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Laboratorial
Análises Químicas
2º Ano
Manual do Formando
Análises Químicas – UFCD 4491
VOLUMETRIA DE COMPLEXAÇÃO
Elaborado por:
Fausto Lameira
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ESCOLA TECNOLÓGICA E PROFISSIONAL DE SICÓ
Índice
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Os conteúdos modulares:
- Noção de compostos de coordenação e sua nomenclatura; a esta-
bilidade dos compostos de coordenação; formação de quelatos e agentes
quelantes; fatores que influenciam a complexação de um metal; o EDTA
como agente quelante; noção de dureza de uma água; dureza total, per-
manente e temporária.
Critérios de avaliação:
-Aquisição, compreensão e aplicação de conhecimentos teóri-
co/práticos (Domínio cognitivo e procedimental-saber e saber fazer):
60%.
-Comportamento, interesse, participação e empenho nas aulas (valo-
res e atitudes - saber ser, saber estar, saber relacionar-se com o outro):
40%.
Instrumentos de avaliação:
-Teste de avaliação escrita.
-Relatório dos trabalhos práticos.
-Registo de faltas
-Postura em sala de aula
- Trabalho laboratorial:
Domínio técnico.
Postura no laboratório.
Capacidade de trabalhar em grupo.
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2 - Introdução
A volumetria de complexação baseia-se numa titulação que envolve
uma reação com formação de complexos.
As reações com formação de complexos para poderem ser usadas
em volumetria têm que ser rápidas, estequiométricas e quantitativas.
A maior parte das reações que envolvem a formação de iões com-
plexos não satisfaz uma ou mais destas condições. Uma exceção impor-
tante são as reações que envolvem EDTA (ácido etilenodiaminatetraacéti-
co).
A importância deste composto como reagente titulante resulta prin-
cipalmente do facto de formar com muitos iões metálicos compostos
complexos de grande estabilidade nas proporções estequiométricas de
1:1.
A estabilidade dos complexos de EDTA é devida ao facto deste com-
posto ser um ligando polidentado que com apenas um ião metálico, po-
de formar quelatos com estruturas de 5 anéis.
Um composto complexo ou de coordenação pode definir-se co-
mo sendo um agregado estável, formado quando um ião metálico se
liga diretamente a um grupo de moléculas neutras ou a iões estabe-
lecendo um número de ligações simples superior ao número que cor-
responde ao estado de oxidação do metal.
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3 – Compostos de coordenação
No séc. XIX os químicos intrigavam-se com uma determinada classe
de reações que parecia violar a teoria da valência.
Certos compostos como o cloreto de cobalto (III) (CoCl3) e o amonía-
co (NH3) são compostos estáveis que têm as suas valências completas, no
entanto reagem entre si originando um outro composto também estável
com a fórmula CoCl3.6NH3.
Para explicar este comportamento, Alfred Werner sugeriu que a mai-
or parte dos elementos possuía dois tipos de valência, uma primária e
uma secundária.
Na terminologia moderna a valência primária corresponde ao núme-
ro de oxidação e a secundária ao número de coordenação do elemento.
Hoje utiliza-se a fórmula [Co(NH3)6]Cl3 para indicar que o ião com-
plexo é formado pelas moléculas de amoníaco e o átomo de cobalto. Os
iões Cl- não fazem parte do complexo mas estão ligados a ele por forças
iónicas.
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Fig. 1 – Anel porfirínico coordenado com o Ferro no grupo Heme e com o Magnésio, na clorofila.
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Fig. 2 – Estrutura da Vitamina B12, com o grupo porfirínico coordenado com o Cobalto.
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Exemplos:
[Cu(CN)3]2- - ião tricianocuprato (I).
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Fig. 4 – Quelato com estrutura de cinco anéis formado entre o EDTA e um metal M.
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6 – Dureza da água
As águas podem ser classificadas em brandas e duras conforme o
seu comportamento com o sabão. A água branda forma espuma abun-
dante com uma pequena quantidade de sabão, contrariamente ao que
acontece com a água dura.
A dureza da água deve-se essencialmente à presença dos iões Mg2+
e Ca2+, que se combinam com os iões existentes no sabão, provenientes
do ácido oleico, palmítico ou esteárico, originando os respetivos sais in-
solúveis de cálcio e magnésio.
Os sais existentes numa água dura são principalmente os hidrogeno-
carbonatos, cloretos e sulfatos de cálcio e magnésio. Quando se ferve a
água elimina-se o CO2 e como consequência os hidrogenocarbonatos
decompõem-se, originando um precipitado de carbonato de cálcio, se-
gundo a equação seguinte:
Ca(HCO 3 ) 2 (aq) ⎯
⎯→ CaCO 3 (s) + CO 2 (g) + H 2 O(l)
O grau de dureza de uma água indica a sua dureza total que é dado
pelo conjunto de sais de cálcio e magnésio contidos na água; além desta
pode ainda definir-se a dureza temporária e a permanente.
