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PROTOCOLO

CLÍNICO

N UTRIÇÃO

Protocolo Clínico de Gestão da Qualidade da


Assistência Nutricional pela equipe de Nutrição da
Instituição de Longa Permanência para Pessoas Idosas
- Cantinho dos Idosos Paraíso para fins de
padronização da qualidade de assistência aos
hóspedes residentes da instituição.

ABRIL | 2024
1. DADOS INSTITUCIONAIS E DE ELABORAÇÃO DOCUMENTAL:
Nome da OSC: Cantinho dos Idosos Paraíso.

CNPJ: 04.982.986/0001-01

Endereço: Avenida Minas Gerais, 1252 – Vale do Paraíso.

Município: Santana do Paraíso UF: MG CEP: 35179-000

DDD Telefone: (31) 3251-6782

E-mail: cantinhodosidososparaiso@hotmail.com
Nº inscrição CMAS 002/2014
Nº Inscrição CMDPI 01/2018

Responsável Legal: LUCYENNE KARLA PEREIRA DE OLIVEIRA

CPF 032.469.646-96

Carteira Identidade: MG 9269375 Órgão Expedidor: SSPMG

Cargo: Presidente

Endereço: Rua: Brasília, Nº 992- Vale do Paraíso.

Município: Santana do Paraíso CEP: 35.179-000

DDD Telefone: (31) 9.8760-2021

RESPONSÁVEL TÉCNICO NUTRICIONISTA:

Nome: Thiago Tassar Rosa Souza

Cargo: Nutricionista CRN9: 14.886

RG MG 15.834.993 CPF: 102.215.396-03

DDD Telefone: (31) 9.8681-0946

E-mail: thiagotassar91@gmail.com

ELABORADO POR:

Nome: Thiago Tassar Rosa Souza Data da Elaboração: 01/04/2024

Revisado por: Data da Revisão:

HISTÓRICO DE REVISÕES

Nº DA REVISÃO DESCRIÇÃO DA REVISÃO DATA DA REVISÃO


ÍNDICE

ITEM DESCRIÇÃO PÁGINA

1 DADOS INSTITUCIONAIS E DE ELABORAÇÃO DOCUMENTAL 2

10

2. INTRODUÇÃO

Frente à nova configuração demográfica e epidemiológica brasileira, constatada em função do


aumento da população idosa, surgem questionamentos relacionados ao processo de envelhecimento e
seus desencadeamentos nos âmbitos biopsicossociais (SANTOS et al., 2010).
Enquanto condição fisiológica, o processo de envelhecimento está intimamente ligado às
alterações no estado nutricional em função principalmente de alterações orgânicas, sendo essas
associadas com a redução do apetite e diminuição no consumo alimentar o que pode expor os idosos à
desnutrição (PEREIRA et al., 2017). Estudos indicam que a desnutrição é um problema que atinge de 20 a
80% dos idosos em ILPI’s, sendo o distúrbio nutricional mais importante observado em pessoas acima de
60 anos (GALESI et al., 2008; PEREIRA et al., 2017).

Outra situação se liga à fragilidade imunológica dos indivíduos, o que aumenta a necessidade do
cuidado higienicossanitário com a alimentação servida (LENARDT; MICHEL; TALLMANN, 2009). Neste
sentido preocupações quanto ao cuidado e a gestão da saúde deste grupo etário tem surgido,
principalmente em relação àqueles em situação de vulnerabilidade (OPAS, 2012). Chama a atenção no
Brasil o aumento no número de Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) - embora as
políticas públicas priorizem a família como signatária do cuidado ao idoso (BRASIL, 2003).

Historicamente os locais que recebiam pessoas idosas possuíam um caráter assistencialista, por
vezes compreendido como caridade, entretanto a aprovação da Resolução da Diretoria Colegiada, RDC nº
283, que define normas de funcionamento para as ILPIs de caráter residencial, caracteriza-se como um
avanço social (DELBONI et al. 2013; BRASIL, 2005). A resolução determina que as ILPIs devam configurar
um local de moradia especializada que proporciona assistência gerontogeriátrica, conforme a
necessidade de seus residentes, sempre integrando um sistema continuado de cuidados e destaca a
responsabilidade da própria instituição no que diz respeito à produção de refeições para os idosos
residentes (SANTOS et al., 2010; TORAL et.al., 2006; BRASIL, 1989).

