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© 2019 Editora do Livro Técnico Ltda.

Alecksey Walewski, Adriano Rodrigues de Moraes, Vilmar Fernandes, Eliane Carvalho de


Vasconcelos e Marco Aurélio Carvalho. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por processo eletrónico, reprográfico, etc., sem
autorização, por escrito, dos autores e da editora.

Direção Geral Jean Franco Sagrillo

Direção Editorial Jeanine Grivot

Gerência de Produção e Arte Mareia Tomeleri

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Projeto Gráfico Ana Paula Augusto

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(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

EJA ensino médio : ciências da natureza e suas


tecnologias : biologia : fisica : quimica /
[Alecksey Walewski ... [et al.] ; organização
Jeanine Grivot]. -- Curitiba : Editora LT, 2019.

Outros autores. Adriano Rodrigues de Moraes,


Vilmar Fernandes, Eliane Carvalho de Vasconcelos,
Marco Aurélio Carvalho
Bibliografia
ISBN 978-85-8409-126-3

1. Biologia (Ensino médio) 2. Educação de Jovens e


Adultos 3. Fisica (Ensino médio) 4. Quimica (Ensino
médio) I. Walewski, Alecksey. II. Moraes, Adriano
Rodrigues de. III. Vilmar Fernandes IV. Vasconcelos,
Eliane Carvalho de. V. Carvalho, Marco Aurélio.
VI. Grivot, Jeanine.

19-28230 CDD-373.19
índices para catálogo sistemático:

1. Ensino integrado : Livros-texto : Ensino médio


373.19

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Apresentação

olivro de Ciências da
N
Natureza e Suas Tecnologias, as
abordagens de Biologia, Física e Química são feitas de
forma articulada, a partir de objetos de estudo comuns
a essas disciplinas, como a investigação da natureza e do desenvolvi¬
mento tecnológico, as linguagens para a representação e sistematização
do conhecimento, a análise de fenômenos ou processos naturais e tec¬
nológicos. Tal articulação didática é facilitada pela organização dos
conteúdos a partir de temas integradores comuns - A Ciência como
Construção Humana; Saúde, Sociedade e Cidadania; Meio Ambiente
e Sustentabilidade; As Tecnologias no Mundo Contemporâneo e no
Cotidiano - que permitem promover a convergência dos aprendizados
científicos, respeitando-se a diversidade das ciências.
O ensino de ciências é oferecido de forma contextualizada, con¬
forme as exigências da modalidade EJA Ensino Médio, promovendo
a discussão de aspectos práticos e éticos da ciência na sociedade
contemporânea, especialmente no mundo do trabalho. Busca-se, o
desenvolvimento de conceitos e procedimentos comuns à investigação
e compreensão de diferentes processos naturais, como a interpretação
e utilização de modelos explicativos das diferentes ciências; a identifi¬
cação de informações relevantes em situações-problema com o objetivo
de elaborar estratégias de solução; e a utilização de instrumentos e
procedimentos adequados de medição, quantificação e realização de
cálculos e estimativas.
As estratégias didáticas propostas neste livro procuram, ainda,
desenvolver competências como a da comunicação oral e da contex-
tualização sociocultural, facilitando a aplicabilidade dos conhecimentos
adquiridos, tanto no cotidiano social, quanto no profissional, além do
desenvolvimento do senso crítico, indispensável para o uso ético desses
conhecimentos.
Portanto, seguindo o que aponta a Base Nacional
Curricular Comum - BNCC, o livro apresenta as Ciências da
Natureza indo além do aprendizado de conteúdos conceituais,
mas trabalhando a partir das competências e habilidades que
permitem a ampliação e a sistematização das aprendizagens
essenciais desenvolvidas para o Ensino Médio no que se refere:
“aos conhecimentos conceituais da área; à contextualização
social, cultural, ambiental e histórica desses conhecimentos;
aos processos e práticas de investigação e às linguagens das
Ciências da Natureza.”
Sumário

Biologia
Unidade 1 - Ciência e Natureza 17
Capítulo 1 - As Ciências da Natureza e a Vida 18
Organizando a Vida 20
A Construção da Ciência 23
Capítulo 2-0 Que É a Vida para a Ciência? 27
Características dos Seres Vivos 28
Como Surgiu a Vida no Planeta Terra? 29

Unidade 2 - Composição dos Seres Vivos 39


Capítulo 1 - Os Nutrientes 40
Organização dos Nutrientes 41
Capítulo 2 - Substâncias Orgânicas 50
A Importância das Vitaminas 50
Carboidratos: a Única Fonte de Energia do Cérebro 60
Os Lipídios e Suas Funções no Organismo 61
Os Nutrientes Construtores 63
O Processo da Digestão 65

Unidade 3 - Construindo um Ser Vivo: Estrutura e


Funcionamento 67
Capítulo 1 - Célula: a Unidade Fundamental de um Ser Vivo 68
As Organelas Celulares 69
Capítulo 2 - A Logística da Célula: Transporte de Substâncias 82
Difusão Simples e Difusão Facilitada 83
Osmose 83
Bomba de Sódio e Potássio: um Exemplo de Transporte Ativo 85
Transportes Mediados por Vesículas 86
Capítulo 3-0 Metabolismo dos Seres Vivos 88
Respiração Anaeróbia 89
Fermentação 90
Respiração Aeróbia 91
Fotossíntese 92

Unidade 4 - Como se Formam os Organismos 97


Capítulo 1-0 Trabalho Integrado das Células no Organismo 98
A Organização da Célula 99
Composição dos Ácidos Nucleicos 101
O Código Genético 102
Capítulo 2 - Como as Células se Perpetuam 113
Divisões Celulares 115
Reprodução 119
Capítulo 3 - Conjunto de Células Especializadas: os Tecidos 125

Unidade 5 - A Organização dos Seres Vivos 131


Capítulo 1 - Diversidade e Ordem 132
O Mistério dos Vírus 135
Capítulo 2 - Classificação dos Seres Vivos 138
O Reino Monera 138
O Reino Protista 139
O Reino Fungi 144
O Reino Plantae 146
O Reino Animalia 151

Unidade 6 - Os Organismos que Causam Doenças ao Ser


Humano 164
Capítulo 1 - Pequenos Agentes, Grandes Estragos 165
Os Vírus Iniciam uma Batalha 165
O Perigo das Superbactérias 169
Doenças Causadas por Protozoários 170
Fungos Também Podem Causar Doenças 171
Os Vermes 172
Capítulo 2-0 Sistema Imunológico e o Combate às Doenças 177
Vacinas e Anticorpos 177
Alergia: Reação Extrema 179

Unidade 7 - Harmonia Entre os Seres Vivos 183


Capítulo 1 - Cooperação entre os Seres Vivos 184
Organismos que Juntam Forças: Mutualismo 184
Organismos Recicladores da Natureza 190
Capítulo 2 - As Plantas e Seu Papel no Ciclo da Vida 192
Entendendo Como as Plantas Funcionam 192
A Importância da Fotossíntese para a Manutenção da Vida 198
Capítulo 3 - Os Efeitos da Interação do Homem com a Natureza 201
Espécies em Processo de Extinção 201

Unidade 8 - A Biotecnologia ao Seu Dispor 207


Capítulo 1 - Biotecnologia: Conceito, Histórico e Utilidade 208
Aplicações da Biotecnologia 209
Capítulo 2 - Agricultura e Alimentação Biotecnológica 213
Agricultura e Biotecnologia 213
A Biotecnologia na Alimentação 216
Capítulo 3 - Bioindicadores: Aprendendo com a Natureza 220
Bioindicadores da Água 220
Bioindicadores da Terra 224

Unidade 9 - Evolução 229


Capítulo 1 - Você Acredita na Teoria da Evolução? 230
Comprovações Científicas da Evolução 232
Capítulo 2 -Teorias Evolutivas 236
Lei do Uso e do Desuso 236
Teoria da Seleção Natural 238
Teoria Sintética da Evolução 241
Como as Espécies São Formadas? 244
Unidade 10 - Genética 247
Capítulo 1 - Por Que É Fundamental Estudar Genética? 248
Os Experimentos de Mendel 250
Capítulo 2 - A Genética e a Hereditariedade 265
O Fator Rh 265
Doenças Relacionadas à Hereditariedade 266

Unidade 11 - Ecologia I 269


Capítulo 1 - Ecologia: Conhecendo a Nossa Casa 270
A Riqueza da Vida: A Biodiversidade 274
Capítulo 2-0 Fluxo da Vida: Ciclo da Energia e Matéria
nos Ecossistemas 281
Ciclos Biogeoquímicos 283

Unidade 12- Ecologia II 288


Capítulo 1 - Seres Vivos Interagindo: As Relações Ecológicas 289
A Cadeia Alimentar 290
Outras Relações Ecológicas 296
Capítulo 2 - A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros 298
Floresta Amazônica 300
Pantanal 303
Cerrado 306
Caatinga 307
Floresta Atlântica 309
Pampa 312
Zona Costeira 313

Referências Bibliográficas 318

Física
Unidade 1 - Física para Quê? 320
Capítulo 1 - A Construção da Física como Ciência 321
Grandezas Físicas e Unidades de Medidas 322
Força 327
Capítulo 2 - Estática 338
Equilíbrio de uma Partícula 338

Unidade 2 - Muita Pressa, Aceleração Zero! 352


Capítulo 1-0 Que É Cinemática? 353
Referencial e Movimento 354
Trajetória 354
Posição 354
Deslocamento 355
Velocidade Média 355
Aceleração 356
Movimento Retilíneo Uniforme (MRU) 358
Movimento Uniformemente Variado 361
Capítulo 2 - Leis de Newton 363
1- Lei de Newton - Lei da Inércia 364
2- Lei de Newton - Princípio Fundamental da Dinâmica 365
3- Lei de Newton - Ação e Reação 368
Força de Atrito 371

Unidade 3 - Leis de Conservação da Mecânica 374


Capítulo 1 -Transformações da Energia 375
Trabalho 375
Potência 382
Capítulo 2 - Energia Mecânica 384
Formas de Energia 385
Energia Mecânica Total (EM) 388

Unidade 4 - Estática dos Fluidos 392


Capítulo 1 - Introdução à Hidrostática 393
Densidade Absoluta (p) ou Massa Específica (p) 394
Pressão (p) 395
Capítulo 2 - Princípio de Pascal 403
Empuxo 406
Unidade 5 - Oscilações e Ondas 411
Capítulo 1 - Oscilações 412
Pulso 413
Ondas 414
Capítulo 2 - Classificação das Ondas e Fenômenos Ondulatórios 418
Tipos de Ondas 418
Fenômenos Ondulatórios 421

Unidade 6 - Acústica 432


Capítulo 1 - Som e Comunicação 433
Som 434
Ondas Sonoras 435
Capítulo 2 - Qualidades Fisiológicas do Som 440
Intensidade Sonora 442
Efeito Doppler 445
Ultrassom 450

Unidade 7 - Termologia 452


Capítulo 1 -Termologia e Meio Ambiente 453
Termometria 454
Dilatação Térmica 457
Capítulo 2 - Calorimetria 465
Calor 465
Transmissão de Calor 470

Unidade 8 - Óptica 474


Capítulo 1 - Introdução à Óptica 475
Propagação da Luz 475
Espelhos Planos 478
Espelhos Esféricos 482
Capítulo 2 - Refração da Luz 487
Leis da Refração 487
Lentes Esféricas 490
Tipos de Lentes 491
Formação Geométrica da Imagem em Lentes 491
Unidade 9 - A Importância da Eletricidade 495
Capítulo 1 - Eletrostática 496
Carga Elétrica 497
Condutores e Isolantes 501
Eletrização 502
Capítulo 2 - Força Elétrica - A Lei de Coulomb 510
Campo Elétrico 514

Unidade 10 - Eletricidade Dinâmica - Eletrodinâmica 521


Capítulo 1 - Corrente Elétrica 522
Corrente Contínua e Corrente Alternada 526
Efeitos da Corrente Elétrica 527
A Tensão Elétrica 528
Resistência Elétrica 529
Capítulo 2 - Potência e Energia Elétrica 537
Circuitos Elétricos 542

Unidade 11 - Eletromagnetismo 551


Capítulo 1 - Propriedades Magnéticas da Matéria 552
Magnetismo Terrestre 553
Campo Magnético 554
Eletricidade e Magnetismo 555
Campo Magnético (B) e Carga Elétrica (q) 556
Campo Magnético Gerado em Bobinas e Solenoides 564
Capítulo 2 - Indução Eletromagnética 567
Fluxo do Campo Magnético (OB) 567
Leis de Faraday e Lenz 569

Unidade 12 - Física no Mundo do Trabalho 574


Capítulo 1 - Bicicletas, Carros e Motores 575
Engrenagens nas Bicicletas 575
Engrenagens nos Carros: A Caixa de Câmbio 578
0 Motor de Combustão Interna 579
Capítulo 2 - Física da Pressão Arterial 581
Sistema Circulatório e as Semelhanças com o Sistema Hidráulico 581
Capítulo 3 - A Energia Elétrica no Cotidiano 585
Transformadores 585
Motores Elétricos 590
Capítulo 4 - Máquina Fotográfica 594
As Lentes e a Imagem Formada na Máquina Fotográfica 595
Referências Bibliográficas 598

Química
Unidade 1 - A Química e a Vida Contemporânea 601
Capítulo 1 - A Importância da Química no Cotidiano 602
O Desenvolvimento Histórico da Química 606
Capítulo 2 - Do Que as Coisas São Feitas? 611
A Composição da Matéria 614

Unidade 2 - Como a Matéria se Organiza 618


Capítulo 1 - As Transformações da Matéria 619
Tipos de Transformações da Matéria 619
Capítulo 2 - As Substâncias 628
Determinação da Pureza das Substâncias 634

Unidade 3 - Vendo as Coisas por Dentro 638


Capítulo 1 - Estrutura Atómica 639
0 Átomo de Dalton 640
O Átomo de Thomson 641
O Átomo de Rutherford 642
O Átomo de Bohr 644
Modelo da Nuvem Eletrónica 645
Capítulo 2 - Identificação dos Átomos 647
Número Atómico (Z) 647
Número de Massa (A) 647

Unidade 4 - Ligando Elementos 652


Capítulo 1 - A Classificação Periódica dos Elementos 653
A Periodicidade dos Elementos Químicos 654
Capítulo 2 - Ligações Químicas 665
Regra do Octeto 665
Ligações lônicas 666
Ligações Covalentes 668

Unidade 5 - Medindo a Matéria 675


Capítulo 1 - Unidades de Medidas 676
Unidade de Massa Atómica 677
Capítulo 2 - Reações Químicas 686

Unidade 6 - Química, Cotidiano e Meio Ambiente 696


Capítulo 1 - Funções Químicas 697
Funções Químicas Inorgânicas 698
Capítulo 2 - A Química e Seus Impactos Ambientais 714
Óxidos 714

Unidade 7-0 Ambiente que Nos Cerca 720


Capítulo 1 - Características Gerais dos Gases 721
Variáveis de Estado 722
Quando os Gases Sofrem Transformações 724
Capítulo 2 - Equação Geral dos Gases 734
Equação de Estado para os Gases Reais 737

Unidade 8 - Equilíbrios Químicos 743


Capítulo 1 - Reações Reversíveis 744
Constante de Equilíbrio 749
Capítulo 2 - Deslocamentos de Equilíbrios 754
Alteração da Concentração de um dos Reagentes 754
Variação da Temperatura do Sistema 756
Variação da Pressão do Sistema 757

Unidade 9 - Termoquímica - Contando as Calorias 761


Capítulo 1 -Tipos de Reações 762
Reações Exotérmicas 765
Reações Endotérmicas 765
Capítulo 2 -Entalpia 768
Tipos de Variações de Entalpia 773
Unidade 10- Química Orgânica I - A Química da Vida 781
Capítulo 1 - Compostos Orgânicos 782
0 Átomo de Carbono e Suas Propriedades 783
Capítulo 2 - Classificação das Cadeias Orgânicas 786
Fechamento da Cadeia 786
Disposição dos Átomos na Cadeia 786
Tipos de Ligações 787
Natureza dos Átomos que Compõem a Cadeia Carbónica 788
Anel Aromático na Cadeia Carbónica 790
Capítulo 3 - Classificação dos Compostos Orgânicos 792
Hidrocarbonetos 793

Unidade 11 - Química Orgânica II - Funções Orgânicas


e Suas Classificações 809
Capítulo 1 - Funções Orgânicas 810
Aromáticos 810
Polifenóis 813
Capítulo 2 - Outras Funções Orgânicas e Seus Radicais 814
Haletos 814
Álcoois 816
Fenóis 818
Éteres 819
Aldeídos 820
Cetonas 822
Ácidos Carboxílicos 824
Aminas 826
Amidas 828

Unidade 12- A Química do Petróleo 830


Capítulo 1-0 Petróleo, Fonte de Energia 831
Extração e Beneficiamento do Petróleo 833
Capítulo 2 - Composição 836
Produtos do Petróleo 839
O Petróleo e o Meio Ambiente 840
Referências Bibliográficas 844
Anexo -Tabela Periódica 845
Carvlho/Sutesck
Daniela

Alecksey Walewski
Bacharel e licenciado em Ciências Biológicas pela Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (2003). Especialista em Educação Ambiental e Ecologia,
pelo Instituto de Educação Superior Nossa Senhora do Sion (2007). Mes¬
tre em Gestão e Auditorias Ambientais pela Fundação Universitária
Iberoamericana - FUNIBER (2013). Professor concursado nas disciplinas
de Ciências e Biologia pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná,
tendo atuado na Educação Profissional, na formação de docentes e na
Educação de Jovens e Adultos. Autor de material didático para Ensino
Fundamental, Médio e Profissional.
Unidade í

Ciência e Natureza
O bserveas imagens desta página. O que você percebe em comum entre elas?
A Terra é habitada por uma imensa quantidade de seres; alguns deles são vivos,
outros não. Você, assim como uma onça, um pato, uma árvore ou uma bactéria, é
um ser vivo. Já uma mesa ou uma pedra não são seres vivos. O que diferencia seres vivos de seres
sem vida é sua composição e as reações químicas que neles ocorrem. As ciências da natureza
preocupam-se em estudar a natureza, seus componentes e relações. Você já se perguntou como a
vida surgiu em nosso planeta?
Capítulo 1

As Ciências da Natureza e a Vida


As ciências da natureza estudam a natureza, seus componentes e relações. Podemos dizer
que os seres humanos fazem parte da natureza, dependendo dela para sua sobrevivência. Vale
ressaltar, ainda, que a qualidade dos recursos naturais reflete diretamente na qualidade de vida
do ser humano. Dessa forma, podemos perceber que os seres vivos mantêm uma íntima relação
com o ambiente natural. Para entendermos esse ambiente que nos envolve e de que dependemos
tanto, é preciso levar em conta alguns conceitos e métodos. Por meio deles, podemos conhecer
melhor a nós mesmos e ao ambiente em que vivemos.
Mas o que cada uma das ciências naturais estuda exatamente?
Para facilitar nosso estudo, vamos separar as ciências naturais em
química, física e biologia. A química é a ciência que estuda a matéria e sua Blol°gia:
estrutura, composição, propriedades, reações e transformações da matéria.
' Do grego bios = vida
Já a física estuda os fenômenos naturais, descrevendo a natureza com base • logos = estudo, ou seja, o
em modelos científicos. Quanto à biologia, trata-se da ciência que se ocupa .
estudo da vida.
em compreender os seres vivos e suas relações entre si e com a natureza.
No passado, as ciências naturais tinham um enfoque mais descritivo e de “admiração da natu¬
reza”, porém, na atualidade, são mais investigativas e vistas em sua totalidade. Desse modo, os objetos
dessas ciências passaram a ser estudados de maneira organizada, com maior rigor científico, e os
conhecimentos resultantes de tais estudos começaram a ser mais facilmente aplicáveis ao cotidiano
das pessoas e à realidade social.

htp:/sxc.hu
Análise

1) Reúna-se com um grupo de colegas para ler e interpretar o texto a seguir. Pesquisem o
significado das palavras desconhecidas e elaborem um resumo do texto.

Ciência e Limnologia
Um Resumo da História do Método: Três Caminhos para o Conhecimento
Para todo o tipo de esforço e pensamento humanos, há somente três métodos para a
obtenção de informações sobre o universo: o intuitivo, o metafísico e o científico, sendo que,
cada qual é caracterizado por certos pressuposições a respeito da natureza, bem como, por
critérios para se julgar percepções produzidas pelos próprios métodos.
O método intuitivo é aforma mais antiga de descoberta. Ele pressupõe que nenhuma
lei rege o comportamento dos objetos naturais, ou, caso haja leis, elas podem ser, a
qualquer momento, revogadas por alguma força, ou ser, organizador superior. Devido à
instabilidade dos fenômenos observáveis, o método intuitivo confere pouca credibilidade
à observação. Ao invés disto, sustenta que a única maneira de se adquirir conhecimento
de valor duradouro é através da revelação. A verdade nos será revelada se nos colocar¬
mos em estado de espírito receptive a tal ponto que a força organizadora possa revelar
suas intenções. É um corolário desta visão que seres humanos, por seus próprios esforços,
não conseguem adquirir nenhuma real compreensão do universo, tampouco a esperança
de prever eventos futuros.
O segundo método, o metafísico, tem sido defendido por muitos filósofos. Ele pre¬
sume que o comportamento dos objetos naturais é governado por um conjunto de leis,
as quais podem ser descobertas através de esforços humanos. Este método enfatiza
o poder da mente humana em enxergar tais leis. Ele parte da pesquisa de premissas
que são, obviamente, verdades e, via uso da lógica, deduz leis naturais destas verdades
axiomáticas. Ambos os métodos, intuitivo e metafísico, justificam seus pressupostos pela
interpretação de observações apropriadas como instâncias de verdades gerais percebidas.
Finalmente, o método científico parte das premissas dos metafísicos de que o universo
funciona em acordo com certas leis. Os cientistas discordam dos metafísicos porque eles,
para definir tais leis, se baseiam não somente em pensamentos, mas também na obser¬
vação. A ciência pode, portanto, partir de observações [...] ou de uma ideia. De onde quer
que o método comece, cientistas usam seus cérebros para produzir uma teoria ou lei, e, em
seguida, testam as implicações das teorias contra novas observações. Se uma teoria não dá
conta de prever algo, ela é modificada e esta novo teoria é, por sua vez, testada.
A diferença essencial entre o método científico e os demais é que afirmações da ciên¬
cia não, necessariamente, precisam ser verdades. A ciência não requer que seus praticantes
diretamente percebam verdades, e nem aceita que outros métodos o possam fazer. Em
ciência o conhecimento é sempre hipotético, de modo que o árbitro final deve ser o teste¬
munho da observação, não o fervor da crença.
Os três métodos de investigação não são necessariamente aplicados separadamente.
Com o decorrer do tempo, permitiu-se a hibridização, e a história da ciência pode ser muito
utilmente interpretada como a história da interação destes três métodos.
Fonte: RIGLER, F. H.; PETERS, R. H. II Uma breve história do método. KLOEPPEL, P. R. (Trad.) in: Ciência e
Limnologia. Oldendorf: Ecology Institute Nordbúnte, 1995. p 21-22.

As Ciências da Natureza e a Vida


2) No texto, o autor faz uma comparação entre três maneiras diferentes de interpretar o
mundo. Quais são as principais diferenças identificadas?

3) Com base na leitura do texto, que contribuições você acha que o método científico trouxe
para o conhecimento do Universo e para o estudo da natureza?

Reflexão

Debata as seguintes questões com seus colegas:


1) Qual seria a melhor forma de estudar os seres vivos?
2) Para que servem os conhecimentos sobre os seres vivos?

Organizando a Vida
A construção de todo o conhecimento científico é o resultado do trabalho de pessoas que
dedicam seu tempo ao estudo de determinadas áreas das ciências, conforme seus interesses. Assim,
podemos afirmar que o conhecimento científico se estrutura em esquemas que representam a reali¬
dade e são construídos com base em pesquisas científicas.
Algumas pesquisas, por exemplo, têm demonstrado que no ambiente natural os seres vivos
não vivem em grupos separados uns dos outros, mas que, de uma forma ou outra, todos os grupos
estão interligados. Com a intenção de estudar a natureza, os cientistas dividiram e organizaram
a vida em sistemas e classificaram os seres
vivos em grupos distintos, segundo suas
características, mesmo sabendo que esses
grupos vivem interligados de algum modo.
No início, esse processo de organização e
classificação foi difícil, pois compreender o
ambiente natural em todos os seus detalhes
era (e ainda é) muito complexo.

De Que São Feitos os


Seres Vivos?
Os seres vivos são compostos por matéria. A matéria pode ser dividida
jm partes menores, sendo a menor parte estável e indivisível da matéria

uma estrutura chamada átomo. Átomos de diferentes elementos químicos


são unidos por ligações químicas e formam moléculas. Nas suas aulas de
química, você aprenderá mais sobre os átomos e as moléculas.
Nos seres vivos, moléculas de substâncias químicas diferentes
organizam-se e formam organelas citoplasmáticas, que são as diferentes
estruturas do citoplasma da célula que realizam funções específicas. Vamos
estudar mais profundamente esse assunto na Unidade 3.

Ciências da Natureza e a Vida


Várias organelas trabalham em conjunto, formando a célula, que consiste na unidade funda¬
mental dos seres vivos.

Célula.

Observe com atenção a ilustração que


retrata uma célula. Você sabe quais são Conheça uma interessante comparação entre
as diferentes estruturas que fazem parte as estruturas de uma célula e as partes de uma
da unidade fundamental dos seres vivos? cidade em: <http://www.allaboutthejourney.
Pesquise sobre o assunto em livros ou na org/portuguese/estrutura-da-celula.htm>.
internet.

Como os Seres Vivos se Organizam?


Células que realizam a mesma função, como as células nervosas, formam as estruturas dos
tecidos. Existem os seguintes tipos de tecidos: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso.
Tecidos específicos, como o tecido nervoso, formam órgãos, como o cérebro. Um conjunto de
órgãos que realizam funções semelhantes formam um sistema, como o nervoso.
Quando vários sistemas se reúnem e funcionam em conjunto, temos um ser vivo completo, o
organismo.
Já o conjunto de vários organismos de uma mesma espécie que vivem em uma determinada
região caracteriza uma população. Por exemplo: as pessoas que moram no território brasileiro
formam a população brasileira; as onças-pintadas que vivem na região do Pantanal formam uma
população, diferente da população das onças-pintadas que vivem na Floresta Atlântica, e assim
por diante.

As Ciências da Natureza e a
M
Vida\^^/
Já uma comunidade ecológica é o conjunto de populações de espécies diferentes que habitam
um mesmo local, mantendo entre si várias formas de interação. Algumas espécies, por exemplo, são
a base da alimentação de outras espécies, como no caso dos lambaris, que servem de alimento para
as traíras (predatismo ou predação); outras espécies se relacionam de forma bastante íntima, de tal
modo que cada espécie não consegue viver isoladamente, como as bactérias que vivem no intestino
humano (simbiose). Outras espécies, por sua vez, se aproveitam de outros seres, embora sem preju-
dicá-los, como as bromélias, que crescem nos galhos de araucárias (comensalismo); existem também
aquelas espécies que prejudicam os seres de que se aproveitam, como os carrapatos, que sugam o
sangue de capivaras (parasitismo).
A união entre os seres vivos e o ambiente que
os cerca constitui um sistema ecológico que chama¬
mos de ecossistema. Os seres vivos presentes no rio
Amazonas, a água desse rio, os minerais e o oxigénio Para saber quais são as reservas da
que a compõem formam um conjunto que exemplifica biosfera reconhecidas pela Unesco
o ecossistema do rio Amazonas. no Brasil, consulte o site-. <www.
E se considerarmos a reunião de todos os unesco.org/new/pt/brasilia/natural-
ambientes e seres vivos da Terra? Temos, então, uma sciences/environment/biodiversity/
camada do planeta na qual encontramos todos os seus biodiversity/#c346822>. Acesso em:
ecossistemas, em que estão presentes todos os ciclos de 21 jun. 2018.
nutrientes utilizados pelos seres vivos. A essa camada
damos o nome de biosfera.

Hierarquias da ecologia: a complexidade crescente da organização e do funcionamento de sistemas ecológicos ou ecossistemas.

Hierarquia - Qualquer classificação que tenha como refe¬


rência as relações entre grupos superiores e dependentes.

Z\s Ciências da Natureza e a Vida


A Construção da Ciência
Para compreendermos o conhecimento produ¬
zido pelas ciências naturais, é necessário saber como são
feitas as pesquisas nessas ciências e como se organizam
os resultados desses estudos de forma estruturada. Os
cientistas não contam com o acaso, ou apenas com o
esforço mental, para construir conhecimentos; desde o
cálculo do tamanho de planetas, passando pelo estudo
de células-tronco e da clonagem, até a investigação das
menores partes do átomo, o cientista necessita pensar de
acordo com as regras do método científico.
Vamos entender como pensam os cientistas?
Então, comece observando o esquema a seguir.

Selo impresso pela República Central Africana em 1985


em comemoração ao centenário da criação da vacina
contra a hidrofobia (raiva), mostrando Louis Pasteur
(1822-1895), cientista que aplicou deforma exemplara
metodologia científica, revolucionando o conhecimento
sobre micro-organismos.

Etapas simplificadas do método científico.

Mesmo sem perceber, aplicamos esse método em algumas situações


do cotidiano. Por exemplo: quando ainda somos crianças, descobrimos o
mundo ao nosso redor e experimentamos situações novas o tempo todo.
O conhecimento gerado por essas experiências individuais serve para que
nos adaptemos ao ambiente.
Observe a sequência a seguir para aplicar o método científico à análise
de uma situação.

As Ciências da Natureza e a Vida


1. Faça uma pergunta.
Imagine a seguinte situação: um bebê que, engatinhando,
vê pela primeira vez na sua vida uma tomada elétrica.
Atenção: essa é uma situação imaginária, apenas como
exemplo; é muito perigoso deixar crianças pequenas

1
sozinhas perto de tomadas elétricas!
0 bebê poderia perguntar a si mesmo: "0 que é isso?".

Note que essa pergunta é o início do desenvolvimento do


conhecimento, que, nesse caso, é individual. Esse método
também pode aplicar-se a grupos de pessoas, comunida¬
des, sociedades, etc.

2. Faça uma pesquisa geral.

0 bebê pesquisaria, na sua história de vida, com base em


suas lembranças, situações ou objetos parecidos com a
tomada elétrica para tentar explicar o que é aquilo que
ele está vendo.

3. Construa uma hipótese.

^^5
Como o bebê nunca viu uma tomada elétrica na vida, não
há uma resposta anterior ou ela é incompleta. Com base
em outras situações e conhecimentos que o bebê possui,

í ele irá construir uma ideia sobre o que é o objeto e para


que ele serve. 0 bebê poderia pensar, por exemplo, que a
cor amarela da tomada (que, nesse caso, significa perigo)
é sinal de comida (como a cor de uma papinha) ou que é
mais um brinquedo colorido. Enfim, ele formula uma ideia
sobre o que é aquilo.

4. Teste com um experimento.

Em seguida, o bebê testa, verifica se a ideia que ele teve


está correta, colocando a mão na tomada (o que não é
nada recomendável).
Se não houver nenhum adulto supervisionando a situa¬

/ \ ção, o bebê vai, infelizmente, levar um choque. Esse é o


resultado de seu pequeno experimento científico.

As Ciências da Natureza e a Vida


5. Analise o resultado e chegue a uma conclusão
sobre a hipótese inicial. O bebê pode considerar sua hipótese verdadeira (por
exemplo, a tomada é um brinquedo).
Ele pode considerá-la falsa, ou parcialmente falsa, o que
o levará a repensar a hipótese inicial (se não é um brin¬
quedo, o que seria?).
Ao refazer a hipótese inicial, surgem várias possibilidades.
Por exemplo: a nova ideia pode ser que "coisas amarelas
presas às paredes" provocam dor. Se ele fizer o mesmo
experimento mais vezes, comprovará essa hipótese e pro¬
vavelmente chegará à conclusão (generalização) de que
tomadas sempre provocam dor quando tocadas.

Quando esse bebê se tornar um adulto e tiver os seus


próprios filhos, ele irá transmitir-lhes a informação de que
colocar o dedo na tomada provoca choque e dor.

A ciência não é imutável, mas sim dinâmica, transformando-se


o tempo todo. Para ser considerada científica, uma teoria deve ter seus Extrapolados - Levados
para outras situações,
experimentos reproduzidos por outros pesquisadores e seus resultados
diferentes da original,
extrapolados, comprovando-se de várias formas que é verdadeira. estendendo os limites
de aplicabilidade das
Observe que um experimento pode ser realizado por meio de tenta¬ leis que se tenta for¬
tiva e erro, como na tentativa do bebê de mexer na tomada. Se realizado mular por meio dos
dessa forma, dizemos que o experimento proporcionou uma aprendizagem experimentos.
empírica, ou seja, aprendizagem por meio da prática, o que pode até levar
a descobertas “por acaso”. Na situação com o bebê, a aprendizagem empí¬
rica deveria ser evitada, pois significa que ele teria de aprender por meio
do contato direto da mão com a tomada elétrica, o que seria arriscado.
Além do método empírico, há outra forma de realizar um experimento, chamada de contro¬
lada, pois é feita por meio de testes em dois grupos. No caso da testagem de um novo remédio, um
grupo faria uso do produto que se deseja testar e o outro, que serviria como controle, ficaria sob as
mesmas condições, mas sem o uso dessa nova droga.
Há muitas aplicações para esse tipo de pesquisa, como na área de saúde, quando se comparam
os efeitos do sedentarismo com os efeitos da prática de atividades físicas regularmente, ou em pes¬
quisa de cosméticos, alimentos, produção de sementes, entre outras.

As Ciências da Natureza e a Vida


Em que situações do cotidiano você poderia aplicar o método
científico com sucesso? Converse com os colegas e o professor e
registre suas conclusões no espaço a seguir.

A experimentação controlada é interessante para separar o efeito


placebo do efeito real de alguns remédios, por exemplo.

Você já viu uma pessoa que está com algum tipo de dor tomar um com¬
primido e, em alguns instantes, a dor passar? Esse é um exemplo do efeito
placebo, pois, para o comprimido percorrer o sistema digestório, ser absor¬
vido e realmente aliviar a dor, é necessário aguardar vários minutos, ou seja,
o efeito imediato foi reflexo de fatores psicológicos, como a confiança de que
o remédio iria curar a dor.

Para saber mais sobre o efeito placebo, leia o texto Efeito placebo: o poder da
pílula de açúcar, disponível em: <www.cerebromente.org.br/n09/mente/
placebo!.htm>.

SÍA Reflexão

Você acredita que o efeito placebo seja frequente? Que exemplos


você poderia citar do seu dia a dia que exemplificam a atuação
desse efeito?

/As Ciências da Natureza e a Vida


Capítulo 2

0 Que É a Vida para a Ciência?


Agora que conhecemos as possibilidades do método científico, podemos compreender melhor
alguns conceitos da biologia. Descrever o que é um ser vivo é mais complexo do que parece, então,
para construir um conceito sobre a vida, vamos começar com um simples exercício. Observe as ima¬
gens a seguir.

Butler
Corey
J.

Rocha Pedra do Frade em Laguna-SC. Flores do campo.

j Análise

A primeira imagem mostra uma rocha e a segunda, flores. Qual imagem mostra seres vivos?
Converse com os colegas e o professor.

Intuitivamente você sabe que as plantas são consideradas seres vivos, mas por quê?
Você provavelmente identificou que as flores são seres vivos de acordo com algumas caracte-
rísticas que são típicas apenas desses seres.

Oj Reflexão

Quais são as características presentes em todos os seres vivos? Você conseguiria listar no
seu caderno as características típicas de todos eles? Depois de elaborar essa lista, vamos
comparar as características anotadas com as descritas a seguir.
Com o passar do tempo, uma pedra multiplica-se em mais pedras, crescendo e
reproduzindo-se?
Agora, reflita um pouco: uma mesa de madeira possui vida?

O Que É a Vida para a Ciência?


Características dos Seres Vivos
Em relação à primeira das perguntas lançadas anteriormente, pense
que, se considerarmos que um animal, um fungo, uma
planta e uma bactéria são seres vivos, eles devem
ter determinadas características em comum.
Sobre a segunda pergunta, com cer¬
teza todos nós sabemos que uma pedra
não se multiplica com o passar do tempo;
já os seres vivos crescem e se reprodu¬
zem. Se você jogar a pedra no mar ou
colocá-la em um deserto, ou ainda
NASA depositá-la em uma geleira, ela não irá
interagir com o ambiente que a cerca.
Já os seres vivos respondem a estí¬
mulos vindos do meio em que vivem,
agindo em resposta a novas situações
que se apresentam.
Para responder à terceira pergunta,
precisamos saber que uma mesa de madeira
é formada por pequenas estruturas organizadas
entre si, as células, mas essas células estão mortas e
não funcionam mais. Isso quer dizer que elas não reali-
zam mais processos vitais, como respiração celular, fotossíntese, excreção,
etc., como faziam quando a madeira utilizada para fabricar a mesa estava
Mutações: integrada à estrutura de uma árvore.
As vezes podem ocorrer Ao conjunto de ações que um ser vivo realiza é dado o nome de
acidentes ambientais ou metabolismo. Assim, podemos dizer que uma planta ou um animal,
biológicos que ocasio¬
nam irregularidades na quando estão mortos, não realizam mais processos metabólicos.
divisão celular, causando É necessário lembrar, ainda, que a vida na Terra nem sempre foi
uma mutação, isto é, uma
alteração não esperada
como conhecemos atualmente. Ela se transformou muito ao longo do
do código genético do tempo. Estamos falando aqui de bilhões e bilhões de anos.
indivíduo.
Graças às mutações, que ocorrem ao acaso no material genético,
Material genético: a vida é muito variada, ou seja, existem muitos tipos de seres vivos diferen¬
E todo material que tes entre si, capazes de se adaptar ao ambiente usando suas capacidades
contenha as unidades
funcionais da hereditarie¬
de sobrevivência de acordo com o meio em que vivem. Essas adaptações
dade, ou seja, que passam formaram uma grande diversidade de seres vivos. Podemos citar, por
de pais para filhos. exemplo, um vegetal como o cacto, que sobrevive ao solo seco de uma
Exemplos de material região como a caatinga, ou uma planta aquática, como a vitória-régia,
genético são o DNA e o
RNA. que flutua em meio a regiões alagadas da Floresta Amazônica, cada qual
adaptado em locais com climas totalmente distintos.

O Que É a Vida para a Ciência?


Wilow
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Vitória-régia. Cacto.

Como Surgiu a Vida no Planeta Terra?


Vimos que a proposição de teorias faz parte do método
científico. Ao longo da história da civilização humana, foram pro¬ O Planeta Terra é apenas um
postas diversas teorias para explicar como a vida teria surgido em minúsculo planeta entre tantos
nosso planeta. Essas teorias refletem o conhecimento disponível outros no sistema solar, assim
sobre o tema em cada época, além de fatores culturais e sociais como o sistema solar é apenas
um entre milhares de sistemas
de cada contexto histórico. Inicialmente, é provável que o homem estelares, que ainda estão sendo
pré-histórico, que começou a se conhecer e a conhecer melhor o investigados pela ciência.
ambiente que o cercava, tenha começado a refletir sobre as per¬
guntas essenciais que até hoje nos vêm perseguindo, como: de
onde viemos?
Imagine a situação do homem pré-histórico, começando a descobrir o mundo ao seu redor e sem
respostas para as coisas que conseguia observar: o fogo, os relâmpagos, o sol, a lua... Posteriormente,
vários grupos humanos atribuíram a origem dos seres humanos e de fenômenos naturais a ações de
divindades. A essa forma de explicação damos o nome de pensamento mítico.
Com a formação das primeiras cidades, o ser humano foi modificando seu conhecimento sobre
o mundo. Algumas ideias tradicionais foram superadas por novas formas de pensar, baseadas em
novas informações obtidas sobre o surgimento da Terra e da humanidade.
Os mitos e os rituais estavam muito presentes entre os primeiros Objetos e outros mate¬
grupos humanos. Mais tarde, durante a Antiguidade, muitos passaram a riais não vivos, como uma
rocha ou um pedaço de
acreditar na possibilidade de criação da vida a partir de materiais inanima¬
madeira.
dos, por meio de variadas “receitas”.

O Que É a Vida para a Ciência?


í® Análise

Analise a seguinte "receita" para a criação da vida elaborada na


Antiguidade.

Pegue um pano, encha com molho de carne e deixe em um local


quente e escuro (como o forro de uma casa) por algumas sema¬
nas. O que você acha que vai acontecer a seguir?

Para os que acreditavam nessa receita, após algumas semanas,


a vida surgia da combinação entre o pano e o molho de carne, em forma
de moscas, baratas e até ratos. A essa forma de explicação da origem
da vida damos o nome de teoria da geração espontânea, ou abiogênese.
Segundo essa teoria, considerada verdadeira pela maioria dos estudiosos
até meados do século XVII, todos os objetos teriam uma parte da essên¬
cia da vida, o “princípio da vida” citado pelos filósofos pré-socráticos, e,
se fossem combinados corretamente, poderia ser criada vida a partir de
matérias brutas, não vivas.
Com o avanço do conhecimento sobre o tema ao longo do século
XIX, experimentos científicos começaram a ser realizados com a inten¬
ção de explicar como a vida teria surgido ou como as ideias anteriores
sobre geração espontânea da vida poderiam estar erradas.

Um cientista chamado Francesco Redi elaborou, em


1668, uma experiência para tentar provar que a vida não
poderia surgir de forma espontânea a partir de materiais
sem vida. Na época, ainda se acreditava que a carne tinha o
potencial de gerar vida, ou seja, se você deixasse um pedaço
de carne exposto, ele iria gerar larvas. Redi supunha que,
por a carne estar exposta, as moscas que já estavam no
ambiente é que seriam as responsáveis por depositar seus
ovos na carne, dando origem às larvas. Com o seu expe¬
rimento, o cientista queria comprovar que a vida só seria
gerada a partir de seres vivos já existentes. Essa teoria é
conhecida como teoria da biogênese.

Para comprovar essa hipótese, Redi colocou carne em dois tipos


de recipientes: um aberto, para que a carne ficasse exposta às moscas do
ambiente e recebesse os ovos, e outro tampado com uma gaze, ao qual
as moscas não teriam acesso, mas que ainda deixaria a carne em contato
com o ar.

O Que É a Vida para a Ciência?


Frasco aberto Frasco tampado com gaze

Larvas cobrem a carne Ausência de larvas


ao fim de 24 horas

Ilustração do experimento realizado por Francesco Redi.

O resultado foi o esperado: na carne do recipiente aberto apareceram larvas, mas na carne do
recipiente tampado pela gaze, não. Ou seja, as larvas foram postas pelas moscas, provando que a vida
só é gerada a partir de seres vivos.
Os defensores da teoria da abiogênese questionaram o experimento de Redi, afirmando que
o “princípio da vida” estaria no ar e que a gaze que tampava o recipiente impedia que esse princípio
gerador da vida entrasse em contato com a carne. Essa teoria foi aceita ainda por muito tempo. Mais
tarde, o cientista John Needham tentou explicar o surgimento da vida a partir da matéria bruta por
meio de um experimento em que se fervia um caldo de carne em um recipiente fechado. Entretanto,
esse experimento não foi realizado de forma
correta: o processo de fervura foi insufi¬
ciente (com isso, não foram destruídos todos
Caldo de carne Caldo de carne
os micro-organismos) e, depois da fervura, fervendo fervendo
permitiu-se a entrada de ar fresco, que, hoje
sabemos, contém esporos de vários micro-
-organismos.
Percebendo os erros cometidos por
Needham, outro pesquisador italiano,
Lazzaro Spallanzani, partidário da teoria
da biogênese, repetiu o experimento, porém Frasco aberto Frasco fechado
vedando completamente o recipiente, de
maneira que o ar não pudesse circular nele;
além disso, ferveu a mistura por mais tempo,
o que matou os micro-organismos, preten¬
dendo provar que a vida não iria surgir do
caldo de carne espontaneamente. Podemos Caldo de carne Caldo de carne
observar o experimento realizado por repleto de micro- livre de micro-
-organismos -organismos
Spallanzani na ilustração ao lado. Note que
ele utilizou um grupo de controle. Ilustração do experimento realizado por Lazzaro Spallanzani.

O Que É a Vida para a Ciência?


Contudo, Needham e outros defensores da teoria da
abiogênese não se deram por vencidos. Eles criticaram a forma
como foi realizada a experiência de Spallanzani, dizendo que a
falta de ar no recipiente fechado impediria a vida de se origi¬
nar, pois o “princípio da vida” estaria no ar (o ar, na realidade,
levava micro-organismos vivos ao caldo). Quem pôs fim a essa
discussão sobre abiogênese e biogênese foi o cientista francês
Louis Pasteur (1822-1895), que, em 1864, utilizou o método
científico de forma exemplar e demonstrou, definitivamente,
que a vida somente poderia surgir de outros organismos vivos já
Balão "pescoço de cisne".
existentes, comprovando a teoria da biogênese.
Ele realizou um experimento em que se fervia caldo de carne em
um balão de vidro, conhecido como “pescoço de cisne”, cujo gargalo do
frasco tinha o formato em S.
Pasteur desenvolveu uma técnica que
leva seu nome, o processo da pasteurização,
que consiste em aquecer uma substância a uma
temperatura de aproximadamente 65 °C por um
tempo prolongado, resfriando-a bruscamente. Em
alimentos como o leite, por exemplo, esse processo
é utilizado para matar as bactérias nele presentes,
sem alterar a qualidade ou a característica nutritiva
do alimento.

Caldo estéril
Ao ferver o caldo, os micro-organismos
Caldo sem
micro-organismos morriam (o caldo era esterilizado) e, depois da
fervura, o balão permanecia em contato com o
ar, ou seja, aberto. Como o frasco se encontrava
aberto, não havia como contestar o experimento
de Pasteur: era o fim da teoria da abiogênese.

Quebrando o frasco Caldo com Usa-se o termo estéril ou esterilizado em referên¬


há entrada de micro-organismos cia a um material, termo que designa um local sem
micro-organismos micro-organismos e/ou seus esporos, não havendo
perigo de contaminação.
Ilustração do experimento realizado por Louis Pasteur.

Apesar de a teoria da biogênese ter prevalecido nessa discussão


científica, uma pergunta ainda ficou sem resposta.

Como surgiu o primeiro ser vivo no nosso planeta?

Para assistir a um vídeo que explica as teorias da abiogênese e da biogênese,


acesse: <http://www.youtube.com/watch?v=EjyH5MkGdPY>.

/ O Que É a Vida para a Ciência?


0 Surgimento da Vida na Terra
Para compreender o processo de surgimento da vida em nosso planeta, é preciso aplicar conhe¬
cimentos de várias áreas das ciências naturais, sobretudo da química e da física.
Como vimos, o método científico baseia-se em levantamento de hipóteses e realização de expe¬
rimentos que comprovem, ou não, essas hipóteses. Vamos agora estudar a hipótese científica mais
conhecida para explicar a origem da vida, a chamada teoria da “sopa primordial”.
Segundo essa hipótese, proposta na década de 1920 pelo russo Aleksandr Oparin (1894-1980)
e pelo britânico John Burdon Sanderson Haldane (1892-1964), a vida teria surgido aos poucos, a par¬
tir de contatos ao acaso entre moléculas simples
em um ambiente com muitas fontes energéticas,
como um pequeno lago.
Essa hipótese foi vista com certa descon¬
fiança, até que um experimento realizado em
1953 pelo químico norte-americano Harold Urey
e por seu aluno Stanley Miller mostrou que era
possível obter compostos moleculares primor¬
diais a partir da aplicação de estímulos elétricos
a uma mistura de gases simples e água. No caso,
esses compostos moleculares primordiais eram
os aminoácidos, substâncias que são base das
Miller demonstrando seu experimento.
proteínas.
Para entender como esse experimento foi realizado e por que eles o realizaram, é preciso ima¬
ginar como eram as condições do nosso planeta logo após a sua formação. Supõe-se que há cerca de
3,5 bilhões de anos era comum a ocorrência frequente de grande quantidade de raios e, como o nosso
planeta era extremamente quente, a pouca água em estado líquido presente estava em processo de
ebulição, fervendo por causa do calor.
Não existia oxigénio na forma de gás na atmosfera primitiva, que era composta principalmente
por metano (CH4), monóxido e dióxido de carbono (CO e CO2, respectivamente), amónia (NH3),
vapor de água (H2O) e gás hidrogénio (H2).

Aminoácidos
Aminoácidos
Os cientistas Urey e Miller, em 1953, tentaram reproduzir em labo¬
ratório as condições que teriam ocorrido na Terra há 3,5 bilhões de anos.
Esses pesquisadores elaboraram um experimento que simularia as condi¬
ções do planeta quando surgiu o primeiro indício de vida.
Eles colocaram os gases presentes na atmosfera primitiva em um
recipiente fechado, aqueceram a altíssimas temperaturas e soltaram
várias descargas elétricas, simulando os relâmpagos. Para a surpresa dos
pesquisadores, depois de algum tempo, começou a formar-se um preci¬
Nome de substância pitado, que, após análise, revelou-se formado por aminoácidos. Sabemos
sólida que se forma em que vários aminoácidos ligados entre si podem formar uma proteína,
uma reação química. como a hemoglobina, a queratina, etc. Com esse experimento, Urey e
Miller não comprovaram definitivamente a origem da vida a partir de
substâncias presentes na atmosfera primitiva do nosso planeta, mas fize¬
ram grandes avanços nesse sentido.

A Evolução do Metabolismo
Observando os gases da atmosfera primitiva e o experimento de
Urey e Miller, podemos notar que aí não era encontrado oxigénio livre,
ou seja, na forma de gás (O2). Indícios demostram que, na formação do
nosso planeta, o oxigénio livre era rapidamente combinado com outros
elementos químicos, como gás hidrogénio (H?), formando moléculas de
água (H2O) e carbono (C), formando monóxido (CO) e dióxido de car¬
bono (CO2).
Note que o oxigénio é um elemento químico que reage quimica¬
mente com facilidade, sendo raramente encontrado livre no universo, na
forma de gás (O2).
Então, como esse gás, que hoje representa cerca de 21% da compo¬
sição total do ar, formou-se? Curiosamente a resposta para essa pergunta
nos leva à evolução dos seres vivos e à ideia mais aceita entre os cientistas
acerca da origem da vida na Terra: a hipótese heterotrófica.

Acesse: <www.youtube.com/watch?v=x9FNuFGQdQ> e assista a uma inte¬


ressante simulação que mostra a atmosfera primitiva da Terra.

Conforme o experimento de Miller, que vimos anteriormente,


as condições do planeta em seus primórdios foram essenciais para a for¬
:ão:
mação dos aminoácidos. Para você entender melhor o assunto, considere
Processo químico que que até hoje necessitamos de aminoácidos para sobreviver. Por exemplo,
envolve a redução ou quando nos alimentamos de carne, esta é degradada pelo ácido estoma¬
‘quebra” de um composto
cal em diversas moléculas menores de aminoácidos, que nossas células
químico em moléculas
menos complexas. reorganizam para fazer as nossas próprias moléculas proteicas, como a
queratina dos cabelos, das unhas e da pele.

/ O Que É a Vida para a Ciência?


Esses aminoácidos devem ter sido utilizados pelos primeiros seres
vivos, que, embora muito simples, foram a cada nova geração evoluindo
Que fazem fermentação,
e se aprimorando. Então, por um princípio lógico, vamos procurar nos do latim fermentum =
dias atuais quais organismos apresentam metabolismo mais simples, que fermento, levedura + sufixo
vêm a ser os organismos fermentadores, como a atual bactéria que causa - ação = atividade de.
o tétano (Clostridium tetani). Muitos desses organismos não vivem em
contato com o oxigénio, razão pela qual, quando temos um ferimento
com alguma sujeira, é recomendado que, além de lavá-lo com água e
sabão, coloquemos nele um pouco de água oxigenada. Essa substância
facilmente libera oxigénio no ambiente e, se em um ferimento existir a
bactéria C. tetani, esta irá morrer na presença do oxigénio.

Ferimento sendo limpo com água oxigenada.

Reflexão

0 que se pode observar quando se limpa um ferimento com água


oxigenada? Converse com os colegas e o professor.

Podemos deduzir que os primeiros seres vivos devem ter sido hete-
rótrofos, ou seja, alimentavam-se de moléculas orgânicas simples, como
os aminoácidos. Para utilizarem essas moléculas, deveriam ter como
Do grego héteros = outro,
atividade metabólica a fermentação, que é um tipo de respiração, a res¬ diferente + trophé =
piração anaeróbia, ou seja, uma forma de obtenção de energia em que nutrição, alimento.
não se usa oxigénio. Note que, nas condições do planeta em processo de
esfriamento, pois o planeta estava muito quente e o universo é muito Respiração anaeróbia:
Do grego an = sem + aér =
frio, a formação de aminoácidos favoreceu que esses primeiros seres se
ar + bios = vida.
multiplicassem e prosperassem. Mas isso iria mudar...

O Que É a Vida para a Ciência?


A evolução nos mostra que as condições ambientais sempre se transformam ao longo do
tempo. Após sua formação, o planeta começou a esfriar. Além do arrefecimento da temperatura,
as chuvas e as trovoadas, que no início eram violentas, foram diminuindo de intensidade aos pou¬
cos, alterando as condições ambientais do planeta e o processo de formação de aminoácidos. Com
a gradual diminuição da disponibilidade de alimentos e o aumento pro¬
gressivo da competição por esses e outros recursos, a evolução começou a
agir e selecionar aqueles organismos que, por acaso, eram mais indepen¬ Do grego autós = sz pró¬
dentes. Essa seleção natural progrediu até que surgiu um organismo com prio + trophé = nutrição,
uma novidade evolutiva, um organismo autótrofo. alimento.

Esse novo ser autótrofo não dependia diretamente dos aminoácidos originados pelos gases
aquecidos e pelas descargas elétricas, mas do gás carbónico e da água
encontrados em grande abundância no ambiente. Na presença de luz solar, Fotossíntese:
esse organismo conseguiu converter energia luminosa em energia quí- Do grego photos = luz +
mica, eliminando o gás oxigénio: esse é o processo da fotossíntese, que é I synthesis = composição.
o mesmo atualmente realizado pelas plantas. Os seres autótrofos fabricam
suas próprias moléculas orgânicas.
Somente com o surgimento dos primeiros seres capazes de realizar fotossíntese, processo que
libera oxigénio, é que esse gás passou a se acumular na atmosfera terrestre, o que possibilitou a for¬
mação do gás ozônio, importante no bloqueio dos raios ultravioleta provenientes do Sol.
A partir do surgimento dos organismos autótrofos, a dependência dos aminoácidos foi rom¬
pida e a vida pôde florescer por meio da utilização da energia captada do Sol, uma fonte de energia
essencial para a vida na Terra.
Por outro lado, o oxigénio começou a acumular-se no planeta a tal ponto que se tornou
tóxico para aqueles primeiros seres heterótrofos, os quais não estavam habituados a conviver com
oxigénio livre. Esse cenário foi um estímulo evolutivo para que novas formas de vida apareces¬
sem. Por um mecanismo de seleção natural, determinadas espécies, que ,
já eram tolerantes ao oxigénio, começaram a ser favorecidas. Em algum Aeróbios:
momento, os organismos heterótrofos passaram a ser não apenas tole- Do grego aér = ar + bio?'
rantes, mas capazes de viver bem em ambientes ricos em gás oxigénio, = vida.
surgindo, assim, os seres aeróbios (que vivem na presença de oxigénio).

/ O Que É a Vida para a Ciência?


Aos poucos, os seres aeróbios passaram a utilizar o gás oxigénio para melhorar a sua capacidade
de metabolizar moléculas orgânicas, originando-se, então, o primeiro organismo com capacidade de
realizar a respiração aeróbica, que é muito mais eficiente (graças ao oxigénio) na liberação da ener¬
gia de moléculas orgânicas, como a glicose.

Do grego eu = bem,
verdadeiro + karyon =
núcleo + onthos = ser.
Procarionte:
Do grego pró =
anterior + karyon =
núcleo + onthos = ser.
de anos 4,5 3,8 3,5 3 2,5 2 1
— 1—
Formação da Origem

da vida
71
Origem da

' dos
Origem
Carioteca:
Do grego karyon =
Terra respiração animais núcleo + theka =
Formação das rochas Origem da Origem dos caixa, estojo.
mais antigas fotossíntese eucariontes
V
Períodos dos acontecimentos relacionados à evolução do metabolismo.

Aproximadamente na mesma época da revolução provocada pelo aparecimento de seres autótro-


fos (tais como os organismos fotossintetizantes), surgiram os seres eucariontes, que têm células maiores
e mais complexas, se comparadas às dos procariontes. Os eucariontes possuem várias membranas inter¬
nas, incluindo a membrana nuclear ou carioteca, que separa o material genético nuclear (como o DNA)
das outras partes da célula. Já os procariontes são organismos que não apresentam membranas internas
e não têm uma estrutura que separe o material genético do resto da célula.

Protozoário Paramecium caudatum: ser euca- Bactéria Escherichia coli: ser procarionte que habita o intestino humano.
rionte que vive em poças de água.

As células humanas derivam desse novo tipo de célula, por isso dizemos que somos seres euca¬
riontes. As modificações que surgiram das especializações das células dos seres vivos, como carioteca
e membranas internas, proporcionaram novas ferramentas aos primeiros seres vivos em busca da
sobrevivência. Graças a essas novidades da evolução, podemos atualmente afirmar, pela grande bio-
diversidade de seres vivos, que elas foram um sucesso evolutivo.

O Que É a Vida para a Ciência?


Seção de Sistematização
1) Você acha que a metodologia científica é uma ferramenta que pode nos auxiliar
a avaliar as consequências das nossas ações? Cite três exemplos da aplicação da
metodologia científica na sua vida.

2) A teoria científica acerca da origem da vida que acabamos de estudar foi o


resultado do estudo e dedicação de homens e mulheres ao longo da história.
Essa teoria mostra claramente que os organismos vivos mais adaptados ao
ambiente foram selecionados ao longo do tempo e que hoje a vida é o resul¬
tado desse processo seletivo. Atualmente, a humanidade está provocando um
grande desequilíbrio ambiental com o desmatamento, a poluição da água, do
solo e do ar, entre muitos outros fatores.
a. Qual o futuro da humanidade se continuarmos com esta mesma conduta?

O que está sendo feito para ajudar a reverter esses e outros problemas
ambientais e/ou para nos adaptarmos a eles?

c. Que atitudes cotidianas você pode tomar a fim de contribuir para a supe¬
ração desse cenário?
Composição dos Seres Vivos

Voce ja se perguntou quais são as substancias que formam o seu corpo?


Quando você se alimenta, procura saber o que está ingerindo e como o alimento vai aju¬
dá-lo a manter ou não a sua saúde?
Observe a imagem de abertura desta unidade. Será que todo brasileiro tem acesso a uma
alimentação saudável? O que seria preciso fazer para que toda a população se alimentasse
corretamente?
Capítulo 1

Os Nutrientes

Precisamos de vários tipos de alimentos para manter nossa saúde.

Todos os seres vivos, desde uma bactéria, uma planta, até o ser
humano, são formados a partir das mesmas substâncias químicas essen¬
Regenerar - Para a bio¬
ciais, denominadas nutrientes. Eles entram em nosso corpo por meio da
logia, significa repor e/
ou renovar células, teci¬
alimentação e suprem as necessidades do nosso organismo. A medida que
dos e órgãos destruídos o tempo passa, as células precisam dessas substâncias para se regenerar,
ou danificados. multiplicar ou apenas fabricar compostos para serem utilizados em diver¬
sas situações, como nos processos de respiração, movimentação e defesa.
Sabendo, então, que o nosso corpo necessita de certas substâncias para se manter ou formar
estruturas e moléculas, é lógico pensar que a falta de certos nutrientes ou o excesso deles pode dese¬
quilibrar o bom funcionamento do nosso organismo, podendo, no limite, nos deixar doentes. E com
esse olhar que vamos estudar os nutrientes que ingerimos.

Reflexão

1) Quais seriam os nutrientes que existem em todos os seres vivos? Converse com os colegas
e o professor e procure levantar hipóteses sobre o assunto.

2) Dos nutrientes que a turma levantou, qual deles você imagina ser o mais comum?

3) Será que esses nutrientes existem na mesma proporção em todos os organismos?

Os Nutrientes
Organização dos Nutrientes
Os nutrientes que compõem as células de todos os seres vivos
podem ser organizados da seguinte forma:
• Substâncias Inorgânicas - Água e sais minerais.
• Substâncias Orgânicas - Vitaminas, carboidratos, lipídios, pro¬
teínas e ácidos nucleicos.
Essas substâncias desempenham diferentes funções, muito espe¬
cíficas, nos seres vivos. Algumas compõem os alimentos
conhecidos como energéticos, que fornecem a energia
necessária para as células funcionarem, como é
o caso dos alimentos ricos em carboidratos
e lipídios. Pães, macarrão, frutas, vegetais
como batata e mandioca, cereais como
arroz, trigo e milho e doces são exem¬
plos de alimentos energéticos.
Outras substâncias fazem
parte dos alimentos construtores,
com altos teores de proteínas, que
são substâncias responsáveis pela
reparação, crescimento e desenvol¬
vimento dos seres vivos. Entre os
alimentos ricos em proteínas estão
carne, ovos, leite e seus derivados,
como queijo, iogurte e manteiga,
feijão, lentilha, soja e frutas secas em
geral.
Atualmente, alimentos ener¬
géticos e construtores costumam ser
consumidos em maior quantidade. Geral¬
mente, o que falta na alimentação de muitas
pessoas são os alimentos reguladores, que têm como
função a regulação do bom funcionamento do organismo e
apresentam altas concentrações de minerais e vitaminas. São exemplos
desse tipo de alimento as frutas e as verduras.
Observe que o corpo humano não faz grandes reservas de alimen¬
tos reguladores, por isso é necessário estabelecer uma dieta equilibrada e
constante para repor diariamente a perda desses nutrientes.
Uma substância que está presente em todas as reações químicas
realizadas pelas células é a água, razão pela qual pode ser classificada
como regulador de muitas funções corporais. Algumas pessoas não se
preocupam em se hidratar de forma recomendável, o que pode provocar
desde dor de cabeça até problemas renais.

Os Nutrientes
Oa Reflexão
1) Você sabe qual é a quantidade recomendada de água a ser consumida por dia por um
adulto?
2) Você toma água em quantidade suficiente todos os dias?
3) Que outros tipos de líquidos, além de água, você costuma consumir?

Como vimos, a água e os sais minerais são substâncias inorgânicas. Vamos conhecê-las a seguir.

A Água e os Seres Vivos


A água é a substância mais abundante nos seres vivos - nos humanos, ela pode variar de 80%
nos bebés a 50% nos idosos. Essa substância participa da composição, construção e reparação celular
e permeia o interior e o exterior dos tecidos. Tem, ainda, a função de transporte de nutrientes e resí¬
duos, além da regulação da temperatura corporal. Em razão dessas funções, podem ocorrer vários
desequilíbrios quando há escassez de água nas células dos seres vivos.
Você tem dor de cabeça com frequência?
Essa dor pode ser o resultado de diversos fatores. A má postura corporal pode forçar os mús¬
culos da região cervical a se tensionarem mais e, com isso, ocasionar alterações na coluna vertebral.
Os problemas de visão, o estresse, a intoxicação alimentar, entre outros fatores, também podem
causar dor de cabeça.
Mas essa dor pode ser desencadeada por algo bem mais simples: a desidratação. Se uma pes¬
soa não toma a média necessária de água por dia (cerca de 2 litros), ficará desidratada. É importante
observar que, nesse cálculo, não se pode incluir determinados líquidos, como café, refrigerantes, chás
que contenham cafeína, cerveja e outras bebidas alcoólicas, pois esses líquidos são diuréticos, ou seja,
aumentam a excreção urinária.
Mas por que ficamos com dor de cabeça quando estamos desidratados?
Nosso corpo precisa eliminar resíduos e excretas, função para a qual temos órgãos especializa¬
dos: os rins. Eles filtram o sangue, limpando-o de substâncias que podem ser tóxicas ao organismo.
No entanto, quando não há água suficiente para realizar essa filtração de forma eficiente, a urina
torna-se concentrada e as toxinas que deveriam ser retiradas do sangue permanecem nele, podendo
desencadear danos a várias células do corpo.

Um indício de desidratação é a coloração e o odor da urina. Quanto mais desidra¬


tado, mais escura a coloração e mais forte o cheiro. Para observar isso, basta comparar a
cor e o odor da primeira urina da manhã com as que ocorrem nas demais vezes em que
vamos ao banheiro. Uma pessoa hidratada apresenta uma urina com tonalidade amarela
bem clara, quase transparente.

Se as células da pele forem danificadas por muito tempo por toxinas presentes no sis¬
tema circulatório, poderão provocar o efeito de envelhecimento precoce. Do mesmo modo, se
as toxinas começarem a danificar as células do cérebro, certamente provocarão dores de cabeça.

Os Nutrientes
Note, também, que, se uma pessoa ingerir frequentemente substâncias tóxicas, como nicotina, álcool
etílico e outros produtos químicos similares, o efeito de envelhecimento precoce causado pelo dano
celular será semelhante, além de haver prejuízo para o equilíbrio e o funcionamento de todo o
organismo.

Para conhecer melhor os danos de substâncias tóxicas em seres humanos, acesse: <https://www.portaleducacao.
com.br/conteudo/artigos/biologia/os-toxicos-no-organismo-e-seus-efeitos-na-saude-humana/25443>.

As drogas são substâncias que alteram o funcionamento do organismo, danificando e destruindo


células. Entretanto, há outras substâncias que também alteram o funcionamento corporal, mas que
são necessárias para a perfeita regulação do nosso metabolismo: os sais minerais e as vitaminas.
Quanto aos sais minerais, você conhece exemplos dessas substâncias e sabe como
agem no corpo humano?

Sal e Sais Minerais

Campo de sal marinho na Tailândia.

Será que o sal que usamos na cozinha e os sais minerais são a mesma substância?
O sal de cozinha ou cloreto de sódio (NaCl) é composto por dois sais minerais essenciais:
o sódio (Na) e o cloro (Cl). Esses e outros sais minerais essenciais são o tema que vamos estudar
a partir desta seção.
Assim como as vitaminas, os sais são nutrientes reguladores, que controlam as funções
orgânicas dos seres vivos. A seguir, veremos os problemas de saúde ocasionados pela falta desses
nutrientes para compreendermos suas funções e identificarmos os alimentos em que estão presen¬
tes em grande quantidade.

Os Nutrientes^^^)
A Falta de Sais Minerais e a Saúde
Vamos imaginar que você é um nutricionista e sua função é avaliar alguns pacientes com os
mais diversos problemas de saúde. Durante a semana, você examinou os casos de dez pacientes
com sintomas variados. Você deve tentar identificar quais sintomas estão relacionados à falta ou ao
excesso de determinados nutrientes.
Será que você conseguiria identificar familiares ou amigos com os mesmos sintomas mencio¬
nados nos casos a seguir ou até perceber se você próprio apresenta alguns dos sintomas descritos?

jgõgj Análise
O que você acha que está faltando na alimentação dessas pessoas? Converse com os cole¬
gas e o professor e aponte, em cada caso a seguir, os nutrientes faltantes.

Caso!
Uma pessoa apresenta dificuldade de coagulação sanguínea, muitas
cáries e um histórico com muitas fraturas ósseas. Desenvolveu malforma¬ Do grego karie, que signi¬
ção óssea (raquitismo) na infância e, quando adulta, passou a ter grande fica “apodrecimento”.
facilidade para a osteoporose.

Cárie é a necrose de certos tecidos formadores dos ossos e dos dentes,


desencadeada pelas excretas ácidas e enzimáticas de bactérias.

Nesse caso, o paciente apresenta sinais da falta de cálcio. Esse nutriente participa dos processos
de transmissão de impulsos nervosos, contração muscular, coagulação sanguínea, funcionamento do
sistema imunológico e na formação de ossos e dentes. No entanto, deve-se ter atenção para o excesso
de cálcio na alimentação, que pode provocar cálculos renais (pedras nos rins) e hipercalcemia, além
de prejudicar a absorção de outros minerais, como zinco, ferro e magnésio.

Os Nutrientes
Faça uma pesquisa para descobrir quais são os
alimentos mais ricos em cálcio e registre suas con¬
clusões na tabela ao final deste capítulo. Proceda
do mesmo modo em relação aos nutrientes abor¬
dados nos casos a seguir.
imagesolutn/Shrck
Caso 2
Uma pessoa está se queixando de fraqueza, fadiga,
diarreia e um frequente formigamento das mãos e dos pés.
Esses sintomas podem ser o resultado da deficiên¬
cia de cobalto, mineral que compõe a vitamina B12 e
mantém o bom funcionamento do sistema nervoso e da
medula óssea, esta última responsável pela produção de
células sanguíneas.

Caso 3
Já faz alguns anos que uma
paciente tem anemia e, apesar de tomar
suplementos ricos em ferro, sempre
apresenta baixa contagem de célu¬
las sanguíneas. Ela notou também o
aparecimento de manchas na pele e
descoloração do cabelo.
Dijk/htp:comns.wedarg
Van
A.

A paciente pode apresentar falta


de cobre, um elemento que auxilia na
Hendrik
e
MD
absorção e utilização de ferro, assim Fred,
como na produção de hemoglobina L.

(pigmento que dá a cor vermelha ao san¬ Herb t


gue), mielina (substância que recobre os
neurônios) e colágeno.
O cobre também atua de forma positiva nas alterações de humor,
no combate às infecções, no processo de cicatrização, na formação do
esqueleto, na pigmentação da pele e do cabelo. O excesso desse mineral
pode ser exemplificado pela doença de Wilson, uma doença genética que
provoca o acúmulo de cobre nos tecidos corporais, causando sérias lesões
hepáticas (fígado) e no cérebro.

Os Nutrientes
Caso 4 LDL:
Do inglês low-density
Apesar de realizar uma ali¬ lipoprotein - lipoproteína
mentação aparentemente normal, de baixa densidade.
Chamado de “colesterol
um homem engorda com facili¬ ruim”, porque deposita
dade. Ao solicitar uma bateria de colesterol nos vasos
exames sanguíneos, foi apontado sanguíneos (provocando
a aterosclerose) e nos
alto índice de glicose e colesterol tecidos.
LDL e baixo índice de colesterol
HDL:
HDL e intolerância à glicose. Do inglês high-density
lipoprotein - lipopro¬
Pelos sintomas, podemos
teína de alta densidade.
estar diante de um caso de desnu¬ Conhecido como “bom
trição do nutriente cromo. O cromo colesterol”, porque retira
o excesso de colesterol do
participa do metabolismo energé¬
sangue, levando-o para o
0 nível elevado de colesterol LDL pode indicar tico e do metabolismo da glicose. fígado para ser degra¬
que a pressão arterial está elevada. dado e excretado.

Caso 5
Uma mulher muito pálida reclama que tem ficado doente com
frequência, além de ter dor de cabeça diversas vezes durante o mês
e não ter vontade de comer por não sentir o gosto dos alimentos.
A paciente se queixa também do surgimento frequente de feridas no
canto da boca e da língua. No exame de sangue solicitado, é apontada
uma acentuada anemia.
Essas características são sinais da falta de ferro no organismo, a
qual pode até ser causada por fluxo menstrual
muito intenso, com a consequente perda de Hemoglobina:
nutrientes nos períodos de menstruação. Proteína de pigmento ver¬
O ferro participa da formação das molé¬ melho, presente em células
sanguíneas, relacionada às
culas da hemoglobina e da mioglobina,
trocas gasosas.
além de estar intimamente relacionado
Mioglobina:
ao sistema imunológico, auxiliando Proteína semelhante à
na resistência a doenças e no com¬ hemoglobina, porém exclu¬
siva das células musculares.
bate ao estresse. Em contrapartida,
o excesso de ferro pode provocar

&d
intoxicação, evidenciada por lesões nas células, proble¬
mas hepáticos e renais, sudorese, febre, enxaquecas,
náuseas e vómitos.

Cor pálida, falta de ar e muito cansaço sem motivo aparente


são indícios da falta de ferro no organismo.

Os Nutrientes
Caso 6
Uma mulher foi internada em um hospital por estar
extremamente magra, não ter vontade alguma de se alimen¬
tar (anorexia), apresentar hipersensibilidade ao calor e ao
frio, bem como problemas cardíacos e neuromusculares.
Esses sintomas podem indicar a falta do mineral
magnésio, componente de várias enzimas que equilibram
o funcionamento dos sistemas muscular e nervoso. É tam¬
bém ativador dossistemas produtores de energia,
pelo controle da metabolização de carboidratos, Algumas disfunções alimentares, responsáveis pelo estado de saúde
debilitado de algumas pessoas, são, de certa forma, valorizadas e até
além de auxiliar na formação de tecidos, ossos
estimuladas pela sociedade, como é o caso da indústria da moda e do
e dentes. entretenimento.

Caso 7
Em uma consulta, uma adolescente queixa-se de que o
cabelo e até suas unhas demoram a crescer, ressaltando que
estas apresentam um tom avermelhado. Ela também tem os
ossos malformados e reclama de cólicas menstruais muito
intensas, além de ter muitas espinhas.
Essa moça pode ter deficiência de manganês na sua ali¬
mentação, pois esse mineral tem grande influência na formação
e manutenção dos ossos, regula as funções dos hor-
A falta de vários nutrientes pode influenciar na quantidade de espi¬ mônios sexuais e atua no metabolismo energético.
nhas, principalmente nos adolescentes e/ou mulheres antes do período
menstrual, em virtude da alteração de níveis hormonais sexuais.

Caso 8
Um homem tem reclamado de câimbras
frequentes e de muita fraqueza muscular, além de
apresentar insuficiência cardíaca, problemas renais,
oscilações da pressão arterial e raciocínio lento.
Esse indivíduo pode ter falta de potássio na
sua dieta. Esse mineral é responsável pela manu¬
tenção do equilíbrio hídrico do corpo, atuando
no metabolismo energético. Ele participa do pro¬
cesso de transmissão de impulsos nervosos e da
contração muscular, o que resulta na regulação
da pressão arterial e dos batimentos cardíacos.
O excesso de potássio pode provocar dormência
nas mãos e nos pés, deficiência respiratória, pro¬
blemas mentais e problemas cardíacos. As câimbras podem ser desencadeadas pela falta de potássio no organismo.

Os Nutrientes
rntA Reflexão
Você já teve câimbras? Converse com seus colegas para ver quem tem esses acessos com
frequência. O que costumam recomendar para uma pessoa quando ela está com esse
tipo de dor?

Caso 9
Uma idosa ouviu falar que seria interes¬
sante diminuir o sal de sua alimentação, uma
vez que está apresentando problemas de pres¬
são alta (hipertensão), além de frequentes dores
de cabeça. Com receio de que a pressão ele¬
vada desencadeie problemas mais sérios, como
enfarto e AVC (acidente vascular cerebral),
essa senhora pediu a você que lhe explicasse
qual o efeito do sal no organismo.

Doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo.

Por que, quando alguém está com pressão alta, precisa diminuir o sal da alimentação? Faça
uma breve pesquisa, anotando a seguir suas conclusões.

O sal comum de cozinha contém cloro, como já estudamos, e sódio. O sódio é um mineral que
atua ativamente no equilíbrio hídrico do corpo e trabalha no processo de condução dos impulsos
nervosos e da contração muscular. Normalmente, os alimentos industrializados contêm excesso de
sal. Dessa forma, é importante que nos habituemos a diminuir seu uso.

Análise

Elabore uma breve lista com a indicação da quantidade de sódio contida em cada alimento
que você consome diariamente. Para isso, pesquise nos rótulos ou nas embalagens dos pro¬
dutos. Quando acabar, some os valores identificados e veja quanto de sódio você ingere por
dia. Considere que o valor de 100% corresponde à sua necessidade diária e que a porcenta¬
gem que ultrapassar esse limite é o excesso.

Os Nutrientes
RAathles/xSaunderrock
Caso 10
Um adolescente está preocupado, pois ele é o aluno de
mais baixa estatura na sua turma da escola e, aparentemente,
seu crescimento está atrasado. Realizado um exame de san¬
gue, foi apontado um início de diabetes e baixa quantidade
do hormônio sexual masculino. Após uma investigação mais
atenta, foram identificados problemas de pele, órgão sexual
pouco desenvolvido e diarreias frequentes.
Esses efeitos podem ser sinais de falta de zinco, que é
um componente do material genético das células que controla
sua divisão, crescimento e funcionamento, além de compor
vários hormônios e enzimas associados ao metabolismo
celular. O zinco está ainda relacionado ao funcionamento
equilibrado do cérebro e do sistema muscular, fazendo parte
de algumas enzimas digestivas e de outras enzimas que atuam
A má alimentação pode favorecer o desenvolvimento de
no processo de cicatrização celular.
doenças graves, como diabetes, pressão alta e obesidade.

Com base nas informações estudadas e pesquisadas até aqui, elabore uma tabela com os
elementos dos sais minerais (sódio, zinco, cálcio, etc.), suas funções no organismo, os sin¬
tomas causados por deficiência ou excesso do elemento e as principais fontes alimentares
que contêm altos teores do mineral.

Elementos dos sais Sintomas de deficiência Principais fontes


Funções
minerais ou excesso alimentares

Os Nutrientes^^^)
Capítulo 2

Substâncias
Orgânicas
Como vimos, as vitaminas, os carboidra¬
tos, os lipídios, as proteínas e os ácidos nucleicos
são substâncias orgânicas.

A Importância das
Vitaminas
Reflexão

Você já tomou suplementos vitamínicos?


Conhece as funções desses suplemen¬
tos? Sabe por que os médicos, em alguns
casos, receitam vitaminas para seus
pacientes?
Para responder a esses questionamentos,
vamos estudar quais as funções das vitaminas no
nosso organismo e quais problemas de saúde a
sua ausência ou excesso podem provocar.
As vitaminas são substâncias orgânicas, reguladoras, encontradas
nos alimentos. Elas participam de diversas reações químicas, transfor¬
mando carboidratos e lipídios em energia. Por isso, as vitaminas, que Formada por bactérias
que vivem em perfeita
não possuem calorias e, dessa forma, não engordam, apenas auxiliam na
harmonia com o nosso
transformação de alimentos energéticos em energia. Algumas delas são organismo.
sintetizadas pela flora intestinal.

Substâncias Orgânicas
Treze tipos de vitaminas são consideradas essenciais aos seres
humanos. Conforme o modo como são absorvidas e armazenadas, essas
vitaminas são classificadas em:
Lipos solúveis - Caracterizam-se por serem dissolvidas por lipí¬
dios (óleos e gorduras). Somente são absorvidas pelo intestino
delgado na presença de lipídios e/ou bílis e suco pancreático,
sendo distribuídas pelo sistema linfático. São as vitaminas A,
D, E e K.
• Hidrossolúveis - Caracterizam-se por serem dissolvidas pela
água. São facilmente absorvidas pelo intestino delgado e dis¬
tribuídas pelo sistema circulatório. Deve-se atentar para o fato
de que são facilmente degradadas (destruídas) quando o ali¬
mento é cozido. São as vitamina C e as do complexo B.

Podemos encontrar todas as vitaminas de que precisamos nos


alimentos. Você sabe em quais deles encontramos grande quan¬
tidade de cada tipo de vitamina? Converse com os colegas e o
professor, pesquise sobre o assunto e registre suas descobertas
no espaço a seguir.

Reflexão

Com base na pesquisa, analise sua alimentação no dia a dia e


procure identificar as fontes de vitaminas consumidas por você.
Será que estão faltando alimentos ricos em alguma vitamina
específica no seu cardápio diário?

A maioria dos problemas causados pelo excesso de vitaminas tem


sua origem na ingestão descontrolada de suplementos vitamínicos e em
alimentos enriquecidos com vitaminas. Do mesmo modo que estudamos
os sais minerais, vamos examinar, por meio de estudos de caso, os proble¬
mas de saúde provocados pela falta de vitaminas.

T
Substâncias Orgânicas\^^/
Caso!
É endémica das regiões Norte e Nordeste
do Brasil a presença de problemas de visão,
especialmente cegueira noturna e problemas
com luzes intensas, além da xeroftalmia, doença
desencadeada pelo ressecamento da córnea e
da conjuntiva dos olhos. Essas enfermidades
são desencadeadas pela carência de vitamina A,
ou retinol. Essa vitamina auxilia no processo de
renovação, crescimento e manutenção da pele
e forma pigmentos na retina responsáveis pela A vitamina A é essencial para a manutenção da visão.
percepção da luz.

Caso 2

Benc/Shutrsok
Ocskay
Uma senhora idosa foi aconselhada por
sua médica a tomar banhos de sol para fortale¬
cer seus ossos, já que ela foi diagnosticada com
osteoporose.
Você explica a ela que a recomendação
médica se deve à necessidade de produção de
vitamina D ou calciferol pelo organismo. Esse
nutriente é fundamental para a fixação de cálcio
e fósforo nos ossos e nos dentes, agindo sobre
a formação e conservação destes. A vitamina D
é essencial desde a infância, pois sua falta pode
provocar a malformação da estrutura óssea
(raquitismo); nos adultos, pode acarretar amole¬
Tomar sol é fundamental para fixar a vitamina D no organismo.
cimento dos ossos (osteomalácia) e osteoporose.
Essa vitamina é sintetizada na pele humana ape¬
nas sob a ação dos raios ultravioleta
Lembre-se de que a exposição ao sol não deve ocorrer entre as provenientes do Sol. O excesso desse
10 h da manhã e as 16 h, pois durante esse intervalo a radiação nutriente estimula a hipercalcimia,
de raios UV é muito intensa, podendo provocar câncer de pele. causando os mesmos sintomas do
excesso de cálcio no organismo.

Análise

Com base no que estudamos até aqui e nas pesquisas que você realizou, analise os casos e
indique quais alimentos, se consumidos com frequência, poderiam combater os problemas
descritos.

Substâncias Orgânicas
Caso 3

A vitamina E atua na formação das células sexuais.

Já faz alguns anos que um casal tem tentado ter filhos, porém, sem sucesso. O homem
apresenta uma ligeira redução no tamanho dos testículos (atrofia testicular), fato que ocorre
desde a adolescência, e histórico médico de fraqueza muscular, dores no fígado, anemia, perda
da coloração dos cabelos e pelos. Tais sinais podem ser indicativos da falta de vitamina E, ou
tocoferol. Essa vitamina é necessária para a formação de células sexuais, mas apresenta também
outras funções, como manter as células musculares e do
sangue saudáveis, além de ter a capacidade de combater

grenlad/Shutsock radicais livres em razão de seu potencial antioxidante.

Caso 4
Uma mãe observa que, quando seu filho tem pequenos
ferimentos, ocorre uma demora maior do que o normal para
o sangue coagular e o sangramento parar (o normal é que
o processo de coagulação se inicie depois de 20 segundos).
Ao consultar o médico e realizar exames no menino, foram
excluídas as possibilidades de diabetes, hemofilia e outras
doenças graves que poderiam causar tal sintoma. Quando a
mãe descreveu a dieta alimentar da criança, o médico che¬
gou à conclusão de que ela apresenta falta de vitamina K, ou
filoquinona, uma vez que essa vitamina produz substâncias
químicas (como a trombina) responsáveis pelo processo de
coagulação sanguínea.
A vitamina K é essencial no processo de coagulação sanguínea.

Substâncias vlÈ
Orgânicas\^^/
Caso 5
Uma mulher está preocupada com o seu
“peso”, ou seja, seu índice de massa corpó-
rea (IMC), que está acima do recomendável.
Ao realizar exames de sangue, verificou-se
que está com elevados níveis de colesterol,
glicose e triglicerídeos. Além desses sintomas,
ela se queixa de que, com frequência, apa¬
recem vários problemas digestivos (como
diarreia e indigestão), fraqueza muscular e
distúrbios nervosos. Esses sintomas apontam
para uma doença chamada “pelagra”, que é
desencadeada pela deficiência da vitamina B3, As pessoas, principalmente as mulheres, têm se preocupado cada vez mais
ou niacina, nicotinamida ou ainda PP (pre¬ com sua massa corporal.
ventiva da pelagra). Essa vitamina controla
o metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas, além de apresentar efeito calmante sobre o
sistema nervoso central e contribuir para o desenvolvimento normal de crianças.
Leia atentamente o seguinte trecho de matéria de jornal:

Sete em cada dez mulheres inglesas são tâo obcecadas com a aparência que se preo¬
cupam com seu peso pelo menos três vezes por dia, diz um estudo publicado na semana
passada pelo Daily Mail. Segundo a pesquisa, 80% das mulheres britânicas está deprimida
com o próprio corpo. (...) A pesquisa, feita pela rede de hotéis Travelodge, também revelou
que 61% dos homens se preocupam com seu corpo mais de uma vez ao dia. (...) E mais:
75% das entrevistadas acreditam ter pelo menos 4 quilos de gordurinha indesejada.
Fonte: CARUSO, M. Nos sentimos gordas 3 vezes ao dia, diz estudo. Marie Claire, 27 jul. 2012. Disponível em:
<http://colunas.revistamarieclaire.globo.com/mulheresdomundo/category/internet-2/>.

Análise

Você acredita que a notícia é exagerada ou reflete verdadeiramente a angústia de muitas


mulheres? De que forma a mídia contribui para a valorização da magreza como padrão de
beleza? Converse com os colegas e o professor, elaborando uma justificativa de acordo com
suas afirmações.

Substâncias Orgânicas
Trabalho Interdisciplinar

1) Os padrões de beleza são culturais, construídos


socialmente, e variam conforme a época histórica e
os valores da população local. O que nós julgamos
bonito atualmente no Brasil não é o mesmo que
nossos antepassados consideravam, assim como em
outras partes do mundo os formatos de corpo e rosto
tomados como belos também variam. Hoje em dia,
na maior parte do mundo ocidental, é valorizada a
magreza como padrão de beleza. No passado, as for¬
TIZIANO, Vecelli. Vénus Anadyomene, 1520.
mas arredondadas já foram consideradas símbolo da Óleo sobre tela, 75,8 cm x 57,6 cm.
beleza para as mulheres. Galeria Nacional da Escócia.

Reúnam-se em grupos e, com a ajuda dos professores de história, geografia e arte, pesqui¬
sem sobre as transformações nos padrões de beleza ao longo do tempo e em sua variação
em virtude das culturas locais ao redor do mundo.

2) A distorção dos padrões de beleza promovida por parte da mídia e da indústria da moda,
que em geral valoriza a magreza excessiva, pode induzir a regimes de restrição alimen¬
tar, provocando graves distúrbios alimentares e problemas de saúde. Segundo dados da
Organização Mundial de Saúde (OMS), 90% dos casos de transtorno alimentar são de
mulheres jovens. No Brasil, estima-se que 13% a 15% das adolescentes tenham algum tipo
de distúrbio alimentar.

Por outro lado, vários países, incluindo o Brasil, enfrentam problemas de saúde pública
relacionados à má escolha dos alimentos e à ingestão exagerada de calorias. O amplo con¬
sumo de alimentos industrializados, com altos índices de açúcar e gordura, a disseminação
dos fast-foods e a falta de atividade física regular têm gerado uma Fast-food-
verdadeira epidemia de obesidade, doenças cardíacas e diabetes. — “"X
Lanchonetes que servem
Cerca de 48% da população brasileira esta acima do peso, e os refeições rápidas.
obesos passam de 15%, segundo pesquisa do Ministério da Saúde. ————
a. Qual é a sua opinião sobre a relação entre os padrões de beleza geralmente veiculados
pela mídia e os hábitos alimentares dos jovens?
b. Você costuma consumir frequentemente alimentos industrializados e vendidos em
fast-foods? Converse com os colegas sobre os efeitos desse tipo de dieta no organismo
humano.
c. Pesquise, com a ajuda do professor, sobre as consequências que o desequilíbrio na
ingestão de alimentos pode trazer à saúde, investigando as características de transtor¬
nos alimentares, como anorexia, bulimia e obesidade. Registre as informações que você
encontrar.

Substâncias Orgânicas
Caso 6
Um obstetra recomendou a uma gestante que tivesse uma alimen¬
tação rica em ácido fólico para ajudar na formação do bebê. Sabe-se
que fetos com carência de vitamina B9, ou ácido fólico, podem apre¬
sentar malformações na medula espinhal, como espinha bífida, e até
ausência do cérebro. A falta dessa vitamina em crianças pode provocar
diminuição do crescimento; já em adultos resulta em anemia, lesões
nas mucosas e problemas gastrointestinais. Essa vitamina participa da
formação do material genético (DNA e RNA) e influencia na divisão e
no metabolismo celulares.

Reflexão

Você sabe que pela Lei 6.437/1977 é obrigatória a adição de


ácido fólico em vários alimentos de uso comum dos brasileiros,
como fubá, farinha de milho e farinha de trigo? Converse com
os colegas e o professor sobre o assunto e levantem hipóteses
sobre o que motivou a criação dessa lei.

Caso 7
Há anos um indivíduo optou por tornar-se vegetariano
estrito, ou seja, não consome nenhum produto de origem ani¬
mal, como carnes, ovos, mel, leite e derivados. Após algum
tempo nessa dieta, alguns sintomas começaram a se manifes¬
tar, como anemia perniciosa, fraqueza, distúrbios do sistema
nervoso, problemas sanguíneos (hemácias malformadas) e
A vitamina B12 está
disfunções gastrointestinais. Tais problemas são o resultado
presente em grande
da falta de vitamina B12, ou cobalamina, que é fundamental
quantidade em na manutenção do sistema nervoso, na síntese de hemácias e
alimentos de origem das moléculas do material hereditário, estando intimamente
animal. relacionada ao crescimento e à regeneração celular.

Análise

Com base no que estudamos até aqui e nas pesquisas que você realizou, analise o caso e
indique quais alimentos, além dos de origem animal, se consumidos em grande quanti¬
dade e com frequência, poderiam combater os problemas descritos.

Substâncias Orgânicas
Reflexão

Muitas pessoas gostam de comer carne, mas o que muitos esquecem é que a carne é pro¬
veniente da musculatura de um ser vivo, como boi, porco, peixe e galinha. Vários grupos
humanos utilizam para alimentação a carne de determinados animais que não são usual¬
mente usados para esse fim pelos brasileiros. Há ainda grupos étnicos que, por questões
religiosas, filosóficas e éticas, não consomem alimentos derivados de origem animal. Qual a
sua opinião acerca do vegetarianismo? Converse com os colegas e o professor, elaborando
uma justificativa de acordo com suas ideias.

Caso 8
Um historiador, lendo os diários de bordo da
época das Grandes Navegações, observou que entre
os marinheiros eram comuns as reclamações sobre
frequentes sangramentos e inchaço das gengivas,
sintomas que evoluíam até a perda total dos dentes,
problemas graves de pele, disfunções intestinais,
dificuldades de cicatrização e dores nas articulações.
Após um breve estudo, esse historiador veri¬
ficou que os sintomas apresentados eram típicos
da doença denominada “escorbuto”, que é cau¬
sada pela deficiência de alimentos que contenham
vitamina C ou ácido ascórbico. Além de ser um
importante antioxidante, a vitamina C é responsá¬
vel pela absorção de ferro pelo organismo e pela
produção e manutenção do colágeno, proteína que
tem como função o fortalecimento dos vasos sanguíneos, dos tendões, dos ossos e dos dentes.

Com base no que estudamos até aqui e nas pesquisas que você realizou, analise o caso e
indique quais alimentos, se consumidos com frequência, poderiam combater os problemas
descritos.

Substâncias Orgânicas
Trabalho Interdisciplinar

Converse com seu professor de história e descubra por que os ali¬


mentos ricos em vitamina C eram escassos nos navios na época das
Grandes Navegações.

Reflexão

Você costuma ingerir alimentos ou suplementos com vitamina C


quando está gripado ou tentando prevenir uma gripe? Por quê?

Leia com atenção o texto que traz os resultados de um estudo


científico sobre as ações reais da vitamina C e suas propriedades
efetivas.

Vitamina C não evita a gripe


Uma nova pesquisa afirma que tomar vitamina C não ajuda
a evitar a gripe.
Robert Douglas, da Universidade Nacional da Austrália, e
Harri Hemilla, da Universidade de Helsinki, na Finlândia, fizeram
uma revisão da literatura científica publicada sobre o tema. A partir
de 55 estudos usados como referência, os pesquisadores disseram
que "a incidência de gripe não foi alterada quando foram tomadas
doses profiláticas de até dois gramas por dia". Segundo os auto¬
res, que publicaram suas conclusões no Public Library of Science
Medicine, as pessoas que tomam vitamina C têm as mesmas chan¬
ces de pegar gripe que outras que tomaram placebos. (...)
Fonte: Adaptado de BBC BRASIL. Vitamina C não evita a gripe, diz estudo.
28 jun. 2005. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/
story/2005/06/050628_vitaminacms.shtml>.

Converse com os colegas sobre a relação entre ingestão de vitamina C


e gripe comum com base nas informações que você leu no texto.

Substâncias Orgânicas
Sistematização

Resuma as informações encontradas nos textos estudados sobre as vitaminas, casos 1 a 8.


Para isso, elabore uma tabela em que constem os elementos das vitaminas, suas funções no
organismo, sintomas de sua deficiência ou excesso e as principais fontes alimentares que
contêm altos teores desses nutrientes. Você pode se basear no modelo a seguir.

Elementos das Sintomas de deficiência Principais fontes


Funções
vitaminas ou excesso alimentares

Observe sua alimentação cotidiana e elabore uma relação dos alimentos que você cos¬
tuma ingerir em suas refeições. Depois, faça um levantamento das vitaminas e minerais
presentes em seu cardápio e dos nutrientes que estão faltando para que você tenha uma
alimentação mais equilibrada sob o ponto de vista da necessidade de vitaminas. Com base
em suas pesquisas anteriores, quais os alimentos que poderiam, então, ser acrescentados
à sua alimentação diária para suprir a falta de nutrientes identificada?

Refeições Alimentos Nutrientes

Café da manhã

Lanche da manhã

Almoço

Lanche da tarde

Jantar

:
Substâncias Orgânicas ô
Carboidratos: a Única
Fonte de Energia do
Cérebro
O açúcar da cana (sacarose) é um dos
carboidratos mais conhecidos, mas são também
exemplos de fontes desse nutriente os açúcares
encontrados no leite (lactose) e nas frutas (frutose,
entre outros).
Os carboidratos (também conhecidos como
Doces, cereais integrais e massas são fontes ricas em carboidratos. glicídios ou hidratos de carbono) são nutrientes
energéticos e podem ser subdivididos em subgrupos
de acordo com sua estrutura e complexidade:
Monossacarídeos - São os carboidratos mais simples, como a
O açúcar que utiliza¬
mos comumente é um glicose, a dextrose, a ribose, a desoxirribose e a frutose.
dissacarídeo chamado Dissacarídeos - São glicídios formados pela união de dois
"sacarose".
monossacarídeos. A sacarose, a lactose e a maltose (açúcar do
malte) são exemplos de carboidratos dissacarídeos.
• Polissacarídeos - São moléculas insolúveis, formadas pela união
de vários outros monossacarídeos. Por sua complexidade, podem
ser subdivididos em:
- Polissacarídeos energéticos - São carboidratos relacionados
à reserva energética dos seres vivos. Um exemplo é o amido,
encontrado nas plantas e em alguns protistas, e o glicogênio,
um polissacarídeo energético encontrado nos animais e nos
fungos.
- Polissacarídeos estruturais - São hidratos de carbono for¬
madores de estruturas orgânicas complexas. As fibras dos
vegetais são formadas pela celulose, o mais conhecido polissa¬
carídeo estrutural. Poucos organismos conseguem decompor
a estrutura molecular da celulose. Os cupins da madeira
dependem de protozoários em seus intestinos para fazê-lo,
assim como certas bactérias que habitam o estômago de
bovinos. Dessa forma, é impossível para o ser humano dige¬
rir celulose, já que não possui a enzima celulase, necessária
para degradá-la. Outro polissacarídeo estrutural importante
para alguns seres é a quitina, que compõe a parede celular de
fungos e é a principal substância encontrada no exoesqueleto
0 besouro possui couraça de quitina. dos artrópodes.

Substâncias Orgânicas
Os Lipídios e Suas Funções no Organismo
Reflexão

Você já deve ter ouvido falar que suco de limão, abacaxi ou outras frutas cítricas ajudariam
a emagrecer, pois eliminariam gordura. Será que isso é verdade?

As frutas cítricas, como limão, laranja e abacaxi, não produzem efeitos relacionados à queima
de lipídios, apesar de serem bons aliados na alimentação diária, pois possuem muita água, promo¬
vendo a sensação de saciedade, além de serem pouco calóricos e ricos em vitamina C, contribuindo
para a absorção de ferro pelo organismo.
Os lipídios são gorduras, óleos e ceras, nutrientes caracterizados por não se dissolverem em
água, mas em solventes orgânicos, como o álcool.
Esses nutrientes apresentam como funções a
capacidade de serem reservas de grandes quantida¬
des de energia, de formarem estruturas corporais
e de atuarem como isolantes térmicos e como pro¬
teção contra choques mecânicos. Os lipídios são
classificados em:
• Carotenoides - São moléculas que agem
como pigmentos relacionados ao processo
da fotossíntese, como o caroteno, pig¬
mento alaranjado encontrado no mamão.
Cerídeos - São lipídios secretados que
impermeabilizam certas superfícies de
animais e plantas, podendo proteger con¬
tra a ação de micro-organismos, como no
caso da cera da orelha.
• Esteroides - São lipídios complexos
que participam da formação de vários
hormônios, como os corticosteroides,
ou hormônios sexuais (testosterona, no
homem, e estrógeno, na mulher). Outro
hormônio esteroide, o mais comum, é o
colesterol, que é de extrema importância,
pois participa da formação de hormônios
corticosteroides, dos sais biliares do fígado
e da vitamina D.

Substâncias Orgânicas
Há duas versões de colesterol, o LDL e o HDL. O LDL é conhecido
como “colesterol ruim”, pois possui a tendência de acumular lipídios nos
tecidos, inclusive nas paredes dos vasos sanguíneos, provocando, dessa
forma, uma doença chamada aterosclerose. O colesterol HDL é conhecido
como “colesterol bom”, já que possui a tendência de remover o excesso de
LDL do sangue, levando-o para o fígado para ser transformado em bile.

A aterosclerose é desencadeada pelo acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos,


provocando a perda da elasticidade desses vasos.

Note que ambas as formas de colesterol são necessárias ao organismo,


porém o desequilíbrio do tipo LDL ocorre em decorrência de uma alimentação
inadequada, com o abuso da ingestão de gorduras trans e gorduras saturadas.
Fosfolipídios - São lipídios essenciais que compõem a estrutura
das membranas celulares. São especiais para a membrana porque
Gorduras trans - Também sua molécula possui dois polos - um impermeável à água, o polo
chamadas de "gorduras tran-
saturadas", sofrem o processo
hidrofóbico, e outro permeável à água, o polo hidrofílico. Por essa
industrial de adição de hidro¬ característica, os lipídios contribuem para que a célula tenha con¬
génio, apresentando, dessa trole da entrada e da saída de água.
forma, efeitos semelhantes
aos das gorduras saturadas.
Um exemplo de alimento que
contém gorduras trans são as
margarinas hidrogenadas.

Note no esquema as proteínas (em roxo) e as moléculas de lipídios (em verde).

TYiglicerídeos - Nesse grupo estão as gorduras e os óleos. A gor¬


dura animal é considerada como gordura saturada, sendo, portanto,
responsável pelo aumento do “colesterol ruim” (LDL). Os óleos
vegetais e alguns óleos derivados de peixes são classificados como
gorduras insaturadas e contribuem para a formação do colesterol
dito “bom” (HDL).

Ár Substâncias Orgânicas
Quando uma pessoa consome poucos
alimentos ricos em carboidratos e em lipídios A ausência de carboidratos e lipídios na alimen¬
em seu dia a dia, seu organismo passa a utili¬ tação foi comum em campos de prisioneiros e de
zar as proteínas como fonte de energia. Se o trabalho forçado, como os campos de concentra¬
ção mantidos durante a Segunda Guerra Mundial.
consumo de proteínas também é baixo, podem Em casos como esses, as pessoas que sofrem a
ocorrer perdas severas de massa muscular. Há restrição alimentar apresentam magreza extrema
vários exemplos desse tipo de problema de e séria redução de massa muscular.
saúde ao longo da história, em épocas de escas¬
sez de alimentos, como durante as guerras.

Os Nutrientes Construtores
O consumo adequado de proteínas é essencial para o crescimento e
bom desenvolvimento das crianças e, nos adultos, também é fundamental
para a manutenção do equilíbrio e da saúde do organismo.
As carnes em geral são alimentos compostos basicamente por pro¬
teínas. Estas são formadas pela reunião de várias moléculas menores, que
chamamos de “aminoácidos”. Você deve se lembrar de que estudamos
os aminoácidos na unidade anterior, quando falamos sobre a origem da
vida. A carne que consumimos é degradada no estômago para liberar
as moléculas de aminoácidos. O organismo, em nível celular, utiliza as
moléculas de aminoácidos para desenvolver suas próprias proteínas,
como a queratina, que forma unhas e cabelos, ou a hemoglobina, que,
com o mineral de ferro, constitui a molécula responsável pela captura de
gases respiratórios, além de formar os músculos.

yamix/Shutersock

Substâncias Orgânicas
Reflexão

Você costuma comer pratos feitos com carne de porco? Por quê?

Você já deve ter ouvido falar que a carne de porco faz mal à saúde.
Isso acontece porque essa carne é considerada rica em gordura, o que
não é verdade. Podemos observar que muitas partes desse animal, como
o lombo, têm pouca gordura.
A carne suína apresenta diversos nutrientes essen¬
ciais, como minerais, vitaminas e proteínas extremamente
Enzimas - São substâncias que facilitam importantes para o metabolismo. O que devemos evitar
as reações químicas, podendo diminuir
a energia de ativação, ou seja, a energia
é a carne, tanto de porco quanto de qualquer outro ani¬
necessária para uma reação começar. mal, malpassada ou crua, pois, se contaminada com ovos
Sabemos que certas enzimas apre¬ de Taenia sp, pode transmitir a parasitose conhecida como
sentam afinidade química com certas “solitária” ou teníase.
substâncias, como no caso do funcio¬
namento da enzima digestiva amilase As proteínas são consideradas nutrientes construtores,
salivar na degradação do amido. porque são essenciais para a formação de novas células, mas
também desempenham muitas outras funções importantes,
como a produção de hormônios, anticorpos e enzimas.
As proteínas são absorvidas mais facilmente pelo organismo
quando obtidas a partir de carnes bovinas, suínas, de aves e peixes.
Os vegetais também são fontes de proteínas, mas sua absorção pelo
organismo não é tão eficaz. As proteínas de origem animal, encon¬
tradas em carnes, ovos, leite e seus derivados, são quase totalmente
absorvidas pelo organismo durante o processo digestório (80% a 90%
de absorção); já as proteínas de origem vegetal, como as da soja, além
de serem consideradas incompletas, por carecerem de alguns dos ami-
noácidos essenciais, têm um baixo índice de absorção pelo organismo
humano. Entretanto, com a quantidade e combinação adequadas de
vários tipos de vegetais, é possível suprir razoavelmente as necessida¬
des proteicas diárias de um indivíduo.
E preciso destacar ainda que o consumo excessivo de carnes pode
causar sérios problemas de saúde, pois esse tipo de alimento representa
grande fonte de minerais que, em excesso na corrente sanguínea, podem
prejudicar os rins, em função da sobrecarga imposta ao processo de
excreção de minerais realizado por esse órgão. O excesso de gordura de
origem animal no organismo pode também levar a graves problemas cir¬
culatórios e do coração.
Note que até aqui falamos das principais substâncias que compõem
os seres vivos. Mas você já pensou em como é o processo que o corpo
humano realiza para extrair esses nutrientes dos alimentos? É sobre isso
que vamos estudar a seguir.

Substâncias Orgânicas
0 Processo da Digestão

Cavidade nasal

Traqueia

Esófago

Vesícula biliar

Cólon ascendente

Esquema do sistema digestório humano.

Você conhece alguém com algum problema digestivo?


A alta incidência de problemas digestivos pode ser causada por vários fatores, entre os quais a
má digestão de alimentos difíceis de serem digeridos ou provocada pela pouca mastigação. Que tal
conhecermos como ocorre o processo de digestão no nosso organismo, para que possamos cuidar
melhor da nossa saúde alimentar?
No corpo humano, a digestão de carboidratos começa na boca, já que a saliva humana possui
enzimas que decompõem glicídios, como a amilase salivar ou ptialina. Por isso, no processo digestivo,
é essencial mastigar de forma suficiente os alimentos, no mínimo de 20 a 30 vezes, para que ele seja
suficientemente triturado, umedecido e misturado às enzimas presentes na saliva.
Após esse processo, o alimento mastigado é denominado bolo alimentar, que é transportado
da boca para a faringe e desta para o esófago, chegando ao estômago. Na boca, o alimento sofre a
digestão mecânica (trituração) e, no estômago, o bolo alimentar sofre a digestão química. Quando
chega ao estômago, o bolo passa a ser chamado de quimo e, quando é liberado no intestino delgado,
passa a ser chamado de quilo. As paredes do estômago produzem pepsina, uma enzima que desnatura
(degrada) proteínas. Para essa enzima funcionar corretamente, é necessário um meio ácido, propi¬
ciado pelo ácido clorídrico (HC1), também produzido por glândulas presentes na parede estomacal.
Além de tornar o meio ácido, o ácido clorídrico ajuda a eliminar micro-organismos que poderiam
estar presentes no bolo alimentar.

:
Substâncias Orgânicas\^F/
No momento em que é liberado no intestino, o quilo é neutralizado, pois apresenta pH
ácido; já as gorduras e os óleos são emulsionados pela bile, secreção produzida pelo fígado e
armazenada na vesícula biliar. É no intestino delgado que ocorre a absorção da maioria dos
nutrientes. A glicose passa do intestino delgado e é absorvida, sendo conduzida à corrente cir¬
culatória. No sangue, a glicose pode entrar na célula e ser utilizada no processo da respiração
celular. Mas, se o nível de glicose no sangue estiver elevado, o hormônio insulina estimula o
seu armazenamento no fígado e a transformação de várias moléculas de glicose em glicogênio.
À medida que o organismo utiliza a glicose do sangue e reduz o nível dessa substância, entra
em ação outro hormônio, o glucagon, que estimula a quebra de moléculas de glicogênio e faz a
liberação de glicose na corrente circulatória. Esse controle da quantidade de açúcar no sangue é
comandado pelos hormônios insulina e glucagon, ambos produzidos pelo pâncreas.

Você já ouviu falar da pirâmide alimentar? Recentemente, a tradicional representação grá¬


fica das quantidades adequadas de cada tipo de alimento a serem consumidas diariamente
sofreu algumas mudanças. Pesquise sobre a pirâmide alimentar mais aceita pelos profissio¬
nais de saúde atualmente e descubra quais são as proporções adequadas quando se trata
de alimentação equilibrada.

Seção de Sistematização
Resuma as informações sobre carboidratos, lipídios (classificados em triglicerídeos
saturados e insaturados) e proteínas estudadas até agora. Para isso, elabore uma tabela
em que constem os elementos desses compostos, suas funções no organismo, os sintomas
de sua deficiência ou excesso e as principais fontes alimentares que contêm altos teores
desses nutrientes. Você pode se basear no modelo a seguir.

Sintomas de deficiên¬ Principais fontes


Carboidratos Funções
cia ou excesso alimentares

Lipídios saturados

Lipídios insaturados

Proteínas
Construindo um Ser Vivo:
Estrutura e Funcionamento
V ocê já pensou em como funciona uma fábrica? Cada trabalhador desempenha uma
função específica, não é mesmo?
E se comparássemos uma fábrica a uma célula do corpo humano, que relações conse¬
guiríamos estabelecer?

Ca
Haney
nice
Capítulo 1

Célula: a Unidade Fundamental de


um Ser Vivo
Organelas

A célula é a unidade fundamental de um ser vivo.

Fazendo uma comparação bem simples, a célula funciona de modo


semelhante a uma fábrica. A matéria-prima que será usada para a fabricação Célula:
dos produtos chega pelo portão da fábrica. O processo de produção pre¬ Do latim cellula, que
cisa da energia e do trabalho dos funcionários, cada um treinado para uma o diminutivo de cella,
função específica. Para que tudo funcione adequadamente, é necessário ter que significa “pequeno
um grupo de administradores responsável pela organização do trabalho dos compartimento, cubículo,
caixinha”.
funcionários e pelo contato com os fornecedores externos. O processo de
produção acontece dentro da fábrica, que é delimitada por muros.
A célula funciona de forma parecida. Ela é delimitada por uma membrana (membrana plas-
mática), que tem a função de separar o conteúdo interno da célula do meio externo, assim como
as paredes na fábrica. No interior da célula, encontram-se as organelas, estruturas com atividades
específicas - tal como os funcionários da fábrica e o núcleo, que funciona como o setor adminis¬
trativo da fábrica, mantendo o funcionamento adequado da célula e gerenciando o contato com o
meio exterior.

Célula: a Unidade Fundamental de um Ser Vivo


A unidade estrutural e funcional do nosso corpo e de todos os
O nosso corpo é uma per¬
seres vivos é a célula. O corpo é composto por trilhões de células,
feita harmonia de estruturas
que, trabalhando juntas, estruturam o organismo. Para isso, existem trabalhando em conjunto.
muitos tipos de células diferentes, adaptadas às diversas funções que O coração bombeia san¬
o organismo humano necessita desempenhar. Temos, por exemplo, gue por meio de vasos
os neurônios, que são células especializadas em conduzir impulsos sanguíneos, os alvéolos pul¬
elétricos. Há outras que se contraem e distendem rapidamente, monares proporcionam as
como é o caso das células musculares. Existem células que funcio¬ trocas gasosas, e o sistema
nam como um escudo contra invasores, como as epiteliais (da pele), nervoso central coordena
entre muitos outros exemplos. Todas essas células trabalham em as funções corporais. Nessa
conjunto para estruturar o corpo. Dessa forma, não há células mais perfeita sincronia, é preciso
ter uma estrutura comparti¬
importantes do que outras, mas sim células com funções diferentes.
lhada por todos os sistemas
Assim como temos células especializadas, no interior de cada do nosso organismo, uma
célula temos estruturas que fazem funções bem específicas. Como unidade básica: a célula.
uma verdadeira equipe, a união de cada componente faz o todo
funcionar, tal como cada trabalhador especializado contribui para que uma fábrica funcione perfeita¬
mente. Esses componentes especializados da célula são chamados de “organelas celulares”, as quais
estão espalhadas pelo citoplasma. Este, por sua vez, é feito de uma substância gelatinosa. E no cito¬
plasma que ocorrem todos os processos celulares, de forma similar ao funcionamento da fábrica.

õíõ Reflexão
Quando as estruturas que compõem as células não trabalham adequadamente, podem
ocorrer diversas doenças. Você saberia dizer o nome de ao menos uma dessas doenças de
origem celular? Converse com os colegas e o professor.

As Organelas Celulares

Célula: a Unidade Fundamental de um Ser Vivo


Sustentabilidade - É preciso lembrar que
) Análise os seres humanos têm negligenciado as
ações sustentáveis que contribuem para
a conservação do equilíbrio da natureza,
o que tem ocasionado os mais diversos
Pelo formato das organelas, você conseguiria problemas ambientais, como a poluição
dizer qual é a função dessas estruturas na célula? do ar, do solo e da água e a perda da
biodiversidade.

Relembrando a comparação feita no início do capítulo, podemos observar o princípio de


sustentabilidade sendo cumprido pela fábrica: os trabalhadores trabalham em harmonia e ela fun¬
ciona bem, apresentando equilíbrio entre as matérias-primas que consome, fabricando produtos
adequadamente e gerando resíduos controlados em relação ao ambiente. No caso do organismo
humano, podemos imaginar que ele foi selecionado de tal forma pelo processo evolutivo que, essen¬
cialmente, mantém uma relação sustentável com o ambiente que o cerca. Isso pode ser evidenciado
pelo ciclo do ar que respiramos: utilizamos gás oxigénio e eliminamos gás carbónico; já as algas
consomem gás carbónico e devolvem o oxigénio para o ar, repetindo o ciclo.
Considerando ainda a comparação com a fábrica, podemos dizer que o material genético
(DNA e RNA) faz o papel do gestor ou diretor da fábrica, pois ele coordena e comanda todas as
funções celulares.
Esse material genético não está guardado da mesma forma em todos os seres vivos. Nos
organismos eucariontes, por exemplo, o material genético é protegido por uma membrana nuclear,
chamada carioteca. Comparativamente, essa membrana nuclear é como o escritório para o diretor,
pois o protege contra acidentes e danos que poderiam ocorrer se ele estivesse entre os trabalhadores
e as máquinas da fábrica. A união do material genético (diretor) com a carioteca (escritório) é cha¬
mada de núcleo celular. Já nas células procariontes, como as células bacterianas, não há carioteca,
tampouco membranas internas. Desse modo, o material genético fica espalhado pelo citoplasma,
o que, no caso da fábrica, significaria que o diretor não fica em sua sala, mas sim em meio aos equi¬
pamentos e funcionários.

oly/Shutersck

Podemos comparar as funções da carioteca e do núcleo celular à importância de um escritório ou sala da diretória para a fábrica.

Célula: a Unidade Fundamental de um Ser Vivo


À semelhança da membrana nuclear, existe também uma mem¬
brana que envolve toda a célula: a membrana plasmática. Como vimos
anteriormente, os muros ou paredes de uma fábrica desempenham função
similar à da membrana plasmática. Eles delimitam o espaço, separando a
área interna da externa, assim como essa membrana separa o espaço inte¬
rior da célula do meio exterior ou extracelular (região de fora da célula).

As portas e janelas de uma fábrica são estruturas com o objetivo de


selecionar o que entra e sai da fábrica, função semelhante à da membrana
plasmática, que apresenta uma permeabilidade seletiva, selecionando o
que entra e sai da célula.
As proteínas que compõem essa membrana permitem a passagem
de água; já os lipídios, também presentes nessa estrutura, não permitem
a passagem da água. Podemos dizer que a membrana plasmática tem a
função de regular as trocas de substâncias entre o meio interno da célula
(intracelular) e o meio externo (extracelular).

Fluido
extracelular

Proteína

nostal6ie/Shurck
Podemos comparar as funções das paredes, portas e janelas de uma fábrica com o funcionamento da membrana plasmática.

Célula: a Unidade Fundamental de um Ser Vivo


As paredes de uma fábrica, entretanto, não ficam em pé sem sustentação. São necessários
os alicerces e as vigas, que dão o formato da estrutura a ser construída. Na célula, essa função é
desempenhada pelo conjunto de microtúbulos da célula, que formam o citoesqueleto, o qual fornece
a sustentação necessária para dar formato às células.

As vigas de sustentação de um prédio e o citoesqueleto têm funções parecidas.

Ainda sobre a comparação com o funcionamento de uma fábrica, reflita: Como é possível reco¬
nhecer fábricas diferentes? Pelas placas indicativas ou pelas fachadas, não é mesmo? Considerando-se
agora as células, um linfócito, que é uma célula de defesa, reconhece bem as células que fazem parte
do nosso corpo e ataca de forma eficaz apenas os organismos estranhos, como bactérias e vírus. Esse
reconhecimento é realizado por uma estrutura especializada da membrana plasmática chamada de
glicocálice ou glicocálix. Os problemas de rejeição de órgãos em transplantes, por exemplo, ocorrem
porque há dificuldade no reconhecimento das células dos órgãos transplantados, já que possuem
glicocálix de outra pessoa.

Para identificar células diferentes, assim como fábricas diferentes, são necessárias estruturas indicativas.

Célula: a Unidade Fundamental de um Ser Vivo


Faça uma pesquisa em livros e na internet sobre como funciona o processo de transplante
de órgãos.

Outra especialidade da membrana plasmática são as microvilosidades. Essas estruturas apa¬


recem na região dos intestinos e constituem-se em prolongamentos da superfície da membrana
plasmática que proporcionam o aumento da superfície de contato da célula com o meio externo,
melhorando sua capacidade de absorção de nutrientes.

As microvilosidades intestinais ocupam pouco espaço e apresentam grande capacidade de absorção de nutrientes.

Os trabalhadores de uma fábrica, assim como os ribossomos na célula, estão relacionados à


produção. Os ribossomos traduzem o código genético em uma série de aminoácidos, que, juntos,
formarão proteínas, da mesma forma que um chefe de setor traduz as ordens do diretor geral e
as transmite aos operários. Essas ordens desencadearão uma série de atividades, que no final irão
resultar em um produto, como na indústria produtora de alimentos. Assim como trabalhadores estão
unidos em uma linha de produção para produzir o principal composto da fábrica, os ribossomos
podem estar unidos por membranas, formando o retículo endoplasmático rugoso ou granuloso, cuja
principal função é sintetizar proteínas.

Os ribossomos estão unidos ao retículo endoplasmático granuloso e podem ser comparados aos operários em uma linha de produção.

Célula: a Unidade Fundamental de um Ser Vivo


Em uma fábrica, para alguns serviços muito pesados ou perigosos, é interessante o uso de
máquinas e ferramentas em substituição ao trabalho manual, a fim de reduzir os riscos de aciden¬
tes com os trabalhadores. Na célula acontece algo similar. Para neutralizar elementos tóxicos ou
produzir substâncias químicas de alto peso molecular, como os lipídios, a célula possui o retículo
endoplasmático liso ou agranular. Essa estrutura desempenha também o papel de transporte de
substâncias químicas no citoplasma.

0 retículo endoplasmático agranular, assim como em uma linha de produção robotizada, não utiliza "trabalhadores" (ribossomos).

As estruturas chamadas lisossomos são como os funcionários da segurança de uma fábrica,


os quais evitam que pessoas estranhas permaneçam nela e neutralizam qualquer tipo de ameaça à
segurança do prédio e dos funcionários. Se um corpo estranho estiver dentro da célula, como uma
bactéria, é por meio dos lisossomos que essa ameaça será neutralizada. O mecanismo de que os lisos¬
somos dispõem para acabar com situações problemáticas consiste em dissolver o que está errado.
Para isso, essas estruturas realizam os processos digestivos intracelulares.

Os lisossomos são responsáveis pela segurança da célula.

(è/Célula: a Unidade Fundamental de um Ser Vivo


As substâncias produzidas por uma fábrica devem ser arma¬
O complexo golgiense também
zenadas corretamente até que possam ser transportadas para seu
é conhecido como "complexo de
destino. O estoque da célula, onde as substâncias são “empaco¬ Golgi" ou "aparelho de Golgi". Essa
tadas” e ordenadas e de onde são enviadas em direção aos seus organela recebeu seu nome em
destinos finais, é o complexo golgiense. Além de armazenar as homenagem ao cientista que a
substâncias produzidas pela célula, essa organela é responsável descobriu, o italiano Camilo Golgi.
por secretá-las, ou seja, transportá-las para o meio exterior.

