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Corpo o Alma do Brasil

SÉRGIO MICELI O per íodo coberto por ente li »


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gas que inaugura a supremacia

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décadas de 20, 30 e 40 assinalam
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(1920-1945) nos económico ( crise do setor
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crescente interven ção do Estado
em setores chaves da economia ,
etc.) , social ( consolidação da cias
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profissões de n í vel superior, dc
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tura de novas organiza ções par
tidá rias, expansão dos aparelhos
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do Estado, etc ) o cultural ( cria -
ção de novos cursos superiores,
expansão da rede de instituições
culturais p ú blicas, surto editorial ,
etc.).
( Com . na outra Mra )
V

COLEÇÃO “CORPO E ALMA DO BRASIL”


Jorge Balá n ( org. )
CENTRO E PERIFERIA NO DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO
Roger Bastide
BRASIL , TERRA DE CONTRASTES
Manfredo Berger
EDUCA ÇÃO E DEPENDÊNCIA
Wilson Cano
RA Í ZES DA CONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL EM SÃO PAULO
Fernando Henrique Cardoso
EMPRESÁ RIO INDUSTRIAL E DESENVOLVIMENTO ECON ÓMICO
O MODELO POL ÍTICO BRASILEIRO
Edgard Carone
A PRIMEIRA REPUBLICA
A REPUBLICA VELHA I ( Instituições e Classes Sociais )
A REPUBLICA VELHA II ( Evolução Política )
A SEGUNDA REPUBLICA
A REPUBLICA NOVA
REVOLUÇÕES DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
O TENENTISMO
A TERCEIRA REPUBLICA
O ESTADO NOVO
O PENSAMENTO INDUSTRIAL NO BRASIL
Gabriel Cohn
PETR ÓLEO E NACIONALISMO
Warren Dean
A INDUSTRIALIZAÇÃO DE SÃO PAULO
Jean Demangeot
O CONTINENTE BRASILEIRO
Boris Fausto
TRABALHO URBANO E CONFLITO SOCIAL
Florestan Fernandes
O NEGRO NO MUNDO DOS BRANCOS
MUDANÇAS SOCIAIS NO BRASIL
Juarez Brandão Lopes
CRISE DO BRASIL ARCAICO
Richard Morse
FORMAÇÃO HISTÓRICA DE SÃO PAULO
Carlos Guilherme Motta ( org . )
BRASIL EM PERSPECTIVA
Má rio Neme
FÓRMULAS POLÍTICAS NO BRASIL HOLANDÊS
Fernando Pedreira
BRASIL POLÍTICA
.
Maria Thereza S Petrone
A LAVOURA CANAVIEIRA EM SÃO PAULO
Simon Schwartzman
SÃO PAULO E O ESTADO NACIONAL
Hélgio Trindade
INTEGRALISMO
Fernando Uricoechea
O MINOTAURO IMPERIAL
Otávio Guilherme Velho
CAPITALISMO AUTORITÁRIO E CAMPESINATO
Maria José Werebe
GRANDEZAS E MISÉRIAS DO ENSINO NO BRASIL
Jorge Wilheim
SÃO PAULO METR ÓPOLE 65
Ji
Corpo e Alma do Brasil

SÉRGIO MICELI O perí odo coberto por este tra


balho vai desde a época dos pri
-
-
meiros movimentos de contesta ção
4
ao regime oligá rquico, passando
pela crise de hegemonia no in ício
dos anos trinta quando se defron -
tam diversas organizações “radi-

ntelectuais e Classe cais”, até o final do regime Var-


gas que inaugura a supremacia
política da elite burocrá tica. As
Dirigente no Brasil décadas de 20, 30 e 40 assinalam
transformações decisivas nos pla -
(1920-1945) nos económico ( crise do setor
agrícola voltado para a exporta -
ção, aceleração dos processos de
industrialização e urbanizaçã o,
crescente intervenção do Estado
em setores chaves da economia ,
etc.) , social ( consolidação da clas-
se operá ria e da fração de em-
presá rios industriais, expansão das
profissões de nível superior, de
técnicos especializados e de pes-
soal administrativo nos setores
pú blico e privado, etc.) , político

t ; ( revoltas militares, declínio polí


tico da oligarquia agrá ria, aber-
tura de novas organizações par-
tidárias, expansão dos aparelhos
-

do Estado, etc.) e cultural ( cria-


ção de novos cursos superiores,
expansão da rede de instituições
culturais públicas, surto editorial,
19114 etc.) .
( Cont . na outra dobra )
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INTELECTUAIS E CLASSE DIRIGENTE
NO BRASIL ( 1920 -1945 )

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S ÉRGIO MICELI

CORPO E ALMA
DO BRASIL Intelectuais e
Classe Dirigente
no Brasil
Direção do
Prof . FERNANDO HENRIQUE CARDOSO ( 1920 -1945)

DIFEL
LVII
Dezembro de 1979 São Paulo — Rio de Janeiro
1

SUM ÁRIO
Capí tulo I
— A transformação do papel pol í tico e cultural dos
intelectuais da oligarquia
Diferenciaçã o política c expansã o do campo de produ çã o ideol ógica
1

em São Paulo 1
Oswald de Andrade: dâ ndi e l íder estético do Partido Republicano
Paulista 13
Monteiro Lobato: anatoliano antimodernista 16
A derrota pol ítica da oligarquia 18
M á rio de Andrade: l íder intelectual do Partido Democrá tico . . . . . 24
Os escritores modernistas 26
Os “ primos pobres" 26
Os “ homens sem profissã o" 27
A situaçã o do mercado de diplomas no in ício dos anos 30 35
Hermes Lima : modelo de bacharel “livre” 41
O “ rearmamento" institucional da Igreja Católica 51
Os intelectuais reacioná rios 56
Capitulo II — A expansão do mercado do livro e a génese de um
grupo de romancistas profissionais 69
Pongetti : um editor imigrante dos anos 30 70
As caracter í sticas do “ boom" no mercado do livro 75
A situaçã o do mercado do livro 79
As desigualdades regionais e o mercado editorial 84
A hierarquia dos gêneros e as transformações do pú blico 85
1979 Perfil de investimentos dos editores nos diferentes gêneros 88
Os cronistas da “casa assassinada" 91
Direitos reservados para a l íngua portuguesa As caracter ísticas sociais dos romancistas 93
Nomadismo, desclassifica ção e feminização 97
DIFEL /DIFUSÃO EDITORIAL S.A.
Av. Vieira de Carvalho, 40 -
5.° andar
Nomadismo e mobilização do capital
O processo de feminização
9
101
»
- -
CEP 01210 Tels. 223 4619 e 223 6923 - Autodidatas e profissionais do trabalho literá rio 116
Vendas: Rua Marquês de Itu, 79 121
A situaçã o profissional dos romancistas
CF. P 01223 -
Telefone 221 7725
São Paulo
— SP
limi il » Proclamação, 226 - CEP 21040
Capí tulo IIt
— Os intelectuais e o Estado .
A constituiçã o de um mercado central de postos pú blicos
129
133
Tcl. 270-8088
Kio ilc Janeiro
—RJ
V
Condições materiais e institucionais dos funcion á rios p ú blicos . .. . 133
O novo estatuto das profissões liberais 140
A hierarquia salarial dos altos funcion á rios 142
Os dom í nios reservados aos intelectuais no serviço p ú blico 143
A elite intelectual e burocrá tica do regime 145
Os “ homens de confiança" 149
Os administradores da Cultura e Cia 152
As carreiras tradicionais 154
As novas carreiras técnicas 157
AGRADECIMENTOS
O Estado como á rbitro em assuntos culturais 158
Os educadores profissionais e os pensadores autoritá rios . 164 Este livro é fruto das teses de doutoramento que apresentei,
Joaquim Pimenta : a trajetória de um antigo militante . . . 172 primeiro, na Faculdade de Filosofia , Letras e Ciê ncias Huma -
-
Os escritores-funcion á rios c os funcion á rios escritores 178 nas da Universidade de Sã o Paulo e, depois, na Escola dc
Conclusões .
189 Altos Estudos em Ciências Sociais em Paris, ambas defen-
Bibliografia 199 didas em 1978. Agradeço, em primeiro lugar, aos meus compa -
nheiros da Fundação Get ú lio Vargas de Sã o Paulo, onde sempre
contei com amplo apoio material e institucional. A todos os
professores que participaram das bancas examinadoras aqui e
na Fran ça— Profs. Ant ônio Câ ndido de Mello e Souza , Leôncio
Martins Rodrigues, Luiz Carlos Bresscr Pereira , Maria do Carmo
Campello de Souza , Gabriel Cohn. Pierre Bordieu , Pierre Ansart
e Louis Marin — quero expressar meu agradecimento pela agu -
deza das quest ões e criticas formuladas, muitas das quais foram
incorporadas nesta versão. Aos Profs. Leôncio Martins Rodri -
gues e Pierre Bordieu , orientadores e amigos, devo boa parte do
que logrei fazer e por isso lhes sou imensamente grato. Os
Profs. Boris Fausto e Fernando Henrique Cardoso sã o os me-
cenas deste livro, mas lhes devo muito mais que isso. O fato
de o Prof . Antônio Câ ndido ter se disposto a fazer a apre-
senta ção deste trabalho constitui uma das melhores recompen -
sas de minha vida profissional .

vl vii
PREFACIO
Antonio Camlhlo
O que caracteriza a maioria dos pref ácios é a falta (lo nr
cessidade. Ou o prefaciador resume o livro, ou produz um ensaio
marginal a partir dele. Em ambos os casos pouco pode fazer
pelo texto, que vale ou n ão por si mesmo. O de Sé rgio M icei li
vale muito, e por isso toma o pref ácio mais do que in ú til .
Eu o li agora pela segunda vez numa versã o bastante reto-
cada e tive a mesma impressão favorá vel , a mesma ideia de que
está abrindo caminho novo na interpretação do papel dos inte-
lectuais na sociedade brasileira "contemporâ nea. De certo modo ,
em continua ção ao pequeno estudo do autor sobre os “ anatolia -
nos ” , designação feliz que na sua extrema condensa ção sem â n -
tica vale por um golpe de vista em profundidade .
Tanto l á como aqui estamos diante de um investigador tenso
e honesto, que procura levar a verdade o mais longe possí vel ,
num terreno escorregadio e cheio de armadilhas. Digo isto por-
que neste caso o autor acaba sendo també m objeto do estudo ;
pelo menos na medida em que pertencer ão que um proustiano
poderia por extensão talvez indevida mas sugestiva chamar a
“grande e lament á vel família ” dos intelectuais, todos mais ou
menos mandarins quando se relacionam com as institui ções , so-
bretudo p ú blicas ; e inoperantes se n ã o o fazem .
Sé rgio Micelli sabe disso muito bem e passa o devido recibo,
inclusive na conclusão do livro. Da í o seu inquérito ser tenso,
e quem sabe algo punitivo em relação à sua categoria.
Este estudo se filia à arriscada tendê ncia contemporâ nea
para a desmistifica çã o e as explicações por meio daquilo que
est á por baixo , escondido da consciência e da observa ção ime-
diata. Autodesmistifica çã o, no caso, porque tenta mostrar como
os intelectuais (isto é , ele e nós ) correspondem a expectativas
ditadas pelos interesses do poder e das classes dirigentes. Em
geral filhos dos grupos dominantes nos vá rios n í veis , ou da classe
ix
media pobre e abastada , eles recebem na maioria uma vantagem eu ainda posso sentir , mas ele já n ã o. Como quando menciona
de berço que lhes facilita singularmente a vida e que eles pro- que um pôde fazer bons estudos devido à situa ção folgada de
curam manter , ampliar ou recuperar. Por outro lado, como são sua fam ília mais ou menos aristocrá tica , e eu penso logo no
objeto de uma certa sacralização , reivindicam para si critérios protetor que na verdade os custeou .
especiais de avaliação, que sã o aceitos tacitamente como uma
espccie de pacto ideológico ( que Micelli procura denunciar ) . Se-
Quero dizer que a falta de perspectiva ainda n ã o me per -
mite superar o mi ú do, que atrapalha as generaliza ções ; atrapalha ,
gundo este pacto, sã o tratados como representantes do “espírito” perque freq ú entemente o detalhe não altera a explicação do
e por isso até certo ponto imunes de julgamentos que compro- conjunto. Micelli já pode fruir do distanciamento e dar forma
metam a “ nobreza ” da sua ação. Eles próprios n ão querem ser -
inteligível ao varejo, enquadrando o nas categorias explicadoras
apenas desfrutadores , porque quase sempre acreditam com since- do atacado. Para dizer melhor , ele ao mesmo tempo se beneficia
ridade no seu estatuto jeculiar ; e assim se plasmam personali- -
da perspectiva e contribui para defini la. O seu trabalho fun -
dades e categorias extremamente curiosas. O intelectual parece ciona sob este aspecto (e é um dos seus méritos) como estabe-
servir sem servir , fugir mas ficando , obedecer negando, ser fiel lecimento de nexos históricos explicativos.
traindo. Um panorama deveras complicado. Nesta batalha das interpretações ele nem sempre escapa ao
Se pensarmos na biografia de cada um , ca í mos na singula - risco de condenar em vez de compreender , embora o faça as
ridade dos casos e chegamos à conclusão inoperante que nenhum mais das vezes de maneira impl ícita ou lateral , como quando
é igual ao outro ; e ao respeitar a integridade do indivíduo, de- alude aos “ patrões ” dos intelectuais, deslizando com certa du-
sistimos de entender. Se subirmos ao raciocí nio genérico, dis- reza sobre a palavra mais cabível que seria “ patrono ”. Ou quan-
solvendo os indiv íduos na categoria , podemos manipular a rea - do reduz certo tipo de produçã o intelectual a um “alibi quase
lidade total com certo êxito, mas atropelamos demais a verdade perfeito” , por meio do qual eles se submetiam aos crit é rios da
singular. Este pecado n ão deixa de raspar pelo estudo de Micelli , cooptação oficial e tudo que da í decorre, fingindo trabalhar num
e é interessante observar como ele se sai ou procura se sair. n ível alto de generalidade desinteressada . É que no fundo a ati-
A sua maneira de trabalhar depende do que se poderia cha- tude de Micelli é polê mica , e talvez ele “ julgue ” mais do que
mar a forma ção da perspectiva histórica , no suceder de uma seria preciso.
geração pela outra . Ele fala de homens catalogados, quase sem -
pre remotos para ele , autores de livros que leu sem associ á -los A respeito caberia uma observaçã o sobre o perigo das an á-
à figura e ao gesto de quem os escreveu ; que se tornaram objeto lises deste tipo. que podem ser qualificadas para simplificar de
de informa çã o contra ou a favor , e que ele avalia por compa - “ ideológicas”. Falo do perigo de misturar desde o começo do
ração , por redução aos conceitos , conforme as necessidades de raciocínio a instâ ncia de verificaçã o com a instâ ncia de avaliação.
O papel social , a situação de classe , a dependência burocrá tica ,
argumentar . Numa palavra , Micelli já dispõe de uma perspec-
tiva temporal , que permite certo afastamento e , portanto, o olhar
a tonalidade pol ítica — tudo entra de modo decisivo na cons-
titui ção do ato e do texto de um intelectual . Mas nem por isso
sem paix ão e quem sabe sem “ piedade ”. Mais uns anos e quase vale como critério absoluto para os avaliar. A avaliação é uma
todos esses homens serão vinte linhas esquematizadas e arbitrá- segunda etapa e não pode decorrer mecanicamente da primeira .
rias numa enciclopédia , sem sopro nem movimento. Apesar da cautela metodológica e do esforço para ver com cla-
Mas eu n ã o os vejo assim , porque me formei olhando-os na reza , Micelli incorre por vezes nessa contaminação hermenê utica .
rua , nas fotografias de jornal , nas salas, no notici á rio e na refe- Talvez porque eu n ão tenha a devida perspectiva , que só se
rê ncia viva de terceiros. Tomei partido , julguei os seus atos em forma de uma gera ção para outra , como disse , sinto falta eje
fun ção dos meus, orientei os meus pelos deles. Portanto n ã o distinção mais categórica , e sobretudo teoricamente fundamen-
consigo vê-los de longe e , às vezes, nem aceitar como verdade tada , entre os intelectuais que “ servem ” e os que “ se vendem ”.
manipul á vel intelectualmcnte os dados das suas biografias e aulo- Com efeito são duas modalidades de dependência ( e h á
liiogrufias . N ão é raro eu sorrir quando Micelli se funda para graus de combinação entre elas ) ; não separá-las com clareza pode
aqmmcntar cm informações desse tipo, cujo grau de alteração projetar injustamente o plano da verifica ção sobre o plano da

xi
INTRODUÇÃO
Este trabalho trata das rela ções entre os intelectuais e a
classe dirigente no Brasil e das estratégias de que lançaram
mão para se alçarem às posições criadas nos setores p ú blico
e privado do mercado de postos entre 1920 e 1945 m . Os
três cap ítulos do livro cobrem os principais setores em ex-
pansão no â mbito do mercado de trabalho onde concorriam os
postulantes às carreiras intelectuais: 1 ) as organiza ções par -
tid á rias e as instituições culturais dependentes dos grupos di -
rigentes de Sã o Paulo, bem como as frentes de mobiliza ção
pol í tica e ideológ ca onde se refugiaram in ú meros intelectuais
até entã o vinculados à oligarquia (o movimento integralista e
o circuito de entidades filiadas à Igreja Católica ) ; 2) o mercado
do livro cujo florescimento resultou da constituição de um
novo pú blico composto de funcioná rios, profissionais liberais,
efetivos das carreiras docentes, empregados do setor priva -
.
do etc., grupos cujo tamanho e import â ncia tendiam a aumen -
tar cada vez mais em função da industrializaçã o e da urbani -
za çã o; 3) por fim. o serviço p ú blico onde uma quantidade
apreciá vel de postos foram entregues aos intelectuais, escri-
tores e artistas.

(1 ) Este trabalho deve muito mais à leitura de estudos a respeito


da vida intelectual em outras formações sociais do que ao projeto de
pô r à prova um determinado modelo teó rico. A rigor, a constru çã o
do argumento se obstina cm dctcctar as peculiaridades da condi ção
intelectual na sociedade brasileira, o que n ã o deixa de ser uma resposta
positiva à s an á lises de Gramsci sobre a It á lia , de Bourdieu sobre a
Fran ça contemporâ nea, de Williams sobre os escritores ingleses, de
Kingcr sobre o mandarinato alemão, para indicar apenas alguns do# '

autores que se colocam na raiz dos problemas aqui abordados. Assim ,


poder-se-ia filiar este trabalho à tradiçã o de uma hist ó ria social das
classes encaradas do â ngulo de sua din â mica interna, vale dizer, dos
processos que dão conta tanto dos padrões de identidade e do estilo mm
de vida como das mudan ças e clivagens que presidem sua diferenciação
em grupos e frações especializados.

.rv
O desenvolvimento das instituições culturais, das organi-
za ções pol íticas e da m á quina burocr á tica traduz, em ampla volveu o campo de produçã o cultural em Sã o Paulo, sobre -
medida , as transforma ções por que passavam ent ão as rela ções tudo após a derrota política da oligarquia em 1930. Apro -
entre os diversos grupos dirigentes e, de outro lado, reflete -
veitando se dessa conjuntura adversa no plano interno que se
agravou ainda mais com os reflexos da crise de 1929, as dissi -
as demandas dos produtores e consumidores de bens culturais
cujo mercado estava em vias de se consolidar. Assim , se é d ê ncias oligá rquicas dos estados do Rio Grande do Sul e de
verdade que as principais fra ções da classe dirigente ( a elite -
Minas Gerais, aliando se a elementos militares descontentes
c contando com o apoio de outros gTupos dominantes regio -
burocrá tica , o pessoal político associado às frações economi-
camente dominantes, a cú pula eclesiá stica, etc.) se empenha - nais empenhados em liquidar a supremacia paulista , constitu í -
ram em preservar e ampliar sua presen ça tanto no campo da$ ram uma frente ú nica e lograram derrubar os dirigentes do
institui ções polí ticas como no campo da produçã o cultural, antigo regime. Nã o obstante, as lutas pol í ticas e ideol ógicas
n ã o resta d ú vida de que as transformações ocorridas no mer - do in ício dos anos 30 tiveram como pano de fundo as tentati -
cado de bens culturais sã o indissociá veis da situa çã o material vas de reunifica çã o e de reaçã o a que se lançaram os antigos
e social das fam ílias da classe dirigente onde eram recrutadas grupos dirigentes. Embora tivesse sido vencida em 1932 pelos
as diversas categorias de intelectuais. militares fiéis à nova coalizão que se apoderara do governo
central, a frente ú nica paulista tenta repetidas vezes ao longo
As transformações sociais e polí ticas dos anos trinta reassumir o controle do Estado por vias elei -
torais.
O período coberto por este trabalho vai desde a época
Assim como as cisões polí ticas surgidas no interior da
dos primeiros movimentos de contestaçã o ao regime oligá r
quico, passando pela crise de hegemonia no in ício dos anos
- oligarquia haviam alterado drasticamente as modalidades de
trinta quando se defrontam diversas organizações “ radicais”, colaboraçã o dos intelectuais com o poder mesmo antes de
1930, n ão h á d ú vida de que as tentativas feitas pela oligar -
at é o final do regime Vargas que inaugura a supremacia po - quia no in ício dos anos trinta com vistas a recuperar o poder
l í tica da elite burocrá tica. As d écadas de 20, 30 e 40, assi
nalam transformações decisivas nos planos económico (crise
- central estão na raiz de uma sé rie de empreendimentos cul-
do setor agr ícola voltado para a exporta çã o, aceleração dos turais em â mbito regional e do surto de organiza ções “radi -
processos de industrializaçã o e urbaniza ção, crescente inter- cais” de direita a que se filiaram diversos jovens políticos e
ven çã o do Estado em setores chaves da economia, etc.) , social intelectuais desejosos de escapar por esta via ao destino de
( consolida çã o da classe operá ria e da fraçã o de empresá rios seus antigos patrões da oligarquia. Nesse sentido, n ã o se pode
industriais, expansão das profissões de nível superior, de téc- dissociar o “rearmamento” institucional da Igreja católica e
nicos especializados e de pessoal administrativo nos setores a cria çã o de um partido nacional de direita ( “ Açã o Integra-
p ú blico e privado, etc.) , político ( revoltas militares, decl ínio lista Brasileira” ) das amea ças que passou a representar a cres-
pol í tico da oligarquia agrá ria, abertura de novas organiza ções cente interven ção do Estado em dom ínios de atividade cuja
partid á rias, expansã o dos aparelhos do Estado, etc.) e cultural gest ã o fora até ent ã o reservada exclusivamente aos elementos
(cria çã o de novos cursos superiores, expansã o da rede de pol íticos e intelectuais designados pelos grupos dirigentes do
instituições culturais p úblicas, surto editorial, etc.) . antigo regime.
Os ú ltimos dez anos do antigo sistema republicano foram Diversa mente dos partidos republicanos que cingiam sua
um per íodo de crise aguda em que o poder oligá rquico esteve jurisdiçã o ao â mbito estadual, o partido “ integralista ” e a Liga
a bra ços com numerosas facções dissidentes que tentaram se Eleitoral Católica se destacam entre as primeiras organizaçõeá
organizar através de partidos “oposicionistas”, com insurrei- pol í ticas que ampliaram sua escala de opera çã o a n í vel na -
ções lideradas pelos tenentes que contestavam a legitimidade cional. mobilizando categorias sociais que os grupos dirigen -
do regime, e com movimentos reivindicativos dos trabalhado - tes do antigo regime haviam exclu ído do campo de represen
ta çã o política. Nestes termos, a sobrevivência política da
-
res. Ê nesse contexto de crise social e política que se desen - Igreja enquanto “ partido” e do partido integralista dependia ,
xvi
xvii
em ú ltima inst â ncia , do destino reservado aos antigos grupos I \ mudanças no mercado de trabalho intelectual
dirigentes. O golpe de Estado perpetrado por Vargas e. pelos
militares d á cabo das esperan ças revanchistas da oligarquia, Se na Primeira Repú blica o recrutamento dos intelectuais
desmantela suas bases polí tico- partid á rias e aniquila as pre- se realizava em fun çã o da rede de relações sociais que estavam
tensões de suas “extensões” radiciais ( o partido integralista em condições de mobilizar e as diversas tarefas de que se
e o “ partido” da Igreja ) . A nova coalizã o de forças a frente incumbiam estavam quase inteiramente a reboque das deman -
do Estado procura , de um lado, guardar dist â ncia em rela çã o das privadas ou das instituições e organiza ções da classe do-
aos antigos grupos dirigentes e, de outro, imprimir suas mar- minante, a cooptaçã o das novas categorias de intelectuais con -
cas em todos os dom ínios de atividade ligados ao trabalho de tinua dependente do capital de relações sociais mas passa cada
dominaçã o, mormente nos diversos n í veis do sistema de en - vez mais a sofrer a media ção exercida por trunfos escolares
sino e no campo da produ çã o e difusã o cultural. c culturais cujo peso é tanto maior quanto mais se acentua
a concorrência no interior do campo intelectual ( 2 ' .
Ali ás, os mesmos grupos sociais em expansã o nos gran - Do momento em que outros grupos sociais começam a
des centros industriais e administrativos do pa ís ( os funcio
n á rios pú blicos, os trabalhadores, etc. ) e de cujo apoio pas-
- fazer valer suas demandas por bens culturais e à medida que
sou a depender a nova coalizã o de forças que detinha o con - a elite burocr á tica passa a dispor de recursos financeiros e
trole do Estado, favoreceram a constituiçã o de um mercado institucionais que lhe permitem subsidiar uma cultura e uma
de bens culturais relativamente autónomo tanto em rela çã o arte oficiais, as possibilidades de acesso ao mercado de tra -
aos antigos grupos dirigentes e aos seus mecenas privados balho intelectual n ão se restringem mais às exigências ditadas
( como os que haviam subsidiado o movimento modernista em pelas preferê ncias e opções das antigas classes dirigentes em
maté ria de importa çã o cultural. Da í por diante, o campo das ins-
Sã o Paulo) como em rela çã o à s inst â ncias pol íticas e religio- tituições e dos grupos cujas decisões repercutem sobre a “substitui -
sas (o Estado, a Igreja , os principais órgã os de imprensa , etc. ) çã o de importa ções” no plano cultural tende a se diversificar de
interessadas em impor suas diretrizes à produção cultural. A maneira considerá vel, envolvendo desde os mecenas ( as famí-
despeito dos crescentes investimentos dessas inst â ncias no cam - lias cultas, as autoridades pú blicas, as editoras, a Igreja, os
po da produ ção cultural e do papel decisivo que as autorida - executivos e administradores das instituições culturais, etc.) ,
des pú blicas passaram a desempenhar em relaçã o às atividades passando pelas diferentes faixas do p úblico ( os estudantes dos
culturais e art ísticas, quer enquanto “ patrões” quer enquanto novos cursos superiores, os integrantes das novas carreiras do-
promotoras de canais pró prios de difusã o e consagração da centes, etc.) , pelos produtores ( os romancistas profissionais,
produçã o intelectual, nada disso impediu a expansã o do mer- os autores de romances femininos, de livros infantis e de ou -
cado do livro que propiciou a formaçã o de uma categoria de tros gêneros de importa çã o recente, os escritores e artistas ofi-
romancistas profissionais. ciais, etc.) , até o impacto causado pela difusã o maciça de

Em suma , a abertura de novas frentes de colaboraçã o ( 2 ) Embora fosse viável aprontar uma definiçã o prévia do objeto
com o sistema de poder que ent ã o se firmava , as feições ins- segundo os câ nones teóricos da aná lise materialista, estou convencido
titucionais que assumiu a tutela da produçã o intelectual e o de que proezas desse gê nero acabam descolando os instrumentos de
an á lise dos materiais sobre os quais deverá investir. Como o leitor
fato de o Estado ter se destacado como o principal investidor terá a oportunidade de constatar, a definiçã o do que seja o fazer in -
e a principal inst â ncia de difusã o e consagração no campo telectual numa determinada conjuntura constitui, por si só, um dos
da produ çã o cultural, sã o alguns dos processos que fazem m óveis centrais que impulsionam a concorrência entre os diversos tipo#
do estudo desse per íodo um passo importante para esciarecer de produtores em luta pela monopolizaçã o da autoridade de legislar em
maté ria cultural . Por outro lado, a possibilidade de solucionar dc an -
os dilemas que hoje enfrentamos na qualidade de herdeiros de temã o esse problema implicaria em lidar apenas com as repr sentações
uma tradi çã o que pesa tanto mais enquanto n ã o nos dispu- que os intelectuais dominantes oferecem de si mesmos, logram, j o temo
sermos a encar á - la de frente e a refrear a dosagem de clichés dc reduzir as relações que mantêm com seus patrocinadores e com seu
pú blico, aos modelos de perfeiçã o ética , estética e pol ítica , de que se
na aprecia ção de seu legado. valem no trabalho de administrar sua imagem oficial .

xviii xix
artigos culturais de origem norte-americana no â mbito do mer - litm í lias que est ã o era condições de transmitir aos filhos um
cado internacional. Nã o obstante, certos mecanismos de regu - i crio montante de capital social e cultural vari á vel conforme
la çã o, como por exemplo a situa çã o do mercado de diplomas o grau de proximidade dessas fam ílias da fra çã o culta da clas-
escolares, as demandas do pú blico quanto aos gê neros de se dominante.
maior ê xito comercial, a expansã o ou a obstru çã o de deter
minadas carreiras profissionais, també m condicionam a pro-
- As estratégias das farrúlias dos escritores
porçã o de lugares dispon í veis no mercado de postos adminis - A maioria dos intelectuais desse per íodo pertencia a fam í -
trativos, técnicos e intelectuais, em rela çã o à quantidade de
postulantes que dispõem dos trunfos de toda ordem ( sociais, lias de “ parentes pobres” da oligarquia , ou ent ã o, a fam í lias
escolares e culturais ) capazes de viabilizar suas pretensões a de longa data especializadas no desempenho dos encargos po-
esses cargos. l í ticos e culturais de maior prest ígio. Assim , as disposições
manifestadas pelos diferentes tipos de intelectuais em termos
As tarefas cumpridas nas organiza ções políticas e nas ins - de carreira parecem indissociá veis da história social de suas
tituições culturais em Sã o Paulo, os encargos assumidos no fam ílias. Enquanto os escritores pertencentes aos ramos des -
serviço público e as atividades desenvolvidas no mercado edi - titu ídos, às voltas com penosas experiências de “ desclassifica -
torial, correspondiam a modalidades distintas de mecenato que çã o” social, parecem bastante propensos a investir nas á reas
implicavam, por sua vez, em formas diferentes de retribuiçã o. c gê neros mais arriscados da produ çã o intelectual (o romance
Os escritores participantes do movimento modernista em São social e/ou introspectivo, as ciências sociais, etc.) , os herdeiros da
Paulo foram beneficiados pelo mecenato burguês exercido di
retamente por fam í lias abastadas e cultas, ao passo que os
- fraçã o intelectual da classe dominante se orientam para as
modalidades de trabalho intelectual mais rent á veis e gratifi-
intelectuais cooptados para o serviço pú blico acabavam se cantes no campo do poder ( pensamento político, arrazoados e
filiando às “ panelas" comandadas pelos dirigentes da elite pareceres jur ídicos, etc.) . A distribuição dos agentes propen-
burocrá tica. Os romancistas foram os ú nicos a negociarem a sos a uma carreira intelectual pelas diferentes carreiras possí -
venda de suas obras no mercado do livro, embora alguns deles
tivessem tirado proveito, ao menos durante certo período, da veis nessa conjutura vai depender, de um lado, da posição em
reserva de mercado que a filia çã o a organizações pol íticas de que se encontram as fam ílias desses futuros intelectuais em
direita ou de esquerda tende a garantir. De qualquer modo, rela çã o ao polo dominante da classe dirigente e, de outro, do
as possibilidade de acionar o capital de rela ções sociais ao montante e dos tipos de capital escolar e cultural disponível
alcance dos intelectuais são tanto maiores quando o acesso conforme o setor da classe dirigente a que pertencem . Nestas
ao campo da produ çã o cultural fica mais a crit ério das fam í - condições, alguns deles ( os “parentes pobres” ) parecem mais
lias ( o mecenato paulistano) do que das instituições ( os fun - inclinados a barganharem seus trunfos exiguos em troca de
cion á rios-escritores ) , e tanto menores quando a produ çã o in - ref úgios profissionais ao passo que os demais buscam repro-
telectual é mais especializada e n ão se presta à diversidade
das á reas de aplica çã o caracter ística dos pol ígrafos anatolia -
duzir as posições de suas fam ílias no interior da pró pria fra -
çã o intelectual ( os “ herdeiros” ) ( 4 ).
nos w.
Embora a expansã o do campo editorial e a amplia çã o das ( 4 ) Contudo, alguns dos “candidatos” às profissões intelectuais
oportunidades de ingresso no serviço pú blico tenham influ ído mais carentes de trunfos sociais e escolares foram por vezes bem su-
consideravelmente para a transformação das condições do tra - cedidos nas á reas e gêneros mais arriscados da vida intelectual ao
passo que outros “ postulantes” bem dotados socialmcnte assumi raftn
balho intelectual vigentes na Repú blica Velha , as possibilida - encargos intelectuais de prest í gio declinante. Vale dizer, embora a
des de acesso às profissões intelectuais continuam a depender, probabilidade de assumir fun ções intelectuais de grande prest í gio seja
em medida significativa , das estratégicas de reconversã o das tanto maior quanto mais elevado o montante de capital social c escolar ,
as exigê ncias do trabalho de dominação atra í ram por vezes para as
(3) Ver Sé rgio Miceli, Poder , senso e letras na Repú blica Velha novas carreiras c profissões alguns dos agentes relativamente carentes
( estudo cl í nico dos anatolianos ), Sã o Paulo, Perspectiva, 1977. dessas modalidades de capital.

XX xxi
artigos culturais de origem norte -americana no â mbito do mer - fimi í lias que estã o era condições de transmitir aos filhos um
cado internacional. N ã o obstante, certos mecanismos de regu - certo montante de capital social e cultural variá vel conforme
la çã o, como por exemplo a situa çã o do mercado de diplomas o grau de proximidade dessas fam ílias da fra çã o culta da clas-
escolares, as demandas do pú blico quanto aos gê neros de se dominante .
maior ê xito comercial, a expansã o ou a obstru çã o de deter
minadas carreiras profissionais, também condicionam a pro-
- As estratégias das familias dos escritores
porçã o de lugares dispon í veis no mercado de postos adminis - A maioria dos intelectuais desse per íodo pertencia a fam í-
trativos, técnicos e intelectuais, em rela çã o à quantidade de
postulantes que dispõem dos trunfos de toda ordem ( sociais, lias de " parentes pobres” da oligarquia , ou ent ã o, a fam í lias
escolares e culturais ) capazes de viabilizar suas pretensões a de longa data especializadas no desempenho dos encargos po-
esses cargos. l í ticos e culturais de maior prest ígio. Assim, as disposições
manifestadas pelos diferentes tipos de intelectuais em termos
As tarefas cumpridas nas organizações políticas e nas ins- de carreira parecem indissociá veis da história social de suas
tituições culturais em Sã o Paulo, os encargos assumidos no fam ílias. Enquanto os escritores pertencentes aos ramos des-
serviço público e as atividades desenvolvidas no mercado edi - titu ídos, às voltas com penosas experiências de “ desclassifica-
torial, correspondiam a modalidades distintas de mecenato que çã o” social, parecem bastante propensos a investir nas á reas
implicavam, por sua vez, em formas diferentes de retribuiçã o. e gê neros mais arriscados da produ çã o intelectual (o romance
Os escritores participantes do movimento modernista em São social e/ou introspectivo, as ciências sociais, etc.) , os herdeiros da
Paulo foram beneficiados pelo mecenato burgu ês exercido di - fraçã o intelectual da classe dominante se orientam para as
retamente por fam í lias abastadas e cultas, ao passo que os modalidades de trabalho intelectual mais rent á veis e gratifi -
intelectuais cooptados para o serviço pú blico acabavam se cantes no campo do poder ( pensamento polí tico, arrazoados e
filiando às “ panelas” comandadas pelos dirigentes da elite pareceres jur ídicos, etc.) . A distribuição dos agentes propen-
burocrá tica . Os romancistas foram os ú nicos a negociarem a sos a uma carreira intelectual pelas diferentes carreiras possí-
venda de suas obras no mercado do livro, embora alguns deles
tivessem tirado proveito, ao menos durante certo período, da veis nessa conjutura vai depender, de um lado, da posiçã o em
reserva de mercado que a filia çã o a organizações pol íticas de que se encontram as fam ílias desses futuros intelectuais em
direita ou de esquerda tende a garantir. De qualquer modo, rela çã o ao pólo dominante da classe dirigente e, de outro, do
as possibilidade de acionar o capital de rela ções sociais ao montante e dos tipos de capital escolar e cultural disponí vel
alcance dos intelectuais são tanto maiores quando o acesso conforme o setor da classe dirigente a que pertencem. Nestas
ao campo da produçã o cultural fica mais a crit é rio das fam í - condições, alguns deles ( os “parentes pobres” ) parecem mais
lias ( o mecenato paulistano) do que das instituições ( os fun - inclinados a barganharem seus trunfos exiguos em troca de
cion á rios-escritores ) , e tanto menores quando a produ çã o in - ref ú gios profissionais ao passo que os demais buscam repro-
telectual é mais especializada e n ão se presta à diversidade
das á reas de aplica çã o caracter ística dos pol ígrafos anatolia -
duzir as posições de suas fam ílias no interior da pró pria fra -
çã o intelectual (os “ herdeiros” ) ( 4 ).
nos (3).
Embora a expansã o do campo editorial e a amplia çã o das ( 4 ) Contudo, alguns dos “candidatos” às profissões intelectuais
oportunidades de ingresso no serviço pú blico tenham influ ído mais carentes de trunfos sociais e escolares foram por vezes bem su-
consideravelmente para a transformaçã o das condições do tra - cedidos nas á reas e gêneros mais arriscados da vida intelectual ao
balho intelectual vigentes na Repú blica Velha , as possibilida - passo que outros “ postulantes” bem dotados socialmcnte assumiram
encargos intelectuais de prest í gio declinante. Vale dizer, embora a
des de acesso às profissões intelectuais continuam a depender, probabilidade de assumir fun ções intelectuais de grande prestigio seja
em medida significativa , das estratégicas de reconversã o das tanto maior quanto mais elevado o montante de capital social c escolar ,
as exigê ncias do trabalho de dominaçã o atrairam por vezes para as
( 3) Ver Sé rgio Miceli, Poder , senso e letras na Repú blica Velha novas carreiras c profissões alguns dos agentes relativamente carentes
( estudo cl í nico dos anatolianos ), Sã o Paulo, Pcrspcctiva, 1977. dessas modalidades de capital.

XX xxi
Ademais, tais condicionamentos se estendem às modali- rentes tipos de intelectuais ( s *. Tais gêneros possibilitam apre -
dades de inicia çã o no trabalho intelectual. Os “ parentes po- ender tanto as rela ções objetivas entre as posições ocupadas
bres” da oligarquia se familiarizam com o trabalho simbólico pelas diversas categorias de intelectuais no interior do campo
à medida que se vêem relegados ao universo das prá ticas e de produ çã o cultural, e as determina ções sociais, escolares e
valores femininos de sua classe, onde se sujeitam à aprendiza - culturais a que est ã o expostos, como as representa ções que os
gem do trato com os princípios do estilo de vida e do gosto intelectuais mantêm com seu trabalho e, por esta via , com as
dos grupos dirigentes. Os “herdeiros ” da fraçã o intelectual, demandas que lhes fazem seus mecenas e seu pú blico.
por sua vez, entram em contacto com as profissões intelec-
tuais através das instituições que se incumbem , em bases pro- Alé m dos dados biográ ficos relativos à origem social, à
fissionais, da forma ção das novas gera ções de assessores e escolaridade, à trajetória profissional e à produ ção intelectual,
homens pol íticos ( os estabelecimentos de ensino superior nos materiais também encontradiços, de maneira dispersa , em ou -
ramos liberais, as organiza ções pol ítico- partid á rias, etc.) . tras fontes da história e da crítica literá ria ( manuais, antolo
gias, dicionários biográ ficos, volumes de homenagem, preitos
-
Como os intelectuais nessa conjuntura são quase todos de reconhecimento póstumo, etc.) , as memórias e as biografias
recrutados num círculo de fam ílias vinculadas a t ítulos diver
sos à classe dominante, a definiçã o da atividade intelectual só
- revelam certas experiências mediante as quais os intelectuais,
mesmo sem o saber, buscam justificar sua “voca ção”, ou me-
assume plena significa ção quando contraposta à s diversas car - lhor. se empenham em reconstituir as circunst âncias sociais
reiras dirigentes (desde os propriet á rios, passando pelos pro- que, no seu entender, se colocam na raiz de suas inclinações
fissionais liberais, até os políticos profissionais ) e às demais
carreiras ligadas ao trabalho de domina ção ( as carreiras mi-
para as profissões intelectuais. Se os intelectuais insistem tan -
to em descrever as circunst âncias em meio as quais se sentiram
litar e eclesiástica ) que também atraem às suas fileiras agen - atra ídos pelo trabalho simbólico, quase sempre evocando per -
tes relegados de forma ainda mais intensa no ramo dos “ pa - sonagens ( um parente, um professor de primeiras letras, um
rentes pobres”. Em outras palavras, as profissões intelectuais padre, um letrado amigo da família ) que pela primeira vez
constituem um terreno de ref úgio reservado aos herdeiros das lhes teriam profetizado um futuro como artistas ou escritores,
fam ílias pertencentes à fra çã o intelectual e, sobretudo, aos dedicando pá ginas sem conta ao relato de suas experiências
filhos das fam ílias em declínio. Esses ú ltimos, tendo podido de iniciaçã o cultural ( na escola , na igreja , nas brincadeiras, etc.)
se livrar das ameaças de rebaixamento social que rondavam como se tais “fa çanhas” fossem ind ícios daquilo que viriam
os seus, tiveram a oportunidade de se desgarrarem de seu am - a ser, é porque n ã o conseguem ocultar de todo os rastos que
biente de origem e, ao mesmo tempo, de objetivarem através possibilitam reconstruir as determina ções propriamente sociais
de seus escritos essa experiência peculiar de distanciamento de sua existência.
em relaçã o à sua classe. Em suma , n ã o se pode dissociar as
disposições favorá veis ao trabalho intelectual das experiências Sem d ú vida , a constru çã o de um modelo coletivo com base
sociais que moldaram tais disposições. na an á lise das varia ções de trajet ó rias individuais envolve alguns

(5 ) Como n ão existem recenseamentos envolvendo o conjunto de


As fontes escritores do per íodo cm questã o, ou sequer o conjunto de escritores
de uma determinada corrente ou escola , optei pelo levantamento da
No intuito de vincular o espa ço das oportunidades que quase totalidade das memórias c biografias de escritores atuantes entre
ent ã o se abriam no â mbito das instituições culturais, no ser - 1920 e 1945. Os t í tulos dessas obras foram compulsados em volumes
viço p ú blico, no mercado editorial, etc., ao cí rculo das fam í - de referê ncia ou em repert ó rios de fontes para a hist ó ria do Brasil ,
lias da classe dirigente que, por disporem de um m ínimo de -
tcndo sc procurado preencher os claros dessas listas por levantamentos
em bibliotecas pú blicas, por consulta a bibliografias, a obras de hist ó ria
capital social, escolar e cultural, estavam em condições de literá ria c a catá logos de sebos, etc. O levantamento comportou apro-
reivindicar tais oportunidades em favor de seus filhos, utili -
zei , como fontes privilegiadas, as memórias, os di á rios í ntimos,
ximadamente 110 memó rias e 50 biografias. Os materiais biográ ficos
coligados em mem ó rias c biografias foram confrontados àqueles cons-
tantes de dicioná rios biográficos, obras de histó ria literá ria , de histó ria
os volumes de correspond ê ncia , as biografias, etc., dos dife - das idé ias, coletâ neas de entrevistas e volumes de depoimentos.
xxii xxiii
riscos que resultam , em ampla medida , dos limites impostos pelo
material dispon ível. Vale dizer, a seleçã o prévia dos casos para
-
aproveitaram do gê nero para escreverem sua obra prima que
pudesse firmar uma posiçã o de prest ígio que n ã o estavam segu-
- -
an á lise n ã o consegue desvencilhar se completamente das leis ine
rentes à produ çã o intelectual , fazendo com que certas categorias
ros de haver logrado com sua produ çã o anterior. Correram
esse risco, entre outros, Gilberto Amado, Afonso Arinos de
de escritores sejam propensas a escrever suas mem órias e que
outras se prestem como objetos de um culto póstumo através
Melo Franco, Pedro Nava , Paulo Duarte, etc., todos eles empe
nhados em conferir às suas mem ó rias o valor de documento
-
de biografias. Como já tive oportunidade de salientar ( “ >, o viés hist órico e testemunho de uma é poca . Quase todos se lançaram
que a utiliza çã o dos materiais ccligidos nessas fontes pode in - nessa empreitada de um grande afresco onde o itinerá rio auto-
fundir na an á lise é tanto maior quando n ã o se consegue discer - biográ fico faz as vezes de um ponto de vista sereno e objetivo
-
nir os princí pios que disciplinam a prá tica de tais gê neros. Tra a respeito dos “destinos” paralelos de uma fam í lia , de uma
-
ta se, na verdade, de dois tipos de instrumentos que oferecem geraçã o, de uma classe, de uma na çã o e, por esta via , de toda
informa ções a respeito de categorias de escritores que ocupam a sociedade. Tendo como alvo a reconstituiçã o da hist ória social,
momentâ neamente posições diferentes no campo intelectual, quer pol ítica e cultural de toda uma época , o relato autobiogr áfico
em fun çã o do nível de consagra çã o de que desfrutam os prati - assume os contornos de trajetória exemplar, às voltas com os
cantes desses gêneros ou do montante de gratificações que pro
porciona a prá tica dos mesmos, quer em fun çã o do grau de
- dilemas morais, intelectuais e políticos, com que se defrontaram
os companheiros dos bancos escolares, das primeiras lides polí-
eufemizaçã o que permeia o relato autobiográfico ou a apologia ticas, e os contemporâ neos de gera çã o de seus autores.
biográ fica.
Os intelectuais consagrados em vida somente praticam o
Seja como for, a prá tica desses gê neros obedece aos mes - gênero em circunstâ ncias especiais, seja aos primeiros sintomas
mos princí pios em que se funda a divisã o do trabalho intelectual, de uma baixa na cotaçã o de seu prestígio ou de sua autoridade
cabendo aos autores consagrados a parte do leã o e aos epígonos “espiritual”, seja pela oportunidade de converterem sua hist ó-
a sina de verem suas obras rebaixadas como fontes para do- ria de vida em matéria - prima de um tratamento estético, seja
cumenta çã o da vida intelectual. As biografias tratam quase enfim porque desejam exibir seu virtuosismo no of ício de escri-
sempre de escritores que se consagraram ainda em vida , ou tor. Quanto aos primeiros, em geral intelectuais que fizeram uma
entã o, de autores relegados em vida e que sã o repostos em carreira pol ítica bem sucedida , a reda ção das memórias coincide
circula çã o por conta das estrat égias de combate a que recorrem com seu afastamento do cen á rio político, o que ocorre quase
certas igrejas literá rias em conjunturas posteriores do campo sempre muito tempo depois de se verem no ostracismo intelec-
intelectual. As mem órias, por sua vez, constituem um gênero tual. José Maria Bello, Fernando de Azevedo, Cândido Motta
de investimento praticado por diversas categorias de escritores. Fiho, José Américo de Almeida, Cassiano Ricardo, etc., se
O grupo dos memorialistas abrange, numa primeira leva , situam entre os praticantes dessa variante nostá lgica, espécie
alguns autores bissextos, n ã o profissionais, cuja aura de escri- de canto de cisne com que pretendem dar o fecho de “ uma vida
tores “ malditos” ou “dif íceis” lhes garante uma reputa çã o ina- inteira dedicada à causa p ú blica ”.
tacá vel, de liquidez restrita ao pró prio ambiente intelectual e Para uma outra categoria de escritores consagrados, em
que se nutre dos ju ízos proferidos por seus pares, e mais uns
poucos polígrafos e políticos profissionais para os quais a ela -
geral romancistas ou poetas, a elaboraçã o das mem ó rias cons -
titui a oportunidade de reafirmarem o dom ínio completo do
bora çã o das mem órias constitui o empreendimento m á ximo em of ício de escritor. Nos casos de Graciliano Ramos, José
termos de carreira intelectual. Essas categorias de escritores Lins do R êgo, Augusto Meyer, Cyro dos Anjos, Gilberto,
dividiram suas memórias em in ú meros volumes que exigem dos Freyre, etc., a inf â ncia , ou entã o, os primeiros anos da moci-
leitores uma disposi ção semelhante à quela que preside ao con -
sumo dos romances em folhetim . Em geral, esses escritores se
dade, sã o os ú nicos períodos da vida que se dispõem a reme
morar. Decerto porque a impossibilidade de suprir as lacunas
-
desses períodos favorece um tratamento eminentemente poético
(6 ) . .
Ver Sé rgio Miceli, op cit . pp. 15 /17. dos episódios e figuras que pontuam a trama . E dado que 'essa

XXi v XXV
modalidade narrativa lhes dispensa de restituir as determinações cimento de seu m érito intelectual. Aliás, in ú meros dentre os
prosaicas do ambiente familiar de quando eram crian ças, esses memorialistas desse ú ltimo grupo também redigiram biografias
escritores sentem-se à vontade ao reivindicarem para suas me- de escritores célebres, o que nã o deixa de ser uma maneira de
mórias uma aprecia ção fundada exclusivamente em crit é rios tentar impor sua “ presen ça ” por procuração.
esté ticos. Se, por um lado, os procedimentos de eufemiza çã o a Os procedimentos aqui adotados parecem afastar das ma-
que sujeitam sua hist ória de vida dificultam o rastreamento lhas da investiga çã o aqueles autores consagrados que nã o devem
das media ções pr á ticas que se colocam na raiz de sua habilita - sua reputação às memórias e tampouco à reverência biográfica .
çã o para o trabalho intelectual, por outro lado, tendem a privi - Ao contrá rio dos memorialistas t í picos que assumem diretamente
legiar certos eventos que prenunciam a gé nese social de uma o trabalho de autoconsagra çã o, as grandes figuras do mundo
“sensibilidade” de escritor. Ainda nessa categoria se incluem intelectual deixam a cargo de intelectuais subalternos a tarefa
alguns escritores consagrados, quase sempre romancistas ou de decifrar suas obras silenciando, tanto quanto possível, a res-
críticos literá rios, que investiram bastante na elabora çã o de peito de seus condicionamentos sociais. A relaçã o que eles
di á rios e jornais í ntimos, através dos quais procedem a uma mantêm com o gê nero memórias é idêntica à “ recusa conscien -
espécie de fenomenologia do of ício de escritor, acentuando aque- te” de concorrerem às eleições para a Academia Brasileira de
les episódios premonitórios que, no seu entender, repercutiram Letras, vale dizer, podem se dar ao luxo de desprezar comendas
decisivamente sobre as características de seu estilo ( L úcio Car - institucionais que por vezes sã o concedidas como paga de ser -
doso, etc.) . viços polí ticos. Estando dispensados de recorrer ao gênero a
Contudo, uma parcela importante dentre os memorial istas nã o ser nas circunst â ncia já mencionadas, os autores consagra -
sã o os epígonos de uma época , de uma escola literá ria , de um dos, tomados cl ássicos ainda em vida , constituem o objeto de
gênero, escritores que se viram praticamente alijados dos preitos narrativas biográficas onde tudo se passa como se fossem os
usuais de reconhecimento e das formas mínimas de gratificaçã o beneficiá rios de um processo de acumula ção de “espiritualidade”
que propicia a vida intelectual. Essa condiçã o de intelectuais ao cabo do qual o “criador ” suplanta a “criatura ”. N ã o obstan -
fracassados lhes espicaça o projeto de reconstituir a “face oculta ” te, os comentaristas, os organizadores de antologias dos “me-
da vida literá ria , desvendando os móveis em torno dos quais lhores” e “ maiores”, os compiladores, os resenhistas, os autores
se alicerça a concorrência no campo intelectual. Aqueles que de repertórios, os jornalistas e outras categorias de cronistas da
vida intelectual, acabam divulgando as informa ções pertinentes
conseguem pelo menos compensar o insucesso de seus empreen - que permitem recompor os claros do retrato oficial feito por
dimentos literá rios por uma carreira bem sucedida em atividades
acólitos, hagiógrafos e outros profissionais da apologia .
como o jornalismo, a jurisprud ência, a assessoria, a política pro-
fissional, se exercitam no gênero em tom “ realista ” mas comedi -
do; outros, que n ão têm nada a perder nem profissional nem
intelectualmente, recorrem em suas mem órias a todo tipo de
insultos, apelam para a indiscrição, o achincalhe, o cinismo e
se deixam levar pelo ressentimento para acertar contas com as
injustiças e desacertos de que se sentem vítimas. Quanto mais
se sentem preteridos, tanto maiores seus investimentos no gê -
nero, tanto mais desesperados seus cá lculos em termos de vin -
gan ça e revide, a tal ponto que alguns decidem adiar post
mortem a publica çã o de uma parte de suas memórias, em geral «ç
o que consideram a parte “íntima ” e “comprometedora ”. Pro -
curam , dessa maneira , manter a esperan ça de que ainda possam
vir a exercer influ ência em conjunturas futuras da vida inte -
lectual, ou entã o, de acabarem logrando tardiamente o reconhe -
XX vi xxvii
E tudo damos por vendido ao compadre e nosso amigo o snr. Rai -
[ mundo Procó pio CAP ÍTULO I
e a d . Maria Narcisa sua mulher , e o q não f ôr vendido, por
[ alborque A TRANSFORMAÇÃO DO PAPEL POLÍTICO E
de nossa mão passará, e trocaremos lavras por matas, CULTURAL DOS INTELECTUAIS DA
lavras por tí tulos, lavras por mulas, lavras por mulatas e arriatas,
que trocar é nosso fraco e lucrar é nosso forte . Mas fique OLIGARQUIA
[ esclarecido:
somos levados menos por gosto do sempre negócio q no sentido Diferenciação polí tica e expansão do campo de produção
de nossa remota descendência ainda mal debuxada no longe dos ideológica em São Paulo
[ serros. Do início da República até o golpe de 1937 que marca o fim
De nossa mente lavamos o ouro como de nossa alma um dia os da dominação dos proprietários rurais ligados à produção e à
[ erros exportação de produtos agrícolas, o projeto de hegemonia polí tica
se lavarão na pia da penit ência. E filhos netos bisnetos no plano nacional constitui o móvel central da luta em torno
tataranetos despojados dos bens mais sólidos e rutilantes portanto do qual se batem a oligarquia dos Estados dominantes (São
[os mais completos Paulo) e os demais grupos dirigentes regionais fl ) .
irão tomando a pouco e pouco desapego de toda fortuna A expansão das organizações pol íticas ( a criaçã o das ligas
e concentrando seu fervor numa riqueza só, abstrata e una nacionalistas, a fundação de um partido de “oposição”) e
(Carlos Drummond de Andrade, trecho de “Os bens c o san das instâncias de produção cultural e ideológica no Estado
gue”, in IV /Selo de Minas, in Claro Enigma , Obra Completa ,
- de São Paulo <2) ao longo dos anos 20 e 30, prende-se à histó-
Rio de Janeiro, Aguilar, 1964, pp. 259/260).
(!) “O que os comerciantes paulistas queriam , no entanto, era
Tive ouro, tive gado, tive fazendas. outra coisa. Eles tinham seus próprios patrimónios, e estavam interes
sados em controlar os mecanismos dc decisã o, em poder influenciar as
-
Hoje sou funcionário público. ações governamentais no sentido de facilitar e ajudar na consecução
Itabira é apenas uma fotografia na parede . de seus objetivos económicos pró prios e privados. Para os paulistas, a
Mas como dói. politica era uma forma de melhorar seus neg ócios; para quase todos
os outros, a politica era seu negócio. E é nisto que reside a diferen ça
(Carlos Drummond de Andrade, “Confid ê ncia do Itabirano”, e, em última an á lise, a marginalidade pol í tica do Estado.” Num trecho
in Sentimento do Mundo, Obra Completa , Rio de Janeiro, adiante, completando seu argumento a respeito das razões determinan -
Aguilar, 1964, pp. 101 /102). .
tes da revoluçã o de 30 Simon Schwartzman sugere o m óvel central do
enfrentamento oligá rquico: “Era, aparentemente, o momento de São
Paulo firmar sua hegemonia nacional . O candidato oficial e paulista
Se meu verso não deu certo, foi seu ouvido que entortou. ganha as eleições, mas termina por perder o poder para Vargas", pp.
Eu não disse ao senhor que não sou senão poeta? 123 e 126, Simon Schwartzman , S ão Paulo e o Estado Nacional , Sã o
Paulo, DEFEL, 1975.
( Carlos Drummond dc Andrade, versos do poema “ Explicação”, (2) Ver Fernando de Azevedo, A Cultura Brasileira ( Introdução
in Alguma Poesia , Obra Completa, Rio de Janeiro, Aguilar , ao Estudo da Cultura no Brasil ), 5." ed., em especial a parte terceira,
1964, pp. 76 /77). “ A transmissã o da cultura ”, Sã o Paulo, Melhoramentos, 1976, pp. 140
c segs., onde faz um rctrospecto das principais iniciativas, cm Sã o Paulo,

1
ria das transforma ções pol í ticas e à história das transformações de que o chamado ‘grupo do Estado' dispunha enquanto baluar -
das relações de força no interior do circuito dirigente oligárquico. te do ‘liberalismo’ oligárquico é, portanto, indissociá vel de sua
Desse prisma, três momentos decisivos dariam as chaves para condição de empresários culturais.
a compreensão dos rumos que tomaram os grupos dirigentes Além da introdução de uma série de inovações técnicas e
estaduais perante situações de crise, ora tendendo à segmentação mercadológicas (aquisição de rotativas, novos modelos de com -
de suas forças ora dispostos à conciliação de seus interesses: posição, contratos com agências internacionais de notícias, ex -
a fundação de um partido de “oposição” em 1926, a derrota pansão da rede de sucursais no interior do Estado e do pa í s,
da oligarquia regional em 1930 e o revide insurrecional ao go- etc. ) que tornam O Estado de São Paulo um órgã o de relevo
verno provisório de Vargas em 1932. na grande imprensa da época, o grupo Mesquita resolve lanç ar
Entre 1901 e 1926, a concorrência polí tica entre os grupos em 1915 uma edição noturna ( o Estadinho ) e publicar a Re -
dirigentes em São Paulo se resume aos conflitos e cisões em vista do Brasil ( “mensário de alta cultura ” ) , contratando in úme-
torno da direção do único partido oligá rquico então existente ros escritores consagrados e outros jovens promissores que te-
( o PRP, Partido Republicano Paulista ) . As dissidências que, riam destacada participação no estado-maior intelectual dos gru-
em diversas ocasiões, passam a contestar o situacionismo perre- pos dirigentes paulistas ( S ) .
pista , estavam ancoradas, por sua vez, no peso polí tico cres- Fundada em 1916, a Revista do Brasil pretendia res-
cente que foram adquirindo determinadas instâncias de produçã o taurar a tradiçã o inagurada pela Revista Brasileira, porta -
ideológica , em especial o grupo vinculado à famí lia Mesquita voz estético e principal instância de difusão e consagração
que detinha desde 1897 o controle acionário do jornal “inde- da geração de 1870. A Revista do Brasil se propunha a
pendente” O Estado de São Paulo. O êxito comercial desse suscitar uma tomada de consciência por parte da nova
órgão está na raiz da diversificação das atividades do grupo geração de intelectuais e polí ticos da oligarquia . Pouco
Mesquita ( 3 ) que, tcndo-se praticamente convertido numa facção tempo após seu lan çamento, “tornara -se mesmo o mais
partidária , pôde assumir a liderança das sucessivas frentes de lido, o mais importante veículo cultural do pais ( . . . ) pos-
oposição ao comando perrepista <4 ). A posição de força Telativa
seu sogro ; a segunda dissidência encabeçada por J úlio Mesquita tam -
nos diversos n í veis do sistema de ensino ; as reformas do ensino prim á - bé m eclode em virtude de dissensões quanto à composição da chapa
rio e normal (1890, 1892); a criação de uma rede de escolas normais,
complementares e gin ásios ; os diversos experimentos educacionais ten-
para o governo estadual ; em 1918, a facção Mesquita lidera um movi
mento dc resistê ncia à indica çã o para uma cadeira na câ mara estadual
-
do como centro irradiador a Escola Normal de Sã o Paulo; a criação do do Cónego José Valois de Castro, conhecido por suas tend ências ger-
Instituto Bacteriológico (1892), da Escola Politécnica e do Museu Pau - man ófilas. Consultar Paulo Nogueira Filho, Ideais e Lutas de um
lista (1893, 1895); as reformas por que passou o Instituto Agron ó mico; Hurguê s Progressista ( O Partido Democrático e a Revolução de 30 ), 2
a criação da Escola de Engenharia do Mackenzie College (18% ), do vols., 2.‘ ed., Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Ed ., 1965, e Paulo
Instituto Butantã (1899), da Escola Superior de Agricultura em Piraci - Duarte, J úlio Mesquita, São Paulo, Editora Hucitec, 1977.
caba (1901), das primeiras escolas dc comé rcio (a do Mackenzie c a (5) Em 18%, o jornal contratou Euclidcs da Cunha para fazer
futura Alvares Penteado), da primeira faculdade de medicina (1911), uma sé rie de reportagens a respeito de Canudos, de que resultaria Os
das primeiras escolas t écnico-profissionais, sem falar da reforma do en- Sert ões. Aliás, era o único ó rgão da imprensa fora da capital federal
sino empreendida na gestã o Sampaio Dó ria e da formação de um a contar com a colaboraçã o regular de figuras intelectuais de prest ígio,
grupo dc educadores profissionais que chegaram a ser contratados in - dentre as quais José Ver í ssimo, Bilac, Coelho Neto, Medeiros e Albu -
clusive por outros estados. A respeito das principais figuras do movi- querque, Oliveira Lima, Artur Azevedo, Amadeu Amaral , etc. “A mo-
mento em prol da reforma do ensino em São Paulo, consultar Fer- cidade inteligente de Sã o Paulo fez do Estadinho o seu órgã o oficial.
nando de Azevedo, Figuras de Meu Conví vio ( Retratos de Famí lia e Frequentavam - no ou trabalhavam Moacir Pisa, Adelmar de Paula, o
de Mestres e Educadores ), 2.* ed . , São Paulo, Livraria Duas Cidades, Pintor, como era conhecido esse “ mirabeauzinho brasileiro”, como o
1973. chamava J úlio de Mesquita Filho; Ant ô nio Mendon ça, que alternava
( 3) Entre 1890, quando J úlio Mesquita assume a direção dc O os seus trabalhos dc advocacia no escrit ó rio de Pl í nio Barreto, numa
Estado de S ão Paulo, e 1917, a tiragem passa de 7.000 a 53.600 exem- sala ao lado, com as vesperais jornal í sticas do Estadinho , onde redigia
plares diá rios. també m com o Pintor notas vibrantes contra a pol í tica de Araras;
( 4 ) Em 1901 , ocorre a primeira dissid ê ncia motivada, entre outras Alexandre Marcondes Machado, o Juó Banancre, Antô nio Figueiredo,
razões, pela defesa cerrada que J ú lio Mesquita faz da candidatura de excelente cronista de esportes e excelente repó rter, Otávio de Lima Cas -
2 3
su ía intensa penetra çã o nos meios intelectuais, e aparecer
O sucesso comercial e intelectual da Revista do Brasil pos
sibilitou a cria ção de uma editora com o mesmo nome, a
-
em suas páginas, constituiu , por muitos anos, o sonho de mais importante da Primeira Repú blica < T ). Aumentando
todo estreante, de todo candidato à glória no pa ís das le- o volume das tiragens, instalando um amplo circuito de
tras” <6 >. Seria dif ícil dar conta da composi çã o intelectual
e ideológica dos autores divulgados pela Revista do Brasil comercializa ção com pontos de venda para distribuiçã o dos
livros da casa e de outras editoras nacionais, abrindo um
sem deixar de salientar seu cará ter de veículo de informaçã o serviço de importa ção de livros estrangeiros, a Revista do
destinada à circula ção comercial e, por isso mesmo, tendo Brasil tornou se o empreendimento editorial de maior pres-
-
que atender à s exigências heterogéneas do pú blico que tígio antes de 1930 e constitui um marco na história da
pretendia atingir. Além das grandes figuras da gera çã o hegemonia paulista no campo intelectual.
de 1870 ( Machado de Assis, José de Alencar ) , de
in ú meros escritores pertencentes à Academia Brasileira de Dispondo dessa base de operações, o chamado grupo do
Letras e ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro ( Ba - Estado tem todo interesse em desancar os jornais partid ários,
sílio de Magalh ã es, Capistrano de Abreu , Helio Lobo) , em fazer constantes referências às épocas em que os órgã os
dos anatolianos de maior êxito mundano e artístico (Ole- de imprensa “ viviam dos partidos e para os partidos e cada
gá rio Mariano, Afrânio Peixoto, Paulo Setú bal, etc.) , a um para o seu ”, em denunciar a venalidade, o suborno e as
< s ). Nas con -
Revista do Brasil também acolheu os pensadores autori- subvenções oficiais de que dependia a imprensa
tá rios que ent ã o estreavam ( Oliveira Vianna , José Maria
Bello) , os líderes intelectuais do renascimento cat ólico
( Alceu Amoroso Lima, Jackson de Figueiredo) , os pri-
as matérias institucionais
eventos culturais — — cobertura das atividades acad êmicas, de
, o noticiá rio editorial e os ensaios voltados para
meiros educadores profissionais (Sampaio Dória , Mario questões políticas, económicas, sociais, relatos de viagem, etc.
Pinto Serva) e outros valores jovens que logo em seguida (7) O catá logo da editora inclu ía poesias de autores simbolistas
( Alphonsus de Guimarães), parnasianos (Francisca J úlia ), anatolianos
iriam se filiar às correntes da vanguarda modernista (Sérgio
Buarque de Holanda, Gilberto Freyre, Plínio Salgado, M á-
( Paulo Setú bal , Medeiros e Albuquerque), dc epígonos das escolas li -
terá rias até então dominantes (Ribeiro Couto, Menotti del Picchia);
rio de Andrade) . O cosmopolitismo intelectual, a coexistên- contos de escritores regionalistas (Roque Callage, Carvalho Ramos, Val -
cia de autores provenientes de conjunturas distintas do domiro Silveira ), anatolianos (Gustavo Barroso, Álvaro Moreira, Hum-
berto de Campos) ; romances de autores clássicos ( Manuel Antô nio de
campo intelectual, a diversidade de á reas e gcncros, o em- Almeida ), de anatolianos (Paulo Set ú bal, Lima Barreto, Coelho Neto),
penho em dar cobertura aos principais tópicos em torno de naturalistas (J úlio Ribeiro), de estreantes e futuros modernistas (Os-
dos quais se articulava o debate político e intelectual da wald de Andrade, Menotti del Picchia, etc.); obras de filologia de João
época, evidenciam os alvos comerciais que permeavam a Ribeiro, Assis Cintra, Agenor Silveira ; obras de sociologia e educaçã o
de Oliveira Viana, Sampaio Dó ria e Ingenieros; ensaio e estudos de
política editorial seguida por Lobato. Assim, os respon - Graça Aranha, Nestor Vitor, Martim Francisco, Alcides Maia , Mi-
sá veis pela linha editorial buscaram em outras e novas guel Osório de Almeida, Gilberto Amado, Almáquio Dinis, Amadeu
formas de produ çã o erudita um contrapeso às maté rias Amaral, Fá bio Luz, Artur Mota , etc.; livros t écnicos e de divulgaçã o
literá rias e mundanas at é entã o dominantes, e puderam cientifica , de Medicina , Higiene, Veterin á ria , Contabilidade, Gastrono -
mia, Educação Física, Engenharia, Hist ó ria, Política, Viagens, dentre
comprovar a existência de um pú blico disposto a consumir os quais a edi çã o de clá ssicos da historiografia (Saint - Hilaire, Hans Sta -
algo distinto das revistas ilustradas que entã o floresciam . den); obras diversas em Direito, Psiquismo e Ocultismo; livros didáti-
cos; e por último, as obras de literatura infantil que a Monteiro Lobato
tro, Pinheiro J ú nior, Paulo Duarte, que se iniciava no jornalismo ( . . .) & Cia. impulsionou como um dos gêneros de maior vendagem.
Foi Pinheiro J únior quem levou Monteiro, Lobato para o Estadinho (8) “(. . . ) Júlio Mesquita, nesses afastados dias com que se fe < -
c depois, cm 1919, para o Estado" , in P. Duarte, op. cit ., p. 79. chava o ano de 1915, iniciou uma pregação ( . . . ) A primeira nota do
(6 ) Edgard Cavalheiro, Monteiro Lobato (Vida e Obra ), 2 tomos, dia 25 de dezembro, esboçava um hist órico da subven çã o à imprensa,
3.” cd ., Sã o Paulo, Brasilicnsc, 1962, p. 149. Sendo um “ mensá rio de iniciada no Império, que a praticava já . O governo provisó rio não a
praticou , mas já Prudente e Campos Sales o fizeram, o último com
sultava de uma dosagem entre as contribuições literá rias
— —-
ciê ncias, letras, artes, hist ória c atualidades”, a Revista do Brasil re
trechos
de novelas, contos, poesias, ensaios cr íticos, artigos de celebraçã o
bastante exagero. Durante o Impé rio, entretanto, isso se realizava na-
turalmente, às escâncaras e principalmente para defender causas cole-

5
4
di ções da época , a atuação do grupo constitui, de fato, o exem - v eisos grupos profissionais em condições de fazer valer seus
plo contundente das margens de manobra de que poderia dispor ml cresses no interior da classe dirigente.
uma facção da classe dirigente cujos trunfos pol í ticos provinham
da direçã o que exercia sobre instâ ncias de produ çã o cultural < B). Embora se possa alegar que a composi çã o social pratica -
mente idê ntica nas hostes do situacionismo e das dissid ências
A cria çã o do Partido Democrá tico em 1926 serviu para impediria a forma çã o de grupos de pressã o com interesses espe -
congregar a maioria dos grupos dissidentes em torno de um c í ficos. penso que a Liga Nacionalista , a consolida ção da fac-
programa de reformas de “ moraliza çã o” eleitoral ( voto secreto, ç Ao Mesquita e, por fim, a oposição democrá tica , constituem
verifica ção dos resultados e outras medidas visando restringir passos de um mesmo processo de diversifica çã o de interesses por
a manipula çã o dos coron é is) e de “ modernização” ( reformas força da posiçã o que tais fra ções ocupam no espa ço da classe
-
do sistema de ensino) , mantendo se a ausência de repre-
senta ção pol ítica da classe operária. Na verdade, tanto a
dirigente e do tipo de contribuiçã o que trazem à divisã o do
trabalho de domina ção. O empenho com que as diversas
Liga Nacionalista como o Partido Democrá tico pretendiam trans- lacções buscavam domar as iniciativas da Liga Nacionalista e
formar -se em porta - vozes da fra çã o dominante especializada auferir os dividendos que rendiam suas campanhas, traduz o
no trabalho pol ítico, t écnico e cultural, e nã o das “classes embate entre programas distintos de açã o polí tica em face
superiores” de forma genérica: “o magistrado e o general, o da crise de poder com que se defrontava o regime oligárquico.
jurista e o médico, o engenheiro e o jornalista e, sobre todos,
Lm outros termos, tais programas visualizavam estrat égias dife-
a ardorosa classe dos estudantes ( . . . ) ” (10), vale dizer, os di- rentes no tocante ao perfil das alianças de classe que melhor
conviriam à ‘salvação’, ou melhor, ao remanejamento do pacto
.
tivas, como a aboliçã o Prudente a praticou da mesma forma. Cam - oligá rquico.
pos Sales gastou mil contos com a imprensa, durante todo o seu go
-
verno ( . . . ) Hoje gastava se por mês muito mais do que Campos Sales
- Foi nessa conjuntura que sucedeu a mobilizaçã o dos inte
grantes da frente modernista e dos demais intelectuais que iriam
-
despendeu durante todo o seu quatriênio ( . . . ) Depois de demonstrar,
no dia 30, quanto custa aos cofres pú blicos a corrupçã o da imprensa e militar nas organiza ções polí ticas e culturais dominantes, cujas
os perniciosos efeitos pol í ticos disso, fala da imprensa chamada amarela
que foi uma reaçã o. ‘Contra a passividade louvaminheira dos jorna -
|KT . spectivas de atuaçã o pol í tica se moviam num terreno demar -
cado pelo despertar ideológico provocado pela Primeira Grande
-
listas domesticados, ergueu se a altivez feroz e nã o raro desbragada do
que hoje se chama imprensa amarela, a imprensa de escâ ndalo que, por Guerra e, no plano interno, pelas lutas acad êmicas e pelos reptos
sistema, acha tudo mau, vê tudo podre e substitui o argumento pelo em prol da regeneraçã o moral e pú blica com que as campanhas
insulto bravio, a prova pela cal únia’ ”, trechos citados por P. Duarte, das ligas haviam arregimentado a nova geração oligá rquica .
op. cit., pp. 89/90. Por ai pode se observar a postura assumida por
-
uma facçã o partidá ria que enxerga a possibilidade de contribuir com Doravante seria praticamente inviá vel restaurar o momento de
um peso próprio na competição oligá rquica , equidistante da oposição coesão que significou a realização do Congresso da Mocidade
profissional e dos aparelhos venais. Brasileira em São Paulo ( 1917) , por cuja organização foi
(9) “ A passagem do século, assim, assinala , no Brasil, a transiçã o responsável um grupo de jovens que pertenciam , ao mesmo
da pequena à grande imprensa . Os pequenos jornais, de estrutura sim -
ples, as folhas tipográ ficas, cedem lugar à s empresas jornal í sticas, com
tempo, à Liga Nacionalista, à facção Mesquita e, como n ã o
poderia deixar de ser, com fortes vinculações perrepistas.
estrutura especí fica, dotadas dc equipamento grá fico necessá rio ao excr
cicio de sua fun çã o. Se é assim afetado o plano da produçã o, o da cir
- At é o in ício dos anos 20, tão logo tivessem cumprido os
-
-
culação também o é, alterando sc as rela ções do jornal com o a n u n -
ciante, com a pol ítica, com os leitores ( . . . ) o jornal será, da í por
est ágios de praxe como militantes da Liga Nacionalista ou das
.
diante, empresa capitalista, de maior ou menor porte ( . . ) É agora diversas facções acadêmicas em concorrência na Faculdade
muito mais f ácil comprar um jornal do que fundar um jornal ; e é dc Direito, os herdeiros das fam ílias dirigentes com veleidades
ainda mais prático comprar a opinião do jornal do que comprar o -
de fazer carreira política viam se obrigados a galgar todos os '
jornal ”, in Nelson Werncck Sodré, Hist ória da Imprensa no Brasil , Rio escalões do perrepismo. Os que porventura acabassem desis-
de Janeiro, Civilizaçã o Brasileira, 1967, p. 315.
(10 ) A composi çã o social do Conselho Deliberativo da Liga Na
cionalista revela a predomin â ncia da fraçã o intelectual, incluindo os - A I iga constitui o prel údio da oposiçã o democrática, pelo menos no
que diz respeito aos principais tópicos de sua plataforma e à posiçã o
diretores das faculdades de medicina , direito, e da escola politécnica . social dc sua cúpula e do pú blico que pretendia mobilizar.

6 7
digites (ln cpucii . a atuação do giu|Su cniud iI u i , de falo, o exert
pli í connindepte da margfiu cie manobra dv que pojcria dispor
- vrrw.ni grupos profissionais em condiçõ es dc fazer valer seus
* mtnvsses no interior da classe dirigente.
lunth fecç fio da dassc dirigente cujos í rnnfos polí ticos provinham
ria direção que exercia sohre inst â ncias de produção cultural ( flV Embora se possa alegar que a composição social pratica -
mente idêntica nas hostes do situacionismo e das* dissid ências
A criarão do Pariido Democrático em 192ó serviu para Impediria a formação dc grupo.s de pressão com interesses espe -
congregar a maioria dm grupos dJmkfcnte» cm lorno de uni . ificos, penso que a Liga Nacionalista, a consolidação da fac-
programa de reformas de moralização" eleitoral ( voto secreto,
ÇÍo Mesquita c. por fim . a oposição democr áiica , constiluem
vcrííicaçAn dtw resultados c ouiras medidas visando restringir dc um mesmo processo de diversificação dc interesses por
a manipulaçã o dos ccrondis ) e de hmodemizajç&o" ( rcFormns
do sislernn de ensino) , tnantendo- sc a ausência de repre-
forç a tla punição que lais frações ocupam no espaço da classe
dirigente c do tipo dt contribuição que « razem u divisão do
sentaçã o pol í tica da classe oper ária , \ a venlade, lauto a
I Í £n Nacionalista como o Partido Democr ático pretendiam trans^ irnhulbo de dominação, O empenho com que as diversas
1 acçúcí. buscavam domai as iniciativas da l iga Nacionalista c
'

formaMe em porta- vozes d;i fra ção dominante especializada iinferir os dividendos que rendiam suas Campanhas, traduz o
no trabalho pofftfcd, l écuico c cultura í , e n ão das CIHSSCS
superiores " de forma genérica ; “o magistrado LJ o general, o
embute entre programas distintos dc ação polí tica cru tace
d. b crise dc poder com que sc defrontava o regime oligir quico,
jurista e o médico, v engenheiro e o jornalista et sobre todos , l ui initros termos, tais programas yteu alteavam cstealégias dife
a ardorosa classe dos estudantes i > v a l e dizer , ns di - u-uli- s ii,o tocante ao perfil das alianças de dasse que melhor
convirjam à salvaçã o', ou melhor, ao rc maneja mento do pacto
irvus , cumo A ibullçlo, Prudtnls a prvtititttl dn m u f o r r o u, Ctm
pus S:i1cs gaitou mil Cantou cum u imprensa, dumnte rotln u seu g,i - - oligú rquico.
f oi nessa conjuntura que sucedeu a mobilização dos inlc-
sefiHi H -
1 Huje gaitavu .ii: p .ir tnêi muita mals da que Campo Sales
difi ndeu tUirií iiii? uxlo o tua qtutriAnfo í , } IXjpoi'; d,' dctnonstti * , grnntes da frente modernista e do» demais intelectuais que iriam
^ . ,
JIO dia 1< J kjiijinto custa um cofres públicos a ç nrrupfjSH tla itnpivnna ç
,

pemiciowi cffillM polniCíi (iisiui, tala da improntn cbnmada amanla


í
; ilai nas organiza ções pol í ticas e culturais dominantes, cujas

perspedivai de atuaçã o pol í tica sc moviam mim terreno demur -


que (ni uniu rcll ao.
^ .-
Contra* n ptaiividaifo tiiusaminbeira <J< ' S j tna*
limi domesticados, tr|UUhit a âllire} fjjrnz c UÍ LI faln dcjlrir :L .^ tl;i di- L mio pdo despertar ideológico provocado pela Primeira Grande
que hoje í chamn imprensa amarela, u Imprenia de evdndiiJn que , por' ^ i tucrfrt e. no plano interno, pdiis lura,, acad êmicas c pelos reptos
1

*
.. .
íiílfilO, Beba lu-do niuii , ví i mio podre c subititiii o argumento pulo
.
tjisuli i hni \ io i prova pela caJurua ' ", irech is
uimlnv poT P IXtarte,
p cif . PJ1 HU LX I pL > T ui p nle- bC observai a pi:siuTa assumida pnj
'
i 'ITl prol da regenera çã o rnoral c pública Com que as campanhas

LIH.S ligas haviam arregimentado a nova gera ção aligárquica .


uma fuçfin paiudAria ipic tpxcroa pi sibitidaH ,’ du eonuibLiFP com
I Kimvantc seria pratica mente inviá vel restaurar o momento de
^ coesã o que significou a realização do Congresso da Mocidade
' . í M peso prAprio nn coinpcIrcLu oligá fljlltcíl, eqUidistlllUc rta oposiclo
profiss. onal c dos spartlbos venais. brasileira em Sã o Paulo í p o r cuja organiza ção foi
.
(1) " A passagem do tOcufo, Usim, iSsiiiiil i, nu Itusil, H Itumi ã o
da peqUcJu A. grande imprcní s 0 -> pvquenos |ihrjiajs , de uslrulurtt iím- ^ responsá vel um grupo de joveu * que pertenciam , ao mesmo
ploi, tu ffllhii tipoidticm, cedem lunar d cmprcHío jiirnilliiiicn, com
tempo, ã Liga Nacionalista á facção Mesquita e, como nã o
,
estrutura afjxdflci, doudas de cquifvuuunlLt jí rit Í L- n neccssirio nu vHcr -
poderia deixar cie ser, com fortes vi titulações perrepistas.
cicio de sua funçã o ,Se é |ub nfetado o plano JA presduçto, o da cir -
Lillnçã ii tunbtni D i, altcrando - se |I S rcliçues do jornal Com 0 anuii -
.
At é o inicio dos nnns 211 t ã o logo tiverem cumprido os
eat á giofl de praxe cnmn militantes dn Liga Nacionalista ou das
*.
tiuli", Com a pnjftí c com os Icilores ( . j o jorrai scí fi , dai pd|
dianic, tr «pfL- * a cupirnl í su , maliit nu rrvennr parte ( , . ) fí t|on
diversas focções acadêmicas em concorr ê ncia nu faculdade
muito BUli ] Í Acil cçimprar um iornal du que fnnJiir um jomal : e A dc Direito, os herdeiros das famí lias dirigentes com veleidades
í OIILI .I maiii prftrifj , cpmptflj a qpirsiSo do jornal dfi LpJe Cumpnir LI de fazer carreira polí tica viam- se obrigados a galgar todos os *
iu bíebon Wernetk Sodri, História <( it fmprrtita no BrasU , Itisi ncaLScs do perrepismo. Os que por ventura acabassem desis-
d,: Janeiro, Civil izaçflo Bruikin IW7, p. KS
.
í li ) i A compaticí o social da Conudho UcllbcrMivo da Liga Na- \ 1 Ijta Constitui o prel údio da oposição dL- m^-i ãlleu , pelo Jl ) elli ' s Po
cirtwtHls revela a predfiminiinán da frução inleleclua ] . induinilo 0 diz, respeita Bos prin(Í JHÍi lúpiço* de siiu plmaliunia e A posiçá o
dlrctort du laeuld. ules dc medicina , direito, c da i-icida pidiií cniC , * d| Lkc

* * IOLIDI >. LL sua cú pida c do público que pretendia mobilizir .

