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TRABALHANDO COM RÓTULOS PARA UMA

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Andreza Ramos da Silva, Isabela Martins Castro Pinheiro, Isabela da Silva Oliveira
Orientador: Pamela Ullio
Coorientador: Cíntia Guimarães

Colégio Estadual Olavo Bilac


Av. Presidente Vargas, 397. Campos Elíseos – Resende, RJ CEP: 27542-140
E-mail: bethpam@hotmail.com

Resumo

Levando em conta a necessidade de rótulos em alimentos industrializados e o baixo


interesse pela procura destas informações foi proposta uma série de atividades que
levassem a compreensão do conceito e da importância dos nutrientes para o bom
funcionamento do organismo. Além disso, procuramos mostrar onde os nutrientes são
encontrados e a aplicação desses no manuseio dos rótulos. Mesmo diante das dificuldades
que enfrentaram para associar os nutrientes ao alimento e lidar com as informações dos
rótulos, os alunos mostraram bastante interesse pela atividade. Segundo eles, o trabalho
ofereceu a oportunidade de se reunirem em dupla, permitindo a formação do diálogo e
auxiliando na construção do conhecimento. Desta forma, podemos ressaltar a importância
do ambiente escolar para auxiliar o aluno a vivenciar uma alimentação saudável através do
entendimento das especificações alimentares e pelo diálogo que é formado durante o
processo.