Outros fatores são importantes, como a presença de nutricionista e a quantidade adequada da


alimentação em termos de fornecimento de energia e nutrientes (ROQUE et al., 2010; TORAL et.al.,
2006). O nutricionista é um profissional capacitado para o cálculo da adequação nutricional das
preparações oferecidas, é encarregado da preparação de cardápios e coordenar, ainda, todo o setor de
produção das refeições, garantindo uma alimentação balanceada, tendo em vista as alterações
fisiológicas e degenerativas de indivíduos nesse estágio da vida (GALESI et al., 2008; IPARDES, 2008;
TORAL et.al., 2006).

3. DOS OBJETIVOS

Neste sentido, o estabelecimento de um Procedimento de Assistência Nutricional para Idosos em


Instituição de Longa Permanência visa garantir uma adequada assistência nutricional aos hóspedes
idosos da Instituição de Longa Permanência por padronizar condutas e reduzir variações inapropriadas na
prática clínica, garantindo assim um atendimento de qualidade, com uma abordagem abrangente e
individualizada afim de atender às necessidades nutricionais específicas da pessoa idosa, promovendo
saúde, bem-estar e qualidade de vida durante a sua estadia na Instituição.

4. APLICAÇÃO

Este procedimento aplica-se ao nutricionista responsável Técnico atuante na Instituição de Longa


Permanecia da Idosos Cantinho dos Idosos Santana para a gestão assistêncial da Nutrição Clínica.

5. DESENVOLVIMENTO

O hóspede, ao ser admitido na ILPI Cantinho dos Idosos, será avaliado em até 72 horas pelo
nutricionista da instituição para a realização da Anamnese Clínica e nutricional do idoso, realização da
triagem nutricional e de risco de sarcopenia, realização da avaliação nutricional e antropométrica e
determinação do diagnóstico nutricional e a complexicidade assistencial através da classificação dos
níveis de assistência nutricional para determinar a periodicidade de reavaliações.

Após a avaliação nutricional global, será definida a conduta de plano terapêutico ao hospede
determinando a qualidade da dieta a ser adotada, consistência recomendada, prescrição de hidratação e
prescrição de suplementação alimentar oral se necessário e comunicará à equipe de enfermagem quanto
à qualidade da dieta e às servidoras do Setor de Nutrição e Dietética para o preparo adequado das
refeições.

Além da assistência individualizada realizada, é programado mensalmente uma intervenção


nutricional em grupo para os hóspedes idosos residentes da ILPI, atividades de educação alimentar e
nutricional como uma estratégia fundamental para a prevenção e

controle dos problemas alimentares e nutricionais contemporâneos, destacando sua importante


contribuição e presença na área da segurança alimentar e nutricional e da promoção à saúde, valorização
da cultura alimentar local, legitimidade dos saberes de diferentes naturezas, a promoção do autocuidado
e da autonomia.

Semanalmente, é realizado uma reunião de equipe técnica (Nutrição, Enfermagem, Fisioterapia,


Serviço Social e Psicologia) para alinhamento de condutas e manejo da saúde e qualidade de vida dos
hóspedes da ILPI, além de realizar o planejamento mensal das atividades internas e externas executadas
por cada profissional e também planejamento antecipado dos cardápio das datas comemorativas
internas relacionadas abaixo:

• Aniversariantes do dia (verificar o controle junto ao Serviço Social);


• Carnaval (Fevereiro);

• Dia Internacional da Mulher (Março);

• Dia das Mães (Maio);

• Arraiá dos Idosos (Junho/Julho);

• Dia dos Pais (Agosto);

• Festa da Primavera (Setembro);

• Dia Internacional da Pessoa Idosa (Outubro);

• Confraternização dos Funcionários de Fim de Ano (Dezembro);

• Natal dos Idosos (Dezembro).

Todos os atendimentos nutricionais realizados são registrados no prontuário eletrônico do


paciente no sistema informatizado utilizado pela instituição (MedLogic). Em caso de contigência (Parada
do Sistema MedLogic) são utilizados impressos para a realização de evoluções manuais, nos quais estes
são anexados no prontuário físico.