6 7
lindo tlc tais pretensões tinham pelo menos a oeriezii de se ,
Imidora , a Catacumba ( at , entre a pertinê ncia aos grupos por
sa í rem hem scj:s no plano profissional seja em termo* do apre - LiM > pt .i çá o ( o grupo dos filhos de J ú lio Mesquita , o grupo dos
ço s< mtnl a que faziam jus. Prado, a rale, a ala que se incumbia da Festa da Chave " e o
As mudanças ocorridas tanto uo nivcl das organizaçów ii á usito nos clubes c salões ( a Paulista , Harmonia ) , nos “ assus -
-
pol í ticas como ao n í vel das inst â ncias dc produção cultural tados" familiares, entre os jantares no Sal ã c» Amarelo do Auto
( i|uc resultaram, por sua vez, da transforma çã o da estrutura .
m ó vel Club as feslus cm restaurantes em Santo Amaro, e « s re
cepções de formatura de fraque c cartola , entre a abertura de
-
dc classes ) se fizeram acompanhar por uma transforma ção ra
dienl das modalidades de acesso ns carreiras dirigentes, De agora
- ,

uma banca de advocacia e o est á gio dc rotiria nu escrit ório do


-
em diante n ã o ç ra ma is possível valer se das prerrogativas ine- j . n . dc um parente ou amigo da fam ília, entre: o casamento en -
rentes ao sistema de reprodução direta que fazia com que ít dog á mico c n gçíi 5 i) dos negócios familiares
passagem pela Faculdade de Direito constitu ísse apenas um As reformas programadas por certas facçõet» do perrepis-
simples estágio de iniciaçã o ao conjunto dos modelos masculi - mo, o trabalho de mobilizaçã o e arrcgimentação dos jovens que
nos da classe dirigente c de integra ção na rede de relações de se tornariam militantes do Partido Democr á tico, o acirramento
suas Irtm íliat Ao inv és de tetem que lidar apenas com os pro
Imores que eram ao mesmo (empo parentes, amigos da Fam í -
- da concorrê ncia por ocasiã o dos campanhas eleitorais, a cria çSo
dc novas instâ ncias dc produção ideológica e cultural, tudo isso
lia , figuras eminentes da pol í tica e do magistratura , «Seios dos. contribuiu para transformar o espa ço de oportunidades abertas
escrit órios dc advocacia , em suaia membros do mesmo cí rculo , i colabora çã o dos intelectuais , Decerto o novo partido atraiu
-
social, esses herdeiros deveriam també m envolver se rui concor
rê ncia no campo pol ítico e intelectual e assumir tarefas cada
- elementos jovens que, desde os bancos acad é micos, estavam a
par das clivagens ideológicas e sociais dc que se nutria a con -
vez mais especializadas nos jornais partidá rios, nas organiza - corr ê ncia entre o situacionismo perrepista c os movimentos dis-
'
sidentes. Estavam familiarizados com os bandeiras liberais de
'
ções pol í ticas , nas instituições culturais. A diferencia çã o do
campo pol í tico e do campo dc produçã o ideol ógica tomara pra - í12 t Alé m di ) Centra Aend ê micn c do Gré mio LiLtiirin Alvuren
licamente inviá vel a passagem quase automática da situa ção de ili' Awvoda, fundndu cm 1916, e de CUJAS tert ú lia * puriiripinni
dc Almeida
-
Jpvcr
, Ur *
estudante ã condição dc membro por inteiro da classe dirigente clcmcnuis do futuro n ú cico miKlerrtiitiA ( Guilherme
que, pelo simples Tato dc possuir um diploma, at é então raro e Iwun Couto, Ant ó nio Carlos Couto de burros, cIC. i , a ' Repú blica IVs -
cobiçado, se fazia merecedor das mais altas fun ções p ú blicas ç
dos cargos pol í ticos de responsabilidade, afazeres que se com -
Inridor» "”, A CALQ tumba ” e a “ plebe Acadé mica" eram panelas para
JS Hn :u » estudantes eram coopudo* segundo 'uw cAracu ristic»» *0
.
fluis : a pronciia reunia os “ ptoyboys da é poca A segunda er» uma
- -
pletavam com a gest ão doa negócios familiares . uspí cie de sociedade secreta restrita ao* membros do Gré mio (eram
' VTVI perfeitos", sejundo u » umUutoo, «uli sAeio lendo eumu patrono

Para os "burguesinhos
abastados rui bem arrimados em .
11 rn Irirado ou um sibio A terceira congregava rapazes
condição *oci# l rdJilivumenlo modesta, v á rios deles com inclina ções
da interior de

seus estudos < destino para o governo do Centro


) eleitos do acentuada! pcitts tdeotogi»» revolucion á rias de csqucrdll , leitores dc
XI dc Agosto, da Sociedade Paulista inteira, do Estado e da
Nação ( >
, prepotentes e egocê ntricos ( ) . onipotentes, .
vtnrs , Dontoicvíky, Mcrcjkovdu , Gufki Consultar Paulo Nogueira Fi-
,
. .- .
.
II u , r p t i t . , vol. I. P 110. c Aurcliano Leite AiffiVnu Jt u / na Lonito
t iita . Sã o Paulo, Marti ] » 1966 , o primeiro pertencendo a uma fam í
lia
vestais. senhores dc todas as virtudes ( .
) oniscientes ( ). de grandes propriet á rios c pol í ticos , o segundo plcnamcnte identificado
iuexced í veis na perfeiçã o humana ( . ) filhos de distintas fa - é mica '’.
Li mi as ca Lisas sustentada
* pela plebe acad
"
m í lias, honradas e patriotas { , ) insuperá veis" ", estavam co
meçando a se afrouxar os iu ç us orgâ nicos entre os espa ços de
- ( 11) " Nesta , aparecia um chaveiro 1
, bacharelando , a entregar 0
iibivio simbólico u um colega da turma anterior promovido ao quinto,
sociabilidade do universo homogéneo no interior do qual se mo - . Ultimo ano do curso Solenidade tradicional Esse ‘Grupo du Chave *
naqucU é poca, disputava invariavelmente, a presid ê ncia do Centro Aca
1

-
viam: entre o ingresso na Faculdade de Direito e o acesso âs
corpora ções académicas ( o Grémio, o Centro, a Rep ú blica Dcs - d é mico XI de Agosto. Constituindo uma espécie de aristocracia nos
plrltos cleitorai » dificilmente conseguia vencer ( . t 0 ‘Grupo da _ ,

, quer
Chave1 ern , entã o » t í radamcnle denominado Grupo do Estado
-
'

dlZ.cí , do (ornai O Siado. f dc S ãa Paulo , OU ainda , Grupo dos Mes


(II ) P. Nogueira Filho, vp. r (t „ vo|, 1, pp. 66 / 6!) . .
quita ', isto é diw filhos dc 3 úliu Mesquita ( . ) Certo « m que nrm

8 9
que cfa porta -voz a facçáo Mesquita , v á rios deles haviam Cor
- alternativas radicais dc a çã o pol í tica 1 , IKí recrutas re -
seguido
.
empregos em órgãos dirigidos pelo grupo mas. dc outro
lado havia também o apelo dc se juntarem às igrejinhas da Vau
i
Lcm
-
ui trai
conversos ao programa democrá tico encontraram por esta
via a oportunidade de lidar com uma variante das demandas
guarda literá ria e an ística que se abrigavam sob a égide perre
pisla , Nestas condições. a adesã o ao partido democr á tico tomou - pol í ticas dominantes c de fazer a experiência concreta dc um
irahalho político. As missões dc que foram incumbidos, os con -
o sentido dc uma alternativa viá vel de fazer carreira fora do
situacionismo dominante que, por força de suas tradições de
tados que enlabularam com outras for ças polí ticas, lhes permi -
tiram enfrentar os dilemas pol í ticos e ideológicos da ordem do
milit â ncia , resemiva o diteifo de umn participa çã o polí tica di
reta ares seus quadros mais antigos. No caso da nova agremia -
- diii E o principtil deles consistia , sem d ú vida, da extensão em que
deveria ocorrer a coopta çflo do elemento militar. No que diz
çã o, carente dc pessoal , esses jovens intelectuais t ê m o ensejo dc respeito á inserção dos intelectuais nas frentes polí ticas da oli -
se infiltrarem por todos os escalões partidá rios. Estão presentes garquia . o Partido Democr á tico incorporou mudos daqueles que.
no diretório central , no conselho consultivo, no serviço de im- pot uma sé rie dc injun ções sociais, sc sentiam despejados do
prensa , nas equipes engajadas na mobilização eleitoral. nas c s -. situacionismo perrepista . Enquanto os elementos jovens dn PRP
.
carumu ças com os perrepistas nos tratos de vida c mortefM , |
acabaram se filiando a outras organizações e movimentos po -
Em face dos empecilhos que enrijeciam a máquina situacionis - .
l í ticos fimegralismo partido comunista ) em seguida à demita
la e que, como se ver á adiante, esfriaram os â nimos reformistas da oligarquia paulista crti 1930, os jovens militantes “ ík -
de in ú meros de seus jovens aderentes que acabaram preferindo moçr á ticos" envidaram esfor ços cm favor da reunifica ção das
for ças oligá rquicas apõs 1930 e nem poderia ter sido diferente
todo* o» elemento» ligado* por laço» vá rio» a í ) UtraJo de &do Pauto na medida que o futuro profissional e intelectual dm '‘demo --
tririam panu desse 'Grupo da Chave', nssim como a cireunslâ ncia dc crá ticos** continuava estreitamento dependente dos empreendi
peficnccretn a este nftu acarretava , necessariamente, íI
integração no mentos culturais e, no limite, do destino pol í tico que tivessem
'Grupo du Estado"
< i", P Nogueira ! ", op d t „ vut . I , pp 6 Í ó. os grupos dirigentes com que os quais colaboravam
( 14 ) Tá cito dc Almeida , MArin dc
Andrade , Rubens Borba Alcei O envolvimento dos intelectuais com os grupos dirigentes
dc Morais e flUlroí, aderem desde o começo ã opoiiçã o democrá tica, n ã o sc manifestava apenas em lermos de adesã o a alguma fac -
lendo assinado o termo de funda çã o de uma sociedade iccreta de çã o
pol í tica, cm agosto de 1924: "Foi a primeira tentativa dc organizaação çáo partid á ria . Tanto aqueles vinculados ao situacionismo per -
pol í tica efetivada pelo mesmo grupo iiue, ano c meio apto , partici - repista como os elementos identificados com as causas polí ticas
pava com outros n úcleos e sob a inspira ção c direçã o exclusiva do
Conselheiro Ant ônio Prado, na funda çã o do Partido Democrá tico”, in
dissidentes ou com a oposiçã o democr á tica prestaram sua co -
. laboração na administra ção pú blica estadual, na imprensa , no
-
P . Nogudra F *, op. rir ., vol I , pp. 138 c segs Entre 6 ala jovem
fundadores do P D estavam Ant ônio Couto de Hbfrns Eindente de setor editorial , na dlmnrn dos deputados Entre os intelectuais
.
Morais Neto, Paulo Vicente de Azevedo, sendo que o segundo deles
dc
do PRP, Menotti del Picchia foi diretor do Monte de Socorro do
logo assumiu encargos aJmmisTrniivo na m á quina partkliri» Paulo Estado, convidado por Carlos de C$ mp* w ; Cassiano Ricardo foi
Nogueira Ftlho, Prudente de Morais * Neto, Lui* Aranha , fizeram pane
dn diret ó rio central ; Alexandre Ribeiro Marcondes auxiliar dc censor teatral c cinematográfico c, depois de Í 93U,
Machado , Ant ô nio requisitado para novas funções no Pal á cio do Governo onde sc
.
Carlos Couto de Barro*, faio Prado. Francisco Mesquita M á rio Píttin
Serva , Tirito de Almeida , Paulo Duarte, Reynaldu Porchat , foram manteve à testa dn diret ó ria do expediente ao longo dc sucessi -
membros do conselho consultivo. Dianlr do atriin c amea ças que
* * .
vas adminisiraçõcs; entre os filiados ao PD Mário de Andrade
o» petrepistas lhes faziam, um jç rupo dc jovens democrata* assinou
um compromisso pelo qual sc algum correligion á rio ca í sse morto cra , desde I 9 J 3, professor de História dn M ú sica no Conserva -
exerc ício dc seus direitos pol í ticos. . ) tomar íamos sotidariumente
no t ó rio Dram á tico c Musical de SQn Paulo, passando em 1922 ao
umn iniciativa : nfto sah revive ria o mandante, para n ó s , o chefe do


1
f l í ) Nilo foi por acimi que v á rio* modernista* que trabalhavam
PRP, na Capitar, in P . Nogueira Filho, op cti„ vol. f , p. 180- Assi
-
naram o documento, entre outros. os mesmos ritmemos ji citados e
muls Scigio M í llict. Joaquim Sampaio Vidal . ele Ente mesn» grupo
encaixnu algun * de wo clemente» ( Paulo Duarte, Sé rgio Md liei ) cm
no ó rg ã o oficial perrepista , o Correio Paulistano
Monoitl dei Picchia , Câ ndido Motm Filho , Oswald dc Andrade
-
hmuloarom pum a* oiganlzaçôt* radical*, ã dm lfn c i esquerda, apó*
H Revolução dc 30 e a derrota dc 32 , quando verificam o bloqueio

Pllniu Salgado ,
sc

postos rta redação c gerência do órgão partidá rio, o Diário Nacional


lan çado em julho dc 1927.
. qiic « uu carreira * sofreriam com o desmonte do antigo esquema situn -
CWOfaU-
10 II
posto de catedrá tico de Dicção, Hist ória do Teatro c Lst élica c Pl í nio Salgado foram dcputadtvs estaduais pelo PRP, alé m de
A essas atribuições juntavam os serviços que prestavam aos haverem militado no interior do pr óprio partido no intuito dc
diversos ó rgã os da imprensa , fosse ela dominante f Correio Pau -- -
reformá lo; Paulo Duarte foi deputado pelo Partido Constilu -
listano ) , ‘ independente" ( O Curado de São Paulo ) , "democr á cionaiista em 1934; Alcâ ntara Machado e Câ ndido Mente Pi -
tica " ( Diário Nacional ): Menolti dcl Piechia foi cronista social lho prestaram servi ços enquanto assessores da bancada paulista
( assinando com o pseud ó nimo de H é lios ) e redator pol í tico do
Correio Paulistano, onde també m trabalharam Cassiano Ricar -
à Constituinte ; o pai de Alcâ ntara Machado foi deputado fede --
ral ã primeira Legislatura Ordin á ria em 1934 Sem falar dos in ú
. .
do responsá vel pela seção judiciá ria Pl í nio Salgado. Oswald de
Andrade e muitos outros elementos do ent ã o estadn maior in - -
meros empreendimentos CIH que esses modernistas se engajaram
na á rea literá ria e editorial , com a fundação dc sucessivas revis -
telectual do comando perrepistn í , ri ; Paulo Duarte ingressou em tas destinadas a divulgar o ideá rio das diversas alas e cisóes do
0 t.siado de São Paulo desde 1919, passando de revisor a re- movimento e at é mesmo com a abertura dc editoras para difu -
pó rter incumbido de fazer a cobertura do Pal á cio do Governe? sã o de suas ohras , como foi 0 Caso cia Fditufa H élios Ltda , ,
.
e das secretarias c enfim , a redator : Má rio dc Andrade cola - lundada peio pessoal do movimento verde amarelo. -
borou irlensamente com o Diário Nacional, a exemplo dc Paulo Ao memo tempo que os intelectuais desta ultima geraçã o
Duarlc, Vicente R á n, Sé rgio Millict , Rubens Borba de Morais oligá rquica assumiam diversas tarefas polí ticas e ideol ógicas,
também se lanç aram a fundo nas lulas do campo liter á rio no
e tantos outros "democr á ticos". Alguns desses elementos tive - intuito de impor os princ í pios e modelos est é ticos dii arte
ram cargos na representa çã o parlamentar : Menotti del Pieehiu “moderna" ( futurismo, cubismo , surrealismo ) . Os acontecimen -
tos mundanos de que participavam esses escritores nos primeiros
(16 ) Consultor Paulo Duarte , M á rio . p . 17 ç stgs , One yd .
tempos do movimento modernista ( recepções espetáculos, ver -
.
Alvarenga , Mirro de Andrade , Um Pouco Rio dc Janeiro, José Ohm*- nissages, concertos ) e que lhes davam ocasião de divulgar
pin , 1 V 74 Antes de pa.ssatcm aos cargos de Chsfin no DtpJrtUtru nlO
dc Cultura da Prefeitura de Sã o Paulo, durante a gest ã o Mirfo de
- suas doutrinas e suas obras, permitem compreender o mecenato
que ent ã o exercia a fra ção intelectualizada e "europeizada dos
"

Andrade, Rubens Borba dc Morai* tinha um cargo na Recebedoria de


.
Renilií e Scrgin MilIict cunhado dc Paulo Duarte , cru bibliotecá rio da
Faculdade dc Direito de SJío Pauto .
grupos dirigentes paulistas.
117 ) Antes dc 1 '>12, a situa çã o ainda nilo sofrera grandes rnodifi
-
e*çÔc*: "O jornal do P. R p. se tornou o quartel general nosso, na - Oswald de Andrade: dândi e lider estético do Partido
Hepublicano paulista
Kevoluçflo sem Sangue . O sccfciArio Ant ó nio Carlos da Fonseca e
1

mais Agenor Barbosa , Brasil Gerson , Fausto de Almeidu prado Ca


.
margo , Francisco Pali , CreniJlInu Amado , Hé lio Silva Hermes Lima ,
- O casal formado pelo poeta Oswald de Andrade e
pela pintora Tarei la do Amaral é a encarna çã o ma is per -
Alcides Cunha, Joio Raimundo Ribeiro, Jose Lanncs, Y ílpr Azevedo ,
.
N ó hregu ( La Siqueira Oswuldn Costa , formavam o corpo liudcctuil du feita e acabada do estilo dc vida dos integrantes dos cí r -
brgic; do P . R P c alguns deles se puseram an lado dos guerrilheiros culos modernistas, obcecados ao mesmo tempo pela am -
verdc -amureliis A reda çã o era frequentada p»or elementos d velha
guarda partid á ria, como Washington Lu í s ( . >. J ú lio Prestes, *Alaliba
biçã o de brilho social e pela pretensão de supre macia in -
-
,

Leonel { .
telectual . O fato dc ambos pertencerem a fam í lias abasta
in Gatrturto Ricardo , Viagem no Tempo e no Htpaçu
Rio de Janeiro, José Otympio, p. 41 pis o mapwncnto ficado por das da oligarquia c de poderem viver às custas das rendas
outro elemento da mesma ata : “ Dois jornais polarizavam ent ã o ã opiniã o . provenientes da especula ção imobili á ria sobre os tetrenos
O Correio Paulistano e 0 Puado de ÍSo Pauto. Eram como duas capitft
uius de CIUHS esquadras cm combate, tremendos coura çados lendo cada
- onde se edificariam os futuros bairros elegantes da cidade
de Sã o Paulo e dos lucros derivados da exporta ção dc
um seus á geis navios auxiliares. O Correio Paulistano, ó rgã o oficial do
P. R P. , mumlnha cioMUnonte nas sua » cotunus um# quase mojcslitica dig - .
caf é lhes asseguraram o capita! necessário para que puf
nidade ma * delegava a obra de provoca çã o c reconhecimento etitflo ú dessem se impor como modelos requintados de importa -
A Gazela c á Plateia, enquanto, «cm uma vinetilluçáó pol í tica mu por NU
j Í Fnidades de independ ê ncia
-i influencia do Governo , movia - se , nas águas

do Estado , o corajoso e presiigioso mário Popular — jornal Jau cozinhei-


ras '
como o apelidavam , ma * de fnrle repercussã o na opiniã o publica .
ic
-
’ peitudo étermdo peto GoverniV ' , in Menotii del Picchia, A Longa
Viagem ( 1 ‘ Frujw ,
Sã ir
da RevoiuçSo Moderm-iia à Revolução de IMO ),
Paulo, Martins, 1972 , p 5S,

12 n
dores tanto no â mbito do consumo de luxo como no cam - dução artesanal de luxo f ,*J. Tratava se. pois, dc obras que cs
- -
po dos investimentos culturais. Por ocasião das sucessi - lavtim virtualmcntc *cxcluidns" do mercado mais amplo onde

--
vas viagens que fizeram à Europa ao longo dos anos 20, os livros dos anatnlianos alcan çavam vendagem expressiva atra

--
levaram à x ú ltimas consequê ncias um estilo de vida osten v és de sucessivas edições Enquanto os profissionais por exce
tatórí o onde mal se consegue discernir o que é investi
mento intelectual daquilo que diz respeito à importação ,
lência da Repú blica Velha viviam dos rendimentos que lhes
proporcionava o of ício de escritor a' os modernistas derivavam
dc í mbolos de prestigio social: frequentavam os espet á -
s suas condições materiais de existê ncia seja de rendimentos pes -
culos de teatro de vanguarda dos bales russos os
, , -
das dos cí rculos diplomá ticos as conferê ncias da Sorbon -
,
noita soais e/ou familiares sejtt de empregos c lurcfas que exerciam
nas instituições pol í ticas e culturais da oligarquia .
nc, ot cursos ministrados pelos pintores modernos , as cor - O acesso dos modernistas ás frentes de vanguarda curo -
ridas de cavalos e de autom óveis, as lutas dc boxe ; apren - pé ias por for ç a de sua proximidade social junto ans c í rculos
diam a nnditr , a dan çar o chnrlcston ; adquiriam quadros intelectualizados da oligarquia foi, paru dosai mente, a condi ção
dc Lé ger . objetos "art -d èco \ lapafos Perugia , camisas
'

que tlies permitiu assumir o papel de inovadores culturais c


Sulka , "pijamas de apartamento', perfumes Rosine, móveis
Martine, vestidos de Poiret ; tinham audi ê ncias corri o
estcticos no campo liter á rio local, tomando a dianteira no pro -
Papa. etc. f " . cesso de 'substituiçã o dc importa ções' de bens culturais e des -
--
bancando seus principais concorrentes, os polígrafos flnatolia
tias , Na medida que « s principais inst â ncias de produ çã o cul
Os "feitos” dos escritores modernistas em mat é ria dc tural, sobretudo a imprensa , nã o detinham o monopó lio dos
decoraçã o, de vestu á rio, de ética sexual , etc., inscrevem mais
acertada mente na hist ória da importaçã o dos padr ões dc gosto
instrumentos dc consagra çã o, os escritores modernistas pro
curaram impor seus modelos est éticos estrangeiros ( Cendrars,
-
--
da classe dirigente ligada ;i expans ã o do caf é do que na his Mirinctti, cte. ) como a principal inst â ncia de reconhecimento
t ória da produção intelectual , As viagens à Europa, o apren
dizado dos modelos est é ticos e é ticos de vanguarda , as formas
requintadas de consumo, tudo isso impregna as obras dos es
critores modernistas que dependiam das prodigalidades dos me
cenas que mantinham salões na capital do Estado Embora .
-
-
de suas obras. Assim, pode-se afirmar que as mudanças por
cies introduzidas no campo intelectual interno

momiente,
no que diz respeito fi definição do trabalho intelectual , dos mo-
delos est é ticos e das á reRS de colabora ção com o poder pol í -
alguns dentre os escritores modernistas tenham se tornado rniiis
tico — se fizeram de maneira bastante independente das de
mandas que abrigava o incipiente mercado do livro durante n
-
tarde semi profissionais da produ ção liter á ria e art ística , as obras Rep ú blica Velha .
da primeira leva se destinavam u um círculo bastante reduzido
de iniciados, pertencentes a fam í lias abastadas da oligarquia ( I 1)) F.m 1920, Sflit Piiuln is etimxvn com cerca dc vinte editoras,
local , c que detinham a chaves para decifrar lais obras. -.
" reprrsemiLndo capital ent íe 3 SÚ0 e 4.tlUU conlo de
* ré is ; lan çando 201
A primeira edição tlc quinhentos exempiares do Jucu Mu
tato, dc Menotti del Picchin , a primeira ediçã o de oitocentos
- Nlulos no ano, com tiranem jdobnl superior a 900,000 exemplares
sendo 2/3 dc livros didá tico c apenas 100.000 dc lilonlun ; Vrupci
vendem 8.000 exemplares, em* 1920 ; A / ma Cabocla, dc Paulo Sel á b & l ,
exemplares dc IsOicmxo Ctí qui, de M á rio de Andrade, ri edi çã o
-
parisiense dc rau Bratif , de Oswald dc Andrade, sã o em-
s 000, em duns cdi ç Acs,
— ludu conforme dados da Rtvhia <U > Hrunl .
em seu nUmeru fit, dc mar ç o de 1921 O que nHo se vendia ainda
era í L poesia dc Puuifcéiu OrsvairaJ ú . de M á rio dc Andrade , vermn divul -
preendimentos editorais financiados pelos pr ó prios autores ou .
gados cm 1920, mas tõ consagrados cm liVhr em 1922 ” í n N W Sodr í ,
.
Oft cit. p . J91.
por seus mecenas , que ostentam as caracteristicas de uma pro - ( 20) toda a vida intelectual eia dominada pela grande im
<
-
.
( 18 ) Ver Arxcy A - Amaral Tartila Sua Obra e Seu 7 rfnpo,
'

2 voli. Sâ ti Paulo , Perspcciiva, l ‘)75, o Oswald dc Androdc, Um Wo-


prensa que constituí a a principal insi& ncia dc produçã o cultural da
é poca c que fornecia a maioria das ratifica ções. o pusi çOei intelectuais .
^
Os escritores profissionais viam - se forçados a ajustar-ac aos g é neros que
- .
mem *nn Profit.t ão ( Kfrmóritif r Ç tmfhtActi / $90 / 919 vol 1 "Sob a»
ordens de marnSc", Rio dc Jancim , josê Olympio, 1954 ,
vinham de scr importados da imprensa francesa ; n reportagem n en - .
trevista, o inqué rito literá rio c , cm experin ] , a cídnlca ( . . . ) o êxito

14 15
Monteiro Lobato: anatohmo anlimodernista
. tista . que lhe paga alguma coisa ( ) envia artigos polí -
ticos pau í Santos, remete desenhos e caricaturas que o
José Bento Monteiro Lobato foi o analuliano de maior
sucesso comercial e intelectual na década de 20 em S ú o -
Fon Fott, do Rio, publica. E nã o contente, traduz bas
tante do Wcekly Times, pinta projetos de cartazes para
-
Paulo. e neto de grandes propriet ários de terras na um concurso, au qual, arrojada mente , concorre ( . ) ago -
regiã o paulista do Vnle do Para í ba, leve a educa ção es-
merada que em geral recebiam os jovens desta fia ção da
ra é a Gazeta de Noticias do Rio. que aceita suas colabo
rações ( ) Quando lhe pedem artigos, quer
-
logo saber
classe dominante . A morte de seu pai ocorre no momento quanto pagam ( ) F novamente procura um;i salda:
em que cursava os preparat ó rios ent ã o exigidos para ma -

-
.
.
tricula no curso superior. Como para seu avõ o Visconde
de Tremembé n ã o houvesse outro caminho possí vel a n ã o
ser torná lo um bacharel, nem mesmo lhe permitiria len -
pensa em ind ústrias (
para cuidar de algo cientifico
e filosófica, ou ent ã o um
ganhar dinheiro , quer
vocabul
sair de
á —
) pensa cm desistir da literatura
uma gramá tica, hist órica
rio brasileiro (
Areias ."
) quer

-
lar o ingresso na Escola de Belas Artes ou na Escola dc
.
N.HI fosse 1 pcrspcctivti de herdar a fortuna familiar ,
Engenharia , as duas outras a item ativas entre as quais po
dia sc dar ao luxo dc hesitar um herdeiro de quase dois
- esse per íodo nã o se earuclerizariii pelo movimento pendu -
lar enlre planos de investimentos econ ó micos e projetos
mil alqueires. De posse do titulo dc bacharel em direito,
retorna » rmihpl é de onde passa a colaborar em diversos t í picos de um empresário cultural . A tal ponto encontra
- se identificado com a posição de empresá rio que mesmo
-
jornais do Estado aguardando o momento de assumir a
a maioria dc seus projetos intelectuais n ão somente co-
herança familiar . Na mesma época obt ém uma pmmoto - brem lima externa variedade de á reas produtivas como
ria interino em Taubat é mas o avõ lhe convence dc que
seria preciso ohter uni posto cnm garantias dc estabilidade nem poderiam se concretizar nas condições artesanais de
caso quisesse se casar: percorre 0 Oeste do Estado mas nã o trabalho intelectual que eram as suas . Afora a pintura ,
as ilustra ções, OM cartazes e as caricaturas, ou ent ão, os
consegue ser nomeado para nenhuma cidade importante,
-
contentando se eom o lugar de promotor em Areias . gê neros tradicionais, o conto, o romance, os g ê neros rc -
"( ) Preocupado em ganhar dinheiro, economizar di - -
cém impartados que estavam na moda corno por exemplo
n cr ónica, os coment á rios pol í ticos , iniciativas como a ela -
nheiro, juntar dinheiro”, Lobato faz muitos projetos de
investimento tanto na á rea económica como no campo de bora ção de uma gramá tica, dc tirri vocabul á rio, a cria ção
produ çã o cultural : *" ( -
) trata se de fundar uma ind ú s - dc uma revista , requereriam escalas dc produ çã o envol -
rria , uma f á brica de doces em vidros, geleias tipo inglês , vendo o trabalho assalariado dc equipes c cujo porte exi
giriam uma estrutura produtiva cm moldes industriais, que
-
leni um amigo que entra como sócio, de nome Paiva ,
de manciru que imagina constituir a firma Lobato & somente 3 grande imprensa da é poca lhe poderia propi-
Puivu 4 ) Tem muitos planos : ir paru o Oeste, fundar ciar . A morte do av ó liquida essa situa ção inst á vel dun -
.
uma revista , espécie dc l.c Rirc escrever um livro coletando -
Jo llie posse da imensa fortuna etn terras de que se valeu
-
mentiras de ca çadores ( ) anda à s voltas com o Boca - -
para tornar se empresá rio cultural. Num primeiro mo
torta, que passa a considerar o seu conto numero um .
Cogita de repassar as narrativas do Minarete (
-
mesmo em transform á lo num romance, Rt é que convida
) pensa

do a colaborar na Tribuna de Santos, revolve publicá -lo.


-
mento, enquanto nã o consegue vender suas propriedades,

légio s para
ó
-
entusiasma se coin o projeto de um colégio de elite
“acaba fundando, num casarão em Taubat é i
meninos ricos onde só se ensinem
) um Co
coisas de
—-
Fngrenn uma colaboração ruais ass ídua para o jornal san - ricos

cíporte, póquer , bridge dan ç
,
ladas. elegâ ncias, pedantismos, etiquetas
as , l
c
í nguas
as
vivaí fa
tinturas dc
-
.
MUL' ilcun çavam pin
. . meio de MIM pena poderia í he\ trmzur ulá rioi JIK-
Iburer. ' iiiccuniM burocritieas e favores divervoi”, pp l í c 74, Sé rgio
literatura , ciê ncia c arte necessárias para as conversas de
Miceli, Potfrt .Srui t Letras na Republica Velha ( Estudo Clinico Jt >\
Anawti úmni. Sâ o Paulo , Editora Pcrspectiva. 1977 (21 ) Edg» rd Cavalheiro, op. cit ., pp 96, 114 1 ) 6.

ib 17
saiio. Algo como Etnn ou Cambridge <
. -
|a
' mas
em J 916 transiforo sc com mulher e quatro filhos para São
Paulo depois dç icr vendido a fa / ctida . Passa a colaborar
r - — quicas dos Estados noídosíinciK HL >S movimentas oposicionistas
cru São Paulo c Minas Gerais e a certa alas du tcniíniismo,
*
deflagram uma insurreição armada c assumem o controle do
rcgulannenre em O Estada tlr S£h> Paulo c acaba sendo governo central. O dcsTccho tto Revolução de 30 e. sobretudo ,
--
convidado pura dirigir a R í i ijra do Brasil cujo controle
Btritin á r ío adquire do grupo Mesquita dob anos maia ttirde .
o fato de a própria dissLdénuia ' democr á tica" que apoiara a
cií ali/ .iií de for ç as vitoriosa ter sido alijada do mando polí tico
1

Tais dimensões foi tomando esse empreendimento edito


rial que decidiu montar umn gráfica pr ó pria , encomcndim*
- no plano estadual, tornaram irreversí vel a derrota polí tica da
oligarquia paulista J . Ao longo dos primeiros anos do gover -
'
| |

do rios Estados Unidos o equipamento necessá rio. .Tecn - no provisório de \ Sirgas, !i nova cnali /.iío que definha o eon -
.
Tattl o her ó i de seu primeiro livro, o símbolo dos cflhn - irulc do aparelho do Estado procurou, de um lado, assegurar
ctos sem terra, explorados e maltrapilho*. lhe assegurou um mínimo dc condições económicas com vistas a debelar a
um sucesso comercial sem precedentes . Entre 1918 e 1933, rccessiio económica no setor exportador cm seguida á crise in -
o l i v r o de contos Urupê s teve nove edições, Cidade* iVfi r - )

Fm trabalho nrtxntc, MHTUI Cecília Spina Forjar fornece


-ç. o - pol24 í que
f áí e Ideias dc Jctci Teitu tiveram quatro edições , Onda
( }

--
ubí idius Je í xam enlTvvcr a eomiité nefa do priKnii) dc tf ícranda
Verde teve duas edições, afora as sucessivas tiragens de # -
Ucp pftrlií á
l ria nu final Ja d É cuds de H >. Os movi mcfllnt di -wi
sei is livro# infantis, sob o selo da Rttvista <io Brasil e, de
pois , de sua pr ó pria editora . Monteiro Lobato & Cia. A
- dcniicn ç ue Irrompem
niicItDS dc OJKIst çJo
nu nlvd partidá rio redunda rwt > na montagem dc
'
'dcmocriuea nu cru d ' Uierlln I cderal c em .
partir de 1424 c at é fins da d écada de 30, nflo só continua nambuca ),
.
t o nl ( ji (.Santa t
UH
^ Rio dc Jmoiro M rinhlo, CtaiA,
uL rinij ,
qual) se vem Junlar o Pultidn ^ Litn riader dn
. -
I -
CT
Ftii '
a prodnvir nos ma is diversos géneros mas supera a marca -
- do S u l c íTi mariu di-- l íifi , todue L JCS COITI ptCgr mas idirtlieui
( iryriL Í L
*
dc dnqdctila t í tulos, editados pela Companhia Editora Na - ao do partido dcmiicfiiieu ptdbiui, configunuid- n o que a autora dnJ | -
. .
Lriivnal L rn 1937 O Escândalo do Petróleo alcan ç a einco ji : LI , aecriaduiTtenic. de revoluçã o t-fvilCoptripocao se ao eontirmls - -
.
edi ções cm dois auos Uru/tês chrga S II . " ediçã o . Fábu
las à 7.' edição, História do Mundo para Crianças e O Sart
- MN
' que u pcrrtptsmo vinha lAlando Uigrar no pl ^ no fsdeTA ] , A rede
de imeleue 'líeiBocrftltOl' pretemtij inslnuTur a tic emiinis
.
t utra viu , c
p H. listiL pn C
|u.nr eeja J Js reforma dhis mecaNismos dc represema çã u , ^ .
i) 6,* edição. Al é O aro de 1935, n Companhia Editora -
A , iiç rvmlspfcf itemDCiíLiieai cjUaduiLi eram, na verdade , diiet ò riui da
-
Nacional e a Editora BrasjlicnsC teriam lan ç ado pos volta
de I J20.000 exemplares dc seus livros, uos que sc pode L '
.
sede iriulisu puro cindo convergium :c- ( u çdei alijada! dou partidu » re
puhtlcanuh Stih a jgide da Aliaiiç L Ubcrtadota, tndus csSci pariidus
KNí niiaçVks ee- cuns, re|l íirn parn :L fnrma çâ u tlc u- ma jrennu .ifi .- nji- i

acrescem ar os 3 ,000 exemplares de cada volume de suas eiinml ç tijjii / de abrigar os niiclcis* oportieionisin ». MPnrUcipam das
obras completas em trinia volumes e n* reedições de seus .
rcuniOus prcparatArlan pitu , i Jnnd ivisu ilo Partido fJennicr ã.ticij Mn -
livros infantis , perf íiendn um total superior a 1 , 800.000 «OB«í ( ) ulgumafi «ncntíi piditicas mdcpcndenlot, chefiada pelo
depuiadi! ifdii . ii Adidfo ttcrgunum e pdti intundenlo nmnldpal M.m -
-
,

exemplares Íí ". j
rlci " de LaecrJa cmincnle ijcíi uor da cau.es [ L- nenli .lu c lamtn iri das
.
reivindicações po í fiicas. (coní ntlcu ^ c locíaii doa trutmlluidom urbac - ^
I l ícrrofti polí tica du oligarquia jum , "

-
in
-
MiliiiL LcCliiiL Srinu FJ IJLL í TettfUtiirtty r - .
( 1927 19101, Satt Paulfl, POKB, 1Í7# , p. Jft O programa do Pt>N retoma
u principais t ópicos c bmvdein* atulcniados pdh opeisJç&si driíiocr á tica
Litffal

1 m 1930, Qs k
^ligarquiiis JisstJcntcs i í os Hstndo\ situriclos .

finit tfci ciicLitfki dc expkirsnç iii-. c cuja produçã o xe dcslimtv .t bg -- ptul ÍMa “l ; fcTflin cpnttHiiidni gnipen paca aigá nim o FDN JH >
P:ui. Piau í . Maranh ã o, Km 0 rude do Norto, Pkntba e Ccari1' * é
sicuraentc ur > marcado interno, afiada a certas facçOci oligár * pilamcntc Btplv| # dvf.r.1 cantpunh:i destinada a oblcl o npmei das nJi
-
gitrijoi íiB d kl norte C nordette L|UC diVL rsos inccleeLunii deskL 1 eiLudos sc - -
CÍSI / / Ibid .. p 141 Í LtntJinT hl huilea «00( 7*11»^ ', dentre O» qriitís Joaquim Pimenta, t .v íi
)

( 2 1 ) A primeira - dieã o i hrJs CLifiipleia . de


'L
' UdQlcit , Lobfltp ^
riato kic Morais, t - encindcc T vora , e slguns doa futuros quiilliua klua
^ , como por caerrtplo t , ife Plljio e
,

ilata ik- 1 M J *>- 1 T , dlvid.-Eda.il e- ntre n mí rie de lileramra geral , conlcndi )


,
prim ó rt íú du poluica poputiita
|

*
1 2 Volumes, e a siric de lileratura infaii1 i| e « > Hb 1 7 votuiTHfii com LI « kl . Pcdfu F í* .
iieslo. Vci P. Niígucira Filhu op. rn. , Vnt . I . p ÍTÍ í SCJííí
t Editor* BrasUierne ; trudu ç o om dgpanhol d;is obrín infantil duu CVinsullai aimí ji Itorií Pauito, 4 firii / lur ão dr 1910 í ffit í erhigfttia 4
- ^
> ;i ti i

kljh ohirj-ie compitam, lam õcm Btrav í


--
de I Õ 4 T, peta Editorial Ame ricule de l Í L e nos A Lies, t D le gUndn cdiCfln - - . SSo Pautei. Hmiitlcnsc. 1 'J í lt ep do mnmn ^ olor. o ctniu )
" A cri -se dos anus viitic c a rcv õ ju çXo de I JO". in. O Bftuií Repuhli -
^ d,i Brmiiliemií, deui d - 1950 ^
tlensullu Eklgsnd Cnnlhdre, op cti„ pp 2 1 e *cgs.. vn ] It
^ - .
rurn , Boftv t éiuuii ( urgi, lorno 1 fI vot 2 , iifi.0 Pantsi, Difcl, 1 ^77

iX 19
.
icrnauonul de 1929 e. dc outro lado minar d ;, buses política* demandas sociais que haviam sido represadas por lalta dc ca -
da oligarquia tradicional. Nesse sentido, o governo Vargas no
meou " interventores ” niil í titres pura o batido de Sâo Paulo que
- nais de expressã o e participa çã o, os dirigentes da oligarquia
-
paulista atribuem us derrotas sofrida# cm 1930 e 1932 à ca
n ú o tinham quaisquer v ínculos com os dois partidos oligftrqiii
cos lotais e nem pertenciam .is fam í lias dirigentes do Estado
- r ê ncia dc quadros especializados para o trabalho polí tico e cul -
,
tural c, escorados nesse diagnóstico, passam a condicionar suas
estimulou u criação de organiza ções pol í ticas que pudessem
compelir c evenluilmcnle atd mesmo suhstiiuir os pjirtidoir uli -
pretensões dc mando no piano fcdctal à cria çã o de novos ins -
trumentos dc tutu a Escola dc Sociologia c Pol í tica , a í acui-
.
gá rquicos afora ou mg tantas estrat égias e expedientes tenden- .
dade de filosofia Ci ê ncias e Leiras no contexto da nova Uni -
tes a desbancar a antiga ciasse dirigente-
versidade de São Pauto, o Departamento Municipal de Cuiiura ,
lais desdobramentos levaram BS for ças pol í ticas da oli - sâo iniciativas que se inscrevem nesse projeto .
garquia a tentarem se recompor através de uma frente ú nica
paulista ( PRP ç PD ) cujo programa em defesa da constitucio
nalizaç no recebe a a desfio de diversas entidades representativas
- A "Escola Livre dc Sociologia e Pol í tica" foi criada
em 1933 sob os auspícios dc um grupo de empresá rios,
professores c jornalistas . A Faculdade de Filosofia. Ciê n -
.
dos profissionais liberais ( médicos engenheiros, advogados ) .
cias c I .eiras e a Universidade dc Sâ o Paulo, foram criadas
Em 1932 , essa mesma frente ú nica desencadeia um movimen
to armado com o objetivo de derrubar a coalizão vitoriosa cm
- em 1934, com apoio do grupo Mesquita , durante a ges -
1 30, Após i derrota ante as forças militares fiéis ao novo t ã o Armando de Salles Oliveira no governo do Estado, A
^ primeira procurou adotar um modelo de ensino c dc pes -
regime, a frente ú nica recobra â nimo com a montagem de uma
- quisa de inspira çã o norte- am é rica na e a segunda deu pre -
chapa ú nica eleitoral intitulada " Por São Paulo Unido**, vi
toriosa em maio dc 1933. As custas da antiga má quina parti
-- fer ê ncia aos modelos europeus. A contrata çã o dc profes
sores estrangeiros visava a forma ção de "quadros t écnicos,
-
d á ria e lan çando mio dos expedientes usuais da Rep ú blica Ve
lha . a frente olig á rquiea obteve a malorin dos votos nas eleições especializados em ciê ncias sociais ( ) de uma elite ‘ nu
merosa e organizada ', instruida sob mé todos cient íficos, a
-
de 1933 e 1934. Na expectai iva de lais resultados o governo
pur das instituições c conquistas do mundo civilizado, ca-
,

centrai reservara um certo n ú mero dc vagas parlfimenlnres para


paz de compreender, antes dc agir . o meio social cm que
representantes corporativos que seriam eleitos conforme as di
retrizes oficiais. Por fim , o golpe de 1937 instaurou um regime
- vivemos (
, eficaz
) , personalidades capazes de colaborar
c eonscicntemente na direçã o da vida social " < .
n|
ditatorial e liquidou com as esperan ças da oligarquia de recu
perar o controle do poder central.
-
Sã o os herdeiros das antigas dissid ê ncias
Armando de Salles Oliveira, genro do velho Mesquita , c prin —
cm especial.
cipal respons á vel pela reunifica çã o das Forças pol í ticas oligá r
-
-
u melhor ,
vernador
confirmando Armando dc Salles Oliveira no cargo de go-
Hnalmcntc , com o apoio dt Ví U próprio partido e dc
umii ala do PRP , wu nome i lan çado como candidato á Presidê ncia
da Rep ú blica Consultar Fdgatd Carone , Olixanjuiits r Classes Sociais
-
na Secunda Repú blica ( 1930 1937 ) , Slo Paulo, D1 FEL, 1974 , pp . e
quicas — que tornam a dianteira da frente única paulista e icgs , , c Helio Silva , 1931. A Guerra Paulista. Ria de J AO tiro ,
. -
Çivili
que patrocinam in ú meros empreendimentos culturais na déca
da de 3CD "". Ao invés de se darem conta da emergê ncia de
- ra çã o Brasileira , 1967 , c volume» VI, VII , VIU, JX do ciclo Vargas
( 26) Trecho do manifesto dc critçflo da Fscola dc Sociologia u
Pol í tica, in L A Co» U Pinto c Edison Carneiro, As Ciências SocMa
iZ5l Armando de Salles Oliveira ajunte u Jnlcrvenl ú m em Sã o
.
no Brasil , Rio dt Janeiro, CAPES, 1955 pp 16 ,'7. A respeito dessas
inslllniçfct. tons u Lm r també m Fernando dc Azevedo, As Ciências no
Paulo em agosto dc I 9 J5, Utiw morocnlo uic o golpe dc 57, o genro
Bratií . vol . II , Sflo Paulo, Mrthoramcnios, 1956, cnp. XIV , " A antro-
ile J ú tiii Mesquita e, port -Rlltií , u herdeiro pol í tico da fttccâ ii ' liberal’ da
oligarquia paulista, procura juntar oi diversos setores dirigentes com pologia e a nociedade no Brasil” e , do mesmo autor. História da MJ <
.
nhil Vida Rio de Janeiro, Ju*é Olympio, I 97 t , quinta parte . O Dc
-
parlamento Municipal de Cultura foi implantado durante a gestà o F á -
vistas „i reUimadji do poder R n í vel federal. Em fevereiro dc 1934,
L- rin - sc o Partido Cmnlitudcntliili “ partido dc lodo os paulista ’’, con
*
gregando as antigas fuf ças democr á ticas e outras agremia ções meno-
* - bio Pmdo à frente da Prefeitura de Slo Paulo, no ano de 1955 Re-
sultou da um projeto elaborado por um grupo de intelectuais que,
res. Nas eleições de 19J 4, ambos os partidos concorrem em raia se
parada c, cumo era de sc esperar , o Partido ConjÚJtuduailuta leva
- eram companheiro* desde o* primeiros tempos dã oposiçfio democrática
.
»ob a lideran ça de Paulo Duarte e Mirio de Andrade O primeiro
20 21
As demrtas de 1930 e Jy32 exerceram influência decisiva L1 io fulo tlc itt polí ticos filwdos ao Pariido Dcmouralico e os
carreira dos membios do estado-uutor intelectual dos gní -
na
li 1lííruv d;u artligas dhst óínda terem liderndo <t projeto ik -
pos dirigentes paulistas. Aqueles que faziam parle dti ala. pci -
reunificado das for ç as o!iturquicas *
protelou a tomada de cons-
repista passaram iis flk- iras dos movimentos radicais k direi tu < icru M do» itltdectuais "democriticoí " qu & nto àí prohahilida -
c Si esquerda enquanto alguns de seus antigos companhei-
ros foram couptHffas par» cargos de cúpula da admtnisiração
.
I . I , Mihieviv ériciEt polí tica deles mesmos, dos gniprn, tliri -
neniM do amigo regime c da própria classe a que pertenciam .
pública federal For sua vez, a maioria dos intelectuais que I ntie i<>30 e i >J1 os inicies- tu ai "democr á ticos" participaram
militavam junto » oposição “democr á tica" permaneceram em *
mente dos diveno» empreendi mentos ctilturais suseiiados
t
Suo Paulo dando sua colaboração ao projeto de reunificação
jn liis derrotas sofridas no início dos anos 30 ,
1

d;ts for ças oligúrquicft» em  mbito regional, Diversa mente dos


intelectuais "pernepistas" cujos jn seios de farer carreira pohiiea Í S õCS C querelas ocorridas tio interior do movimento
As L

uns molde» daquela seguida por seus pais i lirum por terra com modernista se devem sobretudo a fizóíí polí ticas Krnjuttíi- .
as derrotas dc 30 c 32, os integrantes do esta do- maior iiueJec- ln o»escritores vinculados cio pçrrcpkmo buscaram colocar suas
tuni Jo Pariido Democrá tico tiveram a oportunidade dc con- ninas a serviço dij uma ideologia, “nacionalista" <k que pude -
tinuar prestando sua colaboraçã o política á oligarquia. Contu- riam st- utilizar o grupos: dirigente;;. 04J ent ão, doa intentos re -
. *
' i iLu.stiis que tencionavam impor ú direção partidá ria, o grupo
l - intelectuais “democráticos" sob a lideranç a de M á rio de An -
- -
rntta JSNtSbiOT LUTL IL ta Prcfí itu e Msrto iKmiL uta para Jireic r (la
IJHvlidis dc Espiiiwflo* Cultural L IJL, próprio Dcpartirnicrm Ouiros - drade se empenha em n 3o deixar entn que suas tomadas de
...
.— -
untij; ' mití mmcs c esírib i ta íJííirJu Nacional Strgrrt Milltau, Ku- posiçã o ao Icrrcnci polí tico partidário possam comprometer n
twn» Borba dc Morais *
cr riam chamo dou p ira dijjjur us dç rnaii .
conte ndo de MII produção liter ária e em é tica . Os intelcduais
. -.
divisões, JL Hiibcr Bibliotecii, Ed-UCOÇ&n e kecreii Hacum llj{i» HL
i

^ *-- «!wn:iudos ao PRP acabam cindido» — a "direita " e a "esquer -


líirioo e Social, Turi v i- lliiviiinternos Públtc õ v Para uru levanta
- *
- Ii nlir «MuiLifA ri impritc tliss projeto c realiza ções ta UcruarTumcnlo
*
at é m af ^ siamcn- co defta irunipe cm I 93 B , consultai Pauto Duam- ,
Márh' dc Andrade por Hf Attinw SAo Pauto, UucUcc, 1*577 , em «
da” Liter árias

pui terem tnisiç cs divergeates quanto ao grau c
^
its modalidades dc ecigajanienlu dos intelectuais com o trahn -
-- - -
-
pcciul o [ eitn " D lindo sonho c a dh >Luri'sa rL uIrdnde , p J1# n
hem conid LI i1ej> >ini. nto |à citado <k Oni hilo Alvarcngu qur t>< in -
''
1

' - NLV, úbjltllvi i | ue L ? I Vp .i I liirSieiUh iín


t 2Ml
' germe diu Irtvh -
i 1

curiTbiu da dií cviu dii 1JisehUeca Píihliea Municipal


'
IUILF linivileiro de i. ulcura Primeiro, um timitutu Patdisia, i| in- Ar *
mando Snllev nu (tovtmo ) S no iiilntin, Pat « ino o projeto dn
í lTj Eni IKIIITC ii rompimento dí fioitivu dc f íiwnid com
t A parlamento do FalrluSnio Hisi * õ rií L ' v Artí stico L!C Stic» Ptuln, líi
Piittlii PnidL », Aldlltin M chadL.t e Milita de \ ruinide, eíTt vuttfdt de
raifies pAlItiicii, vate itivjer*, O.Mvaid sinlonlmdo mm o vivr -inu domi -
ivlnvti na A -. -.eHnb 3 £ iii J . egislaLie ^ Í . . . I IJcfKiiv. L- LIITI À rimuí d . SntlhM n
Pn-Miléndã d.a Kepíiblifli, vi‘ ria o Infitltutiv BrattldFp, uma nriindc í un*-
..
na n i e i- " - demaiv filiadan ;i nposi çfl dcmocrádei Em l Á jl, Tardia
In Amurai Í UF lima oa tm :i União iirrviclic . cum Uma CApiiSiçíiu de ilnçáo libertada da influinciii publica, com sede no Rilo, irúcialfnenle
euas nhfjv ecri Moscou;^ ilaiurn LILI mesirut pi^:r|udo u iocllniçõcii cs- milalidtii »IÍ Tn do dc Sã n Pauta, pars- dijurui, outro* n ú cleos em Mi-
nas, n< i Itil.p (.ir.ilide do Sul, u.i llabia , em Peinambuço e no UorÉ
e| uerLlivtav dc Oswnid c scir pnsteriLir ictpiesio no Pt B. Ap ô s
"
revo- I i vera mus ama ideia ceuiul t|uc AniNiudii SelJci iprovou Os InstitU-
fuçirj dc alfltifls el eme mus da ula {wnVpistã dl ? fti r>(te rnivrnL ^L‘ . loi de Cultura jjutiitlTWn com a ( iduidudc todu u ummles cí dudcs ,
engajam eni lAnvimtntm autoritirlnv dc direita (Plínio Sulgado ], uu *
i\ im a oolkboraçã o da. Uní ví rí idade , porque, alo cíHUprutando evid -n- .
h
-
um u- iíime autur ír tt Indido Moit Filho, Cavtfaoo Rícardu, Me-
íiar
-
- fUã i , rrtamfeiliin impla biatOIlia LVJTI H í idearin e a i ( epd-êneiítS dr
Irmentt cs^ as culadev uma hneutdiide , leriam contttcro Inrimi com csin, '
*
Ocm í dei Picthí iit . A nisl õrio literft í iJt faz tfibula rasa dessas injunçòcs
itnvii de conferímciM, cnrvns , teairo, mwerta , ele. ( . . . ) u Utpiiria
* -
inrnli i de Cultura efn aperUis llffi inleio . EnUisiailflaJo CLim tiiMi ini-
de ordem poltlica RVIIH Confttluir m 4-TÍ tí r Í Lih, dc clnuiflqiflA de rio , Armurido dc Satfei OUvf íri, ú ltimo estíijjvrii qtse o 9 rui! tovs,
autofus 1' obrus CHirun piUit anAlmc tomprccniivn drr corUi-údu- dost ós
ohnii, Poj força dai inlEFCu» em }( ern tonjonluras pgsUTiorci
-
InuCrMa U no programa cnni n quat w aprevenlava para 41 PresilUlICja
lfD
do campo inteleauai, a hislí rm UtcrAtU pnaupu a operar cntri vim - .
LIS kcbLihliiir " in PlUln Uu .trTe , Afunta itt
Amiradr . , ed CÍ t. , pfl
’ l Ml I iigo. nãii peinvt Ljualijuer dúvida ite cnlender iknt irttdcC-
-
plificuetkí t RriHieflU secundo as iquii n IK -TIIV dli inosa à o íctuiu vub-re
,

Liais, quinto « o visinifiau-ta pollbeo de suq eontribuii;nLi Ad rnais, al- *


OVLVLIIíI. MS rio e , cm minor medhla , nobie AkSmriry Machado e ^
Ituiis d . i . projetrm alLLLÍ ih!oa, comu psir eieruplu o IVparla emo d 1
denuiv foram recubertos pelos muitiit da ideloOKta -
^ .
UlHTm elcmejUhis filiadotS à Ppoatçft ú deiuL ciã ica ao passi ' L|IIL m
, <IULT dizer, do
htrim ònin l-riitbriciTi c Aií tiltoo, acabaram veodir encampados no Sm
.
blfo feden] apfts 1937 e diversos intcleHiiai I p r e s t i g i o (ur iru con . -
-
poveoduiiiLi L LI" hibveuruntitrui vidad« a oolihornr inclusive o prípno Mlrio d .- Andrade *
22 2.1
Jho pniilico. O racha' interno ai perrepistas, seguindo- se 1 i i i n .
11 tu lhe propiciaram, tlc um lado wus amplos investi -
".
< '

* "
publiciç fia dn " Mnnifcsto Pí tu- iirasil de Oswnld tír irimli L- CJI capital cu Mural c , de outro, a expanslo das ins-

AndrniJe n dttttdo origem mis rrtovimtntos *Verde* oiarekj" e .


í ilim iu- s culturais da oligarquia . Na vcidade . M á rio só podia
"Antn " , sc cuplica em grande parte como revide pn uielicijma * MIIIMII com o uí pitai social do ramo materno de sua fam ília
que impregnava a postura Intelectual assumida pdos escrito- para cunlrnhalançar ou iras desvantagens familiares c escolares,
res Rlindos á “npos íçio democr áí ica ". Enquanto os "peircpts- I |r cr :i uma esp é cie de cabula indesejado, de uma feiura sin-
las" procuravam nã o dissociar suas tomadas de posição no ler - IIIlar. com ‘' tremules nas mã os"; seu pai c outros membros
reno cs1 é tico de sua atuação propriamente polí tica , a maioria .In fiun í lin nio conseguiam conter o tapeto de culpabiliz á Jo -
dos inldecfuè» ‘demncréí l ImJjrctamcnle pela morte de seu irmáo IíIB í S moç o que era o
t cosH buscava resputirdar a problemá -
tica dc sua produção intelectual dos conveniências impostos pe* -
ii hrnn favorito c cheio de dotes, bonito, louro, ‘ intdigenlc e
11

las Jutas polí ticas de que participava 1 1, " M- NHIVCI " Alem disso, Má rio foi o ú nico escritor modernista
^ n rufo ter realizado o curso de Direito, relegado ;i Coninhtlidade
á-frirtr ) th 1
. í Jttfrdt í i " : !iíl í ' r ifttâí tctuaf Purritlo Democrático qtic nií o chegou a completar ç. adiante, ao Conservat ório Dia -
ti úlico c Musicai. Em relaçã o a Owald que procurava se ím -
Ao contr á rio do
honieni sem profissão 71 OswaJd de An -
"
MH tanto por suas fa çanhas intelectuais como pela sua supe -
drade que póde nssitmit o papel de vanguarda no campo Lite- social . M á rio de Andrade poderia levar a melhor
rá rio às tustn.', de imensa foriuna pessoal , Má rio de Andrade 1 1 . i competição em torno da lideran ç a do movimento modernis-
íorwtitu] o prot ótipo do "primo pobre " que também chegou « ln pelo empenho com que buscou diversificar os campiB de
exercer uma liderjin çri no campo inielcciual mas por ti as dis- ipbcfcçto de sua competência cultural polivalente Sendo
luiokliJahi, Mário teve que fazer investimentos Intelcctuaii de
" VT á riki sempre fin , de eomL
. .
fki, ihuNetin NHo L-ra
upikrddí flu, uuifl apk lilicii . i nS<k tlVklfa JicnhiJm enluxijlitinii fikzlu
i . ú monta que acabou cobrindo quase todos os domí nios liter á-
rio , art í sticos e cií titllkos da é poca ( du literatura Is behis-
campanha k Oinvr? Hilac. nem temiara p rlidn puf Lhtusii í )
‘ ^
de 1 'íH. lS . mus vibriiu <k indijiuiclí ks t|uandki LíU turpudeamcnlk ) Je rrtii .
Glk' rri , *
irteg c â m ú sica , do folclore á etnografia e à hist ó ria ) , ao preç o

vim braiilí ifija ptln htk- ich i i F u i:idifercn[ i; nu piimdm í : JL-


..

,
. 1 . permanecer solteiro c misògino toda tua vida, em companhia
IHo í ) Poupo lifpu i R ç vtjluvà kh de 1034. em São Paulo, mukc LLL mu c, da madrinha , da irmã ma is moç a e dn preta Sehasiin-
.
uviikjs a Coluna í hoits,
VLiinu- nflu quii sahet ila campunha dik Alianç a
I ibernl , da q ml o Írralit) í ta um dns ti-der h ( .
.
r i i que trabalhava para a famí lia . Mesmo tendo se engajado
^
\ unj ki ciirre |Hmdfoeia kitK mifilcvc çum Manuel Uarikltira
i Flltu impr ‘.h Í L » pi:H.n. t . !
^ *
L

prunlamenle nus Tileiras du Partido Democr álico, M ário jamais


^ * . nflu deixou de ser uma espécie de assessor intelectual de prestígio
Kík uma »0 pofana lobw poluiea, A elunde tiçã o [ . ) M íuiu rrft- bi;ij
í m I 9á 7, Mm 1 1 jteCpc de lu
r

novembro l. , > F que ele dirija sem conseguir , o exemplo Jc seu irmã o ma is velho encetar uma .
íI DcpjUiiim- nlVfkkíliiipat de CultlHH , criado nu guVemo ã e Amiaii - enrr ira política São e&Ms algumas das condições que lhe per -
tio dc Satk ^ Ollveirj.. cíim Fâ biu Prado na Frefeirkifjk . O t1.- pnrt ,irriL-n -
It fora UIíí JL ikta A fim ubra 1
Sem mais aquelft, dm nOÍ Lc para HI dia [
\ dera O melhor ife 1| mcnmn
I vcrii c.stio.roaT -nu- lodo u
. .
( JOf EnquanL- Oswald fa * íuqcutv â * viagem . Europa, M ito
*
leu irahí thu ". in f runci cu de A \ nií B# rhtnn , Rtirafin d ? FdntHa, Rio] mTbu «tM viagens de aftudm c pesquisa pelo inienor do puis , aprtí*
^
dc Janeiro, josi Oljmpiu , 2 : til. , 1968, p 151) Em depoimento deve, .
la . S m.in- riuk Çul í gidits pura dí versifiOU 4H»s í TV í IV kSc pnnLij-
no emento- , icr maiiada levando-ie em çocra nleJreiual . nu tJltã u . servindo se detc » na SUJI produçã o lilcr á iill ,
TIU (PIHD org. ej.ii-. de M- IJI ^ ç o |nljnr4cio qi»; lanio
. ciupHnheirm preiujfa.ii] im banido Lktnocra -
.
iioiiii pi ?i evempln nu o^ i de WflFkfiuime II ÍIS ) do qufll finei* nuns
h:Vis4o apta ii .- vijigum n Amazónia l .imlti-m em I ^JX , pilblita "
ÚoM, um cujo Órgúo,
-
i nde kvffevc quase diariamente
Nècipnal , illiuia ume nrura seçii FTIKIJ
tobre oa mâ ti dimerua temes, "rnm-
- hi ' n . . rubre Mihiw Bnuilririt que se vale do » Tudietiaií coletados a
prulnliudu com a Revolofio (de lií.íhl" euaví fl de tba idesfiu ao n r Ito dm fnrmu muilcait populares Mais inrde . puhhtii outro = *- *
Piirtidu OuQtocriliai aos poucm urrefccc seu cnluúiumn ' "S medida luilihs iLí tirt folclore , arte* plá sí ieas e in úmeras ufciTas sobre lemas uiv
i| iie Cfcvcum us oontmdt çAe
* at doSão Pndu com a Ravolitglo e enlflo % kk , iis
* -
NMI mesma í pnea , M obran d ' Oí w !d repartem rc «llre * un
* -
.
pais i ao aiaquc doí pt ócem movi mento , envolvendo- se cn-m e produr ítu poitica e vuí umei dc pmsa , não Rã vendo qualquer tenUtiV
. *
propaganda rEVolwfintrit patjllnn , ader
pietidílnlmn de Luii Pinho'
índo em Wí e od - iaudo o . i rii dm fènciD
* estrita mente liicririí vn
O teair< - *k Djwald dnia dos
s M t itus tn«lM pobtfcOS t tullurun SÍ O sinda puatk rinrci , Itrlk '
- )-
Consiillar Tcl ê Pttrto Ancuna Lopcít,
1

j
- .
u io tt - 4 n
, (Í n v i o s f f awjrr á fw . São Finito. Livraria
dedot, 1972, pp 4 ft , J 7. 62, 63 .
Dum Ci- i|i|d motivados pi>r exigências afiidí mien -, au icmpi
rusiDii ii.L Pâculdada de Filn ufis cm Sí u Piuilu.
OPOCMíSM qnc

*
24 25
nu tiram levar cabo o
oondiçOes da é poca
projeto de ser um intelectual lotpl nas
.. . As fam í lias dos " primos pobres " -
encontravam se reiutivi -
M i i iifaiHadas, tanto social como geograficamente, da fra çfio
I - liH I .. . 1 C intelectual da classe dirigente « que pertenciam seus
Os escritores modernistas t imlcmpof á neos do movimento modernista , os “homens sem
Embora quase Rxlos os escritores modernistas vejam ori - 111 oflssUo Os "primo* pobres" cresceram c foram educados

giná rios de antigas familiau dirigentes, de ,w distinguem emre cm cidades do Interior e só vieram para a capita ) ao final da
*
st n ã o tanto pelo volume de capital econ ó mico ou escolar mas adolescência. N ã o dispondo das Vantagem resultantes de posi -
peía proximidade relativa de suns famílias em relato ú fra
ção Intelectual e polí tica da classe dominante C , por conseguin -
- vn’ s privilegiadas no espaço da linhagem e da fratria. ao que
sL‘/ es vem sc aliar a presen ça de estigmas, esses futuros

tc . pdo grau de comcrva çio ou de dilapida çã o dc seu capital -


Intelectuais ençomram se praticamcate impossibilitado* de acio
nar a seu favor as ú ltimas reservas íamiliafes do capital de
-
de relações sociais O* irm ã os Almeida ( Guilherme e licito ) ,
cs irmão* Alcâ ntara Machado ( Antó nio c Dras íliu ) . Câ ndido i cl a ções sociais 1, exemplo do que pude mm fazer seus irm ã os
ui . LIS velhos. E mesmo quando p fazem em alguma medida .
Motta Filho, pertenciam a importantes fam í lias h ã diversas ge-
rav*e* especializadas cm flutues .
culturais eram filhos de ad - .videndos
1 atraso'
'
relativo dc seus Investimentos escolares acarreta di -
sensivelmente mu is turnos : M á rio dc Andrade n ã o
vogado * e magistrados ilustres que junta mm à posição de pro-
fessores titulares da Fatuidade de Direito de Sáo Paulo o de-
& empenho dos mais altos cargos p ú blicos a nível regional , ao
. hrguu a teaii/or nenhum curso superior , Fernando de Azeve
do SL'L chega ao curso de Direito após um est á gio prolongado
-
pa.sso que Má rio do Andrade. Paulo Duarte, Cassiano Ricar - como noviço ná ardem dos jesu ítas e ao cftbo de in úmeras
do. etc . , eram “ primos pobres" cujos pais tiveram de enfrentar lier í pédas profissionais, e Paulo Duarte só consegue o mesmo
(ardiamcnle, S ndo origin á rios dc fam ílias com proles nume*
uma situação material mais modesta e que só puderam tirar -
rosas, ns " primos pobres" devem o m í nimo de vantagens es -
partido do minguado capital social que lhes restou .
colares e culturais com qur se beneficiaram aos favores e ao
Os " primos pobres” amparo que a oligarquia dispensa a seus ramos empobrecidos .
Ncsias coiidi ç ' >es. a carteira eclesiástica aparece no \ ottins des*
L

Com exceçã o de Má rio de Andrade cujos trunfos sociais


c culturais H &O considerá veis, os “prtmos pobres" da oligarquia
scc intelectuais n ã o apenas como vá lvula dc cscapc LL "degra -
da ção social” mas também como estratégia dissimulada dc
são, em sua maioria, frutos de casamentos "para baixo” do
11 cumulaçã o de capital cultural . O ingresso no semin á rio lhes
seus puis que, coagidos pelas ameaças de "desclassificaçã o'' so*
ciai e peia falê ncia material , tiveram de negociar seus ilustres permite não apenas cscapat ao rebaixamento social , ou ent ão,
pruldv n relegação de classe, mas também lhes proporciona
nomes de fam í lia no mercado matrimonial toroutdn sc muitas
vwes os responsá veis pela gestã o dos bens materiais da es
- - "1 > or í unidades de acumular nm lipo dc capital Cu ítUtal la filo
-

pusa <*"1. sofia escol á stica , a filologia, ele. ) purticulimente dif í cil de
i p i n a r em dom í nios leigos da produção cultural . Por conse -
Í3 I ) A respeito dc M ã rin dc Andndf , ver hrnnciscti dc ASííí guinte, a inicia çã o litcr ú na e erudita que Fernando de Azevedo
.
tUrbou ftrtrjiM de Furnlliu , Kin dc lancir íi, Jcmí Olympio, 2 .’ é Ií., recebeu no seminá rio (o latim e outras l í nguas clá ssicas , ele.)
. .
| “ JriK .. OHIMLJ À lYAnmga Marta Jr AndrtiJt! , um Pt JJIVI ,
.>
ncin , J íHí Qlympio, ItH . Sou f »íiS tu Hrnf Ant ó nio Câ ndido pelai
Riu JC JI- constituiu sem d ú vida u condi çã o indispensá vel para que pu-
informaçOc* gnxiou que mc transmitiu n mpeito d amhicmc (» - desse levar a bom termo seu tortuoso caminho de reconversão
mí liir dc vf á rio dc *Andrade ^ :is profissões intelectuais,
.-
4
G 2} Vrr tt mem ó rias doi "primm pubres Pí* LI < I Dnane. Me
" )
tmir í at , L Raizes Profundai , SSo Paulo, KtHitec, Í 97 a . Ca ísiuno Ri
.
cUrdu , lJr Vi7n rrrj frrrrpn f m \ Eipaçv Rio dc Janpi- m , José Olympio, Qx ^ Homens sem Profi ííílo^
^
l ' ) 7 n , MLULJMI it ç j Floohit, A Lo / fyti Vfafferti , 2 uils. . .S ln Pn.uln , Mar
. " Mais do que bacharel, cu queria ser livre . N ã o ter
rins . t *)72 , Fernando dc Azevedo, J / iiííírjí j da minha Vida Rio dc Jurieiro
Itmt Obnipiiv 1 (71 t í tulos . Nlo icr pn > f í ssã o, N ã o ser doutor. Mas scr um

26 17
MHtUPNIh Tipo do
I 1 *!• C i o d o tí ii
homem capa / de ser homem! O que eu ná o desejava era *

ser bacharel sem ser .” < ni 1 . | . ,f mWA
"
in 1.111 /
.
J u- CrSniiLM,
AM i-HH ' 1 * I
I rMIll
* jnanatcjLus CJC IL- US .
LIH- MULIIIJ
Wtlrtl .
Os ' homens sem profissã o" eram. na verdade , herdeiros VtldtJe kHí O , PIUH1» . mmUit^*l,
nascido» em famí lias que monopolizavam há muito tempo as mutiLiriji

posições de prestígio no interior da classe dirigente Sendo HA ' , „.


t j.
Hom Kr CrIUfi dç Artç pottl
IíUIMIHH irUic» mutk*-iil
.
,

originários de famílias dc estirpe abastadas, cujos sobrenomes io


AMMtAIK
MIINAI
* .
l- iccllu. funtxKm o c <wun.
itu Jt
dc boa cepa lhes garantiam por si só livre tr ânsito nos círcu-
los dirigentes, e que estavam ligadas dc diversas maneiras ( ca *
e Sita
i(u (k í uklul .
I hrj, hUdúticu , ilnoirrafiA

- .
sarnentos, amizades, negócios cm comum, comit és partid á rios )
i
J . Uis- CrAfiit». c jrrmpoi Jí iiL ii

Arkli:
aos rumos economicamente dominantes, o fato de terem se r da
tufo
encaminhado para as profissões intelectuais lem muito mais
a ver com as estrat é gias dc reprodução dessas fam í lias do que
4 NI |l
Si - 11 IA
. *III
l
1

prttri ,
„J . .
D nlla, vflllti iKff ííii ,
CiVc * . eni&iat, btt/ tl4í ia,
tr p. lu

com os efeitos provocados pelo dcdfnio social e económico de ; ti' Fi . - Intimirinv


! ntJá p
que foram vitimas os "primos pobres". Por não serem os pri- Mietuv
dks EK-
mogénitos, acabaram sendo orientados para as posições diri - 11 paM*
gentes ligadas ao trabalho intelectual e / ou polí tico e mantidos
a dist â ncia das posições direiamentc envolvidas com a gest ão A *11 ftNlO IL1J rau ó»
£ roBt . PlBWftejtii
« st n iiu t
dos negócios familiares. *
AI I A N I AK A
MAI IIAI M >
A biografia de CAndido Moita Filho permite reconstruir a lllll I VI IK\

trajetória de um herdeiro da fração intelectual da classe diri- I (


| i|
. ANI MAi : .* .
' II III Ml 3orjti*l l!wfua , CfaJUif-jk' » . prusã ,
3HT, tntlfiM, ikporiíicfiUPi pnUdtiuii
gente em São Paulo cm meio A conjuntura de crise do poder
olni á rquico. Seu pai. Cândido Nanzianzeno Nogueira da Moita,
l AL MMtlAi Hit
SK
-
KII- JIKí ],
era um advogado de grande reputa ção que dispunha de escri *
t óriíi pr óprio na eapital paulista, professor de Direito Penal na i . PTC »
r Sm *
Faculdade dc Direito dc Sfto Paulo, e um polí tico profissional
ligado às hostes perrepistas. tendo ocupado os postos de depu -
tado. senador e secretário de Agricultura no Estado. Seu avó L l .
| | HNAMIH
A / l VI
>: oloe la EfliaJn crlrfc
I kvilK
IJC dio
* . Ingla
nscriwó fjftsi
í lirr rl # . MKU>-
viiHunl * .*
materno era fazendeiro em Capivan e o av ô paterno era pro- - Geral
íiHifiíln
fessor secundário, sem contar as diversas figuras ilustres jlÉlililD
entre seus parentes e antepassados do lado palcmo. Cân- w -Jc
dido José da Motla. rio do BV Õ paterno c secret á rio do Padre i ANMIANO nwçi Pú< »U . rMfsriJtft palCLkti *. es ÉI k
*
Fctjô durante a Revolução de I Á42, e Ccsário Moita Jr„ po- MM A RIM) i V r-
* nininãf ial.

l í tico de prestígio, ambos presentes na Convençã o dc Jtu; do


Indo materno, Júlio César Ribeiro Vaughan. professor c escri - *
Frtir -
tor naturalista , caindo com uma lia. O círculo dc amizades do
-
"

I
ui Aini-
UM n
utnbrv»
1 lepraImrtilui hpISLljMM ,
*
dociHMBlKla ulitnric* . mura
- obra «le
pai mcluia pol í ticos eminentes: Washington Lu í s c Altino Aran- > FA - f frtofr »ha «
lfMijhi
tcs. colegas no mesmo escritório dc advocacia; Carlos de Cam-
í
MíinAfiM
[ti evn r
pos c Carlos Garcia (o primeiro, diretor do Conriy Paulista- a e tt 1

nu. ambos deputados ) , Prudente de Morais, o senador Rodol-

. .
Í ? J| Cindido Molla Filho, Cuaifaveni Hegrcssiva ( mem ónaU Hui
dc Janeiro, IHHí ("Jlyropin, PJ72 p 25 ? do capitulo "Um homem sem
Mf MU ir
Ml -
1 M í tll w> 4v
Jmi '
p Sí
r CIY
OrAajtiU Btefiiíti poliiito»
(ictmEH . ramaoctri. ntftflikiu
.
Jrl*
ii
profiMlu". - I í»
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28
ri 1MI1 ) SAI Hiimniaom, tina cia r tai« )iii .
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IlAI H I FllHptl
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QIJADRO I ORIGEM SOCIAL, TRUNFOS HANDICAPS J < 11( 10- 1 It \ *

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ll Ln l . t -TKo lilho Uirel+n
KOMVS1 f
•ãJai Futllmi (o ., fimunal RiuuarujEa
twHlãcoa.
. uuui r eatudoa
Paulo)
* r < IhiTES Wf UrlMAS JT «í>C;R IF/ LÍ /
fo Miranda , J úlio Proles, todos pertencentes à c ú pula do PRP;
elementos do alto dero, Monsenhor Francisco dc Paula Rodri -
gues, D. Duarte Leopoldo c Silva , arcebispo dc Sflo Paulo, que
realizou o batismo do autor quando sua famJlia morava no
hairro dc Santa Cec í lia onde fora vigá rio ; seus colegas pro -
fessores na Faculdade de Direito, entre os quais José de Alcân
.
tara Machado d'Olivç ira pai dos melhores colegas dc inf â ncia
-
dc Cindido .
As comparardes que Câ ndido estabelece com os filhos de

--
Alcâ ntara Machado l â m como pano de fundo a posição seme
lhante de suas respectivas famí lias no espa ço da classe diri
.
gente < »*» Ele se identifica com o iimfio inais moço dc Bra -
sllio ( que també m se tornar á um escritor modernista ) porque
lem consciê ncia, cm certa medida, das estrat é gias das fam í lias
dirigentes que excluem alguns de seus herdeiros da gest ã o eco-
-
n ómica do património reservando lhes os encargos do trabalho
intelectual.
" Mas entre os poucos que tive corno companheiros
'

-
toda a vida encontravn se Brasflio Machado Neto Brin . -
camos na mesma rua , frcqOenl á vamos a mesma Faculdade,
fi / emos a mesma pol í tica , junto frcqlkntamOs os livros,
os sal ões de Haile e as casas dc diversões. Ele era rico.
Fu era pobre. E essa diferença poderia nos separar , mas
n ã o nos separou ( ) Um pouco mais moço do que cu.
fazia - me um sinal para que o esperasse com o seu irm ílo
.
Ant õtliO, para bater bola Desde menino cra um coman
dante , inventando brinquedos e determinando os jogos que
-
ir í amos jogar { ) Esse menino voluntarioso, que pare-
cia ter nascido para dar ordens sem ser r íspido, incapaz de
tolerai discussões por muito tctnpo ( ) Considera va se -
meu amigo c. com isso, encontrava cm mim as virtudes

( 34 } A fam í lia Alcâ ntara Machado estabilizou sou posi çã o rui


CIILíSC dirigente através dc cargos dc cú pula na m & gitir íiiura u no ma -
gM é riu ii í pcrinr O avA dc Alcâ ntara Machado fora pmmnior p ú blico,
lente da Faculdade dc Direito, presidente da prov í ncia do Parani,
membro dn Conselho dc InUntçâ o P ú blica dc Sã o Puulo c do Conse
lho Superior dc Ensino dn Rep ú blica: icU pai tcgulu todos tu pimo*
-
dc uma carreira parlamentar a ntvcl estadual c federal, alé m dc ter
tido també m professor da Faculdade dc Direito dc Sã o Paulo e svu
diretor no inicio dou anos ( rinU, c membro das Academias Paulista
( 1919) tf ftrnsilrira (1931 } dc Letras Dados biográficos extra ídos dc
Lu ís Correi» dc Melo, Dicionário dc Autarei FauUitu . Sflo Paulo ,
Comissã o do IV Centená rio da Cidade dc Sã o Paulo, 1954