Introdução

Rotulagem nutricional é o conjunto de informações presentes nas embalagens dos


alimentos que tem como objetivo auxiliar o consumidor a adotar práticas alimentares mais
saudáveis, já que com a mudança de hábitos alimentares e de estilos de vida advindos da
industrialização tem aumentado a incidência de doenças relacionadas à alimentação como
obesidade, às que estão ligadas ao sistema cardiovascular, diabetes e diversos tipos de
câncer. É por este motivo os rótulos tem sido uma oportunidade de garantir ao indivíduo o
exercício do direito como ser humano a uma alimentação de qualidade como consumidor ao
ter acesso às informações nutricionais de qualidade e segurança, além de propiciar a
educação nutricional por permitir que faça uma escolha consciente (Silva, 2010; Marins,
2008; Lobanco, 2009).
A preocupação com a rotulagem surgiu da necessidade do estabelecimento de
padrões de qualidade alimentar devido à evolução do comércio entre os países e o
cumprimento dos direitos do consumidor, sendo então criado em 1962 o Codex
Alimentarius, que é um programa do Joint FAO\WHO Food Standards Program com o
objetivo de regulamentar a nível internacional normas de padronização de alimentos,
através de especificações técnicas para a produção e que em 1965 estabelece o rótulo
como um instrumento de informação do alimento a ser consumido. Estas recomendações
não só exercem influencia a nível internacional como também no Brasil cujo sistema de
rotulagem teve início em 1969, com a instituição do Decreto Lei n º 986 que no capítulo III
regulamenta os aspectos gerais que vigora até hoje, mas somente em 1993, com o
estabelecimento das relações comerciais com os países pertencentes ao Cone Sul, o
Ministério da Agricultura, declarou que além do nome do produto, os rótulos deveriam conter
itens como a lista de ingredientes, a quantidade que é oferecida ao consumidor, a origem, o
lote, a data de validade e se for necessário orientação de preparo e uso do alimento que em
1997 com a Portaria 317 tornou-se uma recomendação nacional. Em 1999, com a criação
da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (ANVISA), a presença dos rótulos nos alimentos
tornou-se obrigatória, assim como a declaração de itens como o valor energético,
quantidade de carboidratos, proteínas, gorduras totais, saturadas e trans, fibra alimentar e
sódio. Nesta mesma época também foram definidas as medidas e porções, inclusive a
relação entre a medida caseira e sua correspondência em gramas ou mililitros, inclusive os
utensílios utilizados na determinação das porções com suas capacidades e dimensões
aproximadas, além da permissão para arredondar e variar em 20% os valores relativos à
informação nutricional e a autorização para que os dados dos nutrientes sejam obtidos por
meio de cálculos laboratoriais ou por cálculos teóricos realizados a partir de valores
adquiridos nas tabelas de composição dos alimentos ou até mesmo os responsáveis pela
matéria- prima. A norma mais atual sobre rótulos é a que foi determinada em 2001 pela
ANVISA, que ficou estabelecido como órgão responsável pelo sistema de rotulagem no
Brasil e determinou que além das informações nutricionais que já eram obrigatórias
deveriam mencionar a porcentagem relativa ao consumo diário da porção do alimento tendo
como referência uma dieta de 2000kcal/dia, podendo também conter os níveis de vitaminas
e sais minerais e seus respectivos valores percentuais nos produtos que tiveram uma
quantidade igual ou maiores a 5% da Ingestão Diária Recomendada (IDR) destes nutrientes
por porção (Silva, 2009; Lobanco, 2009; Marins, 2008).
Apesar de estabelecer uma aproximação entre o consumidor e o produto, estudos
como realizado por Bianca Ramos Marins, Silvana do Couto Jacob, Frederico Peres tem
mostrado que a obrigatoriedade de informações cada vez mais complexas tem contribuído
para que a leitura dos rótulos no ato da compra seja desestimulada por apresentem uma
linguagem pouco acessível e assim dificultando o direito à informação e consequentemente
à escolha de uma dieta saudável. Desta forma para que exerça sua função se faz
necessária o uso de estratégias educacionais que auxilie o indivíduo a compreender o que
significa cada item que compõe o rótulo, conscientizando ao mesmo tempo da necessidade
do cultivo desta prática (Marins, 2008).
Por ser um ambiente educacional, a escola torna-se um local propício para esta
capacitação, ainda mais que ultimamente em resposta a recomendações que as políticas
públicas têm recebido de organizações nacionais e internacionais, foram criados programas
que visam capacitar a comunidade para que tenha direito a uma alimentação de qualidade.
Um deles é o Programa Nacional de Alimentação Escolar que vai além do fornecimento de
alimentos previamente definido como adequados e de informações sobre eles como a
adoção de ações baseadas em metodologias construtivistas que contribua para que o
indivíduo seja capaz de tomar decisões conscientes, pois ao promover a construção do
conhecimento através da formação de um ambiente de interação e reflexão, o indivíduo é
capaz de compreender o mundo em que vive e atuar nele a fim de transformar a realidade
em que vive. Para que esta prática seja incentivada foram decretadas normas como a
portaria interministerial 1010/06 que estabelece diretrizes para a promoção da alimentação
saudáveis, entre elas sugere que as escolas incluam em seu Projeto Político Pedagógico
(PPP) o tema alimentação saudável. Apesar de ser uma proposta a ser abordada como
tema transversal, ou seja, que deve ser trabalhado em todas as disciplinas é limitada ao
ensino de ciências como uma atividade baseada na leitura de textos no livro didático,
palestras e a distribuição de folhetos (Neves, 2009; Silva e Fonseca, 2009).

