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Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

Fisiologia do Sistema
Reprodutor Humano

Profª. Vilma Linares


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Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

Sumário
1. Introdução.................................................................................................. 4
1.1. Fertilidade ..................................................................................................... 4
1.2. Fecundação.................................................................................................... 5

2. O desenvolvimento do sistema genital...................................................... 7


2.1. A determinação do sexo.................................................................................. 7
2.2. O desenvolvimento dos testículos.................................................................... 7
2.3. O desenvolvimento dos ovários........................................................................ 9
2.4. Desenvolvimento dos ductos genitais............................................................... 10
2.4.1. Desenvolvimento dos ductos genitais masculinos e das glândulas............... 10
2.4.2. Desenvolvimento dos ductos genitais femininos e das glândulas................. 10
2.5. Desenvolvimento da genitália externa.............................................................. 10
2.6. Reprodução sexual......................................................................................... 11

3. Hormônios – regulação endócrina............................................................. 11


3.1. Hormônios hipofisário..................................................................................... 12
3.2. A hipófise e a função sexual............................................................................ 13
3.3. Hormônios das gônadas.................................................................................. 13
3.3.1. Estrogênios............................................................................................ 13
3.3.2. Progesterona.......................................................................................... 14
3.3.3. Testosterona........................................................................................... 14
3.4. Controle hipotalâmico - GnRH.......................................................................... 15
3.5. Adeno-hipófise – FSH e LH.............................................................................. 15
3.6. Hormônio gonadotrofina coriônica humana (HCG)............................................. 15

4. Puberdade e adolescência.......................................................................... 15
4.1. Crescimento e desenvolvimento....................................................................... 16
4.2. Sequência das mudanças fisiológicas da adolescência....................................... 17
4.3. Sexualidade do adolescente ........................................................................... 18
4.4. Ciclo de resposta sexual.................................................................................. 19

5. Características sexuais............................................................................... 20

6. O sistema reprodutor masculino................................................................ 20


6.1. Anatomia....................................................................................................... 20
6.2. Sistema genital masculino............................................................................... 21
6.3. Ereção peniana............................................................................................... 25
6.4. O ato sexual masculino................................................................................... 25
6.5. Sêmen........................................................................................................... 27
6.6. Reprodução masculina.................................................................................... 27
6.6.1. Ações da testosterona............................................................................. 27
6.7. Impotência sexual........................................................................................... 28

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7. O sistema genital feminino........................................................................ 28


7.1. Anatomia e fisiologia....................................................................................... 28
7.2. Reprodução feminina...................................................................................... 32
7.2.1. Regulação do ovário................................................................................ 32
7.2.2. Ações do estrógeno................................................................................. 32
7.2.3. Ações da progesterona............................................................................ 33
7.3. Ciclo menstrual.......................................................................................... 33
7.3.1. Ciclo ovariano......................................................................................... 33
7.3.2. Ciclo uterino........................................................................................... 34
7.3.3. Definições de irregularidades do ciclo menstrual........................................ 35
7.4. Gravidez......................................................................................................... 35
7.5. Ato sexual feminino........................................................................................ 37
7.6. Regulação do ciclo sexual feminino.................................................................. 37

8. Gametogênese............................................................................................ 38
8.1. Espermatogênese........................................................................................... 38
8.2. Gametogênese feminina - ovogênese............................................................... 39

9. Modificações causadas no organismo gravídico em decorrência das


alterações hormonais..................................................................................... 41
9.1. Modificações gerais ou sistêmicas.................................................................... 41
9.1.1. Sistema musculoesquelético.................................................................... 41
9.1.2. Sistema digestivo.................................................................................... 41
9.1.3. Pele....................................................................................................... 42
9.1.4. Cardiovascular........................................................................................ 42
9.1.5. Respiratório............................................................................................ 43
9.1.6. Urinário.................................................................................................. 43
9.1.7. Órgãos sensoriais.................................................................................... 43
9.1.8. Metabolismo........................................................................................... 43
9.1.9. Modificações locais.................................................................................. 43

10. Climatério – menopausa e andropausa.................................................... 44

11. Referências............................................................................................... 46

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1. Introdução 1.1. Fertilidade

O conhecimento da morfologia e da fisiologia do A reprodução humana ocorre quando dois gametas


organismo humano é essencial à prática dos profissionais encontram-se no interior do organismo feminino,
de saúde e dos educadores físicos. A importância da vida geralmente na tuba uterina, na sua porção média distal,
ocorre pelo significado da necessidade de perpetuar seu por meio de um processo complexo, pela relação sexual ou
genoma por meio de seu herdeiro. Para que isso aconteça, é pela reprodução in vitro.
imprescindível o aparelho reprodutor, pois sem esse sistema As mulheres são férteis somente por no máximo 48
seria impossível a realização das próximas gerações. horas mensais, sendo a excelência da fertilidade nas
primeiras 24 horas após a ovulação. Uma vez por mês,
O sistema reprodutor humano tem íntima ligação um folículo amadurece, transformando-se em óvulo. Este
embrionária com a formação do aparelho excretor. Os é expulso do ovário, sendo capturado pela tuba uterina
dois partilham em estrutura itens comuns, como é o caso por intermédio das fímbrias (espécie de franja que fica
da uretra. Assim, nos indivíduos do sexo masculino, essa localizada na parte distal de cada tuba uterina), onde fica
estrutura tem finalidade tanto para a micção como para aguardando pelo gameta masculino (espermatozoide).
a emissão do sêmen. A reprodução sexuada envolve
complexidade, pois permite a recombinação dos genes e Esse fenômeno chama-se ovulação e ocorre no
consequentemente a variabilidade genética. A reprodução 14º dia que antecede a menstruação do mês seguinte,
humana é um fenômeno extraordinário. independentemente da duração do ciclo.

Os indivíduos humanos são seres diploides, ou seja, Na ovulação, um óvulo é liberado de um dos ovários,
possuem 46 cromossomos (2n), e seus gametas são células aproximadamente 14 dias antes do primeiro dia do
que sofreram o processo de meiose, tendo reduzido pela período menstrual, e segue para uma das tubas uterinas.
metade o número de cromossomos original. São chamadas Durante a ovulação, as fímbrias da trompa acoplam-se
de haploides, possuindo 23 cromossomos (n). As células sobre o ovário e captam o óvulo, sob ação de cílios e
têm como material genético o DNA. contrações tubárias.

O sistema reprodutor produz as células germinativas, Esse processo é comandado por hormônios e
que originam os gametas. Estes são diferenciados entre possibilita a perpetuação da espécie quando bem-
masculino, o espermatozoide, e feminino, o óvulo. sucedido, ou seja, quando o espermatozoide consegue
Cada gameta possui então 23 cromossomos, sendo 22 penetrar na coroa radiada do óvulo (formada por células
autossômicos (formando as diversas características do do folículo) e ocorre a fundição do material genético:
novo indivíduo), homólogos e um sexual (originando o sexo a união das células haploides (23 cromossomos),
do novo ser), chamado cromossomo sexual, representado transformando-se novamente (recompondo) em uma
por X ou Y. célula diploide (46 cromossomos).

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1.2. Fecundação

Nessa situação, pode ocorrer a fecundação. Esse processo é realizado na reprodução sexuada por meio da
relação sexual quando um espermatozoide penetra o ovulo. No ato sexual, ocorre a liberação do sêmen, que contém
aproximadamente de 2 ml a 4 ml de líquido seminal (200 a 400 milhões de espermatozoides, com movimento a uma
velocidade média de 44 mm/min, que é aumentada pela musculatura lisa do aparelho reprodutor feminino).

Esse líquido alcalino é propício para neutralizar o pH ácido do meio vaginal e ajudar na mobilidade.Os espermatozoides
têm vida útil dentro do organismo feminino de até dois dias (BARBOSA, 2010).

Na relação sexual, após a ejaculação, os espermatozoides são depositados na mucosa vaginal e realizam a
capacitação, que se trata de alterações na superfície dos gametas masculinos durante sua estadia dentro do organismo
feminino. Esse processo ocorre nas primeiras seis horas após a ejaculação e tem o objetivo de facilitar a mobilidade do
espermatozoide dentro do aparelho reprodutor feminino.

A célula reprodutora feminina possui barreiras para a penetração dos espermatozoides: a coroa radiata (mais externa,
composta de células foliculares) e a zona pelúcida (camada glicoproteica situada após a coroa radiata).

Quando o espermatozoide alcança o óvulo, ocorre a aproximação e o reconhecimento da primeira porção do gameta
masculino (acrossomo) juntamente ao gameta feminino na sua coroa radiata. O espermatozoide destrói essa camada e
penetra na zona pelúcida, camada gelatinosa que cobre o óvulo (reação acrossômica), por meio de enzimas liberadas
pelo acrossoma. A reação acrossômica acontece quando a membrana acrossômica atinge o óvulo e se funde com a zona
pelúcida, com ação de enzimas líticas, como a hialuronidase e a acrosina (penetração do espermatozoide).

Após a penetração do espermatozoide, forma-se a membrana de fecundação, que impede a entrada de outros
espermatozoides. Essa membrana é formada a partir de substâncias contidas em grãos da periferia do óvulo, os
grânulos corticais (reação cortical).

Imediatamente após a fecundação, as células foliculares que envolvem a célula reprodutora feminina retraem-se,
liberta-se o conteúdo dos grânulos corticais formando a membrana de fecundação que não vai permitir a entrada de
mais espermatozoides.

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Observe a figura abaixo, que ilustra um espermatozoide fecundando um óvulo e rompendo a coroa radiada do
gameta feminino.

Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/embriologia/reproducao6.php.

Normalmente, seis a sete dias após a fecundação, após inúmeras duplicações celulares, a célula-ovo (zigoto) é
transportada pela tuba uterina por meio de atividade sinérgica da contração (cílios e secreções tubárias), com duração
de aproximadamente três a quatro dias e, em seguida, dirige-se à cavidade uterina, chegando ao útero, onde o agora
embrião fixa-se no endométrio, geralmente na parte posterior, na forma de blastocisto.

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Este fenômeno é a nidação, processo de fixação O sexo não possui somente um conceito estabelecido.
do embrião (zigoto) na camada do útero chamada de Canella (2006) esclarece que o indivíduo tem o sexo
endométrio. O embrião, que agora está em constante genético (XX ou XY); o gonádico, determinado pela
duplicação celular por meio do processo mitótico, passa presença de ovários e testículos; o somático, que é
por diferenciação celular, e, após um período de 37 a 42 definido pelos órgãos do aparelho reprodutor e depois
semanas de gestação, nascerá um novo ser humano. pelas características secundárias; o legal, quando se
recebe o nome em registro de nascimento (menino ou
Para entendermos esse processo, iniciaremos o menina); o de criação, pelo qual os meninos transformam-
conteúdo conhecendo o desenvolvimento da diferenciação se em homens e as meninas, em mulheres pelo papel que
genética do sexo fetal, a determinação do sexo, o assumem na sociedade; e, por último, o psicossocial, por
desenvolvimento das gônadas fetais: testículos ou ovários, meio do qual a pessoa se reconhece e se identifica como
ductos e glândulas genitais e o desenvolvimento da genitália homem ou mulher.
externa; seguiremos apresentando a regulação endócrina
(hormonal), a anatomia e a fisiologia do aparelho genital Segundo Moore, Persaud e Torchia (2008), as gônadas
e seus processos. dos dois sexos são idênticas antes da sétima semana de
gestação e são chamadas de gônadas indiferenciadas.
2. O desenvolvimento Canella (2006) afirma que a direção do desenvolvimento
do sistema genital da gônada primitiva é determinada por genes presentes
nos gametas: a presença do cromossomo Y, como já foi
Na espécie humana, a reprodução inicia-se na falado, condiciona a diferenciação testicular.
diferenciação sexual entre os dois sexos, masculino e
feminino. O sexo masculino é formado pelos cromossomos A diferenciação em ovário ocorre na ausência de Y
sexuais XY, possui os testículos (gônadas masculina) e e presença de dois cromossomos X. O responsável pela
os órgãos genitais internos e externos. O sexo feminino diferenciação sexual é um fragmento do cromossomo Y
é formado pelos cromossomos sexuais XX, e seu sexo (gene SRY), presente no segmento menor do cromossomo.
gonadal é definido pela presença dos dois ovários e pelos
órgãos genitais internos e externos. Os gonócitos (células germinativas primordiais) desde
a quarta semana estão na parede do saco vitelino. Essas
Segundo Moore, Persaud e Torchia (2008), os células migram para as gônadas indiferenciadas e nelas
sistemas genitais nos sexos masculinos e femininos são se incorporam. Tal migração torna-se essencial para a
semelhantes, sendo o período inicial estágio indiferenciado diferenciação das gônadas.
do desenvolvimento sexual. O desenvolvimento das
gônadas, que seriam os testículos e ovários, ocorre durante Canella (2006) afirma que, até a quinta semana, o ser
a quinta semana de gestação. humano é um embrião indiferenciado, cujas gônadas têm
uma porção cortical e outra medular. Conforme ocorre

2.1. A determinação do sexo o desenvolvimento cortical, elas formarão os ovários e,


com o desenvolvimento medular, os testículos. Esse
O sexo cromossômico é definido na fecundação pelo desenvolvimento depende do sexo genético.
gameta masculino, que é o espermatozoide. Este pode
conter o cromossomo X ou o Y. Já o gameta feminino, 2.2. O desenvolvimento dos testículos
ou seja, o óvulo, possui somente dois cromossomos X. O
tipo de gônada (testículo ou ovário) que se desenvolve No embrião que virá a ser do sexo masculino,
depende do complexo cromossômico sexual do embrião a partir da sétima semana, as gônadas
(testículo se for XY e ovário se for XX). indiferenciadas, bi-potenciais, se diferenciam em

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testículos. Os gonócitos se transformarão em forma os ductos eferentes. Esses ductos são conectados
espermatogônias. Mais tarde, último trimestre na ao ducto mesonéfrico, que se torna o ducto do epidídimo.
vida intra-uterina, da vigésima oitava à trigésima
segunda semana, os testículos migrarão para as Aproximadamente na oitava semana de gestação,
bolsas escrotais, mas o processo com frequência as células intersticiais (ou células de Leydig) começam
só se completa nas primeiras semanas de vida a secretar hormônios androgênicos (testosterona e
(CANELLA, 2006, p. 86). androstenediona), que impulsionam a diferenciação
masculina da genitália externa.
Nos meninos, os túbulos seminíferos são originados
das células intersticiais. As paredes do túbulo seminífero Segundo Nascimento, Sanches e Lawand (2012),
são compostas de células de Sertoli e espermatogônias morfologicamente, o embrião a princípio é bissexual e
(derivados de células germinativas). possui todas as estruturas necessárias para qualquer
um dos sexos. Sendo assim, o desenvolvimento de um
As células de Sertoli constituem a maior parte do conjunto de primários sexuais e a involução do outro é
epitélio seminífero no testículo fetal. A rede testicular determinado pelo sexo da gônada.