Para uma efetiva anamnese nutricional é necessária a condução de abordagens que envolvem:
diagnóstico, plano terapêutico e acompanhamento.
5.1. DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL

A anamnese nutricional inclui elementos da história do indivíduo e utiliza métodos objetivos e


subjetivos. Os principais componentes incluem: história clínica/cirúrgica, história socioeconômica e
dietética e dados antropométricos. O acompanhamento do estado nutricional deve considerar o
conjunto dos indicadores clínicos, antropométricos, dietéticos e bioquímicos, além da avaliação da
capacidade funcional.

5.1.1. DADOS DO HÓSPEDE

Dados como o nome completo, idade, doenças de base pregressas e atuais, comorbidades,
história familiar, condição funcional, cirurgias, tratamentos médicos e uso de medicamentos são
essenciais para avaliar o risco de desnutrição associada à uma grande variedade de enfermidades e
propedêuticas utilizadas que podem contribuir para a presença de uma desnutrição, aumentando as
necessidades nutricionais ou comprometendo a ingestão e/ou absorção nutricional.

5.1.2. AVALIAÇÃO CLÍNICA E ANAMNESE NUTRICIONAL

O exame físico representa um dos importantes pilares da avaliação nutricional do paciente


intitucionalizado e deve contemplar uma abordagem sistêmica e progressiva, ou seja, a observação e
avaliação do indivíduo da cabeça aos pés (NASCIMENTO, 2011). O exame físico inclui a identificação de
sinais de depleção de gordura subcutânea e massa muscular, acúmulo de líquidos (edema e ascite), bem
como sua respectiva magnitude – ausente, leve, moderada ou grave (WHITE; GUENTER; JENSEN;
SCHOFIELD, 2012).

Quadro 1: Avaliação de perda de gordura subcutânea.

Desnutrição leve a
Area examinada Desnutrição grave Bem nutrido
moderada
Orbital Músculo orbicular Círculos ligeiramente Bolsa de gordura
côncavo; depressão; escuros, levemente ligeiramente abaulada.
círculo escuro; pele côncavos. A retenção de líquidos
flácida. pode mascarar a perda
Pequeno espaço entre
os dedos quando a Percebe-se o tecido
Redução leve do espaço
gordura é pinçada; os adiposo de maneira
Braço: tríceps e bíceps entre os dedos quando
dedos quase se tocam. mais óbvia entre os
a gordura é pinçada.
dedos.

Depressão entre as Costelas aparentes,


Torácica e lombar: costelas bem aparente. depressões entre elas
costelas, parte inferior Crista ilíaca muito menos pronunciadas. Costelas e crista ilíaca
das costas, linha axilar proeminente. não aparente.
média Crista ilíaca um pouco
Oco axilar profundo. proeminente.

Fonte: adaptado de FUHRMAN (2009) e MALONE; HAMILTON (2013).

Quadro 2: Avaliação de perda de massa muscular.

Desnutrição leve a
Area examinada Desnutrição grave Bem nutrido
moderada
Região escavada.
Pode-se observar o
Temporal Depressão com Depressão leve.
músculo bem definido.
visualização do osso.
Ossos proeminentes. Ossos ligeiramente
proeminentes. Clavícula não visível no
Ombro aparentemente homem; visível, mas
Clavícula, acrômio,
quadrado. Clavícula visível em não proeminente na
trapézio e escápula
homens e alguma mulher. Ombro
Depressão entre protuberância em arredondado.
escápula e costelas. mulheres.
Mão (músculo Depressão acentuada Músculo preservado,
Depressão leve.
interósseo) entre o polegar e porém, pode ser plano
indicador. em algumas pessoas
bem nutridas.
Joelho menos
proeminente, mais
Osso proeminente. Coxa arredondada.
Joelho e coxa (músculo arredondado.
Depressão intensa na Ossos não
quadríceps)
parte interna da coxa. proeminentes.
Depressão leve na
parte interna da coxa.
Depleção grave do
Panturrilha (músculo músculo. Depleção leve do Músculo bem
gastrocnêmio) músculo. desenvolvido.
Pele flácida.

Fonte: adaptado de FUHRMAN (2009) e MALONE; HAMILTON (2013).