0 complexo golgiense é responsável pela estocagem das substâncias produzidas pela célula.

O complexo golgiense pode participar da for¬


mação de algumas estruturas especiais derivadas de
polissacarídeos, como uma região do espermatozóide
chamada acrossoma. Você já viu em algum filme repre¬ Para conhecer mais sobre o processo
sentações de espermatozóides tentando entrar em um de fecundação, acesse: <http://www.
óvulo? Pois o acrossoma é a estrutura especializada em alunosonline.com.br/biologia/
digerir a proteção do óvulo, permitindo a entrada do gametogenese.html>.
espermatozóide nele.

A "bolsa" que se pode observar na parte superior do espermatozóide é o acrossoma.

Célula: a Unidade Fundamental de um Ser Vivo


Para funcionar, uma fábrica precisa de energia. Você tem
ideia de qual organela celular fornece energia para a célula?
Assim como um gerador elétrico que converte óleo diesel em
eletricidade, as mitocôndrias convertem glicose em ATP (adenosina tri¬
A adenosina trifosfato fosfato), em um processo denominado de respiração celular. É como se
(ATP) é uma molécula a glicose obtida no processo de digestão fosse como o óleo diesel', após
cuja energia potencial
pode ser facilmente utili¬
certas reações, é convertida nas mitocôndrias em uma forma mais sim¬
zada pela célula. ples de energia, a ATP. Como uma pilha recarregável, a ATP é utilizada
nas diferentes partes da célula e retorna para a mitocôndria a fim de ser
recarregada à custa de mais uma molécula de glicose.

As mitocôndrias fornecem a energia necessária para a célula funcionar.

Como estudamos na unidade anterior, os lipídios são fontes


Nas reações de oxida¬ de energia. Mas como os lipídios são utilizados pela célula?
ção, como é o caso da
combustão, ocorrem Imagine uma fábrica que destila o petróleo e gera subprodutos,
as transferências de como a gasolina, o óleo diesel, o querosene e outros. Após o processo de
elétrons entre pelo destilação do petróleo, essa fábrica poderia gerar energia por meio de um
menos duas substân¬
cias envolvidas: a que gerador elétrico à base de derivados de petróleo. Já na célula, quando um
perde elétrons e a lipídio é absorvido, deve ser degradado pela ação da oxidação de organe-
que ganha elétrons. las especiais denominadas peroxissomos.
Os peroxissomos contêm enzimas que oxidam moléculas orgâni¬
cas, inclusive lipídios, gerando moléculas menores que serão utilizadas
pelas mitocôndrias, fornecendo, assim, energia para a célula. Durante o
processo de oxidação, entretanto, há formação de água oxigenada, uma
substância tóxica para a célula por ser fonte de radicais livres. Para neu¬
tralizar a água oxigenada, entra em ação outra enzima, a catalase. Para
exemplificar esse processo, imagine uma fábrica que gera energia nuclear
(que na célula seriam os lipídios) e forma resíduos radioativos no processo
(que seriam a água oxigenada e os radicais livres na célula). Na fábrica,
também é preciso neutralizar os resíduos tóxicos de alguma maneira.

Célula: a Unidade Fundamental de um Ser Vivo


creativm/Shusok

Brasil terá depósito de rejeitos radioativos até 2015


Rejeitos radioativos
Em 2015, o Brasil terá seu primeiro depósito nacional de
rejeitos radioativos.
Nesse depósito ficarão armazenados os rejeitos de baixa
e média atividade das usinas nucleares brasileiras [...].
Hoje, os rejeitos das usinas nucleares do país são arma¬
zenados dentro de depósitos iniciais, previstos por normas
internacionais, situados dentro das próprias unidades. [...].
Esses rejeitos são colocados em embalagens metálicas
de um metro cúbico ou em tambores metálicos de 200 litros,
que serão acondicionados em contêineres de concreto no novo
depósito, com monitoração 24 horas por dia.
Fonte: ENGENHARIA QUÍMICA NA REDE! BRASIL terá depósito de rejeitos
radioativos até 2015. 22 jan. 2011. Disponível em: <http://egqnarede.blogspot.com.
br/2011/01/brasil-tera-deposito-de-rejeitos.html>.

Uma fábrica precisa, ainda, vender os seus produtos. Ao realizarem


esse processo, os promotores de vendas auxiliam no crescimento da fábrica
e na criação de filiais em outras localidades. Podemos comparar essa fun¬
ção dos promotores de vendas à função dos centríolos ou centrossomos.

Célula: a Unidade Fundamental de um Ser Vivo


Essas organelas coordenam e organizam a divisão da célula e estão conec¬
tadas ao citoesqueleto. Os centrossomos também colaboram na origem
de cílios e flagelos, estruturas relacionadas à movimentação celular.

Os centrossomos estão relacionados ao processo de divisão celular.

Todas essas organelas estão presentes nas células dos animais e dos
vegetais em maior ou menor quantidade, dependendo do tipo da célula e
da função que ela desempenha, com exceção dos lisossomos e, raramente,
dos centrossomos, que não existem nas células vegetais. Há, entretanto,
organelas típicas apenas de células vegetais, como os plastos, a parede
celular e os vacúolos.
Os plastos são divididos em dois grupos: leucoplastos e cromo-
plastos. Os leucoplastos, como os amiloplastos, são estruturas celulares
relacionadas ao processo de armazenamento de amido. Já os cromoplas-
tos, como os cloroplastos, são estruturas com pigmentos relacionados ao
processo da fotossíntese. Os cloroplastos podem ser comparados a fábri¬
cas que possuem painéis de captação de energia solar, realizada de forma
extremamente eficiente pelos cloroplastos vegetais.

Célula: a Unidade Fundamental de um Ser Vivo


Muránsky/Shteoc
Martin

É nos cloroplastos que ocorre o processo da fotossíntese.

A parede celular é uma estrutura que reveste algumas células, reforçando sua proteção, além de
auxiliar na sustentação. Voltando à comparação com a fábrica, podemos pensar nessa estrutura como o
muro que protege o material produzido numa fábrica. Encontramos parede celular em vários organis¬
mos, e ela pode ter diferentes conteúdos. Nas células vegetais, por exemplo, a parede celular é composta
de celulose; nos fungos, é constituída por quitina e, em certas bactérias, por peptideoglicano.

Rolands/Shuterck
Patrick

Parede celular circulando a célula dos vegetais.

Célula: a Unidade Fundamental de um Ser Vivo


Uma especialização da parede celular são as estruturas chamadas plasmodesmos, poros que
conectam diferentes células, facilitando o transporte de substâncias entre elas. Você já viu aquelas pas¬
sarelas que conectam dois edifícios? Os plasmodesmos podem ser comparados a essas construções.

Os plasmodesmos conectam uma célula vegetal à outra.

Nas células vegetais, existem, ainda, outras estruturas, conhecidas como vacúolos, separados
em dois tipos: vacúolos vegetais e vacúolos contráteis. Vacúolos vegetais são grandes regiões que
armazenam água e/ou produtos fabricados pela célula das plantas. Podemos comparar a função des¬
ses vacúolos à dos imensos pátios de fábricas automobilísticas que acumulam os carros produzidos.
Já os vacúolos contráteis ou pulsáteis são análogos a bombas hidrostáticas, que eliminam o acúmulo
de água em uma mina. Assim, os vacúolos pulsáteis eliminam o excesso de água que entra nas células
dos protozoários.

É nos vacúolos vegetais que ocorre o acúmulo de substâncias como água e amido.

Célula: a Unidade Fundamental de um Ser Vivo


A Análise

D (Unesp-SP) Se fôssemos comparar a organização e o funcionamento de uma célula euca¬


rionte com o que ocorre em uma cidade, poderíamos estabelecer determinadas analogias.
Por exemplo, a membrana plasmática seria o perímetro urbano, e o hialoplasma correspon¬
deria ao espaço ocupado por edifícios, ruas e casas com seus habitantes.

0 quadro reúne algumas similaridades funcionais entre cidade e célula eucarionte.

Cidade Célula eucarionte


1. Ruas e avenidas 1. Mitocôndrias Hialoplasma é o fluido
II. Silos e armazéns 2. Lisossomos viscoso que, junto com
III. Central elétrica (energética) 3. Retículo endoplasmático as organelas, preenche o
citoplasma.
IV. Casas com aquecimento solar 4. Complexo de Golgi
V. Restaurantes e lanchonetes 5. Cloroplastos

Correlacione os locais da cidade com as principais funções correspondentes às organelas


celulares e indique a alternativa correta:
a. 1-3, 1-4, II1-1, IV-5eV-2.
b. 1-4, 1-3, 111-2, IV-5eV-l.
c. 1-3, 1-4, II1-5, IV-leV-2.
d. 1-1, 1-2, II1-3, IV-4e V-5.
e. 1-5, 1-4, II1-1, IV-3 e V-2.

2) (UGF-RJ)

Aposentadoria especial
O Sindicato dos profissionais que trabalham em minas ou com britadeiras, por aspirarem
eles grandes quantidades de pó de sílica (principal componente das rochas), pretende
entrar com um pedido de aposentadoria especial no Congresso Nacional em que o tempo
de serviço deverá passar a ser de dez anos. O Sindicato alega que, por essa causa, a capa¬
cidade dos pulmões desses profissionais diminui, caracterizando uma doença chamada de
silicose.
Fonte: Notícia divulgada pelo Jornal Nacional, 19 de abril de 1998.

Na silicose, a membrana de uma determinada estrutura celular perde sua estabilidade e se


rompe. A estrutura celular relacionada com essa doença e a função que ela realiza quando
sua membrana é rompida são, respectivamente:
a. lisossoma - autólise;
mitocôndria -cadeia respiratória;
c. ribossomos - síntese de proteínas;
d. membrana plasmática - permeabilidade seletiva;
e. retículo endoplasmático liso -transporte de substâncias.

Célula: a Unidade Fundamental de um Ser Vivo


Capítulo 2

A Logística da Célula: Transporte de


Substâncias

As células são responsáveis pelo transporte de substâncias.

Agora que você já conhece as partes da célula, ou seja, as organelas


celulares, podemos começar a estudar os processos que a célula desempe¬
nha. Uma célula, assim como uma fábrica, não é uma estrutura isolada,
Processo de plane¬ mas um complexo que se inter-relaciona com outras células e com o meio
jamento, aplicação, em que se encontra. Um dos processos essenciais para a existência de uma
transporte e armazena¬
fábrica, assim como da célula, é o transporte de substâncias. Esse processo
mento de materiais.
é dividido em três tipos. Um deles é o transporte passivo, um processo
Endocitose:
Do grego endon = dentro,
natural que ocorre sem gasto energético da célula, como a difusão e a
interno + kytos = célula + osmose. Há também o transporte ativo, que exige gasto de energia para
sufixo -ose = ação. ocorrer, como no processo da bomba de sódio e potássio. Existe, ainda, o
transporte mediado por vesículas, como a endocitose e a exocitose, proces¬
Exocitose:
Do grego exo = para fora,
sos nos quais estruturas anexas à célula ajudam a movimentar substâncias.
externo + kytos = célula Para compreendermos como ocorrem esses processos de transporte
+ sufixo -ose = ação. de substâncias, vamos estabelecer comparações simples com processos do
cotidiano.

A Logística da Célula: Transporte de Substâncias


O processo de dissolução pode ser comparado ao que ocorre
quando misturamos chocolate em pó ao leite. O chocolate é a substân¬
cia dissolvida, a que damos o nome de soluto; já o leite é a substância
que dissolve o soluto, que nomeamos de solvente. Se você colocar pouco
soluto (chocolate em pó) no solvente (leite), a solução será diluída.
Se você colocar uma colher de sopa de soluto (chocolate em pó) em um
copo de 250 m£ de solvente (leite), a solução será concentrada. Se você
colocar muito soluto (chocolate em pó) no solvente (leite), formando um
precipitado que se deposita no fundo do copo, a solução será saturada.

Difusão Simples e Difusão


Facilitada
Agora vamos pensar em outra situação do dia a dia: quando pinga¬
mos, por exemplo, uma gota de café em uma xícara de leite, o café que
estava concentrado em apenas uma região começa a se espalhar, ou seja,
a se difundir. A esse processo damos o nome de difusão simples, que é a
capacidade que as substâncias líquidas e gasosas têm de se espalhar igual¬
mente por toda a área disponível, assim como ocorre com a fumaça, que
de uma área concentrada pode se difundir para toda a área disponível.
Já a difusão facilitada é o processo que ocorre nas membranas celulares,
em que certas substâncias penetram na célula com mais facilidade em
consequência da ação de permeases, as quais se constituem em proteínas
presentes nas membranas lipoproteicas que ajudam determinadas subs¬
tâncias a se difundirem mais rapidamente. Imagine uma pessoa com um
perfume marcante em um recinto fechado. Por difusão, esse perfume
vai espalhar-se por todo o recinto, mas se no local houver um ventilador
em funcionamento (que desempenha o mesmo papel da perméase), a
Estrutura que contém
difusão das moléculas de perfume será bem mais rápida. Esse processo tecidos da mãe e do
é realizado nas nossas células para a absorção de nutrientes, como embrião.
moléculas de glicose, aminoácidos, minerais e vitaminas.
Um exemplo de difusão é o processo que ocorre por meio da
placenta de uma gestante, em que o organismo materno fornece
oxigénio e nutrientes ao feto em formação e recolhe os resíduos do
metabolismo dele.

Osmose
Outro processo de transporte de substâncias que ocorre natural¬
mente nas células é a osmose. Você já se perguntou por que nossos dedos
ficam enrugados quando ficamos muito tempo em contato com a água?
Ou por que, quando temperamos a salada com sal, após algum tempo ela
murcha e surge água onde não havia? Ou, ainda, por que não se pode, em
nenhuma hipótese, beber água do mar?

A Logística da Célula: Transporte de Substâncias


Os exemplos são todos derivados do mesmo processo passivo de
transporte de substâncias, a osmose. Esse processo baseia-se na difusão
Do grego hypo = abaixo^
pouco + tonos = tensão, de moléculas de solvente, normalmente a água, do local de menor concen¬
pressão, ou seja, solução tração de soluto (solução hipotônica) para o local de maior concentração
com baixa concentração de soluto (solução hipertônica). Quando as concentrações de soluto se
de soluto.
igualam, temos duas soluções isotônicas.
Hipertônica:
Do grego hyper = acima,
Se colocarmos um pedaço de carne na água destilada, por meio de
excesso + tonos = tensão, uma pressão osmótica positiva a carne irá ganhar água a tal ponto que as
pressão, ou seja, solução células ficarão cheias. Se a membrana plasmática não aguentar o excesso
com alta concentração de de água interna, poderá ocorrer o rompimento da membrana celular,
soluto.
chamado de plasmoptise.
Isotônica:
Do grego isos = igual +
tonos = tensão, pressão, <
ou seja, solução com
equilíbrio entre soluto e
solvente.

Água destilada:
Água purificada,
comumente usada
em experimentos de
laboratório.

Pressão osmótica é a
pressão necessária a ser
aplicada a uma solução
para impedir a passagem
Processo de filtragem do café.
do solvente através de
uma membrana semiper-
meável, como a pressão Se, em vez de carne, colocarmos na água destilada uma folha de
necessária para impedir
alface, esta irá ganhar água, ficando túrgida (dilatada, inchada), mas não
que a mistura de água
e pó de café passe pelo ocorrerá a ruptura da membrana celular, pois a parede celular protege
coador. Se a pressão for a célula vegetal. Note que essa proteção é compartilhada por todos os
positiva, a água irá atra¬ organismos que possuem parede celular, como os fungos e certas bac¬
vessar o coador, filtrando
térias. No entanto, se colocarmos uma folha de alface em água salgada,
a mistura e resultando
em café. Se a pressão for com concentração de soluto similar à da água do mar, por meio de uma
negativa, o pó de café pressão osmótica negativa as células vegetais irão perder água e murchar
atravessará o filtro junto até que se rompa a união entre a parede celular e a membrana plasmá¬
com a água.
tica, processo denominado plasmólise, fatal para esses organismos.

A Logística da Célula: Transporte de Substâncias


Bomba de Sódio e Potássio: um
Exemplo de Transporte Ativo
Se os processos que estudamos anteriormente - difusão e osmose -
ocorrem de forma natural, não consumindo nenhuma energia da célula,
os processos ativos de transporte celular consomem energia. Dentre os
vários transportes ativos realizados pelas células, o mais conhecido é a
bomba de sódio e potássio.
Para entender esse processo, observe que a tendência natural é que
as concentrações de substâncias, inclusive sódio e potássio, sejam iguais no
interior e no exterior da célula, por causa do processo de difusão.
Por meio de um processo ativo, que consome energia (moléculas de
ATP) para ocorrer, as moléculas de sódio (Na+) são expulsas de dentro da
célula e mantidas no meio extracelular. Ao mesmo tempo, são capturadas
moléculas de potássio (K+) de fora da célula e trazidas para dentro da
célula (meio intracelular). Observe que esse processo contraria a tendên¬
cia natural de difusão.

Processo de transporte ativo de sódio e potássio nas membranas de células nervosas.

Nesse processo, é importante existir uma tensão entre os meios


interno e externo da membrana plasmática. É como uma represa segu¬
rando água em seu interior, mas com a diferença de que a tensão é nos dois
lados: o potássio quer sair da célula e o sódio quer entrar nela. Quando a
membrana plasmática relaxa e ocorre a saída do potássio e a entrada do
sódio, é desencadeado o impulso nervoso.

A Logística da Célula: Transporte de Substâncias


Processo de bomba de sódio e potássio nos neurônios.

Transportes Mediados por


Vesículas
Além dos transportes passivos e ativos que estudamos anterior-
mente, algumas vezes a célula precisa englobar substâncias, processo
denominado endocitose, ou eliminar e excretar moléculas, processo cha¬
mado de exocitose.
O processo de endocitose ocorre no momento em que uma célula
engloba partículas sólidas do ambiente (fagocitose) ou na reação das célu¬
las de defesa (macrófagos e neutrófilos), quando elas realizam a ingestão
de micro-organismos. Se a célula absorve moléculas dissolvidas em água,
como carboidratos, o processo é chamado de pinocitose.

Hipófise é uma glândula A exocitose é o processo pelo qual as células eliminam o produto
que se localiza na base do de sua secreção. Isso ocorre, por exemplo, quando as células da glândula
cérebro e ajuda a controlar hipófise produzem moléculas do hormônio endorfina e as eliminam no
as funções de vários órgãos sistema circulatório. Já quando a célula elimina seus resíduos, tal pro¬
do corpo humano.
cesso é denominado de clasmocitose.

A Logística da Célula: Transporte de Substâncias


(T) Bactéria
(2) Enzimas digestivas
(3) Enzimas entrando em contato com a bactéria
(4) Báctéria digerida
(?) Exocitose

(UNIFESP) De forma geral, a água do mar exerce uma alta pressão


osmótica sobre os organismos (cerca de 12 atm) e a água doce
exerce praticamente nenhuma. Os fluidos do corpo dos vertebrados
exercem uma pressão osmótica de 30 a 40% daquela da água do
mar, ocupando, portanto, uma posição intermediária. Considerando
essas informações, em termos osmóticos, a tendência é:

Peixes ósseos marinhos Peixes ósseos de água doce


ganhar solutos e água perder solutos e água
b. ganhar solutos e perder água ganhar solutos e perder água
c. ganhar solutos e perder água perder solutos e ganhar água
d. perder solutos e ganhar água perder solutos e água
e. perder solutos e ganhar água ganhar solutos e perder água

A Logística da Célula: Transporte de Substâncias


Capítulo 3

0 Metabolismo dos Seres Vivos


Wernli
Stefan

A árvore e a porta são constituídas, na maior parte, por madeira.

Análise

Observe as imagens e tente identificar as semelhanças e as diferenças entre o que elas


representam.

Você deve ter notado que tanto a árvore quanto a porta representadas nas imagens se consti¬
tuem, em boa parte, de madeira. Entretanto, as células vegetais presentes no tronco da árvore estão
vivas, isto é, estão realizando todos os processos metabólicos que as células dos seres vivos realizam.
Já as células presentes na madeira da porta não estão vivas, não realizam nenhuma atividade meta¬
bólica, tais como os processos de transporte de substâncias que estudamos.
Podemos dizer então que um ser está vivo quando ele está realizando atividades metabólicas e
está morto quando não realiza nenhuma atividade metabólica. Mas o que é metabolismo?

O Metabolismo dos Seres Vivos


Metabolismo é o conjunto de reações químicas que ocorrem nos
seres vivos com o objetivo de produzir e utilizar energia para os proces¬
sos biológicos. Quando as atividades metabólicas de uma célula acabam,
podemos dizer que ocorreu a morte celular. Você se lembra do processo
de surgimento da vida que estudamos na Unidade 1? Da mesma forma
que foram surgindo seres adaptados aos mais variados ambientes, a evo¬
lução atuou também no metabolismo dos seres vivos. O resultado é que Metabolismo:
hoje podemos observar diversos processos metabólicos adaptados às mais Do grego metabolé =
variadas situações ambientais. mudança, troca + sufixo
-ismo = qualidade de.

Efluente:

Respiração Anaeróbia Todo produto líquido ou


gasoso que é lançado no
ambiente.
Você sabia que, para fazer o tratamento do esgoto domés¬
tico (efluente líquido), um dos processos possíveis é acrescentar
açúcar (glicose)?
Um dos compostos que devem ser neutralizados no tratamento
desses efluentes são os compostos nitrogenados, derivados de resíduos
animais, como as fezes. Para neutralizá-los, utilizam-se bactérias como
a Pseudomonas denitrificans, que metaboliza compostos orgânicos
ricos em nitrogénio e os transforma em substâncias inertes, como o gás
nitrogénio.
No ambiente natural, a bactéria P. denitrificans é encontrada em
solos úmidos, principalmente banhados e pântanos, pois ela somente rea¬
liza suas atividades metabólicas na ausência de oxigénio. Observe que
nesses ambientes a ação microbiana é intensa, o que acarreta o elevado
consumo de oxigénio livre até seu esgotamento.

Os pântanos atuam tal qual os rins, filtrando a


água de impurezas.

0 Metabolismo dos Seres Vivos


Fermentação
Relembrando o que estudamos na Unidade 1 sobre o surgimento da
vida no planeta, o primeiro processo metabólico a surgir, de acordo com
a hipótese heterotrófica, foi algum tipo de fermentação. A fermentação
é um processo que ocorre na ausência de oxigénio (processo anaeróbio),
quando moléculas de glicose são degradadas usando como energia duas
moléculas de ATP, produzindo-se como produto apenas quatro molécu¬
las de ATP.
Existem organismos que são anaeróbios estritos, pois são especializa¬
dos em realizar unicamente a fermentação, como as bactérias que causam
o botulismo (Clostridium botulinum) e o tétano (Clostridium tetani).

Para saber mais sobre o botulismo, acesse: <http://drauziovarella.com.br/


crianca-2/botulismo/>.
Para saber mais sobre o tétano, acesse: <http://drauziovarella.com.br/
crianca-2/tetano/>.

Os anaeróbios facultativos são organismos mais


versáteis e, além da fermentação, podem realizar tam¬
bém respiração aeróbia (na presença de oxigénio).

Cervants/Shuock
Jesu
E o caso da Saccharomyces cerevisiae, fungo amplamente
utilizado como fermento biológico na produção de pães
e bolos, além de fermentar o açúcar contido em sucos
de uva e de cevada, formando o vinho e a cerveja, res-
pectivamente. Esse tipo de fermentação recebe o nome
de fermentação alcoólica, cujo produto final é a forma¬
ção de gás carbónico (que faz as massas crescerem) e o
álcool etílico.
Já na fermentação lática, o produto final do meta¬
bolismo é o ácido lático, processo realizado por algumas
bactérias (como as do gênero Lactobacillus, utilizadas na
fabricação de iogurte), por alguns protozoários e fungos
e pelo tecido muscular. Quando realizamos uma ativi¬
dade física extenuante e no dia seguinte ficamos com
a musculatura dolorida, o que ocorre é que não chega
oxigénio suficiente às células musculares e estas reali¬
zam fermentação lática em vez de de respiração aeróbia.
O excesso de ácido lático é tóxico e agride as células
musculares, danificando-as.

O Metabolismo dos Seres Vivos


Outro exemplo de processo de fermentação realizado por orga¬
nismos anaeróbios facultativos é a fermentação acética, que ocorre, por
exemplo, quando uma garrafa de vinho fica aberta. Após algum tempo,
iremos perceber que o vinho azedou, pois ocorreu a produção de vinagre.
Esse fato se deve às acetobactérias, que realizam a oxidação parcial do
álcool etílico presente no vinho.

' ) Pesquisa
Como foi possível perceber, o processo de fermentação é muito
importante na indústria alimentícia. Reúna-se com um grupo de
colegas e faça uma breve pesquisa sobre um dos assuntos refe¬
rentes à fermentação relacionados a seguir. Depois, apresente os
resultados para a turma.
a. Processo de fabricação de vinho.
b. Processo de fabricação de queijos. . 0 vinagre é feito por bactérias que
c. Processo de fabricação de iogurte. oxidam o álcool presente no vinho.
d. Processo de fabricação de pão.
e. Processo de fabricação de vinagre.

Respiração Aeróbia
Quando falamos de respiração aeróbia, não podemos confundir a
respiração que nós realizamos todos os dias, inspirando oxigénio e eli¬
minando gás carbónico, com a respiração celular, que é o processo de
produção de moléculas energéticas (ATP) a partir da quebra de moléculas
orgânicas (como a glicose) na presença de oxigénio. Esse é o processo que
nós, seres humanos, realizamos em nível celular para obtermos energia.
Comparada ao processo de fermentação, a respiração aeróbia é energe-
ticamente mais eficiente, já que pode gerar, a partir de uma molécula
de glicose, até 38 moléculas de ATP, diferentemente do que ocorre no
processo de fermentação, que forma apenas quatro moléculas de ATP.
A respiração aeróbia é um processo realizado nas mitocôndrias das
células eucarióticas e compreende três etapas: glicólise, ciclo de Krebs e
cadeia respiratória.

Respiração aeróbia - Processo que pode ser resumido pela seguinte fórmula:
CoH l zOo +60,z p
6 COz + 6 HO
z + ENERGIA
Glicose Gás Gás Água
oxigénio carbónico

0 Metabolismo dos Seres Vivos\^^/


Os oceanos, e não as florestas, Esse processo metabólico é
podem ser chamados correta¬ observado em vários organismos,
mente de "pulmões do planeta", como bactérias, protistas, fungos, ani¬
em virtude da ação de algas mais e plantas. É importante ressaltar
microscópicas que vivem em que as plantas, além da fotossíntese,
suas águas. As algas produzem também realizam respiração aeróbia,
enormes quantidades de oxi¬ pois necessitam de moléculas de ATP
génio durante o dia e, durante para fazer seus processos celulares
a noite, diminuem tanto seu funcionarem. Podemos dizer, então,
metabolismo que consomem que todo o oxigénio (O2) que uma
muito pouco oxigénio. Uma planta produz durante o dia será con¬
árvore, por sua vez, não conse¬ sumido por ela durante a noite. E por
gue diminuir seu metabolismo isso que é incorreto afirmar que as flo¬
à noite. restas são os “pulmões do planeta”.

Fotossíntese
Você já parou para refletir sobre o motivo de as folhas das árvores
serem verdes e não de outras cores? Para responder a isso, precisamos
entender como as plantas produzem suas próprias moléculas de energia.
As plantas são seres autótrofos, ou seja, capazes de sintetizar seus
próprios alimentos (compostos orgânicos) a partir de substâncias simples
e de uma fonte de energia. O processo autotrófico das plantas é a fotos¬
síntese, realizada pelas células com clorofila em presença de luz, água e
gás carbónico (CO2).
Uma molécula altamente energética que é sintetizada pelo processo
da fotossíntese é a glicose, que pode ser armazenada na planta sob a forma
de amido ou degradada por meio da respiração aeróbia. A fotossíntese
é um processo em que há incorporação de energia e síntese de matéria
orgânica; já a respiração aeróbia é um processo em que ocorre liberação
de energia e degradação de matéria orgânica. Do equilíbrio entre esses
dois processos, fotossíntese e respiração celular (aeróbia), dependem, em
grande parte, a nutrição e o desenvolvimento da planta. Durante o dia,
as plantas realizam respiração celular e fazem fotossíntese e, durante a
noite, apenas respiram.
No processo fotossintético, a energia luminosa é transformada em
energia química e o carbono é fixado em compostos orgânicos em duas
etapas: etapa fotoquímica (reações no claro) e etapa química (reações
no escuro).

Processo fotossintético - É importante ressaltar que, por meio da hidrólise


da água, o oxigénio (e não o gás carbónico) é liberado no ar. Uma equação
resumida e balanceada para essa reação pode ser demonstrada abaixo:
6 H O + 6 CO, C H O +6 0,
Água Gás Glicose Gás
carbónico oxigénio

O Metabolismo dos Seres Vivos


Há um momento em que toda a glicose e todo o gás oxigénio pro¬
duzidos pela fotossíntese são consumidos pela respiração celular e todo o
gás carbónico produzido pela respiração da planta é utilizado pela fotos¬
síntese, não havendo sobra de energia. Podemos dizer que, nesse caso,
a planta se encontra no ponto de compensação fótica, pois ela está em
equilíbrio energético, como podemos observar no gráfico a seguir.

Taxa do
fenômeno

fótica
No ponto de compensação fótica, toda a energia que a planta
produz é consumida por ela mesma.

Abaixo do ponto de compensação, a taxa de fotossíntese é menor


do que a respiração e, portanto, a planta está consumindo mais energia do
que produz. As plantas não podem permanecer por períodos prolonga¬
dos abaixo do ponto de compensação, nem mesmo exatamente nele, pois
não teriam reservas energéticas para o período em que apenas respiram.
Acima do ponto de compensação, as plantas apresentam condições
de armazenar reservas, importantes para sua sobrevivência.
O valor do ponto de compensação fótica varia, dependendo da
espécie da planta. Algumas plantas estão adaptadas à vida em locais
expostos ao sol, necessitando de altas intensidades de luz para a realiza¬
ção eficiente da fotossíntese (plantas heliófitas), enquanto outras estão
adaptadas à vida em locais mais protegidos da luz, realizando fotossíntese
de modo eficiente mesmo em intensidade baixa (plantas umbrófilas).

Não há plantas que vivem em cavernas, pois nesses locais não ocorre
nenhuma intensidade luminosa, não sendo possível, portanto, a realização
do processo da fotossíntese. Se alguém diz ter visto algum organismo pare¬
cido com uma planta em uma caverna sem luz, provavelmente se trata de
um fungo, pois esse tipo de organismo não realiza fotossíntese e por isso
pode ser encontrado em locais escuros.

A eficiência da fotossíntese, ou a velocidade com que ela é rea¬


lizada, depende de uma série de fatores próprios (internos da planta)
e externos (ambientais). Os principais fatores internos estão relaciona¬
dos à estrutura da folha, sendo ela o órgão principal responsável pela
fotossíntese. Os fatores externos, que atuam de modo integrado, são a
temperatura, a intensidade luminosa e a concentração de gás carbónico.

0 Metabolismo dos Seres Vivos


Então, voltando ao problema inicial, qual seria o motivo para as folhas das árvores apresenta¬
rem a cor verde?
Sabemos que uma parte da luz que atinge um determinado objeto é refletida e outra parte é
absorvida por ele. Conseguimos observar a maioria dos corpos pela luz refletida neles. Assim, são os
raios refletidos por um objeto que determinam suas cores, e não as cores absorvidas pelos pigmentos
presentes no objeto. Um exemplo é uma margarida. Você diria que ela é amarela, mas podemos dizer
que ela absorve todas as outras cores, menos a cor amarela, que é refletida aos olhos do observador.
Seguindo esse raciocínio, as folhas das árvores absorvem todas as cores, menos a cor verde, que,
refletida por elas, é observada por nós.

O pigmento responsável pela fotossíntese, a clorofila, absorve todas as cores do espectro visível da luz solar,
menos uma: o verde. Assim, a única cor que chega aos nossos olhos, pois as outras foram absorvidas pela
folha, é o comprimento de onda verde, que dá a cor às folhas das plantas. Certas plantas, cujas células que
realizam a fotossíntese morrem durante o outono, exibem nessa estação do ano folhas com coloração ama¬
relada, em função de outros pigmentos fotossintéticos que alteram a cor das folhas.

Análise

0 enunciado a seguir deverá ser utilizado nas questões 1 e 2.

Professor Astrogildo combinou com seus alunos de visitar uma regido onde ocorria extração
de minério a céu aberto, com a intenção de mostrar os efeitos ambientais produzidos por
aquela atividade. Durante o trajeto, o professor ia propondo desafios a partir das situações
do dia a dia vivenciadas ao longo do passeio. Algumas das questões propostas pelo profes¬
sor estão apresentadas a seguir para que você respondo.

1) (UFRN) Professor Astrogildo mostrou à turma a grande quantidade de poeira e fuligem


depositada sobre a vegetação em torno da área da mineração, alertando para os prejuízos
provocados nas funções das plantas. Nesse caso, a função vegetal que está diretamente
prejudicada é a:
a. fotossíntese;
b. germinação;
c. síntese proteica;
d. divisão celular.
2) (UFRN) Professor Astrogildo mostrou que os arbustos de uma mesma espécie, localizados
mais próximos da mineração, eram menores do que aqueles mais afastados. Ele esboçou,
ainda, o gráfico de compensação fótica para a espécie desse arbusto:

fótica

O Metabolismo dos Seres Vivos


Com base no gráfico, pode-se afirmar que a situação dos arbus¬
tos menores está melhor expressa em:
a. I.
b. II.
c. III.
d. IV.

3) (Fuvest) Considere as seguintes informações:


I. A bactéria Nitrosomonas europaea obtém a energia neces¬
sária a seu metabolismo a partir da reação de oxidação de
amónia a nitrito.
.
II A bactéria Escherichia coli obtém a energia necessária a
seu metabolismo a partir da respiração aeróbica ou da
fermentação.
III. A bactéria Halobacterium halobium obtém a energia neces¬
sária a seu metabolismo a partir da luz captada por um
pigmento chamado rodopsina bacteriana.

Com base nessas informações, Nitrosomonas europaea,


Escherichia coli e Halobacterium halobium podem ser classifica¬
dos, respectivamente, como organismos:
a. autotróficos; autotróficos; autotróficos;
b. autotróficos; heterotróficos; autotróficos;
c. autotróficos; autotróficos; heterotróficos;
autotróficos; heterotróficos; heterotróficos;
e. heterotróficos; autotróficos; heterotróficos.

4) (UFMG) Para uma receita de pão caseiro, é necessário utilizar fari¬


nha, leite, manteiga, ovos, sal, açúcar e fermento. Esses ingredientes
são misturados e sovados e formam a massa, que é colocada para
"descansar". A seguir, uma bolinha dessa massa é colocada num
copo com água e vai ao fundo. Depois de algum tempo, a bolinha
sobe à superfície do copo, indicando que a massa está pronta para
ser levada ao forno. Com relação à receita, é correto afirmar que:
a. A farinha é constituída de polissacarídeos, utilizados direta¬
mente na fermentação.
b. A manteiga e os ovos são os principais alimentos para os
micro-organismos do fermento.
c. A subida da bolinha à superfície do copo se deve à respiração
anaeróbica.
Os micro-organismos do fermento são protozoários aeróbicos.

O Metabolismo dos Seres Vivos\j^/


Seção de Sistematização
Observe o esquema a seguir e relembre o que foi estudado nesta unidade, preen¬
chendo os espaços com os termos adequados.

A menor parte de
um ser vivo é a

A uma série de reações químicas que A célula é formada por


uma célula produz damos o nome de
.
— estruturas menores
que chamamos de

I 1 I
Para obter ener¬ A maioria dos ecossis- Os organismos
gia, o nosso temas depende direta que realizam
organismo realiza ou indiretamente das
plantas, que reali¬ são muito importan¬
zam o processo da tes para a indústria
fotossíntese graças a de produção de ali¬
organelas especiali¬ mentos, pois muitos
zadas chamadas de desses organismos
são responsáveis pela
fabricação de queijos,
pães e bolos, bebidas
alcoólicas, etc.
Unidade í

Como se
Formam os
Organismos
J
áestudamos alguns aspectos da célula
na unidade anterior. Mas você já
refletiu sobre a importância do estudo
da célula e em que ele pode ser aplicado? Que
descobertas foram possíveis a partir desse estudo
e por que é importante que os cientistas conti¬
nuem a estudá-la?
As células são as estruturas mais básicas
presentes em nosso organismo, comportando
todo o material necessário para realizar as
funções vitais de nosso corpo, como nutrição,
produção de energia e reprodução. Para enten¬
der como nosso corpo funciona, é preciso estudar
as células.

Para relembrar as principais estruturas e funções


das células, acesse: <http://www.sobiologia.com.
br/conteudos/Corpo/Celula.php>.
Capítulo 1

0 Trabalho Integrado das Células


no Organismo
mmutlu/Shutterstock

Feto no útero materno.

Reflexão

Todos nós nos desenvolvemos a partir de uma única célula. Você saberia explicar como um
organismo completo é formado a partir de uma célula?

Para responder a essa pergunta, temos de pensar como as informações contidas na célula ini¬
cial, o zigoto, são identificadas e traduzidas em estruturas especializadas. Vamos começar refletindo
sobre a seguinte questão: Quem organiza a célula?

O Trabalho Integrado das Células no Organismo


A Organização da Célula

Membrana nuclear
Nudeoplasma

Nudéolo

Cromatina

Núdeo celular.

Geralmente, quando se fala em genética, a maioria das pessoas


pensa imediatamente em testes de paternidade; porém, a abrangência
desse campo de estudo é muito mais ampla. Para entendermos o que
geneticistas e profissionais de diversas áreas da biotecnologia estudam,
temos de compreender quem comanda a célula. O funcionamento da
célula é uma complexa integração, na qual cada organela apresenta diver¬
sas atividades que são dependentes do meio em que se encontram.
Entretanto, todo o funcionamento celular deve ter um comando
central que o coordene e organize, e quem realiza essa função essencial
nas células eucarióticas é o núcleo. Dependendo do tipo de célula e de sua
função, o núcleo pode variar de forma e até de quantidade por célula.
Quando a célula não está em processo de divisão celular, ou seja,
quando está desempenhando suas funções de rotina, como síntese de Do latim inter = no meio,
substâncias, dizemos que a célula está em período de interfase. entre + fase = etapa, ou
seja, entre etapas.
Ao estudarmos a célula na unidade anterior, comparamos o mate¬
rial genético ao diretor de uma fábrica e a membrana nuclear à sala do
diretor. No entanto, o núcleo celular é uma estrutura muito complexa.
Para ajudar na compreensão de suas partes e de como funcionam, vamos
fazer outra comparação.
Imagine que você ganhou uma imensa coleção de vídeos sobre
culinária. A caixa que contém os vídeos em DVD ou outro suporte tec¬
nológico pode ser comparada à membrana nuclear, ou carioteca. Dentro
da caixa também estão folders informativos sobre cada vídeo, lista dos
vídeos, fascículos com as receitas demonstradas, capas para proteção dos
vídeos e das receitas que irão ajudar na manutenção e uso da coleção, etc.
Comparativamente, a “caixa” do núcleo celular é a membrana nuclear.

0 Trabalho Integrado das Células no Organismo


Enoveladas: Dentro dela, encontramos um meio aquoso formando a cariolinfa, ou
Envolvidas por fios como nucleoplasma, composta por vários elementos, como enzimas, ATPs e
um novelo de lã. íons dissolvidos. Os vídeos em DVD (ou outro suporte tecnológico de
DNA: informações audiovisuais) podem ser comparados às fitas de DNA. Essas
Em inglês, sigla de moléculas estão enoveladas por proteínas básicas (histonas), que formam
deoxyribonucleic acid; fios de cromatina e condensam-se na divisão celular, formando os cro¬
em português, ADN, ou
ácido desoxirribonucleico. mossomos. Segundo essa comparação, cada vídeo faria o mesmo papel
que um cromossomo, e a coleção completa de vídeos seria a cromatina.
RNA:
Em inglês, sigla de Alguns cromossomos apresentam uma região densa, na qual estão
ribonucleic acid; em os genes que são responsáveis pela síntese de RNA ribossômico: é a
português, ARN, ou ácido
ribonucleico. região do nucléolo. O nucléolo pode ser comparado com o menu inicial
do filme, em que podemos escolher os capítulos do filme, idioma normal
e legendas.

Relações entre o núcleo celular, cromossomo e DNA.

Como comentamos, os cromossomos são formados a partir de


moléculas de ácido desoxirribonucleico e histonas.
A produção de certas proteínas ou polipeptídeos é comandada
por trechos de DNA, denominados genes. São os genes que contêm
a informação genética para a produção de moléculas de RNA. Se nos
lembrarmos da comparação inicial, o DNA seria o conteúdo dos vídeos
(as receitas demonstradas neles) e cada ingrediente e recomendação de
uma receita seriam os genes.

0 Trabalho Integrado das Células no Organismo


Composição dos Ácidos
Nudeicos
Os ácidos nucleicos, DNA e RNA, são formados por várias par¬
tes menores chamadas nucleotídeos. Pensando ainda na comparação
apresentada anteriormente, cada informação visual do vídeo (DNA) é
transmitida por imagens (nucleotídeos) em sequência.

Nudeotídeos do DNA

Nucleotídeos do DNA.

Um nucleotídeo é a reunião de três moléculas, uma molécula de


fosfato, um carboidrato monossacarídeo, que no DNA é a desoxirribose
e no RNA é a ribose, mais uma molécula de uma base nitrogenada.
As bases nitrogenadas, que se constituem em moléculas orgânicas com¬
postas de nitrogénio, são divididas em dois grupos:
• Bases Púricas - Têm um duplo anel de átomos de carbono e
derivam da purina são a adenina e a guanina.
• Bases Pirimidínicas - Têm anel simples; são a citosina, a timina
e a uracila.
Voltando à comparação com os vídeos de receitas culinárias, pode¬
mos dizer que cada letra (base nitrogenada) de uma palavra dita no filme
contém uma informação.

0 Trabalho Integrado das Células no Organismo


0 Código Genético
Mas como a sequência de bases nitrogenadas formará ami-
noácidos? Qual é o segredo ou código?

Você já pensou sobre como o computador transforma os impulsos


elétricos em informações? Faça uma breve pesquisa e descubra como
é o código da linguagem realizada por um computador. Registre no
espaço abaixo o que você descobriu.

A interpretação do material genético presente nas células fun¬


ciona de forma similar à realizada por um computador. Em vez de uma
sequência de zero e um, como ocorre no computador, uma sequência
de bases nitrogenadas será traduzida em determinados aminoácidos.
O segredo desse código é simples: a cada três bases nitrogenadas, as
chamadas trincas ou tríades, um determinado aminoácido é codificado.

0 Trabalho Integrado das Células no Organismo


Voltando à comparação inicial, se um nucleotídeo é um momento do
vídeo de culinária, as bases nitrogenadas são todas as letras das sentenças
faladas naquele trecho, e as trincas são cada palavra, que será traduzida
em um ingrediente a ser acrescentado no prato (aminoácido produzido).
Assim como a união de vários ingredientes formará um prato (por exem¬
plo, um bolo), a união de vários aminoácidos formará uma proteína.
Dependendo da sequência de bases, diferentes aminoácidos serão
codificados e a reunião deles formará diferentes proteínas. A sequência
e a quantidade de ingredientes diferentes, portanto, também formarão
bolos diferentes. Exemplificada essa situação, temos que a sequência
AAG codificará o aminoácido fenilalanina; já a sequência AAC formará
o aminoácido leucina.

Síntese de proteínas a partir de trincas de bases nitrogenadas.

O corpo humano é capaz de sintetizar (produzir) 12 aminoácidos;


porém, a combinação possível de bases nitrogenadas nas trincas poderia,
teoricamente, codificar até 64 aminoácidos. Entretanto, como na natu¬
reza encontramos apenas 20 aminoácidos, sequências diferentes podem
codificar o mesmo aminoácido, como no caso do aminoácido serina, que
pode ser codificado pelas trincas AGA, AGG, AGT e AGC. Por essa
característica, diz-se que o código genético é degenerado.

Duplicação do DNA
A molécula de DNA, que é conhecida por ter o formato de uma
dupla hélice, duplica-se em um processo denominado duplicação semi-
conservativa, no qual a molécula original de DNA é sintetizada pela ação
da enzima DNA polimerase.

O Trabalho Integrado das Células no Organismo


É dita semiconservativa porque cada molécula de DNA resultante contém um filamento do
DNA original, conforme a representação a seguir.

0 Processo de Transcrição do DNA em RNA


Mas como a informação contida nas tríades de bases nitrogenadas no DNA é levada
para o citoplasma?
Como as moléculas de DNA são muito grandes, seria um tremendo desperdício de energia,
além de perigoso (o material genético é delicado), levar todo esse material cheio de informações
preciosas para fora do núcleo celular a fim de ser traduzido em aminoácidos.
Para entender o que ocorre com a informação contida no DNA, lembre-se de nosso exemplo
sobre a coleção de vídeos de culinária. Se a informação contida nessa coleção (núcleo) precisar ser con¬
sultada e levada para uma cozinha, será viável levar todos os vídeos por causa de apenas algumas cenas
que mostram uma receita? É claro que não. Poderia ser feita uma cópia da informação original, uma
transcrição do trecho do vídeo, que seria anotada em uma folha de papel e levada para a cozinha.

O Trabalho Integrado das Células no Organismo


Na célula acontece algo similar. O DNA é lido da mesma forma que assistimos e compreen¬
demos um vídeo. Um trecho do DNA que contém a informação necessária é copiado, assim como
transcrevemos uma receita demonstrada em um vídeo. A essa cópia do DNA damos o nome de
RNA mensageiro, ou apenas RNAm. Se, para copiar a informação de um trecho do vídeo, preci¬
samos de caneta e papel, no núcleo celular o processo de transcrição ocorre pela ação da enzima
RNA-polimerase. Essa enzima proporciona o emparelhamento de nucleotídeos na molécula de RNA
(assim como organizamos as letras em palavras), conforme a complementação da sequência de bases
nitrogenadas contidas na fita de DNA, sintetizando, assim, uma molécula de RNA de acordo com o
molde no DNA, como demonstrado no modelo a seguir.

Processo de transcrição do DNA.

0 Processo de Tradução de RNA em Proteínas


A informação transcrita do DNA, na forma de RNAm, sai da região nuclear e é levada ao cito¬
plasma, na direção dos ribossomos. O processo assemelha-se à cópia de uma receita de bolo de um
vídeo de receitas que é levada para a cozinha. Nessa cópia, serão identificados os ingredientes que
formarão o prato. De modo semelhante, no citoplasma são identificados (traduzidos) os aminoácidos
do RNAm, que darão origem às proteínas.
As moléculas de RNAm são formadas por três partes: um códon de iniciação, códons diversos
e um códon de terminação.
Mas como os ribossomos percebem onde começar a traduzir a fita de RNA?
Na verdade é bem simples. Eles iniciam a tradução quando encontram a sequência AUG no
RNA (códon AUG), que significa “começo da síntese”. Entre o começo e o fim do processo de tra¬
dução, há vários códons (trincas) no RNAm que serão traduzidos em uma cadeia polipeptídica: são os
códons diversos. E quando os ribossomos param de sintetizar uma cadeia polipeptídica? Só quando
encontram qualquer um dos seguintes códons de terminação: UAG, UAA ou UGA.
Dessa forma, podemos dizer que o processo de síntese de proteínas é chamado de tradução,
isto é, uma tradução da sequência de bases nitrogenadas em aminoácidos, assim como traduzimos as
palavras de uma receita em ingredientes que iremos utilizar para produzir um prato.

0 Trabalho Integrado das Células no Organismo


Além do RNAm, outros dois tipos de RNA participam da síntese proteica - o RNA ribossômico
(RNAr) e o RNA transportador (RNAt).
O RNA ribossômico ocorre associado a proteínas, formando os ribossomos, as organelas celu¬
lares que já estudamos.
Já o RNA transportador é uma molécula que está ligada, de um lado, a um aminoácido especí¬
fico e, de outro, a uma sequência de bases nitrogenadas, denominada anticódon.

O processo de tradução é realizado em três etapas distintas: iniciação, alongamento e


terminação.
A fase de iniciação começa com o acoplamento da molécula de RNAm nas subunidades do
ribossomo. O RNAt, que leva o aminoácido metionina, une-se à subunidade menor do ribossomo
e ambos deslizam sobre a molécula de RNAm, até que a sequência AUG seja encontrada. Assim,
inicia-se o processo de tradução pelo acoplamento da unidade menor do ribossomo à porção maior.

Processo de tradução do RNA.

0 Trabalho Integrado das Células no Organismo


Em seguida, ocorre a fase de alongamento. Essa etapa é a fase em
que a cadeia polipeptídica é sintetizada. É exposto um determinado códon
do RNAm, e a ele vários RNAt acoplados a determinados aminoácidos
tentam se ligar, mas somente o RNAt com o anticódon complementar
específico irá conectar-se.
Quando o anticódon do RNAt se liga ao códon do RNAm, o ribos-
somo auxilia na formação de cadeias de aminoácidos unidos por ligações,
que denominamos de ligações peptídicas. A sequência de aminoáci¬
dos unidos por ligações peptídicas é chamada de cadeia polipeptídica.
Quando essa sequência apresenta mais que 20 aminoácidos, denomina¬
mos essa molécula de proteína.
Quando os ribossomos chegam a determinados códons, os chama¬
dos códons de terminação, é finalizada a síntese da cadeia polipeptídica
com o desacoplamento do ribossomo da molécula de RNAm, sendo essa
etapa chamada de fase de terminação.

DNA

Resumo dos três mecanismos essenciais que o material genético realiza.

O Trabalho Integrado das Células no Organismo


w Análise

1) (UniRio) No filme Jurassic Park, de Steven Spielberg, cientistas


retiraram do intestino de insetos hematófagos fósseis moléculas
de DNA de dinossauros. A reconstituição dessas moléculas teria
sido feita por meio da inserção de fragmentos de DNA de rã.

Apesar da eficiência proposta no filme, na prática esse procedi¬


mento é extremamente improvável porque:
na:
a. Seria necessário encontrar um genoma completo e conhecer
Conjunto de genes. A
| sua ordem nos cromossomas.
b. A composição química do DNA dos dinossauros é diferente
das encontradas em espécies atuais.
c. As características do organismo se devem à estrutura primária
das proteínas e não do DNA.
d. O DNA coletado sofre mutações durante o período em que
ficou fossilizado.
e. Não existem técnicas para a inserção de fragmentos de DNA
de uma espécie em outra.

2) (PUC-SP) No vaga-lume há um gene que determina a produção


de luciferase, enzima responsável pela oxidação da substância
luciferina, levando à produção de luz.

Por meio da engenharia genética, esse gene foi transferido para


uma célula vegetal e, a partir desta, obteve-se uma planta inteira.
Após ser regada com solução de luciferina, a referida planta
começou a emitir luz. O resultado desse experimento indica que
a planta:
a. Incorporou um segmento de RNA do vaga-lume, a partir do
qual as células da planta produziram RNA e luciferase.
b. Incorporou um segmento de RNA do vaga-lume, a partir do
qual as células da planta produziram DNA e luciferase.
c. Incorporou um segmento de DNA do vaga-lume, que possibi¬
litou às células da planta a produção de luciferase.
Incorporou um segmento de DNA do vaga-lume, que não pos¬
sibilitou a produção de RNA nem de luciferase.
e. Não expressou o gene do vaga-lume.

O Trabalho Integrado das Células no Organismo


3) (Unesp) Uma das técnicas utilizadas para estudos em biologia
molecular é a reação de PCR (sigla em inglês para Reação em
Cadeia da Polimerase). Nesta reação, a fita dupla hélice de DNA é
aberta à temperatura de ± 90 °C e cada fita simples serve de molde
para que a enzima DNA polimerase promova a síntese de novas
moléculas de DNA. O processo se repete várias vezes, sempre a
temperaturas ao redor de 90 °C, e produz milhares de cópias da
fita de DNA. A mecanização e o emprego desta técnica permitiram
o desenvolvimento do projeto Genoma Humano. Considerando
que, nessa técnica, a enzima DNA polimerase deve manter-se
estável e atuar sob temperatura elevada, é possível deduzir que
essa enzima foi obtida de:
a. alguma espécie de bactéria;
b. vírus bacteriófagos;
c. algum tipo de vírus infectante de células eucariontes;
d. células-tronco mantidas in vitro;
e. células de animais adaptados a climas quentes.

Conhecendo os processos que estudamos até aqui, os cientistas come¬


çaram a elaborar técnicas que possibilitaram inserir genes de uma espécie
em outra. Um exemplo bem-sucedido da aplicação de tais técnicas foi a
colocação de genes responsáveis pela fabricação de insulina humana em bac¬
térias, para que fosse possível extrair insulina para pessoas diabéticas. Este
é um exemplo da aplicação de organismos geneticamente modificados ou
transgênicos. O organismo transgênico fabrica RNAm e outras substâncias
a partir daquele fragmento de origem externa, como se fosse dele próprio o
material. Essas características transgênicas são hereditárias. Note que essa
nova tecnologia possibilitou a melhoria da qualidade de vida de várias pes¬
soas, mas também levanta críticas.
Leia o trecho de texto a seguir, que expõe algumas das críticas à pro¬
dução de transgênicos.

"Em regiões ou países que optem por produzir transgênicos,


a regulação deveria se basear no princípio da precaução e no direito
dos consumidores de ter uma escolha informada, por exemplo, por
meio de etiquetas", acrescenta o relatório. "As consequências das
tecnologias emergentes sobre as metas de sustentabilidade ainda
são muito debatidas", avaliam os autores. "A possibilidade de con¬
taminação genética de algumas espécies está demonstrada e deve
ser parte indispensável das políticas de biossegurança, que, ao
mesmo tempo, devem evitar a contaminação de outros sistemas
produtivos livres de transgênicos.
Fonte: BBC BRASIL. ONU diz que práticas agrícolas precisam mudar.
15 abr. 2008. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/
story/2008/04/080415_alimento_onu_dg.shtml>.

vâÈ
O Trabalho Integrado das Células no Organismo
Para aprofundar seus conhecimentos sobre as críticas à produção de transgênicos, acesse: <http://www.greenpeace.
org/brasil/pt/O-que-fazemos/Transgenicos/>.

Pesquise sobre a produção de transgênicos no contexto brasileiro e registre argumentos


contra e a favor do plantio e consumo desse tipo de produto agrícola.

Analise as informações pesquisadas e responda às questões a seguir.

1) Por que há perigo de contaminação genética?

2) Qual é a importância de se preservar a diversidade genética?

O Trabalho Integrado das Células no Organismo


1) (PUCCAMP) As técnicas de manipulação genética, utilizadas
para a obtenção de seres transgênicos, permitiram a criação
do primeiro produto transgênico de grande impacto na agri¬
cultura: a soja resistente a um potente herbicida, o "round-up".
Com o uso dessa variedade, as técnicas de controle de pragas
nas culturas de soja sofreram mudanças e os custos de produção
diminuíram. A transferência de genes bacterianos para o genoma
de uma planta amplamente cultivada e usada na alimentação ani¬
mal e humana vem gerando, porém, questionamentos de cunho
político, científico e filosófico.

Esses questionamentos justificam-se porque:


a. O custo dos transgênicos será certamente maior do que o dos
produtos convencionais.
b. Todos os países passarão a produzir soja, prejudicando os atuais
exportadores.
c. Não se conhecem os efeitos que os transgênicos podem ter na
saúde das pessoas.
d. Eliminando-se as pragas da lavoura, muitas cadeias alimentares
desaparecerão, beneficiando o meio ambiente.
e. Os transgênicos simplificarão muitas cadeias alimentares, elimi¬
nando todos os competidores do homem e dos animais que ele
cria.

2) (ENEM) O milho transgênico é produzido a partir da manipulação


do milho original, com a transferência, para este, de um gene
de interesse retirado de outro organismo de espécie diferente.
A característica de interesse será manifestada em decorrência:
a. Do incremento do DNA a partir da duplicação do gene transferido,
b. Da transcrição do RNA transportador a partir do gene transferido,
c. Da expressão de proteínas sintetizadas a partir do DNA não
hibridizado.
d. Da síntese de carboidratos a partir da ativação do DNA do milho
original.
e. Da tradução do RNA mensageiro sintetizado a partir do DNA
recombinante.

O Trabalho Integrado das Células no Organismo


3) (UNB - Adaptado) Acerca dos organismos transgênicos, julgue os
itens a seguir.
a. Transgênicos são organismos produzidos com a tecnologia do
DNA recombinante, que permite a inclusão de genes de organis¬
mos de espécies diferentes no genoma de bactérias, plantas e
animais.
Organismos geneticamente modificados podem ser resistentes a
produtos químicos, como herbicidas, ou agir como inseticidas.
c. Os debates atuais a respeito dos transgênicos resumem-se à
questão da rotulagem, isto é, à obrigatoriedade da apresenta¬
ção, na embalagem de alimentos produzidos com técnicas da
biotecnologia, de informação relativa à natureza transgênica do
produto.
d As técnicas de melhoramento genético tradicionais, como a poli-
ploidização, podem ser consideradas exemplos de biotecnologia
aplicada à fabricação de organismos transgênicos.

4) (UFSC - Adaptado) Porcos têm sido criados transgenicamente para


que seus órgãos possam ser transplantados em homens; cientistas
desenvolvem ovelhas "autotosquiáveis", isto é, a lã cai sozinha no
devido tempo; genes de galinha são introduzidos em batatas, dei¬
xando os vegetarianos confusos com a perspective de cruzar animais
com plantas [...]
Fonte: Ciclo vital, vol. 4, 1999, p. 14.

A citação anterior mostra avanços da Engenharia Genética. Assinale


a(s) proposição(ões) verdadeiras(s) sobre a transgenia e suas impli¬
cações com relação à saúde e ao meio ambiente.
a. Cientistas interferem na evolução natural das espécies, alte¬
rando geneticamente animais e plantas.
b. Os genes alienígenas permitem ao organismo receptor produzir
substâncias que nunca produziriam em condições naturais.
c. Os alimentos transgênicos não representam nenhuma ameaça
à saúde humana, e por isso não necessitam ser testados em
outras espécies de animais, antes de chegarem ao homem.
d A produção de insulina, a partir de transferência de genes
humanos para bactérias, que passam, incontinentemente, a
produzir esse hormônio, é uma das experiências bem-sucedidas
da transgenia.
e. Os organismos transgênicos são aqueles que recebem segmen¬
tos de DNA da mesma espécie.
f. É fundamental o estabelecimento de limites, tanto por parte
dos cientistas como dos governantes, para que as manipulações
genéticas não resultem em impactos ambientais irreversíveis.

O Trabalho Integrado das Células no Organismo


Capítulo 2

Como as Células se Perpetuam


Ao longo de seu ciclo vital, uma célula pode ser danificada ou destruída. Para repor células
perdidas, nosso organismo apresenta uma brilhante estratégia: de tempos em tempos, a célula cria
cópias dela mesmo, em um processo de divisão celular que denominamos mitose.
Quando um organismo precisa se reproduzir, o ideal é combinar o seu material genético com
o de outro indivíduo da mesma espécie, para que surjam novas variedades. As estruturas que estão
relacionadas a esse tipo de reprodução, que é chamada de sexuada, são os gametas. O processo de
divisão celular que forma gametas (como o espermatozóide e o óvulo) é chamado de meiose.
Na maior parte do tempo, a célula está realizando suas atividades metabólicas rotineiras, que
ocorrem desde o momento em que ela foi originada até o momento em que se divide. Esse período
do ciclo celular, como já vimos, é chamado de interfase e é dividido em três etapas: Gp S e Gr

Quando ocorrem divisões celulares, os cromossomos se encontram no seu


momento máximo de compactação, como podemos observar na imagem.
Note que existem três cromossomos nQ 21, o que caracteriza um indivíduo
masculino (cromossomo Y) e com Síndrome de Down.

A etapa Gt (a letra G faz referência à palavra inglesa gap, que significa “intervalo” ou “des¬
canso”) é a fase que ocorre após o término de uma divisão celular. Nesse momento, a célula acumula
nutrientes e energia para se preparar para a produção de ácidos nucleicos e para outra divisão nas
etapas seguintes.

Como as Células se Perpetuam


Na etapa Gp que pode durar de 3 a 8 horas, ocorre a síntese de proteí¬
nas e RNA, além do crescimento celular. Esse crescimento é necessário para
que a célula se recupere do processo da divisão celular ocorrido.

No estágio S (de síntese), que pode durar de 6 a 10 horas, a célula


sintetiza novas moléculas de DNA, duplicando sua quantidade de mate¬
rial genético por meio do processo de duplicação semiconservativa do
DNA. O material duplicado resulta na formação de cromátides similares
nos cromossomos, denominadas cromátides-irmãs, que têm a configuração
de um X ou A na metáfase e ficam unidas por uma região chamada centrô-
metro, conforme podemos observar na imagem a seguir.

0 ser humano, em geral, possui 46 cromossomos, sendo 44 cromossomos autossômicos e 2 cromossomos sexuais.

Como as Células se Perpetuam


Com os cromossomos duplicados, a célula pode avançar para
Os cromossomos podem ser
o próximo estágio da divisão celular, chamado de G2, que dura observados individualizados
cerca de 4 horas. Nesse período, o metabolismo celular é mais ativo, ao microscópio óptico apenas
com o objetivo de fabricar mais energia (moléculas de ATP), que nas fases de máxima compac-
tação, que ocorre nas divisões
será utilizada durante o processo de divisão celular e de duplicação
celulares.
dos centríolos.

Divisões Celulares
As divisões celulares podem se realizar por meio de mitose ou de
meiose.

Mitose
No processo mitótico, uma célula origina outras duas com a mesma
informação genética que a célula original. Além da regeneração celular,
como em um machucado em processo de cicatrização, a mitose é impor¬
tante no crescimento e desenvolvimento de organismos pluricelulares, ou
seja, com mais de uma célula.

Representação gráfica da mitose.

A mitose se compõe de quatro etapas fundamentais: prófase,


metáfase, anáfase e telófase, como podemos observar no esquema apre¬
sentado a seguir.

Como as Células se Perpetuam


rÉk)
Esquema representativo da mitose

Fragmentos da
Cromátides-irmãs
carioteca

Fuso acromático

METÁFASE
Fibras
cromossômicas
Cromossomos condensados alinha¬
dos no equador (placa metafásica)

ANÁFASE Encurtamento
das fibras
cromossômicas

dos nucléolos Reorganização da


carioteca

Divisão citoplasmática Cromossomos simples em


(citocinese) descondensação

Como as Células se Perpetuam


Esse processo é vital para o crescimento e a regeneração celulares. Entretanto, se o material
genético for danificado, os erros podem passar para as futuras células por meio da mitose e isso pode
ser muito perigoso, como podemos verificar com a leitura do texto reproduzido a seguir.

O que é o câncer?
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o
crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo
espolhar-se (metástase) para outras regiões do corpo.
Dividindo-se rapidamente, essas células tendem a ser muito agressivas e incontrolá-
veis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias
malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada
de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original,
roramente constituindo um risco de vida.
Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Por
exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele porque a pele é formado de mais de um
tipo de célula. [...]
Outras característicos que diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são a velo¬
cidade de multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou
distantes (metastases).
O que causa o câncer?
As causas de câncer são variadas, podendo ser externos ou internos ao organismo,
estando ambas inter-relacionadas. [...]
De todos os casos, 80% a 90% dos cânceres estão associados a fatores ambientais.
Alguns deles são bem conhecidos: o cigarro pode causar câncer de pulmão, a exposição
excessiva ao sol pode causar câncer de pele, e alguns vírus podem causar leucemia. Outros
estão em estudo, como alguns componentes dos alimentos que ingerimos, e muitos são
ainda completamente desconhecidos.
O envelhecimento traz mudanças nas células que aumentam a sua suscetibilidade à
transformação maligna. Isso, somado ao fato de as células das pessoas idosas terem sido
expostas por mais tempo aos diferentes fatores de risco para câncer, explica em parte o
porquê de o câncer ser mais frequente nesses indivíduos. Os fatores de risco ambientais de
câncer são denominados cancerígenos ou carcinógenos. Esses fatores atuam alterando a
estrutura genética (DNA) das células.
O surgimento do câncer depende da intensidade e duração da exposição das células
aos agentes causadores de câncer. Por exemplo, o risco de uma pessoa desenvolver cân¬
cer de pulmão é diretamente proporcional ao número de cigarros fumados por dia e ao
número de anos que ela vem fumando.
Fonte: INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER - INCA. Câncer. Disponível em: <http://wwwl.inca.gov.
br/conteudo_view.asp?id=322>.

Com base na leitura, produza um pequeno texto que estabeleça relações entre o processo
de mitose e o câncer.

Como as Células se Perpetuam


Meiose
Cromossomos homólo¬
Como vimos, a meiose forma os gametas, utilizados na reprodu¬
gos - São cromossomos
ção sexuada. No final do processo meiótico, ocorre a formação de quatro iguais entre si (tamanho
células com apenas metade do número de cromossomos da célula inicial. e forma), um prove¬
A meiose apresenta duas fases importantes: niente da mãe e outro
do pai, que apresentam
• Meiose I ou Meiose reducional - E a fase em que os cromos¬ genes para a mesma
somos homólogos emparelham-se e podem permutar material proteína ou para proteí¬
nas muito parecidas.
genético (crossing over), reduzindo-se à metade a quantidade de
cromossomos.
• Meiose II ou Meiose equacionai - É a fase em que os cromossomos duplicados são
balanceados.

Prófasell Metáfase II Anáfase II Telófase II

Processo de meiose.

Assim como na mitose, cada etapa da meiose (I e II) se compõe das fases de prófase, metáfase,
anáfase e telófase correspondentes.
A meiose é o processo em que são formados os
gametas, ou células sexuais, que no homem é o esper¬
matozóide e na mulher, o óvulo. Uma diferença é que os Para saber mais sobre a aplicação
meninos começam a produzir espermatozóides na ado¬
dos estudos genéticos em tratamen¬
tos contra o envelhecimento, acesse:
lescência e o fazem até a velhice, produzindo tais células
<http://www.bbc.co.uk/portugue
sem cessar. Nas mulheres o processo é diferente. A pro¬
se/ciencia/2011/01/110126_enve
dução de gametas ocorre ainda dentro do útero materno
lhecimento_rc.shtml>.
e tais células vão sendo eliminadas a cada ciclo menstrual.

Como as Células se Perpetuam


Essas células especializadas irão terminar a sua divisão meiótica para
formar o óvulo apenas quando o espermatozóide fecundar o ovócito II.
Dizemos, então, que a mulher elimina no seu ciclo menstrual ovócito II, e
não óvulo. O óvulo será formado apenas no momento da fecundação com
o espermatozóide. Quando acabam os ovócitos armazenados nos ovários
femininos, a mulher passa por uma fase denominada menopausa.

Reprodução
Como já estudamos, a reprodução é uma característica presente
em todos os seres vivos. Podemos separar os diversos tipos de reprodu¬
ção em dois grupos: reprodução assexuada e reprodução sexuada.
A reprodução assexuada é o tipo de reprodução que forma seres
geneticamente idênticos entre si, originados por mitose. Dependendo do
grupo de seres vivos a que nos referimos, a reprodução assexuada recebe
nomes específicos. Assim, nas bactérias e seres unicelulares, ela é chamada
de bipartição; nas plantas, de propagação vegetativa; nos animais, de brota-
mento ou gemiparidade.
Já a reprodução sexuada envolve mistura de material genético de
indivíduos que pertencem a uma mesma espécie. No caso do ser humano,
essa mistura é proporcionada pelo processo da meiose e formalizada pela
união do espermatozóide com o óvulo.
Há seres vivos com os sexos separados, como as abelhas, e
seres que apresentam os dois sexos no mesmo indivíduo, chama¬ Alguns cientistas defendem que
dos de hermafroditas, como é o caso de minhocas e de algumas plantas transgênicas hermafro¬
plantas que apresentam as duas partes sexuais na mesma flor. ditas que realizam fecundação
Dependendo da espécie de planta hermafrodita, a flor pode reali¬ cruzada são mais propensas a
zar autofecundação ou fecundação cruzada. Na autofecundação, o espalhar genes transgênicos no
ser se fecunda sem o auxílio de outro indivíduo; já na fecundação meio ambiente do que plantas
hermafroditas que realizam
cruzada, há a troca de gametas entre indivíduos.
autofecundação.

Alfons

A soja realiza, principalmente, a autofecundação.


No caso dos animais, a etapa de fecundação entre o espermatozóide e o óvulo pode ocorrer fora
do corpo, como na maioria dos peixes, ou no interior do corpo, como é o caso das aves e dos mamíferos.

Reflexão

Você sabe como nascem as serpentes? Nascem por meio de ovos ou já saem formadas do
corpo da mãe?

Determinadas espécies de serpentes botam ovos


No Brasil, é comum utilizar o
e são denominadas de ovíparas, como é o caso da Spilotes
termo cobra em vez de "ser¬ pullatus, conhecida popularmente como “caninana”. Já a Boa
pente", porém este último é o constrictor, a jiboia que temos no Brasil, retém os ovos dentro
mais correto, pois a denomina¬ de seu corpo até que seus filhotes estejam completamente
ção cobra relaciona-se apenas
a um tipo de serpente, as do
desenvolvidos; estas são as cobras ovovivíparas. Quando
gênero Naja, presente na África não há formação de ovo e o filhote nasce completamente
e na Ásia. formado, como é o caso dos mamíferos, denominamos esses
animais de vivíparos. Esse processo não ocorre com nenhuma
espécie de serpente.

Para saber mais sobre as serpentes, acesse: <https://www.infoescola.com/repteis/cobras-peconhentas-venenosas/>.

Como o Embrião Humano é Formado?


Como nos mamíferos vivíparos, o feto humano nasce completamente formado. Para ocorrer a
formação de um novo ser humano, é necessária a união do material genético do espermatozóide (n)
com o material genético do óvulo (n), e assim se constitui o zigoto (2n). A partir do zigoto, surgirá,
então, um novo ser, mas, para isso, essa célula inicial (zigoto) irá sofrer sucessivas divisões mitóticas
e formar bilhões de células, passando por um período de diferenciação celular.
A primeira divisão mitótica na espécie humana começa 30 horas depois da fecundação. Antes
do término do período de diferenciação celular, as células embrionárias têm a capacidade de se
transformar em quaisquer tipos de células, por isso são chamadas células-tronco.

Para saber mais sobre células-tronco, donagem, biotecnologia, terapia gênica, bioética e outros temas relaciona¬
dos, acesse o site: <www.ghente.org>.

Como as Células se Perpetuam


Mas, para entendermos como o embrião humano é formado, temos
de conhecer as etapas que ocorrem desde a sua concepção. O desenvol¬
vimento embrionário apresenta fases bem características: segmentação,
gastrulação e organogênese.
Na fase de segmentação, o zigoto passa por rápidas divisões mitó-
ticas, chamadas de clivagens. Entretanto, o volume total do embrião
continua inalterado. Cada célula formada nessa fase é chamada de blas-
tômero e considerada como uma célula-tronco.
Na segmentação, é possível diferenciar duas etapas distintas, a
etapa de mórula e a de blástula. Na fase de mórula, o zigoto parece
uma amora: formado por poucas células e compacto. Já na etapa de
blástula, há um acentuado número de células e forma-se uma cavidade
central, a blastocele. No ser humano, a mórula se constitui entre o 3Q e
o 4Q dia, e a blástula implanta-se na parede do útero aproximadamente
no 6Ô dia depois de ocorrer a fecundação.

Cavidade

Blástula
(vista em corte mediano)

Etapas da segmentação: mórula e blástula. Na fase de


blástula, além dos blastômeros, há a formação da blastocele.

Na fase de gastrulação, além do crescimento do zigoto, ocorre


outro fenômeno interessante, quando um dos lados da blástula parece ser
empurrado. Uma parte da blástula entra na blastocele, por um processo
chamado invaginação, originando uma estrutura que dá nome a essa fase:
a gástrula. Com esse processo, forma-se o intestino primitivo, também
chamado arquêntero, e um orifício, o blastóporo.
Se esse blastóporo der origem à boca do
embrião, dizemos que esse embrião é protos- Do grego protos
tômio (como os moluscos e os insetos). Já se primeiro, primitivo +
stoma = boca, ou seja,
originar o ânus, dizemos que esse embrião é boca primitiva.
um animal deuterostômio (como as estrelas do
Deuterostômio:
mar e os vertebrados). Na nossa espécie, esse Do grego dêuteron =
processo se inicia entre o 14e e o 19Q dia após a secundário + stoma
fecundação. = boca, ou seja, boca
secundária.

Como as Células se Perpetuam


Etapas da formação da gástrula. Atenção aos folhetos embrionários: ectoderma, mesoderme e endoderma.

Outra característica importante da fase de gastrulação é a formação de folhetos embrioná¬


rios, que são grupos de células dispostas em camadas em forma de lâminas, a partir dos quais irão
formar-se tecidos especializados no embrião. No ser humano, há três folhetos embrionários: ecto-
derme, mesoderme e endoderme. Quando um animal possui três folhetos embrionários, é chamado
de triblástico, como os vertebrados e os insetos. Já quando possui apenas dois folhetos embrionários
(endoderme e ectoderme), é denominado de diblástico, como as esponjas-marinhas, as águas-vivas,
os corais e as anémonas.
Na fase de organogênese, os folhetos embrionários começam a originar tecidos, órgãos e os
sistemas do corpo humano. A ectoderme, por sua vez, irá originar o tecido nervoso, a pele e os
anexos. A endoderme formará os sistemas digestório e respiratório, a bexiga e várias glândulas.
A mesoderme, que na fase de nêurula delimita certos espaços chamados de celomas, irá formar os
músculos, os ossos e os sistemas circulatório, urinário e genital.

Ectoderme:
Do grego ektos = de fora
+ derma = pele, ou seja,
pele de fora, externa.
Mesoderme:
Do grego mesos = meio,
intermediário + derma
= pele, ou seja, pele do
meio, intermediária.

Endoderme:
Do grego endon =
interno + derma = pele,
ou seja, pele de dentro,
L interna.

Esquema da neurulação no a nfioxo, que é similar à do ser humano.

Como as Células se Perpetuam


A neurulação na espécie humana ocorre aproximadamente na 4- semana após a união do
espermatozóide com o óvulo. No 1Q mês de gestação, o embrião possui aproximadamente 5 milíme¬
tros de comprimento, com o início da formação de braços e pernas e o aparecimento dos batimentos
cardíacos. A organogênese, ou seja, a formação de órgãos, termina na 9- semana de gestação. Nessa
etapa, o embrião pesa cerca de 15 gramas, mede aproximadamente 2,5 centímetros e, no final dessa
semana, já possui os órgãos diferenciados, sendo então denominado “feto”.
Com três meses já pode ser determinado o sexo do feto, que apresenta cerca de 30 gramas
e 8,5 cm da cabeça aos pés. Normalmente, o feto está completamente formado e funcional após
cerca de 40 semanas, mas, se o bebê nascer prematuro, ou seja, antes da 37- semana, poderá ter
alguns órgãos ainda não funcionando completamente e precisará ficar na incubadora até que seu
desenvolvimento seja completo.

Etapas do desenvolvimento embrionário humano.

1) O desenvolvimento normal do embrião pode sofrer interferência e/ou ser danificado


dependendo de alguns fatores do ambiente que podem provocar anomalias, defeitos ou
malformações no bebê. Certos remédios, como a talidomida e a tetraciclina, podem pro¬
vocar defeitos genéticos, assim como certas drogas legalizadas, como a nicotina e o álcool.
Vários vírus também provocam alterações congénitas, como o vírus da rubéola, da catapora
e da AIDS, mas bactérias como a que causa a sífilis e protozoários como o que causa a toxo-
plasmose também podem provocar malformações congénitas.

Como as Células se Perpetuam


Dividam-se em grupos e pesquisem sobre as anomalias que os
fatores ambientais podem provocar no bebê. Cada grupo pode
pesquisar sobre um dos assuntos e apresentá-lo à turma.

2) Existem dois tipos de gêmeos, os verdadeiros, ou univitelinos, e


os fraternos, ou bivitelinos. Qual a diferença entre esses tipos de
gêmeos? Pesquise individualmente sobre o assunto e registre no
espaço a seguir o que você descobriu.

Como as Células se Perpetuam


Capítulo 3

Conjunto de Células Especializadas:


os Tecidos
Como comentamos anteriormente, na fase de gastrulação ocorre a formação dos folhetos
embrionários, que, por sua vez, irão formar tecidos especializados no embrião. Tecidos são várias
células que agem juntas para realizar uma determinada função. Em alguns tecidos, as células têm
a mesma estrutura, como no tecido muscular estriado cardíaco. Em outros, as células apresentam
diferentes formas e funções, mas atuam de maneira integrada, como ocorre no tecido conjuntivo
cartilaginoso.
Os tecidos são formados por células, substâncias intracelulares compostas principalmente
por proteínas (fibras e substância amorfa ou fundamental) e diversos tipos de líquidos, como a
linfa, o plasma sanguíneo e o líquido intersticial. Os tecidos podem ser agrupados basicamente em
quatro tipos principais: tecido epitelial, tecido conjuntivo, tecido muscular e tecido nervoso.
• O tecido epitelial tem como funções a proteção, a absorção e a secreção de substâncias,
sendo dividido em dois tipos principais: tecido epitelial de revestimento e tecido epitelial
glandular. De forma característica, o tecido epitelial de revestimento é formado por célu¬
las justapostas assentadas em uma lâmina basal com pouca ou nenhuma substância entre
as células e é avascular, ou seja, não possui vasos sanguíneos. São três os tipos de tecido
epitelial de revestimento classificados de acordo com as camadas de células: simples (uma
só camada), pseudoestratificado (núcleos em alturas diferentes) e estratificado (várias
camadas).

Colunar simples
com microvilosidades

Colunar pseudoestratificada
Escamosa estratificada
com cílios e microvilosidades

Tipos de tecidos epiteliais.

Conjunto de Células Especializadas: os Tecidos


Já o tecido epitelial glandular forma as diversas glândulas encon¬
tradas no corpo e apresenta a característica de produzir e eliminar
secreções. Se essas secreções são eliminadas dentro de um dueto e
secretadas em uma superfície, trata-se de uma glândula exócrina,
como a sudorípara (suor). Já se o produto da secreção for eliminado
nos vasos sanguíneos, trata-se de uma glândula endócrina, como a
tireoide. Quando uma glândula possui uma parte endócrina e outra
exócrina, recebe o nome de “mista”, como é o caso do fígado.
• O tecido conjuntivo apresenta grande quantidade de substância
intercelular que é sintetizada por células específicas do próprio
tecido conjuntivo. Os principais tipos de tecido conjuntivo são: denso,
frouxo, adiposo, hematopoiético, cartilaginoso e ósseo.
- O tecido conjuntivo denso é encontrado nos tendões e na pele e
possui quantidade grande de fibras colágenas, que conferem resis¬
tência às tensões.
- O tecido conjuntivo frouxo é encontrado entre os tecidos e os
órgãos e possui vasos sanguíneos, substância intercelular amorfa
viscosa com grande quantidade de água e pequena quantidade de
fibras colágenas, reticulares e elásticas encontradas de forma dis¬
persa. Realiza as funções de preenchimento, sustentação, união e
nutrição de vários tecidos.
- O tecido conjuntivo adiposo no corpo humano são as gorduras,
sendo formado por células ricas em lipídios e com pouca subs¬
tância intercelular. Apresenta as funções de isolamento térmico,
reserva de energia e proteção contra impactos.
- O tecido conjuntivo hematopoiético é utilizado no transplante de
medula óssea. No caso desse transplante, o tipo de tecido con¬
juntivo hematopoiético é o mieloide, que produz as células que
compõem o sangue. Já o tecido conjuntivo hematopoiético linfoide
é formado pelo baço, pelo timo, pelas amídalas (também chama¬
das de tonsilas) e pelos gânglios linfáticos e produz os linfócitos,
células responsáveis pela síntese de anticorpos que defendem o
organismo.
- O tecido conjuntivo cartilaginoso desempenha as funções de
sustentação e de conformação das estruturas, como podemos
observar no nariz, nas orelhas, nos discos entre as vértebras, nos
extremos de alguns ossos, nos anéis que dão forma à traqueia, etc.
Esse tecido tem como característica marcante apresentar a subs¬
tância intercelular mais consistente quando comparado com os
outros tipos de tecidos que estudamos até aqui. Tem uma grande
quantidade de fibras colágenas e elásticas, além de não possuir
vasos sanguíneos nem nervos.

Conjunto de Células Especializadas: os Tecidos


- O tecido conjuntivo ósseo é o tecido que forma o esque¬
leto e tem as funções de sustentação e proteção. Observe
que no corpo humano os ossos protegem vários órgãos
vitais, como o cérebro, o coração e os pulmões. Nesse
tecido a substância fundamental é muito resistente em
virtude da deposição de fósforo e cálcio e da riqueza de
fibras colágenas e elásticas. Lembre-se de que o osso é
um tecido vivo, já que se regenera. Portanto, há células
no interior de lacunas nos ossos que são nutridas por
vasos sanguíneos (canais de Havers), e a dor nos ossos
de algumas doenças, como a osteomielite, é devida à
presença de nervos neles.
• O tecido muscular detém a função de movimentar, loco¬
mover e sustentar o corpo. Para isso, apresenta células
alongadas chamadas fibras musculares (miofibrilas for¬
madas por duas proteínas: actina e miosina), que são
especializadas em se contrair. Encontramos três tipos de
tecidos musculares no nosso corpo: o estriado esquelético,
o estriado cardíaco e o liso. Cada um deles tem caracterís-
ticas próprias, adequadas ao papel que desempenham no
organismo.
• O tecido nervoso é formado por células que apresentam
as propriedades muito especializadas de irritabilidade e
condutibilidade, os neurônios, e por células da glia, que
têm como função a sustentação e a nutrição dos neurônios.
A superfície dos neurônios reage a estímulos, respon¬
dendo com impulsos nervosos, que são descargas elétricas
desencadeadas pela bomba de sódio-potássio, estudada na
unidade anterior. Esses impulsos percorrem as fibras ner¬
vosas ou nervos e passam de uma célula nervosa para outra
por meio de uma região específica chamada sinapse neural.
Os neurônios normalmente não se regeneram, mas as regiões
de dendritos dos neurônios, quando estimuladas, ramificam-se,
aumentando a conexão com outros neurônios e, consequentemente,
a inteligência. Assim como praticamos exercícios físicos para melho¬
rar a massa muscular, podemos realizar atividades que incrementam
nossa atividade cognitiva (de aprendizado). E importante realizar
atividades lúdicas e que necessitam de criatividade ou concentração,
como palavras cruzadas, jogos da memória e xadrez.

Conjunto de Células Especializadas: os Tecidos


A leitura reforça a memória e a imaginação, e a realização de atividades diversificadas e desa¬
fiadoras, como aprender uma língua estrangeira ou tocar um instrumento musical, contribui para
estimular a ramificação de dendritos.

0 Projeto Microscópio Virtual, desenvolvido pela Unioeste, disponibiliza imagens de tecidos epiteliais, conjunti¬
vos, musculares e nervosos. Para visualizá-las, acesse: <http://projetos.unioeste.br/projetos/microscopio/index.
php?option=com_phocagallery&view=category&id=9&ltemid=68>.
Para saber mais sobre como melhorar sua capacidade cognitiva, acesse: <https://www.infoescola.com/
psicologia/sistemas-cognitivos/>.

1) A reprodução humana, em específico o controle de natalidade, é um dos assuntos mais


importantes para um adequado planejamento familiar. De acordo com o Censo de 2010,
realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, cerca de 17,7%
das adolescentes engravidam. Assim, se essa porcentagem se mantiver, podemos afirmar
que aproximadamente 1 em cada 6 meninas brasileiras será mãe ainda na adolescência,
passando pelas situações descritas a seguir.

Conjunto de Células Especializadas: os Tecidos


Quando uma adolescente engravida, geralmente ela se vê numa situação não pla¬
nejada e até mesmo indesejada. Na maioria das vezes a gravidez na adolescência ocorre
entre a primeira e a quinta relação sexual. E quando a jovem tem menos de 16 anos, por
sua imaturidade física, funcional e emocional, crescem os riscos de complicações como o
aborto espontâneo, parto prematuro, maior incidência de cesárea, ruptura dos tecidos
da vagina durante o parto, dificuldades na amamentação e depressão. Por tudo isso, a
maternidade antes dos 16 anos é desaconselhável.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. IBGE Teen: calendários -jovens mães.
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/saude/jovensmaes.html>.

Pesquise, em grupo, sobre um dos seguintes métodos contraceptives que ajudam a preve¬
nir uma gravidez não planejada: preservativo masculino, preservativo feminino, diafragma
vaginal, dispositivo intrauterine (DIU), pílula anticoncepcional, injeção anticoncepcional,
implante anticoncepcional, vasectomia e laqueadura tubária. Depois, apresente os resulta¬
dos para a turma.

2) Além da prevenção contra uma gravidez não desejada, não devemos esquecer que, dos
métodos pesquisados, apenas as camisinhas previnem contra doenças sexualmente trans¬
missíveis (DSTs), que infelizmente têm aumentado muito no Brasil.

Que tal conhecermos mais sobre algumas doenças sexualmente transmissíveis, descobrir
qual é o organismo causador de cada doença, seus sintomas e características, modos de
transmissão, tratamentos e prevenção?

Cada grupo de alunos pode pesquisar sobre uma destas dez doenças: aids, hepatite B e C,
herpes genital, sífilis ou cancro duro, gonorreia ou blenorragia, cancro mole, linfogranu-
loma venéreo, condiloma acuminado ou crista de galo, pediculose pubiana ou chato e
tricomoníase.

Depois de reunidas as informações, cada grupo pode apresentá-las à turma.

Conjunto de Células Especializadas: os Tecidos


Seção de Sistematização
^VW/AVAWAVAV»WAW//.
Com base no que foi estudado, você pode dizer como é formado um ser
humano?

2) Quem é que coordena a célula? Quais os principais processos envolvidos nessa


organização?

3) Como as células se perpetuam?

Quais são os cuidados importantes durante a gestação humana?


A Organização dos Seres
Vivos
V ocê já ouviu falar de Charles Darwin? Ele foi um naturalista britânico que contribuiu
muito para o entendimento das relações evolutivas entre os seres vivos, o que ajudou
a classificá-los.
Você deve estar se perguntando: quais seriam, então, as categorias em que os seres
vivos são classificados?
Capítulo 1

Diversidade e Ordem
Charles Darwin afirmou que não é o mais forte que
sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às
mudanças.

) Reflexão

Pense sobre os possíveis significados da afirmação de


Darwin.
0 naturalista britânico Charles Darwin propôs, no final
Quando observamos a natureza, podemos perceber que do século XIX, a Teoria da Evolução das Espécies.
há uma enorme variedade de seres vivos que habitam o planeta
Terra. Apesar da aparente confusão, há uma ciência especiali¬
zada em descrever a biodiversidade e compreender a relação
evolutiva entre os organismos vivos: a Sistemática. Nela, estão
inclusas a Taxonomia (ciência da descoberta, descrição e classi¬
ficação das espécies e grupo de espécies) e, também, a Filogenia
(estudo das relações evolutivas entre os organismos).
Nessa imensa biodiversidade, nem todos podem ser
identificados como animais ou vegetais. Mas, afinal, se não são
animais e tampouco vegetais, que organismos são esses? Essas
perguntas sempre instigaram cientistas e curiosos que busca¬
vam entender a vida.
Muitos pensadores e cientistas se dedicaram ao assunto
tentando classificar os seres vivos. Uma pessoa que marcou o ROSLIN, Alexander. Carl von Linné, 1775. Óleo
estudo da organização dos seres vivos foi Linné (em português, sobre tela, 56 x 46 cm. Museu Nacional de
Lineu), nascido há mais de 300 anos. Belas-Artes da Suécia.

Faça uma breve pesquisa sobre a obra de Cari Von Linné, o botânico que dedicou sua vida
a classificar os seres vivos. Na sua pesquisa, dê enfoque ao avanço que este pesquisador
proporcionou às ciências naturais.

Diversidade e Ordem
Na época, Linné revolucionou o estudo da vida porque conse¬ Quando os organismos
guiu construir um sistema eficiente de classificação dos seres vivos, são classificados segundo
a taxonomia, recebem um
a taxonomia, que os organizava em categorias hierárquicas, também nome científico em latim
denominadas de táxons. Um exemplo de como um organismo era clas¬ que é usado em todo o
sificado nesse sistema pode ser observado no esquema a seguir: mundo.

Esquema mostrando a organização hierárquica a que o cachorro deveria pertencer, segundo o antigo sistema de Linné.

Diversidade e Ordem
Entretanto, este sistema de classificação dos seres vivos organizava
os diferentes grupos de organismos de forma artificial. Tal sistema foi
racional e eficiente para a época, porém:
• Colocava os seres vivos em grupos fixos, chamados de táxons
(reino, filo, classe, etc.). Esses eram considerados imutáveis e
inalteráveis, o que gerou vários problemas quando mais caracte-
rísticas foram sendo descobertas.
• A organização dos grupos acontecia a partir de poucas carac-
terísticas externas. Por exemplo: alguns grupos de flores eram
classificados apenas com relação à parte sexual masculina da
flor.
• Não mostrava, nem permitia, a variação das espécies ao longo
O homem não derivou do tempo. Por exemplo: sabemos que o gênero Homo, em que
diretamente do macaco. a espécie humana está incluída, derivou de um gênero de homi-
A teoria da evolução de
Charles Darwin afirma
nídeo mais antigo, o Australopithecus. Outro exemplo, a espécie
que o ser humano e os humana (Homo sapiens) derivou diretamente de outra espé¬
outros primatas tive¬ cie, a Homo erectus. Como poderíamos colocar estas relações
ram um ancestral em
comum há aproxima- no sistema de classificação de Linné? Não há como fazer isso.
damente 20 milhões de A mudança das espécies ao longo do tempo não tem como ser
anos.
mostrada por este sistema de categorias taxonômicas.

Leia a seguinte frase de Charles Darwin:


As espécies conectam-se entre si em espécies ancestrais, em uma
árvore que liga todos os seres vivos, inclusive a espécie humana.

1) Você acredita que essa afirmação segue o método proposto


por Linné? Ou propõe outro método? Debata com seus colegas
sobre esta questão.

2) Em grupos, proponham um método de classificação dos seres


vivos seguindo a frase de Darwin.

Atualmente, utilizamos a sistemática filogenética, que agrupa


os seres vivos em cladogramas ou árvores filogenéticas, que nada mais
são do que representações das relações de parentesco entre espécies
com base em grandes quantidades de características. Para organi¬
zar uma árvore filogenética, os cientistas realizam diversas pesquisas
unindo muitas características dos grupos de estudo e, somente depois,
comparam-nos. Os grupos mais próximos são colocados lado a lado e
chamados grupos irmãos.

Diversidade e Ordem
Assim, temos uma representação conforme o exemplo a seguir:
Milhões
de anos
transcorridos

Recente 0

Plestoceno 10

Plioceno 20

Mioceno 30

Oligoceno 40

Eoceno 50

Paleoceno 60
Exemplo de árvore filogenética.

0 Mistério dos Vírus


Muitas doenças que adquirimos são causadas por micro-organismos: desde um simples res¬
friado até uma complicada infecção hospitalar. Assim como existem diferenças entre um peixe, uma
ave e um elefante, há muitas características únicas que diferenciam um ser microscópico de outro. Por
exemplo, você sabe quais são as diferenças entre um vírus e uma bactéria? O fato de não podermos
vê-los sem a ajuda de um microscópio não quer dizer que eles sejam iguais. Muito pelo contrário.
As diferenças entre esses dois grupos são tão grandes que muitos cientistas têm dúvidas se os vírus
realmente surgiram de organismos vivos, ou se representam um estágio anterior ao que chamamos
de vida.

;Sag| Análte

Refletindo sobre a célebre frase de Charles Darwin, citada no início deste capítulo, você
acredita que chamar os "seres microscópicos" por esse termo significa que esses organis¬
mos são simples? Justifique suas afirmações.

Diversidade e Ordem
O nome vírus deriva do latim e significa “veneno”. Isso porque, antiga¬
mente, as pessoas que entravam em contato com substâncias contaminadas
morriam e, como os vírus ainda não tinham sido identificados, não se sabia a
causa da morte. Logo, dizia-se que haviam sido envenenadas.
Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios. Por parasitas
entendemos os organismos que retiram nutrientes de outros seres vivos para
seu próprio benefício, prejudicando o organismo parasitado. Os parasitas
obrigatórios não conseguem sobreviver sem parasitar outros organismos.
Então, não existe vírus que não cause doença. A questão é que os vírus não
podem ser classificados nos reinos que estudaremos na sequência.
Os vírus estão ativos somente quando parasitam outros organismos.
Quando estão inativos (por exemplo, no ar, no solo, na água), alguns tipos de
vírus podem manter sua capacidade de transmitir doenças (virulência) por
muito tempo, dependendo do seu tipo e das condições ambientais.
Esses seres possuem partes bem específicas. São basicamente forma¬
dos por uma cápsula proteica que chamamos de capsídeo e por algum tipo
de material genético. A cápsula é um envoltório e funciona como um tipo
de bolsa protetora do material genético. Pela falta de organelas celulares,
dizemos que os vírus são acelulares, ou seja, não são formados por células.

Esquema das partes de um vírus.

Outra parte comum a todos os vírus é a presença de algum tipo de


material genético dentro do capsídeo viral: DNA ou RNA. Os vírus que pro¬
vocam a AIDS, por exemplo, são formados por RNA (retrovirus). Já os vírus
que provocam a hepatite tipo B são formados por DNA (adenovirus).
Para compreender o processo de reprodução virai, imagine que seu
corpo inteiro é apenas uma célula, e uma caneta é um vírus. Olhando de longe,
a “caneta-viral” não é considerada um ser vivo, porém, ao encostar a “caneta-
-viral” em sua pele, ela a reconhece como sendo seu hospedeiro e se torna ativa.

Diversidade e Ordem
Assim, injeta seu material genético (a tinta da caneta) dentro do “corpo hospedeiro”. Essa tinta irá
nos deixar paralisados e rapidamente todas as partes internas do nosso corpo irão ser convertidas em
novas “canetas-virais”, até o momento em que ficaremos ocos e com milhares de canetas dentro de
nós. Nessa fase, a nossa pele se arrebenta e milhares de canetas são liberadas para o ambiente. Esse
processo ocorre em nível microscópico e as nossas células é que são infectadas por vírus.

Esquema mostrando como os vírus se reproduzem.

Sistematização

Como já estudamos, definimos um ser vivo como um organismo que cresce, reproduz-se,
responde a estímulos do ambiente, é formado por células e possui metabolismo próprio.
A partir dos conhecimentos desenvolvidos ao longo do capítulo, produza um texto expli¬
cando se, em sua opinião, os vírus são ou não seres vivos. Justifique sua posição com
argumentos consistentes.

Diversidade e Ordem
Capítulo 2

Classificação dos Seres Vivos


Como você deve ter notado, a classificação dos seres vivos é o resultado da construção de
ideias científicas acumuladas ao longo de gerações. Para ocorrer essa organização, é necessário saber
as características típicas de cada organismo. Assim, para responder à nossa pergunta inicial, iremos
estudar cada reino separadamente. Observe no esquema a seguir a representação de cada reino.

SImhutaegrseocnks:
Esquema representando a principal classificação de seres vivos.

0 Reino Monera
O iogurte é fabricado a partir de lactoba¬
cilos, organismos que são classificados no Reino
Monera. Esse grupo é formado pelas bactérias e
as cianobactérias, organismos com uma caracte-
rística única nos seres vivos: não têm membrana
protetora para envolver o material genético, ou
seja, não têm núcleo individualizado. Por isso,
esses seres vivos são denominamos de procarion-
tes. Os procariontes (grupo Monera) são todos
unicelulares e podem ser encontrados isolados
ou em forma de colónias. Conseguem se reprodu¬
zir com uma espantosa velocidade. Um indivíduo
É possível uma bactéria se reproduzir assexuadamente por
bipartição a cada 20 minutos. pode se dividir ao meio por uma forma de repro¬
dução assexuada, denominada bipartição.

Classificação dos Seres Vivos


Em condições ideais, uma
bactéria se reproduz rapidamente.
Essa capacidade extraordinária
de se multiplicar em diversos
ambientes propiciou que as bacté¬
rias colonizassem os mais variados
ecossistemas, como águas muito
quentes, as denominadas fontes
termais. Há, ainda, arqueobac-
térias, que vivem em locais sem
oxigénio (pântanos, por exemplo)
e em regiões extremamente salga¬
das, onde outros organismos não
conseguem sobreviver.

Trabalho Interdisciplinar

1) Com a ajuda do seu professor de matemática,


calcule quantos descendentes podem ser origi¬
nados em um dia a partir de uma única bactéria.
Considere como 20 minutos o tempo de reprodu¬
ção por bipartição.

2) A Peste Negra, doença transmitida por pulgas


infectadas pela bactéria Yersinia pestis, chegou a
dizimar cerca de um terço da população europeia
na Idade Média. Pesquise, com a ajuda de seu
professor de história, sobre a Peste Negra, dando
enfoque ao impacto social e à crise económica
que essa doença acarretou na época. Anote, em
seu caderno, suas considerações.

0 Reino Protista
Você já percebeu um limo esverdeado que se forma em recipientes ou lagos? Comente
com os colegas e o professor o que seria esse limo.
Chamamos de limo um tipo de algas microscópicas, reunidas em grande quantidade. O limo
faz parte de um grupo que denominamos Reino Protista. Muitos desses organismos são unicelula¬
res, microscópicos e com células eucariontes, ou seja, possuem membrana nuclear individualizada
e vários tipos de organelas. Podemos separar os protistas em dois grandes subgrupos: as algas e os
protozoários.

Classificação dos Seres Vivos


As Algas
As algas são seres uni ou multicelulares - por
multicelulares ou pluricelulares entendemos que
são organismos compostos por muitas células
eucariontes e fotossintetizantes. Elas vivem em
ambientes de água doce ou salgada. É por isso que
encontramos o limo apenas em ambientes úmidos.
As algas dispostas na superfície oceânica
liberam, por meio da fotossíntese, cerca de 70% a
90% do oxigénio contido na atmosfera. Ou seja: o
pulmão do mundo na verdade pertence ao Reino
Protista.
A reprodução das algas ocorre de forma
assexuada, por divisão binária (quando a célula se divide ao meio), ou por fragmentação (mecanismo
de cisão de um segmento no talo nas algas multicelulares). Porém, a maioria das algas se reproduz de
forma sexuada, comportando-se como se fossem gametas.
Na organização dos grupos de algas, muitas características são levadas em consideração, entre elas
os diferentes pigmentos utilizados na fotossíntese e as substâncias de reserva. Observe o quadro abaixo:

Características das algas


Pigmentos utilizados Principal substância
Grupo
para a fotossíntese de reserva

D
t.

Euglenófitas Clorofilas A e B Paramilo

Mi
s

18
1 <D
ler
ler

Pirrófitas (dinoflagelados)
1 C
Clorofilas A e C Óleo e amido
1
III'

\ W* f r

Crisófitas (diatomáceas) Clorofilas A e C Clisolaminarina


A *>* A 11 a**

Classificação dos Seres Vivos


Pigmentos utilizados Principal substância
Grupo
para a fotossíntese de reserva

Feófitas (algas pardas) Dimos/Shuterck Clorofilas A e C Laminarina e manitol

Rodófitas (algas
vermelhas) halim/Sutersock antoni
Clorofilas A e D Amido das florídeas

Clorófitas (algas verdes)

1
J'
W, •J c w a i t / S h u e r s o k Clorofilas A e B Amido

F
Os Protozoários
Ao olhar um protozoário no microscópio, o que mais chama a atenção, além da intensa movimenta¬
ção, são os vacúolos contráteis, estruturas que eliminam o excesso de água que entra no organismo
desse protozoário. Vamos ver isso na prática.

A proposta de experimento é a observação de protozoários no microscópio óptico.


Material necessário:
• microscópio óptico;
• lâminas;
• lamínulas;
• frasco de boca larga;
• gaze;
• elástico.
Procedimentos:
1) Colete folhas em uma lagoa e corte-as em pedaços. Coloque-as em um frasco de boca larga,
contendo água fresca retirada dessa mesma lagoa.

Classificação dos Seres Vivos


2) Misture bem e cubra com uma gaze, prendendo-a com um elástico.

3) Coloque o frasco em um ambiente pouco iluminado durante cinco dias. Se tiver dificul¬
dade para conseguir folhas em uma lagoa, use pedacinhos de folhas de capim, alface ou
couve, todos mergulhados em água da chuva e/ou destilada. Se usar água da torneira, faça
a descloração (retirada do cloro): ferva e deixe a água em repouso por 24 horas, antes de
preparar a infusão. Em vez de água de uma lagoa pode-se coletar água contida em uma
bromélia, mas os pedacinhos de folhas ainda são necessários.

4) Transcorridos cinco dias em ambiente pouco iluminado, será observada uma espuma na
superfície da água. Colete uma gota dessa espuma e prepare uma lâmina para observar ao
microscópio, em pequeno e grande aumento.

5) No décimo dia, faça novamente a observação. Repita no décimo quinto dia.

6) Faça um relatório anotando quais foram os tipos de organismos que você observou e quais
mudanças foram percebidas ao longo dos dias.

Imagem de um Paramecium, um protozoário ciliado, demonstrando suas respectivas partes.

Existem várias formas de nutrição em protozoários. Alguns realizam fotossíntese, outros absor¬
vem substâncias orgânicas do líquido ao seu redor (pinocitose) e a maioria utiliza suas estruturas de
locomoção, como os pseudópodos das amebas, para pegar o alimento do ambiente por um processo
específico denominado fagocitose. Essas substâncias sólidas podem ser partes ou micro-organismos
inteiros, como algas microscópicas. O alimento absor¬
vido é espalhado pelo interior do protozoário, assim
como uma gota de leite se espalha em um copo de
água, processo que chamamos difusão.
Os protozoários podem ser separados em quatro
tipos, de acordo com a forma que se deslocam e como
se alimentam:
1. Os protozoários ameboides deslocam-se por
extensões fluidas do corpo, denominadas pseu¬
dópodos, os quais também utilizam para buscar,
envolver e trazer o alimento encontrado no
ambiente externo para dentro do organismo. Protozoário ameboide.

Classificação dos Seres Vivos


2. Os protozoários flagelados deslocam-se por estruturas típicas denominadas flagelos, os
quais servem tanto para locomoção quanto para captura do alimento.

Protozoário flagelado.

3. Os protozoários ciliados deslocam-se e buscam seu alimento por meio de estruturas deno¬
minadas cílios. São os mais rápidos protozoários e se assemelham com pequenos animais
por causa da sua complexidade e sofisticação.

Vickers/WCDP
4. Os protozoários esporozoários não apresentam
estruturas especializadas para o deslocamento,
locomovendo-se por movimentos corporais. Seu
nome deriva da forma de reprodução, em que são Tim
liberados muitos esporos.
Os protozoários se reproduzem principalmente
de forma assexuada. Note que essa forma de reprodução
ocorre sem o envolvimento de gametas, como óvulos e
espermatozóides. Entre vários processos de reprodução
assexuada, o processo mais realizado nesse grupo é a bipar¬
tição. Lembrando que na bipartição o ser vivo divide-se ao
meio, fazendo um clone dele mesmo, em que os dois indiví¬
duos resultantes possuem o mesmo material genético que
o indivíduo original. Já na reprodução sexuada, os protozoá¬
Protozoário esporozoário transmissor da malária.
rios trocam diretamente parte do material genético entre si,
os micronúcleos, processo denominado conjugação. Os macronúcleos são estruturas que contêm o
material genético e não participam diretamente da reprodução sexuada.

Classificação dos Seres Vivos


0 Reino Fungi
Observe a imagem a seguir.

0 bolor, o mofo e os cogumelos são representantes do


grupo dos fungos.

A Reflexão

Você já deve ter visto que uma fruta ou um pão estragado muitas vezes contém manchas
esverdeadas com cheiro ruim. O que você acha que são essas manchas? É possível comer
os alimentos se retirarmos as partes manchadas?

Você já viu, provavelmente, uma laranja com partes esverdeadas, pão com algumas manchas
acinzentadas como as da imagem, e cogumelos no campo ou os que são vendidos em supermercados,
não é mesmo? Pois todos esses organismos fazem parte do grupo dos fungos. Os processos de fabri¬
cação do pão, de apodrecimento de substâncias orgânicas, de produção de antibióticos e de bebidas
alcoólicas, além do desenvolvimento de várias doenças como a micose de pele, estão relacionados
aos fungos.
Há fungos unicelulares, porém a maioria é multicelular. Um cogumelo, por exemplo, é formado
por vários filamentos finos chamados individualmente de hifas. O conjunto de hifas forma um micélio.
Na célula de um fungo há uma parede celular parecida com as células de plantas, porém nela
existe uma substância química que é encontrada somente em animais: a quitina. Semelhante aos ani¬
mais, os fungos apresentam um carboidrato chamado glicogênio, utilizado como substância de reserva.

Esquema mostrando um fungo.

Classificação dos Seres Vivos


Quando observamos um fungo, a primeira impressão é que esses orga¬
nismos são aparentados com as plantas, entretanto, várias características os
diferenciam, como a substância de reserva e os componentes da parede celu¬
lar. Outra diferença é que os fungos são organismos heterotróficos, ou seja,
não têm a capacidade de produzir o seu próprio alimento, como fazem as
plantas. A alimentação deles é curiosa: eles secretam determinadas enzimas
digestivas no local onde vivem para então absorver o alimento já digerido.
O bolor que se desenvolve em um pão ou em uma fruta é um fungo reali¬
zando esse processo.

Laranja com bolor.

Depois de digerir o substrato no qual ele se desenvolve (no ambiente


externo), os fungos absorvem essa substância digerida (para o interior do
corpo). Se fizermos uma analogia entre a forma como os fungos e as pessoas
se alimentam, seria como se você soltasse enzimas digestivas em cima de um
sanduíche e depois sugasse de canudinho o sanduíche digerido para dentro
do seu corpo. Esse incrível processo permite que os fungos cresçam em cima,
ou até mesmo dentro, do próprio alimento.
A reprodução dos fungos sempre envolve esporos. O esporo é uma
célula reprodutora assexuada capaz de germinar dando origem a um novo
fungo. Os esporos podem ser levados pelo vento e, quando caem em locais
em que podem crescer e se desenvolver, como um pão ou uma fruta, come¬
çam a se reproduzir e a formar uma nova colónia. E por isso que o bolor
aparece misteriosamente nos alimentos, na verdade, o esporo é carregado
pelo ar até o alimento.
Consumir alimento com bolor, mesmo que aparentemente tenha sido
“retirada” a parte contaminada, pode ocasionar diarreia, alergias respirató¬
rias, intoxicação alimentar e até doenças mais graves.

Segundo o biomédico Roberto Martins Figueiredo, conhecido


como Dr. Bactéria, quando um alimento tem marcas de mofo em
uma parte, todo o restante pode estar contaminado por toxinas.
0 fungo não é composto apenas pela parte visível. Quando é pos¬
sível observá-lo na superfície do alimento, sua colónia já está bem
desenvolvida na parte de dentro. É lá que são produzidas as subs¬
tâncias nocivas, chamadas de micotoxinas, que variam de acordo
com a espécie do fungo.
Fonte: Adaptado de: Disponível em: <http://cristianaarcangeli.com.br/saude-e-
nutricao/aproveitar-alimentos-com-bolor-e-perigoso/>.

Classificação dos Seres Vivos


0 Reino Plantae

Os botânicos têm um interesse muito especial em um tipo de seres vivos: as plantas. O reino
vegetal é dividido em quatro grupos principais: briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.
Esses diferentes tipos de vegetais são organizados de acordo com a evolução das plantas e com o
surgimento de novas estruturas que os tornaram tão adaptados à vida terrestre.
Observe a seguir o cladograma dos subgrupos do Reino Plantae\

•••
A divisão adotada neste
Grupo das plantas
SImhutaergsoecnks:
livro, em grupos e sub¬
grupos de seres vivos, é
sinónima dos diferentes
níveis sistemáticos ou
taxa (plural de táxon),
que no método de
100
Linné eram considera¬
Dispersão de plantas
dos: reino, filo, classe,
ordem, família, gênero com flores
e espécie. Este sistema
200
de classificação não é
mais utilizado cientifica-
mente, mas é mais fácil
introduzir a sistemática
e a taxonomia dos seres 300
Primeiras plantas com
vivos por meio dele. sementes

400 Primeiras plantas com


vasos condutores de
seivas
Origem das plantas
500

Cladograma do Reino Plantae.

Classificação dos Seres Vivos


As Briófitas
Você conhece o vegetal representado ao lado?
Esta imagem mostra um exemplo de briófita, vegetal repre¬
sentado pelos musgos, antóceros e hepáticas. Nesses organismos,
observamos, ainda, uma forte ligação com o ambiente aquático:
a necessidade de água para que o gameta masculino (antero-
zoide) possa nadar para ter acesso e fecundar o gameta feminino
(oosfera). Quando ocorre a fertilização, desenvolve-se, na parte
feminina, o esporófíto (2n), que é a união genética (n + n) das
partes masculina (n) e feminina (n). O esporófíto vive apenas
enquanto durar a fase reprodutiva e, quando maduro, formará os
capsídeos contendo os esporos que futuramente serão espalhados
pelo ambiente. Esses esporos terão apenas metade do material
genético do esporófíto. Depois de germinados, os esporos formam
os gametófitos, que vivem muito tempo e, na presença de água,
reproduzir-se-ão, formando um novo esporófíto. Repetindo-se,
dessa forma, o ciclo.

Cápsula (2n)
Esporos (n)
Cápsula eliminados da cápsula
Meiose no interior da cápsula,
formando esporos (n)

Anterozoides (n)
Arquegônio (n) (gametas masculinos)
(gametângio feminino)

Oosfera (n)
(gameta feminino) Antendio (n)
(gametângio
masculino)

Fecundação e Gametófito Gametófito


divisão mitótica feminino (n) masculino (n)
com embrião (2n)

Ciclo de vida das briófitas. Observe que o gametófito é a fase duradoura nesse processo e o esporófíto é a fase efémera.

As Pteridófitas
Outro grupo das plantas, as pteridófitas, é representado pelos xaxins, samambaias e avenças.
A reprodução sexuada, com o envolvimento de gametas, ainda é dependente da água para que os
gametas masculinos cheguem nadando até o gameta feminino. A partir das pteridófitas, as plantas
possuem a fase de esporófíto duradoura e muito mais complexa do que a fase de gametófito, que
ocorre somente na época reprodutiva, durando, assim, pouco tempo.

Classificação dos Seres Vivos


Reflexão

Você já deve ter percebido, nas samam¬


baias, bolinhas alaranjadas na parte de baixo da
folha e se perguntado: o que são essas bolinhas?
Por acaso você já viu flor de samambaia?

As estruturas que você está observando são


chamadas de soros, e a partir delas são formados
os esporos da samambaia. Esses esporos, quando
no solo, desenvolvem-se formando o prótalo: uma
estrutura com formato de coração que é conside¬
rado o gametófito das pteridófitas.

Arqueogôniocom Arqueogônio com anterozoides (n)


zigoto(2n) oosfera(n)

Ciclo de vida das pteridófitas.

As Gimnospermas
Uma evolução da reprodução do grupo das plantas ocorreu com as gimnospermas. São exem¬
plos: as araucárias, os pinheiros e os cedros. Nesse grupo, surge, pela primeira vez, a semente, que
possui vantagens evolutivas sobre os esporos das pteridófitas. A semente é um embrião protegido
por um envoltório e com alimento armazenado, como o pinhão das araucárias. Pela primeira vez
também surge uma nova forma de gameta masculino, o grão de pólen, que, em muitas espécies de
gimnospermas, como a Araucaria angustifolia, é levado principalmente pelo vento até a parte femi¬
nina, processo que chamamos anemofilia.

Classificação dos Seres Vivos


Quando o grão de pólen é levado pelo vento e chega à parte feminina, forma-se um tubo muito
especial: o tubo polínico. Por esse tubo o material genético do grão de pólen chega à oosfera, promo¬
vendo, assim, a fecundação. Esse processo de fecundação, aliado aos processos de polinização, como
a anemofilia, propiciou a independência da água para fins reprodutivos.

Ciclo de vida das gimnospermas. Note que o pinhão é uma semente da araucária e não um fruto.

As Angiospermas
São exemplos de angiospermas, outro grupo de plantas: ipê, aguapé, quaresmeira, jerivá, goia-
beiras e muitas outras plantas com flores e frutos. Com esse grupo, surgem as flores, estruturas
especializadas na reprodução das angiospermas e que propiciaram formas de polinização muito
eficientes.
Quando o grão de pólen chega
ao estigma, assim como nas gimnos¬
permas, forma-se o tubo polínico que
promove a fecundação do óvulo. O
óvulo fertilizado irá formar a semente,
já o ovário dará origem ao fruto,
podendo ocorrer a autofecundação
em muitos grupos. A autofecundação
é um processo no qual o pólen de uma
flor fertiliza o óvulo dessa mesma flor.
Ao lado você pode notar quais
partes compõem uma flor. Esquema de uma flor hermafrodita.

Classificação dos Seres Vivos


Atualmente, as angiospermas são divididas em monocotiledôneas e dicotiledôneas, e são o
grupo de plantas com a maior capacidade de adaptação aos diversos climas. Isso ocorre graças à
perda de folhas no inverno (folhas decíduas), à resistência a ambientes secos, à grande capacidade de
polinização das flores e à dispersão dos frutos. As diferenças entre monocotiledôneas e dicotiledô¬
neas podem ser vistas na seguinte tabela.

Características morfológicas externas de monocotiledôneas e dicotiledôneas

Diferenças entre mono e dicotiledôneas, quanto à morfologia externa


Órgão Monocotiledôneas Dicotiledôneas

SIhmutaergseocnks:
Raiz Em feixe (fasciculada) Pivolante ou axial.

"^ Tronco
Normalmente sem cres¬ Normalmente com
cimento em espessura: crescimento em
Sr herbáceos, colmos, espessura. São comuns
Rizoma" bulbos e rizomas. caules lenhosos.
Colmos
Caule

Feixes vasculares dispos¬ Feixes vasculares


tos irregularmente. dispostos em círculo.
At

Folha
A. I Bainha
Bainha geralmente
desenvolvida. Nervuras
paralelas.
Bainha quase sempre
reduzida. Nervuras
reticuladas.

3 sépalas 5 pétalas Sépalas e pétalas geral¬


Sépalas e pétalas em
rt mente organizadas em
Flor ^3 pétalas geral organizadas em
base 5 (pentâmeras).
base 3 (trímeras).
Mais raramente 2 ou 4.
5 sépalas

Cotilédone
otilédone Um cotilédone reduzido, Dois cotilédones com
Semente
sem reserva. ou sem reserva.
Milho 'Feijão

Classificação dos Seres Vivos


Utilizando as informações contidas na tabela apresentada anteriormente, organizem-se em
duas equipes e montem dois cartazes com as figuras das partes das monocotiledôneas e
dicotiledôneas e as informações que as acompanham. As equipes devem escolher repre¬
sentantes para apresentá-los aos colegas.

Reflexão

As angiospermas são, atualmente, o grupo do Reino Vegetal com o maior número de espé¬
cies, o que reflete seu sucesso adaptativo. E entre os animais, qual grupo, em sua opinião,
que melhor se adaptou aos diversos ecossistemas da Terra?

0 Reino Animalia

Representação do Reino Animalia.

Quando se pensa em animais, a maioria das pessoas logo imagina um mamífero, uma ave, um
réptil ou um peixe. Ou seja, animais que possuem coluna vertebral (vertebrados). Entretanto, você
sabia que os seres invertebrados constituem 99% do total de espécies do grupo dos animais? Destes,
a ciência reconhece cerca de 1 milhão de espécies de artrópodes (como os insetos, aranhas e crustá¬
ceos), porém, estima-se que o número total desses organismos na natureza chegue aos 30 milhões.
Esses ilustres desconhecidos, para a maioria das pessoas, merecem mais estudos e reconheci¬
mento. Com essa intenção, iremos estudar os principais grupos para que, da próxima vez que você se
deparar com um animal invertebrado, possa distinguir o animal que encontrou.

Classificação dos Seres Vivos


Para compreender tamanha diversidade de grupos animais, a organização é fundamental. Por
isso, foi elaborada por diversos cientistas uma reconstrução da evolução das espécies, mostrando o
parentesco entre animais que possuem afinidades.
Que tal conhecer um pouco mais sobre esse reino?

Esquema das relações evolutivas entre os grupos do Reino Animal.

Quais os termos que você não conhece da árvore filogenética do grupo animal? Faça uma
breve pesquisa sobre esses termos.
Amanda Nicholls/Shutterstock

0 Grupo Porifera
(Poríferos)
O mais antigo grupo animal que apresentou o
avanço de unir diversos organismos em um ser macros¬
cópico é o Porifera (do latim: poros = orifício; phorus =
portador de, ou seja, “portador de orifícios”).
Os poríferos são representados pelas esponjas-
-marinhas que caracteristicamente são animais cobertos
por numerosos poros. Não possuem tecidos diferencia¬
dos (como músculos, por exemplo), em contrapartida,
possuem grande capacidade de regeneração.

Classificação dos Seres Vivos


Reflexão

Você conhece o personagem de desenho animado "Bob


Esponja"? Será que ele é uma representação fiel do que
as esponjas-marinhas são na realidade? Por quê?
Jiri Markalous/Shutterstock

0 Grupo Cnidaria (Cnidários)


No grupo Cnidaria (do grego knidós = urticante) são
encontrados os corais, as águas-vivas (medusas), as anémonas
(pólipos) e as caravelas. Nas águas-vivas, cerca de 98% da massa
corporal do animal é composta por água. Basicamente o corpo
dos cnidários é formado por uma cavidade parecida com um
tubo digestivo revestido por uma parede corpórea sólida. A par¬
tir desse grupo, observamos animais com células especializadas e
organizadas, formando tecidos.

0 Grupo Platyhelminthes
(Platelmintos)

Os Platyhelminthes (do grego, platy = chato; helminto =


verme) são geralmente pequenos, finos, achatados, de corpo
mole e encontrados, principalmente, em ambientes aquáticos.
Dependendo de onde vivem (hábitat) e de sua função ecológica
(nicho), os platelmintos são agrupados em vermes chatos de vida
livre (Turbellaria), como a planária; em vermes que parasitam
outros organismos (Trematoda), como Schistosoma mansoni, que
provoca a parasitose conhecida como esquistossomose (barriga-
-d’água; e nas solitárias (Cestoda), como a Taenia solium e a Taenia
saginata, parasitas do ser humano que podem atingir, quando
adultas, mais de dez metros de comprimento!