A dureza temporária é devida à quantidade de sais que se eliminam
por ebulição; a permanente deve-se aos sais solúveis de cálcio e magné-
sio existentes na água.
A dureza total é a soma dos valores destas duas durezas.
A dureza de uma água pode ser determinada por meio de uma vo-
lumetria de complexação, em que se utiliza como titulante uma solução
de sal dissódico do ácido etilenodiamino-tetracético (EDTA), sendo o
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7 - Exercícios
1 – Considere os seguintes compostos de coordenação:
a) [Cu(CN)3]2-
b) [Ag(NH3)2]+
c) [Cu(H2O)4]Br2
d) [Sn(OH)4]2-
e) [Cr(NH3)6](NO3)3
f) K4[Fe(CN)6]
g) [Ru(NH3)5(H2O)]Cl2
h) [Fe(CO)5]
i) [Co(NH3)4Cl2]Cl
j) K3[Fe(CN)6]
l) [Cr(ED)3]I3 (ED-abreviatura do ligando etilenodiamina)
a) Tetracarboniloníquel (0).
b) Cloreto de cloro-penta-aminocobalto (III).
c) Ião tetra-aminocobre (II).
d) Ião tetracianocadmiato (II).
e) Tetrafluoroborato (III) de bário
f) Cloreto de dicloro-tetra-aquocrómio (III)
g) Nitrato de dicloro-bis(etilenodiamina) platina (IV).
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4 – Na análise da dureza total de uma água, titulou-se 100ml da mesma com uma
solução 0,01mol/dm3 de EDTA, na presença de negro de eriocrómio, tendo-se gasto
uma média de 35,0ml de titulante.
4.1 – Determine a dureza total da água expressa em mg de CaCO3/litro.
R: 350mg/litro.
4.2 – Alcalinizou-se uma porção da mesma amostra de água e titulou-se outros 100
ml, na presença de murexide, tendo-se gasto 6,8 ml do mesmo titulante. Determine a
dureza cálcica da água.
R: 68mg/litro
6 – A partir de uma amostra de água do mar, fez-se uma diluição de 1/10 e titulou-se
100 ml da água diluída com uma solução de EDTA 0,12M, tendo-se gasto 5,4 ml de
titulante. Determine a dureza total da amostra da água do mar.
R: 6485,8 mg CaCO3/litro
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Soluções:
1.1)-Nº de coordenação: a)3 b)2 c)4 d)4 e)6 f)6 g)6 h)5 i)6 j)6 l)6
1.2)-Nº de oxidação: a)+1 b)+1 c)+2 d)+2 e)+3 f)+2 g)+2 h)0 i)+3 j+3 l)+3
1.3)-Nomenclatura:
a) Ião tricianocuprato (I)
b) Ião diaminoprata (I)
c) Brometo de tetra-aquocobre(II)
d) Ião tetrahidroxoestanato (II)
e) Nitrato de hexaminocrómio (III)
f) Hexacianoferrato (II) de potássio
g) Cloreto de pentamino-aquoruténio (II)
h) Pentacarboniloferro (0)
i) Cloreto de diclorotetra-aminocobalto (III)
j) Hexacianoferrato (III) de potássio.
l) Iodeto de tris-etilenidiaminocrómio (III)
2.1)
a) [Ni(CO)4]
b) [Co(NH3)5Cl]Cl2
c) [Cu(NH3)4]2+
d) [Cd(CN)4]2-
e) Ba[BF4]2
f) [Cr(H2O)4Cl2]Cl
g) [Pt(en)2Cl2](NO3)2
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8 - Conclusão
Chegados ao final do módulo, os alunos deverão saber o que são
compostos de coordenação e como se formam. Devem saber o conceito
de ligandos e de quelatos e ter noção da sua estabilidade.
Devem saber o que é o EDTA e quais as propriedades que fazem de-
le o titulante mais usado nas volumetrias de complexação.
Devem saber em que consiste a dureza de uma água e a que se deve
a dureza. Devem saber distinguir dureza temporária e dureza permanen-
te e saber explicar porque é que as águas duras originam deposição de
calcário nas resistências das máquinas de lavar.
Finalmente os alunos no final deste módulo deverão estar habilita-
dos a realizar ensaios volumétricos para determinação da dureza em
águas naturais, de consumo ou residuais, em qualquer laboratório de en-
saios químicos onde possam vir a trabalhar no futuro.
9 - Bibliografia
Raymond Chang – Química, 5ª edição.
Práticas Oficinais e Laboratoriais 10ºano (1996)- Saraiva, Eduarda
Porto Editora
Tecnologias 10ºano (1998)- Saraiva, Eduarda Porto Editora
Práticas Oficinais e Laboratoriais 11ºano (1996)- Saraiva, Eduarda
Porto Editora
Química Analítica «Quantitativa», 11º ano, Quimicotecnia, Cur-
sos Técnico-Profissionais (1993) – Bentes de Jesus, Mª Teresa; Moreno
de Sousa, Mª Fernanda, Texto Editora
V. Alexèev – Análise Quantitativa – Editora Lopes da Silva.
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