29
» *
d,í l+ *
(eP
que cu nã o tinha . Nunca travamos uma discussã o. Nunca -
siJio íoi sc revelando o empresá rio, o bnrner’ ;1 -
nos separou uma divergência . Carinhoso c meigo nas con
versas que entabulá vamos, procurava pcrsuadir mc como -
- sempre a enfrentar , com uma intuição
e os problemas das classes produtoras, prí V y Ll de -
jes
sc não comandasse Depois, nos separamos. EJe ingres- civilizaçâo dc máquina , o relevante pap*
' ^^ --
'' ma
sou no Col é gio Sã o Bento, c eu, que tinha ido para o Rio,
me matriculei no Colégio Santo In ácio ( . ) Quando o
reencontrei, já estavii taludo. patinando, jogando lenis,
conhecedor de todas as noticias desportivas. Quem o vis-
se assim, ao Indo de seu irm ã o Amó nio, concluiria que
do ( . . ) Chegava aos 30 anos. com as
um capitão de longo curso. Tinha incorpor*1 ' { )
neira dc agir as experiê ncia dc seus aneestr 3' *
sílio ficam em São Paulo, na direçã o de se
de certas organizações de classe", í H* l
^^^s
) ,
Bta

UC O
ç

csic, sempre aferrado aos livros, é que estaria na posse das


O trecho abaixo permite reconstituir as
a ^^
virtudes intelectuais e polí ticas da fam í lia . Eu també m pu
.
^
>
autor consegue mapear no espa ço da classe d í rií . n*'
gostava dos livros e gostava de ouvir Ant ô nio" < “ h
carreira ( masculina ) dominante no inundo dos
L
Q gosto de Brasllio pdo esporte expressa sua identifica ção sando pelas diversas carreiras pol í ticas e intelectual
com o universo de valores masculinos ao passo que os pen - professor, jornalista, letrado, pintor ) , at é a carreia1 y CrTI
^^
dores liter á rios ( de Câ ndido e dc Ant ônio ) servem para fami - enxerga como o confim da "degradação” social 3 Uíin

-
- -
liari /á Ios com as maté rias primas do oficio intelectual e cn -
red á los no clima de ‘‘encantamento” com que se acoberta a
chegar os “ parentes pobres” da oligarquia , Tais osL f 'r.s «K'1 ’, L
'
*
triagem dc “ vocações" para os trabalhos do "espí rito”. Vale
to á escolha dc um caminho profissional també m 'd
1
claro, à s novas demandas polí ticas e ideol ógicas d3 fora
dizer , o interesse pelos esportes e a crença de que n pr á tica
um ^
flrasifio

esportivo poderia despertar as ‘qualidades’ que ele atribui a

do parn dar ordens ” , "seguro de si mesmo"



“ uni comandante” , “ menino voluntarioso", "nasci
est ão para os
futuros homens de negócio assim como a “sa úde precá ria ” c
- .
"( que você vai ser? Brechef ?*’
) Que ó
meu colega de grupo escolar , queria ser Ind1
(1
dia sai fora de meus moldes c ambicionei ter jêf ' jurou
1
igualzinha à que possu ía um meu primo, na rU3 .[Cf
Jf c '
-n ^
'
^ ^
>
3 '‘timidez" est ã o para os future
* ocupantes de posições no perto da Santa Casa de Misericó rdia , ambiçá 1’ , j é*
campo da produção cultural .
“ ( ) As minhas relações com Brnsilio tornaram se -
o espaço de uma manhã ( ) Quando alca
zc anos, os projetos se torraram imposs í veis
A
^^ ,
ermir
1

ma is freq ú entes quando é ramos alunos da Faculdade dc -


sa úde fizera se precá ria, e cu invejava um
Direito ( . ) F.u. com as minhas pueris inquietações li
ter á rias ou minhas ingé nuas opções filosóficas, c ele. se-
- um coronel da Força P ú blica, que ta gloriosai*1
a carreira das armas ( . ) Tentou animar n 1 ' tf' um - ^^ ^ a

guro de si mesmo, pondo fora as minhas d ú vidas, como


se fossem objetos imiteis Falava com entusiasmo de seus
planos desportivos , do jogo a que assistira , dos. campeões
que cu era antes de tudo, peia curiosidade d - pi
a todo instante, pela inconst â ncia das minhas
jor na lista, e o jornalismo é um curso cornph .i L'
ao
di

^
^- -
do boxe. de golfe, dc vôlei ou pó lo

-
-
Contei lhe que cs
lava frequentando, aos sú hados, o Cluhc de Regalas Tietê,
onde tentava até Vila Maria. Gostou , Disse mc que era
urrm boa noticia que lhe dava , porque sem o exercício f í
-
-
curso dc Direito, porque o jornal é tuna trib111 1
reito e da justi ça ( palavras que atribui a Carh,? (1 tí
pos ) ( . ) Porque, se eu n ão tinha. propriaU fl
ra ção a ser pintor , tinha certas inclinações pC lí* f pa*
^
^‘^ ^ ‘
sico. sem o encontro com a vida , como cia é, o homem Vivia rabiscando, c muitos me diziam que eu 1 ( íi * ,
perde suas defesas. Com o decorrer do tempo, mais uma tra ços. Frcqiicntava as exposições c procurava e* « 4 ,, por
vez o destino nos separou . Ele foi para o comercio c eu
pura a advocacia c para o jornalismo. Aus poucos Bra -
dos movimentos art ísticos da Europa c da Am í11 1
Depois de pensar em ser uma por çã o de coisas
^ ^
(35) id tbid , pp M:67 ( M) M„ ibid , pp M :67 ,
31
30
concluir que. ptu-.i mim, a melhor carreira era a de profes- “ Afravesset um perhfdn em que sc sustentava que o
sor [ ) Sou í illlo dc professor c neto dc professor Se-
.
guindo a meu pai c a meu nvb eu contornava o problema div órcio entre a literatura ç a polí tica so dava por incom -
patibilidade de génios. Citava - sc o exemplo de José de
du minha timidez [ -
) irefere .se a seguir a Guilherme
Alencar, que almejando ser ao mesmo tempo político e
. - .
de Almeida . seu liirijjn ) . Disse me numa dessa COH ver * - homem de leiras, sofreu como político c como homem de
ias, que Iodos os professoras t é m um horizonte muilo li
mitada ( ) que os professores nA (> sim homens que n*
- leiras O Senador Rodolfo Miranda em dessa opiniã o
) E eu o admirava porque possuí a um cavalo branco,
bem, nms homens que, quando mulo . ensinam a saber . {.
maje&insn como um cavalo de estátua. F eu sonhava sei,
Nâo passam de esiudanl» que terminaram seu curso p que
conlinuam psluduntes em outro J Dcntm dessa
curso l um dia. Rodolfo Miranda, pora ler um cavalo branco
medida cu podia ser um bom professor. Além do exem- Desde que me encontrou, já estudante de Direito, achou
plo de casa. eu linha O do Correio Pautistono. que leve a que CTH dever sen falar -me das traefiqõe,s republicanas ( )
-
dirigi lo professores de Direito < t ds senão quando
leio nos jornais que eslava aberio o concurso para 11 ca-
'
— Voc ê precisa, menino, seguir seu pai, que est á seguin
do os passos do grande Ccsá rio Morta .Ir , Fitlo isso por
-
-
deira de Literatura no Giná sio do Fstndo. Kfft sopa no que tenho visto no Corneio Pvutixtano M:LIS artigos e vejo
mel ( ) e ( ratei de escrever minha tese. Intitulei* O
* que voc ô grete muito mais dc poesia do que de polí tica .
Romaní ltma t o Pensamento BrosUeiro. Tcrminei - a. e A República
Sc isso continuar assim o que acontece?
,

quando 3 terminei j á tinha desistido do conciff», l r » ns - y. A


'

vai pamr na tnio de cafajestes c aventureiros (


formei a tese num ensaio, que publiquei IS isso aconteceu
verdadeira gl
*ória sc *
conquista na luta polí tica f ) Nesse
quando tive not ícia de que teria como concorrente Gui - despertar dn minha mocidade, ao querer abarcar o mundo
lherme de Almeida í . ) era meu amigo, desde os lem-
pos cm que frequent ávamos a Faculdade de Dirct -
com ns pernas, eu me inclinava JI manier os dois amo -
res ( J Até que me aproximei dc Alc â ntara Machado
u> ( ) já ví u um profewor alegre ? (palivrif que atri- f ,
) encontrava nele uru intelectual, típico fazendo po -
hui a Guilherme) . Veja, por exemplo meu pai . L um cm
corujado. Os que ria alegres o rio porque sâo professores
lilica ( } À taliba Leonel foi um dos homens nuns sin -
t ma» alguma coisa ( ) EstáYamo» no escrit ório de
gulares que conheci. Em tudo e por tudo. oposto a Al -
c ântara Machado « mesmo a Rodolfo Miranda. Nele
seu pai, onde o poeta fingia sei advogado, Era ele peque- se podia ver o homem do interior longí nquo de São
nino. com kts olhos ligeira mente mongoloides, dumdn de Paulo ( , , ) enquanto que Alc ântara Machado era um
uma delicadeza quase incómoda . Achava, talvez por essa homem urbana e amigo des livros ( ) Apesar de
delicadeza, brutal u profissã o de advogado 0 ndvpgadn . formado em ciências sociais pela Faculdade de Direito, o
Vivia, para ele, entre o Turor da clientela de pagar ou n ão
pagar ) ( aTL
Dr , Alalihy deixava que O chamassem de "general" Ocul - .
. " (. .
tava os t í tulos, as homenagens que recehia, como disfar -
Enquanto Rodolfo Miranda e Alalibn teimei
modelos. complementares dos polí tico - hem sucedido* per -
represtmla - çava o que sabia , porque, como ccsiunwvi dí / er. preferia
i>s homens inteligente
min
* nus demasiadamente tidos ( )
1

teneentw á gçraqâo de seu pai —


quei dizer, o polí tico inlerio - LX outro lado eslava Alc ântara Machado, vendo tis ho -
rano e o polí tico cosmopolita que & ao mesmo tempo um mens e os acontecimentos de modo diverso. Fra nnit
letrado diletante —. Alc&iuim Machado c Guilherme de homem cuUo e viajado. Não havia novidade liter ária que
Almeida puenuncinm y irnpoSvSihilidade de reproduzir a cai - nâ o conhecesse, E sabia a Europa de cor e salteado
rei r:i e o itinerário polltko de seus pais.
í
U7 ) itrid ., pf> 221/230, 2Í2 . 25 ?. 15J. GSJ !d , ibiil , pp

n .f,í
Lm
nal ística
. Câ ndido Motta Filho inicia atividade jor -
ly19 SU íI
como repórter do Correio Paulistano, sendo també m
fruí acompanhar pm uru cupiial de rela ções sociais que «rmcnlc
poxsucm as fam í lias de maior prestigio da classe dominante
responsá vel pela pá gina liter á ria; logo depois de formado, é l impando m ão dc uma espécie de faro social que lhes permite
deito Juiz dc Paz no bairro de Santa Cecí lia onde residia sua discernir antes de seus ‘"primos pobres" os cargos mais bem
-
fam í lia : em seguida , toma se advogado da Prefeitura e do Es - pagos e as carreiras mais atraentes, esses " homens sem pto*
.
lado participa de diretórios do Partido Republicano, ensina em fissã o" dispõem de condires exeepeionais para uma prospcc -
gin á sios da capital ; depois dc l 'J 30, fundou com Alc â ntara Ma - S'ã o criteriosa dc ganhos e oportunidades, estando por ísso mes -
chado. Abelardo César e AJaríco Oaiubj, a Ação Nacional do tno dispensados quer dos investimentos arriscados a que sc
PRP , inspirado no ideá rio pol í tico de Alberto Tòrres; derro - lan ç aram M á rio e Oswatd quer da relegar ão moment â nea em
tarefas subalternas a que sucumbiram seus "primos pobres"
tado junto com Guilherme de Almeida como candidatos a
deputado federal pelo Partido Republicano, consegue eleger se
deputado estadual no governo Armando Sallcs Oliveira pelo
- ds oposi çã o ‘democr á tica’. Por Iodas essas razões, os "ho
mens sem profissão" imprimem maior velocidade ús SLJJIS car
--
Partido Constitucionalisla é, cm lyí4 , trabalhou, com Ant ô nio
dc Alcâ ntara Machado, para o Escrit ório Técnico da hancadn
reiras , ou seja , auferem de imediato os preitos de cnnsagra
v’tti e reconhecimento que os demais só conseguir ão muito tnnis
-
tiirde on postumamente [s* .
paulista na Constituinte. Suas atividades intelectuais incluem
a direção da revista Potiiica e a participa çã o no movimento
'
modernista onde se aliou ã cisã o direitista composta por Cas - !
r
situação do mercado de diptonucv tw início dos anos 30
siuno Ricardo c Menotti dei Picchia , responsá veis pelo movi -
- -
mento verde amarelo: aproxima se dc Pl í nio Salgado, com
quem colabora nn funda çã o da Sociedade dc Estudos Polilicos.
At é meados da Rep ú hlica Velha, a Faculdade de Direito
era u inst â ncia suprema no campo de produção ideológica , con -
centrando in ú meras funções políticas e culturais . No interior
da qual sc desliga com a consolida çã o do movimento integra -
lista; durante o Estado Novo. tomou o lugar de Cassiano Ri
cardo no Departamento dc imprensa e Propaganda c. em I ú 42 .-
do sistema dc ensino destinado h reprodução da classe domi
nante. ocupava posição hegemónica por força dc sua contribui
-
-
prestou o concurso para catedrático da Faculdade de Direito çã o à integra ção intelectual, política c moral dos herdeiros de
com a lese O PrK Ícr executivo t* JI ditaduras constitucionais . uma classe dispersa de proprietários rurais aos quais conferia
Tendo iniciado sua carreira polí tica no â mbito do perrepismo que orna legitimidade escolar. A Faculdade dc Direito atuava ain
da como intermedi á ria na importa çã o e difusão da produçã o
-
era quase um prolongamento dc seus interesses familiares c a cujo
-
imobilismo tentou contrapor sc engajando-se nas tentativas de intelectual europeia , centralizando o movimento editorial de re
vistas e jornais liter á rios: fazia ns vezes de celeiro que supria
-
renova çã o partidá ria , permanece nele mesmo após a derrola u demanda por elementos treinados e aptos a assumir os pos
-
em l [) 32 Durante o Estado Novo, ingressou na c ú pula do
r

estamento burocrá tico onde escalou o« mais altos cargos


Ministro do Trabalho, Ministro da Educa çã o e Cultura, Pre
sidente Nacional do Partido Republicano. Presidente do Tri
—-- tos pnrlamentares c os cargos dc c ú pula dos órg ã os adminis
trativos, além de contribuir cont o pessoal especializado para
as demais burocracias, o magist é rio superior ç a magistra
-
-
bunal Superior Eleitora!
— , encerrando sua carreira com a
nomeaçã o para Ministro do Supremo Tribunal Federal do
qual foi també m Presidente.
tura ( < e ) .
D1? Guilherme dc Almeida fui o primeiro escritor modernista s
*
Diante das mudan ças por que passa o mercado de pt >s-
Ingressar na Academia Hratulcira Je Lctnu. cm tvjp, na vaga de Ama
.
deu Amaral O ingresso de Co-wiann Rita rd o c Menot í i dcl Picchin -
tes pol í ticos e culturais onde seus pai » desfrutavam dc posi
ções est á veis c bem remuneradas, o trunfo decisivo com que
- durante o Estado Novo ( respoctiv » mente em 19 J7 e 1 W.1) ie explica em *
parte pelos serviços ijuc vinham prestando .1 testa dos aparelhos ideo
-
lógico* do regime Alcâ ntara Machado teria certamentc herdado a
contam os herdeiros das fam í lias cultas, esses "homens sem cadeira de scti pai caso alo tivesse í ilecuto cm I 9J 3.
profissã o" como eles pr óprios se denominam , reside na forma
çã o polivalente que adquiriram na Faculdade dc Direito c cuja
- -( 10) A respeito do papot desempenhado pelas faculdade» dc Di
-
itrito na forma çã o do 'hnbitus' dn cla.sse dirigente, consultar o tra -
rentabilidade profissional c tanto mais apreciá vel quando se balho organizado por A Almeida Jr . problemas do Ensino Superior,

34 35
A viijilidade da rH> lí ikji ticadê mics —
ns iutu cm ré (K
ções estudantis em tnntu da presid ência do d i reli rio. i seg -
- com a supremada da* faculdade* oficiai* dc Slo Pa tilo ç Re -
cife na á rea rio direito, do Rto de Janeiro e da Bahia na irea
rtKnta çiU ) da mocidade cm igrejinhas npvrando cwm extensões da medicina, da Escola Politécnica dn Rio de Janeiro c da Es -
das dissidências ( l í igjirqiEicFLs , as in ú meras agrrtmiUçòes internai cola de Minas de Ouro Preto na á rea da engenharia .
. lí jfl suctiibí l ídiule congregava herdeiros eum aspira ções c pns-
(

sihiiicijides id ê nticas de fazer esrj- eira



constitui um indicador
Inequ í voco dn rclativn Autonomia dc que dispunha a Eaç uldad ç havjam
Lim 3932. as escolas superiores nr >* ramos tradicionais *e
multiplicado cm virtude da ampliação da rede dc csra -
bclcdmcntos privados bem eu mo em consequ ê ncia da extensão
de Direito p.ira que pudesse cumprir a ttmtenlo essa sé rie de
fun ções dc que fot se incumbindo. - ,
da rede de estabelecimento p ú blicos ( t ) , Huvia , nesse ano, 9
faculdades polit écnica* ( J faculdades públicas, das quais 2 eram
No inicio dos anos 30, a situa çã o prevalecente no rocrtA
LIO de diplomas superiores espelha a * mudan ças proseadas
- financiadas pot govcrntm estaduais e 2 pelo governo federal,
e 5 faculdades particulares ) da * quais K haviam sido reconho
pelns sucessiva reformas do ensino empreendidas ao longo da ida* oficiitlmetiEc, 11 faculdades dc medicina ( h faculdades
*
Repú blica Velha . Ao permitir que "qualquer indivíduo nu as ? p ú blicas , da* quais 3 eram financiadas por governos estaduais
soda çú o particular pudesse nhrir cursos ou estabelecimentos dc *
e í pelo governo federal e 5 faculdades particulares) das quais
ensino jur ídico ’ contanto que u * cnndiçiV* dc marr ícula , o sis - -
1

upcmis uno mio havia sido reconhecida oficia Imente. e 21 fa


tema dc exames, o regime disciplinar e o programa das disci-
culdade* dc direito (E faculdade * p ú blicas, das quais 5 eram
plinai seguissem os padr ões vigentes no* estabelecimentos fe
derais . a reforma Uenjamin Constant ( decreto n ." 1.232, de 2
- 11 mineiada
* por governos estaduais e 3 pelo governo federal,
de janeiro de 1891 ) extinguiu u monopólio que D poder publico c I 3 faculdades particu íarc*) , da* quais 14 haviam sido reco -
exercia nessa á rea , restringindo a ingerência do poder central nhecidas fifidalmcnle ( í 11 . Desta maneira , a* entidade* pfttf íeu -
aos encargos de inspeçã o c reconhecimento através do Conse - lares iiéaharurti sobrepujando a iniciativa p ú blica, fazendo com
lho de Instru çã o Superior. No nno seguinte, esse regime de equi - que ns corpora ções religiosa * í os empresá rios particulares se
para çã o passou i ser aplicado aos demais cursos superiora; c por tornassem os principais invcslidore* nessa Arca .
fim, a reforma i í ivad á via (1911 ) , "ao instituir a liberdade dc
ensino com vistas a "eliminar os privil égios acad é micos, esta - liinhora a reforma João Lu ís Alves ( decreto n ." It>. 7ft 2 A , -
belecer n Competi çã o livre, tudo isso qom o objetivo dc aperfei - de L* de janeiro de 1925 ) tivesse o intuito dc hrecar esse surto
çoar os padr ões de ensino »t â o vigentes ^, veio consolidar de “academias cl cl ricas” ao fixar "a limita ção da* matriculas" ,
buscando resLrbuiccer n equilí brio entre a oferta dc haehar éis
lais disposições Cotrto cru dc se esperar, e**ç conjunto d ç me
didas legai* propiciou "unia desenfreada dissemina çã o de es-
- c a quantidade de postos dispon í veis , tais gest ões se revelaram
colns superiores” mantida* por particulares ou por institui ções
religiosas , e cuja principal constqOfioci ú consistiu em liquidar
inócua diante do desenvolvimento incipiente dc uutrai pro -
-
142) í . m 1 X 91, hã o abertuv a faculdiile IJvrc de Difeiin da Hnliift
t M la ru Idade dc Ciê ncias Jur í dicriH C Nociats ilu Itlo dc íincifu , artl -
Siiii PnHtO,
é ttfma » gcnçdci olij nnijcai pela Facilidade de
-
Ed , Nuimial, 19.16 No que ic ftferre á pasiaaem dan
dc .Stio Pinto
Direito
ha * pdf iniciativu pwrlteuUr, c rnuls :L FiLtuldaili: Livft dt Direito ipic
^
duranEc a Repú blica Vellia, uiiliíjei oi mqtcriai eonvlantes da obra dc
1' miJi ' Nojuincirri pilho, ííímf .T f I . Ut /ti de um *Hur# [f õ
U í > [ iLuu com o respaldo 4u monge » beneditino nu Mio dc Jannlia; em
*
] Í92 , eria -ic ,1 FJCIIMULÍ I - Livre dc Direit ú de Mina Licrais., empre -
*
Partida Democrulim e « Rt í itluçâa de 1930 ), 2 vihls ., 2-' edi çã o, Kio
L íJ ( O cmlimtjlla liderado poU fam í lia Mello Franco com rubifdiai do go
verne caiaduiil ; cin 1900, foi insrjteldn ?i EacubJadc Livre dc Direito
-
.
de laneiro Livraria
^ . .
Olvnipm l d , Í 96 S Vor , alndA, o ( rafaalbu dc Porto Alegre , por iniciafiva do governo citadtíal At é 1 ¥ U ), fniflm «
- -
rceenLL dc Alberto Viilindo Pilho, Ihíí AnoJas tto if íJift íJj í lj.TFmj ( / SíJ
. criuilui faculdades livres de direito rto Pari, Cearl, Amazona» Niiç riH . - -.
^ JJPJ dt Enuino Jurí dico no Oiwii ). S6 o Paulo, Ed Pé npecriva , 1977,
uue (imiê m nm balanfo eririto dm tranifonrui çdcs por que pansou o
e Parani , “ icm falar de Mtimeiosaa outra* que apareccrum e dc Mipa
naram cm pouco lempo, por lorp da* f á cil idades tníldi» pçln ftifuí -
Dllkn jur ídico. -
rn P ivadâ v Í Ei Corrca {19!1 )", apuíí Alhcrln VcnAnciu l ilho, vf >. cit „ p. 201 .
*
{4 ! )Ver lorxc Nng lc , Educação e Sociedade na Primeira Remi
. ^-
biicti , Mo Faulo E . P. Lf . ' E D. U . Ji . P„ 1974, p IJS
- (41j Dados EKtRilJni dc Rrwrtin da Kilalrillta Geral do P.«.uno
.
no ffruijí em 1932 in Diário Oficial do Uni ão, 16 dc outubro dc I 9W ,

30 37
flssões que pudessem “atrair inteligência* que delas, inexpli
- atum 20 : Francisco Veraneio Filho, um dos fundadores da
cavelmente, sc desviam " <*‘ K A essa altura , contudo, jã se fa
liam sentir os efeitos da situação inflacioná ria no mercado de - Associaçã o Brasileira dc Educação. era engenheiro c pro -
dipli 'iTias superiores, rnormcntc nas profiss ões liberais tradicio fessor de f ísica ; Vicente Lic í nio Cardoso, pariid á rio da
nais, dc tal maneira que o acirramento du concorr ência entre - I «cuia Nova e responsá vel pelo inqu é rito “O Problema
os efetivos dos diversos ramos das profissões liberais atingiu Universit á rio Brasileiro" durante sua gest ã o como presi *

dente da mesma Associaçã o, fundador da Federa çã o Na -


inclusive á reas do mercado de trabalho cm vias dc expansã o,
como no caso do* postos dc gest ã o cm institui ções escolares. .
enm ll das Sociedades de Educa çã o, era engenheiro c pro
fcKHiir da Fcola Polit é cnica ; J . Cr , Frota Pessoa , outro mi -
-
A desvalorizaçã o do titulo universit á rio, sobretudo IlOS litnnte das campanhas educacionais e autor dc diversas
ramos que habilitam ao desempenho das profissões liberais, sc
obrai pedagógicas, havia feito parte do curso de engenha -
--
agravuu tiindn mnis porque os portadores desses t í tulos sc vi iui na Escola Polit écnica antes dc ingressar na academia
ram repenr mamente obrigados n enfrentar a concorrê ncia mo dc direito ' ”" .
vida tanto pela nova gera çã o dc especialistas em á reas em
vias de expansã o ( cientistas sociais , educadores , psicólogos , eco
nomistas, esta lis ticos, etc.) como pelos profissionais de outros - A presen ça dos engenheiros nas á reas dc estudos sociais,
do pensamento polí tico, da produ ção dc obras pedagógicas, no
xeicicio dc cargos administrativos em instituições escolares ou
ramos do ensino superior que passaram a disputar as mesmas
vagas nns novas frentes dc expansã o do mercado dc postos. rnlidudcii e associa ções corporativas , ou ent ã o, assumindo o Irn -
.
De outro lado a baixa cota çã o do t í tulo de bacharel tendia a
.
tmlho executivo de implementar as reformas du instru çã o em
sc firmar em virtude da incipie íente diferenciaçã o que a for
ma ção escolar adquirida nesses institutos superiores imprimia - i MSII. se explica, dc um lado, pela forma çã o humanista c k
iimln que subsistia nas escolas polit écnicas desde os tempos do
-
à competência t écnica e cultura] dc seus respectivos pú blicos , Impé rio c. de outro, pelas transforma ções por que passava o
1 ni resumo, a proliferaçã o de faculdades livres, particula -
nuTcndo de postos destinados aos detentores de diplomas su -
res ou estaduais, ufcioti dirctamcnle as reservas do mercado dc periores , Ante as resist ê ncias que vinham encontrando os pro
H’ tiis que visavam introduzir as ci ê ncias sociais no curr ículo
-
postos at é ent ão monopolizadas pelos detentores de diplomas
concedidos pelos cursos superiores oficiais. IIOM cursos jur ídicos 07 ', os engenheiros dispunham dc um mí -
Eutre n ós, ela ( a década dc 2G ) se

iiinhi de aptid ões culturais para sc lan çarem cm novas especia
liza ções do trabalho intelectual , lidas como carreiras subalter -
-
caruclcrj / ou pela
presença do engenheiro no domí nio dos estudos na », incapazes dc atrair os bacharé is cm direito e desviá los das -
For muito tempo, esses estudos normalmcnte estiveram
sociais .
mi remis tradicionais ( a representaçã o parlamentar , a magis -
.
reservados 3os juristas Houve ndes depois uma incursã o
dos m é dicos, através da medicina social . A ern dos 20
tratura . o magist ério superior, o jornalismo) U "J .
Ao longo da Rep ú blica Velha, os estudantes dos cursos
assinalou a presença dos engenheiros n ã o chamados ainda jur í dicos tinham nfio apenas a pretensão mas també m a pos-
a resolver problemas csiritaniente tecnológicos, como ago
- sibilidade objetiva dc ingressar nas carreiras ligadas ao trabalho
ra , mas atra í dos pelo desejo dc estudar e explicar os pro
blemas sociais cm todo o seu conjunto" 01. Mas u con - - ( 46 ) Consultar t » perfi » biofráflcnn dcMes cducidnni in Fernanda
corr é ncia que os engenheiros passaram a fazer aos bacha
- i|< - -
A /c Vedo, rigurai .
pp . 67 ' 71 83 /96
réis em direito també m se fez sentir por ocasiã o das pri < 47 ) A (tlpefta d«( M problema , kr o capitulo "O «ntjaa jur í -
meiras reformas e campanhas educacionais ao longo dos
- IIILH n ;i Republica Velha " dn obra citada de A Vcnlndo Filho , pp
231 '169 ,
( 48 ) A infla çã o tk bacharé is na Alemanha, durame o per í odo
1

( 44 ) J . Nagglc. op cit .r p , 160 - iIr Weimar , aiaumiu contorno* dí ntinto*, pondo em risco a 1 gcinemix
( 45 ) L.ourcn ço Filho, ''
Vicente Lic í nio Cardoso c os Estudos Su ft. iHiiL.1 c inielcd.ua ] doa setores cultivados. Para urrni peripecnvn com -
- pijiiiin *, conaultar o trsb íilhr magioral dc Friv k Ringer , The lterfinr
CÍ Ín hduraui0 , l 9S9, p :13> aPud A ] bcrto Vrnincio Filho, op. cit .
12*9 i' f rhr Uermiiti M úndarin* ; lhe Gtrrnarr A íodemlt Community Í / Í90*
/ V. fJ ) , Camhrídgc, Mas» , Í 969,

38
39
.
político c intelectual, ou ent io, de serem
convocados para oa acabaram se filiando ao partido integralisla sn tomaram esse
escal ões superiores do
servido p ú blico, seja ao n ível das admi
nistra ções estaduais seja no âmbito do governo
central Ainda
- rumo quando se deram conta de que a derrota das facções diri
gentes com as quais colaboravam havia truncado momcntanca
--
que pudessem mobilizai o capital de rela ções e
que facilita n acesso a esses setores do mereudo de conhecimentos mente suas expecí ativas de carreira polí tica ; outros se engajaram
irahalho rc nas institui ções patrocinadas pela Igreja ; os denuus foram coop*
servado às famílias dirigentes, nem por isso deixavam
-
---
tir na pele os efeitos da inflação reinante no dc sen tados para cargos pú blicos, ou ent ã o, tentaram conciliar o em
los cm virtude do crescimento do n ú mero dc mercado de t ítu prego público u essas filia ções partidárias. O futuro social c
vres" ( egressos dc faculdades aberras nas duas ú ltimasbacharéis “ li profissional desses bachar éis teria sido completamcnte diferente
das ) . Mas també m não estavam infensos á concorr déca
ê ncia que
- caso as pressões que ent ã o passaram
ampliaçã o dos espaços e dos mecanismos
exercer cm favor da
de coopta çã o n ã o
lhes faziam os detentores dc diplomas habilitados ao
---
desempe tivessem sido absorvidas por uma conjuntura particulanttente
nho de novas especialidades ( os recé m formados pelas
dades de filosofia, educação, ciências c letras , ou ent ão, a mi
facul favorá vel it expans ã o da aparelhagem burocr á tica do poder cen
tral Vcndo-sc impedidos dc retomar os passos da trajetória
-
noria de privilegiados que haviam realizado
,

estudos no exterior )
cuju compet ência poderia põr em risco e at é mesmo social e profissional de outras gera ções de herdeiros da oligarquia ,
clitar a legitimidade do saber jur
fazer peri
ídico para o desempenho dos
- os intelectuais filiados ao partido integralista ou às instituições
dc domesticaçã o ideológica mantidas pela Igreja tiveram que
encargos c mandatos polí ticos maia graiificanlcs e de maior
prest ,
ígio ajustai suas estrat égias dc sobrevivência no espa ço da classe
dirigente á necessidade dc minorar os efeitos da concorrência
Na impossibilidade dc se saber ao certo, no inicio dos
anos que lhes faziam grupos sociais cujos interesses não eram os
1. 0, n amplitude consider á vel a que chegaria o mesmos da oligarquia .
mercado de postos
pú blicos na d écada seguinte, as amea ças de "
desclassifica çã o"
social c profissional com que se defrontavam os detentores de Seja como for, no inicio dos anos 30, o diploma superior
títulos universitá rios ( mormente os que haviam cursado deixara de ser um símbolo de apreço social como o fora para
mados estabelecimentos " livres") desencadearam a concorr
os cha
ência
- os propriet á rios de ferras, ou ent ão, um sinal dc distin çã o capaz
de validar lucros provenientes de outras atividades econ ó micas
ideol ógica entre os intelectuais t favoreceram n adesã o de muitos
deles aos empreendimentos dc " salva ção" pol í tica que
surgiram ( o partido intcgralista , n Igreja , as organiza ent ã o
das fam í lias dirigentes. Deixara també m de constituir sc em -
garantia segura para os aspirantes ao exercício de funções poli -
esquerda) . O “desemprego" conjuntural que afetou os " de
ções ticas, administrativas c intelectuais. O contingente de bacharé is
charéis ” coincidiu com a derrocada do sistema dc poder oligba - que pressionava o mercado de postos nessa é poca começou a
quico e com a montagem de organiza ções pol í ticas que ár - utilizar o diploma corno sendo uma prerrogativa da qual só se
vislum
braram a oportunidade de substituir os antigos grupos dirigentes - podia esperar vantagens eslritamente profissionais . Assim , o
apodcrando-sc do Estado. Nuo é de estranhar, portanto, que futuro dc classe dessa leva avultada de “ parentes pobres" que
cnaçflo de um partido dc direita ( a AIB) c que a mobilizaçãoa dispunham de um titulo universit á rio, adquirido cm condições
suscitada pela Igreja tenham recebido alento decisivo em
após sc terem confirmado os prognósticos dc derrota pol1932
adversas que o haviam desvalorizado brutalmcntc, passou a de
pender, cada vez ruais, da ampliação das oportunidades dc
-
_-
da oligarquia í tica serem cooptados pelo serviço pú blico.
Um n ú mero significativo de intelectuais que
Hermes Urna: modelo dc bacharel " livre" ,
( 49) “Ele (o integratiwno) corresponde,
essê ncia , tirante o rilual fascista,
*
.
não na forma ma« na
manuten ção do poder pelos revo
- Hermes Lima foi um desses bacharéis 'livres' bem sucedi
<
lucMiflâí roa dc 30 utdos dos grupos dominantes, Osvaldo Aranha , este ,
na verdade, cm rApida conversã o A democracia, Gustavo dos cujo itinerá rio aparcntcmcntc “errá tico" acompanha as
oscilações da oferta em diferentes sclores do mercado de postos.
sobretudo, Francisco Campos", Raymundo Faoro, Os Donos Capartcma e,
I Formação do Patronato Pollllco Brasileiro ) Porto Alegic, do Poder*
ed „ |tT7, p 699, 2' vol . . Globo, 2. Filho dc um coletor pú blico do sert ão baiano, constitui c exem
plo cabal dc integrante dessa geraçã o dc bacharéis ‘livres cm
*
-
40 4!
busca de um lugar ao sol cm meio às transformações por que dades uos homens dc latenlo liter á rio . na guma dc suas
passava JI divisã o do trabalho pol í tico e cultural nas d écadas modalidades. O jornalismo era o destino mai.s acess í vel
-
Ue 20 e .10. A an á lise dc seu caso reveh sc particular mente fe
- Talvez tenha sido n boémia que salvou talentos dessa éprva
cnnda na medida em que permite evidenciar as estrat égias que
uma determinada conjuntura no mercado dc pastos intelectuais
do completo servilismo pol í tico e intelectual (
de trabalho
) No ho
intelectual
-
rizonte provinciano, as perspcclivas
tende a suscitar junto àqueles agentes que não dispõem de
quaisquer trunfos sociais sen ão a posse de um diploma superior -
resumiam se ao jornalismo e professorado e, quanto a pos -
sibilidades editoriais, m í nima ou nenhuma . Editar livto
c de uma compet ê ncia em ciê ncias sociais, ferramentas com que cra fa çanha pessoal e rara ( } Leitores, escassos; ediu *
. -
vc lun çam a uma intensa competição no campo intelectual . res raratnenle sc arriscavam Além disso, no larcfa disper -
E mhora as fontes dispon í veis nã o tragam indicações pre
"

cisas quanto à condição social c material dc sua fam í lia c menos


- siva de ganhar o pão de cada dia, perdin sc o melhor dc
cada um" ( b )
,. -
ainda a respeito de quem teria arcado com o õnus financeiro
dc seus estudos, talvez o pai ou um padrinho rico ao qual se A concorr ê ncia no â mbito do mercado loca! devia lhe
-
parecer bastante acirrada a ponto de sentir se motivado a pres -
refere fD"\ o fato é que acaba interno no Colégio Ant ônio Viei
-
ra , mantido pelos jesu í tas em Salvador . Sube se ainda que teve - -
tar concurso de livre docê ncia cm Direito Constitucional c So -
--
a oportunidade de tomar aulas particulares de Filosofia e So ciologia no Giná sio da Bahia . “' Num ambiente em que o saber
ciologia antes dc prestar o vestibular para e faculdade de direi sc ligava mais a pessoas que a instituições", apresenta - se com a
to na Bahia, Conclui o curso jur í dico cm 1924, tendo antes Tese Conceito Contempor âneo de Sociologia que se inspirava
realizado a terceira serie no Rio de Janeiro; a respeito de em Durkheim. A atençã o com que esmiuça o conteú do dc suas
sua estadia carioca, nã o se fica sabendo quais os motivos que leituras de juventude c o espaço inusitado que lhes concede
em suas memórias, atestam o vulto dos investimentos culturais
--
teriam sido responsá veis por essa decisã o e muito menos pelo
retorno à Bahia. Decerto encontrou diFiculdades cm arranjar a que se via obrigado um bacharel novato, destitu ído de “ pis
emprego, a exemplo de tantos outros de sua gera ção, tolões" familiares mas desejoso de lograr uma reputação inte
“ Faltavam - me quatro preparat ó rios e eu
decidira
lectual que lhe permitisse encetar uma carreira pú blica e. even
tual mente, polí tica .
-
estudar Direito, nunca pensei mesmo em estudar outra
“ Virg lio ( seu professor particular ) ensinava y pensar
coisa . Nascido e criado no meio dc conversas pol íticas, í
r a escrever. Na base de minha visão do mundo fitlu a
admirando os que sobressaiam na vida p ú blica, lendo ro
mances que meu pai alguma vez tentava esconder de meus - semente que ele plantou. Evolucinnista ( tinha um filho
olhos, como esse ent ã o infernal História de um beijo, de
Pcrcz Escrich, eu sonhava com a aur éola de acad ê mico c
chamado Hfltrckd ) , sua posi çã o filosófica nutria se do
pensamento que, colocando a ciê ncia na base da explica
- -
bacharel ( ) . A seduçã o do jornalismo era poderosa e, ção do cosmos, procurava abrir clareiras nn vida do uni
verso para que o homem ai se situasse como integrante
-
certo dia , logo no primeiro uno jur ídico, armado de urna
.
cr ónica, procurei Homero Pires, sertsjeno como eu, pro- dele e conhecedor de suas leis. Banindo qualquer explica -
fessor da Faculdade ( ) Nono feudalismo agr á rio e a çã o sobrenatural ou metaf ísica para os fen ômenos da vida
incipiente ind ústria do tempo ofereciam escassas oportuni
- f ísica, psíquica e social , no vazio da cren ça antiga, o pres -
fessor constru ía um mundo novo em que c , ) o método
cientifico, experimental , é mais importante que as teorias.
>
( 5( J Hermes Lima. Travessia , Rio de Janeiro, Josi Olympio, 1974
p 11 : “ Guardo rin mem ó ria do iwn çAo a doida tr ú uva com que me
. Por isso mesmo, ensinava o sentido melhor da tolerâ ncia , .
separei do meu padrinho Lcopntdi.no José dc Lima , lui pequena
sala que n ã o repele firmeza na ação, mas exrge cabeça aberta
de vinil nu do Colégio Ant ónio Vieira Ele voltava pura o wsrtio sem
ao exame do contrá rio e do novo ( ) Fm nosso tempo
.
o sm companheiro de rodo o dia em casa , nu roça na viagens, nas
conversas Parecia que sem mim ficaria abandonado ( . . *. ) Postula al de faculdade já repercutiam correntes, tend ê ncias c refie
-
*

gumas das melhores propriedades do munic í pio c sua forniria tinha


fama dc ser a segunda da comarca" ( 51 ] Hermes Lima , op rir , , pp ,
( 7, |8 .
In Tl íá .
42 43
-
xos do apõs guerra turbulento de 11) 18. A geração prece
- MIcl? ( } Indaguei se os documento* que trazia deviam
dente nos ligavam mais Os clássicos da literatura francesa
e portuguesa do século XIX que as inquietações, ainda que ter reconhecidas em Sim Paulo as fumas dos tabeliães da
teó ricas. das doutrinas pol í ticas e sociais que iam surgindo Bahia ( . ) Era de estilo que o candidato visitasse os
( ) Era P&rcto que cu mastigava desde o colégio, ertt -
professores, entregando lhes as teses ( ) Naquele tempo,
a Congrega çã o todu. comportadamcnte enfileirada numa
Maurras, era Daudel . era Barris, chegamos na Bahia a ler bancada, participava do julgamento, n ão havia prova escri-
a Aclion Françaist ( ) Certamente outras leituras c
.
ta c após a arguiçã o do candidato por quatro examinado -.
exemplos contemporâ neos, cm que o equilíbrio cético dv
Aniitole France foi importante c mais a li çã o viva de Rui -
res. realizava se, com intervalo de 24 horas, a prova oral
É ramos dois os candidatos . O Dr . Sampaio Diria, livrc -
Barbosa, a influ ência ahrasileirante de Alberto Torres im -
pediram que o veneno autoritá rio afogasse meu pensamento -doccntc, autoridade em Direito Constitucional c cm assun -
na abstração sectá ria dos conceitos , O sentido pragmá tico tos de educa ção pú blica, que já dirigira no Estado ( )

da organização poli rica dominava , entretanto, meu espirito. Minha tese pessoal versava sobre “Direito de Revolução"
{ ) A t ônica da minha tese frisava a utilidade social
A forma çã o intelectual de minha gera çã o ( ) recebia
contribuições e influências que as distinguiam da gera çã o du urdem, o primeiro dos bens experimentais na vida hu -
anterior . Alem cio choque da primeira Grande Guerra , de mana dc relação ( . ) De Augusto Comlr socorria- mc,
c dele aprendera que revolu ções amam o absoluto c “o
sua literatura inspirada cm costumes e audá cias novas, lu
ziam revé rberos da Revolu çã o Russa que coloriam conver -- absoluto na teoria conduz necessariamente ao arbitrá rio na
sas e debates de estudantes , abstralamcnte divididos em prá tica " ( ) Maurras entrava com seu veneno autorit á rio
maximalistas e minimalistas ( pregando que o governo legí timo seria o governo utit. Mas
) A teoria pol ítica bebia em meu pensamento pesava sobretudo a mã o dc Vilfredo
nas fontes tradicionais do direito americano < \ Eu le - Bareto: ua estabilidade social é t ã o ú til que para mant ê-la
vava para a faculdade pelo menos um nome que n ã o fa / ia
parte do elenco de autoridades de tr â nsito conhecido entre é vantajoso recorrer a ííns imagin á rios, a teologias diversas,
os catedrá ticos O nome de Alberto forres , sob cuju invo entre as quais a do sufr á gio universal pode encontrar apli -
ca çã o organizamos um centro de estudos"
- caçã o' ( ) Se a política era arte dc governar , urgiam
instituiçõ adequadas para transformar em energia legal
es
-
Assim , em 1925. candidata se ao concurso de Direito Cons
- ‘a quantidade dinâ mica de violência que é a seiva perpetua
mente renovada das reivindicações sociais’. Este o sumo
-
titucional na Faculdade de Direito de Sã o Paulo, quando linha
apenas 24 anos, 0 relato dessa experiência revela o quão extra
ordin á rio deve ter sido o fato de que um jovem recé m forniu do. -
- da tese ( ) Na segunda tese — "Quais os princ í pios
constitucionais da União a cuja obediência est ão obrigados
carente de apoio politico e de ampnro social, inteiramente alheio os Estados" ( } mantinha - me fiel ao pensamento de
às tradições universit á rias num Estado que nem era o seu . Alberto Torres que assim resumia : 'Onde houver proble -
pudesse ter a pretensão dc prestar um concurso cujo desfecho mas, cuja solução importe à terra e ao homem , seja de
já sc sabiu dc antem ã o. Seja como for. os riscos cm que impli - ordem p ú blica , seja dc ensino, seja de sa úde, seja dc comu -
cava essa " jogada ” foram íimpíamente cobertos pelos dividendos nicação, seja enfim de civilização, problemas gerais, pro -
que, sua "derrota" lhe proporcionou . Ainda que não tivesse blemas nacionais, ai deve estar a União realizando com o
Estado ou sem o Estado a obra de interesse comum "
*
plena consci ê ncia do alcance de suas pretensões, jamais poderia
ter feito o cá lculo de ganhar o concurso ,
Decerto Hermes Lima quisera granjear em tempo recorde
"

Deseja alguma coisa ?

Inscrever-me no concur-
so de Direito Constitucional Reparou bem minha figura,
mu prestigio intelectual que dificilmente um jovem forasteiro *
provinciano, conseguiria obter em condições normais dc con
.
-
cu tinha exaiamente 24 anos ( . . . )

O Senhor tem ca - corrência. E o próprio Hermes Lima admite as vantagens
-
laterais que a livre docência lhe trouxera a titulo de consolo .
( 52 ) Id . . ibid , pp T 7 , 18, 20 , 22 , 25, 2
*. 54 , J 5. ( S1 ) id , ibid . pp . 42
.

44 45
Começou a lecionar c a participar dc bancas examinadoras, ) a tese dc Alceu < ) entendia a expressã o ma -
ampliou o cí rculo de suas rela ções e amizades entre os profes
sores, vale di / cr, a melhoria dc sua posiçã o junto á fra çã o
intelectual lhe assegurou novas oportunidades de emprego,
- terialismo juridico cm dois sentidos
— em sentido lato:
"exprimindo a supress ã o dc todo fundamento absoluto ã
id é ia de Direito"; e em sentido estrito: "exprimindo pro-
llm 1 933, publica introdução à Ciê ncia do Direito pela Cia . priamente o resultado final dessa evolu çã o n ão só pelo
Editora Nacional , primeiro manual brasileiro ostentando o ti* desconhecimento de qualquer valor absoluto ao Direito ,
ILIIO da cadeira que havia sido recenlemcnie incorporada à se- max ainda peia subordinação necessá ria à organiza çã o
riaçflo dc mat é rias do curso juridico. Nas condições do mer - dos diferentes regimes pol í ticos e especial mente eco -
. -
cado intelectual da época trata se , sem d ú vida, dc um lance
acertado o qual lhe permitiria validar de antemão suas preten-
sões a essa mesma cá tedra quando se abriu o concurso na
Faculdade dc Direito da Universidade do HTRS í I no ano seguin
te. Os concursos acad é micos que pontuam sua "travessia " pelo
-
era

nómicos da humanidade". Conclu í a que a opção (
"ou restaurar o Direito em sua í ntegralidade
pura , prendendo*o de novo fc fonte eterna e imut á vel
de toda Justiça ; ou aniquilar o Direito pelo predom í -
nio do egoísmo individual ou coletivo ( ) Minha tese
)

mercado de postos evidenciam as estrat é gias de risco de que ( ) Nela sc condensava a orienta çã o sociológica e filo -
lan çaram máo aqueles postulantes à coopta çá o que , numa con
juntura allamcntc competitiva do campo intelectual , buscavam
- sófica que inspirara o manual por mim publicado naquele
mesmo ano de 1933, Partindo da constatação dc que Di -
compensar 3 carência de um sólido capital dc relações sociais reito é fato social, logo advertia , usando da terminologia
pelo pmspecçáo das oportunidades dc trabalho em que podiam de Vilfredo Pareto , que sobre as causas explicativas da
fazer valer sua competência propriamente intelectual. origem do Direito se levantam duas sortes de teorias — as
Us concursos havidos na Faculdade de Direito do Rio dc
-
lógico-experimentais e BS n ã o lógicn cxpcri mentais Nas
primeiras, os princí pios "condensam os caracteres comuns
Janeiro no in ício dos anos trinta revelam , por outro lado, os de numerosos fatos”, enquanto nas ú ltimas "os princí pios
m óveis centrais das lutas no campo intelectual da é poca na
medida cm que permitem aferir o valor socinlmcnte atribu ído
.
n ão dependem dos fatos , porém os regem " Estas acomo -
dam sentimentos à realidade, ao passo que aquelas pro-
cios postos propriamente intelectuais e o estado da concorrência
curam melhor imagem dos fatos. Rejeitava como fonte
cru rela çã o ãs posições mais cobi çadas , O móvel da concorr ê n - do Direito* a consciê ncia social , o sentimento juridico, o
tanicnle jur ídico
-
cia entre os candidatos á s cá tedras deslocou se do terreno estri
para i> campo das teorias polí ticas e sociais
- psicologismo, o racionalismo que. embora aspectos da rea
lidade, n ão detinham nenhuma capacidade criadora dc re-
-
acerca do papel do Estado, O confronto entre os defensores gras jur ídicas de conduta c organiza çã o. Repelia, enfim ,
de uma posi çã o
espiritualista que
-
materialista e os porta vozes de uma postura qualquer fonte metaf ísica do Direito ( ) dizia n ã o con -
se manifesta por ocasiã o do concurso para a sistir o Direito num ideal, numa categoria do espirito, ou
cá tedra dc Economia Pol í tica ao qual se apresentaram Lcõnidas noçSo que a atividade ps í quica de um grupo ou de um
de Rezende tcom a tese A Formaria do Capital e seu Desen
volvimento ) e Alceu Amoroso Lima ( com a tese Ensaio sohre
- povo houvesse elaborado como sí ntese de m ú ltiplos elemen
tos sociais livrcmentc combinados, pois o Direito aparece
-
a Economia Prepolí tica ) , ressurge no momento dr> concurso sempre acompanhando, refletindo a estrutura social ( )
para a cá tedra de Introdução ã Ciínda do Direito no quai sc o homem n ão estabelece ou molda a constituiçã o social ,
apresentaram dez candidatos entre os quais Hermes l ima . o pois esta é que d á sentido c direçã o a seus pensamentos
vencedor , com a tese Matéria! para um Conceito de Direito, de c desejos, sem considerar fins ú ltimos, supremos ( ) A
.
34 pá ginas, c Alceu Amoroso Lima com a tese O Materialismo evolu ção social , os sistemas de cultura , os sistemas dc rela -
Juridico c suas Fontes, dc 313 pá ginas. - -
ções, formam se, descnvolvcm sc e desaparecem cm fun ção

4(t 47
I

das varia ções dos elementos estruturais da


sociedade :
densidade de população, produção e instrumentos deterra ( Silvio Romero ) me deu a conhecer a cultura brasileira
,
tra - filosófica , a filosofia da cultura jur í dica e a filosofia ligada
balho ( ) censurava Rumpí porque, ao analisar
gorias do pensamento organizador, n á o as cate- à sociologia í . I em sociologia estava ligado a uma escola
assinalara a influen - católica , a École de Science Sociale, que vmha de Frederico
cia das classes sociais, as pressões das relações
de dom í nio sobre o raciocínio organizador Issoecon ómicas
era impor -
Le Play, e tinha como discí pulo Hcnri de Tourvillc. Lem -
tante para explicar porque os sistemas jur ídicos sã o a
, cou-
-
bro me que nunca nos disse que Tourvillc era padre {
Entre 1930 e 1934 passei a me interessar partieularmcntc
)
raça legal dos sistemas económicos" U|.
As disputas entre os defensores das doutrinas
pelos estudos de economia e de sociologia t ) Foi PTC
cisamcntc por essa ocasiã o que retornei A leitura da obra
-
-
s os porta vozes dos princí pios espiritualistas permearam
lutas cm torno das posições docentes mas também se
materialistas
as de Marilain . que me revelava a democracia crist ã, a demo
cracia social, com o seu humanismo integral Iniciei com
-
às organiza ções estudantis ( de um lado, estenderam
a Liga dos Fstudantes ele umn correspond ência regular , buscando novas fontes
Ateus, a Federação dos Estudantes Vermelho c
. para os meus estudos de sociologia e dc economia , autores
pessoal católico do CAJU, Centro Acad * de outro, o
ê mico Jur ídico Utili - cat ólicos que me revelassem o ponto de vista cristão a
t á rio ) . Na verdade, o que estava em jogo respeito desses problemas." < * "
era o controle ideo-
l ógico e de gestão da Faculdade de Direito que O contraponto das leituras e inllu èncias a que estiveram
uma das principais instâ ncias de recrutamentocontinuava sendo
--
futuros
c formação dos .
sujeitos Hermes Lima e Alceu Amoroso Lima comprova a si
quadros pol í ticos e intelectuais da classe dirigente
. tuação de dupla dependência dessa geração de bachar é is ‘' li
Os desafios pol í ticos e doutrin á rios com que vres" que se encontram dominados seja no campo das rela ções
iw candidatos estavam a
se defrontavam de força internas seja porque pertencem u periferia do sistema
exigir sistemas dc pensamento menos
permeá veis ao receitu á rio jur ídico e internacional das rela ções intelectuais Embora Hermes Lima c
fi influê ncia
correntes de filosofia social cm voga , Em ambos das diversas Alceu Amoroso Lirrni fossem intelectuais dependentes em relação
a vit ória dc Leõmdas dc Rezende e de os concursos, aos centros europeus dc produ çã o cultural, o fato de ocuparem
deu apenas dos conchavos que tw catedrá
Hermes Lima nã o depen- -
posições distintas no campo intelectual interno levou os a im -
orienta çã o socialista haviam acertado, tal ticos c professores de portarem sistemas dc pensamento que melhor se ajustavam às
poimentos dc contemporâ neos
como consta dos de- características dc suas posições e às demandas a que deviam
' resultou sobretudo das ati - responder atrav és dc suas obras. As doutrinas de Lc Play se
tudes de intelectuais que, pela primeira vez
de invocar sistemas dc pensamento leigos que tiveram. condições harmonizam com a orientação ideológica que Alceu é levado a
reproduziam aqui imprimir às suas obras c práticas, da mesma forma que o ideário
um debate filosófico idê ntico à quele em curso na
o inicio do século. Furopa desde pol í tico dc Durkhcim c Pa reto coincide com os interesses de
.
Hermes Lima adepto fervoroso da ‘hierarquia do saber' e,
Passei do evolucionrsmo naturalista spcnceriano
ao portanto, como diz Marx , da posse pela burocracia do ‘ser do
ovoJucionismo criador bergsoniano { ) A grande novi- Estado' í in. A idéía dc qur a fam í lia constitui a cé lula bá sica dc
dade de Bergson era conceder a primazia ao esp
Através de Bergson evolui para o vitalismo
í rito ( )
e o espiritua - ( 56) Alceu Amoroso Lima, Memórias , , pp 55, 42, 148 V
'

lismo, contra o ceticismo e o materialismo .


anterior | ) ( 57) Ver Knrl Marx , Oeuvrrs Philotoplttquei, cd. Molitor , vol IV
-
p 103. A gê nesc rit* sociotogia francesa oferece um contraponto suges -
.
fbid.. pp 81.82. tivo i disputa havida nas Faculdades dc Direito cm torno dos parndijf
--
( 54 )
fd
mas dc explica çã o cientifica da fufdjdnde social c política. Sendo ori
- .-
( 55 í
Consultar as mem á na dc Cario Lacerda '

* R , , .
do meu caminho , in Manchei * .
r
*
*,
n “s 782:792
Rosas e pedras
dc 15 4 1967 a 27 l %7
a io Tempo. Rio de Janeiro, Civiliza çã-í
ginários da primeira gcraçSo dc judeu » assimilados , vindos do interiur
do pala, c filhos da pequena burguesia judaica, Durkhcim, Mauss,
^
'

J
[ ndo ambo* participado du movimento o Hulbwacha e outros elementos do cí rculo, chegaram a ocupar postos
é poca
*
^ ciiucfaniil da elevados no sistema universitá rio Esse percurso explica boa parte da
orientaçã o que imprimiram à s suas tomadas de posição pol í ticas, mor*
4X
49
cada sociedade, a crença dc que a sociedade poderia
pela inculcarão de um novo sistema de valores ser reformada I lermei Uma , atribulam "á ordem uma primazia feita de auto -
ao invés de se alterarem os padrõ
nas crianças da elite ridade e manipularã o pol í tica dc elementos sociais, inclusive
es dc transmissão da herança , da religião" { WJ .
o respeito pela autoridade patriarcal ,
a correlação positiva entre
estabilidade familiar c prosperidade cconõmica. sfto O "rearmamento" institucional da Igreja Católica
ao modelo de explica ção adotado por Ec inerentes
Play que. no mais
das vezes , recorre a fatores nã o sociais pura Desde o in ício dos anos 20. a Tgrcjo Católica aferra -sc ao
eximir - sc de uma projeto dc ampliar suas esferas de influência pol í tica através
explica ção propriamente sociológica . Por
sua vez , as propostas da criação de uma rede de organizações paralelas á hierarquia
é ticas e modelos teóricos dc Durkheim e
Parcto poderiam tor- eclesiástica e geridas por intelectuais leigos. A amplitude desse
-
nar se instrumentos eficazes ptira aqueles
que, a exemplo dc projeto resultava n ã o apenas das diretrizes do Vaticano, entiSo
preocupado cm sustar o florescimento dos movimentos operários
(Bcitle o nhns
mission á rio do grupo, a crença
nas virtudes do sistema
de esquerda nn Europe, mas també m da tomado de consciê n -
republicano c o desejo otimista dc cia por parte do episcopado brasileiro da crise com que se
De outro lado, viam se instudos a construir uma repú blica progressista ,
-
cente* no ã mbíio da filosofia que dar combate às orienta ções prevale-
constituía entã o o espaço real dc
defrontavam os grupos dirigentes oligá rquicos M|
.
Ao mesmo tempo que procuravam reformar as obras tra -
concorré ncw rto interior do qual as
dominantes tentavam resistir ao avan çotend ências espiritualistas ainda
dm modelos positivistas O
dicionais dc caridade, as associações leigas, as ligas destinadas
projeto durkhcimiano í contempor
â neo no surto de filosofias antiiniclcc ao culto e ã ora çã o, tw c í rculos e congregações votados ao re -
luaJistas c k reaçã o amicientlfica - crutamento de "voca ções", os altos dignit á rios do clero se em -
de outras correntes filosóficas que contida nas obras dos metaf í sicos
marcam o recuo do psm í iivismo £c
nesse estado do campo filosófico que penharam cm preservar e expandir a presença du Igreja cm á reas
truir uma sociologia objetiva ( teórica toma corpo a inten çã o dc cons-
e empí rica ) que seja capaz de estratégicas como o sistema de ensino, a produçã o cultural, o
enfrentar a tradiçã o especulativa c idealista enquadramento institucional dos intelectuais, etc . Em troca da
dores, a renovação cient ífica aparecia como Para Durkheim e segui
tual, o hom ólogo da vontade dc
.
sendo, no â mbito intelec-
- manutenção de seus interesses em setores onde a interven ção
seguinte , bon parte da problemá tica
reconstrução republicana e, por con
- do Estado se fazia sentir dc modo crescente (o sistema educa -
vas disciplinas est ão ligadas ao íf hotc das das formas que assumem as no
- cional, o controle dos sindicatos, etc. ) , a Igreja assumiu o tra -
--
fra ções cm ascensã o da pe
quena e média burguesia , na
medida balho de encenar grandes cerim ónias religiosas das quais os
balho cientifico sc opõe, dc um ladocm que a disposição para o tra
, ú rela çã o que o letrado tradi dirigentes pol í ticos podiam extrair amplos dividendos em termos
cional manté m com o produio dc seu trabalho -
tismo caructerlstico da relação burguesa com a c, de outro, ao diletan - de popularidade.
projeto de erigir a sociologia dc cultura . No entanto, o “ A uni ão da çruz e da espada", expressão recorrente na
imprensa da época , toma corpo através de congressos (o Con -
mural republicana
Durkheim cm fundamento dc uma
e positiva implicava numa defini çã o da moral
oposição ã s filosofias dominantes cm gresso Arquidiocesano cm 1931 ) , banquetes ( Bernardes oferece
Por esta
apresenta se como alternativa ao antigos via, a ciência dos costumes
- principio* absolutos. A dua -
lidade que tal projeto encerra, ou* seja, a vontade um jantar no Itamarati cm homenagem ao Cardeal Arcoverdc ) ,
punitiva contra o absolutos revelado dc Fundar uma moral procissões solenes ( em homenagem a Nossa Senhora Aparecida .
* * pala consciência ou pela
nã o consegue encobrir a inten çã o de reencontrar na Sociedade tradi ção,

--
o abso
luto que veio substituir o antiga morais .
* * Eii u razão pela qual in ú ( 58 ) Hermes Lima. op . r/ r ., p 25 .
meros tópicos dessa sociologia , as reflexões acerca da annmia e dos
processo* dc integra ção, as aná lises (59) A despeito da separaçã o oficial entre o Estado e o Igreja
da divisã o do trabalho, sc encon
tram referidos ao tema ideol ógico da desorganiza - decretada pelo governo republicano, o Vaticano reconheceu o novo re -
sociedade moderna c u demanda poi uma ideologiação caractcr íM ícs da gime desde 1890, passo inicial de uma polilica de concilia çã o seguida
da concórdia entre pelos altos dirigentes cat ólico* cm 1901, a representação diplomá tica
.
a » classes. Consultar Tcrry Clark Peophets
Vntveniiy and lhe Emergeme of lhe Social and Patroas , The French
,

do Vaticano no Rio dc Janeiro ê promovida a categoria dc nunci & tura .


<

.
Hurvard Univeriity Press, 1973 e o artigo Science . Cambridge ( Mas*.), cm 1905, o Papa designa o arcebispo do Rio de Janeiro D Joaquim
dc -
Jcarr
don "Ssicinlogie dc la sociologie ct inté rét.s sociâ Claudc Chamborc
,
ux de» iociologues",- Arcoverdc como primeiro cardeal brasileiro c dc toda América Latina .
in Acre i de la Rechrrehr en Sciences Social
n , ~ 2 , pp. 2 17 .
et Paris, março dc 1975,
Ver Sergío Lobp dc Moura e José Mnrin Gouvfca de Almeida , "A Igreja
na Primeira Repú blica", in Bori » Fausto (org i, O íf rasll Republicano
2' vol , Sio Paulo, DIFEL, 1977, p. 328.
.
50
51
“ padroeira oficial do Brasil " , cm 1931 ) . solenidades ( inaugura
ção do monumento ao Cristo Redentor no Ca íBovado ) , bem
mo por ocaslio da » páscoa* especiais pura os militares, os
- se distinguir das correntes paulistas iniciadoras desse movimento
mvociodo uma estética espiritualista que eslpria na raiz de uma
" tradiçã o brasileiro aiuínticH * f íí ).
1

intdcclUBÍs. os estudantes, os oper á rios, com ampta distrihui


ç. io dc
- -
Síntiudo SC ameaçadas pelas reformas governamentais, pela
sacra memos nas mas da capital , cm presen ça do epis
Capado, das grandes figuras da elite polí tica c hurdcrá ticti,
-
civif
importa ção das métodos pedag ógicos noít&â mcricanol ( inspira"
dos pdo “pragmatismo” de L)ewey e çuilro=K > e peia " infiltra çã o
-
v mi í ii .i .
do corpo diplomá tico e do pr óprio Presidente da dos educadores profissionais nos cargos de gest ã u em lodos tvs
República ivcis do sistema dc ensino, aí aLioridadcs eclesi ásticas se
No tocante ás relações enirc a Igreja e o campo intelectual empenharam cm detender seus interesses mediante a criação
duas instituições dc enquadra mento ideológico receberam u in -
.
- umhé neia dc congregar t? núcteo Jc Intelectuais leigos que pas -
iiiiuni a atuar como porti- Vozes org â nicos dos interesses da
,

de mir circuito dc instituições —


a Associação dos Professores
Católicos, a Revisto HrnsUeira de Pedfgogia, entre outras
Capares dc fazer ficnk à concorrê ncia movida pelos educadores

Igreja : a revisto A Ordem (192 J ) e o Centro Dom Vital profissionais recrutados pelo Hstado cujas pretensões hegem ó-
,
f I J 22 ) , ! endo sido criadas como centros dc reuni ã o c dc nicas cm mat é ria dc doutrina pedagógica tiveram a contrapar -
difusão da.x doutrinas e tomadas dc posi çã o de intelectuais ca
t ó licos acerca de in ú meras quest ões temporais , CSS í IS instituições
- tida dc urna farta literatura dc proselitismo subsidiada pela
Igreja <"< í .
acabaram assumindo, direta ou indire í ameiilc, ttm elenco cada Após 1930, o trabalho dc mobiliza çã o e arregimei] ra ção
-
vez IMII is . Eiversificado dc tarefas e fun ções. Sob sua é gide fo
ram organizados os retiros para intelectuais onde se promovia
- levado n cabo pela igreja assumiu propor ções consider á veis,
A nova orienta ção polJrica do Valicano vinha insistindo quanto
o encontro dos aipirantet ãs carreiras intelectuais como os ines - à necessidade de reagrupar as diversas instituições calólicSí em
ires do clero cm mat é ria dc doulrina , a A ção CfiiverritjriD Ca~
ttniru ( Í 929) que mobilizava os estudantes das grandes cidades ,
lomo de uma direçã o central it maneira da Ação Cat ólica, re -
-
cé m implantada em alguns pa íses europeus . Fm junho de 1935,
o Instituto C at ólico de Estudos Superiores ( embri ão dn futura
Pontif ícia Universidade Cat ólica), editoras ( AgirT etc.) , etc. O «t bispos braseiros promulgavam os estatutos da A çã o Cat ó
lica , moldada segundo os padr ões italianos, com seus quatro
-
saldo ruais importante do trabalho desenvolvido jvir tais agre- grandes organismos de base ( que guardavam certa semelhança
miações consistiu no surto de " voca ções" entre jovens intelec
tuais origin á rios de antigas f ímiili &s ( Almeida Prado, Penido,
- com a organizaçã o pol í tica fascista ) : “os Homens de A çã o Ca -
t ó lica (H . A . C ) t parn os maiores dc trinta anos c os casados de
ele. ) que decidiram irpressar nas ordens religiosas de maior
qualquer idade ; a I .:ga Feminina da A ção Cat ólica fL . F.A .C. ) ,
prest í gio ( os beneditinos, os jesu ítas, os dominicanos) Í < M \ A para as maiores de trinta anos e as casadas dc qualquer idade :
influencia da Igreja Cat ólica rambé m se estendeu ao campo a Juventude Cat ólica Brasileira { J.C.R , } c a Juventude Femitito»
literá rio através do grupo de escritores cat ó licos reunidos em Católica ( J F. r.) ". tendo como órg ão centralizador a Confe -
torno da revista Festo ( publicada no Rtí> cm 3927/ 8 e 1934 / 5 ) ;
eles se diziam caudat á rios do " modernismo" mas procuravam
dera ção das Associações Cat ólicas ( antiga Confedera çã o Cat ó -
lica ) .
[ é nj Unrila Pr íuí n Unia Gabolia, O Catdeul Lritir fffUl2- tW 2 ), fnMuiuir Ncuii Pfautd Cactcac, FESTA ( Cuntri òuiiiúi para
- .
K (LI DL Janeiro joaé Olynipio, eol. Doçoincntnii FtreJtileirus. vul. 111,
3 2, j>fv J 1 B, J40 e -teju.
. O
(6J )
Ettuda .
JLH MndernismúJ, SS » Paulu InsrimiO de Estudos Brasileiros,
^ {61 J Vw À nlOJlicn Carlus ViJIa ç a , O Pcmamcní u Cal ático nu Hm
Ml . Km de Jbnelro, / ahar , 197 Í, pp. 97(100; Alceu Airtr > f < isLi Lim ,
-
19Tt ,
.
(Í4 > Vrf , por exempla Ui Seguintes artiginH pubtioidtTs em A
OntftTi; Xmfer dc M :unn. "A novu b^se dn cducjiçiei’ , Julho/iiurto
1
1

NolM pnr:L ..
hist ó ria do Ccntiq Lhim Vilal " in 4 Ordem , junho dc *
de ID 13 , que ccrnslimi uma erllica BO manirtilií educadonE! dc 193Z ;
fronct í , Etio dc Jane iro. Agir, IbSJ .
-
1S H : Pe I-. Lliy C# BílM( tl A\ SilvcirJt DPELBSJLMSC {3 t I , PLU / O Isonrt
' Piulú Sâ . " Poiu çOel «t élicu (o* eaLólicw e o píobkn» da educu -
a respeito dn dc jTUÍ*ç*n da mo ml c
e3oh", j ulTio de 1934 , dialribc
( hTj Alceu Amoroso Unuq Pria A çãu CattWca, Rio d
< lanciro . dtH cosi ; Tristfti ) de A ( h dc , " Aindu o en « ino
*>U fiilhiu
' .
* rvliniimd' «tembra
1 d d II FUblkilccn Arvchict íi . 19 Í 5, pp. 319 / 231 ; AOIADIO Carius Vil liaço ,
iinies
dc 1915 cinde
, d óqortx wbre nn idjplHlUcflA -
do ensino reli
" p, rir ., p 15# t scfls gloso no Rici de Janeiro c ataca An íiõ Teixeira

52 S3
O quadro oficiai da A ç Bo Cat ólica Fira óle í ra , forma
"

do pelas organizados fundamentais e pelas asaocjaçA»


- ; . : u , t un poder temporal, os altos dirigentes cat ó licos preferiram

-
confederadas, ramificava se atrav és do pais. por meio dc adotar uma solu ção de compromisso [ segundo cies, “ uma fóf -
órgã os diretores c coordenadores. O primeiro c nmis ele - niula exlraparlid ú ria , qnc tornasse Os cató licos capazes dc fttua -
vado desses órgãos em a Comissã o Episcopal da Aç#o Cn - Ç fio indireta , mas eficaz, na polí tica ) . Desta maneira , 05 cat ó
"
-
licos ná o interviriam nas lutas partid á rias enquanto facçiio nem
Kilica ( . . ) entregue ao Arcebispo do Rio de Janeiro a desgastariam a autoridade moral c polí tica da ú nba corpora çã o
incumbê ncia de representar os demais bispos brasileiros
e de resolver nos casos comuns e urgentes ( ) Cria se - -
da sociedade civil em condições dc ombrear se com o Estado.
A l.iga Eleitoral Cat ólica deveria divulgar as diretrizes e as
ainda a Junia Nacional da A çflO Cat ólica, upatclho diretor
da mesma, que inclu ía entre suas atribuições ‘esecotar as imundas de posi ção da Igreja entre os fié is e canalizar os votos
dos eleitores cat ó licos em favor dos candidatos dos diferentes
diretrizes c resoluções que o Episcopado assentar, í itravés
da Comissã o Episcopal , d 9 qual é órgão executivo r ‘acom 1

-- partidos que estivessem prontos a sustentar as posições cat


us em questões delicadas controversas
e , como por
ólí
exemplo ,
-
panhar. estimular , e coordenar as atividades da Açã o Cat ó
3 indissolubilidade do casamento, 0 ensino religioso nas escolas
lica por meio dos Conselhos Diocesanos e Paroquiais . 1

pú blicas, a assistência eclcsl úslica kl classes armadas , etc.