Observe a diferenciação sexual nas figuras abaixo:

Diferenciação da genitália externa: A) fase indiferenciada; B) sexo masculino; e C) sexo feminino.


Fonte: http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=4995.

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A diferenciação ocorre por volta da décima


semana de vida intra-uterina, onde os gonócitos
originarão as ovogônias ou espermatogônias
(CANELLA, 2006, p. 86).

Sendo o novo indivíduo do sexo feminino, o


desenvolvimento dos ovários ocorre lentamente. Os
Esquema das matrizes indiferenciadas dos genitais externos e
diferenciação para o sexo masculino e feminino. Fonte: http://www. cromossomos X carregam genes para o desenvolvimento
moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=4995.
ovariano, mas o ovário não é identificado histologicamente
até aproximadamente a 10ª semana. Com 16 semanas,
A produção de testosterona é estimulada pela
formam-se agrupamentos isolados de células (os folículos
gonadrofina coriônica humana (HCG), que alcança seu
primordiais), cada um instituído de uma ovogônia.
nível máximo entre a 8ª e a 12ª semana de gestação. O
testículo fetal produz uma glicoproteína conhecida como
Moore, Persaud e Torchia (2008) afirmam que o
hormônio antimülleriano, ou substância inibidora de Müller.
processo de maturação das ovogônias transformando-se
O hormônio antimülleriano é produzido pelas células de
em ovócitos (ovogênese) inicia-se durante o período pré-
sustentação (células de Sertoli), que continuam até a
natal e é completado somente após a puberdade.
puberdade. Após esse período, os níveis dele diminuem.
O hormônio antimülleriano suprime o desenvolvimento do
No período pré-natal, os ovócitos primordiais crescem
útero e das tubas uterinas.
para formar os ovócitos primários. Estes iniciam sua primeira
divisão meiótica antes do nascimento, mas permanecem
O desenvolvimento dos testículos ocorre em fetos
nessa fase da divisão celular até a puberdade.
com sexo cromossômico Y normal. Uma sequência
coordenada de genes induz o desenvolvimento deles. O
Durante a vida fetal, ocorrem mitoses que produzem
gene SRY para o fator determinante dos testículos (FDT),
milhares de ovogônias. Nos indivíduos do sexo feminino,
no braço curto do cromossomo Y, age como a chave que
ocorre a formação dos ovários, que são as gônadas
dirige o desenvolvimento da gônada indiferenciada em
femininas. Estas são estruturas ovais (em forma de
um testículo.
amêndoas), em número par e localizadas uma de cada
lado da cavidade pélvica, mantidas no lugar por ligamentos
Então, nos indivíduos do sexo masculino, aparecem
suspensórios, largos e ováricos.
duas glândulas ovais chamados de testículos, que se
localizam no escroto. Os testículos produzem testosterona,
Essas estruturas produzem estrógenos e progesterona,
o principal hormônio sexual masculino, que estimula o
que são os responsáveis pelo desenvolvimento e
desenvolvimento das características sexuais masculinas.
manutenção das características sexuais femininas. Junto
Os testículos também produzem inibina, que inibe a
com o FSH e o LH, os hormônios sexuais regulam o ciclo
secreção de FSH (por meio da célula de Sertoli).
menstrual, mantêm a gravidez e preparam as glândulas
mamárias para a lactação.
2.3. O desenvolvimento dos ovários
Os ovários e a placenta também produzem um
A gônada indiferenciada evolui para o ovário
hormônio chamado relaxina, que relaxa a sínfise púbica e
se não há cromossomo “Y”. Estando presente o
ajuda a dilatar o colo uterino próximo ao final da gestação.
segundo “X” cresce a região cortical (externa)
A inibina, um hormônio que inibe a secreção de FSH,
da gônada. Havendo “Y” evolui a região
também é produzido pelos ovários.
medular devolvendo os túbulos seminíferos.

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2.4. Desenvolvimento dos ductos genitais O desenvolvimento sexual feminino não depende
da presença do ovário em hormônios. Os ductos
O sexo somático traduz-se em três aspectos: paramesonéfricos formam a maior parte do trato genital
genitália externa, genitália interna as caracteres sexuais feminino: as tubas uterinas, o útero e a parte superior da
secundários. A genitália interna constitui-se nesse período vagina, o estroma endometrial, o miométrio, o ligamento
de dois pares de ductos genitais: ductos mesonéfricos (ou largo, a bolsa retouterina e a bolsa vesicouterina.
de Wolff) e ductos paramesonéfricos (ductos ou canais
de Müller), que podem evoluir para genitais internos O hímen, uma membrana que recobre na maioria das
masculinos ou femininos. vezes parcialmente o óstio vaginal (introito vaginal, ou
seja, o orifício externo), é formada pela invaginação da
Nascimento, Sanches e Lawand (2012), concordando parede posterior do seio urogenital.
com Canella (2006), afirmam que, quando a diferenciação
ocorre no sentido masculino, evoluem os ductos de Brotos que crescem da uretra formam as glândulas
Wolff e regridem os ductos paramesonéfricos. Já na uretrais e as glândulas parauretrais. Evaginações do seio
mulher, o inverso ocorre. Os ductos mesonéfricos têm urogenital formam as glândulas vestibulares maiores, ou
um papel fundamental no desenvolvimento do sistema glândulas de Bartholin, na terça parte inferior dos grandes
reprodutor masculino e, no sexo feminino, desaparecem lábios. Essas glândulas são duas, uma de cada lado, e
quase completamente. Os ductos paramesonéfricos têm secretam muco (lubrificante vaginal).
um papel fundamental no desenvolvimento do sistema
reprodutor feminino. 2.5. Desenvolvimento da genitália externa

2.4.1. Desenvolvimento dos ductos genitais Moore, Persaud e Torchia (2008) afirmam que,
masculinos e das glândulas no período pré-natal, da quarta à sétima semana de
desenvolvimento, as genitálias externas são semelhantes
O testículo fetal produz testosterona e uma substância em ambos os sexos. Características sexuais distintas
inibidora de Müller. A testosterona estimula a formação começam a aparecer durante a nona semana, mas as
dos ductos genitais masculinos, enquanto a substância genitálias externas não são totalmente diferenciadas até
inibidora de Müller causa o desaparecimento dos ductos a 12ª semana.
paramesonéfricos, que são transformados em ductos
eferentes. Estes, por sua vez, se transformam no ducto do No final do segundo trimestre da gestação, os testículos
epidídimo, e é formado também o ducto deferente. fetais provavelmente descem para o que será a bolsa
escrotal. A descida testicular através dos canais inguinais
Por meio de múltiplas evaginações, formam-se a para o escroto é controlada pela testosterona, produzida
próstata e as glândulas bulbouretrais. As secreções da pelos testículos fetais.
próstata formam parte do fluido na ejaculação, enquanto
as secreções das glândulas bulbouretrais contribuem para Essa descida começa na 26ª semana e leva dois a três
formar o sêmen. dias. Mais de 97% dos meninos nascidos a termo possuem
ambos os testículos no escroto.
2.4.2. Desenvolvimento dos ductos genitais
femininos e das glândulas Os ovários também descem pela parede abdominal
posterior até a região inferior da borda da pelve. Estruturas
Canella (2006) afirma que, para que haja a genitália modificam-se e formam o ligamento ovariano e o ligamento
feminina, é necessário que os ductos de Müller sejam redondo do útero. Os ligamentos redondos passam pelos
desenvolvidos. canais vaginais e terminam nos grandes lábios.

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Segundo Fox (2007), as genitálias masculinas e As mulheres não possuem o cromossomo Y, e a


femininas são iguais durante as primeiras seis semanas ausência desse gene causa o desenvolvimento dos ovários.
do desenvolvimento, apresentando em comum o seio Os testículos embrionários secretam testosterona, que
urogenital, um tubérculo genital, pregas uretrais e um par induz o desenvolvimento da genitália externa e dos órgãos
de tumefações labioescrotais. A secreção dos testículos sexuais acessórios masculinos.
embrionários, liberando a testosterona, masculiniza essas
estruturas para formar o pênis e a uretra esponjosa, a A ausência dos testículos, mais que a presença de
próstata e o escroto. ovários, em um embrião causa o desenvolvimento dos
órgãos sexuais acessórios femininos.
Na ausência de testosterona secretada, o tubérculo
genital, que forma o pênis no homem, irá se transformar Na reprodução sexual, as células germinativas ou
no clitóris em uma mulher. Por essa razão, pênis e clitóris gametas (espermatozoide ou óvulo) são formados no
são estruturas homólogas, como também os lábios maiores interior das gônadas por um processo de divisão de redução
do pudendo na mulher e o escroto no homem, que são, ou meiose. Durante esse tipo de divisão, o número normal
similarmente, as tumefações labioescrotais. de cromossomos das células humanas, 46, é reduzido à
metade, 23.
Okay (2003) esclarece que, durante o desenvolvimento
do feto, os ductos de Müller são precursores do útero, A fusão de um espermatozoide e um óvulo na
das trompas de Falópio e dos dois terços superiores da fertilização resulta na restauração do número original de
vagina. Já os canais de Wolf formam o epidídimo, os canais 46 cromossomos. O crescimento físico do organismo do
deferentes e as vesículas seminais. zigoto, completado até a fase adulta, é possível devido ao
processo de divisão celular chamado mitose. Quando um
No sexo masculino, o hormônio antimülleriano (AMH), indivíduo chega à puberdade, o espermatozoide ou o óvulo
fator testicular secretado pelas células de Sertoli, causa maduros serão formados por intermédio do outro processo
a regressão dos ductos de Müller e continuará a ser de divisão celular, a meiose, que ocorre nas gônadas.
produzido até a puberdade. Após esse período, os níveis
decrescem lentamente até atingir valores residuais. 3. Hormônios – regulação endócrina
No sexo feminino, o AMH começa a ser produzido em As funções das gônadas masculinas e femininas
pequenas quantidades pelas células da granulosa ovariana (testículos e ovários) são reguladas por hormônios
logo após o nascimento até a menopausa, tornando- hipofisário. Eles estimulam os ovários e testículos a
se indetectável no soro após esse período. Os níveis de secretarem seus hormônios esteroides sexuais.
AMH apresentam nítido declínio com a idade, o que faz
desse hormônio um elemento promissor para a detecção De acordo com Fox (2007), a hipófise está localizada
da reserva de óvulos, bem como da disfunção ovariana. na face inferior do encéfalo, na região do diencéfalo, e
Uma vez que a perda de folículos com a idade é variável, mede aproximadamente 1,3 centímetros de diâmetro.
nem sempre a idade cronológica do ovário reflete a idade Está localizada abaixo do hipotálamo, sendo ligada a esse
biológica e reprodutiva. órgão por um pedúnculo (chamado de infundíbulo).

2.6. Reprodução sexual Nessa pequena região do encéfalo, estão os centros


neurais de fome e saciedade, sede, regulação térmica
As gônadas embrionárias primitivas podem se tornar (temperatura corporal), tremores (pelo resfriamento
testículos ou ovários. Um gene específico no cromossomo corporal), vasodilatação, salivação, secreção de glândulas
Y induz as gônadas embrionárias a se tornarem testículos. sudoríferas, regulação do sono e da vigília do impulso,

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empenho sexual, emoções (raiva, medo, dor e prazer) e mamárias de mulheres após o parto. Outra função
secreção hormonal da hipófise. é favorecer o desenvolvimento mamário. Inibe a
ovulação e a espermatogênese mediante redução
A hipófise é dividida em: da síntese do GnRH. A prolactina tem um papel de
suporte na regulação do sistema genital masculino
• Hipófise anterior ou adeno-hipófise. pelas gonadotropinas ou gonadotrofinas (LH e FSH)
• Hipófise posterior ou neuro-hipófise. e atua sobre os rins, ajudando a regular o equilíbrio
hidroeletrolítico.
Os hormônios secretados pela adeno-hipófise são
chamados de tróficos1 (significa alimentar) porque A hipófise posterior ou neuro-hipófise armazena e
causam hipertrofia do órgão-alvo com altas concentrações libera dois hormônios, ambos produzidos no hipotálamo.
hormonais e atrofia deles em baixa concentração.
• ADH (hormônio antidiurético), conhecido como
3.1. Hormônios hipofisário vasopressina arginina (AUP). O ADH promove a
retenção de água pelos rins (diurese menor).
São hormônios da hipófise anterior ou adeno-hipófise: • Ocitocina: tem sua ação nas mulheres
estimulando as contrações uterinas durante o
• GH (hormônio do crescimento ou somatropina): trabalho de parto. Também estimula a ejeção da
promove a síntese proteica e em consequência o secreção láctea na amamentação. Nos homens, é
crescimento dos tecidos e órgãos; promove a lipólise discutida sua ação. Foi mensurado um aumento da
e aumenta a glicemia. secreção do hormônio durante a ejaculação. Esse
• TSH (hormônio estimulante da tireoide ou hormônio parece estar relacionado com o prazer,
tireotropina): estimula a tireoide a produzir e visto que, no orgasmo feminino, sua secreção
secretar a tiroxina (T4) e a tri-iodotironina (T3). também se eleva. Tem ação de contração uterina
• ACTH (hormônio adrenocorticotrófico ou durante o orgasmo.
corticotropina).
• FSH (hormônio folículo-estimulante ou De acordo com Gingolani e Houssay (2004), os
foliculotropina): estimula o crescimento dos folículos hormônios hipotalâmicos liberadores de FSH e LH (GnRH
ovarianos nas mulheres e a produção de células e LHRH) e o inibidor da prolactina (dopamina) regulam a
espermáticas nos testículos dos homens. Promove liberação dos hormônios hipofisário gonadotróficos (FSH e
a produção de gametas e estimula a produção de LH) e de prolactina.
estrogênio nas mulheres.
• LH (hormônio luteinizante ou luteotropina): estimula A prolactina, quando em altos níveis circulantes no
a secreção de hormônios sexuais, a ovulação e a organismo, reduz a liberação das gonadotrofinas (FSH e
formação do corpo lúteo nas mulheres. Estimula LH), o que acarreta a anovulação e consequentemente a
ainda a síntese de estrogênio e de progesterona diminuição da fertilidade.
(hormônios ovarianos) e a secreção de testosterona
nos homens. O LH e o FSH são chamados de Seu papel essencial ocorre após o parto, na
hormônios gonadotrópicos. amamentação, quando estimula a secreção das proteínas
• Prolactina (PRL): secretado tanto pelos homens do leite, a caseína e a lactalbumina. A prolactina
como pelas mulheres, sua função mais conhecida tem ação mamotrófica, atuando na lactogênese e na
é o estímulo da produção de leite pelas glândulas galactopoiese. Esse hormônio está em níveis elevados
_______________ durante a gestação, no sono, no processo de lactação e
1 - Posteriormente, o termo trófico foi trocado por trópico (significa atraído por),
por isso os nomes desses hormônios têm sufixo tropina.
durante o estresse.