Classificação dos Seres Vivos


O Grupo Nematoda
(Nematódeos)
O grupo Nematoda (do grego, nematos = filamentoso;
helmintos = verme) reúne os vermes cilíndricos, normalmente
diminutos, finos e alongados. Os nematelmintos apresentam
movimentos por “chicotadas” característicos, devido à organi¬
zação do sistema muscular por fibras longitudinais. Uma das
doenças causadas pelos nematoides é a elefantíase, que causa
inchaço e engrossamento da pele e dos tecidos subjacentes, em
virtude de o parasita impedir o fluxo do sistema linfático.
Pessoa com elefantíase.

0 Grupo Mollusca (Moluscos)


Fazem parte do grupo Mollusca (do latim,
mollis = mole) as lesmas e os caracóis (Gastropoda):
as lulas e os polvos (Cephalopoda com concha
interna); os mexilhões e as ostras (Bivalviaf, os
dentálios (Scaphopoda); certas espécies típicas de
profundezas oceânicas (Aplacophoray os quítons
(Polyplacophora). Os Monoplacophora são espé¬
cies tão raras que eram dadas como extintas, no
entanto, em 1952, alguns exemplares foram encon¬
trados vivos em ambientes aquáticos profundos.
O corpo dos moluscos está dividido em
cabeça e massa visceral, formando um manto e
pé. Para conseguir seu alimento, os moluscos
possuem uma estrutura especializada chamada
Caramujo. de rádula, que funciona como um raspador de
legumes. Muitos indivíduos possuem uma concha
calcária.

Esquema das partes de um molusco.

Classificação dos Seres Vivos


0 Grupo Annelida (Anelídeos)
Os Annelida (do latim, annelus = anel) são representa¬
dos pelas minhocas, sanguessugas e uma imensa diversidade de
vermes marinhos. Caracteristicamente, os anelídeos possuem
o corpo segmentado em forma de anéis. Alguns representan¬
tes deste grupo apresentam cerdas, estruturas quitinosas que
lembram pelos e auxiliam na movimentação desses animais.
Sanguessugas.

0 Grupo Arthropoda (Artrópodes)


Os Arthropoda (do grego, arthron = articulação e podos = pés) são organismos que apresentam
apêndices locomotores, como as patas, garras e asas. Esses apêndices são articulados entre si, em
pares. Exemplos desses animais são besouros, borboletas, abelhas, formigas (Hexapoda - Insecta),
camarões e caranguejos (Crustacea), aranhas e escorpiões (Chelicerata - Arachnida), centopeias e
lacraias (Myriapoda - Chilopoda e Diplopoda).
Alguns grupos mais conhecidos de artrópodes podem ser reconhecidos por algumas caracte-
rísticas típicas:

Grupos

Características

Insecta Chilopoda Diplopoda Crustacea Arachnida


A maioria possui A maioria possui
Cabeça + tórax +
Divisão do corpo Cabeça + tronco Cabeça + tronco cefalotórax + cefalotórax +
abdómen
abdómen abdómen
Antenas 1 par 1par 1 par 2 pares Sem
Sem. Com
Mandíbulas Com Com Com Com pedipalpos e
quelíceras
2 pares por
1 par por seg¬ Variável (5 pares
N- de patas 3 pares segmento do 4 pares
mento do tronco ou mais)
tronco
Asas Alguns grupos Sem Sem Sem Sem
Túbulos de
Túbulos de Túbulos de Túbulos de
Excreção Glândulas verdes Malpighi e glân¬
Malpighi Malpighi Malpighi
dulas coxais
Traqueal e pul¬
Respiração Traqueal Traqueal Traqueal Branquial
mões foliáceos

Classificação dos Seres Vivos


Parte do sucesso desse grupo em sobreviver no ambiente é devido ao
esqueleto externo, fabricado com o carboidrato quitina: o exoesqueleto. Essa
proteção é como a armadura de um cavaleiro medieval, recobrindo todo o
corpo do indivíduo. No entanto, essa incrível armadura, apresenta um incon¬
veniente: à medida que o animal cresce, o exoesqueleto fica pequeno. Para
resolver esse empecilho, os artrópodes deixam sua carapaça antiga, crescem
rapidamente em poucas horas e secretam outra carapaça, maior que a ante¬
rior. Esse processo de troca de exoesqueleto é denominado de ecdise, ou
muda. Alguns insetos passam por um estágio de larva e sofrem metamorfose
para alcançar a fase adulta, como as lagartas, que se tornam borboletas.

Para saber mais, veja:


Pequenos monstros / e // - Se não fosse por eles, não estaríamos aqui: os in¬
vertebrados foram os primeiros animais a sair do mar e a arriscarem-se em ter¬
ra firme. Depois disso, sobreviveram a cinco extinções em massa, e hoje estão
em todos os cantos do planeta. Ainda assim, mal conhecemos esses seres fas¬
cinantes. Pequenos monstros traz imagens únicas e impressionantes dos mais
bizarros animais do mundo, em uma viagem repleta de surpresas e segredos.
Esse documentário foi produzido pela BBC.

0 Grupo Echinodermata
(Equinodermos)

Esquema mostrando o sistema ambulacrário em estrelas-do-mar.

Classificação dos Seres Vivos


Os Echinodermata (do grego, échinos = espinho, ouriço; derma = Deuterostômios:
pele) são deuterostômios invertebrados encontrados apenas em ambientes São um grupo de animais
marinhos. São representados pelas estrelas-do-mar (Asteroidea), ouriços-do- que se desenvolve, na
-mar (Ecuinoidea), serpentes-do-mar (Ophiuroideà), lírios-do-mar (Crinoidea) sua fase embrionária,
e o pepino-do-mar (Holoturoidea). Possuem simetria radial, com esqueleto de maneira diferente: o
primeiro orifício ou poro
interno e formado por ossículos calcáreos. Esses ossículos podem unir-se para
do embrião irá formar o
formar uma resistente carapaça, como nos ouriços-do-mar, ou podem ser arti¬ ânus e somente depois a
culáveis, como nas estrelas-do-mar. Em alguns casos, formam-se projeções l boca.
para fora do corpo na forma de espinhos calcáreos. Possuem um sistema de
circulação interno chamado sistema ambulacrário, ou vascular aquífero, que inclui projeções em forma
de tubos na parede do corpo, formando os pés ambulacrais. Esse sistema é responsável pela locomo¬
ção, alimentação, trocas gasosas, entre outras funções.

0 Grupo Chordata (Cordados)


Milhões de anos atrás
570 510 439 409 363 290 245 208 145 65 0

Filogenia dos cordados.

Assim como as estrelas-do-mar, os cordados são deuterostômios. Esses animais mostram,


durante alguma fase de seu desenvolvimento, um tubo gelatinoso acima do cordão nervoso: a noto-
corda, que serve de sustentação para o corpo do animal e dá certa proteção ao sistema nervoso.
Lembre-se de que estudamos sobre o desenvolvimento embrionário na Unidade 4. Em grupos mais
recentes (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos), esse cordão gelatinoso foi substituído pela
coluna vertebral.

Classificação dos Seres Vivos


Alguns cordados são grandes desconhecidos da maioria das pessoas, pois a maior parte é mari¬
nha e existem poucas espécies. Nesses cordados incluem-se os Tunicata ou Urochordata (ascídias), os
Cephalochordata (anfioxo), e animais que lembram peixes, porém, sem mandíbulas, os Agnatha ou
Cyclostomata (feiticeiras e lampreias).

Lampreias.

0 Grupo Chondrichthyes (Peixes Cartilaginosos)


Os Chondrichthyes (do grego, chondros = cartilagem, ichthyes = peixe), representados pelos
tubarões e arraias, apresentam como característica marcante um esqueleto cartilaginoso. Possuem
uma dobra intestinal em forma de U, a tiflósoli, além de escamas placoides, que lembram o cres¬
cimento de dentes humanos, e fendas branquiais. Possuem órgão copulador denominado clásper,
que permite a fecundação interna. Apresentam outras adaptações interessantes como a linha lateral
e as ampolas de Lorenzini. A linha lateral serve para captar vibrações na água, alterações na pres¬
são e temperatura ambientes, além de fornecer o sentido e a direção da correnteza. As ampolas
de Lorenzini, maximizadas nas espécies de tubarão-martelo, podem ser observadas como pequenos
poros, principalmente na região das narinas, servindo para detectar temperatura, salinidade e pres¬
são da água. São especialmente desenvolvidos para detectar campos eletromagnéticos gerados por
outros animais, além de auxiliar os Chondrichthyes a se orientarem pelo campo magnético da Terra.

Ampolas de Lorenzini

Ampola de Lorenzini em um tubarão.

Classificação dos Seres Vivos


0 Grupo Osteichthyes (Peixes Ósseos)
Os Osteichthyes (do grego, osteon = osso, ichthyes = peixe) possuem esqueleto ósseo, muitos com
escamas ósseas, nadadeiras membranosas e com nervuras. Assim como os insetos com relação a outros
invertebrados, os peixes ósseos constituem o grupo mais numeroso de vertebrados. São exemplos desse
grupo o lambari, a piranha, o pintado, o dourado, a piramboia, a tainha, entre muitos outros.
Diferentes do grupo do tubarão, os peixes ósseos apresentam brânquias protegidas por uma
estrutura óssea, o opérculo, e uma bexiga natatória. A bexiga natatória é o órgão hidrostático dos
peixes ósseos e permite o controle da flutuabilidade, como um submarino. Além da flutuabilidade,
certas espécies podem produzir sons, como zumbidos, estalos e guinchos pela bexiga natatória, e
perceberem sons e alterações de pressão.

Esquema de um peixe no qual se observa os órgãos.

0 Grupo Amphibia (Anfíbios)


Os primeiros vertebrados de quatro
patas, os Amphibia (do grego amphi = de
dois modos/lados; bios = vida) são repre¬
sentados pelas salamandras, rãs e cecílias.
Possuem pele úmida e permeável devido
a glândulas mucosas, pois é na pele que
ocorrem as trocas gasosas. Essa forma de
respiração, a respiração cutânea, comple¬
menta a função dos pulmões, ainda pouco
desenvolvidos nesses animais. A tempera¬
tura do seu corpo varia com o ambiente
externo, sendo chamados de animais ecto-
térmicos, ou vulgarmente conhecidos como
animais de sangue frio. O sistema circula¬
tório é fechado em vasos sanguíneos, com
o coração apresentando três cavidades:
dois átrios e um ventrículo.
Salamandra.

Classificação dos Seres Vivos


0 Grupo Reptilia (Répteis)
Os animais a que chamamos de “répteis” são, na verdade, um conjunto de grupos, alguns deles
não apresentando diretamente o mesmo ancestral em comum.
Reptilia

Os Testudines (tartarugas) apresentam especializações impressionantes como ossos dérmicos


fundidos à coluna vertebral e às costelas formando um casco.
O grupo dos Lepidosauria viventes, estando entre eles as serpentes, os lagartos e os tuataras,
possuem um maior número de espécies do que os mamíferos. Há uma enorme variação de tamanho,
desde pequeninas lagartixas com 3 cm de comprimento, ao dragão de Komodo, com 3 metros.
A fecundação é interna, alguns botam ovos e em outros o ovo é mantido na fêmea até o desenvolvi¬
mento completo do embrião.
Os jacarés e crocodilos modernos (Crocodylia) possuem hábitos semiaquáticos, com uma
pesada cauda que os movimenta na água. Ao contrário dos Lepidosauria, os jacarés e crocodilos
cuidam dos filhotes e fazem ninhos, assim como as aves. O sistema circulatório é fechado em vasos
sanguíneos, com o coração apresentando quatro cavidades: 2 átrios e 2 ventrículos que não são
separados de forma completa. Nos crocodilianos há mistura de sangue arterial e venoso por uma
estrutura chamada forâmen de panizza. Para sentirem o cheiro do ambiente, possuem um órgão
olfativo curioso: o órgão de Jacobson. Como este se localiza no palato (céu da boca), os lagartos e
cobras colocam a língua para fora da boca para capturar moléculas no ar e as levam para esse órgão,
sentindo assim quaisquer moléculas odoríferas presentes no ambiente. Algumas serpentes possuem,
ainda, uma fosseta loreal que lhes permite perceber o calor de aves e mamíferos, o que as auxilia na
captura dessas presas em locais escuros ou pouco arejados.

Classificação dos Seres Vivos


As Aves
Além dos ovos, as aves possuem
penas adaptadas ao voo. A temperatura
corporal é constante, não variando com
o ambiente externo, sendo chamados de
endotérmicos. A pena funciona como um
isolante térmico, auxiliando na manuten¬
ção do calor mesmo em meses ou regiões
frias e, ainda, contribui para o voo. Para
lubrificar e impermeabilizar as penas,
muitas aves possuem uma glândula espe¬
Tucano.
cial: a glândula uropigiana.
Para voar, as aves apresentam uma série de adap¬
tações, como ossos ocos (ossos pneumáticos); pulmões A glândula uropigiana está localizada pró¬
com vários alongamentos (sacos aéreos); ausência ximo à cloaca e contém material cremoso
de bexiga urinária e do intestino grosso; ausência de amarelado, que é aplicado pelo bico do pás¬
dentes; e osso do peito bem desenvolvido em forma de saro às penas, para impermeabilizá-las.
quilha ou carena, para a inserção dos poderosos mús¬
culos peitorais que realizam o bater de asas.
Apresentam apenas um poro excretor: a cloaca, também utilizada para fins reprodutivos. Possuem
papo, que serve para armazenar o alimento e moela, que serve para quebrá-lo em pedaços menores
(mesma função dos dentes). A siringe é a estrutura vocal, na base da traqueia, que possibilita o canto.

líquidos Productions, LLC/Shutterstock


0 Grupo Mammalia
(Mamíferos)
Ao contrário do que muitas pessoas pensam,
os ancestrais dos mamíferos apareceram antes do
surgimento dos grandes dinossauros. De fato,
muitos dinossauros caçavam e se alimentavam dos
ancestrais dos mamíferos, até que, há aproxima-
damente 65 milhões de anos, um imenso meteoro
colidiu com a Terra, onde hoje é a Península de
Yucatán, no México, e extinguiu a maioria dos
dinossauros (não todos; lembre-se das aves).
Assim, novos ambientes e hábitats puderam ser
explorados pelos mamíferos.
Peixe-boi. Com base nos fósseis, podemos dizer que
desde muito cedo os primeiros mamíferos desen¬
volveram a produção de leite e de pelos. O leite é um líquido nutritivo, rico em anticorpos maternos,
que alimenta os filhotes recém-nascidos até que tenham capacidade de buscar alimentos sozinhos. Já
os pelos são estruturas que servem como isolante térmico, auxiliando no controle da temperatura
corporal. Todos os mamíferos possuem muitas glândulas sudoríparas, sebáceas e outras, respon¬
sáveis pela lubrificação, impermeabilização em relação à água, comunicação olfativa e regulação
térmica. A partir da especialização destes tipos de glândulas da pele surgiram as glândulas mamárias.

Classificação dos Seres Vivos


Os mamíferos desenvolveram, de forma independente das aves, a
endotermia ou homeotermia. Acompanhada dessa mudança, houve uma
grande ramificação e especialização das estruturas do esqueleto para adap- A homeotermia, ou
tar-se às formas mais ativas de locomoção e alimentação. Quanto mais ativo endotermia, consiste na
capacidade que alguns
for o mamífero, mais energia e oxigénio são necessários. Para auxiliar em
animais apresentam de
uma capacidade respiratória mais eficiente, esses animais desenvolveram manter a temperatura
um músculo que auxilia os alvéolos dos pulmões a se inflarem: o diafragma. corporal constante.
O sistema circulatório apresenta um coração com quatro cavidades:
2 átrios e 2 ventrículos completamente separados. Nos mamíferos, o prin¬
cipal produto da excreção é a ureia.
O grupo dos mamíferos é subdividido em:
• Prototeria ou Monotremata - Representados pelo ornitorrinco e pela equidna. Estes mamí¬
feros botam ovos e os filhotes lambem o leite que escorre das glândulas mamárias maternas.
• Metatheria ou Marsupialia - São exemplos deste grupo o gambá, a cuíca e o canguru. Os
marsupiais possuem um curto tempo gestacional ficando o resto do período de crescimento
em uma bolsa materna especial, denominada marsúpio.
• Eutheria - São os mamíferos placentários como o ser humano, as baleias, o tatu, os morce¬
gos, o lobo-guará, a capivara, a anta, entre outros. Neste grupo, o embrião desenvolve-se
no útero materno onde há a formação de uma estrutura especializada em realizar trocas de
substâncias entre a mãe e o embrião, a placenta.

Seção de Sistematização
1) Como foi possível perceber nesta unidade, o fato de um ser vivo ser microscópico não é
um sinal de simplicidade, pois cada grupo possui características complexas e únicas. Estas
foram sugeridas e debatidas por inúmeros pesquisadores até se chegar ao conhecimento
atual. A partir dos reinos listados abaixo, elabore um esquema dos principais subgrupos
que os compõem e, ao menos, duas características marcantes, conforme o modelo:

Reino Subgrupos Características


Monera Archaea e Eubactéria Unicelulares e procariontes
Protista
Fungi
Plantae
Animalia
2) Com a ajuda do seu professor de biologia, faça uma breve pesquisa, listando os principais
seres vivos do ambiente natural em que sua cidade se encontra.
a. Em sua região, quais são os grupos de seres vivos endémicos, ou seja, típicos apenas
desse lugar?

b. Qual é o nome científico dessas espécies?

c. Que características os diferenciam de outros grupos?

d. Quais espécies estão ameaçadas de extinção?

e. Em sua opinião, quais espécies têm potencial de serem utilizadas economicamente, ou


são diretamente importantes ao ser humano? Por quê?
Os Organismos que Causam
Doenças ao Ser Humano
A lgumavez você já adquiriu uma doença e se perguntou como isso aconteceu? Muitos
dos organismos que causam as doenças mais comuns são microscópicos, ou seja, não
podem ser vistos a olho nu. Há vários exemplos desses “inimigos invisíveis” que sempre
estão nos rodeando: os vírus da gripe, da varicela, da caxumba; as bactérias que causam a meningite
e a pneumonia; entre outros. Se não podemos vê-los, como poderemos nos proteger desses seres
nocivos e evitar as doenças que eles causam?
Capítulo 1

Pequenos Agentes,
Grandes Estragos
Conforme visto na página anterior, muitos dos agentes infecciosos
que podem causar doenças ao ser humano não podem ser vistos a olho
nu, mas podem ser reconhecidos pela sua ação em nosso corpo. Veremos,
neste capítulo, como identificar esses agentes e quais são as principais
patologias causadas por eles.

Os Vírus Iniciam uma Batalha


Iniciaremos esta sexta unidade conhecendo mais sobre os peque¬
nos parasitas chamados vírus. Como já vimos anteriormente, a palavra
vírus vem do latim e significa veneno, pois antes de se descobrir a existên¬
cia desses seres microscópicos, acreditava-se que todas as doenças eram
causadas por uma substância venenosa. Há muitas curiosidades sobre os
vírus: uma delas é o fato de que, por não possuírem organelas ou ribosso-
mos (estruturas vistas na Unidade 3), não são considerados organismos
vivos e, portanto, não podem ser classificados em nenhum dos reinos que
estudamos na Unidade 5. Outra curiosidade é que os vírus são conside¬
rados parasitas intracelulares obrigatórios, ou seja, dependem das células Os anticorpos são
de algum organismo para se multiplicarem. substâncias específicas do
sangue, produzidas como
Quando um vírus que causa a gripe entra em contato com o nosso uma reação de sensibi¬
corpo, ficamos gripados, e nos sentimos cansados e com mal-estar. Esse lização ou imunização,
fato se deve porque o vírus está destruindo nossas células. Para combatê- resultante do contato
com substâncias ou
-lo, o nosso corpo produz células de defesa, os anticorpos, que tentam organismos estranhos
destruir as partículas virais. Ocorre uma verdadeira guerra microscópica (antígenos).
cada vez que ficamos gripados ou resfriados. Antígeno:
E uma substância que
Uma característica interessante é que cada anticorpo é específico
desencadeia a formação
para cada antígeno. Se o corpo nunca entrou em contato com o antígeno, de anticorpos e pode
não terá tido a possibilidade de fabricar defesas, ficando temporariamente causar uma resposta
imunitária do organismo.
indefeso enquanto produz anticorpos. E nesse período que ficamos doentes.

Pequenos Agentes, Grandes Estragosy^F/


Esquema do processo de imunização. Os linfócitos são células especializadas em defender o organismo contra
corpos estranhos.

Observe que os antibióticos não funcionam contra o vírus, pois tais


medicamentos interferem no metabolismo de organismos infectantes, como
as bactérias, por exemplo. Os vírus, no entanto, não possuem atividade
metabólica, a menos que infectem uma célula. Entretanto, quando uma
pessoa está debilitada por uma doença virai, o organismo fica fragilizado e
pode ser atacado por bactérias oportunistas. Por isso, nesses casos, o médico
irá receitar antibióticos.
Muitos vírus apresentam altas taxas de
Mutação é a variação irreversível do material mutação. Esse fato limita o uso de vacinas para
genético, de forma espontânea ou induzida, e algumas viroses cujos antígenos apresentam bai¬
podendo ser transmitida aos descendentes.
xas taxas de alterações no seu material genético.
Alguns vírus, como o da gripe H1N1, infectam
grupos animais diferentes, sofrendo, assim, muitas mutações. Por exemplo:
você está com gripe e passa para seu animalzinho de estimação (um passa¬
rinho, um cachorro, ou um gato) e, depois que você se curou, o seu animal
fica doente. Quando o vírus se reproduz no seu animal, ele pode sofrer alte¬
rações genéticas e você pode pegar a doença novamente. Foi dessa forma
que surgiu a gripe “suína” e a gripe “aviária”.
Algumas doenças virais atingem apenas o ser humano, e outras,
somente certos seres vivos. Entre as diversas doenças virais que infectam
o ser humano estão a AIDS, a catapora ou varicela, a caxumba, a crista de
galo ou condiloma acuminado (HPV), a dengue, a febre amarela, a gripe
comum, a hantavirose, as hepatites (A, B e C), a herpes (labial e genital), a
poliomielite ou paralisia infantil, a raiva, o resfriado, a rotavirose, a rubéola,
o sarampo e a varíola.

Pequenos Agentes, Grandes Estragos


0 Caso da Pandemia do H1N1
Em regiões com temperaturas mais baixas, as pessoas ficam um tempo maior em locais fecha¬
dos para se protegerem do frio. Essa atitude é favorável à proliferação de doenças que se transmitem
pelo ar, como a gripe H1N1. Essa é uma das causas de por que o Rio Grande do Sul ter registrado
tantos casos dessa gripe. Outra razão é que esse Estado possui fronteira com países que apresentam
temperaturas anuais médias muito frias, como a Argentina e o Uruguai (onde há vários casos de
gripe H1N1), o que contribui para a proliferação da doença.
A gripe H1N1, também conhecida como influenza A, é uma nova versão da gripe comum,
sendo uma mutação ocorrida de forma natural em que foram combinados fragmentos genéticos
do vírus da gripe humana, espanhola e suína. E uma doença contagiosa
que atinge o sistema respiratório, mas as últimas investigações científicas
demonstraram que esse vírus não é tão agressivo quanto se pensava. No É uma epidemia de
texto A precipitação da OMS vamos conhecer um pouco mais sobre o que doença infecciosa que se
a notícia de uma possível pandemia da gripe A causou em todo o mundo. espalha por uma grande
região geográfica.

O
A Precipitação da OMS

Depois de ter assustado o mundo inteiro com o risco de uma pandemia causada pelo vírus
da gripe H1N1, fazendo lembrar o da gripe espanhola de 1918, que matou cerca de 50 milhões

de pessoas - mas com a qual quase nada teve a ver , a Organização Mundial da Saúde (OMS)
declarou oficialmente o fim dessa ameaça. É uma boa notícia, mas não se trata de uma vitória da
campanha global contra o vírus da chamada gripe suína, lançada em maio de 2009.
Milhões de vacinas antivirais específicas foram produzidas por laboratórios farmacêuticos,
£ que com isto muito lucraram, para enfrentar a ameaça e grandes estoques foram acumulados em
diversos países, entre eles o Brasil. Tudo indica, porém, que a OMS criou um pânico desneces¬
sário. A direção da OMS temia uma devastadora transmissão do vírus da gripe suína por causa
do deslocamento diário de centenas de milhares de pessoas pelos meios modernos de transporte
transcontinental. A gripe suína ocasionou 18,4 mil mortes, número não muito superior ao dos
surtos de influenza de 1957 e 1968. Mortes para as quais contribuíram, também é preciso lembrar,
o estado físico dos infectados e as condições sanitárias em cada país.
Apesar de tudo isso, a diretora da OMS, Margaret Chan, considera que o saldo foi positivo.
Tratava-se, afirmou, de um novo vírus e uma população não imunizada. Com 350 milhões de pes¬
soas vacinadas em um ano no mundo, em muitos países até 40% da população estaria imunizada.
Para muitos especialistas não se tratava de um novo vírus, mas de uma mutação que con¬
tinua circulando. De certa forma, isso foi reconhecido pelas autoridades sanitárias brasileiras,
que decidiram que a vacinação deveria ser concentrada em pessoas jovens, em gestantes, ou nos
chamados grupos de risco. As pessoas de mais de 60 anos, com boa saúde, não foram incluídas,
porque já haviam sido imunizadas por ocasião de surtos anteriores de influenza.
Os sucessivos alertas da OMS quanto à gravidade da gripe H1N1 causaram prejuízos
financeiros sérios. Mas a questão económica não é a mais importante. O que se contesta, cada
vez mais, é a eficiência da OMS, um organismo excessivamente burocrático, cuja ação não se
vem fazendo sentir, como deveria, em áreas com grandes problemas sanitários da África, Ásia e
América Latina.
Fonte: Adaptado de: O ESTADO DE S. PAULO. A precipitação da OMS.
Disponível em: <http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100815/not_imp595219,0.php>. ®

Pequenos Agentes, Grandes Estragos\^^/


1) Você acredita que o episódio relatado no texto abalou a credibilidade da OMS no monito-
ramento e prevenção de ameaças à saúde pública internacional? Por quê?

2) Quem se beneficiou, e de que forma, com a atitude precipitada da OMS?

3) Releia o 3g parágrafo da reportagem. Questionada sobre a atitude alarmante, a diretora


da OMS disse que o episódio foi positivo, pois muitas pessoas acabaram sendo vacinadas
contra a gripe. O mesmo efeito poderia ser obtido por meio da vacinação anual contra o
vírus da influenza, à qual milhões de pessoas recorrem voluntariamente durante os meses
de inverno?

4) No último parágrafo, há uma citação sobre a eficiência da OMS: cujo ação não se vem
fazendo sentir, como deveria, em áreas com grandes problemas sanitários da África, Ásia
e América Latina. Sabendo que, por causa da malária, morrem, a cada ano, cerca de
1 milhão de pessoas no mundo, você acha que existem doenças que são negligenciadas
pela comunidade científica e pela indústria farmacêutica? Você relacionaria este tema com
o poder económico e o usufruto da tecnologia, ou seja, os países ricos tem acesso a tra¬
tamentos contra as doenças que os atingem enquanto os países pobres não despertam
interesse da indústria farmacêutica?

À,
Pequenos Agentes, Grandes Estragos
Organizem-se em grupos. Com seus colegas, escolham uma doença causada por vírus.
Pesquisem sobre a doença selecionada, respondendo aos seguintes itens:
a. O que é?
b. Sintomas - Como saber quando uma pessoa está com essa virose?
c. Transmissão - Como se propaga a doença?
d. Prevenção e tratamento.

Após a pesquisa, apresentem os resultados para a turma sobre a virose sorteada.

0 Perigo das Superbactérias Em inglês,


Methicillin Resistant
Ao contrário do que acontece com os vírus, nas bactérias, os anti¬ Staphylococcus Aureus
bióticos fazem efeito. Depois da Segunda Guerra Mundial, com o uso de (Staphylococcus aureus
resistente à meticilina).
antibióticos pelos médicos, a qualidade de vida da população melhorou.
Porém, o uso intenso e sem controle desse medicamento, gerou um grande
problema sanitário: a seleção de bactérias. Atualmente, já se fala de superbactérias, como a MRSA
(uma variedade de estafilococo áureo). Essa bactéria penetra pela pele provocando lesões que se
assemelham a espinhas ou furúnculos cheios de pus, alastrando-se facilmente. Por ser de difícil
tratamento, a infecção pode evoluir até o ponto de provocar a morte do doente. Em 2006, essa
superbactéria matou mais pessoas que a AIDS.
Para entendermos como funciona o processo de seleção, vamos tomar como exemplo a penici¬
lina, o primeiro antibiótico largamente utilizado. A penicilina eliminava cerca de 99,9% das bactérias,
mas 0,1% das bactérias que sobreviviam ao tratamento, por mutações aleatórias, já eram resistentes
a ela. Quando uma pessoa ficava doente novamente e era infectada por essa bactéria selecionada, a
penicilina não funcionava. O que os médicos faziam e ainda fazem? Receitavam novos antibióticos
e assim por diante. Depois de anos e anos de seleção, temos hoje variedades de bactérias que são
resistentes à maioria dos antibióticos conhecidos pelo homem, como é o caso do estafilococo áureo
resistente à meticilina, que é um tipo de antibiótico. Por isso, é extremamente importante não tomar
remédios sem prescrição médica. Outro ponto que deve ser observado é que não se deve parar o tra¬
tamento antes do final, pois além de o antibiótico não funcionar, você pode estar contribuindo para
a formação de uma superbactéria, já que os esporos das bactérias podem viver vários dias após o fim
dos sintomas da infecção e é recomendável eliminar quaisquer resquícios desse patógeno.

Vamos associar assuntos que estudamos anteriormente?


As bactérias possuem uma camada lipídica e alguns vírus somente uma cápsula de proteínas.
Com base nessas informações, você pode concluir que a utilização de álcool nas mãos previne a
gripe ou as doenças bacterianas?

\ w)
Pequenos Agentes, Grandes Estragosy^P/
Algumas doenças causadas por bactérias são: leptospirose, botulismo, gonorreia, hanseníase
ou lepra, antraz, cancro mole, cólera, meningite, pneumonia, sífilis, tétano, tuberculose, coqueluche
ou tosse comprida, difteria ou crupe, febre maculosa e linfogranuloma venéreo. Que tal conhecer um
pouco mais sobre essas doenças que afligem o ser humano?

Organizem-se em grupos. Com seus colegas, escolham uma doença causada por bactéria.
Pesquisem sobre a doença selecionada e respondam aos seguintes itens:
a. O que é?
b. Sintomas - Como saber quando uma pessoa está com essa bactéria?
c. Transmissão - Como se propaga a doença?
d. Prevenção e tratamento.

Após feita a pesquisa, elaborem um cartaz sobre a doença pesquisada e exponham para
seus colegas.

Doenças Causadas por Protozoários


Você já se perguntou se é possível contrair alguma doença ao utilizar banheiros
públicos?
Ao sentar no sanitário, os esporos de certas bactérias, fungos e protozoários podem entrar em
contato com a pele e a região genital. Se o assento estiver contaminado é possível haver a transmissão
de doenças, como a tricomoníase, causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis. Essa doença pro¬
voca infecção urinária e pode ser transmitida pelo uso compartilhado de toalhas, roupas íntimas, ou
contato sexual. Mas existem outras doenças provocadas por protozoários e que são transmitidas das
mais variadas formas: água contaminada, picadas de certas espécies de mosquitos e de outros inse¬
tos, como o barbeiro (Triatoma infestans), etc. Entre as doenças mais comuns estão a balantidiose, a
disenteria amebiana, a doença de Chagas, a giardíase, a malária, a leishmaniose visceral ou calazar, a
toxoplasmose, a tricomoníase e a úlcera de Bauru ou leishmaniose tegumentar.

Organizem-se em grupos. Com seus colegas, escolham uma doença causada por protozoário.
Pesquisem sobre a doença selecionada e respondam aos seguintes itens:
a. 0 que é?
b. Sintomas - Como saber quando uma pessoa está com esse protozoário?
c. Transmissão - Como se propaga a doença?
d. Prevenção e tratamento.

Após a pesquisa, façam um pequeno seminário apresentando o que vocês descobriram


para os colegas.

Pequenos Agentes, Grandes Estragos


Reflexão

Das doenças causadas por vírus, bactérias ou protozoários há


um grupo de especial interesse que são as doenças sexualmente
transmissíveis (DSTs). Muitas delas são evitadas com o uso de pre-
servativos. Você conseguiria dizer quais das doenças já estudadas
são DSTs?
Nos fungos, é uma célula
reprodutora assexuada
capaz de germinar,

Fungos Também Podem Causar originando um novo


fungo. Muito resistente
e com grande capacidade
de disseminação.
Doenças
Em certos locais, o crescimento desor¬
denado de aves pode ser um grande problema,
como é o caso dos pombos em grandes centros
urbanos. Essa proliferação excessiva se deve à
falta de predadores naturais e à abundância de
alimento e abrigo. Entretanto, alguns fungos
podem se desenvolver nas fezes desses animais.
Esses fungos se reproduzem formando esporos,
que são muito leves e facilmente carregados
pelo ar, podendo ser inalados por pessoas que
manuseiam as fezes secas de aves. Os esporos
de Histoplasma capsulatum causam a doença
conhecida como histoplasmose, caracterizada
por problemas respiratórios, pois ataca os pul¬
mões. Já os esporos de Cryptococcus neoformans
desencadeiam a criptococose, manifestada na
forma de pneumonia e meningite, devido à sua As fezes das aves podem conter fungos nocivos ao homem.
ação nos pulmões e no cérebro. Uma medida
simples que ajuda a prevenir o contágio por
tais esporos é umedecer as fezes secas, de
preferência com um desinfetante, antes de
realizar a limpeza de locais contaminados por
fezes de aves como as pombas.
Mas nem todas as doenças fúngicas se
desenvolvem nas fezes de aves. Em alguns casos,
esses fungos podem crescer na pele de outros
seres vivos, como é o caso das micoses de pele,
que podem ser vistas na foto ao lado. Esse fungo
cresce em locais quentes e protegidos do nosso
corpo, como entre os dedos dos pés. O sapinho,
a candidíase e a aspergilose são outros exemplos
de fungos que parasitam o ser humano. Imagem de uma micose de pele.

Pequenos Agentes, Grandes Estragos


o Pesquisa

Organizem-se em grupos e escolham uma doença causada por fungo.


Pesquisem sobre essa doença selecionada e respondam aos seguintes
itens:
a. 0 que é?
b. Sintomas - Como saber quando uma pessoa está com esse fungo?
c. Transmissão - Como se propaga a doença?
d. Prevenção e tratamento.

Após a pesquisa, criem uma pequena peça teatral, demonstrando o ciclo


da doença selecionada, e apresentem-na para a turma.

Os Vermes
Acompanhamos até aqui alguns micro-organismos, invisíveis a olho nu, que
podem causar doenças aos seres humanos. Mas há organismos que parasitam o
corpo humano que podem atingir até 12 metros de comprimento. São os vermes.
Ranger os dentes enquanto dorme é sinal de verminose?
Se você acorda com dores de cabeça e na articulação da mandíbula e nota
que seus dentes estão se desgastando mais rápido do que o normal, é sinal de que
você pode estar com uma doença chamada bruxismo. Estresse, fatores emocionais,
predisposição genética e até uma obturação malfeita estão relacionadas a esse mal.
O ranger de dentes não tem relação com a presença de verminoses em uma pessoa,
como muitos acreditam. É muito importante para a saúde humana conhecer o
ciclo de vida de alguns vermes, pois, dessa forma, podemos evitar nos tornarmos
hospedeiros de algum parasita.

0 Schistosoma mansoni ou
Barriga-d'agua
Entre os platelmintos de maior interesse sanitário no Brasil encontra-se a
espécie Schistosoma mansoni, que parasita o sistema circulatório dos intestinos e
do fígado, causando o inchaço local vulgarmente conhecido como barriga-d’água.

fâ.
Pequenos Agentes, Grandes Estragos
Junto com as fezes de pessoas infectadas são eliminados os ovos do parasita que, quando
em contado com a água, liberam uma larva (miracídio). Essa larva procura uma espécie de cara¬
mujo (gênero Biophalaria) para parasitar e produzir outra forma de larva (cercária). Observe, pelo
esquema, que, no caramujo, a larva reproduz-se assexuadamente, gerando muitos indivíduos. A cer¬
cária sai do caramujo e busca seu hospedeiro definitivo: o ser humano. Por exemplo, uma pessoa está
nadando em um rio contaminado com as larvas de Schistosoma mansoni, a cercária fura a pele da
pessoa, provocando irritação e coceira no local lesionado. Atingindo o sistema circulatório, o verme
irá habitar os vasos sanguíneos da região abdominal. Se encontrar outro verme do sexo oposto, eles
se acasalam, repetindo o ciclo de vida do parasita.

A Teníase ou Solitária
Há outros exemplos de vermes que parasitam o ser
humano, entre eles, destacam-se as tênias, vulgarmente
conhecidas como solitárias, ou vermes achatados. As mais
conhecidas solitárias que parasitam a espécie humana (hos¬
pedeiro definitivo) são a Taenia solium, que apresenta os
suínos como hospedeiros intermediários, e a Taenia saginata,
que apresenta os bovinos como hospedeiros intermediários.

Imagem de uma tênia.

\
Pequenos Agentes, Grandes Estragosy^r/
Os ciclos de vida e a parasitose desses dois vermes são muito similares, tendo os hospedeiros inter¬
mediários como diferença.

Ciclo de vida das tênias.

Para a teníase o ciclo de vida é iniciado com uma


Cestoda é uma classe do filo
Platyhelminthes (platelmintos) que pessoa se alimentando com carne contaminada com larva
não possui sistema digestório. Para da tênia. A larva passa pelo trato digestório intacta, indo
se alimentarem, eles absorvem os se alojar no intestino delgado humano, absorvendo dali os
alimentos pela pele.
nutrientes necessários. Com o crescimento do verme, este se
autofecunda, pois é hermafrodita. Após a fecundação, são eli¬
minados numerosos ovos junto às fezes humanas, os quais contaminam rios, lagos e a vegetação em
contato com as fezes contaminadas. Quando a água contaminada com os ovos de cestódeos é bebida,
ou os vegetais contendo os ovos são ingeridos pelos hospedeiros intermediários, estes adquirem a
cisticercose. Depois de passar pelo estômago, os ovos liberam larvas que perfuram a membrana
intestinal e são levadas pela corrente sanguínea, podendo ficar alojadas no coração, cérebro, fígado
e nos músculos do hospedeiro intermediário. Quando porcos (contendo larvas de T solium) ou bois
(contendo larvas de T saginata) servem de alimento para humanos, ocorre a transmissão da larva,
provocando a teníase em humanos. Ocasionalmente, humanos que ingerem alimentos contaminados
com ovos de T solium desenvolvem a cisticercose. No entanto, a cisticercose em humanos não é
provocada pela ingestão de ovos da T saginata.

Ascarislumbrícoides, a Conhecida Lombriga


Uma verminose comum causada por um nema-
tódeo é a ascaridíase, popularmente conhecida como
Os nematódeos são animais cilíndricos
e alongados. Seu sistema digestório é lombriga. Os ovos fertilizados de fêmeas de Ascaris
completo, possuindo boca e ânus. lumbricoid.es são eliminados junto às fezes de pessoas
portadoras desses vermes.

Á,
Pequenos Agentes, Grandes Estragos
Roosewelt Pinheiro/Abr

Os ovos da Ascaris lumbricoides


podem contaminar recursos hídricos,
como rios e lagos, ou o solo e os alimentos.
Quando uma pessoa saudável engole os
ovos do parasita, seja por água ou alimen¬
tos contaminados, ou por falta de higiene
nas mãos, os ovos percorrem o sistema
digestório até eclodir nos intestinos, ori¬
ginando larvas que irão perfurar a parede
desses órgãos até chegar à corrente circu¬
latória. Carregadas pelo sangue, as larvas
eventualmente chegam à região pulmo¬
nar, que é muito vascularizada, e perfuram
os vasos sanguíneos para adentrar aos
pulmões. Dos pulmões, as larvas vão,
pelos brônquios, até a faringe, onde são
normalmente engolidas e se alojam defi¬
nitivamente no intestino delgado, onde
encontram um parceiro da mesma espécie,
reproduzem-se e perpetuam o ciclo.
Observe que devemos ter cuidado
com o esgoto doméstico para que não
contamine fontes hídricas, solo, animais
domésticos e plantações.

Pequenos Agentes, Grandes



Estragos\^F/
Para compreender como se encontra a situação atual do tratamento de esgoto no Brasil, leia
o seguinte trecho da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico que descreve a problemática sobre o
esgoto no Brasil:

Em 2008, 68,8% do esgoto coletado era tratado - percentual bastante superior aos
35,3% de 2000 -, embora menos de um terço dos municípios (28,5%) fizessem o trata¬
mento, com acentuadas diferenças regionais nesse percentual, que alcançou 78,4% dos
municípios no estado de São Paulo e 1,4% no Maranhão.
Fonte: Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.
php?id_noticia=1691&id_pagina=l>.

1) De acordo com o texto, menos de 1/3 dos municípios brasileiros realiza tratamento de
esgoto. Em sua opinião, esse fato aumenta a proliferação de doenças? Em caso afirmativo,
cite algumas doenças que são causadas por esse problema.

2) Você acredita que o investimento em tratamento de esgoto ajuda a preservar a qualidade


da água e do meio ambiente? Por quê?

' ) Tjvbalhojnterdisciplina^
1) Em sua cidade há coleta de esgoto? Com o auxílio do professor de geografia, pesquise,
junto à prefeitura, a área que esse serviço abrange. Após obter essa informação, você acha
que a rede coletora é suficiente para cobrir de forma adequada a sua cidade?

2) Na sua região, o esgoto coletado é tratado? Como ocorre esse processo? Converse com seu
professor de química sobre as formas de tratamento do esgoto, se ele é realizado de modo
adequado e se não existiria uma maneira de aperfeiçoar o processo.

Pequenos Agentes, Grandes Estragos


Capítulo 2

0 Sistema Imunológico e o Combate


às Doenças
Agora que você já sabe quais são os principais organismos que podem causar doenças ao ser
humano, vejamos como nosso organismo reage para recuperarmos a saúde.

Vacinas e Anticorpos

Criança sendo vacinada.

Como estudamos anteriormente, no combate às doenças, o nosso organismo possui um arma¬


mento extremamente eficaz: os anticorpos. Eles são produzidos conforme o corpo entra em contato
com novas substâncias nocivas. É por esse motivo que demora algum tempo, após ficarmos doentes,
para que ocorra a cura. É nesse período que o organismo consegue identificar e produzir anticorpos
específicos contra determinada doença.
Vamos imaginar uma doença muito comum: o sarampo. Antes do seu organismo entrar em
contato com o vírus, seu corpo não tem como identificar as substâncias que compõem os vírus cau¬
sadores do sarampo para fabricar anticorpos específicos contra eles. Após o vírus do sarampo entrar
em seu organismo, um exército de anticorpos contra essa doença é montado, e assim acontece com a
maioria das doenças. Se a patologia for muito forte, o corpo aumenta a produção de anticorpos, mas
para isso precisa aumentar a temperatura do corpo: é a febre. Ter febre é um sinal de que o corpo está
reagindo a uma doença, mas temos que tomar cuidado porque se estiver muito alta pode danificar
certas células, como as do coração, e até mesmo os neurônios do cérebro.

0 Sistema Imunológico e o Combate às Doenças


Refletindo sobre esse processo de imunização, alguns cientistas pensaram em uma forma de
o organismo criar anticorpos antes mesmo de ficar doente: as vacinas. Estas são formadas pelos
próprios micro-organismos causadores de doenças, porém enfraquecidos, destruídos, ou apenas por
partes deles. Quando injetados em uma pessoa sadia, não provocam a doença, mas possibilitam ao
sistema imunológico do indivíduo criar as defesas necessárias. Por exemplo, no caso do tétano, a
vacina é uma dose da toxina enfraquecida para que não nos cause mal, mas ainda suficiente para que
o corpo produza os anticorpos. Nesse caso, se as bactérias causadoras da doença atacarem, não terão
qualquer possibilidade contra o organismo, pois estaremos prevenidos. Mas se já estivermos com o
tétano, vai adiantar tomar a vacina? Não, nesse caso, recomenda-se o uso do soro antitetânico, que
possui anticorpos já prontos para o combate imediato à doença. Outro exemplo desse tipo de soro
é o antiofídico, usado quando alguém é picado por uma cobra. Em alguns casos, o corpo pode se
esquecer de como combater uma doença, por isso as vacinas de reforço são importantes.

Veneno que salva


Algumas doenças, como Toda vacina é feita de uma parte do micro-organismo - no geral, uma proteína - ou do micro-organismo
a AIDS, por exemplo, inteiro, enfraquecido.
são diferentes porque Partes do micro-orga Anticorpos Antígenos do
atacam especificamente
nismo enfraquecido' Antígenos da micro-organismo
as células de defesa do
organismo, deixando / vacina
o corpo sem defesas
contra doenças que
antes poderia combater
facilmente.

1. A vacina, fabricada com 2. Os antígenos da vacina são 3. Depois da vacinação,


partes do agente infeccioso reconhecidos pelo organismo se o antígeno real
ou com versões mais fracas do como invasores. Os glóbulos atacar o corpo, o sistema
micro-organismo, é injetada brancos dão início à produção imunológico, nas células
na corrente sanguínea. de anticorpos, que atacam os de memória, estará pre¬
antígenos. São criadas as células parado para reconhecer o
de memória. inimigo e combatê-lo.
Como agem as vacinas.

Pesquisa

1) Pesquise, com os familiares, quais vacinas você tomou e quais doenças você já teve para
identificar os anticorpos que o seu corpo já possui.
2) Existem vários tipos de vacinas para diversas doenças virais e bacterianas. Relacione algu¬
mas vacinas com as doenças que elas ajudam a prevenir.

Para se aprofundar sobre o assunto assista aos seguintes filmes:


• Osmose Jones (Duração: 95 min. Direção: Bobby Farrelly & Peter Farrelly. EUA, 2001):
Um construtor repentinamente pega um resfriado. Esse pequeno fato deflagra uma guerra dentro do seu corpo e faz
com que a célula branca policial Osmosis Jones e a pílula Drixorial juntem suas forças a fim de eliminar os vírus que
estão dentro do corpo dele e ameaçam toda a "cidade" onde vivem.
• O Enigma de Andrômeda (Duração: 174 min. Minissérie de TV. EUA, 2008):

Um satélite espacial sai de órbita e cai em um lugar afastado. Mesmo sem saber o que o objeto guarda, dois jovens o
levam até a comunidade. Ao abri-lo, os habitantes liberam um micro-organismo fatal que, mais tarde, recebe o nome
de Andrômeda. Um grupo de cientistas é enviado à cidade justamente para investigar o porquê da manifestação do
vírus. Esse grupo tem de encarar dois desafios complicados e, ao mesmo tempo, intrigantes: descobrir a origem e os
meios de impedir a proliferação do inimigo invisível antes que a humanidade seja exterminada.
• Epidemia (Duração: 127 min. Direção: Wolfgang Petersen. EUA, 1995):

Um macaco, portador de um vírus, é contrabandeado para uma pequena cidade norte-americana e contamina um
jovem. Em pouco tempo, a doença começa a mostrar sinais de que está se espalhando a uma velocidade assustadora.
Médicos lutam contra o tempo para descobrir um antídoto, enfrentando a resistência das tropas armadas que escon¬
dem um terrível segredo militar.

Alergia: Reação Extrema


As alergias são reações de sensibilidade exagerada a uma subs¬
tância que pode ter como origem um ser vivo, ou não, com o qual a
pessoa já tenha entrado em contato anteriormente.
Um exemplo de reação alérgica é quando aparecem soros em
uma samambaia que fica no interior de uma casa e, ao mesmo tempo,
uma pessoa que mora nessa casa apresenta problemas respiratórios
como espirros e dificuldade para respirar, além de manchas verme¬
lhas com coceira intensa. Provavelmente, esse indivíduo tem alergia
a alguma substância presente nos esporos das pteridófitas. Assim,
deve-se procurar ajuda médica para verificar a existência dessa aler¬
gia, caso seja confirmada, deve-se evitar esse tipo de planta dentro de
casa e a permanência em locais onde haja esporos das pteridófitas.

O Sistema Imunológico e o Combate às Doenças


Note que essa reação é exagerada em algumas pessoas e inofensiva em
outras. As mais variadas substâncias provocam alergias, mas as mais comuns
são certos alimentos (frutos do mar, abacaxi, etc.), o pólen e o pó.
Você sabe do que é composta a poeira que se acumula dentro
das nossas casas?
Observe o seguinte esquema que mostra a constituição da poeira:

Esporos de fungos
Elementos constituintes da poeira.

Ácaros e Saúde Humana


O ácaro é uma designação comum a algumas espécies de
artrópodes, os quais são responsáveis por causar diversas doenças
nos seres humanos, como a rinite, a asma alérgica e a dermatite
atópica. É muito comum encontrá-los em nossas residências (um
metro quadrado de tapete pode conter até 100 mil ácaros), por
isso, é importante tomar cuidado com a higiene dos colchões,
tapetes, almofadas, sofás, roupas de cama e lugares úmidos -
locais onde eles se proliferam.
O tratamento de alergia causada por ácaros domésticos
começa com a prevenção, ou seja, limpar a residência frequen¬
temente e utilizar água quente para a lavagem de cobertores e
travesseiros. Os anti-histamínicos têm sido eficazes na redução
dos sintomas alérgicos, porém, deve-se sempre consultar um
Sarcoptes scabiei, o causador da sarna.
médico antes de tomar qualquer medicamento.
Existem, ainda, alguns ácaros parasitas do homem, como
o Demodex folliculorum, que provocam a formação de cravos e o Sarcoptes
scabiei, causador da sarna humana.

O Sistema Imunológico e o Combate às Doenças


Algumas reações alérgicas podem ser tão intensas que são capazes
de deixar o indivíduo em choque. A esse tipo de reação damos o
nome de choque anafilático. Você sabe como proceder diante de
uma pessoa que entrou em choque anafilático? Faça uma pesquisa
de como acontece esse processo e que atitude correta deve ser
tomada frente a essa situação, anotando em seu caderno as princi¬
pais informações.

Análise

1) (UFF) Desde o surgimento da gripe suína, vacinas têm sido desen¬


volvidas na tentativa de estabelecer um método de proteção para a
população. Assinale a alternativa que apresenta o mecanismo clás¬
sico de imunização em que se baseiam as vacinas.
a. Imunização ativa - Mecanismo, segundo o qual se introduz uma
pequena quantidade de antígeno no organismo para produção de
anticorpo.
b. Imunização passiva - Mecanismo, segundo o qual se introduz
uma grande quantidade de antígeno no organismo para produção
de anticorpo.
c. Imunização ativa - Mecanismo, segundo o qual se introduz uma
grande quantidade de anticorpos no organismo para o combate
ao antígeno.
d. Imunização passiva - Mecanismo, segundo o qual se introduz uma
pequena quantidade de anticorpos para o combate ao antígeno.
e. Imunização ativa - Mecanismo, segundo o qual se inocula o com¬
plexo antígeno anticorpo para o combate à infecção.

2) (UDESC) Assinale a alternativa incorreta quanto às doenças


parasitárias:
a. Uma das maneiras de combater a esquistossomose é eliminar os
caramujos transmissores do verme.
b. Para erradicar a Doença de Chagas, é importante a eliminação dos
"barbeiros" (Triatoma infestans).
c. O Plasmodium falciparum é um protozoário que causa a malária.
d. A leishmaniose é causada pela picada do mosquito-palha conta¬
minado pelo parasita Leishmania brasiliensis.
e. Os hospedeiros intermediários do Ascaris lumbricoides são os suí¬
nos e os bovinos.

O Sistema Imunológico e o Combate às Doenças


Seção de Sistematização
Nesta unidade, você conheceu um pouco mais sobre algumas espécies de organismos e,
também, sobre as formas de evitarmos que nos contaminem. Além disso, aprendeu que há
algumas doenças que podem ser evitadas por vacinas e outras apenas tomando-se alguns
cuidados com a higiene. Para sistematizar os conteúdos aprendidos responda às seguintes
questões:
1) Qual é a melhor forma permanente de prevenção contra doenças infectocontagiosas?

2) Que perigo há no uso descontrolado de antibióticos?

3) Ao utilizar banheiros públicos devemos estar atentos a quê?

4) Que problemas de saúde uma casa embolorada pode trazer para seus moradores?

5) Como combatemos as alergias à poeira?

6) Com relação às verminoses, quais cuidados devemos ter ao manipular alimentos?


Harmonia Entre os Seres
Vivos
A harmonia da natureza é regida por vários fatores, porém ela sofre alterações devido às inte¬
rações com o homem. Será possível que o homem conviva harmonicamente com as demais espécies?
Você já percebeu que há alguns seres na natureza que não sobrevivem sem a ajuda
de outros?
Capítulo 1

Cooperação entre os Seres Vivos


Tudo na natureza está em perfeita harmonia. Cada planta, cada animal, cada fungo, cada bac¬
téria tem sua função e colabora para a manutenção da vida no ecossistema. Há interações em que
espécies diferentes dependem totalmente umas das outras. Também existem espécies que são espe¬
cialistas em polinizar flores e/ou carregar sementes para que árvores cresçam e sua alimentação
esteja garantida.
Segundo Lavoisier, na natureza nada se cria, nada
se perde, tudo se transforma. Essa frase serve para ilus¬
Antoine Laurent de Lavoisier (1743-1794) foi
trar o que iremos estudar neste capítulo: as interações
um cientista francês, considerado um dos
entre organismos para o aproveitamento mútuo, o que
fundadores da química moderna.
chamamos de mutualismo; os animais que ajudam a
dispersar sementes e os organismos que são especialis¬
tas em utilizar a matéria em putrefação como fonte de energia, ao mesmo tempo em que contribuem
para a “limpeza” do hábitat onde vivem.

Sjo Reflexão

Leia a seguinte proposição de Buda: Todos os seres vivos tremem diante da violência. Todos
temem a morte, todos amam a vida. Projete você mesmo em todas as criaturas. Então, a
quem você poderá ferir? Que mal você poderá fazer?

Você concorda com o pensamento de Buda? Esse trecho pode ser relacionado à conscien-
tização contra a violência ou com a ausência de ética em situações de maus-tratos aos
animais?

Organismos que Juntam Forças:


Mutualismo
Você conhece algum exemplo de espécies diferentes que juntam-se para resolver um
problema em comum?
Algumas espécies unem-se a outros seres vivos para “juntar forças” com a intenção de benefi¬
ciar a ambos. É o processo chamado de mutualismo.

/ óiíió

Cooperação entre os Seres Vivos


Como exemplo, temos as bactérias do gênero Rhizobium que vivem nas raízes de algumas
plantas leguminosas (feijão, soja) e transformam o gás nitrogénio presente no ar em uma forma de
nitrogénio utilizável pela planta. Em troca, as bactérias recebem proteção e energia. Existem, ainda,
bactérias presentes em nossos intestinos que são importantes na produção de vitaminas e na degra¬
dação de nutrientes.

Cápsulas contendo bactérias simbióticas nas raízes de uma leguminosa.

Outro exemplo, são os grupos de protozoários que podem viver em troca mútua de interesses
com outras espécies. Podemos observar esta relação nos cupins da madeira (Artrópodes) e em pro¬
tozoários que vivem em seu organismo. Os cupins fornecem pedaços de madeira aos protozoários
que ficam em seu intestino e os protozoários liberam enzimas para a digestão da celulose. Há, ainda,
o mutualismo dos protistas, que realizam fotossíntese,
e dos recifes de corais (Cnidários), que se constituem
Fotossíntese é um processo físico-químico
como a base da alimentação e como abrigo para muitos que ocorre em células especializadas de
seres vivos marinhos. Nesta relação, os corais oferecem seres vivos clorofilados, em que o dióxido de
proteção às algas em troca de nutrientes fabricados carbono e a água são utilizados para obter
glicose por meio da energia da luz.
pelo processo da fotossíntese. Por isso, muitos recifes
de corais têm seu tamanho limitado pela quantidade
de luz disponível.
Em grupos, pesquisem quais são, e como agem, as bactérias presentes em nossos intesti¬
nos que nos ajudam na produção de vitaminas e na degradação de nutrientes.
Apresente para a turma o que vocês descobriram.

Há fungos que formam relações de mutualismo com impor¬


tante valor ecológico, como é o caso dos líquens, uma associação
entre algas e fungos. Os fungos obtêm nutrientes do meio, além de
proporcionar às algas proteção e um ambiente adequado para se
desenvolverem. Já as algas compartilham nutrientes valiosos que
são fabricados em grande quantidade pelo processo da fotossín-
tese. Observe que sem essa associação benéfica para ambos, tanto
os fungos como as algas não poderiam sobreviver com a mesma
eficiência, já que as algas não iriam sobreviver no ambiente ter¬
restre e os fungos não iriam obter tantos nutrientes. Os líquens
são importantes bioindicadores da qualidade do ambiente, pois
são sensíveis a ambientes poluídos. Além disso, executam papel
primordial nas sucessões ecológicas, uma vez que tornam possível
a chegada de outros organismos no ambiente ao degradar rochas
e auxiliar na formação do solo, além de ocupar o ambiente como
seres pioneiros.
Outra associação benéfica que exemplifica o mutualismo é a
que os fungos realizam com outros seres vivos, as micorrizas, que
literalmente significa “raiz com fungo”. Fungos unem-se às raízes
de plantas e lhes fornecem fósforo e outros nutrientes. As plantas,
por sua vez, fabricam glicose pelo processo da fotossíntese e com¬
partilham esses nutrientes com os fungos. Esse tipo de associação
ocorre com a maioria das plantas, demonstrando a importância
dessa relação.

Imagem de um corte mostrando a raiz de uma planta e a ligação com as micorrizas de fungos.

À,
Cooperação entre os Seres Vivos
Você já viu uma abelha procurar néc¬
tar em uma flor? Este processo também é um
exemplo de mutualismo.
Com as plantas que possuem flores
(angiospermas) surgem relações benéficas
com animais que promovem a polinização. Tal
processo ocorre em maior proporção por inse¬
tos, mas aves e mamíferos também podem ser
agentes polinizadores, como os beija-flores e
os morcegos. Com o auxílio desses animais, o
As abelhas utilizam o néctar das flores para produzir mel. pouco de pólen que as angiospermas produ¬
zem é levado quase que diretamente de uma flor a outra. Esse processo de polinização é muito
mais eficaz do que a dispersão pelo vento realizada pelas gimnospermas (pinheiros e cedros), pois a
quantidade necessária de pólen a ser liberado no ar é imensa.
Uma forma eficaz de atrair os agentes polinizadores é disponibilizar o néctar, que, de certa
forma, “recompensa” o trabalho realizado. Estes animais utilizam o néctar como base para fabricar
um alimento rico em nutrientes: o mel. Sabendo que as abelhas são grandes polinizadores, que tal
conhecer um pouco mais sobre esses animais?

As abelhas produzem diversos alimentos que podem ser consumidos pelo homem. Em gru¬
pos, pesquisem: quais são esses alimentos, como as abelhas fazem para produzi-los e quais
são seus benefícios para a saúde humana. Em seguida, façam um seminário para apresen¬
tar o que descobriram para os colegas.

Uma Colaboração que Frutifica


Graças à polinização, certas partes da flor irão se desenvolver em frutos, que além de servirem
à alimentação humana, são o meio pelo qual muitas plantas se reproduzem.
Você já refletiu sobre o porquê da mudança de cor que acontece nas frutas?

Goiabas em processo de amadurecimento.


Cooperação entre os Seres Vivos
Após a polinização, que pode ter ocorrido com a ajuda dos animais
polinizadores, o ovário da planta começa a se desenvolver em uma estrutura
que protege a semente. Essa estrutura é chamada de fruto. Para proteger a
semente em formação, é interessante camuflar e inibir o consumo do fruto.
Por isso que, neste momento, muitas frutas têm cor verde similar às folhas, o
que, aliado ao gosto amargo, sinaliza aos animais que o fruto ainda não pode
ser consumido. Quando a semente termina sua formação, é iniciada a que¬
bra das moléculas de clorofila do fruto e, assim, cores mais chamativas são
produzidas, mostrando aos disseminadores das sementes que o fruto está
preparado para o consumo. Essa estratégia é vantajosa para os animais que
se alimentam de frutas, pois eles obtêm alimento de modo relativamente
fácil, e é vantajosa, também, para as plantas, pois nas fezes destes animais
as sementes podem ser espalhadas a até vários quilómetros de distância da
planta original.

Para saber mais sobre a importância das interações entre animais e plantas, leia o
artigo Dispersão de sementes e fertilização das florestas disponível em:
<http://ambientes.ambientebrasil.com.br/natural/artigos/dispersao_de_
sementes_e_a_fertilizacao_das_florestas.html>.

Cooperação entre os Seres Vivos


Muitas sementes precisam passar pelo trato
digestório de certas espécies animais para Dormência é uma aparente falta de sinais
quebrar a dormência; outras, no entanto, pre¬ de vida devido à parada temporária do
desenvolvimento provocada pela profunda
cisam de certos nutrientes contidos nas fezes diminuição do metabolismo.
dos animais para germinar. Lembrando do que
você aprendeu até aqui, que cerca de 90% das
angiospermas utilizam animais para disseminar suas sementes e que mais de 90% das abe¬
lhas silvestres são responsáveis pela polinização de plantas que possuem flores, produza
um texto com o seguinte tema: A estreita relação entre animais e plantas no processo de
reprodução.

Cooperação entre os Seres Vivos


Organismos Reddadores da
Natureza

Restos de plantas degradados no solo da floresta por seres decompositores.

Quando falamos em bactérias e fungos, geralmente pensamos


em doenças. Mas, ao contrário do que muitas pessoas imaginam, estes
organismos são extremamente importantes para manter um ecossistema
equilibrado, são fundamentais no processo de decomposição. Tal processo
consiste na degradação de matéria orgânica sem vida (como excrementos
ou seres mortos). Se algo está cheirando mal, com odor “podre”, prova¬
velmente é devido à ação de organismos decompositores. Encontramos
organismos decompositores em todos os cantos do planeta. Essa ação é
importante no ciclo de nutrientes, pois assim substâncias essenciais à vida
podem voltar para o solo e serem reutilizadas pelos vegetais.

Podemos perceber que os seres decompositores são essenciais na


natureza porque reciclam diversos nutrientes. Cada ser vivo é essencial
para a manutenção do equilíbrio ecológico.

Reflexão

Aação dos seres decompositores na natureza pode ser comparada


à ação da reciclagem nas cidades. Entretanto, na natureza todos
os nutrientes são reutilizados, sem gerar sobras. Observando a
gestão do lixo em cidades, você acha que temos algo a aprender
com a eficiência dos seres decompositores?

Á,
Cooperação entre os Seres Vivos
Faça uma breve pesquisa para conhecer que materiais, e em que quantidade, são recicla¬
dos no Brasil, especialmente na região em que você mora (sua cidade, sua escola e sua
casa). Você tem ideia de como melhorar o processo de reciclagem nesses locais?

Usina de reciclagem.

/
Objetos que poderiam ser considerados como lixo
podem ser reaproveitados em novas funções.

(PUC-RIO) A digestão de celulose nos ruminantes é realizada por bactérias presentes em


um de seus estômagos. Essas bactérias por sua vez obtêm proteção e fonte de alimentação
dentro do estômago dos ruminantes. Essa relação pode ser classificada como:
a. competição;
parasitismo;
c. mutualismo;
d. sociedade;
e. comensalismo.

Cooperação entre os Seres Vivos


Capítulo 2

As Plantas e Seu Papel


no Ciclo da Vida
Você já observou as árvores em uma colina? Não importa
o quão inclinado seja o terreno, elas sempre crescem para cima,
este fenômeno ocorre em função da ação de hormônios que
conheceremos a seguir. Além dos fatores que influenciam o
crescimento das plantas, neste capítulo também aprenderemos
sobre a importância da fotossíntese para que haja vida na Terra.

Entendendo Como as
Plantas Funcionam As árvores crescem para cima, mesmo em precipícios.

Você já comeu um fruto que aparentava estar maduro, mas que na verdade estava
verde?
Esse fato é devido à ação de determinados tratamentos hormonais que certos comerciantes
utilizam para vender frutas ainda verdes. Pode parecer curioso, mas assim como os seres humanos, as
plantas também possuem hormônios, que são chamados de fitormônios.

Os Fitormônios
Hormônios são substâncias químicas que produzem respostas eficientes nas atividades do orga¬
nismo, mesmo em quantidades extremamente pequenas. Essas substâncias são essenciais na regulação
do crescimento do vegetal, podendo provocar as mais variadas respostas em cada tipo de tecido ou, até
mesmo, respostas diferentes no mesmo tecido, mas em épocas variadas da vida do vegetal.
Um dos principais fitormônios é a auxina, que é produzida nas extremidades jovens do
vegetal, por exemplo, no ápice da ponta do caule, ou nas sementes em processo de germinação.
Movimentam-se sempre em uma mesma direção: para a parte de baixo da planta. Dessa forma, elas
induzem o crescimento do caule em extensão, estimulam o crescimento das raízes, ajudam a diminuir
a queda de folhas, flores e frutos e podem também inibir o crescimento da planta em espessura. Se
uma planta for podada em suas extremidades, o processo de crescimento ficará prejudicado.

Plantas e Seu Papel no Ciclo da Vida


Você já deve ter se perguntado: como uma semente germina?
E quem controla a formação de brotos e folhas nas laterais dos vege¬
•••••
Com o conhecimento
tais, impedindo seu envelhecimento? A resposta para essas funções tão sobre como os fitormô-
nios atuam nos vegetais,
importantes é a mesma: a citocinina, um hormônio produzido na ponta muitas tecnologias foram
das raízes. desenvolvidas. Graças a
essas substâncias uma
As plantas possuem também um fitormônio muito curioso: o única célula vegetal,
etileno. Ele é um hormônio gasoso que promove ações em todo o orga¬ anteriormente modificada
geneticamente, pode ser
nismo, como o amadurecimento dos frutos e a queda destes e das folhas. cultivada para formar
Um exemplo disso é quando queremos que alguma fruta amadureça mais um organismo inteiro
e produzir organismos
rápido e a embrulhamos com jornal. Com isso, fazemos com que o etileno transgênicos (organis¬
se concentre ali, promovendo o amadurecimento. mos com genes de outra
espécie de ser vivo).
Outro fenômeno interessante é quando uma planta perde suas Mesmo que não seja um
folhas, ou quando uma semente não germina. A planta ou a semente organismo transgênico,
pode-se pegar algumas
entra em um período chamado dormência, quando ficam sob os efeitos células dos ápices de
do ácido abscísico. Aparentemente, elas parecem estar sem atividade, uma planta e tratá-las
com fitormônios para
mas estão apenas dormentes.
estimular o crescimento
Os efeitos contrários ao do ácido abscísico, ou seja, a quebra de e, desta forma, obter um
indivíduo completo igual
dormência das folhas, ou das sementes, e o controle do alongamento do ao original. Este é um
caule, são induzidos pelo fitormônio giberelina. exemplo de clonagem
vegetal.

Vamos acompanhar como atuam os fitormônios e a relação das plantas com a luz, na prá¬
tica? Em grupos, façam o seguinte experimento:

Material necessário:
• uma vasilha;
• água;
• um chumaço de algodão;
• de 10 a 15 feijões.

Procedimentos:
1) Coloque um pedaço de algodão em um recipiente, pode ser um copo, forrando completa¬
mente o fundo.
2) Acrescente água até deixar todo o algodão úmido e, em seguida, deposite alguns feijões.
3) Mantenha o algodão úmido ao longo dos dias e em mais ou menos uma semana o feijão
germinará.
4) Espere que o feijoeiro atinja uma altura de 3 a 5 cm e, após este período, deite o recipiente
de modo que o broto de feijão fique paralelo ao horizonte. Deixe-o nesta posição por algu¬
mas semanas.

t )
As Plantas e Seu Papel no Ciclo da Vida\^^F/
Registre suas observações:
Após um período de 2 a 3 semanas o que foi observado? A que
conclusões acerca da relação entre a planta e a luz você chegou?

Tropismos
A atuação dos fitormônios explica .
diversas ações dos vegetais para se adaptarem K
-
Fototropismo:
k . j j.
- ,.
j
as variadas condiçoes do ambiente, como voce
Do grego foto = luz,
tropem =
, .
. desvio,
mudança
pôde observar no experimento anterior. Uma de direção + sufixo ismo =
resposta à incidência da luz do ambiente é o l característica de.
fototropismo. Dizemos que o ápice do caule
possui fototropismo positivo, pois cresce em direção à luz, e as raízes
possuem fototropismo negativo, pois crescem na direção contrária à luz.
Esse crescimento diferenciado se deve à ação dos fitormônios. Existem,
ainda, outras formas de respostas de crescimento vegetal, como os giras¬
sóis que movimentam-se em busca do sol ao longo do dia.
Além do fototropismo, há outros tipos de movimentos vegetais de
crescimento, que são:
• Gravitropismo - Resposta do caule e da raiz à gravidade. Neste
caso, as raízes crescem no sentido do centro gravitacional da
Terra (gravitropismo positivo), e os caules no sentido oposto a
ele (gravitropismo negativo).
Hidrotropismo - Crescimento das raízes das plantas em dire¬
ção à umidade.
Girassóis voltados para o sol.

/4$ Plantas e Seu Papel no Ciclo da Vida


• Tigmotropismo - Crescimento em resposta ao contato com
um objeto sólido. Um exemplo comum de ação do tigmotro¬
pismo positivo é o crescimento das gavinhas que, geralmente,
são ramos ou folhas modificadas que têm a função de agarrar
ramos, galhos, folhas, ou qualquer outro objeto que sirva de
apoio para a planta em crescimento.

Os vegetais apresentam, ainda, diversas


respostas ao ambiente em um ciclo de
atividades reguladas por mecanismos
internos: os relógios biológicos. São
exemplos de relógios biológicos dos
vegetais o fotoperiodismo, que é o
controle da abertura das flores, depen¬
dendo da duração do dia; a dormência
de sementes, ou da própria planta; e a
perseguição ao sol durante o dia, como Exemplo de gavinha.
podemos observar nos girassóis.

Estômatos
O cuidado com a água pode determinar se a planta irá sobreviver,
ou não, a certas condições ambientais. Grande porção da água transpirada
pelos vegetais é liberada por estruturas especiais chamadas estômatos, que Estômatos:
possuem íntima relação com a absorção de gás carbónico pela folha. Se o Do grego stoma = boca
estômato está fechado, a folha não transpira, nem absorve gás carbónico. + sufixo ato = que tem a
Este controle da abertura ou do fechamento dos estômatos depende de forma de.
diversos fatores, como a concentração de água na planta, o nível de ácido
abscísico e outros fatores ambientais (quantidade de gás carbónico, luz e
temperatura).

Imagem ampliada de um estomato.

As Plantas e Seu Papel no Ciclo da Vida


Leia a seguinte afirmação:
As plantas necessitam de luz para realizar o processo da fotossíntese. Apesar do momento
de maior incidência de raios solares ser ao meio-dia, observamos neste horário uma dimi¬
nuição do processo de fotossíntese.
A partir da afirmativa acima, pesquise sobre os motivos pelos quais ocorre a diminuição da
fotossíntese. Apresente abaixo, junto do resultado de sua pesquisa, as causas que provo¬
cam essa reação da planta.

Algumas plantas vivem apenas em ambiente extremos, como as plantas aquáticas e os cac¬
tos. Levando em consideração que uma das funções dos estômatos é controlar a saída da
água das plantas, qual das duas plantas citadas possui mais estômatos e por quê? Debata
esse assunto com seus colegas. Registre no caderno as conclusões da turma.

Cutícula Vegetal
Uma proteção maior contra a desidratação
é a cutícula vegetal: uma espessa camada de célu¬
las que protege a planta contra a perda excessiva
de água, tomando a folha impermeável à água.
Devido a esse efeito, podemos ver gotas de água
em cima das folhas.

/As Plantas e Seu Papel no Ciclo da Vida


Xilema e Floema
A água e os nutrientes que correm por canais
nos vegetais são chamados de seiva bruta. Eles são
absorvidos por estruturas especiais nas raízes, os
pelos radiculares, e são levados às folhas na parte
superior das plantas por um sistema de canais con¬
dutores que chamamos de xilema. A seiva bruta é
utilizada no processo de fotossíntese, resultando
em uma seiva a qual chamamos de elaborada, que
contém principalmente açúcar. Essa seiva elabo¬
rada é transportada das folhas na copa das árvores
para as raízes, por meio de canais condutores espe¬
cializados que denominamos de floema. Note que
Urn tronco em corte transversal, revelando o xilema muitas pragas agrícolas, como os pulgões, buscam
na parte interior e o floema na exterior. os nutrientes contidos no floema das plantas.

Análise

Algumas plantas podem nos ajudar a resolver problemas ambientais. Observe a seguinte
imagem, infelizmente muito frequente no nosso país:

Para conter o solo que ainda permanece no morro, impe¬


dindo outros desmoronamentos, podemos cultivar plantas
de crescimento rápido, sabendo que, com a ajuda das raízes,
o solo será fixado. Imagine que depois de alguns meses você
deseja acelerar o crescimento das raízes e, se possível, que o
caule da planta não fique muito espesso, diminuindo, assim,
o peso do vegetal. Com base no que você estudou sobre hor-
mônios vegetais, como podemos induzir o crescimento das
raízes e, ao mesmo tempo, limitar o crescimento do caule?

As Plantas e Seu Papel no Ciclo da Vida


A Importância da Fotossíntese
para a Manutenção da Vida
O processo de fotossíntese é uma atividade metabólica que surgiu cedo
na história evolutiva dos seres vivos. Esse processo já aparece com as ciano-
bactérias, sendo tais organismos capazes de produzir suas próprias moléculas
Do grego: cyano = azul + orgânicas, que lhe servirão de alimento, a partir da luz do Sol e de substâncias
bacteria = bactéria. inorgânicas encontradas ao seu redor. Portanto, são seres fotossintetizantes, eli¬
minando o gás oxigénio para o ambiente. As cianobactérias, no entanto, não são
os principais organismos produtores de oxigénio do planeta. Esse título com¬
pete a outros organismos microscópicos: as algas.

Imagem de cianobactérias, também conhecidas como algas azuis.


Por muito tempo esses seres foram classificados como algas, até que se descobriu
que, na verdade, eram bactérias.

As algas formam a base da cadeia alimentar aquática, absorvendo a ener¬


gia proveniente do Sol e armazenando-a na forma de nutrientes como a glicose.
Outros seres vivos, como os protozoários e os corais, que não produzem seu
próprio alimento, retiram dessas algas a energia necessária para sua sobrevivên¬
cia. As algas são peças-chave no ciclo do carbono e do enxofre, absorvendo gás
carbónico atmosférico (CO2) e muitos poluentes, ajudando, assim, na diminui¬
ção do efeito estufa e da poluição do ar e da água. A maior parte do oxigénio
atmosférico é produzida pela fotossíntese realizada pelas algas microscópicas
que vivem nos oceanos. Junto com as cianobactérias, elas formam o fitoplâncton.
Para produzir o oxigénio que respiramos, as algas absorvem aproximadamente
25% das emissões anuais de CO2, mantendo cerca de metade da quantidade de
carbono do mundo nos organismos que compõem o fitoplâncton.
Outro conhecido efeito produzido por um tipo de alga é a maré verme¬
lha. Você já ouviu falar desse fenômeno? Ele ocorre devido ao crescimento
explosivo de um tipo de alga, os dinoflagelados, deixando a água com uma
coloração avermelhada como na imagem a seguir.

,4s Plantas e Seu Papel no Ciclo da Vida


Esse fenômeno provoca graves problemas ambientais, levando à morte
vários organismos marinhos devido às toxinas liberadas por estas algas. Além
disso, o consumo humano de frutos do mar pode se tornar impróprio em
uma região onde tenha ocorrido a maré vermelha.

Maré vermelha.

A Relação entre as Plantas e o Gás


Carbónico
Apesar de as plantas não serem os principais produtores de oxigénio
no planeta, elas são essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas, como vere¬
mos a seguir.
Pouco tempo depois da formação do nosso planeta, não menos que
3,4 bilhões de anos e muito antes do primeiro ser vivo pisar em terra firme,
não existia oxigénio na atmosfera primitiva. Somente com o surgimento dos
primeiros seres fotossintetizantes começou o acúmulo de oxigénio na atmos¬
fera terrestre e a formação do gás ozônio, importantíssimo no bloqueio dos
raios ultravioleta provenientes do Sol.
A passagem dos vegetais do ambiente aquático para o terrestre
envolveu uma série de adaptações, como um tecido mais resistente contra
a desidratação e aberturas (estômatos) eficientes para as trocas gasosas
com o ambiente, além do desenvolvimento de um sistema de condução
de seiva que permite às árvores adquirirem tamanhos maiores do que os
musgos. Observe que, com o surgimento desse sistema, água e sais mine¬
rais são coletados pelas raízes e levados de maneira eficiente até a parte
superior da planta. O sucesso das plantas no ambiente terrestre foi tal que,
atualmente, elas são a base dos ecossistemas terrestres, que têm sido conti-
nuamente modificados pelo homem.

,4s Plantas e Seu Papel no Ciclo da Vida


O cultivo de certas plantas pela espécie humana ocorreu entre
10.000 e 12.000 a.C. Desde então, o homem vem, ao longo dos anos,
utilizando seu conhecimento para melhorar os usos, benefícios e rendi¬
mento das plantas. Entretanto, com um desenvolvimento descontrolado,
o homem está provocando uma grande perturbação no ambiente natural.
Entre as muitas perturbações causadas pelo homem no ambiente, um
dos maiores problemas é o aquecimento global. Ele é desencadeado pela
emissão de gases na atmosfera, especialmente o CO2. As florestas são uma
das maiores reservas naturais de carbono. Essa importância é tanta que, atual¬
mente, as florestas são citadas como as maiores fontes de sequestro do carbono
atmosférico. Capturando o carbono da atmosfera, as plantas, especialmente
árvores de extensas florestas, acumulam grandes quantidades de carbono
nos seus troncos e folhas à medida que se desenvolvem. Mantendo a floresta
intacta e criando áreas protegidas evitamos o desmatamento e a degradação,
ou seja, a eliminação parcial da mata. A destruição desses ambientes é res¬
ponsável por cerca de 15% das emissões totais de gases estufa.

(UFMG) A fotossíntese e a respiração são processos fundamentais


para a manutenção da biodiversidade na Terra. Considerando-se
esses dois processos, é correto afirmar que ambos:
a. ocorrem em seres heterotróficos;
b. participam do ciclo do carbono;
c. produzem diferentes formas de energia;
d. se realizam alternadamente durante o dia.

Pesquisa

Um termo relacionado ao sequestro de carbono é o crédito do


carbono. Note que sequestro e crédito são termos que explicam
coisas diferentes. Você já ouviu falar em crédito de carbono?
Pesquise sobre o que significa esse termo e se ele poderia ser
implantado na sua região.

As Plantas e Seu Papel no Ciclo da Vida


Capítulo 3 y

Os Efeitos da Interação do Homem


com a Natureza
Como vivemos neste planeta, nossa interação com a natureza é inevitável. Precisamos dela
para nossa sobrevivência e também tomamos nossas decisões por sua influência: as estações do
ano, a vegetação, a disponibilidade de alimentos e de água nos afetam diretamente e somos obri¬
gados a nos adaptar a esses fatores. O problema é que os processos industriais nos afastaram do
mundo natural e nos levaram a contaminar o próprio ar que respiramos, a água que bebemos, o
solo do qual provém nossos alimentos e a destruir as florestas. Todas essas transformações levaram
à extinção de muitas espécies animais e vegetais e outras correm ainda o risco de serem extintas.
Vamos conhecer algumas delas.

Espécies em Processo de Extinção


As estimativas afirmam que existem entre 10 e 50 milhões de espécies de seres vivos habitando
o planeta. Até o presente momento, foram catalogadas somente 1,5 milhão de espécies. De todo o
globo, o Brasil possui aproximadamente 20% das espécies conhecidas, o que o coloca como um dos
locais com maior biodiversidade do mundo. Como biodiversidade, entendemos todas as formas de
vida, assim como os genes contidos em cada indivíduo e suas inter-relações, também entendemos
que os ecossistemas são incluídos no termo biodiversidade, já que a existência de uma espécie afeta
diretamente muitas outras.

WQuais espécies estão ameaçadas de desaparecer no nosso país? Que tal conhecê-las para ajudar a preservá-las
:
da extinção? Para conhecer um pouco mais sobre as espécies ameaçadas no território brasileiro, acesse:
<http://www.icmbio.gov.br/portal/especies-ameacadas-destaque>.

Os Efeitos da Interação do Homem com a Natureza


Recifes de Coral
Há um organismo ecologicamente
muito abalado por atividades humanas e que
possui grande importância para os ecossis-
temas aquáticos, principalmente marinhos,
pois serve de residência e alimento para toda
uma variedade de seres vivos: são os recifes de
corais. Os recifes podem crescer e formar coló¬
nias de tal forma que ilhas oceânicas inteiras
são formadas pelo acúmulo de suas carapaças
calcáreas (carbonato de cálcio) ao longo dos
séculos. A Grande Barreira de Recifes, que se
localiza no nordeste da Austrália e se estende
por mais de 2 000 km ao longo da costa, é con¬
siderada a maior estrutura feita por um ser
vivo na natureza. Esses organismos, contudo,
estão profundamente ameaçados, como pode¬
mos entender melhor lendo o texto a seguir.
Recifes de coral.

O
Um Terço dos Corais Sofre Risco de Extinção
por Causa de Estresse, Diz Estudo
Os corais sofrem com o estresse devido a fatores como a mudança climática e a poluição,
que já colocam um terço destes construtores de recifes em risco de extinção. Os recifes de coral,
que levam milhões de anos para serem construídos, abrigam mais de 25% das espécies marinhas.
Os corais produzem os recifes nas águas tropicais e subtropicais pouco profundas, e são extrema¬
mente sensíveis às mudanças registradas em seu entorno.
Estudos recentes mostram que as principais ameaças que afetam os corais são a mudança
climática, problemas locais como a pesca destrutiva, e a qualidade da água afetada pela poluição
e pela degradação dos hábitats litorâneos.
O aumento das temperaturas ocorrido pelas mudanças climáticas causa ainda o branquea¬
mento dos corais, sendo este uma resposta ao estresse e que o torna mais frágil frente às doenças.
Certos pesquisadores predizem, além disso, que a acidificação dos oceanos representa uma nova
ameaça grave para os recifes de coral. Estes resultados mostram que os corais construtores de recifes 0
correm maior risco de extinção, como grupo, do que todos os grupos terrestres, exceto os anfíbios, e *
que são os mais vulneráveis aos efeitos da mudança climática, afirma Roger McManus, vice-presi-
dente da Cl para os programas marítimos. O principal autor de um artigo publicado pela revista
Science Express, Kent Carpenter, lembra que quando os corais morrem, os outros animais e plantas
que dependem dos recifes de coral para sua alimentação e sua proteção também desaparecem, o que •
pode causar a destruição de todo um ecossistema.
•*
Fonte: Adaptado de: EFE. Genebra. Disponível em: <http://www.amigosdojoe.com/
noticias-de-mergulho-64.html > . •

Os Efeitos da Interação do Homem com a Natureza


Anfíbios
Em todo o globo é grande o número de espécies de anfíbios que estão
desaparecendo. Destes, uma a cada três espécies estão ameaçadas de extinção.
Isso ocorre, principalmente, devido à destruição de seus hábitats e à poluição
dos recursos hídricos (rios, lagos, etc.), locais onde antes esses animais se repro¬
duziam. A simpática Hylomantis granulosa, uma perereca-verde, enquadra-se
nesta infeliz situação.

Hylomantis granulosa ou perereca-verde.

Tartarugas
De cada sete tartarugas marinhas, seis estão ameaçadas de extinção. Isso
se deve ao crescimento lento da tartaruga, à demora para atingir a maturidade
sexual, à ocupação humana das áreas em que fazem seus ninhos e à exploração
da carne e do casco, além da morte por afogamento quando ficam presas em
redes de pescadores. É o caso da tartaruga-de-pente, Eretmochelys imbricata.

Eretmochelys imbricata ou tartaruga-de-pente.

Os Efeitos da Interação do Homem com a Natureza


Aves
As aves também sofrem com a antropização (ação
humana no ambiente). Uma entre oito espécies de aves está
ameaçada de extinção, seja pela destruição de seu hábitat,
ou pelo tráfico ilegal que ocorre devido à sua beleza e ao
seu canto. A mais pesada ave de rapina do mundo, a Harpia
harpyja, ou gavião-real, já desapareceu de muitos locais em
que sua ocorrência era natural.

Harpia harpyja ou gavião-real.

Mamíferos
Os mamíferos, como a onça-pintada, Panthera onca, também estão em desvantagem. Uma
entre quatro espécies de mamíferos está ameaçada de desaparecer, e curiosamente estas extinções
estão sendo causadas também por um mamífero: o ser humano. Assim como os outros organismos,
a extinção deste grupo é desencadeada principalmente pela destruição de seu ambiente natural, pela
introdução de espécies exóticas, pela caça excessiva e por alterações climáticas, entre outros fatores.

Panthera onca ou onça-pintada.

Você sabe o que é uma espécie exótica?


Vamos conhecer esse termo tão usado atualmente. Vários grupos são economicamente importan¬
tes, como é o caso do pinheiro do gênero Pinus, que é amplamente utilizado na indústria madeireira
e na obtenção da celulose para a fabricação do papel. Note que apesar da importância para os seres
humanos, quando espécies de outros países são levadas para regiões onde antes não existiam são
chamadas de espécies exóticas, e levam consigo diversos problemas para as espécies nativas. As espé¬
cies exóticas trazem características novas que desequilibram os ecossistemas e podem promover a
extinção de espécies nativas. Quando uma nova espécie é levada para um local novo, seus parasitas,
predadores e competidores não são levados juntos, o que proporciona uma oportunidade favorável
para sua expansão, como é o caso do Pinus no Brasil. Entretanto, uma entre quatro gimnospermas
(pinheiros e cedros) está ameaçada de extinção.

Os Efeitos da Interação do Homem com a Natureza


Seção de Sistematização
Com os estudos feitos nesta unidade foi possível perceber as relações entre os diversos
seres vivos e o ambiente natural, demonstrando as suas inter-relações. O conhecimento
dessas relações é essencial para o ser humano começar a pensar em processos sustentá¬
veis. Viver em harmonia com a natureza é possível, mas para isso precisamos conhecê-la e
aprender como interagir com ela sem destruí-la. Para sistematizar os conhecimentos cons¬
truídos ao longo da unidade, responda às questões propostas.

1) Qual a importância dos seres decompositores para a manutenção da vida?

2) Que relação você observa entre a dispersão de sementes e a fertilização das florestas?
Como este processo pode ocorrer na região em que você mora?

3) Os hormônios vegetais estão atuando a todo o momento nas plantas, adaptando-as a varia¬
ções que o ambiente apresenta. Se uma fogueira for acesa perto de uma árvore, os gases
provenientes da combustão irão provocar a morte e a queda das folhas dessa planta. Que
hormônio vegetal será liberado durante o processo de queima? Como ele atua?
4) A prática de cultivar plantas em miniaturas é conhecida como técnica do Bonsai. Uma das
regras para fazer e manter essas plantas é o corte periódico da ponta das raízes. Qual a
importância de realizar esse procedimento para a produção dessas plantas?

5) Qual a importância das árvores em relação ao efeito estufa? Por que devemos preservar as
áreas protegidas? Elabore um texto sobre estas questões.

6) De que modo o ser humano está provocando a extinção de várias espécies? Cite quais as
principais ações que provocam o empobrecimento da biodiversidade. Entre essas ações,
quais na sua região são as mais graves?
A Biotecnologia
ao Seu Dispor
A pesarde imaginarmos que a biotecnologia está longe de nós, acontecendo nos labora¬
tórios industriais, seus resultados podem ser observados no nosso dia a dia. A aplicação
de novas tecnologias tem sido utilizada para obter produtos de forma mais rápida e
económica. É uma área em franca expansão, tanto no que diz respeito à necessidade de mão de obra
qualificada, quanto às descobertas incríveis que vêm facilitar o nosso cotidiano.
Você sabe identificar quais dos produtos que você consome que sofreram processos
ou melhoramentos biotecnológicos?
Capítulo 1

Biotecnologia: Conceito, Histórico e


Utilidade
E muito provável que você aplique princípios de biotecnologia no seu dia a dia sem ter conhe¬
cimento. Esses princípios não foram descobertos recentemente: desde a Antiguidade o ser humano
tem usado micro-organismos para produzir produtos que lhe interessam. Podemos comprovar que
nossos ancestrais já utilizavam princípios de biotecnologia quando usavam fermento biológico para
estimular o crescimento de pães e bolos, ou quando pisavam em uvas para soltar a polpa das frutas
e as colocavam em barris para provocar a fermentação. Podemos ver, ainda, princípios arcaicos de
melhoramento genético de sementes quando, antigamente, os agricultores selecionavam as varieda¬
des vegetais que mais lhes interessavam. Mas, afinal, o que é biotecnologia?
A definição mais aceita sobre essa ciência diz:

Biotecnologia define-se pelo uso de conhecimentos sobre os processos biológicos e


sobre as propriedades dos seres vivos, com o fim de resolver problemas e criar produtos
de utilidade.
CONVENÇÃO SOBRE A DIVERSIDADE BIOLÓGICA, 1992.

Analisando essa definição podemos perceber que a biotecnologia é a reunião de diversas


ciências atuando com um objetivo comum. Diferentes áreas do conhecimento como a biologia,
a engenharia e a química se unem para formar a biotecnologia. A relação dessas áreas pode ser
relacionada da seguinte forma:

Biologia

Engenharia Bioquímica
Bioquímica Biologia
Molecular
Biotecnologia
Engenharia Química
Industrial
Química

Reflexão

Por ser uma técnica, a biotecnologia pode suscitar debates éticos sobre a sua aplicação na
sociedade humana. Você acredita que algumas pessoas podem usar com má-fé o conheci¬
mento que possuem? Cite algum exemplo do mau uso da biotecnologia.

Biotecnologia: Conceito, Histórico e Utilidade


Aprofunde seus conhecimentos sobre bioética no site do Conselho Federal de Medicina. Acesse:
I <http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica>.

Aplicações da Biotecnologia
Atualmente, a sociedade humana utiliza conhecimentos biotecnológicos nas mais variadas
áreas: na indústria farmacêutica, médica, alimentícia, agrícola, entre outras.
O conhecimento biotecnológico possui tamanho valor que podemos citar o caso do Brasil,
referência mundial na detenção da tecnologia de produção de álcool a partir da cana-de-açúcar, o
que pode ser uma solução mundial para a crise automobilística de uso de combustíveis fósseis. A
seguir, veremos as principais aplicações biotecnológicas da atualidade e como podemos utilizá-las no
cotidiano. Você já pensou sobre qual foi a primeira descoberta científica no campo da biotecnologia?

B :
Se você quer ficar por dentro das últimas notícias relacionadas à biotecnologia no Brasil, acesse:
<http://www.sebrae.com.br/setor/biotecnologia>.

Antibiótico: uma das Maravilhas da


Biotecnologia
De aplicação industrial, a primeira substância química descoberta pelo homem que combatia e
matava micro-organismos foi um antibiótico, a penicilina.

Assim como a penicilina, os


demais antibióticos atuam sele¬
tivamente, ou seja: matam ou
inibem as bactérias-alvo sem
afetar as células do nosso corpo.
Cada tipo diferente de antibió¬
tico afeta bactérias diferentes de
maneiras diversas.

Fleming observando uma cultura de bactérias sob o


efeito do fungo Penidllium.

Biotecnologia: Conceito, Histórico e Utilidade


A penicilina foi descoberta por acaso por Alexander Fleming em 1928. Fleming estava estu¬
dando bactérias em meios de cultura e notou que, ao redor de um fungo, o Penicillium notatum, as
bactérias não se desenvolviam. Curioso a respeito desse fato ele aplicou esse fungo em um meio de
cultura repleto de bactérias. Resultado: todas as bactérias morreram. Com essa descoberta Fleming
trouxe um benefício incalculável para a humanidade e salvou bilhões de vidas humanas. O gênero
Penicillium é um fungo comum, e o bolor de pão normalmente é formado por esse organismo.

Cada uma das ilustrações dispostas a seguir traz uma crítica específica ao uso de medica¬
mentos. Analise as três imagens e correlacione-as com as legendas, justificando o porquê
da sua escolha.

( ) Bactérias resistentes a antibióticos - superbactérias.


( ) Uso abusivo de medicamentos.
( ) Processo seletivo de micro-organismos pelos antibióticos.

b.

Biotecnologia: Conceito, Histórico e Utilidade


Com o desenvolvimento da manipulação genética, o homem pôde
alterar os genes de bactérias para que elas produzissem substâncias de seu
É um hormônio produzido
interesse, como a insulina e muitos outros hormônios. A insulina humana
no pâncreas que tem
é inserida no DNA de certas bactérias, que, por sua vez, irão fabricá-la. a função, entre outras
Ou seja, esses minúsculos organismos produzirão uma substância típica do coisas, de promover
corpo humano. Antes que esse processo fosse descoberto, a insulina era a entrada da glicose
retirada do pâncreas de porcos e bois e tinha um alto índice de rejeição, ingerida nas células,
provocando reações alérgicas, o que não acontece com a insulina fabricada sendo muito usada no
por bactérias transgênicas. tratamento de diabetes.

O homem, no entanto, não utiliza apenas bactérias para produção


de medicamentos de forma industrial. Por exemplo, de certos tipos de algas
pardas são retiradas substâncias chamadas de algininas para a fabricação de
produtos cosméticos. De algumas algas vermelhas se extrai o ágar utilizado
em meios de cultura para bactérias. Você se lembra dos antigos filtros de
barro? A “vela” daquele tipo de filtro era à base de certos tipos de algas, as
diatomáceas. Por isso, o conteúdo das velas ainda é conhecido como “terra
de diatomáceas ou terra de diatomito”. Essas algas também são utilizadas na
fabricação de produtos de polimento e tintas. Certos cremes dentais também
utilizam produtos derivados de algas em sua composição.

Atualmente, são extraídas de alguns seres vivos certas substâncias


químicas para aplicação na área médica. Pesquise e anote, em seu
caderno, como os seguintes seres vivos têm sido utilizados:

Cobra jararaca.

Sanguessugas.

Biotecnologia: Conceito, Histórico e Utilidade


Observe que o avanço científico não parou com os antibióticos.
Atualmente, uma grande promessa da biotecnologia é a fabricação artifi¬
São as células embrioná^
rias que não terminaram cial de anticorpos específicos a certas doenças, como o câncer. Nos últimos
seu processo de diferen¬ anos, a indústria farmacêutica tem investido maciçamente em pesquisas bio-
ciação celular, portanto, tecnológicas. Entre os avanços e promessas, uma área em franca expansão é
têm a capacidade de se
transformar em quais¬
a da pesquisa com células-tronco.
quer tipos de células.

Células embrionárias se dividindo.

Para se aprofundar sobre as células-tronco, leia a reportagem Pesquisa melhora


cultivo de células-tronco a partir de tecidos adultos, no seguinte link: <http://
www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/2009/10/091018_celulas_tronco_
pesquisa_rw.shtml>.

(ENEM) Há milhares de anos o homem faz uso da biotecnologia


para a produção de alimentos como pães, cervejas e vinhos. Na
fabricação de pães, por exemplo, são usados fungos unicelulares,
chamados de leveduras, que são comercializados como fermento
biológico. Eles são usados para promover o crescimento da massa,
deixando-a leve e macia.
O crescimento da massa do pão pelo processo citado é resultante da:
a. liberação de gás carbónico;
formação de ácido lático;
c. formação de água;
d. produção de ATP;
e. liberação de calor.

Biotecnologia: Conceito, Histórico e Utilidade


y Capítulo 2 j

Agricultura e Alimentação
Biotecnológica
Na agricultura a biotecnologia é utilizada para modificar
geneticamente as plantas e torná-las mais resistentes contra pra¬
gas e doenças, diminuir o tempo até a próxima safra e aumentar
a tolerância a herbicidas. No caso dos alimentos, a contribuição
da biotecnologia vai desde a modificação de grãos, tornando-os
mais nutritivos, até o processo de produção de alguns alimentos,
especialmente os que passam por processo de fermentação.

Agricultura e Biotecnologia
A prática da agricultura não é recente, havendo indícios
desta entre 10.000 e 12.000 a.C. A agricultura proporcionou
mudanças no modo de vida do homem pré-histórico: de caçador
e coletor para agricultor. Tal mudança foi tão radical que, após
esses primeiros indícios, são observados os primeiros registros
de civilizações. Atualmente, estamos passando por outra grande
revolução, com o advento dos organismos geneticamente modifi¬
cados que vem causando vários impactos na sociedade moderna.
Que tal conhecer um pouco mais sobre esse assunto? A biotecnologia possibilita avanços
técnicos na produção de alimentos.

Faça uma breve pesquisa para conhecer melhor a questão dos organismos modificados
geneticamente (transgênicos). Após esse levantamento de informações, responda às
seguintes questões:

1) Muitas reportagens descrevem diversos potenciais e resultados da agricultura brasileira,


citando o nosso país como um grande celeiro. Qual é a razão de o Brasil ser considerado um
“celeiro" para o mundo?

Agricultura e Alimentação Biotecnológica


2) Os produtos transgênicos podem possuir características que os
tornam atraentes aos produtores. Por que muitos agricultores bra¬
sileiros preferem produtos transgênicos aos tradicionais?

3) Algumas pessoas discursam que, ao utilizar produtos transgênicos,


estão contribuindo para a preservação do meio ambiente e aju¬
dando a saúde humana. Debata com os colegas e com o professor e
descreva alguns argumentos que os defensores do uso de transgê¬
nicos utilizam.

4) Algumas pessoas discursam que, ao utilizar produtos transgênicos


estão prejudicando o meio ambiente e a saúde humana. Descreva
alguns argumentos que os defensores de sementes tradicionais
utilizam.

Agricultura e Alimentação Biotecnológica


o
O Controle Biológico de Pragas na Agricultura
Na natureza, toda espécie de planta ou de animal possui algum organismo que dela se
alimenta em algum estágio de seu desenvolvimento. Esses organismos são chamados de inimi¬
gos naturais, os quais são agentes de controle populacional. Esse fenômeno é conhecido como
controle biológico e ocorre naturalmente nos ecossistemas.
Os inimigos naturais já eram conhecidos desde o século III a.C., Citros:
quando os chineses utilizavam formigas predadoras para controle de Outra forma de denomi¬
pragas em citros. No entanto, o primeiro caso de sucesso em controle nar as plantas cítricas
biológico foi a introdução, em 1888, na Califórnia (USA), de uma joa¬ como, por exemplo, a
laranja, lima, lima-
ninha vinda da Austrália, para controlar uma praga conhecida como
-ácida, limão, pomelo e
pulgão-branco-dos-citros. Após 2 anos da liberação dos insetos preda¬ tangerina.
dores, a praga estava controlada. Houve então um grande avanço nos
estudos de controle biológico. Contudo, a partir de 1939, com a síntese
do inseticida clorado DDT e dos pesticidas organofosforados, as pesquisas com os insetici¬
das químicos sintéticos e a sua utilização cresceram grandemente, e o inverso ocorreu com o
controle biológico. Com o uso indiscriminado desses produtos químicos, logo começaram a
aparecer problemas relacionados à resistência de pragas aos inseticidas; destruição de inimigos
naturais, com ressurgimento de pragas e aparecimento de outras até então de importância
secundária; intoxicação de homens e animais e poluição do meio ambiente.
Posteriormente, a comunidade científica retornou aos estudos sobre o controle biológico
como alternativa aos inseticidas químicos, agora como uma das principais táticas dentro de
um novo conceito conhecido como Manejo Integrado de Pragas (MIP). Esse sistema procura
integrar harmoniosamente diversas formas de controle, com ênfase para o controle biológico,
visando a melhorias económicas, sociais e ambientais.
O controle biológico de insetos e ácaros na agricultura pode ser realizado por pequenas
vespas ou moscas conhecidas como parasitoides, que parasitam ovos, pequenas lagartas e até
adultos. Também pode se dar por meio de predadores como as joaninhas, percevejos, ácaros
predadores e as aranhas, além do parasitismo por micro-organismos a exemplo de fungos,
bactérias e vírus, denominados entomopatógenos.
No Brasil, existem vários casos de sucesso usando o controle biológico de pragas, tais
como a utilização de vírus para controle da lagarta-da-soja e do mandarová-da-mandioca;
fungos em cigarrinhas-das-pastagens, cigarrinha-da-cana, percevejo-de-renda-da-seringueira,
cupins, lagartas; bactérias para lagartas; vespinhas para broca-da-cana, pulgões-do-trigo, per-
cevejos-da-soja, traça-do-tomateiro, minador-dos-citros, cochonilha-da-mandioca; nematoide
no controle da vespa-da-madeira em pinus, predadores para controle de lagartas desfolhadoras
em florestas plantadas.
Fonte: Adaptado de: THOMAZINI, M. J. O controle biológico de pragas na agricultura.
Disponível em: <http://www.agrosoft.org.br/agropag/27050.htm>.

Agricultura e Alimentação Biotecnológica


Pesquise quais produtos agrícolas são produzidos em sua região ou no
seu estado. Após essa breve pesquisa, elabore um relatório, em seu
caderno, citando quais agrotóxicos são utilizados e que possíveis for¬
mas de controle biológico podem substituir o uso desses pesticidas.

A Biotecnologia na Alimentação
A biotecnologia tem utilizado micro-organismos modificados que atuam
diretamente nos processos de fermentação, preservação e formação de sabor
e aromas de muitas bebidas e alimentos. Alguns exemplos são pães, queijos,
cerveja, vinhos e outros.

A biotecnologia está presente nos mais diversos pratos.

O ser humano utiliza os mais variados organismos para se alimentar.


Fatores como a cultura e a disponibilidade de recursos biológicos no local
influenciaram a alimentação de vários povos. Por causa desses fatores temos,
historicamente, tantas comidas típicas. Note que os ingredientes, o modo de
cozinhar e as ferramentas utilizadas variam de região para região. O que pode
ser uma iguaria para um povo pode ser estranho para outro. Entretanto, muitas
pessoas não têm consciência de quais organismos estão ingerindo, e que sua
utilização é um processo biotecnológico. Que tal conhecer um pouco mais sobre
esses seres vivos?

Agricultura e Alimentação Biotecnológico


Trabalho Interdisdplinar

1) Que seres vivos utilizados na alimentação humana você acha mais


estranhos? Destes, há algum que considere perigoso para o con¬
sumo humano?

2) Você gosta de comidas típicas de outros povos? Quais? Pesquise


junto ao seu professor de história um pouco sobre como surgiu a
sua comida regional preferida.

3) Enquanto preparamos um alimento, realizamos uma série de rea¬


ções químicas e físicas. Converse com os professores de química e
física e faça uma lista das reações que ocorrem na manipulação de
alimentos.

Agricultura e Alimentação Biotecnológica


Você se lembra de algum micro-organismo que você e sua família consomem ou
utilizam para outro fim?
Na indústria alimentícia usamos bactérias conhecidas como lactobacilos para a produção de
derivados do leite, como queijos, iogurtes e requeijão: este é um processo biotecnológico de produ¬
ção de alimentos.

Lactobacillus paracasei.

Você se imagina comendo algas ou derivados de algas? Você pode não acreditar, mas utiliza¬
mos mais esses organismos do que você pensa. Por exemplo, na fabricação de sorvetes são usadas
substâncias das algas pardas. No sushi são usadas algas marinhas conhecidas pelo povo japonês como
nori. Das algas vermelhas são retiradas substâncias essenciais para a fabricação de gelatinas e muitos
estabilizantes e emulsionantes importantes para os mais variados alimentos industrializados. Das
algas também são retiradas substâncias utilizadas na fabricação do papel, e, das diatomáceas, a pig¬
mentação de certas tintas.

Sushis enrolados em algas nori.

Você gosta de pizza de champignon ou de strogonoff? Além do champignon utilizado em ampla


escala em diversos pratos, a indústria alimentícia utiliza leveduras (um tipo de fungo) da espécie
Saccharomyces cerevisae como fermento biológico. Esse fungo degrada o açúcar da massa do pão
liberando álcool (que rapidamente evapora) e gás carbónico. O gás carbónico é liberado em forma
de bolhas pela fermentação, o que faz o pão crescer e ficar macio. Esse mesmo fungo é utilizado na
fabricação de bebidas alcoólicas fermentadas como a cerveja e o vinho.

Agricultura e Alimentação Biotecnológico


Há também alguns fungos do gênero Penicillium que adicionam sabores e odores caracterís-
ticos a certos tipos de queijos. Além disso, os refrigerantes possuem substâncias derivadas de um
fungo: o Aspergillus lividus. Esse fungo fabrica uma substância chamada ácido cítrico, o que dá o leve
sabor azedo dos refrigerantes.

i .*> <• -

Pães com espaços na massa que foram preenchidos com gás


carbónico no processo de fermentação.

Alguns artrópodes são utilizados na culinária ocidental, como lagostas, camarões e carangue¬
jos. Há, ainda, outros artrópodes que são verdadeiros flagelos para agricultores, como os gafanhotos,
que, no entanto, são usados para alimentação em alguns países como o México e a China.

Os mexicanos utilizam gafanhotos na alimentação.

O escargot é a denominação de algumas espécies de


moluscos do gênero Helix que são utilizados como iguarias
pela culinária francesa. Já outros moluscos como certas
lesmas podem ser verdadeiras pragas para a agricultura
brasileira. Tais problemas são causados principalmente
por espécies exóticas, ou seja, espécies que não são nativas
do Brasil.
Assim como as lesmas, cada um dos organismos uti¬
lizados na alimentação humana citados até agora pertence
a um ecossistema muito frágil, que pode ser rapidamente
afetado caso haja um fator de desequilíbrio. A biotecnolo¬
gia também pode ajudar a monitorar as condições desses
ecossistemas, utilizando-se de indicadores muito especiais.
Conheça-os no próximo capítulo.

Agricultura e Alimentação Biotecnológica


Capítulo 3 y

Bioindicadores: Aprendendo com a


Natureza

As joaninhas são predadores naturais de pulgões.

Assim como os ancestrais humanos começaram a


Bioindicadores são organismos utilizados
para refletir o estado biológico e/ou fatores
buscar sementes na natureza para plantar, desenvolvendo,
físico-químicos de determinados ambien¬ dessa forma, a agricultura, o homem moderno começa
tes. Esses organismos são utilizados como a voltar a olhar atentamente para o ambiente natural,
ferramentas que expressam as condições como acabamos de observar nas técnicas de controle
do meio, traduzindo fatores de pressão, biológico de pragas. Mas não é só isso que a Ciência está
estado e resposta de um local. aprendendo. Há muitas outras descobertas, entre elas os
bioindicadores.
Muitos organismos são utilizados como bioindicadores. Podemos citar o caso dos líquens
(fungo + algas) que demonstram alterações em florestas, no clima e na qualidade do ar.

Bioindicadores da Água
Protozoários, insetos, moluscos, anelídeos e platelmintos são bastante sensíveis à qualidade do
ambiente em que vivem. Por isso, muitas vezes, eles são utilizados como indicadores biológicos. Esses
indicadores biológicos podem medir, por exemplo, a qualidade da água de uma determinada região.
Em águas contaminadas por resíduos industriais tóxicos não são visualizados determinados organis¬
mos. O contrário acontece em córregos com muita matéria orgânica em processo de decomposição.

Bioindicadores: Aprendendo com a Natureza


Aparecem, por exemplo, protozoários em abundância devido ao fato
de eles alimentarem-se das bactérias e algas presentes no meio. Esses
organismos estão sendo utilizados com bastante frequência para detectar
alterações ambientais na água. Vamos nos aprofundar um pouco sobre
esse assunto lendo a reportagem a seguir:

O
Protozoários Ciliados Demonstram Níveis de
Poluição das Águas

Para avaliar o impacto de despejos orgânicos (como esgoto
doméstico) sobre a qualidade das águas, são utilizados micro-orga¬
nismos como indicadores ambientais. Para tanto, esses organismos
devem ter a capacidade de identificar os elementos de pressão sobre
o meio ambiente, como emissões de poluentes e geração de resíduos;
£ demonstrar o estado e a tendência do ecossistema em questão; subsi¬
diar o processo de tomada de decisões; e revelar as respostas do meio
às ações implementadas. A habilidade de interagir de acordo com as
condições ambientais torna os bioindicadores ainda mais eficientes.
Dentre os vários parâmetros químicos de qualidade da água, o
teor de Oxigénio Dissolvido (OD) é talvez um dos mais importantes
para a manutenção da vida em ambientes aquáticos. Assim como os
peixes, a maioria dos seres presentes nos rios, como algas, crustáceos,
moluscos e micro-organismos, depende do oxigénio (O2) dissolvido na
água para sobreviver. Sobre esse aspecto, o lançamento de efluentes
domésticos sem tratamento traz graves consequências para o meio.
Rico em matéria orgânica, o esgoto in natura é decomposto por
bactérias em um processo aeróbico (com uso de oxigénio). Quanto
mais material biodegradável disponível, mais essas bactérias irão se
reproduzir, causando a redução das taxas de OD. Quando a quan¬
tidade de matéria orgânica lançada em um manancial excede sua
capacidade de assimilação, o oxigénio dissolvido na água pode alcan¬
çar valores muito baixos ou até mesmo acabar. Caso
seja totalmente consumido, tem início o processo
de decomposição anaeróbico (sem O2), com gera¬
ção de maus odores e subprodutos tóxicos, como os
sulfetos.
Algumas espécies de protozoários ciliados
só sobrevivem em ambientes sem oxigénio. Isso
explica a abundância dessas espécies em trechos
bastante poluídos de rios e lagos. Os protozoários
ciliados podem ser considerados também indica¬
dores eficientes para a avaliação da qualidade de
estações de tratamento de esgotos. Algumas espé¬
cies de ciliados atuam na depuração da água, devido
ao hábito de se alimentarem de bactérias e sólidos
em suspensão, produzindo um efluente clarificado e
de boa qualidade. A poluição dos rios pode determinar a morte de várias espécies aquáticas.

Bioindicadores: Aprendendo com a Natureza


[•••]
A utilização de protozoários ciliados como bioindicadores apresenta diversas vantagens em
comparação a outros organismos. Além de muito adaptáveis a ambientes poluídos, os protistas
têm um tempo de geração curto, ampla distribuição geográfica e são facilmente mantidos em
laboratório.
A alta sensibilidade desses organismos deve-se ao fato de que cada espécie apresenta exi¬
gências específicas em relação às características do meio, como a quantidade de matéria orgânica
e oxigénio dissolvidos, temperatura, pH e condutividade elétrica. Alguns indicadores biológicos,
inclusive, estão relacionados a zonas de poluição orgânica específicas: água extremamente poluída,
água muito poluída, água moderadamente poluída, água levemente ou não poluída. [...]
Fonte: Adaptado de: COUTINHO, R. Revista Minas Faz Ciência, n. 27, set./nov. 2006. Disponível em:
< http://revista.fapemig.br/materia.php7id = 327 > .

Análise

Com base no texto anterior, responda às seguintes questões:

1) O que são bioindicadores?

2) Quais características são essenciais para utilizarmos um organismo como bioindicador de


degradação ambiental?

3) O texto cita a vantagem de se utilizarem protozoários como indicadores biológicos.


Descreva, a seguir, como isso acontece.

Bioindicadores: Aprendendo com a Natureza


4) Qual é o parâmetro químico mais importante para a manutenção da vida em ambientes
aquáticos e como acontece a redução de sua taxa?

Anast/Shuerock

Esquema e fotografia de um Paramecium, um protozoário ciliado, demonstrando suas respectivas partes.

A partir desse estudo de bioindicadores é possível utilizar o experimento observação de


protozoários ao microscópio óptico realizado na Unidade 5 para testar a qualidade da água
da sua região. Com o auxílio do seu professor, colete amostras de água de várias áreas
de sua região. Observe cada amostra ao microscópio. Acrescente os protozoários a cada
amostra, da mesma forma que foi realizado no experimento da Unidade 5, e a observe
periodicamente.

Você pode estudar também os efeitos da variação da temperatura e do pH no meio de


cultura, com o passar dos dias. Em seu caderno faça uma tabela anotando a cada dia as
seguintes informações para cada amostra:
a. Quais as variações de temperatura e pH observadas?
b. Qual foi a causa dessas variações?
c. Quais os efeitos observados nos micro-organismos que podem ser vinculados à mudança
do pH e da temperatura?

Ao final do trabalho, elabore um relatório falando sobre o experimento sugerido e a impor¬


tância do uso de bioindicadores.

Bioindicadores: Aprendendo com a Natureza


Bioindicadores da Terra
Não é só na água que utilizamos seres vivos para mostrar a qualidade do meio.
Também podemos verificar a qualidade do solo por meio de bioindicadores, como as
minhocas. Esse fato deve-se a muitos fatores, inclusive a forma como elas se movem. As
minhocas se locomovem por contrações típicas chamadas de peristálticas. Essa forma
de locomoção favorece o processo de escavação da terra. Ecologicamente, as minhocas
possuem importância fundamental na qualidade do solo, pois à procura de restos de ani¬
mais e plantas existentes nesse local, elas perfuram o solo deixando um rastro de matéria
orgânica decomposta e bactérias, que juntas promovem o equilíbrio da biodiversidade
nesse ambiente. Os túneis escavados tornam a terra porosa, permitindo a circulação
de ar, a penetração e a absorção da água para as camadas mais profundas, além de
transportarem sedimentos ricos em nutrientes das camadas mais profundas para as mais
superficiais. Todas essas ações tornam o solo fértil e propício à manutenção de diversos
organismos.

As minhocas são excelentes bioindicadores do solo.

BV

Se você tem interesse em conhecer mais sobre as minhocas, acesse o site abaixo e aprenda a cons¬
truir um minhocário: <http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/minhocario.htm>.

As minhocas são importantes organismos no processo de regeneração do solo


porque devolvem a ele os nutrientes essenciais ao crescimento das plantas. Outra forma
de obter compostos orgânicos de alto teor de nutrientes é o processo de compostagem
ou por meio de biodigestores.

Bioindicadores: Aprendendo com a Natureza


A compostagem é um processo que ocorre na presença de micro-orga¬
nismos que decompõem a matéria orgânica formando um composto que é
utilizado como um adubo orgânico. A matéria orgânica usada no processo é
sólida e podem ser utilizadas folhas de jardim, ou até restos orgânicos de uma
residência. Entretanto, esse processo também tem sido utilizado com lodo
seco, gerado de esgotos domésticos e industriais. Imagine regiões em que o
solo é pobre em nutrientes, como certas áreas do Sertão Nordestino. Esse
material seria útil em áreas degradadas por fornecer os nutrientes vitais para
que ocorra a regeneração do solo. Podemos perceber que, apesar do grande
potencial, essa técnica ainda é pouco aplicada.

Outra forma para decompor a matéria orgânica é a utilização de biodi-


gestores anaeróbios. Em certos casos, esse processo é mais vantajoso do que a
compostagem, pois pode decompor resíduos orgânicos no estado líquido, como
o esgoto doméstico, excrementos animais e resíduos de matadouros, sem deixar
qualquer substância contaminante. Basicamente a matéria orgânica é colocada
em um recipiente completamente fechado e bactérias anaeróbias decompõem
completamente os resíduos. Desse processo, são gerados fertilizantes com
grande quantidade de nutrientes e biogases, principalmente o metano. Observe
que, enquanto os fertilizantes podem ser utilizados na agricultura, o biogás pode
ser canalizado e utilizado como gás em uma cozinha. Deve-se ter o cuidado
com o gás gerado no biodigestor, que além de inodoro é um material muito
inflamável.

Condições ambientais ótimas na compostagem

Manutenção da umidade
(Água)

Para que a matéria orgânica não libere gases de odor ruim são colocados
capim e folhas na parte de cima do composto.

Bioindicadores: Aprendendo com a Natureza


1. Excrementos
animais e restos
3.0 gás metano pode
de alimentos são x ser encanado para
misturados com água
alimentarum gerador
noalimentadordo
ou aquecedor
biodigestor 4. As sobras
servem
como
2. Dentro do bio-
digestoraaçãodas
bactérias decompõe o
lixo, transformando-o
em gás metano e
adubo

Mescla

Funcionamento de um biodigestor.

B —
Quer aprender a fazer uma composteira ou um biodigestor caseiro para o lixo orgânico
de sua residência? Acesse:
• Composteira: <http://www.ceasacampinas.com.br/novo/NoticiasVer.asp?id=1373>;
• Biodigestor caseiro: <https://www.youtube.com/watch?v=IA9UMZsdxX0>.

Bioindicadores: Aprendendo com a Natureza


Na produção de álcool ocorre a fermentação por bactérias que quebram o
açúcar da cana, liberando o metanol e o etanol. Pesquise sobre biocombustí-
veis, citando sua importância para a sustentabilidade do planeta e descubra
por que a produção de álcool feita a partir da cana-de-açúcar, realizada no
Brasil, é mais vantajosa do que o álcool do milho, feito pelos Estados Unidos.

Edson Grandisoli/Pulsar Imagens

Seção de Sistematização
WAWAVAVAWAWAVAW.
Nesta unidade você pôde conhecer uma ciência incrível que se utiliza de várias
áreas do conhecimento: a Biotecnologia. Você também conheceu suas aplica¬
ções na agricultura e na área de alimentos e pôde perceber que muitos dos
produtos que consumimos atualmente têm um toque biotecnológico.

Para sistematizar os conteúdos aprendidos analise as seguintes questões.


1) (UECE) Com relação aos produtos transgênicos, é correto afirmar que:
a. São organismos que possuem parte de sua informação genética
proveniente de outro ser vivo.
b. Encontram-se representados por seres vivos que durante o pro¬
cesso de alimentação incorporam material genético dos organismos
ingeridos.
c. São produtos indicados para pessoas com excesso de peso, pois
apresentam número reduzido de calorias.
Devem ser evitados uma vez que, por apresentarem composição
química modificada, não são produtos biodegradáveis.

2) (UFPI) Em todo o mundo, plantas transgênicas, como soja, milho, algo¬


dão, batata, tomate e muitas outras, já ocupam cerca de 40 milhões
de hectares, sendo os principais produtores os Estados Unidos, a
Argentina e o Canadá.

Considere as afirmativas abaixo, que mostram os objetivos da manipu¬


lação genética das plantas cultivadas.
I. Desenvolver variedades de plantas resistentes a herbicidas ou a
insetos.
II. Desenvolver variedades de plantas que produzam frutos com
melhor textura e de amadurecimento lento.
III. Desenvolver variedades de plantas resistentes a geadas, acidez do
solo e escassez de água.

Da análise das afirmativas acima podemos assegurar que:


a. apenas I está correta;
b. apenas II está correta;
c. apenas I e II estão corretas;
d. apenas II e III estão corretas;
e. I, II e III estão corretas.