-
Completava lhe a atuação o Conselho Nacional de Açio Como a LEC n ão dispunha de uma lista expl ícita de can -
Católica < -
} Acrescente se a este as Imitas e Conselhos
-
didatos, limitando sc a recomendai aqueles que se cumpro*
Diocesanos, os Cousedm Paroquiais e os Conselhos Pro -
vinciais ide cará ter facultativo, a ju ízo dos diferentes me
tropoiitas e de seus sufrag ú rcos ) (
- metiam a apoiar o elenco de exigê ncias m í nimas da
dificil avaliar o peso pol í tico efetivo qu é as indica
tiveram na composição da futura Assembleia Constituinte. Sa
çõ
Igreja, ficfl
es da LEC
-
O feitio institucional pelo qual se norteava a AçSo Católica
conferia à cú pula da hierarquia eclesi ástica um poder a na logo
-
be se, contudo, que grande parte das reivi n dieaç&és constantes
do programa cat ólico foram incorporndas n Constitui çã o de
à quele de que dispunha 0 chefe integra lista , alé m de prover as 1934. Na medida em que concedeu seu apoio a quase todos
linhas de autoridade e gest ã o que uma implanta çã o por todo o os partidos concorrentes atuando basicamente como inst â ncia
,

territ ó rio parecia exigir, a Começar petas par óquias, passLindo concessioná ria de fiança ideológica, “o pleito de maio dc 33
.
pelas dioceses até chegai á arquidioceses c . por fim, ao ccimo
*
pol í tico sediado no Rio de Janeiro e sob a lideran ça do Cardeal
-
( «vou n Asjst mbl é ia CoutiUiinte a malOT parte dos candidatos e
partidos eleitos pela Liga". Segundo a mesma fonte, haveria
Lcmc, ao certo trinta católicos pr á ticos ao lado de uma maioria de
Por ocasláo da campanha eleitoral de lv :!3 , a '‘inlell%entziatf confessionais indiferentes entre os deputados eleitos , fincando w; -
leiga voltou a pressionar em favor da organiza ção dc um partido as bases parlamentares cat ó licas junto à s bancadas pernam -
pol í tico calcado no modelo da "democracia crist ã " italiana , en-
contrando forles resist ê ncias por parle da hierarquia eclesiásti -
bucana e paulista ,
ca Temendo os efeitos desastrosos que poderia acarreter um
. Assim como as autoridades eclesiásticas se dispuseram a
resultado eleitora! desfavorá vel, e sem querer põ r cm risco
OS dividendos polí ticos derivados dn postura dc "neutralidade’ 1
apoiar n poder olig á rquico na d écada dc 20 com yíitas a re
cuperar o status de sócios privilegiados do poder pol í tico de
-
que a Igreja deveria continuai mantendo cm rela çã o aoh dirtcn - que haviam desfrutado até a queda do Império, preferem adotar
atitude vcmdlhnnie em rela ção ao regime Vargas, «Uítes r ú pós
( fiS ) tJUí fils P Haja (.rahifitjd . IIp Hl ., pp ) J5 t Alccn O golpe de 37, em troca da cau ção oficial k cria çã o de novas
AJUOri 1» Uma , feia í f í u ÇaitiJttv , cd . dt. e, do nitimit aittoi. Peia instituições no campo da educaçã o e da Cultura ( sobretudo, a <
Crií iiénlzat&Q Jti Iduih’ Nova, Riu dc Judnn, Agir , l 1M6 , que reuni; Universidade Católica do Rio dc Janeiro sob a direçã o dos
.1 prtlli? (cí r í t^i Jo í ! uiir> dc Afftit dalòlicu |t uv proferiu no llimUjto
-
i IU íJ Í L- U dc Í Lstudoii SufK ciorei mi rvjí, ond ( define os pnrttlpíio, OJ
.
inimirntrtlot, ui igeulct c L > S fins ifa A ç jl -i í/ otOUca, ciplieJtindo a vin -
jesu í tas) . Em todas as circunst â ncias mencionadas, o "re lismo“
inerente ã polí tica de acomoda ção da Igreja com 0 EVijdo sC
tuUrfo deí sv oriMlsmo com u hierarquia ccleniAirti e nv ndnfAtl 4 Ue inspirava na orienta çã o preconizada por Leão XII ) cm fins
mant ém ç nm a ntividadr pol í tica.
do século passado segundo a qual era preciso "aceitar a situação
54 55
. -
p ú blica, tal como se upresenlava $cm discutir lhe prnticamentc
a legitimidade" a fim de assegurar “a existência biológica e
branca, Jorge de Lima , Leonfdio Ribeiro, Sobral Pinto
e eu. haviam nascido em 1893 ( ) Éramos todos nostá l -
empírico da Igreja no mundo” <*•*, gicos do passado, i procura dc grandes coisas, da Gr écia,
de Roma, da Idade Mé dia " < "T> ,

Os intficí tuuís reacionárias


-
Valendo se de formas organizacionais dc inspiração cor -
porativa e alardeando um programa dc "reformas que levavam
"
"í Eu viu em Paris, centro da Europa , que aca
)
bava um mundo. Era o fim da euforia f . ) Terminava
- em conta os interesses de grupos sociais diferentes da"oligarquia
o diletantismo, a disponibilidade. Começava a vida dura. do antigo regime, as organizações políticas “ radicais ( a A çao
a opçã o, a obriga çã o dc escolher entre os extremas, entre Intcgralista Brasileira, o circuito de institui ções patrocinadas
pela Igreja Cat ólica , etc.) ln*> que passaram a concorrer
na
o pecado e o dogma í ) A partir desse decénio dc 1920 mero
atrair um n ú
-
e 1930, produziu sc uma inversã o de alianças, uma reversã o
em relação a Anatnle France , Machado dc Assis c Silvio
arena pol ítica entre 1930 c 1937 , conseguiram
rdativamente elevado dc anligos quadros pol í ticos c intelectuais
Rnmero, É que eles haviam inoculado cm nossos espi - egressos dos partidos republicanos do antigo regime cujas car -
ritos um cericismo e um diletantismo que nos levariam a raras haví ant sido truncadas momentânea mente pela derrota da
um eboque diante da cat á strofe da guerra. Fomos todos, oligarquia .
sobretudo a partir de 1918, levados a rever as nossas idé ias Diante dos revezes sofridos em 1930 c 1932 e scnlindrvse
e tudo aquilo que para n ós passou a representar a confi -- preteridos pela coalizã o de forças que passara a deter o con -
guração do que hoje chamamos heíle è poqw ( . . ) Acaba trole do Estado, os intelectuais engajadas nessas organiza ções
.
ra para mim como para tantos outros companheiros, a
fase da disponibilidade, do absenteísmo, da indiferença, do
“ radicais” n 5t> se comentaram apenas em reagir hs mudanç
seu apoio á s tentativas
as
de
ocorridas no campo político dando
ceticismo c do intelectualismo puro ( ) A chamada cam - reunificação dos antigos grupos dirigentes por ocasi ã o das cam -
panha civilista ficou marcada em nosso espirito. Mas a panhas eleitorais dc 1933 c 1934 . Tendo como alvo se alçaremc
derrota que ti ela sc seguiu , com a vitória do militarismo a qualquer preço à dupla condiçã o de pol í ticos profissionais
-
realista daquele tempo, deixou nos profundamcnle dccep- intelectuais cm organiza ções que nã o se cingiam ao terreno
-
cionados ( ) O ceticismo filosófico, aliado ú dcccpçã o onde operavam os partidos a serviço da oligarquia a cujas der
.
política provocada pela derrota do civilismo fazia nos crer
que nada existia que merecesse o nosso sacrif ício, o nosso
- rotas atribu íam o fato dc terem sido alijados das carreiras
pol íticas de maior prestigio, esses intelectuais níio hesitaram
cm
interesse ( ) Ná o havia nada por que lutar ( ) É ra - trocar de protetor substituindo seus antigos patr õ es por lideres
-
mos displicentes filhos do fim do século, cm busca de uma “ radicais" desejosos de restaurar , por vias autoritá rias, as re
vida agradá vel, cosmopolita , voltados para o estrangeiro. la ções de for ça vigentes antes de 1930. Sem poderem assegurar
A guerra é que nos fez despertar ( ) Em 1918 a can çã o dc outro modo sua sobrevivê ncia no espaço "da classe diri -
-
gente, deixaram sc enredar pelos "reformadores (le direita que
que cantá vamos era a can çã o dos fuzileiros navais norte-
amcricanos. Os Estados Unidos eram para nós os salva
dores da civiliza ção e da democracia ( . . ) Com o choque
da guerra , com a rrdescoberta do Brasil, nos libertar íamos
- lhes acenavam com o mesmo projeto
tunidades no mercado de trabalho
elite burocr á tica estava em vias d ç

politico
implantar
c cultural
. Os —
a amplia çã o das opor -
jovens
que o
aspi -
do ceticismo, da ironia , da gratuidade intelectual, c inicia
mos uma fase de revisã o, dc participaçã o, de cria ção ( )
- rantes à carreiras
s intelectuais e pol í ticas cooptados pela c ú pula

Era nesse ambiente de uma vida nova, displicente e con- (67 ) Alceu Amoroso Lima, Memórias Improvisadas , P trópolii
ç ,
formista, que se ia formando a minha gera ção, aqueles .
Vozes, 1973, pp 49, 37, 61 66 ,'7 .
que como Ronald dc Carvalho, Má rio dc Andrade Leonel . (68 ) Ver Helgio Trindade , Inlegrtditmo IO Fascismo Brasileiro
Dr cotio de 30 ) .
Sin Paulo , Difcl , 1974 , c Robcrt Lcvme
nu
, The Vargas
.
Regime (The Criticai Vran 1934 -1038 ) , New York , Columbim Univcr
-
(66 ) Laurita P R , Gabagl ía , op. ff /., pp . 297)298 .
uty Pre» 1970,

. 30 57
das novas organiza ções políticas, os mesmos que
--
alguns anos o antigo regime. Por força dc urna série cumulativo dc desvan
mais tarde galgaram os altos escalões do
serviço p ú blico fe- .
tagens esses intelectuais n ã o sc deram conta em tempo opor

--
deral, pertenciam, em sua maioria, a clientelas ‘
classe dirigente cujas estratégias de reconversão destitu ídas da
’ tuno das mudanças que acarretaria n derrota da oligarquia por
estão na raiz que, sendo ao mesmo tempo intelectuais e militantes , nã o con
da consolida ção do poder relativamente autónomo de um
" n ã o econ ómica " da fraçã o seguiam dissociar a representa ção dc sua trajet ó ria individual
classe dominante que vem se especiali-
da representação do destino político de seu partido, Fm outras
zando, desde os tempos do Império, no desempenho de Fun
pol í ticas e intelectuais. ções palavras, os intelectuais mais dependentes dos partidos oligã r
quicos nã o sc encontravam pr óximos das posições sociais ca
--
Descendentes de famílias ostentando um passado pol í tico pazes dc proporcionar um mapeamento 'realista ' do estado das
prestigioso no â mbito local, nascidos c criados em
cidades afas - rela ções de força no interior da classe dominante. Nfto fora
tadas dos principais centros da vida polí tica e
cultural, muitos
deles tendo estudado em faculdades “ livres", os lideres Jn par
n derrota infligida às pretensões hegemõnicas dos grupos diri -
< - gentes paulistas, podando as veleidades polí ticas dc in ú meros
tido integra lista foram dos que mais se ressentiram elementos que ent ã o sc destacavam no plano estadual ( Plí nio
rota dos grupos oligâ rquieos. As expectativas c
com a der
o# projetos
- .
Salgado, Câ ndido Motta Filho Menotli dcl Picchia etc.) .
intelectuais dc Pl í nio Salgado, Otbiano de Mello e esses jovens n ã o teriam se sensibilizado a ponto de se engajarem
.
roso três dos principais dirigentes do movimentoGustavo
todos eles órf ãos dc pai c carentes de "protetor" pol
Bar -
integralista , -
como porta vozes de programas dc 'reden çã o' da ordem bur -
iiearn em fun çã o dos serviços que
í tico, se deit
vinham prestando aos grupos
- guesa . A mudança radical de campo, passando do devotamento
integral aos partidos e faeções da oligarquia à adesã o sem re -
dirigentes nos anos 20 í"®>, A rcceptividade aos apelos
gralismo foi proporcional ao clima dc desâ nimo
c
do inte
decep
- servas à s organizações radicais de dircila , resultou em ampla
medida do fracasso pol ítico da classe e do partido dc classe a
que se abateu sobre certas alas que vinham colaborando çâo que pertenciam , processos que eles vivcnciaram cismo seu
com
próprio fracasso.
(69)Ante* dc fundar cm I 9J2 u Sociedade de Estudos Pol
com muito* dc seu antigo companheiros do jovem
* no * jornal paulista
ítico»
guarda litcro- per -
Entretanto, alguns dos intelectuais que ingressaram no par -
fcpistn , Pltnio escreve
mesmo Alfredo Egydlo dc Souza Aranha AqueRaz ão financiado . pelo tido integralista c nos grupos católicos eram anatolianos cujos
romances rcg íonalistas alcançavam elevados Í ndices de venda
formista ' do PHP dc que cie participara Em liderara o grupo ' re-
-
seguida, apóia a Le -
gi ã o Revolucion á ria , incumbindo se dc
redigir o Manifesto dc marco
de 1931. NSo é por acaso que o Manifesto Integralisia foi
após a derrota paulista dc 32, fazendo publicado
( 70 ) No plano estadual , as pnsiçfle» propriamente pol í ticas ten
diam a ser preenchidas, em medida crcsccntc, por figura» originarias
-
pó» a organizar um movimento ‘ Independente
crer que Pllnk» somente ar dia
1

minantes em Sã o Paulo quando sc deu conta do alijamento


da» forças pol í ticas do -- da 'alta classe mediu nAo econ ó mica ' , o que vinha ocorrendo desde a
formaçã o da Liga Nacionalista c que recebe confirmaçã o quando sc
sofrido A ambig úidade dc « UA identidade pol í tica transparece que haviam averigua a posiçfio de classe dos militantes do Partido Democrá tico de
constantes nsctln çóes que sofre seu posicionamento perante 0.1'
SSo Paulo. Nesse sentido, é bastante semelhante a composiçã o social
.
çã o dc 1930 passando “da hostilidade A colaboraçã " a Revolu - da Chapa Ú nica que retine O» 22 candidatos paulistas b eleições da
pois, do fracasso de sua tentativa de influenciar o , ou sep, "de - Constituinte: 17 advogados (dos quais 6 sã o també m professores da
atitude critica", H Trindade, op , < » , , p. 81 c scga». revolução , volta â
pertencia cu ao grupo da 'situaçã o' que "Em minha terra
.
Faculdade dc Direito) J médicos c 2 engenheiro» ( um dele* professor
dn Escola Polit écnica ). Vate dizer, ru > iocante i reprcsenta çBo pol í tica
tinha, cm Belo Horizonte,
do ( . -
como chefe e orientador , o Sr. Atfrcdo Sã , Vicc PTcsidenie do Esta
--
dos grupos dirigentes , elementos da fra çã o intelectual acabam empal -
mando essas oportunidades de trabalho. Ê sintomá tico o fato dc os
e i s a aulodcfiniç&o pol í tica de Olbiano dc Mello in A Mar
cha da Revolução Social no Brasil. Rio de Janeiro
- , Ed . O Cruzeiro,
1957, p 28 , Ma í» tarde, alia se A "Conççnlraçá o Conservadora
herdeiros de antiga * íamltia» — como por exemplo, o irmã o mais ve-
.
lho de Má rio de Andrade, os Alcâ ntara Machado Câ ndido Motta Filho,
contrá ria á Aliança Liberal que era liderada, no plano
-
Vicc Presidentc de Washington Lul», Dr , Melo Viana A
", facçSn
estadual , pelo
respeito do»
etc — terem encontrado maneira» dc se filiarem dc algum modo ao
esquema dc representaçã o que a Chapa Ú nica cristalizava. Por sua vez,
contacto* que manteve com outros integrantes dessa facçã s.lo aqueles intelectuais que sc encontram socinimcntc mais afastados
que então propôs com vistas a preservar o antigo o, dos planos de um conv í vio mais Intimo com os c í rculos dirigentes c o melhor
nifesta ções com que se tentou mobilizar o» propriet á regime
nas, consultar
, c das ma -
rios rurais cm Mi
relato que faz na obra acima citada, p 42 e segs - exemplo t Pl ínio Salgado que procedem naquela conjuntura post 30
á reversã o radical do sentido que passam a assumir suas prá ticas q to
--
mada » dc posi çfio polí ticas

59
no correr da Republica Velha . Divcrsamenic dos jovens aspi
rantes intelectuais que iniciavam sua carreira no interior dos
partidos republicanos ns vésperas da Revolução dc 30.
- Afrfuiio Peixoto ( um dos lideres da "inlelligentzia"
leiga a serviço da Igreja ) , filho de um negociante de dia -
pol í grafos já eram a essa altura figuras polí ticas c
esses mantes no estado da Bahia, era um médico dc grande
culturais de
prestigio no antigo regime. Eram inierioranos, pertencerdes, a .
reputa çã o que através do casamento com uma das filhas
fam í lias tradicionais cm seus respeetivos estados, que haviam dc Alberto de Faria ( abastado homem dc neg ócios, pol í -
conseguido se inserir nos cí rculos dirigentes do Rio dc Janeiro .
tico publicista , embaixador, autor de um livro sobre Mau á,
acad é mico ), se incorpora aos cí rculos refinados onde
grudas ao casamento c a outros expedientes, todos eles
se destacado como profissionais liberais, cora acesso assegurado
tendo ser ã o recrutados dois dos principais lideres da reação ca
tólica , Alceu Amoroso Lima que se casara com,uma de
-
ás instituições polí ticas da oligarquia c nos rnais altos escalões
da administra ção central, juntando a todos esses trunfos o fato suas cunhadas, c Octavio de f aria , seu cunhado (: i. Após
de terem sido eleitos ainda bastante jovens para a Academia ter cumprido todos os passos de uma trajet ória bem suce
dida tanto na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
-
Brasileira de Letras.
como cm diversas instituições pú blicas de sa úde, se incum -
Gustavo Dodt Barroso ( que sc tornou depois de 1930 biu de implantar a reforma dos serviços médico legais da
capital federal e se elegeu deputado federal pela Bahia cm
-
.
um dos dirigentes do partido integralista ) nascido cm
Fortaleza ( 1888 ) , era um bacharel “ livre" originá rio de duas legislaturas ( 1925. 1928 ) , lendo sido eleito parn a
uma antiga fam ília em decadência cujo prestigio vinha dos Academia Brasileira de Letras antes mesmo dc publicar
tempos do Impé rio, e ainda muito jovem participara das SC1 I primeiro livro cm circuito comercial . Sua produ çã o
intelectual abrange todos os gêneros aos quais sc dedicavam
o Rio de Janeiro c graças às colaborações que envia &s -
lutas pol í ticas em seu Estado; cm 1910, transfere se para
os polígrafos anatolianos dc maior prestigio: romances.
-
revistas ilustradas ( Fon Fon, Careta, etc , ) e aos temas dc
suas confer ê ncias mundanas ( A guerra , A dança , etc.) ,
crí tica c história liter á ria , biografias, cr ónicas, etc. < í:1> ,
A maioria dos jovens intelectuais que sc tomaram militan -
transforma -se numa espécie de vedete literá ria , alvo dos tes nas organiza ções “ radicais" de direita durante a d écada de
caricaturistas e retratistas, c objeto de “ perfis biogr áficos" 30 eram bacharéis “livres" c letrados que estavam desnorteados .
com seu retrato emoldurado em página inteira dos almana - carentes de apoio político e sem perspccliva dc enquadramento
ques e álbuns da é poca , Paraldamente á s suas atividades
de letrado, galga os mais altos escalões do serviço pú blico
.
profissional e ideol ógico Tendo permanecido durante a inf â n -
cia c a adolescê ncia segregados geogr á fica e socialmcnlc dos
sem abandonar sua carreira parlamentar cm 1913 é no . - principais centros políticos e culturais a exemplo dc seus cor-
-
,

meado secretá rio geral da Superintendência da Defesa da religioná rios anatolianos, os futuros quadros intelectuais das
Borracha : entre 19 J 5 e 1918, é eleito deputado federal na organizações “ radicais" de direita chegaram ú capital federal
bancada cearense: na mesma é poca , é nomeado inspetor no inicio dos anos 30 em seguida ao ostracismo pol í tico a que
escolar no Rio dc Janeiro; cm 1919. é designado secret á rio (72) Informações coligida* no volume dc Josué Montollo Na .
da delega ção brasileira à Conferê ncia dc Paz; em 1922, é Casa dos 40. SAo Paulo, Martins, 1967, pp. 54 56 A rçspcito do cir-
designado como diretor do Museu Histórico Nacional, culo Faria, ver o escorço biográ fico dc Octavio de Faria in Renard
cargo que continua ocupando at é sua morte fMl . Percz, Escritores Brasileiros Cantemporáneos , Rio de Janeiro, Civiliza
çá o Brasileira , J 960, pp 307 / t!.V c Alceu Amoroso lima , Memórias
-
.
Improvisadaj ( Diálogos com Medeiros Lima ). Pclrópol í n, Vozcj 1973,
pp. 124 /126 c sega.
(71 ) Consultar o« três volumes dc memória» de Gusuvo Barroso
Coração dt Menina , Rio de Janeiro, Gtt ú lio M . Costa
. , 1919, Liceu
do Cear á , Rio de janeiro, Gctolio M . Costa 1940, e Cvnsutodo
(73 ) Consultar Leonidio Ribeiro, A f r àn f o Peixoto , Rio dc Ja *
ncirn , Edições Condi, 1950, paneg í rico com mai» dc 400 paginai cun
--
Chino. Rio de Janeiro, Gclulio M . Conta, Í 941 . A respeito du Icndo um levantamento completo da* obrai, edi ções e tiragens dc um
de Gustavo doj pol í grafos de maior ê xito comercial na Primeira Repú blica Ver
Uartiuu, ver també m o depoimento de um novato eu cuntcrrá nco c
.
grande admirador , Hcrman Lima Poeiro do Tempo* ( memóriai) Rio
de Janeiro, José Ólympio, 1967, em especial pp. 56, 58, 96, 97. . também a entrevista concedida pelo aulor a Homero Scnna , in Kepi í
blica das Letras , Rio dc Janeiro, Gráfica Olímpica Editora, 2." cd .-
1968 , pp, 7 J / J 02 ,
60 61
forocn relegadas as fraçbes oligárquicta ooÈA u quais colabora - vinha prestando è sua família . 5 JUK atividades como clinico
vam c em Ctija continuidade haviam depositado suas expí ctali - particular lhe proporcionam recursos suficientes a ponto
vas dc carreira . Tiveram, por conseguinte, que enfrentar toda
sorte tlc obstáculos i] tie st interpõem á ESCEí latia profissional
dc poder saldar as dí vidas que contraiu cm empreendimen
tos malogrados, de inicio como sócio dc uma refinaria,
-
dos mirantes egressos de setores em declínio dos grupos do-
minantes. Jorge de lama e Demostli éncs Mndurdra dc Pinho
depois de unia loja comercial, ambos em Maceió e nuiií
tarde rto Rio de Janeiro onde tentou ahrir com n cunhado
.
sc enquadram nessa leva de jovens intelectuais cru busca dc unia esp é cie dc fnrmácia - laborat ório , Puratclamcnle te suas
unta posi ção no novo regime.
-
atividades clínicas, dedtea se ao magist ério em Maceió, pri-
meiro lecionando Higiene na Escola Normal, em seguida
Jorge Matheos efe l .intn era o primogé nito e primeiro
ftiho homem de um comerciante abastado do interior Jí J -
dando aulas dc Ciências Fí sicas c Naturais no giná sio esta -
gnano ÍMI, lissa situação material lhe permitira desde cedo dual. Nã o é dc estranhar, portanto, que esse perí odo cor -
Íamiliartzií-ie Com os grandes órgãos dc imprensa e re
responda à sua produção intelectual ‘bissexta*. quer dizer,
- o produto dc uma atividade extempor ânea e err ática, quase
vistas liter á rias dc que seu pai era assinante, coin as nove
las de Conan Doyle. os romances de Dumas e Vicior I lugo,
- um lazer em meio aos seus m últiplos encargos como me -
dico, político, empresá rio e professor Após a revolução
t apurar seus pendores artí sticos nu " sd ãu de arte " da casa
- .
de 1930, scnttndo se alvo dc pcrscgmçótS polí ticas c tendo
paterna, oude se promoviam recitais dc piano c dc poesia.
Teve, por conseguinte, a melhor fofmfiç fto a que podia sido ví tima de um atentado, fecha sou consult ó rio vende .
aspirar um jovem da mesma condir ã o social nessa regi ã o -
sua casa eni Maceió c transfere sc para o Rio dc Janeiro
Onde logu retoma com êxito suas atividades clínicas. Fm
do paJsr depois de haver frequentado os colégios de elite
da capital estadual, ingressa na Faculdade de Medicina da seus primeiros tempos na capital federal, frcqUcnta cí rculos
Bahia, da qual sc transfere no terceiro ano para o Rio de
Janeiro onde conclui o curso «n 1914, Apesar de suas
intelectuais dc esquerda e. cnneom Èlantemente, liga ie a
escritores e artistas de orientaçã o marcada mente espiritua -
-
dispouçõw favor á veis em relato arm af &Kefcs intelectuais, lista. Dc parceria com Murilo Mendes publica um livro dc
para o que decerto contributo significativamente o faio de ,
poemas, Tempo c Eternidade, atrav és do qual proclamam
sua udesão âs doutrinas da Igreja <T \ Estia duplicidade
scr asmático, Jurgc dc Uma sc 3 fcrra, pelo menos at é 1930,
ao projeto dc dedicar se seria mente ò medicina, Dai seu nã o sc restringe ao plano da socinhilidade, transparece no
empenho cm publicar a Tese de doutoramento, a consfíluciíi conteúdo dit obras desse período e, sobretudo , manifesta se
atrav é s dos gê neros pelos quais reparte seus investimentos:
-
com que sc dedica te atividades de sua clínica em Macei ó,
c a frequência com que se refere à honrosa classificar ã o que escreve romances sociais à maneira d ç ç ens contempor âneos
obteve no concurso paru médico do Hospital Central do que vinham alcançando ê xito no género — O Anjo ( 1934 ).
.
Ex ército Procura, ao mesmo tempo, tirar punido de sua Caiunga ( 1935 ) — c , no mesmo Tempo, sc dedica à pro-
compet ê ncia diversificando seus interesses com a nhertura
dc uma indústria dc produtos farinaoSuticos. No correr
dos anos 20, ao que tudo indica, cor Tina suas ambições no
(75)
comecei
"Depuíi dua Peernai F.. H (tihidai que aparcccman em 1012
. .
' cntir -mc ãuâlhfvilu cuni IL minha puesin a ansiar por FIC
.
b
VBí M| .;çõI: Sí Pu çí a inclinar -mc, então, nio mats pefo gvnci i (V . *
campo da medicia a. 12 mesmo o fato de ter sido indicado
para integrar a chupa dc deputados estaduais era uma
paemfla qVC fazjj * . . .
piu AUtfti, dc fundo mlftico F CJimi nii' li -
-
nha cnrnpmmiinoi de escola, senti me mieira mente ã vontade paru em -
recompensa do governador pela assist ência m édica que -
preender a Jcscfadn renovação, | j hã vi ndii romprccrtdi-dki qilC 0 plfl- tlÇ
-
mftil clwadki p n isso seria uma pueaia, que kt rcitaurusie cm
*
L|uc i A mula iiJla Púctia, ;L niiLÍ s nltú wnade, O nouo dcsllu meirttí* .
A n - spcLio
de Jorge de Lim.i. tomutlar iiio nprnu a bio - .
c llvcmc nfiu ama tradiçjlo regional eu nJicionnt mai nim a mm hw*
a hlhiica. Afiflutcíeu que , em
grafia redigida por KU cunhado, Povina 1‘avaJcjint Í , mana c urrivcrsu- t dai ira- diçAes, que
.
Vf 4fi r Obrcr df
.
Jarpr dr Lima Itio dc Janeiro, h-diç AM COIFLíO da Minhíi , rnit *
p& larlrt c«m Muiilo MemJtH, nutei que ele estav» niiimíKln do mesmo
cLcscjo”, liecho de uma HltTiviltl que Jorge dc Lillia concedcn JL Ho*
também us memó naj! mesnio airluí . J^ fru à Inf ância , Kjo dc Ja -
neiro, José Olympio, 1972. ^ .
mero Sena. aptiit Povina {'avfttcaoti, ap , fflr , pp, I40fl 4]

62 Ó3
fienr sua desitíéncia de uma carreira polí tica pelas desi- aisfralivo na Faculdade Nacional de Direito da Universidade
lusões que lhe causaram o envolvimento com o movimento do Brasil c ditvtot do Centro de Pesques ^ da Casa Rui Bar -
.
integralista sua prisão, as perseguições polí ticas de que seu bosa: San Tiago Dantas toi catedr ático na Faculdade de Arqui -
tetura { 1932) , catedr á tico de Direito Civil c Comercial na
pai foi vitima, as razões determinanles parn ( auto se pren-
dem ao ostracismo polí tico a que foram condenados seus E- jsculdiidc de Ciências Económicas [ 193'í ) e catedrático de
protetores. Tendo çonduido o curso de Direito cm 1932. Direito Civil da I- acuidade Nacional de Direito { 1940) * todaj;
-
transfere se para v Rio de Janeiro onde arranja um lu nr
uo esçriíórip de advocacia tie Levr Carneiro, na mesma ^
da Universidade do Brasil. onde também ocupou o cargo de
diretor da Faculdade Nacional de Filmofls ( 1'441- 1944 ) . antes
época em que ingressa oo movimento integralista Nesse de iniciar sua carreira polí tica; Ulysscs Piranhas. Belmiro de
mesma ano, inscrcw-se para o doutorado na Faculdade Lima Valverde e Juvenil da Rocha Va^, todos formados em
do Cntete dando scqdcncia no projeto paterno de torná lo
professor universit á rio , "o grande objetivo n scr atingido
- medicina , cumpriram em seu campo pr ó prio de atua ção o ows-
mo tipo de arranjo profissional , ou seja, acoplaram posições
liu tempo" J " JJ , Depois de um perúidu comer professor docentes no enJUHí» superior aos cargos de cúpula que vieram
de Direito em escolas secundárias t écnicas vinculada ii a ocupar nas instituições do sistema médico soh tutela do
Prefeitura do Distrito Federal, e de ser alçado à posi ção
,
Fétido rí t.
dc promotor público adjunto da Justiça do Distrito Fe
deral, é nomeado pura substituir interina mente Foarislo
- As fontes disponí veis apontam o predomínio da média
burguesia intelectual , proveniente das profissões liberais , c de
de Morara na Faculdade Nacional de Direito da Universi
dade do Brasil ; era 1939, prestou concurso para livre-do
-- uma parcela menor de jovens oficiais dus for ças aunadas nos
órgã os de direção nacional e regional do inlegndisma. Com a
c ê ncia em Direito Penal com a tese Das Medidas de $egu*
criação da Câmara dos Quarenta e da Câ mara dos Quatro-
rança e, no ano seguinte, submete- se ao concurso para a centos, confirma-se a hegemonia da média burguesia intelectual
mesma c á te dm com tese 0 Vtiior do Perigo no Direito
urbana, havendo 57, U/f de dirigentes que sâO profissionais li-
Penal. Dai era diante, se incumbiu de diversos trabalhos berais feni especial, médicos e advogados ) , embora se possa
de consultoria jur í dica para órgãos do FscuEn c, no mesmo verificar a incorpora ção de elementos da burguesia comercial e
tempo, assumiu postos dc direção na á rea empresarial industrial ( 13.3 % ) cuja presença é maior do que a fra ção de
privada . "' oficiais (8.7 fí. ) . " Dois Lcr ços, portanto, dos dirigentes rnlt:-
gralistas. se recrutam no seio da burguesia e da tnédia bur-
Outros militantes "integralistas" seguiram uma trajetória
profissional semelhante à quela dc Demósthcncs Ma tf ur eira de guesia Resta á pequena burguesia n ão intelectual c á s cama -
das populares uma participação haslanle marginal ; 15, 2 do
Pinho: Ihieis Martins Moreira foi professor de Direito Adini- í otai dos dirigentes" Mas n ão basta caracterizá - los enquan-
to profissionais liberais pois quase a metade deles j á te en-
" "
^
ÍJf ã l " Para mim, apAs aqucln cpbódk) iln Jutugialismo, a mrntiA
profunda deecpvtu do movimento cem» . -
.
política (í JL dculmirt
uvn m< - eausiiram puunns i i-déias , icnli oK: lio Tolhido, CÍ>IT) .’ sc cuO-
contrava ubngada nos aparelhos de F.stado ao tempo em que
aderem ao movimento integra lista, ocupando cargo dc cúpula
*
. 1

idnIJSLSS4. pr -«ç puiqu4 cnííiva < m verdade presi » cm mim meurto, na


i

hqiilstçílc i' na dcMonfianpi riu meu piiipno crit ério ( . > [ Jc rjnnlqiiaj*
na administração e nas instituições culturais: Afcbunedra Me-
* (jqcifç iu pull ócn, aa vinit t dcit jnni dc idade, rtcstuc -' mória , professor catedr ático e diretor. desde 1931. da GHúII
mod,i, esiji NACIONAL de Belas- Artes da Universidade do Rio dc Janeiro:
een- ini.- u dcoijiu. icfundo *
pcnuiva, nlé alt. fadudu A viJ« publica
l- h -ia (TiSu me Vfiifl nunira. Intvur puf culpu nintl.i. por Oln rjie-mr hus- Hcnry Olhon Leonardos, professor catedr ático de f.icningia e
Lí - IU , p
” L
--
-
n ã o me i:rriru c isso CunsLil mu , para milíl, a grande IrUftfaçã u- d.i
.
' nflu L! . .L IJLOCí - lu UJIJL' ela VC «guáiliiir l>6 qualquer f inua ,
Paleontologia du Faculdade Nacional dc Filosofia da L ' niver - ,
'
-
vida { . j CLimti «efitír rne fruí tiado, ume um enitu profRiionil |n - .
(B 3) C«nsuttflr AfTiniu CúiUmbo forj }, Ura iil .- .
Bradteí roí dt
. -
diseullve] 1 Ojulk acfinr fniatia çâ i ' . umlc Knioi mcharofn preteMu- ilf
Ltivej ',' ( um ' í MiLiuliar CMC va /Jo mjirrií vida t ã o ChCÚL ? Nlu í ei bem
* . Hnii - , Rio dt Janeiro , Edilurial Sul AlHHiCdni S A . I Wi I , Vol. 11, pp
.
141 22 Í Í t 7 - H , 1ÍÍ0, £00.
. -
miiv a veidade aqm devo «r diui mu> e crua F cu ji dissu . Rcitm ne
-
a pLkkfih du < d » cunojrsos h me deiifLurem ú comjtnm", op dt p. 126 r
{ frtl H .
frlndade* op. cu . , pp. líí? 14U, 142.

67
sidade do Brasil e. u partir de 1 lJ 42, professor catedr á tico substi
tuto dc Geologia Economicn e Nti pcs de Metalurgia da
-
Escola
^
Nacional Jc Engeabirii da Universidade do HrustJ : Guilherme
Fontainha , professor catedrá tico e diretor , desde 1931 do Insti
tuto Nacional dc M úsica da Universidade do Rio de Janeiro;
. -
Belisario Penna, ministro da Educarão e Sa úde; Maníuoto Ber -
nardi . diretor da Casa da Moeda. entre outro» .
Assim , è bastante provável que in úmeros elementos da CAPITULO 11
liderança iEitegrafista ienham passado a manejar sua filiaçã o
ao movimento em termos dc uma paitln de identidade servindo A EXFANSAO DO MERCADO DO LIVRO E A
á Mistenta çã o dc interesses do ífiie seriam ent ão incipientes ané is
burocráticos em formaçã o f"' 1 , GÉ NESE DE UM GRUPO DE ROMANCISTAS
PROFISSIONAIS
Nos anos 30. aos rapazes de minha geração o dilema

.
-
fascismo comunismo esniagava qualquer capacidade dc ra - Hm fins dl ) Império c ao longu da primeira d écada repu -
ciocí nio, a n ão ser dos que, herdeiros de uroa situa çã o .
blicana , uma parcela considerável dai obras dc escritores bra -
dilu ída peln tempo, sonhavam manhosa mente em prosse -- stlciro* era impressa na f rança c cm Portugal . N âo obstante.
guir naquele jogo vazio e falto que #c apelidava dc iibersl
democracia I . 1 Creio que nenhum prisã o lerá sido ruais -
i crescente relev â ncia do mercado sul americano motivou a
instala çã o dc filiais de editoras francesas no Brasil e na Argen -
.
jLi &tifianift que íI minha Est á vamos cm plena ditadura c
cu conspirei com um punhado de idealistas < . ) N ão era
,

tina , como por exemplo as Jlvrtlia* Garai í ct no Rio dc Janeiro.


GarrauJí e J- lildebrand cm 5á o Paulo Segundo Brito Broca os

, ,

tima conspira çã o puramente inicj r á bula, havia de tudo


principais editores da d í cada 1900- 19 ) 0. no Rio, eram os Lacm-
L ) desempenhei um pnpeL muito secund á rio, condizen
te com a minha idade e a minha posiçã o” <**\
- aierts. o Garnier. Francisco Alves o Jacinto e o Quaresma Na
, ,

prov í ncia , o movimento editorial continua a «u muito pequeno .

Ao inv és de ter sido mero acidente de percurso tal «mo Em São Paulo, ainda existe a* Livraria Teixeira, que no século
os pr ó prios agentes o minimiza Pt a pcisteriori, o envolvimento XIX lançou dois ‘besl -scllers ; Poesias de Btlac e A Ccirnef de
com o iptejrftlismc expressou a rea ção dc jovens bachar éis que J úlio Ribeiro" < l>.
se sentiram acuados com a Jcrroia paulista e o consequente Laonmert, Briguiet e Francisco Alves »5o imigrantes que,
avanço do poder central, Em stiu condiçã o de postulantes ã tendo sc familiarizado com o comércio livreiro onde começaram
cooptação pelo listado. ao se verem amea çados pela concorr ê n
cia que lhes moviam ns detentores de novas espécies dc eorn-
- a trabalhar como balconistas, conseguem instalar pe no ramo
por conta pr ó pria , lendo chegado no Brasil com dczessetc
-
pctcncis para o irabalho pol ítico c cultural, revidaram a exclu - anos cm seguida íi Proclamação da Repú blica , Ferdinnnd Bri --
são e á desvabritaçfio momentâ neas de que eram objeto cm
punhando a 1. palavras de ordem que congregavam muitos daque -
- -
guiet empregou se como lavador de garrafas, indo depois tra
balhar nu loja do Sr Lachatld que trouxera da França uma
les que se sentiam lesado* pela derrocada do antigo regime e, exposi çã o dc material escolar ; dali se transferiu para a Livraria
sobreindo, pelos rumos que ia tomando a composiçã o dos Gamier onde se empregou como caixeiro, Graças a um em-
centros efetivo* dc poder. -
pr éstimo de da contos de réis, torna se propriet á rio da casa
do vdho Laehaud que acabara dc requerer fpléucia , montando <

ent ã o stia primeira livraria . Em 1893, inicia suas atividades en -


.anç
j .ap'Jl-relhoHctrimr
(K
i n
) ótc ^e
é HM
sanh - pu ldonai»
.i . í
^
liip rto <111111111 atplluki fnicr um bx -
Jc imcgml í FUi* C caldfictiç no interior
quanto editor, publicando o Tratado de Z?irejft> Peiud de Vnn
tios
* * do EM d «o * ú lorao da » dicad .u de 1C c 4 h .
Ml Brilu lí n >çj» , A vida literária no íf raril f «W, Rin :1c Jueiro,
(Sfi ) Dtmdsthcnes M dc Pmhur op. cit ., pp. U 2 / I 15. MFC Serviço dc Documenta çã o, 1956, p. Hl

68 Ó9
Uist c 0 Foge de fVAnnunzjo, Apõí seu rulecimento em 1934, posaram a iraduzir pum o mercado interno as obms que antes
a livraria passa àíf m ã os de um Sobrinho que , doif anos ma is . eles mesmos importavam.
tarde, procede à fusá o das duas tradicionais editoras erm o
nome de Livraria Briguiet-Garnier, E id ê ntico o casn rto galego "Nossa primeira casa de mudas instalou- se nu Aveni -
Francisco Alves, "um portuguê s ignorante, que vendia livros, da Quinze dc Novembro, perto da rua Paulo Barbosa
como poderia vender carne seca ou barras c que deixou n sua ,
Tínhamos Somente artigos finos importados, pois a inci -
fortuna i Academia Brasileira” <*i Com exceção da Livraria piente indú sí ria nacional mal chegava pura a produ çã o de
riscados, zefires, chitas, morins c algodOezinhos de qualida -
Quaresma precursora das ediçóes populares c pioneira da liic - resi-
-
,

ralura infantil, os grandes 'bcsl sellers do rufein do século tive


1

- de Inferior c preço rel& tivamente caro < > Nossa


amos fazendo
ram o selo da Gornicr — editor de Machado de Assis e de déneia era em cima da Soja ( . ] Come ç
Conaú de Graça Aranha —.
da Laéfrtmcn & Cia. que arris
cou com Ê xito retumbante na publicação dc Os Strtôts de Fucli
— -
-
bons negócios com os veranislas <
tínhamos era exchifií vo , escolhido
) Quase tudo quanto
pessoa hn eme por meu pai
des du Cunha ( 1902) —
c da Francisco Alves que editou — rai suas frequentes viagens ú Europa ou recebido direta -
. mente de íirmns estrangeiras, das quais tinham represen-
A Esfinge de Afr &rio Peixoto ^ '

Fortgrttk
tação. A elite percebeu logo a originalidade c nitn quali
dade da nossa mercadoria e f« da nossa Jojft seu ponto
-
um editor imigrante dos anos 36
diá rio de reuniã o, sobreiudc quando a primeira dnnia da
A exempip de acus nntflceswrts do início do século, muitos Repú blica passou a vir quase todas as manh ã s. á s vetes
dentre os novos empres á rios do selor etliLorial çr:ini imigrantes apenas para uma COnveriínha com Miitr. Poiigetti, peta
que estavam de alguma maneira enfronhados com os negócios BLIIB 1 demonstrava grande simpatia Como TUNIAS outras st>
de importação; alguns deles começaram investindo no comercio nhoras socialmente importantes { ) Vendí amos também
de livros estrangeiros, outros w lançaram LL montagem dc ofi - perfumes e produtos de beleza , Roget ct Gdlet, Houbi *
cinas gr á ficas para imprimir :is revistas mundanas c dc vulga
rização que ent ão sc multiplicavam . Inúmeros oomcrcianics
- . .
gaot, Piver, COty Gucrtain, Lubin dominavam o mercado.
Estava ainda longe de surgir o costureiro perfunústi para
especializados na importa ção de livros resolvera ampliar suas as mulheres de dasse, fora de s érie, identificáveis pda tinha
atividades no ramo com a abertura de um departamento edi - do vestido c pelo aroma , Certa vez Ruger ct Gallct tentou
torial; Pongctí i, Veechl, Pelracconc , Garavini , Bcrtaso, ZagaH tair da modéstia dc suas embalagens e lançou Souvenir de
etc. m, foram sensí veis As mudan ç as que entSo Sc operavam c ia Çmir, nutna caixa com a Lampa eiti relevo imitando
cer âmica. Era luxuosa, mas nlin seduziu as nossas fregue-
Albuquerque, Homrm e . sias sofisticadas fiéis aos aromas e AR npresemaçõss sóbrias
(I) Mcdtirot
. c
xittlnrí, Rio dc J t íutm, Renuccaça l7dimr;i, )ÍJ4i p I ) í Tompo
Çumai da í tuJernij ÍJra-

houve neoií cidriíle tm qtlç disíi aníiKkn , um purtligUÉS c ULIt í O bra-


dc Guerlain, o eterno ( ) A loja de meu pai ficava no
centro da mesma avenida e n ào tinha o espaç o nem o esto -
í

lôí
ilcirLi, linham
- ' Hvlm
mcm .
( lui
í pcqucnU
vclfios*, . ni sc; yurtd:i. mi
dt eesino, hfhilandn vnlrc O Ctim
.írcf í
livrariis
'
Vens) iam- v; Ticki principal -
1 píXKKUpad^ s Cisrn qu^K -
.
n c ti maií islé rici pcnsimirn
que da anterior. Obscrvava se uma mudanç a no gosio do
-
público; as fá bricas de mó veis começavam a combater o
CTU * fundir Ai d« liVra-rii^ l. ru
;iH dç fí S ficariji t-Tind O ImporlaUlL'
1
mobiliário Importado, as cai nonas de ferro francesas, os
estabelecimento r o «iitu iria fazer vidu do «i»inn |^ ) quando ai ^ grupos austríacos dc madeira vergada nu os ingleses de
apiir '
^ eram mui
di; um ( ii> f *-
írios, n purtiifuSi, Alws, Ini chamadu JMUL i lofa
h Maib laid-e, Alvts volleu ao cumí reio, por conM prú - Couro ( J Com o desenvolvimento r ápido dos negócio
*
priu , e «in»tmi n ed í iar livrií t pcdú c óiiicm . 11
mudamos para outra loja muito maior, no Centro da Avt
.
W EHI í IU lí mea op rit .. cap XIV, Editores c Ueit -Scllcn ”t p - nida Quinze de Novembro, bem pr ósinus da nossa loja ^
141 c ftig
*.
( 41 Mu rim JtA(ari c -rn pmpnctànn dij d Papelaria fiM*
de mó veis. Abria a loja às sele da manhã; fazia a limpeza
de tudo, at é da calç ada ; passava pano com áli n,>t DC i
,

Dlo; r fUnmonir rund^u cm |S 3i a AlbcM EdHort vulia-da pitu A vidros das viirinas; renovava os mostruários das porias
-
1934 a Minha, tivrani Editora .
cdic£o dc ob.ni' dc Irlcraluru tdásúca ; Ndle ( jurovim adquiriu cm '

dando caprichosos paneja mentos aos tecidos: c botava o

70 7/
troai do Uin na caixa regi oradora AS oilu da manhã
artigos " finou’ em empres á rios de bens culturaisrT . NAo bastava
1
|

minha mãe descia poro começarmos a dura luta m> balc ã u


c no íitelier dt chapins ( . ) As lojas abriam is sele da vender produtos acabados, " cachcpois monumentais, biscuits de-
licad í ssimos. quadraItiaços acad êmicos dt Paris *' era preciso
manhã e Fechavam ás dez DH noite, quando chegava o
úttimo tremi do Rio ( ) No ver fio passávamos parte do
conhecer a tecnologia , dispor das habilidades e do?. segredos
domingo marcando o novo estoque, coisa exaustiva porque do (rflcin de decorador e de outros especialistas na confcoçio
tínhamos Inmbém armarinho e era incont ável o numero de repostt írps de brocado ou veludo, de brw -baes de renda
de unidades cujo preço tínhamos de calcular e de escrever vaporosa, c de encomendas similares. A per í cia e o acabamento
no reparo de "mó veis embutidos de madrepérola c debruados
-
nas etiquetas. Nossa loja Ficava semí Vsíí a dias e dht;
de bronze” ou os cuidados exigidos na dou ra ção de toda sorte
s ó as poucas Famílias da elite residente noa davam a honra
.
de sua presença c de vim estima Éramos considerados um dc utensí lios, constituíam requisitos t ã o Importantes para o exilo
nesse ramo como o conhecimento dos materiais nobres , dos
feudo inexpugná vel do capitalismo veranista t ) Tmha - estilos, dos figurinos e outras revistas de divulgai, fio. dos fome*
mos a solidariedade dos outros negociantes de artigos
firrns ( ) Ol á , Eppinghaus ! Ol á , Baldncr! Olá. FdCth cedores, das 'drefis' e ‘bocas que os contalns com OT grande?
1

nít ; . . " CCtUrM metropolitanos lhes asseguravam.


" Tinha minhu Ireguestis preferidas para & s quais es-
O caso dos irmã os Pungetti revela a disposições sociais condia, quando chegavam, as novidades que iriam eneun -
*
necessá rias àqueles agentes que nos anos .V ) , no inicio do puo [ á- las. Minha mãe fingia nlo perceber essa parcialidade
cesso de "substituiçã o de importações" no setor editorial , se um pouco anlicomcrcial , mas rolerava - a certamente em ho-
lançarem como empresá rios nesse ramo do mercado de bens menagem . L bí tetra t alta posição social das minhas eleitas
culturais, A essa altura, se havia constitu í do nos principais ) Retirava do esconderijo o imprimi de crepe da China
f
centros urbanos do pais, mcomente no duo Riu-Sãu Paulo, uma .
categoria de importadores cujo êxito comercial dependia de seu
ou de tafetá c mostrava - o ( > Sim usava minha lista
branca e minha lista negra . Mas como ítnhamos criatura*,
faro e de sua capacidade de pressentir c satisfazer a demanda bonitas e agradá veis na nossa fidel í ssima clientela! As
por artigos de luxo 11 ’ . Firam imigrantes dotados de qualifica -
ções profissionais paru ns requintes do trabalho artesa uai e de
,
VidaI fiíhEi dos Bar ões de Sanlii Margarida , irm ã s do
*
famoso craque do Muminense e meu companheiro de co-
padrões dc ‘gosto’ que haviam adquirido em seus países de légio. eram, como diria o colunista Figueiredo Pimentel,
origem , Estavam, portanto, habilitados u contribuir para o tra-
balho de reprodução do estilo de vida da classe dirigente local,
“um
haucfuct de Flores humanas ". Os olhos a / uis de Lulu
HonokJ ( ) Lima das irm ã s Fllgudras. a do tiarizmho
ou seja, cm condições de atender ta demandas dessa clientela arrebitado ( ) As Sá Pereira eram louras e esguias uma,

nas á reas do mobiliá rio c da decoraçã o. do vestuário, dos arti - tinha nome dc grega, h' uca ris ( | As Nolasco, as Quif -
gos dt toucador , etc , lim, as Vibr, as Costa Moita , as Bento Coelho, as Pmm *
Diversas circunstância que favoreceram o envolvimento
*
dc importadores Com a atividade - I7j “Em primeira lutar, puf SWt pr ópria mUurcTúi a
industrial cm São Paulo, lam
bem contribuí ram para a reconversã o de v á rios comerciantes de
requeria ccriu núnelo de operaçúci realiradan in fdw L . . r Unia »c -
flunáa cxplloaçío da tiandç4u da impo-nação p ra a mvinfiLuia miw
*
tia pcuíçftu eilrtlt | kit DL» importador IJJL «ilrntun do cnmiSitio. O
,
tmpotfaqgr c mais ninguém, possuiB Untos fu rpq.Uisibn do industiíal
Httíttue Poo etH, 0 ÇitrrcgpJcf Jr Ltmbrtrt çoi tmtmónas } -
bem uHtdidf) ! iicrsin to crédito, ranJwçitiu ntn cio tittfcxdo c canais
'
( i
^
Rio de í aneim, Editora Pcngettí , 1971. pp. 73 , 74, 78, 79. flQ, IfM. * para distribuiçã o do produto acabado f
pniiçã o do importador era «
) Mas havia outro aspceln
mitate flww industrial pn-
(6) Vw WflfrtJl Dcail, A taduatriaí ilBÇi ú àt .V ão Paulo , S. Paulo, '
• li-
que a
*
tencial Um icm- número dc vezes us importadores converteram_ roas
*.
rartiRàn Europeia do livro, 197J, primeira parte, Origens económicas agínciv dc vendas em ftbricsi autariíada ' W litan , np CIJ . pp.
v Mlfliab do eOJpfcrariadp (. ] 8 00914 }, caplUilu II. A matriz cctmSrriici:
a importa çã o, j?p 25 /40 , * 2(>' 28.
( 8 } H . Popselti, vp. cff ., p. IIU.

72 7.í
ç» , as Graça Aranha , as Alberto Faria, Fliane Gomes, as amplo espectro de atividades economicamente rem á veis. Dc
Leitão da Cunha , as Maya Monteiro < ) “ <*>. fato. a experiência enquanto modistas, decoradores, chapeleiros,
hoteleiros, em suma como difusores c inrermediá rios do estilo
Aforn os contratos de representa çã o que esses importadores de vida importado da Europa , constituiu uma iniciando pr á tica
firmavam cnm fabricantes c distribuidores europeus, u posiçã o
estratégica de importador dc bens de luxo lhes facultava um
na produto de bens simbólicos que substitui a primeira edu -
ca ção na ciasse dominante, ou ent ão, a aquisiçã o dc capital
conhecimento intimo das caracicrfstkas de sua clientela de pri
vilegiados N ã o c de estranhar, portanto, que esse trâ nsito culre
.

as fam ílias dirigentes lhes permitisse identificar os ramos do


- cultural atrav és do sistema de ensino. A familiariza çã o " prá ti
ca** com o gosto burgues que se realiza através de encomendas,
-
da escolha dos modelos, dus cores, etc, , ê uma dus condições
comé rcio c dos servi ços de lucro onde a expansã o da demanda para o ê xito econó mico de uma empresa familiar num campo
encorajou os importadores a diversificar seus investimentos , em que os irmãos Pongetli n ã o dispunham de qualquer outra
i

italianos seguiram o mesmo itinerá rio, foram


" Muitos vantagem e onde n ã o podiam mobilizar nenhum capital de
estabelecendo posições nas montanhas salubres antes da relações sociais. Sendo origin á rios de uma fam í lia especializada
conquista da metr ó pole saneada ( ) Mas meu pai, ainda na presta çã o dc serviç os na á rea do ‘gosto** e do lazer , os irmã os
desconfiado, tratou de comprar para nós administrarmos, Pongetti dispunham das aptid ões profissionais necessá rias para
um hotel de veraneio e dc turismo no Alto da Boa Vista , sc aproveitarem das oportunidades lucrativas de emprego da
entre florestas e Cascatas ( ) na hora da decisã o final
fraquejaram como duas crian ças à porta de um quarto
compet ê ncia refinada que haviam adquirido em seus empreendi
mentos anteriores. N ão é de estranhar , pois, que acabassem
-
escuro: permaneceram na serra dirigindo uni outro hotel, se tornando co- propriet à rios dc uma gr á fica que logo passou
o Modcrn, comprado do Fioretii já velho f . ) Repentina - a operar como editora aut ónoma.
mente virá vamos hoteleiros, depois de uma longa experi ê n
cia na feira de ostentações de uma casa de mudas c na
-
Ai caracterlsíicas do rboom’ no mercado do livro
feiro dc intimidades de uma casa de mó veis, No* sair íamos
bem desse negócio complexo e delicado como o ler de lidar Monteiro Lobato foi o maior beststller dc 1937, com
com pessoas < ) ? Meu pai permaneceu uma semana
conosco pura nos dar instruções e organizar a criadagem
1.200,000 exemplares de livros e traduções sob sua responsabili
dade, ou seja, mais de metade dos 2.300.000 exemplares impressos
-
( ) t í nhamos poucos hóspedes , mas o restaurante era pela Companhia Editora Nacional c sua sucursal, a Editora
procuradissimo pelos turistas e passageiros de navios com Civiliza ção Brasileira < u \ Tal cifra constitui pralicamente um
tempo suficiente pam a cl á ssica ‘volta da Tijuca '. Nossa
adega gabava -se de um sortimento dc vinhos das melhores ( I I ) Qctalk Marcondes Ferreira « iniciou nu nnw editorial como
marcas c safras ( ) Gostava de tudo, do novo campo sócio de Monteiro * Lobato; cm 1925, fundou Companhia Editora
de observa ção do comportamento humano, das paisagens,
*
Nacional , adquirindo a maquinaria do ent ão falido autor de Uruprs-
Fm IS 31, estende »uas atividades , t capital federal com a empresa Ci -
do clima ameno no inverno e no ver ão, das fam í lias emi
nentes que aos primeiros calores ocupavam seus palacetes
- vilização Brasileira , Sociedade An ó nima , que , no inicio dos anos 40.
passa a dermminar- w Edito » Civiliza çã o Brasileira S A , Atém dck\
c bungatows na pracinha pr óxima e no caminho do Lam - outros membros da fam í lia comiam da diret ó ria ou *c incluem entre
pião , das Furnas e da Gá vea Pequena " < lu ) . os principais acionistas da filia ] carioca . Uados extra í das de alas
dc Asscmbltiss da empresa , datadas respcptivamcitLe de 20 de março
O sucesso alcançado no ramo hoteleiro comprova a exten
são do campo dc aplica çã o do ‘gosto* burgu ês que pode ser
- c 30 dc maio de 1 *141 , Di ário Oficia! da Uni ã o , 25 de março ç 30
de maio do mesmo ano, Mais tarde , na década dc Í 0, a direçá t*
cdiloria ! da Civiliza ção Brasileira passou Ai mSej dc seu genro, f:rm >
usado como uma espécie de capital facilmente conversí vel num Silvei », que come çara a trabalhar no departamento editorial da Com
pnnhia Editora. Nacional , depois dc concluir a Escola 1 ivre dc So
ciologia e apé> \ um per í odo de estudos nos Estados Llnidot. Consul -
-
(9) M.. ihiii.. p 103. tar escor ço biográ fico in Afrlnio Cout í nbo, íf rasil . , op. cit , . vol .
( 10 ) td . ibtd .t pp 153 , 4 , 156 / 7 II . p, 494

74 75
terço dii produção toí a! brasileira nesse ano. Outros autores obras de Disney , l .ec Fxlk, as novelas açucaradas de M . Delly ,
contribuíram p &ra O sucesso comercia] das principais editoras Hsrtha Ruek , as biografias edificantes dc Maurois. Erílil Lud -
( Humberto de Campeis [Editora Jthsé OlympioJ . Machado de wig, Paul Ir í sdiaiK- t . as cstârU de detetive dc E. WalJacc,
Aasis [Editora Jackscn ) , Afrlnin Peixoto [ F-ditora (juanaba- *
Horlcí, Rnhmer , os manuais de viver que difundiam ns senhas
rn | , Joaquim Nahuco [ Civilização HrfLsikira ] , Aluisio Azevedo
e Graijfl Aranha [ Editora liriguiet - Garnici ] , Agripino Griccn
norte- americanas cm todos os domínios do estilo dc vida, con -
[ Cia . [irasi ] Editora } ) , nu seja . algumas das figun de maio?
ceniraram boa parecia do.s, investimentos edilorijis rumna con -
^ juntura partictilirmcntc favor á vel A subsii unçã o de inupori ações
prestigio intelectual da geração de IH70 ao lado dos polí grafo» no mercado hnemo de bens simbólicos e, em especial, no cam -
anatofiani?» em evidência na República Velha I m po editorial, Em meio is novas Condições resultante * da crise
Contudo, esses escritores nu dormis com ê xito comercial de 1929 t, mai* adiante, cm virtude da impossibilidade dc con -
garantido n ã n eram a ú nica fonte importante de Ittcro para os tinuar importando livros portugueses e franceses com o inicio
da Segunda Guerra Mundial, afrouxam - se os k ç os da depen -
editores ao longo d TIS décadas de 30 t 40 A lista dc autores . dê ncia cultural A nova ctMTelaçáo de for ç as no plano interna-
estrangeiros que ostentam os recordes dc vendas em ] Ú37 í li|
inclui figuras consagradas cm companhia de expoentes nos cional ensejou mudanças dc peso nas condições de dependência
chamados gênero» ‘menores' segundo os padriks então domi- dos pa í ses perif éricos que n ão se limitaram A troca da sede
nuiiles de tegilimidtuk no Campo liter ário, Esse consorcio hegemónica , os Estados Unidos cm lugar da Europa . A im-
encontra sua rttz3o de ser lanlo nas demandas que fazenf as piirtii Çilu dc bens culturais .lubiisHu mus Cú#E feições distintas
novas categorias dc leitores e que i>cm sempre se pautam pelos do que ocorria na República Velha . Doravante, ao inv és dc
princ í pios de legitimidade vigentes, como nas mudanç as dos Venderem as edições originais de obras estrangeiras os editores
,

crit é rios que passam a informar as decisõ es dos editores quanto adquirem os direitos dc tradução das obras , vale dizer a pro-
ás obras serem importado e traduzidas pelos editores duçã o destinada :LO mercado interno acaba suplantando a pro
dução estrangeira diretamente importada .
-
Os livros de aventuras, os romances policiais, os idí lios
de amor imprová vel no estilo ‘flor de laranjeiras', TIS biografias Conforme se depreende do quadro abaixo a quantidade de
romanceados, eram os gê neros dc maior vendagem ; as obras novo e reedições nacionais foi sempre maior do que n
t í tulos
do criador de Tor / nn, os romances épico-históricos de Alexan - dc traduções* apesar da mudança que se observa nessa relação
dre Dumas e Rafael Sabatmi. ns folhetins dc Charlie Chnn , as sobretudo a partir dc 1 (>42 nas circunst ância» da guerra : para
cada 2,3 livros dc autores estrangeiros eram lan çados em né dia

. fJ 2 ) P d CMO iipiCHt
J0 ú>riim impí tsiiE
d« AfrArmi PdnHn Ar |nn > Jiu anoi
. -
-
6.* 7." u í, (di ções de Mcdictnu Legal . a
4. * , S ' C 6 .' «tUç fc dc Plkto PóloJafta For fine , j 4 \ J.’, b . ‘ c T ‘
^ 7,5 livros de autores nndonais. Embora se possa registrar um
aumento na participaçã o dos autores brasileiros no merendo
* -
edi ções dc Afoçcki dc Higiene a 5. " ç fi . ediçAcs dc Elementos de Hi -
,
do livro, n úo se pode afirmar que Icnha havido uma autono-
tirne. a prime ir edi çã u dJi História da Literatura Qtrál C d ftufdr íú mização no plano cultural seja em relação à Europa seja cm
* ítlra. J 1 . ’ c 2 .' odípÒcl dc Manha Aí cn^, tudas
tiii Literatura Bratt * relaçã o aos l otados Unido», uma vez que a produçã o nacional
cum u scJa da Livraria Alves, c muih H primeira viliçã o* dc suas obras nesse per í odo era insuficiente para cobrir a demanda relativa
( . .
cnfjiplctui pela JKIULOD cm 25 vnlumci, (cm fulxc du mtnxnecs e uhmt
vm todu,s M gér cros publicados por ouLr &a uditií fiis* DnJos eXlraidns
dc Línnldiu Rlb.- iris yifrdriíí J . vp . crt . 4l
aos principais géneros em ascensão, como por exemplo os
manuais de viver, os policiais, os livrem t écnicos, etc .. ou ent ão,

Will D
de Humberto dc - . . -
( l ãi Ertlrc uulnss, fl. Kicc Burmil|th , M Dtily, Edgar Wallace,
rn, Maufoii, Sicfxn ZWCíB, H G Wdb , Gí dc , Durwin, « Km
.
c 10 .= l.fn< d N è&O, dcfimdcií coim» nutufrs
'
era bastante incipiente no caso dos romances femininos. Tais
mudanças cm relação no mercado internacional acabaram pu
votando transformações importantes no plano interno, desmen -
*
de vcnctagiflii ccrtn qitt teriam quebrado a iradi çã if das pc £ uena ^ edi - tindo hipóteses correntes acerca do imobilismo que permearia
ÇÚei de nmiBJiccH, corsfuttnc depoimento de um rc pemsã veL pvln Josi
^
^
as relações Jc dependência no âmbito cultural . Assim . BO inv é s
* -
Olvmpio, in “O Ruc s lc no B ra tíl”, inquêllto punado pelo í rruãnií
tirduileirn da Literatura . Ki O (tc Jtncíro, lí TTllbis Port(çlli 193 B, p 401
j

dc subsistir ;L importaçã o do produto acabado conto ocorria na


- |

e trgs Repú blica Velha com os livros estrangeiros, os novos gêneros

76 77
QUADRO II - A PROPOR ÇÃO UE AUTORES NACJ0NA1S E DE .
p úblico, í sobretudo, empenho du* principais editoras em verti-
AUTORES ESTRANGEIROS NA PRODUÇÃO DE LIVROS [ ]iJ9- ] 943 ) cal iiar o processo produtivo e diversificar suas atividade . As
tarefas de composição c impressão se autprMXniaam das ativi- *
dades a cargo das diversas sec ções dc que compõem o de -
: 2 * a partanienio editorial Fistc . por sua ve / . passa a abrigar setores
2 £5 ; especializados de revisã o, traduçã o, ilustração, motivando a
l.
'
í contratação dc espeda Listas corno por exemplo, consultores t
leitores , patinadores, capistas c, tambdm prupí ciando n forma -
8 is
IS
.
i çã o de uni ptí qtleno grupo de escritores profissionais, L > S ro-
< u c
mancistas.

I 9J9 <>76 316 í 3 '>: MI <xi Í 2| 161.1 A titi meffttão do í ivro


fW Í W ) (20% )
I 94fl 940 3Í9 l 2 <w 2»< i 37v I 67H
A repartição da produ ção fem número de t íl tifos publica-
177% ) ( 13% 1 dus ) segundo o porte das editoras era o seguinte + 141 : os pe-
976 n\ nu? J,10 ti 9 4 9 1756
Ç %) *
(26% > IM ) Oi dad-ui relativos ., produção de Ifvr ún TVMJ liado de

1942 774 iHIfi


*
IBM m HK 15 2
um kvtnliuwntu junto JI > Anuà rip Brítjilrira ite Literatura IIDH anus
í 69% )
ÍM i
í3 l % * 1939-4943, As. dirtftn ç as enirc os totlci apsjraítos pelo Airu àrin lira-

Í H6 ? 417 J 4 fl0 ÍU
'
IO ) 622
* 21K
nlrirv de U renal u /w e aqoclcv constantes du Quadro 111 . st devetn á
ot-eluiâo dus perfídia» e de alguns poucos Htutos qili: nã a M cnquii
Iravam cm i| uãivqucr das rubricai- Como prpicodl obier a diatribuíçio
(7I>% ) *
das ubnis por cdí torn « rtflo aperus pm (ffnero tal como consto dn
Tntai* 47» I 7.lt Mfifl 1747 íi>!t 22 S2 B7I4 muno estftl í tliaJ çnm que Si in-cem O mttilbClrtD bibliíTRr íificLi da
| 74 ;í )
' i 26 % i . * -
fonte aqui utlliieadâ os titulo do n gintrn bibliofrtfico anual foram
Cumputíado» c elnssif í-cados abunda usse criliriús Preliminar menti: .
contudo, introdLwi iJfuma« rnodfficaç Ac * * no síitefrui do clutí fliiu!
' )
'
pnr jjÚJIcrtl tk sqUc sí valia o Anuirio, sepa pela tos ã o dc gênero -
-.
,

* FONTE: “ Anylrip RrasileiM de I iicraiunL " (19434944) n v 7 8 , '


Rio do que untei apareciam isolados frumsnecv , novelas , lendas , contos, rt . ç -

Janeiro, Li VI a ria f.d Í LOtã Z()lu Valverde, 1 L 44 p. 476 .


r ficçflo), OU UO ContíArin, isnlítndo ftí ncrus que llhles tiftttvam Jlgriipn lio
jdireito e ci ência sotiai.s. p<ir uvcmplo)
*
-
tic origem nori ç- airieiricana toruam- st: objeto dc adapínção pnr . .
O Vfòvfmrrtto Bi ftltagnifiro , principal * L- ça i do AHUíLT í O, ofí iotv
,K seguintes inílicai íio paru c. idii obra mUradri autor , titoto da ohra ,
pjiri ç do» autorts bntildrnfc ntilTierti' de volumes, de pAginas, eulefio, 1ldmen) c sir íi' sbt edi -
O surto editoriii í dos btius 30 £ murcado pdo csiabdsd- çã o, preç o, lamanJur , formato, mfs e ano do «.paieCrmenLo, irustrn-
mcrito dc Inúmeras editoras, por fusões e outros pfocesí Os dc *.
Crte cie Lincmplo : PraJ^ Itinior ( Caio ) Formaçlo Jo Bnsil Con -
lcmjKtrjnet.1. ColArtis t ( 7 f24 ) Ití ^ p . I r - jpa. Si, hr Cr : 40,00 { O -lll
1

incorporação que ocorrem rto mercado editorial e. sobretudo, Ftri H pEifiir desse Lipu Je reaisiihi que us qiiadros t , ifHmi confliruidiss,
pttr tiui conjunto significativo de irimsior tiia çõcs que acabaram obedcCetulo i discriminaçã o por « ênero, por cdit.om, lo niiUlBO teni|ii'
afetando a prtipria definição do trab ;ilbo intelectual: aquisição em t| UC SC qoliginm LnfunTCLções ílfeiva do «snlinjfCTitc rle Jintures nacio-
de rolafivas para intpfcsiãu, diversificação dos invostinicrltw nais e rstianjtcilos, e it respeito do * tradutores, iirugem, colcçílei, ete
Os quadros, fnrart ] montados p-ir - L cadjL ano , cfetuandr:-7ie cm seguida
e programas oditoriíiis, recrutamento de especialistas pnr a os o cílmpoti: pevr s . porlodct Embora csiivçMçrn diiponUdi
diferentes encargos dc prt*dtição c acabamento, inovações mti’ informr,ç(Kí 'i referentes aos ano.s de 1916 c 19.17 , decidi nlii> indul - loh
ndoldgiuas r ^í estratégias de vendas - implantação do servi ç o nO cftmputo glsjbal ern virtude diiv J.vcumo obAervadas . Nesses ano , a
su ç9 o cm pauta se rutrin|ia a um hnlan ç o accrca dus nuvidades dç - *
de reembolso poslal, contratação dc representantes c viajantes,
etc. — . mudanças na feição grá fica dos livros com o miento
.
senvolvid is peta *, principais editeras que dclu se serviam para divulgar
seus. futuros, lanç amento * e ttcdiçdet rr ã tnva - Ht, a rigor , dr uma te .
rlc ajustar o acahaiticiilo das edições ã s diferentes camadas do loção de timlfv: de apelo nsmcreial, que poT veí C * se fazia acompanhar
,

7H 79
OUADKO IJI A PRODUVAO DF LIVROS SEGUNDO O G Ê NERO QUADRO IV - A PROQL (, ÂO DAS 6 MAIORES EDITORAS SEGUNDO
E AS EDITORAS [
IVJg » - IW } O G ÊNERO (i 8 « - mn
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^ -
jelli c Livraria Editora Zelio Valverde, ] 539, IWi), 19J | . —
gclii c 1 tvrariu Editora Zdio Vajvcrde, 1939, 1ÍH0, 1941, IWS / IWí.
qutnos ccíipíctndini ç iilo* gr á ficos. as edições nvulsus de tipo - CUJO programa de lançamentos usei In entre 151 e 250 obras ,
grafias , mais edições patrocinadas pelos próprios autores C
ai
aquelas sem indica ção de editor, detim 24'£ do mercado; u.i
cobrem 13 do mercado; as seis maiores editoras independerr
^
tes concentram 36?( tfc» lançamentos, sendo qtic apenas us
-
tdiloras mcnctrcx cujn programa de lan ç am í tilos varia entre 21 tr ês primeiras detfm a parcela de 25 % do mercado, que se
c 60 lilu!oiJ ' Cobrem apenas 5 % do meneado ; os nove ent
|L

prcendi íiienltvs editoriais de porte médio ( Alba , Panamericana ,


- distribuem entre os 14 da Companhia Editora Nacional /Ci
^
viliza ção Brasileira; ns W< da Editora Globo c os 5 % da
-
Jacinto. Antunes, Guanabara, Coelho Branco, Briguiet , Gel ú lio Editora Josó Otvmpio. Por fim, as edições financiadas por enii
Jades religiosas , as publica ções de iniciativa oficia ) e aquelas
-
Costa, Martins ) 0*1 cujo programa de lançamentos oscila entre
61 e t íO titulas, l éiTi 3 \ % do mercado; ;JS K í J edimra .s de patrocinadas por ó rg ã o* titi grande imprensa, correspondem
grande porte (Sxraiv .
* Empresa Editam Brasileira, Vecchi ,
I rciiiis Basios, Zélio Valverde e Edições/ PubLiençõea Brasil ) ' : . i
llr do mercado. Esta segmenia çiio deriva, cm parte, das
^
in ú meras intdítfvas rtcst ó á rea que sflo rclativamente infensas
uos vereditos do mercado, seja no caso daquelas obras finun -
pur um fa- e - Himib eis enpi i de informações sucintas a re *puitt' d- Li
' ' eiadas pelos pr ó prii 's autores seja no easo das edições que dis
põem de algum lipo de cobertura institucional. HL: qualquer
-
CtinikfiLlo C nflevSnei í (IA ' ibr.i . 1 \ sr C úiivcguinlL - , O niurcn divimiHo cm
n prnpniL editora e 13 . v -1 o consfnlm numa .icq íi Ê iitia L - - ILHIJH que, la
L
modo, ao longo dos anos rrmta, ainda nBio se pode falar eiti
que indo leva a crer . cr» m jqipiíidu sob a forma dc an ú ncio* pi|u* diferencia çã o funcional entre inst â ncias de produçã o, difusã o e
pclt cd í iora iijtereatâ di . Exempla de um lançamento uraoerlMico dn
Kfto cm j íJÈ ” A Vida ( omoça BB! Qiuircnlu
'

dc Wallti B . PilUn . legitimação.


!:' 1 i Ih ro, qnc no », rvfcnccc uma nava c imiv íl flIoiD-fia Ltc vitln , eiUjflU
' 1

vcrligma .io sudstui laf Estados Unidos, onde as cíti çínfi M euceclvr .Mii
Os percentuais do Quadra lll que correspondem à s inicia
tivas cditOfinii dispondo tic algum tipo dc Chancela oficial nã n
-
QUfLnlii 10 txjtn :IL;1JI . Lah çado , b.-ist » (li / ur que rui mesmo mm, («n
esfj. Leu dc pulaCos meses, (í zeram - se dua > edi ções d ,l traduç u brtjikf - d ào cont íi da presença efclivj do Estado, das instituições reli-
IlT", J íJ AnUtirú-t Brt ^
í lilriro cif Litfrcilutcir Rm de Janeiro , Innios Pon - giosas e dos grandes órgã os de imprensa , no mercado do livro,
listtl Eds , IVJ 7 , " M ó vintento Biblfofrà ficQ de fvW . W ÍW / 30Í. So- hilvez HC possa aLrrhutr esse resultado a luu viés da fonte aqui
mente a pnrtJr dc n ftf í strc rios lanfameniin P ^SHOI A iihndece í
^
L duiiflcraçXo pi » r (tineron, uiulndi! A ris» e utiiformemcniL CíR < *
1 utilizada que ió dispunha de informa ções mais completas e
'
pmdr ã cs de du í umenlaçAn bibliogr á fica confi á veis em rela çã o ás editoras particularesf . ' l endo em | t|

V í M.I seu car á ter dc instrumento de propaganda c difusã o co -


( 15 ?
-
Inducm K nenses grupos Lilguns cddnres que alendem lim
p ú blico cativo : b cdltoia Athcna , espcdaliTada na difusí ni dos "ctâssi - rnercinl a servi ço das editoras particulares, é bastante prová vel
cor ” tm lilcra í ura E filosLifia , n edit úfbl Cslvins , que .SL- dEdieLuvn ii que uma parcela consider á vel das publicações financiadas pelo
publiettvã o Je obfiL! fLiliTicns de cequcrda c dos cl á 5sie < j»" do mar
L
- Êsirtdo, pelos grandes órgã os dc imprensa, por outras institui-
xivmo ; A Jidsod cuja f õ rmula Obtn.i ç am rtax privilegia wn* BOUCO*
^
AUtorei brasile í lTH rif ficção qsjc aliam o rcCLinhefimonlu dl erslita á
bmtinuidadc dn incsiiaio joni,.' aos kiiorei ; a Papelaria Coelho qut
ções externas ao campo inleLeclual como por exemplo as ent í -
ià publicava pruticrimenli obras de leutru. beto dn ? iu > outros eJilotci
Ç iies popul ã re- 5 de u- bras JL- fievã o c.ilran. fieirili , CED gc í iil kb escnrores
eipêditiiidH e 111 obras mcdiciii c juridicas (Cidlura modema, livraria
1

Scienrlfie- a , clc. l . Iumbí m faícni parU desse grupo algum lõ ntiros


1
d* ampla ftcciia çJSn junto ao p ú blicu leitor , como nos casos Ja l : m
presa Editora Bniailcim c da Ed í inra Veccbi
-
L- ujiis arividudes editoriais- iam a reboqu ç dc seu » iideiesacs enquanto
loipetudoiw dc livros eiinngtim ( IKl O Anmlrifi firaicifeirct df LitffUluru fof fundido pclov If írrAit .
Eongelti V depois postpu i mã os da Livraria Editora elio Valverde.
-
( ] fii Este grupo comporia uLgumas edibirtví de fiinda çã o tecente .
como por exemplo a Martin* cujis iiMdidci cdiiuri u* comoçam cm -
^
A ti 111 do Movimento íf Í N i o*f r u { icc ,. Conliuhn hjLlnnç os crilicus. 3 r - speilts
dos lan çamcjrltH amnis ttoi diversou ginefus, uma resenba (JA s- utu b-
.
í dáft , an lado dc eddums tradicicinai* çomo por exemplo a Briaidid - (eriria Internacional, um pHnDrarnA da v í d
dtmlor, a Antunes, cuia preii-r ípi ao nmo sr dev* mnist * intclcchial n -oi ExtiLdit
AS sua* ini -
Liativis piopr Í Aifl í nt -e fditiiriaLS cumi' tiis liLgOí tOl (|Uí maaliin cn
mjitú iias c EtUrevtftit com editoras, uma iisUi Je andereça
tuais e acritoi» do Rio de Janeiro c dos ESLAJO;.. pequenos
mlelei:
* decontos ^-
e
quanto “experts’ nu (jnportti çio de livros ftanccses t ptmuBueseS .
( 17 ) An editoras deste gtupu dev ç ni suas posi ções fcj;s 1 con -
novela*, poefdas, ân ú ncjoi ile lan çnmcnlos, feedi õe», riova .s colc çãc*
^
ã rtigus sabre a vida litartria , reseJibis, etc. O veiculo cenlraliíava in -
.

cenitiçtto dc fecti í skjt em bms espcctalizã Jfts í < i CBV í da FtviUs
flaitm, da .Saraiva e , em menor uicdida , dns Edições e Publica çúcS
lirasiE. cm rda çiu áí obras jur í dims — seja aos iunçarneniua dí ed í -
-
fomu ções 1 rcsjviti} doí edil ores psLri í eu í JTe ^ que CMEU CU princi- psis
Hileres jicJov rLs’ > se Imbã lho dc dis- ulgsiqiin c pngicariWnle Ui ú nlceis Aniin
Clllttes
-
Ji 2 8S
cindes religiosas e pelas editoras sediadas cm Estados reltt
tiva mente marginais ao eixo dominante ( Rio SDo Paulo ) do -
- riores a 5,000 exemplares ( bem como aquelas com tiragens va
riando entre 2.000 e 5 ,000 exemplares ) aumentou sensivelmente
-
mercado de bens culturais, não tenha sido contabilizada, ou em rela çã o ;t 1929 . Nesse ano, o n ú mero de obras com tiragens
ent ã o, lentiu sido subestimada. Não obstante, as indica ções restritas ( menos de 500 exemplares) cobria 54 # do conjunto das
dispon í veis sugerem a medida relativamente ampla cm que su - I obras editadas, ao passo que as obras com tiragens superiores a
cedia a ingerência de inst â ncias pol í ticas que devem parle de
seu poder c influê ncia à presença enquanto empresá rios no
,
5.000 exemplares representavam apenas 21 # do conjunto de livros
publicados Il > . Em 1937, as editoras de porte médio oscilam
â mbito ela produ çã o cultural. Por outro lado, a exist ê ncia de entre 50.000 e 100,000 exemplares anuais: a Athena Editora
uma quantidade consider á vel de pcqnçmw produtores operando alcan çou uma tiragem de cerca de 70.000 volumes, a Cia. Brasil
com base cm encomendas que lhes luzem certas instituições ou Editora atingiu o escore de 6S.000 volumes, ao passo que uma
atendendo as demandas de uni p ú blico diminuto que não com
porta tiragens em escala comercial , ou ent ã o , de autores que
- pequena editora , o Casa Manda ri no, alcan çou no mesmo ano
uma tiragem global de 30.000 exemplares. A Livraria Hriguict -
arcam eles mesmos com as despesas de impressã o e difusã o Gamicr, situada no grupo das grandes, chegou aos 60.000 exem -
de suas obras, constituem indicadores seguros dos obstáculos plares sem contar a edição de livros escolares . Por sua vez, a
que ainda dificultavam a comercializaçã o do livro e a diferen
cia ção do mercado em quest ã o.
- Livraria iranciseo Alves, especializada cm livros did á ticos, atin-
giu o montante dc 1 ,500.000 exemplares , superando a nwcú
de toda a produçã o paulista em 1929, enquanto que os Irm ã os
As desigualdades regionais e o mercado editorial Pongetti, cujo departamento editorial só começou a funcionar
em 1935, alcan çou nesse mesmo ano a tiragem de 400,000 exem -
As instâ ncias dc produçã o dc bens culturais tendem a sc
-
concentrar fortemente na regi ã o centro sul : em 1937, os Esta -
plares <**> .
Houve, portanto, uma extensã o significativa dos circuitos
dos de Minas Gerais, Sã o Paulo c a ent ã o capital do pms ( Rio
dc Janeiro ) detêm 59 # das gr á ficas, sendo que o Estado de
de comercializa çã o do livro no correr dos anos 30 c , cm con -
sequ ê ncia . uma diminuição do n ú mero de obrus financiadas
-
São Paulo dispõe sozinho dc 32# . Podc se observar uma ten
dência semelhante no setor editorial, sendo que tr ês Estados
- pelos pr ó prios autores ou por institui ções dotadas dc redes
pr óprias de distribuição ( o Estado, a Igreja, os grandes órgã os
(Sã o Paulo, Rio de Janeiro c Rio Grande do Sul ) re ú nem 61 #
das editoras. Seis cm cada d « livros editados no pa ís em 1929 r
de imprensa, etc ) ,.
provinham da capital federal, dois de Sã o Pauln e um do Rio A hierarquia dos gêneros e ííí transformações do público
Grande do Sul. No tocante ás tiragens, o Distrito Kederal , os
Estados dc Sã o Paulo e do Rio Grande do Sul. det ê m 94# Dentre todos os gê neros editados de 1938 a t 943, a litera-
do total de exemplares . O conjunto das editoras publicava aprtv tura de ficçã o ocupa o primeiro posto em virtude dos elevados
ximadamente 4.500.000 exemplares cm 1929, quantidade que í ndices de venda que alcançam os chamados gêneros 'menores',
menos de dez ano# depois ( 1937) corresponde apenas à produ -- -
isto c, os romances das coleções 'menina moça*, os policiais e
--
ção das 3 maiores editoras í lU * . Tal crescimento se fez acom ns livros dc aventuras, aos quais se pode acrescentar as biogra
panhar por modifica ções importantes na repartição das obras fias romanceadas, gê nero que det é m a sétima posição no ** ran
segundo a tiragem : a quantidade de obras com tiragens supc - Ling", c ma is uma parcela das obras infantis ' L Quando sc
(21 ) Dados extra ídas dc Eitatiitica fntelecluaJ do Brasil , 1930,
(19 ) Adernai», n» caso da» cdiçfc* financiadas por entidade» re - . .
p 41 ,
ligioso», por exemplo, somente foram computadas aquelas obra» «obre (22) Ver Anuário Brasileiro de Literatura, lirnSos Pongetli Edi-
| .
lado os titulo» publicados por um aelo editorial aparentcmciHr leigo c
-
L- ] | L filiaçã o confessional nio restava a menor divida , deixando ac de torei, Rio de Janeiro, 193#, pp . 40 ] c segs .
( 23 t “ HA duas camadas : a dos que nó l ícm romances pciliciai » c
lt respeito do qual nrln y,- dispunha de uulhj» crité rios dc qualifica çã o.
.
a dos que Icem tudo, inclusive os romances policiais A influê ncia cm -
( 20 j Ver A »u ário E» íarJ »frco àa Brasil , Ano V, J 939 /1 W0, IBGE / brulcccdora da nmctu policial nu nossa udolwú ncijb . lindn nln rei
Conselho Nacional dc Estatística , pp. LI 24 /1.126. dcvidnmcnfc encarada petas nossas autoridades e pelos anuas profes-

84 S5
considera o conjunto dos g é neros literá rios ( ensaios, crlticn , Os outros romances publicados nesse mesmo ano eram. em
hist ória liter á ria , poesia , teatro, etc. > , a produ çã o nessa á rea sua maioria , obras de clássicos europeus, antigos e moder-
cfcega a cobrir 38% dos t ítulos . .
nos ( Ccrvantcs, Grwthe, SlenJhal , Ciauticr Flaubert, Dic -
Um lerço dos romances
——
52 t ítulos dentre 156 Mulos
publicados em 1942. sendo 62 # de tradu ções c 58% de
obras de autores nacionais foi veiculado pelas diversas
coleções endereçadas ao publico feminino ( Biblioteca das
.
kens, Tolstoi, Dnstoievsk í Vollairc. Thomss Mann, Gidc,
-
etc ) , de romancistas norte americanos cm vias de consa
gra çã o ( Stcinbeck , Sinclair Lewis, Hcmingvay. etc, ) , ou
-
ent ão, best scilers (Stcfan Zwdg, Somcrsel Maughan , Mar
-
-
A / opr/.í , da Companhia Editora Nacional, Menina e Moça ,
garct K.ennedy, ctc. ) dentre os quais in ú meros livros de
tla José Olympio, Biblioteca das Senhorinhas , da Empresa autores com finito assegurado desde a Rep ú blica Velha
( Perez Fscrich , Anatolc France, Dumas, ctc . ). lais obras
Editora Ura si leira . Romance para Moças, da Anchictn ) Í JH |.
eram publicadas cm coleções que se firmavam às custas
de uma dosagem equilibrada de autores consagrados com
wres ) Ehi £ ncfajú.11 parque loma u lagar das « bras vvrdadeira - escritores de grande público. Quanto aos romances de
.
romte cuiutrutiva* daquela » que rralrrwnte concorri m para a formaçã o
autores nacionais, a maior parte dos t í tulos sc enquadrava
do espí rito, A novela políciil a l rasa a nossa cultura ( , . ) O público,
a massa , prefere a literatura de ficção, quL- distrai sem fazer pensar ( 1 nos moldes do romance social, os autores ‘" relegados" pela
Dtz. um do » nossos roais eminemes cr í ticos , que este interesse vem da critica ( Fran Martins, Cecilio Carneiro, ctc. ) junto à s figu-
rua em vias de consagra çã o ( Graciliann Ramos , f .ucio C ar -
' necessidade
dc sonho, a premência dL distrair a rnert í c na oscila ção ’
igual cia vida quuliJiana. n procura daquilo que eles não vivem, aquilo
.
que esift al í m dos liroiies dria SUA » exisLí rieias puclflois e metadiiadita ' , " .
doso, Cyro dos Anjos ctc, ) . ( Havia ainda alguns t í tulos ,
SÍÚ ( fechos (ias declara ções prestadas por Galeã o Cominho , romancista cinco ou seis, publicados em l í ngua estrangeira )
c proprietá rio das Ed íçfle * Cultura Brasileira (Sln Paulo ) e por um
dos dirigentes da Companhia Editora Nadoml ( Sã o Paulo ), ao inqué - Sem d ú vida , a extensã o do contingente de leitores exerceu
rito "O que sc 14 no Brasil ", Ami ório ttraiilnro tf í Literatura , Rio de influê ncia sobre os gêneros que acabaram se firmando de uni
Janeiro, Irmãos Pongelti Editores, 1938 , p 4U 7 , ponto de vista estritamente comercial, O primeiro posto da
As lnm ú rta » dos editores em face do "mau gosto" que revelam as literatura .dc ficção e. nessa categoria , a predominâ ncia dos
prefer ências doH leitores pelos gê neros “ vulgares" juntam -se as rciv í n -
dicaçtVçs quanto no suprimento de papel Nu ê poeii . o governo buscava romances dc amor* de hist órias policiais e de livros de aventu -
proteger a produção interna embora ainda fosse quase total a tiepen - -
ra*, deve sc cm ampla medida á expansã o da parcela do p ú blico
d êneia em relação á mal iria - prima Importada . A grande maioria dos. de leitores recrutada nas novas camadas médias que redundou
editores entrevistado! i unllmme cm apontar a falia de qualidade do no aumento da demanda por obras dc mero entretenimento.
papel produzido nu pais : "( , ) sc ressente de uma calandragem in -
certa . desigual na metragem , no peso : e escuro; absolulapieme bete - Éwe novo pú blico se constituiu por força das mudan ças ocor -
rogtheo c relativamcnte caro , em visia das franquias de que goza com ridas na hierarquia de ocupa ções do setor terciá rio dos prin -
n proteção oficial ", op . cfi „ p 405 . Efilrttttnto, te c idêntico o diag - cipais cenlros urbanos, atormente em virtude do aumento dos
n óstico que capressam , as soluções propostos obcdcccm a interesses dis
tintos . Enquanto diversos editopjs insistem quanto à necesiidadc de
- postos t écnicos e dc gestã o nos setores p ú blico e privado c da
sc proceder A nacionalização da ind ústria do papel , louvando a crcs - expansã o consider á vel do n ú mero dc portadores de diplomas
ccnle ingerência do governo nn setor , muro*, em especial aqueles cugi superiores na á rea das profissões liberais. Desta maneira , o
parcela decisiva dc lucro eonlinun dependente dos negócios de irm volume significativo dus obras de ficçã o, dos manuais de viver ,
*
pcTta çã o. f . -m çani m ã os dos mesmos argumentos para justificar A fu,
cesaidade da concorrê ncia estrangeira, “ canto um incentivo para a de livros de conselhos para o “lar", para "vencer na vida " ,
nossa ind ústria", op dt „ pp 401 , 408 . para “ emagrecer ” , de livros infantis , elo., comprova a exist ên -
(24 ) O prolongamento da escolaridade feminina , a feminizãçfio de cia de um pú blico dc leitores cujas preferências e escolhas em
inúmeras carreiras c ocupações na divisã o do trabalho pedag ógico, en - matéria dc leitura são relaiivamcntc independentes dos juízos
tre outrai raz ões , devem ter contribu í do para a ampliação do pú blico externados petos detentores da autoridade intelectual.
a que sc endereçava a literatura de ficçã o. Consultar o trabalho clis-
iien de Inn Watt , The rixr of lhe novel fi í adrer ia Defoe . Richardsan As transforma ções do panorama editorial se devem , ue
and F ítfdirtg ), Londres, Penguin, lW ú , K í brcrudn o eaplruln Inicial , outro lado, às mudan ças por que passava o sistema dc ensino*
intitulado “ The í cading publie and lhe riw of lhe novel ", pp 36 ,061 . A abertura das, primeiras faculdades de educa çã o, de filosofia *