Objetivo

Promover uma alimentação saudável através do incentivo ao hábito de leitura de


rótulos de alimento.
Metodologia

O trabalho foi realizado com alunos do primeiro ano do Ensino Médio do Colégio
estadual Olavo Bilac situado em Resende-RJ e teve início com uma pesquisa bibliográfica
em torno da definição, da importância e principais nutrientes que estão presentes na nossa
alimentação.
Em seguida, ainda utilizando o recurso da pesquisa, elaboraram uma reflexão em
torno da função de cada nutriente e em que tipo de alimento é encontrado, para que em
seguida utilizando o caderno de ofertas do mercado, chamado de encarte numa atividade de
colagem, associassem cada nutriente ao alimento que estavam exibidos no material. Com o
objetivo de reforçar estes conceitos, foi aplicado um exercício composto de uma situação
problema em que foram apresentados quatro pratos para que os ingredientes fossem
agrupados de acordo com os nutrientes que possuem:
 Prato 1: arroz, bife e batata frita;
 Prato 2: hambúrguer, ovo frito, salada de alface, tomate e queijo;
 Prato 3: arroz, feijão, salada de alface e beterraba;
 Prato 4: arroz, frango e maionese;
No final do exercício, com objetivo de diagnosticar o nível de compreensão sobre
alimentação saudável, os alunos escolheram qual prato poderia ser considerado saudável.
Para aprofundar no assunto e sensibiliza-los para a alimentação saudável a partir da
importância da leitura dos rótulos, foi distribuído uma folha contendo um questionário com
cinco perguntas em que os alunos deveriam responder, segundo a opinião deles, o que
seria uma alimentação saudável, qual a importância desta preocupação e uma se alguém da
família quando vai comprar um alimento tem a preocupação de ler o rótulo e caso lê se
entende as informações que são transmitidas, além disso, deveriam providenciar cinco
rótulos dos alimentos que mais consomem.
De posse dos rótulos, os alunos se reuniram em dupla e responderam um novo
questionário que foi montado com base no manual da Anvisa e a apostila do CEDERJ sobre
instrumentação para o ensino de ciências, que pedia para reconhecer os pontos principais
do rótulo e que são importantes para garantir os direitos de uma alimentação de qualidade e
saudável como nome do alimento, ingredientes, data de validade, volume, lote e o lugar de
origem, ou seja, onde o produto foi produzido. Além disso, os nutrientes que mais aparecem
para que no final concluíssem se os alimentos consumidos por eles fazem parte de uma
alimentação saudável. Para completar a tarefa, deveriam perguntar a um membro da família
se quando vai comprar um alimento tem o hábito de olhar o rótulo e se caso possui, se
entende as informações transmitidas por eles.
Grande parte das perguntas que compôs o questionário são abertas, ou seja, possui
um espaço para que o entrevistado coloque sua resposta para que o pesquisador entenda
seu pensamento. No caso das perguntas fechadas, isto é, aquelas que possuem
alternativas para que o entrevistado possa escolher aquela que esteja de acordo com seu
pensamento ou costume teve um espaço para que a pessoa colocasse a justificativa para a
resposta deixando-a com características de pergunta dupla. As perguntas abertas são
aquelas em que o entrevistado responde com suas próprias palavras.
As perguntas fechadas são aquelas em que o entrevistado tem opção de resposta. E
as perguntas duplas, são aquelas que tratam dos dois tipos de respostas. (Manual de TCC
da faculdade Fernão Dias, 2012).
Por fim os resultados obtidos da análise dos rótulos foram discutidos pela turma que
foram complementadas com a exibição do documentário The super size me (A dieta do
palhaço) que conta a experiência do cineastra americano Morgan Spurlock que consome
gradualmente durante um mês e em quantidades máximas as refeições que eram oferecidas
pelo Mc Donald’s e que no final desta vivência adquire vários problemas de saúde como
diabetes, hipertensão e outros problemas associados à obesidade, devido o consumo
excessivo de alimentos deste restaurante. A ideia fazer este documentário surgiu do próprio
Spullock após assistir uma reportagem em que duas adolescentes estavam processando
este restaurante acusando-o de torná-las obesas. Fontes ligadas ao cinema e o próprio
documentário afirmam que logo que o filme foi exibido o restaurante realizou algumas
mudanças em sua estrutura como o oferecimento de alimentos supostamente mais
saudáveis como saladas, a criação da opção Seja Adulto, o Mc Lanche Feliz para adultos,
retirou de seus produtos que o nome "Super Size", além de recomendar os clientes para que
não utilizasse para fazer todas as refeições em seus estabelecimentos. Apesar desta
coincidência, os administradores deste restaurante admitem que as mudanças não têm
nenhuma relação com o documentário (Amanta; Soutocalazans, 2012).
O projeto ainda contou com a presença de um estudante de biologia do Consórcio
Cederj, um grupo de universidades que em parceria com a Secretaria de Estado de Ciência
e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro através da fundação Cecierj oferecem cursos de
graduação semipresencial para todo o Estado, contribuindo para a interiorização do ensino
superior público, como complementação de uma pesquisa de conclusão de curso que teve
como objetivo de avaliar a contribuição do livro didático na construção do conhecimento.
Para isto foi distribuído para cada aluno uma folha contendo questões que envolveram
noções sobre a identificação das biomoléculas e a função delas, bem como a definição do
termo metabolismo através de afirmações que deveriam ser julgadas como falsas ou
verdadeiras, além de situações que fossem possíveis de reconhecer a diferença entre
nutrição heterotrófica, aquela realizada por seres que não conseguem produzir seu próprio
alimento, chamado de consumidores, como algumas bactérias e protozoários, os fungos e
animais e a autotrófica, aquela realizada por seres que produzem seu próprio alimento por
meio da captação da luz solar (fotossíntese) ou de elementos químicos presentes no
ambiente como o nitrogênio e o enxofre (quimiossíntese), chamado de produtores como as
bactérias fotossintetizantes, nitrificantes, as árqueas, os fitoplânctons e os vegetais. Este
questionário foi respondido duas vezes, sendo que o uso de recursos didáticos foi permitido
apenas no segundo momento, priorizado a consulta ao livro didático (Cederj, 2012).

