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ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Andreza Ramos da Silva, Isabela Martins Castro Pinheiro, Isabela da Silva Oliveira
Orientador: Pamela Ullio
Coorientador: Cíntia Guimarães
Resumo
Introdução
Objetivo
O trabalho foi realizado com alunos do primeiro ano do Ensino Médio do Colégio
estadual Olavo Bilac situado em Resende-RJ e teve início com uma pesquisa bibliográfica
em torno da definição, da importância e principais nutrientes que estão presentes na nossa
alimentação.
Em seguida, ainda utilizando o recurso da pesquisa, elaboraram uma reflexão em
torno da função de cada nutriente e em que tipo de alimento é encontrado, para que em
seguida utilizando o caderno de ofertas do mercado, chamado de encarte numa atividade de
colagem, associassem cada nutriente ao alimento que estavam exibidos no material. Com o
objetivo de reforçar estes conceitos, foi aplicado um exercício composto de uma situação
problema em que foram apresentados quatro pratos para que os ingredientes fossem
agrupados de acordo com os nutrientes que possuem:
Prato 1: arroz, bife e batata frita;
Prato 2: hambúrguer, ovo frito, salada de alface, tomate e queijo;
Prato 3: arroz, feijão, salada de alface e beterraba;
Prato 4: arroz, frango e maionese;
No final do exercício, com objetivo de diagnosticar o nível de compreensão sobre
alimentação saudável, os alunos escolheram qual prato poderia ser considerado saudável.
Para aprofundar no assunto e sensibiliza-los para a alimentação saudável a partir da
importância da leitura dos rótulos, foi distribuído uma folha contendo um questionário com
cinco perguntas em que os alunos deveriam responder, segundo a opinião deles, o que
seria uma alimentação saudável, qual a importância desta preocupação e uma se alguém da
família quando vai comprar um alimento tem a preocupação de ler o rótulo e caso lê se
entende as informações que são transmitidas, além disso, deveriam providenciar cinco
rótulos dos alimentos que mais consomem.
De posse dos rótulos, os alunos se reuniram em dupla e responderam um novo
questionário que foi montado com base no manual da Anvisa e a apostila do CEDERJ sobre
instrumentação para o ensino de ciências, que pedia para reconhecer os pontos principais
do rótulo e que são importantes para garantir os direitos de uma alimentação de qualidade e
saudável como nome do alimento, ingredientes, data de validade, volume, lote e o lugar de
origem, ou seja, onde o produto foi produzido. Além disso, os nutrientes que mais aparecem
para que no final concluíssem se os alimentos consumidos por eles fazem parte de uma
alimentação saudável. Para completar a tarefa, deveriam perguntar a um membro da família
se quando vai comprar um alimento tem o hábito de olhar o rótulo e se caso possui, se
entende as informações transmitidas por eles.
Grande parte das perguntas que compôs o questionário são abertas, ou seja, possui
um espaço para que o entrevistado coloque sua resposta para que o pesquisador entenda
seu pensamento. No caso das perguntas fechadas, isto é, aquelas que possuem
alternativas para que o entrevistado possa escolher aquela que esteja de acordo com seu
pensamento ou costume teve um espaço para que a pessoa colocasse a justificativa para a
resposta deixando-a com características de pergunta dupla. As perguntas abertas são
aquelas em que o entrevistado responde com suas próprias palavras.
As perguntas fechadas são aquelas em que o entrevistado tem opção de resposta. E
as perguntas duplas, são aquelas que tratam dos dois tipos de respostas. (Manual de TCC
da faculdade Fernão Dias, 2012).
Por fim os resultados obtidos da análise dos rótulos foram discutidos pela turma que
foram complementadas com a exibição do documentário The super size me (A dieta do
palhaço) que conta a experiência do cineastra americano Morgan Spurlock que consome
gradualmente durante um mês e em quantidades máximas as refeições que eram oferecidas
pelo Mc Donald’s e que no final desta vivência adquire vários problemas de saúde como
diabetes, hipertensão e outros problemas associados à obesidade, devido o consumo
excessivo de alimentos deste restaurante. A ideia fazer este documentário surgiu do próprio
Spullock após assistir uma reportagem em que duas adolescentes estavam processando
este restaurante acusando-o de torná-las obesas. Fontes ligadas ao cinema e o próprio
documentário afirmam que logo que o filme foi exibido o restaurante realizou algumas
mudanças em sua estrutura como o oferecimento de alimentos supostamente mais
saudáveis como saladas, a criação da opção Seja Adulto, o Mc Lanche Feliz para adultos,
retirou de seus produtos que o nome "Super Size", além de recomendar os clientes para que
não utilizasse para fazer todas as refeições em seus estabelecimentos. Apesar desta
coincidência, os administradores deste restaurante admitem que as mudanças não têm
nenhuma relação com o documentário (Amanta; Soutocalazans, 2012).