12
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

Na pós-menopausa, os valores de prolactina podem liberação de LH e FSH) e aumentar a prolactina plasmática,


estar discretamente reduzidos devido à diminuição do mas, em altas doses, podem inibir a lactação na mulher.
estrogênio.
O estradiol produzido nos ovários favorece o
O FSH atua na gametogênese, fundamental para a crescimento e desenvolvimento dos órgãos genitais
ovulação e a espermatogênese. Tem seu pico elevado femininos. Está em alta na fase folicular do ciclo
em ovulação, puberdade, menopausa e castração. O LH menstrual. Esse hormônio facilita a aceitação do homem
estimula a ovulação e tem ação luteotrófica. Está diminuído pela mulher. Suas principais fontes são o ovário e a placenta. É
em pré-púberes, no homem adulto e na maior parte do secretado em pequenas quantidades pelos testículos (níveis
ciclo menstrual. mínimos) e pela glândula suprarrenal. Os estrogênios estão
em baixa quantidade na menina pré-púbere, aumentando
3.2. A hipófise e a função sexual na puberdade juntamente com o LH e o FSH.

Os hormônios gonadotróficos desenvolvem as gônadas No climatério/menopausa, os níveis estrogênicos caem,


e mantêm-nas em funcionamento. Produzem a maturação e os hormônios gonadotróficos elevam-se.
dos gametas e sua liberação e ativam a secreção dos seus
hormônios: estrogênios, progesterona e androgênios. O estrogênio, mais presente na primeira metade do
Participam ainda indiretamente dos caracteres sexuais ciclo menstrual, deixa a mulher mais sedutora, feminina
secundários por meio da secreção das gônadas. Esses e atraente para o parceiro, até por conta do período da
hormônios, juntamente com a ocitocina, atuam ainda na ovulação que ainda irá ocorrer, fazendo com que ela
gestação e na amamentação. precise conquistar seu parceiro. Sua libido então fica
em alta.
As gonadotropinas são hormônios glicoproteicos da
hipófise. Controlam a atividade funcional das gônadas. Controla o desenvolvimento das características sexuais
e do sistema reprodutivo feminino. É também responsável
Os hormônios sexuais são responsáveis pelo pela textura da pele feminina. Esse hormônio está
desenvolvimento e manutenção dos órgãos sexuais e relacionado ao equilíbrio entre as gorduras no sangue,
pelas características sexuais secundárias. colesterol e HDL-colesterol.

Os estrogênios, hormônios femininos, têm ação Promove desenvolvimento da vagina e dos grandes
fisiológica de promover a maturação dos folículos e pequenos lábios, crescimento de pelos pubianos,
ovarianos e a liberação do óvulo e estimular a secreção alargamento pélvico, crescimento das mamas e de seus
dos hormônios sexuais. elementos glandulares, além de deposição de tecido
adiposo em áreas específicas femininas, tais como
Os andrógenos atuam sobre os testículos e túbulos coxas e quadris. Ou seja, o estrogênio é responsável
seminíferos, estimulando a secreção dos hormônios por desenvolver as características sexuais femininas
sexuais masculinos. (GARCIA, 2007).

O estrogênio é um hormônio fundamental para as


3.3. Hormônios das gônadas
mulheres, como já foi mencionado. Várias características

3.3.1. Estrogênios secundárias presente no corpo feminino são consequências


desse hormônio, como volume dos pelos distribuídos
Pertencem ao grupo a estrona, o estradiol e o estriol. na epiderme (sobretudo os da região axilar e genital);
Podem modificar a secreção de gonadotrofinas (inibir a quantidade de cabelos; hidratação da pele por meio

13
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

do perfeito funcionamento das glândulas sebáceas; As ações da progesterona estão no desenvolvimento e


distribuição do tecido adiposo, tornando o corpo das na manutenção dos órgãos genitais femininos.
mulheres arredondado, com curvas. Quando os níveis
desse hormônio estão em declínio, ocorrem várias • Participação na regulação do ciclo menstrual.
consequências, como secura vaginal e maior facilidade de • Manutenção da gravidez.
concentração da gordura abdominal.
A atuação da progesterona está na manutenção da
Na gestação, o estrógeno promove a proliferação das proliferação do tecido que reveste o útero (endométrio),
células da musculatura lisa do útero e causa profundas evitando sua descamação e consequentemente a perda do
mudanças no organismo materno, que serão mostradas produto conceptual, ou seja, evitando o aborto.
no último capitulo.
Na gestação, imprime alterações no organismo materno,
3.3.2. Progesterona por exemplo, estimulam o hormônio melanotrófico,
causando hiperpigmentação em algumas regiões, como
Gingolani e Houssay (2004) afirmam que a progesterona face (cloasma gravídico), abdome (linha nigra) e mamas
tem seu efeito voltado ao comportamento maternal das (aréola primaria e secundária). Promove ainda dilatação
mulheres. Sua ação sobre o centro termorregulador das pelves renais e dos ureteres, favorecendo a estagnação
(hipotálamo) explica o aumento da temperatura corporal da urina e aumentando os riscos de infecção urinária. Esse
durante a fase lútea do ciclo menstrual. Em altas doses, a hormônio é responsável por outras diversas modificações.
progesterona pode causar sonolência.
Os hormônios (estrogênios e progesterona) atuam de
É sintetizada principalmente pelos ovários (corpo maneira incisiva no organismo feminino no ciclo menstrual,
lúteo), pela placenta e uma pequena porção pelo córtex causando, no caso de dosagens anormais: irregularidades
adrenal e pelos testículos. Está em alta na fase lútea do menstruais; interferências no processo ovulatório;
ciclo menstrual. dificuldade para engravidar; menopausa precoce;
interferência no processo gestacional; modificações nas
Este hormônio mantém a camada uterina proliferada, características sexuais secundárias, como aumento de
criando condições adequadas e essenciais para a nidação pelos na superfície do corpo feminino, entre outras.
e o período que se sucede. A progesterona é essencial à
amamentação, preparando as glândulas mamárias a essa 3.3.3. Testosterona
condição.
Desenvolve as características sexuais secundárias
A progesterona, presente na segunda metade do ciclo masculinas. Atua sobre o encéfalo, com efeito inibitório
menstrual, está relacionada à tensão pré-menstrual. Esse sobre os hormônios gonadotróficos. Seu efeito induz
hormônio, opostamente ao estrógeno, deixa a mulher comportamento mais agressivo e comportamento viril
menos sedutora e mais mãe, não tendo participação ativa durante o acasalamento em diferentes espécies.
nas características sexuais das mulheres.
Em seres humanos, os níveis dos hormônios
Sua atuação está principalmente no útero, preparando androgênicos são baixos em pré-púberes, aumentam
o órgão para abrigar o embrião que está por vir, e nos meninos da puberdade até a idade adulta e declinam
também nas mamas, preparando-as para a amamentação lentamente no decorrer dos anos até a senilidade. Sua
por meio da secreção do leite e do desenvolvimento do principal fonte seria a célula de Leydig. Nas mulheres,
epitélio secretor, promovendo a deposição e nutrientes a quantidade é mínima. A testosterona é o principal
nas células glandulares. hormônio androgênico.

14
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

Este hormônio estabelece interesse e motivação sexual. de menstruação em consequência de uma produção
Segundo Costanzo (2008), os órgãos acessórios sexuais insuficiente de GnRH. A principal função do GnRH é a
masculinos, como a próstata, convertem a testosterona estimulação da secreção de FSH e LH.
em di-hidrotestosterona.
3.5. Adeno-hipófise – FSH e LH
Ações da testosterona:
O FSH atua sobre as células de Sertoli para manter a
• Diferenciação de epidídimo, ducto deferente e espermatogênese. Essas células também secretam inibina,
vesículas seminais. que participa do feedback negativo da secreção de FSH.
• Crescimento. O LH atua nas células de Leydig, promovendo a síntese
• Libido. de testosterona. Esta atua por meio de um mecanismo
• Espermatogênese. para endócrino intratesticular, reforçando os efeitos
• Mudança do timbre de voz espermatogênicos do FSH sobre as células de Sertoli.
• Aumento da massa muscular.
• Crescimento do pênis e das vesículas seminais. Controle do feedback negativo – testosterona e inibina:
• Feedback negativo sobre a adeno–hipófise. a testosterona inibe a secreção de LH, mediante inibição
da liberação de GnRH pelo hipotálamo e inibição direta da
Ações da di-hidrotestosterona: liberação de LH pela adeno-hipófise. A inibina (produzida
pelas células de Sertoli) inibe a secreção de FSH pela
• Diferenciação de pênis, bolsa testicular e próstata. adeno-hipófise.
• Padrão de pelos corporais masculino.
• Calvície de padrão masculino. 3.6. Hormônio gonadotrofina
• Atividade das glândulas sebáceas. coriônica humana (HCG)
• Crescimento da próstata.
Aumenta a síntese de estrógeno e progesterona
A testosterona, que é secretada pelos testículos, forma no corpo lúteo da gravidez. É produzido pelas células
os órgãos genitais masculinos. A síntese desse hormônio é trofoblásticas sinciciais após a nidação (implantação) do
feita a partir do colesterol e do LH, hormônio luteinizante blastocisto (embrião). É o único hormônio exclusivo da
produzido pela hipófise anterior (adeno-hipófise). gestação. Mantém a gestação, inibindo a menstruação, e
dificulta uma nova ovulação.
O controle do testículo é realizado por:
Esse hormônio favorece a imunossupressão no
• Controle hipotalâmico – GnRH. organismo materno, objetivando a não rejeição deste ao
• Adeno-hipófise. embrião, por meio da inibição da produção de anticorpos
• Controle por feedback negativo (testosterona e fabricados pelos linfócitos.O HCG tem influência na
inibina). atividade tireotrófica e estimula a secreção da testosterona
pelo testículo fetal, importante para a diferencição celular
do feto do sexo maculino.
3.4. Controle hipotalâmico - GnRH

Os núcleos arqueados do hipotálamo secretam GnRH 4. Puberdade e adolescência


(hormônio liberador de gonadotrofina) para o sangue do
De acordo com Potter e Perry (2004), o crescimento
sistema porta-hipotalâmico-hipofisário. Esse hormônio
e o desenvolvimento dos seres humanos é um processo
é comumente utilizado no tratamento da amenorreia de
dinâmico que ocorre durante todo o tempo de vida.
etiologia hipotalâmica, um problema que causa a ausência

15
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

Puberdade refere-se ao período no qual as características III – Primeira infância: do primeiro ao sexto ano de vida.
sexuais secundárias iniciam seu desenvolvimento e o • Criança: de um a três anos.
potencial de reprodução sexual é atingido. A palavra • Pré-escolar: de três a seis anos.
puberdade traduz a ideia da idade do hormônio, fase
em que modificações importantes e significativas estão Esse período é marcado por intensa atividade e
impressas no organismo. descobertas.

O início da puberdade é determinado pela genética IV – Fase média da infância: 6 a 11 ou 12 anos.


humana, mas outros fatores externos parecem imprimir
influências. Esses fatores que influenciam a idade Idade escolar: nesse período, a criança identifica-
cronológica da puberdade, bem como seu desenvolvimento, se mais com seus pares do que com sua família. Ocorre
são o local em que esses jovens residem (mais precoce progressão nos desenvolvimentos físico, mental e social,
em locais próximos à linha do Equador, cidades litorâneas com ênfase sobre o desenvolvimento das capacidades e
e localidades urbanas); sua alimentação e seu estado das competências.
nutricional (menarca tardia em desnutridas e mais precoce
em obesas); a exposição à luz (meninas cegas têm menarca V – Fase final da infância: 11 até os 19 anos.
mais cedo se comparadas às que enxergam); seu estado • Pré-puberal: 10 a 13 anos.
psicológico; e seu estado geral de saúde. • Adolescência: 13 até aproximadamente 18 anos.

Segundo Berek, Adashi e Hillard (1998), a idade Caracterizada por período de maturação e rápidas
da menarca reduz-se quatro meses a cada 10 anos alterações. É um período de transição entre o período
em meninas residentes na Europa ocidental, refletindo pré-puberal e a entrada da fase adulta. É uma fase com
padrões melhores no estado nutricional e condições de intensas alterações físicas e emocionais. As maturações
vida mais saudáveis. biológica e de personalidade são acompanhadas por
agitações emocionais e comportamentais.
4.1. Crescimento e desenvolvimento
O termo adolescente refere-se, segundo Potter
Potter e Perry (2004) escrevem que crescimento, e Perry (2004), à maturação psicológica do indivíduo
desenvolvimento, maturação e diferenciação dependem e à puberdade, ponto em que a reprodução se torna
de uma sequência de influências endócrinas, genéticas, possível. As mudanças hormonais da puberdade
constitucionais e nutricionais. Os estágios do crescimento resultam em alterações na aparência do adolescente.
e desenvolvimento – períodos etários – seriam: Nessa fase, aprendem a lidar com as abstrações e
formular hipóteses. Nesse período de vida, para os
I – Período pré-natal: da concepção ao nascimento. autores, existem três subfases:
• Período germinativo: da concepção até
aproximadamente duas semanas de gestação. 1 – Início da adolescência (11 a 14 anos).
• Período embrionário: da segunda à oitava semanas. 2 – Adolescência média (15 a 17 anos).
• Período fetal: da oitava semana ao nascimento. 3 – Final da adolescência (18 a 20 anos).

II – Período de lactente: do nascimento até os 12 / 18 Ainda segundo Potter e Perry (2004), o desenvolvimento
meses de vida. dos caracteres sexuais secundários ocorre entre os 11 e 14
• Neonatal: do nascimento até o 28º dia de vida. anos, e eles estão bem desenvolvidos no período dos 14
• Lactente: do 1º até o 12º mês de vida. aos 17 anos, completando-se o crescimento reprodutivo
somente aos 17-20 anos.

