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magazıne
Educação
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para um
futuro melhor
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e 2, , 20
Número 2
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da So ilei
ciedade Bras
Informação é essencial para a
qualidade de vida da pessoa com
diabetes. O apoio da família e de
profissionais de saúde também
Doce pode
causar diabetes?
O fantástico mundo
das insulinas
Mudanças nos
rótulos dos alimentos
O jeito certo de
medir a glicemia
E muito mais!
Baixe e
compartilhe a
versão digital
da revista
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
QUE VALORIZA SEU TEMPO
A plataforma de streaming
essencial para todo A Z P L AY.CO M . B R
profissional de saúde.
e
DIVULGAÇÃO
Expediente
REALIZAÇÃO
Dep. de Educação & Campanhas em Diabetes da SBD Palavra do
Presidente
Coordenador: André Gustavo Daher Vianna
Coordenadora: Dhiãnah Santini
É
Comercialização: Grow Up
uma alegria imensa reencontrar você nas páginas da
Projeto Editorial: Momento Saúde Editora
segunda edição da nossa DIABETESmagazine, lan-
Editora-chefe: Letícia Martins
çada no mês em que comemoramos o Dia Mun-
Projeto Gráfico: NewHaus Com&Mkt
dial do Diabetes (14 de novembro).
Diretor de Arte: Anderson Domenich
Revisora de Texto: Marilia Salla
Na edição anterior, falamos sobre o panorama do diabe-
Foto da Capa: Karim Scharf
tes no Brasil e no mundo, destacando o número de casos
Distribuição e Divulgação: Bianca Fiori
que infelizmente só cresce. É por isso que este exem-
plar vem recheado de conteúdo para informar, educar
Conselho Editorial:
e sensibilizar.
Bia Scher, Denise Reis Franco, Dhiãnah Santini,
Laerte Damaceno, Luciana Oncken, Maria Eloísa Malieri,
Abraçamos a cor azul, que representa a união dos países
Marlice Marques, Martha Amodio, Tom Bueno.
em torno da prevenção do diabetes, e nomeamos o no-
vembro como mês para intensificar as campanhas. Mas
Colaboradores desta edição:
o cuidado com a nossa saúde não pode ser feito apenas
Dênis Paiva Ferraz, Flavio Pirozzi, Laura Cudizio,
30 dias no ano.
Marcia Camargo de Oliveira e Vanessa Montanari.
12 Visão SBD
DIVULGAÇÃO
O que é rol taxativo da ANS?
20 Falso ou Verdadeiro
Doce pode causar diabetes?
22 Direitos e Deveres
Leis importantes para quem tem diabetes
24 Tapete Azul
Do nada, a atriz Fran Justus descobriu
o diabetes tipo 1
Prevenção e controle
26 Doce História
Conheça a nutricionista Taline Pinheiros
A
28 Capa segunda edição da DIABETESmagazine che-
Educação em diabetes e o Novembro Azul gou! É muito bom entrar na sua casa com este
conteúdo muito especial produzido pela nossa
36 DM2 equipe de profissionais e pessoas com diabetes.
Quais são os medicamentos orais para tratar
o diabetes tipo 2?
Por falar nisso, nosso time aumentou! Quero dar as
39 DM1 boas-vindas e apresentar a você três novos conselhei-
O fantástico mundo das insulinas ros: as nutricionistas Marlice Marques e Martha Amodio,
que fazem parte respectivamente do Dep. de Nutrição e
42 Prevenção do Dep. de Educação da SBD; e o Dr. Laerte Damaceno,
Como descartar agulhas e seringas
endocrinologista e coordenador do site e das redes so-
para evitar acidentes
ciais da SBD.
44 Conte Com
Especialistas dos pés: podólogo e podiatra Em cada edição, você vai encontrar muito uma dupla
de palavras: prevenção e controle. Em saúde, prevenir
46 Tratamento é sempre o melhor remédio, como diz o ditado popu-
O jeito certo de medir a glicemia capilar
lar. Mas quando o diabetes se instala, existe ainda o lado
50 Em Movimento positivo: é possível controlar, tratar e viver bem. É isso
Os passos iniciais para sair do sedentarismo que a Dra. Dhiãnah Santini explora na matéria de capa.
15 Rede de Apoio
16 Papo com Especialistas Dr. André Vianna | @dr.andre.vianna
18 Diabetes de A a Z Coordenador geral da DIABETESmagazine
4 DIABETESmagazine · Edição 02
Vitrine SBD
Lançamento da
DIABETESmagazine
Aconteceu em São Paulo, capital, no dia 22 de agosto
o evento de lançamento da nova revista da SBD.
P
ara comemorar a novidade, Dr. Levi-
mar Araújo, presidente da Socieda- Para assistir ao evento de
de Brasileira de Diabetes (SBD), e Dr. lançamento da DIABETES-
André Vianna, coordenador geral da magazine na íntegra, aces-
DIABETESmagazine (DM), receberam mem- se o Canal do YouTube da
bros da diretoria, coordenadores de depar- SBD pelo QR Code abaixo:
tamentos e equipe administrativa da SBD,
além de integrantes do conselho editorial
da DM e representantes de empresas patro-
cinadoras, anunciantes e parceiras da DM.
O Dr. Domingos Malerbi, presidente da SBD,
Gestão 2020-2021, também prestigiou o
lançamento da DIABETESmagazine.
FOTOS: RAFAEL PETROCCO
Inauguração
A inauguração da 15ª Regional da SBD do
Espírito Santo aconteceu no dia 25/08. Na
foto abaixo, a diretoria da SBEM/ES prestigia
a diretoria da SBD/ES com o presidente Dr.
Levimar Araújo.
Congresso EASD
DIVULGAÇÃO
Farmácia Popular
O Ministério da Saúde aprovou a inclusão
de cinco novos medicamentos no Programa
Farmácia Popular para tratamento da hiper-
tensão arterial e diabetes. Entre eles está o
dapagliflozina 10 mg, usado no controle do
diabetes mellitus tipo 2. A portaria nº 3.677
foi publicada no dia 30 de setembro no Diá-
rio Oficial da União (DOU).
8 DIABETESmagazine · Edição 02
SBD News
N
o dia 21 de setembro, a Fundação Confira alguns dados: Veja todos os
de Pesquisa em Diabetes Juvenil • No Brasil 588 mil pessoas vivem com o dados no site
(JDRF na sigla em inglês), em par- DM1 e o número estimado para 2040 é da SBD.
ceria com a Sociedade Brasileira de de 1,8 milhão, um crescimento acelerado
Diabetes (SBD) e outras instituições, divul- comparado ao crescimento populacional;
gou um panorama atualizado sobre o diabe- • O número médio de anos saudáveis per-
tes tipo 1 (DM1) no Brasil e no mundo, cha- didos por pessoa com DM1 (diagnostica-
mado Type 1 Diabetes Index (T1D Index) ou do com idade de 10 anos) é de 33,2 anos;
Índice de Diabetes Tipo 1. • A cada vez que um sensor de monitoriza-
O T1D Index é uma ferramenta de simula- ção contínua da glicose é colocado recu-
ção de dados que mede e mapeia o impac- pera-se 33,9 horas de vida saudável;
to do DM1 na saúde individual e pública em • Uma criança com diagnóstico de DM1 aos
cada país. Ela utiliza informações de mais de 10 anos de idade tem uma expectativa de
400 publicações em todo o mundo e uma vida de 13 anos em país de baixa renda e
pesquisa global com mais de 500 endocri- de 65 anos em um país de alta renda.
nologistas. A Sociedade Brasileira de Diabetes está em-
O resultado deste trabalho impressiona, penhada em contribuir para a implementa-
pois além de preencher uma grande lacu- ção de políticas públicas que viabilizem o
na de dados relativos à incidência do DM1, acesso ao atendimento estruturado e a in-
revela o impacto individual por “perdas de sulinas e tecnologias necessárias ao contro-
pessoas” e “anos de vida saudáveis perdi- le do DM1, a fim de reduzir complicações e
dos”, decorrentes do DM1. melhorar a qualidade de vida das pessoas.
DIVULGAÇÃO
10 perfis educativos
e inspiradores
Por Bia Scher | @biabetica
Empreendedora e diabetes influencer
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
F
iz uma seleção de perfis no Insta- inspirando pessoas com a condição a busca-
gram de profissionais ou estudantes rem o conhecimento em suas rotinas. Des- Siga também os perfis dos
da área da saúde que ensinam sobre ta forma, o autocuidado se torna cada vez colaboradores desta edi-
diabetes de forma leve e simplificada, mais natural. ção, pois todos geram con-
teúdos muito legais.
Ah, e claro, já deixa o seu li-
ke nas redes sociais da SBD:
@diabetestiponadaeimpossivel @educacaoemdiabetes
Dra. Talita Trevisan, Dra. Janice Supúlveda, @diabetessbd
endocrinologista endocrinologista
@SBD.Diabetes
@diabetes_sbd
@pancreasartificial @noellydantas
Maria Eduarda Dantas, Noelly Dantas, @SociedadeBrasilei-
estudante de medicina nutricionista radeDiabetes
@guriadainsulina @amigosediabetes
Marina Cavallin, Wilian Belisário,
estudante de nutrição estudante de nutrição
@educabetex @maepancreas
Lucas Xavier, Christine Rolke,
estudante de enfermagem educadora em diabetes
@jonathannicolas_jn @personaliohannapita
Jonathan Nicolas, Iohanna Pita,
personal trainer personal trainer
10 DIABETESmagazine · Edição 02
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N
os últimos meses, a questão sobre obstetrícia, referência ou odontológico”, ex-
o rol da Agência Nacional de Saú- plica Débora.
de Suplementar (ANS) ser exempli- Débora salienta: “Embora a Lei nº 9656/98
ficativo ou taxativo foi amplamente dos Planos de Saúde defina os procedimen-
abordado na imprensa, na internet e entre tos e métodos de atualização dessa lista, não
as pessoas com alguma condição crônica de deixa clara a sua natureza. Como não houve
saúde. definição pela lei determinando a natureza
Para entender o assunto, conversei com duas desta lista, atribuiu-se ao Poder Judiciário,
referências em saúde: a doutora em endo- nos casos submetidos à sua apreciação, de-
crinologia Karla Melo, coordenadora do Dep. cidir se o rol é taxativo ou exemplificativo”.