Nesta unidade estudamos as características dos seres vivos, sua impor¬


tância para a saúde humana e os aspectos relacionados ao equilíbrio
natural e à sustentabilidade. Foi mostrado o quanto é importante, para
a nossa vida, conhecermos os seres vivos. Conhecendo-os melhor, nossa
qualidade de vida aumenta.
Evolução
A evolução é o modelo biológico para a história da vida na Terra e refere-se às alterações
genéticas ocorridas nos seres vivos ao longo do tempo. Isso porque pequenas modifi¬
cações no DNA podem afetar a forma como os seres interagem com o meio ambiente.
Ao longo do tempo, o acúmulo dessas mudanças genéticas pode alterar as características de toda
uma população, e uma nova espécie surge. Nesta unidade, conheceremos as evidências científicas da
evolução e as teorias evolutivas vigentes de como novas espécies são formadas.
Você sabe quais são as provas de que a evolução realmente ocorre?
Capítulo 1

Você Acredita na Teoria


da Evolução?
Disse, uma vez, o geneticista e zoólogo ucraniano Theodosius
Dobzhansky:
Nada em biologia faz sentido a não ser sob a luz da
evolução.

Análise
Theodosius Dobzhansky (1900-1975).

1) Explique a afirmação de Dobzhansky de acordo com o que você entendeu.

2) Você concorda com a ideia de Dobzhansky? Elabore uma justificativa que defenda seu ponto
de vista.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, no meio científico, a evolução é vista como um
fato comprovado e não apenas como uma hipótese. Milhares de pesquisas científicas têm confirmado
a ocorrência do processo evolutivo das espécies. A Teoria de Evolução é a ideia essencial da biologia,
que une e molda suas áreas afins, como a botânica, a zoologia, a microbiologia e a genética. Pelo seu
grande impacto na forma de pensar, a evolução influencia quase todas as áreas do conhecimento,
como a sociologia, a filosofia, a engenharia e a matemática. Sendo assim, podemos considerar a
Teoria da Evolução como uma das mais importantes formas de pensamento da humanidade.
Apesar da capacidade de revolucionar a forma de pensar, a falta de entendimento desta teoria
gera interpretações erróneas, como: "O homem veio do macaco", "Só o mais forte sobrevive", "Futuras
gerações serão mais altas e inteligentes que a atual", e assim por diante. Tais interpretações foram e
são mal utilizadas para justificar atitudes políticas, sociais e científicas de imensa crueldade, como
foi o caso do nazismo na Segunda Guerra Mundial, do apartheid na África do Sul e das segregações
raciais na República Checa.

Você Acredita na Teoria da Evolução?


Trabalho Interdisdplinar

Peça ajuda ao professor de história e faça uma breve pesquisa sobre as justificativas
"científicas" utilizadas pelo regime nazista para o extermínio de judeus, negros, eslavos,
homossexuais e ciganos. Após essa pesquisa histórica, elabore um texto avaliando se essa
forma de pensar ainda está presente nos dias atuais. Coloque como título: Relembrar o
holocausto: um compromisso universal.

Outra interpretação errónea do conceito de evolução é a de que ela é sinónimo de progresso e


avanço. Isso nem sempre é verdadeiro, como podemos observar no exemplo da evolução dos cavalos:
o ancestral desses animais se apoiava em quatro dedos, os quais foram perdidos ao longo do processo
evolutivo, restando atualmente apenas o dedo médio. Desta forma, o processo evolutivo ocorreu com
a perda de estruturas corporais, e não com o ganho.

Esquema demonstrando a evolução dos cavalos a partir dos fósseis

Tempo geológico Animal completo (altura) Pata dianteira Molar

Holoceno 2^4

Pleistoceno
(há 1milhão de anos) 3
Cavalo moderno (Equus) Não usado Deagastado

Mioceno final
(há 8 milhões de anos)
rr1,25 m Pliohippus
2P 4

3
r

Mioceno médio
(há 15 milhões de anos)
ff
yOmMerychippus
T0
3
8
Plataforma de concreto completa

2^4
Eoceno final 1

(há 35 milhões de anos)


0,6 m Mesohippus 3

j^^^Fsmalte
Eoceno inicial
(há 50 milhões de anos)
0,4 m Hyracotherium 34
I —
^u^Cimento
^ent'na

Observe que o registro fóssil é uma poderosa evidência de que a evolução ocorreu e de como
esse processo aconteceu.

Você Acredita na Teoria da Evolução?


Comprovações Científicas da
Evolução
BíA Reflexão

Você tem ideia de como surgiu o mito dos dragões? Reflita sobre
essa questão e elabore no caderno uma argumentação expli¬
cando por que os povos da Antiguidade imaginaram essa criatura
tão única.

Fóssil: Os fósseis são fontes fundamentais de informação, pois mostram


Do latim fossilis = esca¬
a presença de seres que viveram no passado. Logo, conhecer os fósseis
vado, tirado da terra. ajuda a compreender a biodiversidade atual e os processos evolutivos que
moldaram as espécies, como vimos no caso dos cavalos. Atualmente, os
indícios de seres que viveram no passado podem demonstrar o processo
de modificação dos organismos ao longo do tempo. Note que, por indí¬
cios, entendemos desde as pegadas até as tocas deixadas por esses seres.
João Prudente/Pulsar Imagens

No sertão da Paraíba
há uma cidade especial:
a cidade de Sousa.
Nela, encontra-se uma
unidade de conser¬
vação com um nome
muito sugestivo: Vale
dos Dinossauros.
Esse é o local com a
maior concentração de
pegadas de dinossauros
do mundo. No Vale dos
Dinossauros também se
encontra a mais longa
trilha de dinossauros
conhecida, com
43 metros em linha reta.

Pegadas de dinossauro na ddade de Sousa-PB.

Você Acredita na Teoria da Evolução?


Como os paleontólogos conseguem dizer que um fóssil possui Paleontólogo:
parentesco com uma espécie atual? Os cientistas comparam as partes
Do grego palaios = antigo,
encontradas de um fóssil com as partes correspondentes de espécies velho; on, ontos = ser;
viventes. Comparando as partes de diferentes organismos, podemos ter logos = estudo. A paleon¬
dois tipos de estruturas: análogas e homólogas. Quando há estruturas tologia é a ciência que
semelhantes e que realizam funções parecidas, mas possuem origens estuda restos e vestígios
diferentes, dizemos que esses órgãos são análogos. As estruturas corpo¬ fósseis das espécies que
rais, como asas, são exemplos de analogia, como podemos observar no viveram em outras eras
esquema a seguir: geológicas.
Análogo:
Do latim analogus = seme¬
lhante. E utilizado para
descrever certas estruturas
corporais que, embora per¬
tençam a grupos diferentes
e tenham origem embrio-
nária diferente, possuem a
mesma função e o mesmo
nome.
Homólogo:
Do grego homoios = igual;
logos = relação. E utili¬
Note que as partes que compõem as asas dos insetos e das aves são zado para descrever certas
diferentes. estruturas corporais de
mesma origem embrioná-
Certas estruturas corporais, no entanto, têm o mesmo local de ria, pertencentes a grupos
origem no embrião, mas podem se desenvolver para realizar funções aparentados, mas que
diferentes no adulto: são as estruturas homólogas. E o caso das patas dos possuem desenvolvimento
mamíferos, que nas baleias são modificadas no formato de barbatanas; e funções diferentes.
nos morcegos, em asas; nos primatas, em braços; e nos cavalos, em patas.

Estruturas Homólogas

Esquema das patas de mamíferos demonstrando a mesma estrutura interna.

Observe as modificações dos mesmos ossos em diferentes mamíferos, sendo este um exemplo
de estruturas homólogas.

:
Você Acredita na Teoria da Evolução? vÃ
Você já ouviu falar que o ser humano atual mostra evidências de
que seu ancestral possuía cauda? Isso é dito em função do formato do
osso cóccix. Quando um ser vivo apresenta órgãos atrofiados e de tama¬
nho reduzido, mas que, em outras espécies, são maiores e funcionam,
estamos falando de órgãos vestigiais. Podemos dizer que esses órgãos
são rastros do processo evolutivo, já que no ancestral tinha uma atuante
função, e, atualmente, essa função é mínima.
Outro exemplo de órgão vestigial no ser humano é o apêndice
vermiforme, que a maioria das pessoas só lembra que existe quando
infecciona (apendicite). O apêndice vermiforme é um prolongamento
anexo ao intestino grosso que possui grande quantidade de bactérias
relacionadas à digestão de fibras vegetais. Em animais herbívoros, essa
estrutura é bem desenvolvida, já em humanos é muito reduzida, como
podemos comparar no esquema abaixo.

Coelho
Representação da coluna vertebral
e do osso cóccix.

vermiforme

Apêndice de coelho e apêndice humano. A diferença de tama¬


nho entre os apêndices vermiformes em coelhos e humanos
está relacionada ao tipo de alimentação de cada espécie.

Não são apenas os órgãos vestigiais que apontam o pro¬


cesso evolutivo. Muitas “marcas” podem ser deixadas no material
genético.
Com o avanço do conhecimento e das tecnologias na área
da genética, os pesquisadores conseguiram comparar o material
genético de espécies diferentes (interespecífica) e a variação
existente dentro das espécies (intraespecífica). Com base nesses
dados, uma nova “biblioteca genética” de informações está sendo
Imagem do crânio de um neandertal.
disponibilizada aos cientistas.

Você Acredita na Teoria da Evolução?


Trabalho Interdisciplinar

Com o auxílio do professor de história elabore uma pesquisa sobre os ancestrais pré-his¬
tóricos do homem. Enfatize em sua pesquisa as espécies dos hominídeos, os costumes e
as datas importantes da evolução humana. O trabalho deve ser feito em grupos e cada
grupo deve abordar um aspecto relacionado aos ancestrais do homem. As informações
podem ser trocadas em forma de teatro, quadrinhos, explanações, etc. O grupo decide qual
a melhor forma. Ao final, anote no caderno as principais informações apresentadas por
todos os grupos.

(UFJF) Em relação às evidências da evolução biológica, é correto afirmar que:


a. Um órgão vestigial, como o apêndice vermiforme no homem, não é evidência da evolu¬
ção, porque é uma estrutura atrofiada e sem função aparente.
b. A pata dianteira de um cavalo e a asa de um morcego constituem evidência da evolução,
porque são estruturas homólogas, apesar de o cavalo ter perdido os dedos, enquanto no
morcego estes não só foram mantidos como alongados.
c. A asa de uma ave e o élitro (asa dura) de um besouro podem ser considerados como
evidência da evolução, porque são estruturas análogas, que possuem origem embrio¬
lógica diferente.
d. Os fósseis constituem uma evidência da evolução, porque mostram que os organismos
atuais são mais especializados e mais adaptados que os extintos.
e. A embriogênese é uma evidência da evolução, porque mostra que uma célula ovo
evolui para mórula, blástula, gástrula e embrião, que, finalmente, evolui para o indi¬
víduo adulto.

A guerra do fogo
Como complemento para o estudo da evolução humana, recomendamos o filme A guerra
do fogo, de 1981. Ele retrata dois grupos de hominídeos em um período na Pré-História. A
direção é de Jean-Jacques Annaud. Anthony Burgess e Desmond Morris foram responsáveis
pela linguagem especial que foi criada para o filme, cuja história está ambientada no período
anterior ao uso da linguagem verbal. Desta forma, a linguagem corporal é fortemente uti¬
lizada em todo o filme.

Você Acredita na Teoria da Evolução?


Capítulo 2

Teorias Evolutivas
Até meados do século XIX, acreditava-se em uma grande organização
dos seres vivos na qual as espécies eram imutáveis, sendo essa ideia chamada
de Fixismo. A partir desse ideal, acreditava-se que as espécies derivavam
da vontade e criação divinas, sendo, portanto, essencialmente boas. Com
os descobrimentos de Charles Darwin e Alfred Russel Wallace, essa forma
de pensar começou a mudar. Entretanto, esses cientistas não foram os pri¬
meiros a propor uma teoria científica para explicar as variações observadas
na natureza. Grandes contribuições ao conhecimento do processo evolutivo
foram dadas por um cientista chamado Jean-Baptiste Lamarck. A seguir,
vamos conhecer um pouco mais sobre suas ideias.

Lei do Uso e do Desuso


Lamarck foi o primeiro cientista a elaborar uma teoria evolutiva das
espécies, em 1809. Ele dizia que os seres adaptam-se ao meio ambiente,
ou seja, se um fator ambiental muda, as espécies alteram-se
conforme as novas condições. Contudo, segundo ele, nesse
processo adaptativo um órgão ou uma estrutura corporal pode¬
ria ser mais utilizado do que outro para se adequar ao meio,
isto é, partes se desenvolviam ou se atrofiavam.
Com base nessa ideia, ele elaborou a Lei do Uso e do
Desuso. Essa lei, que hoje não é mais aceita, preconiza que se
um casal começar a praticar halterofilismo, seus filhos nasce¬
rão com a musculatura já desenvolvida, como os pais. Lamarck
tentou descrever sua ideia explicando como o pescoço das gira¬
fas ficou tão comprido. Ele imaginou que no passado todas as
girafas possuíam pescoço curto e aquelas que conseguiam se
esticar para alcançar as folhas das copas de arbustos tinham
vantagem na competição por alimentos em comparação com as
TRÉVENI N, Charles. Jean-Baptiste de Monet Chevalier
de Lamarck (1744-1829). que não conseguiam alcançar as partes mais altas das plantas.

Teorias Evolutivas
O que Lamarck acreditava era que aquelas girafas que esticavam o
pescoço estimulavam o seu desenvolvimento e essa característica adqui¬
rida era transmitida às futuras gerações. Esse processo de transmissão dos
caracteres adquiridos é a base da outra lei elaborada por Lamarck.

Reflexão

Algumas vezes, a mídia transmite ideias que estão erradas. Por


exemplo, você já ouviu falar que "os fabricantes de pesticidas
alteram de tempos em tempos a fórmula dos venenos porque as
pragas adquiriram resistência"? Ou "que bactérias ficaram imunes
ao efeito de um determinado antibiótico"? Ou, ainda, "que baratas
se adaptaram a um inseticida"? Será que o modo como estas infor¬
mações são transmitidas lembram as ideias de Lamarck? Analise
essas três sentenças e discuta com os colegas o que pode estar
errado nessas frases. Anote no caderno as conclusões.

Imagine que um pesquisador corte as caudas de camundongos e


cruze esses animais entre si. Quando os filhotes nascerem, o pes¬
quisador também lhes cortará as caudas e novamente os cruzará
entre si. Continuando a experiência por 100 gerações, como você
acha que será a cauda dos animais da 101^ geração? O que esse
experimento poderá demonstrar?

Teorias Evolutivas
Lamarck foi um importante cientista porque defendeu a evolução
das espécies em um momento histórico em que a maioria dos intelectuais
defendia que as espécies não mudavam ao longo do tempo (Fixismo).
Outra contribuição dele foi a ideia de que as espécies se adaptam às alte¬
rações do ambiente. Entretanto, a Teoria da Evolução das espécies só foi
realmente aceita no meio acadêmico após as publicações das descobertas
de outros cientistas: Charles Darwin e Alfred R. Wallace.

Teoria da Seleção Natural


Darwin e Wallace foram pessoas privilegiadas, pois ambos tiveram
a oportunidade de viajar pelo mundo (separados e em datas diferentes).
Com a experiência dessas viagens, eles conseguiram verificar a variação
das espécies na natureza, comparar os fósseis de diversos continentes e
perceber o processo evolutivo acontecendo ao redor do mundo. Darwin,
no entanto, foi o que apresentou mais informações sobre o assunto e tam¬
bém publicou o famoso livro A origem das espécies. Por isso, iremos nos
ater principalmente a esse cientista.

Charles Darwin (1809-1882). Alfred Russel Wallace (1823-1913).

Se você quiser saber mais sobre a evolução das espécies recomendamos que
leia o livro publicado por Darwin: Sobre a origem das espécies por meio de se¬
leção natural, publicado pela primeira vez em 1859.

Teorias Evolutivas
Um fato interessante sobre a viagem de Darwin ao redor do mundo
é que dois livros em particular o auxiliaram a elaborar sua revolucioná¬
ria teoria. Esses livros foram: Ensaio sobre o princípio da população, de
Thomas Malthus, e Princípios de geologia, de Charles Lyell.
O jovem Darwin transpôs a ideia de Malthus dos princípios que
controlam as populações humanas para o ambiente natural. Neste o cres¬
cimento das populações seria controlado pelos limites impostos pelo meio
(uma população de peixes não pode crescer mais do que os limites impos¬
tos por um rio). O aumento de indivíduos em um local gera a falta de
recursos, o que gera competição (como peixes competindo por alimento).
Aqueles organismos que possuíam características mais adaptadas à nova
situação, por competição, deixariam um maior número de descendentes.
Do livro de Lyell, Darwin compreendeu que esses processos seriam
graduais e ocorreriam ao longo de grandes períodos de tempo.
Dessa forma, temos o meio ambiente como o fator-chave que sele¬
ciona os indivíduos mais adaptados a ele, ou seja, o principal agente de
modificações seria a ação da seleção natural sobre as variações de cada
organismo. Se pensarmos sobre essa ideia, chegaremos a uma conclusão
similar à de Darwin: todos os seres vivos descendem, com modificações,
de ancestrais comuns.

Leia atentamente esta frase célebre de Isaac Newton: Se v/ mais


longe foi por estar de pé sobre ombros de gigantes.

Elabore um texto no caderno, entre 15 e 25 linhas, relacionando


essa frase ao fato de Darwin ter utilizado as obras de Malthus
e Lyell para se inspirar na elaboração da Teoria da Evolução por
seleção natural.

Note que Darwin não foi o criador da ideia de evolução, pois esse
raciocínio era anterior a Lamarck. Darwin apenas acrescentou um forte
argumento à Teoria da Evolução das espécies. Entretanto, a ideia Fixista,
contestada cientificamente desde a época de Lamarck, ainda tinha muitos
defensores que atacaram ferozmente a Teoria da Evolução, deturpando
as ideias publicadas no livro A origem das espécies, dizendo que, para
Darwin, o homem veio do macaco.

Teorias Evolutivas
Observe as seguintes imagens:
Pongídeos
Hilobatídeos Hominídeos

Milhões de
anos

Símios do velho Gibão Orangotango Gorila Chimpanzéjomem


Símiosdo
novo mundo

Australopithecus

Mamíferos insetívoros
Árvore filogenética provável dos antropoides.

A imagem da direita mostra um cladograma (diagrama em que são assinaladas as sequên¬


cias e as relações entre as espécies) de várias espécies de primatas que vivem até os dias
atuais, e a imagem da esquerda mostra uma caricatura de Darwin feita pelos defensores do
fixismo. Com base nessas imagens e com o que você aprendeu sobre evolução, explique por
que está errado dizer que "o homem veio do macaco".

Apesar do grande avanço no conhecimento do processo evolutivo, Darwin sabia que uma peça
do quebra-cabeça ainda estava faltando. Para serem completas, suas ideias deveriam explicar a fonte
da variabilidade das espécies, o que ele não conseguiu fazer. Você consegue pensar o que controla e
como se originam as características diferentes nos seres vivos? De que forma essas características são
passadas ao longo das gerações?

Teorias Evolutivas
Teoria Sintética da Evolução
Curiosamente, a resposta para o enigma da hereditariedade começou
a ser compreendida por um monge chamado Gregor Mendel (1822-1884).
Do latim mutatio = ato
Com o conhecimento dos mecanismos da hereditariedade, criou-se uma de mudar, mudança.
nova ciência, a genética, que ao longo dos anos conseguiu clarificar muitas Mutação é a diversidade
dúvidas de vários processos biológicos, inclusive da evolução. Iremos estu¬ hereditária, ao acaso e
dar as descobertas de Mendel mais detalhadamente na próxima unidade. irreversível, que se mos¬
tra em um organismo por
Com base na genética, descobriu-se que o material genético (DNA
causa da alteração de um
e RNA) é responsável pelo controle das características nos diferen¬ ou mais genes, ou quando
tes seres vivos. Atualmente, sabemos que há somente duas formas de ocorre uma alteração em
aumentar a variabilidade genética de uma população, por mutação ou um cromossomo.
por permutação cromossômica.
Permutação
Para exemplificar o processo de mutação, imagine o motor de um cromossômica:
carro de corrida. Ele foi construído para ser o melhor que os engenhei¬
E a troca de braços
ros puderam pensar. Imagine agora um policial com um revólver sendo
cromossômicos na divisão
um agente mutagênico. Se esse policial der um tiro às cegas nesse motor, celular meiótica.
qual será a probabilidade de provocar um grande dano no carro? Seria de
99,99%, certo? A essa analogia podemos comparar o surgimento de danos
no DNA e, até mesmo, o desenvolvimento de câncer. Se as células forem expostas a certas substân¬
cias tóxicas e cancerígenas, como o amianto, as bases nitrogenadas do material genético podem ser
alteradas de forma aleatória.
Note que mesmo havendo apenas 0,1% de alteração provocada pelo agente mutagênico, esta
pode trazer uma nova forma, uma nova característica.

Que substâncias podem alterar o material genético? Elabore uma pesquisa sobre o assunto e
descubra um pouco mais sobre os agentes mutagênicos. Anote as observações no caderno.

Além da mutação, outro processo que pode aumentar a variabilidade genética de uma população é
a permutação cromossômica. No caso da espécie humana, cada criança recebe 23 cromossomos do pai e
outros 23 da mãe. Para entendermos como esse processo ocorre, vamos comparar o processo de meiose,
que as células reprodutivas realizam para formar
gametas, com o processo de embaralhar cartas.
Imagine que você ganhou 23 cartas de seu
pai, todas de paus (*) e espadas (a). Da sua mãe,
no entanto, você recebeu outras 23 cartas, todas
de copas (v) e ouros (♦). Essas cartas serão colo¬
cadas em duas colunas pareadas, como o número
2 de espada com o 2 de copas, o 2 de paus com
o 2 de ouros, o 3 de espada com o 3 de copas,
e assim por diante. Essas cartas pareadas são,
nas nossas células, determinados cromossomos
que recebem o nome de cromátides homólogas.
Esquema demonstrando o processo de permutação cromossômica.

Teorias Evolutivas
vB)
No momento em que você passar algumas das 23 cartas (cromossomos) para o seu descendente, você
irá passar “cartas” das duas colunas. Todavia, nesse processo, poderão ser misturadas cartas de colunas
diferentes. Esse processo, nas nossas células, recebe o nome de permutação cromossômica ou crossing
over. Note que, se esse processo não acontecesse, você iria transmitir a mesma coluna que recebeu dos
seus pais e eles dos pais deles. Assim, a variabilidade genética da população, em geral, seria extrema¬
mente baixa. Ocorrendo o processo de permutação, a variabilidade aumentará a cada nova geração.
Essa é uma das explicações da diferença genética entre gêmeos fraternos (que não são gêmeos iguais).

Note que permutação gênica e mutações são processos biológicos que aumentam a variabilidade
genética das populações. Sem essa variação, a seleção natural e os outros processos que agem sobre
a diversidade genética presente nas espécies e a evolução não poderiam atuar. Esse é um problema
muito comum na agricultura, cuja baixa diversidade das sementes aumenta o surgimento de pragas.
Além da seleção natural, que outros fatores agem sobre a variabilidade genética já estabelecida?
Vamos pensar historicamente. O nosso país foi palco de um processo
interessante que transformou a variabilidade genética da população humana
Do latim migratio
que aqui vivia. Imagine o território brasileiro no século XV, quando ainda = mudança de lugar.
não havia sido colonizado por europeus, havendo aqui somente indígenas. Migração é o deslo¬
Pela variabilidade genética da população você acredita que existiam indíge¬ camento de alguns
indivíduos de uma espécie
nas loiros, ruivos, ou com olhos claros e pele escura? É claro que não, esse em busca de melhores
efeito apenas foi possível com a migração de povos de origem europeia condições ambientais ou
para o Brasil. Esses colonizadores trouxeram novos genes que foram acres¬ de vida.
centados na população humana que vivia aqui.
Em outro momento, ocorreu a chegada de escravos oriundos da África ao Brasil, aumentando
ainda mais a variabilidade genética da população. No começo do século passado, esse processo foi
acentuado pelas crises e guerras que assolaram o Hemisfério Norte e que trouxeram muitos emi¬
grantes para o Brasil. Entretanto, um dos últimos grandes fenômenos migratórios está ocorrendo
devido à globalização, pois nunca tantas pessoas se estabeleceram em locais diferentes daqueles de
sua origem como se observa atualmente.

Teorias Evolutivas
Quando ocorrem variações genéticas entre populações que são oca¬ remco;
sionadas devido à entrada ou saída de indivíduos, estabelece-se um fluxo
Do latim fluxu = corrente
gênico. Quanto maior esse fluxo, maior a velocidade da diminuição das dife¬
de rio + elemento com¬
renças genéticas entre as várias populações que pertencem à mesma espécie. posto gênico = relativo
Um exemplo da aplicação desse conhecimento é o que acontece em ambien¬ a genes. É a variação de
tes e/ou populações fragmentados. Imagine uma população de onças em uma certos genes na diver¬
pequena região florestada. Após certo tempo, começará a ocorrer o cruza¬ sidade genética de uma
mento entre parentes próximos, limitando a variabilidade genética. Se um população por causa da
rio conectar essa região com outro fragmento que também contém onças, entrada de imigrantes ou
a saída de emigrantes.
possibilitando o trânsito de indivíduos de outras regiões para esse fragmento,
serão trocados genes entre as populações. A esse fenômeno denominamos
fluxo gênico.

Trabalho Interdisciplinar

Com a ajuda dos professores de história e geografia, elabore uma pesquisa sobre os diver¬
sos momentos migratórios que envolveram a população brasileira e seus efeitos sociais,
económicos e culturais.

Outro processo que pode atuar sobre o conjunto gênico de uma


população é a deriva genética. Esse processo natural é o efeito, ao acaso, “ . " "
^õêríva:
r r x b r Do latim denvare =
da oscilação dos genes de uma população. Quanto menor a população, mais andar desgovernado
acentuado esse efeito se mostra. Na natureza, essa oscilação pode ocorrer l andar sem direção.
tanto de forma repentina, como pela ação de um maremoto, um terremoto,
uma explosão vulcânica, um meteoro, queimadas e enchentes, atingindo grande parte de uma popu¬
lação. Os indivíduos que sobreviverem a esses desastres ecológicos irão formar o novo conjunto de
genes dessa nova população. Note que, como essa alteração genética da população ocorreu ao acaso,
ela não tem valor adaptativo. Podemos visualizar um exemplo desse processo na ilustração abaixo.

Em pequenas populações o efeito da deriva genética é mais acentuado.

Um autor contemporâneo que traz novas discussões acerca da evolução é Richard Dawkins. Ele possui vários livros
interessantes que abordam o assunto. Recomendamos, em especial, a leitura de 0 gene egoísta.

Teorias Evolutivas
A deriva genética, a migração e a seleção natural atuam sobre a variabilidade genética. Já a
variabilidade de genes de uma população é aumentada por dois processos: mutação e permutação
gênica. Todos esses fatores são os componentes do processo evolutivo atualmente aceito, conhecido
como Teoria Sintética da Evolução ou neodarwinismo.
Nesse tópico, observamos que a evolução atua sobre o conjunto de genes da população de uma
espécie. Mas como as espécies mudam ao longo do tempo e de que forma novas espécies surgem?

Como as Espécies São Formadas?


Para descrever e ilustrar o processo de formação de novas espécies, vamos refletir:

iatA Reflexão

Quem veio primeiro: o ovo ou a galinha? Você já deve ter refletido sobre essa questão.
Para resolvermos esse enigma, vamos mudar um pouco o dilema: Quem surgiu primeiro, a
estrutura ovo ou a espécie galinha? Com base no cladograma a seguir, qual a sua resposta
para esse enigma?

Cladograma mostrando as relações evolutivas entre o grupo dos vertebrados.

Note, em azul, o grupo dos répteis. Como podemos observar no cladograma, as aves estão
intimamente relacionadas ao grupo dos dinossauros, já que se originaram dele. Na verdade, o termo
dinossauros é aplicado às espécies extintas há 65 milhões de anos. Se não fosse por esse fato, podería¬
mos dizer que as aves são dinossauros que vivem até os dias atuais.

Leia no link a seguir uma reportagem interessante sobre este tema fascinante, ao qual, a cada dia, novas descobertas
são acrescentadas: <http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/descoberto-fossil-de-maior-dinossauro-com-penas>.

Teorias Evolutivas
Muitos ovos de dinossauros já foram encontrados e, por isso, podemos dizer que a estrutura
ovo é mais antiga que a espécie galinha. Há outros animais do cladograma que também botam ovos,
como os crocodilos, os lagartos, as cobras e as tartarugas. Os fósseis de tartarugas são tão antigos que
datam da Era Triássica, há 215 milhões de anos, época tão antiga quanto o surgimento dos primeiros
dinossauros. Então, podemos concluir que o animal com ancestral mais antigo que vive nos dias
atuais e que põe ovo, é a tartaruga.
Como um ancestral em comum das tartarugas, dinossauros e aves pôde dar origem
a tantas espécies?
As novidades evolutivas (como as estruturas que formam o ovo) são originadas da interação
entre mutação, permutação gênica e seleção natural, que formam ou modificam as características
de uma espécie ao longo do tempo. Entretanto, quando a população de uma espécie (ancestrais
das aves) de alguma forma se isola de outras populações (dinossauros), interrompe o fluxo de genes
entre seus indivíduos (separação entre os dinossauros e os ancestrais das aves), podendo formar,
deste modo, novas espécies.
Esta quebra da ligação entre populações pode ser ocasionada pelo aparecimento de uma bar¬
reira geográfica, como uma cordilheira de montanhas ou um grande rio, por uma mutação, ou pela
deriva genética.
Com o passar do tempo, a população isolada (ancestral das aves) pode acumular diferenças tão
grandes que em um futuro contato com a população original terá formado uma nova espécie, como
é o caso do avestruz (África) e da ema (Brasil).

Brasil África Tempo

Sem barreira geográfica,


uma espécie

Se as barreiras forem
as espécies não se intercruzam

Esquema do processo de especiação por isolamento geográfico.

Teorias Evolutivas
1) (UFPR) 0 hábito de colocar argolas no pescoço, por parte das mulheres de algumas tribos
asiáticas, promove o crescimento dessa estrutura, representando nessas comunidades um
sinal de beleza. Dessa forma temos que as crianças, filhos dessas mulheres, já nasceriam
com pescoço maior, visto que essa é uma tradição secular.
A afirmação acima pode ser considerada como defensora de qual teoria evolucionista:
a. Teoria de Lamarck.
b. Teoria de Malthus.
c. Teoria de Wallace.
d. Teoria de Darwin.
e. Teoria de Mendel.

2) (UNIFESP) Leia os trechos seguintes, extraídos de um texto sobre a cor de pele humana.

A pele de povos que habitaram certas áreas durante milénios adaptou-se para permitir a
produção de vitamina D.
À medida que os seres humanos começaram a se movimentar pelo Velho Mundo há cerca
de 100 mil anos, sua pele foi se adaptando às condições ambientais das diferentes regiões.
A cor da pele das populações nativas da África foi a que teve mais tempo para se adaptar
porque os primeiros seres humanos surgiram ali.
Fonte: Adaptado de: Scientific American Brasil, vol. 6, nov. 2002.

Nesses dois trechos, encontram-se subjacentes ideias:


a. da Teoria Sintética da Evolução;
b. darwinistas;
c. neodarwinistas;
d. lamarckistas;
e. sobre especiação.

Seção de Sistematização
Nesta unidade, estudamos a evolução das espécies, conhecemos as teorias evo¬
lutivas e descobrimos como as espécies são formadas. Além disto, aprendemos que
as provas de que a evolução realmente ocorre são os fósseis e as pesquisas genéticas.
Observe que, ao longo dessa unidade, falamos continuamente sobre material genético,
genes e genética. A próxima unidade será dedicada a reflexões sobre esse tema e, em
especial, ao pai da genética: Gregor Mendel.
Genética
N estaunidade, entenderemos porque é fundamental estudar genética. Para isso, conhe¬
ceremos os experimentos de Gregor Mendel, que foi o pioneiro no entendimento da
forma como algumas características são passadas de uma geração a outra. Essa desco¬
berta ainda causa impactos na forma como desenvolvemos a agricultura, a pecuária e a medicina,
entre outros.
E por falar em medicina, de que forma a genética pode nos auxiliar para evitarmos
que algumas doenças se desenvolvam?
Capítulo 1

Por Que É Fundamental Estudar


Genética?
A natureza não é cruel, apenas implacavelmente indiferente. Essa é uma das lições
mais duras que os humanos têm de aprender (Richard Dawkins).

Richard Dawkins é um etólogo e biólogo evolutivo britânico.

Análise

1) 0 que você entendeu a partir da frase de Richard Dawkins?

2) Você concorda com ela? Justifique suas afirmações.

Por Que É Fundamental Estudar Genética?


Ao assistir a um noticiário, ler uma revista, realizar compras e até quando Transgênicos são
nos alimentamos, estamos cercados por informações referentes à genética. seres vivos que rece¬
A cada dia, somos bombardeados com informações sobre a manipulação de bem genes de outras
espécies animais ou
material genético: pesquisas com embriões humanos, testes de paternidade, vegetais. Também
melhoramento genético de animais, alimentos transgênicos, etc. podem ser chamados
de geneticamente
Um profissional não pode atuar de forma eficiente e correta sem modificados.
saber como funcionam os processos biológicos. Os trabalhadores com inte¬
resse em atuar na área médica ou biológica devem ter uma preocupação
particular em compreender o que são e como ocorrem esses processos que
envolvem a hereditariedade, já que o avanço tecnológico na área tem ocor¬
rido de forma galopante.
Ao longo da história da civilização humana, a hereditariedade das
características foi um dos assuntos que mais intrigou os seres humanos,
desde criadores de animais que queriam melhorar certas características e
agricultores que desejavam obter melhores safras de sementes seleciona¬
das; até reis e imperadores que almejavam controlar as características de
seus descendentes.
A genética é a área da biologia que, nos últimos anos, mais tem cau¬
sado impactos na sociedade devido às suas descobertas revolucionárias.
Essa ciência tem a intenção de entender os processos hereditários, bus¬
cando compreender como os genes funcionam e como são transmitidos
para cada geração.

Certos processos relacionados à agricultura, à indústria


alimentícia, farmacêutica e biotecnológica podem utilizar
conhecimentos originários do estudo e da manipulação
de material genético. Que atividades relacionadas à
genética são mais comuns na sua região? Quais os avan¬
ços e impactos locais dessas atividades? Faça uma breve
pesquisa e anote as informações obtidas no caderno.

O primeiro pesquisador a compreender a herança de


características foi o monge Gregor Mendel, que publicou suas
descobertas sobre a transmissão de características em ervilhas do
gênero Pisum no ano de 1866. Vamos conhecer um pouco mais
sobre as grandes descobertas de Mendel.

Por Que É Fundamental Estudar Genética?


Os Experimentos de Mendel
O experimento de Mendel só foi possível de ser concretizado devido a algumas características
da espécie que ele escolheu para estudar. Vamos entender o porquê dessa afirmação conhecendo a
estrutura das ervilhas. Observe a foto de uma flor de ervilha e compare com o esquema abaixo:

Esquema do sistema reprodutor da flor de ervilha


Pisum sativum.

Flor de ervilha.

Note que as estruturas reprodutivas da flor estão bem protegidas. Essa é uma característica
que dificulta a fecundação entre plantas diferentes, a fecundação cruzada, mas favorece que a
mesma planta possa se autofecundar. Mendel plantou tipos diferentes da mesma espécie de ervilha
em vários canteiros e deixou que elas se autofecundassem por várias gerações, verificando constan¬
temente se as variedades eram realmente “puras” para determinada característica estudada. Ou
seja, no canteiro das sementes de cor amarela somente apareciam sementes amarelas e o mesmo
ocorria no canteiro das sementes de cor verde. Podemos observar as características que Mendel
estudou no esquema abaixo:

Corda semente
(endosperma)

Amarelo Verde

Forma da semente

Cor da flor

Púrpura Branca

Características de Pisum sativum estudadas por Mendel.

Por Que É Fundamental Estudar Genética?


Depois de várias gerações sem o aparecimento de características diferentes das encontradas
nas plantas iniciais, Mendel pôde ter certeza de que as características analisadas pelo seu experimento
eram “puras”, então ele deu andamento ao seu estudo. Em seguida, Mendel realizou o cruzamento
entre as diferentes variedades que ele tinha à disposição: plantas que produziam sementes amarelas
com plantas que produziam sementes verdes.
Tendo todo o cuidado necessário, ele estipulou um lote como sendo das plantas fornecedoras
de pólen, e retirou delas as anteras (da parte masculina). Então, fertilizou manualmente as plantas
do outro canteiro. Note que ele retirava as anteras das plantas que receberiam o pólen antes que
estivessem prontas para se reproduzir, deixando apenas o estigma (parte feminina). Dessa forma, ele
tinha pleno controle do processo de reprodução das ervilhas para que não ocorresse autofecundação,
mas apenas a fecundação controlada pelo cientista.

Análise

Se você realizasse um cruzamento de plantas cujas ervilhas possuíssem coloração amarela


com outra variedade, da mesma espécie, cujas ervilhas fossem verdes, sabendo que ambas
seriam "puras" para essa característica, responda:
a. Que cor(es) de ervilha você esperaria obter a partir desse cruzamento?

b. Como você explicaria a transmissão e manifestação da característica (cor da ervilha) a


cada geração a partir dos resultados?

Primeira Lei de Mendel


Curiosamente, a partir do cruzamento de ervilhas puras amarelas com ervilhas puras verdes,
Mendel obteve 100% de ervilhas de cor amarela.
Essas ervilhas filhas (chamadas de Fl) foram deno¬
minadas de híbridas, já que ele sabia que carregavam
a característica para a cor verde, entretanto não a
manifestavam. Se ambas as plantas parentais (P)
eram puras, a prevalência da coloração amarela sobre
a verde mostrava que uma característica dominava a
outra. Neste caso, ele nomeou a de cor amarela como
dominante e a de cor verde como recessiva.
Em um segundo momento, ele plantou as
sementes amarelas híbridas e deixou que natural¬
mente realizassem autofecundação. Nas sementes
originárias dessas plantas híbridas reapareciam as
ervilhas de coloração esverdeada (chamadas de F2),
conforme podemos observar ao lado: Esquema do cruzamento entre ervilhas puras amarelas e verdes.

Por Que É Fundamental Estudar Genética?


Além da cor das ervilhas, Mendel testou diversas outras características, como o formato da
semente, a cor e a forma da vagem, a altura da planta, a posição e a cor da flor. Podemos observar os
dados do experimento de Mendel a seguir:

Resultados do experimento de Mendel

Geração F2
Caráter Dominante Recessivo (dominante - Proporção em F2
recessivo)

Amarela Verde
1. Cor da semente 6.022:2.001 3,01:1

Lisa Rugosa
2. Forma da semente 5.474:1.850 2,96:1

Verde Amarela

3. Cor da vagem 428:152 2,82:1

Lisa Ondulada

4. Forma da vagem 882:299 2,95:1

Alta (1,60 m)
Baixa (40 cm)

5. Altura do pé de ervilha

& 787:277 2,84:1

Ao longo do caule Terminal

6. Posição da flor 651:207 3,14:1

Púrpura Branca

7. Cor da flor 705:224 3,15:1

Observando a tabela, note uma característica única, que também não passou despercebida por
Mendel: as proporções entre as características dominantes e recessivas. No cruzamento entre híbri¬
dos, a proporção encontrada é aproximadamente constante, sendo de 3 dominantes para 1 recessivo.

Por Que É Fundamental Estudar Genética?


Essa proporção de 3:1 é conhecida como proporção mendeliana. Ele descobriu que esse fenômeno
ocorre devido à ação do que denominou de fatores. Para a determinação de cada característica, como
a cor da semente de ervilha, havia dois fatores que interagiam. Esse processo pode ser observado no
esquema a seguir: os fatores foram representados pela letra a, sendo que a letra A maiúscula repre¬
sentava a característica dominante e a letra a minúscula, a recessiva.

Parental

Par de
fatores

Geração
filial 1-F1

Geração 25% ou
filial 2 -F2 1/4
AA
JV
. 25% ou
1/4
Aa . 25% ou
1/4
25% ou
1/4

Esquema demonstrando a Primeira Lei de Mendel.

Por ser tratar de um experimento inédito, Mendel criou novos termos para explicar seu
estudo. Entretanto, as descobertas dele foram estudadas e melhor compreendidas ao longo dos
anos. Essa compreensão ocorreu principalmente com o avanço do entendimento da meiose e
da transmissão e composição do material genético (DNA e RNA). Dessa forma, muitos termos
foram renomeados para adequarem-se às novas descobertas. O que Mendel não entendia, e que
atualmente sabemos, é a natureza do material genético. Para relembrarmos o que aprendemos
sobre esse assunto nas primeiras unidades, que discorria sobre a organização do material genético,
observe a seguinte ilustração:

Esquema demonstrando a composição do material genético da espécie humana.

Por Que É Fundamental Estudar Genética?


Os fatores mendelianos foram chamados de alelos e cada indivíduo
É a variedade de duas ou possui dois alelos para cada característica. Logo, as plantas que eram cha¬
mais formas distintas madas de puras somente davam origem a gametas com um tipo de alelo, por
de um gene responsável
por uma característica isso são consideradas organismos homozigóticos. Já os indivíduos heterozi¬
hereditária. góticos correspondem aos híbridos por possuírem alelos diferentes e cada
Homozigóticos: gameta carregar uma informação genética diferente. Sabemos hoje que o
Do grego homoios = processo de separação dos alelos é a meiose, no qual uma célula (2n) ori¬
igual e zygos = par.
Diz-se que um organismo
gina outras quatro com metade (n) do material genético da célula inicial. Os
é homozigótico quando tipos de genes que um organismo possui, ou seja, a composição genética
ele possui dois alelos dos alelos de um indivíduo (como AA, Aa ou aa) é chamada genótipo. As
idênticos (AA ou aa) para
o par de genes que deter¬ características observáveis (como a cor das sementes das ervilhas) denomi¬
mina o mesmo caráter. nam-se fenótipos.
Heterozigóticos:
Do grego hétero = outro e
zygos = par. Diz-se que um
organismo é heterozigótico
quando ele possui os dois
alelos diferentes (Aa) para
o par de genes que deter¬ Abaixo podemos ver como o enunciado da Primeira Lei de Mendel
mina o mesmo caráter. foi originalmente escrito em 1865. Desde a época da publicação
do trabalho de Mendel, os conhecimentos sobre o material gené¬
tico avançaram e novas informações foram acrescentadas aos
seus princípios. Complete as lacunas abaixo com os termos atuais
relativos à hereditariedade.
"Cada caráter ( ) é determinado por um
par de fatores ( ) que se separa na forma¬
ção dos gametas ( ), indo apenas um dos
fatores ( ) do par para cada gameta, que
é, portanto, puro ( )."
(Primeira Lei de Mendel).

Um indivíduo não é apenas o resultado da combinação dos seus


genes (genótipo), mas, sim, da interação destes com o ambiente, o que
irá formar o fenótipo. Um exemplo é a cor da pele humana, ou seja, a
quantidade de melanina na derme determina o tom da pele. Se uma pessoa
branca viver em um local ensolarado, poderá passar a impressão de que
possui um tom de pele mais escuro.
Outro exemplo da interação dos genes com o ambiente é o que ocorre
com algumas doenças genéticas, como câncer, problemas cardiovasculares,
diabetes e outras. Pessoas que possuem um histórico familiar de alguma
doença genética podem carregar os genes da doença, postergando sua mani¬
festação ou, até mesmo, não a manifestando, como é o caso do diabetes.

Por Que É Fundamental Estudar Genética?


Essa doença, que atinge aproximadamente 12% da população brasileira, tem sua incidência aumen¬
tada devido, principalmente, ao sedentarismo, à obesidade e ao próprio processo de envelhecimento,
pois esses fatores contribuem para o desenvolvimento dessa e de outras doenças com influência
genética.

O
Casos de Diabetes no Mundo Batem Recordes

Um relatório divulgado nesta quarta (14/11/2012) pela Federação Internacional de


Diabetes mostra que hoje há 371 milhões de pessoas com a doença no mundo, sendo
que metade dos casos não é diagnosticada. Até 2030, segundo estimativa da organização,
552 milhões terão diabetes.
A doença, vista antes como um problema do mundo desenvolvido, já que a maioria
dos casos de diabetes tipo 2 é causada por obesidade, se espalhou por países mais pobres
junto com a urbanização. Agora, quatro em cinco diabéticos vivem em países de renda baixa
ou média.
Só a China tem 92,3 milhões de pessoas com diabetes. Na África Subsaariana, o pro¬
blema acaba ficando oculto, já que a falta de acesso a serviços de saúde leva menos de um
quinto dos casos a receber diagnóstico. Segundo a Federação Internacional de Diabetes,
187 milhões não sabem que têm a doença no mundo.
Os diabéticos têm um controle inadequado do açúcar no sangue que pode levar a
complicações graves, como danos a nervos, rins e cegueira. No mundo, 4,8 milhões morrem
por causa da doença a cada ano. O diabetes é uma das doenças crónicas - ao lado de câncer,
$
problemas cardíacos e respiratórios - a serem incluídas nos próximos objetivos de desenvol- •
vimento global que vão substituir as Metas do Milénio em 2015. *
Para a indústria farmacêutica, o diabetes é um grande mercado. As vendas globais de I
remédios contra a doença, que em 2011 totalizaram US$ 39,2 bilhões, podem chegar a até ;
US$ 53 bilhões em 2016, segundo a consultoria de mercado IMS Health.
Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Casos de diabetes no mundo batem recordes. Disponível em: <http://wwwl.folha.uol. •
com.br/equilibrioesaude/1185477-casos-de-diabetes-no-mundo-batem-recorde.shtml>. Acesso em: 17 nov. 2012. .*

o
Com base no texto Casos de diabetes no mundo batem recordes, qual é a chance de você
desenvolver uma doença crónica como câncer, diabetes, problemas cardiovasculares e res¬
piratórios? Elabore um texto, no caderno, contando seu histórico familiar: quais doenças
seus familiares desenvolveram? Faça uma breve pesquisa, acrescentando no texto o que
pode ser feito para minimizar as chances de você desenvolver tal doença.

Por Que É Fundamental Estudar Genética?


Monoibridismo: Além do diabetes, há muitas outras características humanas que
Do grego monos = podem ser explicadas pela Primeira Lei de Mendel. Note que, nessa lei,
um, único; e elemento analisamos apenas uma característica genética de cada vez, o que deno¬
composto: hibridismo, minamos monoibridismo. Entre as características humanas dominantes,
que possui relação com
heterozigose. O monoi¬ podemos citar a pigmentação da pele por melanina, o lóbulo da orelha
bridismo é o cruzamento solto, a capacidade de enrolar as laterais da língua em forma da letra U, a
de dois organismos, covinha do queixo, o bico de viúva, as sardas, a mecha branca no cabelo, a
cuja diferença reside
somente em um caráter presença de mais dedos nos pés e nas mãos (polidactilia), etc. Entretanto,
hereditário. a falta de pigmentação da pele por melanina (albinismo), o lóbulo da ore¬
lha preso, a falta da capacidade de enrolar as laterais da língua em forma
da letra U, o queixo sem covinha, o couro cabeludo sem uma projeção na
testa, a pele sem sarda, o cabelo sem uma mecha branca e a presença de
cinco dedos nos pés e nas mãos são características humanas recessivas.

Pele negra (dominante). Sardas (dominante).

Polidactilia (dominante). Lóbulo da orelha colado (recessivo).

Por Que É Fundamental Estudar Genética?


Alterações nas Proporções Observadas
por Mendel
Note que, no processo de transmissão das características que
Mendel observou nas ervilhas, sempre um alelo dominava completamente
o outro, ou seja, o A dominava completamente o a. Com o avanço das
pesquisas genéticas, observou-se que, para certas características de alguns
organismos, a proporção mendeliana de 3:1 não era encontrada, isto é,
não ocorria a dominância completa. Os casos de alterações das propor¬
ções fenotípicas em características controladas por dois alelos são:
• Alelos letais - Imagine o caso de um alelo defeituoso que,
quando em heterozigose, provoca sérios danos ao organismo, Ocorrência de alelos dife¬
rentes para um mesmo
mas este ainda consegue sobreviver e se reproduzir. No entanto,
gene.
quando um indivíduo apresenta esses alelos em homozigose, a
dose é letal, podendo provocar a morte do feto ainda em for¬ Homozigose:
mação, alterando as proporções mendelianas. No ser humano Ocorrência de alelos
esse é o caso da acondroplasia, a qual nos heterozigotos provoca iguais para determinar
uma característica.
o nanismo, mas quando em homozigose provoca a morte do
embrião no útero materno.

Pesquisa

Nos seres humanos, há alelos letais que se manifestam muitos


anos após o nascimento, como é o caso da doença de Tay-Sachs,
da braquidactilia, da fibrose cística, da distrofia muscular de
Duchene e da doença de Huntington. Em grupos, escolham
uma das doenças citadas e façam uma breve pesquisa sobre
ela. Elaborem uma apresentação da pesquisa para o restante da
turma. Durante a apresentação dos colegas, anotem no caderno
as principais informações fornecidas.

Herança intermediária - É o caso da plumagem de galinhas da


raça Andaluz. Ao cruzarmos indivíduos de plumagem preta com
galinhas brancas, iremos obter apenas indivíduos de plumagem
cinza-azulada. Os descendentes da união de um galo cinza-azu-
lado com uma galinha cinza-azulada, no entanto, nascerão com a
plumagem na proporção de um preto, para dois cinza-azulados,
para um branco. Na herança intermediária, a proporção fenotí-
pica é igual à proporção genotípica.

Por Que É Fundamental Estudar Genética?


Podemos observar abaixo o esquema da herança intermediária:

Esquema da herança intermediária da cor de penas em galinhas da raça Andaluz.

• Codominância - Podemos observar esse efeito em alguns tipos sanguíneos do sistema A, B


e O. O alelo Ia determina o tipo sanguíneo A e o tipo sanguíneo B aparece somente na pre¬
sença do alelo IB. No cruzamento de um dos pais homozigoto para o tipo A (Ia Ia) e outro
homozigoto para o tipo B (IB IB) somente serão formados descendentes do tipo AB (Ia Ib).
Observe que nesse tipo de interação entre os alelos, o heterozigoto apresenta os fenótipos
de ambos os pais de forma simultânea. Qual será a relação desses tipos sanguíneos com o
tipo sanguíneo O?
Alelos múltiplos - Na verdade, para a determinação do tipo sanguíneo no sistema A, B e O
não existem apenas duas variedades de alelos (Ia e IB), mas, sim, três: Ia, Ib e i, sendo que
as duas versões do alelo I possuem dominância completa sobre o alelo i. Apesar de existi¬
rem três tipos de alelos para essa característica, nós possuímos
apenas dois “espaços” para combinar esses alelos. Esses espaços
encontram-se nos cromossomos e são chamados de lócus. Como Palavra de origem latina
há mais alelos do que lócus disponíveis, denominamos essa que significa local. Locus
é um lugar preciso onde
característica de polialelia, ou alelos múltiplos. A relação entre
um gene se localiza no
esses alelos é de codominância entre Ia e IB, sendo que estes dois cromossomo.
dominam completamente o alelo i. Podemos simplificar essa
relação da seguinte forma: Ia = IB > i.

Por Que É Fundamental Estudar Genética?


O mecanismo de determinação do tipo sanguíneo do sistema A, B
e O pode ser melhor compreendido no seguinte quadro:

Quadro ilustrativo do processo de determinação sanguínea no sistema A, B e O


Aglutinogênio Aglutinina
Tipo sanguíneo Genótipo
(nas hemáceas) (no plasma)

A Anti-B
lAlA lAi àXl
T
Anti-A
B
|B|B |Bj
t 4Y
|A |B AB
Nenhuma
ff
Anti-A e anti-B
li Nenhum

Os aglutinogênios são proteínas presentes na membrana das


hemácias. A presença ou a ausência dessa proteína determina os tipos
sanguíneos. As aglutininas, por sua vez, são anticorpos específicos que
rejeitam certos tipos de substâncias, como os aglutinogênios, no caso. Por
isso, há uma ordem que determina que algumas pessoas somente podem
receber sangue de certos tipos, conforme veremos na imagem a seguir:

Esquema demonstrando a relação de transfu¬


são sanguínea entre o sistema A, B e 0.

Foi possível perceber que o sangue possui certas variedades (A, B,


AB e O). Normalmente, essas variedades são formadas por mutações de
um único gene original. Para as variedades de um mesmo gene damos
o nome de alelos. Essa diversificação é chamada de variabilidade gené¬
tica. A transmissão dessas características pode ser estudada ao longo das
gerações por meio de árvores genealógicas, também conhecidas como
heredogramas.

Por Que É Fundamental Estudar Genética?


Abaixo, você pode ver um exemplo de um heredograma:

O Pessoas dinicamente normais

• Pessoas com a doença

Heredograma mapeando os indivíduos de uma família de portadores de um alelo mutante dominante.


Autossômico:
Do grego autos = de si Observe que essa característica apresenta um padrão de herança
próprio + sóma = corpo. autossômica, ou seja, não há diferenças da manifestação dessa doença
Refere-se a todos os
entre homens (quadrados) e mulheres (bolinhas). Outro aspecto interes¬
cromossomos de um indi¬
víduo, com exceção dos sante é que todas as gerações (representadas por I, II e III) manifestam
sexuais, ou relacionados a característica. O contrário aconteceria com um alelo recessivo, que em
à determinação do sexo.
uma família poderia saltar gerações. Por exemplo, poderia haver pessoas
Por exemplo, na espécie
humana, as células da afetadas na geração I, ninguém com a doença na geração II, e ela reapa¬
pele possuem 44 cromos¬ recer na geração III.
somos autossômicos, mais
dois sexuais, que podem Note que todas essas descobertas somente foram possíveis devido
ser XX ou XY, totalizando ao estudo que Mendel realizou com as ervilhas. As características que
46 cromossomos.
estudamos foram baseadas na Primeira Lei que ele idealizou; entretanto,
as descobertas de Mendel não pararam por aí. Antes de prosseguir, no
entanto, vamos realizar algumas atividades que reforçam e relembram o
assunto estudado.

Análise

No milho, um gene produz grãos vermelhos se a espiga for


exposta à luz, mas se as espigas ficarem cobertas os grãos per¬
manecem brancos. 0 fenômeno descrito ilustra:
a. a atuação do meio nas mutações;
b. o processo da seleção natural;
c. a influência do ambiente na alteração do genótipo;
d. a interação do genótipo com o meio ambiente;
e. a transmissão dos caracteres adquiridos.

Por Que É Fundamental Estudar Genética?


2) Que porcentagem dos espermatozóides de urn macho Aa con¬
terá o gene recessivo?
a. 25%.
b. 30%.
c. 50%.
d. 75%.
e. 100%.

3) A pelagem das cobaias pode ser arrepiada (L) ou lisa (I), depen¬
dendo da presença do gene dominante L e do gene recessivo I.
O resultado do cruzamento entre urn macho liso com uma fêmea
arrepiada heterozigota é:
a. 50% lisos e 50% arrepiados heterozigotos.
b. 50% arrepiados e 50% lisos heterozigotos.
c. 100% arrepiados.
d. 100% lisos.
e. 25% arrepiados, 25% lisos e 50% arrepiados heterozigotos.

4) Em uma raça bovina, animais mochos (M), ou seja, sem chifres,


são dominantes a animais com cornos (m). Um touro mocho foi
cruzado com duas vacas. Com a vaca I, que tem cornos, produziu
um bezerro mocho. Com a vaca II, que é mocha, produziu um
bezerro com cornos. Assinale a alternativa que apresenta corre¬
tamente os genótipos dos animais citados:
TOURO VACAI VACA II
a. Mm mm MM
b. Mm Mm Mm
c. MM mm Mm
d. MM Mm MM
e. Mm mm Mm

5) (UEL) Sabe-se que o albinismo é determinado pela ação de um


gene recessivo autossômico. Considere um casal normal que
teve seis crianças, todas normais.

Sabendo-se que o avô paterno e a avó materna das crianças


eram albinos, podemos afirmar com certeza que a probabilidade
de um novo filho vir a ser albino (sem considerar o sexo) será:
a. 0%.
b. 25%.
c. 50%.
d. 75%.
e. 100%.

T
Por Que E Fundamental Estudar Genética?\^^/
Segunda Lei de Mendel
Como foi possível perceber no capítulo anterior, após a grande descoberta de Mendel que
resultou na sua Primeira Lei e provocou uma imensa revolução na compreensão da constituição
dos seres vivos, o passo lógico que Mendel deu foi observar se uma característica iria interferir na
determinação de outra característica. Ou seja, será que uma ervilha que carregava a característica
dominante para a cor (amarela) necessariamente iria carregar outra característica, como a textura
(lisa ou rugosa), por exemplo? Para resolver esse enigma, o cientista cruzou ervilhas com caracte-
rísticas conhecidas, como uma planta pura (homozigota), tanto para a cor amarela da ervilha (AA)
quanto para o formato liso (BB), com outra planta também homozigota para ambas as característi-
cas, ou seja, de coloração verde (aa) e formato enrugado ou rugoso (bb). Similarmente ao resultado
que ele obteve no outro experimento, os descendentes mostraram apenas características dominantes,
nascendo ervilhas amarelas e lisas (AaBb). Ao cruzar duas plantas híbridas (duplo heterozigotas) ele
se deparou com resultados que podemos observar no seguinte esquema:

Esquema demonstrando a Segunda Lei de Mendel

Gametas Masculinos

© © 0
Ervilha Ervj|ha
amarela e lisa verde e rugosa
Amarela Amarela Amarela Amarela
e lisa e lisa e lisa e lisa
AABB AABb AaBB AaBb

a Amarela Amarela

Feminos
Amarela Amarela
e rugosa e rugosa

••
e lisa e lisa
AAbb Aabb
AABb AaBb

Gamets Amarela Amarela Verde e


lisa
Verde e


e lisa e lisa lisa


AaBB AaBb aaBB aaBb

Amarela Verde e Verde e


Amarela
e rugosa lisa rugosa
e lisa
Aabb aaBb aabb
AaBb
Geração F2

Por Que É Fundamental Estudar Genética?


Ele obteve a proporção fenotípica de nove ervilhas amarelas e lisas, para três verdes e lisas,
para três amarelas e rugosas, para uma verde e rugosa, a famosa proporção mendeliana que caracte-
riza a Segunda Lei de Mendel 9:3:3:1. De acordo com o resultado observado, Mendel concluiu que a
cor da semente transmite-se de forma independente da textura e vice-versa.
Veja o enunciado de Mendel para sua Segunda Lei:

Na formação dos gametas, o par de fatores responsável por uma característica


separa-se independentemente de outro par defatores responsável por outra característica.

Há uma profunda relação entre a segregação independente observada por Mendel e o pro¬
cesso de divisão celular meiótico. A relação entre a permutação cromossômica que ocorre na meiose
e o mecanismo de herança dos caracteres observado por Mendel na sua Segunda Lei pode ser notada
no seguinte esquema:

Esquema representando a relação entre a meiose e o efeito da segregação independente observado por Mendel

Interfase Metáfase 1 Anáfase 1 Telófase 1 Telófase II

— Cromossomos herdados—. ( A B )
maternamente

í
/ A
A
B\
B \
Z&A AX- Á K B )
\ a b /
Va y' Á
( a b)
Cromossomos herdados
paternamente a A
B\

\ Cromossomos herda¬ ( A
Ò
dos maternamente A b
1
y a y*
1
/k
A b 1
«À
£ 1&
b K b )
Ax. a B
/ i !
3
ç a
a
J/ \ 7 a /

Cromossomos herdados a
\
paternamente a
/

São possíveis dois Os cromossomos se As combinações de Cada combinação de


alinhamentos separam e seus alelos cromossomos e alelos alelos é recuperada
metafásicos distintos se segregam uns dos são separadas em em um quarto dos
de cromossomos outros. células diferentes. produtos da meiose.
maternos e paternos.

Por Que É Fundamental Estudar Genética?


1) Qual estrutura do material genético possibilita que as característi-
cas se separem de forma independente?

2) Que processo de divisão celular está relacionado à Segunda Lei?


Relacionado a esse processo, que fenômeno contribui para a visua¬
lização da segregação independente?

3) Reescreva o enunciado da Segunda Lei de Mendel, substituindo os


termos utilizados por termos atuais.

/ Por Que É Fundamental Estudar Genética?


Capítulo 2

A Genética e a
Hereditariedade
Até agora, vimos como funciona a determinação do sistema
sanguíneo A, B e O. No entanto, qual relação tem esse sistema com
os fatores Rh positivo e negativo? E como as doenças hereditárias
são transmitidas?

0 Fator Rh
O fator Rh é uma herança monogênica e autossômica, ou seja,
controlada por apenas um gene e que age nos dois sexos da mesma
forma e com dominância completa. O Rh é determinado por um
par de alelos, a característica dominante é simbolizada pela letra R
e determina o fator positivo, já o alelo recessivo é simbolizado pela
letra r e determina o fator negativo. Os indivíduos que possuem os
genótipos RR e Rr desenvolvem a característica fenotípica positiva,
já os homozigotos recessivos rr desenvolvem o fator negativo.
Um problema que pode advir dessa característica é a eritro-
blastose fetal. Essa doença é provocada quando uma mãe Rh~ gera
um filho Rh+. A primeira criança nasce e se desenvolve normalmente,
entretanto, no momento do parto, com o descolamento da placenta
do útero, pode haver o contato do sangue da mãe com o da criança
e, com esse contato prévio, o sistema imunológico materno fabrica
anticorpos específicos anti-Rh+. Se essa mulher tiver outra gestação
e a segunda criança também for Rh+, os anticorpos irão atravessar a
placenta e atacarão a criança em desenvolvimento.
Outras características são determinadas por genes que estão
localizados no cromossomo X. Como as mulheres possuem dois
cromossomos X e os homens apenas um, isso influenciará na deter¬
minação de certas doenças recessivas que serão mais frequentes em
homens.

A Genética e a Hereditariedade
Doenças Relacionadas à Hereditariedade
Como exemplo de doenças recessivas, temos o daltonismo, a hemofilia tipo A e a distrofia
muscular de Duchene. A hemofilia é uma doença caracterizada pela dificuldade de coagulação san¬
guínea, em que ocorre, com facilidade, sérias hemorragias. Tal mal pode ser observado em algumas
famílias, como demonstrado no seguinte heredograma:

EI Alberto de Saxe-Coburg-Gotha Vitória, rainha da Grã-Bretanha e Irlanda

Alicia Luís IV Leopoldo Helena de Beatriz Henrique de


de Hesse Waldeck Battenberg

óó(Mi ú ó-rTió iión eiaí


Irene Henrique Frederico Alexandra Nicolau II Alexandre de Alicia
ei n
Afonso XIII Vitória Leopoldo Maurício
da Prússia (czar) Teck-Antlone

EI
Valdemar
EI EI
Henrique
ÒÓÓÒÚ Alexis
ÓE1 ÚÒÚÒÚÉ1
Rupprecht Afonso Gonzalo
da Prússia da Prússia

Mulher normal Mulher portadora

EI Homem normal EI Homem hemofílico

Árvore genealógica dos descendentes da Rainha Vitória, demonstrando a transmissão da hemofilia.

Simbolizando o alelo que determina a hemofilia pela letra h e o alelo normal pela letra H, os
homens XHY são normais e os indivíduos XhY são hemofílicos. Já para uma mulher ser hemofílica
ela deve possuir o genótipo XhXh, sendo que mulheres XHXH são normais e não portadoras e aque¬
las que possuem o genótipo XHXh são normais, porém portadoras, transmitindo esse mal aos seus
descendentes.
Portanto, as características localizadas em cromossomos sexuais têm proporções diferentes
entre homens e mulheres. Outra característica que segue esse tipo de transmissão é o daltonismo.
As pessoas que possuem essa característica não conseguem distinguir o verde do vermelho. Fora
isso, as pessoas que têm daltonismo possuem uma vida normal, sem qualquer problema adicional.
Para determinar se uma pessoa é daltónica pode-se utilizar um desenho com formas simples, como
demonstrado abaixo.

Teste de cores que demonstra o daltonismo. As pessoas normais conseguem ver os números 5, 12, 25, 42 e 74.

A Genética e a Hereditariedade
Divulgação
Um belo exemplo de luta contra doenças de origem genética pode
ser visto no filme O Óleo de Lorenzo, de 1992. Esse filme conta a
história de um garoto que levava uma vida normal até que, quando
tinha seis anos, ele passou a ter diversos problemas de ordem men¬
tal que foram diagnosticados como ALD, uma doença extremamente
rara que provoca uma incurável degeneração no cérebro, levando o
paciente à morte em, no máximo, dois anos. Os pais do menino ficam
frustrados com o fracasso dos médicos e a falta de medicamento para uma doença dessa
natureza. Assim, começam a estudar e a pesquisar sozinhos, na esperança de descobrir algo
que pudesse deter o avanço da doença.

1) (UFSCAR) A hemofilia é uma doença recessiva ligada ao sexo, que se caracteriza pela difi¬
culdade de coagulação do sangue. Em um casal em que a mulher é heterozigota para a
hemofilia e o marido é normal, a probabilidade de nascimento de uma criança do sexo
masculino e hemofílica é:

b4
d.
e’T
2) (UEL) Uma criança necessita urgentemente de uma transfusão de sangue. Seu pai tem sangue
do tipo B e sua mãe, do tipo O. Que outro(s) tipo(s) de sangue, além do tipo O, poderia(m) ser
utilizado(s) na transfusão, mesmo sem a realização de teste, sabendo-se que o avô paterno da
criança tem sangue do tipo AB e sua avó paterna tem sangue do tipo O?
a. Tipo AB.
b. Tipo A.
c. Tipo B.
d. Tipo A e tipo B.
e. Nenhum outro tipo.

3) (UEL) Em seres humanos, uma forma de daltonismo que provoca cegueira para as cores
vermelho e verde é determinada pelo gene recessivo d, ligado ao cromossomo X. Ao con¬
sultar um médico, um casal fica sabendo que todos os seus filhos do sexo masculino serão
daltónicos; as meninas, entretanto, serão normais. Qual das opções fenotípicas abaixo cor¬
responde à do casal em questão?
a. Homem normal e mulher normal.
b. Homem normal e mulher daltónica.
c. Homem daltónico e mulher daltónica.
d. Homem daltónico e mulher normal.
e. Homem normal e mulher normal, porém portadora de gene recessivo d.

A Genética e a Hereditariedade
4) (MACKENZIE) Um homem daltónico e com pigmentação normal se casa com uma mulher
de visão normal e albina. A primeira criança desse casal é uma menina daltónica e albina.
Sabendo que o daltonismo é devido a um gene recessivo ligado ao sexo e que o albinismo é
devido a um gene autossômico recessivo, a probabilidade de esse casal ter uma criança de
sexo masculino normal para as duas características é:

5) (UEMS) São anomalias genéticas, recessivas, ligadas ao sexo, que atingem principalmente
indivíduos do sexo masculino. Na primeira, falta o fator VIII, substância fundamental para
coagulação do sangue; na segunda, um defeito nas células sensíveis da retina, que tem
como decorrência a confusão na percepção de certas cores. Assinale a alternativa que con¬
tém os nomes dessas anomalias na ordem descrita.
a. Hemofilia e daltonismo.
b. Raquitismo e insuficiência na produção de vitamina D.
c. Distrofia muscular e raquitismo.
d. Doença de Tay-Sachs e galactosemia.
e. Anemia falciforme e siclemia.

Seção de Sistematização
Com esta introdução à genética, foi possível compreendermos o processo respon¬
sável pela transmissão das características ao longo das gerações e quais desses aspectos
afetam o nosso cotidiano. Também pudemos perceber que a genética nos auxilia a iden¬
tificar quais doenças temos maior probabilidade de desenvolvermos para que possamos
tomar medidas preventivas.
Nesta unidade, também conhecemos o mecanismo de herança de caracteres e
compreendemos melhor a variação genética, a qual é a matéria bruta para a evolução
atuar. Ao longo do tempo, o processo evolutivo resultou em uma imensa diversidade
de seres vivos. Essa biodiversidade possui características próprias e relações únicas,
por isso há uma ciência que se dedica a entender como funcionam os mecanismos
biológicos: a ecologia. Iremos nos aprofundar nesse assunto na próxima unidade.
Ecologia I
A palavra ecologia é utilizada constantemente e sempre nos remete a ações para a defesa
do meio ambiente. No entanto, se atentarmos ao seu significado original (estudo da
casa), perceberemos que as ações de preservação são apenas uma consequência da
ecologia, pois, ao conhecermos melhor o nosso planeta, entenderemos por que devemos começar
imediatamente a cuidar da nossa maior riqueza: a biodiversidade.
Você sabe qual é o verdadeiro “pulmão do mundo”?
Capítulo 1

Ecologia: Conhecendo
a Nossa Casa
Se vives de acordo com as leis da natureza, nunca
serás pobre; se vives de acordo com as opiniões alheias,
nunca serás rico (Sêneca).

Análise

1) 0 que você entendeu a partir da frase acima? Sêneca (4 a.C - 65 d.C.), filósofo do Império Romano.

2) Você concorda com a frase de Sêneca? Essa frase pode ser relacionada aos problemas
ambientais observados atualmente? Justifique suas afirmações.

3) Nosso modelo social valoriza a riqueza financeira e a beleza física. Você acredita que certas
pessoas ricas e/ou belas podem ser pobres em outros aspectos? Justifique sua resposta.

4) Em relação à afirmação de que se vivermos de acordo com as leis da natureza nunca sere¬
mos pobres, quais seriam, na sua opinião, as leis da natureza que deveríamos respeitar?

Ecologia: Conhecendo a Nossa Casa


A todo o momento fala-se em ecologia. Conforme vimos no iní¬
cio da unidade, essa palavra que tem origem no grego, oikos = casa e
logos = estudo, é a ciência que estuda como os seres vivos interagem
entre si e com o ambiente natural. Essa interação pode ocorrer micros¬
copicamente, como no caso de uma bactéria e o ambiente ao seu redor,
ou com uma abrangência muito maior, como é o caso da influência do
excesso do nitrogénio reativo em todos os seres vivos do planeta Terra.
Toda ciência precisa ter um marco essencial pelo qual os estudos Citologia:
se iniciam. Na citologia, por exemplo, o objeto de estudo é a célula; já na
ecologia, a unidade fundamental é um organismo. É o mesmo que biologia
celular, ou seja: é o ramo
Os seres vivos sofrem influências do mundo ao seu redor e de suas da biologia que estuda as
próprias condições internas (como ingestão de água e nutrientes). Para células em todos os seus
suprir suas necessidades vitais, os organismos transformam energia e pro¬ aspectos.
cessam materiais. Dessa forma, precisam interagir com o ambiente que os
cerca, que, por fim, acaba sendo alterado. Essa relação entre organismos
buscando sobreviver e sua influência no ambiente que os cerca, além dos
componentes que formam esse ambiente, é de interesse da ecologia. Se uma
casa está arrumada, ou não, interessa à ecologia, pois um prato com restos
de comida esquecido debaixo da cama, criando bolores e mau cheiro, pode
provocar sérias consequências para os frequentadores desse ambiente.

Reflexão

Reflita sobre as seguintes questões, se preferir pode anotar os


resultados no caderno.
a. Muitas pessoas pensam na natureza como um sistema tão
equilibrado e distante, que duvidam que interferências
humanas possam alterar o equilíbrio natural que rege o nosso
planeta. Que mudanças globais você acredita serem conse¬
quência da ação humana?
b. Já sabemos que os humanos provocam interferências que
causam mudanças no equilíbrio do ambiente. 0 que cada um
de nós pode fazer com relação a essas mudanças?
c. Qual a importância de entendermos os processos que ocorrem
na natureza, como o ciclo da água e o ciclo do carbono?

Os ecólogos, cientistas que estudam a ecologia, buscam compreen¬


der como os seres vivos interagem entre si e com o seu ambiente e, em
contrapartida, como os fatores ambientais afetam os seres vivos.
Sabemos que cada espécie, cada organismo vivo, tem um lugar na
natureza e possui seus próprios ciclos. O local físico onde vivem os seres
de determinada espécie é chamado de hábitat. Assim, existem seres de
hábitat marinho, terrestre e cavernícola (vivem em cavernas, como algu¬
mas espécies de morcegos), entre outros.

Ecologia: Conhecendo a Nossa Casa


Da mesma forma que há organismos que vivem em locais dife¬
rentes, existem seres que vivem no mesmo local e possuem diferentes
funções. Assim, cada um tem seu papel fundamental para o equilíbrio
do ecossistema. Em uma bromélia, há, por exemplo, um hábitat aquá¬
tico com pequenos anfíbios que se alimentam de larvas de insetos.
Nesse caso, os anfíbios são predadores e as larvas são as presas que,
se não forem controladas, podem se tornar verdadeiras pragas. Ambos
possuem um hábitat similar, mas nichos ecológicos diferentes.
O nicho ecológico de um ser vivo é o que ele faz, ou seja, a
importância ecológica que ele ocupa ou representa no ecossistema.
Podemos dizer que o nicho ecológico é o que certo indivíduo, ou espé¬
cie, representa para as complexas relações entre o meio ambiente e os
organismos que vivem nesse ecossistema. Por exemplo, o lobo-guará,
Chrysocyon brachyurus, que habita o cerrado brasileiro se alimenta de
pequenos roedores e invertebrados e, principalmente, de uma fruta: a
lobeira - Solarium lycocarpum. Nesse aspecto, o lobo-guará trabalha
como dispersor de sementes, além de predador de pequenos animais.

Lobo-guará.

Trabalho Interdisdplinar

Bioma é o nome dado às grandes comunidades de seres vivos do nosso planeta, que atin¬
giram o grau máximo de desenvolvimento ecológico: o clímax. Por exemplo, a floresta
amazônica pode ser chamada de bioma amazônico, reunindo os organismos que lá vivem.
Em qual bioma você se encontra? Faça uma breve pesquisa e, se necessário, peça a ajuda
ao professor de geografia.

Ecologia: Conhecendo a Nossa Casa


1) Encontrado o bioma no qual a sua cidade se localiza, vamos conhecer um pouco melhor o
que o caracteriza e seus componentes:
a. Descreva quais são as características físicas do bioma citado (tipo de clima, regime de
chuvas, temperaturas médias, tipo de solo, etc.).

b. Escolha 10 espécies típicas desse bioma, citando-as. Não se esqueça de que existem
seres vivos que podemos facilmente observar, como plantas, fungos, peixes, anfíbios e
muitos outros que são fundamentais para o ecossistema.

c. Pesquise o hábitat e o nicho ecológico de cada espécie citada.

2) De acordo com a Embrapa, as Unidades de Conservação são porções delimitadas do território


nacional especialmente protegidas por lei, pois contêm elementos naturais de importância
ecológica ou ambiental. Observando a descrição das Unidades de Conservação, por que é
importante preservarmos esses locais? Realize uma breve pesquisa e apresente ao menos
um argumento que justifique sua resposta.

Ecologia: Conhecendo a Nossa Casa


A Riqueza da Vida:
A Biodiversidade

Cattleya labiata II
2

2
2

1
I
1

Espécies típicas brasileiras. .


Diversidade biológica, ou simplesmente biodiversidade, é o termo usado
para designar a riqueza e a variedade de formas de vida existentes na Terra.
Biodiversidade são as diversas relações entre os seres vivos e os sistemas que
os controlam, nos quais a existência de uma espécie afeta diretamente muitas
outras e, indiretamente, todas as formas de vida. Note que podemos estender
o conceito de biodiversidade também para a variedade genética contida nos
seres vivos.
Diferentes pesquisadores estimam que haja, atualmente, entre 10 a 50
milhões de espécies de seres vivos. Entretanto, foram cientificamente descritas
apenas 1,5 milhão de espécies, das quais o Brasil possui 20%. Foi a combinação
de formas de vida e suas interações umas com as outras e com o ambiente físico
que tornou a Terra habitável para os seres humanos. Os ecossistemas satisfazem
nossas necessidades vitais básicas, oferecem proteção contra desastres e doenças
e constituem o fundamento da cultura humana, como poderemos compreender
ao longo de nosso estudo.

Ecologia: Conhecendo a Nossa Casa


Diversas pesquisas científicas apontam que é incontestável a contribuição dos
ecossistemas naturais para a vida e o bem-estar humano. Tal dependência é tanta
que uma diminuição significativa na perda de biodiversidade contribuiria para a
redução da pobreza, o que seria benéfico para todos os seres vivos. Ecossistemas
saudáveis e diversificados são a base do bem-estar humano. Para compreendermos
isso, basta imaginarmos como a qualidade do ar, da água e do solo influencia em
nossa qualidade de vida.

A humanidade depende da natureza para sua qualidade de vida.

Infelizmente, os mesmos estudos científicos que mostram a relação entre a


condição do meio ambiente e seu impacto na vida humana têm demonstrado uma
crescente perda da qualidade dos serviços ambientais. Os serviços oferecidos pela
natureza incluem o provimento de água doce; a produção da pesca marinha; o
número e a qualidade de locais de valor recreativo ou espiritual; a habilidade da
atmosfera de se purificar automaticamente, eliminando poluentes; a regulação de
desastres naturais; a polinização; a capacidade dos ecossistemas agrícolas de con¬
trolar pragas; entre outros.

Poluição do ar em Hong Kong.

Ecologia: Conhecendo a Nossa Casa


Por alterar os ciclos e os ambientes naturais, a perda de
biodiversidade torna os ecossistemas mais suscetíveis a choques e
perturbações, menos resistentes a impactos futuros e, consequen¬
temente, menos capazes de fornecer aos humanos os serviços
necessários para a nossa sobrevivência. As consequências da
perda de biodiversidade e a perturbação de ecossistemas são,
com frequência, mais graves para os pobres do meio rural. Essas
pessoas dependem de forma mais direta e rápida dos serviços
ambientais e, muitas vezes, têm menos acesso a recursos substitu¬
tos, ou capacidade de pagar por eles. Assim, podemos dizer que
a perda da biodiversidade aumenta as carências das pessoas mais
pobres do mundo, limitando sua capacidade de sair da condição
em que se encontram.
Além da utilidade imediata da biodiversidade para a huma¬
nidade, temos que reconhecer, moral e eticamente, que toda
forma de vida tem o direito a existir e merece ser protegida.
Também temos o dever de assegurar que as futuras gerações
herdem, assim como nós, um planeta florescente de vida e com
capacidade de oferecer oportunidades para que possamos colher
os benefícios económicos, culturais e espirituais da natureza.
Apesar da importância da conservação da biodiversidade,
as atitudes humanas que contribuem para sua perda têm perma¬
necido constantes no decorrer do tempo e, em alguns casos, até
aumentaram. Estudaremos alguns exemplos desses impactos a
seguir.
O desmatamento, principalmente a conversão de florestas em plantações e pastos, continua
acontecendo em proporções alarmantes. Entre os anos de 1970 e 2000, cerca de 3 000 populações
de espécies selvagens mostraram tendência de declínio e cerca de 40% das espécies do planeta apre¬
sentaram diminuição no número de indivíduos, ou seja, uma tendência à extinção em determinados
locais. Essa porcentagem é a média da diminuição de espécies de diferentes ambientes: as de águas
continentais sofreram um declínio de 50%, enquanto as marinhas e as terrestres sofreram um declí¬
nio de cerca de 30%.

As ações humanas, como o desmatamento, têm sido a atual causa da perda da biodiversidade.

Ecologia: Conhecendo a Nossa Casa


Outro fato alarmante é a superexploração da pesca, o que levou à diminuição da população
de grandes peixes de alto valor económico, como o atum, o bacalhau, as garoupas e o espadarte. No
norte do Oceano Atlântico, o número de grandes peixes decresceu em 2/3 nos últimos 50 anos.
Além das espécies ameaçadas de extinção, as florestas Ambientes fragmentados são hábitats
e outros hábitats estão ficando cada vez mais fragmentados, isolados, normalmente pequenos e
o que afeta sua capacidade de manter a biodiversidade e de distantes uns dos outros.
oferecer os bens e serviços ambientais.
Para somar a esses problemas, recentemente, a taxa e o risco de introdução de espécies exó¬
ticas aumentaram de forma significativa, e continuarão a subir em todo o mundo, por causa do
aumento do número de viagens, do comércio e do turismo.

Pegada Ecológica
Em toda parte, o consumo não sustentável continua, como indica nossa pegada ecológica glo¬
bal cada vez maior. Por pegada ecológica entendemos o tamanho das áreas produtivas de terra e de
mar, que são necessárias para gerar produtos, bens e serviços que sustentam o modo de vida de uma
pessoa, uma cidade ou um país.

Pegada ecológica.

A demanda global por recursos ultrapassa, atualmente, em cerca de 20%, a capacidade eco¬
lógica da Terra de renová-los. Assim, podemos perceber que a biodiversidade está em declínio em
todos os níveis e escalas geográficas. A perda dos recursos naturais possui efeitos diretos nas popula¬
ções humanas, como aprenderemos um pouco mais a seguir.

Ecologia: Conhecendo a Nossa Casa


Trabalho Interdisdplinar

Historicamente, houve um grande movimento migratório de popu¬


lações humanas, fenômeno esse que ocorreu em todo o globo, do
interior para as grandes cidades, e ficou conhecido como êxodo
rural. Pesquise, com a ajuda dos professores de história e geografia,
os seguintes tópicos e depois anote suas conclusões no caderno:
a. As causas desses movimentos migratórios.
b. Quando ocorreram mais intensamente no nosso país.
c. Quais foram os efeitos do movimento migratório na urbanização
das cidades.
d. Quais impactos foram causados ao ecossistema no entorno das
metrópoles pelo êxodo rural.

O processo de destruição da natureza não é irreversível: existem


diversas ações que podem pará-lo, como a criação de áreas protegidas,
de programas de gestão de recursos naturais e de prevenção da poluição.
O tamanho e o número de áreas protegidas estão aumentando, embora isso
ainda não seja suficiente. Os ecossistemas marinhos, em particular, estão
pobremente representados, com aproximadamente 0,6% da área da superfí¬
cie oceânica e aproximadamente 1,4% das áreas de plataforma continental
protegidas. Isso significa que as áreas não protegidas possuem pouco ou
nenhum controle com relação aos processos de destruição da biodiversi-
dade. Imagine que uma imensa quantidade de seres vivos do nosso planeta
desapareça e somente nessas áreas protegidas a natureza possa existir sem
a ação direta da humanidade. Isso é pouco e muitos locais e espécies únicas
poderão desaparecer nos próximos anos.

Vilanecrvt/Shusok
Os habitats aquáticos estão entre os mais ameaçados do planeta.

Ecologia: Conhecendo a Nossa Casa


O que podemos fazer com relação a esta realidade de crescente
destruição da natureza?
Podemos fazer hortas em nossas escolas e casas. Também é possível pla¬
nejarmos a utilização da paisagem plantando árvores nativas e preservando
rios regionais. Outras ações do cotidiano como promovermos o consumo
sustentável, não comprando ou consumindo produtos que utilizam embala¬
gens em excesso, é de grande ajuda. Podemos ainda acabar com o consumo
insustentável de recursos naturais, não comprando móveis de madeiras que
não sejam de áreas reflorestadas; combatendo o desperdício de água e luz;
protegendo e restaurando ecossistemas críticos, como o de morros e áreas de
mananciais.
Devemos espalhar a ideia de preservarmos a natureza como uma semente
que plantamos na consciência de outras pessoas. Desta forma, sensibilizaremos
a sociedade para que compreenda a importância da biodiversidade. Para tanto,
precisamos da dedicação mais ampla da sociedade na realização de ações que
realmente transformem a atual situação.

1) Os impactos da diminuição da biodiversidade afetam todas as pessoas


de forma igual? Ou existem pessoas que sofrem mais com os impactos
na natureza? Com base no que estudamos até agora, faça uma rodada
de debates defendendo suas ideias e, em seguida, anote suas conclu¬
sões no caderno.

2) Construa duas listas, uma colocando suas atitudes que infelizmente


possuem impactos negativos na natureza, como, misturar lixo reciclá-
vel com lixo orgânico. Na outra lista, coloque atitudes que poderiam
ser tomadas para minimizar os impactos que você citou, por exemplo:
fazer uma pequena composteira em casa. Após listar essas atitudes,
converse com os colegas e troquem ideias de como podemos melhorar
os nossos hábitos de vida e preservar a biodiversidade.

Impactos negativos Impactos positivos

Ecologia: Conhecendo a Nossa Casa\^f/


O gráfico a seguir mostra o crescimento da necessidade humana de recursos naturais no século
passado.

Pegada ecológica global entre 1961 e 2001.

Observe que, entre os anos de 1985 e 1990, as necessidades humanas por recursos naturais che¬
garam ao limite da capacidade de regeneração natural, como indica a linha vermelha. Acima desse
valor, nos anos posteriores, entramos em uma fase em que os recursos são cada vez mais utilizados,
porém o planeta não possui mais a capacidade de repor esses itens. Atualmente, ultrapassamos em
20% o limite da capacidade do planeta em se autossustentar, ou seja, de repor os recursos utilizados.

Converse com o professor de matemática e apresente de outra forma os dados do gráfico


da pegada ecológica global do século XX.
Sugestões:
• Mostrar o percentual em que a utilização dos recursos naturais excede a capacidade da
Terra.
• Apresentar a correlação entre os anos e o crescente uso da Terra.

Home: o mundo é o nossa casa (2009) é um sensacional documentário Divulgação


no qual somos levados a uma viagem original em volta da Terra para
que possamos contemplá-la e entendê-la. Home vai ajudar-nos a perce¬
ber a nossa relação com o planeta. Serão reveladas, simultaneamente,
as preciosidades que ela nos oferece e as marcas que deixamos, com
um único objetivo: encorajar-nos a proteger o planeta.

Ecologia: Conhecendo a Nossa Casa


Capítulo 2

0 Fluxo da Vida: Cido da Energia e


Matéria nos Ecossistemas
Como estudamos anteriormente, as relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem
compõem um ecossistema. Essas relações são movidas por energia e nutrientes, passando de um
grupo para outro, sendo continuamente recicladas. As movimentações e transformações de energia
e massa proporcionadas pelos ecossistemas funcionam como o motor de um carro. A cada etapa
de transferência de energia de um ser vivo para outro, perde-se em média de 5 a 20% de energia.
O resultado disso é que os predadores precisam consumir mais presas do que o seu volume corporal.

Relações ecológicas entre os diferentes seres vivos e as relações destes com o ciclo da matéria e da energia.

A fonte primária de energia de todo um ecossistema é a luz solar, capturada pelos seres fotos-
sintetizantes, que fornecem nutrientes para micro-organismos e animais. Diferentemente da energia,
no ecossistema os nutrientes participam de ciclos de reciclagem, ficando, dessa forma, dentro de
equilibrados processos.
Por exemplo, a capivara, que serve de presa para as onças, alimenta-se principalmente de plan¬
tas aquáticas, controlando a superpopulação desses vegetais. As onças, por sua vez, controlam a
superpopulação de capivaras. Se a população desses roedores aumentar muito, aumentará também
a quantidade de onças, provocando, em seguida, a diminuição de capivaras. Se existirem poucas
capivaras, poucas onças existirão. É o equilíbrio natural funcionando.

O Fluxo da Vida: Ciclo da Energia e Matéria nos Ecossistemas


O ser humano vem provocando a quebra desse equilíbrio, extinguindo, por exemplo, as onças
de um local, o que acarreta um desenfreado crescimento de capivaras. Por terem um ciclo reprodu¬
tivo rápido e facilmente se adaptarem às mudanças provocadas pelo ser humano, a reprodução das
capivaras fica sem controle algum, até chegar ao ponto de acabar a sua fonte de alimento: os vegetais
aquáticos. Sem alimento, ou as capivaras acabam morrendo de fome, ou atacam plantações humanas.
E o que nossa espécie faz em relação a esse ataque? Normalmente, mandamos essas capivaras para
outro lugar, ou reduzimos o número de capivaras de um local com a caça controlada.

Teia alimentar com algumas espécies brasileiras.

1) 0 crescimento exagerado das capivaras em alguns locais ocorre devido a problemas na


cadeia alimentar. Pesquise reportagens que falem sobre a questão das capivaras e analise
se o texto irá defender a sobrevivência desses animais e o equilíbrio da natureza, ou colo¬
cará as capivaras como uma praga que deve ser controlada e até combatida. Elabore um
texto no caderno, de no mínimo 15 linhas, expondo o ponto de vista da nossa sociedade
com relação ao equilíbrio da natureza. Será que compreendemos a importância da biodi-
versidade e seus efeitos?
2) Sabemos que, para preservar, temos que conhecer. Que biomas brasileiros você conhece?
Faça uma breve pesquisa sobre esses locais e cite, desses biomas, qual o organismo que
mais lhe chama a atenção? Por quê?

3) Algumas reportagens citam que boa parte da Floresta Amazônica pode virar cerrado, ou
deserto. Encontre alguma reportagem que fale sobre este assunto e, com base no que
estudamos sobre mudanças climáticas, explique por que eles dizem isso.

O Fluxo da Vida: Ciclo da Energia e Matéria nos Ecossistemas


Sabendo o bioma no qual a sua cidade se encontra, pesquise
quais seres vivos o compõem. Após essa pesquisa, elabore uma
cadeia alimentar do bioma da sua região, desde produtores até
grandes consumidores. Você pode fazer o desenho das espécies,
ou procurar fotos e colá-las em cartolina.

Cidos Biogeoquímicos
Diversos elementos químicos fundamentais para a vida estão
presentes na atmosfera na forma de moléculas (N2, 02 e CO2). Essas subs¬
tâncias são renovadas na natureza por ciclos biogeoquímicos.

Cido do Nitrogénio
O nitrogénio presente no ar é utilizado por diversos organis¬
mos, como algumas plantas que denominamos leguminosas (ervilha,
soja, feijão). Essas plantas unem forças com certas bactérias do gênero
Rhizobium aumentando sua eficiência de atuação no meio. Essas bac¬
térias, que habitam nas raízes das leguminosas, são capazes de fixar o
nitrogénio atmosférico (como estudamos em processos metabólicos
na Unidade 3) e formar nutrientes que são essenciais para as plantas.
O nitrogénio passa pela cadeia alimentar e é um dos principais compo¬
nentes das proteínas dos seres vivos. O processo de reciclagem desse
nutriente na natureza pode ser observado no seguinte esquema:
Atualmente, a nossa civilização emite mais nitrogénio do que a natureza pode absorver, fazendo
com que haja um crescente depósito dessa substância. Vamos conhecer os efeitos desse acúmulo no
texto a seguir.

O
• Efeitos do Depósito do Nitrogénio na Natureza
* A poluição inorgânica, por nitrogénio, das hidrovias continentais, por exemplo, mais que
• dobrou desde 1960, e multiplicou-se por 10 em muitas regiões industrializadas do mundo.
A capacidade atual da agricultura de produzir quantidades muito maiores de alimen-
; tos e fibras do que foi possível em qualquer época anterior pode ser atribuída a uma série
• de fatores, inclusive à disponibilidade de fertilizantes em escala comercial. Entretanto,
6 níveis excessivos dos nutrientes vegetais - nitrogénio e fósforo - em ecossistemas naturais
são atualmente causa de preocupação. Embora o nitrogénio reativo ocorra naturalmente
em todos os ecossistemas, a produção de nitrogénio reativo por humanos, principalmente
através da produção de fertilizantes sintéticos para aumentar a produção agrícola, mudou
os equilíbrios ecológicos tanto localmente como em ecossistemas bastante distantes.
A produção antrópica (produção pelos seres humanos) de nitrogénio reativo leva à libera¬
ção de compostos de nitrogénio na atmosfera, os quais são subsequentemente depositados
sobre a biosfera. O depósito de nitrogénio no ar aumenta seus níveis em ecossistemas a tal
ponto que as espécies de crescimento lento que prosperam em ambientes pobres em nitro¬
génio não podem competir com as espécies de crescimento rápido que dependem de níveis
mais altos de nutrientes. Os campos temperados são particularmente vulneráveis nesse
ponto. Além disso, o nitrogénio solúvel penetra através do solo para os lençóis freáticos,
resultando numa eutrofização crescente - excesso de nutrientes em águas continentais e
costeiras que estimulam o crescimento vegetal excessivo - explosão da quantidade de algas
e criação de zonas anóxicas (sem oxigénio) em áreas marinhas próximas à costa. Fontes
antrópicas de nitrogénio - produção de fertilizantes sintéticos, queima de combustíveis
fósseis, e plantas e árvores cultivadas que fixam nitrogénio em ecossistemas agrícolas - atual¬
mente excedem as fontes terrestres naturais, a tal ponto que mais da metade de todo o
nitrogénio reativo global em ecossistemas agora se origina de fontes humanas. O depósito
atmosférico atualmente responde por cerca de 12% do nitrogénio reativo entrando nos
ecossistemas terrestres e marinhos costeiros em todo o mundo, embora essa porcentagem
seja muito mais alta em algumas regiões.
Para continuar a suprir adequadamente a demanda por alimentos e fibras e minimi-
zar os problemas ambientais, são necessárias melhoras significativas na eficiência do uso
de fertilizantes de nitrogénio em sistemas produtivos. Um aumento de 20% na eficiência
do uso do nitrogénio nos sistemas de produção de cereais do mundo reduziria a produção
global de nitrogénio reativo em aproximadamente 6%, e levaria a uma redução de gastos
com fertilizantes equivalente a cerca de US$ 5 bilhões por ano.
Fonte: Adaptado de: Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica (2006), Panorama da
Biodiversidade Global 2. Montreal, p. 34-36.

A,
O Fluxo da Vida: Ciclo da Energia e Matéria nos Ecossistemas
1) 0 que são ciclos biogeoquímicos?

2) Por que a poluição por compostos de nitrogénio dobrou desde 1960?

3) Como o excesso de nitrogénio pode provocar efeitos nocivos ao ecossistema?

4) Se você possui uma pequena horta em casa, como você pode contribuir para a diminuição
das emissões de nitrogénio e, paralelamente, formar um adubo rico em nutrientes?

Cido do Gás Carbónico


O nitrogénio é o gás mais abundante na atmosfera.
No entanto, quando inspiramos, nosso corpo não utiliza
o nitrogénio, mas, sim, outra substância, o oxigénio (O2).
Esse gás é utilizado nas nossas células em um ciclo meta¬
bólico que denominamos respiração celular. O produto
desse ciclo é o gás carbónico (CO2), que não é utilizado
pelas células. No entanto, o gás carbónico é essencial para
outros organismos vivos: os que realizam a fotossíntese.
A fotossíntese é o processo de transformação de energia
luminosa (luz solar) em energia química. Para tanto, o gás
carbónico é absorvido da atmosfera e forma, junto com
a água, moléculas de glicose, que é uma substância alta¬
mente energética utilizada pelos seres vivos.

Esquema simplificado do ciclo do carbono na natureza.

O Fluxo da Vida: Ciclo da Energia e Matéria nos Ecossistemas


É interessante observar que as florestas são reservatórios naturais de gás carbónico. Enquanto
as árvores crescem, acumulam carbono atmosférico para compor as suas células. Quando um pedaço
de lenha é queimado, essa substância é liberada na forma de gás carbónico. Assim, manter as flores¬
tas intactas ajuda a manter o ecossistema equilibrado.

As queimadas liberam grandes quantidades de carbono na atmosfera.

A Produção do Oxigénio
Apesar de as florestas absorverem grandes quantidades de gás carbónico da atmosfera, as
árvores não são os principais produtores de oxigénio. De dia, as árvores realizam o processo da fotos-
síntese e da respiração celular. De noite, sem luz solar, as plantas sobrevivem realizando a respiração
celular. Ou seja, praticamente todo o oxigénio produzido de dia é consumido à noite pelas plantas.
Então, quem produz o oxigénio que respiramos?
Nos oceanos e mares encontramos minúsculos seres fotossintetizantes que flutuam à deriva:
o fitoplâncton. Assim como as plantas, eles realizam respiração celular e fotossíntese, mas com uma
grande diferença: à noite o fitoplâncton entra em um estado de latência, ou seja, todos os seus pro¬
cessos metabólicos diminuem bastante, economizando, dessa forma, energia e oxigénio. Por isso,
podemos dizer que o oxigénio que respiramos vem dos oceanos.

Imagem ampliada do fitoplâncton. 0 fitoplâncton


é composto por algas e cianobactérias que reali¬
zam a fotossíntese. Esses organismos aquáticos são
os principais produtores de oxigénio atmosférico.

O Fluxo da Vida: Ciclo da Energia e Matéria nos Ecossistemas


Os documentários citados a seguir são fundamentais para a complementação do conteúdo
estudado nesta unidade e, também, para uma maior sensibilização sobre alguns problemas
ecológicos, em especial o aquecimento global.
• Uma verdade inconveniente (2006) - O ex-vice-presidente dos
Estados Unidos, AI Gore, apresenta uma análise da questão do
Divulgação
aquecimento global, mostrando os mitos e equívocos existentes em
torno do tema e também possíveis saídas para que o planeta não
passe por uma catástrofe climática nas próximas décadas.
• Mudanças do clima, mudanças de vida (2007) - Durante meses,
uma equipe do Greenpeace viajou por todo o Brasil documentando
os impactos das mudanças climáticas em diversas regiões. O resul¬
tado foi um filme com imagens impressionantes de seca, inundação
e destruição, além de depoimentos emocionados de pessoas no Sul, na Amazônia e no
Nordeste que sofrem e podem sofrer ainda mais com essas alterações do clima. O docu¬
mentário traz também a opinião de cientistas sobre as causas do aquecimento global
e o que o governo e a população podem fazer para barrar os impactos das mudanças
climáticas.

Seção de Sistematização
Com este estudo, foi possível conhecermos um pouco sobre a ecologia e
iniciarmos uma sensibilização aos grandes problemas ambientais que afetam a socie¬
dade contemporânea. Você pôde descobrir que o verdadeiro pulmão do mundo é
o fitoplâncton que se encontra nos oceanos. Na próxima unidade, aprofundaremos
a compreensão das interações entre os seres vivos: desde relações em que ambas
as espécies são beneficiadas, até relações em que certas espécies se aproveitam e
exploram outras.
Iremos também focar o conhecimento dos biomas brasileiros, afinal, como ire¬
mos dar o devido valor a algo que não conhecemos apropriadamente?
Ecologia II
P orter uma grande extensão territorial, o Brasil é considerado um país com dimensões
continentais. O tamanho, a variedade de climas e os diferentes relevos contribuíram
para que tenhamos uma das maiores biodiversidades do mundo. Nós, como cidadãos
desse lindo país, temos obrigação de conhecê-lo e valorizá-lo para que possamos entender a neces¬
sidade de preservá-lo. Nesta unidade, conheceremos os sete principais biomas do país e algumas das
espécies mais incríveis que os habitam.
Você sabe qual dos biomas brasileiros é o mais preservado?
1
^Capítulo y

Seres Vivos Interagindo: As


Relações Ecológicas
Van Rensselaer Potter (1911-2001), bioquímico americano, disse uma vez que:
O conhecimento toma-se perigoso nas mãos de especialistas aos quais falta um
referencial amplo para visualizarem todas as implicações de seu trabalho. Sabedoria é o
conhecimento necessário para utilizar o conhecimento para o bem social.

Análise

1) O que você entendeu a partir da frase acima?

2) Você concorda com ela? Essa frase pode ser relacionada à aplicação do conhecimento sobre
ecologia? Justifique suas afirmações.

3) Você acredita que certos profissionais possuem conhecimento sobre os processos ecológi¬
cos, mas o usam de má-fé, ou apenas para benefício próprio? Justifique sua resposta.

Seres Vivos Interagindo: As Relações Ecológicas


4) Dentro da ecologia, que exemplos você pode citar do mau uso do conhecimento biológico
no Brasil?

Um ser vivo não é um organismo isolado na natureza. Todos os seres vivos, sem exceção, podem
se alimentar de outros seres, ou servir de alimento para outras espécies. Essas relações entre con¬
sumidores e consumidos formam as comunidades ecológicas que são organizadas em diversas teias
alimentares, como visto na unidade anterior.

A Cadeia Alimentar
As relações entre espécies diferentes nas cadeias alimentares podem ser basicamente de três
tipos: consumidores predadores, consumidores parasitas e consumidores parasitoides.
• Os consumidores predadores são organismos que predam indivíduos de certa popula¬
ção, como a onça-pintada (Panthera onca), predador que se alimenta de veados-mateiros
(Mazama americana), as presas.

Onça-pintada preparando-se para a caçada.

• Os consumidores parasitas são orga¬


nismos que apenas consomem algumas
partes específicas de um ser vivo, como
o sangue de animais e a seiva de plantas,
sem matá-lo. As relações entre hospe¬
deiro e parasita são muito delicadas,
sendo a busca por um hospedeiro, o
equilíbrio para parasitá-lo sem matá-lo
e, no caso de parasitas internos (como
as lombrigas), a necessidade de evitar
Pernilongo sugando sangue humano.
os ataques do seu sistema imunológico
essenciais para a sobrevivência dos parasitas.

Seres Vivos Interagindo: As Relações Ecológicas


• Os consumidores parasitoides são parasitas que matam seu hospe¬
deiro, mas não instantaneamente, como as larvas parasitas que vão
comendo o hospedeiro até a morte. Esse processo pode demorar
dias, até que se consuma todo o hospedeiro. A maioria dos parasi¬
toides são pequenas moscas e vespas.

Vespa capturando uma lagarta para inserir seus ovos.


A larva da vespa será o parasitoide da lagarta.

Os seres herbívoros se alimentam de vegetais, predando o vegetal


inteiro, ou apenas de partes das plantas, constituindo um parasita ocasional.
Dessa forma, dependendo do quanto da planta um herbívoro consome, ele
age como predador ou como parasita de vegetais.

Anta alimentando-se de vegetais.

O predador atuará dependendo do seu tamanho em relação ao


da presa. O predador pode obter sua fonte de nutrientes das mais varia¬
das formas. O jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), por exemplo,
persegue ativamente suas presas (crustáceos e pequenos mamíferos).
A jararaca (Bothropis jararaca) fica de tocaia esperando que sua presa (ratos)
se aproxime. Há, ainda, predadores que consomem uma imensa quantidade
de pequenos organismos por filtragem, como é o caso de alguns mariscos
(Corbicula sp. ) que filtram o plâncton ao seu redor.

Seres Vivos Interagindo: As Relações Ecológicas


Exemplos de predatismo na natureza

Métodos de Defesa
Para evitarem os predadores, as
presas podem elaborar métodos de fuga
extremamente criativos, como esconder-
-se, camuflar-se e, até mesmo, produzir
defesas químicas. O urutau (Nyctibius
griseus), ave noturna, camufla-se nos
troncos de árvores. Também há certas
rãs, como as da espécie Ranitomeya reti¬
culata, que possuem cores chamativas
para alertarem seus predadores de que
secretam veneno pela pele.

Seres Vivos Interagindo: As Relações Ecológicas


Observe que a relação entre predadores e presas é muito especializada, sendo, ao longo do
tempo, naturalmente selecionados certos predadores para determinados tipos de presas. Como as
presas lutam pela sua sobrevivência e não querem ser danificadas ou mortas, também há espécies que
desenvolveram respostas evolutivas aos predadores.

Podemos observar essas relações nos dentes e no sistema digestivo de herbívoros especializados
em triturar células vegetais e quebrar as moléculas de celulose. As plantas, por sua vez, responderam
evolutivamente de diversas formas, como pela produção de substâncias tóxicas nas folhas do vegetal,
pelo surgimento de espinhos e pelo acúmulo de silício (o mesmo elemento químico que compõe a
areia) em seus tecidos, provocando uma grande erosão nos dentes de herbívoros.

Detritívoros
Os indivíduos detritívoros são uma categoria muito especial de organismos que consomem
o material sem vida originado de outros seres vivos. Esse material orgânico pode ser composto de
excrementos, folhas caídas, ou seres mortos. Podemos dizer que os detritívoros são fundamentais na
reciclagem dos nutrientes de um ecossistema. Lembre-se de que estudamos alguns detritívoros que
fazem parte dos ciclos biogeoquímicos, como certas bactérias.

Urubu-rei, um recidador natural.

Seres Vivos Interagindo: As Relações Ecológicas


1) Mimetismo é uma forma criativa de enganar predadores, sendo que,
nesse processo, as presas são muito parecidas com outras espécies.
Um tipo de mimetismo é o batesiano, em que espécies saborosas
aos predadores se desenvolvem parecidas com espécies de sabor
extremamente desagradável e até tóxicas, sendo, desta forma, rejei¬
tadas por eles. Faça uma breve pesquisa, se necessário com o auxílio
do professor, sobre alguns organismos da sua região que utilizam o
mimetismo como método de evitar predadores. Escolha, no mínimo,
cinco espécies diferentes.

2) Você já viu bichos que parecem folhas secas, pedaços de tronco,


galhos secos de árvore ou até pedras? A camuflagem é uma forma
de adaptação em que o formato do corpo do ser vivo confunde seus
predadores, ou presas, mostrando formas ou cores semelhantes
às de objetos encontrados no ambiente. O bicho-pau (insetos da
ordem Phasmatodea), por exemplo, usa a camuflagem para evitar
que predadores, como o sabiá (Turdus rufiventris), encontrem-no
e o comam. Faça uma breve pesquisa sobre cinco espécies diferen¬
tes da sua região que utilizam a camuflagem para caçar ou evitar
predadores.

,
Seres Vivos Interagindo: As Relações Ecológicas
3) Se falarmos de abelhas, você logo irá pensar na Apis melífera, uma espécie exótica ou inva¬
sora, ou seja, uma espécie que foi introduzida no nosso país. Algumas espécies podem ser
introduzidas em novos hábitats de forma intencional, pelo ser humano, ou de forma aci¬
dental. A introdução de espécies exóticas é a segunda maior causa de extinção de espécies
naturais no mundo. O que talvez você não saiba é que no Brasil há mais de 1 576 espécies
de abelhas silvestres que não possuem ferrão. Faça uma breve pesquisa e liste ao menos
cinco espécies invasoras de qualquer grupo de seres vivos que se encontram na sua região.
Explique quais os impactos que essas espécies exóticas causam no ambiente natural.

4) Podemos aprender muito com a natureza. Enquanto na nossa sociedade os resíduos huma¬
nos sólidos, como o lixo doméstico, efluentes líquidos, como o esgoto, e efluentes gasosos,
como o gás carbónico, são um problema, a sábia mãe natureza já aprendeu há milénios a
reciclar os resíduos de outros seres vivos e recolocá-los no fluxo de matéria e energia. Entre
os seres detritívoros, lixeiros e recicladores naturais, estão bactérias, fungos, minhocas,
urubus e besouros.
a. Encontre cinco situações em que os seres detritívoros estejam atuando na sua região.

b. Que problemas poderiam aparecer se os seres detritívoros desaparecessem do nosso


planeta?

Seres Vivos Interagindo: As Relações Ecológicas


Outras Relações Análise

Ecológicas Na natureza, a todo o momento, os


predadores atacam suas presas e estas
Uma relação ecológica muito importante
contra-atacam, mostrando uma relação
na natureza é a competição. Quando mais de
um indivíduo disputa ou usa um mesmo recurso de coevolução. Observando esse fenô¬
caracteriza-se a competição, a qual pode ocorrer meno, explique por que as onças-pardas
entre indivíduos da mesma espécie (intraespecí- (Puma concolor) e os veados-campeiros
fica) ou entre espécies diferentes (interespecífica). (Ozotoceros bezoarticos) possuem colo¬
O recurso disputado ou utilizado pode ser qual¬ ração parecida. Justifique sua resposta
quer coisa necessária para a sobrevivência e a apresentando ao menos um argumento
manutenção dos seres vivos. Dessa forma, são que explique este fato.
exemplos de recursos os alimentos, a luz solar, a
água, os nutrientes minerais, os parceiros sexuais
e até o espaço físico. Observe que alguns recursos
podem ser renováveis, como certos nutrientes
minerais e alimentos, enquanto outros não,
como o espaço físico.
Alguns recursos são tão importantes
para os organismos vivos que podem limitar o
crescimento de uma população, como a dispo¬
nibilidade de luz para um pinheiro-do-paraná Veado-campeiro.
(Araucaria angustifolia). Sabe-se que à medida
que estamos mais próximos aos polos do planeta,
mais variável é a iluminação solar com relação
à época do ano e menos destas árvores iremos
encontrar. Haverá um determinado ponto geo¬
gráfico no qual a quantidade de luz varia tanto
ao longo do ano, que o pinheiro-do-paraná não
conseguirá manter-se nos meses com pouca inci¬
dência de raios solares.
Ao longo de milhares de anos, as relações
ecológicas de uma espécie podem influenciar
outros grupos de seres vivos, independente¬ Onça-parda.
mente se a relação entre eles é harmoniosa,
ou não. Há vários momentos em que espécies
diferentes se relacionam ecologicamente, mas
quando a evolução de uma espécie interfere
diretamente no processo evolutivo de outra,
chamamos esse processo de coevolução. Um
exemplo de coevolução é a adaptação dos
cupins da madeira e dos protozoários que
vivem em seus intestinos. Depois de milhares
de anos de coevolução, o cupim não consegue
digerir madeira sem o protozoário, por outro
lado, o protozoário não consegue digerir outro
alimento, tão pouco sobreviver fora do intes¬
tino do cupim.

Seres Vivos Interagindo: As Relações Ecológicas


As relações entre seres vivos podem ainda ser contrárias ao que estuda¬
mos até aqui. Isso ocorre quando espécies diferentes juntam forças e trabalham
em equipe para resolver determinado problema. É o chamado mutualismo. Um
exemplo de mutualismo ocorre com as espécies de abelhas silvestres brasileiras
e as flores que elas polinizam. Note que, no Brasil, possuímos árvores imensas,
mas muitas apresentam flores diminutas, exatamente do tamanho da abelha jataí
(Tetragonisca angustula) e de outras abelhas nativas.

Abelha -jataí.

O 2^ volume do documentário Pequenos monstros produzido pela BBC


apresenta as relações essenciais entre os seres vivos e as supercomu-
nidades. Se não fosse por eles, não estaríamos aqui: os invertebrados
foram os primeiros animais a saírem do mar e a se arriscarem em
terra firme. Depois disso, sobreviveram a cinco extinções em massa,
e atualmente estão em todos os cantos do planeta. Ainda assim, mal
conhecemos esses seres fascinantes. O documentário traz imagens
únicas e impressionantes dos mais bizarros animais do mundo, em
uma viagem repleta de surpresas e segredos.

Imagine, agora, as relações ecológicas entre os seres vivos no ambiente


natural da sua região. A complexidade dessas interações originaram ambientes
únicos e com espécies peculiares, que são os biomas, como já estudamos. Nosso
país possui diversos biomas, os principais são: Amazônico, Pantaneiro, Cerrado,
Caatingueiro, Floresta Atlântica, Pampas e a Zona Costeira. As grandes diferen¬
ças que notamos entre eles podem ser divididas em físico-químicas e biológicas.
As diferenças físico-químicas são: o tipo de solo, o clima, a disponibilidade de
água, o regime de chuvas, etc. Entre as diferenças biológicas estão as espécies
que vivem naquele ambiente. Conheceremos um pouco mais sobre esse assunto
no próximo capítulo.

Seres Vivos Interagindo: As Relações Ecológicas


Capítulo 2

A Riqueza do
Nosso País: Biomas
Brasileiros
Os biomas brasileiros estão intimamente relacionados à
história e ao desenvolvimento económico do país. Essa liga¬
ção é exemplificada pelo próprio nome do país: Brasil, que foi
inspirado na árvore popularmente conhecida como pau-brasil
(Caesalpinia echinata}. Assim como o nome do país, muitas
outras cidades e estados têm a origem do seu nome relacionada
a seres vivos, ou a regiões naturais brasileiras.
Pau-brasil.

Trabalho Interdisdplinar

Qual a origem do nome da sua cidade, ou do seu estado? Há algumas cidades vizinhas à
sua que possuam nomes de plantas, animais e/ou de origem indígena? Relacione ao menos
cinco nomes de cidades brasileiras com o seu significado e, se possível, pesquise, com a
ajuda do professor de história, a origem desses nomes.

O Brasil possui uma das maiores biodiversidades de todo o planeta. A falta de conhecimento
científico das espécies que aqui habitam, suas relações naturais e até a falta de conscientização
ambiental da população têm causado perdas e danos irreparáveis à natureza, como a extinção de
várias espécies que ocorrem somente aqui.
Essa biodiversidade é o resultado da interação e da evolução de milhares de anos entre espé¬
cies e seu ambiente, pois ambos passaram por um rigoroso processo de seleção natural que gerou
organismos geneticamente adaptados e resistentes às condições brasileiras. As espécies provenientes
de outros locais do planeta e que foram introduzidas em nosso país, no entanto, passaram por pro¬
cessos evolutivos diferentes e, por isso, não irão se comportar ou substituir a função que as espécies
nativas desempenham nos ecossistemas brasileiros.
As relações entre as espécies nativas são muito delicadas. Algumas espécies de abelhas silves¬
tres, por exemplo, polinizarão várias árvores e estas fornecerão alimento a outros animais durante
o ano todo. Esse equilíbrio foi obtido ao logo da evolução de milhares de anos. As mesmas abelhas
silvestres melhoram a qualidade e a quantidade dos produtos agrícolas, pois também os polinizam.

A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros


A existência de vegetação nativa também propicia alimento e abrigo
para a fauna, garantindo a variedade de espécies. Algumas dessas espécies
serão predadoras, competidoras, parasitas e parasitoides de pragas das
lavouras agrícolas. Assim, ao redor de uma área agrícola que contém vegeta¬
ção nativa, ocorre certo controle biológico das pragas que tanto atormentam
os agricultores.
Apesar da imensa biodiversidade encontrada no Brasil, com várias
espécies de incomparável beleza e qualidade paisagística, grande quantidade
das árvores cultivadas em ruas, praças, avenidas e jardins são oriundas de
outras regiões do planeta. A beleza das espécies nativas ainda não foi desco¬
berta por muitos paisagistas e jardineiros.
Além disso, a presença de vegetação nativa protege áreas íngremes,
É o acúmulo de detritos}
como morros; desacelera a velocidade do escoamento da água da chuva;
e promove a penetração da água no solo, principalmente quando ocorrem
. no leito de rios que se tor¬
nam mais rasos e passam
enxurradas. Em matas ciliares, a vegetação auxilia na absorção e filtração a comportar cada vez
da água da chuva contaminada por fertilizantes e agrotóxicos utilizados na menos água, provocando
agricultura, além de ajudar a evitar o assoreamento dos rios. enchentes.

O conhecimento desses ecossistemas é muito importante e eles serão


estudados a seguir. Antes de estudarmos os principais biomas brasileiros um
a um, é interessante observarmos onde eles se localizam.

Mapa de biomas do Brasil - IBGE e MMA, 2003.

7
A Riqueza do Nosso País: Biomas

Brasileiros\^^/
Como você percebeu ao longo do texto, preservar a natureza reflete de forma direta e indi¬
reta na qualidade ambiental, pois diminui os riscos de impactos negativos no meio e nos
recursos naturais. Produza um texto no caderno sobre o tema: segurança ambiental.

Floresta Amazônica
O Brasil possui 49,29% do total da
I Floresta Amazônica, que se localiza em uma
região de clima equatorial e subequatorial,
em que predomina o relevo de planícies que
é inundado sazonalmente.
A Floresta Amazônica não é homo¬
génea. Existe uma enorme variedade de
minibiomas ainda pouco compreendidos
pelo ser humano. A biodiversidade amazô¬
nica pode ser demonstrada por seus distintos
ecossistemas: florestas densas de terra firme,
florestas estacionais, florestas de igapó, cam¬
pos alagados, várzeas, cerrados, refúgios
montanhosos e formações pioneiras.
Esse bioma possui grande importância
para o equilíbrio ambiental da Terra por reter
Foto aérea da Floresta Amazônica. imensas quantidades de carbono atmosférico
e auxiliar na passagem da água dos rios para
a atmosfera pela transpiração foliar. Na Floresta Amazônica são encontradas cerca de um terço de
todas as espécies de seres vivos do planeta, diversidade que envolve espécies de pássaros como a
ararajuba (Guaruba guarouba), a cigana (Opisthocomus hoazin) e o tropeiro (Lipaugus vociferans);
peixes como o pirarucu (Arapaima gigas); insetos como o bicho-folha (Cycloptera speculata)', mamí¬
feros como o sagui-imperador (Saguinus imperator); répteis como o jacaré-açu (Melanosuchus niger);
e flora de múltiplos grupos taxonômicos, como a castanheira-do-pará (Bertholletia excelsa), a serin¬
gueira (Hevea brasiliensis), a vitória-régia (Victoria regia), o açaizeiro (Euterpe precatória), o buriti
(Mauritia flexuosa) e o mungubal (Pseudobombax munguba).

Ararajuba (Guaruba guarouba). Cigana (Opisthocomus hoazin).

A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros


Pirarucu (Arapaimagigas). Bicho-folha (Cycloptera speculate/).

Sag ui-i m perador (Saguinus imperator). Jacaré-açu (Melanosuchusniger).

Seringueira (Hevea brasiliensis).

Castanheira-do-pará (Bertholletia excelsa). Vitória-régia (Victoria regia).

A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros


Por sua grande variedade de ecossistemas e, consequentemente,
pela diversidade de espécies que neles habitam, o bioma Amazônico
possui imenso potencial ecológico, económico e político para os
povos amazônicos e para o mundo todo. O inestimável valor do bioma
Amazônico é demonstrado pelo património genético, por vários organis¬
mos que contêm princípios ativos, pelos produtos retirados da floresta,
assim como pelo conhecimento tradicional sobre a convivência milenar
com os diferentes ecossistemas.

O inciso I do art. 7° da Medida Provisória n2 2.186-16/1 define património


genético como informação de origem genética, contida em amostras do todo
ou de parte de espécime vegetal, fúngico, microbiano ou animal, na forma de
moléculas e substâncias provenientes do metabolismo desses seres vivos e de
extratos obtidos desses organismos, vivos ou mortos, encontrados em condi¬
ções in situ, inclusive domesticados, ou mantidos em coleções ex situ, desde que
coletados em condições in situ no território nacional, na plataforma continental
ou na zona económica exclusiva.

Leia atentamente o seguinte trecho sobre o desmatamento:


Zls florestas são destruídas para criar áreas de plantação e pasta¬
gens de gado, ou para a extração da madeira. 0 desmatamento
tem um impacto significativo nos problemas ambientais globais,
tais como poluição do ar e o aquecimento global. Além disso, a
perda desses habitats está levando muitas espécies à extinção e
reduzindo drasticamente a biodiversidade do nosso planeta.
Fonte: Adaptado de: DASHEFSKY, H. E. Dicionário de ciência ambiental: guia de A a Z.
São Paulo: Gaia, 1997. p. 92.

Sabemos que os efeitos do desmatamento são duradouros e


devastadores. Espécies inteiras são extintas devido à destruição
de seu hábitat. Além disso, ocorrem outros efeitos ambientais
como inundações catastróficas, alterações climáticas e o aqueci¬
mento global.