Sb S7
ciências e letras, a criar ã o de novos turcos superiores , a reforma nho entre os volumes de poesia c os romances, a publica çã o de
dos curr ículos com a introdu ção de novas d ísdpJinfts, os im
pulsos que recebeu o ensino técnico c profissional ii jUe, decerto
- obras de medicina c direito assegura a sobreviv ê ncia dc edito-
moldaram o ritmo e as feições que assumiu o surto*editorial S \ , ras de porte médio, nltamcnte especializadas
A farta produ çã o de obras pedag ógicas acompanhou dc perto
os lances do cnfrentamenlo entre as diversas correntes de edu
|I

-
As três maiores editoras
— .
pela ordem Companhia Edi
tora Nacionat/Civilízaçá o Brasileira, Editora Globo c Livraria
José Olympio Editora — constituem os principais investidores
-
cadores profissionais que buscavam firmar suas posi ções diante
das reformas empreendidas pelo Estado. na publicaçã o de obras de ficção, nacionais e estrangeiras, em
bora cada uma delas aplique seus recursos segundo estrat égias
-
A á rea dc '‘humanidades", incluindo as rubricas direito, distintas. A Companhia Editora Nacional concentra seus inves -
.
filosofia, ciências sociais, história, polí tica, psicologia cdu ~ timentos na produ çã o dos gê neros de maior rentabilidade no
-
cação, ííiíi/ emiiífotí e estat í stica e belas artes, representa
apenas 14% dos t í tulos; as obras constantes das rubricas
mercado ( a SHbcr, ficçã o e did á ticos ) , enquanto a editora
Globo, n ão podendo contar com um pú blico especializado de
ciências f ísicas c naturais, medicina, livros técnicos , cor
respondem a 8 % dos t í tulos; as obras religiosas c militares
- leitores fieis, se empenha cm repartir seus investimentos entre
diversos gê neros ( a saber , livros infantis, manuais de viver,
representam 7 % , cabendo outros 7 % aos manuais de viver. livros did á ticos, etc.) coiti taxas de lucro bastante desiguais,
buscando assim compensar sua relativa dist â ncia geogr á fica
-
Observa se tambem um aumento significativo das lirflpens dos principais centros iniemos de produ çã o cuIlurai . Õ terceiro
-
nos gêneros eruditos cujo consumo prende se diretamente u
. -
posto da editora José Olytnpio se deve, de um lado, aos inves
expansã o das instituições de ensino superior nas á reas das timentos seguros no gê nero mais rent á vel ( romances ) c de
.
ciê ncias sociais c da educação Ao invés de serem traduções outro, à sua proximidade das instituições que detinham o poder
dos cl ássicos ou dc monografias conhecidas, os lilulos em ciê n
cias sociais sá o. via de regra , ensaios, depoimentos c relatos
- intelectual ( Academia Brasileira dc Letras ) e o poder poli -
tico: in úmeros escritores pertencentes íi “casa " ocupavam postos
jornalísticos que marcaram o debate pol í tico o respeito dos
dc relevo nos conselhos, institutos e ouTrns inst â ncias decisórias
contornos que deveria assumir a nova organização do Estado
do governo central fwt, As posições das editoras Melhoramen -
em face da experiência que os regimes autorit á rios europeus
estavam enfrentando; cm direito, a maioria das obras, suscita
- . -
tos F’randsco Alves c Freitas Bastos, resultaram de sua espe
cializa çã o, respcctivamentc, nas á reas do livro infantil , das
-
das pela interven çã o crescente do Estado na á rea das "quest ões
sociais", lidava com as reformas institucionais em curso cnvol - obras did á ticas c das obras jur ídicas. Ali ás , como já foi obser
vado. o direito c a medicina constituem domí nios reservados
-
vendo os instrumentos de controle da classe oper á ria , a pre - is editoras especializadas, como por exemplo a Coelho Branco .
vidência social, a justiça do trabalho, etc.
.
Edições Publicações Brasil Saraiva, Jacinto c Guanabara.
Os editores cuja posi çflo no mercado de livros dependia
Perfil de investimentos dos editores nos diferentes gêneros da venda de obras de ficçã o sã o aqueles que acolhem os maio*
A poesia , a crí tica c n hist ória literá rias, sá o os g ê neros
mais publicados pelas pequenas editoras ou pelos pr óprios ( 26 ) O plutucl diL Jovô Olynipiu abrange Unta « grupo dc iate*
autores, ao passo que os livros did á ticos e as obras de ficção tclcctuais orgâ nicos do regime , rccím -coi ) pisid £ js pelo govclno central
sã o os g ê neros que propiciam os maiores í ndices dc lucrativi
- (Azevedo Amurai , Alceu Amarroto lima, Ponte» de Miranda Oliveira
. .
Viana , Octavfo Tarquinio dc Souza ) como a » figura» de maior prestigio
dade e que por isso mesmo favorecem , ao menos indíretamcnle, lilcrArio da leva dc romanciMas (Gracitiano Ramos, Jnsí Lins do
a concentra ção dc recursos no campo editorial , A meio cairi í - Riga, Rachel dc Qudrcra, Oclavio dc Faria , Cyro do» Anjo», LÚdrf
Í ard ítsa , Joã o Aiphon.sus ), *em e*queccr toda uma categoria de escrv

( 25 ) A respeito da.» mudan ça ocorridas no sistema de ensino que


torc* que obtinham a chancela da casa pelo fato do pertencerem aos
* o perfil aná is burocrá ticos cm opera çã o junto aos aparelhos do Estado. NSt>
repercutiram mai » diretamente sobre do mercado do livro, con
sultar as obra* |á citadas dc Jorge Nagglc, Leonor Maria Tanuri, Fer -- custa lembrar que o» discurso» e escrito* de Get ú líâ Varga», *ob o
Iludo A Sova Palhicá do Bnuit , foram publicados por esvt mesma
nando dc Azevedo, entre outros.
editora.
88 8V
,
res contingentes de autores estrangeiros f I ) ; por sua vez os edito-. servar as posi ções de que desfrutam exigem a manutençã o dc
res que: se arriscam sobretudo cm gê neros que atendem is deman - uma reserva de mercado para as obras que produzem , e a co -
das do sistema de ensino (obras did á ticas e jurídicas ) , d ã o prefe
r ncia ás obras de autores nacionais |f - ' . Assim como a sus-
ê
- mercializa ção da autoridade intelectual de que se revestem os
ju ízos que externam .
tem 0 'tlo comercial dos primeiros repousa basicamente nos ve
^
reditos que se fazem sentir diretamente ao n í vel do mercado,
- Os cronistas da "Casa Assassinada''
ns editoras especializndas se véem instadas a negociar n aceita - “ Eu era ainda muito novo para compreender que a
çã o das obras que publicam junto ás diversas categorias do
corpo docente e aos demais especialistas que passam a operar fazenda lhe pertencia Notava diferenças entre os indiv í -
como intermedi á rios na difusão das obras destinadas ao traba - duos que se sentavam nas redes c os que sc acocoravam no
alpendre. 0 gibã o dc meu pai t í hho diversos enfeites: no
lho pedagógico. Deste Angulo, a produ çã o e o consumo dessas
ttbrax destinadas aos diversos segmentos do p ú blico escolar são dtr Amaro havia numerosos buracos e remendos ( ) Os
reguladas, em medrda significativa, pelos crit érios de legitimi - caboclos se cslazavum. suavam, prendiam arame farpado
dade invocados por grupos dc agentes cujos interesses em pre - -
nas estacas. Meu pai vig íava os, exigia que se mexessem
desta ou daquela forma , c nunca eslava satisfeito, repro
vava tudo, com insultos e desconchavos ( } Meu pai era
-
-
( 27} Vale i pena chamar atençã o P LNL U modelo de legitimidade
cultural que norteia u programa de publicações dai principais editoras
terrivelmente poderoso, c essencialmente poderoso, N ã o
me ocorria que o poder estivesse fora ddc, dc repente o
do per í odo em quest í o lendo que Mii ófnzer n * demandus objetivas
.

dn público da época e , ao mesmo 1 cmpu. Veicular ft produ ção crescente


— -
abandonasse, deixando o fraco s normal , um gibão roto
da* nova* categoria » dc produiorca pensadores pol í ticos , soci ólogos,
antropó logo » , historiadores, í olcloruta » , educadores — que estavam a
sobre a camisa curta ( ) Hoje acho naturais as viol ên
cias que o cegavam , Sc estivesse em baixo, livre de ambi -
-
frente do processo de diferencia ção do campo intelectual , a » grande»
editoras reparicm sem lançamentos entre do í » tipo» de cotc çto: ,*» co - ções, ou em cima. na prosperidade, eu e o moleque José
leções destinadas exclusiva mente a difundir os diversos gêneros Ficcio - ter í amos vivido em sossego Mas no meio. receando cair,
.

nais, dtsdc II iridu çõct dn* tlAiiieos at é a* obras dc literatura. policial , avançando u custo, perseguido pelo ver ã o, arruinado pela
c as cokçúc * de estudos* brasileiros , sendo que essa reparti çã o depen - epizootia , indeciso, obediente ao chefe pol í tico, à justiça
dia da diversificaçã o a que chegavam os investimento* dos cdilnret
e , sobretudo, da autnndadc Intelectual c do poder dc consagraçã o de c ao fisco, precisava desabafar ( ) Temia vantagens,
-
que dispunham . Enquanto a José Otympio dispõe da coleçã o Do-
ntmnUin Hrasilrlros ao lado das coleções FORUI Cru:, <U! M Menina e
.
Maça O fifmfjíirr /«rii Voc ê , a Companhia Editora Nacional desen
.
volve a coleçã o íf ras íliana junto com a* coleções Foraiodos , Tcrrwnnftar
-.
\ f[íEr Biblioieca das Afofas, e a M a r t i n * a ffiblioltea Hist ó rica Brasi -
tal c coragem
- —
desconfiava dos lucros r á pidos e f á ceis, que exigiam capi

nara se precavido
c após o desastre na fazenda (
em excesso
mas a sua ambi çã o voava curto (
. Rcolmcntc era
) lor
ambicioso
) Tomava todas as
-
,

tfira ao lado da Coleçã o Esielsíot . precau ções, estudava o fregu ês pelo direito e pdo avesso,
( 28) Em 1942, por exemplo, a Francisco Alvo, primeiro posto cm duplicava o preço da mercadoria , e K a fatura se elevava
Livros did á ticos, editou aproximndanicnic apenas uma tradu çã o para um pouco, suava numa ang ústia verdadeira. Findos os no -
cada dez livros dc autores nacionais , a Melhora mentos editou duas venta dias de prazo esfolava o devedor com juro de dois
,

tradu ções pam cada doze tivros dc autores nacionais, proporçã o que se por cento ao mês . { ) continuava nn faina de subir ,
--
deve confrontar aos Í ndices das editora » dc pendentes dc obra » dc fic
çã o Nesse mjeamo ano, o volume de traduções editadas pela Cia Edi nivelar -se aos parentes enraizados na lavoura ." (Graciltann
torx Nacional igualou o de obras dc autor nacional: a Globo lan çou Ramos, Inf ância, Rio dc Janeiro , José Olympio, 3 , ' ed.,
44 tradu ções e apenas 24 obras de autor nacional. Em 1943, a Freitas 1953, pp. 28, 153, 165).
I) listo* publicou apenas uma tradu ção, a Saraiva apenas duas, vnquan
to a Martins e a Pungctti st encontravam nu mesma situa çã o da Cia ,
Edltnru Nacional , o mesmo ocorrendo em menor medida cum a José ( 29) Subt í tulo inspirado no romance dc L ú cio Cardoso, Crónico
Olvmpio ( 4J traduções c 38 nacionais) c a Globo ( 41 tradu ções c 27
nacionais ), at é chegar ao extremo da Editom Vcechi, uma dau mais
da Caso Assassinada , cujo tema central é o retaln das taras e perver
sões a que ise v è condenada uma antiga famitia dirigente cujos hcnki -
-
dependente » da vendagem dc obra* dc fic çã o , que imprimia tio so
mente um livro de autor nacional para cada lote de onze traduções
- to* pc rderam quaisquer esperan ças de recuperar o antigo prestigio f*
mlliar.
>

90 91
r>e maneira gemi, nem os escritura tí a gera ção dc í l}70 de romances "introopectivos" ou os cri ticos de
"psicológicos’1 ,
( CXCttO alguil» LJLISí.TS Como Joxé de Alencar c Hcrnanio t ruim a *
direita ou de tend ê ncias espiritualistas rotulavam as obtas dos
rAes , cujos romances alcan çaram expressivo Ê xito comercial )
qnc rorncccu os modelos de excelê ncia nos diferentes gê neros
militantes de esquerda de romances políticos cm ientido pejo
rativo, ou seja , como obras dc propaganda e proselitismo ,
-
liter á rios (inclusive Machado dc Assis, no caso do romance ) ,
nem os analolianos que eram sobretudo polígrafos profissio
nais , nem mesmo LVí modernistas, consideravam o romance como
- As çaracteríslicas guciiàs JQí mmcincistus
uni gê nero dip.no de nmplos investi mentos. Os casos exetpcio - Acasn se tstabekça um ha lan ço a respeito da condi çã o
na is dc Machado dc Assis cr Limo Barreto, romancista* negros
que tiveram acesso à disse dominante em condições extrema --
soeinl que nractcriza alguns dos personagens chaves dos ro
mance» da década dc trinta, pixkr - se -á verificar que muitos
- -
mente singulares , se devem muito ma ís a razões dc ordem so dele » condensam , no espa ço ficcional, a miibig ú idade da Iro -
ciol ógica do que ao» padrões de legitimidade ent ã o vigentes no jei ória de seus tutores e realizam negativa mente a e.spcLi é nciu
campo liter á rio . Embora o alvo pretendo dos ataques moder
nistas fosse o tipo de poesia praticado petos parnasianos , do
-- dc vida desses autores. Tanto Rclmiro Borba, o bacharel Car
io» Melo, como fofto Valfcrio e Lu ís da Silva , realizam as di
--
cadentista* e outros c í rculos simholistas , os escritores moder - -
versas polcncfalidades objetivas cia » quais se sis próprios autores
- conseguiram se livrarPertencendo quase . empre a fam ília »-.
nistas de S&o Paulo c Minas nunca conseguiram se desvenci
lhar inlciramente das normas intcJcctuais vigentes nos
segundo íIS quais a poesia era tida como o gê nero social c
anos 20 de propriet á rios rurais que se arruinaram , os romancista e seus
her óis rtno té m outra possibilidade saáo a de sobreviverem às
-
ititdecí tialnieule mais rent á vel costas de empregos no serviço pú blico, na itnprensa, c demais
N ã o è dc estranhar , portanto, que a "carreira" de roman - of ído* que se "prestam is divaga ções do espirito". Dessa po -
si çã o em falso entre dois mundos, os iiei ú ts desses romances
cista tenha se configurado plenamenle nos anos 3tl num mo-
mento em que o desenvolvimento do mercado do livro se -
extraem n ma f é ria prima de que »c nutrem sons veleidades li -
ter irias, quase sempre exteriorizadas seja aob a forma de di á -
alicer çava na literatura de ficçã o, ent ã o o gê nero dc maior
aceita çã o e de coiuerciaMia çao mui '; segura. Os escritores que rios mantidos cm segredo, seja sob a forma, dc esc rir o» encc -
ent ão investiram nesse g ê nero desde o começo de suas car
reiras eram, etn sua maioria, letrados da prov í ncia que estavam
- mendadob- por jornais e pol í ticos venais-. No limite , se viram
expropriados inclusive de sun identidade social ; Luís da Silva
era filho dc Camilo Pereira da Silva e neto de Trajano Pereira
afastados dos centros da vida intelectual e liter á ria , autodidtetas
fundamente marcados pelus novas forma » narrativas c CRI voga dç Aquino Cavalcante e Silva , corno se o encolhimento dos SL> -
brenomes evidenciasse o descenso do portador na hierarquia
no mercado in ter nacional c que nto dispunham dos recursos e
meio» t écnicos a essa altura necessá rios aos que tivessem preten - social . Esses ‘romances de antiqu á rio', segundo a expressã o
cunhada por Má rio de Andrade para dar conta das obras de
sões dc sobressair na pr á tica dos g ê neros dc maior prest ígio da
Comé tio Pena, relatam a trajet ó ria de grupos sociais que mol -
é poca ( poesia ç critica liter á ria ) ,
daram a visã o dc inundo dos cronistas da "casa assassinada" .
Num pcriiKlo dc intensa Concorr ê ncia ideológica c intelec
tual entre diversas organizações polí ticas ( ÈntcgiaLismo, Igreja ,
- [3 ! l Hchiil 1,1 Bmbi. |íVIJI !-. nn ftitKiuairiu público, ê 0 perauiM -
loi ças de esquerda ) , o romance converteu -se em m óvel impor
tante d LI luta em torno da imposiçã o de urna interpreta çã o do
- acm
(
( vnffil do mm.uiCe du Cyfo doí Anjwb. O A rruirtUfn\r Hflmiru
19 Í 7 ). que busca emnpcmir a mesmice dc SLLH « í tuo çia profiuiaul -e
U |IM:II D CurtVtvip OOltl U luitii nelirÓlJCU atrav é s dc uni duriLi uftdf
munda simiai a um pú blico emergente ; os grupos de esquerda
classificavam n$ obras doi romancistas iderilificados com it Igreja
-
Tegisrfa suas. veleidadei literá rias : IjucfiarL l Ojdus de Melu , Jiervonn -
(p. fU do munoc d í Juvê Lins du Kijjo , Hntixut - ( 19 Í4), í o neld < fc
-
um .SL nfiL í l de engenho decadente que . cm mi- iu a uma í» njtUltí r a
1

adverti , nlo consegui: preservar a » icrru da familiar Joio Vatérin i


ÍÍ O ) A maioria doí c -scritu í es modcrniila.s- prndibriu jwresia a. L.1 o guarda - livro* <V Cá r-f éí ttS 3 P , Je Cruibno RJIFIML, també m A » vol -
II .vriscj don anos 20, c o* p íiucns quií tentaram O fiimajlde aé SL- liinfu - tas «tm sua » piclemfkO de tilcnlo, lituaçio (cmolhamc jnuela vivida
ram nesse g ê nero multa -maifc in ídc aprovciianLt . i- iie du clima fav , ifavct pelo fdUcionarí o Intcridnno LUIK du Silvâ, OUtnt eriaçic ) de Gruciltano
provocado pelo ê xito do romana.' socriaf ftamui no romance Anf íí iiritt

9? 93
P. curioso observar no çntunlo, que esses escritores. os ma is
,
Salientaria aquelas camieristieas sociais que. cm outras
visado em prfftdpiy pop lu í s in junçfleí-. tiveram a oportunidade conjunturas do campo intelectual, teriam deverio bloqueado o
*
dv objetivar .ora experiência do mundo social atrav és do trabn - .
acesso à condição dc escritor profissional í’nm exceçã o de
Iho literário» 30 passo que ou irou Intelectuais cia mesma geração Octá vio de Faria e José Geraldo Vieira . origin á rios de famí lias
levaram as últimas consequ ências o destino de classe que sua cultas da burguesia carioca [13 * c cuja cstr é iíi no gênero i bas-
Condiçã o de 'parentes pobres " lhes reservara. Quais seriam, unte [ ardia, os demais escritores que sc consagraram como ro -
pois, os fatores capares de explicar , mediados sobretudo pelas írymcistBs n ã o provinham dos grtudeft centros urbanos, Muitos
disposições cultura ta que foram adquirindo desde a primeira deles seguiram uma trajet ória escolar extremamente precária
infância, o fato de estarem cm condições de produzir Lima rc - .
segundo os padr ões da época outros nem mesmo chegaram a
Construçá» do mundo social — no caso, o romance — que se rrvqiientar unia faculdade, embora buscassem compensar tal ca -
pautava poi exigências mí nima de objetividade de que catavam r ê ncia por uma formaçã o de tiutodid& tus que. cm geral, eoiisti*
*
dispensados outros géneros liter á rios? tui 0 trunfo dos pequenos produtores intelectuais destitu í dos de
Seria descabido atribuir u surto do romance si+ jeia È á for ç it quaisquer chances de obter uma compet ência cultural atravé s
do ‘talento * e da ‘vocação * art í stica de produtores que começ a * do sistema escolar E n autodktfttismo se rçvçlou tanto ma is im-
r :on por vezes a escrever nos tempos de folga que suas ativi- portante quanto nmis distante 0 futuro romancista sv encontra -
dades dominantes Ibes propiciavam ou então, que escreviam
,
va cm relação nos principais centros dc produção cultural in -
terna .
praticam ente sob o regime de em cr mentias , L que os sujeitavam
;is grandes editoras. També m nã o parece convincente explicar A maioria dou romancistas começ ou A produzir 11uma si -
essas obras- invocando n tomada de consciência da situação 'na- tuação de relativa independência em fu Ce dt demanda pol í ti-
cional por parte de escritores cujas obras de estreia eram, em
1
cas, tendo firmado sua posição no campo intelectual com base
*
ampla medida, uma transposi ção liter ária de sua experiê ncia nas sanções positivas ( vendas , tiragens, prémios, etc. ) que rece-
pessoal . Ademais, seria inviá vel dur conta Jo novo gênero ape- hinm das editoras c do pú blico leitor . Mesmo aqueles escrito -
uns em fun çã o dos padrões dc fatura ent ão cm voga na metr ó- res que se fiiiarniti aberta mente a um determinado credo pol í-
pole, ainda que muitos dos fuluroa romancistas se tivessem fa- tico — Jorge Amado, Graciliano Ramos c Raquel Je Queiroz
miliarizado com tt produção cultural difundida pelos Faiados foram. durante oerio per í odo, militantes em organizações dc
Unidos. As hist órias em quadrinho , os romances lacrimogé- esquerda. Octavio de Faria , Come lio Retina e L úcio Cardoso
*
neos, o dilema, os romances policiais, exerceram influ ência tan - pertenciam de algum modo á " jntelLfgcntzid" cat ólica, sendo que
to no que diz rccpcito à eleição de deter [ninados Temas ou de lodos eles procuraram justificar suas obms em função de suas
certos pontos dc lista coma 11o tocante aos procedimentos nar - tomadas de posição ideol ógicas — só puderam conservar stuts
rativos e is inovações formais de que se valiam 09 romancistas posições, no mercado graç as á boa acolhida do público e dn
norte- americano (Dreiter, John dos Psastie, e c, ) critica e nio m cru mente como resultado dc sua atuaç&o política
* * T

Sem querer minimizar as determinações ir escapá veis da de-


ou de moment âneas sintonias doutrin árias ,
pendência cultural á s quais nenhuma categoria de intelectuais Tem- se por vezes a impressão dc que constituiriam o pa -
perif éricos consegue furtar - se— c que se revejam atrav és da
importação dc autores, de escolas de pensamento, de modelos
radigma dos Intelectuais do per í odo na medida em que . tlâ de -
termina çã o complexa dc suas trajet órias, se superpõ em aquelas
Je explica ção, de paradigmas est éticos, e de uma séria dc técni - propriedades — p^ilivas c negativas — que em outras catego-
cas de composiçã o e estruturação do discurso liter ário
—-
con-
v ém salientar as condições sociais que contribui mm decisiva-
mente para as estrat égias de reconversão a que recorreram os
1
rias aparecem dc maneira dispersa. Além de terem nascido em

fí 2| Vci D perfil bkti#iificu <JL- ambos in FU-nand fcrca, Eícnia-


e que lhes permitiram se apropriar simbolicamente rtJi .
. , 1 * fírir, f d , rfí. pp 23 JjMI E MJ7 / 309, bem COÍt» a» pffa-
uí netas a ivs.pt?iio Jc Ocià viíí dc Lana tcninjai em depoimentos c
H

do mundo sócia ! em que se viram colocados à margem da classe fhcnóftii dc Alceu AtWfOin 1 ima , « ha U^Hí IIMA di- AfrAnui Pcixold
dirigente . p citada.

V4 95
QUADRO V — ORIGEM SO(

famí lia às voltas com um estado adiantado dc falência mate


* - HDMAM
mu
lliiu i lugar <k
IIIIIIHIII d» . UiltpadtvAu Eafiunai Of »láu LAU I ipl«

rial. tiveram ainda que enfrentar situações extremaniente peno - Hindlç tpt
I niKhrntnVi ju
lai Jc
.ml doí pm i
K3CÍ1Í .* ,
L .\
i

sas que bloqueavam as possibilidade de herdar a posição so -


cial dos pais. Mesmo quando nfio eram órfã os nem filhos de
> 11 0
* S1K
|K Í S
IW ( . .
itim Tvií hiu ,
iMunlci CLaroa) ii/rrixa pojjlica rlal; [ni(
I mal r -
nmi!í>
Colcuo ,b
liberas
Cl
ClM I'. Mina» Gtrzu lotai. pu iusio mi
pais separados, foram os caçulas de famílias extensas, ou melhor, irdio».
Ulcndc liu dc ^ nu
os 'tempor ões' segundo uma terminologia de parentesco que en - «» no
** mi

-
cobre o mal estar que sua existência provoca no espaço familiar .
Tais situações de relegação punham fora dc seu alcance os in
vestimentos com que são brindados os primogénito* e os ocu
-
-
" <nN|i ) n
i
II SNA
Ovei
(Mropdlni
Km <|« TMirlra
Medico Falíncn m»k -
rnl; Arlão dc
PAI tdl 2 anua
( eju dl
direita l#í4 .
ifclHl I
viHa Apuid (hl :ajnd
materno.
<
m:
L
-
pantes das demais posiçõ es privilegiadas no espaço da fratria
c da linhagem, Todas essns determinações xttrliiam seus efeitos
ma is brutais em conjunturas marcadas por um processo dc in -
tensa femiwzaçãc, afa tundo- os de vez dos espaç os da classe
*
I 'lilt Hm da
i nu
nw
Rio Jc Janeiro
Oídmico Fro
ftnox da Ei-
. . Acidente cnn
II anua ,
dirigente em que poderiam acionar o capital de relações sociais iM »|
|( j(l| J(
m | ui
rniHiiui •MIK Nacional
PidHib
cm favor dc carreiras objetivamente definidas como masculi- de Química

nas. tanto aquelas cujo trabalho consiste cm alguma forma de - .„


..
IHirn VIHIK | K
Ifllel-nata
assessoria t écnica aos proprietários— Engenharia. Medicina, Vudu fOua A Ira )
Kim Ofende
^ arniaóNiLbCd
-
tum loiiAno
Fe linda nulr -
nal : pin Kpt -
IxaSelhn da
cofitirii da nV
K'
I
,
i

Direito — como aquelas incumbidas do trabalho de represen - i1u Sul


Tadni fm Ifl!

tação polí tica dos grupos dominante .


*
Se no caso de l ima Rarreto, a experiência social decisiva
que permeia sua produçã o liter ária residiu nu convergência dc
dois movimentos opostos — a saber, a familiarizaçã o com o
universo de valores da classe dirigente através da educa ção sin- IfKAOTI lANO Cnfnrmnnlc ; t- ním-i» m»U' - Oflalmla .
gular que recebeu e a continuidade dos laç os com sua classe H Abtll# Juu auhctiruio . iial
'T
rueira perió-
lL i

dc origem — no caso dos romancistas, o demento decisivo con -


sistiu na diversidade dc experiências de ' degradação" social que
dica !
trpii

lha
ii

novi
o decl í nio familiar veio propiciar, dando-lhes a oportunidade mR<i
de vasculhar as diferentes posições de que se constitui o espaço tjiin
fm
da classe dirigente. A posição em falso dos ‘parentes pobres' *i
acelera o tr ânsito entre as carreiras subalternas desse espaço c HIÀ QE TM . I I -* Fn / crulí tm: Kiléncia m t -
* »*- Internato TriTulhn ik
I IN tn fÇurwk>> cofnprftdor de MHI . Rtutnkl rusltir da mf»c
ÍJMel
.
multiplica as amea ç as objetivas de desclassificação social. No I Att I M J.SO Misini Ofif áli ftdo. pequeno flU li i

mais das vezes, as migrações geogr á ficas permanentes (inúmeras *


indutfrkiil . tic . inv |
; Hr ;nu x riu » fncr,

mudanç as dc domicilio, dc cidade, de Estado, de região) , e a in-


tensa rotatividade ocupacional dos puis, se inscrevem no itine -
r ário desses ramos destituidox', sendo quase sempre os passos
dos "caminhos cruzados " atravé s dos quais esses grupos bus-
-
cam lí vrar st de um processo irreversí vel de declínio social. Do
AMMH »
JUI:

BahLi
Faírnilrlán fc»-
cwi <an tu cn
mcnriànlci de
3e
- InMrnmo .
i
-
IHlrl
ifmri
or <
ponto de vista da produçã o intelectual» esses deslocamentos brus- icecu motlwr •
.
cos no «paç o da classe dirigente c sobretudo, os riscos de a
famí lia ser dai completamente desalojada, tendem a enfraque-
\f
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INI MANllll
Ií l M AT » Eflfl
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runCinnir m
Rio dc lãftéifD dlpIciEnilico.
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e í ' iluiada pnr mIn .
cer os Inças com que seus filho# se prendem â classe dc origem
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e repercutem sobre o modo com que apreendem o mwndo social.

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ORIGEM SOCIAL. TRUVFOS HANDICAPS E CARREIRA

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toi os ramos declina ntes

Hssas experiê ncias dc intimidação social a que estio sujei
e que nao l í m nada a ver com os
percursos lineares que o lé xico da mobilidade descreve , são
dc molde n ão apenas a desgastar as relações que esses futuros —
escritores mantê m com seu ambiente dc origem mas também a
suscitar uma tomada dc consciê ncia da heterogeneidade de in -
teresses i - da diversidade dos m ó veis de tuia no interior dc sua
pr ópria classe. pTimcira condiçã o para que se possa objetivar

-
ciais. Em mis condições, os romancistas víem se expostos a
-
n $ rela ções de sentido e as rela ções de for ç a enirc os grupos so
lodo tipo de situações dc crise dc que sã o poupados os detento
res de uma posiçã o está vel nn hierarquia social os quais nã o
-
conseguem vivcnciar. nem mesmo no plano simbólico, a con
dição das classes dominadas ,
-
for conseguinte n ã o há chances de se obter qualquer ga -
,

rantia dc objetividade sobre o mundo social a menos que os


produtores dessa reconstrução simbólica — sejam des artistas ,
escritores ou cieniisias — tenham vivido a experiê ncia dram á -
tica dc serem desalojados da posiçã o social que os seus vinham
ocupando, a ú nica maneira de se familiarizarem com outros
pontos dc vista sem que por isso consigam se desvencilhar do
setor da ciasse dirigente de que sã o origin á rios,

NoftiaJ ÍSmo, desclassificação e feminização


A/a escurhlAa percebi <> valor enorme das
palavras.
.
(Gracillano K vmos , fnfrlndu. p. t !U >

Os casos de ooitiadismo familiar desvendam estrat égias


t í picas atruv és das quais os ‘parentes pobres' da ciasse diri
gente acionam o capital dc relações sociais que lhes restou
-
Uma vez rompidas as ligações com o universo dos proprietá
.
rio o itiner á rio domiciliar da fam í lia acompanha os passos da
-
iniciativa paterna cm busca dc um ref ú gio em outros dom í nios
dc atividade ít altura de suas cxpcetalivas. N âo se pode contudo
atribuir a relega çã o dos parentes pobres à instabilidade profissio
nal que, no mais das vezes, ê u consequ ê ncia direta da perda
-
do património material. Caso sc pudesse projetar num gr á fico
as variações sucessiva» do itinerá rio cumprido pelos “parentes
--
pobres”, podcr sc ia constatar que o sentido da trajet ória ( quer
em termos de reconversã o, quer em termos dc relega çã o ) de-
pende muito ma is das exigê ncias do trabalho de domina ção

97
ei uc dn nú mero de membros da classe dominante que. lendo ,
em torno da pecuá ria; a partir de 1921 Rachei estuda qualro
perdido HCU lastro maicrial* íC encontrem em busca de uma anos num colégio de freíras em Fnrtalestir at é diplomar se-
pusiçâo de "consolo” na periferia dos grupos dirigentes. bhu comn nonualisfa; lendo passado ma is dois anos nu aoto -
casos de Graciliano Ramos. Rachel de Uoeiroz . Origeucs Lcs- rior, voitB com sua família para Fortaleza ul é trnnsfe -
sar cie. o sentido da trajetória ocupactona} do pai , oscilando
,

entre ns posições de pequeno propricl á rios no Comé rcio c /mi


-
rir se para n Rio e Sã o Paulo n> inicio dos anos 30

na agricultura c us posições burocr áticas dc relegação, contri-


Naquelas situa ções em que o declínio residia do desapa -
recimento da figura paterna .
( falecimento ahsenteismo. sepa -
buiu em medida niuiio IíIHí S significativa para O encaminha-
mento dos filhos em direção ao trabalho intelectual do que
.
ração dos pais ) — como «os casos de Cnrn élio Penna, Erico
n.s injunções liadas á mera dilapidaçã o da fortuna.
Ver í ssimo, etc,
da
o nomadimo familiar traduz os es
3 e em busca do apoio e dos rctUfios
-
formos por parte m
Numudismo v mobitizaçSú ào capital dot parenies abonados que possam complementar os rendi
mentos que aufere mediante trabalhos de baixa rentabilidade
Entre 1B92, ano de seu nascimento cm Quebra ngnlo
de onde sai com um anu dc idade. e 1915 quando, já
.
(costura, doçaria, bordados, flores de paptrl etc , ), Com vistas
i propiciar aos filhos oportunidades de escolarização Capazes
casado, se Instala conto dono dt umu tuja Je iccidi em
Palmeira dos í ndios, no inferior de A lagoa x, Graeiílano* de sustar o processo de 'desclassificação* social . L úcio Cardoso
constituí um caso limite cm que os dissabores provocados, pela
Ramos acompanha sua famí lia CITI sUCcSSivâS mudanç as
dc residência; dc Ruíque, zoa» pastoril no interior per - laléhdft econ ómica, social e afetiva do pai, se associam ao^
nambuco onde seu pui possuí a uma fazenda de gado. efeitos produzidos peio nomadisnio da ta milia .
-
it fam í lia Iransfcrc se para Viçosa, zOnfl aç ucareira no in-
terior alagoano, onde o pai abre uitiu sociedade COflurr-
"Era o Vdho Joaquim Lúcio Cardotnj iiiutiraL de Va -
Icn ça c filho de fazendeiros daquela cidade fluminense.
eial corueguindo ainda ser nomeado juiz substituto: daí Estudou at é o terceiro ano da Escola dc Engenharia dc
GMediano se desloca paru Maceió a fim de pfesseguir os Ouro Preto, IMS, com a morte do pai, abandonou os es-
estudos secundá rios c . em 1914 . realiza sua primeira via - tudos, Foi ent ão para Curvclo, acompanhando n turma
gem á çnpiful federa! sem chegar a conseguir o que dese- de engenheiros encarregada dc construir at é sli a Furada
jara, «mg inserçã o estável na imprensa carioca. de Ferro Central cio Brasil. Ficou no lugar. onde acabou
Sc do lido paterno Rachei também descendia de pro- por se casar com D. Regina í ) que morreria cinco
-
pr ÍL lártos dc engenho, acabou cumprindo itinerário dc -
anos depois, tuberculosa , Cosou se entio (1899) com umi
efeitos semelhantes aos de GracHiano e totalmeatc diver - amiga íntima da mulher f ) qu ç lhe deu seu; fjlhoí
so da cKliihilidnde que tiveram saus llÚBtres parentes mii - ( ) Foi o velho Joaquim, na verdade, quem fundou
lemuí por forç a dos inúmeros deslocamentos que marca - Pirapora , civilizou-a ç íI fez prosperar. K chegou a ser
ram h hist ória ocLipadonal de seu pai . Dt Qulxadá, 00 propriet á rio dc Ioda a cidade, e n possuir K.U00 caheç tis
.
interkrf cearense, com cas i na cidade c na fazenda, sua de gado ( ) acabou perdendo tudo. Desta vez, porque
famí lia tranifere- sc paru Fortaleza onde o pai fora nomea - devia ceni contos á Cia, de Fiação dc Tecidos, de que era
represem unte em Piruporí, e entregou todos os bens. Vol-
do promotor, cargo qtie abandona em trneii dc um posto
no magist ério secund á rio; cm Ei ] ?, depois de Inlhnrem tou ent ào para Curvclo, onde nasceram os dois primeiros
as tentativas dc se fixar no Rio de Jtncifo. L > pui desln-
ea - sc para Relêivi do Par á onde resolve abrir um curtume
filhos ( ) s onde fundou uma f á brica dc sabão
primeira do lugar . Mas acabando por se indispor oom o
— a<

no invés dc aceitar um porto na magistratura local; deus


unos depuis, a Família retorna no CtZX à , com r á pidas JTJIIí -
.
comércio tocai, este em represá lia, passou a adquirir it
mercadoria no Rio ca Vender ruais barato ã cí dadç , Teve
sagem por Forialc / a , Guaramirnrga e, finalmente, dc no- ainda Joaquim inúmeras profissões í atividades em deve-
vo cm Quixadú onde reorganiza as atividjides na fazenda nas de lugares diferentes Depois dessa .segunda fempo-

98 W
fada cm Curvelo vai para Diamantina , onde fica um ano çà o em â mbito local ( comando do partido olig á rquico e do
c monta um restaurante.” f “*. jornal da cidade) < ** >.
Em vista do malogro de todos seus empreendimentos, seu
pai “decidiu scr fazendeiro e ir cultivar as terras que possu ía O processo de feminizaçâo
nas bandas dc Vá rzea da Palma" onde passa a produzir deri - “ Eram três as “filipas”: J ú lia, mac de vovô. Filorae -
vados dc cana , rapadura, melado, cachaça . Sé rias dificuldades na e Ritinha ; a m ãe de Babita, da qual não mc recordo
-
financeiras fazem no vender a fazenda e retorna com a fam í
lia a Curvelo num sobradinho alugado , Passado algum tempo,
- o nome. e Matilde, conhecida em Curveio como Si Bico -
ta , delas a ú nica que se casara, mas que n ão tinha nenhum
o pai vai dirigir uma pequena firma ligada ao comércio dc
automóveis cm Belo Horizonte , fixando-se adiante na profissã o
.
filho Mulheres inteligentes, espirituosas, dc inclinação
art í stica acentuada, eram filhas de um vi ú vo portugu ês
-
m í lia

dc agrimensor cm Pirapora. A mobilidade geográfica da fa-
de Curvelo para a fazenda , volta a Curvelo, dali para
que. obrigado pelo trabalho a que se dedicava , se ausen
tava da casa por períodos grandes, deixando-as comple -
Belo Horizonte, o traslado para o Rio de Janeiro em 1923,
as constantes mudanças dc residê ncia na capital federal
sulta , via de regra, de fracassos econó micos que comprometem
a sobrevivência familiar e que repercutem nn trajet ó ria dos
re
— -
tamente sós. Bem dotadas e dispostas para o trabalho,
ganhavam a vida como costureiras dc fama na cidade e
a casa, apesar dc pobre, era muito frequentada , não ha ;
vendo quem n ã o as apreciasse pela inteligê ncia c espirito
-
irm ã os mais jovens que acabam sendo preteridos de alguma era uma espécie de salão literá rio do Curvelo naquela
maneira . Quando sobrev é m a crise, a fam ília trata imediata - é poca ( . ) Com a ausê ncia prolongada do pai e n ã o
mente dc buscar um novo domicí lio na cxpeelativa dc que isso tendo mã e ou qualquer parenla ruais idosa para aconsc -
possa trazer melhores oportunidades de explorar fontes intac - Ihá las, cedo se perderam , seduzidas pelos filhos das fa -
-
tas do capital remanescente de relações sociais

parentes
afastados, conhecidos e rela ções dc amizade . A instala çã o da
mí lias mais importantes da terra que, vindos da corte,
buscavam sua casa como o lugar mais interessante da ci -
fam ília num subú rbio carioca traz como dividendos um em - dade c mais tarde se casavam coin outras, herdeiras dc
prego de repórter para o irmão Adauto e, adiante, por inter -
m édio de um amigo do pai que era na é poca um dos direto - -
nome, deixando as com filhos. Morreram moças, com
exceçã o dc Matilde J ú lia deixou cinco ou seis filhos que
res do Lóidc Brasileiro, um posto dc conferente de cargas; a
transferê ncia pora Belo Hori /.onle possibilitou um casamento
para cima' de uma das irmãs e permitiu a L úcio entrar cm (34 ) “ Curvelo K dividi » em duas fam í lias: Viann» c Mucarc -
nho» Os que nâo eram seus membros, a ela» se ligavam pelo casa-
contacto com a roda intelectualizada de seu tio materno . mento ou pela amizade, quaisquer desses tipo» dc rela ções, excluindo
automaticamente qualquer liga çã o miis profunda com a outra
O que distinguia umbus as fam í lias dominantes na cidade A separaçã o na sociedade local era completa na igreja, nas festas, cm
natal dc L úcio era o peso relativo das espécies de capital . En - tudo. Os V íanna » tinham o seu cinema, os Mascarenhas inauguraram
.iin para cie»; os Viannas frequentavam u igreja matriz o* Mascare
,
quanto os Mascarenhas dispunham dc um sólido património
nhas, a igreja velha de Sio Geraldo, dos podres Redqntoristas ( . ) ..
em ( erras e ouiras modalidades de imobilização do capital eco
nómico, os Viannas conslitucm um t í pico exemplo de antigas
- Os Mascarenhas eram gente boa , honrada, de cnrnção largo, a sua
caridade famosa entre a gente pobre Pmmridorc» de grande fortuna,
famí lias dominantes empobrecidas cuja sobrevivência no espa - - ..
casavarn se entra si ( . ) Os Viannas eram pobres, seus antepassado»
.
tendo perdido quase toda a fortuna que possuíam Em maté ria dc in -
--
ço da dasse dirigente se deve, sobretudo, ii possibilidade de
teligência c espirito, porém, eram bem providos. Inteligentes, vivos, cri
fazer valer seu cabedal de prestigio para que possam rcorien - ticos, nã o perdoavam aos adversá rios a sua simplicidade, glnsandú os
tar suas aspirações dc mando c assumir as tarefas dc domina - .
impiedosa mente nu acu jornal ( . . ) Ambos eram fam ílias dignas, hon -
radas, de grande tradiçã o, vinculadas à quela terra há longos unos. Pelo
Imdu materno pertencí amos à fam í lia Viann*, e disso nos orgulh á vamos
( 33 )
sileira, I %4, pp 193 /194 .
.
R Pcre / , op cil ., 2.‘ sé rie Rio de Janeiro, Civilizaçã o Bra - .
bastante", in Maria Helena Cardoso Por Onde Andou Meu Coração,
.
Rio dc Janeiro, José Olympio, 2.* ed , I 9fr8, pp, Sl /2

too ioi
\
-
Í vf l \ f J
rinhain sido perfilhados pelo amante, que os criou e edu
cou à sua custa ( ”.
( ) - li / nam com que o sustento da familia passasse a depender
vIrIutilmente do trabalho de costura realizado em mutir ão" pe -
In » mulheres. Elas haviam granjeado fama pela “ perfeiçã o do
Ao cabo deste processo de “desclassificação” social do acabamento e pelo “ bom gosto“ que lhes permitia confeccio , -
ramo materno, as mulheres passam n sc dedicar profissional
mente ao trabalho de costura , derradeira fonte de renda para
- u modelos sofisticados dos figurinos parisienses . Assim
i » saber lidar com os princí pios do gosto dominant
e constitui,
uma família de 'parentes pobres' que já haviam rompido enm - no mesmo tempo, o requisito muis natural
' ' dessa compet ência
pletamentc os la ços com seu ambiente de origem, vizinhas de çã o de serviços que
“ todo um correr de casinhas baixas, residê ncia das ‘mulheres de
i jt
condirã o mesma de êxito na presta
'

sc valem desse saber.


vida nirada* da cidade"
Dc sua remota origem oligã rquica . a fam í lia preserva quan - “O melhor do carnaval era o baile a Fantasia que na -
do muito alguns objetos desemparelhados. atavismos, trejeitos, quele ano sc realizaria no Cinema Oreon. Prometia ser
maneiras de ser e de sç comportar, c um repertório dc lem - de arromba . 1 idocc já n ã o podia muis aceitar encomen
'

-
bran ças. através dos quais mant é m acesa a esperan ça de res - das e cosia at é tarde da noite para poder dar conta. Toda
tabelecer a antiga situa ção de fausto e prest ígio. O Itcoreiro a cidade la ao baile c n ã o se fttlnva dc outra coisa . As
é o remanescente de antigas liga ções com a oligarquia c de lojas viviam cheias dc gente, comprando sedas, veludos ,
todo o estilo dc vida dessa classe. O fato de que a famí lia dc
Lúcio ainda possa exibir objetos de luxo. deslocados de seu
lantejoulas, vidrilhos, miçangas, rendas prateadas, doura
das, plumas. A casa de vovó, um vaivé m dc moças e se
--
ambiente original, e utilizá- los cm ocasiões especiais, expres- nhoras que entravam c saiam: umas para experimentar
sa u aptidã o de que dispõem os ‘ parentes pobres' para relem
brar ou reviver sua antiga condiçã o social pelo recurso a ri
-- vestido, outras á espera c, finalmcnte, as que n ã o tinham
conseguido que Tidoce tomasse a encomenda, escolhiam
tuais do passado . nos seus figurinos, os melhores que havia na cidade, mo -
delos para as fantasias ; junto ks senhoras assentadas nos
) um guarda - lou ça , o m óvel dc mais luxo da
bancos da sala dc costura , conversando, amontoavam se, -
casa , dc madeira amarela escura , envernizada , portas de
vidro e uns ganchinhos onde sc penduravam as xícaras
confusauicnlc as capas coloridas de L.a "Mude
. (i*s
.
fllustrét
’ .
Chie Parisien , La Femnie Chk e outros
( j O aniversá rio de Tidoce cra sempre festejado. Mui
tos dias antes eu e Zizina começá vamos os preparativos ; - Segundo o relato de sua irm ã , è nessa conjuntura que
-
--
-
lav á vamos a lou ça do guarda lou ça , retirando awn o m á
ximo cuidado as xícaras penduradas uos ganchos , o lico
nasce Lú cio, “o ú ltimo filho de mam ã e", um ano antes dc a fa
m ília transfcrir -sc para Belo Horizonte , Apesar da resist ê ncia
reiro de vidro azul, bordado com florinhas brancas e seus do pai e do temor que a m ã e tinha de perdoar de vez o ma -
min úsculos copos, que ma is pareciam dc boneeas Seu * -
rido c de scr obrigada a vender a casa rccé m adquirida cm
tia - mc feliz em poder pegar com minhas mãos aqueia jóia Curvelo. as aspirações da mãe em rela ção k educação dos
que contemplava o ano lodo através dos vidros < } filhos que contava poder financiar com a costura, e o exem-
-
Fazia questão dc lav á lo com o maior cuidado, repondo o
cm seguida em sua armaçã o dc metal . " ,,J. , - plo de outras fam í lias nas mesmas condi ções que haviam con -
seguido empregar os seus . acabaram minando os receios de
A avó fazia roupas de homem, a m ã e e a tia cosiam para
que acontecesse o pior. Seria a humilha çã o de se vtrem forç a --
dos H retornar a Curvelo , isso també m entrava no cá lculo. En
freguesas ricas da regiã o, aceitavam encomendas para enxo - fim , o projeto de sc instalarem na capiral do Estado leve im -
vais de batizado, vestidos dc noite, fantasias. A instabilidade pulso decisivo com a proposta paterna de empresar, em mol-
.
profissional do pai os longos períodos cm que sumia de casa , des semi industriais, o trabalho de costura da espo - a e da
-
.<
( 35)
( tf )
37}
11 ibid.,
Id. , ibid ,
Id., ibid.,
p 28?
p 41,
pp. 40/1.
cunhada .

<38} Id , ibid. , p 47.

/ 02
I 0.i
A pen ú ria maierial torna os parentes pobres* sensí veis a
um tipo de demandas que posstirn lhes propiciar meios de ihcMno . sc obstinam em preservar os vestígios dc sua identi -
dade penhorando seus trunfos mais ex íguos **•>.
-
subsist ê ncia e livrá lo das obrigações inerentes a outras for
mas de trabalho que consideram "indignas” . As "bocas " e os - “ ( . . . ) Papai n ã o mudara de temperamento, Era n
"bicos” consistem , cm geral, cm serviços de
car á ter pessoal que sonhador de sempre, á espera de um golpe dc sorte que
não se manifestam enquanto trabalho, ou melhor, que aeober
.
tam a retribuiçã o pecuniá ria . De fato esta fornia de trabalho - o favorecesse à última hora { . ) E a vida n ós a levá-
vamos dc acordo com sua maneira de ser. Quando de
apresenta dois tra ços peculiares: sendo ao mesmo tempo pro
du çã o material e simbólica , a confecçâ u d ç roupas c. cm geral, - .
visita cm casa nadá vamos na fartura . Dinheiro, mexa
lauta, vinhivs. a maior anima ção: as compras se sucediam,
de acessórios exigidos pelo estilo de vida das classes dirigen
.
tes supõe a experiência concreta desse estilo de vida. o trato - nada nos era negado ( ) repentina mente anunciava a
M M partida e n ós. embora o adorássemos
, respirá vamos
-
do gosto, D disposi çã o dc se colocar na posiçã o do cliente: nes
se caso, a rela çã o de serviço é dissimulada pela prestação de - aliviados Í amos voltar à
bora as festas, o dinheiro
vida
c as
de inteira
compras
liberdade, em
sc acabassem .
-
---
-
conselhos mediante a qual o artesão dc luxo torna se um es .
Quanto a ele se transformava com a proximidade da par
pecialista em estilo dc vida que detém o monopólio dos prin
cí pios do gosto. Essas duas caracterlsticas mascaram a bru
tida : voltava - lhe a anima çã o
queixas , conversando com mamã e, fazendo
interior e
-
esquecia
lhe ver a
-
se das
neces-
talidade da relaçã o pecuni á ria entre o cliente que fa / » enco - sidade de seu regresso imediato. Precisava trabalhar , "a

ção

menda e o executante do serviço. Os rituais inerentes à rela-
durante as provus

a troca de cortesias por ocasião da encomenda ou
ocultam o cará ter mercantil da prestaçã o
-
dc serviço e Iransformam na cm rela çã o social: ao rcccpcio-
fonte produtora era uma
por ção de bocas abertas
o reverso da medalha
,
Os

seus
",

meses
à sua
empregados
espera

corriam
(
e
nheiro. Escrevia , falando sobre as dificuldades lá fora a
eslava
)
nada
Vinha
dc
uma

.-
di

.
nar os clientes, é preciso mostrar lato boas maneiras, n ão ser crise, e nos aconselhando paciência . Com íamos gra ças à
inconveniente, "a çucarar ” refrescos e iguanas, em suma costu - conta que ele autorizara no armazé m pegado ao lado da.
ma -se mobilizar nessas ocasiões disposições idênticas àquelas casa, porém agora sob o regime da mais severa ,economia
exigidas numa recepçã o mundana . E assim se constitui en - Mamãe, que via confirmados os seus temores apertava
quanto especialidade (c muitas vezes, enquanto especializaçã o o mais que podia , comprando apenas o estritamente ne-
profissional ) o exercício das disposições sociais e intelectuais cessá rio ( ) Muitas vezes tamanha era a fultu devalor di-
nheiro, que mam ã e empenhava os poucos objetos de
herdadas da convivência e da familiaridade com o estilo de
vida das ciasses dominantes. que possu ía em casa ,"
Os períodos dc bonança que correspondem, na represen- Diversamente de outras categorias de intelectuais os fu , -
.
taçã o dos filhos, h presença esporádica do pai confirmam o turos cronistas da "casa assassinada ” n ã o puderam compensar
padr ã o dominante com que os ramos destitu ídos lidam com a falê ncia material da fam í lia com os dividendos que auferem
s u a condição social. Contando apenas com a salvaguarda do os ocupantes dc posições privilegiadas no espa ço da linhagem.
estilo de vida de sua classe, com a qual permanecem identifi Muitas vezes tiveram de enfrentar os reveses provocados por
cados através de suas atitudes, gostos c valores, a estrat égia- estigmas f ísicos e sociais que contribu íram para tornar irrever -
que lhes permite substituir fazendo de conta de que poderiam sível a relegação familiar de que eram v í timas.
voltar a ser o que já foram , consiste cm dissimular todas as

--
dimensões dc sua existência social segundo os mesmos pro ( 39) "Sceu nio tinha roupa , islo ní o odoitituíl problema . Zizina
cedimentos que presidem á reforma de um vestido. Encurtan ( razia um do * vestidas dela c ajeí tava -
o no meu corpo , Quase da mes -
, prega dacol á , pronto,
do a bainha , ajustando o talhe ou acrescentando um adereço,
os ‘ parentes pobres’ se empenham em alcançar ao menor custo
o m á ximo rendimento, o melhor efeito, ou entâo, o que dá no
ma altura , cu mais magra

doso, op, cie ,, p, 215.


apenas , aperta daqui
l â estava cu vestida, apesar do» alinhavos e alfinetes”, in M
H Car -
(40) Maria Helena Cardntu, op cie ., pp 209/211 .
104 105
I

"F,u me comportava direito: encolhido e morno, des- A cegueira periódica de Graciliano, també m chamado de ca -
lizava como sombra As minhas brincadeiras eram silen
- - --
-
bra ctge, só serviu para agu çar sua susceplibilidade ante as
atitudes familiares de rejeiçã o, como que fazendo irromper na
ciosas ( ) Afastou me da escola , atrasou me. enquan
to os filhos de seu José Galvão se internavam em grandes própria pele a pecha que vinha confirmar seu status de intruso .
volumes coloridos, a doen ça dc olhos que mc perseguiu Embora fossem id ênticas as consequ ências trazidas pela
-
na meninice. Torturava me semanas e semanas, eu vivia condi çã o de ca ç ula , enquanto Cyro dos Anjos teve de enfren -
.
nu IrcvB o rosto oculto num pano escuro, tropeçando nos
-
m óveis, guiando me às apalpadelas, ao longo das paredes.
tar as desvantagens de filho extemporâ neo, nascido após o ir
-
m ã o Benjamin (o 12 . ) a partir do qual seus pais haviam de --
-
As pá lpebras inflamadas colavam se. Para descerrá las, cu
ficava tempo sem fim mergulhando a cara nn bacia de
- cidido sustar a prole, L úcio Cardoso foi objeto dos cuidados
.
e mimos que envolvem um filho tempor ã o muito mais pr ó -
água , lavando- me vagarosamente, pois o contacto dos ximo de sua irmã Maria Helena do que de seus irmãos mais
dedos era doloroso em excesso ( ) Sem d ú vida o meu velhos. Alé m do relacionamento distante que mant é m com os
aspecto era desagradá vel, inspirava repugnâ ncia . E a gente pais e a despeito da disparidade dos ganhos afetivos que lhes
da casa sc impacientava . Minha mãe tinha franqueza dc são dispensados, a condiçã o de ca ç ula se cristaliza sobretudo
manifestar me viva antipatia .” í,n .
- em çonseq ílê ucia dos interesses dos irm ã os mais velhos. Com
“ Vivia um pouco afastado dos colegas, sem amigos, vistas a preservar as vantagens dos irm ã os mais velhos quan -
mas já nesse tempo a vida mc ensinara rudemente os to à utiliza çã o do capita! familiar dispon í vel , as rela ções no
seus perigos, pois aos dez anos feri a vista direita, e perdi interior da fralria passam a ser escudadas por uma hierarquia
toda a visão, c da í o meu mart í rio de criança, proibida de autoridade que exclui os menores do espa ço de concorrên -
cia no âmbito doméstico, Assim, as relações de for ça entre
de ler, e ouvindo através da porta de meu quarto, a reco
menda ção ansiosa : ‘Apague a luz, que você fica cego'
- irm ã os atendem aos interesses dos que pretendem tirar o me -
lhor proveito do montante e das formas de capital familiar a
( ) pois era uma criança solitá ria , inquieta , mas só in
feriormente, que nã o sabia brincar, c passava a maior
- que cada um deles est á em condi ções de aspirar . A irm ã mais
parle do meu tempo cm duas salas vazias, com os brin
- -
velha dc Lú cio casa se com um médico, outro irmão conclui
-
o curso de medicina e um terceiro forma se em direito como
quedos diante de mim, a imaginar o que devia se passar
com cles.*' ( 4,,. primeiro passo de uma carreira de êxito na política profissio -
nal nos quadros da UDN mineira. Nestas condições, a dist â n-
Sofrendo as consequ ências da perda do irmã o mais vdho cia em rela ção aos pais surte efeitos sociais an á logos àqueles
sob a formei de censuras veladas que seus pais lhe faziam r provocados por outras modalidades de falê ncia familiar, fa -
-
que acabaram por culpabilizá lo, espremido entre a irm ã bas- zendo com que esses ca ç ulas passem a viver a condiçã o de
tarda c a irmã legitima mais nova, o apelido dc bezerro en
courado que os pais dc Graciliano lhe impingem equiparam - -- cria dos irmãos mais velhos.
Conforme expressão do próprio Cyro dos Anjos, "os der
--
no a um bezerro órfio que consegue sobreviver &s custas de radeiros da prole" nem mesmo podem se heneficiar dos in
um estratagema. “Quando uma cria morre, riram lhc o couro. - vestimentos em escolaridade que os mais velhos monopolizam
vestem com ele um ó rf ã o que, neste disfarce, ê amamentado, .
e a despeito de sua vontade, acabam enredados pelo universo
dos valores femininos dc sua classe . Como di / a irm ã dc
-
A vaca sente o cheiro do filho, engana sc c adota o animal"
L úcio, “era isto mesmo, filho criado sem o pai em casa. nâo
dava cousa que prestasse", ou seja , por haver incorporado as
(41) Gradlianu Ramo*, Inf ância fmemtirimK Rio dc Janeiro, José
disposições inerentes às pr á ticas femininas eslava fadado a to/ -
Olympio, 3.* cd,, pp 10«, 131 .
(42) Corn é lio Pcnna, Romancrs Compltios, Rio dc Janeiro, Ed.
.
Jo*é Aguitar 1958, pp. LVÍ e 13*» «.
- -
nar sc um filho da mãe cuja ú nica esfera de atividade pos
sí vel no espa ço da classe dirigente seria o trabalho intelectual
-
(43) "Devo o apodo mo meu desarranjo, 4 feiluru , ao desengon -
sob alguma de suas modalidades, para onde pudesse trans -
ço ( , )", Graciliano Rumos , O/J. eír., p. 132. ferir e pôr cm pr á tica os esquemas dc a çfio c pcrccpçSo que

106 107
'

do beco já começava n fazer barulho e a chamar a ateu


*
havia adquirido atrav és do contacto prolongado com as mu -
lheres . In ú meras situa ções reforçam a identifica çã o progres - çSo de Raimunda ( \ <*> . r
siva dc L ú cio com o universo das pr á ticas femininas, sua pre - E Cyro dos Anjos conta sua experiência de filho pre --
vc
fer é neia pelas coisas de 'mulher ' e a distâ ncia correlata dos terido e submisso à autoridade dc seus irmãos mais com
-
jogos dc menino. Ao tomar se o objeto dos cuidados e da
proteçã o da mãe, das irm ã s ç das fias, acaba investido dos
lhos: " Desse modo, eu, o 13. filho, só
* me
o mano Beijo, o I 2,“, um ano acima de mim. Era natural
entendia

-
atributos socialmcnte definidos como femininos , a ‘sensibilida que nos aliássemos, e sobretudo que associá ssemos os nos -
de', a 'delicadeza ', o 'recato', a discri ção* ,
A ã de L úcio Cardoso relata como de se conver -
irm
teu em objeto dc disputa entre suas irm ãs mais velhas
compfelamente exclu ído das brincadeiras entre os irm ã os :
,

esses dois mundos

sos engenhos ( . ) Embora coexistissem e sc cruzassem
o da cozinha e o da sala dc jantar
não os explorou na mesma é poca a minha curiosidade
O de L.u ísa precedeu o de minha mãe , havendo oncia , à
Bcnjamin e cu vivido, na primeira quadra da inf â
mano
.
"Quando Nonõ nasceu , Zizinu e eu j á oramos grandinhas tudo
barra da saia da preta velha , por cujo intermédio
e ficamos loucas dc alegria, cada qual querendo tomar
nos vinha ( ) Ealei cm seu alheamento : era preciso
conta dele. Volt á vamos da aula. mal atirá vamos os livros que lhe puxássemos ( refere-se k mã e} a manganodaque di
blusa
para um canto e corríamos para ver quem segurava elç vá rias vezes, para conseguirmos que reparasse -
Luisa. n ã o
primeiro. Z.izinha ent ã o se julgava a pr ópria m ãe: emba - zíamos ( ) pouco a conhecíamos . Alé m de
-.
lava o cantando, dormia com ele no canto da cama, com
grande inveja minha, cm quem mamãe nã o tinha tanta
havia outra fonte a consultar
de recorrer à própria observa çã o
sobre
e
os
experm
pais
êeia
. Tinhamos
, já que n ão
(. >
confiança ( ) e o garoto vinha para baixo, aos nossos puxá vamos conversa com os manos mais velhos
cuidados, sob a vigil â ncia dc Rita, a empregada que cui - A rígida hierarquia n ão comportava o direito
de pergun -
tar, c inflexfvcl disciplina reinava no clã.
Valdemar es-
dou dele desde o nascimento ( ) Para n ós era um en - condia o cigarro dlante de Antonico ; Artur n3o pilhcria -
canto ( ) Outras tardes saia a passear com Milt í nho, o
va na presença dc Carlos ; Tito n ã o sc atrevia a nos pre -
filhinho dc Joscfina . e Non õ. Eram ambos da mesma ida -
gar peças, estando Pedro nas proximididades ; e Zczé, sem
na
-
de e empurrava o carrinho de vime que Dr Duque tinha
.

mandado vir do Rio para o filho. Todo forrado de cetim


-
pre brincalhão, acautelava se com os que o , foi o meu precediam
ordem da idade ( ) Mais escasso, Minha primitiva ainda
rosa . Milt í nho assentava- se no fundo, tio lugar principal , .
convívio com o Pai na meninice
m
(
aquela
)
dc uma entidade
vestido dc rendas e veludo . Nonõ, vinha no banquinho ideia a seu respeito era, poré ,
, mas severa e


da frente , e fazia sucesso por onde passava . N ão havia poderosa c distante , provavelmente justa
-
quem n âo parasc para admir á lo e dissesse ( ) ( > inflexí vel, que imperava discricionariamente na casn , na
que gracinha de crian ça. Nhanh à é feliz por ter um filhi - loja c na fazenda." < \
4 ®

nho assim ( . . ) Quando ficou maiorzinho e começou ocorre através


A aprendizagem das disposições femininas exemplo
a falar cra o orgulho da casa toda . firamos loucas por
-
ele. Muitas tardes mam ã e tomava o no colo c descia co - L cio assume
por
dc episódios aparentemente an ódinos como papel dc padre, o
,
o
a co -
roa ção da Virgem Maria em que ú
vida e pelas fa -
migo a Praça da Reforma , em direção à casa dc vovó. estudo de piano, o fascínio pelo cinema , pela limite , rraduzcn
Assim que chegá vamos na entrada do beco de Seu Ju *
çanhas dos artistas, diversas prá ticas que, no categorias com\
quinha , Raimunda da farm á cia aparecia na janela do es
crit ó rio, chamava mam ãe, tomava Non õ dos braços dela ,
- um rompimento quase que insensí vel com as

-
e enchia o de balas, caramelos e pastilhas dc mel que so
bravam nos vidros da Tarm á cia. De tal maneira ele se
- (44) M . H . Cardoso, op. r/ f ., pp. 220:'221 .
ó ria* ), Rio dc
(45) Cyra dos Anjos, Etploraçi ) fs >\o Tempo (mem
habituou àqueles agrados que, mal mis aproximá vamos Janeiro, José Otympio , 1963 pp.. 28 :9 32, .
46

toa 109
que os ‘homens’ tendem a apreender as alternativas profissio - diferente dos outros, culpando mam ã e pela sua educa ção
nais e as posi ções correspondentes no espa ço da classe diri
gente. E o fato de i úcio ter passado cinco anos num internato em
- defeituosa , com tantos mimos." í < ft.
Minas serviu apenas para tornar irreversí vel o sentido dc sua Os futuros romancistas são sensí veis ás vicissitudes em que
trajetória , ao lubtraMo do convívio com seus dois irmã os mais os indicadores menos equ í vocos são manipulados com a in -
-
velhos c ao separá Jo definitivamente de seu pai.
" Maio era o mis mais lindo cm
versã o de sua earga distintiva como no episódio em que uma
freira coloca as calças em Cyro dos Anjos de frente para tr á s:
Belo Horizonte e J á
em LHsn o ú nico cuidado era a hora da novena . Durante
“f ) Outra lembran ça infeliz: meu vexame. no dia
o dia . Lenirdes e Nonó { L ú cio } , ainda meninos, repetiam
a coroa çã o a que tinham assistido na véspera . Reuniam etn que Soeur Blanche me vestiu a calça com a braguilha
os amigos da vizinhança , teciam coroas dc boninas, ar para ( r ás. Voltando da casinha , que ficava ao fundo do
mando o altar cm cima da mesa de engomar , na varanda - quintal , escorreguei na lama . sujei a roupa : depois dc
dos fundos : Non õ fazia o padre, uma das meninas Nossa - -
lavá - la e enxugá la . a inexperiente mestra arrumara me
daquele jeito ( . ) Quanto n ã o sonhara em entrar
Senhora í ns que sobravam, as coroanlcs. Entoavam câ n - para o Grupo! Ali iria encontrar os bambas do fu-
ticos de louvor á virgem , desfolhando sobre ela flores do
tebol da vá rzea e do poçã o do Padre Chaves ; garotos fa -
jardim l á de casa. Brincavam de coroaçã o o mês inteiro,
mosos como Joaquim , filho dc Manuel Barbudo, o açou -
com o maior fervor ( . ) uma criança viva, ocupada sem
pre com brinquedos diferentes dos outros meninos. No
- gueiro, peritos no empinar araras que subiam,” ( 4 T ).
•m
barracã o pegado à casa c que servia dc deposito dc cou - Nã o sc trata dc invocar tend ê ncias naturais ou congé ni-
sas velhas , guardava recortes de jornais e revistas dos ar - tas n esses futuros escritores , sendo in ú meras as evid ê ncias que
tistas de cinema dc sua predileçã o ( ) Quaudo n ão es - comprovam o desejo de se verem identificados com os bam
bas’. os 'moleques', os ‘craques da pelada’, em suma com os
-
tava ocupado com cinema c o m ês de maio já se tinha
ido h á muito, brincava dc boneca com as meninos, escan - -
homens dc sua classe. Scnlindo se alijados das brincadeiras
dalizando papai que por isso hriguva com mam ãe ( )
através das quais os meninos dc sua cidade incorporam as ma -
neiras dc ser c dc aluar carackristica* "daqueles que sabem
lho, o caç ula, nã o a enganavam . Adivinhava nele um me
-
Mais sensí vel, S E U S pressentimentos com rela ção à quele fi soltar pipas ", est ão condenados as dan ças dc roda e a outras
nino diferente dos outros, alguma cousa que cia pr ó pria
- formas de entretenimento femininas. Por outro lado, eles pa -
recem propensos a se identificar com m padres , ú nico corpo
nã o sabia o que £ ) Non ó crescia rcalmente diferente: de especialistas cujo prest ígio se assentava na execuçã o de ta -
delicado, preferia as meninas e seus brinquedos à Compa - refas que assumiam dimensões m á gicas aos olhos dc crian ças
nhia dos garotos estouvados . Adorava cinema. Vivia de
bru çado sobre revistas dc cincniA. recortando e lendo tudo
- do interior , A condição de herdeiros de unia posi ção em falso
tanto no espa ço da classe dirigente como no interior de sua
que se relacionava com os artistas ( ) apesar dc inte- própria fam í lia , marcada pelas constantes mudanças dc em -
ligente e .sensí vel , n íio gostava da escola , onde cra con - prego do pai e reforçada pelas diversas variantes de nomadis -
mo familiar , estimula não apenas tima familiariza çã o ercscentc
siderado unt dos alunos mais apagados ( ) Se í a co- com as pi á ticas e os trabalhos das mulheres mas també m le -
noscu fazer alguma visita , n ão perdia nenhum detalhe da
casa e dos seus moradores ( ) Bem pequeno ainda , ma - -
va os a se aproximarem dos agentes c carreiras que se encon
tram mais impregnados pelos tra ços constitutivos do trabalho
-
mã e, notando sua inclina ção para o piano, pois ficava simbólico.
-
horas tentando repetir no piam » ( ) mandou o estudar
com D. Ceei li a ( ) Crescia sempre delicado, predileto ( 46) M . H. Caxdtisa , g p dl, pp. 272 / 274.
de Tidocc, mas papai n ã o compreendia aquele filho I ã o ( 47 ) Cyro do» Anjos, o p r i t , p. U

/ /0 m

l
A frequê ncia a escolas dc meninas ou dc freiras, os estig - nhecia , a fundo, a arte de tanger e dcstanger , picar e re -
mas f ísicos e sociais , o envolvimento com os padres e o fasc í
nio que ent ão exerciam as carreiras ligadas ao culto, tinham - .
picar correr ou dobrar sinos. Ignaro corcinha , cu nem
mesmo distinguia , pelo significado, os diferentes toques, a
como contrapartida nã o apenas a mortificação que provoca
vam os " insucessos nos brinquedos que dependiam de for ç o ou - nã o ser o dobre de finados ( ) A tal ponto crescera
a emula ção entre as diferentes escolas, e a tais requintes
destreza " ( 4 |, O trabalho de coroinha , por exemplo, permitia
A
chegaram das ( ) Sabia -se quando o insigne Braga re -
lidar com os ú nicos profissionais da produ ção simbólica que -
picava : não ero poss í vel confundl lo com Joaquim { )
eram ent ão acessí veis e participar de uma atividade socialmente que demorava muito nos graves ( ) -
Criara se uma cas -
prestigiosa e grntificante aos olhos desses deserdados da clas
se dominante. Responder prontamente à s deixas do celebrante, - ta entre os ortodoxos, e esta efetivamente se alicer
no mé rito , podendo -
abrir se ao filho do a ç ougueiro
çava
e, en -
ter o porte firme e ao mesmo tempo movimentar se em torno
-
do altar como se estivesse deslizando, envergar com dignidade i
-
tretanto, fechar se ao enteado do presidente da Câ mara
) Se se confiavam os sinos a poucos c raros, nlo cru
a sotaina e a sobrepeliz, manejar os objetos do cullof turí bulo. o turíbulo ohjeto dos mesmos cuidados. Reputava se de -
galhetas , patena , missal, cumpainha ) . desempenhar com brilho o
pupel dc fiel modelar na mira de toda a assist ê ncia , c sobretudo
- -
alta digmdnde o of ício de trazé lo e aliment á lo de brasas
e incenso; como a tarefa n âo pedia habilidade especial,
participai de um ritual cujas injunções impõem aos oficiantes imperava porem o pistol ão: para se alcan çar o posto de
o domfnio pr á tico de uma encenação marcada por valores es- turifer á rio, mais influ íam as recomendações a Seu Esdras
t é ticos, cis algumas das ocasiões em que o coroinha pode sc Sacristão que os bons serviços prestados à IgTcja nos .
iniciar e se exercitar nos segredos, nos interditos c nas engre-
nagens dc um desempenho cultural que não está muito longe
duros misteres relegados por Joana Comes n mã os sewt
lares. De qu ã o espinhosa era a carreira de coroinha fui
-
do trabalho intelectual. advertido, desde o primeiro dia , ao me negarem rude -
-
metrte unta batina, fa 2cndo ntc ver que eu pretendia co -
-
"Seu Nuno quis transformar me em ajudante dc mis
- meçar por onde os outros terminavam . Vesti desiludido
ta, c isto me atraiu, deixci me sugestionar, embora igno
*

rando que esforços a novidade exigiria dc mim ( ) As -- a descoiada opn que me estenderam , c nunca nta ís sonhei
com o prest ígio e a pompa das vestes talares. Meu tempo
stnt mc edifiquei , a principio moderadamente, depois ex
- -
de serviço encerrou se. pois, sem que eu houvesse galga -
-
cessivo c entusiasmado, Afeiçoei mc aos ttxjues dc sino . do sequer um degrau , ou, ainda como suplente, fosse con -
.
ao cheiro de incenso, decorei as frases do ritual e de casa vocado pnra ajudar à rnissa ( ) Para n ós , de enge-
para n loja, da loja para a casa, ao passar diante da igre
-
ja , tirava o chapé u, rezava um padre nosso e uma ave- - nho remisso, havia, entretanto, u esperan ça de poder
acompanhar o Sr. Bispo, quando periodicamente visitava
maria . Nesse tempo a minha grande ambição foi dedi - as fam í lias importantes da cidade. Ent ão, Seu Esdras nos
ca r - mc í nteiramente ao serviço dc Deus c entrar no semin á
- confiava unta batina, a titulo precá rio, a fim de nossa in-
rio. N ã o entrei, mas andei perto, Guardadas na mem ó - dument á ria n ã o destoar das demais. N ã o passavam de
ria as palavras exóticas, recebi o favor que. cm orações, meia d úzia os acompanhantes, c o encargo que recebiam,
i noite, ajoelhado no tijolo, pedi ao cé u : uma batina dc al ém das vantagens impalpá veis da Gló ria, proporcionava
casimira c um roquctc dc linho com renda larga." ( 4* . bens temporais, concretos e imediatos . Ora sc lambiscava

“Só aos discí pulos do emérito Joã o Braga, e no im - um calicezinho de moscatel ou dc porto ( ) ora sc ga -
pedimento do mestre, se permitia o manejo das cordas nhavam caramelos, frutas, docinhos ( ) Aos graduadas,
que pendiam dos badalos. Esses meninos, a quem minha - .
que recebiam batina e sobrepeliz, conferia se um privil égio
imper ícia votava uma admira çã o plena de humildade, co
- nus novenas de maio: sem disto suspeitar Seu Esdras
Sacrist ã o os colocava cm lugar estrat égico para os na -
IJ .. Ibid . p 9.
( 48 ) moros, conf íando- lhes a guarda do altar lateral onde sc
14 1 Gnciliano Ktunoi. op. dl . , pp , 183/4. realizavam as coroações, Ficavam , assim, os felizardos
^
U2 Í JS
perlo da* menina* mais taludas, a quem incumbia reforçar
o cantinho fraco do* anjos.”
o que se podia fazer (
to ao mais urgente : dissolver
-
) chegou se a um acordo quan
a casa tal como era : Fausto,
-
com a mulher e a filha , iria morar provisoriamente com
O trecho abaixo evidencia algumas das estrat égias a que
recorrem os " parentes pobres' para fazer valer seu capital de
.
o sogro na Tijucn : mam ã e, Lourdes e eu iiiamos nos jun-
tar H papai que, h á cerca de um m ês, fora para a casa
rela ções sociais e cujo traço comum consiste cm rentabilizar de minha irm á e que de lá escrevia sugerindo a providên -
ao m á ximo qualquer investimento bem sucedido. Agregar pa
rentes na casa das filhas casadas, atribuir o Anus material dos
- cia que, por fim , v í nhamos de adotar: Dauto c Nonõ fi -
cariam no Rio, com as despesas reduzidas a um m í nimo,
filhos que se casam à fam í lia dos sogros, e outros tantos ex
-
- amortizando as dividas acumuladas com o dinheiro re-
pedientes mediante os quais exptora se a rede de rclu çócs c sultante da economia . Mam ã e e cu n ã o ficamos satisfei -
que sã o por vezes designados no plano da linguagem pur uma tas com a decisã o tomada , Aquela ida cm massa , do ele -
sé rie de expressões que foram se desprendendo, ao longo do
tempo, das condições sociais que as suscitaram: "tapar bu -
mento feminino da fam í lia, para o interior , n ã o nos con -
vinha. N ão ficá vamos tranquila* quanto á nossa volto .
raco", "fazer das tripas cerração", "tapar o sol com a penei - Está vamos cansadas de andor de d é u cm dé u . ora aqui ora
.
ra " "quem nâ o tem cã o ca ça com gato", etc , ad á gios que
,
acol á, sem nunca podermos ter uma casa nossa , como
denotam o equilí brio precá rio da posição em falso cm que
essas fam í lias .se encontram , quase empenhadas cm repartir os
todo o mundo . Mal começá vamos a deitar ra í zes num lu -
encargos materiais, "'encostando' alguns de seus membros cm
1
gar . nova crise c ordem de levantar o acampamento t >
Pod í amos sair por uns tempos, enquanto a situa çã o me-
parentes abonados, restringindo a um mí nimo as despesas dos lhorasse, mas como garantiu , um de n ós permanecendo
que se vêem a bra ços com o sustento da famlltu na posiçã o de1 para vigiar as cousas como andariam e garantir a voltar a
relega ção para onde seus arrimos foram ‘despejados .
um lur finalmente est á vel ( ) 0 melhor mesmo era uniu
“Mam ã e e Lourdes foram para o interior de Minas, de nós n ã o arredar pé, enquanto n ã o visse garantida a
para a casa de Z í zina . Ficariam lá o tempo preciso para nossa volta e a continuação da casa . E foi o que deci-
que as finan ças da familia *c equilibrassem c pud éssemos .
dimos, depois de muito conversar Onde podiam dois, fi
cavam três, E mam ãe comunicou a Dauto o nosso ponto
-
abrir de novo a casa . com todos reunidos. Mais uma vez
o nosso lar fracassara. Papai linha voltado de Pirapora , dc vista : o melhor para a continua çã o da casa seria u .
mais velho, cansado c sem emprego, nada podia fazer para permanê ncia de uma das nutlhcrcs no Rio, ou do contr á -
ajudar e nem t í nhamos «mugem de exigir alguma coisa rio papai imporia a sua decisã o ( a de ficar definitiva -
dele . Fausto, já com unia filha pequena c a mulher , ti - iticnte cm Viçosa onde morava a outra irm ã casada ) . De -
nha deixado a clinica cm Divisa Nova para . n inst â ncia dela c pois de algum » relutâ ncia , acahou concordando, ficando
-
dos seus parentes. fixar se no Rio . Enquanto nuo tinhu uma assentado que cu ficaria . Três dias depois ele c Lourdes
coloca çã o que lhe permitisse esperar pela cl í nica particu
lar. morava conosco. A pensã o que nos dava , por é m , co
-- partiam para Viçosa , Fausto e familia mudavam - sc para
a Tijitca e eu e Non ò, depois dc vermos , n âo item melan -
bria apenas as suas despesas e da fam ília . A ú nica fotite .
colia sair o ú ltimo móvel de Fausto, começamos a faina
dc renda era Dauto, empregado do Lloyd Brasileiro c per - dc procurar uma casa menor , mais barata e que acomo -
cebendo um modesto ordenado. As cousas lam de mal dasse a nó* e o resto da familia, quando do regresso do
a pior . O dinheiro nã o era suficiente e, como dizia mamã e, ex ílio forçado.” < “>.
-
para se " tapar um buraco", abria se outro. Viv íamos ti
rando daqui para botar ali e a situação era cada vez mais
- Tanto os deslocamentos no espa ço da classe dirigente como
4

grave. Tristes, sem ver uma salda , chegamos a um ponto a familiariza ção com os instrumentos e as exigê ncias do traba -
em que o conselho dc familia se reuniu para dcl í bcTar sobre lho feminino, tendem objetivamcnle a rninar o* la ços afetivos

