O habitualmente discreto meio universitário transforma-se, por vezes, no centro das
atenções da imprensa. Eis uma ilustração: “A Faculdade de Arquitectura de Lisboa decidiu instaurar processos disciplinares a dois professores doutorados, que se envolveram numa rixa, com agressões e insultos à mistura. O caso passou-se há um ano, em plenas instalações universitárias … (…) Troufa Real e José Lamas – ambos professores da escola de Arquitectura e conhecidos arquitetos lisboetas – chegaram a vias de facto. Tudo por causa de uma sala de aulas, alegadamente ‘ocupada’ por um dos docentes. Depois de uma troca de impressões ‘acalorada’, como registam os documentos do processo, Troufa Real não se conteve, tendo ‘agredido violentamente, empurrado e proferido diversas imprecações’ contra o seu colega. (…) Ao contrário do que seria de supor, a abertura do inquérito a este incidente não foi pacífica. Muito menos conduziu a uma decisão. (…) Uma mudança na composição do Conselho Directivo trocou as voltas ao processo. O novo presidente daquele órgão, Carlos Antero Ferreira, suspendeu a decisão e confiou a Tomás Taveira [outro arquiteto da escola] a condução de um inquérito sobre a agressão de Troufa Real a José Lamas. E, neste ponto da história, as coisas começam a complicar-se. O professor agredido, José Lamas, discorda dos termos em que a decisão foi tomada e recorre ao ministro da Educação. O docente alega ‘suspeição’ de Tomás Taveira, justificando que o arquitecto está impedido de conduzir o inquérito interno por pender contra ele um processo crime por ‘difamação, calúnia e injúria’, movido precisamente pelo mesmo José Lamas. O recurso é atendido, mas os problemas não terminam aqui. Na mesma altura – e já três meses tinham passado – o arquitecto recorre aos tribunais administrativos para pôr a questão em pratos limpos (…) invocando a suspeição contra Tomás Taveira e alargando essa suspeição ao próprio presidente do conselho directivo. O docente invoca – e faz prova com certidões de nascimento – que Antero Ferreira tem ligações familiares com Troufa Real, o que o impede de ser isento no processo de inquérito em que ambos se encontram envolvidos.” Fonte: Rego, A., Cunha, R. C., Cabral-Cardoso, C. & Cunha, M. P. (2003). Comportamento organizacional e gestão. Casos portugueses e exercícios (p. 83). Editora RH.
Sugestões para discussão:
Em pequeno grupo, comente o caso exposto pela perspetiva do modelo do processo de organizar explorando o O motivo que desencadeou todo o problema (ambiguidade do input); o Como o mesmo se desenrolou (os comportamentos entrecruzados); e, Colocando-se no papel do agressor (Troufa Real), explicite, considerando os 4 processos básicos do processo de construção de significação, a forma como ele reagiu à situação inicial; Colocando-se no papel do agredido (José Lamas), explicite, considerando os 4 processos básicos do processo de construção de significação, a forma como ele reagiu a toda a situação; o Como é que o grupo poderia ter reconstruído esta situação por forma a que o desfecho não fosse este?