No exame físico também é possível observar a presença de edema que é caracterizado por um
aumento no volume de líquido extracelular, que pode ser local ou generalizado. Durante a avaliação geral
do acúmulo de líquidos, é importante identificar a causa do edema dentre as diferentes etiologias. Isso,
pois, o edema pode ser consequência da desnutrição protéica ou ter outras causas, como cardiopatia
congestiva, falência ou doença renal crônica, imobilização, alterações na permeabilidade vascular em
pacientes graves, dentre outras. É importante combinar com o exame físico outros parâmetros
nutricionais e avaliar o contexto clínico, a fim de definir a origem da retenção hídrica, a qual pode
inclusive ser multifatorial (KOLWALSKI; CATTANI, 2021). No Quadro 8 temos a descrição do método para
avaliação do edema (MALONE; HAMILTON, 2013).

Quadro 3: Avaliação do edema.

Grau Descrição Tempo de Recuperação da Pele


1+ Depressão de 2 mm, dificilmente detectável. Recuperação imediata
2+ Depressão profunda de 4mm Alguns segundos para se recuperar
3+ Depressão profunda de 6 mm 10-12 segundos para se recuperar
4+ Depressão muito profunda de 8 mm > 20 segundos para se recuperar

Fonte: MALONE; HAMILTON (2013).


Para avaliar a presença e severidade da ascite (acúmulo de líquidos na cavidade abdominal), deve-
se seguir a ordem de inspeção, ausculta, percussão e palpação. Pacientes com essa condição geralmente
apresentam distensão abdominal que pode estar associada a sintomas, como desconforto abdominal,
falta de ar e ganho de peso. O diagnóstico da ascite deve ser estabelecido a partir da integração entre
exame físico e exames de imagem, a partir de avaliação conjunta com a equipe médica (HASSE;
MATARESE, 2017). No Quadro 9 temos a classificação da ascite.

Quadro 4: Classificação da ascite.

Grau Descrição
Grau 1 ou Ascite leve Detectável apenas pelo exame de ultrassonografia
Grau 2 ou Ascite moderada Manifesta-se por distensão simétrica moderada do abdome.
Grau 3 ou Ascite grave Provoca acentuada distensão abdominal.

Fonte: ANGELI et al. (2018).

Além do exame físico, é importante avaliar a saúde oral dos idosos, pois, embora as doenças
bucais geralmente não sejam ameaçadoras da vida ou produzam graves conseqüências, podem contribuir
para uma piora do quadro de saúde de indivíduos idosos, pois a dentição incompleta (agenesia dentária)
ou o uso de prótese pode causar problemas mastigatórios que levam a deficiências nutricionais.

Outros fatores a serem considerados durante a avaliação clínica são as alterações


gastrointestinais, como a azia/dispepsia, náuseas e vômitos, odinofagia e disfagia, presença de eructação
ou flatulências, são fatores que podem interferir diretamente na ingestão alimentar e na nutrição do
idoso e que necessitarão de adequações dietéticas específicas.

Alterações nas eliminações fisiológicas, como as fezes e diurese, podem também causar
desconfortos na saúde do idoso e também interferir diretamente no seu estado nutricional. Diversos
instrumentos foram criados para classificar a forma das fezes humanas e assim auxiliar no diagnóstico de
alteração do trânsito intestinal, dentre eles está a escala Fecal de Bristol para consistência das fezes
(EBCF) (Figura 1) e a Escala de Coloração da Urina de Armstrong (Figura 2).

Figura 1: Escala de Bristol


Figura 2: Escala de Armstrong

Além disso, é imprescindível que o nutricionista colete informações a respeito da história


alimentar ou dietética, através de uma extensa anamnese obtendo informações sobre o padrão
alimentar global, abordando aversões, preferências e intolerâncias alimentares; uso de fitoterápicos;
número e horário de refeições; apetite; dificuldade na mastigação e deglutição; modificações na
consistência dos alimentos; mudanças recentes na prática alimentar e uso de suplementos nutricionais
(CALIXTO-LIMA et al., 2017).
5.1.2. AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA

Avaliação Antropométrica: Peso atual e estimado, Altura mensurada e estimada, Altura do joelho, IMC e
classificação, Prega cutância triciptal com adequação e classificação, Circunferência do Braço com
adequação e classificação, Circunferência muscular do Braço com adequação e classificação, Área
Muscular do Braço com adequação e classificação, Circunferência de Cintura e de Quadril com índice de
relação e classificação, Circunferência de Panturrilha e classificação, Força de Pressão Palmar e
classificação, e Espessura do Músculo Adutor do Polegar e Classificação.