de Saúde Pública da Sociedade Brasileira de Vamos analisar o que cada um deles repre-
Diabetes (SBD), e a advogada Débora Aligie- senta, segundo as explicações de Débora:
ri, coordenadora de Advocacy da SBD. • Rol taxativo: é aquele que prevê todas
Antes de entrarmos no detalhe sobre o rol, as consultas, exames e tratamentos que o
vale a pena esclarecer que a ANS é o órgão plano deve cobrir, e nada além dessa lista
responsável pela regulação, normatização, deve ser coberto pelo plano de saúde, ou
controle e fiscalização das operadoras de seja, o rol deve ser considerado como um
saúde. A finalidade da agência é promover teto (o máximo) de cobertura de procedi-
a defesa do interesse público no que se re- mentos e eventos em saúde.
fere aos planos de saúde, contribuindo pa- • Rol exemplificativo: como o próprio no-
ra o desenvolvimento das ações de saúde me diz, traz uma lista de exemplos de con-
no país. sultas, exames e tratamentos, e ainda ou-
tros não incluídos expressamente, ou seja,
Mas afinal, o que significa ROL? trata-se de um piso (o mínimo) que os pla-
“Tecnicamente, ele é denominado como Rol nos de saúde devem oferecer aos seus as-
de Procedimentos e Eventos em Saúde, con- sociados.
forme definição da própria ANS, consistindo “Historicamente, o Superior Tribunal de Jus-
numa lista de consultas, exames e tratamen- tiça (STJ) vinha considerando o rol da ANS
tos que os planos de saúde são obrigados como uma lista exemplificativa, mas recen-
a oferecer, conforme cada tipo de plano de temente mudou esse entendimento, provo-
saúde – ambulatorial, hospitalar com ou sem cando a negativa de cobertura de consultas,
12 DIABETESmagazine · Edição 02
Visão SBD
exames e tratamentos não previstos na lis- Dra. Karla Melo e Dra. Solange Travassos, vi-
ta atualmente vigente, previstos na Resolu- ce-presidente da SBD. A reação imediata e
ção Normativa nº 465 de 24 de fevereiro de incisiva de diversos senadores somou força
2021 e seus anexos", esclareceu Débora. à essa mobilização e resultou no Projeto de
Esta discussão sobre a natureza do rol da Lei 2.033/2022 para derrubar a taxativida-
ANS foi reavivada em setembro de 2021 de do rol da ANS, aprovado pelo Senado no
pela 2ª Seção do STJ, através do julgamento final de agosto.
de dois recursos justamente para definir se Felizmente, em 21 de setembro, o Presi-
a lista de procedimentos de cobertura obri- dente da República sancionou a Lei nº
gatória para os planos de saúde, instituí- 14.454/2022, que possibilita aos planos
da pela ANS, era exemplificativa ou taxati- de saúde cobrir tratamentos que estão fora
va. Houve divergência entre as duas turmas da lista (rol), tornando-a meramente exem-
que compunham a seção, sendo o mesmo plificativa.
suspenso após pedido de vista da ministra
Nancy Andrighi.
O julgamento finalmente aconteceu no co-
ARQUIVO PESSOAL
meço de junho deste ano e os votos dos mi-
nistros Luis Felipe Salomão (relator), Villas
Boas Cueva, Raul Araújo, Marco Buzzi, Mar-
co Aurelio Bellizze e Isabel Gallotti decidi-
ram majoritariamente pela taxatividade do
rol, enquanto os votos dos ministros Nancy
Andrighi, Paulo de Tarso Sanseverino e Mou-
ra Ribeiro foram minoria em defesa da sua
natureza exemplificativa.
A decisão causou uma grande mobilização
da sociedade através de associações de pa-
Coordenadora de Advocacy da
cientes, usuários de plano de saúde e a par- SBD, Débora Aligieri explica as
ticipação ativa da SBD, representada pelas diferenças entre rol taxativo e
endocrinologistas que têm diabetes tipo 1, exemplificativo.
SHUTTERSTOCK
O que essa lei reverbera no nosso logias no Sistema Único de Saúde (Co-
mundo “doce” do diabetes? nitec), ou exista recomendação de, no
Para elucidar esta pergunta contamos com mínimo, um órgão de avaliação de tec-
a ajuda da Dra. Karla Melo, que destacou al- nologias em saúde que tenha renome
guns trechos de artigos que integram a lei: internacional e seja aprovada no País.”
“A cobertura deverá ser autorizada pe- Segundo Dra. Karla, a possibilidade de dis-
la operadora de planos de assistência à ponibilização de tratamento pelas opera-
saúde, desde que: doras de saúde refere-se, no mínimo, aos
I – exista comprovação da eficácia à luz medicamentos e insumos incluídos no Pro-
das ciências da saúde, baseada em evi- tocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do
dências científicas e plano terapêutico.” Diabetes Mellitus Tipo 1 e Tipo 2 (DM1 e
De acordo com a coordenadora do Dep. de DM2) do Ministério da Saúde. Portanto, po-
Saúde Pública da SBD, com a recente lei, dem ser citados sulfonilureias, como a gli-
mantém-se a possibilidade (embora não clazida e glibenclamida, metformina, dapa-
seja uma obrigatoriedade) de as operado- glifozina, insulinas humanas e análogos de
ras de saúde disponibilizarem tratamentos insulina de ação rápida e prolongada, auto-
e procedimentos para pessoas com diabe- monitorização da glicemia capilar e os insu-
tes, desde que todos os medicamentos, dis- mos para administração de insulina.
positivos e insumos estejam aprovados pe- Dra. Karla afirma que a expectativa trazi-
la Agência Nacional de Vigilância Sanitária da pelo Projeto de Lei se tornou realidade
(Anvisa) para comercialização no mercado com a sua promulgação, tornando-se lei, o
brasileiro, atestando a eficácia e segurança. que permitirá “uma melhora do controle gli-
A necessidade de plano terapêutico pode cêmico de brasileiros com diabetes mellitus
estar associada ao atingimento de metas de usuários de operadoras de saúde, que po-
tratamento, analisado por avaliações perió- derão se beneficiar da evolução terapêuti-
dicas, da hemoglobina glicada, do tempo de ca necessária, reduzindo o risco de eventos
glicose no alvo, das médias glicêmicas e da adversos e melhorando a adesão ao trata-
frequência de hipoglicemias. Ainda: mento, o controle glicêmico e a qualidade
“II – existam recomendações pela Comis- de vida!”
são Nacional de Incorporação de Tecno-
GERALDO MAGELA/AGÊNCIA SENADO
14 DIABETESmagazine · Edição 02
Rede de Apoio
Nascidos de um sonho
Associações e institutos ajudam a transformar o futuro de quem tem diabetes.
Q
uando alguma criança é diagnosti- ICD-RS
cada com diabetes, nasce uma fa- Em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Contatos:
mília-pâncreas, isto é, pais, mães Sul, fica o Instituto da Criança com Diabe-
e irmãos que vão ajudar no tra- tes, que assiste gratuitamente quase 4.500 ADIFI
tamento, mudar hábitos juntos e aprender crianças, adolescentes e adultos jovens com
novos conceitos. É natural e saudável que diabetes por meio do Sistema Único de Saú- @institutoadifi
essas famílias encontrem outras para tro- de (SUS). Fundado em 1998, o ICD-RS con-
car experiências e se apoiarem. Assim, mui- ta com uma equipe interdisciplinar de saúde @adifioficial
tas vezes, nascem as associações de apoio a que atende pelo Hospital Dia, Ambulatório
pessoas com diabetes e institutos voltados de Novas Tecnologias e pela HOTLINE, uma (45) 99909-5864
para pesquisas. Conheça três deles. linha telefônica para tirar dúvidas de pes-
soas com diabetes, seus familiares e cuida- ICD-RS
ADIFI dores. Uma das atividades mais aguardada
Fundada em outubro 2001 com o apoio de do ano é a Corrida Para Vencer o Diabetes. www.icdrs.org.br
voluntários e iniciativa de funcionários com
diabetes da Itaipu Binacional da época, a As- @icdrs
sociação dos Diabéticos de Foz do Iguaçu
ampliou suas atividades e em abril de 2022 IDB
tornou-se Instituto dos Diabéticos de Foz do
Iguaçu.
Agora, além dos projetos que já realizava, @institutodiabetesbrasil
o Instituto ADIFI irá desenvolver pesquisas
avançadas em diabetes e práticas integrativas, FOTOS: DIVULGAÇÃO
a fim de subsidiar políticas públicas e promo-
ver acesso aos tratamentos mais eficazes para IDB
toda a comunidade com diabetes. Atualmente, A data oficial de fundação do Instituto de
conta com 2 mil pessoas com diabetes cadas- Diabetes de Brasília é fevereiro de 2021,
tradas, que são encaminhadas pelas Unidades mas as ações começaram mesmo em 2016,
Básicas de Saúde da Secretaria Municipal de quando algumas famílias-pâncreas se uni-
Foz do Iguaçu, por médicos ou que procuram ram para realizar piqueniques, campeonatos
espontaneamente o Instituto. de videogame para adolescentes, palestras,
além de comemorar o dia das mães e outras
datas especiais.
Apesar de ter instituto no nome, é uma as-
sociação que luta pelos direitos das pes-
soas com diabetes e realiza diversas ativida-
des junto à comunidade, como campanhas
de prevenção e diagnóstico precoce do dia-
betes, doações de insumos e alimentos.
16 DIABETESmagazine · Edição 02
Papo com Especialistas
Meta 70 a 70 a 70 a 70 a
Glicêmica 180 mg/dL 180 mg/dL 180 mg/dL 180 mg/dL
N B
a primeira edição da DIABETESma- anting
gazine, a querida Elô Malieri expli- O médico canadense Frederick
cou cinco termos muito comuns na Banting descobriu a insulina duran-
rotina de quem tem diabetes: Acei- te pesquisas no laboratório da Uni-
tação, Diabetes, Hiperglicemia, Retinopatia versidade de Toronto, no Canadá. Pelo feito,
Diabética e Sensor de Glicose. que salvou e salva a vida de milhões de pes-
Nossa missão hoje é aprender um pouco soas no mundo inteiro, ele recebeu o Prêmio
mais sobre as palavras e expressões abaixo e Nobel de Medicina em 1923. Banting e seu
conhecer algumas curiosidades do tratamen- assistente Charles Best extraíram o hormô-
to. Isso também é educação em diabetes! nio do pâncreas de cachorros. Mas hoje não
se usa mais insulina de origem animal. Na
seção DM1, nas páginas 39 a 41, você pode
saber mais sobre as insulinas humanas (NPH
e Regular) e o análogos de insulina, que po-
P
dem ter início de ação rápida e ultrarrápida.