Se o desmatamento é tão destrutivo, por que ele acontece? Faça


uma breve pesquisa explicando o que vem promovendo a des¬
truição das florestas.

A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros


Pantanal
É a maior superfície inundável conti¬
nental do mundo. O Pantanal corresponde
a 1,76% da área total do território brasi¬
leiro, e nele se encontram os estados de
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Uma
característica marcante é que a região é
extremamente úmida devido à ação de chu¬
vas muito intensas, principalmente no verão.
O inverno, no entanto, é seco e frio.
Sua existência depende de um har¬
monioso ciclo de cheias e vazantes, que é
controlado pela época e quantidade de chu¬
vas, as quais provocam inundações anuais
que proporcionam a proliferação de milha¬ Imagem do Pantanal mato-grossense.
res de peixes e de animais que se alimentam
desses peixes, sendo que tais cheias podem cobrir até dois terços da região. Quando o inverno se
aproxima, o regime de chuvas diminui e a região inundada lentamente vai se transformando em uma
paisagem com inúmeras lagoas, inicialmente conectadas, mas aos poucos isoladas umas das outras,
e de tamanho cada vez menor. Em muitas dessas lagoas fica aprisionada uma grande quantidade de
peixes que são presas fáceis para animais carnívoros e aves.
Algumas das espécies típicas encontradas no Pantanal são: o jaburu (Jabiru mycteria), a arara-
-canindé (Ara ararauna), o gavião-belo (Busarellus nigricollis), o cambazal (Vochysia divergens'), o
cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) e os jacarés (Caiman crocodilus).

WC/DP
Licens
Documentai
Fre

Benjamit4/WCGNU
Devido à característica peculiar de inundação, o Pantanal é o
bioma brasileiro que atualmente apresenta o maior grau de conservação.
Historicamente, esse fato se deve às dificuldades trazidas às populações
humanas, ocasionadas pelas inundações anuais da região, aliadas à baixa
fertilidade do solo. As principais atividades humanas na região são a
pecuária, o turismo e a atividade de pesca. Esse panorama, no entanto,
tem mudado nas últimas duas décadas devido à introdução de gramíneas
exóticas que servem de pasto, pela exploração das matas e pela ocupação
desordenada das regiões não inundáveis, que constituem exatamente os
locais onde nasce a maioria dos rios que abastecem a região.

Trabalho Interdisciplinar

Leia atentamente o seguinte texto:


O
• A biodiversidade, ou as várias formas de vida da natureza,
* é hoje um tema amplamente discutido. No contexto da globa-
• lizaçâo, estudiosos indicam que a satisfação das necessidades
• alimentícias e medicinais da maioria da população mundial
sustenta-se, hoje, nos recursos da biodiversidade e no uso do
conhecimento das comunidades indígenas e tradicionais sobre
conservação e utilização de plantas, animais, insetos, micróbios
e sistemas de cultivo. Os países ricos são os que extraem, classi¬
ficam e analisam a maioria dos recursos da biodiversidade sem
que os resultados das pesquisas e seus benefícios sejam reverti¬
dos aos países de origem dessas riquezas. Os povos indígenas,
através dos séculos, domesticaram, melhoraram e partilharam
entre si, como base de subsistência, alimentação e saúde, mui¬
tas espécies naturais. No entanto, aos poucos, foram perdendo
controle sobre esse material genético. Das sementes coletadas
nos países subdesenvolvidos, cerca de 60% permanecem arma¬
zenadas nos centros de pesquisas, instituições e laboratórios
privados sediados nos países ricos. As atuais políticas de explora¬
ção dos recursos naturais e da biodiversidade expõem os povos
indígenas a um duplo risco: de depender cada vez mais da lógica 0
do mercado, tal como está organizado, e de ver desestrutura- Z
dos radicalmente seus padrões tradicionais de vida, sua visão •
de mundo (cosmovisão) e sua organização sociocultural. Estes I
aspectos estão na base de seu relacionamento com o ambiente •
natural e da produção de seus conhecimentos sobre ele. ;
Fonte: Adaptado de: MUNDO e MISSÃO, São Paulo: Editora Mundo e Missão,


p. 16 - n. 33, maio e jun. 1999. Disponível em: <http://www.pime.org.br/mundoe •
missao/atualidpovosindig.htm>. •

A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros


Com base no texto, responda às seguintes alternativas:
a. Os povos indígenas estão lutando para sobreviver desde que
o primeiro colonizador pisou em terras brasileiras, luta essa
que perdura até os dias atuais. Pesquise com os professores
de história e geografia a história desses povos e suas últimas
conquistas, anotando as principais informações no caderno.
b. Temos o dever de preservar e respeitar todas as formas de
cultura. Porém, a cultura tradicional indígena tem uma impor¬
tância direta para a humanidade. Por quê?

c. Como os povos tradicionais e indígenas estão perdendo o seu


património cultural?

A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros


Cerrado

Cerrado brasileiro.

O Cerrado corresponde a aproximadamente 24% da superfície do Brasil. Localiza-se na região


tropical, com inverno bastante seco e verão chuvoso, predominando o relevo de planaltos. Na época
seca, podem ocorrer incêndios gerados espontaneamente.
O bioma Cerrado pode ainda ser subdividido em Cerradão (com árvores altas, densidade flo¬
restal maior e composição típica), passando pelo Cerrado Comum (com árvores de casca espessa,
de estatura baixa, tortuosas, espalhadas entre si e retorcidas, que perdem as folhas no inverno), até
o Campo Cerrado, Campo Sujo e Campo Limpo (com progressiva redução da densidade arbórea).
Há, ainda, tipos florestais ao longo de rios conhecidos como florestas de galerias, ou matas ciliares.
Algumas espécies características desse bioma são: o buriti (Mauritia flexuosa), o ipê-rosa
(Tabebuia avellanedaé), o pequizeiro (Caryocar brasiliensis), a ema (Rhea americana), a seriema
(Cariama cristal a), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactila), o lobo-guará (Chrysocyon
brachyurus) e o tatu-canastra (Priodontes maximus), entre outras.

Luna/Shtersock
BaL

A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros


Ema (Rhea americana).

Tamanduá-bandeira
Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus). (Myrmecophaga tridactila).

Somente 19,15% da região do Cerrado ainda possui a Alguns autores questionam tecni¬
vegetação nativa em situação relativamente intacta. Depois da camente a denominação "mata"
para a região atlântica, citando
Floresta Atlântica, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais sofreu que essa denominação suben¬
alterações com a ocupação humana. No passado, o impacto mais tende uma pequena diversidade
grave na região foi causado por garimpos, que contaminaram os de espécies. Como essa região
rios com mercúrio e provocaram o assoreamento dos cursos de apresenta uma grande diversi¬
dade, a denominação aceita e
água. Recentemente, o ecossistema tem se deteriorado com a utilizada neste livro fica como
expansão da agricultura, principalmente com a monocultura de "floresta", refletindo dessa forma
grãos, que esgota os nutrientes do solo, e da pecuária extensiva. a grande variedade de espécies
encontrada neste local.

Caatinga
A Caatinga localiza-se na região semiá-
rida equatorial e tropical, no Nordeste do
país, onde predomina o relevo de planícies.
É exclusivamente brasileira, ocupando 9,92%
do território. Porém, 80% do ecossistema ori¬
ginal já foi alterado. Como no passado não
houve muito interesse científico por esse
bioma, é o menos conhecido do país. Em con¬
trapartida, apresenta uma grande diversidade
de ambientes e espécies, sendo que muitas
dessas espécies ocorrem somente na Caatinga. Caatinga.

A Riqueza do Nosso País: Bi ornas BrasileirosK^^/


As plantas são adaptadas ao clima semiárido, apresentando folhas pequenas e/ou espinhentas e
galhos finos. São espécies da Caatinga: o xique-xique (Pilosocereus gounellei), a carnaúba (Copemicia
prunifera), o babaçu (Altalea speciosa), a bromélia-caroá (Neoglaziovia variegata), a arara-azul-de-lear
(Anodorrhynchus leari), o periquito-da-caatinga (Aratinga cactorum), o mocó (Kerodon rupestris),
a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), entre outras.
Conservar a Caatinga é uma ação que combate a crescente desertificação da região, pois este
processo de degradação ambiental ocorre principalmente em áreas com pouca umidade. No nosso
país, 62% das áreas ameaçadas de se tornarem desertos estão em locais originalmente ocupados
pela Caatinga.

Carnaúba (Copernida prunifera). Babaçu (Attalea speciosa).

Xique-xique (Neoglaziovia variegata).


(Pilosocereus gounellei).

Periquito-da-caatinga (Aratinga cactorum). Mocó (Kerodon rupestris).

A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros


A maioria da população que mora nessa área é carente e necessita dos recursos da biodiversi-
dade local para sobreviver. Se esses recursos forem conservados e explorados de forma sustentável,
podem, no futuro, impulsionar o desenvolvimento da região. Dessa forma, preservar a Caatinga é
uma medida que poderá melhorar a qualidade de vida das pessoas que nela residem.

Muitos ecossistemas brasileiros estão sofrendo um processo de desertificação, que é a


degradação da terra nas regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultante de vários
fatores, entre eles as variações climáticas e as atividades humanas. A terra é degradada
quando ocorre a deterioração dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e, consequen¬
temente, ocorre a redução da qualidade de vida das populações afetadas.
A exploração excessiva dos recursos naturais, em função de maiores demandas por alimen¬
tos, energia e outros, vem provocando importantes impactos nas regiões semiáridas. Outro
problema são as formas inadequadas de manejo da terra, que causam a degradação dos
solos, da vegetação e da biodiversidade.
Analisando estas afirmações, produza um texto no caderno com o seguinte tema: Que con¬
sequências o processo de desertificação pode trazer para a humanidade?

Floresta Atlântica
Duas das características dessa flo¬
resta são a umidade e a densidade. Sua
distribuição original ocupava uma larga
área da costa litorânea brasileira, do
Piauí ao Rio Grande do Sul, cobrindo
13,04% do Brasil.
Possui uma imensa quantidade
de espécies endémicas, ou seja, que
são encontradas somente neste bioma,
sendo, por isso, considerado um dos
biomas mais ameaçados do mundo.
Apesar da imensa extensão territorial
que ocupava originalmente, atualmente
restam apenas 7% da floresta original.
Apresenta áreas de vegetações únicas e
com processos ecológicos intimamente
correlacionados: as faixas litorâneas, as Floresta Atlântica.
florestas de baixada, os campos de altitude e as matas interioranas, como as florestas de araucária,
estas com apenas 1% de cobertura remanescente.

7 vÉb
A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros
Espécies epífitas (plantas que vivem sobre outra planta sem parasitá-la) são muito frequen¬
tes, sendo um exemplo as orquídeas, como as espécies do gênero Sophronitis, e as bromeliáceas,
como a Vriesea wanwranea. Ocorrem neste bioma outros importantes grupos, como o palmito
(Euterpe edulis), a jacutinga (Pipile jacutinga), a araponga (Procnias nudicollis), a quaresmeira
(Tibouchina sp.), o xaxim (Dicksonia sellowiana), o jequitibá (Cariniana legalis), a preguiça-
-de-coleira (Bradypus torquatus), o mico-leão-dourado (Leonthopitecus rosalia) e o muriqui
(Brachyteles hypoxanthus).

Jacutinga (Pipile jacutinga). Quaresmeira (Tibouchina sp.).

Xaxim (Dicksoniasellowiana). Jequitibá (Cariniana legalis).

A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros


vanDorp/WCSR
Bart

Muriqui (Brachyteles hypoxanthus). Preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus).

Ameaçando a exuberância da biodiversidade desse bioma, mais de


70% da população brasileira vive no ecossistema da Floresta Atlântica.
Nesses locais, podemos encontrar a maioria das cidades e regiões metro¬
politanas do Brasil, grandes polos industriais, petroleiros e portuários,
que são responsáveis por cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB)
nacional. Somente a conservação dos remanescentes do Bioma da Floresta
Atlântica pode assegurar o abastecimento de água, a regulação do clima e
a fertilidade do solo.

É possível ajudarmos a reduzir o tráfico de animais silvestres não


os adquirindo sem origem legal, tampouco comprando artesana¬
tos que possuam partes desses animais (salvo se o produto for
certificado como procedente do manejo sustentável). Devemos
ainda denunciar os traficantes, e mesmo se você ficar com pena
do animal nas mãos do traficante, não o compre, pois isso incen¬
tiva a venda ilegal. Se você tiver um animal silvestre, não o solte
simplesmente. Entre em contato com a unidade do IBAMA mais
próxima e esta decidirá o que é o melhor para o animal.

Por que o tráfico de animais silvestres prejudica a manutenção


das espécies na natureza? Elabore uma breve pesquisa acerca do
tema e compartilhe os resultados com os colegas.

A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros


Pampa

Pampa.

Os Pampas, ou campos, localizam-se na região de clima temperado úmido


e semiúmido, onde predomina o relevo de planícies. Essa combinação propor¬
ciona a formação de uma vegetação rasteira, predominantemente de gramíneas
e pequenos arbustos espalhados. Este bioma se estende por 2,07% do território
brasileiro, ocorrendo principalmente no estado do Rio Grande do Sul.
Espécies típicas são o charão (Amazona pretrei), a caturrita (Myiopsita
monachus) e a capororoca (Coscoroba coscoroba).

Capororoca (Coscoroba coscoroba). Caturrita (Myiopsita monachus).

Pelas características de vegetação e relevo, a pecuária desenvol¬


veu-se facilmente nessa região, sendo uma das principais atividades
económicas praticadas nesse bioma. Entretanto, essa atividade é praticada
de forma desordenada, o que acarreta a progressiva degradação do solo.

A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros


Em épocas mais secas, o gado e/ou ovelhas disputam
pequenos locais ainda úmidos, provocando a perda da
cobertura vegetal do solo que, sob processos erosivos, se
abre em veios e sulcos. Nas épocas chuvosas, esses veios
e sulcos são formados onde a água da chuva escoa com
grande velocidade, resultando em um acelerado processo
erosivo. Aliados à agricultura praticada sem preparo e
cuidado com o solo, esses processos de degradação vêm
ocasionando a desertificação nesse bioma, já registrada
em diferentes regiões do Rio Grande do Sul.
Charão (Amazona pretrei).

Zona Costeira

Manguezal.

Na faixa litorânea do Brasil, vive mais da metade da população brasileira. Porém, é


uma região de risco, pois a Zona Costeira brasileira está ameaçada em sua maior parcela pela
superpopulação e por atividades agrícolas e industriais praticadas de formas insustentáveis.
O equilíbrio ecológico está sendo impactado pelo crescimento dos grandes centros urbanos e, conse¬
quentemente, pela poluição, pela especulação imobiliária sem planejamento e pela grande quantidade
de turistas e seus impactos ambientais relacionados. A ocupação predatória de áreas costeiras vem
ocasionando a devastação das vegetações nativas, o que leva, entre outras coisas, à movimentação de
dunas e até ao desabamento de morros. Outras ações que causam impactos nos ambientes costeiros
são o lançamento de esgoto no mar, sem qualquer tratamento prévio (esgoto in natura), e as opera¬
ções de terminais marítimos, que ocasionalmente provocam derramamento de petróleo.

A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros


Outra ação de proporções incalculáveis é o aterro dos manguezais que
provoca o desaparecimento de muitas espécies desse hábitat, além de des¬
truir um importante local que recicla as impurezas lançadas na água. Esse
processo de reciclagem e purificação também é executado pelas raízes par¬
cialmente submersas das árvores do mangue que se espalham sob a água,
retendo sedimentos e evitando que eles escoem para o mar. Alguns mangue¬
zais estão equilibradamente posicionados entre a terra e o mar, formando
um estuário para a reprodução da vida marinha. Espécies características
do manguezal possuem adaptações ao ambiente alagadiço e salobro, como
árvores com raízes-escoras ou respiratórias que auxiliam nas trocas gasosas,
como o mangue-vermelho (Rhiziphora mangle). Outras espécies típicas são:
o sebinho-do-mangue (Conirostrum bicolor), o guará (Eudocimus ruber) e o
caranguejeiro (Buteogallus aequinoctialis).

Leuwn/WCSR
van
Ingeborg

Sebinho-do-mangue (Conirostrum bicolor). Guará (Eudocimus ruber). Caranguejeiro (Buteogallus aequinoctialis).

Que tal visitar o bioma da sua região? Junto com os colegas, tente
observar as espécies que ali vivem. Lembre-se sempre de que nós
estamos invadindo o hábitat dessas espécies, por isso vamos res¬
peitá-lo. Após o passeio, elabore no caderno um relatório de campo
de, no mínimo, 15 linhas, descrevendo o que você observou na sua
visita. Atente para os diversos e diminutos animais invertebrados
que habitam o ambiente.

A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros


igSs£\Análise

1) Observe o seguinte quadro que mostra a situação da conservação da biodiversidade


brasileira:
Percentual do bioma preservado
Bioma Área em Km2
em unidades de conservação
Floresta Amazônica 4 196 943 27,5%
Cerrado 2 036 448 9,1%
Floresta Atlântica 1110 182 10,7%
Caatinga 844 453 10%
Pampas 176 496 3,4%
Pantanal 150 355 5%
Ambiente Marinho 3 589 962 0,8%
Fonte: FONSECA, M.; LAMAS, I.; KASECKER, T. O Papel das Unidades de Conservação. Scientific American: Edição
Especial n. 39, 2011.

Com base nas informações acima, debata com os colegas sobre a conservação dos biomas
brasileiros, respondendo às indagações.
a. A meta brasileira de preservação, segundo a Convenção sobre Diversidade Biológica
(CDB), é de, no mínimo, 30% da Amazônia e 10% dos outros biomas. Com essa porcenta¬
gem, esses ambientes podem ser considerados protegidos, sendo, dessa forma, possível
preservar as nascentes de água, proporcionar a reprodução de plantas e animais, além
de manter a estabilidade do clima. Com base nessas informações, analise se a quanti¬
dade de áreas protegidas existentes atualmente no território brasileiro é suficiente.

b. Utilizando as informações do quadro e as estudadas até agora, elabore no caderno uma


carta para um político, ou empresário, informando-o sobre a situação dos biomas brasi¬
leiros e defendendo a ideia da criação de novas áreas de preservação.
c. Se você tivesse fundos financeiros limitados para investir em uma área de preservação,
quais biomas mereceriam atenção emergencial? Justifique sua resposta.

A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros


2) Leia atentamente o seguinte trecho:
[...] é um complexo de vegetação heterogénea, um mosaico de
cerrados, florestas e até mesmo caatinga. São terras baixas, ala¬
gadiças, inundadas durante uma parte do ano, e é essa inundação
periódica que promove o fluxo de nutrientes responsável pela
grande riqueza de flora e da fauna [...].
Fonte: Adaptado de: FIORILLO, C. A. R Curso de direito ambiental brasileiro.
10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 242.

O trecho de texto acima está retratando qual bioma brasileiro?


Apresente argumentos com base nos dados fornecidos que apon¬
tem as características do bioma.

Planeta Terra, esse documentário produzido pela BBC, apresenta


a história épica da vida na Terra. Após cinco anos de produção,
2 000 dias de campo, usando 40 câmeras e filmando mais de 200
locações, esse é um retrato definitivo de nosso planeta.
Uma impressionante experiência televisiva que combina ação
extraordinária, escalas inimagináveis, locações impossíveis e
momentos íntimos das criaturas mais amadas, selvagens e esqui¬
vas do planeta. Desde as altas montanhas até os mais profundos
rios, essa série de sucesso o levará a uma inesquecível jornada
pelos desafios das estações e da luta diária pela sobrevivência
nos hábitats mais extremos da Terra. Com um orçamento de
proporções sem precedentes, técnicas de filmagem e fotografia
especialmente desenvolvidas e exclusivas, Planeta Terra o levará
a lugares que você nunca viu antes, para ter a visão e os sons que
talvez nunca sejam experimentados novamente.

A Riqueza do Nosso País: Biomas Brasileiros


Seção de Sistematização
Para sistematizar os conteúdos aprendidos nesta unidade, analise a seguinte
questão:

(UFSC) Sobre as formações fitogeográficas ou biomas existentes no Brasil, assi¬


nale a(s) proposição(ões) correta(s).
a. O Cerrado é uma formação fitogeográfica caracterizada por uma floresta tro¬
pical que cobre cerca de 40% do território brasileiro, ocorrendo na Região
Norte.
A Caatinga é caracterizada por ser uma floresta úmida da região litorânea do
Brasil, hoje muito devastada.
c. O Mangue ocorre desde o Amapá até Santa Catarina e desenvolve-se em
estuários, sendo utilizado por vários animais marinhos para reprodução.
O Pampa ocorre na Região Centro-Oeste onde o clima é quente e seco. A
flora e a fauna dessa região são extremamente diversificadas.
e. A Floresta Amazônica está localizada nos estados do Maranhão e do Piauí e
as árvores típicas dessa formação são as palmeiras e os pinheiros.
f. O Pantanal ocorre nos estados do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso,
caracterizando-se como uma região plana que é alagada nos meses de cheias
dos rios.
g. A Mata Atlântica é uma formação que se estende de São Paulo ao Sul do país,
onde predominam árvores como o babaçu e a carnaúba, e está muito bem
preservada.
Chegamos ao final de mais uma unidade de biologia na qual fomos apresenta¬
dos às fantásticas relações ecológicas entre os seres vivos. Além desse fascinante tema,
pudemos aprender um pouco sobre os principais biomas brasileiros e, respondendo à
pergunta da seção de abertura, soubemos que o Pantanal é, atualmente, o bioma mais
preservado. No entanto, isto não se dá devido à consciência de preservação, mas às
difíceis condições climáticas que diminuem o ritmo da destruição causada pela ação
humana. Conhecer nossos biomas nos ajuda a entendermos por que devemos preservá-
-los: são nossa maior riqueza.
Referências Bibliográficas
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1998. Diretrizes Curriculares manuais para o ensino médio. Documento, Brasília, DF, n. 441, p. 3-71.
jun 1998.
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TRABULSI, L. R. et al. Microbiologia. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 1999.
DVruall/Sehntteisock

Graduado e Mestre em Física pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).


Doutor em Física pela UFPR em cotutela com a Université Pierre et Marie
Curie de Paris. Professor no Ensino Médio desde 1998, com experiência
no ensino regular, na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e no Ensino
Superior desde 2006. Professor do Setor de Educação Profissional e
Tecnológica da UFPR.

Vilmar Fernandes
Graduado em Física pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Mestre em Engenharia e Ciências dos Materiais pela UFPR. Doutor
em Engenharia e Ciências dos Materiais pela UFPR em cotutela com o
Institut des NanoSciences de Paris (INSP). Professor no Ensino Médio
e no Ensino Superior desde 1998, com experiência no ensino regular e
na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Professor do Instituto Federal
do Paraná (IFPR) - Câmpus Curitiba.
Física para Quê?
uem ensinou os homens pré-históricos a fazerem lanças cilíndricas e pontiagudas? Por
que não as construíram esféricas? Como surgiu a ideia de esticarem um cordado numa
vara de pau para lançar flechas? Por que lançavam flechas, e não lanças ou pedras?
Ninguém ensinou a eles. Essas invenções foram fruto da observação e da busca por satisfazer
às suas necessidades do cotidiano.
O que levou Santos Dumont a criar o 14-Bis com uma forma similar à daquelas flechas e
lanças? Como ele teve certeza de que seu avião poderia voar? Por que, enquanto no cinema as aero¬
naves alienígenas dos filmes de ficção científica são em forma de r
disco, a nave da missão Apollo XIII era cilíndrica? Por que as Apollo XIII - Nave que abrigou
pranchas de surfe, assim como os botes dos primeiros indígenas, a terceira missão tripulada do
não são circulares? Enfim, por que as coisas em nosso entorno Projeto Apollo com destino à Lua.
têm as formas que conhecemos? k
Capítulo 1 j

A Construção da Física como Ciência


Já nos primeiros tempos da humanidade, quando nossos ancestrais escolhiam o melhor abrigo
dentro de uma caverna aquecida ou preparavam uma arma mais adequada à caça de um animal da
região, eles estavam, sem se dar conta, criando tecnologia com base em suas observações experimen¬
tais, mesmo sem usar um método científico. Da mesma forma, a observação dos astros, da variação
das épocas de calor e frio, chuva e seca permitiu a criação da agricultura, que deu início à formação
de povoados.
Povos antigos, como os egípcios, os babilónios e os romanos, aplicaram seu conhecimento
matemático para desenvolver tecnologias de construção fantásticas, que possibilitavam a irrigação da
terra, a obtenção do conforto térmico de suas casas e até a edificação das misteriosas pirâmides. No
século VI a.C., os chineses já manipulavam algumas propriedades dos imãs e criaram a bússola, que
permitiu a expansão de diferentes civilizações por todo o mundo. De outro lado, os gregos usavam a
razão humana na filosofia para tentar descrever a natureza e os seus fenômenos.
Galileu Galilei, já no século XVII, desenvolveu as bases para a metodologia científica atual,
mostrando que a filosofia não era suficiente para descrever os fenômenos naturais e que os estudio¬
sos dependiam da observação e da experimentação para formularem hipóteses.
Com base na filosofia e na experimentação e com o auxílio de uma boa dose de matemática,
Isaac Newton, James Clerk Maxwell, Albert Einstein, Max Planck e uma infinidade de outros cientistas
construíram e continuam construindo os fundamentos científicos da física.
Nesta obra, estudaremos o que é conhecido como física clássica, ou seja, aquela possível de ser
observada no nosso dia a dia. Veremos os processos relacionados à mecânica, com seus movimen¬
tos e forças, os fenômenos ondulatórios, acústicos, térmicos, ópticos, elétricos e magnéticos. Parece
muita coisa, mas a física é muito maior do que isso, pois ela existe desde que o ser humano conseguiu
formular o primeiro questionamento sobre o funcionamento de alguma coisa. Ainda há muito a se
descobrir no Universo.

Aristóteles (Grécia, 300 a.C) dizia que, ao soltarmos dois corpos diferentes de uma mesma altura num
mesmo momento, eles chegariam ao chão após diferentes tempos.

Galileu (1564-1642) provou que dois corpos diferentes chegam juntos ao solo quando soltos ao mesmo
tempo de uma mesma altura.

A Construção da Física como Ciênciay^F/


Grandezas Físicas e Unidades de
Medidas

Torre Eiffel, em Paris.

Analisando a imagem, qual seria a ferramenta adequada para medir


a torre?

Muitas vezes nos deparamos com uma situação como esta, ou seja,
precisamos medir algo, mas não temos certeza quanto à ferramenta mais
adequada em cada caso. Na física sempre estamos interessados em medir
algum evento, alguma grandeza, como comprimento, tempo, massa, veloci¬
dade e energia.

A Torre Eiffel foi construída em 1889 e tem 324 metros de altura. Para ter uma
noção do seu tamanho, acesse: <http://maps.google.com>, digite "Tour Eiffel" e
habilite a visita virtual da rua.

A Construção da Física como Ciência


Uma das unidades
Grandezas e o Sistema Internacional de medida mais anti¬
gas conhecidas é o

de Unidades côvado, usado por


egípcios, babilónios e
hebreus. Era medido
No início da civilização, as pessoas utilizavam diferentes formas de da ponta do dedo
medir as mesmas coisas. No entanto, com a evolução do comércio e a inte¬ médio até o cotovelo.
Fonte: Disponível em: <http://www.
gração dos povos, tornou-se necessário padronizar determinadas grandezas dicio.com.br/covado_2/>.
em: 23 nov. 2018.
Acesso

para evitar confusão.

A braça é a medida correspondente ao comprimento de dois braços, de uma pessoa adulta, abertos,
aproximadamente 2,2 m.

Assim como precisamos definir a ferramenta certa para uma medi¬


ção, devemos também escolher a unidade adequada. Por nossa experiência,
sabemos que a unidade mais adequada para medir o tamanho da
Torre Eiffel é o metro (m). Em outras situações, usamos o milí¬
A grandeza é tudo aquilo que pode
metro (mm), o centímetro (cm) ou o quilómetro (km). Da mesma ser medido e ser representado por
forma, precisamos utilizar a unidade correta para medir o tempo, um número ou unidade. As gran¬
escolhendo entre segundo (s), minuto (min), hora (h) ou outras dezas fundamentais são tempo,
unidades relacionadas. massa, comprimento, temperatura,
luminosidade, corrente elétrica e
Para evitar confusão em virtude do uso de vários sistemas de quantidade de matéria. As grande¬
unidades, foi criado o Sistema Internacional de Unidades (SI). O SI zas derivadas surgem a partir das
deveria atribuir a cada grandeza uma só unidade, com seus símbo¬ fundamentais, como a área, expressa
los, unidades derivadas e seus prefixos. A tabela a seguir apresenta em metros quadrados, derivada do
as grandezas fundamentais do SI. comprimento, expresso em metros.

Grandeza de base Unidade de base Símbolo

Comprimento metro m

Massa quilograma kg

Tempo segundo s

Corrente elétrica ampere A

Temperatura termodinâmica kelvin K

Quantidade de substância mol mol

Intensidade luminosa candela cd

A Construção da Física como Ciência


Pesquise na internet as unidades no SI usadas para medir grandezas derivadas, como área,
volume, densidade, pressão, energia, força, velocidade e potência.

Vamos procurar grandezas na sala que possam ser medidas e tentar encontrar as melhores
ferramentas para isso. Como sugestão, pode se medir o tamanho de cadernos, canetas,
carteiras, a sala ou o tempo de aula. As ferramentas a serem usadas podem ser pés, mãos,
réguas, trenas e relógios.

Grandezas Físicas Escalares e Vetoriais


No estudo da física, vamos cotidianamente nos deparar com dois tipos de grandezas físicas:
• escalares;
• vetoriais.

Grandezas Físicas Escalares


São grandezas físicas que ficam completamente definidas com módulo (intensidade ou tama¬
nho) e unidade. A ilustração que segue apresenta alguns exemplos.

Temperatura

A Construção da Física como Ciência


N
Grandezas Físicas Vetoriais
São grandezas físicas que ficam completa¬
mente definidas com módulo, unidade, direção
e sentido.
Tomando como exemplo a velocidade,
temos um ônibus que passou por nós a uma
velocidade de 80 km/h. Alguém poderia per¬
guntar: “Em que direção?”. Na direção norte
ou sul. Lá vem outra pergunta: “Em que sen¬
tido?”. No sentido do sul para o norte. Então,
essa grandeza física, por ser vetorial, deve ser
caracterizada com:
• Módulo -> 80.
• Unidade —> km/h.
• Direção —> norte-sul.
• Sentido —> do sul para o norte.

Toda grandeza que fornecer respostas para estas duas


perguntas:
Em que direção?
Em que sentido?
É uma grandeza física vetorial.

As grandezas físicas vetoriais são representadas por um segmento de reta orientado. A gran¬
deza representada leva uma flecha em cima de seu símbolo, como nos seguintes casos: posição (x),
velocidade (V), força (F), aceleração (a), etc. Veja o exemplo abaixo.

Sentido

) Análise

1) No site de mapas do Google: <https://maps.google.com.br> insira as informações de modo a


obter a trajetória para sair da cidade de São Paulo e chegar à cidade do Rio de Janeiro. Serão
sugeridos três caminhos com distâncias percorridas diferentes. No entanto, perceba que o
vetor deslocamento, ligando as duas cidades em linha reta tem, módulo menor do que as
distâncias percorridas. Encontre o módulo, a direção e o sentido para esse deslocamento.

A Construção da Física como Ciência


2) As quatro formigas da figura abaixo caminham aleatoriamente e
seus vetores velocidade estão representados. Responda:
a. Quais vetores têm o mesmo módulo?
b. Quais vetores têm a mesma direção?
c. Quais vetores têm o mesmo sentido?

3) (UEPG-PR) Quando dizemos que a velocidade de uma bola é de


20 m/s, horizontal e para a direita, estamos definindo a veloci¬
dade como uma grandeza:
a. escalar;
b. algébrica;
c. linear;
d. vetorial;
e. n.d.a.

4) (UFAL) Considere as grandezas físicas:


I. Velocidade.
II. Temperatura.
III. Quantidade de movimento.
IV. Deslocamento.
V. Força.

Destas, a grandeza escalar é:


a. I;
b. II;
c. Ill;
d. IV;
e. V.

A Construção da Física como Ciência


Força

Reflexão

Analisando as duas situações acima, você pode se questionar sobre os seguintes aspectos:
1) O que foi preciso para amassar a lata de refrigerante?
2) E o que foi preciso para mover o carro?

Todos nós temos uma ideia intuitiva do que seja uma força. Aplicamos e recebemos força
quando puxamos uma mala pela alça, quando empurramos a porta rotatória de um banco, quando
amassamos a latinha de refrigerante. De modo geral, os corpos interagem por meio de forças.

A Construção da Física como Ciência


Em suma, podemos dizer que:

Forças resultam das interações entre corpos,


causando variações nos seus estados de movimento
ou deformações neles.

Reflexão

Você já deve estar se perguntando: Força é uma grandeza física escalar ou vetorial?
Porquê?

Como a força é uma grandeza física muito presente no cotidiano das pessoas e tem
sido estudada desde o princípio da civilização, ao longo da história foram empregadas
várias formas de medi-la, bem como diferentes unidades. Seguem algumas das unidades de
força mais utilizadas ainda em nossos dias com as respectivas relações de transformação:

Dina ainda é uma uni¬ 1 dina = IO-5 newton


dade muito usada em 1 kgf = 0,1 newton
ferramentas mecânicas. Newton (N) é a unidade de força utilizada no SI.

Força Peso ou Gravitational


Observe as ilustrações que representam alguém tentando levantar um objeto em
duas situações diferentes, uma na Terra e outra na Lua.

Á,
A Construção da Física como Ciência
Reflexão

Que valor você colocaria no lugar do ponto de interrogação pre¬


sente na ilustração?

Em torno da Terra, e de qualquer outro corpo, há uma região cha¬


mada campo gravitacional, na qual todos os corpos sofrem sua influência,
que se apresenta na forma de uma força, denominada de força gravitacional,
o que pode ser resumido como massa atrai massa. Quando estamos próxi¬
mos à superfície de um corpo de grande massa, como um planeta, essa força
gravitacional é chamada de peso. O peso de um corpo de massa m aponta
sempre para o centro do corpo de grande massa, nesse caso, um planeta.
O módulo da força peso pode ser calculado pela fórmula:

P = m -g

Na qual m é a massa do corpo e g é o valor da aceleração gravitacional


local. Na superfície da Terra, g 9,8 m/s2, mas, para facilitar nossos cálculos,
adotamos 10 m/s2.

A força peso é uma grandeza vetorial e depende do local


onde é medida. A massa é uma propriedade exclusiva do corpo
e não depende do local onde é medida. Ou seja, a massa de um
corpo não muda de acordo com o local em que ele se encontra.

A unidade de massa no SI é o quilograma (kg) e a unidade de peso,


por ser uma força, é o newton (N).

Quando você usa uma balança na farmácia, o valor que você lê, 70 kg, por exem¬
plo, indica qual é a sua massa. Mas, como o funcionamento desse instrumento
depende da atração gravitacional, a medida da massa é indireta, pois há uma
força atuando sobre a balança, que é a força peso. A partir de uma calibração
feita no instrumento, obtém-se o valor da massa.

A Construção da Física como Ciência


João tem uma massa de 80 kg. Ao ser selecionado para fazer parte
do programa espacial brasileiro, ele precisou calcular o seu peso
tanto aqui na Terra quanto na Lua. Que valores ele encontrou,
sabendo-se que a aceleração da gravidade na Terra vale aproxima-
damente 10 m/s2 e na Lua vale 1,6 m/s2?
1Q Sabemos que o peso de João pode ser calculado por: P = mJoão • g
25 Como a massa dele não se altera com a mudança de local, o seu
peso mudará apenas pela mudança na aceleração gravitacional.
Com isso calculamos:

(PUC-MG) O peso de um corpo é, quantitativamente, o produto


de sua massa pela aceleração da gravidade. Uma pessoa pesa, na
Terra, 640 N, num local onde a aceleração da gravidade é igual a
10 m/s2. A massa dessa mesma pessoa na Lua, sabendo-se que lá a
aceleração da gravidade vale 1,6 m/s2, é:
a. 10,2 kg
b. 40 kg
c. 64 kg
d. 64 N
e. 40 N

A aceleração gravitacional na superfície do Sol é de 273,98 m/s2. Isso significa


que, caso você pudesse chegar à superfície do Sol, sua massa permaneceria a
mesma, mas o seu peso seria 27,4 vezes maior do que na Terra.
Disponível em: <http://www.uranometrianova.pro.br/tabelas/Sistema/sol.htm>.
Acesso em: 23 nov. 2018.

A Construção da Física como Ciência


Elasticidade
Conforme dissemos anteriormente, força é resultado da interação entre dois corpos. Assim,
surge a pergunta:
Como podemos medira intensidade (módulo) de uma força?
Para responder a esta questão, vamos analisar as propriedades elásticas das molas. Elasticidade
é a propriedade segundo a qual um corpo se deforma sob a ação de uma força e retorna à sua forma
inicial, cessada a ação da força deformante. Na realidade, não existe um corpo perfeitamente elás¬
tico. Retirada a força externa que sobre ele atua, sempre persistirá uma deformação residual.
Entretanto, desde que não se solicite ao corpo algo além de certo limite, a deformação residual
é desprezível, podendo o corpo ser considerado perfeitamente elástico. Tal limite é chamado limite
de elasticidade do corpo.

Limite de elasticidade é a maior força capaz de provocar, num corpo, deformações


ainda temporárias ou reversíveis.

Experimentalmente é possível verificar que, abaixo do limite de elasticidade, a força (F) apli¬
cada é diretamente proporcional à deformação produzida (X). Essa propriedade é conhecida como
Lei de Hooke, e seu módulo pode ser representado pela expressão:

F = k-X

A constante k é denominada constante de elas¬


ticidade ou constante elástica e é medida em newton Robert Hooke foi um excelente cientista
por metro (N/m) no SI. Tal constante é uma das carac- experimental, desenvolveu a lei que governa
a elasticidade dos materiais, contribuiu para
terísticas do corpo com o qual se está trabalhando,
o estudo dos gases, inventou o relógio por¬
dependendo apenas de sua geometria e do material tátil de corda e o barómetro. Além disso,
de que é feito. Quanto maior o valor de k, mais rígido desenvolveu estudos a respeito da estrutura
é o corpo; no caso da mola, mais dura ela é. das células.
Uma ferramenta muito utilizada para medir
forças é chamada de dinamômetro. Ela consiste basi¬
camente de uma mola graduada, baseando-se na Lei de Hooke.

vãÈ
A Construção da Física como Ciência
Aplicação

Uma mola, suportando um bloco de massa m = 2 kg, é esti¬


cada 10 cm. Determine a constante elástica dessa mola.
Considere g = 10 m/s2.
is Vamos transformar as unidades para o SI:

X = 10 cm = 0,1 m

22 A força aplicada sobre a mola é igual ao peso do bloco,


portanto:

F = P = mg-»P = 210 = 20N

32 Aplicando a Lei de Hooke, temos

r xz F 20
F = k-X—>k =
1 1
>k =
1

X 0,1

Análise

(UFV-MG) Um experimentador fez um estudo da deformação de


uma mola em função da força aplicada e construiu o gráfico que
segue. A relação matemática entre 0 módulo da força (F) e a defor¬
mação (x), respeitando-se as unidades mostradas no gráfico, pode
ser expressa por:

a. F = 30 • x
b. F = 5 x
c. F = 6 • x
d. F = 2 x

\^/A Construção da Física como Ciência


Força Resultante

1) A figura que segue mostra uma brincadeira muito comum


chamada cabo de guerra. Vamos utilizar essa brincadeira para
aprendermos como determinar a força resultante.

Itamar Maria Jorge Juliana Hugo

Mostramos abaixo os valores das forças aplicadas pelos partici¬


pantes da brincadeira:

Participante Itamar Alex Maria Jorge Juliana Hugo


Força (N) 150 250 200 400 150 130
Tabela que mostra a força aplicada pelos participantes.

a. Qual é a força total aplicada pela equipe da esquerda? E pela


equipe da direita?
b. Você poderia substituir as três pessoas de cada lado por uma
única pessoa de cada lado que proporcionasse a mesma força
total de cada equipe?
c. Sendo a força uma grandeza vetorial, qual a direção da força
total aplicada pela equipe da esquerda? E pela equipe da
direita? O sentido da força para ambas as equipes é o mesmo?
d. Quem ganha o jogo, a equipe da esquerda ou a da direita?
e. Então, qual é o módulo, a direção e o sentido da força resul¬
tante do sistema?

A Construção da Física como Ciência


2) Uma determinada embarcação deseja
fazer negócios vendendo mercadorias Editora
francesas na Guiana Francesa. O navio Acervo
não tem combustível suficiente para
sair da França no local marcado com
A no mapa e ir direto ao ponto C, na
Guiana Francesa. Para aproveitar melhor
a viagem, ele deve se dirigir a uma ilha
canadense situada no ponto B.
a. Desenhe um vetor representando a
força necessária para levar o navio da
França ao Canadá.
b. Em seguida, faça a mesma coisa para
levar o navio do Canadá até a Guiana
Francesa.
c. Imagine que a empresa responsável
pelo navio consiga adquirir outra embarcação com uma capacidade maior de combus¬
tível. Faça o mesmo das questões anteriores para que o navio possa sair da França e
dirigir-se direto para a Guiana Francesa.

Na prática, podemos dizer que dificilmente os corpos estão sujeitos a uma única força.
E comum substituirmos todas as forças que atuam no corpo por uma única força que produza o
mesmo efeito, denominada força resultante, que será representada por FR e deve ser determinada
por meio da soma vetorial das forças que atuam no corpo.

Soma Vetorial
Na figura que segue mostramos um ponto material sujeito à ação de duas forças que formam um
ângulo a entre elas. A força resultante desse sistema pode ser obtida pela regra do paralelogramo:

1 Traçamos linhas pontilhadas paralelas aos vetores Fj e F2, conforme (2).


2 Traçamos um vetor que liga o encontro dos vetores Fx e no encontro das linhas ponti-
F2
lhadas, conforme (3). Esse vetor é a soma - F, +

$ O módulo desse vetor pode ser calculado por 2


1Fr1 = Ff Ff
+ + 2 •
Fx F2
• • cos a

A Construção da Física como Ciência


Casos Especiais
Se a = 0o, a resultante é dada por:

Que é a resultante máxima, indicada na ilustração que segue.

Se a= 180°, a resultante é dada por:

F^ + ÇF,) F^-F,^
Que é a resultante mínima, indicada na ilustração que segue.

Se a = 90°, a resultante é dada por:

Em resumo:
• Forças no mesmo sentido são somadas.
• Forças em sentidos contrários são subtraídas, prevalecendo o sentido da maior força.
• Outros casos fornecem forças resultantes intermediárias.

Análise

1) Duas forças de módulos iguais a 7 N e 8 N formam entre si um ângulo de 60°. Calcule a


resultante do sistema formada por ambas, em newton.

A Construção da Física como Ciência


2) (PUC-PR) Em uma partícula atuam duas forças de 50 N e 120 N,
perpendiculares entre si. O valor da força resultante é:
a. 130 N
b. 170 N
c. 70 N
d. 6 000 N
e. 140 N

Decomposição de Forças
No tópico anterior, vimos que é possível substituir duas (ou mais) for¬
ças aplicadas sobre um corpo por uma única força resultante. Alguns devem
ter se perguntado:

A recíproca é verdadeira? Em outras palavras: posso substituir uma


única força aplicada por um conjunto de forças equivalentes?

A ilustração que segue destaca um bloco sujeito a uma força F


inclinada em relação à horizontal. Em seguida, percebe-se que é possível
decompô-la em duas forças perpendiculares Fx e Fy , ditas ortogonais.

Veja que as componentes Fx e Fy


não são novas forças atuantes, e sim
um artifício de cálculo para facilitar a
resolução de exercícios.

Além da representação gráfica das componentes, é necessário que


saibamos calcular suas intensidades, o que não é difícil, bastando aplicar as
relações trigonométricas do triângulo retângulo.

A Construção da Física como Ciência


Observe que, se deslocarmos Fy para a direita, ela forma um triângulo retângulo com F e Fx :

Sabendo-se que:
cateto oposto
= =
hipotenusa F

cos oc=
cateto adjacente _
hipotenusa F

Análise

1) (UTFPR) Determine as intensidades das componentes ortogonais de uma força de intensi¬


dade 10 N, que forma com o eixo Ox um ângulo de 60°.
a. 10 N e 17,32 N
b. 10 N e 10 N
c. 10 Ne 8,6 N
d. 10 N e 5 N
e. 5 N e 8,6 N

2) (UEPG-PR) Uma força de 10V7 N foi decomposta em duas componentes ortogonais iguais
em módulo. Determine a intensidade de cada componente.
a. 10 N
b. 15 N
c. 25 N
d. 5VI N
e. 20 N

vÉb
A Construção da Física como Ciência
Capítulo 2

Marcos Leal/WC

Estática
Uma das atrações turísticas do
nosso país é a Ponte Estaiada Octávio
Frias de Oliveira, na cidade de São
Paulo. Essa ponte, com 138 metros de
altura, é sustentada por 144 estais,
que são feixes de 12 a 25 cabos de
aço.
Além da sua beleza, ela é um
grande desafio arquitetônico, uma
vez que todas as forças que atuam
sobre ela são distribuídas nos estais,
que devem suportar, além do peso,
os veículos em movimento e a ação
do vento, mantendo toda a estrutura
em equilíbrio.
Esse equilíbrio de forças no
ramo da física é chamado de está¬
tica. Para entendê-lo, vamos analisar
inicialmente casos simples em sistemas que podem ser considerados par¬
tículas, para em seguida abordarmos corpos mais complexos.
Elementos estruturais
flexíveis formados por
feixes de cabos de aço.

Equilíbrio de uma Partícula


Para a física, o conceito de partícula é diferente do conceito usado
em nosso cotidiano. Não estamos necessariamente falando de um corpo
muito pequeno, e sim nos referindo a corpos que apresentem apenas movi¬
mento de translação, ou seja, sem rotação. Consideramos ainda corpos
cujas dimensões não interfiram no estudo. Por exemplo, podemos dizer
que, quando estudamos apenas o movimento de translação de um carro em
uma estrada, não nos interessa a rotação de seus pneus.
Quando as dimensões do corpo interferem em nossos estudos, ou
ele realiza movimentos de rotação, dizemos que ele é um corpo extenso.

Estática
) Análise

Ao ser solicitado a João que desse um exemplo de partícula, ele respondeu: a Terra. Ele está
certo ou errado? Justifique sua resposta.

Condição de Equilíbrio
Uma partícula estará em equilíbrio se a resultante de todas as forças que atuam sobre ela for nula.

Há somente duas situações físicas em que uma partícula se encontra em equilíbrio:


• quando a partícula está em repouso, ou seja, equilíbrio estático;
• quando a partícula está em movimento retilíneo uniforme, ou seja, movimento em linha
reta com velocidade constante, o equilíbrio dinâmico.
Vamos compreender melhor o que acabamos de apresentar com alguns exemplos práticos.

1) Calcule a tração no cabo que sustenta o lustre de massa m = 5 kg na figura abaixo. Considere
g = 10 m/s2.

Solução:
O lustre ao lado tem um peso dado por P = m • g, que é um vetor vertical que aponta para
baixo. Como o lustre deve estar em equilíbrio, é fácil perceber que o cabo que o sustenta
deve estar fazendo uma força para cima. Essa força é chamada tração (ou tensão). Vamos
resolver o problema aplicando os passos a seguir:
1^ Identificamos as forças presentes no sistema.

Estática
25 Montamos um sistema de eixos cartesianos (x e y) e desenhamos os vetores das for¬
ças neles.

35 Aplicamos a condição de equilíbrio. Neste caso, temos apenas forças ao longo do


eixo y, então:

FR = 0 -> T + (-P) = 0^T-mg = 0


45 Substituindo os valores, temos:

Nesse exemplo, pudemos considerar 0 lustre como uma partícula, apesar de ser um corpo
extenso, e vimos que módulo e direção das forças tração e peso são iguais, porém de senti¬
dos contrários.

2) Uma barra articulada por uma dobradiça é presa em uma parede vertical. Para que fique
perfeitamente horizontal, ela é sustentada por um cabo de aço formando um ângulo de 30°
com a barra. Calcule a tração (T) no fio e a compressão (C) na barra quando um bloco de
100 N é pendurado na extremidade da barra, mantendo o sistema em equilíbrio.

15 Escolhemos o ponto comum às três forças envolvidas, representando uma partícula


em equilíbrio. Neste caso, temos a extremidade da barra onde o bloco e 0 cabo
estão ligados.
25 Nesse ponto, temos 0 peso (P) para baixo, a tração (T) inclinada 30° em relação à linha
horizontal esquerda e a força que a barra sustenta o sistema para a direita. Note que
esta última força é igual à força de compressão (C) sobre a barra.

Á—
Estática
3$ Devemos decompor a força de tração T nas componentes ortogonais Tx e Ty, pois essa
força está inclinada:

TX = T • cos 30° Tx = T —
2
Ty = T- sen 30° —> T =
v —2
4° E, para que haja equilíbrio, devemos garantir que a resultante das forças nos dois
eixos seja nula:

,V3

Fy = 0 Ty - 100 = 0 ^ — = 100 ;
2

59 Logo, com o valor de T, podemos calcular o valor da compressão:

Análise

1) (UFRJ) A figura a seguir mostra um atleta de ginástica olímpica no aparelho de argolas.


O ginasta encontra-se parado na posição mostrada. Assinale qual das alternativas a
seguir é a que melhor representa as forças que atuam sobre ele, desprezando-se as
forças do ar.

EstáticavÔ
2) (PUC-PR) Duas esferas rígidas 1e 2, de mesmo diâmetro, estão em equilíbrio dentro de uma
caixa, como mostra a figura a seguir. Considerando nulo o atrito entre todas as superfícies,
assinale o diagrama que representa corretamente as forças de contato que agem sobre a
esfera 2 nos pontos A, B e C.

3) (Unicamp-SP) Quando um homem está deitado numa rede (de massa desprezível), as for¬
ças que esta aplica na parede formam um ângulo de 30° com a horizontal, e a intensidade
de cada uma é de 60 kgf (ver figura a seguir).

a. Qual é o peso do homem?


b. O gancho da parede foi mal instalado e resiste apenas até 130 kgf. Quantas crianças de
30 kgf a rede suporta? (Suponha que o ângulo não mude).

Momento ou Torque
Reflexão

Muitas pessoas já se depararam com a situação ilustrada na


página anterior: carro com pneu furado e borracharia. O borra¬
cheiro pega a chave de roda, mas não consegue tirar o parafuso
que prende a roda, sobe sobre a chave, e nada, o parafuso não
cede. Após todas essas tentativas, ele pega uma barra de ferro
oca de cerca de um metro de comprimento, acopla na chave
de roda e, enfim, consegue girar o parafuso. Como explicar tal
fato?

Obviamente o borracheiro não aumentou sua capacidade muscu¬


lar, então a explicação está na barra de ferro. Logo, podemos concluir
que há alguma relação entre a força aplicada e a distância do ponto de
aplicação ao eixo de rotação, no caso, a chave de roda.
A relação entre essa distância (d) e a força aplicada (F) é deno¬
minada momento (M) ou torque (r). Essa grandeza física é vetorial e
descreve a capacidade de uma força produzir uma rotação (girar) em um
corpo.

Em uma linha de monta¬


gem de automóveis, os
parafusos devem ser aper¬
tados com o torque correto,
para que o motor não fique
frouxo e nem travado. Com
isso, o montador, para dar o
aperto adequado nos para¬
fusos, usa uma ferramenta
chamada torquímetro.

A intensidade do torque de uma força, em relação ao ponto onde


ela é aplicada, é dada pela relação:

Em que:
• rj representa o torque aplicado pela força (F) em relação ao
centro de giro.

• F representa a força aplicada.


• d representa a distância entre o centro de giro e a força
aplicada.

Estática
jtSu Reflexão

Analisando a equação da página anterior, qual deve ser a unidade para torque no SI?

Note que, quanto maior a distância (d), menos intensa tem que ser a força, a fim de se obter um
torque de mesma intensidade. Exemplo: maçaneta de uma porta, chave de roda, etc.
No desenho, consideramos uma força aplicada perpendicular à linha pontilhada que liga o
ponto de rotação ao ponto de aplicação da força. Essa linha é chamada de reta suporte.
Abaixo, analisamos três situações com a força aplicada em diferentes ângulos (a) em relação à
reta suporte que passa ao longo de uma porta.

a = 90°
t = Fd

A eficiência do giro é máxima.

a = 0o
T = 0

Não é possível girar a porta.

0o < a < 90°


t = F • d • sen a

O exemplo acima é o que aplicamos ao abrir uma porta. Aplicar uma força ao longo da largura
da porta não permitirá que esta seja aberta ou fechada.
Outra coisa importante que podemos notar é que, dependendo do sentido com que a força é
aplicada, a chave irá girar no sentido horário ou anti-horário. Com isso, precisamos adotar uma con¬
venção de sinais para os sentidos de rotação do torque. Neste livro, seguiremos a seguinte convenção:

Á—
Estática
jSs&Análise

(UEPG-PR) Um motorista, para iniciar a troca do pneu de um


carro, depara-se com duas chaves de roda: uma com braços mais
compridos que a outra. A preferência pela chave de braços mais
compridos é porque:
a. faz aumentar a força do motorista;
b. proporciona um torque maior para o mesmo esforço;
c. é mais resistente que a de braços mais curtos;
d. indiferente optar por uma ou outra chave.

(Acafe-SC) Para desatarraxar um parafuso da roda de um auto¬


móvel, é necessário um torque de 144 N-m. Admitindo-se que o
motorista é capaz de exercer, no máximo, uma força de 480 N,
calcule o comprimento mínimo, em metros, da chave de roda
para que ele possa desatarraxar esse parafuso. Assinale a alter¬
nativa que contém a resposta correta.
a. 0,1
b. 0,3
c. 0,7
d. 10
e. 1,4

Calcule o torque de cada uma das forças indicadas na figura, em


relação ao ponto O. (Dados: Ft = 10 N; F2 = 50 N; F3 = 20 N).

Estática
Centro de Gravidade (CG)
No exemplo da barra articulada que estudamos na página 30, não levamos
em consideração o peso da barra. No entanto, por nossa experiência, sabemos
que, se utilizarmos uma barra com um peso muito elevado, a tração poderá rom¬
per o cabo. Com isso, é importante saber onde podemos aplicar o vetor peso de
forma a considerá-lo nos cálculos.
Quando temos um corpo com distribuição uniforme de massa, o vetor
peso fica localizado no seu centro geométrico, como o caso do paralelepípedo
da figura (a) abaixo. Entretanto, um martelo apresenta uma distribuição não
uniforme de massa, significando que o seu peso está localizado fora do seu cen¬
tro geométrico, conforme a figura (b).

O local onde representamos a força peso do corpo é chamado de centro de


gravidade.

Atleta executando exercícios no aparelho cavalo com alças.

O estudo do centro de gravidade do corpo humano é de extrema importân¬


cia em diversas áreas. Por exemplo:
• Realizam-se pesquisas com atletas olímpicos de modo a aproveitar ao
máximo a distribuição de massa do seu corpo em movimento.

Estática
• A engenharia apresenta um ramo chamado ergonomia, que se dedica especificamente à
busca pelo conforto do corpo humano. Nesse ramo, uma das preocupações reside em dese¬
nhar equipamentos que contribuirão para o conforto em diversas áreas de nossa vida, desde
o trabalho até o auxílio à mobilidade.

Para entender um pouco mais sobre centro de gravidade, assista ao vídeo:


<http://youtube.com/watch?v=PWO-X6CZQXA>.

Equilíbrio de um
Corpo Extenso
Qualquer obra de construção civil se
baseia nas condições de equilíbrio de um corpo
extenso, pois as dimensões da casa, da ponte ou
do prédio devem ser consideradas na hora do
projeto. Na verdade, podemos dizer que diver¬
sas situações que nos rodeiam envolvem casos
de equilíbrio. Um banco de praça, uma estante
de livros, uma passarela numa avenida ou um
poste de iluminação são exemplos em que o
equilíbrio é exigido.
Neste ponto de nossos estudos, temos
condições de ampliar nossos conhecimentos
aplicando tudo o que foi visto neste capítulo
no equilíbrio de corpos extensos rígidos, ou
Acrobata equilibra-se sobre corda bamba.
seja, consideraremos corpos que não sofram
deformações.

Estática
Condições de Equilíbrio de um Corpo
Rígido
As condições necessárias e suficientes para que um corpo rígido
se mantenha em equilíbrio são equilíbrio de translação e de rotação.

Equilíbrio de Translação
A resultante de todas as forças que atuam no corpo deve ser nula.

5=0
Equilíbrio de Rotação
A soma algébrica dos torques das forças que atuam no corpo, em
relação a qualquer ponto, deve ser igual a zero.

A célebre frase se me derem


uma alavanca e um ponto de
GE
Essa condição implica que, para um corpo apresentar equilíbrio
apoio, deslocarei o mundo! é
atribuída a Arquimedes em
de rotação, ele deve estar em repouso ou estar em movimento de rota¬
razão de seus importantes ção uniforme. Para que isso ocorra, a velocidade de rotação do corpo
trabalhos sobre alavancas. não pode sofrer alterações.

(UERJ) Um menino de massa 40,0 kg está sobre uma tábua de


2,00 m de comprimento, a 0,500 m do apoio A, conforme a
figura.

Desprezando-se os pesos da tábua e da vara


de pescar e considerando-se g = 10,0 m/s2,
as reações nos apoios A e B valem em newtons,
respectivamente:
a. 360 e 40,0
b. 300 e 100
c. 200 e 200
d. 250 e 150
e. 50,0 e 350

Estática
12 Montamos um diagrama das forças envolvidas, que são o peso (P) do menino e as
forças de apoio da tábua, FA e FB:

Aplicamos a condição de equilíbrio de translação:

35 Escolhemos um ponto como eixo de rotação. Neste caso, aplicamos a condição de


equilíbrio de rotação em relação ao ponto A:

Ta —
0 P • 0,5 + Fbb • 2 = 0 fB
2
=
2

45 Substituímos 0 resultado na equação de equilíbrio de translação:

mg = FA + FB -> FA = m • g - FB = 40 • 10 - 100

A solução para 0 problema é dada na alternativa b.

1) (IIFRS) A figura mostra uma alavanca de 1,00 m de comprimento, apoiada a 20 cm da


extremidade esquerda. Considerando-se desprezível 0 peso da alavanca, qual o módulo
da força F que deve ser aplicada na extremidade direita para sustentar, em equilíbrio, um
peso P de 500 N colocado na outra extremidade?

a. 50 N
b. 100 N
c. 125 N
d. 250 N
e. 500 N

-1®:
x9£/
Estática
(UFMG - Adaptado) Gabriela está na ponta de um trampolim,
que está fixo em duas estacas - I e II - como representado na
figura, sendo F, e F(| as forças que as estacas I e II fazem, respec-
tivamente, no trampolim.

Com base nessas informações, é correto afirmar que essas forças


estão na direção vertical e:
a. têm sentido contrário, Ff para cima e Fn para baixo;
b. ambas têm sentido para baixo;
c. têm sentido contrário, Ft para baixo e Fu para cima;
d. ambas têm sentido para cima.

(LIFU-MG) Para cortar um arame, uma pessoa deve aplicar ao


cabo de um alicate uma força Fc de 200 N, conforme ilustra a
figura. Determine:
a. a intensidade do torque de Fc em relação ao ponto O;
b. a intensidade da força Fp que corta o arame.

Estática
Trabalho Interdisciplinar

A imagem mostra um trabalhador arris¬


cando sua vida a vários metros de altura.
Agora podemos analisar a foto e relacio¬
nar as condições de equilíbrio necessárias
para que ele volte para casa em segurança.
Descreva brevemente alguma profissão, sua
ou de alguém conhecido, em que os traba¬
lhadores arriscam suas vidas em situações
que dependem de alguma das condições
de equilíbrio estudadas. De que forma o
trabalhador na imagem está aumentando
os riscos a sua integridade física em caso de
desequilíbrio? Como o trabalhador da pro¬
fissão escolhida por você pode aumentar os
riscos quanto à questão do equilíbrio de um
corpo extenso?

Seção de Sistematização
Nesta unidade, examinamos fundamentos físicos que são a base de muitos ramos
das engenharias, da fisioterapia, da segurança no trabalho e dos esportes.
Abordamos alguns conceitos, como força e equilíbrio, que nos são familiares,
visto que participam no nosso cotidiano e de nosso vocabulário, e outros, como tor¬
que, não tão comuns assim, mas que atuam no universo físico de nosso entorno. O que
fizemos foi, tão somente, apresentá-los de forma sistematizada, de modo a facilitar o
raciocínio lógico que nos capacita a seguir adiante no estudo da física.
Muita Pressa,
Aceleração Zero!
A sleis de trânsito não são meras arbitrariedades, pois são elaboradas em respeito às
leis da Física. Se em um estado do Brasil a velocidade máxima permitida nas estradas
é 100 km/h, significa que este é o limite máximo de velocidade para que veículos
trafeguem, dadas as condições das estradas daquele estado e de modo que não se tornem sujeitos
a deslizamentos, descontroles e colisões repentinas. Em outras palavras, a legislação de trânsito
determinou regras de condução de veículos, como limite de velocidade, pneus em bom estado, uso
de cinto de segurança e assentos adequados para crianças, a fim de que automóveis e ocupantes
não corram risco de acidentes.
Capítulo 1

0 Que É Cinemática?
jjgg) Análise

Como se pode chegar a Belo Horizonte partindo de carro de São


Paulo? Vamos acessar a página <http://maps.google.com.br/
maps> para obter alguma informação. Depois de abrir o Google
Maps, clicamos em "Como chegar" e na página seguinte escolhe¬
mos "De carro" e digitamos o local da partida e o da chegada.

Quantas rotas o sistema sugere?

Relacione as rotas com a distância percorrida e os tempos.

Mude a forma de transporte para "Ir a pé". 0 que acontece?

Para entender o movimento dos corpos, iniciaremos nossos estudos


com um grupo de definições básicas, preparando-nos para o estudo da
cinemática.

A cinemática é a área da mecânica que se ocupa com o


estudo dos movimentos, sem se preocupar com as suas causas.
As bases do estudo da cinemática foram lançadas por Galileu
Galilei (1564-1642), físico e astrónomo italiano. Galileu, um dos
gigantes que influenciou o pensamento de Newton, pode ser
considerado o fundador do método experimental, diretriz da
ciência moderna.

O Que É Cinemática?
Referencial e Movimento
A Reflexão
Quando você está em casa, dormindo em sua cama, você está parado ou em movimento?

Na verdade, se considerarmos o indivíduo em relação a sua cama, certamente ele estará parado.
Mas, se pensarmos que ele pode estar sendo observado por um astronauta que está em órbita na Lua,
dentro de uma estação, certamente esse astronauta o verá passando sob seus olhos.
Então, isso depende do referencial adotado.

Referencial é todo ponto ou corpo em relação ao qual um movimento é avaliado.

Trajetória
A trajetória de um móvel é a linha formada por pontos pelos quais o móvel passa num dado
movimento. A trajetória de um corpo em movimento pode ser retilínea ou curvilínea. Assim
como o movimento, a trajetória depende do referencial adotado. A melhor prova disso é que
houve tempos em que a humanidade acreditava que a Terra era o centro do Universo. Isto é, do
nosso referencial na Terra, vemos o Sol todos os dias movendo-se no céu, dando a impressão de
que ele está percorrendo uma trajetória ao redor da Terra.

Posição
Quando sabemos a forma da trajetória de um corpo, podemos determinar sua posição no decor¬
rer do tempo. Consideremos um corpo movimentando-se sobre a trajetória da figura que segue. Para
localizarmos esse corpo num determinado instante, adotamos arbitrariamente um ponto zero (0)
sobre a trajetória, ao qual chamaremos origem das posições, e orientamos a trajetória positivamente,
por exemplo, para a direita a partir de 0 e negativa para a esquerda em relação à origem.

A posição, representada pela letra x, informa a que distância o móvel está da origem.

/ O Que É Cinemática?
Deslocamento
Na figura anterior, vemos que o automóvel saiu da posição inicial,
que chamaremos xt = 0, e agora está na posição x2 = x. Isso significa que
ele teve um deslocamento Ax, dado por:

Ax = x - x

Consideremos que o carro da figura anterior tenha saído de um


posto de gasolina localizado no km 120 de uma rodovia. Depois
de algum tempo, ele chegou à cidade de destino, localizada no
km 180 da mesma rodovia. Qual foi o seu deslocamento?

A posição inicial do carro foi x2 = 120 km e a posição final do carro


foi x2 = 180 km. Com isso, o seu deslocamento é dado por

Ax = x2 - xT —> Ax = 180 - 120

Velocidade Média
Normalmente, além de nos preocuparmos com o deslocamento do
nosso carro, costumamos nos preocupar com o tempo em que ele executa
a viagem. A relação entre essas duas grandezas é chamada velocidade
média e procura mostrar a rapidez com que um móvel realiza um deter¬
minado deslocamento. Ela é definida pela relação:

x -x Ax
vm = Vm"
t, - 1 At

A unidade de velocidade no SI é metros por segundo (m/s), mas,


na prática, normalmente usamos quilómetro por hora (km/h). A relação
de transformação entre essas duas unidades é obtida sabendo-se que uma
hora tem 3 600 segundos e 1 km tem 1 000 m. Então, podemos fazer:

„ km „ (1000 m) 1
X — = 1-(36ÕÕ^= 3jm/S


O Que E Cinemática?
Assim, quando queremos transformar km/h para m/s, dividimos
por 3,6. Logo, se quisermos transformar de m/s para km/h, devemos mul¬
tiplicar por 3,6, conforme o esquema abaixo:

Como a velocidade é uma grandeza física vetorial, quando estuda¬


mos o movimento de um corpo, podemos classificá-lo de acordo com o
seu sinal:
• v > 0 (velocidade positiva) — > movimento progressivo;
• v < 0 (velocidade negativa) —> movimento retrógrado.

Aceleração
Nem sempre a velocidade de um móvel se mantém constante em
um movimento qualquer. A grandeza física aceleração média mede a
rapidez com que a velocidade de um móvel varia num certo intervalo de
tempo.
Por definição, temos que:

i =
v-v0
m
t-t0
A aceleração é uma grandeza vetorial e, no SI, é medida em metro
por segundo ao quadrado (m/s2).

No ano de 2009, um acidente automobilístico chocou o país,


principalmente após ter sido divulgado que um dos veículos
trafegava a uma velocidade acima de 170 km/h. Considerando
que o motorista em questão teria um tempo de reação, entre o
momento em que viu o outro carro e pisou no freio, de aproxi-
madamente 1s, calcule o deslocamento do carro nesse tempo.

O Que É Cinemática?
1- Vamos transformar a velocidade do carro usando a relação mostrada anteriormente.
Como queremos transformar km/h para m/s, calculamos:

22 Isso significa que, caso o motorista tivesse percebido o outro carro, ainda percorreria
47,2 m no tempo de 1s, para depois tentar frear.

1) (Faap-SP) A velocidade de um avião é de 720 km/h. Qual das seguintes alternativas expressa
esta mesma velocidade em m/s?
a. 720 000 m/s
b. 1 200 m/s
c. 1000 m/s
d, 6 000 m/s
e. 200 m/s

2) (PUC-PR) Um trem de 300 m de comprimento desloca-se com velocidade de 20 m/s. Quanto


tempo leva esse trem para atravessar uma ponte de 1 500 m de comprimento?
a. 15 min
b. 15 s
c. 20 min
d, 20 s
e. 1min e 30 s

3) (PUC-MG) Um objeto, movendo-se em linha reta, tem, no instante 4 s, a velocidade de


6,0 m/s e, no instante 7 s, a velocidade é de 12,0 m/s. Sua aceleração média, em m/s2, nesse
intervalo de tempo, é:
a. 1,6
b. 2,0
c. 3,0
d, 4,2
e. 6,0

4) (Fuvest-SP) Partindo do repouso, um avião percorre a pista com aceleração constante e


atinge a velocidade de 360 km/h em 25 segundos. Qual o valor da aceleração, em m/s2?
a. 9,8
b. 7,2
c. 6,0
d, 4,0
e. 2,0

O Que É Cinemática?
Movimento Retilíneo Uniforme (MRU)
Reflexão

Na atividade realizada no início do capítulo, você mostrou que o Google Maps calcula o tempo
de chegada a um destino desejado. Para esse cálculo, quais as condições consideradas?

O movimento retilíneo uniforme é aquele em que, em relação a um determinado referencial,


o móvel descreve uma trajetória reta, com velocidade constante. Dessa forma, ele percorre distân¬
cias iguais em intervalos de tempos iguais.

Função Horária da Posição


No estudo do movimento, buscamos saber a posição do móvel em qualquer instante. Ela é
obtida a partir da equação da velocidade, em que chamaremos a posição inicial de x0 e a posição em
um instante qualquer de x.
Ax
= x~xo
At t-t0
Em geral, consideramos a posição inicial x0 para t0 = 0. Com isso, temos:
v •t = X - Xo
Note que a função apre¬
Com essa função, podemos obter a posição x do móvel, em qual¬ sentada é uma função
quer tempo t. de 1e grau, estudada em
matemática.

(PUC-PR) O gráfico representa o movimento de uma partícula. Indique a função correspon¬


dente a esse movimento.
a. x = -9 - 2 • t
b. x=9-2t
C. x = 4- 2 •t
d. x = 1+ 4 t
e. x = -9 + 2 • t

O Que É Cinemática?
12 Pela função horária da posição, vemos que precisamos
encontrar x0 e v.
22 A posição inicial é encontrada quando t = 0. No gráfico,
isso ocorre quando a reta cruza com o eixo vertical, ou
seja, x0 = 9 m.
A velocidade é dada por v = ——
At
=
4-0
v = -2 m/sj

42 Substituindo na função horária da posição, temos:


x = x0 + v t x = 9 + (-2) t /. ^x 9-2-t^
=

Portanto, a solução para o problema é dada na alternativa b.

52 A partir dela é possível obter a posição do móvel para qual¬


quer tempo. Como exemplo, podemos pedir sua posição
no instante t = 10 s.
x = 9 - 2 1 -> x = 9 - 2 • (10) /.
I^x = -11
rr^

1) (Unitau-SP) Um automóvel percorre uma estrada com função


horária x = -40 + 80 t, onde x é dado em km e t em horas.
O automóvel passa pelo km zero após:
a. 1,0 h
b. 1,5 h
c. 0,5 h
d. 2,0 h
e. 2,5 h

2) (Unitau-SP) Uma motocicleta com velocidade constante de


20 m/s ultrapassa um trem de comprimento 100 m e velocidade
de 15 m/s. A duração da ultrapassagem é:
a. 5 s
b. 15 s
c. 20 s
d, 25 s

e. 30 s

O Que É Cinemática?
3) (Fatec-SP) A tabela fornece, em vários instantes, a posição x
de um automóvel em relação ao km zero da estrada em que se
movimenta. A função horária que nos indica a posição do auto¬
móvel, com as unidades fornecidas, é:
t (h) 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0
x (km) 200 170 140 110 80 50

a. x = 200 + 30 • t
b. x = 200 - 30 • t
c. x = 200 + 15 • t
d. x = 200 + 15 t
e. x = 200 + 15 • t2

4) (PUC-SP) Duas bolas de dimensões desprezíveis se aproximam


uma da outra, executando movimentos retilíneos e uniformes
(veja a figura). Sabendo-se que as bolas possuem velocidades de
2 m/s e 3 m/s e que, no instante t = 0, a distância entre elas é de
15 m, podemos afirmar que o instante da colisão é:
a. 1s
t=o
b. 2s
c. 3 s
d. 4 s
e. 5 s

5) (PUC-PR) Duas partículas, A e B, movimentam-se sobre uma


mesma trajetória retilínea segundo o gráfico abaixo. Podemos
afirmar que suas equações horárias são:

a. • t e
XA = 90 + 20 XB = 40 + 10 t
b. XA = 20 + 90 t e XB = 10 + 40 t
c. 40 + 20 • t e 90 + 10
XA = XB = • t

40 + 20 • t e 10 + 90
XA = XB = • t

e. X A = 20 + 40 • t e XDB = 90 + 10 t
A

O Que É Cinemática?
Movimento Uniformemente
Variado
Observando o mundo que nos cerca, encontramos poucos exemplos
de movimentos com velocidade constante. Quando estamos dirigindo um
automóvel ou uma moto, estamos em constante variação da velocidade,
aceleramos para iniciar o movimento, para ultrapassar, para chegar mais
rápido a algum lugar, assim como freamos para reduzir a velocidade ou
mesmo para parar no semáforo. Nesses momentos, o movimento do
nosso carro é muito difícil de ser descrito e, por isso, vamos estudar uma
situação específica de variação de velocidade. Vamos considerar movi¬
mentos com aceleração constante e trajetória em linha reta, chamado de
movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV).

Função Horária da Velocidade


A relação que estuda a variação da velocidade do objeto em MRUV
nasce a partir da equação da aceleração:

a = —— —
At > Av = a • At -> v - v0 = aít
\ - tj
0/

Na qual v0 é a velocidade inicial. Considerando t0 = 0, temos:

A função horária da velocidade


para o MRUV também é uma
função de 19 grau.

Função Horária da Posição


Para o MRUV, a função horária que descreve a posição do móvel
em função do tempo é dada por:
A função horária da posição
para o MRUV é uma função de
29 grau.

Equação de Torricelli
Alternativamente, é possível obter uma relação entre velocidade e
posição, sem informações a respeito do tempo. Essa relação é chamada
de Equação de Torricelli.

O Que É Cinemática?
(UFPE) Um caminhão com velocidade de
36 km/h é freado e para em 10 s. Qual
o módulo da aceleração média do cami¬
nhão durante a freada?
(UEL-PR) Um móvel efetua um movimento a. 0,5 m/s2
uniformemente variado obedecendo à
b. 1,0 m/s2
função horária x = 45 + 24 • t - 3 t2, na
qual x é medido em metros e o instante t c. 1,5 m/s2
em segundos. Calcule o instante no qual d. 3,6 m/s2
ocorre a inversão do sentido de movi¬ e. 7,2 m/s2
mento do móvel.
is Para havera inversão do movimento, 3) (Puccamp-SP) A função horária da posi¬
o móvel deve parar. Portanto, v = 0. ção x de um móvel é dada por x = 20 +
Com isso, devemos montar a sua 4 • t — 3 • t2, com unidades do Sistema
função horária da velocidade: Internacional. Nesse mesmo sistema,
a função horária da velocidade do
^v = v0 +
a-t^ móvel é:
22 Identificamos as constantes de movi¬ a. v = -16 • t- 3 t
mento v0 e a na função horária da
posição v0 = 24 m/s e a = -6 m/s2. b. v = —6 t
Com isso, temos: c. v = 4 - 6 • t

v = 24 - 6 • t -> 0 = 24 - 6 • t d. v = 4-3 t
e. v = 4-l,5-t
lt=4s^
4) (UTFPR) Um corpo descreve uma trajetó¬
O móvel irá parar para inverter o seu movi¬ ria retilínea e obedece à equação horária
mento no instante t = 4 s. x = 6- 2t + 5-t2 (SI), na qual x indica
a sua posição e t o instante correspon¬
dente. Pode-se afirmar que:
a. o movimento é sempre progressivo;
b. a velocidade nula ocorre com t = 0,1 s;
c. a aceleração é de 10 m/s2;
1) (Fuvest-SP) Um veículo parte do d. a velocidade ao final de 10 s é de
repouso em movimento retilíneo ace¬
102 m/s2;
lerado a 2 m/s2. Pode-se dizer que sua
e. a posição após 1 s é de 13 m.
velocidade e distância percorrida após
3 segundos valem:
(UEL-PR) Um móvel efetua um movimento
a. 6 m/s e 9 m uniformemente variado obedecendo à
6 m/s e 18 m função horária x = 45 + 24 t - 3 t2, onde
c. 3 m/s e 12 m x é medido em metros e o instante t, em
d. 12 m/s e 36 m segundos. Calcule o instante no qual ocorre
e. 2 m/s e 12 m a inversão do sentido de movimento do
móvel.

O Que É Cinemática?
Capítulo 2

Leis de Newton
Estádio cheio, jogo amistoso entre Brasil e França em 1997. O jogador Roberto Carlos é esca¬
lado para bater uma falta a 35 m do gol. Contra todas as expectativas, a bola assume uma trajetória
curva e: “E goooolllll.”

Gol do Roberto Carlos marcado contra a seleção da França em 1997.

Apesar de muitos comentaristas


esportivos afirmarem que esse chute
Isaac Newton baseou seus estudos em importantes desco¬ desafia a ciência, e de se tratar de um
bertas feitas por cientistas como Galileu Galilei e Nicolau sistema realmente complexo, dados
Copérnico. Além disso, fez uso de uma matemática avançada importantes como trajetória, veloci¬
para a época, o que permitiu que ele conseguisse formular dade e aceleração da bola podem ser
as suas leis. explicados com um conjunto de obser¬
vações reunidas por Isaac Newton, nas
chamadas Leis de Newton.

Para saber mais a respeito da trajetória daquele gol de Roberto Carlos, acesse a interessante reportagem em:
<http://www.inovacaotecnologica.com.br/notidas/notida.php?artigo=fisicos-equacao-gol-de-falta-roberto-carlos>.

Leis de Newton
1- Lei de Newton - Lei da Inércia
Vamos imaginar a seguinte situação: você resolve passear de bicicleta. Ao pedalar tranquila¬
mente (fazendo força), naquela tarde de domingo, você não percebe e a roda da frente da bicicleta
entra em um buraco na estrada e para imediatamente. Parece ser consenso que há grande chance de
você ser “jogado” para frente e acabar se estatelando no chão. Mas por que você seria “jogado” para
frente? Isso ocorreria pela ação de alguma força?
Analisando com cuidado a situação, podemos perceber que ninguém puxou ou empurrou você.
Muitos diriam que foi a força gravitacional, mas ela é uma força que puxa para baixo e não para frente.
Descartando as hipóteses mencionadas acima, podemos concluir que existe algo novo a ser
considerado. Antes de Newton, Galileu Galilei (1564-1642) também observou esse fenômeno e o
chamou de inércia. Esta característica de todos os corpos físicos nos garante:

Todo corpo em movimento continuará em movimento


retilíneo uniforme e todo corpo em repouso permanecerá
em repouso, desde que a força resultante atuante sobre ele
seja nula.

A afirmação acima nos esclarece muitas coisas: o ciclista não será lançado, ele apenas conti¬
nuará o seu caminho, a menos que uma força o impeça. Nesse caso, será a força de atrito com o solo,
assim como uma bola de bilhar desliza sobre a mesa por causa da inércia e para em virtude do atrito
com a mesa. É importante ainda compreender que, quanto maior for a massa de um corpo, maior
será a sua inércia.

Você seria capaz de identificar um fato cotidiano que comprove o que foi dito
acima?
A seguir, observe três exemplos de situações cotidianas que mostram a ação da inércia: pas¬
sageiros de um ônibus freando, colisão de um carro e uma pessoa tentando tirar um carro do repouso.

Leis de Newton
Análise

1) No Brasil, o uso de cintos de segurança é obrigatório, tanto para motoristas quanto para
passageiros. Analisando as três ilustrações abaixo, discuta sobre a importância do uso do
cinto de segurança e por que seu uso está relacionado com a 1^ Lei de Newton.

2) Na ilustração a seguir, se o carro estiver a uma velocidade de 60 km/h e o motorista tiver


que frear bruscamente, o que poderá acontecer com a criança?

2- Lei de Newton - Princípio


Fundamental da Dinâmica

Se desejarmos colocar um objeto, que inicialmente esteja em repouso, em movimento,


o que devemos fazer?

Leis de Newton
Essa pergunta pode ter várias respostas: empurramos o objeto, puxamos o objeto com uma
corda, inclinamos a superfície onde o objeto se encontra e ele desliza sobre ela, entre outras respos¬
tas. Analisando as situações propostas, o que há em comum entre elas?
Há a interação entre corpos, ou seja, aplica-se uma força.
Podemos observar que, quando há uma força resultante não nula (FR 0 ) atuando no objeto,
conseguimos mudar o seu estado de movimento, ou seja, ele mudou de uma velocidade inicial nula
(v0 = 0) para uma velocidade diferente de zero (vf # 0). Conforme sabemos, qualquer mudança na
velocidade significa a existência de aceleração. Com isso, podemos perceber que existe uma relação
entre a força aplicada e a aceleração adquirida.
Newton expressou essas observações na relação que é chamada de 2- Lei de Newton:

F = m •a

Pela equação acima, podemos perceber que a aceleração terá a mesma direção e o mesmo
sentido da força resultante aplicada. Vemos, ainda, que, se a força resultante for nula, a aceleração
também será nula. Portanto, se o objeto estiver em repouso, permanecerá em repouso e, se estiver
em MRU, permanecerá em MRU.
Para compreendermos a 2- Lei, vamos estudá-la na prática.

Um bloco de massa m = 2 kg é puxado, a partir do repouso, por uma força F, atingindo


uma velocidade de 4 m/s num intervalo de tempo de 2 s, conforme mostra a figura abaixo.
Determine a aceleração e a força que estão agindo sobre o bloco.

2 kg

O módulo da aceleração será dado por:

Av _ 4-0
a — .. a
At 2

O módulo da força é obtido pela 2^ Lei de Newton:

F = m-a -> F = 2-2

Leis de Newton
32 Outra informação importante é que o vetor aceleração terá a mesma direção e o
mesmo sentido do vetor força, como representado abaixo.

Observe a ilustração abaixo.

1) Sabendo que a massa total da carreta com os carros de passeio é de 30 toneladas, que a
massa total do carro é de uma tonelada e que ambos estão sem freio e com a mesma velo¬
cidade de 72 km/h, responda:

a. Em qual das duas situações o super-herói terá de aplicar uma força maior para pará-los
em um intervalo de tempo de 40 s?
b. Represente as direções e sentidos dos vetores velocidade e aceleração dos móveis e da
força aplicada sobre os móveis.
c. Determine o módulo da aceleração e da força para ambos os móveis.
d. Por que a aceleração é a mesma para ambos os casos e a força não?

2) (UEL-PR) Sobre um corpo de 6,0 kg de massa, inicialmente em repouso sobre uma mesa
horizontal perfeitamente lisa, aplica-se uma força F constante, também horizontal. Após
um deslocamento de 25 m, o corpo apresenta uma velocidade de 5,0 m/s. Determine a
intensidade da força F aplicada ao corpo, em newtons.
a. 3,0
b. 5,0
c. 6,0
d. 10
e. 30

Leis de Newton
3- Lei de Newton - Ação e Reação
laid Reflexão

Quando um carro bate na traseira de outro carro à sua frente, aqueles mais observadores
imediatamente formulariam a pergunta:
“Se foi o carro de trás que bateu no da frente, por que os dois ficaram amassados?”
Analisando essa indagação, podemos concluir que o carro da frente também deve ter exercido
uma força sobre o de trás. Essa força foi capaz de amassá-lo e de pará-lo, alterando o seu estado
de movimento. Essa conclusão nos leva a formular as mesmas observações que Newton fez na sua
terceira lei.

Quando um corpo exerce uma força sobre outro, este reage com outra força de
mesma direção, mesma intensidade, porém de sentido contrário.

Verificamos que essas forças sempre aparecerão juntas, ou seja, dizemos que elas constituem o
par ação-reação. É importante analisar como ocorrem as aplicações das forças de ação e reação.
Movimento

A mão empurra o bloco sobre uma superfície. Analisando a situação detalhadamente, vemos
que a mão aplica uma força (ação) sobre o bloco e o bloco aplica uma força de reação sobre a mão.
Vejamos agora como se aplica a 3- Lei de Newton em relação à gravidade da Terra.

Leis de Newton
Observando a ilustração da página anterior, percebemos que a Como o par ação-reação
Terra atrai o copo sobre a mesa com uma força P, ao mesmo tempo que ocorre sempre em
o copo atrai o planeta com uma força P’ de mesma intensidade e mesma conjunto, a escolha de
direção, apenas de sentido contrário. A direita da ilustração, o destaque quem é ação e quem é
mesa-copo mostra que a mesa segura o copo com uma força N, normal à reação é arbitrária, ou
superfície da mesa. Isso ocorre pela força N’ aplicada pelo copo sobre a seja, não é errado, em
mesa. Obviamente percebemos que os módulos destas forças N e N’ são uma colisão, dizer que
foi o poste que aplicou
iguais ao peso P do copo para esse caso em que a superfície é horizontal.
uma força no carro que
colidiu com ele.

Aplicação

1) Uma força F = 5,0 N é aplicada sobre dois blocos de massas


mA = 3,0 kg e mB = 2,0 kg sobre uma superfície perfeitamente
lisa, conforme figura abaixo. Determine a aceleração dos blo¬
cos e a força de contato entre eles.

15 Pela figura, as forças normal e peso se anulam, restando


apenas a força F para contribuir com o movimento do con¬
junto. Então, pela 25 Lei de Newton:

F = m • a —> F = (mA + mB) - a —> 5,0 = (3,0 + 2,0) • a —>

5,0
a=
5,0
25 É importante observar que a aceleração é a mesma para
os dois blocos. Para determinar a força de contato entre os
blocos, devemos montar o diagrama de corpo livre.

35 E usamos a FAB, que é a força resultante aplicada sobre 0


corpo B:

F =m - a -> F= 2,0 -1,0 /. Ff = 2,0 N

45 Pela 35 Lei de Newton, o módulo da força de contato entre


os blocos é:

F= F = 2,0 N
A,B B,A
'

Leis de Newton
2) Um bloco de massa m = 10 kg é abandonado em um plano incli¬
nado de 30° em relação à horizontal. Determine a força resultante
atuante sobre o bloco e a aceleração do bloco.
1^ Ilustramos abaixo a situação descrita, na qual vemos que o
peso (P ) é sempre um vetor vertical com sentido para baixo.

25 Determinamos um sistema de coordenadas cartesianas


com um dos eixos paralelo à superfície do plano (eixo x) e
o outro perpendicular a esse eixo (eixo y).
35 É possível perceber que 0 ângulo de inclinação do plano
aparece novamente entre 0 vetor peso e o eixo y. Com
isso, podemos decompor 0 vetor peso do bloco em suas
componentes Px e Py.
1

PX = P senO —> PXo


= m • g • sen 30° —> PX = 10 • 10 •

2
Px = 50 N
V

P y = P cosO -> g • cos 30°


Py = m • 0 P = 10 10 • /.
v 2
Py = 50\3 N

Como é possível perceber, Py - N. Portanto,

Ao longo do eixo x, a única força atuante é Px. Portanto:

Ff, R, x
= 50 n

Assim, nesse sistema,

45 A aceleração é determinada pela 25 Lei de Newton:

Leis de Newton
Força de Atrito
No início da Unidade 1, vimos dois tipos de força: o peso e a força elástica, que relacionamos a
sistemas em equilíbrio. Agora, vamos estudar outro tipo de força que está intimamente ligada às Leis
de Newton: a força de atrito. Quando levamos em conta a sua existência, tornamos nossos estudos
mais próximos de sistemas reais.

Se você fosse empurrar a caixa acima, qual das formas você escolheria para fazer isso?
Explique.

A situação analisada acima apresenta uma situação comum em nosso dia a dia: quando tenta¬
mos colocar qualquer corpo em movimento, sentimos uma resistência ao movimento. Essa resistência
é caracterizada por uma força que se opõe ao movimento, chamada de força de atrito (f ) entre as
duas superfícies.

Assista ao vídeo sobre atrito disponível em: <http://youtube.com/watch?v=v_TYvAHoFn4>.

1) Pesquise em livros, na internet e no vídeo indicado e responda:


• O que você entendeu por força de atrito?
• Quais os tipos de força de atrito?
• O que é coeficiente de atrito?
• Escreva as fórmulas que definem o atrito estático e o dinâmico.
• Cite quatro exemplos em que o atrito é desejável.
• Cite quatro exemplos em que o atrito é dispensável.
• Cite quatro formas de burlar o atrito.

Leis de Newton
2) Considere a atividade de aplicação número 2 da página 60, sobre
um plano inclinado. Determine o coeficiente de atrito entre o
bloco e a superfície para que o bloco permaneça em repouso.

3) (Vassouras-RJ) Um bloco de massa m = 2 kg desloca-se numa


superfície áspera com velocidade inicial de 36 km/h. O coefi¬
ciente de atrito entre o corpo e a superfície é p = 0,4. A distância
percorrida pelo bloco, na superfície áspera, até parar é de:
(Considere g = 10 m/s2).
a. 15 m
b. 14 m
c. 8 m
d. 12,5 m
e. 10 m

4) (UFRJ) Analise as figuras a seguir e leia com atenção o texto:

Conjunto 1 Conjunto 2

Dois blocos de massas m e M, sendo M > m, estão em repouso


e em contato um ao lado do outro, sobre uma superfície plana.
Se empurrarmos um dos blocos com uma força F, paralela à
superfície, o conjunto irá mover-se com uma dada aceleração.
Determine se faria diferença para as magnitudes da aceleração
do conjunto e das forças de contato entre os blocos se tivésse¬
mos empurrado o outro bloco.

5) (Unesp) A figura ilustra um bloco A, de massa mA = 2,0 kg, atado


a um bloco B, de massa mB = 1,0 kg, por um fio inextensível
de massa desprezível. O coeficiente de atrito cinético entre
cada bloco e a mesa é pc. Uma força F = 18,0 N é aplicada ao
bloco B, fazendo com que ambos se desloquem com velocidade
constante.

Considerando g = 10,0 m/s2, calcule:


a. O coeficiente de atrito pc.
b. A tração T no fio.

i
Leis de Newton
6) (Ufal) Uma rampa AB, inclinada 37° em relação à horizontal, tem 12 m de comprimento
e não oferece atrito para um pequeno corpo de massa 1,0 kg, abandonado, a partir do
repouso no ponto A.

Adote g = 10 m/s2, cos 37° = 0,80 e sen 37° = 0,60.


Determine:
a. A força resultante sobre o corpo.
b. O tempo necessário para o percurso AB.

Seção de Sistematização
Ao longo desta unidade, discutimos leis físicas de movimento, comparando-as,
algumas vezes, com as leis de trânsito. Vimos também uma cena de um motorista impru¬
dente cometendo várias infrações ao mesmo tempo.
Com base na ilustração do início da unidade e nas leis físicas de movimento vistas
até agora, debata com os colegas e responda às seguintes questões:

Qual lei física explica a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança? Por quê?

Fisicamente falando, por que existe o limite de velocidade em ruas e estradas?

Compare dois carros andando com velocidades muito diferentes. Qual precisará
de um maior espaço para parar, caso seja necessário freá-lo bruscamente?

É comum vermos um caminhão descendo longas partes de estradas em declive,


em serras, por exemplo, com seus freios acionados durante todo o percurso.
Explique isso com base nas Leis de Newton.

No YouTube <http://www.youtube.com/watch?v=ZFxUOWcKM4E>, encon¬


tramos um vídeo muito interessante intitulado Leis da física e leis de trânsito
-fiat moto perpétuo. Ele é uma cópia de um projeto da Fiat chamado "Moto
perpétuo - fórmulas no trânsito". Ali são mostrados estudos relacionando as
leis físicas (imutáveis) com nosso dia a dia no trânsito.
Leis de Conservação da
Mecânica
T odosnós, em algum momento da vida, em meio à enorme quantidade de informações
que nos chegam todos os dias, já ouvimos notícias que nos falam da preocupação dos
cientistas na busca por formas de energia renováveis. As formas de energias não reno¬
váveis, como os combustíveis fósseis, estão acabando, além de gerarem prejuízos ao planeta Terra.
Surge então um novo termo que está estreitamente ligado à energia - a sustentabilidade, que busca
o uso consciente de todos os recursos naturais, de forma a prejudicar o menos possível o planeta e
todos os que nele habitam. A energia, dependendo de onde ela venha, pode prejudicar o ambiente e
a todos nós, mas sem energia não conseguiremos sobreviver. Que dilema! Agora, você deve estar se
perguntando:
O que, de fato, é energia?
Capítulo 1

Transformações da Energia
Reflexão

Para ajudar a responder à pergunta da página anterior, faça uma relação de situações em
que a palavra energia esteja presente.

Talvez você tenha chegado à mesma conclusão que todos os cientistas: conhece várias transfor¬
mações, formas de energia, mas não sabe definir exatamente o que é energia.
Mas se a energia é transformada de uma forma em outra, então a energia em si se conserva, ou
seja, o total de energia que havia antes em uma determinada forma é igual ao total de energia que há
após a transformação em outra forma.

Trabalho
Quando analisamos sistemas nos quais ocorrem transformações de energia, por exemplo, ener¬
gia eólica dos ventos em energia elétrica, verificamos que a configuração do sistema muda. Da mesma
forma, quando você caminha, você transforma parte da energia dos alimentos ingeridos em energia
de movimento (energia cinética); quando você empurra um objeto, novamente há uma transforma¬
ção de energia. Podemos verificar que, quando andamos ou empurramos um objeto ou, de modo
geral, quando há transformação de energia, há interação entre corpos e, se há interação entre corpos,
há forças envolvidas. Aonde se quer chegar com isso? Queremos entender a energia. Então, pen¬
sando em nossa vida, quando dizemos que “gastamos” energia, na verdade estamos convertendo-a
em outra forma de energia, que pode ser calor, movimento, som, ou seja, queremos fazer alguma
coisa, modificar o ambiente (por exemplo: mudar a disposição dos móveis em uma sala). Este “fazer
alguma coisa” é o que chamamos de trabalho. Então, podemos dizer, de forma simplificada, que:

Energia é a capacidade de realizar trabalho. |

Ao longo desta unidade, vamos entender o conceito físico de trabalho e como ele está asso¬
ciado às várias formas de transformação de energia.

Transformações da Energia
A Análise

Aristóteles precisa deslocar um armário de uma extremidade a outra de seu escritório.


Observe a seguir três situações possíveis para essa tarefa e responda às questões propostas.

Observe que, passados 10 minutos, o armário continua na mesma posição, pois Aristóteles
não aplicou nenhuma força ao móvel.

Observe que Aristóteles conseguiu, no decorrer de 10 minutos, deslocar o armário de uma


extremidade a outra do escritório, pois aplicou uma força ao móvel.

Observe que, mesmo aplicando uma força ao armário, Aristóteles não conseguiu deslocar
o móvel no decorrer dos 10 minutos.
Em qual situação o indivíduo aplicou força maior?

Que grandeza física foi responsável por colocar o armário em movimento?

Em qual situação o indivíduo gastou mais energia?

Em qual situação foi realizado maior trabalho?

Transformações da Energia
Trabalho de uma Força
Com base no exposto anteriormente, podemos, agora, entender como a física define trabalho.
Ttabalho (T) é definido como a multiplicação entre a intensidade da força aplicada ao longo do
deslocamento e o espaço percorrido, ou seja:

T = F • cosO • d

A unidade de trabalho no SI é o newton vezes metro (N-m), porém


James P. Joule (1818-1889)
é comumente utilizado o joule (J). Assim: N • m = J.
desenvolveu importantes
trabalhos com máquinas Normalmente, quando compramos alimentos no supermer¬
térmicas, provando que cado, observamos que eles trazem a quantidade de energia que podem
o calor é uma forma de fornecer, e a unidade dessa energia está em kilocalorias (kcal) e
energia.
joules (J). A relação entre elas é: 1 cal = 4,18 J.

Para saber quantas calorias podem fornecer determinados alimentos, acesse: <https://www.tuasaude.com/
o-que-sao-calorias>.

Calcule o trabalho realizado pela força F = 10 N para deslocar 5 m o bloco, nas situações a
seguir.

d = 5m

1^ O ângulo entre a força aplicada e o deslocamento é 0 = 0. Portanto, temos:

T = F cos0 d T = 10 15

Quando a força está no mesmo sentido do deslocamento, chamamos de trabalho


motor, pois ela contribui para o movimento.

Transformações da Energia
22 0 ângulo entre a força aplicada e o deslocamento é 0 = 60°.
Portanto, temos:

T = F cos0 • d T=10±-5

Note que cos 60° = _L.


2

32 O ângulo entre a força aplicada e 0 deslocamento é 0 = 90°.


Portanto, temos:

T = F cos0 • d T = 10 0-5

Surpreendentemente, mesmo aplicando uma força, 0 fato


de ela fazer 90° com 0 deslocamento do bloco significa que
0 trabalho realizado por ela é zero. O mesmo deve aconte¬
cer quando empurramos o armário e ele não sai do lugar.

Movimento

F = 10N

d = 5m

42 O ângulo entre a força aplicada e 0 deslocamento é 0 = 180°.


Portanto, temos:

T = F cos0 • d T = 10 • (-1) 5 /. = -50

Quando a força está no sentido contrário do deslocamento,


chamamos de trabalho resistente, pois ela se opõe ao
movimento.

Transformações da Energia
Trabalho de Várias Forças

Imaginemos agora que, no exemplo anterior, todas as forças


sejam aplicadas simultaneamente no bloco. Qual é o trabalho
resultante?

Podemos calcular o trabalho resultante de duas formas:


15 Somamos algebricamente os trabalhos T1? T2, T3 e T4. No
nosso caso, temos:

TR 50 + 25 + 0 + (-50)
=
vV25J
25 Calculamos a força resultante FR na direção do desloca
mento e então o trabalho realizado por ela:

• cos 0o + cos 60° + • cos 90° + cos 180°


Fr Fx
= F2 F3 F4
FR = 10 • 1+ 10 —+ 10 0 + 10 • (-1)
2
35 O trabalho será T = FR • d -> T = 5 5 T = 25J

Transformações da Energia
•%õy) Análise
A figura a seguir mostra um bloco de massa 10 kg sobre uma superfície horizontal. O coefi¬
ciente de atrito entre a superfície e o bloco pc = 0,43. O rapaz puxa a caixa por 10 m com uma
força de 50 N, conforme mostrado. Considere g = 10 m/s2 e cos 30° = 0,86. A partir do que
você aprendeu por meio da atividade de aplicação das páginas 67 e 68:

a. Determine o trabalho realizado pela força F.


b. Determine o trabalho realizado pela força de atrito.
c. Classifique os trabalhos calculados em trabalho motor e trabalho resistente.
d. Determine o trabalho total.

Representação Gráfica do Trabalho


Na prática, é muito útil representar graficamente a relação entre a intensidade da força
aplicada (F) e o deslocamento (d). Para o caso de uma força constante atuando sobre um corpo
que se desloca de uma posição inicial d1 até uma posição final d2, obteremos um gráfico como o
exibido abaixo:
F(N)

A = F-(d2-d1)

d2 d (m)

Note que a delimitação dada por dr d2 e F gera um retângulo, cuja área é calculada pelo
produto das medidas de sua altura e de sua base. No caso, temos ^Aretângu,0 - F • (d2 - dj^

Transformações da Energia
Observe então que o cálculo dessa área é Conforme vimos, o trabalho é numeri¬
exatamente igual ao cálculo do trabalho reali¬ camente igual à área do gráfico. Assim,
zado para movimentar o corpo. Essa conclusão temos:
pode ser extrapolada para qualquer situação, ou
seja, para casos em que a força não seja cons¬ A=F - (d2-dj
tante. Então, quando consideramos uma força
A =10 (7 -2)
variável como a do gráfico abaixo, o trabalho
pode ser obtido apenas calculando-se a área de A = 50
interesse, que, nesse caso, é a área de um triân¬
gulo retângulo.

1) Calcule o trabalho realizado pela força


' aplicada sobre um corpo de acordo com
, ' F-(d2-d,)
A" 2 o gráfico abaixo.
d, d2 d (m)

Calcule o trabalho realizado pela força


aplicada sobre um corpo de acordo com
o gráfico abaixo.

F(NU

2 7 d (m)

Transformações da Energia
2) (UERJ) Na brincadeira conhecida como cabo de guerra, dois gru¬
pos de palhaços utilizam uma corda ideal que apresenta um nó
no seu ponto mediano. O gráfico abaixo mostra a variação da
intensidade da resultante F das forças aplicadas sobre o nó, em
função da sua posição x. Considere que a força resultante e o
deslocamento sejam paralelos.

Determine o trabalho realizado por F no deslocamento entre


2,0 e 9,0 m.

Potência
Atualmente uma das grandes preocupações da sociedade é o con¬
sumo de energia. Os grandes centros de pesquisa, sejam privados, sejam
públicos, investem tempo e dinheiro visando encontrar formas de obter
melhores rendimentos em máquinas e equipamentos de tal maneira que
estes venham a consumir menos energia, porém produzam os mesmos
benefícios ou ainda benefícios maiores.
Consumo de energia. Afinal, o que é isso? A maioria das pessoas,
quando vai comprar um equipamento, está interessada na potência (P)
dos equipamentos. Isto vale, principalmente, para automóveis e equipa¬
mentos de som. Contudo, nada vem de graça, ou seja, quanto maior a
potência (P) do equipamento, mais energia será consumida por intervalo
de tempo e, com isso, maior será a despesa financeira com energia.
A potência (P) é uma grandeza física escalar que mede o trabalho (T)
realizado (energia transformada) em um determinado intervalo de tempo
(At), ou seja:

James Watt (1736-1819) foi


o inventor da máquina a
A unidade de medida da potência é o J/s, mas, como essa é uma
vapor moderna, que permi¬
grandeza amplamente utilizada, foi-lhe dado o nome de watt (W), em
tiu a Revolução Industrial.
homenagem a James Watt.

Transformações da Energia
Temos ainda outras unidades para potência, comumente utilizadas
no nosso dia a dia:
• Cavalo-Vapor (CV): 1 CV = 735,5 W.
• Horse Power (HP): 1 HP = 745,7 W.
Analisando a equação de definição da potência, podemos notar
que o trabalho (T) pode ser escrito da seguinte forma:

T=P^\t
Com isso, na prática, muitas vezes usamos a medida do trabalho
como sendo watt-hora (Wh), ou seu múltiplo, que é o kilowatt-hora
(kWh), comumente encontrado nas faturas de medida de energia elétrica
de nossas residências.
Podemos determinar a potência (P), desenvolvida por uma força F,
por meio do produto da força (F) pela velocidade v do corpo em que
ela atua. Isso é válido quando v tem a direção e o sentido de F. Assim,
podemos escrever:

p=
At
_
Calcule a potência de uma lâmpada sabendo que ela é capaz de
produzir um trabalho de 1 000 J em 10 s.

^ p= iooo
10
P = 100 W

Análise

Um corpo de massa 4 kg está inicialmente em repouso. Num dado


instante, passa a atuar sobre ele uma força F = 20 N. Sabendo
que ele gasta 2 s para percorrer 100 metros, calcule:
a. O trabalho da força F.
b. Sua potência.

Transformações da Energia
Capítulo 2

Energia Mecânica
Atualmente nos é ofertada uma grande variedade de eletrodomésticos com funcionalidades
diferentes e, uma grande parte da população passou a ter acesso a novos equipamentos. Com isso,
a demanda por energia elétrica aumentou. Como no Brasil a principal fonte de energia elétrica
são as hidrelétricas, milhares de metros quadrados de terra são inundados para a construção delas,
mudando drasticamente ecossistemas locais e causando prejuízos às vezes irreversíveis à fauna e à
flora. A Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional, por exemplo, inundou uma área de aproximadamente
1 350 km2 de terra.

MÍm Reflexão

Debata com os colegas sobre a necessidade de se represar a água para a construção de


usinas hidrelétricas.

Para auxiliar na discussão, acesse a matéria disponível em: <http://meioambiente.culturamix.com/gestao-


ambiental/itaipu-binacional-usina-hidreletrica>.

Energia Mecânica
Como podemos perceber, direta ou indi¬ Com isso, é possível verificar que, quando
retamente, a energia está presente em muito do é realizado trabalho sobre um corpo, ele sofre
que nos cerca. uma variação na sua energia cinética. Este é o
Em outras palavras, dizemos que: Teorema Trabalho-Energia, expresso matemati¬
camente da seguinte forma:
Um sistema físico possui energia
quando ele possui a capacidade de rea¬ Trabalho resultante = A Ec
lizar trabalho.

Essa relação íntima entre energia e tra¬


balho resulta em que ambos sejam grandezas
escalares medidas em joule (J) no SI.
A partir de agora, vamos entender como
ocorrem algumas transformações de energia.
1) Um carro de massa 980 kg está a uma
velocidade de 108 km/h. Determine a
Formas de Energia energia cinética desse carro.

_ m v2 980 • 302
A energia existe em diversas formas: ener¬ Ec" Ec =
2 2
gia térmica, energia mecânica, energia luminosa,
energia elétrica, etc. Neste capítulo, estudaremos
a energia mecânica, que pode ser subdividida em
três modalidades: energia cinética, energia poten¬
cial gravitacional e energia potencial elástica.
2) (UFAM) Um corpo de massa 2,0 kg, lan¬
çado sobre uma superfície plana com
velocidade inicial de 6,0 m/s, se move
Energia Cinética (Ec) em linha reta, até parar. O trabalho total
realizado pela força de atrito sobre o
Uma vez mais habituados à linguagem da objeto é, em joules:
física, ao assistir a uma corrida de Fórmula 1, por
exemplo, podemos afirmar que foi necessário a. +64
um certo trabalho realizado pelo motor do carro b. -12
para colocá-lo em movimento. Então, tendo c. +16
intuído que o trabalho realizado transformou-
-se em algum tipo de energia de movimento, d. -32
saiba que essa energia é chamada de energia e. -36
cinética (Ec), a qual é definida pela relação:

m • v2 TR = AEc -^T=Eftl-E
R c final ,
c inicial ->

Em que m é a massa do objeto em movimento e


v a sua velocidade. E importante notar aqui que A solução para o problema é dada na
a energia cinética é sempre positiva, uma vez alternativa e.
que depende do quadrado da velocidade.

Energia Mecânica
Análise

Na maioria das vias urbanas a velocidade limite é 60 km/h. Determine a razão entre as
energias cinéticas de um ônibus lotado com massa de 14 420 kg e um automóvel com
massa de 1030 kg.

Energia Potencial (Ep)


É uma forma de energia “latente”, ou seja, está sempre na iminência de ser transformada
em outras formas de energia. Na mecânica, a energia potencial pode se apresentar de duas formas:
gravitacional e elástica.

Energia Potencial Gravitacional (EPg)


Um corpo possui esse tipo de energia quando se encontra a certa altura (h) do solo (nível de
referência). A energia potencial gravitacional pode ser calculada pela expressão:

Nível de Referência

m •g •h
EnPg = o

Sendo m . g a força peso do corpo, a equação acima pode ser assim representada:

;
pg = p •h

Com base na análise feita, é possível verificar que a energia potencial gravitacional:
• E igual ao trabalho que a força gravitacional executa para mover o corpo da posição h até o
solo e que, ao fazer isso, ela é transformada em energia cinética.
• Depende do nosso ponto de referência, pois no caso de um sino no alto de uma igreja em
Curitiba, por exemplo, se a referência for o solo da cidade, teremos uma altura (h) de alguns
metros, enquanto, se a referência for o nível do mar, teremos uma altura (h) em torno de
940 m.
• Pode apresentar valores negativos, dependendo do nosso sistema de referência.
• Depende apenas da diferença de altura entre os dois locais de interesse. Se desejarmos dimi¬
nuir nossa energia potencial gravitacional ao sairmos do último andar de um prédio indo
para a rua, não interessa se iremos de elevador, pelas escadas ou pularemos de paraquedas.

Ár—
Energia Mecânica
(UEPG-PR) Um corpo de massa 5 kg é abandonado de uma altura h
do solo. Sabendo-se que, no instante em que é abandonado, sua
energia é 600 J, calcule h.
a. h = 3 m;
b. h = 6 m;
c. h = 9 m;
d. h = 12 m;
e. n.d.a.

Epg = m • g • h -> 600 = 5 • 10 • h -> h =


50

A solução para o problema é dada na alternativa d.

«»1Análise

Um bloco de concreto de massa m = 4,0 kg desprende-se de um


muro a uma altura de 5,0 m (considere g = 10 m/s2).
a. Determine a Ep do bloco, em relação ao chão, quando ele se
encontrava no alto do muro.
b. Qual será sua Ep quando passar em um ponto situado a 2,0 m
de altura?

Energia Potencial Elástica (Epe)


Considerando uma mola de constante elástica k, ao realizarmos
trabalho sobre ela, temos uma deformação X de compressão ou de alon¬
gamento. Ao fazermos isso, esse trabalho é armazenado sob a forma de
energia potencial elástica, que é definida pela relação:

k-X2
pe =
2

Para saber mais sobre a energia potendal elástica, veja o vídeo disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=xoEP6oYKOZI>.

Energia Mecânica
(UTFPR) 0 corpo representado no esquema move-se sujeito a uma mola de constante elás¬
tica k = 800 N/m. Para que o sistema armazene a energia de 16 J, a amplitude do movimento
deve ser:
a. 20 cm
b. 2 m
c. 40 cm
d. 4 m
e. 2 m

Epe
2
=
2 800
X= VW
A solução para o problema é dada na alternativa c.

Análise

1) Qual deve ser a energia potencial elástica armazenada em uma mola de constante elástica
k = 200 N/m quando é deformada em 20 cm?

2) Qual é a deformação de uma mola com constante elástica igual a 300 N/m quando esta
armazena uma energia de 1,5 J?

Energia Mecânica Total (EM)


Neste ponto dos nossos estudos, alguns questionamentos podem ter surgido:
• Antes de chegar ao solo, o corpo que cai da altura h deverá ainda ter uma energia potencial
gravitacional juntamente com uma energia cinética, pois está em movimento?
• Quando soltamos a mola descrita anteriormente, existirão alguns momentos em que ela
terá ainda energia potencial elástica junto com energia cinética?

A resposta é sim, e na verdade esses tipos de energia compõem o que chamamos de energia
mecânica total do sistema (EM). Ela é definida como:

Em um sistema conservative, no qual não há dissipação de energia, a energia mecânica se


conserva, ou seja, para o caso do corpo caindo, EM na posição h é igual a EM imediatamente antes de
chegar ao solo. Vamos resolver um exemplo para compreendermos melhor.

Energia Mecânica
Calcule a velocidade de um vaso ao chegar ao chão, após cair de um apartamento situado
a 20 m de altura.

1^ De acordo com o princípio de conservação de energia mecânica, observando a figura,


percebemos que EM1 = EM2:

^M1 ^M2“ ~ + Epi “


Ec2 Ep2
+
25 Com isso, podemos calcular que:
No instante em que o vaso começa a cair:
m . v2 .
m o2

35
^•200
Imediatamente antes de chegar ao solo:
m . v2 m . v2
EM2 = Ec2 + E p2 —> EM2 = —-T
— + m g • h 2 -*
E
0 M2
= — -
T
— + m 10 • 0
m . v2
EM2 = -
2
45 Como EMl = EM2
m . v2 v2 I x
m 200 = —
• -4- 200 = ~y 2
-> v = 2 200 /. v2 = 20 m/s j
Como podemos perceber, foi possível eliminar a massa nos dois lados da equação.
Fisicamente isso ocorre porque a velocidade final não depende da massa.
Análise

1) (USF-SP) Um corpo de massa 2,0 kg é abandonado da altura de 10 m, caindo com aceleração


10 m/s2. Após 1s de queda, sendo o solo tomado como nível de referência, sua energia:
a. potencial é nula;
potencial é de 100 J;
c. mecânica é de 100 J;
d. cinética é constante;
e. potencial permanece constante.

2) (UFMG) Um esquiador de massa m = 70 kg parte do repouso no ponto P e desce pela rampa


mostrada na figura. Suponha que as perdas de energia por atrito são desprezíveis e con¬
sidere g = 10 m/s2. A energia cinética e a velocidade do esquiador, quando ele passa pelo
ponto Q, que está 5,0 m abaixo do ponto P, são respectivamente:
a. 50 J e 15 m/s
b. 350 J e 5,0 m/s
c. 700 J e 10 m/s
3,5 • 103 J e 10 m/s
e. 3,5 • 103 J e 20 m/s

3) (UFPR) Na figura, o bloco B, com massa de 1,6 kg, desloca-se com atrito desprezível e veloci¬
dade constante de 0,2 m/s, sobre a superfície S, em direção à mola M, de constante elástica
igual a 40 N/m, com a qual se chocará, comprimindo-a até parar totalmente. Determine a
redução máxima do comprimento da mola, em centímetros.

4) (UFPR) Em uma obra, é necessário elevar um objeto que pesa 1865 N a uma altura de 30 m.
Dispõe-se de um motor de 1 HP para realizar o serviço. Qual o tempo mínimo, em segun¬
dos, para erguer este objeto com velocidade constante? (Dado: 1 HP = 746 W)

I ;
Energia Mecânica
Seção de Sistematização
Nesta unidade, tratamos de vários aspectos relacionados às transformações de
energia e sua relação com o trabalho.
Agora, podemos entender por que é necessário represar a água de um rio para
construir uma hidrelétrica. Ao se represar a água, esta adquire certa energia poten¬
cial gravitacional. Quando se abrem as comportas, a energia potencial gravitacional se
transforma em energia cinética, que, ao interagir com as paletas do gerador, transforma
energia cinética em energia mecânica de rotação. Esta, por sua vez, é transformada em
energia elétrica, como demonstra a ilustração que segue.

Corte transversal da barragem de Itaipu.


Estática dos Fluidos
U mavez que os recursos da Terra estão se esgotando, como vimos no capítulo ante¬
rior, existe a necessidade de se encontrar novos campos de exploração. Parece ser
consenso que a próxima fronteira de exploração humana é o espaço, certo?
Na verdade, não é bem assim. O governo chinês afirma que outra possibilidade é a explora¬
ção de uma fronteira aqui mesmo em nosso planeta: os oceanos.
Capítulo 1

Introdução à Hidrostática
As grandes profundidades existentes nas fossas abissais possivelmente apresentam grandes
riquezas naturais prontas para serem exploradas. Entretanto, para se alcançarem essas fossas, é pre¬
ciso uma tecnologia específica. A medida que mergulhamos no oceano, o peso da água sobre um
submarino aumenta e, com isso, a pressão exercida sobre suas paredes a grandes profundidades é ele¬
vadíssima. Assim, a tecnologia necessária para levar equipamentos e tripulações, com segurança, em
missões exploratórias deve primeiramente ser desenvolvida com base nas propriedades dos fluidos,
no caso, a água, pois é esta que representa a maior ameaça às expedições naquelas profundezas oceâ¬
nicas. Nesta unidade, estudaremos algumas dessas propriedades, principalmente os fluidos líquidos
em estado estacionário, ou seja, a hidrostática.

Para saber mais sobre a exploração das fossas abissais pela China, acesse:
<http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=submarino-tripulado-chines
&id=030175120615>.

Reflexão

1) Em nosso dia a dia, a matéria se apresenta em quais estados físicos?


2) Você consegue pensar em três materiais que se apresentam no estado sólido, três no estado
líquido e três no estado gasoso? Quais?
3) Para você, o que determina que um certo material pertença a um estado físico específico?

Os materiais em estado sólido têm forma e volume bem definidos, enquanto os líquidos têm
seus volumes definidos pelo recipiente e/ou meio onde se encontram, por exemplo, copos, garrafas,
leitos de rios. Mas e o asfalto, que, mesmo estando no estado sólido, sofre uma acomodação com o
tempo e que o leva a mudar de forma?
Podemos perceber, portanto, que devemos adotar o conceito de fluidos, substâncias que têm a
capacidade de fluir, ou seja, a fraca ligação entre suas moléculas permite que eles mudem de forma,
mesmo que leve muito tempo para isso ocorrer. Como exemplo de fluido, temos a água que assume
a forma de um copo, de uma garrafa ou o formato de um lago, ou o ar que assume a forma de uma
bola de futebol, um balão de aniversário ou da câmara do pneu.
Nesta unidade, trataremos dos fenômenos físicos ligados aos fluidos em equilíbrio e que não
sofram compressão ou expansão. A ciência que estuda isso é chamada de hidrostática.

:
Introdução a Hidrostática
Densidade Absoluta (p) ou Massa
Específica (p)
A massa (m) e o volume (V) de um objeto são relacionados pela grandeza densidade, que é
dada por:

Essa relação define a grandeza chamada densidade absoluta (p) ou massa específica (p). No SI,
a densidade é medida em kg/m3, mas também são usados g/cm3 e kg/L.

Assista ao vídeo sobre hidrostática disponível em: <http://youtube.com/watch?v=X8c3AdgMi9w>.

Análise

Encontre as relações de transformação entre as unidades de densidade mostradas acima.

Esta é uma grandeza característica de cada material, ou seja, não importa qual é o formato de
um objeto, uma esfera ou um cubo, pois teremos sempre a mesma densidade absoluta para o mesmo
material. A tabela que segue apresenta uma relação de materiais e suas densidades absolutas.

Densidade absoluta
(a 0 °C e à pressão de 1 atm)
Substância P (g/cm3)
Ar 0,0013
Cortiça 0,24
Gasolina 0,7
Gelo 0,92 Atmosfera (atm) é uma
Água 1,00 unidade de medida de
Água do mar 1,03 pressão e será estudada
com maiores detalhes
Chumbo 11,3
ainda nesta unidade.
Mercúrio 13,6

Introdução a Hidrostática
Na casa de Kátia há uma caixa-d'água de 500 L. Como a caixa fica instalada sobre o seu
banheiro, ela quer saber qual é a massa de água dentro dessa caixa quando está cheia.

12 De acordo com a tabela, a densidade absoluta da água é:

p
^agUa =1,00
cm3
1,00^-
|_

22 Então, substituindo na relação de densidade absoluta, temos:

m=1500

Lembre-se de que não estamos considerando a massa da própria caixa-d'água.

Pressão (p)
Uma das maiores preocupações dos engenheiros ao enviar um submarino a grandes profundi¬
dades é a pressão exercida pela água sobre ele. Mas o que é pressão?

Quando mergulhamos o submarino, o peso da água sobre ele exerce uma força que é distribuída
sobre toda a sua superfície. Essa distribuição é chamada de pressão e é dada por:

Introdução a Hidrostática
No SI ela é medida em N/m2, também conhecida como pascal (Pa).
Percebemos o significado de pressão quando queremos martelar um prego em uma madeira.
Sempre optamos por fazer penetrar o lado do prego com menor área, também conhecida como ponta
do prego, pois a área menor aplica maior pressão sobre a madeira, sendo mais fácil fazer penetrar o
prego, e assim aplicamos uma força menor. Dessa forma concluímos que:

Para uma mesma força, quanto menor a área de aplica- |


ção desta força, maior será a pressão exercida.

Análise

Considerando o exemplo da caixa-d'água da casa de Kátia, identifique qual dos modelos de


caixa-d'água apresentados abaixo é melhor para que a pressão exercida pela água no fundo
seja a menor possível. Considere que todas têm o mesmo volume.

Uma caixa-d'água típica de 500 L tem uma altura de 80 cm e um raio na base de 45 cm. Qual
é a pressão exercida pela água sobre o fundo da caixa?

