UNIÃO DAS FACULDADES CATÓLICAS DE MATO GROSSO - UNIFACC/SEDAC
Docente: Prof. Dr. Marivelto Leite Xavier
Data de entrega: 12/04/2024
RESUMO EXPANDIDO - DISCIPLINA DE FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
Lucas Correa de Arruda
Lucas Rodrigues Masson Lucas Soares de Freitas
A Filosofia da Linguagem abarca uma multiplicidade de significados em uma única
palavra. A transcendentalidade da subjetividade, expressa pela noção de que a pessoa pára no sinal vermelho em conformidade com normas sociais, remete à filosofia transcendental, notadamente associada ao trabalho de Immanuel Kant, que postulou que certas estruturas da mente humana são "transcendentais", ou seja, estão presentes em todas as experiências possíveis. Por exemplo, ele argumentou que as categorias do entendimento, como tempo e espaço, são transcendentes, pois moldam nossa experiência do mundo. O cumprimento das normas sociais não se resume simplesmente à obediência cega, mas sim a uma complexa interação de fatores, como condicionamento social, punição pelo descumprimento das normas, preocupação com a segurança pessoal e respeito pela ordem pública. A relação entre a transcendentalidade e o comportamento humano, exemplificado pelo ato de parar em um sinal vermelho, abre espaço para uma interpretação intrigante. Sugere-se que até mesmo as ações aparentemente banais são influenciadas por estruturas mentais fundamentais que transcendem as experiências individuais. No entanto, isso também levanta questões sobre o livre arbítrio, a responsabilidade moral e o determinismo social. Em síntese, essa afirmação suscita questões profundas sobre a natureza da subjetividade, o impacto das normas sociais no comportamento humano e a interconexão desses conceitos com a filosofia transcendental. A filosofia se entrelaça com a poesia e o pré-consciente, em uma teia complexa de significados. Contudo, nos grandes textos contemporâneos, há uma ausência notável dos autores das periferias. A discussão sobre o estudo dos comportamentos emerge como um terreno fértil para estabelecer fundamentos, desviando-se dos textos da tradição de logos para abraçar uma tradição pathos, pré-consciente. Ao se tratar de sociedades antigas, é possível observar uma dinâmica peculiar, onde há uma aceitação tácita de certas práticas, como o incesto entre famílias, visando alcançar determinados objetivos. Esta divisão de funções conforme a sexualidade, com as mulheres responsáveis pelo cuidado da casa e os homens pela provisão de alimentos, é considerada intrínseca a essas sociedades, dentro de uma tradição imagética. Além disso, as mudanças naturais do tempo impulsionam a transmissão de culturas e ritos de geração em geração, promovendo a partilha de conhecimento para o benefício coletivo. A transcrição linguística, oral ao longo do tempo-espaço, é uma expressão do paradoxo entre eternidade e mortalidade, uma memória mimética que garante a preservação do conhecimento. A repetição de estruturas linguísticas pela fala assegura a continuidade do corpo social como um todo. A proibição do incesto e a promoção da troca (reciprocidade) são elementos fundamentais para a prosperidade das comunidades, permitindo que estas vivam de forma produtiva diante de suas atividades laborais. A linguagem é essencialmente um encadeamento lógico de símbolos, não apenas uma sequência aleatória de palavras. Sua compreensão vai além do ensinamento formal, estando intrinsecamente presente na vida cotidiana. Por exemplo, um menino aprende a pescar observando o horário e a posição do Sol, escolhendo a isca apropriada e repetindo os gestos até torná-los automáticos. Isso exemplifica a função sintática da linguagem oral, que se desenvolve de forma orgânica na interação com a comunidade, muitas vezes transmitida oralmente ao longo das gerações. A expressividade do corpo desafia os limites da transcendentalidade, comunicando emoções e realidades pré-linguísticas. Enquanto a consciência lida com enunciados explícitos, o corpo argumenta através de sensações e simbologias, revelando uma camada mais profunda de significado. Nesse contexto, o estruturalismo destaca a importância da estrutura subjacente na produção de expressividade estética. A organização do tempo e espaço nas comunidades reflete a dinâmica do corpo comunitário, influenciando a construção de narrativas