A antropometria é um conjunto de medidas corporais aferidas a partir de técnicas simples e não


invasivas. É uma técnica objetiva que compõe a avaliação do estado nutricional e que pode ser utilizada
em indivíduos institucionalizados e que engloba a dimensão de ossos, tecido adiposo e muscular. É
necessário treinamento, rigor técnico e utilização de protocolos padronizados e validados, além de
equipamentos calibrados, a fim de garantir a reprodutibilidade e confiabilidade dos dados aferidos. As
medidas antropométricas podem fornecer evidências de alterações (deterioração ou recuperação) do
estado nutricional quando aferidas de forma seriada (KOWALSKI; SILVA, 2021).

O processo de envelhecimento está ligado ao grupo de alterações do desenvolvimento que ocorrem nos
últimos anos de vida e está associado a alterações na composição corporal. Com a idade, há um aumento
de gordura corporal, principalmente de depósitos de gordura na cavidade abdominal, e uma diminuição
da massa corporal magra. Essa diminuição ocorre como resultado das perdas de função e massa muscular
esquelética, a qual pode ser denominada como sarcopenia (PICOLI; FIGUEIREDO; PATRIZZI, 2011).

Algumas das medidas antropométricas utilizadas na avaliação nutricional do idoso são Peso atual e
estimado, Altura mensurada e estimada, Altura do joelho, IMC e classificação, Prega cutância triciptal com
adequação e classificação, Circunferência do Braço com adequação e classificação, Circunferência
muscular do Braço com adequação e classificação, Área Muscular do Braço com adequação e
classificação, Circunferência de Cintura e de Quadril com índice de relação e classificação, Circunferência
de Panturrilha e classificação, Força de Pressão Palmar e classificação, e Espessura do Músculo Adutor do
Polegar e Classificação. Estas medidas permitem predizer, de forma operacional, a quantidade de tecido
adiposo e muscular (BRASPEN, 2019).

 PESO:

Utilizado como um dos marcadores indiretos da massa proteica e reservas de energia, tendo valor
prognóstico. É o parâmetro mais sensível aos agravos nutricionais por ser o primeiro a modifi car-se,
apresentando maior velocidade de mudança. Recomenda-se que a aferição do peso atual seja realizada
sempre que possível.

Peso atual: aferido no momento da avaliação nutricional.

Peso estimado: em indivíduos acamados ou que não podem manter-se em pé, é possível estimar o peso
por meio de medidas de segmentos, perímetros corporais e equações matemáticas, como as sugeridas
por Chumlea e cols. (1985; 1988).

Peso usual: valor habitual ou normal que o indivíduo costumava apresentar; pode ser utilizado para verifi
cação de alterações ponderais recentes ou na impossibilidade de aferição do peso atual. Ressalta-se a
importância de verifi car a perda de peso não intencional.

Percentual de perda de peso: segue a equação para cálculo da perda de peso e a classifi cação da perda
de peso em relação ao tempo:

% Perda de Peso = (Peso Usual – Peso Atual) x 100


Peso Usual

Quadro 4: Avaliação do edema.

Tempo Perda de Peso Moderada Perda de Peso Intensa


1 semana 1-2 % >2%
1 mês 5% >5%
3 meses 7,5% >7,5%
> 6 meses 10% >10%

Fonte: BLACKBURN, 1977.

 ALTURA:
Esta medida refere-se ao crescimento linear de indivíduos e é utilizada para estimar algumas dimensões
corporais. Os métodos de avaliação diferem de acordo com a idade. Refl ete processo de desnutrição
mais prolongada (crônica).

Aferição: O comprimento é a distância que vai da planta dos pés descalços, ao topo da cabeça,
comprimindo os cabelos, com a criança deitada em superfície horizontal, firme e lisa, ou adulto em
posição em pé e em antropômetro acoplado a balança. Devem-se retirar os sapatos, toucas, boné, fi velas
ou enfeites de cabelo que possam interferir na tomada da medida.

Estatura estimada: Na impossibilidade de aferição da estatura em crianças, adultos e idosos, no caso dos
cadeirantes e acamados, pode-se estimar o valor da medida. A altura do joelho e o comprimento tibial
são utilizados em equações de estimativa da altura, porém podem também ser utilizados os métodos da
extensão dos braços e estatura recumbente, conforme técnicas de aferição descritas abaixo.