16
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

Em relação à sexualidade, na fase inicial da adolescência, acompanhadas por níveis aumentados de testosterona.
estabelece-se a autoexploração; a intensidade é limitada; Potter e Perry (2004) afirmam que a maturação sexual
os encontros são limitados e em grupos. Isso contrapõe- ocorre com o desenvolvimento dos caracteres sexuais
se à fase média da adolescência (que se dá entre os 14- primários e secundários, sendo os primeiros as mudanças
15 anos e os 17 anos), em que podem ocorrer vários físicas e hormonais indispensáveis à reprodução e os
relacionamentos e estabelece-se a identidade sexual segundos a diferenciação física entre os dois sexos.
(homo ou heterossexual).
Nos meninos, à medida que os níveis elevados de
Nessa fase, há tentativa do jovem de estabelecer testosterona aumentam, o crescimento ósseo e muscular, o
relacionamentos. No período dos 17 aos 20 anos (fase final desenvolvimento das características sexuais secundárias e
da adolescência), a intimidade envolve o compromisso em o pico de crescimento difundem-se. As principais mudanças
lugar da exploração. Esses indivíduos têm tendência a físicas concentram-se na maior velocidade de crescimento
relacionamentos estáveis. de esqueleto, músculos e vísceras e em alterações sexuais
específicas, como as alterações da cintura escapular nos
4.2. Sequência das mudanças meninos e no quadril nas meninas.

fisiológicas da adolescência
Nas meninas o início do desenvolvimento das mamas
A puberdade masculina ou feminina é iniciada pela estaria entre os 8 e os 13 anos; nos meninos, o aumento
liberação pulsátil de GnRH do hipotálamo, assim como dos testículos e da bolsa escrotal ocorreria entre os 10
ocorre com o FSH e o LH. Ocorre variação dos níveis de e os 13 anos. Outros autores relatam que a puberdade
FSH e LH ao longo da vida em ambos os sexos. Na infância, masculina inicia-se em média entre 10 e 11 anos e termina
os níveis de hormônios são baixos e o FSH é mais alto aproximadamente entre 15 e 17 anos.
que o LH, assim como na pré-puberdade. Na puberdade
e durante a fase adulta, os níveis hormonais se elevam, Ocorre alteração na distribuição dos músculos e do
e o LH é maior que o FSH. Na senescência, os níveis dos tecido adiposo, desenvolvimento do sistema reprodutor
hormônios são menos elevados, e o FSH é maior que o LH. e das características sexuais secundárias, com o
aparecimento de pelos pubianos retos e pigmentados que
Nas meninas, a idade de início sofre influências, se tornam gradualmente enrolados, podendo iniciar-se nas
como já foi mencionado, mas pode ocorrer entre 8 e 13 meninas aos 8 anos e nos meninos aos 10.
anos, com idade média de 11. Já nos indivíduos do sexo
masculino, a puberdade chega um pouco mais tarde, e o Nos meninos, ainda entre os 11 e 14 anos, ocorrem as
processo de desenvolvimento normalmente demora mais alterações iniciais de voz e aumento do pênis e da próstata.
tempo. A maioria dos meninos começam a puberdade Na puberdade, entre as principais modificações, podemos
entre 9 e 14 anos, com idade média de 12. Por volta citar o aumento de tamanho dos testículos, seguido nos 12
do sexto ou sétimo ano de vida, ocorre um aumento meses subsequentes pelo aumento do tamanho do pênis,
de crescimento pré-puberdade que está provavelmente assim como a maturação dos órgãos genitais internos, que
associado à secreção de andrógenos adrenais e hormônio passam pelo mesmo processo no decorrer dos anos.
do crescimento humano (HGH).
Aparecimento de pelos axilares e aumento das
O início da puberdade é sinalizado por picos de glândulas sudoríparas e sebáceas ocorrem entre 12 e 17
secreção de LH e, em menor escala, de FSH, associados anos. Também há aprofundamento da voz (11-21 anos)
a sonolência. Conforme se aproxima a puberdade, níveis e aparecimento de pelos faciais ásperos e pigmentados,
elevados de FSH e LH estão presentes durante o dia, bem como de pelos torácicos.

17
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

Nos meninos, a mudança testicular que se faz anos, diferentemente dos meninos, como mostrado
presente nesse período envolve a maturação das células anteriormente, em que ocorre um pouco mais tarde. O
de sustentação e o início da espermatogênese, com alargamento da pelve feminina, com deposição de tecido
ejaculação do sêmen. Esse processo ocorre entre os 11 os adiposo subcutâneo dando o aspecto arredondado ao
17 anos, com média aos 13 anos e meio. corpo, pode iniciar-se aos 10 e completar-se até aos
18 anos. No geral, as meninas tendem a começar as
O aumento da estatura e do peso corporal começa mudanças físicas mais cedo que os meninos, porém as
durante o surto de crescimento pré-puberal. A altura e a variações são mais pronunciadas neles.
velocidade de crescimento são diferentes entre meninas e
meninos: a menina atinge a velocidade máxima no início As alterações ocorrem durante a puberdade e são
da puberdade, antes da menarca e, consequentemente, de responsabilidade hormonal, quando o hipotálamo
tem o crescimento limitado após o início dos ciclos começa a produzir hormônios liberadores das
menstruais, atingindo de 90% a 95% da sua estatura gonadotrofinas, os quais sinalizam para que a hipófise
adulta nesse período envolvendo a menarca e alcançando secrete os hormônios gonadotróficos. Estes estimulam
sua estatura máxima entre os 16 e os 17 anos. Já os as células ovarianas a produzir estrogênio e as células
meninos continuam a crescer até 18 a 20 anos. testiculares a secretar testosterona, contribuindo para
desenvolvimento das características de cada sexo
Os meninos atingem a velocidade máxima de e desempenhando papel essencial na reprodução.
crescimento geralmente após dois anos da faixa etária As concentrações mutáveis desses hormônios estão
das meninas, crescendo em média 28 cm na fase do relacionadas à acne e ao odor corporal.
ápice, em comparação com 25 cm das meninas, sendo
os homens em média 10 cm mais altos do que as O tecido adiposo é redistribuído nas proporções do
mulheres na fase adulta. De acordo com Potter e Perry adulto à medida que a altura e peso aumentam, assumindo
(2004), o surto de crescimento nas meninas geralmente o corpo do adolescente gradualmente o aspecto de um
começa entre os 8 e os 14 anos, e seu peso corporal adulto. O crescimento segue um padrão similar para
aumenta de 7,5 kg a 22,5 kg. O surto de crescimento indivíduos do sexo masculino e feminino, embora existam
masculino deve ocorrer entre 10 e 16 anos, e seu peso diferenças individuais.
corporal aumenta entre 7,5 kg e 32,5 kg.
4.3. Sexualidade do adolescente
Normalmente, nas meninas, os primeiros sinais
da puberdade seriam o crescimento acelerado e o O desenvolvimento sexual ocorre concomitante com o
brotamento mamário, seguidos pelo surgimento dos crescimento e o desenvolvimento corporal.
pelos pubianos. Nos meninos, o amadurecimento sexual
baseia-se no tamanho do genital e no desenvolvimento • Fase de lactente: o indivíduo é identificado pelo
dos pelos pubianos. Potter e Perry (2004) escrevem que, sexo gonadal (masculino ou feminino). Ocorre o
nas meninas, a ovulação e o término do desenvolvimento início da exploração do corpo, incluindo as sensações
da mama ocorrem em idades variadas, podendo ser agradáveis ou não.
precoce ou entre 14 e 18 anos, com média de 15 anos • Período de um a três anos/pré-escolar: a
e meio, mas esses eventos são multifatoriais e o rol de criança de um a seis anos continua a solidificar a
idades pode ter ampla variação. sensação de identidade sexual e a diferenciar o
comportamento apropriado para o sexo socialmente
O aparecimento dos pelos axilares e o aumento definido. Esse processo de aprendizagem é
das glândulas sudoríparas e sebáceas nas meninas influenciado pelas interações entre adulto e criança,
geralmente ocorrem na faixa etária dos 10 aos 16 a partir de brinquedos, roupas e brincadeiras. Elas

18
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

observam o comportamento do adulto, imitando Nesse período, inicia-se a tarefa de estabelecer


suas ações (pai/mãe) do mesmo sexo e a manter um relacionamento romântico. A adolescência é com
ou modificar o comportamento baseado na frequência uma fase de desenvolvimento durante a qual o
retroalimentação dos pais. indivíduo explora sua orientação sexual primária.

A exploração do corpo é realizada nessa fase, • Fase adulta: o indivíduo, já com sua maturação
podendo estender-se a outras pessoas, explorando os física, continua a explorar e definir a maturação
corpos alheios. emocional nos relacionamentos. A atividade
sexual é frequentemente definida como uma
• Período escolar: as crianças de 6 a 10 anos necessidade básica.
expandem horizontes a partir de seu lar, incluindo
escola e comunidade. A aprendizagem e o reforço A mudança da aparência física relacionada com o
do comportamento apropriado ao sexo originam-se envelhecimento pode levar a preocupação a respeito da
dos pais, professores e colegas da criança. Nessa atração sexual. Os níveis decrescentes de estrogênio nas
fase, há necessidade de fornecer informações mulheres no período da perimenopausa podem levar
sobre as alterações corporais e emocionais para ao comprometimento da lubrificação vaginal e à menor
não gerar ansiedade em relação a situações e elasticidade da vagina, bem como à queda na libido
acontecimentos do período, como menarca (nas (desejo sexual). À medida que os homens envelhecem, é
meninas) e polução noturna (nos meninos). As provável que vivenciem um aumento no período refratário
crianças podem reforçar sua independência ao pós-ejaculatório, ejaculação retardada e outras alterações.
testar os limites do comportamento apropriado
(por exemplo, uso de palavras de baixo calão ou • Velhice: a sexualidade faz-se presente por toda a
piadas com conotações sexuais). vida, inclusive na velhice. O melhor indicador para
a satisfação sexual continuada pós-envelhecimento
• Puberdade e adolescência: o início da puberdade é uma vida sexual ativa durante a fase adulta
nas meninas é observado pelo desenvolvimento até o período mais avançado da vida. Embora a
das mamas, como já foi comentado anteriormente. capacidade física decrescente possa dificultar
Processo parcialmente controlado pela genética, a prática sexual, a aprendizagem de meios
pode iniciar-se precocemente a partir dos oito anos, alternativos de expressão sexual pode permitir a
mas não estar completo no final da adolescência atividade satisfatória nessa área.
em tantos outros; a idade da menarca também
varia bastante. 4.4. Ciclo de resposta sexual
A ejaculação nos meninos não ocorre até que os órgãos Segundo Potter e Perry (2004), existem três fases do
sexuais comecem a amadurecer, em torno dos 12 a 14 ciclo de resposta sexual: desejo, estimulação e orgasmo.
anos de idade. A ejaculação pode ocorrer primeiramente Essas fases são uma consequência da vasocongestão
durante o sono (polução noturna). e da miotomia, as respostas fisiológicas básicas da
estimulação sexual.
De acordo com Potter e Perry (2004), na adolescência,
os colegas ou amigos do mesmo sexo permanecem Nas mulheres, a vasocongestão leva a lubrificação
influentes na definição do comportamento apropriado. vaginal, tumescência do clitóris e dos pequenos e grandes
A adolescência é um estágio centrado em si próprio, lábios, assim como ingurgitamento do terço externo da
egocêntrico, é uma fase introspectiva. vagina (plataforma orgásmica). Nos homens, leva a ereção
do pênis. A miotomia ou tensão neuromuscular aumenta

19
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

gradualmente por todo o corpo durante as fases de evoluindo na velhice. A função reprodutiva é regulada
excitação e platô e atinge o máximo durante o orgasmo, pelos sistemas endócrino e nervoso.
resultando em contração involuntárias da vagina da mulher
e do canal deferente e da uretra do homem. 6. O sistema reprodutor masculino
Mulheres e homens podem experimentar contrações da 6.1. Anatomia
musculatura dos membros superiores (braços) e inferiores
(pernas), músculos faciais e músculos glúteos. Depois O sexo masculino é formado a partir da junção do
do orgasmo, a vasocongestão e a miotomia retornam cromossomo X, fornecido pelo óvulo (célula sexual
aos níveis pré-estimulação. Os padrões de respostas feminina), com o cromossomo Y (célula sexual masculina),
masculinas e femininas são similares. que determina o sexo genético do futuro ser humano e é
dado pelo homem durante a fecundação. Então, o sexo
5. Características sexuais genético masculino seria XY. O sexo gonadal masculino é
dado por meio da presença dos testículos. As características
Entre os sexos masculino e feminino, existem diferenças masculinas, ou fenótipo, são determinados pela presença
entre os caracteres sexuais, que seriam manifestações dos órgãos genitais internos e externos.
morfológicas, funcionais ou psicossociais que diferenciam
os sexos. Esses caracteres são influenciados pela idade O órgão genital externo é composto por pênis e bolsa
dos indivíduos e são classificados como caráter sexual testicular (escroto). O pênis, que é o órgão copulador
primário e secundário. masculino, é dividido em glande, prepúcio, corpo e base
do pênis, conforme figura abaixo. Na glande, existe a
O caráter sexual primário é a gônada (nos homens, coroa do pênis, o frênulo e a uretra. Na coroa do pênis
o testículo e, nas mulheres, o ovário), que produz, estão as glândulas prepuciais, que secretam o esmegma,
respectivamente, o gameta masculino (espermatozoide) substância sebácea.
e o gameta feminino (óvulo), assim como os hormônios
sexuais, que desenvolvem e mantêm os caracteres sexuais A bolsa testicular (escroto) é um saco externo localizado
secundários. Estes, por sua vez, seriam as características abaixo do pênis que contém os dois testículos.
que diferenciam fisicamente os sexos, por exemplo: nos
homens, o trato genital, o epidídimo, o ducto deferente,
a glândula seminal, a próstata e o pênis; nas mulheres, o
útero, a vagina, a vulva, a mama.

Além desses, estão incluídos entre os caracteres


secundários estatura, tom da voz, diâmetros transversais
da pelve (diferenciando a pelve feminina, mais larga,
da masculina, mais estreita em seus diâmetros), pele e
fâneros, peculiaridades neuroendócrinas de cada sexo,
caracteres funcionais como débito cardíaco, capacidade
de transporte de gases no sangue e capacidade vital, que
variam de acordo com o gênero.

1. Testículos. 2. Epidídimo. 3. Corpos cavernosos. 4. Prepúcio.


Os caracteres sexuais surgem durante o processo 5. Frênulo prepucial. 6. Abertura da uretra. 7. Glande. 8. Corpo
esponjoso. 9. Corpo do pênis. 10. Bolsa testicular (escroto).
gestacional após a determinação cromossômica
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%AAnis.
(diferenciação sexual), continuando até a vida adulta e

20
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%AAnis.

6.2. Sistema genital masculino

O sistema genital masculino é formado por órgãos internos e externos.

• Órgãos externos: pênis e bolsa testicular ou escroto.


• Órgãos internos: testículos, epidídimos, vesículas seminais, ductos deferentes, ductos ejaculatórios, próstata e
glândulas bulbouretrais.

Fonte: Tortora, 2000.

A gônada masculina é o testículo, localizado na bolsa testicular, sendo o esquerdo mais baixo discretamente do que
o direito nos indivíduos destros. O testículo pesa em média 25 g e tem forma ovoide. É encontrado a partir do sétimo
mês de gestação.

21
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

No interior dos testículos, encontram-se os túbulos


seminíferos, que dão origem, em nível do mediastino do
testículo, aos túbulos seminíferos retos. Estes formam
os dúctulos eferentes do testículo, que alcançam a
cabeça do epidídimo.

O epidídimo, em forma de C, ocupa parte da região


superior dos testículos. Com 5 cm de comprimento, sua
função é armazenar e maturar os espermatozoides nos
intervalos de ejaculação.