compartilhadas. As redes sociais modernas, por sua vez, assumem o papel de aldeias virtuais, onde essas narrativas são expressas e negociadas. O algoritmo atua como mediador, criando possibilidades para a disseminação das histórias e influenciando o curso dos eventos futuros. A filosofia contemporânea encontra expressão tanto nas obras de arte quanto nas tradições indígenas, todas buscando capturar a essência da experiência humana através da expressão corporal. A interpretação dessas expressões revela não apenas o contexto cultural, mas também os anseios e valores fundamentais da comunidade. Assim, a linguagem, seja oral, corporal ou digital, continua a ser uma ferramenta fundamental para a expressão e compreensão da condição humana, moldando nossa percepção do mundo e influenciando nossa interação com os outros. O ser humano, em sua complexidade, é compreendido através da relação entre a consciência e o corpo nu. Nesse contexto, a crítica antropológica destaca a função sintática subjacente às interações sociais, como a caça, a agricultura e a pecuária. Essas funções sociais, intrinsecamente ligadas ao corpo, estabelecem normas e proibições para garantir a coexistência harmoniosa dentro da comunidade. A reciprocidade entre os diferentes papéis sociais, como caçadores, agricultores e pecuaristas, é fundamental para manter a coesão do grupo. O casamento, por exemplo, é uma forma de troca que permite a circulação de pessoas entre os diversos jogos sociais, garantindo a continuidade das atividades de subsistência e a diversidade genética. A proibição do incesto, embora paradoxal, visa preservar a integridade do grupo ao evitar a consanguinidade excessiva. Essa proibição, ao mesmo tempo que restringe, legitima a própria estrutura social. O ideal de sociedade alcançado através da proibição torna-se autossustentável, eliminando a necessidade de regras adicionais. O incesto, como conceito, reflete a busca pela perfeição social, onde as diferenças de gênero e papel social se dissolvem na realização máxima do ideal masculino. Quando a sociedade atinge esse estado de perfeição, as leis e proibições tornam-se obsoletas, pois o equilíbrio é alcançado naturalmente. A discussão sobre questões éticas, como o aborto, torna-se redundante quando a ciência fornece respostas claras e objetivas. A busca pela verdade científica substitui a necessidade de legislação moral, levando a uma sociedade mais equilibrada e justa. Em última análise, o incesto representa a fusão entre a proibição e a legitimidade, simbolizando a identidade e coesão do grupo. Quando as normas sociais são internalizadas e aceitas por todos, a harmonia e a estabilidade são alcançadas naturalmente, sem a necessidade de imposição externa. Na noção de metapsicologia em Freud, o posicionamento transcendental do incesto é discutido. Lévi-Strauss sugere que a falha da consciência se revela no incesto, assumindo o papel da filosofia na atribuição de sentido. A psicanálise freudiana e outras psicologias não abordam o transcendental apenas como uma reflexão tardia, mas como uma posição que emerge diretamente da estrutura da mente, assim como a economia emerge como uma nova área do conhecimento, fornecendo dados que dão sentido à consciência de Strauss. O cerne desta discussão é o conceito de "ser", enquanto ainda continuamos a explorar e compreender a posição do transcendental. O horizonte é designado por outro nome. A linguagem, conforme tematizada na fenomenologia, como predicativo, da ideia de linguagem como estruturas elementares, como parentescos. Em outra corrente contemporânea, surge a partir do não-dito de Wittgenstein. A psicanálise trabalha com a desconstrução do eu, buscando uma meta da psicologia na qual a ciência não consegue absorver termos de abstração. A proibição do incesto é combatida na medida em que o incesto é condição para que haja o casamento do parentesco. Se houver um casamento, a partir da proibição, então haverá trocas, já que a mulher é o elemento fundamental da troca. Nsse sentido, das trocas e da reciprocidade, o incesto passa a fazer sentido. Assim, só é possível entender o incesto quando há reciprocidade. Em última análise, a reciprocidade permitirá dizer que o incesto já não se faz mais necessário. Uma vez que a comunidade cresce de tal forma e atinge o limite entre o incesto e o