Altura do joelho:

Técnica para aferição: Posição supina formando angulo de 90º com o joelho e o tornozelo. Faz-se a
medida do calcanhar a superfície anterior da coxa, próximo à patela, utilizando-se um estadiômetro ou
fita métrica.

Estatura estimada: Na impossibilidade de aferição da estatura, no caso dos cadeirantes e acamados,


pode-se estimar o valor da medida.

Equação de estimativa de altura através da altura do joelho para idosos (>60 anos)
Altura (branco/homem) = 78,31 + (1,94 x AJ) - (0,14 x idade em anos)
Altura (negro/homem) = 79,69 + (1,85 x AJ) - (0,14 x idade em anos)
Altura (branca/mulher) = 82,21 + (1,85 x AJ) - (0,21 x idade em anos)
Altura (negra/mulher) = 89,58 + (1,61 x AJ) - (0,17 x idade em anos)

Fonte: CHUMLEA et al., 1998.

 ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC):


O índice de massa corporal (IMC), apesar de suas limitações, é um parâmetro muito utilizado. Para idosos
existem algumas sugestões de pontos de corte, entretanto, nas unidades hospitalares em geral ocorre
maior utilização da classificação da Organização Pan Americana da Saúde (OPAS) que será utilizado neste
protocolo. Os pontos de corte encontram-se resumidos no Quadro 1:

Quadro : Classificação nutricional de idosos, segundo o valor de IMC, de acordo com a


Organização Pan Americana da Saúde (OPAS).

IMC Classificação
≤ 23,0 Baixo Peso
> 23,0 – ≤ 28 Eutrofia
> 28,0 – ≤ 30 Sobrepeso
> 30,0 Obesidade

Fonte: OPAS (2003).

 Dobras Cutâneas e Circunferências:

As dobras cutâneas e as circunferências corporais representam as medidas dos compartimentos de tecido


adiposo e muscular. Para complemento aos demais parâmetros de avaliação e determinação de
diagnóstico nutricional, se fazem necessárias as adequações dos valores obtidos, comparando-os aos
outros preestabelecidos, com distinção de gênero e faixa etária.

As circunferências e dobras cutâneas mais utilizadas são: Prega Cutância Triciptal (PCT) com adequação e
classificação, Circunferência do Braço (CB) com adequação e classificação, Circunferência Muscular do
Braço (CMB) com adequação e classificação, Área Muscular do Braço (AMB) com adequação e
classificação, Circunferência de Cintura (CC) e de Quadril (CQ) com índice de relação (RCQ) e classificação,
Circunferência de Panturrilha (CP) e classificação.

TÉCNICAS DE MENSURAÇÃO

- Identificar e marcar o local a ser medido;


- Segurar a prega formada pela pele e pelo tecido adiposo com os dedos polegar e
indicador da mão esquerda a 1 cm do ponto marcado;
- Pinçar a prega com o calibrador exatamente no local marcado;
- Manter a prega entre os dedos até o término da aferição;
- A leitura deverá ser realizada no milímetro mais próximo em cerca de 2 a 3 segundos;
- Utilizar a média de 3 medidas.
Dobra Cutânea Tricipital: Técnica para aferição: A dobra cutânea tricipital é medida na face dorsal do
braço, sobre o tríceps, a meia distância entre o bordo externo do acrômio e o olécrano, no sentido do
maior eixo do braço. O ponto médio deve ser determinado por fi ta métrica. O observador coloca-se atrás
do observado, enquanto este mantém o braço esticado e descontraído e é feita a medida da dobra.

Quadro : Valores de referência dos percentis de PCT para idosos do sexo masculino:

Percentil
Idade (anos)
5 10 25 50 75 90 95
60 – 69,9 5,50 6,50 8,60 11,60 15,60 20,40 24,00
70 – 79,9 5,50 6,50 8,50 11,40 15,20 19,80 23,20
80 – 90,9 5,40 6,30 8,20 10,90 14,50 18,70 21,80

Fonte: Frisancho AR. Anthropometric standards. An interactive nutritional reference of body size
and body composition for children and adults. University Michigan; 2008, 335p.

Quadro : Valores de referência dos percentis de PCT para idosos do sexo feminino:

Percentil
Idade (anos)
5 10 25 50 75 90 95
60 – 69,9 12,70 15,30 19,70 24,70 29,80 34,50 37,30
70 – 79,9 10,40 12,80 17,10 21,90 26,90 31,40 34,10
80 – 90,9 6,70 8,90 10,50 17,40 22,00 26,30 28,80

Fonte: Frisancho AR. Anthropometric standards. An interactive nutritional reference of body size
and body composition for children and adults. University Michigan; 2008, 335p.