Os dúctulos eferentes formam os lóbulos do


epidídimo, que se abrem no ducto do epidídimo, Fonte: Fox, 2007.
com 6 cm do comprimento. A cauda desse ducto
continua como o ducto deferente. O ducto deferente Segundo Colli (2010), 10% a 30% do volume do sêmen
transporta os espermatozoides do epidídimo para o é composto da secreção prostática, que tem pH alcalino
ducto ejaculatório. Tem aproximadamente 35 cm de (7,2). Trata-se de um fluido incolor composto por açúcar,
comprimento e 2 mm de diâmetro. enzimas proteolíticas, antígeno prostático especifico (PSA),
substância que neutraliza bactérias, acido cítrico, cálcio,
A vesícula seminal tem forma piriforme. Sua secreção fosfatase ácida, frutose, zinco e prostaglandinas.
ajuda na formação do líquido seminal. Localiza-se atrás
da bexiga urinaria. O ducto ejaculatório é formado pela A glândula bulbouretral está localizada no interior do
união do ducto deferente e da vesícula seminal. Penetra diafragma urogenital, desembocando no início da uretra,
na base da próstata. com diâmetro variando de 0,5 cm a 1,5 cm e com 2,5 cm a
4 cm de comprimento. Secreta substâncias que compõem
A próstata mede aproximadamente 4 cm de largura por o liquido seminal, cuja função será a de neutralizar o pH
3 cm de comprimento, pesando em média 25 g. Sua função existente no canal uretral devido aos resíduos da urina.
é produzir e armazenar fluidos que neutralizam o pH ácido É uma secreção mucoide que participa da lubrificação
da mucosa vaginal e atuam como anticoagulantes do líquido sexual. Essa secreção antecede a ejaculação, sendo
seminal, ajudando na mobilidade do espermatozoide. liberada durante a fase de excitação sexual.

22
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

Fonte: Netter, 2000.

De acordo com Hering e Srougi (1998), pênis é o órgão O corpo do pênis é formado por uma pele elástica,
copulador de espécie humana. Ele tem a forma cilíndrica o prepúcio, que está ligado à glande por uma prega da
achatada dorsoventralmente. Classifica-se em raiz do pênis mucosa, o frênulo do prepúcio. O corpo cavernoso e o corpo
e corpo do pênis. Raiz do pênis é a parte perineal entre esponjoso do pênis são divididos em cavernas. A ereção,
a fáscia inferior do diafragma urogenital e a fáscia fenômeno vasculonervoso, ocorre pelo enchimento dessas
profunda do períneo. É constituída pelos dois ramos do cavernas. O pênis é fixado pelo ligamento fundiforme
pênis e pelo bulbo do pênis. (linha alba) e pelo suspensor do pênis (sínfise púbica).

O ramo do pênis é revestido pelo músculo A bolsa testicular/escroto localiza-se abaixo da sínfise
isquiocavernoso. O bulbo do pênis está entre os dois púbica e atrás do pênis, e seu tamanho e forma variam
ramos do órgão, coberto pelo músculo bulboesponjoso de acordo com a idade. A epiderme da bolsa é delgada,
e perfurado pela uretra. Na margem inferior da sínfise de cor mais escura que a pele, elástica, com pregas
púbica, o ramo do pênis continua como o corpo cavernoso transversais, muitas glândulas sebáceas e sudoríparas e
do pênis, e o bulbo, como corpo esponjoso, formando o pouco pelos. O septo do escroto divide a estrutura em
corpo do pênis. dois compartimentos, direito e esquerdo, onde estão os
testículos, os epidídimos e parte do funículo espermático.
O corpo do pênis é a parte externa pendente. Os
corpos cavernosos formam a porção dorsolateral do pênis; Fox (2007) refere que os testículos possuem porções.
no sulco da face uretral, está o corpo esponjoso, com a A primeira contém os túbulos seminíferos e representa
uretra em seu interior. Na porção distal, está a glande do até 90% do peso do órgão; trata-se do local onde ocorre
pênis, que é a dilatação do corpo esponjoso. No ápice da a espermatogênese. A segunda é onde está o tecido
glande, está o óstio externo da uretra. Na região ficam as intersticial que contém as células de Leydig, secretoras
glândulas prepuciais, produtoras de esmegma. de testosterona.

23
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

A ação do hormônio FSH ocorre nos túbulos seminíferos, onde estão as células de Sertoli, para as proteínas receptoras
de FSH. Já as proteínas receptoras de LH (gonadotropinas) estão nas células intersticiais de Leydig. A secreção de
testosterona, realizada pelas células de Leydig, é estimulada pelo LH, e a espermatogênese, ocorrida nos túbulos
seminíferos, é estimulada pelo FSH.

Os hormônios secretados pelos testículos fazem a retroalimentação negativa da secreção de FSH e LH. O LH estimula
a secreção de testosterona pelas células de Leydig, e esta inibe a secreção daquele na hipófise. Outro hormônio
produzido pelas células de Sertoli (túbulos seminíferos), chamado de inibina, inibe a secreção de FSH nos homens.

A secreção de andrógenos (testosterona) diminui em diferentes graus nos homens acima de 50 anos. Na puberdade,
o aumento da produção da testosterona impulsiona o crescimento dos órgãos sexuais acessórios (glândulas seminais
e próstata), estimula o crescimento da laringe, fazendo a voz ficar mais grave, promove a síntese de hemoglobina (a
concentração é maior nos homens) e o crescimento ósseo.

Então, o efeito da testosterona no homem inclui:

1. Determinação do sexo:
• Crescimento e transformação dos ductos mesonéfricos em epidídimos, ductos deferentes, glândulas seminais e
ductos ejaculatórios.
• Transformação do seio urogenital na próstata.
• Desenvolvimento da genitália externa (pênis e escroto).

2. Espermatogênese:
• Na puberdade: término da divisão meiótica e maturação inicial da célula do espermatozoide.
• Após a puberdade: manutenção da espermatogênese.

3. Características sexuais secundárias:


• Crescimento e manutenção dos órgãos sexuais acessórios.
• Crescimento do pênis.
• Crescimento dos pelos faciais e axilares.
• Crescimento corporal.

4. Efeitos anabólicos:
• Síntese proteica.
• Crescimento muscular.
• Crescimento ósseo.
• Crescimento de outros órgãos (incluindo a laringe).
• Eritropoiese (produção de eritrócitos).

24
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

Segundo Fox (2007), as células de Sertoli e as células de Leydig secretam pequenas quantidades de estradiol.

Fonte: Netter, 2000.

6.3. Ereção peniana

De acordo com Matos (2011) e Tortora (2000), a ereção é causada por sinais parassimpáticos neurais transmitidos
para o pênis desde a parte sacral da medula espinhal por meio do plexo neural pélvico. Esses sinais promovem a
dilatação das artérias que suprem o tecido erétil, permitindo a entrada de uma grande quantidade de sangue para esse
tecido, sob grande pressão. Assim, o tecido erétil infla como um balcão, ficando o pênis estendido para a frente.

A estimulação parassimpática que causa a ereção pode ser promovida por estimulação psíquica ou tátil.

6.4. O ato sexual masculino


O ato sexual masculino inclui a ereção, seguida da emissão e da ejaculação. Essas três fases representam o ápice
do ato sexual masculino.

25
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

A estimulação parassimpática provoca a ereção peniana


e também estimula a secreção de muco pelas glândulas À medida que o ducto do epidídimo torna-se menos
bulbouretrais e uretrais, promovendo a lubrificação sexual. convoluto e seu diâmetro aumenta, ele passa a ser
chamado de ducto deferente. Quando os espermatozoides
Quando ocorre o ápice da excitação sexual, os reflexos são fabricados, permanecem no ducto por um período
sexuais da medula espinhal enviam sinais neurais para os de tempo. Com os estímulos nervosos no processo de
órgãos genitais, transmitidos pelos nervos simpáticos. excitação sexual, as contrações peristálticas empurram os
espermatozoides do ducto deferente até a uretra durante a
Esses sinais produzem a contração do epidídimo, do ejaculação. Os espermatozoides que não foram ejaculados
canal deferente e da ampola do canal deferente, produzindo serão reabsorvidos (TORTORA, 2000).
a expulsão do líquido espermático para a parte prostática
da uretra. Então, a contração das paredes das vesículas Na vasectomia ( tome = incisão), ambos os ductos
seminais e do músculo liso da próstata expele o líquido deferentes são seccionados e ligados ou removidos,
seminal e o líquido prostático para a uretra prostática, o interferindo no transporte dos espermatozoides (que
que empurra esse líquido sexual para a frente. O conjunto continuam a ser produzidos). Estes degeneram e são
desses líquidos forma o sêmen. Esse processo até aqui fagocitados, destruídos pelo sistema imunológico.
chama-se emissão. A vasectomia não tem efeito sobre a libido e o
desempenho sexual.
O enchimento da uretra interna provoca sinais que são
transmitidos para a região sacral da medula. Por sua vez, Atrás da bexiga urinária, estão os ductos ejaculatórios,
os sinais neurais da medula sacral estimulam as contrações formados pela união do ducto da vesícula seminal com o
rítmicas dos órgãos genitais internos dos músculos ducto deferente. Os ductos ejaculatórios ejetam o sêmen
isquiocavernoso e bulbocavernoso, que comprimem as no interior da uretra.
bases dos tecidos eréteis do pênis. Em conjunto, todos
esses efeitos fazem a saída do sêmen para o exterior. Esse A uretra tem como função proporcionar a passagem
processo é a ejaculação. da micção (urina) e do sêmen pelo seu canal. Ao final
da glande, há uma abertura ligando o meio exterior aos
Simultaneamente, contrações rítmicas dos músculos órgãos internos, como a próstata. Esse orifício chama-se
pélvicos e também dos do tronco produzem movimento de óstio da uretra. As glândulas sexuais acessórias secretam
empuxo da pelve e do pênis, levando a propelir o sêmen a maior parte da porção líquido do sêmen.
para o interior mais profundo da vagina.
Vesículas seminais (seminal refere-se a semente)
O período que compreende a emissão e a ejaculação pareadas são estruturas em forma de saco situadas
corresponde ao orgasmo. Ao seu término, a excitação junto à base da bexiga urinária. Secretam fluido alcalino
sexual desaparece, cessando a ereção. e viscoso (para neutralizar a acidez no trato genital
feminino, evitando assim a inativação ou morte dos
Epidídimo (epi = acima; didymos = testículos) é espermatozoides), contendo frutose (para a produção
um órgão em forma de vírgula que está localizado na de energia sob a forma de ATP no espermatozoide),
margem posterior dos testículos. Consiste de um tubo prostaglandinas (ajudam na viabilidade e na mobilidade
espiralado (chamado ducto epididimal), que é o local de do espermatozoide e podem ainda estimular as contrações
maturação dos espermatozoides. Durante 10 a 14 dias, a musculares no trato genital feminino) e proteínas de
mobilidade deles aumenta. Esse ducto também armazena coagulação (auxiliam na coagulação do sêmen após a
os espermatozoides por até 30 dias ou mais; após esse ejaculação). Os fluidos da vesícula seminal constituem
período, eles são expelidos ou reabsorvidos. 60% do volume do sêmen.

26
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

A próstata tem forma de anel e é do tamanho de A oligospermia ocorre quando a concentração


uma noz; é única e está localizada abaixo da bexiga. A espermática é de 20 milhões por ml de sêmen e está
próstata secreta fluido leitoso, discretamente ácido, que associada a fertilidade reduzida. A contagem espermática
contém nutrientes (utilizados pelos espermatozoides para total inferior a 50 milhões por ejaculação é importante
a produção de ATP) e várias enzimas, como PSA (antígeno fator na infertilidade masculina.
prostático específico), lisozimas e enzimas de coagulação.
O PSA e as enzimas de coagulação liquefazem o sêmen Uma vez ejaculado na vagina, o sêmen líquido coagula-
coagulado. As secreções da próstata entram na uretra se rapidamente (devido às proteínas de coagulação
através de vários ductos prostáticos. da vesícula seminal). O coágulo dissolve-se de 10 a
20 minutos depois, por ação das enzimas da próstata
O fluido constitui aproximadamente 25% do volume (TORTORA, 2000).
do sêmen e contribui para a variabilidade e a mobilidade
dos espermatozoides. A próstata aumenta lentamente de 6.6. Reprodução masculina
tamanho desde o nascimento até a puberdade. O tamanho
alcançado na terceira década de vida permanece estável As células de Leydig sintetizam a testosterona. O LH,
até aproximadamente os 45 anos, quando pode ocorrer em ação paralela com ACTH no córtex da supra-renal,
algum tipo de crescimento. aumenta essa síntese.

As glândulas bulbouretrais ou de Cowper, pareadas, têm Os núcleos arqueados do hipotálamo secretam GnRH
tamanho de ervilha e estão localizados abaixo da próstata para o sangue porta-hipotálamo-hipofisário. O GnRH
em ambos os lados da uretra e dentro do diafragma estimula a adeno-hipófise a secretar FSH e LH. O FSH atua
urogenital. Secretam uma substância alcalina na uretra sobre células de Sertoli para manter a espermatogênese.
que protege os espermatozoides pela neutralização do Estas secretam inibina, que está envolvida no feedback
ambiente ácido da região. Também produzem muco, que negativo da secreção de FSH. O LH atua nas células de
lubrifica a extremidade do pênis durante o ato sexual. Leydig, promovendo a síntese de testosterona. Esta atua
reforçando os efeitos espermatogênicos do FSH sobre as
6.5. Sêmen células de Sertoli e inibe a secreção de LH ao interromper
a liberação de GnRH pelo hipotálamo.
A ejaculação é a expulsão do sêmen da uretra para o
meio ambiente. O volume varia de 1,5 ml a 5 ml, contendo 6.6.1. Ações da testosterona
de 40 a 250 milhões de espermatozoides por ml de sêmen,
e possui pH entre 7,2 a 7,8 (TORTORA, 2000). Já segundo • Provoca diferenciação pré-natal dos ductos de Wolff
Barbosa (2010) em uma ejaculação, o volume do sêmen (testosterona) e da genitália externa.
varia de 2 ml a 4 ml de líquido seminal (200 a 400 milhões • Provoca o desenvolvimento das características
de espermatozoides). sexuais secundárias masculinos na puberdade
(inclusive distribuição de pelos, crescimento da
Tortora (2000) afirma que, do volume do sêmen, 45% genitália externa, aumento da laringe, aumento da
a 80% é produzido pelas glândulas seminais e 15% a massa muscular).
30%, pela próstata. • Provoca o estirão do crescimento da puberdade.
• Mantém a espermatogênese nas células de Sertoli.
A motilidade das células: 70% ou mais dos • Aumenta o tamanho e a atividade secretora do
espermatozoides continuam móveis uma hora após a epidídimo, dos ductos deferentes da próstata e das
ejaculação. Depois de três horas, 60% dos espermatozoides vesículas seminais.
ainda continuam com sua motilidade. • Aumenta a libido.

27
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

6.7. Impotência sexual Os ovários estão suspensos sob a franja terminal


de cada tubo uterino pelos ligamentos. As estruturas
A dificuldade em obter ou manter uma ereção peniana ovarianas são:
adequada é um sintoma de várias disfunções orgânicas ou
psicogênicas: • Estroma ovariano, tecido conjuntivo que constitui a
maior parte do ovário.
• Impotência neurogênica: alcoolismo, trauma • Folículos ovarianos: em cada ovário existem
raquimedular, esclerose múltipla. milhares de folículos, cada um contendo um
óvulo cercado por células foliculares epitelioides.
• Impotência diabetogênica: diabetes mellitus
Os folículos passam por etapas progressivas de
(geralmente após seis anos de doença), por meio
desenvolvimento que culminam com a liberação de
de neuropatia autônoma.
um óvulo, que é a ovulação.
• Impotência endocrinológica.