âncreas
Localizado no abdômen, atrás do es-
tômago, o pâncreas é uma glândula Em 2021, escrevi um livro
que mede de 15 a 25 cm, mais ou comemorativo sobre os
menos um palmo, mas tem uma importân- 100 Anos de Insulina, con-
cia enorme. Nele, são produzidos hormônios tando um pouco da histó-
importantes como a insulina, que reduz a ta- ria de Banting e de várias
xa de glicose no sangue, e o glucagon, que pessoas contemporâneas
faz exatamente o contrário, além da soma- que se beneficiam dessa
tostatina e amilina. Por isso, é errado dizer incrível descoberta.
que o pâncreas de quem tem diabetes tipo
1 não funciona, pois ele continua exercendo
outras funções mesmo tendo parado de fa-
bricar a insulina. Ainda bem que ela acabou
sendo descoberta em 1921 por Banting.
18 DIABETESmagazine · Edição 02
Diabetes de A a Z
U C
ltrarrápida etoacidose diabética
O análogo de insulina de ação ul- Complicação aguda do diabetes
trarrápida começa a fazer efeito no que ocorre devido à ausência de in-
organismo de 2 a 5 minutos após a sulina, que provoca o aumento da
aplicação. Por isso, é ótimo para corrigir hi- quantidade de cetonas no sangue. Ceto-
perglicemia. Também pode ser injetado an- nas? Substâncias ácidas que desequilibram
tes das refeições para evitar o aumento da o pH do sangue. A hiperglicemia não é a úni-
glicose. ca causa. Infecções (urinária, pulmonar e gri-
pe), infarto do miocárdio, desidratação agu-
da e algumas drogas também podem levar
à cetoacidose. Os principais sintomas são
náuseas, vômitos, dor abdominal, fraqueza,
hálito com cheiro de acetona e respiração
G
rápida. “Trata-se de uma emergência médica
licose e o pronto-socorro deve ser procurado ime-
Você sempre ouve falar dela, mas diatamente. Avise o médico responsável pe-
ainda não tem certeza o que sig- lo seu tratamento”, alerta Dr. André Vianna,
nifica? Glicose é uma das formas coordenador do Dep. de Educação e Campa-
mais simples de açúcar e principal fonte de nhas em Diabetes da SBD. Com diabetes, de-
energia para o organismo. Na matéria Nutri- vemos redobrar o autocuidado. Informação
ção (páginas 54 a 58), as nutricionistas ensi- salva!
nam que glucose e dextrose são sinônimos
e estão presentes em diversos alimentos. A No episódio #49 do Pod-
presença de glicose na urina recebe o nome cast da SBD, o Dr. Emerson
de glicosúria. Já a quantidade de glicose no Cestari Marino, coordena-
sangue é chamada de glicemia. Logo, exces- dor do Dep. de Complica-
so de glicose no sangue ou glicemia alta é o ções Agudas e Hospitalares,
mesmo que hiperglicemia. Esta, por sua vez, explica que a cetoacidose
se não for tratada corretamente, pode levar pode acontecer também
à cetoacidose diabética. quando a glicemia está
normal.
Até a próxima!
Na edição nº 03 da DIABETESmagazine, va-
mos trazer outras palavras ou expressões pa-
ra você aumentar seu vocabulário. Aos pou-
cos, completaremos o alfabeto brasileiro.
VERDADEIRO
Q
uando se fala em diabetes, a de peso. Somado ao sedentarismo e outros
maioria das pessoas pensa no do- fatores, é possível desenvolver o diabetes
ce como a causa do diagnóstico. tipo 2”.
Foi exatamente isso que aconte- No caso do diabetes tipo 1, trata-se de uma
ceu com o motorista de aplicativo Juarez Al- doença autoimune e o diagnóstico não está FALSO
buquerque, 49 anos. Ao receber a notícia relacionado com a alimentação e estilo de
que estava com diabetes tipo 2, em 2015, vida.
ele se sentiu culpado: “a única coisa que me
veio na cabeça é que eu tinha comido mui- Para assistir
to doce e por isso estava com a glicose al- No meu canal no YouTube,
ta”. Mas será que apenas o consumo de do- esclareci outra dúvida co-
ce pode causar diabetes? mum que surge principal-
Para responder a essa pergunta, precisamos mente durante as festas:
entender o que de fato é o diabetes. Uma con- quem tem diabetes pode
dição de saúde que afeta a produção de insu- comer doce? Espero que
lina no nosso corpo, seja ela parcial no caso goste das dicas!
do diabetes tipo 2 ou total no caso do diabe-
tes tipo 1, além da incapacidade de o orga-
ENVATO ELEMENTS
20 DIABETESmagazine · Edição 02
milhoes de pessoas vivendo
com diabetes com o CGM
112@
N
o dia 14 de novembro temos uma Esta lei determina que as pessoas com dia-
celebração importante: o Dia Mun- betes recebam do Sistema Único de Saúde Acesse a íntegra da Lei
dial do Diabetes, criado pela Fe- (SUS), de forma gratuita, os medicamentos nº 11.347/2006:
deração Internacional do Diabetes e materiais necessários para o tratamento
(IDF) e pela Organização Mundial de Saúde e monitoramento da glicemia capilar (pon-
(OMS) em 1991, tornando-se uma data ofi- ta de dedo). Como previsto na nossa Consti-
cial pela Organização das Nações Unidas tuição Federal, artigo 196: “A saúde é direito
(ONU) em 2006. de todos e dever do Estado, garantido me-
Dados da IDF mostram que o Brasil é o 6º diante políticas sociais e econômicas que
país em incidência de diabetes no mundo visem à redução do risco de doença e de
e o primeiro na América Latina. São mais de outros agravos e ao acesso universal e igua-
16 milhões de pessoas com esta condição litário às ações e serviços para sua promo-
e a estimativa é que, até 2045, ela alcance ção, proteção e recuperação.”
23,2 milhões de brasileiros. Para recebimento do medicamento pelo SUS
Mas este desafio não é só nosso. A previsão é preciso que a pessoa com diabetes esteja
é que o número de adultos com diabetes no inscrita no Programa de Educação para Dia-
planeta aumente de 537 milhões para 643 béticos, com a finalidade de desenvolver a
milhões em 2030, chegando a 784 milhões autonomia para o autocuidado, controlar a
em 2045. doença e promover qualidade de vida. É ne-
Por isso é fundamental conhecermos, além cessário haver acompanhamento clínico e
das formas de prevenção e tratamento, as seguimento terapêutico, com os devidos re-
leis que estabelecem os direitos de quem gistros em prontuário.
convive com diabetes. Com o acesso ao tra- Porém, nesta mesma lei, o Ministério da Saú-
tamento adequado, é possível prevenir com- de seleciona uma lista de medicamentos e
plicações e ter mais qualidade de vida. materiais para fornecimento gratuito, resul-
A seguir, destaco duas leis brasileiras que tando numa relação predeterminada dos
refletem o esforço no combate e prevenção itens a serem fornecidos ao paciente.
ao diabetes no Brasil: Desta forma, municípios ou estados, por ini-
ciativa própria, podem ampliar tal listagem,
Lei nº 11.347, de 27 de setembro de fornecendo insumos além daqueles estabe-
2006 lecidos pelo Ministério da Saúde, tudo gra-
Dispõe sobre a distribuição gratuita de me- ças às normas regionais e programas esta-
dicamentos e materiais necessários à aplica- duais de dispensação de medicamentos.
ção e à monitoração da glicemia capilar às Mas existem casos que não respondem aos
pessoas com diabetes inscritas em progra- tratamentos disponibilizados, necessitan-
mas de educação. do de drogas ou insumos diferenciados.
22 DIABETESmagazine · Edição 02
Direitos e Deveres
Neste cenário há garantia legal prevista Lei, as pessoas com diabetes passam a ter
na Constituição Federal de acesso ao trata- direito a cirurgias, como a bariátrica, e remé- Acesse a íntegra da Lei
mento necessário, com base no que estabe- dios para o tratamento, como a insulina, gra- nº 13.895/2019:
lece o já mencionado artigo 196, abrangen- tuitamente.
do as excepcionalidades, em consonância Relativamente à legislação como um todo
com o Protocolo Clínico de Diretrizes Tera- é importante salientar que existem diferen-
pêuticas (PCDTs). ças num Brasil de inúmeros “Brasis”, ou se-
ja, não há uniformidade de fornecimento de
Lei nº 13.895, de 30 de outubro de insumos pelo país e muito menos conheci-
2019 mento do que é devido como tratamento e
Institui a Política Nacional de Prevenção do insumos a quem convive com a condição.
Diabetes e de Assistência Integral à Pessoa O conhecimento dos direitos pelas pessoas
Diabética. com diabetes é essencial para o desenvol-
Esta lei representa um grande avanço, pois vimento de uma consciência democrática,
prevê a realização de campanhas de divul- responsável e reflexiva do cidadão. Portan-
gação e conscientização acerca da doença e to, conhecer os direitos é o primeiro passo
as normas sobre o tratamento pelo SUS, do para diminuir as barreiras enfrentadas para
diabetes e suas complicações, além de des- o acesso pleno aos seus direitos de cidadão.
tacar a importância e necessidade de medir A existência de leis não configura a sua pra-
e controlar regularmente os níveis de açú- ticidade e execução no âmbito da saúde.
car no sangue. Elas são fundamentais no sentido de bali-
Desta forma, o SUS é responsável pelo tra- zarem a consciência humana. No entanto,
tamento do diabetes e também pelos pro- é preciso proteger os direitos e criar condi-
blemas causados pela enfermidade, que é ções para que eles sejam exercidos.
silenciosa e resulta em complicações que Para isso, a informação é indispensável
oneram o Estado quanto ao tratamento, mas neste processo de construção da cidadania,
que acima de tudo, prejudicam a qualida- principalmente quando o assunto é a saúde,
de de vida e saúde de quem convive com já que o acesso à informação proporciona
a doença. a efetivação dos direitos das pessoas com
Neste progresso trazido pela mencionada diabetes.
ENVATO ELEMENTS
Aguarde!
Na próxima edição da
DIABETESmagazine, vamos
conversar mais sobre ou-
tras leis importantes para
quem tem diabetes. Até lá.