Percentual de adequação de DCT (BURR e PHILLIPS, 1984; FRISANCHO, 1990):


Adequação de PCT (%) = PCT obtida (cm) x 100
PCT percentil 50

Circunferência do Braço: Técnica para aferição: Braço direito relaxado e em posição estendida ao longo
do corpo. Deve ser marcado o ponto médio entre o acrômio e olécrano com o braço fl exionado junto ao
corpo formando um ângulo de 90º. Contornar a fita métrica ao longo do braço no ponto médio.

A CB pode ser utilizada como parâmetro de avaliação/acompanhamento quando não é possível aferir o
peso real do paciente.

Quadro : Valores de referência dos percentis de CB para idosos do sexo masculino:

Percentil
Idade (anos)
5 10 25 50 75 90 95
60 – 69,9 26,50 27,60 29,70 32,00 34,40 36,50 39,70
70 – 79,9 25,10 26,20 28,30 30,60 32,90 35,10 36,40
80 – 90,9 23,50 24,70 26,70 28,90 31,20 33,40 34,70

Fonte: Frisancho AR. Anthropometric standards. An interactive nutritional reference of body size
and body composition for children and adults. University Michigan; 2008, 335p.

Quadro : Valores de referência dos percentis de CB para idosos do sexo feminino:

Percentil
Idade (anos)
5 10 25 50 75 90 95
60 – 69,9 24,30 25,70 28,30 31,40 34,70 38,10 40,20
70 – 79,9 23,10 25,40 26,90 29,90 33,10 36,30 38,40
80 – 90,9 21,50 22,70 25,00 27,80 30,90 33,90 35,80

Fonte: Frisancho AR. Anthropometric standards. An interactive nutritional reference of body size
and body composition for children and adults. University Michigan; 2008, 335p.
Percentual de adequação de CB (BURR e PHILLIPS, 1984; FRISANCHO, 1990)

Adequação de CB (%) = CB obtida (cm) x 100


CB percentil 50

Quadro : Classificação do estado nutricional segundo adequação das medidas de circunferência do


braço (CB) e prega cutânea triciptal (PCT):

CB e PCT (%) Classificação


< 70% Desnutrição grave
70 – 80% Desnutrição moderada
80 – 90% Desnutrição leve
90 – 110% Eutrofia
110 – 120% Sobrepeso
> 120% Obesidade

Fonte: Adaptado de Blackburn et. al. (1979); FONSECA J, SANTOS CA (2013).

Para avaliar a reserva de massa muscular em indivíduos (acamados ou não) podem-se utilizar os
parâmetros de AMB e CMB após a medida da DCT.

Circunferência muscular do braço (CMB): A CMB avalia a reserva de tecido muscular (sem correção da
área óssea) e é obtida através da seguinte fórmula:
CMB (cm) = CB (cm) – [0,314 x DCT (mm)]

Quadro : Valores de referência dos percentis de CMB para idosos do sexo masculino:

Percentil
Idade (anos)
10 15 25 50 75 85 90
60 – 69,9 24,90 25,60 26,70 28,40 30,00 30,90 31,40
70 – 79,9 24,40 24,80 25,60 27,20 28,90 30,00 30,50
80 – 90,9 22,60 23,20 24,00 25,70 27,50 28,20 28,80

Fonte: KUCZMARSKI et al., 2000.

Quadro : Valores de referência dos percentis de CMB para idosos do sexo feminino:
Percentil
Idade (anos)
10 15 25 50 75 85 90
60 – 69,9 20,60 21,10 21,90 23,50 25,40 26,60 27,40
70 – 79,9 20,30 20,80 21,60 23,00 24,80 26,30 27,00
80 – 90,9 19,30 20,00 20,90 22,60 24,50 25,40 26,00

Fonte: KUCZMARSKI et al., 2000.

O cálculo de adequação da CMB é realizado por meio da fórmula abaixo e o estado nutricional classifi
cado de acordo com a tabela a seguir.