Resultados e discussão

Logo quando os alunos entraram em contato com a atividade, percebeu-se que os


alunos sentiram dificuldade em achar as respostas para as perguntas realizadas pela
professora devido à limitação de informações trazidas pelo livro didático, único material de
pesquisa disponibilizado em sala de aula, provocando assim certa dispersão dos alunos.
Apesar deste obstáculo, alguns alunos conseguiram superá-la com o resgate do
conhecimento prévio e o estabelecimento do diálogo entre os pares durante a resolução do
exercício. Devido a este problema as demais perguntas foram permitidas que fossem
respondidas em casa para que pudessem pesquisar em outras fontes como Internet,
percebendo no encontro seguinte umas participações maiores da turma, permitindo a
manifestação das dificuldades que tiveram em entender onde cada nutriente são
empregados, mas com o auxílio da professora e dos alunos que já tinham entendido o
assunto, as dúvidas foram sanadas, e então pode-se seguir para a etapa seguinte.
O uso do encarte para identificar os nutrientes nos alimentos foi importante para a
aprendizagem significativa, pois além de entrarem em contato com alimentos que utilizam
no dia a dia, usaram o recurso visual. Embora façam o uso de grande parte dos produtos
presentes no encarte e da presença da interação dos alunos, percebeu-se que sentiram
dificuldade de fazer a atividade, principalmente em associar os elementos vegetais à
proteína, pois não estavam acostumados a pensar desta forma.
Ao ser proposta uma nova atividade com o mesmo objetivo, os alunos propuseram
prontamente a realizá-lo, desta vez percebendo certa facilidade em cumpri-la e comentaram
que foi proveitosa, pois segundo eles foi uma oportunidade de reforçar os conceitos vistos
no exercício anterior um fator que contribuiu neste processo foi a interação entre os alunos
se sentiram mais à vontade, apesar de ser um exercício que foi desenvolvido
individualmente. No final da atividade, ao serem perguntados quais pratos poderiam seriam
ser considerados saudáveis, grande parte dos alunos responderam prontamente que seria o
prato 3, composto por arroz, feijão, salada de alface e beterraba,por ser pobre em gordura
nociva e ter a variedade de nutrientes percebendo que já possuem um conhecimento prévio
sobre o assunto. Esta habilidade foi comprovada quando foram analisadas as respostas
dadas pelos alunos às questões relacionadas à alimentação saudável que foi proposto no
questionário distribuído antes ao trabalho com os rótulos.
Foram analisados 46 questionários, sendo que quando foram perguntados sobre a
definição que dariam para uma alimentação saudável, 22 alunos responderam que é ter
uma alimentação variada, equilibrada e balanceada, mas não comentaram como seria isto,
já 10 disseram que é o que possuem nutrientes necessários para o organismo, 4
comentaram que é comer alimentos que faz bem a saúde, mas não comentaram quais
seriam, outros 4 responderam é uma alimentação rica em vitaminas e sais minerais, 2
pensaram ser uma alimentação rica em verduras e legumes, outros 2 disseram que é aquele
que tem com baixo teor de gorduras e baixas calorias e ainda mais 2 não responderam a
pergunta conforme descrito na figura 1.