U
ma mulher autêntica. Voz firme e licadas, não por causa do diabetes, mas por
sotaque que não esconde suas ori- outras intercorrências que refletiam de algu- O papo continua
gens sulistas. Tem pinta de mode- ma forma no controle glicêmico. A história da Fran Justus é
lo e simpatia de quem sabe se co- Hoje, a atriz sabe que informação é parte tão inspiradora que grava-
municar. Estou falando da atriz Fran Fischer importante do tratamento e tenta ajudar ou- mos uma conversa no meu
Justus, que deu vida à personagem Namnu, tras pessoas com a sua história. “O que mais canal no YouTube. Assista!
da novela bíblica “O Rico e Lázaro”, da Re- me dá orgulho é receber mensagens de pes-
cord TV. Aos 39 anos de idade, ela se dedica soas falando que descobriram que podiam
à carreira e à família. Nas redes sociais, on- engravidar tendo diabetes depois que co-
de tem milhares de seguidores, compartilha meçaram a me seguir”.
fotos e vídeos dos trabalhos que faz, rotina
com os filhos e também informação sobre
diabetes, condição que apareceu de repen-
DIVULGAÇÂO
te na vida dela.
Fran recebeu o diagnóstico de diabetes tipo
1 há 11 anos, por acaso, ao fazer exames de
rotina. “Nunca apresentei nenhum sintoma,
não tinha ninguém na família com diabetes,
nem conhecia alguém que tivesse”, conta.
Para Fran, a “ficha só caiu” quando ficou sa-
bendo que teria que tomar insulina.
Ela revela que, no primeiro momento, pas-
sou pelas fases da vergonha, negação e re-
volta. “Sempre achei que seria algo tempo-
rário. Foi bem difícil pensar que teria que
viver com diabetes para sempre”. A aceita-
ção veio com o tempo e o entendimento de
que a desinformação era algo limitante.
Apesar de ter escutado de um médico, logo
depois do diagnóstico, que não poderia en-
gravidar, o sonho de ser mãe aconteceu. Tu- Fran Justus: informação é parte
do foi planejado. Foram duas gestações de- importante do tratamento.
24 DIABETESmagazine · Edição 02
DIABETES E CORAÇÃO:
ENTENDER ESTA RELAÇÃO
É UMA QUESTÃO DE VIDA.
O diabetes está mais próximo do coração do que você imagina. Quem tem diabetes tem até quatro vezes
mais chances de ter um ataque cardíaco ou um derrame do que pessoas sem diabetes. Aproximadamente
66% das mortes de pessoas com diabetes são de causas cardiovasculares e, somente no Brasil, quatro
em cada dez pessoas com diabetes apresentam doenças do coração.1-4
Você pode saber mais sobre essa relação na página da campanha Quem vê
Diabetes vê Coração, criada pela Novo Nordisk em 2019. Acesse e confira:
Mitos e verdades
Os sintomas
da relação
Como reduzir os
riscos cardiovasculares
? ! sobre diabetes
e coração
Marca registrada Novo Nordisk A/S 2022. Novo Nordisk Farmacêutica do Brasil Ltda.
SAC 0800 014 44 88 - www.novonordisk.com.br
BR22DI00176 - Setembro/2022 - Material destinado ao público leigo.
“Fazer do limão uma limonada
suíça diet. Foi o que eu fiz com
o meu diagnóstico”
Taline Pinheiro, nutricionista de 35 anos, é a personagem da nossa Doce
História de hoje. Ela foi diagnosticada com diabetes tipo 2 há um ano e já
tem muito a nos ensinar.
N
ão que seja simples. Não é! Receber do o investimento nos estudos.
o diagnóstico de uma condição crô- Difícil também foi entrar no clima de mu-
nica, que nos acompanhará por to- dança, de recomeço. “E se não dava para fi-
da vida, sem pedir licença, sem dar car pior? Dava! Ainda sem me recuperar, re- O impedimento para a
descanso, nunca é fácil. Para a nutricionista cebi o diagnóstico de diabetes mellitus tipo
Taline Pinheiro da Silva, 35 anos, não foi di- 2”. E esse foi o ponto de virada de Taline. Ela
ação avança a ação. O
ferente. No meio da pandemia, em meados decidiu que deveria viver. “Foi ali que a cha- que existe no caminho
de 2021, ela recebeu o diagnóstico de dia- ve definitivamente virou. Eu precisava agir. se torna o caminho.
betes tipo 2. Por mais dolorido que fosse, por mais que eu
Em 2020, antes da pandemia, ela viveria não tivesse vontade, eu precisava agir. E foi MARCO AURÉLIO, filósofo estoico
momentos difíceis. “O ano tinha começa- duro. Foi duro enfrentar sozinha a vida e o
do bem, mas, no prazo de um mês, eu perdi diagnóstico”, relembra.
as duas bases da minha vida: a família (che- As manhãs após o diagnóstico ficaram pe-
gava ao fim um casamento de 10 anos) e o sadas, era difícil conseguir levantar. “Tantos
emprego”. dias que quis chorar, mas não dava tempo,
Sem saber por onde recomeçar, Taline leu porque eu precisava viver”, relata. Para vi-
um texto de uma autora que ela segue nas ver, Taline precisava entender o que estava
redes sociais, a Iara Dupont. “E foi nesse tur- acontecendo com o próprio corpo e enten-
bilhão que decidi que voltaria a estudar e se- der como deveria se cuidar. Ela iniciava, ali,
ria o primeiro passo do recomeço. Na mesma uma corrida pela vida.
noite, já vi quando seria o período de inscri- A nova condição a obrigou a se colocar como
ção para a seleção do doutorado. Fui e pas- prioridade. “Foi o diagnóstico de diabetes ti-
sei”. Durante o casamento, Taline, que tem po 2 que me fez mudar em todos os sentidos.
depressão desde 2017, havia deixado de la- Foi difícil, mas aos poucos voltei”, ressalta.
26 DIABETESmagazine · Edição 02
Doce História
rou com o Instagram da Sociedade Brasileira fícios. Por querer que as pessoas entendes-
de Diabetes (SBD) e de outras pessoas com sem essa forma de tratamento, da aceitação
diabetes, mas foi o Instagram da Dra. Janice e do acolhimento que Taline passou a se de-
Sepúlveda, vice-presidente da SBD (2018- dicar ao atendimento clínico e à educação
2019) que abriu os horizontes de Taline pa- em diabetes, levando a ferramenta da con-
ra atuar na área clínica. Hoje, Taline mantém tagem de carboidrato como uma abordagem
o seu próprio Instagram (@meudiabetes- possível no manejo do diabetes tipo 2.
tipo2), onde conta sua experiência pessoal “Fazer do limão uma limonada suíça diet. Foi O que é viver de forma leve
e dá dicas para viver com diabetes, preen- o que eu fiz com o meu diagnóstico”, desta- com diabetes?
chendo uma lacuna nas redes sociais, sen- ca. E a intenção de Taline, daqui em diante, é Dia desses, refleti sobre is-
do uma voz de pessoas com diabetes tipo 2. romper rótulos e preconceitos, viver melhor so. Acredito que não seja
Taline tem obesidade e lembra do precon- e ajudar as pessoas a viver cada vez mais somente aceitar o diabetes,
ceito que sofreu nas primeiras consultas até plenamente, mesmo com diabetes. “Vamos mas ter consciência de que
conseguir ser aceita e acolhida e receber o cuidar juntos do nosso diabetes!”, finaliza. passaremos por fases mais
difíceis e outras tranquilas.
E o que você acha? Comen-
ta lá no meu perfil. Gravei
SÔNIA VIANNA
EDUCAÇÃO
para proteger o amanhã
Novembro é o mês dedicado às campanhas de conscientização
sobre a importância de prevenir, diagnosticar e tratar o diabetes.
Mas os cuidados devem permanecer o ano inteiro.
J
á parou para pensar como a informa- bomba de infusão de insulina e a menina lo-
ção certa pode fazer uma diferença go percebeu a mudança na rotina: “Antes eu
enorme na nossa vida? Quando So- tomava injeção todo dia e agora não preci-
phia Gonçalves Leite, 10 anos, rece- so mais, porque uso a bomba de insulina”. A
beu o diagnóstico de diabetes tipo 1 no fi- tecnologia está ajudando Sophia a se adap-
nal de janeiro de 2022, “o mundo caiu na tar à nova condição de saúde, mas sem dei-
cabeça” de Vanessa Fernanda Gonçalves xar de fazer o que ama no dia a dia. “Gosto
Leite, a mãe. “Juntos vieram o medo, as in- de conversar com minhas amigas e de jogar
certezas e a revolta”, conta. O desespero só online com elas. Isso é muito legal e me dis-
não foi maior porque ela recebeu o apoio do trai um pouco da relação com o diabetes.
marido e de uma equipe de saúde, compos- Gosto de esportes e ginástica, de ir para a
ta por endocrinologista, nutricionista e psi- escola e estudar”, diz Sophia.
cólogo. “São eles que me ajudam a ver que O pai, Fabio Leite Figueiredo, respira mais
essa doença crônica não precisa ser o vilão aliviado sabendo que a filha não passará pe-
das nossas vidas.” la insegurança que ele mesmo sentiu quan-
Sophia começou o tratamento no hospital, do descobriu o diabetes tipo 1 em 1996, aos
usando caneta para aplicar insulina. Algum 20 anos de idade, época em que estudava
tempo depois, a família foi apresentada à para se tornar oficial da polícia militar. “Foi
30 DIABETESmagazine · Edição 02
Capa
nhecer esses sintomas e como conduzir a si- sem mitos ou tabus, de forma que a pessoa
tuação, caso aconteça. com diabetes se sinta segura e confortável
Mas isso não é papel do médico? para tirar todas as dúvidas.
O médico é um grande parceiro do tratamen- Para Vanessa, as dúvidas sobre alimenta-
O diabetes é uma
to do diabetes, mas ele não consegue estar ção são mais comuns e frequentes. “En-
24 horas por dia, 7 dias por semana ao la- tender como os alimentos impactam no condição silenciosa
do do paciente, orientando-o sobre cada de- controle glicêmico da Sophia é meu maior e nossa postura deve
cisão. Por esta razão, quanto mais a pessoa desafio, tendo em vista que não devemos ser sempre preventiva
souber sobre o seu próprio diabetes, mais cortar nada da alimentação dela, principal- em vez de reativa.
segurança terá no dia a dia. Algumas deci- mente nesta fase da vida em que ela está
sões continuarão sendo tomadas em con- em crescimento. Por isso, comecei um cur-
junto com o médico, por exemplo, prescri- so de nutrição. Aprender nunca é demais”,
ção do medicamento, ajustes na terapia etc. declara a mãe, que finaliza dizendo como
É possível também contar com outros pro- imagina o futuro da filha: “Acredito e espe-
fissionais de saúde, que são educadores em ro que a Sophia aprenda a se cuidar e nun-
diabetes, para aprender mais sobre a condi- ca desista do tratamento, pois assim ela
ção. Aliás, o diálogo com os profissionais de poderá ter uma vida normal e saudável, a
saúde deve ser aberto, o mais claro possível, exemplo do pai”.