• Impotência vasculogênica: insuficiência vascular, Após o folículo maduro ter liberado um óvulo, ocorre
arteriosclerose, traumatismo pélvico. modificação nas células foliculares. Estas passam a formar
• Impotência medicamentosa: vários medicamentos, o corpo lúteo, que é um órgão secretor de hormônio.
como anti-hipertensivos, tranquilizantes e Após aproximadamente duas semanas, não ocorrendo
hipnóticos, antidepressivos, cimetidina, ranitidina a gravidez, o corpo lúteo degenera-se e é invadido por
(antagonistas H2), drogas com ação hormonal, tecido fibroso, formando o corpo albicans. Essa estrutura
agentes citotóxicos, anticonvulsivantes, tabaco, é reabsorvida em poucas semanas.
álcool, anfetaminas, opiáceos, maconha, heroína,
cocaína, entre outras. As tubas uterinas são dois órgãos tubulares,
medindo aproximadamente 10 cm de comprimento, que

7. O sistema genital feminino comunicam o ovário com o útero. O canal (luz da tuba
uterina) é contínuo, ligando-se à vagina, o que permite
comunicação no organismo feminino do meio externo
7.1. Anatomia e fisiologia
com a cavidade peritoneal.

O sistema genital feminino é formado por órgãos


São funções da tuba uterina:
genitais internos situados no interior da pelve - ovários,
• Captar e transportar o óvulo em direção ao útero.
tubas uterinas, útero e vagina – e órgãos genitais externos
• Transportar o espermatozoide do útero ao ovário.
- lábios menores do pudendo, lábios maiores do pudendo,
• Sediar a fecundação.
clitóris, bulbo do vestíbulo e glândulas vestibulares.
• Transportar o ovo para o útero.

Os ovários são órgãos homólogos aos testículos que


A tuba está dividida em quatro partes:
produzem óvulos após a puberdade e secretam hormônios:
• Infundíbulo, que apresenta a forma de um funil e
estrógeno, ou hormônio folicular, e progesterona, ou
inclui o óstio abdominal da tuba uterina.
hormônio do corpo lúteo. Antes da primeira ovulação, o
• Ampola, a parte mais larga e mais longa; é nessa
ovário é liso e róseo.
região que geralmente ocorre a fecundação.
• Istmo, estreito e com parede muito espessa.
Depois, após cada ovulação, torna-se acinzentado e
• Parte uterina ou intramural, localizada na parede do
rugoso devido a cicatrizes que seguem a liberação dos
útero, que termina na cavidade uterina como óstio
óvulos dos seus folículos. O tamanho desses órgãos
uterino da tuba uterina, com 1 mm de diâmetro.
diminui na velhice.

28
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

As fímbrias da tuba uterina são estruturas irregulares, A vagina é a extremidade inferior do canal de parto
em número de 10 a 15, que se projetam das margens do e é o órgão feminino da cópula. É um tubo cilíndrico
infundíbulo. O útero é um órgão medindo 7,5 cm a 8 cm de fibromuscular que se estende da ectocérvice (colo do
comprimento, 4 cm a 5 cm de largura e 2 cm a 2,5 cm de útero) até o meio externo, por sua abertura (óstio da
espessura. Tem paredes musculares e contráteis e forma vagina). A extensão da vagina é aproximadamente de
de pera. A posição do órgão não é fixa e varia conforme o 7,5 cm ao longo da parede anterior e 9 cm em sua
grau de enchimento de bexiga urinária ou com o grau de parede posterior.
repleção do reto.
A mucosa vaginal é revestida por epitélio escamoso
O útero é subdividido em fundo, corpo e colo. O canal estratificado, que sofre influência hormonal. Ela é espessa
do colo de útero, ou cérvix uterino, comunica-se com a e apresenta pregas transversais, chamadas de rugas
vagina pelo óstio do útero. vaginais, que desaparecem nas idosas.

No adulto, o útero encontra-se normalmente antevertido No vestíbulo da vagina, encontramos geralmente,


em relação à vagina e antefletido sobre si mesmo. Logo nas virgens, o hímen, uma fina membrana que recobre
após o nascimento, o útero está na abertura superior da parcialmente o óstio vaginal. Com a ruptura do
pelve, e o colo uterino é maior que o corpo. hímen, as membranas que sobraram são chamados de
carúnculas himenais.
O útero possui volume de 10 ml e pesa 70 g, Os genitais externos femininos localizam-se
aproximadamente, na mulher não grávida, e transforma- anteroinferiormente à pelve e compreendem o monte do
se em um recipiente com volume que pode alcançar púbis (monte de Vênus), os lábios maiores e menores
até 10 litros e pesar 1.100 g. no termo da gestação do pudendo, o vestíbulo da vagina, o clitóris, o bulbo do
(37 a 42 semanas). O órgão mantém-se no local por vestíbulo e as glândulas vestibulares. O termo pudendo
meio do ligamento largo do útero, principalmente, e do feminino ou vulva inclui todas essas partes.
ligamento redondo.

29
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

Fonte: Tortora, 2000.

O monte de Vênus é uma elevação arredondada que apresenta revestimento cutâneo de 2 cm a 8 cm de espessura
sobre um tecido adiposo. Os lábios maiores ou grandes lábios são duas pregas cutâneas alongadas na direção inferior
e posterior, a partir do monte de Vênus até o períneo. A pele é mais escura do que a das regiões vizinhas e coberta por
pelos após a puberdade. Os grandes lábios maiores são homólogos da bolsa testicular.

Os lábios menores ou pequenos lábios são duas pregas cutâneas localizadas entre os grandes lábios, com 3 cm a
3,5 cm de comprimento, limitando o vestíbulo da vagina. A pele é lisa e de cor rosa. O vestíbulo da vagina é o espaço
entre os lábios menores do pudendo e apresenta, da parte anterior para a posterior, o óstio externo da uretra, o óstio
da vagina e os óstios dos ductos das glândulas vestibulares maiores em cada lado da entrada da vagina.

O clitóris, órgão homólogo ao pênis, consiste de tecido erétil e está situado na parte anterior e superior da vulva. Ele
é coberto por músculos isquiocavernosos. Os corpos cavernosos do clitóris, continuação dos ramos do clitóris, formam
o corpo clitóris, que termina com a glande do clitóris. O clitóris apresenta normalmente comprimento de 3 cm a 4 cm
na raiz e 1cm no corpo.

O bulbo do vestíbulo consiste de duas partes (massas) de tecido erétil com 30 mm de comprimento localizadas
lateralmente ao óstio da vagina e cobertas pelos músculos bulboesponjosos. É homólogo ao bulbo do pênis. Trata-se de
uma massa larga com 15 mm de largura.

30
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

As glândulas vestibulares maiores são dois corpos


arredondados ou ovoides com 12 mm de comprimento e
8 mm de largura situados atrás do bulbo do vestíbulo, em
cada lado do óstio da vagina. São homólogos às glândulas
bulbometrais. Comprimem-se durante a relação sexual
e secretam líquido viscoso, que serve como lubrificante
vaginal. O ducto excretor da glândula vestibular maior,
com 15 mm a 20 mm de comprimento, abre-se entre os
pequenos lábios e o óstio da vagina.

As glândulas vestibulares menores são pequenas


glândulas situadas ao redor do clitóris e da uretra que
secretam uma substância mucosa própria que auxilia na
lubrificação da mucosa vaginal.
Fonte: http://www.assoalhopelvico.com/page_14.html.
O clitóris recebe inervação do nervo pudendo e do
plexo hipogástrico inferior. O bulbo do vestíbulo, estrutura
em forma da letra C, é um tecido erétil recoberto pelos
músculos bulboesponjosos e localizado ao redor da entrada
da vagina (óstio da vagina). Está profundamente situado
e é homólogo ao bulbo do pênis. Durante o período de
excitação, enche de sangue, dilata-se e entra dessa forma
em atrito o pênis com o orifício da vagina.

O períneo é o conjunto de partes moles que fecha


inferior e completamente a pelve por meio de vários
músculos: isquiococcígeo, levantador do ânus com
componente ileococcígeo e componente pubococcígeo
(levantador da próstata em pubovaginal e puborretal), do
diafragma urogenital, do espaço superficial do períneo, Fonte: Netter, 2000.
esfíncter da uretra, isquiocavernoso superficial do períneo,
isquiocavernoso, bulboesponjoso, esfíncter externo do
ânus, de elementos lisos, retococcígeo.

31
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

Fonte: Netter, 2000.

7.2. Reprodução feminina 7.2.1. Regulação do ovário

As células da teca (camada interna do ovário) produzem Como nos homens, a liberação pulsátil de GnRH
testosterona (estimuladas pelo hormônio hipofisário LH). estimula a adeno-hipófise a secretar FSH e LH, que
A testosterona difunde-se para as células granulosas estimulam nos ovários a esteroidogênese no folículo
próximas, que contêm aromatase e convertem-na em ovariano e no corpo lúteo, o desenvolvimento folicular, a
17B-estradiol, estimuladas pelo FSH. ovulação e a luteinização.

A mulher produz testosterona em quantidades mínimas, 7.2.2. Ações do estrógeno


aproximadamente uma fração de 20 a 30 vezes em relação
aos valores basais apresentados nos homens. • Exerce efeito de feedback, tanto positivo como
negativo, sobre a secreção de FSH e LH.

32
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

• Provoca a maturação e a manutenção dos tubos


uterinos, do útero, do colo uterino e da vagina.
• Promove o desenvolvimento das mamas.
• Regula para cima os receptores de estrogênio, LH e
progesterona.
• Provoca a proliferação e o desenvolvimento das
células granulosas dos ovários.
• Mantém a gravidez.
• Abaixa o limiar uterino aos estímulos contráteis
durante a gravidez.
• Estimula a secreção de prolactina (mas não bloqueia
sua ação nas mamas).

7.2.3. Ações da progesterona

• Exerce efeito de feedback negativo sobre a secreção


de FSH e LH durante a fase lútea.
• Mantém a atividade secretória do útero durante a
fase lútea.
• Mantém a gravidez.
• Eleva o limiar uterino aos estímulos contráteis
durante a gravidez.
• Participa do desenvolvimento das mamas.

7.3. Ciclo menstrual


Fonte: http://www.afh.bio.br/reprod/reprod3.asp#menstrual.

Denomina-se ciclo menstrual às alterações fisiológicas


7.3.1. Ciclo ovariano
cíclicas que ocorrem no organismo feminino. Esse ciclo
repete-se geralmente a cada 28 a 30 dias.
O ciclo ovariano é dividido em duas fases: folicular e
lútea. No ciclo de 28 dias, a fase folicular corresponde aos
Segundo Berek, Adashi e Hillard (1998), um ciclo
dias 1 a 14, e a fase lútea, aos dias 15 a 28 do ciclo.
menstrual fisiológico, sem anormalidades, dura de 21 a 35
dias, apresentando perda sanguínea média de 20 ml a 60
A. Fase folicular (dias 1 a 14).
ml distribuída entre dois e seis dias de fluxo.
• Um folículo primordial evolui para o folículo de Graff,
com atresia associada dos folículos circundantes.
Nele, há uma produção hormonal cíclica obedecendo
• Os receptores de LH e FSH são regulados para cima
a uma ordem e uma proliferação da camada uterina, que
nas células da granulosa e da teca.
é o revestimento uterino (chamada de endométrio), no
• Os níveis de estradiol elevam-se e promovem a
preparo para a nidação (implantação do embrião). Esse
proliferação do útero.
ciclo é dividido em dois segmentos:
• Os níveis de FSH e LH são suprimidos pelo efeito
feedback negativo do estradiol sobre a adeno-
• Ciclo ovariano.
hipófise.
• Ciclo uterino.
• Os níveis de progesterona estão baixos.

33
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

B. Fase lútea (dias 15 a 28) As alterações cíclicas no endométrio ocorrem de


• O corpo lúteo começa a se desenvolver e sintetizar maneira ordenada em resposta à produção hormonal
estrogênio e progesterona. cíclica dos ovários. As fases desse ciclo são:
• A vascularidade e a atividade secretória do
endométrio aumentam, preparando-se para receber Fase menstrual (dias 1 a 4): o endométrio é
o ovo fertilizado. descamado secundariamente à queda abrupta dos níveis
• A temperatura basal do corpo eleva-se por de estradiol e progesterona.
causa do efeito da progesterona sobre o centro
termorregulador no hipotálamo. De acordo com Pinotti (2004), a menstruação ocorre
• Se não ocorrer fertilização, o corpo lúteo regride devido à ação dos hormônios ovarianos, estrógenos e
ao final da fase lútea. Como resultado, os níveis de progesterona, sobre o endométrio. Esses hormônios
estradiol e progesterona caem subitamente. produzem a multiplicação das células do endométrio,
fazendo com que ele cresça e se torne mais espesso, tudo
Observe a imagem abaixo da figura ilustrando o corpo isso para receber o óvulo fecundado.
lúteo no interior do ovário.
Quando a fecundação não acontece ou o óvulo
fecundado não consegue se fixar no endométrio, esse
processo é interrompido. A produção de hormônios cai
abaixo de determinada quantidade e o endométrio (agora
maior) começa a se descamar do útero. Este tecido é
eliminado, junto com pequena quantidade de sangue, pela
vagina: é o sangramento menstrual.

Fase proliferativa ou estrogênica (dias 5 a


14): ocorre espessamento do endométrio, por meio da
proliferação do tecido.

Ovulação (dia 14):


• Ocorre 14 dias antes da menstruação, seja qual for
Fonte: http://www.unifesp.br/dmorfo/histologia/ensino/ovario/ciclo.htm. a duração do ciclo. Assim, no ciclo de 28 dias, a
ovulação ocorre no 14º dia; se o ciclo menstrual
7.3.2. Ciclo uterino tiver 35 dias, ocorre no 21º dia.
• Um surto de síntese de estradiol ocorre ao final da
Camadas do útero: fase folicular e exerce efeito de feedback positivo
sobre a secreção de FSH e LH (pulso de LH).
• Interna ou endométrio: sofre modificações com a • A ovulação ocorre como resultado do pulso de LH
fase do ciclo menstrual ou na gravidez induzido pelo estrogênio.
• Media ou miométrio: fibras musculares lisas, • Os níveis de estrogênio caem logo após a ovulação,
constituindo a maior parte da parede uterina. mas elevam-se de novo durante a fase lútea.
• Externa ou perimétrio: derivada do peritônio e • O muco cervical aumenta, ficando menos viscoso e
constituída por uma túnica serosa e pela subserosa mais fácil de ser penetrado pelos espermatozoides.
(PIRES)
Fase secretória (dias 15 a 26): dentro de 48 a 72
horas após a ovulação, a secreção de progesterona produz

34
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

modificações no endométrio. Esta fase sofre intensa ação • Menorragia, episódios de sangramento em períodos
do corpo lúteo. regulares que são excessivos em quantidade (L 8
ml)e duração do fluxo maior que 5 dias.
Fase isquêmica ou pré-menstrual (dias 27 e 28): • Metrorragia, sangramento em períodos irregulares.
ocorre queda dos níveis hormonais ovarianos, e a camada • Menometrorragia, sangramento excessivos
superficial do endométrio perde seu suprimento sanguíneo prolongados que ocorre em intervalos irregulares
normal. Inicia-se a isquemia para o futuro desprendimento. frequentes.
• Hipomenorreia, sangramento em períodos regulares
em quantidade diminuídas.
• Sangramento intermenstrual, sangramento
(geralmente não de uma quantidade excessiva) que
ocorre entre ciclos menstruais normais sob outros
aspectos.