O projeto ainda contou com a presença de um estudante de biologia do Consórcio
Cederj, um grupo de universidades que em parceria com a Secretaria de Estado de Ciência
e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro através da fundação Cecierj oferecem cursos de
graduação semipresencial para todo o Estado, contribuindo para a interiorização do ensino
superior público, como complementação de uma pesquisa de conclusão de curso que teve
como objetivo de avaliar a contribuição do livro didático na construção do conhecimento.
Para isto foi distribuído para cada aluno uma folha contendo questões que envolveram
noções sobre a identificação das biomoléculas e a função delas, bem como a definição do
termo metabolismo através de afirmações que deveriam ser julgadas como falsas ou
verdadeiras, além de situações que fossem possíveis de reconhecer a diferença entre
nutrição heterotrófica, aquela realizada por seres que não conseguem produzir seu próprio
alimento, chamado de consumidores, como algumas bactérias e protozoários, os fungos e
animais e a autotrófica, aquela realizada por seres que produzem seu próprio alimento por
meio da captação da luz solar (fotossíntese) ou de elementos químicos presentes no
ambiente como o nitrogênio e o enxofre (quimiossíntese), chamado de produtores como as
bactérias fotossintetizantes, nitrificantes, as árqueas, os fitoplânctons e os vegetais. Este
questionário foi respondido duas vezes, sendo que o uso de recursos didáticos foi permitido
apenas no segundo momento, priorizado a consulta ao livro didático (Cederj, 2012).
Resultados e discussão
Figura 1: Relato dos alunos sobre o que acham ser alimentação saudável.
Apesar de terem uma noção do que seja alimentação saudável e sua importância,
percebe-se que não conseguem aplicar o conceito em sua vida diária, pois ao serem
perguntados se considera a alimentação que possuem como saudável apenas 11 admitiram
tê-la, enquanto 14 alunos negaram possuir uma alimentação saudável, enquanto a grande
maioria, ou seja, 19 alunos diz que ao mesmo tempo em que sua alimentação é saudável,
não é e ainda 2 não responderam a pergunta de acordo com o que é mostrado na figura 3.
Figura 3: Opinião dos alunos com relação ao tipo de alimentação que possui.
Figura 4: Justificativa dos alunos que admitem possuir uma alimentação saudável.
Já os 14 alunos que dizem não ter uma alimentação saudável, 7 dizem que não
possuem por que nem tudo que como é considerado saudável e outros 7 comentam que
comem muita fritura e gordura, de acordo com a figura 5.
Figura 5: Justificativa dos alunos que negam ter uma alimentação saudável.
Figura 7: Justificativas das pessoas que não têm o hábito de ler o rótulo.
Das 15 pessoas que disseram olhar os rótulos, 11 comentaram que é para saber as
informações do produto e seus nutrientes, enquanto 4 pessoas veem apenas a validade,
conforme a figura 8 .
Das 15 pessoas que admitiram que olham o rótulo, 9 disseram que entendem as
informações fornecidas pelos rótulos, 3 comentaram que entendem parte dela e 1
comentou que não que não entendem porque as informações estão incorretas e ainda 1 não
respondeu a pergunta, de acordo com a figura 9.
Figura 9: Opinião das pessoas com relação ao entendimento das informações que são
transmitidas pelos rótulos.
Provavelmente o fato dos familiares desconhecerem a possibilidade de estarem
olhando os rótulos ao comparem os alimentos não desenvolveram nos alunos esta
habilidade. Esta ausência de percepção foi notada através dos questionamentos que alguns
alunos fizeram do que seria rótulo ao ser solicitado a coleta dos rótulos para a atividade.
Este problema foi solucionado pela explicação da professora, mas se estendeu ao longo da
atividade ao perceber que vários alunos levaram para sala somente o quadro nutricional
prejudicando parcialmente a coleta das informações. Além disso, encontraram dificuldade
em localizar os elementos presentes nos rótulos que foram pedidos, não só pela ausência
de informações e pelas letras pequenas dificultando a leitura, mas por desconhecerem da
existência destas informações.
Apesar das dificuldades apresentadas os alunos conseguiram cumprir com as tarefas
apresentadas e constataram por eles mesmos que os produtos escolhidos para realizar a
atividade que possuem em sua composição 77% de carboidrato, 59,4% de Gorduras Totais
58,6 de Gorduras Saturadas, 49% de Proteína, 47,6% de Sal, 35,8% de Fibra, 21,8% de
Gordura trans e 12,6%, conforme a tabela 1.