DIVULGAÇÃO
Programação 2022
A campanha Novembro Diabetes Azul se- • 19/11: corrida e caminhada em São
rá repleta de ações especiais. Confira al- Paulo, largada às 7h30 no Parque Bru-
gumas delas abaixo e acompanhe o site no Covas, em parceria com o Departa-
da SBD para não perder nada! mento de Exercício e Esporte da SBD.
• 01/11: live para lançamento da cam- Além dessas ações, a SBD também disse-
panha e ações nas mídias da SBD no mina conteúdo na imprensa, com entrevis-
www.diabetesplay.com.br; tas e participações em programas de TV,
• 08/11: ação “Jogando contra o diabe- rádio e outros veículos de comunicação.
tes” no estádio de futebol do Morum- Acreditamos que a informação e a educa-
bi, durante partida entre São Paulo e ção correta são a melhor forma de cons-
Botafogo, a fim de aumentar a cons- cientizar as pessoas sobre os fatores de
cientização sobre os riscos de desen- risco para o diabetes e suas complicações.
volver diabetes e chamar atenção pa- O diabetes é uma condição silenciosa e
ra a importância do acompanhamento nossa postura deve ser sempre preven-
médico; tiva em vez de reativa! Falar sobre o dia-
• 11/11: sessão solene no Senado Fede- betes é fundamental para mudarmos a
ral com ações de prevenção pela Re- história natural da doença. Queremos
gional SDB-DF; contar uma história diferente: de saúde,
• 14/11: musical educativo sobre diabe- qualidade de vida, sem complicações!
tes e premiações no Rio de Janeiro;
32 DIABETESmagazine · Edição 02
Programa FazBem
uma iniciativa da AstraZeneca buscando oferecer
apoio para pacientes e cuidadores no tratamento.
@FazBem_AstraZeneca
FazBem AstraZeneca
O
s medicamentos orais para tratar com obesidade que, após uma perda signi-
o diabetes tipo 2 (DM2) recebem ficativa de peso, conseguem reduzir inicial-
várias designações, desde anti- mente os ADO. Ora, se o paciente usava um
diabéticos orais, a mais famosa, ou dois ADO, depois de emagrecer, pode ser
até anti-hiperglicemiantes orais. Acompa- que fique sem usar e se mantenha bem com
O leque de opções de
nhando a tendência da maioria dos autores, medidas não farmacológicas. No entanto, medicamentos torna
vamos nos referir a eles como ADO, que sig- aqueles que necessitam de muitos ADO, ou o tratamento mais
nifica AntiDiabéticos Orais. ADO de altas dosagens, devem ter em men- eficaz, seguro e indivi-
Mas antes de conhecermos os grupos de te que a interrupção não é regra e pode cau-
dualizado do que era
ADO, precisamos destacar algo muito impor- sar severos riscos à saúde. Em resumo, dis-
tante: tratamento oral vai além da ingestão cuta sua situação com o profissional que o anos atrás.
de comprimidos, que deve ser restrita a casos acompanha.
em que a terapia não medicamentosa (práti-
ca de atividade física, alimentação equilibra- Grupos de antidiabéticos orais
da e saudável e saúde emocional) não atinja Hoje temos um enorme arsenal terapêuti-
os alvos adequados de controle. Os ADO tam- co para cuidar da pessoa com diabetes. Vá-
bém são necessários quando o nível de des- rias classes de medicamentos com diversos
controle é tão severo que a probabilidade de representantes, cada um deles agindo em
fracasso em atingir esses alvos sem o uso de pontos diferentes para controlar melhor a
medicamentos se torna altíssima. glicemia. Esse leque de opções torna o tra-
A maioria dos pacientes que precisa dos tamento muito mais eficaz, seguro e indivi-
ADO para atingir alvos seguros de controle dualizado do que era anos atrás.
possui a necessidade de usá-los por tempo Podemos dividir os ADO em grupos segundo
indeterminado. Todavia, em alguns casos, é seus mecanismos de ação. São eles:
possível que o uso seja temporário e a medi-
cação possa ser suspensa. Por exemplo, uma Secretagogos: estimulam o pâncreas a pro-
mulher que engravida. No início da gestação duzir insulina. Nesse grupo, estão as sulfo-
pode ser preciso que ela interrompa alguns nilureias, representadas pela gliclazida, gli-
ADO, volte a usá-los em uma quantidade mepirida, glibenclamida e clorpropramida
maior no final e, depois do parto, reduza no- (as últimas em desuso gradualmente); e as
vamente. Por isso, reforçamos sempre que o glinidas, compostas pela repaglinida.
tratamento é individualizado. Uma curiosidade sobre as sulfonilureias é
Outra situação comum ocorre com pessoas que seu efeito de baixar a glicose foi per-
36 DIABETESmagazine · Edição 02
DM2
cebido durante a Segunda Guerra Mundial, GLP-1: ele aumenta a produção de insulina
quando o uso do antibiótico sulfametoxazol e reduz a do glucagon. São vários represen- Glucagon é um hormônio
entre soldados era muito difundido. tantes dessa classe, que aumentam os níveis produzido pelo pâncreas
naturais do GLP-1. Entre eles, destacamos os que age aumentando a taxa
Sensibilizadores de insulina: melhoram a iDPP-4 (inibidores de DPP-4), a linagliptina, de glicose. Sabe qual é o ou-
ação da insulina e têm como principais re- a sitagliptina, a alogliptina e a evogliptina. tro hormônio também fabri-
presentantes a metformina e a pioglitazona. cado pelo pâncreas? Confira
A metformina é considerada a mais antiga Nessa mesma linha, temos substâncias que na página 18.
classe de medicação para tratar o diabetes funcionam como GLP-1 artificiais, a exemplo
tipo 2 e é derivada de uma planta chamada da semaglutida, única representante oral
Galega officinalis, que foi amplamente utili- dessa classe por enquanto.
zada no passado para melhorar os níveis de Há também medicamentos híbridos, nos
glicose no sangue. Porém, devido à sua toxi- quais se encontram mais de um produto em
dade, a planta acabou sendo substituída por um mesmo comprimido. Por fim, existem
seus extratos purificados, que apresentam ADO que retardam a absorção da glicose no
melhor tolerância. Desses extratos surgiu a intestino, como a acarbose.
metformina, que é muito usada até hoje. Por esses diversos mecanismos de ação,
existem fármacos que podem ser tomados
Inibidores de SLGT-2: ajudam a eliminar o a qualquer horário do dia, outros que devem
excesso da glicose pelos rins, ao mesmo tem- ser dados de preferência à noite, enquanto
po que os protege. Nesse grupo estão a cana- alguns têm que ser administrados antes das
glifozina, a dapaglifozina e a empaglizozina. refeições. Por isso, é importante seguir cor-
ENVATO ELEMENTS
retamente a prescrição de seu médico. Além uma vasta gama de opções se tornou clinica-
disso, converse com ele sobre o melhor ho- mente viável, como a semaglutida oral e os
rário para usar a medicação e o que fazer em inibidores da SGLT-2 e muitos outros estão
caso de esquecimento. em fase final de estudo e aprovações, como
O uso de medicamen-
novos análogos do GLP-1 e GIP, inibidores
Nem tudo são flores duplos SGLT-1 e SGLT-2 e vários ADO híbri- tos deve ser sempre
Apesar do maior rigor no desenvolvimento e dos com ações combinadas. Medicamentos feito sob orientação
na segurança dos novos ADO, todo medica- que expandiram sua ação para além do con- de um médico.
mento apresenta riscos, efeitos colaterais e trole da glicemia, agindo na proteção cardio-
possíveis reações adversas. Mais comum em vascular, renal, controle do peso etc.
medicamentos antigos, efeitos como diar- Todavia é importante que não tenhamos
reia, hipoglicemia, entre outros, não são tão preconceito quanto ao uso de insulina, fár-
comuns atualmente com os novos ADO, mas maco mais potente e rápido no controle gli-
ainda existem efeitos como alergias, cálculo cêmico. Muitos pacientes precisam ou se
biliar etc. Isso acontece dependendo do me- beneficiam do seu uso, mesmo que por um
canismo de ação do medicamento, da sus- tempo limitado, em situações como inten-
ceptibilidade individual, além de casos que so descontrole glicêmico com sintomas se-
simplesmente ocorrem, mas ainda não sa- veros, cirurgias e internações várias, durante
bemos o porquê. a gestação etc. Nesses momentos, o mais sá-
Por essas e outras razões, o uso de medica- bio é recorrer à terapia insulínica.
mentos deve ser sempre feito sob orienta- Finalizando, basta um simples olhar para a
ção de um médico que, a partir de então, se história recente dos ADO para que nos tor-
torna responsável pela prescrição, devendo nemos fartos de esperança pelo rápido e
orientar ao paciente o que fazer em situa- eficaz avanço na terapia oral do diabetes
ções de efeitos adversos. tipo 2 que, como citado, hoje já contempla
um controle glicêmico melhor e mais segu-
Avanços no tratamento ro, juntamente com auxílios em setores que
Poucas doenças tiveram um avanço tão gran- tanto angustiavam os pacientes, como o ex-
de em termos de variedade de tratamento cesso de peso e o risco cardiovascular.
quanto o diabetes. Nos últimos dois anos,
ENVATO ELEMENTS
38 DIABETESmagazine · Edição 02
DM1
O fantástico mundo
das insulinas
Há diversos tipos de insulina e análogos disponíveis para tratar o
diabetes. Eles variam conforme o tempo de início, pico e duração.
É
impossível tratar o diabetes tipo 1 je pessoas com diabetes tipo 1 podem fazer
(DM1) sem insulina. Isso porque o pân- várias aplicações durante o dia e obter um
creas de quem tem esta condição de melhor controle glicêmico. “Insulina é vida.
saúde não produz naturalmente o hor- Precisamos conservar bem, aplicar de for-
mônio. Logo, cabe à própria pessoa aplicar a ma correta, seguindo as orientações do mé-
insulina diariamente, várias vezes, de acordo dico. Assim, podemos ter uma vida saudável.
com as recomendações do seu médico. Eu aplico há 36 anos e sou muito grata”, dis-
Até 1920, não existia insulina. Durante sé- se Juliana.
culos, cientistas pesquisaram uma forma de Classificadas em insulinas humanas ou
tratar o diabetes. Em julho de 1921, médi- análogos de insulinas humanas, elas se di-
cos canadenses conseguiram, de fato, ex- ferenciam por 03 fatores:
trair a insulina do pâncreas de um cachorro • Início da ação: velocidade com que a in-
e, depois de muitos ajustes, ela foi aplicada sulina começa a agir;
no primeiro ser humano em 1922. Portanto, • Pico da ação: é o período de atividade da
há 100 anos! O nome dos médicos? Você já insulina na corrente sanguínea;
deve ter descoberto ao ter lido a seção Dia- • Duração: o tempo em que a insulina age
betes de A a Z e a matéria de capa. no organismo.