Figura 1: Relato dos alunos sobre o que acham ser alimentação saudável.

Ao perguntar sobre a importância de uma alimentação saudável, apesar de


apresentarem respostas diversificadas, todas elas estaram relacionadas à saúde o corpo, já
que 20 alunos disseram que evita doenças, fortalece o sistema imunológico e ajuda a
manter o peso, para 12 alunos, a alimentação saudável contribui para o melhor
funcionamento do organismo, 11 mantém o corpo ou vida saudável e boa saúde, 2 não
responderam e 1 apresenta resposta incoerente com a pergunta, como pode ser visto na
figura 2.
Figura 2: Opinião dos alunos do que seria uma alimentação saudável.

Apesar de terem uma noção do que seja alimentação saudável e sua importância,
percebe-se que não conseguem aplicar o conceito em sua vida diária, pois ao serem
perguntados se considera a alimentação que possuem como saudável apenas 11 admitiram
tê-la, enquanto 14 alunos negaram possuir uma alimentação saudável, enquanto a grande
maioria, ou seja, 19 alunos diz que ao mesmo tempo em que sua alimentação é saudável,
não é e ainda 2 não responderam a pergunta de acordo com o que é mostrado na figura 3.

Figura 3: Opinião dos alunos com relação ao tipo de alimentação que possui.

Ao justificarem a resposta da pergunta anterior, os 11 alunos que admitiram ter uma


alimentação saudável, 6 afirmam tê-la apenas por ser equilibrada, 4 disseram que é
saudável por igerir verduras e poucos alimentos gordurosos e 1 não justificou a resposta,
segundo a figura 4.

Figura 4: Justificativa dos alunos que admitem possuir uma alimentação saudável.

Já os 14 alunos que dizem não ter uma alimentação saudável, 7 dizem que não
possuem por que nem tudo que como é considerado saudável e outros 7 comentam que
comem muita fritura e gordura, de acordo com a figura 5.

Figura 5: Justificativa dos alunos que negam ter uma alimentação saudável.

Já os que disseram que tem a alimentação saudável e ao mesmo tempo a negam o


fato não justificaram a resposta, sendo difícil a compreensão da resposta.
Quanto ao hábito da leitura dos rótulos, das 46 pessoas entrevistadas pelos alunos,
29 comentaram que não tem a preocupação de olhar o rótulo quando compra um alimento
enquanto apenas 15 possuem este hábito e dois não responderam a pergunta, como pode
ser verificado na figura 6.

Figura 6: Quantidade de pessoas que tem o hábito de ler o rótulo.

Ao justificarem suas respostas, grande parte dos entrevistados, ou seja 12 pessoas


disseram que não tem o costume de olhar os rótulos antes de comprar o alimento por faltar
tempo, 5 alegaram não terem o costume, 3 dizem que não há necessidade de olhar por
comprar o mesmo produto, outros 3 só olham a data de validade, 2 não entendem as
informações que o rótulo fornece, outros 2 dizem que só se importa com o preço ou a
marca do produto e ainda 1 alegou não há necessidade pois não tem ninguém na família
que tenha alergia a algum componente alimentar, como mostra a figura 7.

Figura 7: Justificativas das pessoas que não têm o hábito de ler o rótulo.
Das 15 pessoas que disseram olhar os rótulos, 11 comentaram que é para saber as
informações do produto e seus nutrientes, enquanto 4 pessoas veem apenas a validade,
conforme a figura 8 .

Figura 8: Justificativa das pessoas que tem o hábito de ler o rótulo.

Das 15 pessoas que admitiram que olham o rótulo, 9 disseram que entendem as
informações fornecidas pelos rótulos, 3 comentaram que entendem parte dela e 1
comentou que não que não entendem porque as informações estão incorretas e ainda 1 não
respondeu a pergunta, de acordo com a figura 9.