1^ Para o cálculo da pressão, estamos interessados na área da base da caixa, que pode
ser considerada um cilindro. Então temos:

A=K-r2
base
A.base = 3,14 (0,45)2 ->
' \ / / IA
< base =
/
0,6mM

22 A pressão é dada por:

p=—
F m •g
-> p = —— =- -> p=
500 • 10
..
I! _ ...
p = 8333N/m2|
A A. U,o 1
base '

Introdução a Hidrostática
Pressão Atmosférica
Um alpinista, ao subir
uma montanha, é sujeito a inú¬
meros problemas que afetam a
sua saúde, muitos deles ligados
à variação de pressão atmos¬
férica, entre os quais podemos
citar a diminuição da densidade
de oxigénio no ar, edema pul¬
monar e cerebral, perturbação
do sono, coagulação do sangue
e até flatulência. Considerando
tudo isso, o alpinista deve
preparar sua aventura com
equipamentos especialmente
projetados, de forma a minimi¬
zar esses e outros efeitos.
Fundamentalmente a atmosfera exerce uma pressão sobre nós, pois ela é um fluido, conforme
vimos no início desta unidade. Comparando com o exemplo de caixa-d’água, podemos dizer que é
como se estivéssemos no fundo de uma grande caixa de ar e que a pressão exercida sobre nós seria
dada pelo peso do ar.
A existência da pressão atmosférica (patm) foi comprovada cientificamente, em 1630, pelo físico
italiano Torricelli. Ele fez o seguinte experimento:
• Encheu um tubo até a borda com mercúrio (Hg).
• Em seguida, virou esse tubo dentro de um recipiente e observou então que o mercúrio
escoou até que a altura de mercúrio dentro do tubo fosse de 76 cm.

Um tubo de 1 m Tampando a 0 Hg escorre até


de comprimento extremidade parar. No nível do
cheio de Hg. do tubo, ele é mar fica sempre
virado sobre um uma coluna com
recipiente. 76 cm de altura.

76 cm

• A pressão atmosférica é capaz de equilibrar uma coluna de mercúrio de 76 cm de altura, ou


seja, patm = 76 cmHg. Esse experimento foi feito ao nível do mar, onde a espessura (coluna)
de massa gasosa da atmosfera é máxima; assim, conforme aumentamos nossa altitude em
relação ao nível do mar, a camada gasosa vai se tornando cada vez menos espessa e, por¬
tanto, a pressão atmosférica vai diminuindo.

Introdução a Hidrostática
Essa medida ficou conhecida como o padrão para pressão atmosférica e pode ser represen¬
tada por:

Para conhecer mais sobre pressão atmosférica e seus efeitos no alpinista, acesse: <https://super.abril.com.
br/saude/alpinismo-um-corpo-nas-alturas/>.
Evangelista Torricelli (1608-1647) desenvolveu importantes trabalhos na matemática e na física, descobrin¬
do a equação de Torricelli usada na cinemática e o valor da pressão atmosférica. Para conhecer mais sobre a
experiência de Torricelli, assista ao vídeo: <http://youtube.com/watch?v=BSo9fSTJcEE>.

Pesquise diferentes experimentos, preferencialmente cotidianos, em que comprovamos a


existência e os efeitos da pressão atmosférica.

(Enem) Manómetro é o instrumento utili¬


zado para medir pressões. A figura ilustra
um tipo de manómetro que consiste em
um tubo, em forma de U, contendo mer¬
cúrio, e que está sendo utilizado para
medir a pressão do gás dentro do boti-
jão. Sabendo-se que a pressão atmosférica
local é de 72 cmHg, a pressão do gás será
de:
a. 22 cmHg
b. 50 cmHg
c. 72 cmHg
d. 122 cmHg
e. 200 cmHg
is Como os pontos A e B estão no mesmo nível, temos: PA = PB
22 em que PA = Pgái e PB = Par + PHg
pgís=par + pHg p6ás = 72cmHg + 50cmHg Pgíi = 122 cmHg

A solução para o problema é dada na alternativa d.

Introdução a Hidrostática
A Análise

1) Sabendo-se que a pressão atmosférica no alto do monte Everest


(8 848 m) é aproximadamente 1/3 da pressão atmosférica ao nível
do mar, qual deverá ser a altura da coluna de Hg obtida ao se fazer
a experiência de Torricelli?

2) Qual deverá ser a altura da coluna de Hg obtida ao se fazer a expe¬


riência de Torricelli na Lua?

3) Considerando-se a tabela de densidades apresentada anterior-


mente, qual deverá ser a medida obtida na experiência de Torricelli
realizada na praia, caso troquemos o Hg por água?

4) (Unicamp) Um barril de chope completo, com bomba e serpentina,


como representado na figura a seguir, foi comprado para uma festa.
A bomba é utilizada para aumentar a pressão na parte superior
do barril, forçando assim a passagem do chope pela serpentina.
Considere a densidade do chope igual à da água.

a. Calcule a mínima pressão aplicada pela bomba, para que comece


a sair chope pela primeira vez, no início da festa (barril cheio até
o topo, serpentina inicialmente vazia).
No final da festa, o chope estará terminando. Qual deve ser a
mínima pressão aplicada para o chope sair, quando o nível do
líquido estiver a 10 cm do fundo do barril, com a serpentina
cheia?

Introdução a Hidrostática
Variação da Pressão com a
Profundidade
Análise

1) Onde encontramos maior pressão: no fundo de uma piscina em


uma casa ou no fundo de uma fossa abissal no oceano?

2) Porquê?

Muito provavelmente você tenha respondido que a pressão é maior no


fundo do oceano, porque há mais água. De fato, é no fundo do oceano, mas
não porque há mais água.
Sabemos, pelo conhecimento acumulado com o acesso a filmes,
textos e imagens, que a pressão maior está no fundo do oceano, mas nos
confundimos ao acreditar que isso se deva à quantidade de água que ali
existe. Com efeito, se isso fosse verdade, sentiríamos uma elevada pressão
ao mergulharmos no mar em uma praia. O fator responsável pela elevada
pressão no fundo do oceano é a altura da coluna de água que está sobre a
região em questão.
Com isso, concluímos que a pressão na água é dada pela profundidade
em que estamos ou, em outras palavras, pela altura da coluna de água que
está sobre nós.
Observações experimentais mostram que essa pressão também muda
com o tipo de líquido que estamos utilizando e a aceleração gravitacional
local, ou seja, ela pode ser calculada pela equação que segue, que é conhe¬
cida como equação fundamental da hidrostática:

P = PMm + p-g-h

Em que patm é a pressão atmosférica que atua sobre o líquido, p (letra grega rô)
é a densidade absoluta do líquido, g é a aceleração gravitacional local e h é a
altura da coluna de líquido sobre o ponto medido.
Quando estamos na areia da praia, a pressão atmosférica sobre nós é
de 1 atm, mas, quando resolvemos praticar mergulho, a cada 10 m de pro¬
fundidade na água, aumentamos a pressão exercida em 1 atm. Da mesma
forma que o alpinista encontra diversos problemas pela baixa pressão no alto
da montanha, um mergulhador deve se prevenir. Entre os problemas mais
comuns encontrados por um mergulhador temos vertigens, dores ou rupturas
nos tímpanos, sangramento nasal, dores nos dentes e danos pulmonares.

Você pode entender melhor os efeitos da elevação da pressão para mergulhado¬


res no vídeo disponível em: <http://youtube.com/watdi?v=PbmZsTxSbDY>.

Considere o exemplo resolvido da caixa-d'água de Kátia. Calcule:


a. A pressão exercida pela água no fundo da caixa usando a equa¬
ção fundamental da hidrostática.

A pressão exercida somente pela água é dada por:


Págua Págua 6 — p, = 103 • 10 • 0,8 /.
’ ’
*
p.
“agua
=8 000N/m2A
Você pode estar confuso quanto à diferença nos valores encon¬
trados. Essa diferença ocorre pelas aproximações que foram
feitas nos dois exercícios.
b. A pressão total exercida no fundo da caixa-d'água.

No fundo da caixa-d'água, a pressão total é dada por:


P = P.,m + PJ6ua p = 1,01 • 105 + 8 103

-> p = 1,01 • 105 + 0,08 • 105 I p = 1,09 • 105 N/n?

Introdução a Hidrostática
Vasos Comunicantes

Uma ferramenta muito utilizada na construção civil é a mangueira


de nível. O pedreiro enche uma mangueira transparente com água,
tomando cuidado para não deixar bolhas. Com a ajuda de outra pessoa
ele faz marcas em estacas verticais correspondendo à altura da coluna de
água dentro da mangueira. Com esse procedimento, é possível ter certeza
de que as duas marcas estão no mesmo nível.
Essa tecnologia artesanal simples, mas muito precisa, é baseada em
um princípio fundamental da hidrostática: o princípio dos vasos comuni¬
cantes. Ele nos diz que, quando duas superfícies de um mesmo líquido
estiverem à mesma pressão atmosférica, elas estarão obrigatoriamente
no mesmo nível, conforme o desenho abaixo.

Pesquise dois exemplos de vasos comunicantes usados na tecno¬


logia do cotidiano e dois exemplos na natureza.

Introdução a Hidrostática
Capítulo 2

Princípio de Pascal
Uma das maiores preocupações com a manutenção de nossos carros é o sistema de freios. Ele é
composto por um conjunto de cilindros hidráulicos acionados por um pedal de freio. Esse pedal pres¬
siona um óleo, chamado de fluido de freio, que transmite essa pressão a todo o sistema, chegando
aos cilindros de roda.

Este complexo e importante sistema é


baseado no princípio de Pascal, segundo o qual:

O acréscimo de pressão em um
ponto de um líquido em equilíbrio
transmite-se integralmente a todos os
pontos desse líquido.

Ou seja, quando adicionamos uma pres¬


são Ap a um ponto de um líquido em equilíbrio,
todos os outros pontos sofrerão o mesmo
acréscimo.
Esse princípio é amplamente utilizado na
hidráulica industrial, para controle de empilha¬
deiras, retroescavadeiras e garras hidráulicas.

Princípio de Pascal
(Unipac-MG) Uma prensa hidráulica possui pistões com diâmetros 10 cm e 20 cm. Se uma
força de 120 N atua sobre o pistão menor, pode-se afirmar que esta prensa estará em equi¬
líbrio quando sobre o pistão maior atuar uma força de:
a. 30 N
b. 60 N
C. 480 N
d. 240 N
e. 120 N

is O problema pode ser ilustrado como a figura abaixo:

22 Pelo princípio de Pascal, a pressão atuante no pistão 1 é transmitida ao pistão 2:


Apt = Ap2
32 Pela definição de pressão, temos:

A-A. _A__A Ar2 A 120 F;


Ai A2 kt2 íi r22•
r22 52 102

A solução para 0 problema é dada na alternativa c.

Análise

1) (CPS-SP) No início do século XX, a indústria e


0 comércio da cidade de São Paulo possibi¬
litaram uma qualidade de vida melhor para
seus habitantes. Um dos hábitos saudáveis,
Panczel-Eros/Shutk
Tam s
ligados à higienização bucal, foi a utilização
de tubos de pasta dental e as respectivas
escovas de dente.

Princípio de Pascal
Considerando um tubo contendo pasta dental de densidade homo¬
génea, uma pessoa resolve apertá-lo. A pressão exercida sobre a
pasta, dentro do tubo, será:
a. maior no fundo do tubo, se apertar no fundo;
menor no fundo do tubo, se apertar perto do bico de saída;
c. maior no meio do tubo, se apertar no meio;
d. menor no fundo do tubo, se apertar no meio;
e. igual em todos os pontos, qualquer que seja o local apertado.

2) (CFT-MG) O sistema de freio hidráulico de um veículo está baseado


no princípio:

a. de Pascal;
de Arquimedes;
c. da ação e reação;
d. da inércia.

3) (Uniderp-MS) A figura mostra o funcionamento de uma prensa


hidráulica para comprimir um fardo.

A relação entre as intensidades das forças F2 e Ft equivale a:


a. A2-A2
b. A,-A,
c. VA,
d. A/A,
e. A/A,

Princípio de Pascal
Empuxo

Reflexão

Olhando a figura acima, o que você acha que ajudou o banhista


a erguer a pedra quando ela estava dentro da água?

Analisando a situação, podemos perceber que existe alguma coisa


ajudando o rapaz a erguer a pedra quando ela está embaixo da água. Com
isso, podemos fazer o seguinte diagrama de forças:

Vemos que, para compensar o peso da pedra (vetor vertical para


baixo), o rapaz aplica uma força F vertical para cima. Como a força que
ele aplica dentro da água é menor do que o peso, surge, então, outra força
vertical para cima. Essa força é chamada de empuxo (E).

Princípio de Pascal
Fundamentalmente, quando Arquimedes desvendou o problema
da coroa (visto no início da Unidade 1), ele descreveu o empuxo da
seguinte forma:

Todo corpo mergulhado em um líquido recebe um


empuxo vertical, para cima, igual ao peso do líquido deslocado
pelo corpo.

Matematicamente podemos expressar a frase acima como:

E = PL ' Vd • g

Um cilindro cuja área da base é A = 10 cm2 e cuja altura mede


H = 10,0 cm está boiando em água, conforme o desenho abaixo.
A parte do cilindro mergulhada na água tem uma altura h = 8 cm.

a. Qual é o valor do empuxo sobre o cilindro?


15 O empuxo é dado por:

g -> E = 103 • (80 • IO 6) • 10 ( E = 0,8 N


E = pL Vd • /.

29 Aqui fizemos a conversão de todas as unidades para o SI, e o


volume do líquido deslocado corresponde somente ao volume
do cilindro submerso, ou seja:

Vsubmerso = A • h = 10 • 8 = 80 cm3 = 80 • IO’6 m3

Princípio de Pascal
b. Qual é o valor da massa do cilindro?

Como o cilindro está flutuando, o seu peso é igual ao empuxo atuando sobre ele, então:

0,8
m-g = c
E m = —— /. m = 8 • 102 kg = 80 g

c. Qual é a densidade absoluta do material que compõe o cilindro?

A densidade absoluta é dada por:

m _ ^cilindro _ 80
V Pcilindro ”
Vcilindro Pcilindr° ”
A H

^cilindro • IQ lPcilindro Cm3

d. Qual é a força necessária para fazer o cilindro mergulhar totalmente?


1^ Para que o cilindro mergulhe totalmente, é necessário empurrá-lo com uma força verti¬
cal para baixo. Com isso, teremos:
m g+F= E F = E-m g

25 O empuxo agora será calculado considerando-se que o volume de água deslocado é igual
ao volume total do cilindro. Então:
F = PL- Vd-g-m -g F = 103 • (IO-4) • 10 - 8 • IO-2 • 10

A Análise

1) (Udesc) O empuxo exercido pelo ar sobre um balão cheio de gás é igual a 130 N. A massa
total do balão é de 10,0 kg. Sendo a densidade do ar igual a 1,30 kg/m3, o volume ocu¬
pado pelo balão e a força que uma pessoa deve exercer para mantê-lo no chão são,
respectivamente:
a. 10 m3 e 130 N
b. 13 m3 e 100 N
c. 17 m3 e 130 N
d. 17m3e30N
e. 10 m3 e 30 N

Princípio de Pascal
2) (Unifesp) A figura representa um cilindro flutuando na superfície da
água, preso ao fundo do recipiente por um fio tenso e inextensível.

Acrescenta-se aos poucos mais água ao recipiente, de forma que


o seu nível suba gradativamente. Sendo E o empuxo exercido pela
água sobre o cilindro, T a tração exercida pelo fio sobre o cilindro, P
o peso do cilindro e admitindo-se que o fio não se rompe, pode-se
afirmar que, até que o cilindro fique completamente imerso:
a. o módulo de todas as forças que atuam sobre ele aumenta;
b. só o módulo do empuxo aumenta, o módulo das demais forças
permanece constante;
c. os módulos do empuxo e da tração aumentam, mas a diferença
entre eles permanece constante;
d. os módulos do empuxo e da tração aumentam, mas a soma deles
permanece constante;
e. só o módulo do peso permanece constante; os módulos do empuxo
e da tração diminuem.

3) (UERJ) Duas esferas, A e B, de pesos PA e PB, de mesmo volume, de


materiais distintos e presas a fios ideais, encontram-se flutuando
em equilíbrio no interior de um vaso cheio de água, conforme o
desenho:

A força que o líquido exerce em A é FA e a exercida em B é FB. Sendo


assim, as relações entre os pesos PA e PB e as forças Fa e Fb são:
a. PA>PBeFA F„=
b. PA = PBeFA = FB
c- PA>pBeF.>FB
d. P4 = PBeFA>F„

7 vÔÒ
Princípio de Pascal
4) (Direito - C. L.) Um corpo pesa 4 N fora da água. Imerso totalmente em água, o seu peso
aparente é 3 N. O empuxo exercido pela água sobre o corpo é de:
a. 7,0 N
b. 12 N
c. 3 N
d. IN
e. 4,0 N

Seção de Sistematização
Nesta unidade, estudamos os principais conceitos da hidrostática procurando
ligá-la a fatos de nosso mundo. Vamos agora desenvolver algumas atividades que nos
ajudarão a reunir essas informações.

Considere o submarino, tratado no início da unidade:


a. Calcule a pressão a que deve estar submetido o submarino ao atingir a marca
de 7 000 m de profundidade. Considere a água do oceano com densidade
constante.
b. Quantas vezes essa pressão é superior à pressão atmosférica?
c. Qual deverá ser a força aplicada sobre uma pequena janela do submarino
tendo 0,5 m2 de área, na mesma profundidade do item a?
O submarino tem 8 m de comprimento por 3 m de raio, com 22 toneladas.
Aproximando a sua forma para a de um cilindro, determine o empuxo sobre
ele quando está totalmente mergulhado.

Agora, que tal compreender um pouco mais sobre a pressão exercida pela água em um
submarino? Acesse o site: <http://youtube.com/watch?v=R6XCLdEEj0c> e tente produzir
um submarino caseiro como é mostrado no vídeo.
Unidade í

Oscilações e Ondas
No seu entendimento, o que é um terremoto? Você sabe o que é o epicentro do
terremoto? Por que o tremor é sentido, então, a longas distâncias deste epicentro?
Capítulo 1

Oscilações
Quando falamos em tremor, estamos nos referindo às oscilações em porções de terra que se
propagam pela crosta terrestre. Neste capítulo, vamos compreender como as oscilações se compor¬
tam, identificando um conjunto de definições e fenômenos encontrados em nosso cotidiano.

Sismógrafo, aparelho que registra as ondas sísmicas, medindo a intensidade dos tremores de terra.

Leia o trecho de notícia a seguir e realize a pesquisa proposta.

Terremoto de 5 Pontos Atinge Centro-Oeste do Brasil


Um terremoto de 5 pontos na escala Richter foi registrado no Centro-Oeste brasileiro
[...].O epicentro do terremoto foi na diviso de Goiás e Tocantins, mas o tremor foi sentido
em Brasília (a 254 km).
Fonte: Adaptado de: Disponível em: <http://www.correiodoestado.com.br/noticias/terremoto-de-5-pontos-atinge-
centro-oeste-do-brasil_78904/>. Acesso em: 2 abr. 2018.

Oscilações
Pesquise em livros e na internet sobre a escala Richter, o funcionamento dos sismógrafos e
o conceito de epicentro de um terremoto. Registre a seguir as informações encontradas.

— Acesse o link: <http://www.if.ufrgs.br/mpef/mef004/20021/Marcelo/riditer-escala.html> e compreenda


melhor o funcionamento da escala Richter.

Pulso
Observe a ilustração a seguir.

Em uma brincadeira muito comum entre as crianças, a chamada “cobrinha”, utiliza-se a pro¬
pagação de ondas. A diversão consiste em uma criança oscilar uma ponta de uma corda, gerando um
conjunto de pulsos que se propagam, formando uma onda, para que outra criança pule sobre a corda
oscilante sem nela pisar.

Oscilações
Na ilustração vemos uma criança dando apenas um pulso na corda.

Ao fazer isso, a criança define a


amplitude (A) do pulso, que é igual à
amplitude do movimento de sua mão. Por
meio dessa brincadeira, também, é possí¬
vel observar que esse pulso aparentemente
“caminha” pela corda. Assim, dizemos que
ele se propaga com uma velocidade v .
A amplitude é a medida entre a
posição de equilíbrio da corda até o
ponto mais extremo da oscilação.

Análise

Analise a afirmação abaixo e registre suas conclusões.

Se o pulso se propaga com uma velocidade V, então uma argola colocada em um ponto da
corda irá se deslocar até a outra extremidade acompanhando o pulso. Logo, o que a onda
transporta?

A conclusão a que se pode chegar é a de que a argola não translada com o pulso. Ela apenas
oscila, acompanhando a mão da criança. E, assim, conclui-se, também, que a oscilação não transporta
matéria.

Ondas
Conforme dissemos anteriormente, um
conjunto de pulsos gerados em sequência
cria uma onda.

Oscilações
Observe o diagrama a seguir.

Direção de
propagação
Direção de
vibração

Se tirássemos uma foto da onda gerada pela criança, veríamos que a onda apresenta regiões
chamadas de cristas, os pontos A e B do diagrama anterior, bem como vales, os pontos C e D da
onda. Olhando para a imagem, poderíamos medir a distância entre dois vales consecutivos, ou duas
cristas. Esta distância, chamada de comprimento de onda, é representada pela letra grega lambda (X).
Já se olhássemos para a corda em movimento, perceberíamos que os pontos A, B, C e D osci¬
lam em torno da linha central de equilíbrio, levando um tempo para isso. Este tempo é chamado de
período (T) da onda.

Reflexão

Acabamos de ver que é possível medir o período da onda, que é o tempo que ela leva para
executar uma oscilação completa. Como você faria para contar quantas oscilações ela daria
em um determinado tempo?

Comprimento e Frequência de Onda


A contagem que você acabou de fazer é chamada de frequência (f) da onda, ou seja, o número
de oscilações realizadas por um ponto da onda durante um intervalo de tempo, normalmente medido
em segundos. Essa grandeza se relaciona com o período da seguinte forma:

Heinrich Rudolf Hertz foi


Como o período é medido em segundos no SI, a frequência é um físico alemão que, por
medida em s1. Pelo seu amplo uso, foi dado o nome de hertz (Hz) em meio de aparelhos emisso¬
homenagem ao físico alemão Heinrich Hertz. res e detectores de ondas
de rádio, demonstrou a
existência da radiação
Is-1 = 1 Hz eletromagnética.

As grandezas definidas até agora apresentam uma relação matemática entre elas, que é dada por:

Oscilações
Uma criança está brincando de cobrinha, como no exemplo ante¬
rior, e oscila a corda 5 vezes por segundo, dando origem a uma
onda que se propaga com uma velocidade v = 2,5 m/s.

a. Quanto tempo um pulso da onda leva para atingir a extremi¬


dade da corda, situada a 10 m de distância?
Como a velocidade de propagação da onda na corda é cons¬
tante, dizemos que ela se propaga em MRU. Com isso, temos:

x =v •t -4- t=—
v
-4- t = ——-
2,5
1K1 = 4,0 s

b. Qual é a frequência de oscilação da onda?


Conforme visto, a frequência da onda é igual à frequência de
oscilação da fonte, ou seja, a mão da criança, então:
f = 5 oscilações/s I f = 5 Hz\

c. Qual é a distância entre os dois vales sucessivos dessa onda?


O comprimento de onda X é dado pela relação:

v=X •f
_ v -x=—2,5
->
=T

Para facilitar a compreensão das grandezas estudadas, você pode consultar na


internet a página: <http://phet.colorado.edu/sims/wave-on-a-string/wave-
on-a-string_pt.html>. Nela, há um simulador com o qual se pode controlar
as ações e gerar ondas com diferentes configurações.

Oscilações
(UNESP) Numa enfermaria, o soro for¬
iyõsi Análise necido a um paciente goteja à razão de
30 gotas por minuto.
a. Qual é o período médio do goteja-
(USF) Duas ondas propagam-se no mento? (Dê a resposta em segundos).
mesmo meio, com a mesma velocidade.
O comprimento de onda da primeira é
igual ao dobro do comprimento de onda
da segunda. Então, podemos dizer que a
primeira terá, em relação à segunda:
a. mesmo período e mesma frequência; b. Qual é a frequência média do goteja-
b. menor período e maior frequência; mento? (Dê a resposta em hertz).
c. maior período e menor frequência;
d. menor período e menor frequência;
e. maior período e maior frequência.

(UFJF- Adaptado) Um homem, ao balan¬


çar um barco no qual se encontra, produz Uma onda de qualquer natureza é neces¬
ondas na superfície de um lago, cuja pro¬ sariamente uma forma de transmissão de:
fundidade é constante até a margem, a. massa;
observando o seguinte: b. energia;
I. O barco executa 60 oscilações por
c. temperatura;
minuto.
d. frequência;
II. A cada oscilação aparece a crista de
e. força.
uma onda.
III. Cada crista gasta 10 s para alcançar a (UFSCAR) A figura a seguir representa
margem. uma onda se propagando em uma corda
tensa, com frequência 20 Hz. A veloci¬
Sabendo-se que o barco se encontra a dade de propagação dessa onda, em
9,0 m da margem e considerando-se as m/s, é:
observações anteriores, pode-se afirmar
que as ondas do lago têm um compri¬
mento de onda de:
a. 6,6 m;
b. 5,4 m;
c. 3,0 m;
d. 1,5 m;
e. 0,90 m.
a. 30;
b. 25;
c. 20;
d. 15;
e. 10.

—— n®
Oscilações
Capítulo 2

Classificação das Ondas e


Fenômenos Ondulatórios
Geralmente, quando o assunto é ondas, lembramo-nos de imediato de praia, surfistas e pran¬
chas de surfe. Todavia, vimos que, além das ondas na água, existem ondas em cordas. Na verdade,
existem muitos outros tipos de ondas em tudo o que oscila, vibra ou, ainda, em eventos repetitivos.
Todas as ondas são tratadas pelas mesmas leis da ondulatória, a ciência que estuda as ondas.

Tipos de Ondas
Para facilitar o nosso entendimento, podemos classificar as ondas de três formas, quanto à:
• natureza;
• direção de propagação;
• direção de vibração.

Classificação Quanto à Natureza da Onda


Quando tratamos da natureza da onda, dividimo-la em dois grupos:

• Ondas mecânicas - Os exemplos desse tipo de ondas são as geradas por uma criança ao
agitar uma das pontas da corda, as geradas por uma pedra jogada na água, o movimento
oscilatório das molas na suspensão do carro e o som emitido quando falamos. Por meio
destes exemplos, concluímos que uma onda mecânica precisa de um meio material para se
propagar, como a corda, a água, a mola e o ar.
• Ondas eletromagnéticas - Diferentemente das ondas mecânicas, as eletromagnéticas não
precisam de um meio material para se propagar, podendo viajar pelo vácuo. O melhor
exemplo que temos é a luz. Além dela, temos o infravermelho, os raios X, as ondas de rádio
e outras.

ãi/Classificação das Ondas e Fenômenos Ondulatórios


Classificação Quanto à Direção de Propagação
Existe uma diferença entre as ondas geradas, por exemplo, em uma corda e na superfície de um
lago. Assim, as ondas são classificadas em:
• Unidimensionais - Propagam-se apenas em uma direção.
• Bidimensionais - Propagam-se sobre toda uma superfície, como a água.
• Tridimensionais - Propagam-se em todas as direções, como a luz emitida pelo Sol.

Classificação Quanto à Direção de Oscilação


Em relação à direção de oscilação, as ondas são classificadas em:
• Transversais - O exemplo mais simples de ondas transversais é o da onda na corda. Neste,
já vimos que a direção da oscilação da corda faz um ângulo de 90° com a velocidade de
propagação. Outro exemplo clássico é o da onda na superfície do lago.

Sentido de vibração da onda

Sentido de propagação

Longitudinais - Para entender este tipo de onda, vamos analisar a figura a seguir.

Cone vibrando

Compressão Rarefação

Ela mostra um alto-falante emitindo som. Olhando para ele, vemos que a sua superfície
vibra, dando pequenos “socos” no ar. Ao fazer isso, o objeto empurra e puxa o ar à sua frente, o
que cria zonas de compressão e rarefação, gerando uma onda que vibra na mesma direção da sua
propagação.

No link <http://www.youtube.com/watch?v=ubRlaCCQfDk>, é possível assistir a um vídeo de uma onda longi¬


tudinal em uma mola. Já o endereço <http://www.youtube.com/watch?v=CZ2x67FyHhY> mostra uma simula¬
ção de uma onda longitudinal, indicando como podemos medir a amplitude deste tipo de onda.

Classificação das Ondas e Fenômenos Ondulatórios


A Análise

De acordo com as classificações estudadas, descreva o tipo de onda a seguir:


a. A onda formada em uma corda de violão tensionada:

b. A onda emitida por um tubo de raio X:

c. A onda emitida em um exame de ecografia (ultrassonografia):

d. O som emitido por uma televisão:

e. A onda captada pela antena de TV:

Faça uma pesquisa sobre as ondas que geram os abalos sísmicos mencionados no início da
unidade. Defina e descreva cada uma delas no espaço a seguir.

Classificação das Ondas e Fenômenos Ondulatórios


Fenômenos Ondulatórios

Muitas das mais belas paisagens costeiras são formadas a partir da ação do mar sobre as rochas
ou a areia da praia. A paisagem acima foi formada por essa ação durante milhares de anos. Nessa
ação, ocorre um conjunto de fenômenos físicos explicados pela ondulatória, e compreendê-los nos
auxilia a entender a formação do nosso próprio planeta.

Reflexão de uma Onda


Muitos de nós já tivemos a oportunidade de observar ondas se refletindo na beira de uma
piscina, um lago ou um tanque. Em seguida, mostramos uma ilustração dessas ondas geradas em um
ambiente controlado.
Observe as figuras:

Antes da reflexão. Depois da reflexão. Lei da Reflexão: Oi = 0r.

A primeira ilustração mostra uma onda representada pelo que


Reta normal é a linha chamamos de frente de onda, um conjunto de retas paralelas simulando
imaginária que forma um uma vista superior. Esta onda incide sobre uma barreira colocada na
ângulo de 90° em relação superfície da água. A segunda ilustração mostra a onda logo após ser
ao plano de reflexão. refletida pelo anteparo. A terceira ilustração mostra a Lei da Reflexão:
o ângulo de incidência da onda é igual ao ângulo de reflexão, medidos em
relação a uma reta normal à superfície refletora.

Ao observar esta propriedade das ondas e perceber que elas se comportam da mesma forma
que a luz, vários cientistas, já no século XIX, começaram a suspeitar que a luz também pudesse ser
de natureza ondulatória.

Classificação das Ondas e Fenômenos Ondulatórios


Para compreender melhor a reflexão das ondas, acesse novamente a
página <http://phet.colorado.edu/sims/wave-on-a-string/wave-on-a-
string_pt.html> e configure todos os parâmetros da seguinte forma:
• Pulso: com extremidade fixa.
• Amplitude: a sua escolha.
• Comprimento do pulso: 50.
• Perda de energia: zero.
• Tensão: alta.
Você verá um pulso se propagando e sendo refletido nas extre¬
midades. Depois disso, varie todos os parâmetros e modifique as
extremidades. Veja o que acontece.

Refraçâo de uma Onda

Quando ocorre uma mudança no meio de propagação de uma onda,


sua velocidade muda, assim como a direção de propagação e o comprimento
de onda.
Já nos casos em que as ondas se propagam em uma direção inclinada
em relação à linha da praia, a mudança no meio de propagação ocorre grada¬
tivamente, pela diminuição na profundidade da água. Essa mudança gradual
faz com que as ondas mudem sucessivamente a sua direção de propagação,
alinhando-se com a beira da praia.

B Para aprender um pouco mais sobre a formação das ondas do mar, acesse
o site: <http://cursos.unisanta.br/oceanografia/ondas.htm>.

Classificação das Ondas e Fenômenos Ondulatórios


Difração de uma Onda
A imagem a seguir mostra as ondas do mar incidindo em uma
fenda, formada por uma formação rochosa. Nela, é possível ver que as
ondas contornam os obstáculos e a fenda funciona como uma nova fonte
de ondas aproximadamente circulares. Esse fenômeno é conhecido como

Aloskina/Shuterc
Jel na

Uma experiência muito ilustrativa pode ser feita facilmente em


casa. Em uma bacia, coloque um pouco de água e dois objetos como
anteparos, mas que não sejam cobertos pela água, deixando uma fenda,
conforme os que estão em vermelho na ilustração da página seguinte.
Da borda da bacia, empurre repetidamente uma régua na superfí¬
cie da água, de modo a gerar um conjunto de ondas na superfície da água.
Você perceberá que as ondas incidem sobre os anteparos e passam atra¬
vés da fenda deixada entre eles. A difração das ondas é perceptível pela
formação de um novo conjunto de ondas, com as mesmas características,
mas agora circulares. O mesmo fenômeno pode ser visto se os anteparos
forem trocados por um objeto menor no meio da bacia.

Classificação das Ondas e Fenômenos Ondulatórios


Ilustração de ondas se propagando na água.

— Outra experiência muito interessante pode ser encontrada no vídeo do link <http://www.youtube.com/
watch?v=eMHVOzvP-mM>. Aproveitando a propriedade ondulatória da luz, é possível produzir o fenômeno da
difração e, com ele, medir a espessura de um fio de cabelo.

1) Se a luz também é uma onda, por que não vemos o fenômeno da difração através de uma
janela quando ligamos uma lâmpada?

2) É possível observar o fenômeno da difração para o som? Explique.

Classificação das Ondas e Fenômenos Ondulatórios


3) (UFMG - Adaptado) Um muro muito espesso separa duas pessoas em uma região plana,
sem outros obstáculos, como mostra a figura. As pessoas não se veem, mas, apesar do
muro, ouvem-se claramente.

a. Explique o porquê de elas poderem se ouvir.

b. Explique o porquê de elas não poderem se ver.

4) (UFMG) Para se estudar as propriedades das ondas num tanque de água, faz-se uma régua
de madeira vibrar regularmente, tocando a superfície da água e produzindo uma série de
cristas e vales que se deslocam da esquerda para a direita. Na figura a seguir estão esque¬
matizadas duas barreiras verticais separadas por uma distância aproximadamente igual ao
comprimento de onda das ondas.

Régua de
madeira

Após passar pela abertura, a onda apresenta modificação:


a. Em sua forma e em seu comprimento de onda,
b. Em sua forma e em sua velocidade.
c. Em sua velocidade e em seu comprimento de onda.
d. Somente em sua forma.
e. Somente em sua velocidade.

Classificação das Ondas e Fenômenos Ondulatórios


Interferência de Ondas
Naquela imagem de difração das ondas do mar vista anteriormente, percebe-se que as ondas
contornam a formação rochosa situada no meio do mar. Ao fazerem isso, as ondas provenientes das
duas laterais se cruzam, formando o que chamamos de linhas de interferência. Vamos compreender
como ocorre este fenômeno e tentar identificá-lo em diferentes situações.

Interferência em Uma Dimensão


Imagine duas pessoas segurando uma corda esticada.

Ao mesmo tempo elas geram um pulso como mostrado na figura, e estes pulsos caminham
em sentidos opostos.
Quando os pulsos se encontram, ocorre o fenômeno da interferência, que, neste caso, é
construtiva, ou seja, a amplitude de ambos é somada.
Em seguida, os pulsos continuam seu movimento, independentemente um do outro, como
se nada tivesse acontecido.
Os pulsos gerados podem acontecer em “oposição de fase”, como mostra a imagem a seguir.

No encontro, vemos a interferência destrutiva entre as ondas, ou seja, a soma das amplitu¬
des é nula.
Novamente os pulsos continuam seu movimento.

Classificação das Ondas e Fenômenos Ondulatórios


Interferência em Duas Dimensões

Interferência
construtiva.

Interferência
destrutiva.

Muitas vezes, crianças brincam gerando ondas na superfície da água


em uma bacia. A imagem acima mostra que essa brincadeira pode ser
feita com duas fontes oscilando independentes. Quando as ondas geradas
se encontram, elas sofrem interferência construtiva ou destrutiva.

O —
Saiba mais sobre interferência construtiva ou destrutiva acessando o vídeo
,
disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MM2G7LOHavM>.

Classificação das Ondas e Fenômenos Ondulatórios


Na primeira imagem, aparecem pontos de cruzamento das ondas
cuja amplitude resultante é maior do que as amplitudes individuais, ou
seja, há interferência construtiva (na imagem eles aparecem com mais
destaque). Na segunda imagem estão indicadas setas que mostram regiões
cuja interferência pelo cruzamento das ondas gera uma onda resultante
de baixa amplitude, ou seja, há uma interferência destrutiva.
Como visto no caso unidimensional, o ponto de encontro das ondas
onde ocorre interferência destrutiva apresenta amplitude nula.
Este ponto é chamado de nó, e a linha formada por estes pontos é
chamada de linha nodal.

Para compreender melhor o fenômeno de interferência de ondas bi-


dimensionais, assista ao vídeo disponível em: <http://www.youtube.
com/watch?v=ORgFE-QQM2w>.
Depois de assistir ao filme, reproduza, por meio de um desenho, a figura de
interferência mostrada no vídeo e identifique as regiões em que a luz sofre
interferências destrutiva e construtiva.

Faça uma pesquisa mostrando dois exemplos de aplicação tecno¬


lógica envolvendo o fenômeno de interferência de ondas.

1) (UERJ) Numa corda de massa desprezível, esticada e fixa nas


duas extremidades, são produzidos, a partir do ponto médio,
dois pulsos que se propagam mantendo a forma e a velocidade
constantes, como mostra a figura abaixo:

Extremo fixo

Classificação das Ondas e Fenômenos Ondulatórios


A forma resultante da completa superposição desses pulsos,
após a primeira reflexão, é:

2) (UFSCAR) Dois pulsos, A e B, são produzidos em uma corda


esticada, que tem uma extremidade fixada em uma parede, con¬
forme mostra a figura.

Quando os dois pulsos se superpuserem, após o pulso A ter


sofrido reflexão na parede, ocorrerá interferência:
a. construtiva e, em seguida, cada pulso seguirá seu caminho
mantendo suas características originais;
b. construtiva e, em seguida, os dois pulsos seguirão juntos no
sentido do pulso de maior energia;
c. destrutiva e, em seguida, os pulsos deixarão de existir, devido
à absorção de energia durante a interação;
d. destrutiva e, em seguida, os dois pulsos seguirão juntos no
sentido do pulso de maior energia;
e. destrutiva e, em seguida, cada pulso seguirá seu caminho
mantendo suas características originais.

Classificação das Ondas e Fenômenos Ondulatórios


3) (PUC-PR) 0 fenômeno da interferência não pode ocorrer com o
som, porque, ao contrário da luz, o som consiste de ondas longi¬
tudinais. Esta afirmação é:
a. verdadeira, pelos motivos expostos;
falsa, pois a interferência se dá nos dois casos;
c. verdadeira, mas não pelos motivos expostos;
d. falsa, pois somente com ondas longitudinais é possível obter
interferência;
e. verdadeira, pois em nenhum dos casos é possível obter
interferência.

4) (UFSC - Adaptado) A figura representa dois pulsos de onda, ini¬


cialmente separados por 6 cm, propagando-se em um meio com
velocidades iguais a 2 cm/s, em sentidos opostos.
V

Considerando a situação descrita, assinale a(s) proposição(ões)


correta(s):
a. Inicialmente as amplitudes dos pulsos são idênticas e iguais
a 2 cm.
b. Decorridos 8 segundos, os pulsos continuarão com a
mesma velocidade e forma de onda, independentemente
um do outro.
c. Decorridos 2 segundos, haverá sobreposição dos pulsos e a
amplitude será nula nesse instante.
d. Decorridos 2 segundos, haverá sobreposição dos pulsos e a
amplitude será máxima nesse instante e igual a 2 cm.
e. Quando os pulsos se encontrarem, haverá interferência
de um sobre o outro e não mais haverá propagação dos
mesmos.

O Acesse o //'/?£ <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/geologia/


geologia_geral/unid2_cap7.html > que apresenta uma boa descrição a '
respeito de terremotos.

Classificação das Ondas e Fenômenos Ondulatórios


Seção sistematização
Nesta unidade, construímos a base para a nossa compreensão a respeito dos fenôme¬
nos ondulatórios que podem servistes desde em uma simples brincadeira infantil até
estudos mais complexos como a geologia.
Para consolidar estes conhecimentos, vamos responder a algumas questões a partir
da leitura do trecho de notícia a seguir.
O tremor de magnitude 8,9 [...] teve seu epicentro na costa da província de Miyagi, a
373 quilómetros da capital, Tóquio.
Fonte: Adaptado de: Disponível em: <http://wwwl.folha.uol.com.br/bbc/887169-forte-terremoto-
atinge-o-japao-veja-video.shtml>. Acesso em: 11 jan. 2018.

De acordo com os tipos vistos anteriormente, classifique as ondas que geram os


terremotos.

2) Qual grandeza relacionada às ondas define a intensidade do abalo na escala


Richter?

3) Por que os tremores de um abalo sísmico são sentidos tão longe do seu
epicentro?
Unidade

Acústica
Ao falarmos emitimos ondas. Será que isso facilita a comunicação entre as pessoas?
Capítulo 1 j

Som e Comunicação

Ouvir música depende da recepção das ondas sonoras pelo aparelho auditivo.

A onda sonora talvez seja o tipo de onda com o qual mais temos
contato em nosso cotidiano. Muitas ações do nosso dia a dia dependem
do som. Conversamos, ouvimos música, ruídos e experimentamos uma
série de outras situações em que o som tem um papel fundamental.
Neste capítulo, vamos estudar o ramo da física responsável por
compreender o comportamento e os fenômenos do som: a acústica.
Os seres humanos têm o aparelho fonador, responsável pela fala e o
aparelho auditivo, responsável por escutar. Muitas vezes, se um dos apare¬
lhos não funciona bem, o outro também é prejudicado.

Para ver como funcionam os aparelhos fonador, auditivo e o mecanismo que


fornece o equilíbrio do corpo humano, bem como um aparelho de surdez, as¬
sista aos vídeos disponíveis nos seguintes endereços:
• <http://www.youtube.com/watch?v=7yQ4xiQuslE>;
• <http://www.youtube.com/watch?v=sEsLSkN3DHk>.

Som e Comunicação
Som
•••••
Apesar de, nós seres
A maioria dos seres vivos emite e ouve sons e essa característica é,
muitas vezes, crucial para a sua sobrevivência. O principal instrumento de
humanos, não conse¬
guirmos captar com comunicação de nós, seres humanos, é composto pela fala e pelo apare¬
nosso aparelho auditivo lho auditivo. Uma pessoa com audição normal consegue distinguir sons
as ondas ultrassónicas, de frequências que estão no intervalo de 20 Hz e 20 000 Hz. Ondas que
muitos outros animais o
fazem. estejam abaixo de 20 Hz são denominadas de infrassom e as com frequên¬
cias superiores a 20 000 Hz, de ultrassom.

0 20 20000 Hz
I I I

Infrassom Som audível Ultrassom

As crianças, de modo geral, aprendem a falar, pois são estimula¬


das pelo que ouvem. Mas, infelizmente, bebés podem nascer com alguma
deficiência auditiva. De acordo com dados da instituição Hear the World,
a cada mil crianças, três nascem com algum comprometimento audi¬
tivo, e esta deficiência, se não detectada precocemente, repercute por
toda a vida. Por essa razão, desde o dia 2 de agosto de 2010, o Exame de
Emissões Otoacústicas Evocadas, o chamado teste da orelhinha, é obriga¬
tório e gratuito (Lei Federal nQ 12 303/10) em todo o território nacional.

w Você pode saber mais assistindo aos vídeos disponíveis em:


• <http://www.youtube.com/watch?v=6A5woFVcfmU>;
• <http://www.youtube.com/watch?v=ob8wMDeipWU>.

Faça uma breve pesquisa sobre quais são os problemas de aqui¬


sição da fala para um bebê com problemas auditivos.

Produzir sons e conseguir identificá-los é de suma importância para


todos nós. A partir de agora, vamos fazer uma análise das características
físicas das ondas sonoras, tendo como base os conceitos de ondas ante-
riormente apresentados.

:
Som e Comunicação
Ondas Sonoras
O que é que tem dentro do som?
Para responder a essa questão, devemos analisar as características
físicas do som.
As ondas sonoras são ondas mecânicas, ou seja, necessitam de
um meio material sólido, líquido ou gasoso para se propagarem. No
ar, porém, elas são ondas longitudinais, isto é, por onde passam fazem
o meio vibrar na mesma direção de propagação da onda. Estão sujeitas
aos mesmos fenômenos das demais ondas: reflexão, refração, difração e
interferência.
A velocidade de propagação de uma onda sonora depende das con¬
dições do meio, como material, temperatura, pressão e densidade, onde
está se propagando. A tabela a seguir exibe alguns meios e as respectivas
velocidades de propagação da onda sonora.

Velocidade de propagação
Material
do som v (m/s)
Ar (10 °C) 331
Ar (20 °C) 343
Ar (30 °C) 350
Oxigénio 317
Dióxido de carbono 250
Água 1480
Água do mar 1522
Borracha 54
Alumínio 4 420
Aço 6 000
Betão 5 000
Latão 3 500

Pesquise sobre o som e as ondas sonoras em livros, na internet e


acessando ao vídeo disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=oskoavP36OE>.

Com base nos conhecimentos adquiridos na pesquisa, responda:


a. 0 que é som?


Som e Comunicação
b. Por que o som é uma onda longitudinal?

c. A velocidade de propagação do som depende da temperatura do ar?

d. A que fenômeno físico está associada a altura do som? E o volume do som?

(UFMG) Uma martelada é dada na extremidade de um trilho. Na outra extremidade, encon¬


tra-se uma pessoa que ouve dois sons separados por um intervalo de tempo de 0,18 s.
O primeiro dos sons se propaga por meio do trilho com uma velocidade de 3 400 m/s, e o
segundo por meio do ar, com uma velocidade de 340 m/s. O comprimento do trilho, em
metros, será de:
a. 340 m;
b. 68 m;
c. 168 m;
d. 170 m.

Considerando Ax como o comprimento do trilho, vamos utilizar os conceitos do MRU


(a velocidade do som é constante) para resolver o problema. No ar, temos que:

a
Ax = var *t ar
.t Ax . Ax
-> ar
=
var
-> t ar =
34Q
No trilho, temos que:

Ax
Ax - vtrilho ttrilho —> ttrilho - > tar
y
trilho
3 400
Logo, podemos escrever:

tar -ttrilho =0,18


,lh -> —
34g

3 4qq
= 0,18 /. IVAx = 68 m^I
Ao interagirem com o meio que se propagam, as ondas sonoras sofrem diversos fenômenos
ondulatórios. A partir de agora, vamos analisar alguns desses fenômenos que podem ser observados
com mais facilidade.

Á.J Som e Comunicação


Fenômenos Ondulatórios
Durante sua propagação no espaço, a onda permite a ocorrência de fenômenos que ocorrem
naturalmente e com grande frequência, como: reflexão, reforço, reverberação, eco, refração, difra-
ção, interferência e ressonância.

Reflexão do Som

Sonar, equipamento que usa o fenômeno da reflexão para funcionar.

A reflexão do som ocorre quando a onda sonora incide sobre uma superfície e volta a se pro¬
pagar no mesmo meio, sem mudanças em sua frequência, comprimento de onda e velocidade de
propagação. A figura abaixo mostra um exemplo de reflexão.

Som e Comunicação
O fenômeno da reflexão do som explica outros três fenômenos que
ocorrem com as ondas sonoras: o reforço, a reverberação e o eco.
A ocorrência desses fenômenos deve-se ao fato de que o ouvido
humano só consegue distinguir dois sons que chegam a ele com um inter¬
valo de tempo superior a 0,1 s.

O- Assista ao vídeo disponível no link <http://www.youtube.com/watch?v=


PDojMMW_7ls> e conheça como funciona um sonar, exemplo de equipa¬
mento que usa o fenômeno da reflexão para funcionar.

Reforço
Ocorre quando o obstáculo está muito próximo do ouvinte, pois,
dessa forma, o som direto e o refletido chegam ao ouvido pratica-
mente no mesmo instante. Assim, o ouvinte tem a sensação de um som
mais forte.

Reverberação
Ocorre quando o obstáculo está mais afastado do ouvinte, de modo
que o intervalo de tempo entre o som direto, que chega ao ouvido, e o
som refletido é menor que 0,1 s. Assim, o som refletido chega ao ouvido,
enquanto a sensação do som direto ainda não se extinguiu. Dessa forma,
o ouvinte experimenta a sensação do prolongamento do som.

Eco
Ocorre quando o som refletido chega ao ouvinte logo após a sensa¬
ção de o som direto já ter se extinguido. Dessa forma, o ouvinte percebe
dois sons distintos. O eco só ocorre quando o intervalo de tempo entre o
som direto e o som refletido for maior que 0,1 s.

Refração do Som
Refração do som ou transmissão ocorre quando uma onda sonora
incide na superfície de separação entre dois meios, e apenas parte do som
é transmitido. Como foi visto, isso ocorre porque a velocidade de propa¬
gação da onda irá mudar, já que essa variável depende do meio.

W/Som e Comunicação
:
Difração do Som
É a capacidade de uma onda sonora de contornar obstáculos com
dimensões de aproximadamente 1,7 cm até 20 m. Isso permite você ouvir
o som produzido do outro lado de uma parede, por exemplo.

Interferência do Som
Ocorre quando um ponto do meio pelo qual o som se propaga
recebe dois ou mais sons originados por várias fontes ou por reflexões em
obstáculos. A interferência das ondas sonoras pode ser tanto construtiva
como destrutiva.

Acesse o site: <http://phet.colorado.edu/en/simulation/sound>


e conheça um simulador de ondas sonoras que permite perce¬
ber alguns dos fenômenos apresentados anteriormente. Mas
preste atenção ao acessar. Deixe sempre a opção Audio Enabled
ativada. Depois, execute os procedimentos abaixo e reflita
sobre o que se pede, registrando no caderno suas conclusões.

1) Na aba Listen To A Single Source você vê um alto-falante produ¬


zindo um som para uma ouvinte. Você pode alterar a frequência
e a amplitude da onda no lado direito da tela. 0 que você per¬
cebe quando varia a amplitude da onda?

2) Na aba Two Source Interference você pode ver dois alto-falantes


emitindo o mesmo som. Altere a frequência e a amplitude, bem
como a posição do ouvinte. Você consegue identificar uma linha
nodal nesta simulação? Por quê?

3) Na aba Listen With Varying Air Pressure, o que ocorre com a


intensidade do som quando você aciona o botão Remove Air
From Box? Por quê?

Som e Comunicação
Capítulo 2

Qualidades Fisiológicas do Som

Com a audição, as pessoas distinguem diferentes sons simultaneamente.

As pessoas, por meio da audição, conseguem distinguir sons diferentes em razão das caracte-
rísticas fisiológicas de cada som: altura, intensidade e timbre. Essas características relacionam-se às
diferentes propriedades das ondas sonoras.
A altura é a característica fisiológica que permite que façamos a distinção entre os sons graves
e os sons agudos. Quanto aos aspectos físicos, essa característica está ligada à frequência das ondas
sonoras: quando baixas geram sons graves, quando altas, sons agudos.
A intensidade é a qualidade fisiológica que nos permite distinguir os sons fortes dos fracos.
Em relação aos aspectos físicos, a intensidade do som que percebemos é a quantidade de energia
transportada pela onda sonora ao penetrar em nossos ouvidos, por unidade de tempo. A intensidade
de uma onda é proporcional ao quadrado da sua amplitude.
Timbre é a característica fisiológica que nos permite diferenciar os sons de diferentes ins¬
trumentos musicais, até quando produzem simultaneamente a mesma nota musical. Isso é possível
devido às características construtivas de cada instrumento. Também é a propriedade que nos permite
distinguir as vozes de duas pessoas diferentes, pois possuem características fisiológicas diferentes.

Qualidades Fisiológicas do Som


• Assista ao vídeo pelo link <http://www.youtube.com/watch?v=bzxGv-VBQ5s> e discuta com os colegas as
qualidades fisiológicas do som.
• Para conhecer mais sobre o som, visite a página <http://www.aulas-fisica-quimica.com/8f_06.html>.
• Assista ao vídeo indicado no link e saiba mais sobre a importância do controle da intensidade sonora:
<http://www.youtube.com/watch?v=c8cMLGkCZgM>.

1) (FEI) O aparelho auditivo humano distingue, no som, três qualidades, que são: altura, intensi¬
dade e timbre. A altura é a qualidade que permite a esta estrutura diferenciar sons graves de
agudos, dependendo apenas da frequência do som. Assim sendo, podemos afirmar que:
a. o som será mais grave quanto menor for sua frequência;
b. o som será mais grave quanto maior for sua frequência;
c. o som será mais agudo quanto menor for sua frequência;
d. o som será mais alto quanto maior for sua intensidade;
e. o som será mais alto quanto menor for sua frequência.

2) (PUC-RJ) Considere as seguintes afirmações a respeito de uma onda sonora:


I. É uma onda longitudinal.
II. A densidade das moléculas no meio oscila no espaço.
III. A velocidade de propagação independe do meio.

Quais dessas afirmações são verdadeiras?


a. I, He III;
b. I e II;
c. I e III;
d. II e III;
e. Nenhuma delas.

3) (PUC-CAMP) Quando se ouve uma orquestra tocando uma sonata de Bach, consegue-se
distinguir diversos instrumentos, mesmo que estejam tocando a mesma nota musical. A
qualidade fisiológica do som que permite essa distinção é:
a. a altura;
a intensidade;
c. a potência;
d. a frequência;
e. o timbre.

Qualidades Fisiológicas do Som


4) (UEL) Considere as afirmações a seguir.
I. O eco é um fenômeno causado pela reflexão do som num anteparo.
II. O som grave é um som de baixa frequência.
III. Timbre é a qualidade que permite distinguir dois sons de mesma altura e intensidade
emitidos por fontes diferentes.

São corretas as afirmações.


a. I, apenas;
b. I e II, apenas;
c. I e III, apenas;
d. II e III, apenas;
e. I, II e III.

Intensidade Sonora
A intensidade sonora talvez seja uma das qualidades do som Os sons graves são chama¬
que, ao mesmo tempo, causa prazer para algumas pessoas e extremo dos de baixos, justamente
desconforto para outras. Isso porque, muitas vezes, ela é confundida, porque a frequência corres
na linguagem cotidiana, com a altura do som. Já vimos que a altura pondente é baixa; os sons
do som está relacionada à sua frequência, já a intensidade sonora está agudos são chamados de
diretamente relacionada à quantidade de energia que a onda sonora altos, pois correspondem a
transporta, ou seja, é o volume do som. uma frequência alta.

A intensidade sonora é definida como:

dada em W/m2.

Em que:
I= Intensidade sonora.
P = Potência da onda sonora.
AS = Área por onde está passando a frente de onda com energia E.

Estudos realizados mostram que o aparelho auditivo, tanto dos seres humanos quanto de ani¬
mais, reduz drasticamente a intensidade do som ouvido. A partir desses estudos, desenvolveu-se a
grandeza física denominada nível sonoro p. Assim, se, por exemplo, elevarmos a intensidade do som
em dez vezes, nossa sensação sonora será de um aumento de aproximadamente duas vezes. Isso
ocorre devido às características fisiológicas do aparelho auditivo, cujos órgãos são extremamente
sensíveis.
Calcula-se o nível de intensidade sonora pela expressão:

p = 10 log -i-
Ao

Qualidades Fisiológicas do Som


Em que:
I = Intensidade do som ouvido.
Io = Intensidade do som mínima percebida pelo ser humano que corresponde a Io = 1,0 . 1012 W/m2
para a frequência de 1 000 Hz.

A partir dessa expressão, percebemos que o nível de intensidade sonora varia em escala loga¬
rítmica de base 10.
A unidade de nível de intensidade sonora é medida em bei, em homenagem ao cientista e inven¬
tor Alexander Graham Bel (1847-1922), mas por motivos de praticidade é usual utilizar o decibel (dB).

A partir de medições realizadas para avaliar o nível de intensidade sonora, verificou-se


que o nível de intensidade mínima é 0 dB e que o nível de intensidade sonora que pro¬
voca dor, ou seja, o limiar da audição, que pode danificar o aparelho auditivo, é 120 dB.
Verificou-se, ainda, que, em um escritório, o nível de intensidade sonora fica em torno de
70 dB. Determine a intensidade sonora (I) para cada um dos casos apresentados.
I
Vamos aplicar a expressão de nível de intensidade sonora, p = 10 • log । , para todos os
0
casos, sabendo que lQ = 1,0 • 10-12 W/m2.
12 caso: p = 0 db

0 = 10 • log
10_12 -> — = log 1() 1Q_12 -> 0 = log 1 Q 10_12
10°=
1/0.10-12
-> 1
=^0.10-12 ••• l? •
10-12W/m^
22 caso: p = 120 db

120 = 10 • log
à Q 1q_12
-> — = log à 0 1Q_12
12 = log
à Q 1Q_12
-> 1012 = Ã Q 1Q_12

32 caso: p = 70 db
I
70 = 10 log
ÃQ 1()_12 ^
— = log
à Q 1()_12 -> 7,0 = log
à Q 1()_12
> 107 = 1,0 • 10-12

-> 107 1,0 • 1012 = I /. 1 1 = 1,0 • 1o-5 W/m2^

Repare que, se compararmos o nível de intensidade sonora do limiar da dor, que é


aproximadamente 120 dB, e o nível de intensidade sonora do escritório, que é em tomo
de 70 dB, verificamos que o limiar da dor é 105 ou 100 000 vezes mais intenso que o nível
de intensidade sonora do escritório.

Qualidades Fisiológicas do Som


A tabela a seguir mostra o nível aproximado de intensidade sonora para alguns ambientes.

A falta de controle da intensidade sonora pode causar conflitos sociais como os apresentados pelo seguinte vídeo:
<http://www.youtube.com/watch?v=R5uL1x00a0Y>.

jjSgj Análise
1) (PUC-MG) Leia com atenção os ver¬ Quais das características das ondas podem
sos adiante, de Noel Rosa. servir para justificar a palavra FERIR?
"Quando o apito a. velocidade e comprimento de onda;
Da fábrica de tecidos velocidade e timbre;
vem FERIR os meus ouvidos c. frequência e comprimento de onda;
Eu me lembro de você." frequência e intensidade;
e. intensidade e timbre.

Qualidades Fisiológicas do Som


2) (UNAERP) Além do dano que podem causar à audição, os sons fortes têm vários outros efei¬
tos físicos. Sons de 140 decibéis (dB) (som de um avião a jato pousando) podem produzir
numerosas sensações desagradáveis, entre elas, perda de equilíbrio e náusea. A unidade
bei (B), utilizada no texto, representa:
a. a frequência do som;
b. a intensidade física do som;
c. o nível sonoro do som;
d. a potência do som;
e. o timbre do som.

3) Calcular, em dB, o nível de som de uma onda sonora com intensidade de 8 pW/m2.

Efeito Doppler
Se há movimento relativo entre uma fonte sonora e o ouvinte, o ouvinte percebe uma frequên¬
cia diferente da real do som. Esse fenômeno é denominado Efeito Doppler.
Por exemplo, preste atenção ao som emitido pelo ronco do motor de um carro que inicialmente
se aproxima e depois se afasta de você. Durante a aproximação, o ronco é cada vez mais forte e
parece mais agudo, havendo uma mudança brusca tão logo o carro passe a se afastar, quando o som
fica cada vez mais fraco e parece mais grave.
Assim, quando não há movimento relativo entre a fonte sonora e o observador, também não
haverá mudança na frequência percebida pelo observador. Porém, quando ocorre aproximação
entre a fonte sonora e o observador, o som é percebido com frequência maior; já quando ocorre
afastamento, o som é percebido com frequência menor. A figura a seguir ilustra as três situações,
respectivamente:

Fonte sonora em repouso Fonte sonora se aproximando do observador Fonte sonora se afastando do observador

Qualidades Fisiológicas do Som


Dessa forma, podemos determinar a fre¬
quência aparente (fo) percebida pelo observador
pela relação:

0 Efeito Doppler
Em que:

fo = Frequência percebida pelo observador;

ff = Frequência natural da fonte;


Vf = Velocidade da fonte, que é:
posi¬
tiva (+) quando a fonte se afasta do observa¬
dor; negativa (-) quando a fonte se aproxima
do observador; e, claro, 0 se a fonte está em
repouso em relação ao observador.
V = Velocidade do observador, que é:
positiva (+) quando o observador se aproxima
da fonte; negativa (-) quando o observador se
afasta da fonte; e, claro, 0 se o observador está
em repouso em relação à fonte.
V = Velocidade do som, que em média
vale 340 m/s (a pressão de 1 atm e temperatura
de 25 °C).

Assista ao vídeo disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=8XcJf4rOefE>.

Após ter assistido ao vídeo, utilize as informações adquiridas para conversar com os colegas
sobre as causas do Efeito Doppler.

Ovídeo disponível no//nk<http://www.youtube.com/watch?v=DEfiEvefM4Y> mostra como


o Efeito Doppler é utilizado na medicina. Após assisti-lo, realize uma pesquisa sobre os tipos
de exames médicos realizados por meio do Efeito Doppler.

Qualidades Fisiológicas do Som


Um pesquisador percebe que a frequência de uma nota emi¬
tida pela buzina de um automóvel parece cair de 284 Hz para
266 Hz à medida que o automóvel passa por ele. Sabendo que a
velocidade do som no ar é 330 m/s, qual das alternativas melhor
representa a velocidade do automóvel?
a. 10,8 m/s;
b. 21,6 m/s;
c. 5,4 m/s;
d. 16,2 m/s;
e. 8,6 m/s.

Como,

fo = 284 Hz - na aproximação;
f = 266 Hz - no afastamento;
V = 330 m/s;
V=0.
Na aproximação:
f, ff 234 ff I 284(330-^
V 330 -Vf 330 330 -Vf 330
No afastamento:
f 266

330 + Vf 330 + Vf
V ^330
Como a frequência da fonte é constante, substituímos da equa¬ ff
ção (I), na equação (II):
284- (330 -Vf)
266 _ 330 266 284 (330 - Vf)

33Õ” 330 + Vf 330 330 (330 + Vf)

Desta forma, a alternativa que melhor representa a velocidade


do automóvel é a alternativa a.

Qualidades Fisiológicas do Som


«Ss-i Análise
1) (UFU-MG) João corre assoviando em direção a uma parede feita
de tijolos, conforme figura a seguir.

A frequência do assovio de João é igual a f (inicial). A frequência


da onda refletida na parede chamaremos de f(final). Suponha
que João tenha um dispositivo "X" acoplado ao seu ouvido, de
forma que somente as ondas refletidas na parede cheguem ao
seu tímpano. Podemos concluir que a frequência do assovio que
João escuta f(final) é:
a. maior do que a f(refletida);
b. igual a f(refletida);
c. igual a f(inicial);
d. menor do que f(refletida).

2) (PUC-RS - Adaptado) Quando uma ambulância se aproxima ou


se afasta de um observador, este percebe uma variação na altura
do som emitido pela sirene (o som percebido fica mais grave ou
mais agudo).

Esse fenômeno é denominado Efeito Doppler. Considerando o


observador parado:

Qualidades Fisiológicas do Som


a. o som percebido fica mais agudo à medida que a ambulância
se afasta;
b. o som percebido fica mais agudo à medida que a ambulância
se aproxima;
c. a frequência do som emitido aumenta à medida que a ambu¬
lância se aproxima;
d. o comprimento de onda do som percebido aumenta à medida
que a ambulância se aproxima;
e. o comprimento de onda do som percebido é constante, quer
a ambulância se aproxime ou se afaste do observador, mas a
frequência do som emitido varia.

3) (UFSM - Adaptado) Ondas ultrassónicas são emitidas por uma


fonte em repouso em relação ao paciente, com uma frequência
determinada.

Essas ondas são refletidas por células do sangue que se


de um detector de frequências em repouso, em
relação ao mesmo paciente. Ao analisar essas ondas refletidas,
o detector medirá frequências que as emitidas
pela fonte. Esse fenômeno é conhecido como .

Selecione a alternativa que preenche corretamente as lacunas,


a. afastam -menores -Efeito Joule;
b. afastam - maiores - Efeito Doppler;
c. aproximam - maiores - Efeito Joule;
d. afastam - menores - Efeito Doppler;
e. aproximam - menores - Efeito Tyndal.

4) (ITA-SP) Considere a velocidade máxima permitida nas estradas


como sendo exatamente 80 km/h. A sirene de um posto rodo¬
viário soa com uma frequência de 700 Hz, enquanto um veículo
de passeio e um policial rodoviário se aproximam emparelha¬
dos. O policial dispõe de um medidor de frequências sonoras.

Dada a velocidade do som, de 350 m/s, ele deverá multar o


motorista do carro quando seu aparelho medir uma frequência
sonora de, no mínimo:
a. 656 Hz;
b. 745 Hz;
c. 655 Hz;
d. 740 Hz;
e. 860 Hz.

Qualidades Fisiológicas do Som


Ultrassom
Como visto anteriormente, a onda ultrassónica, ao passar de um meio
para outro, sofre os fenômenos de reflexão, refração e difração. Num exame
por ultrassom, são enviadas, através de transdutores, ondas ultrassónicas que
passam a se propagar no interior do corpo humano. Quando estas ondas
incidem na superfície de separação entre, por exemplo, músculo e gordura,
parte da onda é refletida e parte é transmitida, e, claro, dentro destas estru¬
turas a onda ultrassónica terá velocidades bem definidas.

Dessa forma, o equipamento de ultrassom consegue medir o tempo


de reflexão da onda e avaliar em que tipo de tecido essa onda se propa¬
gou. Por meio de softwares específicos consegue-se compor as imagens
ultrassonográficas.
O ultrassom pode ser utilizado tanto na medicina de exames para
diagnóstico por imagens, quanto na indústria para avaliar uma peça sem
destruí-la.

Reflexão

Observe a imagem a seguir. Que relação você pode estabelecer


entre a imagem e as ondas ultrassónicas?

Qualidades Fisiológicas do Som


Pesquise sobre outras aplicações de ultrassom na medicina e na indústria e traga as
informações para compartilhar com os colegas.

Para conhecer mais a respeito das técnicas de ultrassonografia, assista aos vídeos disponíveis em:
- <http://www.youtube.com/watch?v=b04iYGMUjV4>;
- <http://www.youtube.com/watch?v=ntyLNwHoxlw>.

Seção de Sistematização
Nesta unidade, apresentamos a importância das ondas sonoras, seja para a comu¬
nicação entre os seres vivos, que conseguem emitir e ouvir sons, seja como fonte
de prazer quando ouvimos boa música, ou como causadoras de conflitos sociais.
Conhecemos, ainda, a utilização do ultrassom em vários ramos da medicina e da
indústria. Esta unidade é apenas a ponta do iceberg em relação ao estudo e aplica¬
ções das ondas sonoras.
Termologia
H ámais de uma década, um dos grandes temas presentes na mídia, e que preocupa cien¬
tistas do mundo todo, é a questão do aumento de temperatura do planeta Terra devido
à emissão, principalmente, de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Mas, afinal, a
temperatura do planeta Terra está subindo? E se está, é devido à emissão de gases na atmosfera?

Meryl/Shutsock
Capítulo 1

Termologia e Meio Ambiente

0 aumento da temperatura do planeta atinge de forma diferente cada região da Terra.

Há cientistas que defendem que a temperatura do planeta Terra vem aumentando e que isso
estaria ocorrendo em função da grande quantidade de poluentes lançados na atmosfera, enquanto
outros acreditam que esta variação na temperatura seria um ciclo natural e nada teria a ver com a
emissão de poluentes.

O - Assista ao vídeo <https://www.youtube.com/watch?v=9GNAXf_tvjO> e conheça mais sobre o fenômeno de


aumento da temperatura na Terra.
>

Debata com os colegas sobre a possibilidade de o aumento da temperatura dever-se ao


efeito estufa, e sobre o que, neste caso, podemos fazer para minimizar as mudanças climá¬
ticas globais. Em seguida produzam um painel com as conclusões da turma.
O que o desmatamento ocasiona à fauna, à flora e ao clima do planeta? O que nós,
seres humanos, vivendo em comunidade, estamos fazendo para melhorar o ambiente em
que vivemos? O que nós, enquanto país, estado, município e família, estamos fazendo
para reduzir os efeitos da poluição?

Para conhecer mais sobre os efeitos da ação humana no meio ambiente e as possíveis consequências, assista
aos vídeos:
• <http://www.youtube.com/watch?v=V5uKoFOzwXw>;
• <http://www.youtube.com/watch?v=YMFyAIZIiw8>.
Para se informar sobre a importância da preservação do meio ambiente, assista ao vídeo:
• <http://www.youtube.com/watch?v=<rBDvQ8DmM>.

Neste capítulo vamos entender um pouco sobre o calor e como esta forma de energia está
presente em todas as atividades e fenômenos do nosso mundo, fornecendo as condições básicas para
a existência e perpetuação da vida no planeta Terra.
A termologia é a parte da física que se dedica ao estudo da energia térmica, do calor e de suas
manifestações.

Termometria
Quando um corpo sofre uma variação em sua temperatura, há uma mudança em várias de
suas propriedades, como dimensão, densidade, pressão, condutibilidade elétrica, etc. Denominamos
essas propriedades dos corpos, por variarem com a temperatura, de termométricas. É com base na
variação dessas grandezas que são construídos os termómetros, equipamentos capazes de medir a
temperatura dos corpos.

Temperatura

Reflexão

Quando medimos a temperatura de nosso corpo, o que estamos avaliando realmente?

Assista ao vídeo <http://www.youtube.com/watch?v=VuP4YAN52K4> e saiba mais sobre a importância da


hidratação e transpiração corporal.

Termologia e Meio Ambiente


Temperatura é uma grandeza física que mede o estado de agitação das partículas de
um corpo, caracterizando seu estado térmico. A unidade de temperatura termodinâmica
no SI é o kelvin (K).
Bacia com água quente Bacia com água fria e cubos de gelo

Átomos com maior agitação

Equilíbrio Térmico
Como a temperatura mede o estado de agitação das partículas de um corpo, podemos verificar
pela experiência que, quando colocamos dois ou mais corpos com temperaturas diferentes em um
sistema termicamente isolado (sistema adiabático), estes sofrerão uma variação térmica até atingi¬
rem a mesma temperatura, caracterizando assim o equilíbrio térmico. E semelhante ao que acontece
quando colocamos leite frio no café quente (destacando-se, porém, que esse sistema “café com leite”
não está termicamente isolado).

Escalas Termométricas
Quando o ser humano começou a estudar a natureza, as grandezas físicas eram medidas em
diferentes unidades, dependendo da região em que o cientista vivia. Na termologia não foi dife¬
rente. Várias formas de medir a temperatura foram propostas e, com isso, diferentes unidades de
medida também. Com a globalização do conhecimento, utilizamos hoje as unidades termométricas
Celsius (°C), Fahrenheit (°F) e kelvin (K).
Uma escala termomé trica corresponde a um conjunto de valores numéricos, no qual cada um
desses valores está associado a uma temperatura. Para a graduação das escalas escolhem-se dois pon¬
tos fixos que se reproduzem sempre nas mesmas condições, podendo ser a fusão do gelo e a ebulição
da água ao nível do mar. A figura abaixo mostra a relação entre as escalas.

Termologia e Meio Ambiente


As expressões que nos permitem converter a temperatura de uma escala em outra são:

Celsius e Fahrenheit: T Tf-32


= —
T 9~

Celsius e kelvin: T, = T + 273

A temperatura média normal do corpo humano está em torno de 37 °C. Determine esta
temperatura nas escalas Fahrenheit e kelvin.

Transformação da escala Celsius para a escala Fahrenheit:


T Tf-32 37 T.-32 37-9
5
£
9 5 -> —— = Tf-32 -> 66,6 + 32 = 98,6 °F

Transformação da escala Celsius para a escala kelvin:

= T + 273 -> Tk = 37 + 273


Tkc = 310 K

Análise
Hi é uma abreviação do
termo em inglês higher,
A figura abaixo representa a previsão do tempo para Nova Iorque que indica a tempera¬
para uma semana qualquer. tura mais elevada do
dia, ou seja, a tem¬
a. Em que unidade os valores de temperatura são dados? peratura máxima. Lo,
do inglês lower, indica
b. Como você chegou a esta resposta? a temperatura mais
baixa do dia, ou seja, a
c. Transforme a temperatura de domingo, em inglês sundoy, em temperatura mínima.
graus Celsius.

7-day forecast for New York


Sunday Monday Tuesday Wednesday Thursday Friday Saturday
aft
Clear Mostly Rain
o
Clear Mostly Partly Partly
Cloudy Showers Cloudy Cloudy Cloudy
Hi Lo Hi Lo Hi Lo Hi Lo Hi Lo Hi Lo Hi Lo
63/50 63/52 54/36 48/34 46/39 50/36 48/37

Termologia e Meio Ambiente


Dilatação Térmica
Um dos efeitos da mudança de temperatura de um corpo
é a variação de suas dimensões. Salvo raras exceções, todos os
corpos (sólidos, líquidos ou gasosos) se expandem quando sua
temperatura aumenta e contraem-se quando sua temperatura
diminui. O aumento da temperatura implica maior agitação
dos átomos do corpo, ocasionando maior número de colisões
entre eles. Isso acarreta maior espaçamento entre os átomos,
o que leva a uma ampliação das dimensões do corpo.
No estado sólido, o corpo tem forma e volume defini¬
dos. Desse modo, conforme a forma geométrica do corpo,
é possível classificar sua dilatação como linear, superficial e
volumétrica.

Assista ao vídeo <http://www.youtube.com/


watch?v=1BkxtmrviOk> e procure relacio¬
nar a cena ao conceito de dilatação térmica.

Dilatação Linear
Ocorre quando consideramos a dilatação de apenas uma das dimensões do corpo, como o
comprimento. Observe a figura de uma barra de comprimento Lo em uma temperatura To. Quando
ela é aquecida a uma temperatura T, seu comprimento aumenta para L:

Dizemos que a barra sofreu uma dilatação em seu comprimento de AL = L - Lo, quando sub¬
metida a uma variação de temperatura AT = T - To. Assim, a variação no comprimento da barra é
dada pela expressão:

Em que:
a = Coeficiente de dilatação linear e sua unidade é expressa em °C-1, °F-1 ou K-1 é uma gran¬
deza característica de cada material.

Termologia e Meio Ambiente


(UNESP-SP) A dilatação térmica dos sólidos é um fenômeno importante em diversas aplica¬
ções de engenharia, como construções de pontes, prédios e estradas de ferro. Considere o
caso dos trilhos de trem serem de aço, cujo coeficiente de dilatação é a = 11 • 10'6 °C1. Se a
10 °C o comprimento de um trilho é de 30 m, de quanto aumentaria o seu comprimento se
a temperatura aumentasse para 40 °C?
a. 11 • IO4 m;
4
b. 33 10 m;

c. 99 • IO'4 m;
d. 132 • IO'4 m;
e. 165 • IO4 m.

A variação da temperatura foi de: At = 40 - 10 /.


^At °C^
= 30

Lo = 3Om.

Assim, sendo a = 11 • IO-6 °C-1.

AL = Lo a • AT -» AL = 30 • 11 • IO"6 • 30

^AL = 99 •
10^
Note que houve um aumento de 9,9 mm para uma barra de 30 m no comprimento.

(PUC-SP) Uma régua de latão foi calibrada para ser utilizada em medições a 20 °C. Em que
temperatura uma leitura de 30 cm feita com essa régua terá um erro de cerca de 1 mm de
acréscimo? Dado: coeficiente de dilatação linear do latão = 19 • 10-5 °C-1.

Termologia e Meio Ambiente


Dilatação Superficial

A imagem acima mostra uma moeda fria passando por um anel. Quando a moeda é aquecida,
o anel parece ficar pequeno. Isso ocorre porque a moeda teve um aumento em sua área dado por:

Em que:
P= Coeficiente de dilatação superficial dado por p = 2 • a.
AA = Variação da superfície dada por AA = A - Ao.

Análise

1) Analise a imagem abaixo: o que acontece com o diâmetro do furo na placa após ser aquecido?

2) (PUC-RIO) Uma porca está muito apertada no parafuso. 0 que você deve fazer para
afrouxá-la?
a. É indiferente esfriar ou esquentar a porca.
b. Esfriar a porca.
c. Esquentar a porca.
d. É indiferente esfriar ou esquentar o parafuso.
e. Esquentar o parafuso.

Termologia e Meio Ambiente


(MACKENZIE) Uma placa de aço (coeficiente de dilatação linear = 1,0 • 10-5 °C-1) tem o
formato de um quadrado de 1,5 m de lado e encontra-se a uma temperatura de 10 °C.
Nessa temperatura, retira-se um pedaço da placa com formato de um disco de 20 cm de
diâmetro e aquece-se, em seguida, apenas a placa furada, até a temperatura de 510 °C.
Recolocando-se o disco, mantido a 10 °C, no "furo" da placa a 510 °C, verifica-se uma folga,
correspondente a uma coroa circular de área:
a. 1,57 cm2;
b. 3,14 cm2;
c. 6,3 cm2;
d. 12,6 cm2;
e. 15,7 cm2.

5
Como a = 1,0 105 °C-1, e 0 = 2 a, temos 0 = 2,0 IO °C-1.
• •

T. = 10 °C.

Tf = 510 °C.

Assim,

AT = 510 - 10, logo AT = 500 °C

Como a dilatação da placa ocorre igualmente em todas as dimensões, então as dimensões


do orifício irão aumentar igualmente como se houvesse material. Assim, calculamos a dila¬
tação da superfície do orifício.

Como a área do orifício é igual à área de uma circunferência de raio R, temos;

R = -y- R = 10 cm

A área da circunferência é dada por A = tc . R2, então Ao é:

A0 = 3,14-102 .-. A0 = 314cm2


Aplicando-se a expressão da dilatação superficial, temos:
5 •
AA = Ao •
P • AT AA = 314 2,0 IO
• • 500

^AA = 3,14
cm2^
Como AA = A - Ao, logo a área da coroa circular será igual a AA.

Termologia e Meio Ambiente


Dilatação Volumétrica

A imagem mostra o que acontece com uma garrafa com líquido quando colocada em um con¬
gelador por muito tempo. Ao chegar próximo à temperatura de congelamento, o volume do líquido
aumenta a ponto de o vidro da garrafa não suportá-lo e se quebrar. A dilatação volumétrica ocorre
nas três dimensões, comprimento, largura e altura.
Para a dilatação volumétrica, temos a relação:

lAV = VQrAT
Em que:
y= Coeficiente de dilatação volumétrica, é dado por y = 3 • a.
AV = Variação do volume, é dada por AV = V - Vo.

(UFJF) Um recipiente de cobre tem 1000 cm3 de capacidade a 0 °C. Sua capacidade a 100,0 °C
5
mede (aCu = 1,700 10 °C-1):

a. 1 017 cm3;
b. 1 005 cm3;
c. 1 003 cm3;
d. 1002 cm3;
e. 1001 cm3.

: váÈ
Termologia e Meio Ambiente
At = 100-0 /.
I^At = 100
OC^
Y= 3 • a -> y = 3 1,700 • IO’5 /. = 5,100 • 10~5
°C~1>^
Vo = 1000 cm3

Aplicando a expressão para calcular a dilatação volumétrica,


temos:

AV = V0-Y'At -4- AV = 1000 -5,100 • 10“5 100

^AV = 5,100
cm3^
Como:

AV = V-V0 -> 5,100 = V- 1000 -> V= 1005cm3

(MACKENZIE) No estudo dos materiais utilizados para a res¬


tauração de dentes, os cientistas pesquisam, entre outras
características, o coeficiente de dilatação térmica. Se utilizarmos
um material de coeficiente de dilatação térmica inadequado,
poderemos provocar sérias lesões ao dente, como uma trinca
ou até mesmo sua quebra. Neste caso, para que a restauração
seja considerada ideal, o coeficiente de dilatação volumétrica do
material de restauração deverá ser:
a. igual ao coeficiente de dilatação volumétrica do dente;
b. maior que o coeficiente de dilatação volumétrica do dente,
se o paciente se alimenta predominantemente com alimentos
muito frios;
c. menor que o coeficiente de dilatação volumétrica do dente,
se o paciente se alimenta predominantemente com alimentos
muito frios;
d. maior que o coeficiente de dilatação volumétrica do dente,
se o paciente se alimenta predominantemente com alimentos
muito quentes;
e. menor que o coeficiente de dilatação volumétrica do dente,
se o paciente se alimenta predominantemente com alimentos
muito quentes.

Termologia e Meio Ambiente


Dilatação Volumétrica dos Líquidos
Os líquidos não apresentam forma própria, assim só nos interessa o
estudo da dilatação volumétrica destes. Quando estudamos a dilatação dos
líquidos, devemos levar em conta a dilatação do recipiente sólido que o
contém. Assim, ao aquecermos um líquido, este irá dilatar-se juntamente
com o recipiente. A diferença entre a dilatação do líquido e a dilatação
do recipiente é chamada de dilatação aparente. A dilatação real do líquido
pode ser determinada por meio da expressão:

AVreal, = AVaparente + AVrecipiente


.. t

Um posto de combustível recebeu em seu tanque 4 000 L de


gasolina à temperatura de 25 °C. Toda a gasolina foi vendida
na manhã do dia seguinte, quando a temperatura era de 10 °C.
Sabendo que o coeficiente de dilatação volumétrico da gasolina
é igual a 1,1 • 10-3 °C-1. Determine a quantidade de gasolina per¬
dida pelo dono do posto.

Sendo:

Vo = 4 000 L

Y = 1,1 IO’3 °C"1

AT = 10 - 25

Aplicando a expressão para a dilatação volumétrica, temos:

AV = Vo y At -4- AV = 4 000 1,1 10 • 3


(-15) .-. ^AV = -66 l?|
Como a temperatura diminuiu, temos como consequência a dimi¬
nuição do volume da gasolina, isto explica o sinal negativo na
variação do volume.

w
x Assista ao vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=WSrkSaiU4QQ> e
reflita sobre por que ocorre o aumento e a diminuição do volume de água
no recipiente.

Termologia e Meio Ambiente


j deflexão

Na atividade de aplicação, vimos que se a temperatura diminui,


a gasolina se contrai, ou seja, diminui o volume e aumenta a
densidade. Claro que se a temperatura aumenta, a gasolina se
expande, e aumenta seu volume e diminui a densidade. A par¬
tir destes conceitos de dilatação volumétrica, e sabendo que a
gasolina é vendida em litros e não em massa, debata com seus
colegas qual é o melhor horário para se abastecer um automóvel.

(UNESP) Um tanque de gasolina de automóvel tem um volume


máximo recomendado, a fim de evitar que, com o aumento da
temperatura, vaze gasolina pelo "ladrão". Considere que o tan¬
que seja feito de aço inoxidável e tenha um volume máximo de
50 L. Calcule o volume de gasolina que sairia pelo "ladrão" caso
o tanque estivesse totalmente cheio e sua temperatura subisse
20 °C. Use para os coeficientes de dilatação volumétrica da gaso¬
lina o valor de 1,1 • 10-3 °C-1 e despreze a dilatação do tanque.

Dilatação Irregular da Água


Em nossos estudos sobre dilatação, observamos que, quando eleva¬
mos a temperatura de um material, este tende a aumentar suas dimensões
e, se baixamos a temperatura, suas dimensões diminuem. Já com a água,
verificamos que, no intervalo entre 0 °C e 4 °C, seu volume diminui e,
como consequência, há o aumento de sua densidade. Por isso, quando
olhamos para um lago congelado, podemos verificar que na superfície do
lago a água está congelada e, abaixo da superfície congelada, temos água
na forma líquida, mesmo com temperatura ao redor de 4 °C.

x Assista ao vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=BfACDHOq_bO> e


reflita sobre a importância do comportamento anómalo da água para a ma¬
nutenção da vida marinha.

Termologia e Meio Ambiente


Capítulo 2

Calorimetria
Neste tópico, estudaremos a calorimetria, que é o estudo que abrange a forma de energia
denominada calor. Analisaremos, ainda, o que ocorre com um corpo ou um sistema, quando este
recebe ou doa calor.

Balzh/Sutersock
Anton

Calor
Qual é a diferença entre calor e temperatura?
As partículas, assim como os átomos e as moléculas que constituem a matéria, estão em per¬
manente estado de agitação térmica. A energia associada à agitação térmica denomina-se energia
térmica.
A temperatura mede o estado de agitação das partículas de um corpo. Então, o que acontece
quando colocamos dois corpos, A e B, com temperaturas diferentes em um sistema isolado, sendo
Ta > T ir

: váÈ
Calorimetria
A energia térmica transfere-se do corpo de temperatura mais alta para o corpo de temperatura
mais baixa, até os corpos atingirem a mesma temperatura, ou seja, atingirem o equilíbrio térmico.
Esse fluxo de energia do corpo de maior temperatura para o corpo de menor temperatura é o que
denominamos calor.
Calor é a energia térmica em trânsito, entre dois corpos ou sistemas, decorrente
apenas da existência de uma diferença de temperatura entre eles.
No SI, a unidade de calor é o joule (J), mas na prática usa-se a caloria (cal), sendo que 1 cal
equivale a 4,18 J. A caloria é definida como sendo a quantidade de calor necessário para elevar a
temperatura de 1 g de água de 14,5 °C para 15,5 °C.

B Para compreender melhor a diferença entre calor e temperatura, assista ao vídeo: <https://www.youtube.com/
watch?v=mRu4Wdi5IP8>.

Capacidade Térmica (C)

Debata com os colegas: o que demora mais para aquecer, da temperatura ambiente até o
ponto de ebulição (ferver), 1 L de água ou 5 L de água, submetidos a fontes de calor idênti¬
cas? Registre as hipóteses da turma no caderno.

Define-se capacidade térmica (C) como sendo a quantidade de calor (Q) necessária para pro¬
vocar a variação AT = 1 °C de temperatura em um corpo.

A capacidade térmica é característica do corpo e não da substância. Por exemplo, diferentes


blocos de chumbo têm diferentes capacidades térmicas.
A unidade de capacidade térmica usual é Cal/°C, e no SI é J/K.

Calor Específico (c)


Quando dividimos a capacidade térmica (C) pela massa (m) do corpo, obtemos o calor especí¬
fico (c) da substância que compõe o corpo. Assim, a expressão que fornece o valor do calor específico será:

c —
C
= m ou c =
m
Q
• —
AT

— -—
Calorimetria
Dessa forma, podemos verificar que o calor específico não depende da massa do corpo, mas,
sim, da substância que compõe o corpo.
cal
A unidade SI do calor específico (c) é: • Outra unidade usual é:
g°c
A tabela que segue mostra alguns calores específicos de matérias.

Substância c (cal/g • °C) c(J/kg-K)


Água 1,0 4,2 • 103
Gelo 0,55 2,3 103
Alumínio 0,22 9,2 102
Ferro 0,11 4,6 • 102
Latão 0,094 3,9 • 102
Cobre 0,092 3,9 • 102
Prata 0,056 2,3 102
Chumbo 0,031 1,3 • 102
Fonte: GUIMARÃES, L. A. M.; BOA, M. C. F. Termologia e Óptica. São Paulo: Harbra, 1997.

Análise

1) Analisando a tabela, responda: 0 que demora mais para sofrer a variação de temperatura
de 20 °C, 1kg de água, ou 1kg de chumbo, submetidos a fontes de calor idênticas? Por quê?
Quem recebeu mais calor?

2) (FUVEST-SP) Um amolador de facas, ao operar um esmeril, é atingido por fagulhas incan¬


descentes, mas não se queima. Isso acontece porque as fagulhas:
a. têm calor específico muito grande;
b. têm temperatura muito baixa;
c. têm capacidade térmica muito pequena;
d. estão em mudança de estado;
e. não transportam energia.

Calorimetria
(UFPR) Para aquecer 500 g de certa substância de 20 °C para 70 °C, foram necessárias 4 000
calorias. A capacidade térmica e o calor específico valem, respectivamente:
a. 8 cal/°C e 0,08 cal/g • °C;
b. 80 cal/°Ce 0,16 cal/g °C;
c. 90 cal/°C e 0,09 cal/g • °C;
d. 95 cal/°Ce 0,15 cal/g -°C;
e. 120 cal/°C e 0,12 cal/g • °C.

Sendo m = 500 g; At = 70 - 20; portanto: At = 50 °C; Q = 4 000 cal.

Cálculo da capacidade térmica (C) é dado por:


Q 4 000
At "50

E o cálculo do calor específico (c):

C
C
_
"
80
m 500

Calor Latente
Sabemos, a partir de nossa experiência que, quando fornecemos calor ou retiramos calor dos
materiais, estes podem sofrer mudança em seu estado físico ou fase. Por exemplo, quando colocamos
água para aquecer no fogão, sua temperatura vai aumentando até o ponto de ebulição (passagem do
estado líquido para o gasoso), que, se estivermos no nível do mar, será de 100 °C. No entanto, se dei¬
xarmos a água neste processo de ebulição e colocarmos um termómetro para medir a temperatura,
verificaremos que, apesar de estarmos fornecendo calor para a água, a temperatura não aumenta,
permanecendo em 100 °C. Por que isso ocorre?
Para compreendermos isso, precisamos abordar a estrutura da matéria. Sabemos que todos
os corpos, inclusive o seu, são formados por átomos, os quais, por sua vez, estão ligados entre si por
forças elétricas. Então, quando ocorre uma mudança do estado físico da matéria, toda a energia
(calor) fornecida ao corpo é utilizada para quebrar as ligações das estruturas moleculares, levando a
matéria para outro estado físico. Assim, enquanto estiver ocorrendo mudança de fase, a temperatura
não varia. Verificamos também que, se retirarmos calor da água na fase líquida, sua temperatura irá
diminuir até chegar a 0 °C e, a partir daí, a água começará a passar da fase líquida para a fase sólida
e, enquanto houver esta mudança de fase, não haverá variação na temperatura.

Calorimetria
Calor Latente (L) é a quantidade de calor (energia) necessária, fornecida ou reti¬
rada do corpo, para que este sofra mudança de fase sem variação da temperatura.

A figura mostra as mudanças de estado físico da água com a respectiva nomenclatura.

(PUC-RIO) Quanta energia deve ser dada (PUC-RIO) Quanto calor precisa ser dado
a uma panela de ferro de 300 g para a uma placa de vidro de 0,3 kg para
que sua temperatura seja elevada em aumentar sua temperatura em 80 °C?
100 °C? Considere o calor específico da (Considere o calor específico do vidro
panela como c = 450 J/kg-°C. como 70 J/kg-°C).
a. 300 J; a. 1060J;

b. 450 J; b. 1567J;

c. 750 J; c. 1 680J;
d. 1750J; d. 1867J;
e. 13 500 J. e. 1976J.

Por definição de calor específico, temos:

c=m^ • At
C = m • c • At

Q = 0,3 • 450 • 100

Calorimetria
o —
Os vídeos disponíveis nos links a seguir apresentam aulas e experimentos
sobre calorimetria, que o ajudarão a compreender melhor o assunto:
• <http://www.youtube.com/watchZvMfjKqwBDqYo>;
• <http://www.youtube.com/watchZvMBdzlNteYQ8>;
• <http://www.youtube.com/watchZv=_RiE-gPFQb4>;
• <http://www.youtube.com/watchZvMLxJ8v8X6xs>.
\

Transmissão de Calor
Quando dois ou mais corpos, com temperaturas diferentes, são
colocados um em presença do outro, em um sistema isolado, como uma
garrafa térmica, por exemplo, há transferência de energia térmica entre
eles, até que esses corpos atinjam o equilíbrio térmico, ou seja, atinjam
a mesma temperatura. Essa transferência de calor, que ocorre entre cor¬
pos com diferentes temperaturas, acontece sempre do corpo de maior
para o de menor temperatura.
A transferência ou propagação do calor (energia térmica) pode
acontecer de três maneiras: por condução, por convecção e por irradiação.

Se deixarmos uma xícara de café, a uma temperatura de 70 °C,


sobre a mesa na cozinha com temperatura ambiente de 20 °C,
verificamos que, após algum tempo, a temperatura do café
diminui. Mantendo o experimento e verificando-o ao longo
do tempo, observamos que a temperatura do café se iguala à
temperatura ambiente, ou seja, a 20 °C. Notamos ainda que,
se a temperatura ambiente não variar, a xícara de café perma¬
nece à temperatura de 20 °C.
Debata com os colegas por que ocorreu a diminuição da tem¬
peratura da xícara com café. Registre as hipóteses da turma no
caderno.

Calorimetria
Condução Térmica
A condução térmica é a forma de transmissão do calor, segundo a qual a energia térmica se
propaga por meio da agitação térmica. Dessa forma, para que haja a condução térmica, é necessário
um meio material. Na condução térmica não há transporte de matéria.

Faça o seguinte experimento: toque em algo feito de madeira e depois toque em um objeto
feito de metal. Qual foi sua sensação térmica?
Se tanto a madeira quanto o metal estão à mesma temperatura, explique por que você teve
a sensação de que o metal estava mais frio?

w Para entender melhor o fenômeno da condução do calor, assista ao vídeo disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=_uCp0N0ts34>.

Convecção Térmica
A convecção térmica transmite a energia térmica com movimentação do próprio material
aquecido. Logo, a convecção térmica necessita de um meio material para ocorrer.

Pesquise, o por quê de, na praia, durante o dia, o vento soprar do mar para o continente e,
à noite, o processo se inverter, ou seja, o vento soprar do continente para o mar.

O "

Para entender melhor o fenômeno da convecção térmica, assista aos vídeos disponíveis em:
• <http://www.youtube.com/watch?v=6WAsokXwXaA>;
• <http://www.youtube.com/watch?v=doZO_TRLsOw>.

Calorimetria
Irradiação Térmica
A irradiação térmica é o processo de propagação do calor por intermédio de ondas eletro¬
magnéticas, denominadas raios infravermelhos. Todos os corpos emitem calor por irradiação
continuamente e, ao atingir um corpo, essa energia radiante pode sofrer três processos, com maior
ou menor grau de intensidade: absorção, reflexão e transmissão.
A irradiação térmica não necessita de um meio material para ocorrer.

Pesquise sobre como o Sol aquece a Terra e como é o funcionamento de uma garrafa
térmica.

A atmosfera terrestre é constituída por gases como nitrogénio, oxigénio, gás carbónico ou dió-
xido de carbono (CO2) e vapor-d’água (H2O) e, ainda, em pequena quantidade de ozônio, metano e
monóxido de carbono. Entre estes gases, o vapor-d’água (H2O), o CO2, o metano e o óxido nitroso
são os que mais contribuem para a
absorção da radiação infravermelha;
já o vapor-d’água é o que mais contri¬
bui para o efeito estufa, seguido pelo
CO2. Outros absorvedores de radia¬
ção infravermelha são: o metano
(CH4), o óxido nitroso (NO2) e os
clorofluorcarbonos (CFCs).
A Terra recebe energia lumi¬
nosa do Sol e transforma uma
porcentagem dessa energia lumi¬ 0 calor e barrado
nosa em energia térmica. Parte desta volta para Terra .
energia térmica é perdida para o
espaço, e outra parte é absorvida e
refletida de volta para a Terra, man¬
tendo sua temperatura em torno de
15 °C. E este processo é contínuo
há milhões de anos. Então, na ver¬
dade, a Terra é uma grande estufa
Esquema mostrando como funciona o efeito estufa.
com uma significativa diversidade
de formas de vida graças à energia
fornecida pelo Sol.

(A,Calorimetria
:
O^Assista ao vídeo disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=ssvFqYSIMho> e reflita sobre que ações
podem ser feitas individual e coletivamente para melhorarmos as condições de vida na Terra.

Seção de Sistematização
Nesta unidade, estudamos o calor e suas manifestações em nosso cotidiano.
Percebemos que, para que a vida exista na forma como a conhecemos, é fundamen¬
tal a presença da energia térmica do Sol, que envia para todo Sistema Solar, incluindo
a Terra, ondas eletromagnéticas, constituídas basicamente de luz branca, produto da
queima de seu combustível - o hidrogénio ( H).
Parte da luz emitida pelo Sol é refletida na própria atmosfera terrestre e retorna para
o espaço, a outra parte chega até nós e, devido à interação com a matéria presente
na crosta terrestre, pode sofrer em maior ou menor grau os três fenômenos já estu¬
dados: reflexão, absorção e transmissão. Parte da luz do Sol, quando absorvida,
aumenta a temperatura do corpo e este passará a emitir radiação infravermelha, que
também é uma onda eletromagnética, responsável pela transmissão do calor.
Sendo assim, podemos pensar que as mudanças climáticas que estão ocorrendo atual¬
mente podem ser causadas tanto por fatores naturais quanto pela ação do homem,
que tem sido o principal agente devastador do meio ambiente.
Agora é o momento de parar e refletir: como podemos reverter este quadro para que
tenhamos novamente o equilíbrio do planeta Terra?
Unidade

Óptica
Para que servem os objetos representados pelas imagens apresentadas abaixo?
Quais são as semelhanças e diferenças entre esses objetos? Você sabe como cada um
deles funciona?

SIhmutaergseocnks:
Capítulo 1

Introdução à Óptica
A evolução conseguida com a descoberta da fotografia permite que, atualmente, de posse de
uma máquina fotográfica digital ou de um celular, qualquer pessoa possa registrar e guardar para
a posteridade momentos ou imagens com qualidade. Independente do tipo de máquina que se use,
com filme ou digital, o princípio básico envolvido no funcionamento das máquinas fotográficas ainda
é o mesmo, e se relaciona aos fenômenos estudados pela óptica.
Nesta unidade, vamos compreender os fenômenos geométri¬ Óptica é a ciência da
visão, enquanto ótica,
cos ligados à luz, que no ramo da física são chamados de óptica
sem a letra p, é relativo ao
geométrica, identificando os avanços tecnológicos obtidos a partir
ouvido, na medicina.
deles.

Propagação da Luz
Observe a ilustração abaixo.

A figura mostra o esquema de funcionamento de uma câmara escura. Ela é construída com
uma caixa comum, quase completamente fechada, pois nela há um pequeno furo em uma de suas
faces, que permite que pouca luz entre e forme uma imagem invertida no outro lado.

O Assista ao vídeo disponível em: <http://www.manualdomundo.com.br/2012/05/cinema-na-caixa-camara-


escura/>, que demonstra como se constrói uma câmara escura muito simples. Você também pode facilmente
construir uma em casa!

Introdução à Óptica
Pesquise em livros e na internet sobre o funcionamento do olho humano e descreva como
ele se assemelha a uma câmara escura. Procure descobrir também as respostas para as
seguintes questões:
• Como é possível a formação da imagem?
• Por que a imagem fica invertida?
Esses fenômenos ocorrem devido ao princípio de propagação retilínea da luz, ou seja:
Quando a luz se propaga em um meio homogéneo e transparente, podemos repre¬
sentá-la por uma reta que liga a fonte ao ponto de interesse.
Com base nessa propriedade, podemos calcular o tamanho da imagem dentro da câmara escura.
A imagem a seguir mostra um objeto de altura H colocado em frente à face esquerda da câmara
escura, com o furo. A distância entre o objeto e esta face é igual a d. Representamos os raios lumi¬
nosos que saem das extremidades do objeto e passam pelo furo, projetando-se sobre a face direita.

O tamanho da imagem pode ser calculado por semelhança de triângulos:

Em que d' é a distância da face (da câmara escura) com o furo até a face onde foi projetada a
imagem e H' é o tamanho da imagem.

/ Introdução à Óptica
Calcule a altura de uma imagem formada em uma câmara escura de 0,3 m de comprimento,
a partir de uma pessoa de 1,70 m de altura, situada a 2,5 m de distância da câmara.

Afigura abaixo representa o problema em questão.

Da figura, temos:

1,70 H' 1,70-0,3


H=^5“
H' = 0,204 m

A propagação retilínea da luz


também permite explicar a existência dos
eclipses do Sol e da Lua. Na figura ao lado,
vemos que o eclipse da Lua ocorre quando
temos o alinhamento Sol-Terra-Lua, e a
Terra faz sombra sobre a Lua. Já o eclipse
do Sol ocorre no alinhamento Sol-Lua-Terra,
quando a Lua bloqueia parte da luz que vem
do Sol.

w 0 vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=O4shnr7xoQo>


apresenta uma animação que explica detalhadamente os fenômenos estudados.

Introdução à Óptica
IZO/Shutersock Espelhos Planos
Na rotina diária, utilizamo-nos de espelhos planos com tamanha
frequência que não paramos para pensar como eles funcionam, qual
a tecnologia envolvida em sua fabricação e quais os fenômenos físicos
envolvidos para a formação da nossa imagem. Basicamente, podemos
dizer que um espelho é formado em qualquer superfície polida com
grande poder de reflexão.

Espelho plano.
Leis da Reflexão
A ilustração a seguir mostra um feixe luminoso incidindo sobre
O feixe luminoso pode ser
uma superfície espelhada e sendo refletido posteriormente.
representado por um con¬
junto de raios luminosos.

O raio de luz, conforme destaca a ilustração, obedece a duas leis:


• Primeira lei - O raio de luz é refletido no mesmo plano definido pelo raio incidente e pela
reta normal à superfície.
• Segunda lei - O ângulo que o raio refletido faz com a normal ( 'r ) é igual ao ângulo que o
raio incidente faz (i).

A figura ilustra adequadamente estas leis. O feixe de luz incide sobre um pequeno espelho
plano e, como percebemos, o raio incidente à normal e o raio refletido estão no mesmo plano do
papel. Notamos também que os ângulos entre o raio incidente e o raio refletido em relação à normal
são iguais.

Introdução à Óptica
Formação de Imagem
Para entender como se formam as imagens em espelhos planos, considere um pequeno objeto
colocado a certa distância de um espelho, como mostra a figura a seguir.

O observador, uma pessoa situada em uma posição em frente ao espelho, observa a imagem.
Agora analise a próxima figura.

Para entendermos o que está representado na figura, temos que proceder da seguinte maneira:
• O objeto emite milhares de raios de luz em todas as direções, mas, primeiramente, escolhe¬
mos apenas dois que nos ajudam a formar a imagem. O primeiro a ser escolhido será um
raio que saia do objeto, reflita no espelho e vá em direção ao observador. Não podemos nos
esquecer de que i = ? em relação à reta normal.
• Escolhemos um segundo raio, que incida perpendicularmente ao espelho. O seu raio refle¬
tido vai retornar pelo mesmo caminho, conforme visto na figura (i = r ).
• Com linhas pontilhadas, prolongam-se para dentro do espelho os dois raios de luz refletidos,
como está na figura. A imagem se forma exatamente no encontro destes prolongamentos.

Na ilustração, observamos que a distância entre a imagem e o espelho é igual à dis¬


tância entre o objeto e o espelho, e que a imagem é formada por prolongamentos, então
ela é chamada de virtual.

Introdução à Óptica\
(UFAC - Adaptado) Sentado na cadeira da barbearia, um rapaz
olha no espelho a imagem do barbeiro, em pé atrás dele. As
dimensões relevantes são dadas na figura. A que distância (hori¬
zontal) dos olhos do rapaz fica a imagem do barbeiro?

Reproduzindo a imagem, traçam-se dois raios luminosos que


saem da extremidade superior da cabeça do barbeiro. Já se sabe
que a imagem do barbeiro se forma a 0,50 m + 0,80 m = 1,30 m
dentro do espelho.

Com isso, ela fica a 1,30 m + 0,80 m = 2,10 m do olho do cliente.

Percebe-se que a imagem formada não é invertida em relação ao


original.

Introdução à Óptica
1) Considerando a atividade de aplicação:
a. Demonstre como o cliente conseguiria ver os pés do barbeiro. Qual seria o tamanho do
espelho para que ele conseguisse ver totalmente o barbeiro?

b. O barbeiro consegue ver totalmente o cliente?

2) (UNIFOR) Sobre o vidro de um espelho plano coloca-se a ponta de um lápis e verifica-se


que a distância entre a ponta do lápis e sua imagem é de 12 mm. Em mm, a espessura do
vidro do espelho é, então, de:
a. 3,0;
b. 6,0;
c. 9,0;
d. 12;
e. 24.

3) (UNUBERABA) KLAUSS, um lindo menininho de 7 anos, ficou desconsertado quando, ao


chegar em frente ao espelho de seu armário, vestindo uma blusa onde havia seu nome
escrito, viu a seguinte imagem do seu nome:
a. KLAUSS;
b. >1 J A U SS;
c. >nvnss;
d. 22 U AJ»;
e. n.d.a.

4) (UNAMA) Um objeto aproxima-se perpendicularmente de um espelho plano com veloci¬


dade constante. Num determinado instante, a distância que o separa do espelho é 20 cm.
Logo, podemos afirmar que, nesse instante, a distância entre o objeto e sua imagem é:
a. 10 cm;
b. 20 cm;
c. 30 cm;
d. 40 cm;
e. 50 cm.

Introdução à Óptica
Sartin/huesock
John
Espelhos Esféricos
Estamos tão acostumados a ver espelhos esféricos sendo
usados como dispositivo de segurança em lojas, supermercados
e alguns cruzamentos de ruas, que não nos questionamos quanto
ao funcionamento deles. Por que vemos uma imagem ampla,
mas temos dificuldade em definir detalhes nela?
Basicamente, um espelho esférico é obtido a partir de um
corte em uma esfera (calota esférica), sendo uma de suas super¬
fícies polida até se obter boa reflexão. Dependendo do tipo de
superfície polida, os espelhos esféricos se dividem em côncavo,
quando a superfície refletora é a interna; e convexo, quando é a
externa.
Espelho convexo.

Espelho côncavo Espelho convexo

Formação de Imagens em Espelhos Esféricos


Para estudarmos a formação de imagens em espelhos esféricos devemos, primeiramente, defi¬
nir alguns dos elementos representados na ilustração abaixo:

/ Introdução à Óptica
• O vértice do espelho (V) é o centro da superfície refletora.
• O centro do espelho (C) é equivalente ao centro da esfera que originou o espelho.
• O eixo do espelho é uma linha imaginária que passa pelo centro.
• A distância entre C e o espelho é o seu raio (R), que corresponde ao raio de curvatura da
esfera.
O ponto (F) é chamado de foco do espelho. Ele corresponde à metade do raio (F = — ).

Construção Geométrica
Para entender a formação de imagens, vamos considerar um objeto colocado em frente a um
espelho côncavo, sobre o seu eixo.

Como fizemos para o caso do espelho plano, vamos


considerar apenas os raios de luz que saem da extremidade
superior da vela, e selecionar apenas aqueles que nos ajuda¬
rão a formar a imagem, chamados de raios notáveis.

O raio 1 caminha paralelo ao eixo e reflete passando


sobre o foco (F).
O raio 2 passa pelo foco e reflete paralelo ao eixo.
O raio 3 incide sobre o vértice (V) e reflete com o
mesmo ângulo.
O raio 4 incide sobre o centro (C) e reflete, retornando
pelo mesmo caminho.

O procedimento para a
Neste caso, o encontro não construção da imagem
acontece entre os prolongamen¬ é válido para espelhos
côncavos e convexos.
tos, mas entre os próprios raios
E a imagem é formada
refletidos. Neste ponto, temos a pelo encontro de pelo
formação da imagem. menos dois raios
notáveis ou seus prolon¬
A partir da formação geo¬ gamentos. As imagens
métrica da imagem, podemos em espelhos convexos
classificá-la como: invertida, me¬ são sempre formadas
nor que o objeto e real (pois é pelo prolongamento dos
raios de luz, ou seja, ela
formada pelos raios refletidos e é virtual e direita.
pode ser projetada em uma tela).

Introdução à Óptíca\
Construa e classifique a imagem do objeto nas situações abaixo.

Introdução à Óptica
A Equação dos Espelhos Esféricos

1) Considere um objeto de altura y, colocado a uma distância x do vértice de um espelho de


raio R (lembrando que a distância focal é: F = —). Podemos saber o tamanho y'ea posição
x' da imagem por meio das relações:

Em que:
(+) para espelho côncavo
(-) para espelho convexo { (+)para imagem real
(-) para imagem virtual

2) Um objeto de 2 cm de altura é colocado a 5 cm do vértice de um espelho côncavo com


distância focal de 10 cm.
a. Qual será a posição da imagem?
Como o espelho é côncavo, f é positivo e aplica-se ele na relação:

+
1 1 1
+ A. 1 1 1 _
A___L
f
~
x x1 10
~
5 x1 x1
~
10 5 ^ x' 10

b. Qual será o tamanho da imagem?


O tamanho da imagem é obtido por:

K=_ 11 -10 y'


x y 5 2

Introdução à Óptica
c. Classifique a imagem obtida.
De acordo com os resultados, temos:
• Como y' é positivo, a imagem é direita.
• É maior que o objeto, pois y = 2 cm e y' = 4 cm.
• Como x1 é negativo (x' = -10 cm), a imagem se forma dentro do espelho, ou seja, é
virtual.

O— Para mais informações sobre as equações, assista aos vídeos disponíveis em:
• <http://www.sofisica.com.br/conteudos/Otica/Reflexaodaluz/espelhoesferico.php>;
• <http://www.youtube.com/watch?v=J8H9fTa5-wc>.

1) (FMJ-SP) Um pequeno prego se encontra 3) (FAM-SP) Um espelho esférico côncavo é


diante de um espelho côncavo, perpen¬ utilizado para projetar sobre uma tela a
dicularmente ao eixo óptico principal, imagem do Sol. A distância focal do espe¬
entre o foco e o espelho. A imagem do lho é 2,5 m. Qual é, aproximadamente,
prego será: a distância entre a imagem do Sol e o
a. real, invertida e menor que o objeto; espelho?
b. virtual, invertida e menor que o a. 3,0 m;
objeto; b. 2,5 m;
c. real, direta e menor que o objeto; c. 2,0 m;
d. virtual, direta e maior que o objeto; d. 1,5 m;
e. real, invertida e maior que o objeto. e. 1,0 m.

2) (ESPM-SP) Um espelho esférico convexo 4) (EFOA-MG) Um espelho esférico, cujo raio


forma, de uma vela colocada perpendi¬ de curvatura é igual a 0,30 m, tem sua face
cularmente ao eixo principal do espelho, côncava voltada na direção do Sol. Uma
uma imagem: imagem do Sol é formada pelo espelho. A
a. virtual, direita e menor; distância dessa imagem até o espelho é:
b. virtual, direita e maior; a. 0,60 m;
c. virtual, invertida e menor; infinita;
d. real, direita e maior; c. 0,30 m;
e. real, invertida e maior. d. 0,15 m;
e. 0,45 m.

/ Introdução à Óptica
Capítulo 2

Refração da Luz
Em muitas situações percebemos que objetos imersos em água aparentam estar deformados
ou, como no caso da imagem, aparentam estar em um local e, na realidade, estão em outro. Isso
ocorre devido a um fenômeno óptico chamado refração.

A refração ocorre devido à propriedade ondulatória da luz, e tem como consequência:


• Mudança na velocidade de propagação.
• Mudança na direção de propagação, quando o raio incide com ângulo diferente de zero com
a normal.

Leis da Refração
Considere um raio de luz incidindo sobre uma superfície que separa dois meios de propagação
(a luz entrando na água, por exemplo). Parte do raio sofre reflexão e parte dele penetra no segundo
meio, sofrendo refração. Este último fenômeno pode ser descrito com base em duas leis, tal qual a
reflexão.
• Primeira Lei da Refração - O raio incidente, o raio refratado e a reta normal formam um
único plano.
• Segunda Lei da Refração - A lei relaciona as velocidades de propagação da luz (v) nos dois
meios, com o ângulo de incidência (OJ e de refração (02) e com o tipo de meio onde a luz se
propaga.

Refração da Luz
Normal

Em que:
• n = índice de refração, informa-nos como a luz se propaga neste meio. É um valor caracte-
rístico para cada meio. Medindo o índice de refração de um meio, podemos saber com qual
material estamos trabalhando.
• Constante c = Velocidade da luz no vácuo, que é sempre igual a 3 • 108 m/s.

Aplicação

1) (UEMA) A figura que segue representa um raio de luz que se propaga pelo ar e incide sobre
um meio Q. Qual o índice de refração do meio Q?

Na figura, os ângulos representados não são referentes ao ângulo de incidência e de refra¬


ção, uma vez que eles estão sendo medidos em relação à superfície do meio Q, então,
f 9. = 90° -30° 9. = 60°
[9^ = 90° -60° 9r = 30°

Á,—-—
Refração da Luz
Com isso, temos:
<1/2
n1•sen Oj n2
= • sen
02 -> 1 sen 60° = nQ • sen 30°
-> nQ
1/2
2) Qual é a velocidade de propagação da luz no meio Q do exercício anterior?

A relação entre as velocidades da luz nos dois meios é dada por:

3 • 108
V3

Para conhecer um pouco mais, assista aos vídeos disponíveis em:


• <http://www.youtube.com/watch?v=nTiq733vPFU>;
• <http://www.youtube.com/watch?v=1GDQk_Spxk8>;
• <http://www.brasilescola.com/fisica/a-refracao-luz.htm>;
• <http://www.coladaweb.com/fisica/optica/reflexao-difusao-e-refracao-da-luz>.

1) (PUC) Quando um feixe de luz monocromático sofre uma mudança de meio, passando do
ar para a água, a grandeza que se mantém sempre constante é:
a. o comprimento de onda;
b. a velocidade de propagação;
c. a intensidade do feixe;
d. a direção de propagação;
e. a frequência.

2) (PUC-RS) Uma substância possui índice de refração absoluto igual a 1,25. Sendo a veloci¬
dade de propagação da luz no vácuo igual a 3,0 . 108 m/s, conclui-se que a velocidade de
propagação da luz na referida substância é:
a. 2,0 • 108 m/s;
2,4 • 108 m/s;
c. 2,8 • 108 m/s;
d. 3,2 • 108 m/s;
e. 3,6 • 108 m/s.

Refração da Luz
3) (VUNESP-SP) Quando um feixe de luz, propagando-se no ar, incide sobre a superfície plana
de separação entre o ar e um meio transparente, por exemplo, a água ou o vidro, ocorrem
simultaneamente a refração e a reflexão. Nesse caso, dizemos que a luz sofre uma reflexão
parcial. Descreva, sucintamente, pelo menos uma situação, presenciada por você no decor¬
rer de sua vida diária, que sirva como uma evidência para isso, ou seja, que nos mostre que
nesses casos a luz também sofre reflexão.

4) (EFOA-MG) Um feixe de luz branca, ao atravessar um prisma, imerso no ar, sofre dispersão,
dando origem a um espectro colorido.
a. Faça um esboço gráfico desenhando o prisma e o feixe de luz incidindo, atravessando e
emergindo desse prisma.
b. Que propriedade do prisma ocasiona a dispersão da luz branca? Por quê?

Lentes Esféricas

Lente de contato esférica.

A principal aplicação do fenômeno de refração da luz ocorre em lentes, seja de um simples


óculos, de uma lente de contato, de uma máquina fotográfica ou até do vidro do relógio de pulso.
Puxando pela memória, muitos se recordam do tempo, na infância, em que as lentes despertavam
grande curiosidade.
A partir de agora, abordaremos os diferentes tipos de lentes, bem como, suas aplicações na
formação de imagens.

Refração da Luz
Basicamente, as lentes são formadas por um meio de índice de refração np imerso em outro
meio com índice de refração n2. Como exemplo, temos uma lente de vidro imersa no ar ou uma gota-
-d’água sobre uma folha de papel.

Tipos de Lentes
As lentes são classificadas em dois grupos: bordas finas, ou convexas; e bordas grossas, ou
côncavas.

Lentes convergentes

Lentes divergentes

Neste livro, tratamos de lentes de vidro imersas no ar; as lentes com bordas finas são chamadas
de convergentes, e as com bordas grossas de divergentes.
Para facilitar a sua representação, as lentes são mostradas conforme o esquema abaixo.
Lente convergente Lente divergente
r

F' F'
C F 0 C C F 0 C

Formação Geométrica da Imagem em


Lentes
As lentes podem ser representadas com os mesmos elementos dos espelhos esféricos. Então a
formação da imagem segue o mesmo princípio, diferenciando apenas que o raio luminoso atravessa
a lente sofrendo refração.

Refração da Luz
Construa, geometricamente, a imagem de um objeto colo¬
cado em frente a uma lente convergente, como no desenho.

• Como o objeto está situado em uma posição além do centro


da lente, ao desenhar os raios notáveis, não se pode esque¬
cer de que eles atravessarão a lente, sofrendo refração.
• O raio 1, que caminha paralelo ao eixo principal, incide pela
lente e a atravessa, passando pelo foco F2.
• O raio 2, que incide sobre o vértice da lente, não sofre des¬
vio e segue em linha reta.
• O raio 3, que incide sobre a lente passando pelo foco, difrata
e muda de direção, seguindo paralelo ao eixo principal.
• O encontro de pelo menos dois destes raios é o local onde
projeta-se a imagem, conforme o esquema abaixo.

De acordo com a classificação que vimos para espelhos esféri¬


cos, a imagem é invertida, real e menor.

— -—
Refração da Luz
A Análise

Construa e classifique a imagem do objeto nas situações abaixo.

Refração da Luz
De acordo com o que vimos no início da unidade, a máquina fotográfica e o olho humano são
considerados câmaras escuras. Ambos possuem lentes no orifício de entrada de luz para auxiliar na
projeção da imagem para o fundo da câmara, conforme destaca a figura que segue.

Além dos instrumentos que vimos aqui, o homem desenvolveu uma tecnologia utilizada para o
transporte de informações: a fibra óptica. Ela consiste basicamente de uma fibra pelo interior da qual
a luz consegue viajar, sem se dispersar. Com o barateamento desta tecnologia, foi possível reduzir o
custo das linhas de transmissão, permitindo a distribuição de internet em banda larga para boa parte
das residências, além de TVs a cabo e até objetos de decoração.

Para obter mais informações sobre lentes, assista ao vídeo disponível em:
• <http://www.youtube.com/watch?v=0V9jfSLVZqA>.
Para conhecer melhor os instrumentos ópticos, acesse os vídeos disponíveis em:
• <http://www.coladaweb.com/fisica/optica/instrumentos-opticos>;
• <http://www.youtube.com/watch?v=AkLOACBHqPI>;
• <http://www.youtube.com/watch?v=4_SFgreGme8>;
• <http://www.youtube.com/watch?v=6tWxyCszakY>.

Seção de Sistematização
Nesta unidade, vimos como conceitos simples ligados à óptica podem ser devida¬
mente organizados de forma a permitir o desenvolvimento de tecnologias, tanto no
desenvolvimento de equipamentos, como no conhecimento do corpo humano.
Unidade

A Importância da
Eletricidade
A tualmente,dependemos da existência e da manipulação da eletricidade para muitas de
nossas ações. Desde o momento em que levantamos e ligamos a cafeteira, entramos em
um elevador, embarcamos em um ônibus, até quando apagamos todas as luzes de casa
para o merecido sono, estamos utilizando recursos obtidos por meio da eletricidade.
Mesmo sabendo que a humanidade passou a maior parte de sua história sem imagi¬
nar o que seria essa tal de eletricidade, você consegue imaginar nossas vidas hoje sem ela ?
Capítulo 1

Eletrostática
Nossa dependência em relação à eletricidade é tamanha que, muitas vezes, quando há um
corte no fornecimento, ficamos com a sensação de que estamos totalmente perdidos e de que não
conseguiremos executar muitas de nossas tarefas, mesmo as mais simples, e ainda que seja dia.