De lá para cá, houve muitos avanços. Por As insulinas humanas são desenvolvidas em
exemplo, não há mais insulinas de origem laboratório e assemelham-se àquela produ-
animal, como aquelas usadas pela nutricio- zida no pâncreas de uma pessoa que não
nista Juliana Baptista na época do diagnós- tem diabetes. Já os análogos são prepara-
tico, em 1987. “Eu usava insulina de origem ções de insulina alterando algumas partes
bovina e me lembro que a agulha era bem da cadeia da insulina.
grande, de 12 milímetros e meio. Aplicava
de manhã a mistura da insulina rápida e len- Você sabia?
ta e depois à noite”, conta a educadora em O Brasil produz análogos de ação rápida, in-
diabetes. sulinas Regular e NPH. Nas tabelas a seguir,
Com os diversos tipos de insulina disponí- você pode conferir todas as insulinas dispo-
veis no mercado (veja tabela a seguir), ho- níveis no país até o momento.
BASAL
Responsável por manter os níveis de glicose estáveis no sangue entre as refeições e enquanto dormimos.
Tipo Nome Comercial Apresentação Início da Ação Pico da Ação Duração
Novolin N
®
Frasco (10 ml)
Insulina
NPH Humulin® N Caneta / Refil 2 a 4 horas 4 a 10 horas 10 a 18 horas
intermediária
Insunorm N
® (3 ml)
Análogos Degludeca Tresiba® Frasco (10 ml) <4 horas Não possui 42 horas
de ação Caneta / Refil
ultralonga Glargina U300 Toujeo® (3 ml) 6 horas Não possui 36 horas
BOLUS
Usada para evitar a elevação da glicemia durante a refeição e corrigir as glicemias altas.
Tipo Nome Comercial Apresentação Início da Ação Pico da Ação Duração
Novolin® R Frasco (10 ml)
Insulina 30 minutos
Regular Humulin® R Caneta / Refil 2 a 3 horas 5 a 8 horas
rápida a 1 hora
Insunorm® R (3 ml)
40 DIABETESmagazine · Edição 02
DM1
PRÉ-MISTURAS
Tipo Nome Comercial Apresentação Início da Ação Pico da Ação Duração
Insulina Frasco (10 ml)
NPH 70% + 30 minutos a
(intermediária + Humulin® 70/30 Caneta / Refil 3 a 12 horas 10 a 16 horas
Regular 30% 1 hora
rápida) (3 ml)
NPL 75% +
Humalog® Mix 25
Lispro 25%
Análogos
NPL 50% + Caneta / Refil
(intermediária + Humalog® Mix 50 5 a 15 minutos 1 a 4 horas 10 a 16 horas
Lispro 50% (3 ml)
ultrarrápida)
NPA 70% +
NovoMix® 70/30
Asparte 30%
Quais são os cuidados na aplica- utilizados até 28 dias após aberto. Consul-
ção da insulina? te sempre as orientações do fabricante, pois
Em primeiro lugar, faça sempre a assepsia alguns tipos de insulina, como a Degludeca,
do local com álcool 70% para eliminar qual- têm prazo maior de validade. De qualquer
quer sujeira. Confira na receita médica qual forma, depois de vencida, descarte a insuli-
é a quantidade de insulina que você preci- na, pois ela pode perder o efeito.
sa aplicar. Se necessário, faça a prega sub-
cutânea. Insulina faz mal?
Importante: provavelmente você já ouviu Um dos mitos mais frequentes no consul-
alguém falar que vai “tomar insulina”. Mas tório é que usar insulina pode provocar al-
atenção: não é para beber. A insulina deve guma complicação, pois muitas pessoas co-
ser injetada no subcutâneo, nunca no mús- nhecem alguém que teve problema após
culo ou na superfície da pele. Para a apli- iniciar o tratamento com insulina. A expli- O bate-papo continua
cação, deve-se utilizar uma seringa, cane- cação mais provável é que esse paciente já Juliana Baptista e eu gra-
ta de aplicação de insulina ou bomba de estava com o diabetes descontrolado há al- vamos uma conversa mui-
insulina. gum tempo e desenvolveu uma complica- to divertida sobre a expe-
ção quando começou a usar insulina, mas riência dela com a insulina
Onde aplicar a insulina? não foi por causa da insulina, pois ela não e mostramos alguns tipos
As regiões recomendadas são: abdômen, faz mal! Pelo contrário, como disse a Juliana, de seringa, canetas e ou-
parte posterior dos braços, exterior das co- insulina é vida. tros materiais usados pa-
xas e nádegas. Faça o rodízio entre os lo- ra controlar o diabetes no
cais de aplicação da insulina. Ou seja, evite passado. É muito legal ver
aplicar a insulina sempre na mesma região a evolução do tratamento.
SHUTTERSTOCK
O
s dispositivos usados para apli- manejo seguro desses resíduos nos serviços
car insulina e monitorar a glicose de saúde, desde a sua produção até o des-
são importantes fontes geradoras tino final, mas o mesmo não acontece sobre
de resíduos perfurocortantes, bio- o descarte desse tipo de lixo gerado em ca-
O descarte seguro é
lógicos e químicos. Se não forem descarta- sa. Em breve, diretrizes e normas específicas
dos corretamente, podem causar ferimen- serão disponibilizadas. Enquanto isso, as re- um ato de cidadania.
tos, transmitir doenças, como hepatite, além comendações sobre o descarte seguro têm Faça a sua parte!
de contaminar o meio ambiente. como base as diretrizes reservadas aos ser-
Existem diretrizes técnicas e legais sobre o viços de saúde. Confira:
ARQUIVO SBD
Caneta descartável
Cateter
Compartilhe
No site da SBD está disponí-
vel um folder ilustrativo so-
bre descarte correto de li-
xo gerado no tratamento do
Coletor específico para material perfurocortante Tira reagente diabetes.
42 DIABETESmagazine · Edição 02
Prevenção
ENVATO ELEMENTS
V
ocê “paquera” seus pés todos os profissional”, esclarece.
dias? Sabe quais são os cuidados Já deu para perceber que nossos pés mere-
que devemos ter em relação a es- cem um cuidado integral, não é? Perguntei
ses membros que nos sustentam e para a Andrea quais procedimentos o podó-
permitem a nossa liberdade de ir e vir? logo pode fazer numa consulta e ela citou al-
Nós, docinhos, precisamos dedicar mais guns deles: “Na parte plantar, o podólogo vai
atenção aos pés, porque o diabetes pode remover as calosidades, os calos e as fissu-
causar insensibilidade na parte extrema do ras, usando várias técnicas de desbaste. Nas
nosso corpo. Além disso, as altas taxas de unhas, é feito o corte (onicotomia) correto e
açúcar no sangue afetam a capacidade do adequado para sua anatomia”.
organismo de combater uma eventual infec- Mas visto que o diabetes necessita de acom-
ção e de cicatrizar um ferimento. panhamento por toda a vida, a interação en-
A boa notícia é que podemos contar com tre o podólogo e outros profissionais de
dois profissionais que convergem nestes saúde é muito importante: “O trabalho em
cuidados especiais com os pés de pessoas
que têm diabetes: o podólogo e o podiatra.
Para saber sobre a PODOLOGIA, conversei
ARQUIVO PESSOAL
44 DIABETESmagazine · Edição 02
Conte Com
ARQUIVO PESSOAL
atendimento à pessoa com pé diabético, ob-
jetivando a atuação e respeitando o espaço
de cada integrante. Ele deve ser realizado de
forma contínua, persistente e em parceria
com o paciente e a família, o que proporcio-
nará minimizar as complicações decorrentes
da falta de cuidado que surgem ao longo do
tempo”, completou Andrea.
P
opularmente conhecido como teste fique se a data e o horário estão devidamen-
da ponta de dedo, o exame que ava- te atualizados para que tenha um histórico
lia a glicemia capilar é fundamental cronológico correto. Não se esqueça de que
na rotina de quem convive com dia- é para seu uso exclusivo, pois os resultados
betes, mas ainda é motivo de muitas dúvi- ficam registrados na memória do aparelho.
das: por que de fato preciso fazer esse tes- Por essa razão, você não deve emprestá-lo
te? Qual a frequência? Ele serve para avaliar para ninguém, mesmo sendo da família.
os fios do cabelo? Agora confira as recomendações para fazer
A enfermeira Magda Tiemi Yamamoto, mem- uma boa glicemia capilar:
bro do Departamento de Educação e de En-
fermagem da Sociedade Brasileira de Diabe- 1. Limpe as mãos
tes (SBD), nos conta que já ouviu várias vezes Lave-as com água e sabonete ou realize a
essa última pergunta. Para algumas pessoas, antissepsia com álcool a 70%, removendo
pode parecer algo óbvio, mas a grande par- quaisquer produtos e/ou sujeiras das mãos,
cela da população não está acostumada a es- como alimentos, hidratantes e maquiagens.
ta expressão. Por isso, a enfermeira esclare- “Isso é importante, pois tais produtos po-
ce: “A glicemia está relacionada ao sangue e dem interferir no resultado de forma nega-
capilar se refere ao vaso que fica entre as tiva”, explica Magda.
arteríolas e as vênulas e possuem finas pa- Atenção: o uso do álcool em gel é contraindi-
redes que permitem trocas nutritivas en- cado, pois possui hidratante na composição.
tre sangue e células. Esse vaso tem 5 mícro- Importante: em ambiente hospitalar, a reco-
nes de diâmetro, ou seja, é muito, muito fino mendação é usar álcool a 70%, deixando-o
mesmo. Tão fino que comparamos a um fio evaporar espontânea e totalmente (sem as-
de cabelo. Daí vem o nome capilar”. soprar o local).
O exame ou monitorização da glicemia ca-
pilar pode ser feito em casa, de forma sim- 2. Prepare o material
ples e rápida, com aparelhos portáteis cha- Você vai precisar do glicosímetro, lance-
mados de glicosímetros. Esses monitores de tador e lanceta. Esses dois últimos são im-
glicemia capilar devem ser reconhecidos e portantes para fazer a punção do sangue da
liberados pela Agência Nacional de Vigilân- ponta do dedo.
cia Sanitária (Anvisa). Atenção: a cada teste, uma nova lanceta tem
Caso o aparelho de glicemia seja novo, veri- que ser usada. Não reutilize!