7.4. Gravidez

É caracterizada pelo aumento constante dos níveis de


estrogênio e de progesterona, que conservam o endométrio
para o feto, suprimem a função folicular ovariana (ao inibir
a secreção de FSH e LH) e estimulam o desenvolvimento
das mamas.

A. Fertilização

Se ocorrer fertilização, o corpo lúteo não regride devido


à gonadotropina coriônica humana (HCG), que é produzida
pelas células trofoblásticas e depois pela placenta.

Fonte: http://www.reidaverdade.net/ciclo-
I. Primeiro trimestre
menstrual-irregular-longo-hormonios.html
• O corpo lúteo (estimulado pelo HCG) é responsável
pela produção de estradiol e progesterona.
7.3.3. Definições de irregularidades
• Os níveis máximos de HCG ocorrem na nona semana
do ciclo menstrual
gestacional, depois caem.

Segundo Berek, Adashi e Hillard (1998, p. 114), as


II. Segundo e terceiro trimestres
irregularidades do ciclo menstrual são:
• A progesterona é produzida pela placenta.
• Os estrogênios são produzidos pela inter-relação
• Oligomenorreia, episódios infrequentes em períodos
das glândulas suprarrenais fetais com a placenta. O
irregulares de sangramento, que geralmente
principal estrogênio placentário é o estradiol.
ocorrem em intervalos de mais de 35 dias.
• Lactogênio placentário humano é produzido ao
• Polimenorreia, episódios de sangramentos
longo da gravidez. Suas ações são semelhantes às
frequentes, mas em períodos regulares, que
do hormônio do crescimento e da prolactina.
geralmente ocorrem em intervalos de 21 dias ou
menos.

35
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

B. Parto C. Lactação

• Ao longo da gravidez, o nível de progesterona eleva • Estrogênio e progesterona estimulam o crescimento


o limiar de contração uterino. e o desenvolvimento das mamas.
• Perto do parto, a relação estrogênio-progesterona • Os níveis de prolactina elevam-se de forma
eleva-se, tornando o útero mais sensível aos constante porque o estrogênio estimula a secreção
estímulos contráteis. desse hormônio pela adeno-hipófise.
• Há secreção de ocitocina, potente estimulante das • A lactação não ocorre durante a gravidez porque o
contrações uterinas. estrogênio e a progesterona bloqueiam a ação da
• O evento desencadeador do parto ainda não é prolactina nas mamas.
conhecido. • Após o parto, os níveis de estrogênio e progesterona
caem abruptamente, e ocorre a lactação.
• A lactação é mantida pelo estímulo dos mamilos,
que estimula a ocitocina e a prolactina.
• A ovulação é suprimida enquanto persistir a lactação
porque a prolactina exerce os seguintes efeitos:
◦◦ Inibe a secreção hipotalâmica de GnRH.
◦◦ Inibe a ação do GnRH no adeno-hipófise e
consequentemente a secreção de LH e FSH.
◦◦ Antagoniza as ações do LH e do FSH sobre os
ovários.

A figura abaixo mostra a relação hormonal no ciclo menstrual e a gestação.

Fonte: http://coisaspraver.blogspot.com.br/2012/05/tudo-sobre-o-ciclo-menstrual.html.

36
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

7.5. Ato sexual feminino alongadas na parede vaginal. O orgasmo feminino ocorre
no auge de excitação sexual. Os componentes da resposta
A excitação sexual ocorre pela estimulação tátil orgásmica feminina são:
e psicológica (estimulação psíquica ou genital). No
início do ato sexual, a maior parte dos órgãos genitais a) Contrações rítmicas da parede da vagina próximas a
femininos fica intumescida devido à vasodilatação seu orifício externo.
generalizada, produzindo congestão sanguínea. Isso b) Contrações rítmicas do útero.
inclui os órgãos genitais externos e internos, como c) Contração dos músculos pélvicos, semelhante à
paredes vaginais e útero. contração experimentada pelo parceiro, embora
menos intensa.
Em torno do óstio da vagina (orifício externo), um d) Intenso estado psíquico que pode ofuscar as outras
anel de tecido erétil, semelhante ao que existe no pênis, sensações.
também fica cheio de sangue, o que forma um anel
distensível em torno de abertura do canal vaginal. O orgasmo no sexo masculino e no feminino é provocado
pelo sistema simpático, enquanto as etapas preliminares
Por mecanismo idêntico ao da ereção peniana, o clitóris do ato sexual nos dois sexos são provocadas em sua maior
fica intumescido e ereto. Na porção distal do órgão, existe parte pelo sistema parassimpático.
uma glande muito pequena com grande sensibilidade,
semelhante à masculina. 7.6. Regulação do ciclo sexual feminino

O corpo do clitóris é formado em sua maior parte A puberdade é o início da fase reprodutiva e
por tecido erétil, fazendo com que essa estrutura fique geralmente ocorre entre 11 e 16 anos. O início dessa fase
ereta durante a excitação sexual, homólogo ao que é determinado pelo começo da secreção hipotalâmica do
ocorre no pênis. Isso faz com que a glande do clitóris fator de liberação do hormônio luteinizante. Esse fator é
fique proeminente para a frente durante o ato sexual, transportado pelo sistema porta-hipotálamo-hipofisário
tornado-a muito acessível à estimulação pelo pênis. Essa para a glândula hipófise anterior, estimulando a secreção
região é a estrutura mais sensível para a produção da do hormônio folículo-estimulante (FSH) e do hormônio
estimulação sexual por conter elevada concentração de luteinizante (LH).
receptores sensoriais.
O término da fase reprodutiva da mulher ocorre em
Os sinais neurais aferentes com origem no aparelho algumas após os 45 anos e em outras após os 50 anos,
genital que produzem a excitação sexual são transmitidos, sendo a idade média de 51 a 54 anos. A menopausa é
principalmente, para a região sacral da medula espinhal. a cessação permanente da menstruação, indicando
Por sua vez, os sinais eferentes, que produzem a congestão importante declínio da secreção estrogênica resultante da
vascular dos órgãos genitais, são transmitidos pelos nervos perda da função folicular, ou seja, o término da atividade
parassimpáticos da pélvis, com origem também na medula ovariana, determinando a perda da capacidade reprodutiva.
espinhal sacral.
O climatério é a etapa de transição entre o período fértil
A lubrificação vaginal ocorre pelos mesmos sinais e o não reprodutivo, ocorrendo aproximadamente entre os
parassimpáticos que promovem a congestão vascular 45 e os 55 anos. Tem como marco principal a menopausa,
durante a excitação sexual. É o resultado da transudação que é a cessação espontânea da menstruação.
de líquido mucoide pelo epitélio da mucosa vaginal.
Uma quantidade adicional de muco é secretada para o Circundando a menopausa, há a perimenopausa,
orifício externo de vagina por duas glândulas vestibulares período de até quatro anos antecedente a ela caracterizado

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Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

pela flutuação dos níveis hormonais, sobressaindo-se os No climatério, ocorre a atrofia vaginal em
indícios da diminuição da quantidade de hormônios. aproximadamente 35% das mulheres, bem como redução
na lubrificação vaginal, dificuldade de concentração e perda
Para caracterizar a menopausa, é necessária a ausência de memória recente (nível do sistema nervoso central). O
de 12 meses da menstruação. Após esse período, pode- hipoestrogenismo é um dos fatores de risco para doenças
se dizer que a mulher está na pós-menopausa. Então a cardiovasculares e osteoporose. De acordo com Berek,
menopausa é um evento, marcado por uma data, e o Adashi e Hillard (1998), a idade e a falência ovariana que
climatério, um período que atualmente pode representar ocorrem na menopausa têm importante efeito na resposta
um terço da vida feminina ou até mais (por a expectativa sexual feminina, predispondo as mulheres a vulvovaginites,
de vida ter crescido alguns anos). infecções do trato urinário e dispareunia.

O climatério corresponde a uma fase de intensas e Ocorre redução do tamanho da vagina, adelgaçamento
profundas alterações orgânicas físicas e no nível psíquico, e menor elasticidade das paredes vaginais, encolhimento
embora todas as mulheres continuem a apresentar níveis dos grandes lábios, apagamento dos pequenos lábios,
mensuráveis de estradiol e estrona por toda a vida, embora diminuição da sensibilidade e do tamanho do clitóris e do
em quantidade insuficiente. tônus muscular do períneo, plataforma orgásmica mais
curta, atrofia das mamas, diminuição do ingurgitamento
É um período marcado pelo hipoestrogenismo, que tem mamário durante a fase de excitação, alteração de
como efeitos uma série de sintomas em todos os sistemas sensibilidade na papila e na aréola.
devido a o organismo possuir receptores abundantes de
estrogênio e este hormônio estar em declínio acentuado. Na fisiologia sexual, ainda ocorre aumento do
Os sintomas dessa deficiência estrogênica são diversos, tempo necessário para ficar sexualmente excitada e do
porém a reação de cada organismo será determinada por tempo necessário para lubrificação, produção de menor
uma conjunção de fatores pessoais, culturais e sociais. quantidade de lubrificação vaginal, orgasmos menos
intensos e aumento da necessidade de estimulação para
Entre esses sintomas, estão irregularidade menstrual, alcançar orgasmos.
aparecimento ou agravamento do quadro de tensão
pré-menstrual, cólica menstrual, palpitações, tontura, Então, os fatores que afetam a resposta sexual
fadiga, cefaleia, memória fraca, artralgias, ansiedade, feminina são: idade, drogas e fármacos (idênticos
irritabilidade, insônia, depressão, dispareunia, punido aos que acometem os homens). Drogas que podem
vulvar, pele ressecada, síndrome uretral (urgência interferir na função sexual incluem anti-hipertensivos,
miccional), cistite, osteoporose e aterosclerose e fogacho diuréticos tiazídicos, antidepressivos, antipsicóticos,
(ondas de calor), sintoma muito comum, definido como anti-histamínicos, barbitúricos, benzodiazepínicos,
uma alteração neurovegetativa no tronco superior, pescoço alucinógenos, anfetaminas, cocaína e contraceptivos orais.
e face elevando a temperatura da epiderme em até 5° C,
com duração de dois a cinco minutos. 8. Gametogênese
Sabe-se que o hipoestrogenismo é fator predominante 8.1. Espermatogênese
para a incontinência urinária de esforço. Esse declínio As células germinativas que migram para os testículos
estrogênico também provoca aceleração das alterações na fase do desenvolvimento embrionário são chamadas
cutâneas associadas ao envelhecimento, diminuindo a de espermatogônias e ficam nos túbulos seminíferos. São
expressa cutânea por perda de colágeno. Parecem estar células com 46 cromossomos (diploides). Sofrem divisão
relacionadas com esse declínio hormonal depressão, por mitose, dando origem ao chamado espermatócito
ansiedade, irritabilidade, perda da libido. primário (46 cromossomos).

38
Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

O espermatócito primário sofre meiose, formando as de pH e temperatura. Essa estrutura, então, é o local para
células-filhas, chamadas de espermatócito secundário a maturação dos espermatozoides e seu armazenamento
(23 cromossomos), que são células haploides. Cada entre as ejaculações.
célula realiza a segunda divisão meiótica para formar as
espermátides (23 cromossomos), e cada espermátide O ducto deferente transporta os espermatozoides dos
forma um espermatozoide maduro. epidídimos (escroto) para o interior da cavidade pélvica.
A seguir, as glândulas seminais adicionam secreções
A formação dos espermatócitos primários começa que passam através de seus ductos. Fox (2007) refere
durante o desenvolvimento embrionário, mas o processo que, nessa região, o ducto deferente torna-se um ducto
de formação do espermatozoide é interrompido nesse ejaculatório, que é curto, com 2 cm, porque penetra na
ponto até a puberdade, quando, por ação do aumento próstata e logo se funde à uretra prostática. A próstata
de secreção de testosterona, a divisão meiótica termina então adiciona suas secreções, formando o líquido
(primeira e segunda divisão meiótica). chamado sêmen.

Durante a puberdade, tanto a testosterona como o FSH As glândulas seminais e a próstata são chamadas
são necessários para que a espermatogênese se inicie. de órgãos sexuais acessórios e são dependentes de
No adulto, a testosterona isoladamente pode manter testosterona (hormônios androgênios), sendo atrofiadas
a espermatogênese. O estágio final da maturação da na castração. As glândulas seminais secretam um
espermátide durante a puberdade sofre influência do FSH líquido que contém frutose, servindo como combustível
(as células de Sertoli medeiam esse efeito). para os espermatozoides. A secreção liquida representa
aproximadamente 60% do volume do sêmen.
No final da espermatogênese, depois de um
processo de remodelagem chamado espermiogênese, os O líquido produzido pela próstata contém ácido cítrico,
espermatozoides são liberados para o interior dos túbulos cálcio e proteínas coagulantes. Estas fazem com que
seminíferos. Nesse estágio de formação, eles não são o sêmen coagule após a ejaculação. Posteriormente,
móveis, ficando nessa condição somente após passarem por ação hidrolíca da fibrinolisina, o sêmen fica líquido,
por maturação nos epidídimos. liberando os espermatozoides.