( 50 ) Cyro do» Anjos, np. cii „ pp. 94 ,' 97, (.51) M . H, Cardoso , . e/f.,
t/ p pp , 114 ,' 5 ,

I Í4 lis
que prendem os íuluros romancistas à sua classe c da qual vã o aos --
casos de Graciliuno Ramos e É rico Ver íssimo, tentaram
ji . .

por uns tempos tirar partido da reputaçã o familiar no comé r-


'
poucos se desgarrando. O afrouxamento desses laços decorre
da impossibilidade dc virem a ocupar qualquer posição ligada CIO. Por força das constantes mudan ças de residência
c cida -
à propriedade, ou então, dc reproduzirem as estratégias dc so
brevivê ncia material que seus pais tiveram ensejo dc acionar
- de , viam-se for ç
préstimos das
ados a
entidades
mudar de col
mantenedoras
égio
das
ou a depender
institui ções dc
dos
en -
num estágio pregresso quando ainda contavam com um ca - sino. Alguns deles interromperam os estudos antes mesmo de
pital de rela ções sociais relativamente intaclo. Seja qual for concluir o secundá rio, outros no inicio do curso superior. Seja
a variante em que se enquadra cada um dos casos, os futuros como for, a exclusã o do sistema de ensino teve consequ ê ncias
cronistas da falê ncia de sua própria classe sc encontram im
pedidos de reproduzir a posi ção social paterna a n ã o ser no
- no tocante à percepção das alternativas de carreira.

espa ço da reconstru ção literá ria. Esta experiência dramá tica O mesmo conceito que Graciliano tinha de seu professor

-— -
"
um homem sem "lugar definido na sociedade
de 'desclassificação' social assume, no correr da primeira in
f â ncia e ao longo da adolescê ncia, a forma de uma identifica
-
çã o com as mulheres. F ao invés de constiluir sc no lance
-
- —
prim á rio
poder se ía estender
escritores de prenunciarem
tos . n ã o
ao desnorteamento
seu
dispunham
paradeiro
de um
que
como
diploma
impedia
‘homens
superior
esses
fei-
que
derradeiro do declinio, o fato de se verem relegados ao uni - ' V á rios deles
os habilitasse a concorrer pelos postos pú blicos destinados a
verso feminino lhes permitiu utilizar sua trajet ória social como
mat é ria - prima de narrativas literá rias produzidas cm bases pro- acolher “ parentes pobres ” cm situa çã o id ê ntica ; outros conse -
guiram sc tornar bacharéis quando n ã o era mais possí vel abrir
fissionais.
m ã o dos investimentos que vinham fazendo enquanto livre ati
.
-
radores no campo da produçã o liter á ria e art ística Sc por uns
A utodidotos t profissionais do trabalho literário o do
tempos passam a atribuir a falta de pcrspcctivas à exclusã
“ Aos doze anos e meses de idade eu sabia que o sistema dc ensino, essa situa çã o lhes dar ú condições para se
pouco que aprendi valia bem pouco, se valesse alguma aventurarem em gêneros dc elevados riscos quanto às retri -
coisa . N ã o fui mais a escola nenhuma , desaprendia . Fal- buições materiais e simbólicas. À medida que passaram a
-
tava me est í mulo, faltava - me apoio. Alé hoje não sei depender cada vez mais dc suas atividades regulares nas pro -
por que fiquei sem estudar. Que razã o houve para eu fissões liberais, ou como assalariados da empresa privada , e
nã o voltar à escola ? Não sei , Talvez pren ú ncio miste - at é mesmo enquanto comerciantes, se mostravam menos sen -
rioso da minha m ã e, antevendo que a partir dos meus síveis às gratifica ções c subsídios concedidos por inst â ncias ex-
.
quinze anos por pobreza c outras desgraças, cu n ão po - ternas ao mundo intelectual com vistas a tutelar a problem á -
deria estudar tnais nunca, regularmcntc. À parte a hipó- tica das obras e direcionar as tomadas de posiçã o dos produ -
.
tese naquela época havia a considerar o fato de que meu tores.
pai era professor, tinha feito tudo para que os sobrinhos
estudassem." < ”> . A irm ã dc L úcio faz um balan ço exaustivo das Jeitu -
ras que ambos faziam , relembra o fasc í nio que exerciam
As quebras na continuidade da trajet ória escolar de mui - os novos gê neros e aponta os personagens com que sc
- identificavam; “ ( . ) lia toda uma enfiada de livros a
tos dos futuros romancistas decorriam dos apertos por que pas
sava o orçamento familiar. Enquanto alguns deles puderam sc .
mais disparatada possível: Capitain Pcirdailtan, Fausta
valer da ajuda financeira ou do apoio logístico de parentes e Vencida de Miguel Zevacco, O Piano de Clara, O Violino
amigos da fam í lia, os demais se defrontaram desde cedo com *
a necessidade de prover o próprio sustento, ou ent ã o, como Graciliano Ramos, op. cit ., pp. lJtO ,' 1 Hl : "Este nSn linha lugar
(53)
na
sociedade . Para hem dizer, nã o Unha lugar definido
definido na
citpÈdc humana : cra um tipo mesquinho , dc voz fina , modos amb í guo* .
( 52 )
Jardim, O Meu Pequeno Mundo ( AlgumÃU hetnhratx ças c jnuavl 01 dia » alisando n pixaim com uma escova de cabelo * du -
dr Mim MtuniO. Rio dc Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1976,
p . 137,
. - -
ro» ( . . ) mirando se num espelho, namorando », mordendo
da lí ngua
a ponta

/ 16 / 17
do Diabo, Anjos do Terra, de Percz Eserieh, Memórias Lilluml ampla mente diversificado. Sabiam falar lí ngua?
de um Médico, Visconde Bragelone, Vinte Anos Depois, enlmngiUNis, haviam incorporada as disposições culturais de
Conde de Monte Cristo, dc Alexandre Dumas, quase tudo ma 1 : 11ri 11 ius cm reUçãa ao consumo dc géneros art í stico eru -
de Jii 3 io Vwnc, todos os fascfcutq.s de Sherlock HolmCf, *
ditos i ópera , a m úsica clá ssica, Os grandes mestres da
*
Nick Cntcr c Ais ut Lupin e os primeiros romances de pintura , Entretanto, esse tipo de formação cultural havia
^
Paul Jí ourget . em grande moda, da BiMiathèqur de Ma deixado de constituir por ai só uma garantia para tt obtenção
l iltt. A Fií Hà do Diretor do Circo, que me pôs iriste por dr crupfegoí no mercado de trabalho intHecinal e jmisiico.
mUltos dias.* tudp mi st lira d o com Recordações da Casa à torn u conjunto dc determinações ligadas à sua origem de
dos Mortos, Le Crime de Sylvcstrr B armará , l .e Lys Rou - 1 liivte c A trajet ória de suas respeetivsis famílias , contavam com
gv , Crime e Castigo c muita coisa dc que não me lem - • trunfo decisiva de terem podido .se fiiiTiiliariítar com as nova
bro ( . . ) Gustavo, menino Feíoso « *
) se tomara parti BfttM de produção cultural de procedência nejrte- americana,
mim numa criança bonita < ) apenas porque possu í a A lei 1 ura das e.0 Árias cm quadrinho , dos roumnees po-
uma assinai ura dY) Tico-Tico, recebendo no Mm do íLDO . . *
lii i tis. dos romances dc capa c espada e. «n especial , a fre-
um iilmanuquc ( ronde cbck> d hist órias, cada qual matí
*
linda . Como seria feliz se pudesse ter aquele jornal zinho
.
IIII J L ao dnema. os discos, e os demais meios de comuri-
iii ç rn > que ent ã o passaram a veicular os princípio? dc estru -
.
com calma, folheando as páginas vagarosamente contem- tura ção do discurso liter á rio que viriam se substituir ans mu-
pla rido hem todos aqueles bichos coloridos , personagens ili- li '.. narrativos consagrados no século XIX na Europa , foram
1

meus queridos, como Z é Macaco, Faustinn, Chiq ninho. Ca - MI principais forres de refer ência na nova etapa cm que iu-
ihimhon na Pandegóiftndia i I Até enlfio só contada a grcuMva o processo dc " substitui ção de importações" no cam-
literatura francesa. Coube a Nonò, ainda adolcsccnTc, me po da produçã o cultural de unia formação social dependente ,
iniciar noutros mundos ( ) ampliei meus conhecimcn- Se píiu seus antecessores tnatolinnos. i - cultura metropolitana
tos na literatura russa ( ) Tolstõi. Tcheeov, Gogo!, Clil veiculada basicamcnle atrav é s "dos almanaques dos nia -
Tufjjucní ev . Fizemos mais uma aquisição : os grandes s de viver , dos relatos de viagem, dos romances de aven -
rumtndaias ingleses, sobre os quais não tinha a menor lu ris , das biografias edificantes, da hist ória em sua forma li -
idéia: Gals orthy . Tbontas Htrdy, George Elliot . MTí. Irrirfe ou é pica , da 'etnografia’ á Kipling " , ou ent ã o , peb re -
'

Gask-df. as *irmã s fí ronr


ê i ) Mutue c Jnscph Conrad ti aduçã o que os Faculdade dc Direito fariam da economia ,
(. . .) Liam urdes cm que, intoiramcnle livre e nlegre. dti filosofia e da sociologia cwopéias * os fuluu > s roinancis-
partia cm husea de romances policiais. Fui no recreio ta.s tiveram que adquirir a competência cultural que ent ã o re
que ( me falou um dia [ ) dnl mmuncci policiais exigia daqueles agentes que assumiriam oi trabalhos de adap-
.
em fasc í culos Stariock Holmes e Nick Carlur ( ), tação, no plano interno , cios gêneros que p imperialismo co-
meçava a divulgar atrav és de ve í culos eapn / es dc atingir pú -
Ao invés de serem colhidos pelai mecanismos usuais de blicos cada vez maís extensos cr sobretudo, dolad . is de meca -
coopt &ção através dos quais os parentes pobres' eram rema- nismos pr óprios de legitimaçã o qUc dispensavam u aval de
uejadus no interior do classe dirigente, alguns desses futuros Instancia — academias , cenãtulos c ijeinais cimiitês d:t cultuitt
romancistas passaram a se defrontar com uma situa ção pura- *
erudita — que haviam sido at é ent ã o as Concession á rias du
dosai quanto its possibilidades de fazer valer, no mercado de consagra çã o intelectual c art í stica na Europa.
trabalho intelectufiI, o capital cultural que haviam acumulado, As transcrições abaixo dâ o conta da ' américanitra ção"
Conquanto não pudessem negociar t í tulos escolares legí timos dos modelos culturais nós pafsK dependentes por força da (

que lhes facultassem o acesso fts posi ções de ref úgio no mer - posiç &O dominante que oa Estados Unidos passaram a ocupa 1
cado p ú blico de postos, dispunham por outro lado de um ca - no contexto do sistema capita lista . Tal processo implicou
transformações de peso tanto no que se refere aos gê crus dc

.
M H Ciidosu, np . Ht „ pp 66. 116, 20(2, (1Í| .
S. VliccH »,
(tj rff -, p. Hl

H8 119
importação recente que passaram a ser produzidos no plano e <la Pasquali ( . . ) vibrá vamos com os filmes históricos
.

mternO, Como no que diz respeito íts inova ções no plano da ( - ) tipo Quo Vadis, " í a M ,
narrativa e aos padr ões de relacionamento que a metr ó pole pas
sou a manter com os intelectuais da periferia .
- O empenho com que os modernistas fizeram avançar o
proOttdtO de "substituição de importa ções " no campo cultural
. ) lia també m os livros franceses que encontra - no privilegiar os princ í pios de produ çã o inlroduzidos peias cof -
va , principal mente os da Bonne Presse de Pari» e o Noé.
.
as I caurei pour tous, dc mistura com Nick Cá rter, Shet -
rentes da vanguarda européia, era em certo sentido uma ma
neí ra de darem continuidade à galumama de seus aiHeccssu
--
- .
loek Holrnes, Tico Tico os rodapés do jornal O São Pau
lo, José de Alencar . Percz Escrieh, os Irmã os Grimm,
- ies anatolianos .Os convites que institui ções norte-americanas
fii / em a intelectuais brasileiros no decorrer das décadas de 30
FeuiUcf . Alexandre Dumas, Condessa dc Ségur, Ohnet , c 40 apresentavam motiva ções distintas e obedeciam a um pa
dr ã o sofistkado dc cooptaç&o político-ideológica . Enquanto os
-
CÒnego Achmid , R égnicr ( ) Um dia li (Ju í ncas Borba
c fiquei tré mulo ( ) durante a faculdade ( ) eu intelectuais do modernismo, em vilegiatura na Europa , frequen -
tinha descoberto os russos e vivia unicamente entre os tavam »s c í rculos oficiais e diplomáticos, prova dos laços que
.
heróis dc Dostoicwiki de Puehkine. de Gorki, dc Gont - mantinham com a fração culta e europeizada da oligarquia
eharor, Tolsl ói, Leskow c tantos outros, e, ao mesmo tem - nativa , o aliciamento dos romancistas se realizou através das
po, comecei a sõ me vestir dc preto ou dc escuro . Sentia
me profundamente infeliz, e gostava muito de discutir so
-- universidade» e do próprio governo norte-americano. As no*
V.IS rela ções de depend ê ncia tiveram que encontrar f ó rmulas
bre os destinos Finais do homem , mas continuava certo iipuzes de atrair esses intelectuais quase profissionais e persua -
de que era pintor/ <*u >, 4
didos a participar das novas modalidades dc ‘intercâ mbio
cultural *. N ã o é dc estranhar, portanto, que sejam as universi -
-
" l . ii precisava ler , nio os compê ndios escolares, in
- dades e as agê ncias oficiais voltadas para a luta ideológica
sossos, mas aventuras, justiça , amor, vinganças, coisas at é que mais contribu íram para a “ ameticaniza çã o"
dos -
intelec
ent ã o desconhecidas. Em falia disso, agarrava me a jor
nais e almanaques, decifrava as efemé rides e anedotas das
- - tuais dependentes.
folhinhas t -
) Arranjava me feiilamente, procurando as
A situação profissional dos romaitiistas
definições de quase todas as palavras, como quem deci
fra uma l í ngua desconhecida . O trabalho era penoso, mas
-
Dentre as mudan ças que ir ã o afetar a defini ção social do
a hist ó ria me prendia , talvez por tratar de uma crian ça trabalho intelectual na conjuntura dos anos 30 c 40, a mais
abandonada. Sempre live inclina ção para as crianças importante delas rcfcre- sc diretamente ã possibilidade que en -
abandonadas No principio do romance longo achei ga
rotos perdidos numa floresta, ouvindo gritos de lobos." fat . |
- -
contraram alguns escritores de dedicar sc à produ çã o literá ria
enquanto sua principal atividade profissional. Dc fato havia .
“ Entre o
principio deste século e os primeiros anos apenas um grupo restrito dc escritores que puderam sc consa --
da I .* Grande Guerra , o cinema italiano c o francês ocu - grar em tempo integral à produ çã o de obras literá rias c art ís
— - -
do

pavam na Amé rica Latina e também no resto do mun
um lugar que lhes haveria de ser um dia arreba
tado peias companhias americanas (
-
) prefer í amos as
cial,i / ada num determinado gê nero

ticas , seja voltados predominnntemcnte para a produ çã o espe
como nos casos de É rico
Ver íssimo, Jorge Amado, José Lins do Rego, todos cies con -
-
pel ículas dc guerra e aventuras, seriados da Pathé, Gau
.
mont, como Ztgomar, Judex Rocambole , Fanfomcis ( . . )
detestá vamos os filmes de amor da Cines da Ambrosiu

( 56)
.
-

centrando o grosso de sua produção nas romances que lan ça


ram no mercado . seja repartindo seu tempo c seus investi
mentos em diversos gcueros
dosor
como nos casos de Lúcio Car
que estendeu seus interesses ao lealro e ao cinema , de
-
-
Carrvdlio Pctina, op . çit „ pji LVtl /LVTII.
( 57 ) Gruà liano Ramos, op. eír , pp 201 5 in ( ÍS ) .
Grico Ver íssimo, op rif ,. p !04 c «g,v

120 12!

1
!

QUADRO VJ
— A PRODUÇÃO DOS ROMANCISTAS
Ano Autor Obra
A íin Aulur Obra l 'itg José Lins do Rego Pedra Bonita
Graciliarm Ramos Vida s Secas
1 *52# losí Amé rico de Almeida A Bagaceira (eslréia ) É rico Ver íssimo Olhai os Llrlos do Campo
Marque* Rebelo A Estrela Sobe
í d.llt Rachel de Queiroz O Qumze (cstrtja ) Lúcio Cardoso M ã os Vazias
PUl | Jorge Amado
Mnrque* Rebelo
Pais de Carnaval (cstréia )
Oicarirvà (estréia}
IW -
Rachel de Oih iliffi
José Lins do Rego
As Tf ès Marias
Riacho Doec
L úcio Cardoso llisrbrias dí» Lagoa Cirande
lfD2 Rachel de Queiroz Jo&o Miguel Corné tin Penna Dois Romances dc Nico Horta
José Lins do Rego Menino dc Engenho (esrréia ) Ociaviu de Faria Os Caminhos da Vida
É rico Ver í ssimo Fantoches ( rstiéial
iW Í ) ' 1

Graciliano Ramos Cnetfcs (cstríia ) I 'M 1 José Lim do Rego Aguft - Mâ e ( ( 4| )


José Geraldo Vieira A Mulher que Fugiu dc .Ssidoma Fogo Morto ( 4.1 )
( estreia ) Jorge Amasio Terras do Sem - Fim ( 42 )
Jorge Amado Cacau SJo Jorge dc Ilhéus (44)
É rico Ver íssimo CI*ri*Mt firlco Ver í ssimo Sagu (40 )
Marques Rebelo Três Caminhos As M ã os de Meu Filho ( 42)
José Lins do Rego Dqidinho n Resto é Silencio ( 411
L ú cio Cardoso O Desconhecido (40)
Idl4 L úcio Cardoso Maleita ( eslréia ) Dias Perdidos ( 43)
Graciliano Rumos Sã o Bernardo Oetavio de Faria O Lodo das Ruas (42 )
José Lins do Rego Ranguí O Anjo de Pcdrn (44 )
Jorge Amado Suor Marques Rebelo Stela me Abriu a Porta (42 )
José Geraldo Vieira A Quadragé sima Porta ( 41)
1« J Cornélio Penna Fronteira (estréia) Cyro tios An|o» Abdias ( 4 S)
José Amé rico de Almeida O Boqueir ã o
Coitcirot
É rico Ver í ssimo M úsica ao Longe Conxí lio Penna -que chegrm íI firmar -se como pintor e ilusira -
Caminhos Cruzados dor anttrs dtr voltar -se excPusivamen í e para a ficção, de Luí s
José Uru du Rego O Moleque Ricardo
Jorge Amado Jubiubã Inrdim. que manteve « uns atividades dc ilustrador c capirin
Marques Rebulo Marafa paralclnmente á sua produção literá ria Um segundo grupo,
.

L úcio Cardoso Salgueiro onde sc incluíam entre outros Orlgenes Lessa , Graciiiano Ra -
IW 6 José Lins do Rego Urina mos Çyro dos Anjos. Rachel de Qucimg , José Geraldo Vieira,
,

Gracilianu Ramo* Ang ústia Minnl é ni a atividade liter ária , pelo menos durante um per íodo
Jorge Amado Mar Mono ma is ou meros prolongado, como pr á tica subsidiá ria , sendo
Érico Ver íssimo
José Geraldo Vieira
Um Lugar no Sol que a parecia substantiva de seus rendimentos prnvém de ativi -
TerritArio Humano dades profissionais externas ao campo intelectual c art ístico.
Lúcio Cardoso A Luz no Subsolo
I sl ílo reunidos nesse segundo grupo canto aqueles escr í isares
1 *» 37 Cyro Joa Anjos
Oetavio dc Faria
O Amanuense Relmiru (estréia ) que liveram condições para prosseguir sua carreira mleteclual
Mundos Mortos (cMféía 'f icção) It .s custas dos mecanismos clá ssicos dc cooptatfo c, portanto /
Hachcl dc Queiroz Caminho de Pedras
Grigcnes Lessa
Jooé Lins do Kcgo
O Feijão c O Sonho ( eslrtia ro
mance) - graças aos postos pú blicos com que foram brindados ( Gracilia -
rio Ramos, José Lins do Rego e Cyro dos Anjos) como os que
Pureza derivavam suas condiçí3es de exist ê ncia do exercício dc ocupa -
Jorge Amado Capitães de Areia i
spV-x ( ag ê ncias dc publicidade, etc. ) vinculadas marginal mente
122 123
h sua competê ncia cultural { Ordenes Lessa, José Geraldo
Viei -
.
ra . ele.) *<"> Entre 1922, pique de seu desnorteamento, c 1930, quando
retorna definitivamente a Porto Alegre e ingressa na Editora
Com vistas a ilustrar as condi ções sociais que permitiram .
Globo Érico enfrentou todos os percalços a que se vi exposto
a alguns escritores se lornarem romancistas profissionais,
ta apresentar a biografia de É rico Veríssimo cujas bas
disposições
- u m intelectual autodidata dilacerado entre a ambi çã o de dedi
-
car se à s prá ticas simbólicas e a impossibilidade objetiva de
-
favorá veis ao trabalho intelectual coincidiram com as demandas ser colhido numa posição do mercado de postos capaz de lhe
em expansã o da editora nisis importante fora do eixo propiciar as condições necessá rias para encetar unia carreira
Paulo (Editora Globo) . Descendente de fam ílias de Rio -Sâ o intelectual segundo os padrões dominantes na época .
grandes
propriet á rios rurais falidos e filho de um farmac
ê utico cujos
conhecimentos prá ticos cm medicina levaram no a improvisar
- “Subia até ao ilustre territ ó rio de Mansucto Bernardi .
onde ficava folheando livros franceses ( ) Com o rabo
.
uma espécie de hospital nu interior ga úcho Érico tentou por
uns tempos tirar partido da reputação paterna adquirindo dos olhos observava o ambiente, na esperança de que se
uma encontrassem a li alguns dos escritores ga úchos de renome
farm ácia mas nào teve êxito nessa atividade ,
que eu costumava ler cm livros ou nas pá ginas do Correio
"Onde estava eu no ú ltimo m ês do ano de
1922 Em
Cruz Alta, de volta de Porto Alegre, onde cursava ?o Co
do Povo e do Diúrio de Noticias. O sujeito magro, sarden -
l égio Cruzeiro do Sul como interno. Exatament no
e dia
- to, anguloso, levemente encurvado, a pele transparente
< ) ah! esse só podia ser Augusto Mcyer ( ) por quem
em que cheguei á casa de meus sonhos, das minhas cu tinha uma ilimitada admira ção ( ) Em Porto Alegre
sias c da minha saudade, meu pai c minha m ã e se separa
fanta - bati cm muitas portas ern busca dum emprego, mas sem
ram . Cai num estado de profunda depressã o, decidi aban - nenhum resultado positivo. Em desespero de causa re -
donar o curso ginasial inacabado e começar logo a traba - signei- me à id é ia de ser empregado p ú blico e, como me
lhar . E naquele resto de dezembro cu me preparei maso - tivessem informado de que havia uma vaga na Secretaria
quisticamente para um Natal triste ( - do Interior, para lá me atirei. Kui levado à presen ça de
) Aceitei
prego, com um salá rio í nfimo, no armazém dumaumfirma em - Moysét Vellinho (que naquele tempo fazia critica liter á ria )
que fornecia gê neros aliment ícios para a guarniçã o
da cidade (
federal ( . ) O chefe do gabinete de Oswaldo Aranha rcccbeu -
) Tinha eu a impressã o de que lodos os me com grande cordialidade, c me declarou que havia lido
meus sonhos e projetos se haviam desfeito em poeira ( ) com agrado vá rios contos meus ( ) Para encurtar o
O meu consolo eram os livros c as minhas pr ó prias fanta
sias ( ) Do armazém passei para uma casa bancá ria , - .
caso nào havia vaga na Secretaria ( -
) Aproximava se
o fim do ano, o dinheiro que eu trouxera comigo minguava
onde me entregaram um livrã o de controle geral ( ) e eu continuava desempregado. Lima tarde, porém, à poria
da Livraria do Globo, encontrei Mansuclo Bernardi. ent ã o
Fui mais tarde promovido a chefe da Carteira de Descon
tos ( . . ) De banc á rio passei a boticá rio, sem menor voca -
- diretor da Revista do dobo c que, como os jornais já
çã o para o comércio e saber sequer dosar papeis de calo
mclanos ( - -
haviam noticiado, preparava se para ir dirigir a Casa da
) Nos quatro anos c pico cm que durou a Moeda , no Rio de Janeiro, a convite de seu amigo Gct ú lio
minha aventura farmacêutica, lá de vez em quando eu
reunia uns cobres, tomava o trem c ia passar uns dias C K I
Vargas” mi .
Porto Alegre ( ) Em 1930, a farmácia foi à banca r
rota ( ) Estava falido, sem vint é m no bolso, sem pro
fissáo certa . , e noivo { .
)” ( iwt
-
-
de excel ê ncia intelectual no plano local

Ante a inviabilidade de repetir os passos de seus modelos
tanto Mansueto como
Augusto Mcyer se deslocaram para o Rio de Janeiro convoca ,
dos a ocuparem postos elevados nos aparelhos do Estado —-
Érico arranja um emprego na Revista do Globo passando a
( 59 ) A «s peito da trajetóriâ ocupacitwAl
mnnctiias , consuubar a quadro que acompanha este intelectual dos ro
t
capitulo
- ganhar 600 mil réis.-
(40) Érico Veríssimo. Um certo . , pp
* .
11 15 c 19 .
(61 ) td , í Wrf „ PP . 19 W
D / .

124
ns
" Na
realidade, nunca havia entrado nuiita tipografia . Inéditos, sugest ões paiu aquisição de obras , montagem de novas
N ão conhecia nem de vista um linotipo, N ão linha idéia coleções na área ficcional , contatos com autores e tradutores c
de como sc fazia um cliché ou se armava uma pá gina ( , . ) assim pof diante.
Em cima de minha mesa achavam se os meus melhores - Em 1932, consegue editar seu primeiro romance , Fantoches,
colaboradores; a tesoura c o vidro de goma ará bica. Não
havia verba para pagar colaborações. Eu tinha de encher
a revista praticamcnte sozinho, pirateando publicações
- numa tiragem dc 2.500 exemplares e, em seguida , publica Clarissa
numa coleção de bolso bastante eclé tica do ponto de vista da
legitimidade drvs autores selecionados, com tiragem dc 7,000
alheias, dc prefer ência estrangeiras Um gerente pr á tico
, exemplares; conclui no mesmo ano a traduçã o de Contraponto
iTie havia prevenido contra o perigo de publicar muita ‘lite
-
ratura . pois o importante era fazer uma revista popular ,
- dc Huxlcy que ele mesmo havia sugerido c que seria um êxito
comercial surpreendente.
com muitas figuras —
retratos dos assinantes, o galante
menino tal, a bela senhorita fuiana , rainha do Clube Re - “ Levei oito duros meses para traduzir o Cotritaponlo,
que foi publicado em 1935, no mesmo ano cru que apare -
creio de Mu ç um, ecos do carnaval de Cacimhinhas ou S ã o
ceu o meu Caminhos Cruzados ( . . ) Por mais rid ículo e
Scpé . Publicá vamos lambem sonetos da autoria dc coro
n éis reformados ou coletores aposentados que acontecia
- absurdo que pareça , a critica qtie se fez em torno do meu
serem bons fregueses da Casa ( ) era meu h á bito mandar romance de certo modo chamou aten çã o do p ú blico bra -
fazer cliché de alguns dos belos desenhos que ilustravam -
sileiro sobre a obra de Huxlcy . Dizia sc que eu havia
'imitado' o romancista inglês na minha nova obra. princi -
os contos das revistas americanas, Quando me vinham as
provas desses clichés cu , invertendo o processo habitua! palmente no que dizia respeito à constru ção t à intençã o
em todas as revistas do mundo ( ) , inventava c escrevia fiimuJtanc ísta. ( Esses cr í ticos ignoravam ou esqueciam a
à s pressas conto que se adaptassem à quelas ilustra ções c exist ê ncia do Manhattan Transjer, de John dos Passos, que
firmava - as com *um pseudõnimo estrangeiro, Gilhcrt Sor - eu lera em Cruz Alta, ainda na botica , c do Mordeiros
row apareceu como autor da est ória ( pasticho de Remar - Falsos, dc André Gide, que me chegara à s m ã os, já em
que ) intitulada Lama das Trincheiras, Mais tarde um tal Porto Alegre, numa brochura de bolso. ) ( ) A Coleção
Definis Kent escreveria O Navio das Sombras, t quantas Nobel foi també m id éia dc Bertaso: uma sé rie que inclu ísse
vezes , para ' tapar buracos’ nas pá ginas da Revista , fui não apenas autores que haviam ganho o famoso pr é mio
poeta á rabe , chin ês , persa c hindu ? ( mas’ também outros autores de valor literá rio, Organizei
) uma espécie de
factotum LitcTá rio. Se uma equipe an ónima organiza um uma lista dc escritores que poderiam fazer parte dessa ilus
tre companhia " "lv.
-
livro ou escreve um ensaio c precisamos dc um nome para
aparecer como autor dessas tarefas , convocamos Gilberto J á em 1935 recebe o pr é mio anual de romance concedido
Miranda que, assim tem sido, alé m de tradutor especialista ,
pela Fuiida çã o Gra ça Aranha a Caminhos Cmzadoí, cscrcve
cm critica liter á ria , modns femininas c masculinas, traba - A Vida de í oana D Arc c publica Miísica ao Longe, novela
lhos manuais, pol í tica internacional Hist ó ria Natural . Psi
. - cm que reaparece a personagem Clarissa , c com n qual concorre
cologia etc, M
No ano seguinte, inicia sua colabora ção na pá gina liter á ria
ao Pr é mio dc Romance Machado dc Assis institu ído pela Com
panhia Editora Nacional . Entre 1936 e 1940, ano dc sua pri
-
-
dominical do Diário de Noticias e do Correio do Povo, al é m meira viagem aos Estados Unidos convidado pelo Departamento
de traduzir livros do inglês, tudo isso para suplementar os ga
nhos com a Revista . Dividia seu tempo entre suas m ú ltiplas
- dc F.stado, cscrcvç e publica outros cinco livros ; tr ês romances
( Um l ,ugtir ao Sol , Olhai os l í rios do Campo, Saga ) , uma obiqj
atividades na Revista c na Editora, e os trabalhos que fazia
cm casa como tradutor e autor . Na editora e na revista , ele
dc literatura infantil ( As Aventuras de Tibicuera ) c uma fan
tasia sobre os monstros antediluvianos ( Viagem à Aurora do
-
se incumbe dc todo tipo de tarefa , incluindo leitura de originais Mundo ) , A essa altura firma sua posiçã o enquanto escritor

( 62 ) .
/ 14 , Ibid , rr 21 , 14 25 , 57 5» , (63) lít . , PP 41 /43.

! 2f> J 27

t
profissional com o êxito estrondoso
dc Olhai os Lí rios do Campo
cuja primeira edição de 1000 exemplar
semanas, succdendo-sc no mesmo ano es se esgota em poucas
a segunda e a terceira
edições.
Sem sombra de dúvida, sua carreira
integraImente com o surto havido no intelectual coincide
com que a diversidade dc suas obras mercado do livro, (azendo
retrate fielmentc as demandas que lhe nesse primeiro período
rigor , torna-se praticamente impossí fazia a Editora Globo. A
vel estabelecer um relato CAPITULO 111
dc sua trajetória propriamente intelectu
em que investiu, as problemáticas queal, vale dizer , os gêneros
ficcional, os padrões narrativos que adotou converteu em matéria OS INTELECTUAIS E O ESTADO
encomendas c solicitações que se via obrigado -
, sem referi la hs

a atender : a
“cozinha" da Revista , os encargos
"
O emprego do Lstado concede com que viver , de
títulos novos a serem comprados,
como 'olheiro' dc autores e ordiná rio sem folga , e essa é condição ideal para bom
traduzid
mais tarefas que lhe cabiam enquanto os c editados , e de - número de espí ritos: certa mediania que elimina os cuida -
Para desempenhar a contento os encargos conselheiro editorial. dos imediatos, porém não abre perspectivas de ócio absolu -
cultural com que os próprios editores estavam cmde assessoria to. O indiv íduo tem apenas a calma necessá ria para refletir
dida autonomizando as funções estritamente ampla me -
intelectu ais numa na mediocridade de uma vida que n ã o conhece a fome
organização que nada mais tinha
a
uma editora provinciana, era suficiente
ver com as dimensões de -
nem o fausto ( ) Cortem sc os ví veres ao mesmo tem
peramento , e as questões de subsistência imediata , sobre -
-
procedimentos de fabricação então cm conhecer c manejar os levando a quaisquer outras , iguatmente lhe extinguirão o
voga nos
ricanizados" com que c!e havia se familiarizadogêneros ame-
''
. N ã sopro mágico < ) o escritor-homem comum, despido de
por oulro lado, a exist ência da Globo a o fosse, qualquer romantismo, sujeito a dist ú rbios abdominais , no
n í vel regional e. sobre -
tudo. as possibilidades de levar a cabo um projeto
escala nacional era concorrência com as principais editorial em
geral preso â vida civil pelos laços do matrimónio caute
, -
loso, t í mido, delicado A Organização burocrá tica situa -o.
Rio c São Paulo, é quase certo que Érico nào editoras do
,

oportunidade de atualizar sua capacidade produtiva leria lido a -


protege-o, melancoliza o e inspira -o , Observc-sc que quase
ioda a literatura brasileira , no passado como no presente,
medida, tornando-se, na hipótese mais otimista , um na mesma é uma literatura dc funcionários públicos. Nossa figura
vinciano. letrado pro - máxima, aquela que podemos mostrar ao mundo ( ) foi
um diretor- geral de contabilidade do Ministé rio da Viação,
Machado de Assis ( ) Raul Pompé ia . diretor de esia -
tistica do Diário Oficial e da Biblioteca Nacional ; Olavo
Bilac, inspetor escolar no Rio; Alberto de Oliveira , diretor
de instrução no Estado do Rio, como também o foram
José Veríssimo c Franklin Távora. rcspcctivamente no Pará
e em Pernambuco: Alufzio Azevedo, oficial - maior no Esta -
do do Rio c cônsul ; Araújo Porto- Alegre, cônsul; Mário
dc Alencar, diretor de biblioteca na Câ mara : M ário Pe -*
derneiras , taquí grafo no Senado; Gonzaga Duque, oficial
da Fazenda na Prefeitura do Rio ; B . Lopes, empregado
nos Correios , como Hermes Fontes; Ronald dc Carvalho,
praticante de secretaria e depois oficial no Itamarati ; Coe-
lho Neto, diretor de Justiça no Estado do Rio; Humberto
m 129
dc Campos, inspetor Federal de ensino; Joã o Ribeiro e lisias c das campanhas de mobiliza ção da mocidade acad é mica ,
Cupisirano dc Abreu, oficiais da Biblioteca Nacional ; Gul - nos primeiros sintomas de desagregado do pado olig á rquico.
marfles Passos, arquivista da mordomia da Casa Imperial: Nessa mesma época, a expansã o th imprensa t de outros veí -
Augusto de Lima, diretor do Arquivo P ú blico de Minas; culos. para a produto cultural ( revistas ilustradas , de humor ,
.
Araripe Jr . oficial do Minist é rio do Impé rio; Emilio dc cif . > propiciou o surgimento dos primeiros intelectuais profis
sionais. os anatolianos. que n ã o chegaram 3 tal posiçã o apenas
-
Menezes, funcioná rio do recenseamento ; Raymundo Cor
rei:!, diretor dc Finan ças do governo mineiro, em Ouro
- n t í tulo individual . como costumava ocorrer com aquelas poucas
Preto; Luis Carlos e Pereira da Silva, da Central do Brasil ; figuras de porte da gerar ã o dc 70 < Machado de Assis José de.
Riuniz GAJV íIO e Constflncio Alves. respcclivamentc diretor Alencar c Bernardo Guimarã es ) que n â n encontravam dificul -
e diretor de seçã o du Biblioteca Nacional ; José de Alencar , dades em comercializar suas obras .
diretor e consultor ' da Secretaria da Justiça ; Farias Brito ,
Se os anatolianos eram pol í grafos que se esfor çavam poT
secret á rio de governo no Ccnrii : I ú cio de Mendon ç a , de - satisfazer n todo tipo de demandas que lhes fuziflm a grande
legado dc instru çã o pú blica cm Campanha ; Manuel Anto - imprensa as revistas mundanas, os dirigentes e mandat á rios
,

nio de Almeida , administrador da Tipografia Nacional c pol í tico* da oligarquia , sob u forma de criticas, rodapés, cr ó -
oficial da Secretaria du Fazcmla ; Lima Barreto, oficial da nicas, discursos, elogios , artigos dc fundo , editoriais, etc , , os
Secreraria da Guerra { ) ; Joã o Alphonsus, funcion á rio intelectuais recrutados pelo regime Vargas assumiram as diver -
dn Secretaria das Finanças cm Minas; o grande Gonçalves sas tarefas polí ticas c ideológicas determinadas pela crescente
Dias, oficial da Secretaria de Estrangeiros Mas seriam interven ção do Estado nos rnais diferentes dominios de ativi -
pá ginas e pá ginas de nomes, atestando o que as letras -^ .
dade, Durante o per í odo "populista " ( lWS 1 64 } verifica se
uma amplia ção das carreiras reservadas aos intelectuais ao
-
devem ã burocracia , e como esta se engrandece com as
letras ( ) H á que contar com elas , paru que prossiga mesmo tempo que se intensifica o recrutamento de novas cate -
entre n ós certa tradiçã o med ítativa e iró nica , certo jeito gorias de espceialislus ( economistas, sociólogos, t écnicos cm
entre desencantado c piedoso dc ver, interpretar e contar planejamento e administraçã o, etc ) , muitos dos quais se alça -
os homens í -
) o que talvez só um escritor funcion á rio, 1 , 1111 a o -
* postos chaves da administra çã o central
de onde foram
-
ou um funcion á rio escritor, seja capaz de oferecer - nos, ele
que constr ói , sob a proteçã o da Ordem Burocr á tica , o seu
sendo exclu ídos outros grupos de
que resistiram à implanta çã o das
intelectuais
diretrizes e
e especialistas
programas adota -
edif ício de nuvens, conto uni louco manso e subvencio - do* pela nova coalizã o dominante nos ú ltimos quinze anos em
nado". que qs militares se apoderaram do controle do Estado.
Durante o regime Vargas, as propor çóes consider á veis a
* tJrurnmimd di- Andrndc, Passeios na ttha ,
(Cario
PP 65* 9 ) -
que chegou a coopta çã o dos intelectuais facultou lhes o acesso
aos postos e carreiras burocrá ticos em pratica mente todas as
A despeito da amplia çã o constante do n ú mero de postos á reas do serviço público ( educaçã o, cultura , justiça, serviços
e cargo* destinados ao* intelectuais nos escalões superiores do .
de segurança , etc.) Mas no que diz respeito á s rela ções entre
serviço p ú blico, nàn conviria descarnar o sentido particular da os intelectuais c o Estado, o regime Vargas sc diferencia sobre -
contribui ção dos intelectuais ao trabalho dc domina çã o desde tudo porque define e constitui o dom í nio da cultura como um
" negócio oficial ", implicando um orçamento pr ó prio, a cria çã o
fins do impé rio at é hoje. As tarefas pol í tica que suscitaram
o engajamento da geração de 1870
— *
mor mente , a quest ã o de uma "í ntdligenizia " e a interven ção em todos os setores

com a instaura çã o da Repú blica



dos escravos c o encaminhamento do processo que culminou
vieram suprir demandas
rad íealmentc distintas daquelas que seus remanescentes ( dentre
os quais sc inclu í am alguns dos intelectuais mais consagrados
du Primeira Rep ú blica, como por exemplo Rui Barbosa c Olavo
de produ ção, difusã o c conserva ção do trabalho intelectual e
artístico.
O aumento considerá vel do n ú mero de intelectuais convo-
cados para o serviço pú blico provocou um processo dc huro
cratiza çã o e de "racionaliza ção" das carreiras que pouco tem
-
^

ti ver com a concess ã o de postos e prebendas com que os chefes


BiEac ) se empenharam em atender, através das ligas nacíons -
UI
no
polí ticos uhgarqukí ts costumavam brindar seus escribas e favo- i constituição de um mercado centra! de postos públicos
.
ritos Embora sejíi inegá vel que o recrutamento dos intelectuais
ao longo do perí odo Vargas continuou como antes a depender > .
Entre 1S 30 < 194.5 o processo de centralização autorit ária,
amplamente do capital dc relações suciais dos postulantes aos hem como a redefinição dos canais de acesso c influência para
.
cargos, vale di/ cr caudat á rio dc “pistolões' cuja rentabilidade
1

poderia sobrepujar aqueta proporcionada pelos titulo escolares


expressão dos interesses económicos regionais junto ao poder
central, esteve ancorado na constituiçã o de um aparato buro -
ou pelas aptid ões profissionais, cumpre admitir qnc o novo
* cr á tico que prestou umti contribuição pr ópria 30 sistema ent ão
est ágio da divisã o do trabalho administrativo acabou impondo vigente de poder , Esse trabalho de “construção institucional"
mudanças dc peso nas relações eritre os intelectuais e a classe determinou a abertura dc minist é rios — Educação e Sa ú de
dominante. Enquanto os a natolia nos contavam com as pre - Pú blica ( 1930 ) , Trabalho. Industria c Comércio ( 1930) , Aero -
bendas que os dirigentes oligárquicos lhes ofertavam como paga n á utica ( 1941 ) —, dc uma série dc organismos dirctamcnle
por serviç os prestados, os intelectuais do regime Vargas esta
vam muito maií vinculados aos figurões da elite burocrática
- vinculados à Presid ência d« República
.
—Departamento Admi
nistrativo do Serviço Público ( 1938 ) Departamento de [ mprcn
-
-
do que aos dirigentes partidários ou á s facções polí ticas de seus sn c Propftgnnda ( 1939 ) , Conselho Federal do Comércio Exte -
respectivos Estados. Os analoliano participavam direta e ativa
* - .
rior ( 1934 ) Conselho dc Imigração c Colonizaçã o ( 1938) ,
mente das campanhas eleitorais dc seus mandachuvas ou de Conselho Nacional de Petr óleo ( 1938), Conselho Nacional dc
candidatos por cies indicados, ao passo que os intelectuais do Aguas c Energia ( 1939 ) . Conselho dc Segurança Nacional, clc .
regirnç Vargas se empenhavam sobretudo em ampliar, refor çar c de uma rede dc autarquias, conselhos, departamentos c co -
e gerir as 'panelas' buroera ucas de que faziam parte e só sc missões especiais.
sentiam credores de lealdade em relação ao poder central. A expansã o colossal da máquina burocr á tica ocorreu tanto
Desta maneira, os intelectuais contribuí ram decisiva mente para ao n í vel da adminitração direta como na esfera estrat é gica dc
( ornar a dite burocr á tica uma for ç a social c polí tica que dispu- -
novos espa ç os de negociaçã o entre o eslado maior executivo c
nha de uma autonomia relativa tanto em relação aos interesses
econ ómicos regionais como em rela ção aos dirigentes polí ticos
os diversos setores económicos —Institutos do Caf é, do A çúcar
c do Á lcool, do Mnle, do Pinho, do Sttl, Conselho dc Plane -
estaduais. jamento Económico, etc .—
, entre o governo central e outros
Os anatolianos ertini polí grafos porque deviam satisfazer grupos de interesse , Tais espaços dispunham via dc regra dc
às mais diversas demandas da imprensa e dos polí ticos que os atribuições fundamcntalmcnlc consultivas c operavam como
protegiam, mas também porque o grau incipiente dc diferen- frentes dc legitimação para a crescente inger ência do Estado
ciação do mercado cultural fazia com que somente a imprensa cm domí nios da realidade alé cnião sob n tutela dc outra*
pudesse garantir a difusão daqueles gêneros liter ários de baixa frações da classe dominante, O circuito dc aparelheis sobre que
se alicerçou tal processo veio propiciar as condições necessá rias
rentabilidade quando veiculados autonomamente. Embora hou - it cristalização dc lima nova categoria social, o pessoal buro -
*.
vesse inúmeros polí grafos entre os intelectuais do regime Vargas,
-
pode sc observar que os intelectuais que se incumbiam de tare
fas estritamente administrativas preferiram confinar suas pre-
- crá tico civil c militar 1)

tensões intelectuais a um determinado gênero, nu ent ão, repar -


Condições materiais e institucionais dos funcionários pú blicos
tiam seus investimentos entre obras Literárias c texto de cele- O ingresso no serviço público permitiu aos herdeiros doa
bração polí tica. Seja como for, um nú mero consider * á vel de ramos empobrecidos dn ciasse dirigente resgatar o declí nio
intelectuais teve condições materiais c institucionais para con
ciliar seus encargos no serviço público com seus projetos inte-
- .
( Jj Ver o irabBlho dc Mirio Wagner Vieira da Cunha 0 Sifie-

lectuais, mera que se revelou tanto , mais vi ável lt medida que


ttut -
Admtnálrativ0 Briuitelro (1910 1950), Rio dc Janeiro, Ministério dn
.
Educação e Cultura, l%3 em especial o capitulo IV dedicado & buro -
o pr óprio Estudo foi sc tornando uma instância decisiva de cracia civil c militar entre 1920 e 1040, pp 111/145. C onforme indica
difusão e consagração de obras produzidas em tais circuns- o autor, cm lodos o estados brasileiros houve nesse período um aumen
* -
to absoluto do número dc funcwfljtrio civis c militares, umpre maior
t âncias. do que o crescimento da populaçã o. *

Í 32 133
social 4 que sc viam condenados assumindo diferentes tarefas funcioná rios pú blicos civis da Uniã o, matenu até ent ã o regulada
na divisão do trabalho dc domina çã o. O funcionalismo p ú blico |Hir um decreto de 18«0.
federal, civil e militar , recebeu um tratamento privilegiado que
consistiu, basicamente, num conjunto articulado dc direitos e A definição de contribuinte inclui tanto os funcion á --
prerrogativas esl atu ídas cm leis especiais que envolviam os prin - rios ativos como os aposenttidos, adidos ou ern disponi
cipais aspectos relativos à reprodu ção das condições materiais bilidade . A contribuição corresponde a um dia dc ordenao -
c do xratus de pralicamenle todos os escalões do pessoal buro - .
do do cargo efetivo do funcioná rio mas para tais fina,
-
crá tico de carreira < 3 f , Tornando se o alvo de benef ícios signi - ordenado corresponde apenas a 2/3 dos vencimentos Nos .
doze primeiros meses estar ã o obrigados a conconer com
ficativos. o funcionalismo publico acabou convcrtendo sc numa
das bases sociais decisivas paru a sustentação pol í tica do regime,
- ,

mais um dia em cada més a t í tulo dc jõia. No caso de


Apenas a titulo de ilustra çã o, bastaria examinar o decreto 22 , 414 , haver aumento dc ordenado cm fun ção da eleva çã o de
.
de janeiro dc llJ33 ( n que regula n concessã o dc montepio aos
| vencimentos ou ent conseq úí ncia de promoçã o ou nomea -
ção para cargos mais altos , cada funcioná rio ficará obrigado
ao papamcnlo da diferen ça dc jõia correspondente ao
--
( 2 J O» ministé rio pol í tico» ( Justi ça Neg ócio» Interiores. Edu

--
cação c Sa ú de P ú blica*, Trabalho. Indústria c Comércio, Relações Ex
teriores ) detinham 1V A dos funcioná rio* civi*, sendo que a maior par -
' aumento, embora tal reajuste não incida sobre n contri
cela taproximsdsmentc 11 > nesse grupo eslava sediada no Minist é rio bui ção, Aqueles funcionários aposentados ou em dispo
cln I d oraçã o : o* minist é rio* econ ó mico* detinham , em conjunto, ftliíí
-
do lotai de funcion á rios civis, cabendo ft '4 ao Minist é rio da Agricul-
.
nibilidade percebendo ordenados inferiores de quando se
encontravam ativos, poder ã o continuar contribuindo na
tura, 19*% ao Ministério da Fazenda c 4 V/i ao Ministé rio da Viação
proporçã o do ordenado anterior dc modo a assegurar à
e Obra * P ú blicas , por fim , os restante* 4 % do* funcion á rios ervi esta
vam lotado* nos minist é rios militares existentes em 1939. Dados *
ex -
- fBmilia a pensão mais vantajosa : també m podcrSo con -
tra í dos do Anttrliio F.siaií.trint do Bratil , Rio de Janeiro, 1941 , A par - tinuar a contribuir os funcion á rios demitidos a pedido, por
cela majorit á ria do pessoal cxtrnnumcr á iio concentraste junto ao mi
nisté rio* económico* (74% ), cabendo M Çfr e 10*56», respuctivumcnte, * *
ao
- abandono do emprego, ou o arbítrio do governo, desde que
o fa çam no prazo de seis meses da data da demissão. Desta
minist é rios pol í ticos c militares, segundo a mesma forrte citada acima
que transcreve os resultado* de um inqué rito abrangendo todo o pessoal prerrogativa apenas est ã o exclu ídos os funcioná rios demi -
.
extranumerá rin , a saber , Contratados, mensahstas diaristas c tarefeiros tidos a bem do serviço pú blico ao cabo dc um processo
regular. As faltas nã o incidem sobre a arrecada çã o. O
--
A situa çã o funcional do pessoal exinmumcr ú rio regia -se ent ã o pulos pre
- - .
ceitos contido* no decreto lei n “ 24« de 4 dc fevereiro de |03K A Catego
ria dera contratados SL destinava ao desempenho de flin çóe especializadas, montante da pensão a ser concedida nã o guarda proporção
n ã o Havendo indicaçã o de limites salariais ; o mensulistas *eram admitidos com o volume dos vencimentos auferidos, assim como o
" paia suprir temporariamente *
deficiê ncias dos quadros tio funcionalismo " , tempo e a quantidade de trabalho não constituem , para
nas funções de menor sal á rio; os diaristas eram admitidos para trabalho*
,le conserva çã o c limpeza , sendo vedada "a admissão de diarista para todos ns efeitos, o parâ metro de base na estipula ção da
pensã o. A fam í lia receber á a pensã o dos funcioná rios
fun ções inerente * à* profissões liberais , trabalho? dc escrit ó rio, dc qual
quer natureza ". ‘'Tarefeiro é a pessoa admitida pelo diretor da repar - - demitidos a arbí trio do governo ou em virtude de conde -
tiçã o para o desempenho de determinadas funções e que percebe salá -
rio na base da produçã o por unidade enquanto o pessoal para obras
-
na ção especial por for ça de faltas estranhas íi fun çã o p ú bli
ca, mesmo que nSo disponham de meios para continuar
contribuindo. Pelo artigo 7.\ os funcioná rios temporaria -
terá seus vencimentos por conta daí verbas para tal fim, cslc ú ltimo
* *
nem mesmo se cnquádrendci entre as categoria de exiranumer
Pelo artigo $ 3 dessa lei ot extranumcrà rios estã o* impedidos dc receber
.
á riew.
mente afastados do cargo por condenação judicial, sus -
-
gratificações dc qualquer espécie "em virtude da natureza c condições pensã o administrativa “ou outro qualquer motivo indepen
especiais de trabalho ou peio desempenho dc atribuições pertinente á
funcioná rios com vencimento* maiores que os *cus salá rio*", a meno * dente dc sua vontade", que tenham deixado dc contribuir,
que haja dispositivos expressos *
na legislaçã o e dota çã o or çament á rin dever ão recolher as presta ções atrasadas mediante desconto
pr ópria. Somente ox contratado» e mensahstas t é m direito a f é rias, pela quinta parte de seus vencimentos. No caso de falecer
licen ça » v consigna ções, “ dentro do prazo dc validade do contrato" paru
n* primeiro* c "do acKlcil) financeiro" para os segundo . O artigo 62
antes dc voltar a exercer o emprego ou de ler sa sfeito a
* sua divida, a fam í lia entrar á no gozo da pensã o com a
veda ao pc&soal extranumerá rin a possibilidade de vindicalizar -se ,
(3) Publicado no Diário Oficial da Uni ão , dc II de março de 1933. obriga çã o dc pagar as presta ções cm atraso E os funcio
. -
134 135
ná ríos que enlouquecerem darã o ensejo ã concessão da eacnlõc» superiores do estamento burocrá tico . Nesse sentido,
pensão cm vida à fam í lia h* M:i proceder at> exame da Lei do Reajustamento que, segun -
do (jrahamtraduziu u soluçã o que o poder executivo dera
.

O aspecto decisivo diz respeito á amplitude da rede preferência dentre as alternativas de reforma administrativa
de pessoas da fam í lia <is quais a legislação faculta o que a ú ltima comissã o encarregada de estudar a mat éria lhe
beneficio da pensão. Por ordem de prioridade , as pensões fmviu encaminhado.
estã o asseguradas , em primeiro lugar , à vi ú va , ao» filhos
menores , às filhas solteiras, leg í timos , legitimados c natu- Conviria ressaltar os aspectos dessa Lei que permitem, de
IIM lado, distinguir os grupos funcionais cooplados
que mono-
rais , reconhecidos e adotivos, cabendo metade da pensã o à * / iiram os privil égios e, de outro, evidenciar os mecanismos
vi úva e a outra metade repartidamente aos filhos e filhas: poli
etn segundo lugar , aos filhos e filhas, seja qual for sua institucionais que definem as formas de trabalho c o tipo de
condi ção legal , devendo repartir B pensão entre si ; cm contribuiçã o que esses mesmos grupos deveriam propiciar aos
terceiro lugar , às filhas viúvas desamparadas, à mãe viúva novos moldes da organização do poder . Instada a conciliar as
exig ências de racionalização e controle dos padr
ões de ingresso
ou solteira, ao pai invá lido ou decré pito, dividindo -se a
pensã o em partes iguais pelos ascendentes c descendentes ; c promoção dos escalões burocrá ticos inferiores às condições
especiais em que se daria o suprimento de cargos cm favor dos
em quarto lugar, as irmãs, solteiras e viúvas , sem qualquer , a
( UI tios destituídos
' ' a serem pinçados u c ú pula do estamento
outro arrimo; e finaJmenie, na falta dos acima indicados, a ambos
"
a pensão será dividida igualmente pelos outros concor- leii rida Lei prove f órmulas adequadas de atendimento
rentes classificados na mesma ordem". Pelo artigo 17. fica m tipos de demanda .
assegurado o mesmo direito aos filhos varões maiores que Ao mesmo tempo que estabelece a exigê ncia de um eon -
sejam inv á lidos ou declarados interditos , hem como aos uirso pú blico para ingresso nos quadros de carreira
, a Lei do
irmã os nas mesmas condi ções que, neste caso. passam a institui um conjunto de posi çõ es independentes ,
Reajustamento
concorrer com as irm ãs cm partes iguais , O artigo 19 per - sob a designação de cargns isolados, cujo acesso dispensava
mite a acumulação de pensões de qualquer origem , at é o exames e que poderiam ser preenchidos ud hoc a critério do
limite de 3 :6005000 anuais. A pensã o se extingue apenas
com a maioridade dos pensionistas do sexo masculino,
salvo nos casos de invalidez e interdição, ou com o casa - - .
( 41 Truta sc da Lei n * 2#4 dc 2# de outubro de 19 X6, publicada
nu Diário Oficial da tfnJOo, de JO de oulubrn do mesmo ario ; " Rca-
mento das pensionistas do sexo feminino. A lei prev ê ( utui m quadros e o» vencimentos do funcionalismo
pú blico civil da
inclusive os casos ern que pode ocorrer a reversã o, ou seja , Uflito c estabelece diversas providê ncia*". Conforme nlicnli c Re -
Grahum .
a pensã o da vi ú va passa aos filhos menores e filhas sol - a subcomissão montada a partir da Comissão de Reajustamento a reforma do
forma Tributá ria, havia proposto diversos sugestões para
-
teiras. c vice versa, a pensão do filho menor ou da filha
servi ç o p ú blico dentre as quais “ a cria çã o de dois sistemas gerais paru
solteira que vierem a falecer cabe à viúva. Pelo artigo 29. o serviç o p ú blico, dividido entre uma administra ção central c uma
"além da pensão, tem a fam í lia do contribuinte direito
icgjonal ; o estabelecimento de um plano de classifica çã o uniforme «
à importâ ncia de 4005000 para o funeral , paga de uma sõ a lorma çfto dc uma ag ê ncia central dc pessoal . " Após rejeMar esse re -
proble -
lat ó rio, o Governo nomeou outra comissin para lidar com os por sua
vez ao scr apresentada a certidão de óbito".
mas dc classifica çã o e remunera çã o no servi ço p ú blico .
que
çã o de posições
As medidas destinadas à reorganizaçã o dos quadros admi - vez, apresentou tr ès planos alternativos : *‘uma classificaescal ões mdepen -
calcada cm desempenho ; um plano salarial com cinco o de uma
nistrativos, bem como as instituições que assumiriam o encargo de promo çã o : e um reajuste geral baseado no cria çã
de implementá -las —
o Conselho Federal do Serviço Pú blico
Civil , o Departamento Administrativo do Servi ço Pú blico e
ilente
carreira ao n vel dc í cada minist é rio , sendo
vinculado ao desempenho c as promoções correriam por contafacilitava
que rí pagamento estaria
da quu- *
lirica çfto". Vargas escolheu a terceira alternativa porque ela
suas extensões nos diversos estados, as Comissões dc Eficiê n - de coopt çlo Com uma fachada huro-
cia . etc .— deram atençã o especial aos requisitos destinados coexist ência dos mecanismos
Ver l.awrence S . Gtaham ,
*
Civil Service ftcform m Bemil
i iiili/ unte .
a garantir o ê xito do processo de ampliação dos mecanismos ( 1 rinciale.i Versu.t Pr adice ), AlWtin
‘ . Univcrsity of Texas Press, Insti -
de cooptAção daqueles contingentes que viriam a ocupar os tule ui Lni í n American Studics , 1 % K , p 25

137
/ 36
podei executivo * '". O Capitulo [ V , do funcionalismo
'
, esta- Aunlnio económico, mas pelo falo dc deter os instrumentos que
belece a clivagem entre o funcion á rios dc carreira c o pessoa de diferenciação
* ! VttNhfhvc. ni o gnui de expansão e a margem
extranumer á rio cuja parcela majorit á ria se
estal ões inferiores do serviço p ú blico. Essas concentrava no » (Icurjftvcts no â mbito do serviço
p ú blico Tornando
n
.
se o eixo
somente no
-
passa a decidir ã o
lariais e hierá rquicas motivam tensões crescentesdiscriminações sa - lio mercado pú blico de postos ,
convocados mas
entre os pe que concerne ao tam0 rho dos contingentes
quenos funcioná rios admitidos por concurso dos agentes a serem
e
dc supervisores convocados cm bases clicntcllslicas
o estal ã o médio Itinhéni no que diz respeito às qualificações
entre o pessoal de carreira c os extranumer á rios
.
hem como 11 optados,
. as re -
A despeito da fachada ‘científica que OBtcntavam
*
O capí tulo II cria o Conselho Federal do ções especiais de
Civil (cinco membros nomeados pelo Presidente Serviço Público formas administrativas resguardavam condi superiores cujo contin -
da Rep ú blica ! imun em favor dos portadores dc t ítulos
v és da qual o Estado interv ém no
-
cujas atribuições convertem no em inst â
ncia de media ção atra - gente se havia ampliado nos ú ltimos anes . A posse dc
de ca
um
-
mercado dc postos admi
nistrativos, científicos e culturais . Além da incumbê ncia de - diploma superior c de pistolões ou outras modalidadesquadros
decisivos para ingresso nos
pital social eram os runLtt
(
organizar e gerir a realizaçã o dc concursos ões médios e
esse Conselho deve "determinar quais os cargos dc provas e t ítulos, do funcionalismo, em especial junto aos escalgios . In ú meros
alé m dc outras exigê ncias legais ou regulamentares
p ú blicos que. superiores que tendiam a monopolizar os privil é
cm definir
artigos da Lei do Reajustamento sc empenhavam
possam ser exercidos pelos portadores de certificado, somente eooplados que
clusão de curso secundário e diplomas cientí ficos dc bacharel dc con - m ú ltiplas vantagens em favor daqueles
dc
agentes
capital social . Assim ,

-
médico, engenheiro, perito contador, anuário e
outros
doa por institutos oficiais ou fiscalizados pelo Governo
dcral".
, expedi
He
*
,

-
dispunham de alguma modalidade
apõs reiterar a vigê ncia do princípio que impede Reajustamento
de cargos c vencimentos , o artigo 22 da Lei do
a acumula çã o

ubre unuv exceção para “os cargos efetivos e


os exercidos em
Desta maneira , ocorre a centraliza ção do
sobre o mercado dc postos pú blicos na medidamando em que
polí tico
essa
Ou missão no magist é rio ou dc car á
que haja compatibilidade dos hor á rios
ter
de
t écnico
servi
- ç
científico, desde
o'*. O artigo 2V
instâ ncia dispõe dc autoridade pura fixar os n í integral
veis dc rentabi - dispõe sobre a futuro cria ção dc um regime de tempo dc ma
lidade dos t í tulos escolares, podendo ademais restringir
ou am - pura o exercício de certos cargos t écnicos , cient í ficos c -
pliar as oportunidades dc emprego paro as as vantagens que dai proviriam . O artigo
de profissionais diplomados. O Estado diversas calcgorius gist é rio, mencionando
transforma se. por - ttt institui uma reserva de mercado na periferia dos centros
.
esta via na inst â ncia suprema dc legitimaçã o
ligadas ao trabalho cultural, técnico c cient ídas competências decisórios cujas posições seriam alceadas exciusivaraenie com
fico, passando a base cm critérios elienid sticos í : " As fun ções de secret á rio,
atuar como agê ncia dc recrutamento, sele ,
ção treinamento c chefe, oficial e auxiliar dc gabinete serão exercidas ( . ) * . O
em comis-
promoção, do pú blico portador de diplomas superiores *

. Esse são, por pessoas livremente escolhidas c designadas


Conselho nã o sc define por sua capacrdade de intervençã cargos t é cnicos c
o no artigo 41 vincula a primeira investidura cm
administrativos à previa habilitação em concurso de provas ou
( 5) l> i LI 73 carjos casa exig ê ncia no artigo seguin -
* exercidos cm
d* Fducaçilo v Sn úde Pú blica dílêm o comissão cm 1939, n Ministé rio
de provas e t í tulos, abrandando casos, ficar
maior cnnt ínftente (412 te que abre a possibilidade de o ingresso , nesses
seguido pelo Ministério da Fazenda (
M ), = 35% ),
í tulos a ser feita pelo Conselho
Obras P ú blicas ( 21 % ), e os demais [ 4 % pelo Ministé rio dn VinçSo c a critério de uma avalia çã o dos t
ar todas
nislé rmi. Tal distribuiçã o conslitui pista % distribuídos pelos, outros mi -
Federal do Serviço Pú blico Civil. Seria oocioso esmiupara ç
paço$ dc iriser ç in para intelectuais, tanto scjtura para desvendar os es- casas prerrogativas de que foi investido lhe permite dispensar-, Conselho assu
cargos em comissã o alockdu ao Ministé riornai quando se sabe que 2A 3
*
na referê ncia II , a faixa cawcicr da* Educa çã o se concentram mir uma autoridade pàra eacolar - que
dc treinamento
4
í stica da carreira dc oficial administra
livo onde se alujam os coniinireuies de - através dos cursos que promove , dos estágiosdocente, de pro
-
--
bacharéis que nflo iivernm opor montagem de seu corpo
tunidade ou que estio aguardando a chance dc obterem vagas nos es c especializa ção, da cuja rentabilidade vai
caldes superiores a que têm direito em viiindc dc seus trunfos xociniu gramas , bancas , etc , , scus pr ó prios t í tulos
e, em menor medida , escolares ,
se a cresceu t ar iqueia que conferem os t í tulos escolares
.
138 139 I
'

I
O Eriatutu dos Funcionários Públtcus Civis da Uniàu iifins. Com efeito, o per í odo 1930- 1939 caractenza -sc pela inge-
rciicra a orientação da polí tica de pessoal adotada pela Eet l ê rtciu do poder central na organização das ocupa
ções de ní vel
do Reajustamento. E nem poderia ser dc outra maneira nnm- -
superior , baixando as competentes regulamentações e "vin -
tendu-se o alicerce do sistema , vale dizer, a ralifica ção da culando as ordens ou conselhos ao Minist é rio do Trabalho
classifica ção hi- partida dos cargos que se apóia no principio Esse processo envolveu tanto os ramos tradicionais dns profis-
das profissões c carreiras mediante o qual se instaura uma sões liberais já sedimentadas no sistema de ensino c no
mer
reserva IIO mercado de postos públicos. Os portadores dc t í tulos LIUIO dc trabalho — a saber , direito , medicina , engenharia ,

superiores continuar ã o tendo acesso a esses postos, cm especial


aos cargos isolados, independentemente de concurso público dc
farmácia, odontologia
a dispor dc

um
como as novas especialidades
campo próprio dc atividades , como
que
pitssaram
provas, cristalizando a clivagem decisiva entre dois segmentos |wir exemplo os agrónomos, veteriná rios, químicos
e outros.
do corpo funcional dc carreira c repercutindo nas demais di-
mensões da vidB funcional cobertas pelo Estatuto 1 t idêntico o teor substantivo dos decretos que visavam
r 17:tilamentar cssns profissões. Uma parte dos artigos
trata das
r x i gências quanto à habilita çã o , restringindo o exerc í cio pro-
O nuvo estatuto das profissões liberais por escolas ou institutos dc
fissional aos diplomados no pa í s
Num momento cm que as últimas turmas de bachar éis equiparados ou oficialmcnte reconhecidos , e
ensino oficiais ,

exerciam pressões n» mercado dc trabalho cm busca de em- Aqueles diplomados no Exterior que tenham revalidado seus
a
pregos condizentes com sua habilitaçã o escolar, a amplia ção diplomas. Os demais artigos sc empenham em delimitar
do mercado dc postos públicos destinados em principio a esse reserva de cargos t écnicos a serem preenchidos pelos efetivos
contingente dc bacharéis se faz acompanhar pela ingerência do de cada categoria no â mbito do mercado de posMs pú
blico c
poder central no processo de regulamentação das profissões de privado , Afora a descriçã o das atividades, funçõ es e atribui -

legislação
ções, privativas de uma categoria dc especialistas a
,
ní vel superior Os princí pios corporativos que haviam permeado
a intervenção do Estado com vistas ao controle da atividade busca demarcar as fronteiras no mercado dc trabalho que pos-
polí tica da classe oper ária se estenderam á montagem das shlll suscitar litígios entre profissionais
de ramos afins .

associações das diversas categorias dc profissionais liberais c


A intervençã o estatal visava, dc um lado, disciplinar os
requisitos legais c escolares para o desempenho das profissões
(6 ) Ver o dccrcto-lci n. ' 1 , 79 3, dc 2X dc outubro dc 1939. superiores, congelando os contingentes de r ábulas c pr áticos
(7) Por outro lado , «s incisos IV c V do artigo 120, capitulo cujos direitos, não obstante, foram reconhecidos pelos regula-
mentos da época . [>e outra parle, csiabeleciam- sc barreiras
do Estatuto, estipulam » seguinte situações dentre aquela III,
* * * que propi -
ciam gratificações: "IV ) Peia elaboraçã o ou execução dc trabalho téc
- legais à concorr ência entre profissionais dc áreas afins, proce-
nico e cient í fico; V ) A titulo de representaçã o , quando em
estudo no estrangeiro , ou quando designado, pelo Presidente uervi
ço OIJ cendo-sc ã monopolização dc setores c funções nos mercados
na
da
blica, para fazer parle dc órg&u legal dc deliberação coletiva ouRepú - público e privado de postos. Vale dizer , a diferenciação -
função da sua confiança". No caio previsto no inciso IV , a gratifica para
divisão do trabalho técnico , polí tico c cultural , se fez acom
ção seria arbitrada pelo Ministro dc - panhar pelo reconhecimento oficial das regalias e prerrogati -
ii ire lamente subordinados ao PresidenteEstado , ou dirigente dos ó rgãos
da Kepúbíiea. ao passo que vas a que passaram a fazer jus os contingentes dc especialistas
aquelas gratificações pela prestaçã o de serviço
poderão exceder a um terço do vencimento mensal * extraordiná rio nã o
*
do funcíonã rio £ onde se recrutava parcela apreciá vel dos futuros ocupantes dc
através do emaranhada dessas concessões que sc
configura a dispnridadt cargos públicos dc n í vel superior.
ck tratamento entre os diverso estalões da hierarquia , favorecendo
aqueles Contingente que dispõem* dm trunfos eicnlirc e
*
cia cultural para sc aninharem nos espa ç os privilegiados * da ecompet ê n-
para se
.
(9) José Carlos Garcia Durand "A Serviço da Coletividade
de Administração de
Critica i Sociologia dos Profissões , in Kcvisia, vol

apropriarem do míiximo dc vantagens . * 6, novem-
F.mprtxa.t . Sáo Paulo, fundação Gclúlio Vargas , 15 nregulamenta-
,
<H) Ver Kcnneth Pau! Erickson , Labor In be Political Pr&ces1 in bro- dezembro dc 1975 , p 60. Entre 19J0 c 1939 foram
Hrazil Corporatism in a Modernizmg Naiion. 'Ann Arbor, Michigan, das 11 profissões de ní vel superior, o que só veio a ocorrer
nessa pro-
Univcrúiy Microfúma., Inc , 1971. porçã o na década dc ó u

140 ! 4l
A hierarquia salarial dos altos funcionários dc Propaganda c Difusão Cultural.
i
* chefes do Departamento
procuradores da Rep ú blica os cônsules de
1MMI1 parcela dos
,

Os membros das profissões liberais c a maioria dos inte - os primeiros secret ários do corpo diplomá tico,
lectuais que dispunham dc postos no serviço p ú blico foram primeira classe,
o* adidos comerciais, uma parcela dos atu á nos, dos inspetores,
alguns dos principais beneficiados pelo rccscalonamento sala
rial empreendido nos anos 30. Enquanto uma dite restrita n
- *lo previdência, c cargos homólogos Essa referê ncia constitui
pm tanto, o lugar geomé trico para onde convergem o ponto de
aproxiiimdamente 150 altos funcion á rios ( ministros dc Estado,
jmrltdti de determinadas carreiras, o padrã o ú nico de outras
altos magistrados, diteiores das principais institui ções, dos ser
viços dc propaganda e seguran ça , embaixadores, etc.) ganh llV. l
- t ui iciras especializadas, e o n í vel ruais elevado
a que podem
em
aspirar os integrantes da carreira de oficial administrativo
entre 3.500 e 7 ,000 cruzeiros por m ês, 23r/í dos funcion á rios
de carreira (em sua maioria, profissionais liberais, professores -
quaisquer dos minist é rios. D ístrihuindo se entre as refer
-
ê ncias
II J , K c L. os oficiais administrativos encontram sc lotados
.
universitários, altos escalões administrativos, etc. ) recebia nas
faixas entre 1.500 e 3.400 cruzeiros mensais, cabendo à massa num ponto dc intersccção entre os padrões de vencimento ca -
dos pequenos funcion á rios de carreira sal á rios nas faixas entre incteristicns das classes iniciais de carreiras a que sóquet ê mabrigam
acesso
os portadores dc diplomas superiores e as carreiras

--
200 c 900 cruzeiros ( M". A reforma salarial instituiu faixas es a
os efetivos dos escalões inferiores do funcionalismo servindo
,
peciais em favor dos profissionais liberais c dos demais portado que possuem um diploma
esse titulo dc ref úgio para os relegados
res dc t í tulos de n í vel superior; todos eles quando li ão conseguiam " de
de bacharel c o sinal dc distinçlo conferido tí aristocracia
"
obter postos adequados a sua compet ê ncia escolar , acabavam rece
hendo uma remunera çã o semelhante à quela a que faziam jus
- burgç ratas que comanda os escalões inferiores.
A mera indica çã o das escalas de remuneraçã o psideria lazer
crer que a distribuição dos efetivos dc carreira obedece a cri --
oa detentores de t í tulos enquadrados cni postos mars elevados
Na verdade, os bachar é is cm direito procuraram compensar a
situação inflacioná ria que corroía o valor de seu diploma pelo t é rios objetivos e impessoais de qualifica çã o escolar e profis
sional, ou seja. dc compet ência estritamente t écnica . Decerto
nflo era essa a situação, mormente quando sc sabe que determi -
trâ nsito em posições administrativas onde eram por vezes alo-
jados por força da fluidez que caracterizava sua competê ncia
Por isso. recehiam salá rios melhores do que outros profissionais nadas categorias funcionais, dispondo dc trunfos escolares, al
can çam teto salarial id ê ntico e at é mesmo inferior à quele com
-
dc n í vel superior, como por exemplo os engenheiros e agr õno
mos que, pelo fato dc só poderem ocupar postos ajustados à s
- que sã o aquinhoados os ocupantes de cargos de confiança c os
assessores.
Esses resultados cobrem apenas a parte fixa dos vencimen -
suas qualifica ções e aptidões, tendiam a se distribuir pelas
faixas mais elevadas « que tinham uecssn as diversas clnsscs
da carreira de oficial administrativo. Dentre os 23 padr ões de tos mensais, não tendo sido computados diversos tipos de gra -
vencimento que passam a auferir as diferentes dasses de cada tifica çã o e subsídios pecuni á rios nem outras modalidades de
carreira , a refer ê ncia L abrange a totalidade dos professores rendimentos indiretos que, desde ent ã o, já representavam quota
catedr á ticos das faculdades dc direito e medicina, das escolas apreci á vel dos rendimentos auferidos pelos escal ões privilegia -
dos , Outras vantagens como por exemplo as viagens de estudo
polit écnicas c de minas, das escolas nacionais de agronomia c
e especializa ção no exterior, as possibilidades de acumular car , -
veteriná ria, incluindo ainda uma parcela dos professores cate
dr á ticos de outros estabelecimentos oficiais de ensino, 1111111
- gos e vencimentos, a designação para trabalhos extraordiná rios
n participação cm comissões, c toda sorte de expedientes vi -
parcela dos intendentes do Dom í nio da União, os redatores e sando complementar os sal á rios de base, sc destinam exclusi -
vamente a certas categorias funcionais c se encontram rcgula -
( tU ) A c ú pula salarial inclu í a 9 Faixas dc vencimento», da re - dos por leis especiais.
ferencia O a refer ê ncia X ; o contingente dc funcioná rio» distribu ído*
entre as referência» H N cumporiava 11190 funcionários ; e íl.ftfto Os domí nios reservados aos intelectuais no serviço público
'

-
. itavam classificado» uniu ».* referência» A e G Dado eximidos das
tabelas referentes ao Pessoal Ordiná rio da Administra çã o* Civil Federal , “ Uma vez ou outra , alguns escritores e repórteres me
m Anuiirhi Etrutb it' o de Brasil , Hio de Janeiro. IBí rF.. I *MI têm feito perguntas sobre assunlos considerados pú blicos
‘ I
142 143

I
— a situa çã o da cultura do espirito, no conflito de forcas espaç os privilegiados do serviç o público, plenamenlc entrosa -
— ou sobre a minha vida liter á ria. Procuro responder
com boa vontade, mas nunca respondi coisa que. ao ser
dos com os expedientes usuais dc apropria ção de cargos, co -
missões extras e prebendas, que a estrutura patnmonialisla de
lida, mc agradasse rcalmcnlc , Culpa do entrevistado ou
do gé nero? Nfto sd. Sei apenas que a minha pequena c
poder punha ao seu akance. Convertendo sc na modalidade -
preferencial de cooptnçáo dos intelectuais, o ingresso nas fileiras
pobre vida intelectual não encerra nenhuma verdade gran - do estamento alcanç ou extensão consider á vel e passou a consti -
.
de cujo conhecimento interesse ao público, E observo tuir um trunfo indispensável para o ê xito junto às demais inst â n-
ainda que tudo que cu pudesse dizer, em entrevista ou cias do campo intelectual, inclusive naquelas instituições cuja
depoimento, est á dito ou expresso nas minhas poesias. sobreviv ência nã o dependia n rigor dos favores c concessões do
Elas traduzem núnha experiência pessoal, refletem a minha
visã o e o meu conceito do mundo, e a minha atitude ( se
poder público .
não for pretensiosa esta expressã o) diante das lulas revo -
A elirt' inieleiiuut e burocr ática do regime
lucion árias do nosso tempo" ( trecho da caria que Carlos
Drummurid de Andrade endereçou a Edgard Cavalheiro “CAMPOS, Francisco da Silva. Advogado, Dores do
-
desculpando se por não prestar o depoimento solicitado, .
Indayâ, MG 18 nov . 1891 Inst.: Sup.: Fac, Dir . Univ. Mi-
-
transcrito in lidgard Cavalheiro, Testamento de Unia Gera -
ção, Porto Alegre, 1944, p , 380) . Mitmltr ín d» Justiça L NI[ACHH Interiores, Relações Ericriarci. Tra -
J
Eu sou um homem sem biografia . Origem honra - balho, Indústria e Comércio, EcJucnçã n c Saúde Pública outrox úr- .
(í tn JirirtameiUc vinculados ã Presidê ncia da República. como
.
da, mas humilde Vida honesta, mas tormentosa, de po
breza, de aventura, de sofrimento Eis tudo. Nasci
-
,
exemplo o Departamento de Imprcnxu c Propaganda, o Conxolho de
Imigração c Colonização, o Departamento Administrativo do Serviço
por

pobre e triste," ( trecho do depoimento prestado por Pere - Público, lendo carilcr exaustivo apenas em relaçã o á * carreiras ju --
grino J únior a Kdgard Cavalheiro, TVjr Érzjitvi/ o de Uma diciárias, ao magist ério superior, ao corpo diplomá tico, aos cargos exe
.
Geração Porto Alegre, 1W. p. 208 ) .
cutivos c ao pessoal I4cnic <i C expeeiíilibado desses ministí rios. Foram
deixados de lado ox Ministério» da Fazenda , Agricultura , Viação c
Obras Públicas, bem Como os mlrmlê rí os mlliiure». F.ssc crit ério não
Embora nã o se possa afirmar ter havido a monopolização, resultou apenas de in junções prá ticas — volume de verbas da pesquisa,
por parte da fração intelectual, de certas carreiras, constata - se, - .
lempi destinado ft coleta de mjiteriol etc., que cvidenicmcntc tiveram
n ão obstante, que os intelectuais tenderam a se concentrar
naqueles cargos que dispunham de padrões de vencimento ele-
anu pH4 — moa Imbkn da hipAtcm segundo a qual u diversas ca-
tegorias de intelectuais tendeiiam a se cortcerurar oaqucles espaç os da
atividade estai # ] votados aos encaigos pol í ticos e culturais. No correr
vados e de uma sírit de regalias e vantagens na hierarquia
burocrá tica, com exceção dc alguns poucos especialistas que
-
da pesquem, cuniUIuu sc a exist ê ncia de uma parcela de intelectuais
que se alojavam cm outras esferas do serviç o público — alguns no Mi -
começaram suas carreiras ocupando as posições tí picas de pe - nisté rio da Fazenda, outro no Ministério da Agricultura , sem falar dos
queno funcionário. Os intelectuais foram cooptados seja como milí lutes que vc dedicavani* A produção intelectual, Tonto por raz ões de
ordem material como pelo falo de não se tratar dc um Conlingentu cuja
funcionários cm tempo parcial, seja para a prestação de ser - -
viç os dc consultoria e congéneres , seja paru o desempenho de
cargos de confianç a junto ao esladu-maior do estamento, seja
ausí nem prejudicaria a demonstra çã o empí rica, deCLdi sustentar o cri
t rrn inicial mantendo essei nomes fuia dn alcance das “ malha
í
levantamento. As diferentes posições e categoria funcionais «través
*
-do
1

das quais se procurou expHciiar as modalidades de inserção dos inte


para assumirem a direção de órgãos governamentais, seja para
preencherem os lugares que se abriam por força das novas
lectuais nx m á quina governamental , correspondem , .
via de regrn it pa -
dr ões id ênticos de rcmuneraçflo e ft graus homõlogos dc prestigio, in -
carreiras que a extensão da ingerência estatal passou a exigir, fluência , autoridade e poder no interior da hierarquia burocraiica. Os
seja enfim acoplando inúmeras dessas posições e auferindo ren - .
unnwi «lecionados como exemplos dessas modalidades seut nt> corpo r
dimentos dobrados 1 " 1. DcsLarlc, conseguiram se inserir nos do texto seja cm nolas, assim o foram por for ç a de uma sé rie dc cri -
lérios estritamenle nporacionim: a disponibilidade de dados e matc -
rlnix biográ fico» complementares, a exist ência de fontes que suas pctmiiix -
(II ) As nomeações jv jntekctuais para cargos públicos roí am com sem qualificar dc modo mais detido n perfil institucional dc car -
reiras, e a preocupa ção de nio reincidir nns mesmos nomex a cada pas
pulsadas no Diária Oficial da Uni ão, desde o inicio do Governo Pro- -

visório m é q queda dn Estado Novo, Fs»e levantamento abrangeu os so da argumenta ção