1) Descreva quatro atividades diárias que você executa dependendo da eletricidade e quatro
atividades sem o uso dela.

2) No texto de abertura desta unidade, foi dito que usamos a eletricidade ao embarcarmos em
um ônibus. Levante hipóteses sobre quais são os equipamentos deste veículo que utilizam
a eletricidade para o seu funcionamento.

3) Descreva como seria a sua vida se o fornecimento de energia elétrica fosse suspenso por
vários anos.

O 0 vídeo a seguir, mostra uma visão não realista, mas interessante, de como seria nosso mundo sem eletricidade,
vale a pena assistir: <http://www.youtube.com/watch?v=MpOXdD4j83l>.

Eletrostática
Carga Elétrica
Uma brincadeira que desperta a curiosidade da criançada é atritar um pente no cabelo e, em
seguida, aproximá-lo de pequenos pedaços de papel. Magicamente, os pedaços de papel pulam e gru¬
dam no pente. Ainda mais fascinante é a experiência mostrada na foto, em que uma caneta é capaz
de entortar um filete de água à distância. Estas brincadeiras trazem consigo as bases para o estudo
deste capítulo: cargas elétricas.

Experimento que demonstra o funcionamento das cargas elétricas.

Registros dessas observações datam do século VI a.C., quando Thales de Mileto descreveu a
atração de pedaços de palha e sementes de grama por
âmbar atritado em pele de animais.
Muitas madeiras produzem uma resina
Depois de muitos experimentos, cientistas con¬ que, com o passar do tempo, sofre um
cluíram que existem dois tipos de cargas elétricas e processo de fossilização, dando origem a
chamaram-nas de positivas (+) e negativas (-). Mais uma pedra amarelada, chamada âmbar.
tarde, descobriram que essas cargas fazem parte de todos Aristóteles e Thales de Mileto afirmavam
os átomos e que estão distribuídas dentro do núcleo - que o imã e o âmbar atraíam coisas por¬
prótons que possuem carga positiva - e orbitando-o, que possuíam alma.
elétrons com carga negativa.

Por ser um estudo fascinante, a história da eletricidade foi escrita com o trabalho de
diversas pessoas de grande dedicação. Entre elas, William Gilbert, com observações sobre
eletrização; Benjamin Franklin, que estudou como a eletricidade fluía; Charles Coulomb,
que descreveu a força entre duas cargas elétricas; e muitos outros.
Escolha algum desses personagens e pesquise sobre as suas contribuições para a ciência.

EletrostáticaváÈ
Um átomo em equilíbrio possui o mesmo número de prótons e elétrons, por isso podemos
dizer que sua carga elétrica é nula, chamando-o átomo neutro. Entretanto, quando retiramos elé¬
trons de um corpo, ele fica com um excesso de cargas positivas, ficando eletrizado positivamente.

Ilustração de um átomo.

) Reflexão

Quando retiramos elétrons de um corpo: o eletrizamos positivamente.

Você consegue completar a lacuna abaixo?


Quando colocamos elétrons em um corpo:

Você conseguiria explicar por que, ao eletrizarmos um corpo, dizemos que ele perdeu ou
ganhou elétrons, e não falamos em prótons? Discuta com o professor.

Quantidade de Carga
Prótons e elétrons possuem exatamente o mesmo valor de carga elétrica, chamada de carga
elementar, que é igual a:

e = 1,6- 10-19C
A unidade de carga elétrica é o coulomb (C), em homenagem ao físico francês Charles A.
Coulomb, que realizou vários estudos muito importantes para a física. Ele foi o primeiro a propor um
método eficaz na medição da força entre cargas elétricas.
Podemos dizer que a única diferença entre a carga do próton e do elétron é o sinal:

próton —> e= +1,6 • 10-19C


elétron -> =
e -1,6 • 10~19C

Eletrostática
A eletrização total de um corpo é medida pela sua quantidade de carga elé¬
trica total (Q), dada pelo número de elétrons (n) que foi adicionado ou retirado do
corpo:

Q = n •e

Em que n é sempre um número inteiro, ou seja, nunca teremos e, e, ou


qualquer outra fração da carga elementar.

Um corpo possui 8,0 • 1019 prótons e 4,0 1019 elétrons. Qual é a carga
elétrica líquida desse corpo?
Primeiro temos que saber qual é a diferença entre o número de prótons e
elétrons:
n = 8,0 • 1019 - 4,0 • 1019
.-. n = 4,0 1019 prótons

Agora, a carga elétrica total do corpo é dada por:

Q = n e -» Q = (4,0 • 1019) (+1,6 IO’19) /.

^ = +6,4

Podemos notar, portanto, que usamos a carga elementar positiva porque


temos um excesso de prótons no corpo.
0^

Algumas grandezas elétricas são frequentemente apresentadas com os múl¬


tiplos ou submúltiplos das suas unidades. Observe atentamente o quadro a seguir:

Submúltiplos matemáticos usados no estudo da eletricidade

Fator pelo qual a unidade é


Prefixo Símbolo
multiplicada
mili m IO’3
micro P 10^
nano n 10-9

0 seguinte vídeo na internet apresenta uma aula com de¬


monstrações sobre carga elétrica: <http://www.youtube.
com/watch?v=rMp9IOB9Hss>.

—-A
Eletrostática
A Análise

D (UFGO) Um corpo possui carga elétrica de 1,6 |iC. Sabendo-se que


a carga elétrica fundamental é 1,6 • IO-19 C, pode-se afirmar que
no corpo há uma falta de:
a. 1018 protons;
b. 1013 elétrons;
c. 1019 protons;
d. 1019 elétrons.

2) Podemos afirmar que um corpo negativamente eletrizado:


a. possui excesso de protons;
b, perdeu protons;

c. possui falta de elétrons;


d. ganhou elétrons.

3) (UEL) Uma esfera isolante está eletrizada com uma carga de


-3,2 pC. Sabendo que a carga elementar vale 1,6 • 10-19 C, é
correto afirmar que a esfera apresenta:
a. excesso de 2,0 1013 elétrons;
b. falta de 2,0 • 1013 elétrons;
c. excesso de 5,0 • 1012 prótons;
d. falta de 5,0 • 1012 prótons;
e. excesso de 5,0 • 1010 elétrons.

Eletrostática
Condutores e Isolantes
Muitas vezes já observamos estruturas semelhantes às mostradas na figura, em linhas de trans¬
missão elétrica, tanto para altas-tensões como algumas mais simples, em nossas próprias residências.

Isoladores elétricos de alta-tensão.

Essas estruturas desempenham um papel fundamental em nossas redes de eletricidade e são


chamadas de isoladores elétricos. Independente do formato e do material utilizado em sua fabrica¬
ção, eles são compostos de materiais chamados isolantes ou dielétricos, ou seja, as cargas elétricas
enfrentam grandes dificuldades para se movimentarem nesses materiais.
Obviamente, não teríamos nossas casas iluminadas com lâmpadas elétricas se todos os
materiais fossem isolantes. Então, com características opostas, existem os materiais chamados de
condutores. Eles são responsáveis pela efetiva condução das cargas elétricas desde o gerador, na
usina, até a sua lâmpada, em casa.
Em situações específicas, alguns materiais ditos isolantes podem passar a serem condutores
de eletricidade. Como exemplo, temos o ar, que em condições normais é um dielétrico, mas em uma
tempestade torna-se condutor, dando origem aos raios.

Análise

Converse com os colegas sobre os assuntos a seguir e, em seguida, anote as respostas:

1) Quais materiais são isolantes elétricos? Cite alguns.

2) Quais materiais são condutores elétricos? Cite alguns.

Eletrostática
3) Descreva algum dispositivo, existente em sua casa, que possui condutores e isolantes de
eletricidade.

4) Descreva o que aconteceria se não existissem materiais isolantes de eletricidade.

Você pode explorar um pouco mais este curioso universo no seguinte link: <http://www.youtube.com/
watch?v=MKmvAjm3YJ4>.

Eletrização
Basicamente, podemos dizer que eletrização é o processo de colocar ou remover elétrons de
um corpo. Existem três processos de eletrização, que estudaremos a seguir.

Ação da eletricidade estática.

Eletrostática
Eletrização por Atrito
Como no exemplo da ilustração
ao lado, podemos pegar um bastão de
vidro e o atritarmos em um pedaço de lã,
ambos inicialmente neutros. Após isso,
ao aproximarmos o bastão de vidro de
pequenos pedaços de papel, percebemos
que estes são atraídos.
Experiências detalhadas mostram
que o bastão e a lã trocaram elétrons
durante o atrito. Mas o bastão cedeu
mais elétrons para a lã, ou seja, ficou
eletrizado positivamente, enquanto esta
recebeu elétrons a mais, ficando eletri-
Exemplo de um experimento de eletrização por atrito.
zada negativamente.
Experiências como essa mostraram que existem materiais que possuem maior tendência a doar
elétrons do que outros. Com esses resultados, foram montados quadros chamados de séries triboelé-
tricas. A seguir são apresentados apenas alguns exemplos.

Do grego, tribo significa


atritar.

Na série triboelétrica da tabela acima, confirmamos que o vidro perde mais elétrons durante o
atrito com um pedaço de lã, portanto o vidro fica eletrizado positivamente, enquanto a lã fica eletri-
zada negativamente.

De acordo com a série triboelétrica fornecida, o que acontece quando atritamos PVC em
um pedaço de couro?
Como o couro tem maior tendência a perder elétrons que o PVC, temos:
• couro -> eletrizado positivamente;
• PVC -> eletrizado negativamente.

Eletrostática
Análise

Se alguém quiser deixar um pedaço de teflon eletrizado o máximo


possível, mas com o mínimo esforço, pela série fornecida, com
qual material deveria atritá-lo? Explique.
Note que, ao trabalhar
com a chamada fita
veda rosca, que é
feita de teflon, ela fica
grudando facilmente
em tudo, principalmente
em nossas mãos. Isso
acontece por causa de
sua fácil eletrização.

Para conhecer uma série triboelétrica mais completa, acesse o site:


<http://www.infoescola.com/eletrostatica/serie-triboeletrica/>.

Você pode fazer alguns experimentos muito interessantes para


verificar o fenômeno de eletrização por atrito.

O site <http://falandoemfisica.blogspot.com.br/2008/10/bexiga-
eletrizao-por-atrito-material-l.html> propõe atritar uma bexiga
(balão de aniversário) em um cachecol ou outra peça de lã. Ao
fazer isso, você verá que a bexiga começa a grudar nas paredes,
no rosto, no cabelo, etc. Você pode estender o experimento, apro¬
ximando-a de uma lata de refrigerante vazia, sem encostar. O que
acontece?

Se o experimento for efetuado corretamente, a bexiga deverá


atrair a lata. Curioso, não? Em seguida, debata com os colegas o
que você descobriu sobre eletrização.

Eletrostática
Eletrização por Contato
Veja a ilustração abaixo:

Condutor Contato Separação


carregado

Após a separação,
ambos terão cargasde
mesmo sinal.

A sequência apresentada acima mostra o que acontece quando encostamos um corpo eletri-
zado positivamente em um neutro. Ao fazer isso, os elétrons saem do corpo neutro e passam para o
corpo eletrizado. Quando separamos os dois corpos, eles ficam com cargas de mesmo sinal. Quando
os corpos são iguais, a quantidade de carga Q do corpo carregado é dividida entre os dois, resultando

em para cada um.

Reproduza o processo de eletrização por contato entre um corpo carregado negativamente


e um neutro.
Condutor

Pesquisem e façam, em grupos, algum experimento sobre eletrização por contato, que uti¬
lize pedaços de papel e um pente. Em seguida, respondam às questões a seguir:

1) 0 que acontece para que os pedaços de papel sejam atraídos?

2) O que acontece para que os pedaços de papel que grudaram no pente sejam repelidos em
seguida?

Eletrostática
Os seguintes vídeos contêm alguns experimentos que podem ser facilmente
realizados:
• <http://www.youtube.com/watch?v=u9Uwb12nVz4>;
• <http://www.youtube.com/watch?NR=l&v=lsFzsNJ-7pE>.
Você também pode reproduzir o experimento do último vídeo, substituindo
a folha de acetato por um pedaço de saco plástico de lixo, dando preferência
para os mais finos.

Nessa atividade percebemos que, em alguns momentos ocorre


atração entre os corpos e em outros, repulsão. Se fizermos experimentos
detalhados, poderemos também verificar que a atração acontece entre
corpos com cargas de sinais diferentes e a repulsão em corpos com cargas
elétricas de mesmo sinal, conforme a ilustração a seguir:

Repulsão

Repulsão

Atração

Eletrização por Indução


Quando fizemos o experimento com a bexiga e a lata de refrige¬
rante, discutimos sobre a forma como as bexigas foram eletrizadas por
meio do atrito. No entanto, o estudante mais atento deve ter formulado
a seguinte pergunta:

Se são as bexigas que estão eletrizadas, porque a lata se move?

Esta pergunta pode ser respondida com a análise a seguir:

Nessa figura, vemos um bastão eletrizado positivamente colocado


próximo a um corpo inicialmente neutro. Quando fazemos isso, os elé-
trons do corpo neutro são atraídos pelo bastão, deixando o corpo neutro
polarizado (cargas positivas de um lado e negativas do outro). Ao retirar¬
mos o bastão, o corpo neutro volta ao normal.

Eletrostática
Descreva o que acontece quando aproximamos um bastão eletri-
zado positivamente de dois corpos neutros como a seguir:

Os elétrons dos dois corpos serão atraídos para a região mais


próxima do bastão. Enquanto o bastão estiver próximo e A em
contato com B, teremos a seguinte configuração:

Quando separamos A e B e; em seguida, afastamos o bastão,


temos:

-Õ- +G)++

Ou seja, o corpo A ficou eletrizado negativamente e o corpo B


ficou eletrizado positivamente.

Análise

1) Descreva e desenhe o que acontece quando aproximamos um


bastão eletrizado negativamente de um corpo neutro.

Eletrostática
2) Descreva e desenhe o que acontece quando aproximamos um bas¬
tão eletrizado negativamente de dois corpos neutros.

3) Responda à pergunta: Se sâo as bexigas que estão eletrizadas, por


que a lata se move?, feita anteriormente.

4) Por que os pelos do braço ficam arrepiados quando os aproxima¬


mos de uma televisão comum de tubo?

5) (CESGRANRIO) Uma pequena esfera de isopor, aluminizada,


suspensa por um fio de nylon, é atraída por um pente plástico
negativamente carregado. Pode-se afirmar que a carga elétrica da
esfera é:
a. apenas negativa;
b. apenas nula;
c. apenas positiva;
d. negativa ou, então, nula;
e. positiva ou, então, nula.

Eletrostática
6) (Gl) Esfregando-se um bastão de vidro com um pano de seda,
o bastão passa a atrair pedacinhos de papel. A explicação mais
correta deste fato é que:
a. o bastão eletrizou-se;
o pano não se eletrizou;
c. o bastão é um bom condutor elétrico;
o papel é um bom condutor elétrico;
e. o papel estava carregado positivamente.

7) Os corpos que acumulam eletricidade são:


a. bons condutores;
b. maus condutores;
c. neutros;
. orgânicos.
8) (CESGRANRIO) Na figura a seguir, um bastão carregado positi¬
vamente é aproximado de uma pequena esfera metálica (M)
que pende na extremidade de um fio de seda. Observa-se que a
esfera se afasta do bastão. Nesta situação, pode-se afirmar que a
esfera possui uma carga elétrica total:

a. negativa;
b. positiva;
c. nula;
d. positiva ou nula;
e. negativa ou nula.

w Se você quer conhecer mais sobre os processos de eletrização, acesse o seguinte


vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=E0h4gcThugs>.

Eletrostática
Capítulo 2

Força Elétrica - A Lei de Coulomb


No capítulo anterior, vimos que os corpos eletrizados sofrem atração ou repulsão a outros
corpos. O estudante mais atento já deve ter formulado a seguinte hipótese:
Se o papel se move na presença de um corpo eletrizado, então deve existir uma força
entre eles.

Pente carregado atraindo um pedaço de papel.

Esta conclusão é exatamente o tema deste capítulo: a força elétrica.


Realizando vários experimentos, Charles A. Coulomb descobriu que a força elétrica apresen¬
tava algumas propriedades interessantes:
• Ela age à distância.
• Ela é maior quanto maior for a carga dos corpos eletrizados.
• Ela é mais intensa quando os corpos estão mais próximos.
• Ela muda quando o experimento é realizado no ar, ou no óleo ou no vácuo.
Reunindo todas essas observações, Coulomb formulou a seguinte equação:

F=k 21^
l d2
Ou seja,

As forças (F) de atração ou de repulsão entre duas cargas elétricas são diretamente
proporcionais à multiplicação entre os valores das cargas Q^C^e inversamente propor¬
cionais ao quadrado da distância d que as separa.

Atração Repulsão
+0. +0. +0.

Representação das forças de atração e repulsão entre átomos.

Força Elétrica - A Lei de Coulomb


Você deve estar se perguntando:
O que o k representa na equação?
É o número que determina onde as cargas elétricas estão. A maioria das experiências são rea¬
lizadas no ar, porque apresentam um valor muito próximo ao valor de k no vácuo, ou seja:

N•m

O valor mostrado acima é válido para o ar seco e varia quando fazemos nossos experimentos
em dia de chuva. Podemos ver isso ao tentar fazer o experimento da bexiga quando está chovendo; a
brincadeira não terá muita graça, pois a força elétrica será menor.

(PUC-BH) Duas cargas elétricas puntiformes são separadas por Em forma de ponto.
uma distância de 4 cm e se repelem mutuamente com uma força Neste caso, cargas
pontuais em que não se
de 3,6 • 10-5 N. Se a distância entre as cargas for aumentada para levam em consideração as
12 cm, a força entre as cargas passará a ser de: dimensões da carga.
a. 1,5 • IO"6 N.
b. 4,0 IO’6 N.
C. 1,8 • IO6 N.
d. 7,2 • IO"6 N.

Como vimos, pela Lei de Coulomb, a força é inversamente proporcional ao quadrado da


distância, ou seja, se a distância é três vezes maior (de 4 cm para 12 cm), então a força será
32 = 9 vezes menor. Logo:
3,6 • IO’5 36 IO6
F " >F “
9 9
Resposta: b.

Converse com os colegas e registre abaixo o porquê de o ar úmido diminuir a força eletros¬
tática entre corpos eletrizados.

Força Elétrica -A Lei de Coulomb


Sog-i Análte

Analisando a figura abaixo e considerando a Lei de Coulomb, res¬


ponda às questões a seguir (as questões se referem sempre à
situação original da figura):

a. O que acontece com a força elétrica quando dobramos a dis¬


tância d entre as duas cargas?

Note que a força de


interação elétrica entre b. O que acontece com a força elétrica quando colocamos a
as cargas está rela¬ carga Q2 a uma distância igual a 5 d?
cionada à Terceira Lei
de Newton - Ação e
Reação. Isso significa
que a intensidade da
força é igual nas duas
cargas, mesmo que as
c. O que acontece com a força elétrica quando multiplicamos
cargas tenham valores
diferentes. por 5 o valor de C^?

d. O que acontece com a força elétrica quando mudamos o sinal


da carga Q2?

A força entre duas cargas elétricas puntiformes, no vácuo, vale


100 mN. Caso fosse triplicado o módulo de uma das cargas e,
simultaneamente, dobrada a distância entre elas, qual das
opções a seguir representa corretamente o valor da nova força
que atuaria entre elas?
a. 150 mN.
b. 133 mN.
c. 75,0 mN.
d. 66,6 mN.

Força Elétrica- A Lei de Coulomb


3) (UNESP) Duas partículas com carga 5 • 10-6 C cada uma, estão
separadas por uma distância de 1 m. Dado k = 9 • 109 Nm2/C2,
determine a intensidade da força elétrica entre as partículas, em
Newtons.
a. 45 • 103.
b. 45 • 105.
c. 2,25 IO"1.
d. 2,25 • IO’5.

4) (UFPI - Adaptado) Dois corpos puntiformes eletrizados com car-


gas de sinais opostos, de valores +Q e -2Q, são separados pela
distância d. Qual das figuras seguintes melhor representa as for¬
ças de interação elétrica entre estes corpos?

5) (UFAC) Duas cargas elétricas Q1 = 2CeQ2 = 6C encontram-se no


vácuo, separadas por uma distância de 3 m. A força de interação
entre as cargas é de:
a. 4 • 109 N;
b. 6 • 109 N;
c. 12 • 109 C;
d. 16 • 109 C;
e. 18 • 109 C.

Força Elétrica -A Lei de Coulomb


Campo Elétrico
Ao estudar eletricidade, uma pergunta surge para muitos estudantes curiosos:

Como pode existir uma força que age à distância?


Na verdade, se pensarmos melhor, perceberemos que existem mais dois tipos
de forças que agem à distância: a gravitacional e a magnética. A análise dessas
forças estabeleceu os conceitos de campo elétrico, campo gravitacional e campo
magnético.
Basicamente, podemos dizer que campo é uma região em torno de um
corpo, na qual este atua e, ao mesmo tempo, tem a capacidade de aplicar uma
determinada força sobre outro corpo.
Um exemplo claro disso é dizer que em torno da Terra existe um campo
gravitacional, cuja massa do planeta atua e, simultaneamente, aplica uma força
sobre outros corpos que ali se encontram. Da mesma forma, no experimento
que fizemos anteriormente com as bexigas eletrizadas, o campo elétrico que se
forma em seu entorno interage com a lata, aplicando-lhe uma força.

Linhas de Campo
Puntual: A figura apresentada abaixo é uma ilustração de como podemos
Na matemática, diz-se representar um campo elétrico. Para uma carga puntual positiva, represen¬
algo com dimensões de tamos o campo elétrico por um conjunto de linhas igualmente espaçadas
Lde um ponto. que saem da carga. Essas linhas radiais são chamadas de linhas de campo.

Para desenhá-las, seguimos a seguinte regra:

A linha de força aponta para onde


uma carga de prova positiva iria, caso
fosse colocada neste local.

Força Elétrica -A Lei de Coulomb


Análise

1) 0 que aconteceria com uma pequena carga de prova positiva ao ser


colocada próxima à carga positiva mostrada anteriormente?

2) O que aconteceria com uma pequena carga de prova positiva ao ser


colocada próxima a uma carga negativa?

3) Com base na resposta da questão anterior e na regra mostrada


acima, faça um desenho de como seriam as linhas de campo de uma
carga puntual negativa.

Força Elétrica -A Lei de Coulomb


A figura abaixo mostra como são representadas as linhas de campo para uma carga puntual
negativa. Nesse caso, uma carga de prova positiva seria atraída e, portanto, as linhas de campo entra¬
riam na carga negativa.

A distribuição das linhas de campo começa a ficar mais interessante quando combinamos
cargas elétricas diferentes e seus campos passam a interagir entre si. Nas figuras abaixo, vemos a
representação das linhas de campo para duas cargas elétricas de sinais contrários e para duas cargas
de sinal positivo.

gõgj Análise
Faça a representação das linhas de campo para duas cargas puntuais negativas.

Força Elétrica -A Lei de Coulomb


Intensidade do Campo Elétrico
Quando olhamos para a representação das linhas de campo elétrico, podemos perceber que,
quando estamos próximos da carga, as linhas estão mais concentradas, ou seja, existe um grande
número de linhas de campo em uma determinada região do espaço. Quando nos afastamos, essa
densidade diminui e um número menor de linhas passa por dentro da circunferência, conforme a
ilustração.

A concentração das linhas de campo nos indica como é a intensidade do campo elétrico, ou
seja, ele diminui conforme nos afastamos da carga.
Para calcular o campo elétrico, é proposta a seguinte situação:
Uma pequena carga elétrica q, chamada de carga de prova, é colocada em uma região onde
existe um campo elétrico gerado por outra carga Q.

A carga de prova experimentará uma força elétrica F. O campo elétrico nesse local pode ser
calculado pela relação:

Força Elétrica -A Lei de Coulomb


WAVM*?! É importante notar aqui que o campo gerado pela carga Q não
Por definição, uma depende da outra carga q. Ele existe ali, independentemente de termos
carga de prova não colocado a carga q ou não.
interfere no campo elé¬
trico do local estudado. Como a força é medida em newton (N) e a carga em coulomb (C)
no SI, o campo elétrico é medido em newton por coulomb (N/C).

Aplicação

(MACKENZIE) Sobre uma carga elétrica de 2,0 • 10-6 C, colocada


em certo ponto do espaço, age uma força de intensidade 0,8 N.
Despreze as ações gravitacionais. A intensidade do campo elé¬
trico nesse ponto é:
a. 1,6 IO-6 N/C;
b. 1,3 IO’5 N/C;
c. 2,0 103 N/C;
d. 1,6 105 N/C;
e. 4,0 105 N/C.

Note que a carga é colocada em uma região em que já existe


um campo elétrico gerado por outra carga qualquer. Podemos
entender a situação conforme o desenho apresentado a seguir.
Não temos informação se a força é de atração ou de repulsão.

No entanto, com os dados apresentados, é possível calcular a


intensidade do campo elétrico no local onde a carga elétrica q foi
colocada.
F 0,8
0,4 • 106
q’^E” 2,0 IO-6
> E =

Resposta: e.

No seguinte vídeo você pode ver uma interessante aplicação para campos
elétricos na produção de azeite de oliva: <https://www.youtube.com/
watch?v=-xHrP_agQpk>.

Força Elétrica -A Lei de Coulomb


A Análise

1) (UEG-GO- Adaptado) Afigura abaixo representa as linhas de campo elétrico de duas cargas
puntiformes. Com base na análise da figura, responda aos itens a seguir.

a. Quais são os sinais das cargas A e B? Justifique.

b. Crie uma relação entre os módulos das cargas A e B. Justifique.

2) Determine a intensidade do campo elétrico, cuja carga de prova é igual a -6 pC, sujeita a
uma força cuja intensidade é de 12 N.

3) Uma carga de 2 C está situada num ponto P, e nela atua uma força de 4 N. Se esta carga de
2 C for substituída por uma de 3 C, qual será a intensidade da força sobre esta carga quando
ela for colocada no ponto P?

4) (FCM-SANTA CASA) Em um ponto do espaço:


I. Uma carga elétrica não sofre ação da força elétrica se o campo nesse local for nulo.
II. Pode existir campo elétrico sem que aí exista força elétrica.
III. Sempre que houver uma carga elétrica, esta sofrerá ação da força elétrica.
Use: C (certo) ou E (errado).
a. CCC.
b. CEE.
c. ECE.
d. CCE.
e. EEE.

:
Força Elétrica -A Lei de Coulomb
Façam, em grupos, uma pesquisa sobre os perigos e precauções a serem tomadas em rela¬
ção à eletricidade estática na atividade industrial. E, em seguida, respondam às questões:

1) 0 que a eletricidade estática tem a ver com os procedimentos de segurança no trabalho


para estes profissionais?

2) Quais são os procedimentos de segurança recomendados?

Seção de Sistematização
Durante esta unidade, vimos como alguns conceitos elementares de eletricidade
têm sido manipulados ao longo da história e como se tornaram fundamentais para a
nossa sociedade. Desde as primeiras interpretações filosóficas de Thales de Mileto e
Aristóteles, até as observações experimentais de Benjamin Franklin e Charles Coulomb.
Talvez agora possamos responder à pergunta: Como seria minha vida se a eletrici¬
dade deixasse de existir? Muitas pessoas argumentam que teríamos uma vida mais livre
e simples, enquanto outras têm calafrios só de pensar em não assistir à televisão ou
utilizar o computador e o celular. Debata com os colegas em qual grupo você se encaixa.
Unidade ÍH

Eletricidade Dinâmica -
Eletrodinâmica
N aunidade anterior, vimos a nossa dependência da eletricidade e de alguns conceitos
básicos sobre ela, mas não tratamos da tecnologia ligada ao nosso dia a dia. Nesta
unidade, vamos aprofundar nossos estudos, compreendendo conceitos usados diaria¬
mente, tanto para ligar um aparelho elétrico em casa como para a compra de um eletrodoméstico
em uma loja.
Ao ligarmos um equipamento em um local diferente de nossas casas, sempre faze¬
mos a pergunta: “Aqui é 110 V ou 220 V?”
Capítulo 1

Corrente Elétrica
Uma situação, no mínimo desagradável, que
já deve ter acontecido com muitos que têm chuveiro
elétrico em casa é, em pleno inverno, a água simples¬
mente esfriar no meio do banho.
Quando isso começa a acontecer com frequên¬
cia, você chama um eletricista e ele logo responde:
- Moço, o disjuntor não aguenta. Ele é de 40
amperes e você precisa de um de 50 amperes.

Por que será que o disjuntor fica desli¬


gando quando o indivíduo liga o chuveiro?
O que significa o termo “40 amperes'’?

O que o eletricista estava falando é que, quando ligamos o chu¬


veiro, ou qualquer outro aparelho elétrico, cargas elétricas circulam pelos
fios condutores e passam pelo disjuntor. Por motivo de proteção, quando
a quantidade de carga que passa pelo disjuntor no tempo de um segundo
é muito alta, ele desliga o circuito.
Quando temos cargas elétricas fluindo ordenadamente em um
condutor, dizemos que temos uma corrente elétrica, cuja intensidade i é
medida em amperes A e pode ser calculada por:

Em que AQ é a quantidade de carga elétrica, em coulomb (C), que


circula pelo condutor e At é o tempo em que isso ocorre.

‘WAJA
É comum encontrarmos correntes
elétricas pequenas expressas em seus
submúltiplos:
1 mA = 0,001 A = 10-3A
1 pA =0,000001 A = W^A

Corrente Elétrica
Na figura, vemos que os elétrons movimentam-se ordenadamente para a direita, enquanto
percebemos que a corrente elétrica i vai para a esquerda. Historicamente, por causa da falta de com¬
preensão dos fenômenos elétricos, criaram-se duas convenções para o sentido das correntes elétricas:
o real, que segue o movimento dos elétrons; e o convencional, que segue inversamente ao movimento
dos elétrons. A menos que seja detalhadamente mencionado, a partir de agora adotaremos sempre
o sentido convencional da corrente elétrica.

Elétrons em movimento

Movimento ordenado dos elétrons em um fio.

1) Um fio metálico é percorrido por uma corrente elétrica contínua e constante. Sabe-se
que uma carga elétrica de 64 C atravessa uma secção transversal do fio em 8,0 s. Sendo
e = 1,6 • 10’19 C a carga elétrica elementar, determine:
a. A intensidade da corrente elétrica.

Quando falamos em secção transversal, imagine você observando um segmento do condu¬


tor e contando a carga que passa por ali.

O texto nos informa a quantidade de carga AQ que atravessa o condutor em um intervalo


de tempo At; então, podemos calcular i a partir da equação:
AQ 64
"ÃF^1” 8^

Corrente Elétrica
b. 0 número de elétrons que atravessa uma secção do condutor no referido intervalo de
tempo.

Como vimos na unidade anterior, a quantidade de carga Q é dada pelo número n de elé¬
trons e que passam pelo condutor, ou seja,

Q=n.e n=
_
Q
n = ———-
64
n = 401019 =

Podemos colocar este número de uma forma mais clara?

400 000 000 000 000 000 000 elétrons

No exemplo resolvido, você calculou a intensidade da corrente elétrica e a quantidade de


elétrons que circularam no circuito proposto.

1) Pesquise qual é a corrente elétrica de seu chuveiro elétrico.

2) Qual é o tempo médio, em segundos, que você leva para tomar banho?

3) Então, qual é a carga que circula pelo seu chuveiro durante o seu banho?

4) Qual é a quantidade de elétrons que circula pelo seu chuveiro durante o seu banho?

É provável que você tenha concluído que o chuveiro elétrico é um dos maiores vilões no con¬
sumo de energia elétrica em nossas residências.

Corrente Elétrica
1) (UNISA) A corrente elétrica nos condutores metálicos é constituída de:
a. elétrons livres no sentido convencional;
cargas positivas no sentido convencional;
c. elétrons livres no sentido oposto ao convencional;
d. cargas positivas no sentido oposto ao convencional;
e. íons positivos e negativos fluindo na estrutura cristalizada do metal.

2) (FATEC) Sejam as afirmações referentes a um condutor metálico com corrente elétrica de 1A:
I. Os elétrons deslocam-se com velocidade próxima à da luz.
II. Os elétrons deslocam-se em trajetórias irregulares, de forma que sua velocidade média
é muito menor que a da luz.
III. Os prótons deslocam-se no sentido da corrente e os elétrons em sentido contrário.

É (são) correta(s):
a. I; b. I e II;
c. II; d II e III;
e. I e III.

3) (MED-TRIÂNGULO MINEIRO-MG) A corrente elétrica num fio de cobre é constituída pelo


deslocamento de:
a. elétrons; b. prótons;
c. íons negativos de cobre; d. íons positivos de cobre;
e. átomos de cobre.

4) Faça a conversão de corrente elétrica pedida:


a. 10 mA = A.
b. 0,8 A = mA.
c. 1A = pA.
d. 100 |u,A = mA.
e. 8 mA = pA.
f. 10 pA = A.

5) Uma bateria de automóvel, completamente carregada, libera 1,3 . 105 C de carga. Determine,
aproximadamente, o tempo em horas que uma lâmpada, ligada nessa bateria, ficará acesa,
sabendo que necessita de uma corrente constante de 2,0 A para ficar em regime normal de
funcionamento.


Corrente Elétrica\&F/
Corrente Contínua e Corrente Alternada
Quando ligamos uma lanterna ou qualquer aparelho elétrico que funcione com pilhas ou bate¬
rias, preocupamo-nos em ver se a colocação das pilhas está correta. Isso significa observar os polos
positivo (+) e negativo (-). Fazemos isso, porque esse tipo de fonte de alimentação é chamada de
fonte de corrente contínua (cc), ou seja, seus polos apresentam sempre um valor de diferença de
potencial constante (1,5 V, 9 V, 12 V...) e a corrente não muda de sentido.

Uma pilha ou bateria é uma fonte de corrente contínua (cc), enquanto a tomada de nossas casas é uma fonte de corrente alternada (ca).

No entanto, em casa, ao ligarmos uma televisão na tomada, essa preocupação não é necessária,
uma vez que os polos da tomada ficam mudando constantemente de sinal. Isso mesmo! Ao marcar¬
mos os polos de uma tomada no Brasil, veremos a primeira figura abaixo. Ao fazermos a mesma
marcação 8,33 ms depois, veremos a segunda imagem. Com isso, podemos dizer que nossas tomadas
são fonte de corrente alternada (ca), ou seja, mudam com uma frequência de 60 Hz.

A figura mostra uma tomada elétrica com seus polos marcados em um primeiro momento e sendo invertidos logo em seguida.

Na corrente alternada, como mostra o gráfico, a corrente oscila de zero até um valor máximo
positivo, volta para zero, vai para um valor máximo negativo e retorna a zero. Isso ocorre 60 vezes
em um segundo no Brasil.
|i

Representação gráfica da corrente alternada.

0 seguinte vídeo apresenta uma breve história da eletricidade, abordando o surgimento das primeiras pilhas
elétricas: <http://www.youtube.com/watch?v=IUgS7Uw-qBI>.

Corrente Elétrica
Efeitos da Corrente Elétrica
O uso da corrente elétrica em nosso dia a dia só é possível porque aprendemos a manipular
muitos dos seus efeitos. Entre eles, podemos citar os apresentados a seguir.

Efeitos Magnéticos
Mais à frente, veremos que a passagem da corrente elétrica por um condutor gera um campo
magnético, o qual pode ser aproveitado para a construção de eletroímãs, geradores elétricos, trans¬
formadores elétricos, motores elétricos e acopladores magnéticos.

Eletroímã manipulando sucata.

Transformador elétrico em um poste.

Efeitos Químicos
A indústria da metalização de materiais usa amplamente os fenômenos chamados de eletroquí-
micos, os quais consistem no controle de reações químicas com a passagem de corrente elétrica. Com
eles, é possível criar uma camada de proteção sobre um objeto, chamada de galvanização, niquelação,
zincagem e outros.

Efeitos Térmicos Quando uma corrente


elétrica elevada circula
por um condutor, este
Quando ligamos nosso chuveiro elétrico e tomamos um banho poderá aquecer. Se isso
acontecer e o disjuntor
quente e relaxante, estamos aproveitando um fenômeno chamado Efeito não desligar o circuito,
Joule. Ele consiste no aquecimento de um condutor elétrico pela passa¬ poderemos ter um
incêndio.
gem de uma corrente.

Corrente Elétrica
Efeitos Biológicos
Nosso cérebro funciona com pequenos impulsos
elétricos entre os neurônios, são esses impulsos que con¬
trolam todo o nosso corpo. Graças a eles, nosso cérebro
consegue controlar os movimentos do coração, pulmão,
braços, pernas e todos os outros órgãos, mesmo aqueles
movimentos que não percebemos.
Quando uma corrente de 1 mA passa por nosso
corpo, sentimos um leve formigamento. Com 10 mA,
perdemos o controle dos músculos. Uma corrente maior

Armyagov/Shutesck
Andrey
que essa pode ser fatal. Quando a corrente elétrica passa
pelo tórax, o coração e o pulmão perdem o ritmo de fun¬
cionamento, podendo levar a uma parada cardíaca ou
respiratória.
A eletricidade também afeta o nosso corpo.

O risco de choque elétrico em crianças


é maior pois além da curiosidade em
saber o que é aquele buraquinho na
Será que
parede, sua pele é mais delicada, faci¬
TV é 110 litando a passagem da corrente elétrica
220 V? e gerando graves queimaduras (Efeito
Joule e efeito químico).

A Tensão Elétrica
Video/Shutrsck
Um problema comum que ocorre atualmente é
comprarmos um eletrodoméstico em uma loja virtual
na internet e não percebermos que ele é alimentado em
and 220 volts (V), enquanto em nossas casas a rede é 110 volts
Phot
L (V), ou vice-versa. Quando o equipamento chega, somos
Pavel obrigados a efetuar a troca.
É muito comum nos referirmos
a ddp como voltagem, mas esta
O que significa dizer que a alimentação é
denominação é popular e não tem 110 volts ou 220 volts?
sentido técnico.
Alessandro Volta (1745-1827) Quando falamos que a tomada ou a pilha têm 110 V
criou as primeiras "pilhas" elé¬ ou 1,5 V, estamos nos referindo a uma grandeza chamada
tricas com base nos estudos dos
diferença de potencial elétrico (ddp), também conhecida
efeitos elétricos observados por
Luigi Galvani (1737-1 798) em com tensão elétrica. A ddp ou tensão é medida em volts (V)
pernas de rã. em homenagem ao físico italiano Alessandro Volta.

Corrente Elétrica
De uma forma simples, podemos dizer que a ddp é uma grandeza que nos diz qual é a energia
transferida a 1 C de carga ao passar por nosso equipamento elétrico, assim:
• 12 V - Significa que forneceremos 12 J de
energia a uma carga de 1 C para que ela possa
transitar por nosso aparelho.
• 220 V - Significa que forneceremos 220 J de
energia para cada carga de 1 C quando liga¬
mos nossos equipamentos elétricos.
Os valores de ddp que encontramos mais comu-
mente no nosso dia a dia são 1,5 V, 9 V e 12 V para
pilhas e baterias e 127 V, 220 V e 380 V para nos¬
sas tomadas. Isso mesmo! E errado dizer que nossa
tomada tem 110 V, ela tem, na realidade, 127 V, ou Grandes torres de transmissão de energia transportam eletricidade
algo próximo disso. a tensões acima de 50 000 V, chegando a 800 000 V em uma linha de
distribuição da Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Vá a uma loja de materiais de construção e procure uma embalagem de tomada e de inter¬


ruptor. Lá, você verá duas informações: 10 A - 250 V. Pergunte ao vendedor, ou pesquise o
que significam estas informações. Descreva abaixo o que você descobriu.

Resistência Elétrica
Quando aplicamos uma ddp em um aparelho elétrico, seus elétrons começam a fluir ordenada¬
mente, estabelecendo-se uma corrente elétrica, certo? Então, significa dizer que quanto maior a ddp
aplicada, maior será a corrente elétrica? Muito bem, estamos no caminho. Mas é só isso?
Não. Assim como você encontra dificuldades diferentes ao trafegar em locais diferentes
(asfalto, estradas de barro, areia, mato, etc.), os elétrons encontram dificuldades em diferentes mate¬
riais. Dizemos que eles encontram uma resistência elétrica.

A resistência elétrica é a oposição à passagem da corrente elétrica em um condutor.

Ela é uma grandeza física medida em ohm (Q) - em homenagem ao físico alemão Georg
Simon Ohm - e, em um circuito elétrico, os elementos que apresentam resistência elétrica são
chamados de resistores.

—A
Corrente Elétrica
Foi Ohm quem descobriu que a resistência elétrica R de um mate¬
Quando fazemos rial é obtida pela relação entre a ddp aplicada V e a corrente elétrica
V = R • I, percebemos estabelecida i, ou seja:
que a Lei de Ohm é
uma função de 1e grau
com coeficiente linear
igual a zero. Lei de Ohm

Alguns materiais apresentam comportamento linear, ou seja, a


resistência elétrica tem sempre o mesmo valor, independente da tensão
aplicada. Esses materiais são conhecidos como resistores ôhmicos.

Análise

Matematicamente, o que significa dizer que o comportamento


do material é linear?

Converse com os colegas e construa o esboço de um gráfico de


V i para um resistor ôhmico.

Em um chuveiro elétrico alimentado por uma tensão de 127 V,


circula uma corrente de 40 A. Calcule a resistência elétrica do
chuveiro.

De acordo com a Lei de Ohm, temos:


V 127
R=— = 3,2Q
i

Corrente Elétrica
jjSgj Análise

Uma serpentina é um resistor usado para aquecer reservatórios de água. Considere uma
serpentina de aquecimento que, ligada a uma linha de 110 V, consome 2,5 A. Determine a
resistência elétrica dessa serpentina.

(FMTM-MG) Um resistor, quando submetido a uma tensão de 10 V, é percorrido por uma


corrente elétrica de 0,5 A. O mesmo resistor, quando submetido a uma tensão de 50 V, é
percorrido por uma corrente elétrica de 2,0 A.
a. Qual o valor da resistência desse resistor em cada caso?

b. Trata-se de um resistor ôhmico? Justifique.

(UEL-PR - Adaptado) Três condutores X, Y e Z foram submetidos a diferentes tensões V e,


para cada tensão, foi medida a respectiva corrente elétrica i, com a finalidade de verificar
se os condutores eram ôhmicos. Os resultados estão na tabela que segue:

Condutor X Condutor Y Condutor Z


i (A) V (V) i (A) V(V) i(A) V(V)
0,30 1,5 0,20 1,5 7,5 1,5
0,60 3,0 0,35 3,0 15 3,0
1,2 6,0 0,45 4,5 25 5,0
1,6 8,0 0,50 6,0 30 6,0

De acordo com os dados da tabela, somente:


a. o condutor X é ôhmico;
b. o condutor Y é ôhmico;
c. o condutor Z é ôhmico;
d. os condutores X e Y são ôhmicos;
e. os condutores X e Z são ôhmicos.

B
Corrente Elétrica\^^F/
Considere que, em sua casa, você tenha uma alimentação de 220 V e o disjuntor da caixa
de entrada seja de 40 A. Calcule qual é a resistência elétrica equivalente de sua residência
quando você tiver aparelhos elétricos ligados, de forma a ter uma corrente elétrica igual ao
máximo suportado pelo disjuntor.

(UFG-GO) Nos choques elétricos, as correntes que fluem através do corpo humano podem
causar danos biológicos que, de acordo com a intensidade da corrente, são classificados
segundo a tabela abaixo:

Corrente elétrica Dano biológico


1 Até 10 mA Dor e contração muscular.
II De 10 mA até 20 mA Aumento das contrações musculares.
III De 20 mA até 100 mA Parada respiratória.
IV De 100 mA até 3 A Fibrilação ventricular que pode ser fatal.
v Acima de 3 A Parada cardíaca, queimaduras graves.

Considerando que a resistência do corpo em situação normal é da ordem de 1 500 O, em


qual das faixas acima se enquadra uma pessoa sujeita a uma tensão elétrica de 220 V?
a. I.
b. II.
c. III.
d. IV.
e. V.

Resistividade Elétrica
A resistência de um resistor é determinada por um conjunto de fatores combinados. Como
exemplo, vamos considerar um pedaço de um condutor elétrico, como mostrado no desenho.
Experiências mostram que:

Representação de um condutor elétrico.

• quanto maior o comprimento L, maior será a resistência elétrica;


• quanto menor a área A do condutor, maior será a resistência;
• mudando o material, muda também a resistência.

Corrente Elétrica
Quando falamos em mudar o material, estamos nos referindo a
uma grandeza elétrica que é característica de cada material, a resistivi-
dade elétrica p. É ela que nos diz que o cobre conduz melhor do que o
ferro e do que uma cerâmica isolante. É ela que determina se o material
é classificado como isolante ou condutor elétrico. Ela é definida, além
da composição do material, pela temperatura dele. A tabela mostra a
relação de alguns materiais e suas resistividades a 20 °C.
Alguns materiais e suas resistividades elétricas a 20° C
Material p em Qm a 20 °C
Prata 1,59 • IO’8
Cobre 1,72 • IO’8
Ouro 2,44 • IO’8
Alumínio 2,82 • IO8
Ferro 1,0 • IO’7
7
Chumbo 2,2 IO

Mercúrio 9,8 • IO’7


Silício 6,40 • 102
Vidro 1010 a 1014
PET 1020
Teflon 1022 a 1024

Note que a resistividade é medida em Qm, no SI.


Colocando todas estas observações juntas, é possível estabelecer
uma relação matemática da forma:

Análise

Olhando para a tabela acima, qual é o material que você diria ser
um melhor condutor de eletricidade? E qual é o pior condutor?
Explique o que guiou a sua avaliação.

Corrente Elétrica
«IAplicação

(PUC-SP) Dois fios condutores Fx e F2 têm comprimentos iguais e


oferecem à passagem da corrente elétrica a mesma resistência.
Tendo a secção transversal de Fx o dobro da área da de F2 e cha¬
mando px e p2, respectivamente, os coeficientes de resistividade
de Fx e F2, a razão pyp2 tem valor:

a. 4;
b. 2;
c. 1;

Como os condutores têm comprimentos iguais e oferecem a


mesma resistência, então temos que Lx = L2, Rx = R2 e Ax = 2A2. Da
equação da resistividade:

Então, temos

Por isso, a razão será

P2 R2 .

P2
Resposta: b.

Isso significa que, apesar de termos os mesmos valores de resis¬


tências, os condutores de comprimentos iguais são feitos de
diferentes materiais.

0/
Corrente Elétrica
1) (UFBA) 0 valor da resistência elétrica de um condutor ôhmico
não varia, se mudarmos somente:
a. o material de que ele é feito;
b. seu comprimento;
c. a diferença de potencial a que ele é submetido;
d. a área de sua secção reta;
e. a sua resistividade.

2) (MED. VIÇOSA) Se um resistor de cobre tiver o seu compri¬


mento e o seu diâmetro duplicado, a resistência:
a. é multiplicada por quatro;
b. permanece a mesma;
c. é dividida por dois;
d. é multiplicada por dois;
e. é dividida por quatro.

3) (EESC-SP) A resistência elétrica de um fio de 300 m de compri¬


mento e 0,3 cm de diâmetro é de 12 Q. A resistência elétrica
de um fio de mesmo material, mas com diâmetro de 0,6 cm e
comprimento igual a 150 m, é de:
a. 1,5 Q;
b. 6Q;
c. 12 Q;
d. 24 Q;
e. diferente das anteriores.

Corrente Elétrica
4) 0 filamento de tungsténio de uma lâmpada tem resistência de 40
a 20 °C. Sabendo que sua secção transversal mede 0,12 mm2 e
que a resistividade vale 5,51 gQm, determine o comprimento do
filamento.

5) (EFOA-MG) Dois pedaços de fios de cobre cilíndricos têm o mesmo


comprimento. Um tem diâmetro 2 mm e resistência elétrica R2, o
outro tem diâmetro 3 mm e resistência elétrica R .
R
a. Qual o valor da razão —?
R3

b. Nas instalações elétricas os fios mais grossos são utilizados para


circuitos percorridos por correntes elétricas de maior inten¬
sidade. Qual a justificativa, sob o ponto de vista da segurança
dessas instalações, desse procedimento?

(^7
Corrente Elétrica
Capítulo 2

Potência e Energia Elétrica


Atualmente, existe uma grande tendência em trocarmos nossas tradicionais lâmpadas incan¬
descentes por lâmpadas económicas, LEDs.

Lâmpada incandescente. Lâmpada LED.

A Reflexão

Debata com os colegas as seguintes questões:

1) Por que as pessoas trocam as lâmpadas incandescentes pelas chamadas lâmpadas


económicas?

2) Comumente os fabricantes de lâmpadas LEDs dizem que as lâmpadas de 13,5 W fornecem


a mesma potência luminosa que uma de 100 W tradicional. O que isso quer dizer?

Potência e Energia Elétrica


Como já estudamos, a unidade watt (W) é aplicada à potência e, nesse caso, a potência elétrica
de um equipamento pode ser calculada por:

l ’’■i v

Aprendemos também que a potência está relacionada com o consumo de energia (E) do equi¬
pamento em um determinado tempo. Então, podemos estabelecer a seguinte relação:

Da mesma forma que foi mostrado anteriormente, a unidade para energia elétrica no SI é o
joule (J). No entanto, usualmente a empresa que fornece energia elétrica para nossas casas e indús¬
trias mede a energia elétrica consumida em quilowatt-hora (kWh). Esta unidade surge pela medida
da potência elétrica utilizada multiplicada pelo tempo em horas:

1) Pesquise em sua casa a potência de cinco aparelhos elétricos.

2) Estime, aproximadamente, quantas horas cada aparelho fica ligado em um mês.


(Exemplo: uso a máquina de lavar roupa duas vezes por semana durante 4 horas, tendo
um total de 32 horas ao mês). Multiplique a potência de cada aparelho pelo tempo
ligado.

Potência e Energia Elétrica


A resposta ao último item da atividade de pesquisa corresponde a uma aproximação da energia
consumida por cada equipamento. Como podemos ver, consumimos mais energia em equipamentos
com maior potência e que permanecem mais tempo ligados. Quem faz essa medida de energia consu¬
mida em nossa residência é o chamado “relógio de luz” que a companhia de fornecimento de energia
instala. Uma vez por mês, esse consumo de energia é anotado e registrado em um boleto chamado
de conta de energia elétrica, no qual é feita a conversão deste consumo para o custo em dinheiro.
Como exemplo, veja a imagem a seguir, de uma fatura de empresa que distribui energia elé¬
trica. Nela, é mostrado um histórico de consumo em kWh e o valor correspondente.

COMPANHIA DE ENERGIA ELÉTRICA


Mes de referencia N5 de Identificação
Nononononnonononononononononononononon
Junho/2018 48839728
Av. Cândido de Abreu, 123
Centro Cívico - Curitiba - PR Vencimento VALOR A PAGAR
CEP 80530-000
26/07/2018 R$ 70,50

Histórico de Consumo e Pagamento Valores Faturados


Mês kW/h Dt. Pgto. Valor NOTA FISCAL/CONTA DE ENERGIA ELÉTRICA N9 001,517.068 SÉRIE - B
05/2018 117 30/05/2018 58,58 Emitida em: 09/07/2018
04/2018 128 18/04/2018 65,94
03/2018 111 02/04/2018 55,65 Produto Valor Base Alíq.
02/2018 155 05/03/2018 77,16 Descrição Unid. Consumo Total Calc. ICMS
01/2018 135 24/01/2018 68,00
Energia Elétrica Consumo kW/h 141 70,50 70,50 29,00%
Total - Preço (1) 70,50
Cont. Ilumin. Pública Município 24,73
Total - Outros (2) 24,73

Análise

Com base na fatura apresentada, calcule o valor cobrado por cada kWh fornecido.

Potência e Energia Elétrica


(USJT-SP) Por um fio de ferro, de resistividade elétrica p = 1,0 • 10-7 fim,
comprimento L = 100 m e área da secção reta A = 1,0 • 106 m2, circula
uma corrente elétrica de 1,0 A.
a. Qual é a resistência elétrica do fio de ferro?
L 100
R= = R = 10 íl
PT^R (i,oio-7)TÕ^
b. Qual é a energia elétrica dissipada ao longo desse fio, em 10 s?

Pela Lei de Ohm:


V = R •i —» V = 10 • 1,0 /.

A potência elétrica será:

P=i•V -> P = 1,0 • 10

Então, a energia consumida será:

^elétrica ELETRICA
= 10-10 !lt.
eletnca
=100J

Note que aqui trabalhamos no SI e, portanto, a energia foi dada em joule.

1) (PUCCAMP) Qual a intensidade da corrente elétrica que atravessa o


filamento de uma lâmpada de incandescência de 120 V e 60 W? Qual a
resistência do filamento?
a. 0,50 A e 2,4 102 íl.
b. 1,00 A e 4,8 • 102 íl.
c. 1,50 A e 0,80 • 102 íl.
d. 1,00 A e 1,2 102 íl.
e. n.d.a.

Potência e Energia Elétrica


2) (UNIFESP) Atualmente, a maioria dos aparelhos eletrónicos,
mesmo quando desligados, mantêm-se em standby, palavra
inglesa que, nesse caso, significa "pronto para usar". Manter o
equipamento nesse modo de operação reduz o tempo neces¬
sário para que volte a operar e evita o desgaste provocado nos
circuitos internos devido a picos de tensão que aparecem no
instante em que é ligado. Em outras palavras, um aparelho
nessa condição está sempre parcialmente ligado e, por isso,
consome energia. Suponha que uma televisão mantida em
standby dissipe uma potência de 12 watts e que o custo do qui-
lowatt-hora é R$ 0,50. Se ela for mantida em standby durante
um ano (adote 1 ano = 8 800 horas), o custo do consumo de
energia será, aproximadamente, de:
a. R$ 1,00;
b. R$ 10,00;
c. R$25,00;
d. R$ 50,00;
e. R$ 200,00.

3) (UFPB) Um chuveiro elétrico tem resistência de 24 Q e, quando


ligado à rede de fornecimento de energia, fornece uma potência
de 2 kW. Qual o valor, em ohms, da resistência que deveria ser
usada para que o chuveiro tivesse a sua potência triplicada?

Potência e Energia Elétrica\^P/


Circuitos Elétricos
Vimos, nesta unidade, como calcular parâmetros como corrente, tensão aplicada, resistência e
potência para um dispositivo em um circuito elétrico.
Mas uma pergunta surge quando observamos as nossas residências:
Como faço para calcular estes parâmetros para toda a minha casa? Devo simples¬
mente somar tudo?

Representação de um circuito elétrico.

Para calcular corretamente a instalação elétrica de uma residência, ou qualquer outro circuito
elétrico, devemos aplicar algumas técnicas. Nesta unidade ainda estudaremos os circuitos mais sim¬
ples existentes, que são as ligações de resistores, chamadas de ligação em série e ligação em paralelo.

Representação de Circuitos
Para simplificar o desenho de um circuito elétrico, são adotados alguns símbolos mostrados a
seguir:
Símbolos usados na representação de circuitos elétricos.
Símbolo Significado

— ou
A/W Resistência elétrica

Pilha ou bateria (fonte de


— — corrente contínua)

Fonte de corrente alternada

:
Potência e Energia Elétrica
Símbolo Significado

Lâmpada

Interruptor

Então, se quiséssemos fazer o circuito de um chuveiro elétrico (resistência R) ligado a uma


rede sob uma ddp de 127 V, com um interruptor para ligá-lo, faríamos o seguinte desenho:

Caso tivéssemos mais dados, como o valor da resistência ou da potência do chuveiro, podería¬
mos indicar ao lado do elemento.

Ligações em Série

Você encontra circuitos


ligados em série nas
lâmpadas de Natal.
Note que, quando uma
delas queima, o circuito
inteiro deixa de funcio¬
nar. Encontra, também,
reguladores de intensi¬
dade luminosa (dimer),
que ficam ligados em
série com a lâmpada
que deseja controlar.

Sabemos que um conjunto de resistores está ligado em série quando a corrente elétrica i que
sai da fonte passa por todos os elementos do circuito sem sofrer divisões, ou seja:

Potência e Energia Elétrica


Com isso, este tipo de circuito tem mais duas características:
• A resistência total do circuito é a soma de todas as resistências
individuais:

• A ddp fornecida pela fonte é igual à soma das quedas de tensão


individuais (ddp de cada resistor):

V = V, + V2 + V3 + ...

A resistência total também pode ser chamada de resistência equi¬


valente. Esse nome é dado porque é possível substituir todos os resistores
por um único resistor com valor da resistência equivalente, não alterando
a ddp entre os terminais e a corrente elétrica total do circuito.

(UEMT - Adaptado) A diferença de potencial entre os extremos


de uma associação em série de dois resistores de resistências
10 O e 100 Q é 220 V. Qual é a diferença de potencial entre os
extremos do resistor de 10 Q?
10Q 100 Q

Hl-
220 V

Como podemos ver, a corrente elétrica que sai da fonte circula por
todos os resistores, caracterizando um circuito em série. Com isso,
podemos calcular a resistência total do circuito:

R = 10 + 100 /. R = 110Q

Tendo a resistência total do circuito e a ddp aplicada, podemos


usar a Lei de Ohm para calcular a corrente elétrica total:
220
v=Ri i= i= 2 A
T 110
Note que essa corrente é a mesma que circula no resistor de 10 Q,
que chamaremos de Rr Novamente usamos a Lei de Ohm para
calcular a ddp sobre este resistor:

Vi Ri-i
= V1 = 10-2 .-. IV = 20 V

.
Potência e Energia Elétrica
A Análise

Com base na atividade de aplicação da página anterior, resolva o


que é pedido:

1) Calcule a ddp no resistor de 100 Q.

2) Qual é a soma de \Zxe V2?

3) Calcule a potência dissipada em cada resistor.

Calcule a potência total dissipada no circuito.

Potência e Energia Elétrica


Ligações em Paralelo
Em nossas casas, quase todos os aparelhos elétricos são ligados em paralelo. Note que, quando
você desliga uma lâmpada ou ela queima, isso não interfere (ou não deveria) em qualquer outro
aparelho.

Representação de uma ligação em paralelo.

Sabemos que um circuito está ligado em paralelo quando a tensão que alimenta os resistores
é igual, ou seja:

O ponto onde ocorre a divisão da corrente elétrica é chamado de nó e, pelo princípio de con¬
servação de carga, temos que a soma das correntes que chegam a um nó é igual à soma das correntes
que saem do nó, ou seja:

A resistência total, ou equivalente (Req), do circuito é calculada por:

1111
r- v-
= +
eq
+
1 2
~r~3

Ou podemos calcular a resistência equivalente sempre a cada dois resistores, da seguinte


maneira:

R? . R3 Rj . R23
e Rm=
R2 + R3 R, + R23

Em que R2 3
é o resistor equivalente que pode substituir os resistores R2 e R3, ligados em
paralelo.
Vamos compreender melhor resolvendo um exercício.

Potência e Energia Elétrica


Analisando o circuito abaixo, constituído de uma fonte de tensão e dois resistores, deter¬
mine a corrente total fornecida pela fonte.

Para calcular a corrente total, precisamos saber a resistência total do circuito, que pode ser
calculada por:
111 111 1 1+2 1 3
+
R-
eq “~r7 ”r721
R-
eq
~~24+~Í2 R-
eq

24 R-
eq
~24

24
R eq = A R eq =8Q
3

Agora, usando a Lei de Ohm, temos:


V 72
V = R-i -> i = > i i=9A
R ~8~

Análise

1) Com base no exercício resolvido acima, responda às próximas três questões.


a. Qual é a tensão elétrica aplicada sobre o resistor de 24 Q no exercício resolvido?
E sobre o de 12 Q?

Potência e Energia Elétrica


b. Calcule as correntes elétricas que circulam em cada resistor.

c. Calcule a potência dissipada em cada resistor e a potência total.

Duas resistências Rx = 1 Q e R2 = 2 Q estão ligadas em série a uma bateria de 12 V. Calcule:


a. a resistência equivalente;

b. a corrente total do circuito.

Determine a resistência equivalente das associações abaixo.

4Q 6Q
W MW^
+

b.
11 kQ 2kQ 2kQ 100 kQ 1 kQ

+
—MW
R1
MW
R2
MW
R3
MW
R4
MW
RS

Potência e Energia Elétrica


4) Na associação representada, a resistência do resistor equivalente vale 28 Q. Calcule o valor
da resistência desconhecida.
12Q ?

^MMA^ ^AAW\^

Associam-se em série dois resistores, sendo R1 = 10 Q e R2 = 15 Q. A ddp entre os extremos


da associação é de 100 V. Determine:
a. a resistência equivalente da associação;
b. a corrente que atravessa os resistores;
c. a ddp em cada resistor.

6) Três resistências estão ligadas em paralelo a uma bateria de 12 V. Calcule:


a. a resistência equivalente da associação;
b. as correntes iv e
i2 i3;
c. a corrente total do circuito.

Calcule o valor da resistência R2, sabendo que a resistência equivalente da associação vale 4 Q.

Potência e Energia Elétrica


8) Por que é mais perigoso trabalharmos em tensões de circuitos alimentados por 127 V ou
220 V do que os alimentados por 12 V?

9) Pensando na Lei de Ohm, explique por que uma criança sofre maiores danos ao levar um
choque do que um adulto.

Mesmo com tantos perigos, aplicar elevadas tensões elétricas


em uma pessoa pode salvar a sua vida. Faça uma pesquisa na
W
<PERIGQ
^ALTA^
e b s p a r k / S h u t o c
internet a respeito do funcionamento do desfibrilador. Debata TENSÃO
com os colegas o que você encontrou e descreva a seguir.

Seção de Sistematização
Nesta unidade, vimos alguns conceitos básicos relacionados à utilização da ele¬
tricidade em nossas vidas. Estudamos como o consumo de energia elétrica é medido e
como a potência e o tempo em que os aparelhos elétricos ficam ligados interferem na
conta de luz.
Entendemos também como ligações em série ou paralelo são utilizadas em nosso
dia a dia. No entanto, para que possamos realmente fazer estas ligações em circuitos
alimentados pela rede elétrica pública, devemos chamar um profissional habilitado,
pois os efeitos biológicos, térmicos (Efeito Joule) e até químicos sobre nossos corpos
podem ser, no mínimo, desagradáveis.
Eletromagnetismo
Atualmente, muito se fala em fontes de energia renováveis e em sustentabilidade, logo, se
entendermos o processo de geração de energia elétrica, poderemos pensar em formas menos agres¬
sivas de produzi-la.
Em algum momento da sua vida, você já se perguntou como é produzida a
energia elétrica que chega a nossas casas? O que a produção de energia elétrica tem
a ver com imãs?
Capítulo 1

Propriedades Magnéticas da
Matéria ••••••••••
Os gregos, na região
Atualmente, sabemos que um imã tem um polo norte e um polo sul, da Magnésia - Ásia
convenção adotada por Pierre de Maricourt, em 1269, após experimentos Menor - foram os pri¬
realizados com a magnetita. meiros a tentar explicar
uma rocha que atraia
Materiais que possuem propriedades magnéticas e que estão pre¬ pedaços de ferro, para
sentes de forma corriqueira em nossas vidas são: ferro (Fe), cobalto (Co), a época isso era um
mistério. Essa rocha,
níquel (Ni) e muitas de suas ligas. A origem das propriedades magnéticas que é um óxido de ferro
desses materiais está na sua estrutura eletrónica. (Fe3O4), foi denominada
magnetita, um imã natu¬
A figura abaixo mostra um imã e seus respectivos polos. Assim ral, devido ao nome da
como uma carga elétrica (visto na Unidade 9) apresenta uma região ao região onde foi encon¬
seu redor denominada campo elétrico, representada por linhas de campo, trada. Estudos mostram
que os chineses, no
os imãs apresentam uma região similar, porém ela é chamada de campo início da Era Cristã já
magnético. Por convenção, essas linhas saem do polo norte e entram no utilizavam a magnetita
polo sul do imã. como bússola.

A figura abaixo mostra um experimento com limalhas de ferro (ferro em pó) salpicadas sobre
uma folha de papel que tem em cima um imã em forma de barra. Note que as limalhas se arranjam
conforme as linhas de campo magnético do imã.
Assim, qualquer material com propriedades magnéti¬
cas, inserido nessas linhas de campo, sentirá a presença do í
imã, por meio de uma força magnética. Experimentalmente, |
verificamos que quanto mais longe estivermos de um dos|
polos do imã, menor será a força de interação magnética, i
Isso significa que a concentração de linhas de campo mag- |
nético é maior próximo aos polos.
Experimento com limalhas de ferro.

Propriedades Magnéticas da Matéria


A unidade de campo magnético no SI é o tesla (T), e uma unidade que ainda é muito usada é
o Gauss (G), em que:

I 1G = lO^T

Análise

Você provavelmente já brincou com um imã, já percebeu que ele atrai uma moeda ou
prego, por exemplo, mas não atrai um palito de fósforo ou a sua própria mão. Debata com
os colegas por que esta interação ocorre com alguns materiais e com outros não. Registre
abaixo a resposta a que chegaram.

Magnetismo Terrestre
Desde a descoberta da magnetita e seu uso como
bússola, sabemos que a Terra possui campo magnético.
Atualmente, ainda há controvérsias a respeito da ori¬
gem do magnetismo terrestre. Mas a verdade é que
esse magnetismo existe. Prova disso é o alinhamento
das bússolas na direção norte-sul.
A figura ao lado mostra a Terra e seu respectivo
campo magnético. Perceba que, no polo norte geo¬
gráfico, temos o polo sul magnético. Já no polo sul
geográfico, temos o polo norte magnético. Assim, na
bússola, a parte pintada de vermelho é o polo norte do
imã da bússola, ora, o polo norte da bússola é atraído pelo polo sul magnético da Terra.
Isso ocorre, pelo fato de que polos magnéticos de mesmo nome se repelem e os de nomes
diferentes se atraem.
Como você já deve ter notado, as propriedades de atração e repulsão dos imãs são análogas
ao que foi visto em eletrostática, em que cargas de sinais contrários se atraem e de sinais iguais se
repelem.

> ^Assista aos seguintes vídeos e descubra a importância do campo magnético para o nosso planeta:
• <http://www.youtube.com/watch?v=ul-RYOhpjAg>.
• <http://www.youtube.com/watch?v=RgbsFeli2J8>.

Propriedades Magnéticas da Matéria


Campo Magnético
Como já foi dito, corpos com propriedades magnéticas geram ao
seu redor um campo magnético. Um prego que é constituído de uma liga
de ferro e carbono, não tem propriedades magnéticas macroscópicas,
porém, ao se aproximar de um imã, o prego “sente” a presença do imã,
pois cada um de seus átomos de ferro interage com o campo magnético do
imã. Se deixarmos este prego por algum tempo junto a esse imã, o prego
passará a se comportar como um novo imã, quando dizemos que ele foi
imantado. Após algum tempo, essa imantação será perdida, por causa da
agitação térmica e possíveis pancadas que ele venha a receber.

Pegue um imã, pode ser, por exemplo, de um alto-falante, e um


prego. Aproxime o imã lentamente do prego, descreva o que
você percebe.

Representação de um campo magnético.

Perceba que as linhas de campo da figura mostram por onde passa,


em cada ponto ao redor do imã, o campo magnético. As pequenas bússolas
colocadas neste campo do imã evidenciam que ele, o campo magnético, é
tangente às linhas de campo. Dessa forma, podemos concluir:

O campo magnético é uma grandeza física vetorial e, por¬


tanto, tem módulo, direção e sentido.

Propriedades Magnéticas da Matéria


A figura ao lado ilustra um campo magnético (B) uniforme,
sua direção (norte-sul) e seu sentido (do norte para o sul).
Outra característica importante dos materiais magnéticos
é que, ao contrário das cargas elétricas, o polo norte e o polo
sul sempre estarão presentes no material, como mostra a figura
abaixo. Então, por mais que se divida um imã em vários pedaços,
esses sempre terão um polo norte e um polo sul.

B Atualmente, diversas aplicações têm sido dadas para os imãs, veja esse vídeo que mostra algumas aplicações
interessantes: <http://www.youtube.com/watch?v=GgXdoBS_XpA>.

Eletricidade e Magnetismo
Até 1820, não se sabia ao certo se havia uma relação entre
eletricidade e magnetismo, mas muitos cientistas se ocupavam em
tentar explicar esses fenômenos que até então eram, muitas vezes,
usados somente como diversão. Porém, o cientista dinamarquês
Hans Christian Oersted (1777-1851), em um de seus experimen¬
tos com a corrente elétrica, utilizando a pilha desenvolvida pelo
cientista italiano Alessandro Volta (1745-1827), conseguiu verifi¬
car a relação entre o magnetismo e a eletricidade.
No experimento, ele percebeu que, quando ligava um cir¬
cuito elétrico e uma corrente elétrica passava a fluir, uma bússola
posicionada próxima ao circuito e alinhada paralelamente ao fio,
saía de seu alinhamento norte-sul. Quando o circuito era desli¬
gado, a bússola retornava à posição original, norte-sul, como
mostra a figura ao lado. Essa descoberta revolucionou os estu¬ Representação do experimento de Oersted.
dos da eletricidade e do magnetismo, nascendo, a partir daí, uma
nova ciência denominada eletromagnetismo.
Vale a pena mencionar que toda a geração de energia
elétrica, bem como os dispositivos elétricos que utilizamos atual¬
mente, foi desenvolvida graças a esse simples experimento reali¬
zado por Oersted.

t
Propriedades Magnéticas da Matéria
Campo Magnético (B) e Carga
Elétrica (q)
A partir da experiência de Oersted, podemos concluir que cargas elétri¬
cas em movimento geram campos magnéticos. Então, poderíamos perguntar:
O que acontece quando uma carga elétrica é imersa num
campo magnético?
Vamos considerar uma região com campo magnético uniforme, ou seja,
o valor do campo magnético é constante em qualquer ponto dessa região.
Se colocarmos uma carga elétrica em repouso nessa região nada acontecerá,
porém, se essa mesma carga elétrica entrar nessa região com uma velocidade
v e uma direção diferente de B (ângulo 0 entre B e v diferente de zero e
180°), uma força F agirá sobre essa carga. E essa força é sempre perpendicu¬
lar a B e a v e o seu sentido depende apenas do sinal da carga elétrica. Assim,
podemos definir o módulo de B pela expressão:

F
q • v • sen 0

Representação das grandezas vetoriais


envolvidas na expressão.

A figura apresentada acima mostra as três grandezas vetoriais envol¬


vidas na expressão acima: B, v e F. O sentido de F é dado pela regra da
mão direita. Nessa regra, indicamos o sentido da velocidade de uma carga
q positiva pelo dedo polegar, o campo magnético pelos outros quatro dedos
esticados e a força no sentido do “tapa”, como ilustrado ao lado.

Propriedades Magnéticas da Matéria


Assim, se a carga for positiva, o sentido da força será no sentido do
“tapa”, se for negativa terá sentido oposto.
Para representar vetores entrando ou saindo da página, usamos a
seguinte convenção:

Entrando no plano da página.

Ç) Saindo do plano da página.

Para complementar os seus estudos, veja o seguinte vídeo na internet:


<http://www.youtube.com/watch?v=WYBMsckuKKI>.

Analisando a figura a seguir e supondo a região do campo mag¬


nético com dimensões extremamente grandes (tendendo ao
infinito), e usando a regra da mão direita, debata com os cole¬
gas e professor qual será a trajetória e o sentido descrito pela
carga se:

a. a carga for positiva;


b. a carga for negativa.

Propriedades Magnéticas da Matéria


(UFRS - Adaptado) A figura a seguir representa uma região do espaço no interior de um
laboratório, onde existe um campo magnético estático e uniforme. As linhas do campo
apontam perpendicularmente para dentro da folha, conforme indicado. Uma partícula car¬
regada negativamente é lançada a partir do ponto P com velocidade inicial vo
em relação
ao laboratório.

X X X X X X
X X X X X X
X X X PX X X
X X X •
X X X
X X X X X X
X X X X X X

Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo, referentes ao movimento


subsequente da partícula, com respeito ao laboratório.
I. Se vo for perpendicular ao plano da página, a partícula seguirá uma linha reta, man¬
tendo sua velocidade inicial.
II. Se 7 apontar para a direita, a partícula se desviará para o pé da página.
III. Se vo apontar para o alto da página, a partícula se desviará para a direita.

A sequência correta, de cima para baixo, é:


a. V-V-F;
b. F-F-V;
c. F-V-F;
d. V-F-V;
e. V-V-V.
F
I) Verdadeira: pela relação B = -> F = B q v sen GY como o ângulo entre a
q v sen 0
velocidade e o campo magnético será 0o ou 180°, e como sen 0o = sen 180° = 0; então,
nenhuma força magnética age sobre a carga que seguirá em linha reta com sua veloci¬
dade inicial.
F=B •q •v 0

II) Verdadeira, pela regra da mão direita.


Ill) Verdadeira, pela regra da mão direita.

Resposta: e.

Propriedades Magnéticas da Matéria


Análise

1) (SANTA CASA) Uma partícula com carga elétrica q, não nula, e


massa M, penetra numa região R onde existe um campo magné¬
tico uniforme, onde foi feito o vácuo. A carga penetra na região R
numa direção perpendicular ao campo magnético. Nestas condi¬
ções, e não havendo outras interações com a partícula, considere
as seguintes afirmações relacionadas com a partícula em R:
I. O movimento da partícula é retilíneo e uniforme.
II. O movimento da partícula é circular, sendo que sua veloci¬
dade aumenta com o tempo.
III. A partícula está constantemente sob a ação de uma força per¬
pendicular à direção do seu movimento.

Qual(ais) desta(s) afirmativa(s) é(são) correta(s)?


a. Somente I.
b. Somente II.
c. Somente III.
d. I e II.
e. II e III.

2) (PUC-RS- Adaptado) Um feixe de elétrons incide horizontalmente


no centro do anteparo. Estabelecendo-se um campo magnético
vertical para cima, o feixe de elétrons passa a atingir o anteparo
em que região?

Feixe de
elétrons

a. Região 1.
b. Região 2.
c. Segmento OB.
d. Segmento OA.
e. Região 3.

Propriedades Magnéticas da Matéria


3) ( UFRRJ - Adaptado) Uma partícula de carga q entra com velocidade vo numa região onde
existe um campo magnético uniforme B.

No caso em que vo e B possuem a mesma direção, podemos afirmar que a partícula:


a. sofrerá um desvio para sua direita;
b. sofrerá um desvio para sua esquerda;
c. será acelerada na direção do campo magnético uniforme B;
não sentirá a ação do campo magnético uniforme B;
e. será desacelerada na direção do campo magnético uniforme B.

4) (UFSCAR-SP - Adaptado) O professor de física decidiu ditar um problema "para casa", fal¬
tando apenas um minuto para terminar a aula. Copiando apressadamente, um de seus
alunos obteve a seguinte anotação incompleta:

Um elétron ejetado de um acelerador de partículas entra em uma câmara com velocidade


de 8 • 105 m/s, onde atua um campo magnético uniforme de intensidade 2,0 10-3...

Determine a intensidade da força magnética que atua sobre o elétron ejetado, sendo a
carga de um elétron -1,6 • 10-19...

Sabendo que todas as unidades referidas no texto estavam no Sistema Internacional:


a. Quais as unidades que acompanham os valores 2,0 10“3 e -1,6 • 10"19, nesta ordem?
b. Resolva a "lição de casa" para o aluno, considerando que as direções da velocidade e do
campo magnético são perpendiculares entre si.

Propriedades Magnéticas da Matéria


Corrente Elétrica e Campo Magnético
A partir do experimento de Oersted, vimos que quando uma corrente elétrica, que é o
movimento ordenado de cargas elétricas, se estabelece em um fio, há o surgimento de um campo
magnético. Agora, vamos entender a forma deste campo magnético, em várias situações, bem como
determinar a sua intensidade.

Campo Magnético Gerado em um Fio Retilíneo


Experiências realizadas posteriormente mostram que o campo magnético descoberto por
Oersted em um fio possui forma circular e é concêntrico ao fio. A direção do campo magnético é
sempre tangente às linhas de campo e o seu sentido é dado pela regra da mão direita. As figuras
abaixo mostram as formas das linhas de campo, a regra da mão direita e um experimento com limalha
de ferro, respectivamente.

Para entender melhor as linhas de força do campo magnético e a direção e sentido de B, assista ao vídeo: <http://
www.youtube.com/watch?v=8hXwViR6NuY>.

A figura ao lado mostra um fio percor¬


rido por uma corrente elétrica. Se esse
fio está contido no plano da página e a
corrente elétrica está na vertical para
cima, mostre a direção e o sentido do
vetor do campo magnético B, do lado
direito e esquerdo do fio.

Propriedades Magnéticas da Matéria


A expressão que determina o módulo do B, em um ponto P, que está a uma distância r do fio,
é dada pela Lei de Ampere. Veja a figura abaixo:

Em que:
• B é a intensidade do campo magnético; Permeabilidade magnética é a facilidade
que diferentes meios materiais têm de
• i é a intensidade da corrente elétrica;
aceitar que se "instale" em seu interior linhas
• r é a distância do condutor até o ponto P de indução de campo magnético. No vácuo
considerado; e no ar, a permeabilidade magnética tem
praticamente o mesmo valor, ou seja,
• p0 é a permeabilidade magnética do vácuo e po = = 4x1O7 T m/A 1,3 10 T m/A. 6

do ar.

Aplicação

(FEI-SP) Um fio de cobre, reto e extenso, é percorrido por uma corrente i = 1,5 A. Qual é a
intensidade do vetor campo magnético originado em um ponto à distância r = 0,25 m do
fio? (Dado: p0 = 4 ti IO-7 T m/A).
a. B = IO’6 T.
b. B = 0,6 • IO"6 T.
c. B = 1,2 • 106T.
d. B = 2,4 • IO’6 T.
e. B = 2,4 • IO’6 T.
Temos: i = 1,5 A, r = 0,25 m e p0 = 4 7t IO-7 T m/A.

Aplicando a expressão da Lei de Ampere, temos:


pn . i 4 . ti IO’7 • 1,5
B = -^
2 • ti • r
> B= 2 • ti • 0,25

Resposta: c.

Propriedades Magnéticas da Matéria


Análise

(EFEI-MG - Adaptado) Dois fios condutores, dispostos paralelamente, estão separados um


do outro pela distância b = 10,0 cm. Por eles passam as correntes ix e i2 que valem, respec-
tivamente, 0,50 e 1,00 A, em sentidos opostos, conforme a figura.

Determine os vetores de indução magnética B nos pontos A e B (Dado: ]u0 = 4nl0-7 N/A2).

Sabemos que a corrente elétrica em um condutor metálico é formada por um movimento ordenado de elé-
trons. Sabemos, ainda, que se uma carga elétrica estiver imersa em um campo magnético que não tenha a
mesma direção de sua velocidade, a carga ficará sujeita a uma força magnética. 0 vídeo a seguir mostra a for¬
ça magnética atuando sobre um condutor percorrido por uma corrente elétrica: <http://www.youtube.com/
watch?v=p9aciGjJ6nA>.
0 seguinte vídeo demonstra as relações de repulsão e atração entre dois fios elétricos: <http://www.youtube.
com/watch?v=43AeuDvWc0k>.

Propriedades Magnéticas da Matéria


Campo Magnético Gerado em
Bobinas e Solenoides
Vamos pegar um fio retilíneo por onde passa uma corrente elé¬
trica e deixá-lo na forma de um círculo, como mostra a sequência das
figuras abaixo.

Fazendo o procedimento descrito acima, construímos uma espira.


Podemos verificar que a intensidade do campo magnético no interior da
espira é maior que na parte externa, visto que há uma contribuição de
todos os portadores de carga na extensão da espira para o campo mag¬
nético no interior da extensão dela, e, como sabemos, o campo magnético
é uma grandeza física vetorial, e vetores que estão na mesma direção e
mesmo sentido somam-se.
A expressão que determina a intensidade do campo magnético no
centro da espira é:

Em que r é o raio do círculo.


Agora, se pegarmos um fio retilíneo percorrido por uma corrente
elétrica i e fizermos um conjunto de espiras, de raio r, enroladas lado
a lado n vezes, teremos uma bobina, como mostra a figura a seguir.
E, claro, a intensidade do campo magnético no centro da bobina agora
será dado também em função do número de voltas (N) da bobina.

Propriedades Magnéticas da Matéria


A expressão para a bobina será:

Em que:
• Bb é a intensidade do campo magnético no centro da bobina.
• N é o número de espiras da bobina.
É importante observar que o campo magnético no centro da espira é sempre perpendicular
ao plano da espira e seu sentido será dado pela regra da mão direita. Um solenoide é um conjunto
de espiras enroladas mais espaçadamente uma da outra, tendo a forma helicoidal, como mostra a
figura abaixo.

A expressão que fornece a intensidade do campo magnético no centro do solenoide (Bs) é:

Em que Léo comprimento do solenoide e N o número de espiras do solenoide. Podemos


fazer—N
= n, em que n é o número de espiras por unidade de comprimento. Desta forma, o
módulo de Bs fica:

B, = iyni

Para complementar o estudo sobre campos magnéticos, acesse o seguinte vídeo na internet: <http://www.
youtube.com/watch?v=oBtvl_rosR8>.

Propriedades Magnéticas da Matéria


(PUC-MG - Adaptado) Uma espira circular de raio ti cm é percorrida por uma corrente de
intensidade 2,0 A no sentido anti-horário, como ilustra a figura.

O campo magnético no centro da espira é perpendicular ao plano da figura. Assinale a alterna¬


tiva que apresenta corretamente sua intensidade e seu sentido (Dado: p = 47tl0~7 Tm/A).
a. 4,0 • IO-5 T, com sentido orientado para dentro do plano da figura.
b. 4,0 • 10~5 T, com sentido orientado para fora do plano.
c. 4,0 • IO-4 T, com sentido orientado para fora do plano.
d. 4k • 10-5 T, com sentido orientado para fora do plano.

r = n cm = n • IO-2 m , i = 2,0 A, p = 4 • it 10-7 Tm/A.

Aplicando a expressão para determinar a intensidade do campo magnético no centro da


espira, temos:
4 tt IO"7 • 2,0
2r 2 TT • 10-2
Pela regra da mão direita, o campo magnético está orientado para fora do plano da figura.

Resposta: b.

A Análise

(FEI-SP) A intensidade do campo magnético produzido no interior de um solenoide muito


comprido percorrido por corrente depende basicamente:
a. só do número de espiras do solenoide;
b. só da intensidade da corrente;
c. do diâmetro interno do solenoide;
d. do número de espiras por unidade de comprimento e da intensidade da corrente;
e. do comprimento do solenoide.

Propriedades Magnéticas da Matéria


Capítulo 2

Indução Eletromagnética
A partir da descoberta de Oersted não tardou muito para surgir
uma nova questão: será que um campo magnético pode gerar uma cor¬
••••••••••
Faraday divulgou o seu
trabalho antes de Henry,
rente elétrica? Esta questão foi respondida em 1831, pelo cientista inglês por isso, atribui-se a ele
a descoberta da indução
Michael Faraday (1791-1867) e simultaneamente por Joseph Henry eletromagnética.
(1797-1878), nos Estados Unidos.
Para entendermos como ocorre a indução eletromagnética, precisamos definir uma nova gran¬
deza: o fluxo do campo magnético <bB.

Fluxo do Campo Magnético (OB)


O fluxo do campo magnético está associado ao número de linhas de campo magnético que
atravessam uma superfície de área A. Veja as figuras abaixo.

cos 0 < 1
O = B A • cos 0

Colocamos uma espira em uma região preenchida por um campo magnético.


Em (a) o plano da espira está perpendicular às linhas de campo. Esta é a posição em que um
número máximo de linhas de campo entra pela superfície da espira, ou seja, temos um fluxo magné¬
tico (<bB) máximo.
Em (b) a superfície da espira é paralela às linhas de campo magnético e, portanto, estas não
penetram na superfície da espira. Assim OB é nulo.
Em (c), mostramos a situação intermediária em que d>B terá valores entre as situações (a) e (b).

Indução Eletromagnética
A expressão que fornece o fluxo magnético para esta espira é dada por:

OB = B • A • cos 0

Em que:
• A é a área da superfície atravessada pelas linhas de campo.
0 é o ângulo medido entre o campo magnético e uma linha perpendicular à superfície da
espira, como foi mostrado anteriormente.
A unidade de fluxo magnético, no SI, é Tm2, que recebe o nome de weber (Wb), em homena¬
gem a Wilhelm Eduard Weber.

Uma espira retangular de área igual a 4,2 • 10-1 m2 está imersa em uma região onde existe
um campo de indução magnética B, cuja intensidade é igual a 6 • 10"2 T, perpendicular ao
plano da espira. De acordo com as informações, determine o fluxo magnético através da
espira.

A = 4,2 • 10’1 m2, B = 6 • IO-2 T, 0 = 0o, se o campo é perpendicular ao plano da espira, então
o ângulo 0 entre a linha perpendicular à superfície e o campo magnético é 0o.

Aplicando a expressão para determinar o fluxo magnético, temos:

OB = B A cos 0 OB = 6 • IO’2 • 4,2 • 101 • cos 0o


-> OB = 6 IO"2 • 4,2 • 101 • 1 /.

<bB = 25, 2 IO’3 Wb

Uma espira quadrada de 10 cm de lado está totalmente imersa em um campo magnético


constante, de intensidade 4 T. Calcule o fluxo magnético por meio dessa espira, nos seguin¬
tes casos:
a. O plano da espira é perpendicular às linhas de indução.

b. O plano da espira é paralelo às linhas de indução.

Indução Eletromagnética
Leis de Faraday e Lenz
Veja um experimento similar ao realizado por Faraday. Na figura (a) um imã em forma de
barra se aproxima de uma espira, aumentando, dessa forma, o fluxo magnético na superfície da
espira (o número das linhas de campo que cruzam a superfície da espira aumenta, conforme o imã
se aproxima).

Com a variação do fluxo magnético, Faraday verificou a existência de uma corrente elétrica
na espira, como mostram as figuras apresentadas anteriormente. Observou, também, que o mesmo
acontecia para o imã se afastando da espira, figura (b), mas a corrente elétrica apresentava sentido
contrário.
Com esse experimento, Faraday concluiu que, para haver uma corrente elétrica induzida na
espira, há a necessidade de se ter uma diferença de potencial, ou tensão elétrica. Como essa ddp é
induzida pelo imã, ela é denominada força eletromotriz induzida (e).

Quando há variação do fluxo magnético em uma espira, surge nesta uma força ele¬
tromotriz induzida (s).

Assim, a força eletromotriz induzida em uma espira é dada pela expressão:

£-“
A0>R
At

Em que:
• AOb é a variação do fluxo magnético.
• At é o intervalo de tempo em que a variação do fluxo magnético ocorre.

O sinal negativo, conclusão do físico-químico Heinrich Lenz (1804-1865), indica o sentido em


que a força eletromotriz induzida é exercida, determinando, assim, o sentido da corrente elétrica na
espira, ou seja, a Lei de Lenz diz:

A corrente elétrica induzida em uma espira, por exemplo, gera um campo magné¬
tico que se opõe à variação do fluxo magnético que a produziu.

Indução Eletromagnética
Para entender com clareza o enunciado da Lei de Lenz, vamos analisar as figuras.

Como visto, as figuras (a) e (c) mostram um imã se aproximando e se afastando de uma
espira.
Na figura (b) é exibida a corrente induzida na espira, esta corrente tem sentido tal que se opõe
à aproximação do imã, neste caso, o imã se aproxima com o polo norte e a corrente induzida gera um
campo magnético para impedir a aproximação do imã e o consequente aumento das linhas de campo.
Já na figura (d), a corrente induzida gera um campo magnético, de tal forma que o imã seja
atraído para a espira, para evitar a diminuição das linhas de campo que atravessam sua superfície.
Claro que se o imã permanecer em repouso em relação à espira, não haverá variação do fluxo
magnético e nenhuma corrente será induzida na espira.
Com isso, concluímos que, para gerarmos energia elétrica (força eletromotriz induzida) na
espira, precisamos movimentar o imã, aproximando-o e afastando-o dela. Assim, estamos transfor¬
mando energia mecânica em energia elétrica: princípio da conservação da energia.

Acesse o link: <http://phet.colorado.edu/sims/faradays-law/faradays-law_en.html> e faça experimentos vir¬


tuais que demonstram a Lei de Faraday.

Indução Eletromagnética
(UFMG) A corrente elétrica induzida em uma espira circular será:
a. nula, quando o fluxo magnético que atravessa a espira for constante;
b. inversamente proporcional à variação do fluxo magnético com o tempo;
c. no mesmo sentido da variação do fluxo magnético;
d. tanto maior quanto maior for a resistência da espira;
e. sempre a mesma, qualquer que seja a resistência da espira.

Resposta: a.

Justificativa: para haver corrente elétrica induzida, temos que ter força eletromotriz, logo
pela Lei de Faraday, só haverá força eletromotriz induzida se houver variação do fluxo
magnético.

(UFMG - Adaptado) Sabe-se que uma corrente elétrica pode ser induzida em uma espira
colocada próxima a um cabo de transmissão de corrente elétrica alternada - ou seja, uma
corrente que varia com o tempo. Considere que uma espira retangular é colocada próxima
a um fio reto e longo de duas maneiras diferentes, como representado nestas figuras:

Na situação representada em I, o fio está perpendicular ao plano da espira e, na situação


representada em II, o fio está paralelo a um dos lados da espira. Nos dois casos, há uma
corrente alternada no fio. Considerando-se essas informações, é correto afirmar que uma
corrente elétrica induzida na espira:
a. ocorre apenas na situação I;
b. ocorre apenas na situação II;
c. ocorre nas duas situações;
d. não ocorre em qualquer das duas situações.

Indução Eletromagnética
Geradores Eletromagnéticos de Corrente
Alternada
A partir da descoberta da indução eletromagnética, levaram-se alguns anos até que pudésse¬
mos gerar energia elétrica em larga escala, por meio de geradores eletromagnéticos. Basicamente,
um gerador eletromagnético é constituído por uma espira que gira no interior de um campo magné¬
tico, conforme a ilustração.

Gerador de corrente alternada.

Percebemos, por meio da figura que, quando a espira gira imersa no campo magnético, o fluxo
magnético varia e, consequentemente, uma corrente induzida surge na espira, sendo coletada pelos
anéis coletores e fazendo com que a lâmpada acenda. Perceba que a corrente elétrica induzida não é
contínua, mas variável no tempo, pois ela depende da variação do fluxo magnético na bobina.

A corrente elétrica circula em um sentido na espira, partindo do valor zero (lâmpada apagada),
crescendo até o valor máximo (lâmpada acesa), voltando para zero, neste momento a corrente inverte
o sentido, saindo de zero (lâmpada apagada) indo para o valor máximo negativo (lâmpada acesa) e
retornando para zero (lâmpada apagada). Assim, podemos visualizar a forma de onda da corrente
alternada como uma onda senoidal que varia constantemente no tempo entre os valores máximos e
mínimos, como exibe a figura acima.

Indução Eletromagnética
Para saber mais sobre indução eletromagnética, veja os vídeos na internet:
• <http://www.youtube.com/watch?v=-uwaK5_kGB8>;
• <http://www.youtube.com/watch?v=QZP1lykv6JA>;
• <http://www.youtube.com/watch?v=wpMicCKWbJc>.

Faça uma pesquisa, buscando saber as formas de produção de


energia que menos agridem o planeta.
Faça outra pesquisa para saber como funciona o trem de levita¬ Pilhas, baterias,
células solares e efeito
ção magnética ou Maglev - Magnetic levitation transport. termoelétrico são
Procure verificar nesses processos o quanto o eletromagnetismo formas de geração de
energia elétrica que
está presente e aponte os resultados para os colegas. não utilizam a indução
eletromagnética.

Seção de Sistematização
No decorrer desta unidade, entendemos o que é o magnetismo, como ele está
relacionado com os fenômenos elétricos, surgindo, dessa forma, o eletromagnetismo.
Verificamos, assim, a dependência que todos nós temos dos fenômenos eletromagné¬
ticos. Desde acender uma lâmpada em nossas casas, até sacar dinheiro em um caixa
automático, tudo isso tem uma ligação direta com o eletromagnetismo. A própria
produção de energia elétrica, em larga escala, não seria possível, não fosse a indução
eletromagnética.
Porém, para a produção dessa energia, temos que inundar grandes áreas, cau¬
sando significativas modificações no ambiente; queimar combustível para alimentar as
usinas termoelétricas e, com isso, cada vez mais gases poluem a atmosfera; utilizar a
energia nuclear para alimentar as usinas nucleares, gerando subprodutos de material
radioativo que, muitas vezes, são descartados na natureza de forma irresponsável, cau¬
sando danos irreparáveis aos seres vivos, de modo geral.
Enfim, todas essas formas de geração de energia estudadas e muitas outras usam
o mesmo princípio de produção: a indução eletromagnética por meio da variação do
fluxo magnético.
Assim, a grande questão atualmente é gerar energia de forma sustentável. Talvez
você tenha uma grande ideia de como fazer isso. Agora que entendemos o processo de
geração de energia, quem sabe você seja capaz de pensar em novas formas de geração
de energia; então comece a pensar nisso!
Unidade í

Física no Mundo do Trabalho


Qual é a utilidade prática da física?
Mesmo com a apresentação de situações práticas durante todo o curso, você ainda deve estar
se fazendo a pergunta acima.
Para completar seus estudos, nesta unidade veremos como a física se aplica em nossa vida, mas
agora com uma abordagem um pouco diferente: a do mundo do trabalho.
Capítulo 1

Bicicletas, Carros e Motores


Neste capítulo, exploraremos dois elementos responsáveis pelo movimento de bicicletas e
automóveis: as engrenagens e os motores. No caso de motores, exploraremos os chamados motores
de combustão interna, que são considerados o coração de um automóvel; de modo análogo nosso
coração é um motor que possibilita a nossa movimentação. As engrenagens permitem que a força
realizada pelo motor ou por você sejam transmitidas e desloquem o seu veículo.

Words/Shuteck
10 0
GuoZhngHa/Stersck
Apesar de serem bem diferentes, carros e bicicletas se movem utilizando engrenagens.

Engrenagens nas
Bicicletas
Em uma bicicleta, o movimento realizado
nos pedais é transmitido por uma correia dentada,
que é conectada a duas engrenagens, chamadas
de coroa dianteira e coroa traseira (pinhão).
Quando estamos pedalando, a velocidade da cor¬
reia é igual em qualquer ponto ao longo dela. Isso
significa que o número de voltas dadas na coroa
traseira (n2) depende do número de voltas dadas
no pedal (nj pelo ciclista. Quando as duas engre¬
nagens têm o mesmo diâmetro, dão o mesmo
número de voltas.

Bicicletas, Carros e Motores


Atualmente, boa parte das bicicletas possui coroas compostas por
conjuntos de engrenagens, que definem as marchas da bicicleta e permi¬
tem ao ciclista escolher a forma com que deseja pedalar. Normalmente,
temos as seguintes situações:
Para atingir grandes velocidades, escolhemos a coroa dianteira
(motora) maior e a coroa traseira (movida) menor.

Para andar em pequenas velocidades escolhemos a coroa dianteira


(motora) pequena e a coroa traseira (movida) grande.

Essas escolhas são baseadas na relação de transmissão:

Em que Dx é o diâmetro da coroa dianteira e D2 é o diâmetro coroa


traseira.
Ao montar uma bicicleta, na prática, preocupamo-nos com o
número de dentes das engrenagens, uma vez que estes têm o mesmo
tamanho, e quanto maior o diâmetro, maior será o número de dentes da
engrenagem.

Bicicletas, Carros e Motores


iyõsi Análise
As relações de transmis¬
são para a força aplicada
pelo ciclista são baseadas
Analisando as relações de transmissão mostradas anterior- nos conceitos de tor¬
mente, escreva uma relação matemática para a força aplicada que que estudamos na
Unidade 1.
pelo ciclista, em função do diâmetro da coroa. Se for necessário,
peça ajuda ao professor.

Análise

Algumas bicicletas chamadas de mountain bikes possuem 3 coroas


dianteiras e 9 coroas traseiras, permitindo ao ciclista a seleção de
27 marchas diferentes.
a. Em uma subida íngreme, qual deve ser a relação entre as
coroas escolhidas pelo ciclista? Faça um desenho.

b. Na situação da questão anterior, o ciclista gira o pedal muitas


vezes para ter um pequeno giro nas rodas. Explique.

Você pode aprender um pouco mais sobre as marchas da bicicleta no site:


<http://www.fazfacil.com.br/manutencao/bicicleta-marchas-regulagens/>.

Bicicletas, Carros e Motores


Engrenagens nos Carros: A Caixa de Câmbio
A figura mostra uma moderna caixa de câmbio usada em automóveis, podemos ver que ela é
composta por uma série de engrenagens que, diferente das da bicicleta, comunicam-se diretamente
por meio de dentes e não por correias dentadas.

Engrenagens de uma caixa de câmbio.

Localizada entre o motor e as rodas, a caixa de câmbio é responsável pela seleção das marchas
que transmitirão o movimento do motor para as rodas.

Localização de uma caixa de câmbio.

Debata com os colegas sobre as diferenças e semelhanças entre os sistemas de engrena¬


gens dos carros e das bicicletas. Relate abaixo as suas conclusões.

Bicicletas, Carros e Motores


Se você quer saber como funcionam detalhadamente as caixas de câmbio, acesse
os seguintes vídeos na internet:
• <http://www.youtube.com/watch?v=gnjRR0R v4fg>;
• <http://www.youtube.com/watch?v=176Js6ulBpQ>.

0 Motor de Combustão Interna


Ao longo do nosso estudo, vimos que uma forma de energia pode ser
transformada em outra ou em trabalho. Quando estudamos calorimetria,
vimos que o calor é uma dessas formas de energia. Com isso, podemos con¬
cluir que ele pode ser usado para realizar algum trabalho, quem faz isso são
as máquinas térmicas.
Não abordaremos aqui os diferentes tipos de máquinas térmicas. Mas
trataremos de um tipo específico, o qual usamos em nossos carros moder¬
nos: o motor de combustão interna.
O motor de combustão interna de nossos carros é uma máquina tér¬
mica que funciona em quatro etapas (tempos) que realizam tarefas distintas
e, no conjunto, movem o motor.
• l2 tempo (admissão) - Pela válvula de admissão entra uma mis¬
tura dosada de ar e de combustível que preenche a câmara de
combustão.
2Q tempo (compressão) - A válvula de admissão fecha e um pis¬
tão comprime a mistura combustível dentro da câmara, elevando a
temperatura da mistura.
3- tempo (explosão/expansão) - Uma faísca elétrica, gerada em
um dispositivo chamado “vela”, causa uma explosão dos gases que
já estão à altíssima pressão. Com isso, esses gases são fortemente
expandidos, forçando o pistão a retornar à sua posição inicial.
4- tempo (exaustão ou descarga) - Nesta etapa, a válvula de des-
carga é aberta e o pistão expulsa os gases queimados de dentro da
câmara, que são levados pelo cano de escapamento até o ambiente
externo.

• 0 seguinte site mostra uma simulação muito legal de uma máquina térmica,
inventada por Thomas Savery (1650-1715): <https://alunosonline.uol.com.
br/fisica/maquina-termica.html>.
• Você pode aplicar os conceitos de Thomas Savery e fazer um barquinho a
vapor. Veja no site: <http://www.manualdomundo.com.br/2012/04/como-
fazer-um-barco-a-vapor-barquinho-pop-pop/>.

Bicicletas, Carros e Motores


A figura abaixo ilustra o funcionamento do motor à combustão interna de quatro tempos.

Admissão Compressão Explosão Exaustão

Para que o movimento do pistão seja contínuo, os motores possuem um grupo de pistões
(4, 6, 8, 10 ou mais pistões) que funcionam alternadamente ligados a uma peça giratória, denominada
virabrequim.

Virabrequim com pistões conectados.

No vídeo a seguir, você pode ver em detalhe como funcionam os motores quatro-tempos:
• <https://www.youtube.com/watch?v=emRxXykWB3Y>.
0 motor a diesel funciona com algumas diferenças. Você pode ver o seu funcionamento na simulação a seguir:
• <http://www.youtube.com/watch?v=JQP4N90pQ-w>.

Bicicletas, Carros e Motores


Capítulo 2

Física da Pressão Arterial


Enfermeira verificando a pressão
Você vai ao médico fazer um exame de arterial de uma paciente.
rotina e a enfermeira, ao fazer os exames ini¬
ciais, fala que vai medir a sua pressão. Até aí
tudo bem, isso é normal. No entanto, ao final
da medida, ela diz:
- Huummm! 12 por 8.
Nesse momento, você imagina um
grande ponto de interrogação e se pergunta
mentalmente se isso é bom ou ruim.
Provavelmente, você deve estar pergun¬
tando aos colegas o que esse exame feito por
uma enfermeira tem de física. Vamos ver!

Sistema Circulatório e as Semelhanças


com o Sistema Hidráulico
Falando de forma simplificada, nosso sistema cir¬
culatório é equivalente ao sistema de distribuição de
água da cidade.
Em ambos os casos, existem bombas que bombeiam
um fluído por um conjunto de tubulações principais.
Ligada a esses tubos principais, existe uma rede de tubos
menores que se estende até os pontos finais da rede.
No sistema circulatório, a bomba é o coração; o
tubo principal é a artéria chamada aorta; e a rede de tubos
menores são as finíssimas artérias que levam o fluído
(sangue) a cada milímetro do seu corpo.
Nosso corpo é projetado para trabalhar em uma
faixa de pressão arterial tal que seja suficiente para levar
o sangue aos órgãos mais elevados (cabeça), vencendo
a resistência dos vasos sanguíneos e a gravidade. No
entanto, essa pressão não pode ser elevada demais, pois
pode causar sérios danos a esses órgãos.

: \ W)
Física da Pressão Arterial\^£/
Façam, em grupos, uma pesquisa e expliquem aos colegas a rela¬
ção entre a pressão arterial e o acidente vascular cerebral (AVC).

A medida da pressão arterial registra dois movimentos do coração:


• Quando o coração bombeia o sangue para o sistema circulató¬
rio, a pressão atinge seu valor máximo e é chamada de sistólica.
• Quando o coração relaxa, o sangue que está circulando encon¬
tra grande resistência pelo atrito com as paredes das artérias e
na passagem das artérias mais espessas para as mais finas, essa
pressão é chamada diastólica.
Para medir a pressão arterial em uma pessoa, precisaremos de dois
equipamentos: esfigmomanômetro, também chamado de manguito, e um
estetoscópio.

Perola/Shutsck
Preto

Estetoscópio. Esfigmomanômetro.

De posse desses equipamentos, o enfermeiro utiliza o dedo indi¬


cador e o dedo médio para sentir a pulsação de uma artéria chamada
braquial, no braço do paciente. Coloca o manguito no braço do paciente e
o estetoscópio sobre o local da artéria encontrada. Ao inflar o manguito,
ele começa a obstruir a artéria braquial, impedindo a passagem do sangue
quando a sua pressão for superior a 16 cmHg (pressão sistólica).

Física da Pressão Arterial


Em seguida, o enfermeiro solta a válvula do manguito aliviando a
pressão exercida sobre a artéria. Quando a pressão sistólica consegue fazer o
sangue voltar a circular, este entra em regime turbulento, então o enfermeiro
consegue escutar o primeiro “turn” pelo estetoscópio. Nesse momento, ele
mede a sua pressão sistólica.
A pressão no manguito vai diminuindo enquanto ele vai ouvindo o
barulho produzido pelo sangue turbilhonado na artéria. Quando o barulho
some, o sangue entra em regime de escoamento laminar, correspondendo a
sua pressão diastólica.

Para ver em detalhes esse procedimento, assista ao vídeo: <https://www.


youtube.com/watch?v=XQKhuGOsFKA>.

Pesquise na internet o que significa escoamento turbulento e escoa¬


mento laminar e relate abaixo o que descobriu.

Neste momento, você deve estar formulando a seguinte pergunta:

Já entendi como funciona a medida da pressão arterial. Mas


o que significa o valor encontrado?
Quando o enfermeiro lhe diz que sua pressão
está 12 por 8, significa que ele mediu uma pressão de Lembre-se de que a pressão atmosférica ao
12 cmHg acima da pressão atmosférica durante a con¬ nível do mar é igual a 76 cmHg.
tração do coração, e 8 cmHg durante o relaxamento,
devido à resistência dos vasos.

Física da Pressão Arterial


A tabela mostra alguns valores limites para as pressões sistólicas e diastólicas e suas classifica¬
ções para um indivíduo adulto:
Valores limites para as pressões sistólicas e diastólicas e suas classificações para um indivíduo adulto

Nível Pressão arterial sistólica Pressão arterial diastólica


Hipotensão inferior a 10 inferior a 6
Valores normais entre 10 e 14 entre 6 e 9

Hipertensão limite entre 14 e 16 entre 9 e 10

Hipertensão moderada entre 16 e 18 entre 10 e 11

Hipertensão grave superior a 18 superior a 11

Hipertensão sistólica específica superior a 14 inferior a 9

Análise

Explique, fisicamente, o que significa dizer que a pessoa está com a pressão baixa, ou
hipotensão.

Debata com os colegas e escreva quais fatores podem causar a hipotensão e a hipertensão.
Para esta resposta, considere apenas o sistema circulatório como um sistema hidráulico.

Explique, fisicamente, por que uma pessoa com hipotensão apresenta sonolência, tontu¬
ras, fraqueza e sensação de desmaio.

Física da Pressão Arterial


Capítulo 3

A Energia Elétrica no Cotidiano


A energia elétrica melhora a nossa qualidade de vida e é muito importante para a realização de
nossos trabalhos. Veremos agora a aplicação, dos conceitos físicos aprendidos, em dois equipamentos
presentes em nosso cotidiano: os transformadores e os motores elétricos.

Transformadores
Após a descoberta de Faraday e Lenz, uma das invenções mais importantes, que propiciaram a
distribuição em larga escala da energia elétrica, foi o desenvolvimento do transformador de tensão.
A importância desse dispositivo está no fato de ele resolver um problema específico da passagem de
corrente elétrica em condutores metálicos, o qual passaremos a analisar.
Sabemos, por meio de nossos estudos da eletricidade, que:
• condutores metálicos sempre oferecem determinada resistência
à passagem da corrente elétrica e essa resistência é dada pela Lembre-se que p é a
expressão: resistividade do material
de que é feito o condutor,
L o comprimento do
condutor e A é a área de
secção transversal deste.

• é importante saber que a resistência elétrica dos condutores se soma à do sistema, cau¬
sando, pela transformação de energia, uma queda de tensão no circuito.
Assim, podemos concluir que quanto mais comprido for o fio de deter¬
minado material, maior será sua resistência. Entretanto, quanto maior for a
área de secção transversal do fio (quanto mais espesso for o fio) menor será sua
resistência.
Sabemos, ainda, que a resistência elétrica de condutores promove o Efeito
Joule, transformação de energia elétrica em energia térmica (a resistência do
fio causa essa transformação), que muitas vezes não é útil, ocasionando apenas
perda de energia. Esse efeito tem dependência direta com a corrente elétrica
que flui nos condutores.

Mas, então, como é possível a energia elétrica, vinda de tão


longe, chegar as nossas casas?

A solução para o problema exposto acima é encontrada com o uso de


transformadores elétricos, que permite levar a energia elétrica a todas as cida¬
des. A principal função do transformador é diminuir a corrente do circuito
elétrico e, como demonstraremos abaixo, para isso precisamos elevar a tensão.

Entendendo o Transformador de
Energia Elétrica

Transformadores de tensão são constituídos basicamente por dois enrola¬


mentos de fio condutor (duas bobinas) acoplados por um núcleo laminado de
ferro. Podemos observar isso na figura apresentada acima.
Em seguida, analisaremos cada um dos componentes do transformador.

A Energia Elétrica no Cotidiano


Enrolamento Primário e Secundário
Denominamos entrada primária (ou primário) de um transformador o enro¬
lamento que será ligado à tensão que desejamos transformar. Em contrapartida,
o enrolamento secundário (saída do transformador) é ligado ao enrolamento que
nos fornece a tensão desejada.
Para que o primário do transformador funcione, precisamos alimentá-lo com
corrente alternada (ca), pois esta gera um campo magnético que varia no tempo,
para que haja força eletromotriz induzida no secundário.
Mas, olhando para a figura do transformador, percebemos que os enrola¬
mentos não são ligados eletricamente entre si.

Então, como podemos transferir as linhas de indução do campo


magnético variável gerado no primário para o secundário?

A resposta é: o núcleo de ferro.


Esse núcleo faz o acoplamento magnético dos enrolamentos, ou seja,
transfere a energia do primário para o secundário. Sendo o campo magnético
variável, teremos um fluxo magnético variável no enrolamento secundário e essa
é a condição para que tenhamos uma força eletromotriz induzida na saída do
transformador.

Núcleo de Ferro
Na Unidade 11, apresentamos a expressão para determinar a intensidade
do campo magnético gerado por uma corrente elétrica. Nela, apareceu a gran¬
deza física p0, denominada permeabilidade magnética do vácuo e do ar.
Mas o que vem a ser essa permeabilidade magnética?
Por exemplo, se há linhas de indução magnética no ar e colocamos um
material com alta permeabilidade magnética nessa região, as linhas, ao invés de
continuarem dispersas, concentrar-se-ão neste material.
Esses materiais que possuem a propriedade de concentrar as linhas de
campo magnético são denominados ferromagnéticos. Entre os materiais ferro¬
magnéticos (ferro, níquel e cobalto), o ferro é o que possui maior permeabilidade
magnética, sendo:

^o^OOO-Po
Portanto, praticamente toda a energia elétrica fornecida ao primário de um
transformador pode ser transferida ao secundário deste.

A Energia Elétrica no Cotidiano


Relação entre Tensão (V), Corrente (i) e Número de
Espiras (N) de um Transformador
Vamos analisar, por meio das expressões vistas na unidade anterior, como podemos variar
a tensão e a corrente nos transformadores. Sabemos que um fluxo magnético variável estará pre¬
sente em ambos os enrolamentos e, por isso, vamos utilizar a expressão da Lei de Faraday para os
enrolamentos:

-
Np AO -
Ns AO
At At

Em que os índices p e s referem-se aos enrolamentos primário e secundário, respectivamente.


Agora, vamos dividir a equação (I) pela equação (II), tendo em mente que AO e At são os
mesmos para as duas expressões, obteremos:

, esta expressão é denominada razão de transformação.

Transformadores podem tanto elevar quanto diminuir a tensão elétrica. Analisando a


£ N
expressão = yy1, explique quando o transformador eleva ou diminui a tensão elétrica.

Se precisar, peça auxílio ao professor.

Sabemos, ainda, que, pelo princípio de conservação da energia, a energia fornecida ao primá¬
rio de um transformador ideal deve ser igual à transferida ao secundário dele. Consequentemente,
as potências desenvolvidas por ambos os enrolamentos devem ser iguais, assim podemos fazer uma
relação entre as correntes máximas que podem circular nos enrolamentos do transformador.

P=8-i
p p p
e Ps = es • i,s’ mas Pp = PS7, logo,
°7 obtemos:

£ ’
PP
=Í £s * Ís

A Energia Elétrica no Cotidiano


Assim, pelo princípio da conservação da energia aplicada aos transformadores, podemos veri¬
ficar que, elevando acentuadamente a tensão elétrica no secundário do transformador, a corrente
elétrica irá diminuir consideravelmente, permitindo que a área de secção transversal dos condutores
possa ser diminuída proporcionalmente.
Então, graças ao transformador, podemos levar a energia elétrica a partir das usinas hidroelé¬
tricas, que estão a dezenas e até centenas de quilómetros das cidades, com um custo de instalação da
rede reduzido.

Em um transformador, o lado primário é conectado a uma tensão de 220 V e passa a


circular nele uma corrente de 10 A, enquanto que o lado secundário possui uma corrente
de 1 mA. Pede-se o valor da tensão no lado secundário deste transformador.

8p = 220 V, ip = 10 A, is = 1mA = 1 • 10’3A, 8s = ?


' ' '
Aplicando a expressão:
3
220 l-10 I
- = = 22 00Q v QU 22 kv
8s Is 8s 10 Vs

Análise

i) (UFRGS) Num transformador, a razão entre o número de espiras no primário (Nl) e


o número de espiras no secundário (N2) é N1/N2 = 10. Aplicando-se uma diferença de
potencial alternada VI no primário, a diferença de potencial induzida no secundário é V2.
Supondo tratar-se de um transformador ideal, qual a relação entre V2 e VI?
VI
V2 =
100
b. V2 = 10 • VI.
c. V2 = 100- VI.
d. V2 = VI.
e. V2 = ——
10
.
2) (UFRGS) Entre os dispositivos elétricos citados nas alternativas, qual o que só pode funcio¬
nar com corrente elétrica alternada?
a. Rádio.
b Transformador.
c. Lâmpada incandescente.
d. Chuveiro.
e. Ferro de passar roupa.

A Energia Elétrica no Cotidiano


Motores Elétricos
Se observarmos o mundo em que vive¬
mos, perceberemos que os motores elétricos
estão presentes em vários dispositivos que utili¬
zamos corriqueiramente no nosso dia a dia. Nas
nossas residências: máquinas de lavar roupa,
geladeira, liquidificador, etc. Nas indústrias são
utilizados para as mais diversas tarefas, como
as que exigem grandes esforços, por exemplo,
os motores de grandes elevadores. A seguir,
vamos analisar, a partir dos conceitos estudados
na Unidade 11, o princípio de funcionamento
dos motores elétricos.
Motor elétrico.

Princípio de Funcionamento dos


Motores Elétricos
Vimos que, quando cargas elétricas (elétrons ou prótons) estiverem se
movimentando em um campo magnético, agirá sobre elas uma força magnética,
e que a direção e o sentido dessa força são fornecidos pela regra da mão direita.
Assim, quando um condutor é percorrido por uma corrente elétrica, temos um
movimento ordenado de cargas elétricas. No entanto, se este condutor for colo¬
cado num campo magnético, com o ângulo entre o sentido do campo magnético
e o sentido da velocidade das cargas diferentes de 0o e 180°, agirá, sobre as
cargas e, consequentemente, sobre o condutor, uma força magnética - como
vimos na Unidade 11.
Vamos analisar, a partir de agora, a seguinte situação: uma espira
de forma retangular percorrida por uma corrente elétrica imersa em um
campo magnético. Suponhamos que o vetor campo magnético está na
direção horizontal e que o plano da espira também esteja no plano hori¬
zontal, como mostra a figura apresentada anteriormente.
Analisando a imagem, percebemos que a corrente tem sentido
oposto em lados opostos da espira. É importante lembrar que, neste livro,
trabalhamos com o sentido convencional da corrente elétrica.

Eixo

Usando a regra da mão direita, verificamos que surgirão forças nos


quatro lados da espira, sendo que, inicialmente, não há forças presentes
nos lados a e c, já nos lados bed surgem duas forças de mesmo módulo,
porém de sentidos contrários, proporcionando um torque na espira,
fazendo com que ela gire, até que seu plano fique perpendicular às linhas
de campo magnético.
Perceba que quando a espira começa a girar saindo do plano hori¬
zontal, surgem forças nos lados a e c, porém essas forças estão na mesma
direção e em sentidos contrários e, portanto, anulam-se mutuamente,
não produzindo torque sobre a espira.
Dessa forma, vamos nos concentrar nos lados bed, que efetiva¬
mente produzem torques sobre a espira. Muito bem, se o plano da espira
estiver perpendicular às linhas de campo magnético e, portanto, as forças
que surgirem nos lados bed ficarem na mesma direção, porém em sen¬
tidos contrários, cancelando-se mutuamente, a espira permanecerá em
repouso, não tendo mais o efeito de giro.

Análise

Com base no que foi apresentado na Unidade 11, responda:


Enquanto a espira gira no campo magnético, o módulo das forças
que surgem nos lados bed varia?

rO
A Energia Elétrica no Cotidiano\^^/
Então, como podemos fazer para que a espira permaneça
girando continuamente no interior do campo magnético?

Escova
Representação de uma espira de forma retangular imersa em
um campo magnético.

Para que a espira continue girando, precisamos de um dispositivo


denominado comutador. Ele, como mostra a figura acima, por meio de
seus contatos denominados de escovas de carvão, faz com que a corrente
inverta de sentido na espira. Assim, a espira irá realizar um movimento
de rotação sempre no mesmo sentido. Esse é o denominado efeito motor,
utilizado por uma grande gama de motores de corrente contínua.
Motores de corrente contínua são utilizados em equipamentos
que necessitam de controle de velocidade ou exijam grande conjugado
de partida, ou seja, equipamentos que necessitam proporcionar elevadas
trações, por exemplo prensas, elevadores e bobinadeiras.

Motor de Corrente Alternada


O tipo de tensão elétrica fornecida pelas concessionárias de energia
elétrica é alternada (ca), logo, a grande maioria dos motores utilizados
nas máquinas é de ca. O princípio de funcionamento desses motores é
basicamente o mesmo, ou seja, por interação entre campos magnéticos,
produzidos por correntes elétricas em espiras que estão presentes, tanto
no estator, quanto no rotor dos motores.

A Energia Elétrica no Cotidiano


Afigura apresentada anteriormente mostra os componentes básicos
de um motor de ca, sendo: o estator, formado por espiras estacionárias; e
o rotor, parte girante do motor, que pode ou não conter espiras.

Motor de corrente alternada.

Há dois tipos principais de motores ca:


• Motor síncrono - Estator e rotor são alimentados com ca.
• Motor assíncrono - Somente o estator é alimentado com ca, as
bobinas do rotor formam circuitos fechados, nesse caso dizemos
que o rotor está em curto-circuito.

Assista aos seguintes vídeos na internet para ver em detalhe o funciona¬


mento do motor de corrente alternada:
• <http://www.youtube.com/watch?v=9pCe8vS8CNg>;
• <http://www.youtube.com/watch?v=p1TWqh_CgmE>.

Faça um levantamento dos equipamentos elétricos de sua resi¬


dência que utilizam motores elétricos. Compare sua lista com a
dos colegas e verifique se há algum equipamento que você não
sabia que utiliza motores.

A Energia Elétrica no Cotidiano\^^/


Capítulo 4

Máquina Fotográfica
Entre as invenções mais interessantes que o ser humano já fez, sem dúvida, a máquina fotográ¬
fica é uma delas. Com este equipamento, podemos viajar no tempo e no espaço, conhecendo lugares
onde, na maioria das vezes, nunca estivemos e voltar no tempo em que muitas vezes nem existíamos.

Mas como será que ocorre a formação da imagem em uma máquina fotográfica?