O espermatozoide possui: cabeça, que contém DNA; 8.2. Gametogênese feminina - ovogênese
acrossoma, estrutura que possui enzimas para digerir a
camada externa do óvulo (coroa radiada); porção média, A ovogênese é um processo lento. Diferentemente das
onde estão as mitocôndrias, que dão energia para a espermatogônias, que se formam continuamente durante
locomoção; e cauda, que promove o movimento flagelar. a vida sexual do homem, as ovogônias são elaboradas
durante a vida pré-natal, ou seja, ainda no útero. No
O testículo é formado por túbulos seminíferos e pela feto feminino, iniciam-se as mitoses redutoras, que ficam
rede do testículo, que conecta as extremidades daqueles. suspensas no mínimo até a puberdade. Nesse momento,
Os espermatozoides e as secreções tubulares produzidas para alguns ovócitos, a ovogênese prossegue. A cada
nos túbulos seminíferos são levados à rede do testículo ciclo, só uma delas é completada.
e drenadas através dos ductos eferentes e do ducto
deferente para o epidídimo, uma estrutura espiralada que O óvulo, portanto, tem a idade cronológica da mulher.
mede aproximadamente 5 metros de comprimento. As ovogônias são células de 46 cromossomos – diploides
(2n) – XX - que sofreram mitose redutora e passaram a
No interior do epidídimo, os espermatozoides imóveis ovócitos, células haploides – de 23 cromossomos (n) -
sofrem maturação, tornando-se resistentes às alterações com um cromossomo sexual X. A rigor, a ovulação não é

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Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

a liberação de um óvulo, mas de um ovócito de segunda do citoplasma e grande acumulação de substâncias


ordem, que completa na tuba uterina sua divisão. nutritivas. Terminada a fase de crescimento, as ovogônias
transformam-se em ovócitos primários (ovócitos de
À fusão dos gametas (células haploides), restabelecendo primeira ordem ou ovócitos I). Nas mulheres, essa fase
o número diploide de cromossomos (2n) e constituindo perdura até a puberdade, quando a menina inicia a sua
a célula-ovo, chamada de zigoto, dá-se o nome de maturidade sexual.
fecundação, fertilização ou concepção (REZENDE, 2002).
Na terceira fase, a de maturação, ocorre uma grande
A multiplicação celular inicia-se no período pré-natal e importante perda dos ovócitos primários. Apenas 400
com várias mitoses, quando as células germinativas aproximadamente completam sua transformação em
aumentam em quantidade e originam ovogônias. Esse folículos maduros. Essa fase inicia-se na menarca (primeira
número permanece igual por toda a vida. Quando a menstruação). Nessa situação, quando o ovócito primário
mulher nasce, já possui em seus ovários cerca de 400 completa a primeira divisão da meiose, interrompida na
mil folículos de Graff, número que jamais irá aumentar, prófase I, origina duas células. Uma delas não recebe
somente se reduzir. citoplasma e desintegra-se a seguir, na maioria das vezes
sem iniciar a segunda divisão. É o primeiro corpúsculo (ou
Na fase seguinte, o crescimento inicia a primeira glóbulo) polar. O ovócito secundário (II), ou de segunda
divisão da meiose, interrompido na prófase I. Essas células ordem, sofre a segunda divisão da meiose e origina o
passam, então, por um notável crescimento, com aumento segundo corpúsculo polar.

Fonte: http://jaogustavo.wordpress.com/2008/09/09/aula-teorica-3-e-4-gametogenese-masculina-e-feminina/.

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Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

9.1.2. Sistema digestivo


9. Modificações causadas no
organismo gravídico em decorrência Devido a ações hormonais (progesterona) e ação
das alterações hormonais mecânica, ocorrem alterações no sistema digestivo.
Perversões alimentares e desejos por alguns alimentos e
Mostraremos abaixo um resumo com as principais
substâncias podem ocorrer.
alterações que a gravidez imprime no organismo materno
devido às alterações hormonais.
»» Boca

9.1. Modificações gerais ou sistêmicas • Edema e hiperemia nas gengivas.


• Sialorreia ou ptialismo (salivação excessiva).
9.1.1. Sistema musculoesquelético

Orientações:
»» Postura e deambulação

• Orientar higiene oral com escova macia.


Aumento do abdome manter o centro de gravidade
e o equilíbrio do corpo pés afastados e lordose
»» Trato gastrintestinal
acentuada marcha anseriana encurtamento dos
músculos da região dorsal.
Níveis hormonais alterados (hormônios: estrogênio e
progesterona) ocorre o relaxamento da musculatura
»» Articulações
lisa, favorecendo aparecimento e manifestação da azia ou
pirose, náusea e constipação.
Ocorre a embebição gravídica as articulações estão
com maior mobilidade (relaxadas) por ação do estrogênio.
Evolução da gestação alterações de posição de
Articulações sacro-ilíacas e sínfise pubiana todas
estômago e intestinos, devido ao crescimento do útero
relaxadas. Desconfortos: dor lombar tropeços
pelo desenvolvimento fetal.
torceduras quedas.

Desconfortos relacionados ao sistema digestivo:


Orientações:
• Abaixar-se dobrando os joelhos. »» Náusea e vômito
• Evitar ganho de peso excessivo.
• Comuns no primeiro trimestre.
• Massagens e compressas quentes na região lombar
• Náusea matinal (jejum) mais frequente que o
aliviam a dor.
vômito.
• Usar sapatos confortáveis e com saltos médios ou
• Podem ocorrer vômitos persistentes (hiperemese
baixos.
gravídica).
• Exercícios físicos:
• Fatores não totalmente esclarecidos: emocional,
◦◦ Fortalecer a musculatura de coxas, períneo e
hormonal, diminuição da motilidade.
tórax a partir do segundo trimestre, posição
• Orientações: expectante, orientações dietéticas:
de Buda.
◦◦ Ingerir alimentos secos (bolachas) antes de se
◦◦ Consenso de que a natação é o melhor esporte
levantar.
para a mulher grávida.
◦◦ Fracionar as refeições e reduzir o intervalo
◦◦ A gestação não é um bom momento para a
entre elas.
mulher iniciar esportes pesados, o exercício
◦◦ Evitar alimentos ricos em gordura.
deve relaxar e não levar ao cansaço.
◦◦ Evitar ingestão de líquidos durante as refeições.

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Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

»» Pirose ou azia Orientações:

• Ardor ou queimação atrás do esterno (eructação e • Usar protetor solar.


gosto azedo na boca). • Evitar ganho de peso excessivo.
• Causa: refluxo gástrico para o esôfago
relaxamento da cárdia por ação hormonal e pelo 9.1.4. Cardiovascular
deslocamento do estômago.
• Orientações: Volume sanguíneo: expansão – 40% desde a 12ª
◦◦ Dieta fracionada. semana, atingindo o máximo na 34ª semana
◦◦ Permanecer sentada alguns minutos após as aumento do volume de plasma (mais acentuado) e
refeições. aumento de eritrócitos diminuição da concentração
◦◦ Não fazer as refeições apressadamente. de hemoglobina anemia fisiológica da gestação
(OMS limite 11,0g/dl) leucócitos aumentados (não
»» Obstipação significando infecção), aumento dos fatores de coagulação
(fibrinogênio/plaquetas).
• Causa: ações hormonal e mecânica.
• Orientações: Débito cardíaco: aumento da frequência (em até 16
◦◦ Hábitos alimentares (fibras: frutas, vegetais bpm) aumento do volume ejetado por batimento.
folhosos, cereais).
◦◦ Horário regular para a evacuação. Pressão arterial: pouco abaixo dos níveis pré-gravídicos
◦◦ Aumentar a ingestão de líquidos. até o segundo trimestre, elevando-se gradativamente
◦◦ Evitar o uso de laxantes e enemas. tono vascular diminuído (menor resistência vascular
sistêmica) + presença da circulação placentária (sistema
9.1.3. Pele de baixa resistência) postura influencia medida da PA.

Ação hormonal estrógeno e progesterona Coração: elevação do diafragma rotação para a


frente e para a esquerda da área cardíaca.
Hiperpigmentação: hormônio melanotrófico/
progesterona face (cloasma gravídico) abdome
»» Desconfortos
(linha nigra) mamas (aréola primária e secundária).
• Edema de MMII (pés e tornozelos) - fisiológico
Estrias ou víbices distensão cutânea (abdome, compressão das veias abdominais pelo aumento do
mamas, coxas) último trimestre cor violácea útero dificulta o retorno venoso dos MMII
(recentes) brancas (antigas). diminuição da pressão coloidoncótica do plasma
(saída de líquido dos capilares).
Eritema palmar/ telangiectasias altos níveis de
• Varizes ou veias varicosas - retorno venoso
estrogênio.
dificultado + relaxamento da musculatura lisa dos
Hipertricose. vasos + aumento da volemia varizes em MMII,
vulva e anal (hemorroidas) dor, sensação de
Glândulas sudoríparas atividade secretora
peso, câimbras, edema. Orientações:
aumentada.
◦◦ Evitar o uso de ligas ou cintas que aumentem
Aumento de fluxo sanguíneo dissipar calor a compressão abdominal.
pele quente e úmida temperatura aumentada. ◦◦ Manter atividade física regular (musculatura
dos MMII auxilia o retorno venoso).
◦◦ Usar meias elásticas próprias para gestante.

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Fisiologia do Sistema Reprodutor Humano

◦◦ Manter repouso em DLE. • Paladar: alterações gustativas.


◦◦ Manter os pés apoiados quando permanecer • Visão: raras.
sentada. • Audição: diminuição da acuidade, zumbidos.
◦◦ Evitar longos períodos em pé. • Olfato: intumescimento hiposmia/anosmia.
◦◦ Usar sapatos confortáveis.
◦◦ Evitar constipação, que pode facilitar o prolapso 9.1.8. Metabolismo
das hemorroidas.
◦◦ Nos casos de hemorroidas, banhos de assento • Glicídios: grande consumo pelo concepto de glicose
com água morna aliviam a dor. e aminoácidos glicemia de jejum materna
◦◦ Dieta e suplemento de ferro. baixa.
◦◦ Verificar a extensão do edema e associar • Lipídios: modificações no metabolismo
com sinais que podem indicar presença de conservar glicose.
patologias (p.ex. hipertensão arterial). • Proteínas: redução da concentração plasmática pela
• Câimbras - frequentes no último trimestre em MMII hemodiluição.
durante o repouso desequilíbrio de cálcio e • Ossos: alterações raras necessidades fetais
fósforo fadiga muscular alterações na aumentam no terceiro trimestre.
circulação dos MMII. Orientações:
◦◦ Observar a ingesta de alimentos com cálcio »» Peso
(como leite e derivados).
◦◦ Realizar massagens nas pernas ao deitar-se. O aumento de peso médio é de 10 kg a 12,5 kg ao final
da gestação.
9.1.5. Respiratório
• Feto: 3,5 kg.
• Aumento do abdome menor expansão do tórax/ • Placenta: 0,6 kg.
elevação do diafragma aumento do diâmetro • Líquido amniótico: 1 kg.
ântero-posterior e lateral. • Útero: 1 kg.
• Ingurgitamento capilar sangramentos nasais. • Mamas: 0,5 kg.
• Dispneia comum sobrecarga. • Volume sanguíneo: 1,5 kg.
• Volume extracelular: 1,5 kg.
9.1.6. Urinário
O restante seriam reservas corporais maternas.
• Aumento do fluxo plasmático renal e da filtração
glomerular. 9.1.9. Modificações locais
• Dilatação das pelves renais e ureteres (progesterona
+ ação mecânica) estagnação da urina »» Útero
riscos de infecção urinária.
• Polaciúria comum no início e no final da • Hipertrofia e hiperplasia das células musculares.
gestação associar com exames e sinais de ITU. • Aumento do tecido conjuntivo e elástico.
• Orientação: ingestão hídrica. • Aumento no tamanho e número de vasos sanguíneos
(ao final da gestação, podem pesar um quilo).
9.1.7. Órgãos sensoriais • Terceiro trimestre distensão mecânica com
diminuição da espessura da parede uterina.
• Tato: manifestações parestésicas em extremidades • Contrações musculares indolores/perceptíveis
(alterações vasomotoras). Braxton-Hicks.

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• Ligamentos sustentadores (redondo e largo) ficam impressos no organismo e em muitos casos demandam
estirados. cuidados específicos.
• Colo uterino amolecido (tecido conjuntivo
aumenta) proliferação das glândulas (tampão O período de transição menopáusica, normalmente
mucoso ou rolha de Schröder). presente na quinta década de vida das mulheres, é o
período que antecede a menopausa, caracterizado por
»» Vagina e períneo uma variação de alterações que ocorrem no corpo e na
mente, refletindo alterações no funcionamento do trabalho
• Aumento da vascularização. dos ovários. Sintomas como irregularidade menstrual,
• Hipertrofia dos músculos e afrouxamento do tecido alterações na libido, na pele, nos cabelos e pelos, entre
conjuntivo. outros, indicam que a cessação da menstruação já é
realidade: é a menopausa propriamente dita, seguida
»» Mamas pelo período chamado de pós-menopausa, com risco de
doenças sistêmicas, como as cardiovasculares.
• Aumentam de tamanho e ficam nodulares.
• Firmes e dolorosas. A idade da menopausa parece ser determinada
• Células alveolares tornam-se secretoras. geneticamente e não estar relacionada à raça ou ao estado
• Aumenta a vascularização. nutricional. A menopausa ocorre mais cedo em tabagistas,
• Mamilos e aréolas ficam maiores e mais mulheres submetidas a histerectomia e nulíparas (mulheres
proeminentes. que nunca tiveram filhos).
• Segundo trimestre, colostro secretado pelos dutos.
A menopausa pode ser vista como a transição de etapa
10. Climatério – menopausa e de vida, como a passagem para a meia idade e a futura
andropausa senilidade. Fatos como perda da capacidade de procriação,
perda da juventude, alterações cutâneas associadas ao
Esse é o período talvez mais delicado para homens e envelhecimento (o estrógeno tem a capacidade de evitar
mulheres, marcado por profundas e marcantes mudanças e restaurar a perda do colágeno cutâneo relacionado a
orgânicas. Nas mulheres, esse período para muitas pessoas idade), alterações do humor ou do comportamento, como
é difícil pelo fato consciente da perda da capacidade de depressão, ansiedade e irritabilidade, diminuição da libido,
reproduzir e também pelas consequências fisiológicas fogachos, risco elevado para doenças cardiovasculares,
imprimidas pelo processo do climatério. osteoporose levam muitas mulheres a procurarem ajuda e
tratamento nessa etapa fisiológica da vida.
A menopausa, episódio exclusivamente feminino, é
definida como a ausência da menstruação devido a falência Assim como ocorre no sexo feminino, o climatério está
ovariana, ou seja, os ovários deixam de exercer sua função: presente também no masculino. Nos homens, ocorre a
a produção adequada de seus hormônios. A menopausa é andropausa, processo que não tem data definida, devido
um evento com dia, mês e ano definido. Já o climatério é à falta de um sinal claro como nas mulheres, que seria a
um período oposto ao que ocorre na puberdade, trazendo cessação dos ciclos menstruais.
profundas transformações no organismo das mulheres.
Esse processo pode ocorrer a qualquer tempo a
Berek, Adashi e Hillard (1998) afirmam que mais partir dos cinquenta anos, sendo mais comum após
importante que o episódio da menopausa é o período os sessenta. A andropausa é causada também devido
que circunda o evento, antes, durante e após, chamado a insuficiência hormonal, com a baixa produção da
de perimenopausa. Durante essa fase, os sintomas estão testosterona, hormônio responsável por virilidade,

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força e manutenção da massa muscular. Os sintomas


mais importantes da andropausa estariam relacionados
aos fatores psicológicos, assim como nas mulheres:
depressão, ansiedade e irritabilidade, insônia, alterações
de humor, insegurança, falta de iniciativa.

A eles somam-se outros, como redução da libido,


aumento da gordura abdominal, ondas de calor
semelhantes às das mulheres (fogachos). Há ainda
sintomas tipicamente masculinos, como diminuição
da qualidade das ereções penianas, fragilidade óssea,
entre outros. A etiologia do climatério em ambos os
sexos é semelhante, indicando a falência da produção
hormonal adequada.

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