144 14S
s exjgêncie x postas pelos encargos da convocarão pt ' -
nas Gerais, 1914, Carreira; Professor de Direito Público e
. . ' «. rilosqueà os trouxe ao convívio com iw nõcleos executivos .
. --
Constitucional 1917; deputado estadual, MG 1917 ; depu IfiKJi
.
tado federal. MG 1921; secret á rio do interior, MG 1926 ouiri>s procuraram resguardar uma parte de soa produção in -
3U; ministro da Educação e Saúde Pú blica , 1930 32; mi - -. - telectual das injunções partidárias e das demandas que lhes
.
nistro da Justiça 1932; consultor geral da República 1933 lu/ ium certas faeções com que colaboravam " ", iodos eles.
35; secret á rio de Educação, Distrito Kcderal. 1935- 37; mi - loalLido, acabaram se tornando modelos de excelência social
-
nistro da Justiç a c do Interior, 1937 1943; autor da Consti - dit classe dirigente do época enquanto Mias obras se convenc -
tuição Brasileira dc 1937. Titulas honor í ficas: Pr émio Ba - iam em paradigmas do pensamento pol í tico no pais.
.
r ã o do Rio Branco Universidade de Minas Gerais, 1914, O traç o mais earactcrístico da contribuição dessa elite in -
Par í icipuçthtj Representante brasileiro c presidente da ’u < - telectual e burocrática reside nas diversas frentes cm que se
.
missâ o Juridica lntcramcricana Obras ; A Doutrina da desdobrava sua atuação polí tica c cultural. Alguns foram mi -
.
População 1916; Imposto Progressivo, 1916; Introdução
Critica d Filosofia do Direito, 1916; O Aitimus da Posse . *.
nistros dc Estado, até mais dc uma vc outros constituíam n
reserva especial do Executivo para o preenchimento de cargos
1916; Natureza Juridica da Função Pú blica, 1917; Pela de estrita confianç a , como por exemplo junto aos conselhos
.
Civilização Mineira 1930; Ciclo dc Helena. 1932; Parece- consultivos praticamcnte todos monopolizavam as discipli -
nas básicas do curso jurídico nos estabelecimentos oficiais ' ; "
1
res, 1933, 1935; O Estado Nacional, 1939; Educação e
Cultura. J 94U; Anteapctção d nos intervalos entre o desgaste produzido por umn miss ã o e o
Reforma Política, 1940” cargos
inicio dc um novo mandato , eram designados para os
Um grupo ‘seleto’ de intelectuais Foi convocado para assu- honor í ficos do poder judiciário e do ministério público, para
mir cargos dc cúpula do Executivo, nu ent ão, para ocupar as alguns o Tribunal dc Contas, para os que mais se expunham
principais trincheiras do poder central seja no  mbito estadual n consultoria geral da Repú blica, ou ent ã o, o consolo dc uma
seja ao uivei dos conselhos c comissões que faziam as vezes de procuradoria ou a inst â ncia suprema da justiç a eleitoral A
instâncias de negociação sob supervisão da Presidência da Re-
pública, Tais cargos conferiam a seus ocupantes acesso direto
aos n úcleos de poder onde tinham participação efetiva no pro - 11.1) Us.ua etmfroiitar as obras produzidas par um l ranttscu Cam
pos ou por um Lcvi Camelro, escrevendo quase sempre ao sabor da »
- -

cesso decisório cm mat érias de sua alç ada. Além dc conta- ciicunxiíinclax c conveniência * suscitadas por determinadas conjuntu-
rem com o prest í gio dc que desfrutam os funcioná rios capuzes ras tlc crise pol í tica, ou cntfn, produzindu cm regime de encomenda o
, a
de oferecer as garantias mais solidas de legitimação, o tra ç o 1‘kn.CO de justificai í vni que ftcumpuinhum wm parecerei ú projetos
caracterfslico que permite identific á los como os mandantes - parcela dc obras de autoria de um Oliveira Viana nu de um Alceu
Amoroso Lima cujo bur í lamcntc incluí a os expedientes de que *e vate
do estamento consiste nas múltiplas posições c atribuições dc o trabalho erudito , compulsando refer ências ( rcvisias estrangeiras, dados
que s âo investidos. estatlslico informaçiVx hist órica», cie . } cm apoio ãi lese» que xusten -
.
A tal ponto a atividade intelectual dessa elite se conlundia lavam . *
com a prestação dc serviços polí ticos que se torna ocioso dis- Foram ministros de Estado; José Américo de Almeida ( Viaçã o
( 14 )
e Obras Publicas ), Agnmcnon Sé rgio de (iodoy Magalhã es (Justiça
c
criminar as modalidades de compet ência e os géneros dc " saber ’’
que asseguraram a seus integrantes o acesso à x posições domi - Negócios Interiores), José Carlos dc Macedo Suores ( Justiç a, Relaçõei
Exteriores). Lcvi Fernarules Carneiro e Frtutcisco Jost de Oliveira
nantes junto aos c írculo dc assessorin no poder central. Viana foram membros do Conselho Consultivo do Estado tio Rin dc
. *
Enirclanto a única maneira de diferenciar os membros Janeiro .
deita elite intelectual e burocr á tica consiste em privilegiar o < IA ) lcvi Femandcs Catneins ( Direito Comercial Kl ), Francisco
perril de seus investimentos na atividade intelectual em detri - Campos ( Filosofia do IJí rclloRJ ), Agomenon Mofialhlcs ( Direito Pu -
blico e Constitucional , Rccifc), José Caries de Macedo Soares Facul -
(
mento do conteúdo de suas obras ia! como aparece reificado .
dade dc Ciências Económicat c Administrativas ) etc .
na hist ória das ideias. Enquanto alguns deles sujeitaram seus
( 16 ) Lcvi Fernandes Carneiro, Francisco Campos e rcml &locles
Hrarulin Cavalcanti ocuparam u cargo de enntuHur -gcral da Repú blica
,
( II) A . Coiilirdio (otg. ), fí ra.ú l . . , vú l . I , p. 24.1. José Américo de Almetda c Oliveira Viana foram premiados com 0

Hf } / 47
legitimidade ililefcetLial e ética dessas Figuras de pma lhes Hí SC- em que cnnsiste a Faina mridiana de jurisia ^ de rtnnnie que
gunva . porlnnto. trflfisiiti livre [ veiai principais blsfúndn do todos eram; pareceres , i^sessoriíi a grupos económicos,
çlc *i
sistema de poder . * colaboraçã o nos principais órgã os da imprensa .
O valor vOciat conferido á colabora ção dessa elite tnitr>
í
parece sobretudo nas recompensas com que foram brindados , Os “ homens dc confianç a "
sendo que as reíribuiçóes aberta meu te pecuni á rias parecem des-
prezíveis se CDfBpAradM àqtidas cujos lucros materiais e sim - “RENAUI I Abgar de Castro Ara újo, Professor .
Baihaccn íi. MG. 15 dc julbo dc 1908. Pás: Lttffl Renault
bólicos derivam das eleiçõ es para a Academia Brasileira de
Letras, pâra O Instituto Histónco c Geográfico, dos designações c Maria fo é dc Castro Renault . Casamento: Jgnez Caldeira
para o desempenho dc representa ções oficiais no Ejlerior Ou
*
Bruni RenaitlL Filhos: Caio M á rcio, Carlos Alberto, Luis
para a participaçã o de colegiadoi internacionais, dos concili á- Roberto, Inu .: Superior : Faculdade de Direito, Universi -
bulos para a indicar ão do presidente d LI Ordem dos Advogados dade de Mina» Gerais L Língua c l itera lura Inglesa : Pedago-
e outras associações corporativas, das comendas e outros sinais gia. Carreira: Professor, Gynuiasfc Mineiro, Fseolra Normal
dc deferência 41 ' . No num. se incumbiam do trivial variado de Belo Hori /.onte: depuladir esiadual : «creíá fio de Edu-
cação, MG; secrel á tio do Interior u Justiça , MG; proí cs -
pinlQ de míniitrn do Tribunal dc Contas « m fins du ratado Novo. snr da Universidade dit Distrito Federal; diretor do Colégio
intimLT"' irltitifrtluB di . srup- ' flícrnm part- e da CíWDííííHJ cncirlvgldÉ Universitário da Universidade do Brasil; dlfctor do De par-
ilc tlhh-iM^ r o Anteprojeto da f onoilui-çâu (.I9J 2 ), de-nlre « quai ? J isé
America dc A ímçidpi. Fmní ikc. Camp- . wi, Tumlitoclfi Bmndfu
1
. la mento Nacional dc Educaçã o; secretário de Educação,
iinti, AIteu Amoroso Lima, Funciaco Cnabiill Pomes dc Miranda , MG; ministro da Educaçã o ; professor da Faculdade dc
PrancEscti J <»> 4 JL- OlOL-ú a Viana . FilusoFia. MG ; professor do Colégio Pedro II ; diretor do
fnj ni í vtiia Vian , L.e \ i Cwnr í m , ) < oe Car í oi de Monedo Soares Centro Regional de Pesquisai Educacionais . MG , Mem-
eia.ni nicrnbft * -
Ju Ai Jl JtiniiL Hl a iicim dc Lvlraj e do Innlí lulii Hii-
*dí ico Brasileiro, scmln qut o teftundo ocupou ainda a bro: Actderni Mineiro de Letras; Instituto dc Estudos La-
uirito c (icfi | *
tino- Americanos: Universidade de Slanford; Sociedade Bra-
presidência da Ord-cm do * Advo uiloi do fj- rtiJl u a vicc-pn.-rid ènç i.a
^
ilu PcdcUji' fnliTamtriLiin ú dc AdvoindoS LoVÍ Carneiro i n I tjf r i *u
'
sileira dc Cultura Inglesa , Belo Horizonte, T í tulos honori-
LL d< k| içlú (miri í ldri. u ’ Confer ência IlUehUCitinal AmL-iitana eUL fico# 'Vixiting Professor* da Universidade dc Nova York ;
1 ima i I V t K ) e albou enmo í uir da Corte liiii-iiinaiiíipl de Juoi;.i Cavaleiro d á Legião dc Honra. Franç a ; Comendador. Most
em I r LI.i , Pomes Miranda f M n-prirseatitiitc nu CITO^í IILí Admi- hxccllciil (Jrder liritish Hmpirc; Gr ã n- Meslrc. Otdcni Na-
iiiMTativu LIM Rquitivlfi Intctnicíúnfd dtt Tutalh . - LJTI M ifllrral ( I Í 4 I I ,
L- Jofé Cariai dt Macedo $oami chefiou Auiqcrcui delczpffiáa (a cional do Mérito. Ohm.tr Missõ es da Universidade; A Crise
uitcriai O E-çlido IbH ftt iLtriibvtti ns prijiriflii encumeòdb dc no Ensino Secundário: Aspecto da Crise no Brasil; A Pa-
Beoniii.-ltin.EnaBltt í nstiLitcional . Ltvi Cftmciro participou da cliboii ln lavra e a A çdo; The Terniiníirion . Ifistórur c Psicologia da
.
d > projelu para ii r òiiigo du PfuMw Civil e Comerí Jiil. Friititiseo ^ Lí ngtíO Inglesa; poesias, traduções, ensaios"
.
t inipi - k K [IMIimblu de rtdi ir a t ,1 r .i Ma na di l 'V( 7. Oliveira VLa
'

^ a. js^floria
^ dc ^alio nlvt) , rt ipcctivamunie .
na c t e v í Carneiro prustarim - - Outra parcela dentre os intelectuais foi chumutfa paru dar
HA contolloria jurí dica dos do Trnknlhq e (telflí Ot '- Fxi '1

riorea Psra outros dadoí a mpeito da eam-ir» dtssei iiutkvrmii '. conta do trabalho de assessona no interior 4o$ n ú cleos exe-
consultar fefvftorio iá citade de Afriniu Cuiilinho, e nuiiv as «tuin- cutivos , incluindo- sc af a maioria dos cargos dc confiança , em
tes obnui : Leví Carneiro, O Livra dr um rftluniiaita, Kio de Janeiro , gcrul exercidos cm comilão « dardo direito a uma comple-
Coelho BNUICO, ItU, e Au Aradtmiii (OiiWtrsoit r Cofí frrJnciaxi , Ri- o
íuentação sul anal. junto aos diversos ministros, i presidência
.
de I -melro Civiii7jiçio Brasileira, 1945, em especial o discurso de posse
da República e aos demais órgãos vinculados k extensão dos
nds; fa / IU;L PNJíÍ A.nat > do J juriduai, pp. 7 ,4 J; AmlniJu t mia Filho,
*
f 7:J.- NJ f í nrikj . .H ofnrníwr A4 at\ iiihiirr t mu Ê poCÚ, Recife, k.ditma l "ni - interesses do poder central São os chefes c auxi!iates de gabi-
veraLtíilili , ^ Jysí Américo Ií L- Almeida , A falavra e a TYmj» ( 1937 -
nete. os secret á rios particulares, os assessores diretos, c os
I 94 S - I 9Í 0Í , Rio dc Janeiro, Joií Olyrripio, 1965 ; Jo £ Amiricn dc AU
* lanetro, FíiiUii
mei-da , Aiilr .f que cu mt Brt/ uf ça ( Mvitiririw ) , Riu de ocupantes dc cargos homólogos. A carreira t í pica dos iote-
Cu Alvci., | U76 : Josí RiiTiiet dc Mcflunes, Itmi Amrtifa , Um Hamem
do Untt Comtttn, Hio ,1c Janeiro, Tempo Brasileiro, 1967 ; Homero
Sunnn , op . cu „ entrevista com Jusí Artt órtco dc Almeida, pp 205 F1L 5, ( 18 ) A Couiinho, pp, cit., vnl . fi , p. 54 V

148 149
granles desse grupo inclui, via de regra a disponibilidade para
, mondas di íusas com que prucuravam retribuir aos favores de
assumir, interinamente, a cheira de institutos c departamentos (.cus protetores no servi ço pú blico , e por iodas essas ra /ões,
c, sobretudo, a nulorrcindc para fazer valer a orientação minis - alijados dos assentamentos da hist ória e da critica lilcrá ri í t
terial junto ás ifunânrias atravé s das quais n poder executivo í )s escritores- funcionários mantêm uma relação cxatamenic in -
multiplica seus ‘braços' de controle sobre a vida funcional ao versa com os chefes pol í ticos sob cujos ditames se deixam
ní vel dc cada ministério. Refiro-me ;i presença desses 'homens abrigar . Situados entre os objetos de devoção da critica inili -
dc ConTian ça . designados cm porlnrias , junto ãs Conussúes dc lante nos aparelhos de celebraçã o que circulam cnire as pane -
'

Lficiêncin c is Secções dc Segurança Nacional las de letrados , buscam minimizar o quanto suas obras devem
Sc para a elite intelectual do regime é poss í vel apreender
os liames entre sua competência escolar c profissional c as mo-
dalidades de trabalho que assumem , nesse segundo grupo o - .
( 20 ) Os ll picos funejon â nLis escrilona sã o por exemplo , Joã o Rc-
r , grino da Rocha Fagundes Jr , oficial dc gabinete do Ministro da
acesso íis posi ções repousa qunse que inteira mente, nas provas
, Educação e Sa ú de Pú blica , médico clinico dc carreira , c catedr ático de
de amizade e , por conseguinte , na preservação dos anéis de Hmmetritt na Escola Nacional dc F. dlicn çio F í sica c Deiputtrt : Gilson
Amado , promotor da Justiça do Distrito Federal , que passa a servir no
interesses de que são os mais leg ítimos porta * vozes e os prin -
cipais beneficiários ,
gabinete do Ministro do trabalho: Greg á rio Porto da Fonseca , secre
tirio dc Vargas durante o Governo Provisório, oficial do exé rcito re -
-
Lssc grupo dc "confiança " abriga tanto os prot ótipos do
funcioná rio- escritor corno algumas r í guras de projeçã o entre os
-
( miado, autor de uma cnlel á nca de vemos ( Templo > rm Deuses! o de
um volume póstumo dc conferê ncias IHtraistnf r . Icre . onde CLiltua
.
" Apollo e Dionisos, FsuHO e Prometeu Calihíin e Artel , D iua.fi e
próprios intelectuais. Os primeiros eram . via de regra , escritores
apagados, cronistas da vidn intelectual , ou ent ã o praticantes -
Ashverus." e defende a guerra c ;Js batalhas como " fonte perene de
inspiraçã o da arte" , participante da Liga de Defesa Nacional, amigo
em g ê neros da chamada sublitcratura , pol ígrafos que dispersa - In ti mo dc Bilac, lendo rcCvbido como pré mio pelos serviços prestados
a Vargas o cargo dc embaixador no Vaticano ; Heitor Muniz, oficial
ram seus investimentos em função dc modismos e das cnco-
de gabinete do Conselho Nacional do Trabalho e , mais tarde
do próprio Ministro do Trabalho, polígrafo i publicista do regime de
( Idj A í Comissões de Eficiê ncia foram institu í das pela Lei do 17 , autor de romances hist óricos, biografias , cr ónicas, estudos literá rios
Reajustamento, c deveriam operar em enda um dos minist é rios, sendo e hist óricos, plaquetas dc pn»u|tl»no polUtCO fOímunf í m íJ Alma.
compostas por cinco membros “escolhidos dentre altos funcion á rios fe - '
ftmsilrirosf , Ú i Hnitwnt Pttclsam .Vrr Afflii Frlizei ( Â l ú o S*n'\ alr Lileran ú
derais c nomeados, cm combiu, pelo Presidente da Repú blica, por .
e Potllical Alexandre Abadie Faria Rosa, bacharel em direito, oficial
.
de n ibinelc do Ministro da Justiça c em t TH . primeiro diretor do
proposta elo respeciivo Ministro" , conforme reza artigo in Sua atri -
- - ^
Servi ço Nacional do Teatro onde se manteve até t úd ?, presidente da
buiçã o basica Consistiria em elaborar os crílê rioi a serem adotados nu
ma politica de pessoal , com . i autoridade de sugerir transfer ê ncias e pro- -
Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, jornalista, cr í tico, k air ólogu .
-
moçõ es de funcion á rios Cada membro receberia 5tl mtl r éis, pm ses
s ã o a que comparecesse , no limite mensal de A ( K ) mil f é is Apesar de
- Luiz Ferniind çs Vergara , bacharel , oficiai de gabinete do chefe do Go
vemo Provisó rio e sccrctirio da Presidê ncia da Rep ú blica, servindo a
« Ao tzrem se revelado instrumentos eficazes como se supunha , a par - Vargas por quase dezoito anos ; F rnani Guamgua Fornari. jornalista ,
ticipa çã o nessas comiss ões constitui por si só um indicador inequ í voco subdiretor dn Biblioteca P ú blica do F.stadn do Ui * Grande do Sul ,
quanto ao grau de Ct> n fian ça de que seus integrantes deifrutlvOm junto inspetor federal do ensino secund á rio, secret ã ri o-gcral do Dcpariarnenlo
.
ao Ministro F. ntrc nutro* pertenceram ã Comisstin de Eficiência de
seus í especllvos minist é rios , Heitor f wa . Luiz Avelino Gurgel do Ama
- de Propaganda e Difusão Cultural do Minist é rio da Justiça, direlur -
subitilulo da Divida dc Dí VUI.IMCAO do IX- purlamcmo dc Tmprensn c
.
rol Carlos Maximiano de Figueiredo ( Relações Exicrlorcsj, Carlos
Dmmmond de Andrade ( Educa çSn e Sa úde P ú blica ), Rubens d‘Alma -
Propaganda , chefe da Comissã o dc Censura Cinematográfica , uCKtlrio
do Ministro da Justiça, jornalista e teatr ólogo
da llorla Põ rtn ( Tiahalho ), Arthur Hehl Neivft fJusti ça ), ele, As Sec - Os materiais biogr á ficos a respeito dc Grejt óiio da Fonseca foram
ções de Seguran ça Nacional , operando també m em «da um dos mi- extra í dos do discurso de posse na AM dc Lcvi Carneiro, Nu é eorfr -
nist é rios , foram criadas por um decreto de l *JW , mas somente tiveram
sua urgani /uçBo definitiva em IU 37, sendo o ó rg ã o de liga çã o entre cada
.
mra . . ed cit , , pp fJW; sobre Abadie Faria Rosa c Frnfud Fornari,
.
consultar 1 Galante dc Scnisa O Teatro no Brasil ( Subsidiai pura
ministé rio c a Secretaria Geral dc Seguran ça Nacional Nem é preciso amo Bibliografia do Tcalro na Rroitll , Rio dc Janeiro, Ministé rio
insislir quanto aos sentimentos dc lealdade que teus membros deviam da Educaçã o e Cultura Instituto Nacional do Livro, IWsD, p * , 2AJ e
despertar junto á e ú nuln ctlimeniil , Tiveram participa çã o nesse õrgá o,
.
s- ntre outros Luiz Augusto do Rego Monteiro ( Trabalha ], José Ro-
.
éó 5."h Ver em especial, o volume dc autocurlcbraçfto Kabrn* órto cr ,
60 Anos . . , coletâ nea de artigos e discursos de autoria dis.se alto Fun -
bertu dc Maccíli> Soares e llciiar Lyra ( Rela ções Bitcrioi»), Rubens cioná rio que iniciou sua carreira na SeçSo dc Engenharia do Conselho
d ’ Almoda llorlA Fõrlo ( Tmbalho ), Fernando Mugalh á n ( Educa ção ), ete Nacional do Trabalho, pauando depois a assistente t écnico do Gnbi -
ISO 151
aos la çt »s dientelisticús dc que são beneficiá rios ‘ - ' L Afinal, locais de representação do poder central iniiniert«r intelec-
eles sã o os grandes interessados cm corroborar u imagem de tuais tenderam a monopolizar aqueles cargm cm cujo desem -
que suas obras pouco devem iis servidões do mundo temporal. penho podiam fazer valer , em alguma medida seu cabedal dc ,

Enfim, uns diferem dos outros mas decerto não pelas razões saber especializado. Nessa categoria , mcluem- sc tanto aqueles
inefá veis que declarardes u respeito dc si pr óprios c de suas que ocupai ani os postos dc direção dc instituições propriamente
obras querem fazer crer. culturais — por exemplo, o Museu Hist órico Nacional, 1 Biblio- .
teca Nacional, o Serviço Nacional do Teatro, o Museu Nacio-
Os administradores da cultura c Cia . nal, etc. —, como outros que se valeram de seus instrumentos
dc produçã o intelectual para 0 cumprimento de tarefas subal-
"ANDRADE, Rodrigo Mello Tranco de. Advogado ,
ternas nas instituições dc difusã o cultural dç propaganda c de
,
Belo Horizonte, MG. IS dc agosto de 1898. Pais; Rodrigo censura ou. Enquanto os administradores dns entidades cultu-
Bret ãs de Andrade ç Dahlia Mello Tranco dc Andrade .
Cus,: Grncicmu Mello Tranco de Andrade, Filhos ; Rodrigo
luí s , Joaquim Pedro, Clara : hist.: Sup, : Faculdade Nacio- ( 23 ) Ctimu, por exemplo, no » casos d Cym Vvrsiani dut Anjo»,
*
membro ( IV4U ) t presidente ( IV42 ) do Departamento Admimiiralivo do
nal dc Direito, ty 19, Carreira: Redator Revista do Brasil,
Rio dc Janeiro, DF. 1926, diretor de O Jornal. Dl , IV 28,'
Estado de Minas Gerais: M ário Casisanta, membro do Conselho Admi
nistrativo da Caixa Económica Federal do Esiado de Mimo Gerais e . -
chefe dc gabinete do Minist ério dii Educação e Sa úde Pú - da Cnrrmiào Nacional do Ensino l'r >iriJ( rici ( 1939); Prudente de Mo -
blica ; presidente da Comissão Nacional de Belas - Atlcs; racs Noltn , diretor do Conselho Administrativo da Caixa Econ ómica
direlLu do Servi ço do Patrim ónio Hist órico e Art í stico Na - -
dc Sã o Pauto: M&nucliio dc O-rat Ila», diretor do Dcpanamcnin Esta -
cional, Jy36' 19fi0. Membro: Instituiu Histó rico c Geogr á- -
dual de Imprensa c Propagan tlu nu Riu Grande do Sul ( 19431 Para .
fico Brasileiro, Academia Nacional de Belas Artes de Por-
tugal , Comit é Executivo do Conselho Internacional dc Mu-
.
se ler uma «Win dt figuru tí pica d,i inlelvciual provinciano que chegava
a ocupar ev es postos dc responsabilidade, à intcrctssnl.' ennstiliar Pau-
lo de Carvalho Ncio , Um Prtrutsot do Direito Trahalhima Brasileiro
- .
belo HoriZortlc, hdi çòcs da Revistn Brasileira de Estudos Polí ticos , 1964,
seus. Títulos honor í s causa da Escola
í ficos: Doutor honor .
biografia de seu par Ant ónio Manoel dc Carvalho Ntlo consultor .
de Belas Artes, Universidade do Recife, Cavalheiro Oficial
da Ordem do Mérrlu, República italiana . Obras; Velórios
)urldlco r membro do Conselho Consultivo do Estado dc Sergipe du
rante a tnlervcnluria Maynard Gome
*
-
( ficçã o ) 1936; flmríi, Monumentos Históricos e Arqueoló
gicos, 1952; Rio Branco e Castão da Cunho, 1953 ; Artís-
- [ 24 i Nesse grupo, incluem »c , entretanto, inlclcciuais cuja posiçã o
funcional c radical mente distinta LarUo do ponto dc ví slft do Imbuihu
.
tas Coloniais 1958" que desenvolvem COmn no que se refere A sua proximidade dos cen
iros dc poder , Por um Indo, sio d ocupardes do» cargos dc chefia e

Tirante um pequeno contingente de lelrados que firmaram


sua reputa çã o intelectual 110 â mbito dc seus rcspcçtivos Estados
- *
dueeAi dai mititUÍÇsV» culturais propriamente dita » Rodolpho Augus-
to dc Amorim Garcia, diretor do Muveu Hist órico Nacional c, « panir
dc 1932, dn Biblioteca Nacional : Edgard Roquetie Pinto, professor dc
-
onde por vezes ocuparam cargos de relevo junto 5 $ inst â ncias Hist ó ria Natural c diretor do Museu Nacional, imii tarde primeiro
diretor do Jnsliiuiti Naci,inal de Ciucmu Educativo que ele próprio
idealizara . Sérgio Bomque dc Hotlanda, diretor da Divisí u de Consulta dn
iu (i d
" Mirií M-io do Trabalho c u diretor da Imprensa Nacional, im
.
presso no Rio dc Janeiro, Fundação IBGE 197(1; t mai.s 1,uir Ver -
- biblioteca Nacional; Rubens berbi de Vforees, diretor LLII Divisão de Pre -
para çã o da Biblioleca Nacional ; Luiz Camilln de Oliveira Nlcsttsv, dirslorda
gara , Fui Secretário de Uetúlto Vargas ( Memó ria dos anos de ) 9J ó -
I V M ). Porto Alegre , Globo, I 9f4l; Alzira Varga» * do Amarei Peixoto,
CHSé Rui Barbou, depois chefe do Serviço sle DocumcnUçio da Secretaria
. .
(Jeltilio Vargas Meu Pai. Porto AJegre G lo bu. 1960. -
dc Estado do Mini tino da» RelaçOcs Exteriores (|942|; Alcindo Sodrt,
.
diretor do Museu Imperial dc Petrópolis etc Mas tnmbótn faziam parte
( 21 ) Entre outros, hasla dar os exemplos de Curloi Eírummond desse grupo os «mores, redatores, auxiliares c responsá veis pelo apurnio
de Andrade , Rodrigo Mello Franco de Andrade e Augusto Mcycr. de repressão cultural c ideológica, bem como os ocupantes de posiçtVs
.
Consultar Carlos Dmmmond dc Andrade Confissik í de Minas. Pas - .
homó logas: Gcnoltnu Amado e Helio Mana redatores, respectivamcnte ,
' .
rrru nu flhq bem como ti estudo " As Virias Fases de nm Poeta", por do Departamento de Propaganda c Difusão Cultural du Bliirlte Federal
I monuet de Mtiraa, " Fortuna Critica" e "Cronologia da Vida e da ( 19 ) !) c do Departamento de Propaganda c Difusã o Culuiiai do M inr l-ó r i -. 1

Obra" , in ( Ihra Cvmpfcia, Rio dc Janeiro, Ajuitar , 1964 -


da IUSIíçH: Lourival Fontes , dinclur gcfal do Departamentu de Propagan
da c Difusã o Cultural do Minist é rio da Justiça (at é 1937 ) membro dn . -
. .
(22 ) A , Cuutinho, op. eit . vol I, p 71 ,
-
ComíisAo Cvnailã ria Nacional do IbGE ( 1939), c diretor geral do Dcpatla -

1.12 153
rais percebon saJ ários idênticos aos de certos n í veis da ma - O Rri Cavaleiro: O Rei Filósofo; Hist ória das tdè ias Foiiti -
ORT; Anchirta ; História du Literatura Baiana: jr Minas de
gistratura e do magist ério superior, os redatores c censores
dispõem dc uma situar ã o equivalente àquela de que desfrutain Prata, í tc."
^
.
os oficiais adjninií iratjvos cm fim dc carreira e os responsá veis
TodavU, a parcela mujo ri [ á ria dos Imdectuiis continuou
pelo aparato de cenoura c repressá o cuttuial desfrutam da
siiuuij ão típica dos mais altos funcionários. itigres^ando nas anliga.s fikirft ã ó a burocracfft civil — a iíihcr.
n mfljÓMcri » superior as carreiras judiciárias 1771, o curp í
'
,4.? c&ttitaá tradicionais iIS) A . Coutfnho, ítfh et í . vgt , I. p 232.
i

"(" At MON* Pedro. ( Pedro Calmou Monfx dc Bitten- (26) 0 magmfcrio superior curnportava t«tUo o ducoltu rtâi ílm-
ciplmu c ramo iradieionurs do direitu. niedicioft, cnftntlliriA* , mmu iis
court ) . Adgovado, professos, escritor Amargosa RA , 25 . crprcí tliilas das* novas diiciplimi junto ii Factildadei de FilMiifii.
de dezembro dc TJJQ 2. Pais: Pedro Calmon Freire de Bitten- Cihuiii c Letras. No priírwfro grupo se incluem, entre uutroí, Almir
court c Marra Romana Muni / de Af& £ áo Calmon dc Bitten - Bonfim de Andrade (DÍnilo Constituciona ] I, Pedro Cllmsil Mtfifr de
Bittencourt (Teoria Geitl dn Estado), Hermes Lima ( IntKKjurtn 1 Ciên-
court , Cas, : Hcrmlnia CniLki Calmon de Bittencourt . Fi-
lhos: Maur ício c Pedro, tnst.: Sec„ Ginásio da Bahia; iup . . cia do Direho ), OJAVH HiEac Pinto (Direito Admlnfiilralho), Alfpxk
Faculdade dc Direito da Universidade do Riu de Janeiro.
.
Vatlsdfio 11 jireir Judkuà riol, etc . , lodo cies raicd r ã ticos na F»cuIda-
i

*
de Nacional de rti feito da On ívemdftde do Hrusil , « mbora alguns dus-
Carreira: Prtrf, Catedrá tico da Faculdade Nacional de Di- 3CN clcmcnioi icnham investido em inras dns ciências humanu . Como
reito da Universidade do Brasil; Diretor da Faculdade Na- a iocici |ng.ia L* a hilá ria , que nlo jtuardnvam rela ç-in ditei a Com o
cional dc Direito; Prol, Catedrático do Coltgio 11; Reitor du Lunie íwlo das d íteipt ímu que lecionavam . Aliai , aijwnn dai principais
cl ( vagens te ó ficas c mekidnkfliau Cnm uue pas^u B operar 0 campo
Universidade do Brasil: Deputado estadual t federal, Bahia: intelectual furam impoatàj pelas rabias dc s- arios praiicanies das nuvu
Ministro da Educado. Membro: Instituto Histórico e Geo- disciplinai na ã rea das. cií ncias sociais Jn*ut Apí ilitriiu dc Ca.slro fCico-
gr á fico RrasiJtriro; Academia Brasilciru dc Letras; fmitiiuto grafia Humana ). Cilhe fio Fnryra [ SocinlnglM, Vietor Nunn Lcul ( Po
drss Advogados do Brasil; Institutos Hist óricos c Acade- litica ), Djaeir Menezes (Ecunomia Potitieiv t Hist â r í a dji> IJnutrinas
I copfipucail, Arfpr Ramos ( AnLroroliigia t EXnORr fi ). [ odos CILí H ca -
mias do pu í s e do estrangeira T í tulos honor í ficos: Gr á - **
lesif É licps kcisuiiiisdo na [- aciiIdadL Naei( hnal dc Fllotofl* da Lfnivcnó
'

( Yuz dn Ordem dc Santiago, Portugal , c outras condecora- dade í to brasil. O tclcr lFlcra.no da FscuJdaJc 'Vacionul dc Ftknotia
çõ es da Espanha , Odõmblft. Equador, Peru, Chile. Para- pemniliu euevoca ç Jio dc iiafimeros eraitoni qoe sc tiaviam ulcniifi -
guál, etc, P&rtidpaçfio: Numerosos Congressos de i listóriu cudo í ftm* o miivimcnio nmdernista - MJSUJCI Carneiro dc Souja ban -
deira , membro do Con.scItio CDEISUíIí VO do iicfvieo do Fatftmtflin FT < s .
e Confer ências Diplomáticas. Obras: HLstória da Civilizarão r ó tieo ç Arilfltico Vactaml, Catedrá tico dc Litontnra Hispano- Amcri -
Brafií eira: Hist ória Social do Rrttsit ; Hist ória do Brasil : cun: Jorge Mutri do Lima, professor asiivtcnlc de Litcmturti Brasilei -
ra , afora os crtlicos . jcrAmAlieos , filàlnius e outrns csttídiosot da l í ngua
( Antenor Nasocntei. 5ou n d Silveira, de ), ;i ]guns ifciC!, lendo comj -
mcnm Sí L- Imprensa ç Prnpn.ganiln , Josi ronde i- Jnvt Ediillr de Oliveira * ^ dtiocnie
çndo nos quadros j carreira dn Tolido Redro II, «mo foi
Moral, nmbot ndilum dn Ocpurlemcntti dc ImprertsR c Phipi| tin<lii *
o caso dc Alvam dc Danos Lins (Catedrá tico (k Literatura c Uist óiii
kaymnndn Ho M -nt -. Arrac.s. ccn.inr na Pol í cia Civil dn Dialrim Fidc-
1

tal ( 19? 5 ) c dn DepatUimctllO dc Irnpn usa c PmpagLnd ( | fl 4ll ) ; AFT - Geral ).


*
itrí t amiKZjoni, Ctnrct lotedn ha Miniar é rn- i dn Jusiu-n , L |L- Tarn main- .
Consultar Gilberto Fftyrt jTí-rripvj Morta r Outros 1 rrtfx ^ U rt -
'

chax rfr ictl Otário dt Adairscè ncm r Primeira Mocidade . IVí J - / 930 h. '
'

3 C ?. dcln í hcs bii grificní , CO(qilltl.r GtOsililKn Amado. ( J flri í in fVr íí iriu
fHi / i ó rw rfr fVr í PrfFfrnÉr df flot árwt , Rio do hwlrn, Jnrí Olym- Rio dc Jinciro, Jusi Ol í mpio . 1975 . Mnmud Bandeira , / rjuerjirro de
ptn, 1971* Aotrru a origem suciei dos limtitt Amndo, ver us Himúiiit .
PAfiirt / uda. Rio de J melro , Livrorm Siií n í osí, 1957 , Slelan M.iciu ,
dc Gilberto Arnadi . t 1
í inória da \ t : thci fnt ánria. Mio dc Jiincirii , JusC Martutl fiiliidrira de Carpi ) Inltfra. Rici de Jancift .
í, L ^ sá Olympir; I fi;
^
Sé rgio IVfiecli , Poder . , Ctn Cí ptinal o tAptCo " licH-nç a C Carreira
Olympio, c .tfjjjfpí j ffirantdp FFJ í Hrcifr . Rio dc Janeiro, Joví
Olvmpiu, l ' J (. í t U‘ tn étimo . i nir áltic do caso Gilbcíln Anihdo m Scrgin Moscutfna lntcrnurpido , pp. 51 57. qipe [mallsa o tuno Manud Ban - *
” '

Miceli, Poder . , td. rit . , pp . (sl :67. Monlc Arrac -i c Carraj /um sã o .
deita : H . Pttcz r> p . rfr „ 2 * ií rie, e -rforírs bingrifico de À lvisns Lins
c íicmplns ripiem dc ctcribas odciais , L ' spL- tiíilma -1 nu tflJlfjú de puriL - »
kt pp 21 / ,
. . . .
gitltfoi dn redime c u s eiiTt ' hnmhr, s |ií i de suas prin ç piis figuras (27) F.nln* nutfrt , KosArio Fana, presidETIte da 2 ' Jnnla de
*
l irfflí/ oní £ autor dc uma biografia., í iet ú iii ) publicada pela Cuociliii ití c Julgumemo de Sã o Poufu; Ivan Monteiro dc JJarros Ltnt- ,
losi Olinipio cm 1 .19, cnquanMp MniiU Anim crerev-ou, sture iiuir is . que passou ^ dc esrgm buroerlliCHis nus Minisieri í v; dir Agricultura e do
^
ihrns , "Idtisi e Semfmcnio de ví riato Vmgas '', s.c.p., 1945 Trabalho ministro do I ribuija ] de Contas do DLslriLo Federal ; Ani -
* *
154 155

I
diplomático Ulhf —
que atravessavam um perí odo de transforjtia -
ÇÍcs cm virtude tlas* inúmeras frente» de expruisjn que enl ã o
t etnografia. jj. -- L » rjsfj:L bumaoa:. cuoitom í Q polí tica, ciência
^ LL ítica ^ i

, cic . J c ao teemiumemo de especialistas brasileiros e


pol
se iibriam pnra essas «livittodfii , A intervenção do EAtado fui estrangeiros que dispunham de temuneraçfio equivalente hquda
regtilumentaç fio dus conflitos entre padr ões c iípcrárku scanfr
tdii n criíijtlo de uma nov» inalâ flciu judici á ria, a justiç a do
- -
auferida peios docentes dus remos tradicionais As faculdades
de flbsofie abrigavam mm apenas o especialistas dt» ei ê nciuv
.
trabalho; o projeto do poder central em assumir a lofina ção humanas e exatas, nm também serviram de eslitnuln ti ativi -
escolar e ideolõgka das novas frações mtdectuaht levou ii dade critiui c erudita níis diversas cátedras em que o ensino
criaçã o das faculdades dc filosofia ciências e letras, dando literário foi segmentado Ah;!SL o magistério stíperiOí era pra -
*
ensejo á Introduzo de novas disciplines tiodOilogLu, tmlropoio- tkamcnle a unica atividade que nlo constituí a empecilho ao
desempenho legal de outras fundões públicas remuneradas pri -
hui Monteiro Machado, di.upibLitd . ir do juízos de doeu,' IIíU virai vilegio de que se valeram diversos intelectuais . A carreira
. - * -
* * .-
purea- du$ Feito d Fltendl Vtiirtkipjt L- tlv Adderí lCS dn trabalho
< irPn: SuiSiAinj de Mendnn n , promotor púHieo nljunln d:n Justiça
Je DiairtUh Fudenl e m is tarde lubprocuuuíoi Rodrigo Qctuvfa f -' ,
diplomá tica, por sua ve/ . ainda subsistia como ref úgio de leira
dos bissextos. poetas antiquados , mentor i alistas mulrtlunos e
*
membro itibvrituio do Tnbitual Supçrkir Eleitoral : Oetioio [ urquimL
do St íliZi, rcpreiLnlanlt do Mniivt ério Pú btico jisiUo iu nibutlll d,
'
.
'
. nutras categorias de intelectuais diletantes

. -
Contâ» ; Adtlimr Taiaie.E deiemburgiidLir do Tribuni! Je Apclt çio án
-
tJé rrhti, Fe4eriU, ele . Comultir ó escorç o hiu&rlí lcu de Aiiih tl Miclui- .- As tiort firiir técnicas
í jí i’wr<

** *
.
.
..
ilo In keniird PdíHj i> p cii . \ ' sirie , pp 1 7 íb r/ arlos -SLI s s e lk imd (Je
Mcrvdo ç escreveu djveria * ' fcrus virulcaUQKAle IlíittelcTicim, dentre
a qitaii Afflrmoçrrrf AratiwtKat ttti TOM íT tlt V úritu Themai , sejjun -
- -
Ademais. vcriltca SC u abertura de cargos especializados —
técnico» de educação , de organização, assistentes c ajudantes
*
du Vitlnmc da strie ccmlm a A çno l at ólic Mo Dtii\i ], f cd , 1[ÍÍU e . t écnicos, etc . que sá o preenchidos pelos detentores dc urna
t > Cvihiihcisnut , Partidv PatUiíá Etirvngriro , Rin de Jane iro , Cehdmi * compet ência eslrita cm campos On conhecimento que ; L essa
.
Filho liei . I 9 JA . altura não dispunham de uni mercado de trabalho pr úprin SSo .
os economistas, estaristicos, cc logos, denií stes sociais, cduc;i-
iri? >
(IS I
Jtflul Btkpp. Fionsí J lit PlrtlDlOi Wuy Hihíí iTk
inlclcctuiis que infrtuartnt no corpo diplnncuu-. . nllYcnir li-
, I < fMl- ( LSMI
^
dores que, muitas vestes,, ingressam nos escalões inferiores do
C4 di . i .
» dc algLim rnudn tn sun Irtki irii» nnafL-rnisí a . SÕtet» Cpímc L setor público mas que de algum modo raz.em v:ilcr .SII:L pí esçnqa
rhi- cdcmlra I uilci, ]>iU CXcrtipl ' . partiLbn-iriiJii tí vJUIKtlte d,i ninvi-
mvnlu BKHkmisca cm Porto Aleire, u- ndi» colibibracÍ Li nu prinripaí
btgins do gliipo , f H.'ELíEK1< T p, r| - pMnes, vAUliun c trdTiicQ* -., t o pn
. *
e ascendem na hierarquia grjnjas à raridade dc suas qualifica
ções. Havia ainJii aqueles que se incorporaram íLS fileiras c.st :i -
-
rntiru turno liusirattí Jr , cnriRiiurisia c c^pisis dí n:vi-.La .Vfadrtí i adij
dc cuai dirt çftil í diUbFÚI c « nixtiea limbo-, tu igiri pur (i- Vct. L ^tvs,
veis que entào se abriam no quadro permanente dOS minist é
rios recente», os inspetores dc ensino, dc imigraç.io. do irabii -
-
respeita, L) inubulhi] dt Lí gia tbfappini Moniíí^ Lciit, Stodernimn
,

Hin Grandi tlv Sul (JkfHrmi Pura o SRH Euuiit > \ , Kflii lJii uki, Inrtiujte lhoL etc. Por fim, um contingente apreciá vel dc intelectuais c
de filudo* Huintvifns da LJnKtMidaòc dc SJln Paulo, 0) 73 . Fmboru ariisias prestaram diversos ópos dc colaboração à po íiiica cul -
lii [ fvi; sv- m publiLaili - iJiv ç nm» ubrat inlts d ,- 22 , Koi Rit - itu fotllii
i

u- Ror ^ ld dc t arvaihn lambtm sc bandearam par.i u< bosu-^ s ni idornis .


tural do regime Vargas, aceitando encomendas oficiais tle pré -
Ui» Conâuhir Rnu í llupp, " Bítpp Fauado a Utttmi" P»r Etc Metmo,
--
-
Hio dc Janeiro, Tupy. ] t72. pequenp ÍPtume contendo dado
tjrilita flj jrêí jrju.ri, kio -dk I anu tio, P<in|vLU . 1í í Jt Cfirfut * Um Vivid ' Lm -
t . r' áf )

^iLijjííiJicLí s irtnptka dc soa iriijolrtrfa intcrioi c posterior ao injjicsM* dc Jkinciro, Livraria


mi carrcua dijskirtiincn , i mária Jí ur íí Etnbúirvdtrt Rnt do Ja -
*
1
Nitcm fntimti
.
4' ifn Carreira f ipir utdlí lca Rin
) . ),
S. José , IW, v O A / JJ l' rllm littirrorati , Rm dc Jancirn , [nTrr -knsji N i .
neiro. lirtFica Rwurd, l J6í , umii Clpícic dv caderno dc nota
' * sobrv -
cionul, líi1?, l.uik ( juimaries J ú nior, . ( C aimnho do Eglíç Riif de Ja -
.
t

voai HLivIdidcs e iniciativas funoonai . Alem deu», A. carreira diplu ncirn, Serviç o dc Doeu me n fu;à u Mininierio da Fdu-ca çfi.ti i- rullun .
»*
mAtica abri va umU klnditi jtoutg cjnheeidi», como por ctcmpln *
íí kú fio FJiílra c LnK íiuimnrtitk J- ilhn , ambui puciu dv tuilu (,Li> rr -
*
.
WÍ7 ; Ileitor L.ytn , VffriJrtf Vidn Diplomática iC ibt> i
'
191ti - h)25. Sfcrflaria dt F.iriiJii c Embaixada mu Lí odniJ, Lisbuj.
. r flurWat,
*
venckmal. t .uiz Avelino fJiií ffvl do Arruirat , Heitor I s r a , cujos vuln- . .
( Ví jrrfJ d - JI .í ITO /triT.í JJjri> f > 1122 ( Outros mleleClu iis que teliam parti -
'
íIVL-I de iiijrsisi-ri-is pcruiitenn rmnutruir tod i um per í odo da hisiOna
- dpaçln dcsí acadu un çmijunturas maii rccttita, fniciamm no menino
dp llunirall, a Cnncorr ência petii> pií stoj [ii.in cubiçidn, o tJHí ttl Ó v
.
viil.i quv levavam oi diptomnL ik, suak AITlbi ç A; , elfCuln, - ifL' lociubili -
- - -
pL rindo sua Cú rrL ira nn Minislí rio d is Relações E.xí rriores Roberto
de OEiveira tampai, Fbevchcml ("arliií Ma no, Viniciils de Morltiv. lolft
dedt , L- lc . CdltUlttir Luí s (juriti do Ama tal Traçai a Carv;' y iRtmí* . * tiuí marJtm Rosa , Ant õ n ín Hemaus , cic t ^

yjõ / 57
.
cfins, livros. conceitos, manuais escola tis íJILí HS tur í sticos c das condições instiiueiona í s de que eram benefici á rios. Com
(
'hnis LJC arte , participando em comissões. assumindo o papel VIUIIS a compalibilizar as demandas oficiais àquelas derivadas
de represem antes do governo em conferências, congressos c
reuniões iniemncii :nais. cm suma prestando m últiplas fornias
dn processo de autonomização da produção inteiecuiaL iev ti -
ram à s últimas consequ ências as fõfTnultS de auM -indulgência.
de assessoria etn n.siiunlos de sua compet ê ncia e interesse. V ários
Diante dos dilemas de toda ordem com que se debatiam
ddes n ão chegaram a estabilizar sua posição funciona) nos qua - por for ça de sua filiação ao regime autoritá rio que remune-
dros permanente dc carreira embora desfrutassem de posições
*
que pareciam infensas às exigências do mercado, ou ent ão , mo
rava seus serviços, buscaram minimizar nx favores da coopia
çãn se lhes çnnIrapondo uma produ çã o ifilelectua! fundada cm
-
permeáveis às servidões impottas pelo mecenato oficial
á libis nacionali.das. Pelo que diziam, n fulo dc serem servi -
dores do Estado lhes concedia melhores condições para a Fei-
O tiHadci como árbitro em assun ror culturah tura de ohns qnc tomassem EI pulso da Na çã o c Cuja validez
Em muitos desses postos os inlcJee í unis prestam serviç o-, se embebia dos anseios de expressa » d 3 Coletividade e TúO das
cstrií arncnlc burocr áticos que não guardam, por vezes, qualquer demandas feiras por qualquer grupo dirigenle. Dando sequê n -
cia à postura inaugurada pelos modernistas, esses IslcitctlMÚ
relaçã o com o trabalho intelectual propriamente dii» que con
limiam a desenvolver paralelamentt à s suas atividades funcio-
- -
çooplados se autodefinent como porta vozes do conjunto da
nais. Em outros casos, os laç os etitrc uma e outra atividade sociedade, passando i< empregar como crivos de avaliação Uc
permeiam a própria definição do trabalho intthetU>l. De suas obras os indicadores capazes dc atestar :i voltagem de
-
qualquer maneira , instaura sc uma situação de dependência ma* -
seus laç os com as primícias da nacionalidade. Vendo se a si
piróprios como responsáveis pela gest ã o do opòlUi cultural da
leriaI e institucional que passa a determinar as relações que as
cltenidas intelectuais mant ê m Wltl 0 poder público cujos sub- nação, se dispõem a assumir o irabalho de ponservação, difusão
-
sidio ' sustentam as iniciativas na á rea da produção Cultural, c manipula ção dcswi heranç a. aferrando- se ir celebração dc «uh> -
ê xito
colocam OS intelectuais a Salvo das oscilações de prestigio, res c obras que possam ser de nlguims ulihdade para
imunes as sançõ es de mercada, definem e o volume de ganhos dessa empreitada,
dc parte a parte , Ê nesse contexto, sem d ú vida, que tomou corpo a concep -
Pui IEIDOS esses motivoí, os escritores do Estado Cnrioriai çã o de "cuIIura brasileira1 sob cuja chancela , desde ent ão , se
se encontram ruma situação contradit ória perunEe sua produção constituiu - uma rede de inst â ncias dc produção, distribuição e
mtelectual Operando numa conjuntura poliricoidcológtai tx - consagração dc bens simbólicos. às custas das dotações oficiais
tremamente complexa sc comparada àquela viviJii pc| j geração No tocante às ideologias quase profiiiionflií que os produtores
dc lff ?U. etes acabam negociando a pcrspectí va dc levar a cabo desenvolvem a respeito deles mesmos, do vaiur do que fazem
uma obra pessoal cm RRE-^CN da colaboraçã o que oferecem ao e , sobretudo, da posi çã o singular que ocupam n» espa ç o dn
trabalho de "-Contfruç&o institucional " cm cursEt. silenciando classe diligente foi esse o momento chave na defini ção dn
,

quanto ao preç o dessa obra que o Falado indireta mente subsi


dia. Na condição de presas da m áquina do Estado e. ao mes
- autoridade de que se reveste o mandato daqueles incumbidos
,

mo tempo, desejos de se livrarem dos cerceamentos que


- de gerir a polí tica cultural do regime
Em torno desse álibi quase perfeito ao diSAí mu lar os ganhos
costumam incidir sobre os praticante? de uma arlc e uma que auferem das encomendas oficiais, passaram a partir de
i [ fratura oficiais, resolveram esse dilema cedendo a » encanto
enl ã o a manipular um sistema de queixas e louvores cujo desti-
de justificaçóes idealistas. nat á rio s ão os mecenas do estamento burocr á tico c do qual <
O mérito dessa solução era o de m-anier estanques, nu podiam se servir consoante as oscilações de prestigio de que
pleno das represeniações, as dimensões dc sua existê ncia en - eram objeto de sua posiçã o relativa nns lutas entre as ftteções
quanto escritores e enquanto funcioná rios , Corno tiSo dispu
nham de recursos alternativos para minorar a servid ão de inte-
- dominantes nos centros de poder . Se lais estrat é gias lhes per -
mitiram furtar - se aos testes do mercado ma is amplo, por outr»
lectuais subvencionados, sc esquivaram cm lidai com a quest ão lado tiveram êxito em monopolizar as inst âncias de finanem -

15H / íy
I
mento | t iic fhtrs deram t > controle das concessõ
es p ú blicas de
serviços c recursos nessa á rea e a autoridade intelectual para Mesmo que n ã o tenha chegado a monopolizar o controle
do mercado c a contratação dc servi ços no campo da produ --
externar juizos em axsuntos culturais .
Em outras palavras, foram os artí fices de um mercado
paralelo de hens culturais cuja for ça deriva do jugo que
-
çã o cultural , o poder p ú blico impós se n ão obstante como con
cession á rio mor dos padrões da legitimidade intelectual. As
excr
cem sobre as inst â ncias de consagra ção que vieram se substi - encomendas , os pr émios, as viagens dc representaçã o, as pre -
.
tuir aos vereditos do mercado privado Estando a iniciativa - bendas. tudo que ostentasse o timbre do ofieialismo, passou
a constituir » caução daqueles que aspiravam ingressar no
governamental impossibilitada de dispensai os empreendime
tos particulares no campo cultural, as cotações registradas peta
n - panteã o da "cultura brasileira ". Nas palavras de Ftoro, “o
brasileiro que se distingue h á de ter prestado sua colaboraçã o
bolsà dc valores intelectuais em vigê ncia no setor p ú blico pas - no apar çlhamento estatal, mio nu empresa particular , no ê xito
saram a repercutir no â mbito do mercado mats amplo. Ao ga
rantir o acesso dos autores que ungia ao plantei das grandes - dos negócios, nas contribuições á cultura, mas numa ética con -
editoras particulares, como por exemplo a José Olympio, e às fuciana do bom servidor, com carreira administrativa c curri
culum virae aprovado dc cima para baixo” < '
-
principais sinecuras do campo intelectual , as autoridades do
poder p ú blico se converteram na inst â ncia suprema de vali
dação e reconhecimento da produ ção intelectual . Assim, não - Nesse sentido, n gest ã o Cupancma crigm urna espécie de
territ ório livre infenso à s salvaguardas ideológicas do regime,
.
é por acaso que do total de 30 acad ê micos eleitos entre 1930
c 1945, 70 r í se constitu ía dc elementos pertencentes aos altos
valendo enquanto pnrndigjnn de um cí rculo dc intelectuais sub -
escalões do estamento burocr á tico, sendo que muitos deles
.
sidiados para a produçã o de uma cultura oficial A frente do
Ministé rio da Educa çã o c Sa úde P ú blica desde 1934, convocou
garantiram sua vit ó ria em Funçã o da rede de influ ê ncias que seus conterr â neos de gera çã o que haviam participado do surto
tiveram a oportunidade dc acionar , em detrimento daqueles modernista cm Minas Gerais, mobilizou figuras ilustres que
que concorriam apenas peto m é rito de suas obras r ?" , haviam sc destacado nos movimentos de renovação literária e
’ art ística dos anos vinte, no Rio Grande do Sul, Bahia. Pará ,
< 29 } Pn Wl eleito pura a Academia Brasileira dc
[ 9.10 ç 1945 inclusive , *pelo
monos 6 deles pertenciam 4
Leira* entre
cúpula diri -
.
etc , acatando os representantes que a Igreja designava c ccr
cando-sc de um grupo de poetas, arquitetos, artistas plásticos,
-
gente da otite civil : Joào Ntvn da
Ftmioura ,
putado estadual ( 1921 , 19281. deputado federal bacharel cm direito, de - e de alguns m édicos fascinados pela atividade liter á ria .
( 1928 / 19.10, 1915 191? ) ,
consultor jur í dico do Banca do Brasil, embaixador do Brasil cm Por.
lugal ( 1943 /1945) ; o próprio Vargas
. c mar os j
Lrvi Carneira , liceu Amoroso Lima r * é á citados Oliveira Viana , Ribeiro Couto , Rodrigo Ortavio Fdln < . Osvaldo Onco , Cassio / to Ri
Jos
Outros do/.c chegaram a ocupar postui no Carlos dr Macedo Suares
primeiro escal ão dc suas cardo , <J reg ó rio Forro da Fort seva. Peregrino Jr . Rodolfo Curtia c
Tcspectiva* á reas de atua ção : Ceho Vieira ,
bacharel em direito, ausi - Pedro CaJmon . Atêm dosscrs, também se encontravam no serviço pu-
linr do Chefe dc Policia do Rio de Janeiro, blico Clodomí r Viannu Mtmg , bacharel em direito , agente fiscal do
Ministro da Justiça e secretá rio do Tribunal de diretor de gabinete do
Apclaçio : Miícifl Car - imposto de consumo r» o Minist é rio da Fft /euda , íf urbota Uma Sobri
neiro Leão. bacharei cm direito, fundador c diretor do rr /io c Manuel Dcrtdeira Com exceção de Guilherme dr Almeida , Paulo
Suplemento Li -
terá rio " Amores c Livros ” de A Manhã ( órgã o
do regime ), oftclal de Sntibal c Ant ó nio de Alc ântara Machad < > , qtie foram eleitos para pre -
gabinete do Ministro da Fazenda ( 1925) enchei a cota paulista , de Rocha Pombo , Luiz Edmundo , Pereira da
agente fiscal do imposto de consumo ;
. fiscal geral dc Metias e Silva , Viriato Carreia e Ortavio Mangabeira , remanescentes dc panela »
Clementina Fraga. médico , pro
fessor catedrá tico de Clinica Medica na Faculdades dc Medicina - tilorá rias e pol í ticas amantes na Repú blica Velha , c dc Santos Dumoni .
Bahia e do Rio dc Janeiro ( desde 1925 ), * diretor do Departamento da cuja eleição vinha sagrar seus feitos de pioneiro da avia çã o, não se
Na-
cional de Saúde Pú blica ( 1925 19311), sccrctário gcta
- ] de Sa úde c Assis -
Ifncia do Rio de J arte iro ( t (.V) |Wllt . Miguei Osório de
pode desvincular o acesso dc alguns desses elementos n ABL da co
labora ção que vinham prestando nu sclor público. Ali á s , cm 1941 . a
-
dico. diretor -geral da Diretória Nacional de Sa Almetdu . mé - eleição de Vargas pura a vaga de Alcâ ntara Machado resultou da ini - t
dico- SoCial do Mimsté nu da Educa ção c Sa údeúdePublica c Assistência Mc -
( 19141 , pio ciativa de um grupo de acadêmico» dc que fariam parte, entre outros,
Ifuor catedrá tico da Escola Nacional dc Veteriná
gado brasiloito ás reuniões promovidas pelo ria (até I 9 J8 ), dele- Osvaldo Orico , Gustavo Barroso , Oliveira Viana , José Carlos de Ma
cedo Soares, Celso Vieira , quando já haviam feito sua inscrição Bu -
-
Instituto internacional de
rooperaçá o Intelectual c 4 II Conferência Fanamericana siljo dc Magalhães, Menott í del Picchia , Martin» de Oliveira , etc .
çã o Intelectual ( Havana , 1941 ) , diplomata de Coopera -
: e mai » os já citados Ruy ( 30 ) R Faro, n p ri / ., p. 743 .

160
161

I
A exeETiplo do (juu vitiha ocorrendo em ourrais esferas da cujos apelos foi sensivd toda uma geração de bacharéis que
federal, a cooptaçao desses inleleeriM Í s nlc obedeceu
1
rnín.[ 11111 , L sc viu nn iminência de engtoísir a fileira dos sem trabalho ’ "

a fequibitos tic Ofdciti doutrinária, sendo inviá vel deslindar da polí tica diante do colapso dos grupos dirigentes na Rep ú -
principias de recrutamento alheios ao predominio dn cstamenlo blica Velha Fm ambos i>.s casos , sua presença nos aparelhos do
burocrático. Atuar do em nome de seus tntetesses prdprios c listado se articula em termos de íobbiel que pressionam em
manejando os recursos- pol í ticos que o comando da máquina prol de iniciativas de interesse dc sons antigos patrocinadores,
governante mal lhe oferece, «cia camndn burocr á tica pjsssíi a < H1 ent ã o, buscando amaciar os efeitos proviiados pelo c i
-
acolher elementos que pouco antes se haviam filiado a movi- vente intervendonistno estatal. Hssa tcndêncin revela-se parti-
mentos e n for ças pol í ticas eoncorrentes. lJor conseguinte, muito cularmente caso du Igrcjn Católtcn que nã o hesitou cm
umhnra sc possa reconstruir os inço que serviram à montagem preencher os lugares que o regime eslava disposto a lhe cottr
dos primeiros anéis burocr áticos calcados na identidade de ceder (il\ Diante de Uma correlaçã o de for ç as que lhe era
pontos de vMn quanto aos mmat que devida tumor a rcurgft'
Conselho Suprema du A tã o [ nLcgrultsl» , ik junho du ALE a J í ^FH'-
nizaçãn du poder, seria de lodo inviá vel apontar a matriz ideo-
lógica vitoriosa entre os que foram convocados nessa épocu.
.. .
lut ã o d:i \ ! . B . ) , mí rtlFr - do IJfpKi . Adm-uistrali ^ J ' CM -S^LLI PJLUIO
( 1 > 42 ) ; J, LH / itu Cú iuaru CfeteinJo (cvitucabro tln Câmara dos 4) KJ ) ,
(

Fazendo- se um retrospecto das principais clivagens ideol ógicas presidente da Comlialo de Sal-ftein-M í rtimu da 6." Região, Natal , !í i
vigente nus décadas de 20 e 3C, poder- se á constatar que de- - Grude do Nuriv il1J4 ll , cie £" i.'nsiiiiar Lnls da Câmara Cwicwlo, O
Ttmpo t Eu (Cdnfldtnctm r Êrn / mxicfl'esj. Nfttil, Inpitim UnlvenJ-
mento de pratica meu te todo* os mattees foram pinç ado1- no
[ jina , 1961: Amé rico Ju CJí iveira Cosia, i í .- J VFH U." Uadversa ite Coimara
processo de expansão do aparelhamenlo estatal : militantes em ^
CiUfUiífl í Teinaí iva 4f Lnsaiu Bfhit0f àffc< i, Nntal, Funitavà . - JosÈ
.
organizações de esquerda quadros da ciiputu integralista, por -
ta - vozes da reação cat ólica , liguras pertencentes á intelectuali -
Au(u» si, iVó V , Thieth Miltht
[
.
de Jandro Sim&sn, 1954.
.
Mopeira* .
u *Mí aftiu e o falai -eir Rio

dade tradicional e os praticantes das novas especialidades. .


nll A inci rp. .iraçà i dc iniç teél u:iu catiMicos illcuilfou duiwrtii‘i-'
(

IncompurAVelmente msJtifC , ffeundo valer a presenç a dlt Tpilein em lo-


Passada a crise dos " anos cruciais ", muito embora nenhum
dos os setores pollticm e cu * ] lurais do wndptj público c, em especial , em
agrupamento ideológico ou faeçã o partidá ria sc destaque corno ílc-Lcrminadai ã res .s pr ó jiinius dos n ú ek- ot irucutivnr I ui ? átijitwlii iio
benifiefário exclusivo do regime, nenhum deles tendo logrado a Kt (iii Mntdtu (membro da A çã o I IniYL- nilStib C.-ltiiJiCU ), pteHThitadoí
d,i Minissório Fú biicu junto ,i Jusii ça dii Trabalho, mcmbui do ( . on-
conversão dc seus pontos du vista em oriodo \ ia doutrin á ria, os
ganhos posicionais de maior vulto favoreceram oa quadros n .
Kvlho Nacirina: do TntMlho, diTctor- acnl d ' Depariíinieiii . i Nacional
do Trabalho ( 19 ? 9vl 944), dhslor da Seecão Je Sfeguran s Nacional do
serviço do movimento intcgTJilista ' 1
e dg. reaçã o cat ó lica a ^ ã n Klubora-
MinistóriD do Triibutbu [ 19-H I 944 i , presideme di Omiiss .
dora da CofUdlidaflo dai leis do Ti-uhulhu ( ] 94 .U, diversas iiií hisõai
( Jt ) Além dos numcN H indicado no capbuto I e qik- derun etieriot: Himllion de Ijtcctdu Nogueira ( fundtulur tevisi .i A Ordem
.
prosBígoiihcntc J. sun carrilri nu jerviçu público tis gan.hu puvkiurtiiis
* J Ccnlro Lkirr Vilul, biú jjTafo rapiriluíd de luckson de Figueiredo,
-
-
liL lo [ o u r :iI - ki ', a< fizeram nç ruii (m prUli«HTU.n.U. Hirtas uL, Ir , TII . ti-
peclilludb) di - rm rcido ue rural da poslov Tkicrs Martint Monjlr («*
L
-
c 11

-
autor dc ífií tir í ).! ií r íf ioí ofi í ii tI ' teuií r a Kf ítucúçií c ) du Psicolo
mumbro rio Otthdho Naciortul t é junht) dc JÍÍ35 c membro dg Cjimsn
*
* gia tl 9i3 i , .f í ouí d-irní í fos Trmptramertta dr Alhrri » Munm> ild í t ),
ele . ), catcdratico de biu-logia Geral da Fjieuld .uk Nldonat dc Filosotiu
Jus J() du A cã o InregfciLisri. iJrasikira u panir de ncicra brii da mesmo
sita), acarctârli! rio Diretor livrai du IXpartuntnt» Nadanil dc Ldu
- - c de Higiene du Faculdade Nucio^al de Medicina , Joaquim LLI Coila
Rlbclrç [ merubro du Centro Doru Vnal e da Açtlo Universiliiii Ca
ca çtn, Mru-dràiicfi du Literatura Pí>ílaguna da Faculdade NscinnaJ de
Filosofia ( IV42 I . CuilúdIn Amé rico FcriiriL I ! L - V iwirm (cx mcmbru da
-
C ânuiru dus 40), diudiir de WJççiVi dn IXiparlarui riln Nsdinlll dri Tra
-
- l ó licm , cAtedrâ tico dc Fí sica Geral c IjpcrimcnÚI (Ut t : acuidade Nu -
ciimal lie Filosofia ; Pcrilo Cvmn í (Ja prinicii i - ’ JL Jo ci'n. s- er 1idih' por
^
1 1

Jiduan de Figueiredo, membro dn Centro Dum V *ial, « uior de Ptnso

. .
bulho Itksdi: 1932 ) : Ànor Durkr Maciel itmchartd , d ehefs prtmnnfef r Crtio U 92Q\ tm que Irata daí, rflaçõcs entre a flí ncig e a l ó i, di-
- . -
Integruliita nn Riu Cinindv d-- ' S LII ) pri sjcLcnli; da ('umiscã o d - Salbrio-
Mtninio da ( 7 * KcgiAo LL fttcmbrd ( WHl du CrifliiasSn d - Ejutudoí dv
ptornaiu dc çunctra ; JdfiaLas Aichiiujn du Silveira JfemUK) teí j-saios su
Negócios Ehluduais (|9tj); ( Hhun Hiinri Leonardo , ; cu-mcmbro du - bre I jLruis Eiriln e Pulin Sturui , diversos numun de lusl ó iiuj , CãlCdrft -
. *
.
H ã fimru dos 40) chtcdrihicu dc Geologiji t Paleontologia du Faculdadu
Nacional de Filosofia da Ufitanldadc du Irund (11939), catedrático <k
lico do Colégio Pedro 11 membro d D Cnueiha Njicinnul de F.duca çãn,
Ja CaUninhia Nacional do Livro DidAllCã, dc. ; Fsii- Jji de t:Jin , í diri-
genle cat ólica ein 4emf feminino e Jiusitiar de confiança do Qldcll
Geologia lienn õrnica ir Noções JL- ML' ! :II urgiu da ILurola Nacional de L -T:)í i , membro du Conselho Nulunal du Su í siçu Sticiul ; Cecília Vtei-
Engenharia da Univerucladc do RTASí I IWII, membro du Conmlhi) nelkí, Evciudo Hã ckbí iiser, Mari Junqueira Scã miid. I. CHanel l7 r;inL-a..
Nacional dt Minas e Mdulurgru |l ?4d ) : Migud Healu tex merubro d " - e! C . mcnlbru-- Jç diversos Coitlinties * e Conselhos mSs Mmisltrirt! da
m MJ
hasiant ? desfavorá vel sc comparada n conjuntura dc crise do in ício do século ( Ratzcl, Gobineau , etc.) , os chamados "pen -
regime uligá rquico, a hierarquia eclesiástica c suas extensões sadores autoritá rios", c os educadores profissionais, foram as
leigas preferiram alocar seus quadros junto à s arenas dc nego-
ciação onde havia maiores chances de preservar ou ampliar a
limeas categorias de intelectuais convocadas pela elite burocr á
tica cm virtude da competê ncia c do saber de que dispunham
-
margem de manobra em maté rias capazes de afetar os campos cm suas rcspectivas á reas de atua çã o. Por estarem muitas vezes
de atividade onde se concentrava o grosso dos investimentos ocupftlldo postos de cú pula através dos quais podiam fazer
confessionais. Por força doí preju ízos que um eventual ali - valer seus pontos de vista no encaminhamento das reformas
jamento pudesse provocar, a Igreja empenha -se em limitar
as á reas de atrito com o Estado, viabilizando o tr â nsito dc
cru curso, ou então, operando na qualidade de porta vozes
oficiais junto nos espa ço» dc negocia ção que lidavam com FLS
-
seus pontos de vista junto a setores cm opera çã o recente cujas principais quest ões em pend ê ncia com os demais grupos dc
decisões amea çavam de perto seus interesses estrat é gicosl ". interesses fora do â mbito do Estado , prestaram serviços rele-

Os educadores profissionais e oj ros


pensadores uuiorhúí pacto dc forças entã o vigente .
-
va ntes ú ordena çã o jur í dico institucional cr à sustenta çã o do

Os uutores de obras polí ticas inspiradas pelas correntes dc Em ambos os CHSOS, n ã o sc pode aferir o valor dc sua
pensamento filiadas aos modelos determinista » europeus do contribuiçã o ao trabalho de organiza çã o do poder com base
apenas nas cauções dc legitima ção que trazia sua presen ç a
bducayiU í, do Trabalho c em outro» «etore* governamentais. Consul- nos aparelhos do Estado. MortOentt no caso dos pensadores
tar Ant ô nio Carlos Villa ça , o p rir, pp t »2 1 «]; Alceu Amoroso Li autoritá rios, o fato dc pertencerem a antigas fam ílias dirigen -
m» . Pela A ção Católica. etl ., pp 22 J .T44 í oMthas Serrano,
eji
,

;
. -
tes beneficiando se dc todo tipo dc vantagens e privilégios,
In Memonam, diversos autores, Rio dc Janeiro, Federa çã o das Acade -
mias dc Leiras do Brasil , J 94J ; Leodegá rio A , dc Azevedo Filho, inclusive dc uma ampla rede dc relações sociais, decerto con -
Ftorira e Estilo de Cetilio Meirelltl ( A Pastora das Nuvens ) Kio dc . tribuiu dc maneira decisiva para a consagração que receberam
Janeiro, José Olympio, 1970 ; Evç rardo Backheiuer, O Professor , Rio no campo intelectual. A eficácia política dc seus escritos derivou,
de Janeiro, Agir, J 946, uma profissã o de fé no magisté rio ; Padre Luiz portanto, da conjun çã o entre i »s trunfos sociais que estavam em
.
Gonzaga da Silvc ú » D'Etboux S. J . Pe Leonel Franca Rio de Ja
neiro, Agir, 1953 . . - condições de acionar para converter seus pontos de vista cm
( J .b Esse empenho transparece de modo inequ í voco no â mbito
ortodoxia ideol ógica e ns rupturas com as doutrinas c modelos
do» Ministé rio» do Trabalho e da Educa çã o, no primetro porque seria jur í dicos ent ã o dominantes.
temer á rio abrir mã o de qualquer parcela de influ ê ncia na conforma çã o
do» mecanismos institucionais c nu montagem dai doutrinas que por - -
Costuma st incluir sob o r ótulo de pensamento autorit á rio
ventura viessem a inspirar o disciplinainenio da » pr á ticas do operariado , autores cujas trajet ó rias pol í ticas n ão são coincidentes c cujas
no segundo porq -uc estava cm jogo o quinhã o de autoridade da Igreja obras respondiam a demandas dc selores diferentes da ciasse
sobre as inuAncias de recrutamento r habilitaçã o dos diversos corpos
-
de especialistas qtie compõem o estado maiur di > trabalho pedagógico
dirigente. Havia, pois. os precursores ‘anato lia nos' cuja carrei
ra propriamente polí tica sucedeu no contesto das lutas oligá r
-
-
junto JIS rtovas gera ções da classe dirigente Em cnn sequ ê ncia , a Igreja quicas, tendo revertido à produ çã o intelectual após o per íodo
nio poderia se ausentar dc » »iu ircai dc lirlg í n c concorrê ncia crn por
cm itsco o acesso á* sua» prí rteipflii clientelas. Par outro lado,*a ques - de “ presença na pol í tica ", como nos casos de Gilberto Ama -
t ã o do grau dc participaçã o dD 5 intelectuais nas tomadas dc decisão do c José Maria Beiio Í N |; havia os publicistas cujos cscri-
cm mat é ria » afetas aos setores cm que operavam, mereceria decerto
irni lineamento mai » detido. Pítfrti examinar case problema numa aná
lisc cm profundidade do Conselho Nacional de Educa ção. Nesse estudo,
- ( 34 ) Um dos melhores documentos sobre o clima intelectual e
-
procuro indicar as clivagens dc iMcrt nSiç que permeiam as diversas alas
dc que se compôc esse Conselho, chamando atençã o pura a mterfe
polí tico em meio ao qual floresceu A 'gera çã o sonhada por AJberto
Torre»’, é o volume à Margem da História da Eept í hlica ( I deães, Cren-
r ènciii que ar filia ções inslituciomns e doutrin á rias exercem nas toma - ças e Afirmações }, inqué rito por escritores da geraçã o nascida com a
.
da » dc posf çã n dc seu» membro» Ademai » e »»c trabalho pc Mnilc ainda .
Repú blica : A . Carneiro Izã n Celso Vieira , Gilberto Amado, Jonathas
.
avaliar grau dc autonomia dc que dispunham o» colcgiado» no campo Serrano, José dc Miranda, KonbEd dc Carvalho Tasao da Silveira ,
Tristâ o de Athaydc, Vicente Licinio Cardoso, Kio dc Janeiro, hdi çã o
.
do ensino c da cultura. Consultar Sogro Miceli Conselho Nacional de
do “ Annuario do Brasil ", I 9Z4 . Consultar també m Joio Cruz Cosia ,
LducaçÕ o: Análise de um Aparelho do Estado . Si o Paulo, EABSP/ POV ,
1977, 1 ) 0 pp„ a ser cm breve publicado . Contribuição á História das Idéias no Hratil , Rio dc Jandrn , José

164 / 65

l
los dr proselitismo se vinculam muix âs necessidade do dade parlamentar e no desempenho das mats altas fun ções
partido cat ólico do que á s demandas çgtamcntais, como
'

no caso de Alceu Amoroso l .ima : havia ainda os jovens pen


sadores cujos libelos e panfletos exprimiam o projeto dc se
- pú blicas —-
nos de Melo branco e Oclavto de Faria
fazendeiros cujas fam í lias se encontravam —
como era o caso de Azevedo Amaral. Afonso A ri
em
, eram filhos dc
acentuado de
-
-
lomurcm os mentores 'espirituais ' do classe dirigente* como por cl í nio material, como nos ensox de Oliveira Viana * Jos é Maria
exemplo Octavio dc Faria , Cindido Moita Filho e Afonso Bello e Gilberto Amado . Dispondo de toda esp é cie de trunfos
Arinos de Melo Franco, Mas os principais art í fices do wpensa * sociais c culturais para que pudessem levar a cabo uma -
traje
— — particulares colégios
mento autorit á rio”
— Oliveira Viana. Azevedo Amaral, etc . 11 '
falavam cm nome da clilc burocrá tica, na creria de que u
organiza ção do poder em mãos do Fslado viria subsliluir se -
t ória escolar hem sucedida
dc elite c a passagem de praxe
professores
pelo curso jur í dico
cendo a fam ílias cuja sobrevivê ncia na classe dominante im
— ,
, e perten-
--
ao entrechoque de interesses privados, habilitando seus repre
sentantes u auscultar os reclamos do conjunto da sociedade , Os
- plicava na repartiçã o dos filhos pelas posições pol í ticas, inte
lectuais e burocr á ticas, o fato de que tenham se especializado
escritos desses pensadores propunham uma solução alternativa -
na atividade intelectual deve se muito mai.s ao imperativo dc
.
à crise do poder oligá rquict ) ou melhor, um projeto substitu
tivo ;'i latencia do liberalismo inscrito na carta de 1891 . Mas,
- reproduzirem as posições dc classe que os seus vinham mono
polizando do que á s convcmíncitis impostas por iltns estro
-
-
por outro lado, serviram também para dissuadir uma geração tégia recente de reconversã o,
dc bacharé is intoxicados por idéías snlvac íon í stas de buscarem lim suma. diversamonte de outras categorias dc intelectuais
esteio institucional fora dos dom í nios do Lstado. eooptados pelo estamento burocrá tico nas d é cadas de e á (l.
A maioria dos pensadores autorit á rios provinha dc familias aa famí lias de alguns dentre os pensadores autorit á rios estavam
dc csttrpc, cuja antiguidade na disse dirigente remontava aos ligadas desde há muito tempo à c ú pula da elite burocrá tica,
tempos do Impé rio, nu ent ão, se originava dc antigos ramos valendo se de seu capital dc prest ígio e honorabilidade para
-
senhoriais ligados à propriedade da terra. Quando n ã o des- se assenhorarem das benesses concedidas pelo poder central . Os
cendiam de fam ílias h á muitas gera ções especializadas no tra - pensadores autorit á rios eram. na verdade, herdeiros que pude-
balho pol í tico c cultural , contando entre seus antepassados com ram lirnr partido de uma correla çã o dc forças extrcmamerile
figuras de renome nas profissões liberais , nas letras, na ativi - favor á vel à produção dc obras cujos reclamos reformistas coin -
-
cidiam com os interesses de auto preserva çã o da fra çã o de
classe a que pertenciam.
-
Dlympin, J 9 Í 6 ; fjpjbv rl ^ Amido , Presenç a na Polí tica , K IO dc Janeiro,
.
í ose OlyTnpio, I ^ ÍS, o Ocpttif da Pol í tica Rio dv Janeiro, José Ohm Quanto aos educadores profissionais , talvez se devesse bus -
. r
pio 1 ’Jfifi . José Muria Bello, Matnóí at , Rio dc Janeiro , 19.SK, tutu como enr os princ í pios que regem sua trajet ória nas dissensões entre
» xrtá liv dc amtxrç in Scrgio Miccli . Podrr . <íd cit , pp. riI 67 : a iniciativa p ú blica e as inst â ncias concorrentes do Fstado ( a
Bol í var Lamuunicr , " Fomuçlo dc um Pensamento Pol í tico AuiorilS
rin na Primeira Republica . l - m lnlrrpn:liyã o", fn flori » Fauim ( cirjt ).
- igrcjtt Cat ólica e as denominações protestantes, importantes
O Brasil Jtf uWrt-íMrf! ed . cil ., tomo III , 2," volume, pp 374, ande investidores no sistema de institui ções educacionais em torno dos
^
dtwee» o modelo da idrol ( # ía Jr Ri nulo,
j ^ rumos que deveriam tomar as reformas do sistema de ensino,
05) A respeito de Azevedo Amaral , consultar os materimt bio
gr á fico * contido* no volume preparado por seti irm ã o, Ign íido M Azc - - A convocação dc elementos jovens egressos dos bancos aca -
d ê micos por parte de certos governos estaduais no correr
cedo do Amaral , Rvmlniicèrwloi . . , Rio de Janeiro, Imprensa Naval , -
dos anos 20 , inscreve se no esforço derradeiro dc moderniza -
lusa Sob te Oliveira Viana , consultar sua biografia dc aulnria de
VtKiinodlm 1 erres Consultar , linda , Afonso Armo» de Melo Fran - çã o' que remaram empreender alguns dirigenles oligá rquicoS.
. Sã o exemplos dessa pofitica fl contrata çã o d ç Lourenço Filho.
co, A Alma itt> Ttmpo IR"ormacào r Mwidedcl Rio de Janeiro* José
( Jlyrnpio, 1961 , A kit alada , Rio de Janeiro, José Olympio, 1 % S, e .
Francisco Campos M á rio Casassanta , An ísio Teixeira , Fçman - *

- .
Planalto, Rio de Janeiro, José Olympio 1968; CardUnu Nabuco, A Vida
ih VIrgllio jde \lrhi Pranto , picfAciis de Afonso Atlnos dr Meio Franco,
do de Azevedo, Carneiro Leao. para levarem a cabo as refor
-
-
.
Kto de Janeiro JosC Olvmpio , 3 962 ; Homero Senna , Rtpú blna . , ed
mas da instru çã o* rcspectivamenle. no Cear á * Minas Gerai .
cíl . , entrevista eom Afonso Arino» de Mc|i> Franco, intitulada ‘ po|l ( icB Bahia , Distrito Federal e Pernambuco, bem como a designa çã o
c Leira»", pp 2 S Í 269. dc. alguns deles para integrarem o segundo escal ão dos execuli -
166 167
vos esladiiais, ou então, para ensaiarem os primeiros passos
dc uma carreira parlamentar. Por conseguinte, a profissionali
zaçã o de uni grupo de especialistas em problemas educacionais
correu pnr conta de exigê ncias postas pelo pr ó prio sj.siema dc
poder oiigà rquico que por uns tempos passou a enxergar na extern
sflo das oportunidades dc escolarizar ã o uma estratégia que
-
poderia IIIL proporcionar dividendos políticos consider á veis
- I dos jesuí tas, primeiro no interior c depois no Col égio Ant ó nio
Vieira em Salvador onde realizou o secund á rio.
A chance de escrevei os resumos dos filmes a serem edi
tados nos programas distribu í dos no cinema local , e dc cola
borar no jornal da cidade, ambos de propriedade do pai, a leitu
ra das obras que estavam a venda na loja, c outras experi ê ncias
-
-
-
similares, decerto contribu í ram paru o entusiasmo com que
Nas condições em que se encontrava o sistema dc ensino Lourenço Filho se aferrou aos estudos a partir do momento
nos anos 20. o Estado n ã n poderia estender stm tutela no cam - em que se torna aluno dc um jovem professor normalista .
po educacional sem negociar as reformas previstas com a Igre - recé m formado cm Slo Paulo. Da primeira à ú ltima sé rie,
-
ja Cat ólica que era o principal investidor c concorrente nessa conservou o lugar de primeiro aluno da turma ; apôs uni breve
á ea. Por outro lado, numa conjuntura dc escassez de elementos
qualificados para gerir tais iniciativas, as determina ções im-
-
estágio rto Gin á sio de Campinas, insereve se para os cxatnes
de admissã o á série inicial da Escola Norma! Prim á ria de
postas pela origem social se retraem perante os trunfos Confe - Pirassunurtga onde també m manteve seu posto de melhor aluno
, .
ridos por uma forma çã o escolar proííss íonalizante, A seleção até o ú ltimo ano 3 ' Enquanto Louren ço Filho cumpria os
:
dos agentes que passariam a integrar estn nova carreira na
divisã o do trabalho pedagógico n ão se restringiu apenas aos
-
passos de uma habilitação profissional para tornar' se professor
, voca çã o’ que
prim á rio, a fam ília de An ísio, pressentindo 1
efetivos das fam í lias dirigentes, na medida em que a distribui - os jesu í tas estavam prestes a aliciar, se dispõe a financiar seus
çã o desses postos pínçou també m profissionais de extração social estudos jur í dicos no Rio de Janeiro, onde conclui o curso cni
relativament ç modesta que conseguem , às custas dc vantagens 1922, Dois de seus irmã os haviam realizado o curso de enge-
«rr í tamente escolares , ocupar cargos a que n ão teriam acesso nharia e um terceiro faria carreira pol í tica como deputado
em unia conjuntura distinta de funcionamento desse mercado dc estadual. Ao mesmo tempo que Lourenço Filho tira partido
trabalho especializado. dos est í mulos c facilidades com que sào brindados os inte -
grantes da primeira leva dc postulantes a umn carreira docente
As biografias de An ísio Spinola Teixeira, um dos quatro
filhos homens de um m édico, senhor de terras e lider pol í tico profissionalizada , An ísio Teixeira se beneficia das dividas po -
numa região do sert ão baiano, c de Manuel Bergstrom Louten
ço Filho, filho de um comerciante portugu ês instalado numa
- l í ticas que seu pai eslava cm condições dc exigir o resgate ,
Tendo assumido o governo estadual o banqueiro Góes Caimon,
cidade do interior paulista, revelam as duas principais vias dc "do qual era uma das colunas dc sustenta çã o" no sert ã o baiano
.
acesso à carreira de educador profissional Enquanto Lourenço o pai de Anisio reivindica para o filho a promotoria pú blica dc
Filho auxiliava o pai em suas atividades como pequeno comer - Caclit é, pedido tanto num legitimo pois Anisio se empenhara
ciiinlc de bens culturais
dc livros c a arte fotogr
— " ( seu pai ) inaugurou, aii . o com é rcio
á , instalou uma tipografia , fundou e
fica
na campanha da sucess ã o; em lugar do posto solicitado, G ões
-
Calmon convida o para o cargo vilal/cio de Inspetor Geral de -
manteve durante trinta anos um seman á rio, montou um cine - Ensino . Os bi ógrafos oficiais dc Anisio costumam atribuir
ma ”
— que tentava compensar o acanhamento dus gasLos à sua nomea çã o para a direçã o do ensino as carater ísti -
com bens culturais de uma clientela interiorana pela diversi - cas dc um chamado divino. Conforme o depoimento( que
fica çã o de suas atividades, An ísio era entregue aos cuidados An ísio lhes fez. "achavam os padres que o fato I
de t ão extraordiná rio estaria a indicar que a vontade de
06 ) Consultar o volume Um Edfuador Bnuí telro: Lourençn f i - -
thi ), Sã o Paulo , Melhoramentos, 1959, livro jubilar organizado pela ( 37) Era um dos cinco ruivos cursos normais criados na «estio pau -
Associação Brasileira dc Educaçio, com tcxioi dc io*è Augu ui He /erra
* , A , Al - 0*car Thompson , localizado » cm ponto* estrat é gico* do interior
de Mede í ro* (ent íto presidente da ABE ), f- ernatidò de Azevedo lista : Tinha 4 sé ries como
" , a Escola Normal Secund á ria , mas dedicava
do In -
meida 1 r., J . Moreira dc Souza , ArrSiin Teixeira , Clemente Mariani , mai * tempo à formação pedagógica , com sacrif í cio do Latim c
Alceu Amoroso Lima, Peregrino Jr . , Abgar Renault , c outros, p, 28 , glês", op. W/ ,, p 29.