46 DIABETESmagazine · Edição 02
Tratamento
ENVATO ELEMENTS
Glicosímetro Tiras
reagentes
Lancetas
Lancetador
mia deve estar acima de 500 mg/dL. vezes ao dia: antes do café, do almoço e do
Situação de emergência também se o resul- jantar, ao deitar e 2 horas após uma refeição,
tado for “LO”, pois significa que a glicemia es- variável a cada dia.
tá LOW, muito baixa, abaixo do limite indica-
do no aparelho. Em ambos os casos, procure Diabetes pré-gestacional
ajuda médica rapidamente. Toda mulher com diabetes, tanto tipo 1 co-
mo tipo 2, que deseja engravidar deve ser
Quem e quando medir a glicemia? alertada sobre a importância de um controle
A frequência da monitorização está asso- glicêmico estreito antes da concepção. Re-
ciada à melhora da hemoglobina glicada comenda-se uma hemoglobina glicada me-
(HbA1c), exame de sangue que avalia a mé- nor de 6,5% antes da gravidez, visando ao
dia dos últimos três meses. Segundo a Di- menor risco de anomalias congênitas.
retriz da SBD 2019-2020, nas páginas 25 a Após a concepção, aconselha-se monitoriza-
33, as metas glicêmicas para adultos, ges- ção das glicemias capilares pré e pós-pran-
tantes e crianças variam, conforme explica- diais em todas as refeições (em média, sete
mos a seguir: vezes ao dia).
Para adultos com diabetes tipo 2 (DM2): Na gestação, a monitorização mais comum é:
• Em uso de insulina basal ou de antidia- • 1 hora pós-prandial: relacionado com
béticos orais não há evidência científi- melhor controle glicêmico e menor risco
ca sobre a quantidade de testes, por isso, de pré-eclâmpsia;
consulte seu médico para individualizar o • Teste pré-prandial: para ajustes na insuli-
tratamento. De forma geral, recomenda-se na rápida ou ultrarrápida.
quatro medidas ao dia, sempre antes das
refeições principais e antes de ir dormir; Diabetes gestacional
• Em uso de insulina bolus, faça o teste an- No caso da mulher que não tem diabetes,
tes das principais refeições e 2 horas de- engravida e desenvolve o diabetes gestacio-
pois para ajuste da insulina bolus, por- nal, recomenda-se a monitorização quatro
tanto, um total de seis vezes ao dia. Pelo vezes ao dia: em jejum e após as três prin-
menos uma vez por mês, meça de madru- cipais refeições (desjejum, almoço e jantar).
gada (entre 3 e 4 horas). Segundo a Diretriz da SBD, as metas glicêmi-
• Importante: medir em situações espe- cas na gestante são:
ciais, por exemplo, antes e depois de um • Em jejum, igual ou menor que 95 mg/dL;
exercício intenso (para ajustes da insulina • 1 hora após as refeições, igual ou menor
e da ingestão de carboidratos). Se estiver que 140 mg/dL ou
doente, aumente a frequência dos testes • 2 horas após as refeições, igual ou menor
para prevenir crises hiperglicêmicas. que 120 mg/dL.
Para paciente com diabetes tipo 1 (DM1): A seção Conexão Médica da DIABETESma-
a recomendação do Centro de Referência gazine edição 01 trouxe todas as informa-
e Diabetes da Universidade Federal de São ções atualizadas para o diagnóstico e con-
Paulo (Unifesp) é monitorar a glicemia cinco trole do diabetes gestacional.
ENVATO ELEMENTS
48 DIABETESmagazine · Edição 02
Quero começar a fazer
exercícios, mas e aí?
Existe uma avaliação inicial necessária ou alguma restrição para
quem tem diabetes?
E
m primeiro lugar, parabéns pela deci- • Crianças e adolescentes com diabetes ti-
são. Atividade física traz diversos be- po 1, tipo 2 ou pré-diabetes devem pra-
nefícios para a saúde, como a melho- ticar diariamente 60 minutos ou mais de
ra do controle da glicemia, a redução atividade aeróbica de intensidade mode- A cada 30 minutos
dos fatores de risco cardiovascular, como rada ou vigorosa, além de exercícios para sentado, levante-se
colesterol e hipertensão, e a perda de peso, fortalecimento muscular e ósseo pelo me-
e movimente-se. Isso
além de aumentar a sensação de bem-estar nos 3 dias por semana. Não há necessida-
e promover mais qualidade de vida. des de fazer avaliações específicas. faz muito bem para a
Apesar de todas essas vantagens, infeliz- • Todos os adultos com diabetes devem glicemia.
mente, menos de 45% dos adultos atingem praticar pelo menos 150 minutos por se-
a meta recomendada de andar pelo menos mana de atividades aeróbicas (como ca-
150 minutos por semana. Por isso, se você minhada, corrida, natação) de intensidade
decidiu que é hora de sair do sedentarismo, moderada a vigorosa. É possível distri-
está no caminho certo. buir esse tempo da seguinte forma: 50
Em relação às perguntas, depende. Depen- minutos por dia 3 vezes na semana ou
de da idade, da presença de outras doenças, 30 minutos por dia 5 vezes na semana.
como obesidade e hipertensão, da existên- Só não fique mais do que 2 dias seguidos
cia de sintomas e até mesmo do tipo e in- sem atividade física para não comprome-
tensidade de exercício que você se propõe a ter o controle do diabetes. Além disso, é
fazer. Algumas orientações, no entanto, ser- importante fazer exercícios de resistên-
vem para todos. cia (treinos com peso para fortalecimento
A primeira delas é marcar uma consulta dos músculos). O ideal são sessões de 30
com o médico para ele fazer uma avaliação minutos ou mais por dia.
individualizada e indicar os exames espe- • Adultos capazes de correr a 9,7 km/hora
cíficos para você. Alguns são básicos e fun- por pelo menos 25 minutos podem se be-
damentais para pessoas com diabetes, como neficiar bastante de atividades mais cur-
glicemia, hemoglobina glicada, avaliação da tas com maior intensidade (75 minutos
função renal, eletrocardiograma de repouso, por semana).
fundo de olho e exame dos pés. • Ao longo do tempo, as atividades devem
A seguir, destaco as recomendações da As- progredir em intensidade, frequência e/ou
sociação Americana de Diabetes (2022): duração para pelo menos 150 minutos
50 DIABETESmagazine · Edição 02
Em Movimento
A combinação de
exercícios aeróbicos e
de resistência é ideal
para pessoas com
diabetes.
feita para garantir que a neuropatia não al- meio da diminuição da resposta cardíaca ao
ANDRÉ VIEIRA
tere a sensação cinestésica durante a ativi- exercício, queda excessiva da pressão arte-
dade física, principalmente naqueles com rial (hipotensão postural) e visão noturna
neuropatia mais grave. prejudicada.
Estudos mostraram que caminhadas de in- Por sua vez, a neuropatia autonômica car-
tensidade moderada podem não levar a diovascular também é um fator de risco in-
um risco aumentado de úlceras nos pés dependente para morte cardiovascular e
em pessoas com neuropatia periférica que isquemia miocárdica silenciosa. Portanto, in-
usam calçados adequados. Além disso, 150 divíduos com neuropatia autonômica diabé-
minutos por semana de exercício moderado tica devem passar por investigação cardíaca
já melhora os resultados em pacientes com antes de iniciar atividade física mais inten-
neuropatia diabética. Portanto, todos os in- sa do que aquela a que estão acostumados.
divíduos com diabetes devem usar calçado
adequado e examinar os pés diariamente Doença Renal Diabética (DRD)
para detectar lesões precocemente. A atividade física pode aumentar aguda-
Já pessoas com qualquer lesão no pé ou fe- mente a excreção urinária de albumina. No Assim como o Igor, também
rida aberta devem ser restritas a atividades entanto, não há evidências de que exercí- amo pedalar! Por isso, re-
que não suportem peso. cios de intensidade vigorosa acelerem a ta- comendo o esporte para
xa de progressão da DRD, e parece não ha- meus pacientes e leitores
Neuropatia autonômica ver necessidade de restrições específicas de da DIABETESmagazine!
Ela pode aumentar o risco de lesão induzi- exercícios para pessoas com DRD em geral.
da pelo exercício ou eventos adversos por
52 DIABETESmagazine · Edição 02
Você costuma ler os
rótulos dos alimentos?
Saiba como este hábito pode ajudar no controle glicêmico e na sua saúde.
C
hamar alguém de diabético porque principal objetivo dessa atualização é permi-
ele foi diagnosticado com essa con- tir que os consumidores possam fazer esco-
dição não é adequado. De acordo lhas mais conscientes do que estão compran-
com um consenso das instituições do, tornando a rotulagem nutricional de mais
da área, a linguagem importa e o mais em- fácil entendimento e usabilidade.
pático é dizer que a pessoa tem ou convive
com diabetes em vez de pregar-lhe um ró- Conheça a nova rotulagem nutri-
tulo. Mas existem rótulos que são muito po- cional:
sitivos e devemos usar. É o caso dos rótulos
dos alimentos, que indicam quais ingredien- 1) Rotulagem nutricional frontal: esta é a
tes foram utilizados para fazer aquele pro- maior novidade das novas regras. Cada pro-
duto, o quanto ele tem de nutrientes e se duto deve trazer na parte da frente do rótulo
ele é contraindicado a alérgicos devido a al- um símbolo informando se ele tem alto teor
gum componente, por exemplo. de açúcar adicionado, gordura saturada e/ou
Ou seja, os rótulos dos produtos servem pa- sódio. Essa informação deve vir acompanha-
ra auxiliar na escolha do que comprar, assim da de uma lupa, assim:
podemos priorizar alimentos industrializa-
dos de melhor qualidade na composição. No
entanto, os atuais rótulos apresentam uma
série de dificuldades de leitura e interpreta-
ção por parte do consumidor.
A grande e esperada mudança regulatória
do ano de 2022 será com a entrada das le-
gislações RDC nº 429 e IN nº 75, ambas de
2020, que dispõem sobre a nova rotulagem
nutricional de alimentos no Brasil.