Figura 9: Opinião das pessoas com relação ao entendimento das informações que são
transmitidas pelos rótulos.
Provavelmente o fato dos familiares desconhecerem a possibilidade de estarem
olhando os rótulos ao comparem os alimentos não desenvolveram nos alunos esta
habilidade. Esta ausência de percepção foi notada através dos questionamentos que alguns
alunos fizeram do que seria rótulo ao ser solicitado a coleta dos rótulos para a atividade.
Este problema foi solucionado pela explicação da professora, mas se estendeu ao longo da
atividade ao perceber que vários alunos levaram para sala somente o quadro nutricional
prejudicando parcialmente a coleta das informações. Além disso, encontraram dificuldade
em localizar os elementos presentes nos rótulos que foram pedidos, não só pela ausência
de informações e pelas letras pequenas dificultando a leitura, mas por desconhecerem da
existência destas informações.
Apesar das dificuldades apresentadas os alunos conseguiram cumprir com as tarefas
apresentadas e constataram por eles mesmos que os produtos escolhidos para realizar a
atividade que possuem em sua composição 77% de carboidrato, 59,4% de Gorduras Totais
58,6 de Gorduras Saturadas, 49% de Proteína, 47,6% de Sal, 35,8% de Fibra, 21,8% de
Gordura trans e 12,6%, conforme a tabela 1.

Tabela I- Percentual dos nutrientes presentes nos rótulos dos alimentos utilizados pelos alunos.
Carboidrato Gorduras Gorduras Proteína Sal Fibra Gordura Sais
Totais Saturadas Trans Minerais

77% 59,4% 58,6% 49% 47,6% 35,8% 21,8% 12,6%

Desta forma, 36 alunos concluíram que os rótulos que levaram para realizar tarefa
não fazem parte de uma alimentação saudável alunos, enquanto apenas 6 disseram serem
saudáveis e 4 disseram fazer parte de uma alimentação parcialmente saudável, conforme a
figura 11.
Figura 11: Opinião dos alunos se os rótulos que levaram para com fazem parte ou não
de uma alimentação saudável.

Para os alunos a experiência em trabalhar com os rótulos foi válida, pois foi uma
oportunidade de ver a aplicação da teoria na prática permitindo que ao afinal da atividade,
29 alunos percebessem a importância de necessidade da leitura dos rótulos para uma
escolha consciente e 27 disseram que aprenderam sobre os alimentos e seus nutrientes,
conforme a tabela 12.

Figura 12: A opinião dos alunos sobre lição que tiveram com o trabalho com rótulos .
Segundo eles, um fator que auxiliou neste processo foi a oportunidade de se
reunirem em dupla, pois permitiu a formação do diálogo auxiliando na construção do
conhecimento, manifestando a vontade de que outras atividades práticas como esta fossem
planejadas a fim de facilitar e motivar o aprendizado.
Os alunos ainda comentaram que o entendimento sobre a importância da leitura dos
rótulos foi melhor entendida quando assistiram ao documentário, pois perceberam como
uma alimentação rica em gordura e pobre em nutrientes pode prejudicar o funcionamento do
organismo e ficaram surpresos com o tamanho da porção dos alimentos que são oferecidos
pela filial do Mc Donald’s nos Estados Unidos e pela influência que a mídia exerce no poder
de escolha de uma pessoa, principalmente a criança, percebera o quanto é importante olhar
o que se come e que os rótulos são um aliado importante nesta tarefa, o que não estava a
vista dos clientes quando o documentário foi produzido e também não foi incentivada.
Mesmo com estes problemas, acham que as adolescentes que entraram com um processo
na justiça contra o restaurante por as tornarem obesas não tinham razão, pois apesar da
influência que sofreram poderia resistir a elas. A discussão foi complementada com o
depoimento de uma aluna que foi aos Estados Unidos e contou que os alimentos oferecidos
por este restaurante é mais barato em relação ao daqui e em maior quantidade. Segundo
ela, a maior porção que é vendida aqui é o menor que é encontrado por lá, concluindo que o
junk food, nome dados aos alimentos de baixo teor nutritivo, faz parte da cultura americana,
tendo um grande investimento.
Apesar da preocupação de trabalhar o conteúdo de forma participativa, percebeu-se
a necessidade de reforça-lo para aplicar os conceitos no dia a dia, uma vez que ao
participarem da pesquisa aplicada pelo estagiário do CEDERJ sobre o livro didático, os
alunos sentiram certa dificuldade em realizar a atividade propostas, sobretudo àquelas
referentes ao conteúdo recém-trabalhado. Já as que trabalharam os conceitos de
metabolismo e os tipos de nutrição visto em séries anteriores foram respondidas com mais
facilidade, pois utilizaram os conceitos já construídos. Um fato que possivelmente tenha
contribuído para isto foi o desconhecimento do significado de seu sinônimo, biomoléculas,
que foi utilizado no lugar de nutrientes, além de repentinamente serem apresentados às
questões ainda mais que a princípio não foi permitido o uso de nenhum material de consulta,
fazendo pensarem que se tratava de uma avaliação, respondendo as questões com
desconfiança embora as orientações e explicações dadas no início da atividade. Mesmo
com o auxílio do livro didático que foi permitido ao longo do exercício, não foi fácil para os
alunos responderem às questões, pela dificuldade que tiveram em consultar devido à
imensa quantidade de informações que o livro apresentava, recorrendo a outros tipos de
auxílio como o caderno, o diálogo com os colegas e até mesmo com a professora.
Conclusão