Í 68 m
Deus talvez fosse que lavrasse cu no campo do aposto- cisto Campos, cot ã o Ministro da Educação, para ocupar se do -
lado leigo c n ã o nas fiteiras jesuitiens" I RH I Sem se dar ensino secund á rio: cm 1931, i nomeado pelo prefeito Pedro
conta Intel nunen te da missã o pol í tica que os jcsuiLas lhe Ernesto para a Diret ória de Educa çã o dst Prefeitura do Distrito
esl avaro confiando, An ísio empreende tua primeira viagem fi Federal onde permanece at é 1935, sendo demitido logo após
Europa para entrar cm contato com os sistema* escolares da a revolta comunista , acusado como simpatizante do movimentai
França c da Bélgica , cm companhia do arcebispo e futuro implanta a ef é mera Universidade do Distrito Federal, afora
cardeal D. Augusto, É quase certo que a 'desistência ' dos
- -
jesuítas cm trazê lo para ns .suas fileiras devcu sc à s resist ê ncias
outros empreendimentos nu Arca educacional ; era 1938, vendo sc -
do pai , mas nfio obstante tua nova missã o continuava a depen - -
alvo de perseguições, An ísio volta se para atividades empre -
sariais, tendo sido exportador dc mloério na Kahtn durante
der quase inteira mento do aval d í t Igreja , De fato, OS Investi - *
os anos da guerra: e só retoma sita carreira p ú blica nn arca
mentos com que vinha .sendo agraciado pela igreja prendi 3 m sc - educacional após 1945.
. -
o projeto de converti lo em l í der católico leigo, uma espécie
també m em aesia ç in eni OtítTOs setores da classe dirigente em A trajet ória profissional de Louren ç n FiLho é o exemplo
outros Estados . Contando com o financia mento do Banco CAhal de um agente especializado que dm quase tudo á
Econ ómico do qual Góes Calmou era o diretor, sob a forma escola e que por isso mesmo tetide a concentrai seus investi-
de um empr éstimo de cinquenta coutos que veio a ser saldado
pdn par , " tar direto H Espanha , ao Santuário de Santo Ign áfiio mentos na aquisitivo de titulou escolares. O trabalho que de-
de Eoyoln, onde passou ( r ês dias itiedilando se devia ou n ã o senvolve c a carreira a qual se devota resultam da coincid ê ncia
entrar para a Ordem . Dal segue para Roifla onde se aloja , entre a boa vontade cultural qut permeia suas diiposições e ot
na Companhia dc cerca de vinte hispoy no Col é gio Pio Latin.i
Americarto. Foi o primeiro leigo a merecer tnJ defer ê ncia . É
- interesses tto poder p ú blico em contar com um corpo de
especialistas voltado para a gest ã o do sistema de ensino.
recebido cm audiê ncia pessoal por Pio XI. De Roma segue -
De posse do diploma de norma listo , inicia se rui magist é rio
para Paris onde passa quatro meses ouvindo ti ções na Sor
honne " Sem d ú vida, essa peregrina ção aeabou por desper -
- primá rio em Porto Fcrreira conseguindo sua nomea ção como
tar em An ísio u consciê ncia de estar predcsiinado a ser um -
iuhstiluto efetivu ent abril dc 1915: em 19 K», transferc se para
grande reformador do ensino, Empreende uma segunda viagem Sá o Paulo onde pretende cursar os dois Últimos anos da Escola
dc estudos ao exterior, desta vez nos Estado?, Unidos, que assi - Normal da Pra ça da Kc p ú blica , assim u lei 0 permitia ; passn
nala Uma inflex ã o decisiva em sua trajet ória . a trabalhar como redator do Jornal do Comércio quando co -
-
nhece Monteiro Lobato que o chama pira nuiii ú lo na recé m -
N ã o encontrando possibilidade de COOtinitó r a lestfi do
ensino estadual , regressa aos Estudos Unidos para estudar nu -
fundada Revista do Brasil; cm 19 IS , matricula se no primeira
ano da Faculdade de Medicina na esperança de galgar os postos re -
Universidade de ColumbLa ; frequenta tis aulas dos pedagogos servado* em principio aos portadores de diplomas mais leg í timos e
dc renome da é poca , Dewcy, Kilpatrick , Ragtcy e . ao cabo de
dez meses, obt é m o mestrado em educa çã o; cm 1928 , publica mais rent á veis que o seu de norma lista , luas acaba desdsimdo
no segundo ann ; cm 1919. ingressa na Faculdade de Direito,
seu primeiro livro, Aspcc/oy Americanos de Educação, impres
so por uma tipografia da capital baiana ; cm 1929/ 1930 leciona . - outra tentativa de escapar no mercado de trabalho especializado
do qual se sentia cativo; no fina! do mesmo ano. Sampaio Dorisi ,
filosofia da educa çã o na EsCols Normal d ç Salvador ; cm 1931.
vem para o Rio de Janeiro sendo togo convocado por J run - - -
recém nomeado diretor geral da Instru çã o peto governador
-
Washington Lu ís, convida o para substituir Rold ã o de Barros *
na cadeira de Pedagogia e F.duca ção C í vica da Escola Norma )
< HÍ} r íiF ú Trixeirp: PTMAMRNUJ e A çãu , HILí dc
^ í JUJltffu. Civi-
I í X»ç< E )
- ifej e
Bruibln, twt ), volume mgsinijrHdci put um çiujm
£ Jucaduies bnuileirns , TI 171
da pru íei
- Primá ria, anexa LI Escola Normal da capital; e pouco nn í cs
dii confronto entre Sampaio Dó ria e o governador a propósito
(M) Aníii ú Telxelm cd. cit ., p. 153. da dura çã o do curso primá rio, Louren ç n Filho í nomeado

170 / 71
pvcfe&wr de psicologia e pedagi iu de Escola Normal de Pira- como por exemplo na direçã o de órgãos c associações de classe
^
cicaba , equiparada , a exemplo dí s demais escolas estaduais, hem pomo na conduçã o dc greves c outros movimentos rdvin -
á E$coLa Norma ! da Praça da República : a partir tic 1922. fmr dicatórios. A convocação desses antigos militantes cra um tltvs
escolha da administraçã o paulista em a tendi mento á solicitação instrumentos de legitima çã o da poljt ãca oficiai de controle do
do governo coanjjwe. í designado pura dirigir a reforma dn movimento oper ário ent ão em vias ilc implanta çã o. N ã o há
ensino p ú blico naquele Estado: de volta a Suo Pauto cm 1925, dúvida de que n udesàn desses antigos militantes U diretrizes
assume o cargo de professor de psicologia e pedagogia nn do projeto governamental que consistis çm outorgar concessões
bscolo Normal dc Sáo Paulo; cm 1926. publica seu primeiro pateruBlistas aos trabalhadores em troca du esvaziamento dc
livro. Juazeiro do Padre Curro, fruto de MJII estada cearense, seu potencial contesto t úí r o, se traduziu pela venda de sua força
que recebeu o prémio da Academia Brasileira de Letras: no de ira ha lho pott í ico e ideolúgico que haviam adquirido a í rnv ê s
mesmo ano. atrav és da Companhia Melhoramentos í le São tlc uma experiência concreta do meio oper á rio.
Paufo. organiza a Biblioteca de Educação. primeira do gé nero- Ê o caso dc Joaquim Pimenta que constitui mtia hoa mostra
nn pais. onde publica traduçõ es de obias de Ckparède, Piéron,
dos laços precá rios em que se assenta a delegaçã o pol í tica que
DurkJjeim, Hinct - Sininn c Lepn Wuliher; no ano seguinte, com
um setor du dasse oper á ria concede a um pequeno Intelectual
um grupo de educadores desejosos de se tornarem empresá rios provinciano que estava fadado a eonvçflcr - sç TIUIII servidor da
no setor
— Sampaio Dúria , Almeida J ú nior , etc.. — funda o
Liceo Nacional ttio Branco onde passs a dirigir ct Escola Pri -
Igreja n áo fosse a oportunidade repentina de obter um diploma
superior .
má ria Experimentalt em 1929. c eleito membro da Academia
Ptuiista de i , eiras , graduíi- se bacharel cm direito e, no ano Nascido por volta de 1 KS.H numa pequena cidade do interior
seguinte, publica o livro Introdução ao Estado da Escola Nova; cearense, Joaquim l’m icnia ficou órf ão dc m ã e com der anos
no nics dt outubro. é designado Diretor - Geral do Ensino do dc idade , Seu pai vivin dos rendimentos que auferia dc nmn
Estado de Sã o Paulo onde permanece at é fins dc 1931 marcando pequem farmácia c dc receitas que aprendera a avi.ar com uru
esculá pio em trânsito: além disso, linha roçados onde plantava
sua restai» por uma série de iniciativas , como por exemplo a
reforma do ensino normal c profissional, a cri Li ção do Serviç o * .
milho, feijão, mcland , gerimuni todo para consumo doméstico,
de Psicologia Aplicada , dc uma biblioteca central de educação .Sendo utn dos d ê s irmãos menores dc uma prole dc onze filhos
o do Instituto Pedagógico onde se realizaram os primeiros Curara sobreviventes, desde cedo Joaquim envolve- K com os trabalhos
dc educaçã o cm n í vel superior: cffl 1932, ê convocado para inte- dc sacristia d íiinlo conliunidade í L unia tradição familiar c so -
bre *; íiindo- tií pelo zelo pelo que imprimiu à s suas atividades
grar os quadros dc especialistas do rCcím-eriado Minist ério da *
conto irmã o du Conferencia Victnlinu em sita cidade natal e
Educação e Sa ú de Púhlica , prosseguindo sua carreira no  mbito
federal . com professor dc uma escola noturna para menores sob os
auspícios dn tnfismi instituiçã o Data désse per í odo onde se
destaca como lí der viccnlini» sua iniciação cm leituras sacra
Joaquim Pirrtenla: a trajetória de utn antigo militante *
Dentre o pessoal de esquerda , alguns elementos da liderança 19 EH, o du Í Lirid & çflu d «itchite brasileira du Grupo Clart é ( 19211
i- rti
anarquista atunnle ao longo da Republico Velha furam atra í dos que chegou D *
ulúncniar u projeto dc cri&jçÈq de um partido soriali ra
tjiwilclro que viri.v a sc CLinerciirar (is maio de 1923 |>< » t iniciai í vs ^de
AL > S; cí rCLtlos de cú pula do Minist é rio do Traballm, Ind ústria e
Evirldc dc Murxti, acabou tominda-ic proc LI ra dor do Dcpiiõn menta
Comércio <">. A cooptaçáo desses intelectuais sc relacionava NaciLsnaf dl<i TltbttllD dç wlc e mcmhrr do CorUí Hin Ailnimisira-
diretamenie ás suas Aptid ões de liderança dn classe oper ária tlvo do IrutHuto dc PítWdénd» dun FuitcionAhoti Pú blicos da Un í So,
que já haviam demonstrado possuir cm diversas oportunidades, passando a pr * »ciJra(Jor -g£nl jvr volta dc ( iJJ | Paru malom Infor-
maçúes A stLl WspeitO K dt nuliu fiRiiras seja do rTWViincmo anarquista
1

wja das demais dtBttftiíac áca ík esqiierdfl t|uc SrahjLi itm ingicsauiKitr
(dd ) I anlhim pcnenceram i liderança ananjLrista OULrta etemen,- tio scíviçn piibllco , dúnilUtir John W Foalcr Dullcs , Anúi í hitli arui
loa que vieram a presinr serviç os no Ministiriú du Trahalhíi, dentre ot
( .
tniaii Agrioino Naí Antlh. Advogado baiano , colibnrad jí da iniprvnsa
anarquista, tendo participado do plano para a derrubada do (ovemo
Çamtfilihí ili in BnU.d (IffOO/ IflJSj, Aqatin , Untení t) of Tesas Press,.
1971, t Wiinald tf Childote, Thr flrazificw Commawit !' arty i I 1 ;; 1 71) .
New YuiJs , Oxford Universit; Pt«>. ! Wt ,
* ^
172 m
IJLJí' ao
* pouco* vai abandonando, fascinado pelos princí pios gramatical e ensaiava a an á lise lógica , lúizia
com a an á lise
evotueioní slns de Spencer . descrições que o Podre in corrigindo, uma dda* sobre o
levantamento, no alto da serra de Qumsmui ú. de urna cruz
.
"Como sacrist ã o era o terceiro da fam í lia ; ti Ní o c comemoro ti va da passagem do século ( ) Fm francê s
o Zc servi rum com Padre Alexiindrc. Minhas irmã s Cim- j á havia decorado quase ioda a gram á tica de Halbottt
invam na Igreja, e entre m músicos t |ue tocavam no coro, e estava bem avançado no volume dos temas . Traduzia
linha iiin cunhiuK um tio c tr ês primos . Não era eu o paru um caderno trechos das oraçòett fú nebres {|e Bossuet,
lipo clássico do sacrista * que, LL medida que se vai Íamí-
í wdo com a profissã o . muis indiferente ou medos cones
tiar
de sermões de Massillíin , dc Lacordairc, de Botmdibue .
^
se torna Côfl) as imagens. que exprimi e acomoda nos
quatro grandes luminares da oratória sacra " lt ,
;i

seus nichos. Rmbora pceadnfa , J j n i n t i


'
a r d e n t e de Tamanha diversidade tle aquisiçõ es c ui tu ruis lhe ptruiiiiu
f é. mergulhava e pcrdia- sc em devaneios mis ticos naquele contudo vislumbrar as alternativas de carreira que enfio se
ser áfico ambiente de incenso e camo-cblo. Metido em abriam a um rapaz com a sua modesta condição social, muito
uma ha tina que mo davf pelos joelhos. t ã o justa que se embora nã o pudesse per enquanto abrir mio do parcos rendi-
me enroscava nas pernas, com o risco <Je rebolar pelos mentos que tndirct&mcDle lhe proporcionavam os serviços pres-
degraus do altar ; com um foque!e de linho barato, cscan - tados á Igreja como professor primá rio num efiiahelccimcuto
djliKantfnte largo e comprido; ouvindo atr á s do mim n privado e mestre particular cm caiu dc fa milias católicas da
rumor de nsos mal contidos que aquela exótica paramem - capital cearense.
ração provocava ; quando halanccavn o ludbuló, rtuma Os ú nicos c í rculos sociais que eu frequentava eram
"
nuvem de fumo. ou sobradava o missal . fiiz.endo uma genu -
flex ã o. ao passar de um lado para outro ; ou respondia , alto, a Confer ê ncia dc S, Vicente de Paulo, aos domingos, nn
em latim, n cada texto ou versículo litúrgico que o pndre Igreja do Cora ção dc Jesus, c um pequeno grupo Lí C
ia proferindo, eu mc sentia , num misto cie cxlase e de colegas do Liceu , que, todos OS dias . invariavelmente, dc
orgulho, tinia part í cula do culto, um fragmento do sacer - seis í LS uove d« noite, se reuniam em um tios recantos
dócio ( ) ampliava o meti drcnlo de cultura religiosa arborizados da Praça do Ferrei ria . Na Igreja d* i Coraçã o
com um corso de Bíblia por dois volumes do Padre de Jesus , logo conquistei, çnrrc <w companheiros de
Roquelte; c lia sermões dc Vieira e hist órias de santos confraria, n nuns carinhoso uculhinienlo, Sabiam dos nieUfl
e de milagres; e folheava a teologia do Padre Gury e a serviç os á Irmandade, cm Tauá ; lesfennmhavam o meu
filosofo de Sor ia no de Sousa, toda impregnada de to- empenho em cooperar na obra de assislíueui aos neces-
na is mo; alé m de outros livros de educação cat ó lica , de sitados. tendo fundado, sob os auspí cios do Bar ão de
apologé tica , de doutrina , que o Padre Trouxera do Semi - Sludart, no Uoukvnrd Visconde de Rio Branco, unia pe -
nário" r * 1 ) .
quena escola pztra crianç as pobres; sendo eu, ainda o ,

Uma iniciação t ã o sistem á tica no domínio prático c Sim


bólico dos rifiM É s c princ ípios do apostolado católico teria sido
- distribuidor de esmolai pelos casebres dc palha perdidos
nus areais adjacentes LL estrada de Meeejana Tudo isso
infrut í fera nau fosse a contrapartida em capital cultural que me valeu ser designado para membro do Conselho Centrai
pódc acumular de lambujem cm meio aos investimentos desti- das Confer ências , posto de que há muito me ufanava, pois,
nados a nirai- lo paru n carreira sacerdotal. al ém do Bispo I ). Joaquim, o mesmo que me crismrrn
( ) do Conselho faziam parte, entre uulios var õ esf
"Os meus estudos de portugu ê s, francês c latim
prosseguiam com ccrtn £ \ iro . lá mc havia fumiliafiáadn austeros dois ou intt desembargadores" < 4 SJ .

Joaquim Pim^ ma. Kewfhvj pfrj ftmwfr (Tút&Fvrt ãfetfó, RU


( 41 )
{i 2\ .
/í/ ffli , Ibid , np . EH c

'.í.
1
. - ..
Juneim t RL 11a HíMu I ' i4 j , p. 44
1
' (43) fdrm . Ibid., p 12 L .

114

i
U relato acerca de seus primeiros tempos cm Fortaleza de Pauto, por um irmão, fiel cumpridor dc seus deveres
permite equacionar os dilemas com que se debatia . Tendo como espirituais" ( ) ( < 4 t.
trunfos os serviç os prestados à Igreja a qual continuava ligado
e as recomendações dos padres das quais dependeu, em pariç, Prevenido pelos seus professores da faculdade de dircilo
-
sua aceitação no liceu, cncontrava se nfio obstante numa situação quarto aos riscos em que incorreria caso levasse a público o
de virtual isolamento social não podendo frequentar senã o o ,
grupos dc jovens carolas que. como ele , barganhavam sua per
-- Hirnpimcnlo dc seus laç os com a Igreja , acaba assim mesmo
fundando, primeiro uma revista, c depois um jornal ahcrtnmcntc
manência na capital do Estado em troca de pequenos trabalhos atuiclerical e contr ário & entrada dc frades estrangeiros no Brasil.
de apostolado. Sendo assim, Joaquim teve inclusive dc ocultar O ingresso no curso jurí dico lhe abrira novas pcrspcctivos dc
as leituras “escabrosas " que vinha fazendo e recalcar o desa - trabalho. Assim como, por ocasião dc sua vinda para Fortaleza,
grado e o distanciamento crescentes que vinha sentindo cm -
imaginava se trabalhando num jornal como paladino das causas
relaçã o íi Igreja . Gra ç as ao patrocí nio clerical c nos préstimos da Igreja, "desancando hereges c incr é os”, "defendendo a religião
familiares junto aos figur ões da oligarquia local, consegue os cat ólica. os seus milagres, o seu clero" e " investindo, implacável,
meios de subsist ência pnra continuar estudando e acaba sendo coni í Lh os seus inimigos, ns quais cu congregava, todos na
brindado com a matrícula gratuita no primeiro ano do curso Maçonaria ", troca de campo pnra exercer sua milit â ncia seni
jurí dico que havia sido recentemente inaugurado em Fortaleza , se dar conta de que a " máquina infernal” que lhe incutira a

“Insensivelmente ta-rne habituando a esse ambiente,


-
“vocação " paru esse novo apostolado arui lgrcja se devia muito
sem que me roç asse , mesmo, o vago temor dc respirar
mais ás disposições para o trabalho simbólico que fora insen
sivelmente incorporado do que à s leituras ‘Ímpias' a que esteve
-
um ar viciado por ‘doutrinas delet érias': também, insen - exposto. Ao invés de a mol á propulsora de sua trajet ória residir
sivelmente, me ia esquecendo dos apologistas cat ólicos no “secular conflito r ) entre a Ciê ncia e fl Religiã o, entre
,
,

do Bon scrtl de ta foi ; de Chntenuhriund c dos oradores a Ra /ilo e a Fé" í *!' r o elemento decisivo para os rumos que
sacros. Arrefecia o entusiasmo pelas contendas cm que tomou no espaço da d asse dirigente consistiu na possibilidade
antes mc empenhava em defesa da f é. Lia Victor Cousin
um velho tomo que o continuo da Biblioteca, generosa -
. dc acesso ao corpo docente da mesma Faculdade que o livrara
do destino social que lhe estava reservado, o de tornar - se um
mente, às escondidas , permitia que eu levasse para casa letrado clerical, ou entfio, um militante semiprofissiortal da rea -
.
Saboreava aquele novo género de eloqiiíncin um tanto a .
çã o cat ólica Por ocasiã o das greves ocorridas em Recife cm
Bossuet, mas com um fundo espiritualista liberto da rígida .
1919 Joaquim Pimenta já sc tornara um professor popular na
Faculdade dc Direito daquda cidade, divulgando os escritos
ortodoxia eclesiástica. Abandonei, ali ás, sem pena, o filó-
sofo eclético, quando, com uma curiosidade quase infantil, marxistas, Um mês antes da eclosão do movimento grevista
abri Os Primeiros Princí pios de Herbert Spcncer. t ã o se havia oferecido para atuar, cm car á ter profissional , como
intermediário das reivindicações oper á rias junto aos patr ões.
comentados cm aula. Longe estava de supor que tinha
entre as mã os a máquina infernal que ia fazer saltar pelos
O sucesso alcançado nesse primeiro mandato lhe permitiu con -
ares a montanha de dogmas que cu acreditara granitica-
-
vertci sc aos poucos no principal lider do movimento oper á rio
no âmbito local ( 4 " h Em 1921, participa na í undação da extens ã o
mente estratificados nas profundas e ancestrais camadas
do meu ser ( ) A minha passagem para as hostes do
brasileira do Grupo Clarté —
a “internacional" dos intelectuais
sediada cm Paris c liderada por Barbussc — que esboçou o
Livre Pensamento, contra o qual tfinto c t ão inutilmente projeto de um Partido Socialista. F.m 1925. Pimenta transfere se -
-
mc prevenira o bom abade Canct , operou se, assim, sem
resistências, sem choques, sem hesitaçõ es ( , ) Tortura- (44 l idtm, ibid . , pp nH Q , J 44
-
.

-
va me, entretanto, um mal estar moral que me não per - (451 tdrm ibid .
. p 14 ? ,
mitia ficar tranquilo coerente comigo mesmo. F ra que
,

continuava a ser tido, entre os confrades de S. Vicente


- ( 46) .
Onsiilur John W Foiler Dallcs, np, eii , , pp 95 168 , 345,
230, 412 c 455.

m / 77
pura d Ri» de Janeiro onde accití um cargo nu Minist ério da no segundo escalão do estamento, se inscrevia numa estrat égia
Justiç a, Atitude que desagrada seus antigos companheiros (k que consistiu cm ésíaCelBr n íutOrtórmu das oligarquias estaduais
milil & Jlria oper ária um Pernambuco . Temendo REPRLTíI- Lí ] IUS do pela formarão de um quadro de agentes “onde i> principal
Mmislru que o convocam , recusa- se a conceder apoio ao Capit ã o trunfo t o acesso ao centro dominante de poder económico
.
du Marinha Brot ógenes Gniniarftc ? que vinha contundo com a
adesão do movimento upcrifid para o ê xito de um movimento
c polí tico, o governo federai ” HH. Rara confirmar a disparidade
das carreiras intelectuais desses escritores , basta contrapor o
revoltoso em andamento . Após I930ç já alcanç ara o stitius dc ponto de partido de sua escalada mvs aparelhos do listado : Qir *
consultor oficia] de Vargas em matéria* relativas ii “quest ão !os Drummond de Andrade já começa como Chefe de Cia bine te
iodai", tendo participado do comité oficial de recepçã o que . do Ministro da Educa çã o e Saúde T óhliea ; Augusto Mcycr
-
no Catete, deu boas vindas|represenpLção oper ária por ocasião se tnosfere do Rio Grande do Sul para dirigir o Instituto Na-
dst parada dos trabalh&dorc em solidariedade ao governo pro- cional do Livro, cargo do qual sc afasta somente cm ll)44
visório, * quando viaja aos Estados Unidos a convite do Departamento
de Estado ; Osvaldo Orico inicia sua carreira de funcionário
Os cscríiorfs -fvticitHiàrios f OS furicUHtãrios^writores como inspetor regional de ensino; Hermíin Lima consegue vir
para o Rio de Janeiro setido removido da Delegada Fitei]
Muito embora a carreira rf:i maioria dos intelectuais eoop- de Salvador para o Tesouro Nacional; o primeiro emprego de
turlos dependesse dos suhririios que o Fitado lhes concedia , Peregrino Jr. no Rio é de escrevente exima umeriEHo nn OntrnI
nã o sc pisde afirmar que as posições que chegaram a ocupar no do Bnsil, Jazendo cm seguida o concurso para auxiliar de
interior do campo intelectual e, sobretudo, que os preitos de escrita < * * >. Os fundonirios- escrirores, sendo í juasc sempre ori-
consagração que mas obras receberam , possam ser reduzidas,
nas mcsinns propor çõ es, á s benesse do mecenato governamental
l )e fato. as vantagens associadas à origem social e que. trans- i i f ] Jj. SchwuFtrmftn , o p. cif . , p. IJJ. A C«L respeiU), vrr iam
bém ns inemú rtsi dc Ucnediclu V ui la dures, frtus r tfividm , KI-J
formadas. ressurgem e se definem lauto pelo volume como pelas .
<lr Jancim CivilijneSn Brufkí ra, iWi
espécies dc capital escolar e cultural c, dc outro lado. as cir - l 4St Jirtn I 'i_- 11 TIN il.i
*
Knths FIRUFUÍ CS U nasceu um IS* JS , Mn
cunst âncias que envolveram a convocação desses intelectuais capital do Kiu tirande d-u Murtc , filho dc um fundonárlc c professor
para o serviço publico constituem os princ ípios de diferen - d+- matfmaiiett c IIntuas FrpqOeniaii n I - ICL,,I.L Notmai, áindlkni a
ui j/ uni / inr diversos fcWoiii, tt>nit(LHr»lu>lc [Inm o Fkl Èitn dn f*4 rã i- rn
cia ção pertinentes paru distinguir L > S escritores - funcion á rios doa
1914 onde, por werfertncii -dc um ti-u qtfu uro idmrnivtradi? r iiii PDHM
func ioná ri oh - escri t ores, ADUANEIRO dt Óbidoq. i-nnicjuc o L’arjc dc remndor nu mtmu rcp ;iTti -
Augusto Meycr , Rodrigo Mello Franco de Andrade e .
çfln ; em íkltm, enAclul o curvo Kcuivdàho inarvibandu oOtso .niptcnic
dc rcvisiir da ytttha dn Norte , pauindo cm se Liiita a Tcpfiitef LJC po -
Carlos DrumillODd dc Andrade eram escritures- funcioná rios que
, ^
Llctt c ii ivtlalor; tm J 9 I 9, irnei* a cumr Jc midicuu que l . iji - inici -
mantinham laços dc amkade com os polí ticos estadual cm
Minas que haviam liderado n movimento revolucioná rio cm * mmpc finando - Ui.- PI rnpinl RderVli pimlç lamcíllc a mn CHTRO páblico,
íI í Tjibdlhnt nii impretua aproximandii- M dc uni e í rculi dc lioimia.
'
1930, SCIKEU que alguns desses homem polí ticos sc tornaram intcfoctuil aoiueauc firmar mia pncvcnçn prinwirp atriviv dc uma co-
dirigentes dc primeiro csealáo no rtovu regime . Osvaldo Orieo. luna icminll em A Nv í tria e , depub como mpwufvcl pdv redn iiti
Hcrmun t .irnfl. Peregrino Jr .. ele , . por $u& vez , sòQ funcion á rios-
-
Hiri - Ji rrjat jpijitiloda “ Vida FílUI"; -cnlrc 19 4 c lí> 2(i. publica í iús Vi ’
^
Jtimci etc crAnicilfL acalw *e í isando cm íí Jort \ al c rensmi LI cjin>i dc
escritores que iniciaram sutis carreiras na capital federa] sem nitdií imi . pura cvnelul - fcT cu l1 ?, un rnesn <i in» cu UM publica ^ui
^ -
conlar ÇOm o apoio dc uma ' pnneln ' bem situadn que pudesse .
prmiaii - fira dc Flcçflci a que ic tL gircm Outras . okiíiri cai tlc COOILV
'
dí tmeando-íf o volume fnl í tulode puwattM qua t ç vc tr ê- j cdiç iVe^ cm
. *.
lhes garantir empregos r oportunidades complementares de
ganho. Enquanto os primeiros so transferiram para o Rio dc iMh pc a Juvt rilympio cum o lilirLi
]
-
n è * > i ov Evw Jivri. , acm^cido lc outros irabiuhvu, fui rcpubBcadn cmi
da AmatpttlQ cln I 93B ,
jancim :i chamado dos chefes polí ticos do novo regime, os outros publica Dtvnça i CnnStiluiçâo dt MtU -hadtj dr Aitis , pavsftndn cnlSo
eram migram» sequiosos dc encontrar um lugar ao sol. Em qiium vmlc tnun icm
rc /, op. cit ,
publicar rtnda ll.uF - s
primeira c Éric. pp. Vl 7 . i!.V CúAsutu d dcpuiiricPto que
eklrtldOs dc Rcnifil Pc-
muras palavra», a Convocação dc Drunimcnd, Abgar Renault . pce-itoti a F.dítaid Cavilhelro, rriwmnua dr umu Geração , Porte Ale-
Augusto Mcyer , pura que prccnchceteui os cargus dc confiança gre , Olnbu, 1944, pp at 1/ 217

n8 179
ginàiius dc Estados perif é ricos cm rela ção aos centros culturais { Segundo um perfil biogr á fico de Augusto Meyer ,
c políticos, portadores de diplomas superiores dificilmente con - " ao deixar o Bom Conselho ( colégio dc freirns onde cur -
vers í veis no mercado federal de postos, iniciam sua trajet ó ria -
sou o prim á rio) , mfltricula se o menino no colégio An -
-
intelectual buscando filiar se aos remanescentes anatolianos da
ftcp ú hlicn Velha ^111 que haviam conseguido estabilizar sua
.
chieta . dos padres Jesu í tas, onde teve como um dos prin
cipaih professores, o padre Wcrrtcr vou nnd Zu Muhlen.
-
.
sitUH ção de emprego e ao mesmo tempo, fazendo lances arris- ç xcelriue mestre de francês, que já ensinara na cidade dc
cados em á reas da produção cultural cuja rentabilidade ainda Gnnd . na Bélgica , e fora amigo de Mitctcr í inck , J á á quelc
era uma incógnita . Por conseguinte, muitn embora suo carreira tempo obrigava o padre Werner os alunos à leitura dc texto
publica dcslancbc a partir dc posições tios escalões intermediá - cm vo2 nlta , que eram depois comentados c analisados
rios d ;i burocracia federal, a mobilidade horizontal que caractc
rizou a circulaçã o desses elementos no interior da má quina
- literariamente, espécie do que hoje sc fa/ cm nossa Fa
culdade dc Filosofia ( ) Terminado o segundo ginasial, o
-
-
governamental , rtliandn .se rt disponibilidade relativa que uma
formação cultural precá ria propicia , acabaram lhes trazendo
menino abandona Anchieta , para frequentar o curso dc seu
o
tio. o professor Em ílio Meyer , figura muito conhecida no
vantagens nu prospecçSo de postos em novos espaços que se Estado, e que preparou v á rias gera ções de riu grandeiises
para os estudos superiores , Por influencia desse tio, estu
- -
abriam no interior dos aparelhos do Estado.
dou Augusto com afinco o português, o inglês, o francês,
Neto e sobrinho de professores ilustres que se haviam trans
ferido para o Brasil para prestar serviços culturais à coló nia
- o italiano e o latim . Por influ ê ncia do ambiente, aprendeu
muito cedo a cultivar a poesia alem ã e a ler Goefhe. Schillcr
alem ã. Augusto Meyer, " um cria de imigraçã o" segundo suas c Meine no original ; suas primeiras tentativas poé ticas fo -
pr ó prias palavras, teve a oportunidade de adquirir uma refi
nada compet ê ncia cultural que n ào estava ao alcance dc Osvaldo
- ram traduções de Hcinc. Mas logo se deixou empolgar
pela literatura francesá. Uma prova disso é que, aos dez
Orion , filho dc um ferreiro que havia trabalhado na Marinha anos. j á andava o menino à s voltas com o Hun d‘tstmde,
como embarcadiço. No mesma é poca cm que Meyer se enfas
tiava com os cadernos quadriculados da aula dc aritmética que
- dc Victor Hugo ( . ) Conclu í dos os preparatórios, matri -
lhe pareciam "as grades dc um cá rcere", exercitando se na - -
cula se na Faculdade de Direito, mas n à o chega a fazer o
curso, logo compreendendo que u advocacia n ã o é a sua
aprendizagem dc idiomas estrangeiros c na leitura dos clássicos
da literatura. Osvaldo Orico sofria na carne as consequências
vocação ( . . ) Dos dêz aos quinze anos, o rapaz dedica se -
da crise da borracha que, ao afetar o volume de encomendas
-
á pintura ; acredilava se uma voca ção para aquela arte c .
se recorda de ler pintado duas paisagens, a óleo, dc Porto
feitas á oficina paterna , determina sua transfer ê ncia de colégio
cm Belé m do Par á Do Instituto Amaz ó nia , "o mais acreditado
,
Alegre, chegando mesmo a expô las'' r " ' . -
estabelecimento de ensino naquele tempo " , Mo pequeno orador O relato de suas experi ê ncias culturais ao Jongo da ado-
do Instituto" vai para um gmpo escolar para onde seus irm ã os lescê ncia revela as disparidades de capital cultural herdado e
já haviam sido relegados . adquirido que est ã o na raiz das diferen ças entre suas carreiras
intelectuais e do n í vel de reconhecimento que obtiveram. Ao
( 49 ) CmiUva B& rra &n c Olegá ria Mariaru) farum os potrnno.i de tempo cm que Augusto Meyer c seus companheiros sc dedica -
Mcrman Lima nos primeiros contado* com c í rculos c uIAes literá rios vam a "corrigir os poetas e refutar os filósofos", cm que dc
nu Kin de Janeiro, mim como Clá udio de Souza, Celso Vieira c Fer - atuava como ilustrador oficial "das revistas fabricadas a m 3o
nando Mugaltiã es foram alguns d < n principais apoio; ao ingresso dc
Osvaldo Orico na Academia Brasileira de Leiras . À.s mem ó rias des
.
imiL- mHiArin » «colore » M iLin intimem ; episódio; crti | -
-
t ue H vale
ram da piuteçSo de cjcTÍlorcr da Rep ú blica Velha para conseguirem
que ent ão circulavam pela Pra ça da Matriz, entre leitores eso-
t é ricos", vacilante entre a pintura c a “ mania liter á ria", par -
melhore* prato* no serviç o p ú blico, para lerem KSUQ aos ó rg á os de
-
imprensa , paru editarem su ts obras, etc. ( 50 ) R, r t .,
Pcrez, op. í primeira sé rie , pp. 57 ,'Stt .

190 181
ilibando tempo» inventiva e engenhos enlte colaborar como bui çã o de pr é mios, a que cu n ã o comparecesse com um
caricaturista amador na Kodack c fazendo publicar seus pri- discurso ou com uma poesia dc memória " t*’1 .
meiros contos. Osvaldo Orico sc esmerava em fazer primas
como orador das cerimónias escolares. Assim, a incorpora çã o das disposições exigidas pelo oficio
de poeta sc rcaJi / a por via de uma utiliza çã o do tempo de
“ Estudava pintura ent ã o com o velho Joã o Rtcdcl , molde a despertar aptid ões para saber lidar com os emoções
e neste momento se mc debru ço um pouco para dentro como maté ria - prima da produçã o intelectual,
de mim mesmo, vejoo de tal modo vivo, a entrar mc pelos -
olhos, que n ão sei onde meter o calend á rio e as á guas
"( ) Comecei a entrar numa sombra de nuvem , que
era a primeira mocidade . N ão a vejo senão pelo seu lado
passadas . Basta agora dizer que estudava pintora c unduv ú sombrio, quando penso nu crise de pessimismo dos meus
a copiar aquela paisagem da tampa da caixinha de m ú sica , vinte anos, feita de descren ç a , intoxicação livresca, neuras-
para mim, toda impregnada de mist é rio. ( -
) E í » me , tenia, abuso do fumo. falta de h á bitos disciplinados de
) versejava em Francês, enchia çadernos dc
pois, em certos dias da semana , a sondar a nobre trabalho (
arte do desenho, que brincando brincando, foi a muior apontamentos em francês ( ) Era um desprendimento
escola da minha vida . Muito devo aos rigores incan - de tudo, uma espécie de sonambulismo l úcido o clima de
aparente equil íbrio cm que ele respirava , entre duas crises
sá veis do velho Joã o Ricdel . O desenho geométrico, a
teoria da perspect í va e das sombras, e suas aplicares ao -
maia agudas . Permitia lhe andar, folar, praticar todos
ritos da vidinha quotidiana , apareci temente viver como lodo
-
desenho acad é mico, enchéram me os dius de comoção ç
-
o mundo, mas, no fundo, sentia sc cada vez mais ausente,
inquietude , atulharam grandes pastas dc rijas folhas tortu - voltado para o avesso das coisas, cie mesmo revirado pelo
radas ( ) Copiei tra ço a tra çu, fibrila a fibrila , com avesso. Nã o é f ácil descrever aquele estado de â nimo, pois
fin íssima portta de nanquim, uns dois ou cr és cadernos de
desenho anatómico; a annatura do esqueleto, revestida aos
-
caracleiiza va o justa mente a indefiniçã o do Vazio numa
n á u.sea dc vacuidade. Adoecera gravemente de uma dis -
poucos de feixes musculares, desvendava a harmonia das pepsia nervosa, que durou bem tins dois anos c parecia
formas orgâ nicas, em que tudo Converge para o mesmo
equil í brio, e a aparê ncia t ã o simples da fornia exterior
-
empurrar me aos poucos para a cova" < “ „ •
Decerto a interrupção do curso de Direito esteve ligadu à
era a manifestaçã o dc uma profunda complexidade interna, conjuntura de transiçã o da adolescê ncia à primeira mocidade »
traduzida em adequa çã o funcional , em cí rculo indissol ú vel em que a ausência dc rumos associada no estado doentio «
dc ser e parecer. Comecei a trabalhar com modelo vivo . misturou à s sequelas de uma crise existencial . Tudo isso
Depois de lidar muito tempo com a ponta seca o fusain . tendo contribu í do para 'confirmar ' sua 'entrega ' ao oficio de
-
c a aquarela , vi me diante do cavalete, armado de paleta, poetu . Ao mesmo tempo cm que firma sua reputa çã o através
pensando ( )"|
!l )
das colabora ções literá rias que publica na imprensa de Porto
“Costumava cu lazer discursos decorados cm nome Alegre, aproxima -sc do grupo dc letrados c politicos que se
reuniam defronte à livraria do Globo. E diversamente de outros
das crian ças paraenses, sempre que o General Lauro Sodré
voltava j sua terra , onde era recebido como um Ídolo ( )
intelectuais de sua gera çã o que n ã o encontraram meios de ven
cer as resistê ncias que se interpunham às suas pretensões de
-
Nã o havia solenidade p ú blica, abertura de cursos ou distri - ingresso na administra çã o pública, Meyer consegue desde ent ã o
compatibilizar seu trabalho intelectual aos encargos como fuii * -
< 511 Auguiio Meyer » No ETempo
O ( ' ruitciro. 196 b. pp .
da Fhtr , Kin dc Janeiro, Edi ções
do mesmo autor , consultor o primeiro
.
( X 2) Osvaldo Orico, Da Forja it Academia fMmiértM t m Fllhr
volume dc S l l í s reminiscências, Segredas da Inf ância , Porto Alegre » de Ferreiro ), Rio dc Janeiro , José Olympio. 1954 , p 4 h
( ihibo, 1949 . As expressões entre aspas dos pará grafos a seu respeito
foram eximidas dc umbus o* volume » citados ( 5 J ) A , Meyer , No Tampa n . . pp . 11 T :t ,

tti2 183
C Í un á rio. I cndo passado de primeiro « terceiro ijfidal c.
tarde, a diretor da Biblioteca P ú blica <lõ Esiado, acaba rece
mais
- -
recé m fundado onde, alé m de um salá rio maior, tem a opor-
tunidade de ampliar o circulo de suas relações sociais. Com
bendo o chamado de Vargas para assumir a direção do Instituto quase vinte anos decide terUar a vida na capital federal, onde
Nacional do Livro. começa trabalhando na imprensa até arranjar um lugar no
O retrato que Osvaldo Orico faz de Lucidio Soares, prot õ
tipo do letrado provinciano, conto que antecipa o itiner á rio que
- corpo docente da Escola Normal , regendo a cadeira de Por -
tugu ês c Literatura . Quando est á prestes a desistir de fazer
o pr ó prio Osvaldo leria cumprido numa conjuntura anterior do carreira no Rio, ctmseguc um posto na secretaria do Museu
campo intelectual r> < . Nesse caso, n á o leria como se safar das
1
Nacional atrav és de um conterrâ neo que ent ã o dirigia essa insti-
amarrai em que se viu enredado seu primeiro modelo de exce
líncia : depois de passar uns tempos no Rio cavando mu Inggi
- tui çã o. sujeitando-se a constar da folha de pagamento no quali
dade de jardineiro. Gra ças è proteçã o do Ministro Alfredo
-
no espa ço mtdcciual ou polí tico da Llasse dirigente, acabaria
aceitando mm cargo de juii no Par á \ ‘que lhe fora oferecido
-
Pinto, pertencente à mesma roda de co estaduanos em que
se apoiava , acaba sendo nomendo para a cadeitci de Desenho
-
sem que fosse necessá rio rogá lo" ) , entremeando a leitura dos
nulos com as pr á ticas diletantes de versejador , ç dc olho na
na Escola Normal pois chegara tarde á competição em torno
da cadeira de Literatura c Est é tica da L í ngua que coubera a
cá tedra de Direito Civil na Faculdade local ; se casaria com a um apaniguado com melhores pistol ões Enquanto na secretaria
-
.
filha de um advogado dc grande prestigio no Estado e que do Museu Nacional ganhava 120 mil ré is para datilografar os
também lecionasse Direito Romano nu mesma faculdade; lun
daria revistas, animaria cenáculos dc admiração m ú tua , faria
- artigos feministas de Beita Lutz. o cargo docente nn Escola
Normal rendia por volta de 450 mil- ré is mensais.
.
o mcmá río Ffcmcrix e, por fim levaria uo prelo um livro dc A exemplo de outros escritores á s voltas com dificuldades
versos intitulado Vida Obscura, dando o fecho à carreira viá vel
para um homem dc letras numa proví ncia diat á ntc.
semelhantes ás suas, como Hertnan Lima que inicia sua pro
du ção cultural como ilustrador c capista das revistas mundanas
-
Lm vis ia da amplia ção do n ú mero de postos no serviço de grande tiragem ” , ou ent ã o, como Peregrino Jr. que se
p ú blico e dos empregos em tempo parcial mi imprensa c cm dispõe a assumir o trabalho dc colunista social, Osvaldo Orico
outros empreendimentos culturais. Osvaldo Orico conseguiu -
atua como franco atirador que, por forç a dos ó bices que co í bem
sair da prov í ncia e tornar - se ao mesmo tempo um alio funcio
ná rio e uni escritor 'menor' cujo ú nico t í tulo de glória cia o
- as chances dos aucodidatas, compensa uma habilita ção precá ria
para o trabalho intelectual pela diversifica çã o de suas frentes
de ter sido eleito para a Academia Brasileira de Letras. Ainda
cm Bel é m , Osvaldo ingressara no jornal Estado do Pará como
dc risco Data desse primeiro per íodo no Rio seu lance profis
. - i
sional mais certeiro. Nlo tendo como se livrar dos encargos
-
suplente dc revisor, tornando se depois redator por interm édio subalternos caractcrislico.s da 'cozinha ' du produ ção cultural .
-
de um senador seu conhecido; dai Iransfere se para outro ó rgão Osvaldo concentra seus investimentos no campo da educa çã o.

( S4
> um pivcm mestre —
espirito metropolitano extravia -
(55) Ver Hermtn Lima , Poeira ., ed cu També m formado em
do na prov í ncia que devia exercer uma grande influ ência na minha medicina pela Faculdade da Bahia, fui obrigado n irnbaltiar desde mo - I
cinho por causa da falê ncia da loja paterna Foi feitor 4 c estrada de ro -
lormaf ã o Jilc riria ( ) Sobrinho de D Am élia c Ct úvis Scvità cqua . dagem ruj scrtBci dc Ar &cati depois de in ú meros emprego* em aielic
í ora por esles introduzido nos meiiw iiteririos da metró pole , Frequen -
- .
•rc do JJrosil (
'
-
tava a casa dc Coelho Neto c correspood ía ac com muitas figura » iluv
] Com qile secreto orgulho IHOstrava a coleçã o de
de bu utrufiu e ticri( ú riu ; tendo rido aprovado cm doij e mcurso.s TIO
^
Ministé rio da Fazenda , para escriturá rio c agente fiscal do consumo,
cariai que possu í a . c nas quais Coe th,í Neto, Clovi
veira , Pedro Lesse, Alcides Maia c outro » pleiteavam
.
* Alberto dc Oli
para ele um
- acaba sendo aproveitado Como escritur á rio na tAMojgacia Fiscal m*
Ceará ( 1917), depois dc formado, irabalhou como médieu no interior
posto rta imprensa , na burocracia ou na magistratura ( . . . ) o destino baiano ; em 1951, consegue ser transferido para o Tesouro lSBcional nof
Rio dc Janeiro e , doi -s anos mais turde , passa a servir como auxiliar
ou a experiê ncia da vida ( . . . ) — truncou a trajet ó ria de alguns
desses convivas do banquete espiritual da Amazónia ( . } Dir -se ia que- .
dc gabinete dc Vargas; ent 1957 é designado para a Delegacia do
Tesouro brasileiro cm Londres, um "favor" que ele mesmo solicitou
Lucidio Freitas, com o» ensinamentos dc SUA derrota, quisesse cons
-
iruu o meu itinerá rio, ta! a empenho que punha cm acautelar me con -
- a Vargas, Publicou seu primeiro livro , unia coletâ nea dc contos sob
tra certas igrejinhas ” , O Orico , i? p ciipp U9. 151 e 153. o titulo Tigipió, às SUAS custa » cm 1922 er dez unos mais tarde, edita
D romance Gerimpoj .
184 185
iirca em vias de expansã o e que por iaso mesmo acolhia ínte- IUSH doi trinta ttrn. fi,. sem prestigio S ».K:ííí I tio bafejos oÍLciiis
Icctuiiis deslituidos duh qualificações escolares exigida n nos rit - que mf LMI nu ' .
isseni o Êxilo cheguei A Academia, vencendo
mos Iradidonais do ensino superior. E nessa conjuntura dc cm ( íèSdécadas unm dist ância coftskkíá vefc a que vai dit
cundentcs debates acerca do sistema de ensino tpie consegue bigorna de um ferreiro ao solar das emin ências estelares
futurar o pr émio Francisco Alves, concedido peia Academia do pa í s’’ ÍMt .
Brasileira de Leiras, peto seu trabalho a respeito dos meios de
disseminar o ensino prim á rio no pais, rio valor de de/ conioa Os intelectuais cooptados pela adminhtraçio federal nún
de r é is. Ao longo dos anos. galga os dl versos degraus na hierar - livera m q u-e pagar o mesmo preç o ao bstado e ao mecenato
quia do servido público de inspetor regional de. cr uino passa .
LL Diretor da Divisflo de Educa ção Extra -Iiscolar dn Minist ério
-
oficial: os fonCÍOd 6 rios escritora tiveram que HC sujeitar às di -
Ktrizes polí ticas do regime, os eKritores funcionáriíM puderam -
da Educação e Sa úde P ú blica e. finalmente, ingressa na carteira jt abrigar soh a postura de umn " neutralidade " benevolente em
de Conselheiro Comercial afeia m> Minist ério dris Rclaçfea Exle - relaç flo «o Estado o que lhes permitiu salvar muitas de suas
riores, sem falar do inúmeros trabalho , encargos e missões «bras do aceito das lutas políticas. Nas palavras do maior poeta
* *
de representado oficial de que foi incumbido. nacional, Oí integrantes de ambos os grupo se comportaram *
As memórias de Oivaido O rico c dc outros acadêmicos como ” poetas juizados ' que , cm meio a essa "mansidã o sub -
eleitos muito maia cm ra / ão dos serviços presindos í elite vencionada. tentamm construir "edif í cios de nuvens".
burocr ática du que cm virtude do valor conferido is suas obras,
deixam transparecer os lucros materiais e demais vantagens
que derivavam da condição subsidiada de funcioná rio - escritor
cujos empreendimentos intelectuais seguem ã risca as prescrições
do mecenato oficial. Nesse sentido, o balanç o que Osvaldo
cslubdece acerca dos alios e baixos de sua carreira náo est á
ntuiui longe de uma an á lise cientifica da situação dos inte-
lectuais que viviam fts Custas do Estado durante o periodo
Vargas , Alé m de revelar num tom que beira o cinismo, as
,

estrat égias de qiM se valeu pam alicer ç ar sua posi ção, o trecho
abaixo explicita a rcccria de quem desejou lograr o tento dc
ingressar nu Academia Brasileira de Leiras, retribuiçã o mixima ,i
n que podia aspirar nm trabalhador Intelectual à s voltas com
iodo lipo de desvantagens sociais

“Não mg gabo nem me louvo das dificuldades ç tro


peç os da jornada. A ú nica que me envaidece é certeza
- .
(i6) O. OrLco. up. ri/., pj> 216 a yen . Ivun Lins, Carlos Suw -
-
Je nã n h tiver empregado, para venci Eos. nenhum meio de* *
*
kind de Mendonf ., Heitor Monli, leniilui Serrano, Otí rio Dutra D.
-
Martins do Oliveira por mn ver., furam relL gadoí i Academia Caneca
.
.
,

que me possa arrepender ( , ) N ão foram fos posios que do Leira íí undn án em p>26| renuiftsi' rtt inlcIccUiais eom haiXB eula -
alcanç ou ] , ademais, nem Ião atlos que me pudessem des
- * -.
VSu 113 bolv4 LIL: valorei da í pixt c (le fUNCii.iní rm L^ cMIutei dedica
lumbrar nem t ã o pequenos que lograssem ohscLirecer - me tLií aos gftOeíos menus usado ren do ponto de vista propiiamenje
1
mau. ningué m Ifte negar á «te titulo {
.
) Realizei u minha votação: a efe escritor Bom ou
) Os livros [ os
intelectual Consultar Publícoçfiti , Academia Carioca de Letras, Ria
.
dc Janeiro 1942- Fm 1937, Manim de Oliveira fui um dos candidato ^
.
denotados por Barbosa Lima Sobrinho para a vig.a dt Goulart dc An-
que McrcvetlJ me nhriratn ajt portas da vida psibliçflt c drade na ABU u rrtcamp tendo ocorrida rum Osório Unira que perdeu:
inugistcriti. h dipli^macin, a pstlitica . Tudo o que fui, tudt ? pnm Oliveira Viana nu diipuUi da vaga de Alberto <lv oliveira . tofi
. í KUTi 0 Mf -
lullar ai metndrLBi LIK Deoclecili no Manina dc Oliveira , Pf
-
c » que sem . a cies | ao\ livros ] o deva NSo é muito, mas
ú o bastante parti n ão ncntir -ítte fmsiradu ( ) Ainda na
nine (obrm póstumat Prcf árip .
neiru. Edilpra Citedra lNLfMEC 1976 . .
Cardes t Brandi ó Vilela , Rio de la

m 187
CONCLUSÕES
Os resultados a que chegou este trabalho se prendem , de
um lado, à s dimensões privilegiadas pelo modelo de explicação
adotado e, de outro, às rela çika hist óricas de causalidade que
alicer çam o argumentação. Foi da conjunçã o entre a aná lise
dos componentes classistfis e a exigem cia de contextu & lizar as
pr á ticas intelectuais que se constituiu o perfil do objeto, Hm
Outras palavras, a trajet ória dos intelectuais aqui tratados de
veu-se tanto aos efeitos provocados pela experiê ncia de decl í nio
-
de antigas fam ílias dirigentes como às perspectivas dc expansão
do mercado de trabalho pol í tico c cultural.
O Capí tulo I situou o % intelectuais no â mbito das lutas e
dissensões internas ao sistema pol í tico- partid á rio cm Sã o Paulo ,
As iniciativas de “constru çã o institucional" dos grupos dirigen
tes tornaram o campo regional dc produ ção cultural num dos
-
-
eixos dominantes da vida intelectual no pais , tendo se firmado
uma rede de inst â ncias dc produçã o, difusão e consagra ção, i
cujos padr ões dc legitimidade perduram ate hoje. No entanto,
os parâ metros que passaram a nortear o trabalho intelectual
parecem indissociá veis do projeto de hegemonia pol í tica ent ã o
formulado pelos grupos dirigentes locais. Desde o movimento
modernista ate a cria çã o da Universidade de São Paulo, tra
v á rios empreendimentos nu esfera educacional e cultural foram
dimensionados sob a chancela de uma “ burguesia " que alimen
tou a esperança dc reformar o sistema oligá rquico sem alterar
-
as condições dc representa ção pol í tica do operariado e dos se
tores médios urbanos que poderiam lhe servir dc sustentaçã o.
-
Nas condições da é poca , os elemeruos que viriam integrar a
Vi -
"estedo maior " intelectual em Sã o PJIIJIO uno puderam se furtar
ãs demandas de um mecenato privado propenso a subsidiar a
produ ção dc obras de vanguarda cujo Ê xito n ã o dependeu do
valor comercial que porventura tivessem . Hm consequência,
não foi por acaso que os movimentos de renovação surgidos na

W
ò csilura, nas arlex plásticas, na arquitetura, coincidiram com a
t A despeito íias peculiaridade* de seus rcspectivos programas c
formulário de um projeto reformista do poder cligárquico. das diferen ç as entre os setores sociais que esí nivam cm condiçõ es
f:ss(f mesmo capí tulo também abordou algumas das con- de mobilizar, lais movimentos se firmaram em meio ao esva -
ziamento da alternativa “liberal , civil c burgUCW que os gmpos
"

dições Institucionais que favoreceram o recnrtumento daquele»


istelectuaifi que sc engajurani na "inteligência" do movimento dirigente» paulistas nã o conseguiram empolgar .
integnUista c da reação cat ólica, movimento» sociais que iorna- Pelo menos no que di? respeito à s caracteristicas vociais
ra m impulso ante o recuo paulista, abrigando os com ingentes e às pvrspiiClivftS dc carreira da maioria dos integrantes da "in -
da alia classe média n ão ecrmõ niica " desejosos de tontar cm
" 1dagência" desses movimentou, a Revolução de 30 e os primeiros
suas m ã os o controle do Estado valendo-se da Intensa mobili- anoc do governo provisório nã o ã penus lhes infligiram a con
dição moment â nea dc ' sem trabalho* da polí tica como pareciam
-
zação de sei ores sociais que pela primeira vez faziam sentir
sua presença na arena polí tica. cancelar a possibilidade de que viessem n prestar serviç os aos
A falência dos grupos dirigentes que poderiam ler empal-
iro vos “donos do poder" , listou convencido rle que razões se
melhante # favoreceram u recrutamento da intelectualidade ca
--
ma do u handeirii "liberal", os estigmas dc sepafitismo c anti* t ó lica, com a agravante de que a hierarquia eclesiástica linho
nacionalismo que minaram suas bases de legitimidade, o im- interesse e investimentos consider á veis a serem resguardados
pacto das eleições para a Constituinte, as anseias que Irazia *
TIOS campou do ensino e da cultura . Quando se leva cm conta
u extensão dos direitos dc representação ius mulheres c outros ns dividendos que a Igreja vinha logrando pelo compromisso
grupos MKiais , B emergê ncia d05 grupos de esquerda, o grau
dc incerteza quanto aos rumos que tomaria L * regime centrali -
de Colaborar com o poder oligá rquico, concorr ência ideoló-
za d o e quanto á extensã o em que se daria a crescente inger ência
gica do inicio dos anos trinta, no interior dos pr ó prios grupo *
dirigentes, só veio ativar a mobilização de quadros para o cir -
-
estatal, a voga dos movi mentos autorit á rios na Ettiopa de snire- cuito de inslituiçõcs sob seu controle,
guerros, configuram: a CLVIJUNTURA que engendrou t adeSflO aos
Ao longo desse capitulo , salientei alguns aspectos da r»r -
movimentos radicais. No caso daqueles intelectuais que viven
daram » derrubada do sistema ofigá rquico como a ruína dc
- mação escolar e cultural que, na conjuntura da época, cenni -
bufranl para o aprofundamento da crise ideol ógica que grassava
suas pretensões de carreira poliUca , a crise dos anos irmí a
parecia confirmai seus desí gnios antihherais .
enirc as clientelas de bachar éis. Desse prisma, a situaçã o in
flacioná ria no mercado dc Uru los. u $ ameaç as dc relega ção que
-
Enes movimento dc "salvação” polí tica colheram muitos
quadros Intelectuais que* haviam permanecido fié is ao projeto rondavam os portadores de diplomas e, sobretudo, a cmergén
cia de modalidades de trabalho político e 'cultural para as quais
-
paulista ar é a derradeira ofensiva em 1932, Desse ponto dc n ão sc senliam compclcnlcs c habilitado», tiveram c cond 3o de
vista, aqueles que ie bandearam pura as hostes inlegralistas, atrai -los para os movimentos de reação’. O tfpfco intelectual
'

outros qnc foram engrossar as fileiras do 'partido" católico e. do estado- mtliof integra Fisi » era um jovem bacharel egresso d:is
eni especial, U Fiação dy “inteligência " que fazia a ponte cnlre faculdades livres* de Direito e Medicina que completou os
ambos os movimentos, vislumbraram nessas entidades a opor
tunidade de influir sobre <u rumos doutrin ários do novo regi -
- estudo convencido dc que n missflo política a que eslava des -
* .
tinada sun geraçã o definiria us rumos nacionais Eira dessa
I
me , Assim como muitos deles há viam colaborado pura truncar convicção e do acirramento da concorr ência ideológica que sc
a ascensão das força polí ticas vitoriosas em 193Q, se filiam nutriam as veleidades radicais de participação. Da í a tendê ncia
il bandeira autorit ária *qur lhes parecia i> sucedâneo eficaz para dc tomarem a República Velha como prova dc liquida ção do
onde poderiam eaiiali / iir suas esperanças de reforma elitista t, liberalismo, dai a disposiçã o dc se filiarem n soluções dc teo
sobretudo, cobrar u quinh ão de sua presença junto à coalilkp espiritualista. *
dc forças da qual sc sentiam alijados . BstOU querendo chamar Procurei avaliar o engajamento nesses movimentos ii luz
atençã o para o fato dc que o integra Eismo c a reaçã o cat ólica
se constituíram, nos chamados “anos cruciais", cm esforços de
das aJtefflalivas então em aberto, sem pretender encarar as ati
ludes polí ticas Ií OS intefraUaias de uma perspcctivn muní queis ta
-
-
mobiliza ção caudatários d5 derrocada do sistu nau oligjí rquico, que se compraz em situá - los 110 terreno do inominá vel. Ao

190 19i
I
invés dc imputar à experi ê ncia desses agentes conte ú dos d ç pda importação direta de sistemas de pensamento e tampouco
sentido alheios ás suas experiências, ou em ão, dc recobrar no
passado, termo a termo, clivagens que s ão nossas c que estavam ‘
-
deixando sc guiar pelos estereótipos em voga a respeito das
ircvas' em que estaria submersa a produçã o intelectual durante
fora de cogita çã o 11 a é poca , a an á lise realizada neste capí tulo
privilegiou as dimensões capazes dc qualificar a crise ideológica -
-
o Estado Nov < \ As d écadas de 30 e í U deitaram os alicerces
du infra cstruiura necessá ria á produ çã o de livros cm escala
e profissional em que se viram imersas as elites intelectuais. industrial, sendo que os padrões de legitimidade que norteavam
O Capitulo II examinou a expansã o do setor editorial como o pertil de investimentos das editoras ninda influenciam o cm*
praá rios atuais dn setor. *
um dos requisitos institucionais que moldaram o perfil do campo
.
intelectual Decerto Oí resultados obtidos por esse levantamento O Capitulo lll procurou dimensionar os efeitos provocados
pela expansão das atividades do setor pú blico sohr ç o mercado
oferecem pistas fecundas para o conhecimento das tend ê ncias
da demanda por bens culturais no per í odo em apreço. O aspecto dc trabalho cativo dos intelectuais. Ao mesmo tempo eni que
asse processo sc prende à gé nese de urna catCgOI Í a social , 0
decisivo residiu no êxito comercial da literatura de ficçã o, gê
nero atrav és do qual sucedeu a transição dos padr ões de depen -
- funcionalismo pú blico de carreira que constituiu uma dns bases
dê ncia cultural c que, ao mesmo tempo, propiciou a gínesc em que se apoiava o regime, tive u preocupação dc apontar a
de um grupo restrito de escritores profissionais, A concentraçã o
dc investimentos das principais editoras nas diversas modalida -
diversidade de situações funcionais —
çã o c a presta çã o de serviços que lhes sfto inerentes

as modalidades de inser
que per
-
-
des dn literatura dc ficção constituiu o eixo dinâ mico do pro - mearam as prá ticas intelectuais dos elementos ent ã o convocados.
cesso de substituição dc importações no setor editorial, esti - Foi possí vel averiguar as maneiras pelas quais os encargos buro
cr á ticos pesam sobre o trabalho intelectual , condicionando o
-
mulando a produ ção local de obras que passaram a concorrer
com as tradu ções. A constituiçã o de editoras comerciais dc perfil de investimentos propriamente intelectuais dos diversos
m édio e grande porte, u rentabilidade da literatura de ficção
e o surgimento dc um n úcleo de romancistas produzindo para
tipos de escritores definindo os conte ú dos da condição inrelec
,

tual c fixando as pretensões pol í ticas e intelectuais dos letrados


-
o mercado interno, compõem o tripé em que se alicer çou a conforme a posiçã o que ocupavam na hierarquia burocrá tica
-
infra estrutura da produção dc livros , e o vulto da colabora çã o que prestavam , Sã o essas algumas
das condições que permitiram ao poder p ú blico arvorar se em -
Apesar dns condi ções polilicas adversas impostas pelo re
gime através de uma rede de aparelhos de repressão e censura ,
- á rbitro da concorr ê ncia intelectual, montando inst â ncias pr ó
prias dc consagra ção dc autores e obras e ampliando as garan -
-
o surto no campo editorial beneficiou -se com a transição dos tias para a continuidade da atividade cultural.
pólos dc hegemonia externa . Embora estivessem incorporando Todavia , é do confronto entre os componentes classistss e
-
padrões narrativos que os escritores norte americanos haviam
introduzido, os romancistas sujeitaram esse instrumental at> trata -
a situa çã o prevalecente ao n í vel dos mercados que regulam a
distribuição dos contingenTes de classe relegados k atividade
mento realista das transforma ções por que passava a sociedade intelectual que se constitui o argumento central da tese. Ao
brasileira da é poca e, no limite, o êxito por eles alcan çado derivou afirmar que o autoritarismo polí tico resuJln de uma “ reduzida
.
da sintonia com as demandas do p ú blico Data desse mesmo per ío- capacidade social de articula çã o e representa çã o de interesses
do a publica ção de uma formada de obras que a Iteraram o perfil em um contexto de concentração 'excessiva * de poder nas mã os
do diagn óstico sobre a realidade social c* pol í tica , cm geral escritas do Estado '*, essa interpreta çã o sugere que os mecanismos de
por intelectuais munidos de um instTuniental anal í tico a par das coopta ção redundam na "debilidade e dependência cont í nuas
principais correntes dc pensamento que inauguraram as ciê ncias dos grupos sociais articulados em rela çã o ao centro político" < 1 > ,«
humanas na Europa . Parece- me, portanto, que esse ponto de vista d á por assentes
Espero que a an á lise empreendida neste capitulo venha os interesses pr óprios do» grupos cooptados pela elite burocr á -
contribuir para qualificar as mudan ças pnr que passam as rela
ções de depend ê ncia no plano cultural sem incorrer no viés
- tica que. por esta via , refor çam sua presen ça junto aos centros

de privilegiar os efeitos ' Blicnantes" supcwttmente causados (1 > S. SchwaiLtman , op. tft ., p, 19.

192 m
públicos dc decisão. Sem descartar o peso dos fatores ligados
à funçã o política c organizacional, este trabalho encaminhou
com a trajetória cumprida pelos contingentes que se cn
.
caminharam para o clero para a carreira militar c para n polí-
-
tais quest ões para o domínio das propriedades sociais dos gru- tica profissional. Sem sombra de duvida, esse engendramento
pos cooptados, ou seja, a ênfase incidiu sobre os componentes dc pcSAoal polí tico c intelectual no interior da classe dirigente
classistas que contribuem de maneira decisiva para as orienta - constitui um requisito indispensável pura que se possa discernir
as peculiaridades de um sistema de dominação cujas raízes
ções ideológicas e os rumos polí ticos daqueles grupos que se
HUtodcsignam ou que sSo convocados para o trabalho polí tico c remontam ít crescente disjunção entre os detentores do poder
cultural. Assim, a concentraçã o de poder em m ãos da elite económico e os grupos í militares, intelectuais, pol í ticos profis-
burocrática vem responder, dc um Indo, ás novas exigências sionais) que foram tomando as r édeas do comando polí -
do trabalho de dominação que n ão tiveram atendimento ade- tico. Na medida em que o recrutamento de pessoal polí tico c
quado ao ní vel das instituições a serviço dos grupos dominantes intelectual n ã o extravasa o espaç o da classe dirigente, pin çando
da ‘sociedade civil' ç, de outro lado, resulta das pressões que seus quadro nas franjas que concentram os ramos destituídos ,

os grupos relegados da classe dirigente fazem no sentido da seria impensá vel que esses " parentes pobres” aos quuis se dele *
extensã o de oportunidades de trabalho no setor publico. Eisse gou o mando polí tico c n autoridade intelectual possam assumir
padr ão de troca entre decadência económica e depend ência iniciativas destinadas a extensão dos terrenos dc negociação c,
patrimonial permeia a transação entre os detentores do mando portanto, à incorporação dos grupos excluí dos, sem que insti
lem nesses arranjos a tnarea de seus interesses. Por estn via, o
-
polí tico c os agentes em vias de serem incorporados ao sistema
dc poder , os primeiros 'comprando' nâo apenas os serviços mas trabalho se enquadra na mesma linha do diagnóstico contido
sobretudo a teia dc servidões atravé s da qual os demais são cm obras < ' onde a persist ência dos mecanismos de conptação
*
pinçados. Mas a prospccção de postos públicos sc daria não impregnando os padr ões dc concorr ência estimulados pelos pro -
por necessidade de “recursos para a implementação de interesses cessos de urbanização c industrializaçã o, aparece como o cerne
dc tipo económico" nem "como forma de mobilidade social c da hist ória das transforma ções polí ticas no Brasil contempo-
oeupocioniiP < = ', hipóteses segundo as quais os agentes pro- r âneo .
pensos à cooptaçio proviriam de posições intermediárias na Por f í m, gostaria dc salientar os resultados obtidos no que
hierarquia social. Na verdade, o ê xito relativo das estratégias diz respeito à s mediações institucionais que regulam o mcrcadn
de reconversão de que se valeram certos grupos sociais em dc - de trabalho em que se insere o pessoal polí tico e intelectual.
dinio sc deveu, em última análise, ao í alo dc lerem tuincidido Mesmo sem entrar no mérito da validade empí rica das teses
com um momento decisivo dc transformações ao ní vel do mer - que o trabalho procura sustentar, acredito que essa quest ã o
cado dc trabalho polí tico e cultural constitui um dos pontos nevrálgicos para a compreensão das
Nesse passo, o trabalho traz alguns subsídios no sentido relações de classe no pní s. Como se sabe, diversos estudos t êm
dc esclarecer a dinâmica caraetcrí stica das relações internas nos privilegiado o papel das dimensões organizacionais inerentes
grupos dirigentes na sociedade brasileira. Ê através desses me - ao funcionamento dos partidos, sindicatos e outros instituições
canismos dc CoOptnÇÔo que esses grupos t êm podido resistir ao da sociedade civil. A pertinência dessa linho de investigação
impacto de sucessivas crises económicas e is mudanças que reside, anies de tudo. no faio de ter conseguido nomear os
das impõem à gest ão política e cultural. A aná lise dos intelec - limites dos modelos de explicação economicista, embora a fe-
tuais permitiu revelar a imbricação entre as determinações de cundidade desse ponto dc vista seja proporcional à preocupação
classe que impelem á carreira intelectual e as demandas polí - de referir o arcabouço do sistema polí tico à s bases sociais em
tico- ideol ógicas que possibilitam u absor ção dos efetivos amea- que ele se funda. Outros estudos preferem encarar o sistema ,
ç ados de serem dcspcjadtjs da classe dirigente . Como espero partidá rio em termos de um espaço de cnfrcnlanitmln onde o
poder demonstrar em trabalhos futuros, o destino social de
que foram vitimai os inteleciuais apresenta v ários traços co - ( •) Entre i.Hilras, Kaizts do Rrasit . de .Siqtm Bunrquc dc Ho-

.
S . Schwurmmm. op. rir , p 22.
.
landa, 0i, fronoi do Poder . dc Rayrnundo Faoro c , mais rccentcmcntc
(2 ) São Pauto r í> f -t liado NoCÍ Ofíúl , de SimOFI SchwUFt /rilBFI.

194 195
saldo dn.s luta rir s- i í l -u nns ganho obtidos em relaçã o ao OOIV* conforme sublinha em seus depoimentos,
* *
trolc do *. instrumentos e recursos capuzes dc satisfazer HS de - que n âo conseguia ,
diferenciar produçã o intelectual da prestação de serviços polí
a -
mandas dai respectrvaa base eleitorais. Nio obstante, cum-
*
priria incorporar á aná lise pnlfties o exame dos terrenos de
.
ticos os intelectuais aqui tratados não cingiram suas atividades
noa redutos da grande imprensa e da represem ação parlamentar
concorritida que moldam o capada das alianças e dissensões onde se còncentravam os ktiudos proí isiioiiaií do regime cLi -
entre as for ças sociais, t. no âmbito desses mercados —
SÍStettia de ensino. a ind ú stria culturalL o terci á rio polí tico e
’ gàrqiiko.
H por isso mento os inielecuiuit de hoje devem muitas
cultural, etc. — que oicede a legitimação das diferen as sociais
ç ,
de sua caracierisiicns às transformações institucionais em que
isto è. neles se constitui o valor desifuai das formas disponí veis
cslivciam envolvido esses precursor cu. ampliando o cspnçO de
de capital — t í tulos e diplomtS, postos e cargos. padr ões de
gosto , etc — de que se apropriam os diversos grupos e classes
*
autonomia em que operamos, forjando as imagens conflitantes
que temo a respeito dc nossa condição social e fazendo ver
segundo as posi ções que lhes cabem na estrutura social. En - *
os limites que pesam sobre nossa contribuição.
quanto prevalecer a tendê ncia de enxergar as relações dc ciasse
como o confronto entre entidades coletivas movidus por nni
-
destino incscapável , cuida se pouco da heterogeneidade produ -
zida pot padrões dc diferenciação st í ffhnepte inculcados atrav é s
do sistema escolar, da indústria cultural e tios demais instituições
que se incumbem do trabalho cntidiariu de veicular as lingua -
gens que expressam as diferenç a vocittil soh fl capa de diferen -
*
ç as biológicas. escolares, culturais, etc. insisto nesse ponto por
acreditar qtie i> tntbalbo de investigação em ci ências sociais suv
tera sentido quando ftç dispÔC a çstOUT r us princ ípios dc expro-
*
priação material e simbólica que permeiam as relações eulre
dominantes e dominados e cujos artif í cios são fabricados pelas
instituições que dependem dos produtos do trabalho dc nós
mesmos, intelectuais, sejam eles artistas, cientistas, escritores C
demais especialistas do ramo.
Pç ln fato de haver lidado Pom utti campo de produção
cultural que dispunha de um grau restrito de autonomia em
relaçã o As demandai da classe dirigente, quase iodos os grupos
.
Je escritores focalizados, com exceção di» romancista x derivam
XUíi identidade c O perfii de seus investimentos propriamente
inteireiuais , das obrigações que essa filiação polílica liies im
põe, Seja no caso dos integrantes do 'esta do -maior ' da oligar -
-
quia cm Sã o Paulo, seja no caso daqueles demento que aderi-
*
rnni aos movimentos de 'salvaçã o’ do inicio dos anos trinta,
teja enfim no caso do grupo hetorogeneo de escritores que con -
verteram a presta ção de serviços ao Estado na ‘rotina com
1

cpic passaram a nutrir suas quimeras , essas alternativas de cola


' '
boraçã o marcam umu transiçã o na hist ória das rela ções entre
-
-
o intelectuais c a classe dirigente no pais . Assim Conto os anato
lianos da República Vdha romperam com os padrões do tra-
-
balho intelectual lai como era praticado pela geração de Nabuco

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