Tabela I- Percentual dos nutrientes presentes nos rótulos dos alimentos utilizados pelos alunos.
Carboidrato Gorduras Gorduras Proteína Sal Fibra Gordura Sais
Totais Saturadas Trans Minerais
Desta forma, 36 alunos concluíram que os rótulos que levaram para realizar tarefa
não fazem parte de uma alimentação saudável alunos, enquanto apenas 6 disseram serem
saudáveis e 4 disseram fazer parte de uma alimentação parcialmente saudável, conforme a
figura 11.
Figura 11: Opinião dos alunos se os rótulos que levaram para com fazem parte ou não
de uma alimentação saudável.
Para os alunos a experiência em trabalhar com os rótulos foi válida, pois foi uma
oportunidade de ver a aplicação da teoria na prática permitindo que ao afinal da atividade,
29 alunos percebessem a importância de necessidade da leitura dos rótulos para uma
escolha consciente e 27 disseram que aprenderam sobre os alimentos e seus nutrientes,
conforme a tabela 12.
Figura 12: A opinião dos alunos sobre lição que tiveram com o trabalho com rótulos .
Segundo eles, um fator que auxiliou neste processo foi a oportunidade de se
reunirem em dupla, pois permitiu a formação do diálogo auxiliando na construção do
conhecimento, manifestando a vontade de que outras atividades práticas como esta fossem
planejadas a fim de facilitar e motivar o aprendizado.
Os alunos ainda comentaram que o entendimento sobre a importância da leitura dos
rótulos foi melhor entendida quando assistiram ao documentário, pois perceberam como
uma alimentação rica em gordura e pobre em nutrientes pode prejudicar o funcionamento do
organismo e ficaram surpresos com o tamanho da porção dos alimentos que são oferecidos
pela filial do Mc Donald’s nos Estados Unidos e pela influência que a mídia exerce no poder
de escolha de uma pessoa, principalmente a criança, percebera o quanto é importante olhar
o que se come e que os rótulos são um aliado importante nesta tarefa, o que não estava a
vista dos clientes quando o documentário foi produzido e também não foi incentivada.
Mesmo com estes problemas, acham que as adolescentes que entraram com um processo
na justiça contra o restaurante por as tornarem obesas não tinham razão, pois apesar da
influência que sofreram poderia resistir a elas. A discussão foi complementada com o
depoimento de uma aluna que foi aos Estados Unidos e contou que os alimentos oferecidos
por este restaurante é mais barato em relação ao daqui e em maior quantidade. Segundo
ela, a maior porção que é vendida aqui é o menor que é encontrado por lá, concluindo que o
junk food, nome dados aos alimentos de baixo teor nutritivo, faz parte da cultura americana,
tendo um grande investimento.
Apesar da preocupação de trabalhar o conteúdo de forma participativa, percebeu-se
a necessidade de reforça-lo para aplicar os conceitos no dia a dia, uma vez que ao
participarem da pesquisa aplicada pelo estagiário do CEDERJ sobre o livro didático, os
alunos sentiram certa dificuldade em realizar a atividade propostas, sobretudo àquelas
referentes ao conteúdo recém-trabalhado. Já as que trabalharam os conceitos de
metabolismo e os tipos de nutrição visto em séries anteriores foram respondidas com mais
facilidade, pois utilizaram os conceitos já construídos. Um fato que possivelmente tenha
contribuído para isto foi o desconhecimento do significado de seu sinônimo, biomoléculas,
que foi utilizado no lugar de nutrientes, além de repentinamente serem apresentados às
questões ainda mais que a princípio não foi permitido o uso de nenhum material de consulta,
fazendo pensarem que se tratava de uma avaliação, respondendo as questões com
desconfiança embora as orientações e explicações dadas no início da atividade. Mesmo
com o auxílio do livro didático que foi permitido ao longo do exercício, não foi fácil para os
alunos responderem às questões, pela dificuldade que tiveram em consultar devido à
imensa quantidade de informações que o livro apresentava, recorrendo a outros tipos de
auxílio como o caderno, o diálogo com os colegas e até mesmo com a professora.
Conclusão
Devido à complexidade das informações que os rótulos trazem pelas normas cada
vez mais rígidas para garantir ao consumidor o direito a alimentação de qualidade e
saudável, é necessário desenvolver competências como associar o nutriente no alimento,
identificar no rótulo elementos como data de validade, ingredientes, assim como a presença
e nutrientes presentes no alimento,. Desta forma a escola contribui para despertar este
hábito, pois com o ensino sistematizado e contextualizado, isto é aquela em que os
conceitos são aplicados a partir de situações encontradas no dia -a- dia, favorecendo a
construção do conhecimento pela formação do diálogo.
Referências
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