Devido à complexidade das informações que os rótulos trazem pelas normas cada
vez mais rígidas para garantir ao consumidor o direito a alimentação de qualidade e
saudável, é necessário desenvolver competências como associar o nutriente no alimento,
identificar no rótulo elementos como data de validade, ingredientes, assim como a presença
e nutrientes presentes no alimento,. Desta forma a escola contribui para despertar este
hábito, pois com o ensino sistematizado e contextualizado, isto é aquela em que os
conceitos são aplicados a partir de situações encontradas no dia -a- dia, favorecendo a
construção do conhecimento pela formação do diálogo.

Referências

AMANTA, disponível em
http://www.amata.ws/assinaturas/arquivodenoticias/super_size_me.htm, acessado dia 15 de
maio de 2012.
CEDERJ, disponível em www.cederj.edu.br/cederj/index.php?option=com_content,
acessado em 15 de maio de 2012.
LOBANCO, C. M. L et al., Fidedignidade de rótulos de alimentos comercializados no
município de São Paulo, SP. Revista de Saúde Pública. v.43, n.3, p.499-505, 2009.
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http://www.faculdadefernaodias.edu.br/pdf/Manual%20de%20TCC.pdf , 2012. acessado em 20
de junho de 2012.
MARINS, B. R. et al, Avaliação qualitativa do hábito de leitura e entendimento: recepção das
informações de produtos alimentícios. Ciências, Tecnologia, Alimentação, Campinas, v.28,
n.3, p.579-585, jul.-set. 2008.
MONTEIRO, R. A. et al. Consulta aos rótulos de alimentos e bebidas por freqüentadores de
supermercados em Brasília, Brasil. Revista Panamericana de Saúde Pública, v.43, n.3,
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NEVES, A. P et al. Interpretação de Rótulos de Alimentos no Ensino de Química. Química
na Nova Escola. São Paulo. ; Vol. 31 N° 1, fev. 2009
SILVA, G. L. et al, Traffic light labelling: traduzindo a rotulagem de alimentos. Revista de
Nutrição Campinas,v. 23, n.6, p.1031-1040, nov./dez., 2010.
SILVA, E.C. R., FONSECA, A. B. Abordagens pedagógicas em educação alimentar e
nutricional em escolas no Brasil, VII Encontro nacional de Pesquisa em Educação em
Ciências. Florianópolis, 2009.
SOUTOCALAZANS,soutocalazans.blogspot.com/.../super-size-me-dieta-do-palhaco.html,
acessado dia 15 de maio de 2012.

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