Adequação de CMB (%) = CMB obtida (cm) x 100


CMB percentil 50

Quadro : Classificação do estado nutricional segundo adequação da circunferência muscular do


braço (CMB):

CMB (%) Classificação


< 70% Desnutrição grave
70 – 80% Desnutrição moderada
80 – 90% Desnutrição leve
90 – 110% Eutrofia

Fonte: Adaptado de Blackburn et. al. (1979); FONSECA J, SANTOS CA (2013).

Área muscular do braço (AMB): A AMB avalia a reserva de tecido muscular corrigindo a área óssea (refl
ete mais adequadamente a magnitude das mudanças do tecido muscular que a CMB) e é obtida através
das seguintes fórmulas, de acordo com gênero:

HOMEM AMB (cm²) = CB (cm) – [0,314 x DCT (mm)]² - 10


4x3,14

MULHER AMB (cm²) = CB (cm) – [0,314 x DCT (mm)]² - 6,5


4x3,14

Quadro : Valores de referência dos percentis de AMB para idosos do sexo masculino:

Percentil
Idade (anos)
10 15 25 50 75 85 90
60 – 69,9 50,20 52,70 56,50 64,40 73,30 78,60 82,40
70 – 79,9 46,50 48,80 52,20 59,20 67,20 71,80 75,20
80 – 90,9 40,90 42,90 46,00 52,40 59,60 63,90 66,90

Fonte: Fonte: Frisancho AR. Anthropometric standards. An interactive nutritional reference of


body size and body composition for children and adults. University Michigan; 2008, 335p.

Quadro : Valores de referência dos percentis de AMB para idosos do sexo feminino:

Percentil
Idade (anos)
10 15 25 50 75 85 90
60 – 69,9 30,90 32,90 36,20 43,10 51,20 56,20 59,90
70 – 79,9 30,20 32,20 35,30 42,10 50,10 54,90 58,50
80 – 90,9 28,80 30,70 33,70 40,10 47,60 52,20 55,60

Fonte: Fonte: Frisancho AR. Anthropometric standards. An interactive nutritional reference of


body size and body composition for children and adults. University Michigan; 2008, 335p.

Quadro : Classificação do estado nutricional por percentil, de acordo com os valores da área
muscular do braço (AMB):

CMB (%) Classificação


< P5 Déficit severo de massa muscular
Entre P5 e P15 Déficit leve de massa muscular
Entre P15 e P85 Massa muscular normal
Entre P85 e P95 Massa muscular aumentada
> P95 Grande quantidade de massa muscular

Fonte: Blackburn et. al. (1979)

Circunferência da Cintura e de Quadril: A concentração de gordura abdominal, independentemente da


gordura corporal total, tem se mostrado um fator importante relacionado com risco para doenças
cardiovasculares e metabólicas, sendo a medida mais fi dedigna como marcador de gordura abdominal.
Reflete melhor o conteúdo de gordura visceral que a RCQ e também se associa muito à gordura corporal
total.

Técnica para aferição: Em pé, utilizando uma fita métrica inelástica e flexível que deverá circundar na
região de maior contraste de perímetro ou a menor circunferência entre a última costela e a crista ilíaca,
sem a presença de roupas. Essa medida não é indicada para pacientes obesos.
5.1.2. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

Avaliação Nutricional: Triagem Nutricional segundo a escala MAN, Avaliação Subjetiva Global segundo a
escala MAN, Avaliação de Sarcopenia segundo a escala SARC-F+CP, diagnóstico do estado nutricional e
classificação do nível de assistência.

5.2. PLANO TERAPÊUTICO

Conduta Nutricional: Prescrição dietética específica e estabelecimento de metas terapêuticas.

onsiderada estrutura física e recursos humanos. Após a análise de todos os exames realizados pelo
idoso, à equipe técnica aprovorá ou não o acolhimento institucional do idoso.

 GARANTIR O DIREITO À SAÚDE E À PROTEÇÃO SOCIAL DA PESSOA IDOSA INSTITUCIONALIZADA COM


FOCO NO ENVELHECIMENTO ATIVO E SAUDÁVEL.

5.3. ACOMPANHAMENTO

Conduta Nutricional: Prescrição dietética específica e estabelecimento de metas terapêuticas.

onsiderada estrutura física e recursos humanos. Após a análise de todos os exames realizados pelo
idoso, à equipe técnica aprovorá ou não o acolhimento institucional do idoso.

11. METODOLOGIA

12. METAS

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