ocorrido, então a reciprocidade atingindo também a sua exaustão faz com que já não haja mais incesto e nem reciprocidade. Então, não obstante atualmente se viva em organismos, quando se vivia em obras, genes e tribos, ainda fazia sentido delimitar o incesto para que houvessem trocas tribais. No momento em que a democracia se expande e as trocas se aceleram, a reciprocidade chega à exaustão, nível de intercâmbio entre as comunidades de tal modo que o incesto não faz sentido. Quando há a igualdade, ele não se pega noção da própria tribo, ou seja, entra-se num ambiente de total anarquia, total liquefação, vários interesses em cada sujeito. Perde-se totalmente a ideia fundamental de criar um corpo objetivo e uma tradição porque tudo se liga à diferença e os interesses são puramente individuais. É por isso que a finalidade do sacrifício tribal é exatamente essa estrutura de reciprocidade. Entretanto, à medida que esse sacrifício vai sendo reproduzido, vai-se ampliando essa ideia de anulação do próprio sacrifício e da reciprocidade até levar ao estado de exaustão. É importante observar que, desde o início, o problema da linguagem como substituto da consciência transcendental aparece aqui deste modo. E a ideia na psicanálise não entende um corpo objetivo, pelo contrário, a estrutura de aplicação da metapsicanálise concentra-se no erro do idealismo alemão. Freud está dialogando com o idealismo alemão levando a acreditar na consciência. A partir de Wittgenstein entende-se que a linguagem carrega o horizonte de sentido que é anterior à própria consciência, uma vez que os limites da consciência foram categorizados. Assim, pode-se afirmar que na finalidade da primeira vítima é proposta a desintegração do eu naquele modelo antropológico, com a desintegração do eu na consciência, de modo que a consciência se torna efetiva. O sujeito está pensando e desaparece, o próprio sujeito desaparece. Quando o sujeito consolida a própria efetividade da racionalidade. Já não é o sujeito pensante, mas sim a Alemanha que pensa. Quando o sujeito alemão para em um sinal vermelho, ele não pensa o porquê de estar parado, mas está parado porque cumpriu a lei, portanto, cumprindo o idealismo, tem-se a sua despersonalização. Essa despersonalização cria um dela mesmo, cria o outro, o outro que vive nele mesmo como sendo esse personagem da técnica, ou da razão positiva. Mas é interpretado como fetiche, é interpretado uma ideia do outro na outra idade como sendo o homem fraco e receptivo; então esse outro aparece como uma fratura da consciência e provoca exatamente o surgimento desse ambiente que é chamado de linguagem. A linguagem é uma forma de expressão tanto para o indivíduo quanto para os outros, pois reflete as emoções e expressões corporais. A expressividade do corpo é uma manifestação da alma, mas não é a própria essência da alma. Quando alguém se comunica, o outro interpreta essa expressão como um ser emocional e linguístico. A noção de proibição do incesto surge aqui como um paradoxo dialético crucial para a manutenção da reciprocidade na psicanálise. A linguagem só faz sentido quando há trocas, e é esse paradoxo que permite essa compreensão. No entanto, no âmbito da subjetividade corpórea, toda a reflexão de Freud pode ser entendida a partir da noção do "eu" como indivíduo, como subjetividade, e não como parte do corpo objetivo de uma consciência comunitária, ou de regiões imunes a estímulos. A proibição do incesto surge em diferentes níveis: no nível biológico, no corpo individual, e também no nível social, dentro do clã. Enquanto o incesto não pode ser um tabu totemizado, já que pode envolver relações consanguíneas, a organização social é baseada tanto em laços sanguíneos quanto em laços totêmicos, estes últimos sendo muitas vezes mais fortes. Freud se refere a essa zona meta como composta por três elementos: o ego, o superego e o id, ou o isso, que representa o inconsciente. A criação da zona antitérdica por Freud marca um importante ponto de inflexão ao desconstruir a concepção de incesto do idealismo alemão. Nessa perspectiva, o eu é equiparado à projeção racional de si mesmo, conforme preconizado pelo idealismo alemão. Este idealismo postula que ao se tornar consciente de suas próprias ações, o sujeito pensante, denominado transcendental, e o absoluto do superego se fundem. Freud, ao