ingênuo.
A segunda parte apresenta uma face irreverente, irônica,
macabra e, por vezes, orgíaca e degradada de um moço-
velho, isto é, um jovem em conflito com a realidade,
tragado pelos vícios e amadurecido precocemente.
Na segunda parte, não raro, ironiza os próprios temas
românticos
Romantismo-poesia: Brasil
É ela! É ela! - murmurei tremendo,
E o eco ao longe murmurou - é ela!
Eu a vi... minha fada aérea e pura -
A minha lavadeira na janela!
Dessas águas-furtadas onde eu moro
Eu a vejo estendendo no telhado
Os vestidos de chita, as saias brancas;
Eu a vejo e suspiro enamorado!
Esta noite eu ousei mais atrevido
Nas telhas que estalavam nos meus passos
Ir espiar seu venturoso sono,
Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!
Como dormia! Que profundo sono!...
Tinha na mão o ferro do engomado...
Como roncava maviosa e pura!...
Quase caí na rua desmaiado! (...)
Romantismo-poesia: Brasil
Lira dos Vinte Anos
Lembrança de Morrer
No more! o never more! Shelley

Quando em meu peito rebentar-se a fibra,


Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima
Em pálpebra demente E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro
- Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfez ao dobre do sineiro;
Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade - é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia. (...)
Romantismo-poesia: Brasil
A terceira geração romântica: Condoreirismo (também chamada de
liberal ou social. )
Tem como modelo poético o escritor Victor Hugo.
O nome da corrente, condoreirismo, associa-se ao condor ou outras aves, como a
águia, o falcão e o albatroz, que foram tomadas como símbolo dessa geração de
poetas com preocupações sociais. Esta escolha remete à identificação do vôo
destas aves, como a capacidade de enxergar à grande distância. Os poetas
condoreiros supunham ser eles também dotados dessa capacidade: olhar a
sociedade como num vôo, capaz de enxergar os problemas que afligem a todos. Por
isso, tinham o compromisso de orientar os homens que não possuíam a mesma
visão para os caminhos da justiça e da liberdade.

Seu principal representante é o poeta Castro Alves.

Seus principais temas são a defesa de causas humanitárias, a denúncia


da escravidão e o amor erótico.
Romantismo-poesia: Brasil
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!...

Auriverde pendão de minha terra,


Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Romantismo-poesia: Brasil
A poesia de Castro Alves tem dois pontos importantes de diferenças
entre os modelos das 1ª e 2ª gerações românticas. Aponte-os.
Romantismo-poesia: Brasil
Castro Alves não considera o amor algo idealizado e inatingível, assim,
como também não encobre a sensualidade ou coloca a relação física
como perversão que só pode ser levada em conta no plano fantasioso.
Mulher : bela e perfeita, mas “real”, suavemente erótica.
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus
E amamos juntos E depois na sala
"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala
E ela, corando, murmurou-me: "adeus."
Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . .
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus
Era eu... Era a pálida Teresa!
"Adeus" lhe disse conservando-a presa
E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!"
Passaram tempos... séculos de delírio...
Prazeres divinais... gozos do Empíreo...
... Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse - "Voltarei! descansa!... "
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: "adeus!"
Quando voltei ... era o palácio em festa!...
E a voz d'Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei! ... Ela me olhou branca surpresa!...
Foi a última vez que eu vi Teresa!
E ela arquejando murmurou-me: "adeus!"

Você também pode gostar