Produtos lançados a partir de 9 de outubro
de 2022 devem estar com os rótulos adequa-
dos às novas regras. Para os itens que já es-
tavam no mercado, as empresas terão prazos
variáveis de até 36 meses para se adequar. O
54 DIABETESmagazine · Edição 02
Nutrição
2) O símbolo da lupa deverá ser aplicado na 3) Será obrigatória a veiculação da lupa com
frente da embalagem, na parte superior, por indicação de um ou mais nutrientes, confor-
ser uma área facilmente capturada pelo nos- me o caso, quando os alimentos apresenta-
so olhar. rem as seguintes quantidades de nutrientes:
Alimentos sólidos
Alto conteúdo de Alimentos líquidos
e semissólidos
15 g ou mais por 7,5 g ou mais por
Açúcar adicionado
100 g de alimento 100 ml de alimento
6 g ou mais por 3 g ou mais por
Gordura saturada
100 g de alimento 100 ml de alimento
600 mg ou mais por 300 mg ou mais por
Sódio
100 g de alimento 100 ml de alimento
Fonte: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2022
56 DIABETESmagazine · Edição 02
Nutrição
É rico em fibras mesmo? Diferença entre diet, light e zero KARIM SCHARF
O teor de fibra é mais importante nos ali- Nutriente pode ser açúcar, gordura, caloria,
mentos que levam farinha (bolos, pães, bis- sódio, proteína, entre outros. Tendo isso em
coitos), naqueles à base de cereais (grano- mente, lembre-se:
la ou barra de cereal) e nos produtos à base • Light: quando há redução de pelo menos
de frutas. 25% de algum nutriente presente no ali-
Para analisar, quanto mais carboidrato, mais mento original.
fibra ele precisa ter. • Diet: quando o alimento não tem um de-
A relação ideal é de, pelo menos, 5:1. terminado nutriente.
Ou seja, para cada 5 g de carboidrato, deve • Zero: quando há redução de calorias e
haver 1 g de fibra. não há algum nutriente. Ou seja, produtos
Você vai notar que são poucos os que atin- zero nem sempre são zero açúcar.
gem o ideal. Escolha o menos ruim, com pe-
lo menos 3 g de fibra por porção. Atenção: produtos que trazem a informação
sem açúcar, diet, zero não estão liberados
Procure o T na embalagem para pessoas com diabetes. Você precisa se-
A presença do T em um triângulo amare- guir as dicas que aprendeu aqui para poder
lo significa que há na fórmula ingredientes entender se realmente vale a pena investir
transgênicos. Convém evitar sempre que nesse alimento.
possível!
Cuidado
Diferença entre Produtos com a mensagem “não possui açú-
Declarado x Real car adicionado” podem ter açúcar em algum
A lei admite o fabricante ter uma variação de componente da fórmula, como a maltodex- Acesse o perfil no Instagram
20% para mais ou para menos em caloria e trina, por exemplo. Fique atento! @ desrotulandoapp
nutrientes declarados no rótulo.
Isto significa que, se uma porção é declara- Baixe este app
da como tendo 10 g de carboidrato, ela po- Quer tornar a análise prática e divertida? Tes-
de ter entre 8 g e 12 g, na realidade uma te o aplicativo Desrotulando e acompanhe o
variação de até 50% a mais entre uma e perfil deles no Instagram (@desrotulandoapp),
outra. É absurdo, mas está de acordo com pois trazem muitos comparativos de produ-
a legislação. tos e pegadinhas da indústria.
Receita
Para finalizar, segue uma receita simples e saborosa que você pode fazer em casa.
BOLO DE CANECA
Rendimento: 02 porções
SHUTTERSOTCK
58 DIABETESmagazine · Edição 02
Consultas médicas
à distância
Regulamentada definitivamente no Brasil em maio de 2022,
a telemedicina traz muitas vantagens para médicos e pacientes.
N
a edição passada da DIABETESma- Isso é uma ótima notícia, pois significa que
gazine, o Dr. André Vianna apresen- todos nós podemos seguir usando o smart- Colaboradores desta seção
tou as tecnologias usadas no dia a phone, o computador e outros dispositivos e membros do Dep. de Saú-
dia do tratamento, como canetas de eletrônicos para cuidar melhor da saúde. de Digital, Telemedicina e
aplicação de insulina, bomba de infusão de No entanto, algumas dúvidas ainda ficam no Inovação em Diabetes da
insulina, glicosímetros e sensores de glicose. ar. Será que é mesmo seguro fazer uma con- SBD:
Hoje vamos falar sobre os benefícios da te- sulta médica pelo smartphone? Como pode-
lemedicina e como ela vem encurtando dis- mos ter certeza de que os dados não serão
tâncias, ajudando a melhorar a saúde das vazados?
pessoas e facilitando o dia a dia. Eu digo “va- Em primeiro lugar, é importante saber que
mos” porque não escrevi este texto sozinho. a teleconsulta, quando médico e paciente Dr. Flavio Pirozzi
Contei com a ajuda dos colegas Dr. Flavio Pi- estão em lugares geográficos diferentes, é @fpirozzi.endocrino
rozzi, Dra. Laura Cudizio e Dra. Vanessa Mon- apenas uma das possibilidades da TM. Exis- FOTO: ARQUIVO PESSOAL
tanari, do Dep. de Saúde Digital, Telemedici- tem ainda a teleinterconsulta (entre profis-
na e Inovação em Diabetes. sionais), a teleorientação e teletriagem, o te-
Vamos lá então: telemedicina (TM) é o exer- lemonitoramento, o telediagnóstico e até a
cício da medicina mediado por tecnologias telecirurgia, feita por robôs.
para fins de assistência, educação, pesqui- A relação médico-paciente e a postura do
sa, prevenção de doenças, lesões e promo- médico perante à TM são fatores essenciais Dra. Laura Cudizio
ção de saúde. Devido à crise provocada pela para que haja sucesso nesta modalidade de @lauracudizio
pandemia de Sars-Cov-2 (Covid-19), a tele- serviço. A telemedicina é segura quando vá- FOTO: ARQUIVO PESSOAL
medicina teve sua regulamentação tempo- rios requisitos são providenciados pelo mé-
rária por meio da Lei 13.989, de 15 de abril dico com antecedência. São eles: Termo de
de 2020. Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE);
O Conselho Federal de Medicina (CFM) apro- consulta de triagem e pré-consulta pela In-
vou e, em 05 de maio de 2022, foi publicada ternet, que pode ser realizada pela secretá-
a resolução nº 2.314/2022, que define e re- ria; e software e hardware adequados e com Dra. Vanessa Montanari
gulamenta definitivamente a telemedicina senha para o invite – convite enviado por @medicaendocrino
no Brasil como forma de serviços médicos e-mail para o paciente. FOTO: ARQUIVO PESSOAL
mediados por tecnologias da comunicação. Para fazer uma consulta on-line, o médico
60 DIABETESmagazine · Edição 02
Tecnologias
E você?
Já passou por uma tele-
consulta? Envie uma men-
sagem para o Instagram
(@diabetessbd) ou Face-
book (@SBD.Diabetes) con-
tando sua experiência. Ela
pode ser publicada em edi-
ções futuras da DIABETES-
magazine.
62 DIABETESmagazine · Edição 02
CONEXÃO
MÉDICA
Os conhecimentos acadêmico e científico
são elementares para qualquer profissional
de saúde. No entanto, em um país com um
dos sistemas de saúde pública mais abran-
gentes do mundo, mas que possui inúmeras
deficiências, principalmente em relação a
tratamentos especializados, atender aos pa-
cientes de forma efetiva nem sempre é su-
ficiente para gerar o impacto necessário na
sociedade e alterar o curso de prognósticos
desfavoráveis de doenças crônicas, como o
diabetes.
A empatia, a visão empreendedora, a criati-
vidade e, sobretudo, o senso de responsa-
bilidade social são competências socioe-
mocionais (soft skills) que podem ser tão
importantes quanto as competências técni-
co-científicas (hard skills), quer sejam para
médicos especialistas ou generalistas.
A Conexão Médica desta edição vai mostrar
um desses projetos que têm potencial para
transformar vidas.
Retinopatia
Diabética
ENVATO ELEMENTS
N
a maioria dos países, a retinopatia uma amostra de 824 pessoas com diabetes
diabética (RD) está entre as princi- tipo 2 (DM2) na população brasileira foi de Confira o capítulo da Dire-
pais causas de cegueira na popu- 37,3%. Esses números mostram que o atra- triz Oficial da SBD sobre o
lação em idade ativa, sendo con- so no diagnóstico da RD constitui a princi- manejo da Retinopatia Dia-
siderada uma complicação microvascular pal causa de perda visual evitável na popu- bética.
comum e específica do diabetes mellitus. lação economicamente ativa. Como se não
Para se ter uma ideia do cenário preocu- bastasse, a RD está consistentemente asso-
pante, uma meta-análise de 35 estudos com ciada a outras complicações do diabetes, co-
mais de 20 mil pacientes, estimou as preva- mo doença renal, acidente vascular cerebral
lências de RD, edema macular (EMD) e RD (AVC) e doença cardiovascular.
com risco de perda de visão respectivamen- Existem dois tipos de RD: a não proliferati-
te em 34,6%, 6,8% e 10%. va, que é o estágio inicial e menos grave da
Outro estudo com 1.644 pessoas com dia- doença; e a proliferativa, com risco de com-
betes tipo 1 (DM1) e mau controle glicêmico prometimento visual, além de ser forte pre-
(HbA1c média de 9%) encontrou prevalên- ditora para doença arterial periférica, que
cia de 35,7% de RD, 12% de quadros graves pode levar à ulceração e à amputação dos
e 2,7% de EMD. Já a prevalência de RD em membros inferiores.
ENVATO ELEMENTS
64 DIABETESmagazine · Edição 02
Conexão Médica
A boa notícia é que o diagnóstico e o trata- Idealizado pela endocrinologista Dra. Solan-
mento precoces melhoram o prognóstico e ge Travassos, vice-presidente da Sociedade
reduzem o risco de dano visual irreversível. Brasileira de Diabetes, o projeto conta com
Mas para conscientizar a população sobre as a colaboração de vários médicos oftalmo- Nunca é demais falar
formas de prevenção da RD e minimizar os logistas, entre eles o Dr. Fernando Malerbi, sobre prevenção.
impactos dela é preciso ir além do que está coordenador do Departamento de Doenças
disponível nos canais e nos modelos tradi- Oculares da SBD.
cionais de assistência à saúde. A DIABETESmagazine conversou com a Dra.
Para isso foi criado o Projeto Oftalmologis- Solange Travassos e com o Dr. Fernando Ma-
ta Amigo do Jovem com Diabetes, que pre- lerbi para entender melhor o Projeto.
tende mudar a trajetória de muitas vidas.
ARQUIVO PESSOAL
ARQUIVO PESSOAL
66 DIABETESmagazine · Edição 02