analisar essa dinâmica, enxerga uma narrativa romântica que culmina no incesto - uma relação entre o eu e o pai, representando o alto ego e a autoridade racional, medida pela razão. Essa perspectiva de Freud desafia diretamente a visão idealista alemã, sugerindo que a racionalidade não é o único fator em jogo na formação do eu e do superego. Em contraste, Freud argumenta que a mente humana é permeada por impulsos e desejos inconscientes, muitas vezes manifestados através de doenças mentais. Esta abordagem destaca a complexidade e a profundidade das interações psicológicas, indo além das noções simplistas de racionalidade e transcendentalidade. À medida que as pessoas se relacionam pela razão, ocorre uma substituição do eu, criando uma dinâmica que pode ser interpretada como incestuosa, uma relação entre eu e eu mesmo. Essas interações são comumente denominadas relações de reciprocidade entre o superego e o ego. O fenômeno da melancolia, hoje frequentemente associado à depressão, emerge dessas relações incestuosas atribuídas aos laços que se mantêm com a austeridade. O austero atua como um tabu, uma norma cultural, ou até mesmo como um fetiche em relação ao que desejamos ser. Nesse contexto, o sexo é reinterpretado, não mais como um estímulo à reciprocidade, mas como uma tentativa de destruir essa mesma reciprocidade, permitindo que o que foi recalcado ou reprimido durante o processo incestuoso se manifeste. Neste contexto, Freud se aproxima muito de Marx em relação à ideia de destruição dialética no materialismo histórico e dialético. Na dinâmica dialética, ocorre a destruição da essência consciente pela existência outra, como no caso do trabalhador proprietário que, ao tomar posse da infraestrutura, destrói a superestrutura, resultando em uma inversão da existência contra a essência. Esse processo pode ser equiparado ao incesto, pois envolve uma forma de destruição e desconstrução, porém em um contexto econômico-político. Freud sugere que aquilo que é reprimido pela superestrutura, pela essência, só poderá emergir quando a própria existência for destruída. No entanto, a concepção de um superego com certo grau de autonomia remete ao campo de Kant, que delineia um transcendental, o sujeito pensante dotado de autonomia, agindo conforme suas próprias intenções e independente do eu para obter sua energia. Nesse contexto, o eu atua como um mediador, uma entidade que abriga múltiplas pessoas dentro de si. É como se ele estivesse afirmando ter criado esse eu, essa realidade ali, como um amigo. Um aspecto interessante é quando ele afirma que o melancólico, hoje denominado depressivo, é um eu que, assim como outras pessoas, manifestam graus variados de superego. Manifesta-se, pois, a melancolia do primeiro grau maior ou menor de severidade nos seus períodos sadios. Durante um surto melancólico, se o superego se tornar excessivamente severo, a autoridade exerce uma pressão maior sobre o ego, insultando, humilhando e tratando-o com rigor. Isso reflete a complexidade da natureza humana. Na depressão, o curador do passado traz à tona memórias que antes poderiam ter sido consideradas insignificantes, como se estivesse esperando por esse acesso de severidade para apresentá-las e submeter o ego a um julgamento condenatório com base nelas, aplicando padrões e moral mais rígidos. Isso evidencia as demandas da moralidade, e compreendemos que nosso sentimento de culpa moral é resultado da tensão que estamos enfrentando. Assim, tornam-se claros os princípios de autoridade estabelecidos; o alter ego concede a esse superego um papel de representação, ou seja, a lógica da antologia é da physis, desde Platão, permitindo que constitua o superego. Ademais, quando o superego 1 e o superego 2 se fundem e deixam de ser distintos, eles formam um terceiro elemento. Esse terceiro elemento é o id, que representa o inconsciente. Este processo implica que, mesmo que a pessoa seja obrigada a supor que o id esteja sendo ativado no momento, pode-se não ter consciência dele no momento presente. Portanto, é importante ressaltar que a estrutura do que se chama de inconsciente, tanto na filosofia quanto em outros campos, não pode ser subestimada.
Nação tarja preta: O que há por trás da conduta dos médicos, da dependência dos pacientes e da atuação da indústria farmacêutica (leia também Nação dopamina)