Talvez, uma das pessoas que mais contribuíram para o aperfeiçoamento desse dispositivo tenha
sido George Eastman, fundador da empresa Kodak e que lançou a primeira máquina fotográfica, em
1888, a qual utilizava filme em rolo, desenvolvido por ele mesmo. Na época, o slogan da Kodak era:
Você aperta o botão, nós fazemos o resto.
Atualmente, com a evolução tecnológica, praticamente todas as pessoas têm uma máquina
fotográfica, seja profissional, seja num celular. Os filmes de emulsão foram substituídos por senso¬
res que captam a luz proveniente dos objetos que estão sendo fotografados e armazenam na forma
digital. Porém, apesar de toda esta tecnologia, o princípio de funcionamento da máquina fotográfica
permanece o mesmo, ou seja, a lente, ou o conjunto de lentes, denominado de objetiva, continua
presente nas máquinas fotográficas, que basicamente são uma câmara escura. Essas lentes definem
se a máquina é para uso amador ou para um fotógrafo profissional, além de, é claro, o preço desses
equipamentos.
Quando estudamos lentes na Unidade 8, verificamos que elas têm algumas características
como: a distância focal, se são convergentes ou divergentes e se formam imagens reais ou virtuais.

Máquina Fotográfica
A Análise

Já que o princípio da máquina fotográfica é o mesmo do da


câmara escura, que tipo de imagem é formada por ela?

As Lentes e a Imagem Formada


na Máquina Fotográfica
Sabemos, a partir do estudo das lentes, que o tamanho da imagem
depende da distância do objeto à lente. Veja a ilustração abaixo.

Verificamos que a imagem formada é real e invertida, pois a lente


é convexa. Temos ainda que quanto mais próximo o objeto está da
lente, mais afastada será formada a imagem e vice-versa.

Máquina Fotográfica
A nitidez com que a imagem do objeto será projetada sobre o sen¬
sor, depende da focalização da imagem. Veja a figura anterior. Assim, se
o anteparo, no caso o sensor, estiver posicionado fora da posição de for¬
mação da imagem, esta ficará fora de foco, ou seja, sem nitidez. Quando
giramos o mecanismo da objetiva, estamos afastando ou aproximando-
-a do filme, de tal forma que a imagem fique nítida. Algumas máquinas
fotográficas modernas ajustam automaticamente a nitidez da imagem.
A distância focal da objetiva determina a área do assunto a ser
fotografado. Para um grande campo de visão (grandes áreas), pequena
distância focal; para pequeno campo de visão, close, grande distância
focal.
Outro ponto importante para o funcionamento da máquina foto¬
gráfica é o tempo de exposição do sensor de imagem à luz e o quanto de
luz deve chegar ao sensor. O tempo de exposição é delimitado pelo obtu¬
rador e a quantidade de luz pelo diafragma da íris, que consiste em uma
série de placas metálicas sobrepostas de tal forma que podem se contrair
ou se expandir umas sobre as outras em forma de um círculo, conforme
a figura abaixo.

T
Máquina Fotográfica
Pesquise como funciona o prisma pentagonal e qual sua função na máquina fotográfica.
Registre abaixo os resultados.

Para entender mais sobre o funcionamento das máquinas fotográficas e aprender algumas dicas de fotografia,
assista aos vídeos:
• <http://www.youtube.com/watch?v=XnuVFqXmZPU>;
• <http://www.youtube.com/watch?v=kqpio1JWM6g>;
• <http://www.youtube.com/watch?v=vR-vpnkNhrc>;
• <http://www.youtube.com/watch?v=BsmAWm2rrDk>.

Seção de Sistematização
Nesta última unidade, apresentamos a aplicabilidade de alguns conceitos físicos
presentes em equipamentos e dispositivos que utilizamos diariamente. Por este estudo,
podemos perceber que, por mais que a tecnologia avance, as leis físicas e as leis da
natureza devem ser respeitadas. O que fazemos, na verdade, é aprimorar nossos conhe¬
cimentos sobre essas leis, buscando melhorar a qualidade de vida no planeta Terra.
Verificamos, no decorrer do curso, que, de fato, a física utiliza a linguagem mate¬
mática para tratar quantitativamente as leis da natureza e, nessa unidade, fica clara a
importância de se saber lidar com os números, pois, se não fosse assim, muito provavel¬
mente estaríamos nos primórdios de nossa evolução tecnológica.
Referências Bibliográficas
BOSQUILHA, A.; PELEGRINI, M. Minimanual compacto de física - teoria e prática. 2. ed. São
Paulo: Rideel, 2003.
CRUZ, W. Vá de bike. A ordem correta da passagem de marchas. Disponível em: <http://vadebike.
org/2006/08/a-ordem-correta-da-passagem/>. Acesso em: 20 nov. 2018.
DIAS, M. Ponto Ciência. Bate forte coração. Disponível em: <http://www.pontociencia.org.br/
experimentos/visualizar/bate-forte-coracao/690>. Acesso em: 8 jun. 2018.
GASPAR, A. Compreendendo a física. São Paulo: Ática, 2011.
HARRIS, T. How stuffworks. Como funcionam as máquinas fotográficas. Disponível em: <http://
viagem.hsw.uol.com.br/cameras-fotograficas.htm>. Acesso em: 8 jun. 2018.
HEWITT, P. G. Física conceituai. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.
LUZ, A. M. R. da; ALVARES, B. A. Curso de física, v. 1. 6. ed. São Paulo: Scipione, 2006.
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com/matematica/sistema-transmissao-por-correntes.htm>. Acesso em: 8 jun. 2018.
NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física Básica. 3. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1996.
RAMALHO JUNIOR, F. et al. Os fundamentos da física. 9. ed. São Paulo: Moderna, 2007.
RESNICK, R.; HALLIDAY, D.; KRANE, K. S. Física. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1994.
TIPLER, P. A. Física para cientistas e engenheiros. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
Eliane Carvalho de Vasconcelos
Professora dos Programas de Mestrado e Doutorado em Gestão Ambiental
e Biotecnologia da Universidade Positivo, desenvolve e publica trabalhos
principalmente na área de determinação da presença de medicamentos em
águas, solo e esgoto. Formada em Química pela Universidade Estadual Paulista
(Unesp), Mestre e Doutora em Química Analítica pelo Instituto de Química da
Universidade de São Paulo (USP).

Marco Aurélio Carvalho


Professor dos Programas de Mestrado e Doutorado em Gestão Ambiental e
Biotecnologia da Universidade Positivo, desenvolve e publica trabalhos prin¬
cipalmente na área de análise térmica e tratamento de resíduos por processos
biotecnológicos. Formado em Química pela Universidade Estadual Paulista
(Unesp), Mestre e Doutor em Química Analítica pelo Instituto de Química da
Universidade Estadual Paulista.
A Química e a Vida
Contemporânea
P orque a química é importante em nossa vida? De que modo ela está presente em nosso
cotidiano?
A química está presente no cotidiano de nossa sociedade de vários modos: nos produtos
que consumimos diariamente, como os alimentos e os artigos de higiene, em medicamentos e trata¬
mentos médicos, nos combustíveis, na geração de energia, na tecnologia e no meio ambiente.
Capítulo 1

A Importância da Química no
Cotidiano
Para muitas pessoas que vivem no meio urbano, especialmente em grandes cidades, é muito
importante ter a oportunidade de passar alguns dias do ano em uma região em que seja possível
respirar um ar mais puro.
Outra preocupação bastante frequente está relacionada à qualidade dos produtos que con¬
sumimos. Ao irem ao supermercado ou à feira, por exemplo, muitos se preocupam em comprar
produtos com “menos produtos químicos”, como frutas e verduras orgânicas.

Mas qual a relação entre essas duas situações e a química?


Quando você respira, é introduzida em seu organismo uma grande quantidade de compostos
químicos, que estão presentes até mesmo nos produtos que chamamos de “orgânicos”. O nosso corpo
também é constituído por milhões de células e depende da produção, em seu interior, de complexas
reações químicas.
Poderíamos citar ainda várias outras situações em que os processos químicos estão presentes,
como no caso da transformação do vinho em vinagre, pela ação do oxigénio ao deixarmos a garrafa
aberta por algum tempo, ou quando um carro exposto à ação do tempo e da maresia no litoral enfer¬
ruja, devido ao processo de oxidação (que ocorre quando o ferro da lataria entra em contato com o
oxigénio).

Pesquise em livros e sites especializados por que as garrafas de vinho devem ser guardadas
deitadas, em adegas e nunca em pé.

Acesse os vídeos sobre o papel da química em nosso dia a dia e como o desenvolvimento dessa ciência contribui
para o bem-estar da sociedade: <https://twitter.com/quimicacoisas>.

A Importância da Química no Cotidiano


Podemos perceber que a química está muito presente em Gás mostarda - Gás de coloração
nossas vidas, porém, da mesma forma que ela está relacionada amarela, parecida com a cor da
à geração e à manutenção da vida, quando utilizada de maneira mostarda, que é extremamente
equivocada pelo homem, pode causar sérios danos à humanidade tóxico e irrita os olhos, a pele e o
e ao meio ambiente. Um exemplo é o emprego do gás mostarda sistema respiratório.
durante a Primeira Guerra Mundial ou de outras armas químicas
utilizadas na atualidade.

Para saber mais sobre armas químicas e biológicas, acesse: <https://super.abril.com.br/ciencia/a rmas-quimicas-
e-biologicas/>.

Outro exemplo são as bombas atómicas lançadas sobre o Japão na


Segunda Guerra Mundial, nas quais a fissão do átomo de urânio liberou
Ato de fender, cindir, uma quantidade imensa de energia destruidora. Hoje, no entanto, com as
separar. grandes usinas atómicas, o mesmo urânio é responsável pela geração de
energia em vários países.

htp:/comns.wikedarg
Imagens:

Com a ajuda do professor de história, reúna-se a um grupo de colegas e faça uma pesquisa
sobre as armas químicas utilizadas em conflitos bélicos ao longo do tempo.

A Importância da Química no Cotidiano\^^/


Recentemente as pesquisas e as desco¬ • Processos que colaboram com a con¬
bertas em química têm colaborado de maneira servação do meio ambiente.
direta para os avanços da ciência, com reflexos
PA
positivos no atendimento às necessidades das PM

Frag/Divulção
pessoas em sua vida cotidiana, como nos seguin¬
tes casos:
• Combate a diversas doenças, entre as
quais o câncer. Flávio

• Fabricação de produtos de higiene e


limpeza que tornam mais saudável a
vida da população.

Grande variedade de medicamentos desenvolvidos para combater o


câncer.

• Melhoramento genético de produtos


agrícolas, tomando-os mais resistentes a
pragas.

Grande variedade de produtos que são utilizados no dia a dia


para higiene pessoal.

Soja transgênica.

A Importância da Química no Cotidiano


• Produção dos constituintes eletrónicos utilizados nos computadores para tornar os meios de
transporte e comunicação mais eficientes.

Trem-bala - Principal meio de transporte para longas distâncias no Japão.

Reflexão

Considerando, então, o modo como o ser humano se utilizou até hoje das descobertas em
química, você poderia afirmar que essa ciência é benéfica ou prejudicial à humanidade?
Assim como outras ciências, a química tem contribuído para o surgimento de inúmeros avanços
tecnológicos e científicos nas últimas décadas, como os da indústria farmacêutica e os relacionados
à conservação do meio ambiente. Entretanto, é preciso aplicar com consciência os conhecimentos
adquiridos nessa área para evitar efeitos negativos para a humanidade, aprendendo com os erros de
sua aplicação no passado, como no caso da utilização da bomba atómica.

Produção Escrita

1) Descreva, no espaço a seguir, três situações cotidianas em que você possa perceber a par¬
ticipação das descobertas em química de maneira positiva. Pense no seu dia a dia, em sua
cidade e em seu bairro, e em como a química afeta sua vida em geral.

A Importância da Química no Cotidiano


2) Agora descreva, no espaço a seguir, três situações em que a aplicação das descobertas da quí¬
mica tiveram consequências negativas para os seres humanos ou para o meio ambiente.

0 Desenvolvimento Histórico da Química


Refletindo sobre a história da humanidade,
podemos entender que a importância da química
para a sobrevivência humana pode ser identificada
desde o aparecimento do ser humano na Terra, e
não apenas nas sociedades contemporâneas.
A necessidade, aliada ao instinto de curiosi¬
dade, fez com que o homem primitivo se utilizasse
do fogo para aquecer-se nas noites frias e para tor¬
nar seus alimentos mais facilmente mastigáveis e
digeríveis. Para a obtenção do fogo, foi necessária
a percepção de que se tratava de gerar um processo
químico, mesmo que ainda não compreendido.
O processo de combustão, pelo qual se conseguiu
obter o fogo, é uma reação química que se dá entre
o oxigénio do ar e a madeira.
As duas hipóteses elaboradas sobre a produ¬
ção do fogo na Pré-História são a fricção de dois
pedaços de madeira e a percussão de uma massa de
pirite de ferro contra um fragmento de sílex.

Assista ao filme A guerra do fogo, produção franco-


-canadense de 1981 que mostra, de forma bastan¬
te realista, a vida cotidiana de dois grupos de ho-
minídeos pré-históricos, há cerca de 80 mil anos,
quando um dos grupos havia acabado de desco¬
brir o fogo. A história é uma mistura de aventura
e ficção científica sem uso das palavras, apenas
grunhidos, música e imagens.
A produção do fogo foi o primeiro experimento científico
Os seres humanos já se loco¬
realizado pelo ser humano, e considera-se o domínio da técnica
moviam como bípedes, o que
empregada nesse processo e das formas de sua utilização no coti- deixava suas mãos livres para
diano a descoberta que revolucionou mais profundamente a vida manipular instrumentos, interfe¬
rir no seu meio e produzir o fogo.
dos humanos na Terra. A reação química envolvida nesse processo
A necessidade de preservar essa
pode ser representada pela fórmula a seguir. tecnologia, ensinando-a para as
próximas gerações, estimulou
a capacidade de comunicação,
c + o2^co2 que se tornou mais complexa,
Carbono + Oxigénio Gás carbónico por meio de sons, fazendo surgir
a linguagem.

Desse modo, mesmo sem saber, naquele momento da histó¬


ria, o ser humano havia transformado duas substâncias diferentes - o carbono presente na madeira
e o oxigénio contido no ar - em outras duas substâncias: gás carbónico e água. Esse foi o início do
desenvolvimento do processo experimental, que se faz presente até a atualidade em todos os experi¬
mentos que desenvolvemos. E pelo fato de repetir um experimento várias vezes, utilizar seus efeitos
benéficos e perpetuar tais descobertas, ensinando-as para as próximas gerações, que o ser humano
passou a se distinguir dos outros animais, colocando-se em posição de domínio sobre os demais.
Milhares de anos após a descoberta do fogo, muitas outras descobertas relacionadas à química
possibilitaram a realização de grandes avanços tecnológicos. O início da exploração de metais mar¬
cou a transição da Pré-História para a Idade dos Metais. Assim como o fogo, a utilização dos metais
tornou cada vez mais fácil a vida das pessoas, de modo que a exploração desses recursos, ou extrati-
vismo, incentivou a formação de sociedades mais complexas, como a dos egípcios, a dos fenícios, a
dos gregos e a dos romanos.

Ferramentas e utensílios de metal produzidos na Antiguidade.

A Importância da Química no Cotidiano


Um dos principais avanços tecnológicos do período, muito
Ao longo da história, a siderurgia relacionado à química, foi o emprego da técnica de fundição. Por
foi essencialmente uma atividade meio da tecnologia metalúrgica, ainda que rudimentar, foi possível
florestal, praticada em pequenos processar metais como bronze e cobre. O ouro já era utilizado há
estabelecimentos, com madeira
cerca de 10 mil anos, o cobre há 8 mil anos; por volta de 3000 a.C.,
das florestas como combustível
(carvão vegetal), o que gerou
o bronze já era produzido no Egito e na Mesopotâmia. O chumbo
grande destruição florestal. Com e a prata também eram bastante utilizados durante a Antiguidade.
o passar do tempo, o carvão O artefato de ferro mais antigo já encontrado data de cerca de
mineral substituiu o vegetal. 5 mil anos a.C., porém o uso do ferro só se tornou comum por
Atualmente a indústria metalúr¬ volta de 1500 a.C.
gica ocupa áreas urbanas.
Os primeiros fornos para produção de ferro surgiram na
Antiguidade e eram feitos de barro. Os primeiros altos-fornos para
fundição de metais apareceram no século XVIII.

Operário em uma metalúrgica usando aço fundido


para produzir peças das mais variadas formas.

É importante observar que a maior parte dos metais é encontrada no


meio ambiente. Entretanto, a grande maioria deles não está diretamente
disponível, ou seja, não se apresenta de maneira isolada na natureza, mas
sim combinada a outros metais, formando os minérios, como a calcopi-
rita, importante fonte de cobre, ou a hematita e a magnetita, fontes de
ferro, em ambos sob a forma de óxidos.

Kaiser/WC
Norbet

Minério de hematita. Minério de magnetita.

A Importância da Química no Cotidiano


Faça uma pesquisa para saber em quais outros minérios encontramos ferro e alumínio.
Procure identificar também as principais aplicações do ferro e do alumínio no nosso dia
a dia.

A separação dos metais do minério, entre outros elementos encontrados em conjunto, pode
ser feita por meio do emprego de diversos procedimentos químicos, sendo o mais antigo e ainda hoje
utilizado aquele que se faz pelo aquecimento em presença do ar. Há, porém, alguns metais, como o
ouro, que podem ser explorados diretamente no meio em que se encontram.

Garimpo de ouro no sul do Amazonas.

Além de desequilíbrios ambientais, a exploração do ouro provoca vários problemas de


saúde que estão relacionados a um outro metal utilizado na extração do ouro. Pesquise
qual é esse metal e quais são os problemas de saúde que ele pode causar.

Alguns outros avanços científicos e tecnológicos ocorreram na Idade dos Metais em função
do desenvolvimento das sociedades. Com a aplicação do fogo e de processos químicos, foi possível
desenvolver a ciência na obtenção de novos materiais, como a cerâmica, feita a partir do aqueci¬
mento de argila em presença de água; o esmalte, produzido por meio do aquecimento de diferentes
minerais; e a porcelana, principalmente na China.

A Importância da Química no Cotidiano


Os fornos desenvolvidos para a queima desses materiais
influenciaram o processo de transformações sociais e económicas que
culminaram na Revolução Industrial no século XVIII. Atualmente
esses materiais estão tão próximos de nós e nos são tão acessíveis que
passam despercebidos e, às vezes, sequer imaginamos o quanto de
ciência e de química estão presentes na sua produção. Foram neces¬
sários muitos séculos para se tornar possível o desenvolvimento de
um simples artefato de cerâmica, como um azulejo, usado no reves¬
timento de paredes ou um piso de cerâmica aplicado no chão das
casas, assim como para desenvolver um supercondutor, capaz de
conduzir energia elétrica sem provocar aquecimento e de se manter
utilizável por muitos anos sem desgastes expressivos.

MENZEL, Adolph. A laminação de ferro (Cyclopes modernos),


1872-1875. Óleo sobre tela, 158 cm x 254 cm.
Alte National Galerie.

Você saberia apontar alguns materiais que atualmente fazem


parte de equipamentos de altíssima tecnologia e que tenham
sido produzidos com base em processos químicos utilizados
desde a Antiguidade, descritos anteriormente?

Procure em livros, jornais, revistas ou, então, acesse sites con¬


fiáveis para promover sua pesquisa.

Reflexão

Ao utilizar a internet, aproveite para refletir sobre os compo¬


nentes do seu computador. Quantos deles existiriam se não
fosse o avanço da ciência e da química?

A Importância da Química no Cotidiano


Capítulo 2

Do Que as Coisas São Feitas?

Todas as ciências, entre as quais


a química, tentam responder
às grandes perguntas da
humanidade: Do que somos
feitos? Como fomos feitos? Como
tudo começou?

David Teniers the Younger, O Alquimista, 1650. Royal Picture Gallery Mauritshuis, Haia-Holanda.
Os filósofos e os alquimistas foram os precursores da química.

A química, como ciência propriamente dita, passou


a ser discutida na Grécia Antiga pelos filósofos. Naquele A palavra alquimia, AL-Khemy, tem
tempo, o maior interesse era descobrir qual a constituição origem árabe e significa a química. O
da matéria, ou seja, do que as coisas são feitas. estudo alquímico surgiu por volta do
século III a.G, em Alexandria, e deriva
Uma parte dos filósofos defendia a ideia de que a
da mistura de três correntes: a filo¬
matéria seria constituída dos elementos básicos da natureza,
sofia grega, o misticismo oriental e a
ou seja, terra, água, fogo e ar, e que a junção desses quatro tecnologia egípcia. Conseguiu grandes
elementos, em diferentes proporções ou modos, deveria for¬ avanços na metalurgia, na produção de
mar o que se conhecia por “matéria”. papiros e na criação de equipamentos
Já segundo uma outra teoria filosófica, toda maté¬ de laboratório, mas não alcançou suas
metas principais, entre as quais a trans¬
ria seria constituída por uma unidade básica, indestrutível.
mutação de metais inferiores em ouro
Embora não tivesse tanta força na Idade Antiga, essa ideia por meio da pedra filosofal e a obten¬
permaneceu viva até o princípio da Idade Moderna. ção do elixir da longa vida. Apesar de
A partir do século II, a crença nos princípios da alquimia não ter caráter científico, a alquimia
prevaleceu entre os cientistas. Existiam duas bases funda¬ contribuiu para o desenvolvimento de
conhecimentos mais tarde utilizados
mentais para o estudo alquímico:
pela química.
• o elixir da longa vida, que permitiria às pessoas
permanecerem jovens e vivas por mais tempo;
• a pedra filosofal, que tornaria possível a transmutação dos metais em ouro.

Do Que as Coisas São Feitas?


Por meio da incansável procura do ser humano pelos princípios
Você sabia que um dos
métodos mais utilizados
alquímicos, novos produtos químicos foram descobertos e vários procedi¬
pelos alquimistas era mentos de separação de substâncias acabaram sendo desenvolvidos.
o processo de destila¬
Mesmo sem os resultados esperados, o princípio fundamental da
ção e que esse mesmo
processo é utilizado atéalquimia permanece vivo por meio da ciência, que investiga incessante¬
hoje nas refinarias de mente a possibilidade de encontrar recursos e riquezas para beneficiar
petróleo? a sociedade, à semelhança da busca pela pedra filosofal. Na atualidade,
como faziam os alquimistas ao procurarem pelo elixir da longa vida, cien¬
tistas promovem o avanço da engenharia genética e a pesquisa de novos
medicamentos e sistemas que prolonguem e preservem a vida humana.
A partir do século XVI, os estudos relacionados à química passaram a se preocupar com outras
questões menos filosóficas e adentraram o campo da observação de fenômenos. Tiveram origem
nesse período os estudos sobre os gases, o desenvolvimento dos conceitos de elementos químicos e
a caracterização de suas propriedades. Esses e outros estudos foram forta¬
lecidos também em função das várias teorias formuladas na época, como Flogístico/flogísto:
a do flogístico, de Georg Ernst Stahl, segundo a qual os corpos tinham Do p}jOgistó
uma matéria chamada flogístico ou flogisto, que seria liberada durante os . significa inflamável.
processos de combustão. K |

Í=4íA Reflexão

0 que você pensa a respeito da teoria do flogístico? Será que o flogisto realmente existe?

Representação do que se pensava ser um flogístico.

No século XVIII, a química assumiu as características atuais, exercendo a função de uma ciên¬
cia experimental (que necessita da realização de experimentos controlados para obter resultados),
na qual vários fenômenos são observados a fim de se constituírem teorias que possam explicá-los.

Do Que as Coisas São Feitas?


Um dos maiores avanços químicos dessa época foi a síntese da ureia a
partir de um sal inorgânico, realizada por Friedrich Wõhler em 1828. Esse cien¬
tista provou que a matéria orgânica poderia ser sintetizada em laboratório de
maneira química, não sendo produzida apenas por seres vivos, como antes se
pensava. A síntese da ureia desenvolvida por Wõhler é a seguinte:

2
NH'CNOA-0
Cianato de amónio
XNH 2
(inorgânico) Ureia
(orgânica)

Nessa época, os estudiosos da área passaram a dividir a química em


química orgânica, relacionada à química do carbono, e química inorgânica,
relacionada aos demais elementos. Essa divisão tradicional é mantida até a
atualidade.

Produção Escrita

Quando você separa o lixo na sua casa, está fazendo uma separação
entre componentes orgânicos e inorgânicos. Crie uma tabela com os
materiais que você deposita no lixo, distinguindo o que você entende
por orgânico e o que você julga ser inorgânico. Qual dos dois tipos de
componentes é sintético?

No entanto, a maior mudança na química ocorreu em meados de 1750,


quando o químico francês Antoine Lavoisier passou a fazer vários experimen¬
tos de combustão e corrosão e notou que, na situação de um corpo queimado
ou corroído, sua massa (que erroneamente chamamos de “peso”) diminuía e o
meio no qual estava ganhava a mesma quantidade em massa. Ou seja, a matéria
poderia transformar-se, modificando suas propriedades, mas a massa com a
qual era constituída nunca se modificava.
A lei química criada por Lavoisier a partir dessa série de experimentos
foi chamada de Lei de Ação das Massas e traz uma definição bem conhecida de
todos nós: Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
Lavoisier é considerado o pai da química moderna e, com base em suas
teorias, desenvolveu-se o que atualmente entendemos como química.

Produção Escrita

Reúnam-se em grupo e discutam sobre os possíveis significados da


Lei de Ação das Massas. Procurem exemplos que possam explicar a
frase que a define e, em seguida, apresentem as conclusões do grupo
para a turma.

: : \O)
Do Que as Coisas São Feitas?\^P/
A Composição da Matéria
Podemos entender como matéria tudo aquilo que possui massa e ocupa um determinado lugar
no espaço. Quando a matéria se encontra delimitada e serve para algum fim, pode-se denominá-la de
corpo. Um carro, uma flor, uma pessoa são exemplos de corpos constituídos de matéria.
Assim, ao observarmos uma bola, uma caneta, uma ferramenta ou qualquer outro material,
sabemos que estamos observando um agregado de matéria com uma constituição bem definida.

Mas do que é feita a matéria?


A resposta para essa pergunta é, algumas vezes, complexa e pode trazer alguma confusão.
A princípio, devemos pensar na matéria que compõe os objetos inanimados (sem vida) e na
matéria que compõe os seres vivos em geral - homem, plantas, pássaros, insetos, etc.

Como podemos perceber, embora a matéria seja encontrada de diferentes maneiras nos cor¬
pos, sua constituição de um modo geral é a mesma. O “tijolo” que constitui tanto o nosso corpo
quanto as árvores ou uma bola de futebol é o mesmo - o átomo.

Então, por que as coisas são diferentes entre si?


As coisas são diferentes entre si porque os átomos se combinam de maneiras diferentes.
Lembra-se da hematita e da magnetita? Ambos os minérios são constituídos de ferro e oxigénio,
porém cada um foi formado de uma maneira diferente, o que obrigou o ferro a arranjar-se de forma
diferente, a ligar-se de forma diferente com o oxigénio. São esses arranjos e ligações que fazem com
que as coisas se diferenciem umas das outras.

Do Que as Coisas São Feitas?


Observe o exemplo a seguir:

O importante é, portanto, saber como esses átomos estão distribuídos e


com que outros átomos eles estão ligados. O arranjo dos átomos e sua natureza
definem a matéria.
Alguns materiais não dependem da diversidade dos átomos que os
constituem, mas sim do arranjo em que se encontram. Um bom exemplo é o
próprio carbono.

OíA Reflexão

0 que você escolheria para ganhar de presente: grafite ou diamante?


Você sabia que os dois são feitos do mesmo material?

0 grafite, utilizado em lapiseiras, e o diamante, embora tenham todas as


propriedades completamente diferentes, como dureza, cor e brilho, são
constituídos unicamente por carbono. A diferença está na maneira como os
átomos de carbono estão arranjados.

Outro exemplo interessante é o DNA. Hoje, os cientistas já podem preve¬


nir várias doenças e modificar alimentos por alterações nas moléculas de DNA
(um composto orgânico que contém todas as informações sobre a constituição
dos seres vivos).

Do Que as Coisas São Feitas?


O DNA é uma molécula constituída por átomos, cujo arranjo específico determina todas as
características físicas dos seres vivos. Sua constituição unitária é o átomo.

Editora
Acervo

A ilustração representa a molécula do DNA. Cada parte


colorida representa um átomo e sua disposição deve ser obe¬
decida. A modificação ou retirada de um átomo da estrutura
acarretará uma mudança das suas propriedades.

Os metais têm sido de grande importância para o ser humano, principalmente na obtenção
de ligas metálicas. No entanto, algumas vezes a utilização dos metais de forma isolada é
muito importante. Pesquise em livros e sites especializados e identifique os metais contidos
nos materiais listados a seguir:
a. Lâmpadas.
Ligas metálicas:
b. Latas de refrigerante.
São materiais com
c. Fios elétricos. propriedades metálicas
d. Vigas estruturais para a construção civil. que contêm dois ou mais
elementos químicos,
e. Joias. sendo ao menos um deles
um metal.

•jÃvi Análise

A embalagem de um produto natural, chamado de "orgânico", traz a informação de que


aquele produto é isento de substâncias químicas. Essa informação pode ser verdadeira?
Por quê?

2) A matéria é tudo aquilo:


a. que não podemos ver;
b. que tem massa e ocupa lugar no espaço;
c. que tem partículas indivisíveis;
d. que vemos e pegamos, com exceção dos gases.

Do Que as Coisas São Feitas?


Seção de Sistematização
Nesta unidade, refletimos sobre a importância da química no nosso dia a dia. Existe
química em tudo, até mesmo nos produtos que são considerados saudáveis por não con¬
terem elementos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Os efeitos produzidos pelos
processos e substâncias químicas dependem da forma como os utilizamos.
Como vimos, a primeira reação química que o homem produziu ao acaso foi a
queima da madeira para produzir fogo. A partir daí, os estudos da química passaram por
vários momentos, como as teorias dos filósofos e dos alquimistas, até chegarmos aos
dias de hoje, quando assistimos ao desenvolvimento de materiais capazes de tornar a
vida do ser humano mais fácil.
Também percebemos que existe um número limitado de elementos na natureza e
que eles se combinam de formas diferentes, produzindo tudo o que conhecemos, como
o grafite e o diamante, ambos feitos de carbono. Na próxima unidade, vamos aprofundar
os estudos sobre a matéria e suas propriedades.
Agora, reflita sobre a importância da química no cotidiano e descreva, no espaço a
seguir, as situações do dia a dia em que a química se faz presente.
Como a Matéria se Organiza
V ocê já observou que o cafezinho demora mais para ficar pronto na praia do que na mon¬
tanha? Para entender por que isso acontece, procure pensar sobre algumas questões:
Como a matéria se comporta quando é exposta a algum tipo de variação, como a tem¬
peratura e a pressão?
Por que o mesmo fenômeno ocorre de maneira desigual em diferentes locais?
Capítulo 1

As Transformações da Matéria
Já vimos, na unidade anterior, que toda matéria é constituída por uma unidade básica, o átomo.
Vimos também que, em função das propriedades dos átomos e de como estão combinados, a matéria
apresenta diferentes propriedades físicas e químicas. Assim, embora constituído do mesmo “tijolo”,
o grafite e o diamante são completamente diferentes.
Agora chegou o momento de tentarmos fazer como os antigos alquimistas: não estudaremos
a matéria apenas pela simples observação de suas propriedades; vamos testá-las para que possamos
entender como a matéria se organiza e se transforma sob a ação de variações físicas e químicas.

E por que isso é importante?


Testando a transformação das propriedades dos materiais sob a ação de variações físicas e
químicas, foi possível a obtenção de conhecimentos que permitiram grandes avanços científicos
e tecnológicos, como vimos na primeira unidade. Quando o ser humano aprendeu a manusear o
fogo e promover transformações sobre a matéria, revolucionou seu modo de vida e sua ação sobre
o meio em que vive.
Ao aquecer um pedaço de minério no fogo, o ser humano descobriu que o material amolecia
gradativamente até tornar-se líquido e que, ao desaquecer-se, o material voltava ao estado sólido
novamente. Percebeu, ainda, que, quando se misturavam dois ou mais metais em um mesmo reci¬
piente e estes eram aquecidos, ambos passavam ao estado líquido e, ao serem resfriados novamente,
voltavam ao estado sólido com novas propriedades, como dureza e maleabilidade diferentes. Esse
processo dá origem às ligas metálicas.

Tipos de Transformações da Matéria


Podemos fazer uma divisão bem
simples entre os tipos de transforma¬
ções observadas na matéria. O primeiro
tipo diz respeito às transformações físi¬
cas. Nessa primeira categoria, podemos
observar uma mudança na forma da
matéria. Por exemplo, quando deixado
fora do congelador, em pouco tempo
um cubo de gelo perde essa forma e,
lentamente, se transforma em uma
poça de água. Perceba que, apesar de
não termos mais a mesma forma - cubo
de gelo -, não deixamos de ter a mesma
substância, que é a água.

/is Transformações da Matéria


Assim, podemos chegar a uma primeira conclusão: as transformações físicas observadas na
matéria não implicam modificações em relação à sua estrutura interna. Resfriada ou aquecida, a
água continua sendo água.
As alterações de temperatura, porém, não são o único meio de promover alterações na forma
da matéria. As transformações da água podem ser mais bem visualizadas quando se examina o seu
ciclo, durante o qual podemos ver todas as formas que ela pode assumir.

0 eido da água é muito importante para o equilíbrio do planeta e um exemplo de como as transformações da matéria fazem
parte do nosso cotidiano.

Podemos observar alterações físicas da matéria quando, por exemplo, trituramos uma rocha
até que esta se torne pulverizada, com a aparência de pó, ou quando dissolvemos o açúcar no leite
ou o sal na água. No entanto, as transformações físicas mais importantes, e que por isso merecem
maior atenção, são aquelas alterações relacionadas às mudanças de temperatura e pressão que, de
modo geral, afetam constantemente a rotina das pessoas. E o caso, por exemplo, das inundações que
ocorrem ao final do inverno no Hemisfério Norte, causadas pelo derretimento da neve.
O segundo tipo de transformação observada na matéria diz respeito às transformações quími¬
cas. Estas são mais complexas que as físicas, pois envolvem reações. Um exemplo de transformação
química é a sofrida pela madeira ao ser queimada. Esse processo envolve a combustão, reação quí¬
mica entre o oxigénio presente no ar e a madeira.
Ao longo deste estudo, vamos abordar com maior profundidade apenas as transformações
físicas. As transformações químicas serão vistas mais detalhadamente nas próximas unidades.

As Transformações da Matéria
Transformações Físicas da Matéria
Para melhor compreendermos como ocorrem as transformações
físicas da matéria, é necessário, inicialmente, entendermos e classifi¬
carmos as propriedades físicas da matéria. Assim, três estados físicos,
relacionados a diferentes propriedades físicas, serão abordados:
• sólido;
• líquido;
• gasoso.
Ao observarmos a matéria no estado sólido, podemos identificar
algumas particularidades às quais chamamos de propriedades macros¬
cópicas (aquilo que podemos realmente observar sem ajuda de um
microscópio). Caracteristicamente, um sólido apresenta um volume sem¬
pre constante e uma forma também constante, ou seja, ele não toma a
forma do recipiente no qual está inserido.
Quando observamos seu comportamento com a ajuda de um micros¬
cópio, podemos ver uma ordem estrutural nas moléculas. Assim, o estado
sólido se caracteriza por uma estrutura em que existe ordem molecular.

Modo de ordenação molecular: característica do estado sólido.

Quando colocamos um líquido como a água dentro de um reci¬


piente qualquer (uma jarra, por exemplo) podemos ver que esse líquido
toma a forma da jarra, ou seja, o líquido se molda ao recipiente onde
foi colocado. Contudo, o volume do líquido não muda com a forma
do recipiente. Isso acontece porque em um aspecto microscópico as
moléculas de um líquido não se apresentam de maneira tão ordenada
como as de um sólido. Ou seja, as moléculas de um líquido estão mais
desordenadas (bagunçadas) que as de um sólido.
No caso dos gases, seu volume é adaptável a qualquer recipiente
em que esteja inserido. Diferentemente dos líquidos e dos sólidos, os Modo de ordenação molecular:
gases podem sofrer alterações no seu volume. característica do estado líquido.

/\s Transformações da Matéria


Observando o comportamento das moléculas de um gás por meio de
um microscópio, concluímos que, além de os gases apresentarem moléculas
extremamente desorganizadas, existe um grande espaçamento entre elas e
um alto grau de agitação das moléculas.

Modo de ordenação molecular:


característica do estado gasoso.

Temperatura e Pressão nas Mudanças de


Estado da Matéria
Sistema: Com a alteração de dois fatores muito importantes, a temperatura e
a pressão, a matéria pode variar entre os estados sólido, líquido e gasoso.
É uma porção limitada
Tudo depende sempre da ordem (organização) do sistema e do grau de
do universo, considerada
como um todo. Pode ser agitação das moléculas.
qualquer lugar no espaço Uma boa maneira de entender o conceito de temperatura é obser¬
no qual esteja sendo var o que ocorre quando estamos com febre. A temperatura normal do
observada uma transfor¬
mação. Um sistema pode
organismo varia entre 36 °C e 37,5 °C (essa variação depende do período
ser o universo inteiro ou do dia e da atividade que está sendo desenvolvida). Abaixo dessa tem¬
um tubo de ensaio no peratura, quando exposto a condições de muito frio, o organismo tende
. laboratório. a acelerar o metabolismo para elevar a temperatura, e isso pode levar a
processos de infarto.
Por outro lado, temperaturas acima de 40 °C podem levar
A temperatura pode ser definida o indivíduo a convulsões e morte. No entanto, ao contrário
como o quanto as partículas de um do que se pensa, a febre pode também ser um sinal de que o
sistema estão agitadas, quando este organismo está reagindo contra algum processo infeccioso, mas
ganha ou perde calor.
só um médico poderá fazer um diagnóstico correto. Portanto,
febres acima de 38 °C devem ser analisadas por um médico.
Com o aumento da temperatura, a agitação molecular tende a aumen¬
tar. Para ilustrar, vamos fazer uma comparação. Imagine-se em cima de
uma chapa metálica. Com certeza, se a temperatura da chapa começar a
aumentar e você estiver descalço, seu nível de agitação também irá aumen¬
tar. Quanto maior for a temperatura da chapa, maior sua agitação pulando
sobre a chapa.

As Transformações da Matéria
Agora imagine as moléculas de um sólido qualquer, que tem uma
estrutura muito rígida e organizada. Ao adicionarmos calor ao recipiente
em que ele se encontra, aquecendo-o, haverá instantaneamente um
aumento da agitação de suas moléculas, o que levará a uma desorganiza¬
ção estrutural do sistema.
Se continuarmos o aquecimento do sistema, aumentando sua desor¬
dem, iremos provocar a mudança do seu estado físico. Assim, deixaremos
de ter um sólido e passaremos a ter um líquido. Entretanto, um líquido
ainda apresenta um pequeno grau de ordem em sua estrutura molecular,
mesmo que bem menor que a apresentada por um sólido.
Caso continuemos o processo de aquecimento do sistema, iremos
verificar que o grau de desordem aumenta ainda mais (em virtude da agi¬
tação molecular), fazendo com que haja um maior espaçamento entre as
moléculas. Desse modo, haverá a passagem para o estado gasoso, que é o
estado menos organizado existente.
Se observarmos a passagem do estado gasoso para o sólido, obser¬
varemos o mesmo fenômeno, mas ao contrário. Ao diminuirmos a
temperatura, diminuímos a agitação molecular e a ordem vai se estabele¬
cendo no sistema, que passa do estado gasoso para o líquido e deste para
o sólido. Pressão:
Podemos utilizar a mesma explicação para entendermos o efeito da
É a força executada sobre
pressão na transformação da matéria. uma superfície.
Experimente apoiar sua mão aberta, espalmada sobre uma mesa,
pressionando essa superfície levemente. Este é um exemplo claro de como
a pressão atua. Agora imagine o ar à nossa volta. Toda essa massa de ar
sobre nossas cabeças gera uma pressão equivalente a 1 atmosfera, ou 1 atm.
Quando subimos a altitudes elevadas, a massa de ar sobre nossas cabeças
diminui; logo, em lugares altos, a pressão é menor e o ar mais rarefeito.
Se você já viajou para lugares mais altos, como a serra, ou viajou de avião, deve ter expe¬
rimentado uma sensação desagradável de pressão nos ouvidos e na cabeça. Você saberia
explicar por que isso acontece? Faça uma pesquisa na internet sobre esse assunto e registre
suas conclusões no caderno.

Acesse o site do Instituto de Química da Unesp e aprenda a realizar experimentos simples que de¬
monstram a ação da pressão atmosférica. Diponível em: <http://www.proenc.iq.unesp.br/index.php/
ciencias/35-experimentos/56-pressao>.

Agora imagine um sistema gasoso, em que as moléculas se movimentam com um grau elevado
de desordem e em alta velocidade. Ao aumentarmos a pressão do sistema, diminuímos o espaço em
que as moléculas se movimentam.
O primeiro efeito dessa situação é uma diminuição da velocidade das moléculas e uma aproxi¬
mação entre elas. Se dermos continuidade ao processo, o espaço entre as moléculas irá diminuir mais
ainda e ocorrerá um maior número de colisões entre elas, provocando maior organização do sistema.
Em um dado momento, a ordem do sistema será tão grande que ocorrerá a passagem do estado
gasoso para o líquido. Embora o estado líquido seja mais ordenado que o gasoso, ainda apresenta
um pequeno grau de espaçamento e liberdade entre as moléculas. No entanto, se aumentarmos
drasticamente a pressão, os espaçamentos diminuirão, a ordem irá estabelecer-se completamente e
o sistema passará para o estado sólido.

Processos de Mudança do Estado Físico da Matéria


Vamos agora estudar isoladamente cada um dos processos em que ocorrem as mudanças de
estado físico da matéria: fusão, evaporação, ebulição, condensação, solidificação e sublimação.
Fusão - É o processo que determina a passagem do estado sólido para o estado líquido. No
caso da água, observamos essa passagem quando o gelo atinge 0 °C e derrete.

/4$ Transformações da Matéria


Evaporação - Consiste na passagem do estado líquido para o estado de vapor. No caso da
água, esse processo ocorre por volta de 100 °C.

• Ebulição -Trata-se de um fenômeno bastante conhecido por todos. Quem nunca viu a
água fervendo, lançando bolhas na superfície do líquido? Mas você sabia que nem sempre
a água entra em ebulição a 100 °C? A ebulição depende do local onde estamos, ou melhor,
depende da altitude em que nos encontramos.

Água em ebulição em uma chaleira.

Faça uma pesquisa para saber por que existe essa diferença entre as temperaturas de ebu¬
lição da água.

Transformações da Matéria
Sistematização

Com os resultados da pesquisa, tente responder à pergunta apresentada na abertura desta


unidade: Por que o cafezinho demora mais para ficar pronto na praia do que na montanha?

De modo geral, não é necessário que haja ebulição para haver evaporação. Para que o fenô¬
meno aconteça, basta que as moléculas da superfície de um líquido tenham um pouco de liberdade
para passar para o estado gasoso.
Condensação - É a passagem, que ocorre de maneira
espontânea, do estado gasoso para o estado líquido. Por
Você sabe qual a diferença entre exemplo, quando enchemos um copo de gelo, em pouco
vapore gás?
O gás representa o estado físico
tempo observamos várias gotículas de água no lado
de uma substância em condições externo do copo. Isso acontece porque as gotículas na
ambientes, como o gás hélio e o forma de vapor que estão presentes no ar, em contato com
gás oxigénio. O vapor, para existir,
depende de uma alteração da tempe¬
a superfície gelada, depositam-se na superfície externa do
ratura ou pressão ambiente. Assim, copo sob a forma líquida. Um exemplo bem prático da uti¬
por exemplo, para obtermos vapor lização da condensação é a produção de álcool a partir da
de água, precisamos aquecer a água.
cana-de-açúcar. O álcool produzido é evaporado e depois
Por isso, em condições normais, a
água é um líquido e não um gás. condensado em enormes condensadores.

É importante não confundir o processo de


condensação com o de liquefação. A liquefa¬
ção é também a passagem de um gás para o
estado líquido, mas esse processo é realizado
por meio do aumento de pressão. O gás de
cozinha, por exemplo, só pode ser colocado
dentro de um botijão por aumento de pres¬
são sobre o gás. É por isso que dentro do
recipiente o gás está em estado líquido.

Condensadores usados nas destilarias de álcool.

As Transformações da Matéria
• Solidificação - É a passagem de uma substância do estado
líquido para o estado sólido, em processo inverso ao de fusão.
Ocorre, por exemplo, quando colocamos água no congelador.
Ao atingir a temperatura de 0 °C, a água se solidifica, virando
gelo.
• Sublimação É a passagem de uma substância do estado
-

sólido diretamente para o estado gasoso. Esse processo não


é observado de maneira tão comum. Pode ocorrer tanto por
mudança de temperatura como espontaneamente. Um exem¬
plo clássico é o que acontece com a naftalina, produto que se
usa para proteger as roupas da ação das traças. A bolinha de
naftalina não derrete, vai passando aos poucos para o estado
gasoso, e é esse gás que é venenoso contra os insetos. Graus Celsius:

Observe, nas tabelas a seguir, alguns exemplos de substâncias Unidade de que se utiliza
para expressar a gran¬
e seus correspondentes pontos de fusão e ebulição em graus Celsius.
deza física temperatura.

Tabelas 1 e 2 - Temperatura do ponto de fusão em algumas substâncias

Ponto de Ponto de
Substância Substância
fusão (°C) fusão (°C)
Água 0 Estanho 232
Álcool -114 Ferro 1 535
Alumínio 659 Mercúrio -39
Cloreto de sódio 800 Nitrogénio -210
Cobre 1083 Ouro 1063
Chumbo 327 Oxigénio -219
Enxofre 119 Prata 961

Tabela 1 Zinco 419

Tabela 2

Tabelas 3 e 4 - Temperatura do ponto de ebulição em algumas substâncias

Ponto de Ponto de
Substância Substância
ebulição (°C) ebulição (°C)
Água 100 Hidrogénio -253
Álcool 78 Mercúrio 357
Cobre 2 595 Nitrogénio -196
Chumbo 1 744 Ouro 2 966
Enxofre 445 Oxigénio -183
Ferro 3 000 Prata 2 212

Tabela 3 Tabela 4

As Transformações da Matéria
\
Capítulo 2

As Substâncias
As substâncias são constituintes da matéria. Geralmente são com¬
Molécula é uma partícula postas pela união de um ou mais átomos, que definem suas propriedades.
ou um material consti¬
tuído por um ou mais Em geral, a união desses átomos resulta na formação de moléculas.
átomos, que podem ser
Para entender melhor essa definição, observe a seguir duas molé¬
iguais ou diferentes.
culas bem simples, presentes em elementos comuns do nosso cotidiano.

Na molécula de água estão presentes dois átomos de hidrogénio, representa¬


dos pelas esferas azuis, e um de oxigénio, representado pela esfera vermelha.

A molécula de oxigénio é constituída por dois átomos de oxigénio, representa¬


dos pelas esferas vermelhas.

Com base nesses dois exemplos, podemos entender que, para formar uma molécula, são neces¬
sários pelo menos dois átomos.
As moléculas podem ser classificadas segundo a quantidade de átomos que as formam, con¬
forme o quadro a seguir.
Quadro 1- Classificação das moléculas
Note que não existem moléculas
Moléculas Formadas por dois H2 constituídas por um único átomo.
diatômicas átomos d2 Um único átomo é apenas a repre¬
sentação de um elemento químico.
Moléculas Formadas por três h2o Por exemplo, o símbolo Cl repre¬
triatômicas átomos co2 senta um átomo de cloro, enquanto
h2o2 Cl2 refere-se a uma molécula de
Moléculas Formadas por quatro cloro (constituída por dois átomos
poliatômicas átomos ou mais P4
de cloro).
h2so4

As Substâncias
Na natureza, sempre encontramos o cloro combinado com outro Reatividade:
átomo de cloro ou com átomos de diferentes elementos químicos. Em fun¬
Capacidade de combi¬
ção de sua alta reatividade, o cloro tem diversas funções, sendo aplicado, nar-se a outros átomos.
por exemplo, nos sistemas de tratamento de piscinas, para limpeza em
geral, clareamento de tecidos, etc.
A primeira grande classificação possível dos sistemas ou matérias é a divisão entre substâncias
puras e misturas.
• Substância pura - Caracterizada pela inexistência de qualquer outra forma em conjunto,
como a água pura (destilada).

Água destilada utilizada em baterias de carro. Um sistema heterogéneo


pode ser uma mistura hete¬
rogénea ou uma substância
Em um sistema contendo água pura (destilada), temos
pura em mudança de estado
apenas a presença de água e nenhuma substância a mais. físico. Já um sistema homo¬
Assim, sua composição é bem determinada e estabelecida géneo pode ser uma mistura
como H,O. As substâncias puras não podem ser separadas homogénea ou uma subs¬
por meios físicos comuns, como filtração, decantação, etc. tância pura em um único
estado físico.
Atenção: A água que encon¬
tramos em rios, lagos e mesmo no
encanamento de nossa casa, não pode
ser considerada uma substância pura,
pois contém outras substâncias, como
íons (átomo ou grupo atómico eletrica¬
mente carregado) e matéria orgânica.

As substâncias puras podem ser divididas ainda em substâncias puras simples e substân¬
cias puras compostas. As substâncias puras simples podem ser definidas como substâncias
fundamentais, que não podem ser decompostas em estruturas mais simples, como O, e H2.
Já as substâncias puras compostas são constituídas por elementos, sendo assim substâncias
mais complexas, que podem ser decompostas em seus constituintes mais simples.

As Substâncias
• Misturas - Podem ser definidas como uma combinação de uma
ou mais substâncias puras. O granito, por exemplo, é uma mis¬
tura. Se olharmos com atenção a estrutura dessa pedra, podemos
observar vários constituintes minerais que a compõem. Trata-se de
uma mistura sólida, na qual é possível identificar a olho nu seus
componentes.

Existem ainda misturas líquidas e misturas gasosas. Um bom


exemplo de mistura líquida é a mistura de água e óleo. Quando agi¬
tamos um recipiente que contém essas duas substâncias, podemos
perceber a existência dos dois componentes na forma de gotículas.
Passada a agitação, é possível perceber a divisão em duas fases dis¬
tintas, a de óleo e a de água. Há também misturas líquidas, nas
quais não conseguimos observar seus componentes, como o álcool
70% (álcool comercial).

Na mistura de água e óleo, é possível observar claramente a separação


entre as duas substâncias.

As Substâncias
Existem também misturas na forma de gás. Quando se fala no ar puro
das montanhas, na verdade, trata-se de uma mistura de aproximadamente
78% de nitrogénio (N,), 21% de oxigénio (O2) e 1% de outros gases (CO7,
He, Ar, CH4, entre outros).

Por que em alguns casos podemos observar os componentes


de uma mistura e em outros não?
A possibilidade de observação depende das propriedades das matérias,
como do estado físico em que elas estão ou a coloração que apresentam.
Em algumas misturas, podemos visualizar as fases que as constituem,
como no caso da mistura de água e óleo, na qual a fase amarela é o óleo e a
incolor é a água.
Em um mesmo estado físico, é possível observar várias fases, como
exemplificado no quadro a seguir.

Quadro 2 - Número de fases em diferentes estados físicos Fases são as diferentes porções
homogéneas, limitadas por super¬
Número de fícies de separação, que constituem
Componentes Estados físicos
fases visíveis um sistema heterogéneo. Os sistemas
Óleo + Água Líquido 2 homogéneos são monofásicos ou
Ar atmosférico Gasoso 1
unifásicos (apenas uma fase). Os sis¬
temas heterogéneos são polifásicos,
Sal + Carvão Sólido 2 podendo ser bifásicos, trifásicos, etc.

As fases, portanto, são formadas em razão das diferentes proprieda¬


des dos materiais. Entretanto, em algumas misturas, mesmo em se tratando
de diferentes materiais, não conseguimos observar as fases constituintes.
Um bom exemplo dessa situação é uma mistura de água e álcool.
Sabemos que o estado físico da mistura é líquido, mas não podemos ver uma
divisão entre as fases, já que tanto a água quanto o álcool são incolores.
Desse modo, é possível dividir as misturas em dois grandes grupos,
definidos a seguir.
• Misturas homogéneas - São misturas constituídas de dois ou
mais componentes em uma única fase, ou seja, não é possí¬
vel observar os constituintes da mistura. Um exemplo é o ar
que respiramos, em que se nota apenas uma fase, embora
seja constituído de vários gases. Nesse caso, os constituintes
da mistura não podem ser observados nem com auxílio de
microscópio. São chamadas pelos químicos de soluções.
• Misturas heterogéneas - Trata-se de misturas em que
podem ser observadas duas ou mais fases constituídas por
dois ou mais componentes, como é o caso da mistura de
óleo e água. Também podemos visualizar misturas hete¬
rogéneas quando misturamos componentes em diferentes
estados físicos. E o que acontece quando colocamos areia
em um copo de água e a areia deposita-se no fundo do copo,
separando-se da água. Essas misturas podem ser facilmente
vistas a olho nu ou com o auxílio de um microscópio. Copo de água com areia em suspensão.

As Substâncias
Observe o quadro a seguir, que mostra exemplos de misturas homogéneas e heterogéneas.

Quadro 3 - Sistemas homogéneos e heterogéneos


Ar atmosférico seco
Gás nitrogénio: 78% • Sistema homogéneo: monofásico
Gás oxigénio: 21% • Mistura homogénea
Gás argônio: 1% • 4 componentes
Gás carbónico: 0,03%
Soro caseiro

• Sistema homogéneo: monofásico


• Mistura homogénea
• 3 componentes

• Sistema heterogéneo: trifásico


• Mistura heterogénea
• 2 componentes

Algumas substâncias parecem ser homogéneas, mas não o são realmente. O leite, por exem¬
plo, embora possa parecer homogéneo, é também constituído por gordura e, quando o aquecemos,
podemos notar a separação dessa substância. Uma mistura de areia fina de praia e sal pode, também,
a princípio, parecer homogénea, porém, basta visualizá-la ao microscópio para ver a diferença entre
os constituintes da mistura.

Para ampliar sua compreensão sobre as substâncias, pesquise sobre o assunto e responda
às questões apresentadas a seguir.

1) O petróleo é considerado uma substância pura ou uma mistura? Pesquise sobre o assunto
e registre sua resposta no espaço a seguir.

2) Como podemos definir as misturas homogéneas?

As Substâncias
3) Dê exemplos de sistemas em que se possa observar uma substância
pura, misturas homogéneas e misturas heterogéneas.

4) Considerando-se que o gelo e a água são constituídos pela mesma


substância, qual a diferença fundamental entre eles?

Análise

Faça alguns experimentos simples em casa e, com base nos resulta¬


dos, responda às questões apresentadas a seguir.

1) Se misturarmos, em um copo, água, gelo, areia e óleo, teremos um


sistema constituído de quantas fases?

2) Se adicionarmos, em um copo, um pouco de sal, um pouco de açúcar


e água, quantas fases poderão ser observadas depois de agitarmos o
sistema?

3) Quantas fases diferentes é possível encontrar em um copo de


refrigerante?

Acesse os sites a seguir e aprofunde seus conhecimentos sobre misturas de substâncias:


<http://www.soq.com.br/conteudos/em/introducao/p5.php>;
<https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/substancias-misturas.htm>.

Substâncias
Determinação da Pureza das
Substâncias
Uma aplicação importante dos conceitos relativos aos processos de
mudança do estado físico da matéria é o controle de qualidade de algumas
substâncias, de modo a diferenciá-las de misturas. Isso porque, durante o
processo de mudança de estado de uma substância pura, a temperatura per¬
manece constante, o que não ocorre com a mistura.
Por exemplo, quando aquecemos a água em sua forma sólida (cubo de
gelo), a temperatura vai subindo gradativamente até chegar a 0 °C. Durante
o processo de fusão, em que o gelo se transforma em água, a temperatura
permanece constante em 0 °C. Assim que toda a água estiver transformada
no estado líquido, a temperatura volta a subir gradativamente e, se chegar a
atingir 100 °C por meio de aquecimento, a água muda novamente seu estado
físico, passando para o estado gasoso e, enquanto esse processo ocorre, a
temperatura mantém-se constante.
Esse fenômeno é muito importante quando se pretende verificar se
existe algum tipo de mistura e não substâncias simples. Quando se trata
de uma mistura, as temperaturas nunca ficam constantes, ou seja, ocorrem
variações de temperatura mesmo durante as mudanças de estado.
No gráfico a seguir, é possível observar patamares de fusão (PF) e
patamares de ebulição (PE). Quando está ocorrendo a fusão ou a ebulição,
não existe mudança na temperatura. Esse é um princípio fundamental no
processo de destilação e obtenção dos derivados de petróleo nas refinarias.

As Substâncias
Nos dois gráficos que seguem, observamos que não existem pata¬
mares durante a solidificação da água salgada e durante o processo de
obtenção da água doce. Isso ocorre porque nesses dois casos a água
não está pura. Em ambos, existem outros componentes dissolvidos na
água - o sal e o açúcar.

Um critério importante na determinação da


pureza de substâncias utilizadas na fabricação de
remédios é o processo de fusão. Como o ponto de
fusão de uma substância é conhecido e constante,
qualquer alteração desse valor pode identificar a
presença de contaminantes no medicamento.

As Substâncias
Análise

Observe os esquemas a seguir e relembre os conceitos aprendidos ao longo da


unidade.
Esquema 1- Sistemas homogéneos e heterogéneos

Esquema 2 - Substâncias puras

Esquema 3 - Misturas

As Substâncias
Reúna-se com um grupo de colegas e discutam as questões a seguir. Registrem as suas
conclusões.
1) Por que ocorre a formação de gotas em uma superfície gelada, como no caso de um copo
de refrigerante cheio de gelo?

2) Qual transformação física está relacionada a esse fenômeno?

3) Quais dos fenômenos a seguir são transformações físicas?


a. Um fósforo sendo aceso.
b. O desgelo de uma geleira.
c. A dissolução de açúcar em água.
A extração de sal da água do mar.
e. Uma chapa metálica enferrujada.

4) Onde a água ferve mais rápido: No Himalaia, na Ásia, ou em Porto de Galinhas, na Bahia?
Por quê?

5) Qual a principal diferença entre fenômenos físicos e químicos?

6) Quais as diferenças fundamentais entre os estados físicos sólido, líquido e gasoso?

Seção de Sistematização
Nesta unidade, analisamos os processos de transformação e as substâncias quí¬
micas. Vimos que os estados físicos da matéria estão relacionados aos tipos de arranjos
moleculares e que as substâncias podem ser classificadas como puras (homogéneas e
heterogéneas) ou misturas.
Na próxima unidade, vamos estudar a constituição do átomo e como os cientistas
chegaram a esse conhecimento.
Vendo as Coisas por Dentro
N aprimeira unidade deste livro, ao refletirmos sobre a composição das coisas, comen¬
tamos que o átomo é definido como a unidade básica da matéria. Mas qual é a
constituição do átomo e como os cientistas chegaram a esse conhecimento?
Capítulo 1

Estrutura Atómica
Na unidade anterior, abordamos as transformações físicas que a matéria pode sofrer. Para
tratar das transformações químicas, antes é necessário conhecer as propriedades e a estrutura da
unidade mínima que compõe a matéria: o átomo.
Os átomos são muito pequenos e não podem ser vistos a olho nu. Ao longo do tempo, os
cientistas elaboraram várias formas de representação possíveis para o átomo e sua composição, cha¬
madas de modelos atómicos. Um modelo não é uma cópia da realidade, é uma representação, que
tem utilidade para os cientistas enquanto dá conta de explicar os fenômenos a que se refere. Quando
surge um fenômeno que não pode ser explicado por meio de determinado modelo, este tem de ser
aperfeiçoado ou abandonado. Foi isso que ocorreu com os modelos atómicos elaborados pelos cien¬
tistas ao longo da história da química.

Reflexão

Qual seria a utilidade, para os cientistas, da criação dos modelos atómicos?

Átomos à vista

O microscópio de tunelamento eletrónico, que deu o Prémio Nobel de Física a seus


inventores, permite observar pela primeira vez a estrutura básica da matéria.
Quando a tela do computador começou a mostrar átomo por átomo a combinação
da molécula de benzeno, o pequeno grupo de cientistas do laboratório de pesquisas básicas
da IBM em Almaden, na Califórnia, ficou eufórico. Aquele foi um dos grandes momentos
da minha vida, recorda o japonês Hiroko Ohtahi, um dos responsáveis pela proeza junto
com seus colegas Bob Wilson, Shirley Chiang e Mathew Mate. Depois de meses de paciente
preparação, os quatro conseguiram produzir, com a ajuda do mais sofisticado microscó¬
pio inventado pelo homem, o scanning tunneling microscope (STM), chamado no Brasil de
microscópio de tunelamento eletrónico, a primeira foto completa da molécula de benzeno -
em cores e três dimensões.
Fonte: REVISTA SUPERINTERESSANTE, fev. 1989. Disponível em: <http://super.abril.com.br/tecnologia/
atomos-vista-438917.shtml>.

Estrutura Atómica
0 Átomo de Dalton
Como havíamos comentado na primeira unidade, a ideia de que a matéria seria constituída
de partículas menores nasceu entre os filósofos gregos. Essa hipótese se desenvolveu até meados do
século XVIII, quando o cientista inglês John Dalton (1766-1844) propôs a primeira teoria sobre esse
tema, na qual o átomo era apresentado como uma esfera indivisível e sem estrutura interna. Dalton
defendia que toda matéria era constituída de átomos. Além disso, afirmava que todos os átomos
de um determinado elemento eram idênticos em suas propriedades e, quando diferentes átomos se
uniam, formavam os materiais.
O modelo descrito por Dalton ficou conhecido como modelo de bola de bilhar, porque real¬
mente, para ele, o átomo poderia ser representado dessa forma.

0 físico e químico inglês John Dalton propôs a primeira teoria


moderna sobre o átomo. De acordo com seu modelo atómico,
o átomo seria uma esfera indivisível e indestrutível.

Com essa teoria, foi possível propor diferentes formas atómicas, que foram batizadas de
elementos químicos. Cada elemento passou, em geral, a ser identificado pela primeira letra de seu
nome em latim grafada em maiúsculo, seguida, quando necessário, da segunda letra grafada em
minúsculo. Essa denominação é universal e utilizada até hoje.
Conheça a seguir alguns elementos químicos e seus símbolos.
Tabela 1- Exemplos de elementos químicos e seus símbolos

Elementos Símbolos Elementos Símbolos


Hidrogénio H Prata Ag
Lítio Li Ouro Au
Ferro Fe Níquel Ni
Potássio K Cobre Cu
Sódio Na Cobalto Co
Chumbo Pb Bismuto Bi
Argônio Ar Nióbio Nb

Estrutura Atómica
0 Átomo de Thomson
A teoria de Dalton sobre o átomo foi aceita até relativamente pouco tempo. Somente por
volta da última metade do século XIX, o cientista Joseph John Thomson (1856-1940), com base
em seus estudos sobre eletricidade, propôs outra teoria sobre o átomo. De acordo com Thomson,
os átomos não se constituiriam apenas por uma partícula sólida; sua estrutura seria formada por
partículas carregadas negativamente. Com essa perspectiva, o átomo passava a ser entendido como
divisível, ou seja, constituído no mínimo por duas partículas, uma com carga positiva e outra com
carga negativa.

0 físico inglês Joseph John Thomson, com base em seus


experimentos em eletricidade, descobriu a existência do
elétron.

Outra característica importante do átomo, conforme o modelo de Thomson, é que sua carga
elétrica seria neutra. Assim, o número de partes positivas deveria ser igual ao número de cargas nega¬
tivas. Estruturalmente, o átomo de Thomson continuaria sendo como o átomo de Dalton, maciço
e esférico, mas com suas pequenas cargas negativas incrustadas em uma grande massa positiva, às
quais o físico deu o nome de elétrons. Em função desse aspecto, o modelo ficou conhecido como
pudim de passas.

Pela sua configuração, o modelo atómico de Thomson ficou conhecido como "pudim de passas".

Estrutura Atómica
0 Átomo de Rutherford
Enquanto estudavam a propagação de feixes luminosos,
A direção conforme a qual a luz
alguns cientistas perceberam que algo na teoria de Thomson deve¬
se propaga corresponde a um
raio luminoso. Um conjunto de ria ser modificado. Após alguns experimentos executados pelo físico
raios luminosos forma um feixe e químico neozelandês Ernest Rutherford (1871-1937), em 1911,
luminoso. chegou-se à conclusão de que, na verdade, a parte positiva do átomo
não deveria ser tão grande, mas, sim, um pequeno núcleo maciço em
sua região central. O principal experimento foi o bombardeamento
de uma fina folha de ouro por partículas emitidas a partir de uma fonte de polónio. Por meio desse
experimento, Rutherford desenvolveu o conceito de núcleo atómico, estabelecendo-se um novo
modelo atómico.

Experimento de Rutherford: bombardeamento de uma folha de ouro por partículas alfa emitidas por uma fonte de polónio.

Para compreender melhor a experiência de Rutherford, acesse: <http://www.infoescola.com/quimica/


experiencia-de-rutherford/>. Nesse link, você pode assistir a um vídeo que explica o experimento.

Segundo o novo modelo, o átomo seria constituído por uma parte central pequena, densa e
positiva, denominada núcleo, onde se encontram os prótons - partículas dotadas de carga positiva.
Os elétrons estariam em uma região muito grande ao redor do núcleo, denominada eletrosfera.
Assim, o átomo de Rutherford é constituído por duas partes características, o núcleo e a ele¬
trosfera. Uma maneira de se visualizar esse modelo é compará-lo com o nosso sistema solar, no qual
o núcleo seria o Sol e os planetas, os elétrons. A órbita ocupada pelos planetas corresponde, no
átomo, à eletrosfera.

Estrutura Atómica
Após Rutherford identificar o pró¬
ton, ele levantou a hipótese de que
haveria no interior do núcleo outra
Elétron partícula, com massa semelhante
à do próton, porém eletricamente
Eletrosfera ou coroa neutra. Mais tarde, um aluno seu,
chamado Chadwick, descobriria
Núcleo essa partícula e a nomearia de
nêutron.

O modelo atómico de Rutherford, no qual os elétrons giram


em torno do núcleo, pode ser comparado ao sistema solar.

Para que os prótons permaneçam unidos no núcleo sem repelir uns aos
outros, pois cargas iguais provocam repulsão, existem também os nêutrons -
partículas pequenas e sem cargas, que ficam no interior do núcleo.
Como o átomo é uma estrutura neutra, deve existir um balanço de
suas cargas. Se o elétron tem uma carga negativa (-1), o próton deve ter
uma carga positiva ( + 1), e o número de prótons deve ser igual ao número
de elétrons para um átomo neutro.
Em termos comparativos, para dimensionarmos o tama¬
nho da eletrosfera em relação ao núcleo, podemos imaginar Repulsão:
um limão no centro de um campo de futebol. O limão seria o Afastamento entre duas
núcleo e o campo de futebol, a eletrosfera. partículas que possuem
cargas elétricas iguais.
Como a maior parte do átomo, no modelo de Rutherford,
Órbita:
é constituída pela eletrosfera, é muito importante entendermos
Trajetória que um corpo
como é feita a distribuição dos elétrons nessa região. Assim realiza em torno de outro.
como os planetas estão distribuídos em órbitas, os elétrons
estão distribuídos em camadas na eletrosfera.
Vejamos, por exemplo, o átomo mais simples, o hidrogénio, composto
por apenas um próton em seu núcleo e um elétron em sua eletrosfera. O
átomo de hidrogénio pode ser representado da seguinte forma:

>. Eletrosfera contendo um elétron

Núcleo contendo um próton

Esquema representativo do átomo de hidrogénio com o seu núcleo e eletrosfera.

Estrutura Atómica
Já o átomo de lítio, por exemplo, tem três elétrons em sua eletrosfera
e o mesmo número de protons no núcleo.

Núcleo contendo três prótons

Eletrosfera contendo três elétrons

Esquema representativo do átomo de lítio com o seu núcleo e eletrosfera.

Note que, no átomo de lítio, dois elétrons se encontram em uma


mesma órbita, enquanto um terceiro elétron fica isolado em uma órbita
mais externa.

0 Atomo de Bohr
No núcleo, os prótons e os nêutrons ficam dispostos aleatoriamente
e, na eletrosfera, os elétrons ficam dispostos em camadas energéticas, nas
quais cabe um número limitado de elétrons. No núcleo do átomo de sódio,
por exemplo, há 11 prótons e, em sua eletrosfera, 11 elétrons.

Núcleo contendo onze prótons

Eletrosfera contendo onze elétrons

Elétron na camada mais externa

Esquema representativo do átomo de sódio com o seu núcleo e eletrosfera.

Na primeira órbita são colocados apenas dois elétrons (amarelos),


enquanto na segunda órbita são colocados oito elétrons (azuis) e na última
órbita apenas um elétron (vermelho).

Mas e se houvesse mais elétrons no átomo de sódio, onde eles


seriam colocados?
Veja, a seguir, o que a ciência propôs para responder a essa pergunta.

>/
7^7
Estrutura Atómica
O físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962) apresentou, em 1913, um novo modelo atómico,
que complementou o modelo de Rutherford. Ele propôs que as camadas orbitando ao redor da
eletrosfera fossem numeradas de 1 a 7 e que a cada uma correspondesse uma letra: K, L, M, N, O,
P e Q. Elétrons estariam distribuídos pelas camadas (níveis energéticos que compõem a eletrosfera)
da seguinte forma:

Tabela 2 - Camadas energéticas da eletrosfera

Camada 1 K 2 elétrons
Camada 2 L 8 elétrons
Camada 3 M 18 elétrons
Camada 4 N 32 elétrons
Camada 5 0 32 elétrons
Camada 6 P 18 elétrons
Camada 7 Q 2 elétrons

Bohr explicou ainda que os elétrons podem saltar de uma camada para outra quando algum
tipo de energia incide sobre eles e que, quando retornam a sua camada de origem, emitem luz.

Modelo atómico de Bohr.

Modelo da Nuvem Eletrónica


A teoria de Bohr era bastante satisfatória para esclarecer o que acontecia com o átomo de
hidrogénio, mas se tornou inútil para explicar os espectros atómicos de outros átomos com dois ou
mais elétrons. Em 1924, o físico Louis de Broglie levantou a hipótese de que os elétrons, até então
considerados partículas típicas, possuiriam propriedades semelhantes às das ondas. Partindo da ideia
de que o elétron se comportaria de modo semelhante a uma onda e de que é impossível determinar a
posição de uma onda em um determinado instante, chegou-se à conclusão de que não há como saber
exatamente onde está o elétron, o que gerou o chamado Princípio da Incerteza, enunciado pelo
físico alemão Werner Heisenberg: Não é possível determinar a velocidade e a posição de um elétron,
simultaneamente, em um mesmo instante.

Estrutura Atómica

Pouco tempo depois, em 1926, outro físico alemão, Erwin Schrodinger,
partindo da impossibilidade de determinar a posição exata de um elétron
na eletrosfera, elaborou uma equação de ondas que permitia calcular a
probabilidade de se encontrar o elétron em uma dada região do espaço.
Desse modo, identificou-se a região do espaço onde a probabilidade de
se encontrar o elétron é máxima, que é chamada de orbital. Segundo essa
teoria atómica, seria impossível saber com precisão a posição de um elé¬
tron em relação ao núcleo em um determinado instante, ou seja, não há
como pensar em órbita do elétron, mas apenas em zonas do espaço do
átomo em torno do núcleo, as chamadas orbitais, nas quais o elétron tem
maior probabilidade de se encontrar.
Atualmente, o modelo da nuvem eletrónica é considerado pela maior
parte dos cientistas o mais adequado para representar o átomo. Segundo essa
hipótese, os elétrons não teriam órbitas realmente bem definidas (camadas),
mas possuiriam movimentos aleatórios em torno do núcleo do átomo, como
em uma nuvem.
Na nuvem eletrónica, haveria elétrons que se encontram preferencial¬
mente mais próximos do núcleo e outros que se encontram preferencialmente
mais afastados dele, conforme a figura a seguir.

Modelo da nuvem eletrónica.

Sabemos que o núcleo do átomo é formado por prótons e que cada


próton tem carga positiva; portanto, o núcleo do átomo tem carga positiva.
Já a nuvem eletrónica é constituída por elétrons; portanto, tem carga nega¬
tiva. De acordo com o modelo da nuvem eletrónica, a carga total do átomo
é sempre neutra, ou seja, a carga positiva do núcleo deve ser suficiente para
anular a carga negativa da nuvem eletrónica.

Em grupo, escolha um dos modelos atómicos desenvolvidos ao


longo da história da química e pesquise sobre a metodologia cien¬
tífica aplicada ao desenvolvimento do modelo, investigando os
experimentos realizados para comprová-lo. Registre no caderno
suas descobertas.

À,
Estrutura Atómica
Capítulo 2

Identificação dos Átomos


Já vimos que cada átomo é caracterizado por seu
número de prótons, nêutrons e elétrons. Vamos aprender
a identificar as propriedades dos átomos e diferenciá-los
uns dos outros, por meio do número atómico e do número
de massa.

Número Atómico (Z)


O comportamento do elemento químico está dire¬
tamente relacionado ao número de prótons encontrados
em seu núcleo. Assim, a primeira grandeza que caracteriza
um elemento é seu número atómico, que corresponde à
quantidade de prótons no núcleo do elemento.

O número atómico corresponde


ao número de prótons que existe no
núcleo de um átomo. É identificado
pela letra Z.

No caso do hidrogénio (H), por exemplo, como tem apenas um próton em seu núcleo,
tem número atómico (Z) igual a 1. Já um átomo de sódio (Na) tem 11 prótons em seu núcleo;
portanto, seu número atómico (Z) é 11. O ouro (Au), por sua vez, tem 79 prótons em seu
núcleo; logo, seu número atómico (Z) é igual a 79.

Número de Massa (A)


Sabemos que a principal identificação de um átomo é seu número de prótons, mas no núcleo
não existem apenas prótons. Há também os nêutrons, partículas fundamentais que ajudam na
caracterização dos elementos. Assim, outra grandeza que caracteriza um elemento é o seu número
de massa.

Identificação dos Átomos


0 número de massa corresponde à soma de prótons e nêutrons encontrados no
núcleo do átomo. É representado pela letra A.

Como o número de prótons é igual a Z, deduzimos que o número de massa (A) é igual ao
número atómico (Z) somado ao número de nêutrons (N).

A=Z+N

Agora que você já conhece essas duas grandezas usadas para identificar os átomos, precisa
saber como representá-las de modo a possibilitar a identificação rápida do número atómico e de
massa de cada átomo.
A representação oficial para a identificação dos elementos é estabelecida pela International
-
Union of Pure and Applied Chemistry lupac (União Internacional de Química Pura e Aplicada),
órgão que regulariza a nomenclatura em química em todo o mundo. Veja a seguir como deve ser a
representação de um elemento químico:

Número de massa

Representação do número atómico e do número de massa de


um elemento químico, na qual X é o elemento químico, A é o
número de massa e Z é o número atómico.

Isótopos
Elementos químicos de uma mesma espécie sempre apresentam o mesmo número atómico (Z).
Entretanto, o número de massa (A) pode ser diferente em átomos de um mesmo elemento.

Deutério Trítio^H
1 próton 1 próton
1 eletrón 1 elétron
1 neutron 2 nêutrons

Isótopos do hidrogénio.

Identificação dos Átomos


Por que isso acontece?
A resposta é muito simples. Embora átomos de um mesmo elemento tenham o mesmo número
de prótons, nem sempre têm o mesmo número de nêutrons. Assim, há elementos químicos com o
mesmo número atómico (Z) e com diferente número de massa (A). Esses elementos são conhecidos
como isótopos.
Os isótopos são muito importantes e fazem parte de nossa vida, principalmente quando preci¬
samos fazer exames e tratamentos médicos. Alguns isótopos, como o fósforo 32 (P-32), são utilizados
para a identificação de células cancerosas. O isótopo iodo 131 (1-131) é muito utilizado para identifi¬
car problemas relacionados à tireoide.
Assim, os isótopos contribuem para o diagnóstico e a cura de algumas doenças e no combate
ao câncer.
Podemos mencionar ainda a utilização de um dos isótopos de carbono (carbono 14) na deter¬
minação da idade de fósseis e, dessa maneira, na investigação de eventos pré-históricos.

Para conhecer a utilização dos isótopos na radioatividade aplicada à medicina, acesse:


<http://www.mundoeducacao.com.br/quimica/aplicacao-radioatividade-na-medicina.htm>.
Para compreender o uso do isótopo carbono 14 na datação de fósseis, acesse:
<http://educacao.uol.com.br/disciplinas/quimica/carbono-14-como-saber-a-idade-das-mumias-do-egito.htm>.

Bóson de Higgs: Cientistas Encontram a "Partícula de Deus

Físicos anunciaram no último dia 4 de julho a descoberta do bóson de Higgs, a peça


que faltava para compor o "quebra-cabeça" que representa toda a matéria do Universo.
A busca durou quase meio século e envolveu a pesquisa mais cara da história da ciência.
Direto ao ponto: ficha-resumo
O anúncio foifeito por físicos do LHC (Grande Colisor de Hádrons, na sigla em inglês),
o maior acelerador de partículas do mundo. Eles disseram estar quase 100% certos da
descoberta da partícula, conhecida popularmente como a "partícula de Deus".
Para entender a importância dessa descoberta, a maior das últimas décadas, é pre¬
ciso revisar o história da física moderna.
No início do século 20, as teorias da relatividade (especial e geral) de Albert Einstein
e a mecânica quântica mudaram o panorama da Física e da Cosmologia, encerrando três
séculos de predomínio da ciência newtoniana.
A teoria da relatividade geral de Einstein substituiu a lei da gravidade de Newton e
transformou a maneira como o homem entende o espaço e o tempo. A física quântica, por
sua vez, explicava o mundo das partículas subatômicas, com resultados não menos estra¬
nhos. A nova física também produziu tecnologias que mudaram o cotidiano das pessoas.
Ela gerou desde a bomba atómica até TVs, telefones celulares e aparelhos de GPS.
O problema é que essas teorias descreviam dois mundos diferentes, como se a
natureza falasse outra língua no microcosmo. Começou então a busca por uma Teoria
do Campo Unificado, que explicasse tudo de modo coerente. Einstein dedicou os últimos
30 anos de sua vida à tentativa de formulá-la, sem sucesso.

Identificação dos Átomos\


Nos anos 1970, cientistas conseguiram combinar a mecânica quântica e três campos
conhecidos - eletromagnetismo, força nuclear fraco (responsável pela radioatividade) e
força nuclear forte (que mantém o núcleo atómico) - na teoria do Modelo Padrão.
Mas faltava a realização de um experimento para que essa tese fosse confirmada
e, assim, aceita pela comunidade científica. Era preciso encontrar uma partícula cha¬
mada bóson de Higgs, batizada em homenagem ao físico escocês Peter Higgs, que a
previu em 1964.
Microcosmo
O que são bósons? De acordo com a física moderna, tudo que existe pode ser des¬
crito por meio de 17 partículas elementares.
Elas são divididas em dois grupos: os férm ions e os bósons. Os férm ions são subdivi¬
didos em seis tipos de quarks (que constituem o próton e o nêutron do núcleo atómico) e
seis de léptons (entre eles, o elétron). Os bósons incluem outros cinco tipos de partículas,
como ofóton (partícula de luz) e a de Higgs.
O bóson de Higgs é importante porque explica como o átomo adquire massa e,
assim, compõe toda a matéria.
Logo após o Big Bang, a explosão que deu origem ao Universo há 13,7 bilhões de
anos, um campo formado por partículas de Higgs foi responsável pela desaceleração e
resfriamento de outras partículas elementares. Isso possibilitou a formação de estrelas,
planetas e tudo o mais que existe no Universo. [...]
Fonte: SALATIEL, José Renato. Bóson de Higgs: cientistas encontram a "partícula de Deus". 13 jul. 2012.
Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/atualidades/boson-de-higgs-cientistas-encontram-a-
particula-de-deus.htm>.

A reportagem apresentada anteriormente refere-se à descoberta da chamada "partícula


de Deus". Em grupos, pesquisem a respeito das outras partículas subatômicas que foram
descobertas e identificadas antes do bóson de Higgs. Depois, discutam se essa descoberta
pode realmente mudar nossas vidas. Registre suas conclusões no espaço a seguir.

Identificação dos Átomos


Seção de Sistematização
Reúna-se com colegas em grupo e discutam as questões a seguir, que o auxiliarão
a sistematizar os conhecimentos construídos nesta unidade. Depois, registre no caderno
suas conclusões.

De que maneira podemos diferenciar os átomos?

2) Como conseguimos definir o número atómico e o número de massa de um


átomo?

3) Como você explicaria o que são isótopos?

Qual a diferença fundamental entre dois isótopos de um mesmo elemento?

Qual a diferença entre os modelos atómicos de Dalton e Thomson?

O que o modelo atómico de Bohr trouxe de diferente em relação aos modelos


que o antecederam?

7) Como você explicaria o modelo da nuvem eletrónica?

Por que o número de prótons sempre deve ser igual ao número de elétrons em
um átomo estável?
Nesta unidade, estudamos a composição do "tijolo" que forma tudo o que conhe¬
cemos, o átomo. Algumas teorias sobre o átomo foram formuladas e aceitas até que se
chegasse ao modelo atómico atual. Conhecer esses conceitos vai auxiliá-lo no entendi¬
mento das ligações químicas e do modo como os elementos são agrupados.
Ligando Elementos
E comum ouvirmos médicos e nutricionistas recomendando o consumo de vitaminas e
até de alguns metais, como o ferro, para manter nossa saúde e bem-estar em equilíbrio.
Mas, afinal, o que os metais e outros elementos químicos têm a ver com a saúde?
Os alimentos que consumimos no dia a dia contêm nutrientes de que todos os seres vivos
precisam para desempenhar suas funções vitais. O nutriente é uma substância alimentar que é
absorvida pelo organismo e utilizada para manter a vida. E chamada de “nutriente orgânico” a
substância que tem na sua composição os seguintes elementos químicos: C (carbono), H (hidro¬
génio), e O (oxigénio). Os denominados nutrientes minerais são os que não apresentam ao
menos um dentre os elementos citados.

Gath ny
James
CDC/
Capítulo 1

A Classificação Periódica dos


Elementos
Os seres humanos precisam de 21 elementos químicos diferentes em sua alimentação diária.
Elementos químicos como cálcio, ferro, potássio, fósforo, magnésio, zinco, entre muitos outros, estão
presentes em vários dos alimentos que consumimos cotidiana-
mente e ajudam a garantir, com suas propriedades específicas, a Propriedades - Tendências ou
manutenção das funções vitais do organismo. características dos elementos
químicos que determinam sua
Os elementos que apresentam propriedades idênticas posição em um grupo de ele¬
pertencem a um mesmo grupo de elementos químicos. E essa clas¬ mentos químicos na tabela
periódica.
sificação que vamos estudar neste capítulo.

Os elementos químicos estão presentes nos alimentos.

Alguns grupos específicos de elementos químicos, como os metais, têm propriedades seme¬
lhantes. E de acordo com essas propriedades que os grupos são distribuídos na tabela periódica,
elaborada para organizar os elementos. Além dessa função, a tabela periódica dos elementos pode
ajudar a identificar as possibilidades de ligações entre eles.

Reflexão

Afinal, por que o cloro se liga com o sódio e forma o sal de cozinha? Será que a posição de
ambos na tabela periódica pode fornecer alguma resposta para essa dúvida?

A Classificação Periódica dos Elementos


A Periodicidade dos Elementos
Químicos
A partir da definição moderna do átomo, os cientistas passaram a se
preocupar com a classificação dos elementos químicos. Por volta de 1800,
vários elementos já eram conhecidos, e observou-se que muitos deles tinham
aspectos semelhantes em relação às suas propriedades físicas e químicas.
Intervalo regular em que Alguns tinham propriedades tão semelhantes que poderiam ser reunidos em
acontece algo. grupos ou famílias. Mas a dúvida era em que periodicidade as propriedades
dos elementos químicos se repetiriam.
Vários cientistas apresentaram sugestões quanto à forma de classi¬
ficar os elementos químicos. Algumas hipóteses foram bem fantasiosas,
como a elaborada pelo inglês Alexander Reina Newlands, baseada em uma
escala musical - após uma escala sequencial de sete sons, o primeiro se
repete. Essa hipótese foi chamada de Lei das Oitavas, pois Newlands acre¬
ditava que os elementos químicos se comportavam exatamente como as
notas musicais no teclado de um piano, no qual após uma sequência do dó
ao si retornava-se ao dó, ou seja, o oitavo elemento químico da sequência
deveria ter as mesmas propriedades do primeiro. Outra hipótese surgiu com o
estudo realizado pelo geógrafo francês Alexandre Chancourtois (1820-1886)
e ficou conhecida como Parafuso Telúrico. Nessa proposta, os elementos
químicos foram dispostos segundo a massa atómica em um cilindro.

Semlhanç

Já no final do século XIX, dois químicos, o alemão Julius Lothar


Meyer (1830-1895) e o russo Dmitri Ivanovich Mendeleev (1834-1907), cujos
trabalhos foram feitos de forma independente e simultânea, publicaram seus
estudos sobre periodicidade e leis periódicas dos elementos.
Eles perceberam que, ao se colocar em um gráfico algumas proprie¬
dades físicas dos elementos químicos, como volume, densidade e ponto de
ebulição em relação ao número de massa (A), as propriedades se repetem
periodicamente, ou seja, seguem um mesmo intervalo.

A Classificação Periódica dos Elementos


Mendeleev elaborou um quadro no qual os elementos químicos eram apresentados em ordem
crescente de massa atómica, dispostos de modo que as verticais da tabela reunissem famílias de
elementos com propriedades semelhantes. Essa foi a primeira versão da tabela periódica como se
conhece hoje.
Atualmente, sabe-se que a periodicidade é mais bem representada quando se relacionam as
propriedades com o número atómico (Z). Assim, ao se ordenar os elementos conforme seus números
atómicos, é possível identificar uma repetição periódica de suas propriedades.

A Tabela Periódica
Recentemente foram adicionados alguns elementos à tabela periódica moderna, que passou a
apresentar 117 elementos químicos, sendo a maioria encontrada na natureza e alguns sintetizados pelo
homem. Os elementos mais recentes da tabela são classificados, ao mesmo tempo, como transurânicos,
por terem número atómico maior que 92, e sintéticos, por serem resultado de fabricação artificial. Ao
longo da última década, nove foram os elementos adicionados à tabela periódica.
A tabela periódica é dividida em dois grupos específicos: os períodos, dispostos nas linhas
horizontais, e as famílias, apresentadas nas linhas verticais.
Tabela periódica
Grupo 4,
N« Massa
atómico atómica
1

Período Símbolo 2 4.0026

1 2 13 14 15 16 17 He
Hélio

H
3 6.941 10 20.180

2 Li Ne
Lítio Neônio

H
11 22.98977 12 24305 18 39.948

3 Na Mg 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Ar
Sódio Magnésio Argônio
19 39.098 20 40.078 21 1
44.9559 22 47.867 I 50.942 51.996 54.938 55.845 58.933 58.693 l 63.546 1 65.409 31 69.723 32 72.64 33 74.922 34 78.96 36 83.798

4 K Ca Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn Ga Ge As Se Br Kr
Potássio Cálcio Escândio Titánio | Vanádio Cromo Ferro Cobalto Níquel Cobre Zinco Gálio Germánio Arsênio Selênio Bromo Criptónio
37 85.467 38 87.62 39 88.9059] 40 912241 41 92.906 42 95.94 43 (98? 45 102.906 46 106.42 47 1 07.868 48 112.411 49 114.818 50 118.710 51 121.760 52 127.60 54 131293

5 Rb Sr Y Zr Nb Mo Tc Ru Rh Pd Ag Cd In Sn Sb Te 1 Xe
Rubidio Estrôncio ítrio Zircônio Nióbio Molibdênio Tecnécio Ruténio Ródio Paládio Prata Cádmio índio Estanho Antimônio Telúrio lodo Xenônio
55 132.90547 56 137327 57-71 72 178.49 73 180.947 74 183.84 5 186.207 19023 77 192.217 8 195.084 79 196.967 80 200.59 81 204.383 82 2072 83 208.980 84 (209)* 86 (222)*

6 Cs Ba Hf Ta w Re Os Ir Pt Au Hg TI Pb Bi Po At Rn
Césio Bário Lantanídeos Háfnio
I
Tántalo Tungsténio Rénio Ósmio Indio Platina Ouro Mercúrio
. .
Tálio Chumbo Bismuto Polónio Astato Radónio

”mF V
87 (223)* 88 (226)* 89-103 104 (261)* 105 (262)’ 106 (266)* 107 (264)* 108 (277)* 112 (285)*

7 Fr Ra Rf Db Sg Bh Hs Ds Cn Uut Uup Lv Uus Uuo


Frâncio Rádio Actinídeos Rutherfórdio Dúbnio Bóhrio Hássio Meitnerio Darmstádio Roentgénio Unúntrio Flerõvio Ununpéntio Livermório Ununóctio

57 138.905 58 140.116 59 140.908 60 144242 61 (145) 62 150.36 63 151.964 64 157.25 65 158.925 66 162.500 67 164.930 68 167259 69 168.934 70 173.04 71 174.967

Série dos Lantanídeos-» La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu


Lantânio Cério Praseodimio Neodimio Promécio Samário Európio Gadolíneo Térbio Disprósio Hólmio Érbio Túlio Itérbio Lutéao
89 (227)* 90 232.038 91 231.036 92 238.029 93 (237)* 94 (244)* 95 (243)* 96 (247)* 97 (247)* 98 (251)* 99 (252)* 100 (257)* 101 (258)* 102 (259)* 103 (262)*

Série dos Actinídeos -> Ac


Actínio
Th
Tório
Pa
Protactínio
u
Urânio
Np
Neptúnio
Pu
Plutónio
Am
Amerício
Cm
Cúrio
Bk
Berquélio
Cf
Califórnio
Es
Einstênio
Fm
Fémio
Md
Mendelévio
No
Nobélio
Lr
Laurêncio

H Propriedades Químicas
Desconhecidas
Metais Alcalinos
1*1 Metais Alcalinoterrosos Actinídeos | Metais de Transição

Metais Representativos
a Semi Metais Não Metais Halogênios Gases Nobres

* Valor referente ao isótopo mais estável

Tabela periódica com 117 elementos.

Observe a tabela periódica ampliada na página 845.

A Classificação Periódica dos Elementos


Períodos
Os períodos são numerados de 1 a 7 e variam muito quanto ao número
de elementos. O primeiro período apresenta dois elementos e o sexto período
contém 32 elementos, assim como o sétimo. Esse aumento de elementos den¬
tro dos períodos deve-se à possibilidade de colocação de elétrons nos níveis
energéticos, como vimos na unidade anterior ao estudarmos o modelo de
Bohr.
A cada período, há o aumento de um nível energético, o que disponibi-
liza um maior número de elétrons.

Tabela 1- Variação dos níveis energéticos nos períodos


Período Níveis energéticos Número de elementos
1 K 2
2 K, L 8
3 K, L, M 8
4 K, L, M, N 18
5 K, L, M, N, 0 18
6 K, L, M, N, 0, P 32
7 K, L, M, N, 0, P, Q 32

A cada nível corresponde uma quantidade máxima de elétrons que


nele podem ser colocados.

Tabela 2 - Quantidade máxima de elétrons por nível de energia


Níveis
Camada Número máximo de elétrons
energéticos
1 K 2
2 L 8
3 M 18
4 N 32
5 0 32
6 P 18
7 Q 8

Quando o número atómico (Z) aumenta, o número de elétrons aumenta


também, e eles são consecutivamente depositados em níveis energéticos mais
elevados. E por isso que o número de elementos aumenta quando o período
aumenta.
A periodicidade é relacionada não só às propriedades físicas e quími¬
cas, mas também à distribuição eletrónica dos elementos. Essa característica
favorece a identificação do período em que um elemento químico se encon¬
tra, mesmo sem precisar olhar a tabela periódica. Observe um exemplo.

A Classificação Periódica dos Elementos


A qual período o magnésio (Mg) pertence? Considere o
número atómico (Z) igual a 12.
Se o Z do magnésio é igual a 12, sabemos então que esse elemento tem
12 prótons. Como o número de prótons é igual ao número de elétrons, per¬
cebemos que o magnésio tem 12 elétrons. Os 12 elétrons do magnésio devem
ser distribuídos dentro das camadas, respeitando-se o número máximo de
elétrons que cabe dentro de cada uma das camadas. A última camada não
precisa estar totalmente preenchida; nela colocamos os elétrons que faltam
para completar o total.
Vejamos: na primeira camada (K), podem ser colocados dois elétrons.
Na segunda camada (L), podem ser colocados até oito elétrons. Na terceira
camada, (M), até 18 elétrons. Assim, para distribuir os 12 elétrons do mag¬
nésio, precisaríamos de três camadas (K, L, M).
K=2
L=8
M =2
Logo, concluímos que o magnésio encontra-se no terceiro período na
tabela periódica, como confirma a figura a seguir.

Um detalhe importante que deve ser observado é que, no sexto e


sétimo períodos, o número de elementos é maior do que realmente parece.
Por quê?
Pois nesses dois casos, para que a tabela periódica não ficasse extre¬
mamente grande, duas categorias de elementos foram colocadas à parte: os
lantanídeos no sexto período e os actinídeos no sétimo período.

Tente fazer, em seu caderno, a distribuição dos elétrons do estrôncio,


Sr (Z = 38), do enxofre, S (Z = 16), e do iodo, I (Z = 53).

A Classificação Periódica dos Elementos


Famílias
Outra referência importante verificada na tabela periódica são as
famílias ou grupos. As famílias são dispostas em 18 faixas verticais, ou colu¬
nas, que podem ser divididas da seguinte forma:
• Famílias IA a VIIIA - Abrangem os metais alcalinos, os metais
alcalinoterrosos, a família do boro, a família do carbono, a família
do nitrogénio, os calcogênios, os halogênios e os gases nobres.
• Famílias IB a VIIIB - Abrangem os metais de transição.
A principal característica das famílias é que todos os elementos do
grupo apresentam o mesmo número de elétrons em sua última camada ener¬
gética, a chamada camada de valência.

Tabela 3 - Número de elétrons de cada família na camada de valência

Famílias Número de elétrons no último nível

IA - Metais alcalinos 1 elétron

HA - Metais alcalinoterrosos 2 elétrons

IIIA — Família do boro 3 elétrons

IVA - Família do carbono 4 elétrons

VA - Família do nitrogénio 5 elétrons

VIA -Calcogênios 6 elétrons

VIIA - Halogênios 7 elétrons

VIIIA -Gases nobres 8 elétrons

Sistematização

Como descobrir a qual família os três elementos a seguir pertencem?

A única informação disponível é o número atómico de cada um.

Elemento A: Z = 37

Elemento B: Z = 13
Elemento C: Z = 56

Descubra as famílias desses elementos fazendo a distribuição dos


elétrons pelos níveis energéticos.

A/ —
\W/A Classificação Periódica dos Elementos
Metais Alcalinos
O nome dessa família origina-se dos metais obtidos de
cinzas marinhas. Por apresentarem apenas um único elétron em
Os óxidos estão muito presentes
sua camada mais externa, são extremamente reativos, razão pela em nosso cotidiano. A ferrugem
qual nem mesmo na natureza são encontrados em seu estado que corrói os objetos de ferro, por
puro. Reagem fortemente com a água e, quando expostos ao ar, exemplo, é uma variedade de óxido
vão perdendo o brilho, formando óxidos. de ferro. Porém, muitos óxidos
que resultam de processos indus¬
Entre esses elementos, deve ser dado destaque especial ao
triais de queima de combustíveis
sódio (Na) e ao potássio (K), principalmente pela importância
poluem a atmosfera, causando
biológica que têm, mantendo o potencial elétrico da célula por danos ao meio ambiente.
meio da bomba de sódio-potássio. Os sais de lítio (Li) podem ser
utilizados em tratamentos contra a depressão, além da aplicação
em baterias em aparelhos eletrónicos.

Sódio metálico -família IA.

0 sódio é um metal altamente reativo. Pesquise na internet e em


livros o que aconteceria se um pedaço de sódio fosse colocado em
um copo com água.

Metais Alcalinoterrosos
Os metais alcalinoterrosos originam-se das cinzas vindas da terra, daí
o nome. São menos reativos que os alcalinos, apresentando dois elétrons em
sua última camada. Alguns deles reagem com a água e com o oxigénio.

A Classificação Periódica dos Elementos


Nesse grupo, merece destaque especial o cálcio
(Ca), que tem importante função biológica, atuando
como mediador celular. É o mineral mais abundante
do corpo humano, participando diretamente da for¬
mação de tecidos ósseos. Sua deficiência pode levar a
doenças relacionadas aos ossos, como a osteoporose.

Análise Comprimidos de cálcio utilizados no tratamento da osteoporose.

Quais as principais diferenças entre os metais alcalinos e os alcalinoterrosos?

Ralf Roletschek

Família do Boro
O grupo recebe esse nome por iniciar com o semimetal boro (B),
que não reage nem com o oxigénio nem com a água. Já o alumínio (Al)
forma o óxido de alumínio quando exposto ao ar. Esse elemento é um
dos metais mais abundantes da crosta terrestre, na forma de óxido de
alumínio, e apresenta uma grande aplicação industrial.

Diversidade de aplicações industriais do alumínio.

A Classificação Periódica dos Elementos


Família do Carbono
O carbono (C), que encabeça essa família, é
um típico não metal e é seguido por dois semime-
tais, o silício (Si) e o germânio (Ge). Na sequência,
no mesmo grupo, encontram-se o chumbo (Pb) e o
estanho (Sn), ambos caracteristicamente metais. No
entanto, divergem muito quanto à reatividade, tendo
comportamentos diferentes na presença de água ou
de oxigénio.
Nessa família, o carbono merece um destaque
especial devido aos inúmeros compostos que podem
ser formados. A importância biológica e industrial Pesos de chumbo utilizados em pescaria.
do carbono é tão grande que, para estudá-lo, pre¬
cisamos abrir uma unidade à parte. Assim, iremos
tratar desse elemento quando estudarmos o conteúdo de química orgânica, quando vermos suas
propriedades e suas classes de compostos.
O chumbo, outro membro da família do carbono, é conhecido pela sua alta toxicidade, sendo
classificado como metal pesado. Provoca diversas doenças quando absorvido pelo organismo,
causando uma série de distúrbios. A intoxicação aguda ou crónica por chumbo é conhecida como
saturnismo.

Família do Nitrogénio
Na família do nitrogénio (N), encontramos mais uma vez uma
grande diversidade de metais, não metais e semimetais; assim, as pro¬
priedades do grupo são muito variadas. O nitrogénio destaca-se por ser
um gás, constituindo 78% do gás atmosférico, embora não participe da
respiração. É muito utilizado como gás refrigerante, no congelamento
de alimentos, e em materiais biológicos. É também componente
essencial na obtenção da nitroglicerina e do TNT (trinitrotolueno),
utilizados como explosivos. Ainda nesse grupo, encontramos o fós¬
foro (P), fundamental na formação do DNA (molécula que carrega
toda a informação genética dos organismos vivos).

Família dos Calcogênios


Essa família é constituída por metais e não metais, que também
divergem quanto às suas propriedades. Esse grupo se caracteriza
pela formação de diversos compostos moleculares em virtude da alta
probabilidade de reação de seus elementos, principalmente o oxigé¬
nio (O) e o enxofre (S).
O oxigénio é muito importante por fazer parte das reações de
combustão. É liberado pelas plantas durante o processo de fotossín- Nitrogénio líquido utilizado para
tese, participando em nosso organismo da transformação de nutrientes conservação de materiais, como
em energia. E distribuído no organismo por meio da hemoglobina. embriões, a baixas temperaturas.

A Classificação Periódica dos Elementos


Respiradouros vulcânicos com enxofre, fumaça e cinzas, em Kamchatka, Rússia.

Família dos Halogênios


São todos não metais que, em função de sua reatividade, não
são encontrados na natureza em sua forma elementar. Reagem
com os metais alcalinos, constituindo compostos estáveis. Embora
todos tenham grande importância, destacam-se o cloro (Cl) e
o flúor (F) pelo grande número de compostos formados e suas
diversas aplicações. O flúor é muito utilizado na área de odonto¬
logia por fornecer maior resistência aos dentes, ajudando a evitar
as cáries. Entretanto, sua concentração deve ser baixa em razão
de sua toxidade. O cloro é amplamente empregado no tratamento
da água para consumo humano. Outra aplicação importante
do cloro é na obtenção de plásticos como o policloreto de
vinila (PVC), usado em tubulações domésticas, entre outros fins. Tubulação em PVC utilizada na construção civil.

Pesquise sobre as aplicações dos componentes da família dos halogênios e descubra qual
dos elementos desse grupo é utilizado na água sanitária.

(wk I -
A Classificação Periódica dos Elementos
Família dos Gases Nobres Metais de Transição
Os gases nobres são conhecidos pela Caracterizam-se por serem bons con¬
sua grande estabilidade e baixa reatividade. dutores de eletricidade e calor. Geralmente,
São empregados como tubo de descarga para formam ligas metálicas resistentes e com alto
iluminações de ambientes, como no caso das ponto de fusão. O último nível desses elemen¬
lâmpadas incandescentes de argônio (Ar) e tos, em geral, apresenta dois elétrons. Além
das lâmpadas de luz amarela que contêm outro da sua vasta aplicação na indústria, vários des¬
gás nobre, o xenônio (Xe). ses metais têm sido utilizados em tratamentos
Já o hélio (He) é muito utilizado para médicos ortomoleculares, em função de suas
encher os balões coloridos flutuantes com que propriedades biológicas. É o caso do zinco (Zn),
as crianças gostam de brincar. que auxilia na transformação das proteínas dos
alimentos para que sejam mais bem aproveita¬
Klinger das pelo organismo, e do ferro (Fe), responsável
pelo transporte do oxigénio que é captado pelo
Marcel pulmão e carregado pelo corpo. Alguns desses
metais são misturados para produzir as ligas
metálicas que são utilizadas em diversos setores
da indústria. Um exemplo é a produção de ferra¬
mentas de alta dureza e resistência.

Lâmpada com argônio.


Com base em revistas, livros, sites especia¬
lizados e no seu livro didático de Biologia,
As lâmpadas que costumam iluminar procure identificar as propriedades de
as avenidas: são as lâmpadas a vapor de alguns elementos químicos relacionados
sódio sob baixa pressão. à nutrição e à saúde. Anote a quantidade
diária de ingestão recomendada em cada
caso e os efeitos gerados pela falta de
consumo desses nutrientes.

Pesquise as aplicações de alguns dos ele¬ Acesse: <https://www.infoescola.com/


mentos pertencentes à família dos gases quimica/tabela-periodica/> ou o site para
nobres e converse com os colegas sobre aprender um pouco mais sobre cada um
as suas descobertas. dos elementos da tabela periódica.

A Classificação Periódica dos Elementos


Para ajudar a retomar o que você estudou neste capítulo, desenvolva as propostas
a seguir.

1) Na tabela periódica, quais são as famílias mais reativas?

2) Que critérios foram utilizados para construir a tabela periódica moderna?

3) Por que, quando aumenta o período, aumenta também o número de elementos na


tabela periódica?

4) O elemento de número atómico 20 (Z = 20) deve pertencer a qual família?


Pesquise sobre a distribuição de elétrons em camadas para formular sua resposta.

5) Faça, no espaço a seguir, um esboço da tabela periódica, indicando os períodos e as


famílias.

A Classificação Periódica dos Elementos


Capítulo 2

Ligações Químicas
Neste estudo, já tratamos dos elementos e suas propriedades de maneira isolada, enfocando a
constituição do átomo e as propriedades físicas da matéria. Agora, para que você possa compreender
as propriedades químicas e como as reações ocorrem, é necessário saber como os elementos se ligam
uns aos outros.

Quais elementos se ligam e por quê? E quais são aqueles que nunca se ligam com
outros elementos?
São as respostas a essas questões que iremos buscar neste capítulo. Para auxiliá-lo nessa tarefa,
é muito importante estar com a tabela periódica em mãos e relembrar sempre os principais conceitos
estudados até aqui.
Primeiro, é fundamental observar que a existência de uma substância só é possível em virtude
de uma combinação de fatores que levam a uma ligação química.
Basicamente há três tipos de ligações químicas:
• ligações iônicas;
• ligações covalentes;
• ligações metálicas.
Todas são importantes, mas em geral, no contexto escolar, é dado um destaque maior às duas
primeiras. Antes do estudo das ligações iônicas e covalentes, porém, é necessário compreender uma
regra muito simples e útil para esses tipos de ligação, a chamada regra do octeto.

Regra do Octeto
Quando estudamos as famílias na tabela periódica, observamos que apenas um grupo é muito
estável e pouco reage com outros elementos: os gases nobres. A principal característica desse grupo
é que na última camada energética existem oito elétrons.
Assim, os cientistas concluíram que, quando um elemento apresenta esse número de elétrons
em sua última camada, ele se torna estável. Isso explica o fato de os gases nobres existirem de maneira
isolada na natureza. Uma exceção a essa regra é o elemento hélio (He), que se torna estável com ape¬
nas dois elétrons, mas isso ocorre tão somente porque o primeiro nível energético acomoda apenas
dois elétrons. Desse modo, como o hélio tem apenas dois elétrons, ele se torna estável. Os demais
necessitam de 8 elétrons no último nível energético para serem estáveis.

Ligações Químicas
Observe, então, a distribuição de elétrons de alguns dos gases nobres.

Neônio (Ne): Z = 10
Logo, o número de elétrons nesse elemento é igual a 10.
Camada K: 2 elétrons
Camada L: 8 elétrons (estável)

Argônio (Ar): Z = 18
Logo, o número de elétrons nesse elemento é igual a 18.
Camada K: 2 elétrons
Camada L: 8 elétrons
Camada M: 8 elétrons (estável)

Criptônio (KR): Z = 36
Logo, o número de elétrons nesse elemento é igual a 36.
Camada K: 2 elétrons
Camada L: 8 elétrons
Camada M: 18 elétrons
Camada N: 8 elétrons (estável)

Podemos concluir que os demais elementos químicos apresentam a tendência de buscar a


mesma estabilidade dos gases nobres, ou seja, terem sua última camada preenchida com oito elé¬
trons. Por isso a denominação regra do octeto.

Ligações lônicas
Percebemos que, a princípio, todo elemento tende a procurar igualar-se a um gás nobre,
devendo, para isso, seguir a regra do octeto. Dessa forma, para seguir a regra, alguns elementos
devem perder elétrons e outros devem ganhar. Considere, então, os casos do sódio e do cloro.

O sódio (Na) tem Z = 11


Logo, há 11 elétrons nesse elemento.
Camada K: 2 elétrons
Camada L: 8 elétrons
Camada M: 1 elétron (instável)

O cloro (Cl) tem Z = 17


Logo, há 17 elétrons nesse elemento.
Camada K: 2 elétrons
Camada L: 8 elétrons
Camada M: 7 elétrons (instável)

Ligações Químicas
Se o sódio perdesse seu último elétron, seu nível energético L ficaria estável, com oito elétrons.
Se o cloro ganhasse um elétron, seu nível mais externo M ficaria estável, com oito elétrons. Dessa
forma, se o sódio ceder um elétron ao cloro, haverá a formação, por meio dessa ligação química, de
um composto sólido e cristalino: o cloreto de sódio (NaCl), que é o sal de cozinha. Essa combinação
é constituída por uma ligação iônica.

Na+ + Cl- — NaCl

Esquema representativo da eletrosfera do sódio ao doar um elétron para a eletrosfera do doro.

É possível, então, estabelecer a seguinte regra:

Para satisfazer a regra do octeto, átomos com menos de quatro elétrons no último
nível energético devem perder elétrons, enquanto átomos com quatro ou mais elétrons
na última camada devem ganhar elétrons.

Podemos pensar da seguinte forma: uma ligação iônica ocorre sempre entre um metal e um
não metal. O metal perde elétrons, que são cargas negativas, e o não metal ganha elétrons. Assim, os
metais tornam-se eletropositivos e os não metais tornam-se eletronegativos.

Eletronegativos

Eletropositivos

Esquema representativo do crescimento da eletronegatividade e da eleprositividade.

: : vÔ
Ligações Químicas\^F/
Esse tipo de ligação é realizado principalmente pela força de atração do núcleo de um átomo
(positivo) em relação ao elétron do outro (negativo). Portanto, podemos dizer que a ligação é feita
por forças eletrostáticas.
De modo geral, quando uma ligação iônica ocorre, não são apenas dois átomos que se aproxi¬
mam. Na verdade, milhares de átomos se integram, formando uma rede cristalina.

Reflexão

No próximo churrasco de fim de semana, ao colocar sal na carne, observe os cristais do


sal. Eles são constituídos por uma grande rede de átomos de cloro e sódio, ligados por
uma forte força eletrostática, iônica, em função da grande eletropositividade do sódio e da
eletronegatividade do cloro.

Ligações Covalentes
Diferente da ligação iônica, a ligação covalente é caracterizada pelo compartilhamento de
elétrons, ou seja, os átomos não ganham ou perdem elétrons, mas, sim, os compartilham.
Vamos imaginar um átomo de cloro (Cl), com sete elétrons na última camada. Ao se aproximar
de outro átomo de cloro, os dois podem ter o comportamento demonstrado na ilustração a seguir.
Para facilitar, foi representado apenas o nível mais externo do cloro, ou última camada, com sete
elétrons.
Cl Cl

Início da formação da ligação entre dois átomos de doro.

Á,Ligações :
Químicas
Nesse caso, a atração nuclear (positiva) pelo elétron do outro átomo (negativo) faz com que
haja a interação entre os níveis de energia; dessa maneira, há a formação de uma molécula de cloro,
como pode ser visto a seguir.

Compartilhamento de elétrons entre dois átomos de cloro.

Observe que a regra do octeto foi respeitada e a substância formada é uma molécula estável
de Cl2 (gás cloro).
A ligação covalente geralmente ocorre entre compostos: com hidrogénio, entre hidrogénio
e não metais: entre semimetais e semimetais, entre não metais e semimetais; e entre não metais e
não metais.
Essa mesma ligação ocorre com os outros elementos do grupo dos Gás inerte:
halogênios, formando-se compostos como o flúor (F?), o bromo (Br,) e o É um gás que não parti¬
iodo (I2). cipa da reação química,
O caso do hidrogénio é muito especial para as ligações covalentes. como ocorre com os gases
Como o nível K se estabiliza com dois elétrons, para ficar idêntico ao gás nobres.
nobre hélio, com 2 elétrons na última camada, o hidrogénio precisa de mais
um elétron nessa camada para ficar estável.
Lembrando que os gases nobres são encontrados na natureza na forma de átomos isolados por
terem a última camada da eletrosfera completa, ou seja, com 8 elétrons. Mesmo o hélio, que só tem
2 elétrons, está completo porque o nível K só permite, no máximo, 2 elétrons.
Observe na tabela periódica:

14 15 16 18
2
He
6 7 8 9 10

C N 0 F Ne
14 15 16 17 18

SI P S Cl Ar
32 33 34 35 36
Ge As Se Br Kr
50 51 52 53 54
Sn Sb Te 1 Xe
82 83 84 85 86
Pb Bi Po At Rn

Ligações Químicas
Assim, é possível entender por que o hidrogénio forma predominantemente ligações covalen-
tes mesmo com elementos muito eletronegativos. Ele tem a tendência de compartilhar seu elétron
para se estabilizar como o hélio (dois elétrons no último nível). Essa ligação dá origem à molécula de
hidrogénio, quando dois átomos compartilham seus elétrons.

Molécula de hidrogénio.

Estrutura de Lewis A estrutura de Lewis, também


denominada diagrama de pon¬
tos, foi proposta pelo químico
Para facilitar seus estudos, é importante que você saiba
norte-americano Gilbert Newton
fazer uma representação dos elementos por meio da estrutura
Lewis (1875-1946) em 1916. É uma
de Lewis. Essa forma de representação consiste em cercar o representação gráfica das ligações
símbolo químico do elemento com os elétrons que pertencem covalentes entre os átomos de uma
à camada mais externa, que é denominada camada de valência. molécula e os possíveis pares de
Veja, a seguir, como a molécula de cloro (Cl2) pode ser l elétrons solitários.
representada pela estrutura de Lewis.
•• ••
;ÇI- + Çl: :ÇhÇI:
Molécula de cloro (Cl2).

Percebe-se, que a princípio, há sete elétrons na camada de valência de cada átomo de cloro.
Ao se aproximarem, existe o compartilhamento de um par de elétrons pelos dois elementos, o que
satisfaz a regra do octeto para ambos. Assim, forma-se a molécula de cloro com uma ligação simples.
Outra importante molécula que é formada por ligação covalente é o oxigénio (O2), que tem seis
elétrons no seu nível mais externo. Para completar oito elétrons e obedecer à regra do octeto, os dois
átomos compartilham dois pares de elétrons, formando uma dupla ligação.
•• •• •• ••
:O: + :O: :O::O:
Molécula de oxigénio (02).

Outra molécula importante, e principal componente do ar que respiramos, é o nitrogénio, que


apresenta cinco elétrons em seu nível mais externo. Portanto, para que se forme uma molécula de
nitrogénio (N2), é preciso que cada átomo compartilhe três pares de elétrons, de modo a obedecer à
regra do octeto, formando uma tripla ligação.

:N: + :N: *:N::N:


Molécula de nitrogénio (N2).

( jjfR- 1
Ligações Químicas
O ácido clorídrico, Por meio da estrutura de Lewis, é possível representar inúmeras formas
conhecido como de ligações, envolvendo também elementos diferentes. Observe, por exemplo, a
ácido muriático, é formação do ácido clorídrico (HC1), em que o hidrogénio (H) compartilha seu
utilizado para lim¬ elétron de valência com o cloro (Cl), satisfazendo a regra do octeto para ambos.
par pisos muito
sujos.

H- + Cl:
••
H:Ch
••
Ácido clorídrico (HCI).

Outra classe importante de compostos formados por ligações covalentes são os compostos
orgânicos, presentes em todas as estruturas vivas. Esses compostos são constituídos principal¬
mente pelo carbono (C) e pelo hidrogénio (H) por meio de ligações covalentes. Observe os
exemplos a seguir.

H HH
•• ••
H :C
••
H HiCCH
•• ••
H HH
Molécula de metano (CH4). Molécula de etano (C2H6).

Perceba que, na formação das moléculas de metano e etano, a regra do octeto é satisfeita pelo
compartilhamento do par de elétrons.

•C + H-
0 carbono (C) pode fazer quatro ligações e o hidrogénio (H) uma.

H
H :C
••
H Para satisfazer a regra do octeto e formar uma molécula
estável, são necessários quatro hidrogénios para fazer quatro

H ligações com o carbono.

Em alguns casos, o carbono pode fazer ligações com outros átomos de carbono, como na repre¬
sentação a seguir.

HH
C-C H^C^C^H
HH

Ligações Químicas
Nestes dois últimos casos, observe que há uma dupla ligação (dois pares de elétrons comparti¬
lhados) e uma tripla ligação (três pares de elétrons compartilhados).

Relembrando:
1 par de elétrons compartilhados - ligação simples.
2 pares de elétrons compartilhados - ligação dupla.
3 pares de elétrons compartilhados - ligação tripla.

Para facilitar a representação da fórmula de Lewis, podemos adicionar traços para representar
as ligações, como no exemplo a seguir. Cada traço representa um par de elétrons realizando uma
ligação covalente.

H
H-C-H H— C=C— H
H
H— C=C— H

Para ajudar a retomar os conceitos estudados neste capítulo, responda às questões


a seguir.

1) Uma ligação covalente simples é feita por:


a. dois elétrons de cada átomo.
b, um elétron de cada átomo.
c. três elétrons de cada átomo.
d. pontes de hidrogénio.

2) Os elementos nitrogénio, carbono, oxigénio e bromo pertencem, respectiva mente, às famí¬


lias IVA, VA, VIA e VIIA da tabela periódica. Com base nessas informações, represente no
espaço a seguir as fórmulas de Lewis das seguintes substâncias:
a. CO2

Ligações Químicas
no2

c. Br2

3) Por que os átomos têm a necessidade de deixar sua eletrosfera igual à dos gases nobres?

4) (Fuvest-SP) Considere a formação de compostos entre o elemento cloro (Cl) e, respectiva-


mente, o hidrogénio (H), o carbono (C), o sódio (Na) e o cálcio (Ca).
a. Com quais desses elementos o cloro forma compostos covalentes?

b. Qual a fórmula eletrónica de um dos compostos covalentes formados?

5) Registre, no espaço a seguir, a fórmula eletrónica das seguintes substâncias (utilize-se da


tabela periódica):
a. Gás flúor - F2
Gás oxigénio -O2
c. Gás nitrogénio- N2
d. Gás cloro -Cl2

6) Qual destes dois compostos é um composto molecular: o açúcar comum (C12H22On) ou


o sal de cozinha (NaCI)? Para descobrir, pegue uma colherzinha de café de cada um dos
compostos e coloque em panelas diferentes. Aqueça as duas panelas e veja o que acontece.
Registre, no espaço a seguir, suas observações.

\
Ligações Químicas
Seção de Sistematização
Nesta unidade, você estudou como os elementos são classificados e agrupados.
Essas informações são importantes para conhecer as propriedades dos elementos
e entender os seus comportamentos. Você também viu que existem três tipos de
ligações - covalentes, iônicas e metálicas - e que elas são feitas com o propósito de
estabilizar os elementos, deixando a última camada de valência com 8 elétrons.
Chegamos ao final de mais uma unidade. Esperamos que você, a partir de agora,
entenda como a química pode ser uma aliada no nosso dia a dia. Quando alguém disser
que um determinado produto "não tem química", você conseguirá entender que, na
verdade, ele não contém substâncias que fazem mal para a saúde, pois a química está
sempre presente em nossa vida. Até nosso corpo, com todos os seus processos, tem sua
existência condicionada às reações químicas.
Medindo a Matéria
F "A uando ouvimos falar no rádio ou na TV sobre contaminações que ocorrem no meio
1ambiente, como derramamentos de petróleo ou componentes químicos, imaginamos
’grandes quantidades de materiais sendo espalhados no mar ou em estradas. Mas quais
serão as quantidades suficientes de cada substância para que o ambiente seja contaminado?

Vazamento de petróleo de um navio no mar.


Capítulo 1

Unidades de
Medidas
Nos estudos que fizemos até agora, estávamos
preocupados em definir a matéria de um modo qua¬
uRGte/rSsohck
litativo, ou seja, definir os nomes e as propriedades DVA
dos elementos químicos. Nesta unidade, nosso foco
será o aspecto quantitativo da química, ou melhor,
a quantidade de matéria envolvida em um determi¬
nado processo ou reação química.

E qual seria a importância disso?

Antes de continuarmos a pensar sobre as


medidas químicas, vamos refletir um pouco sobre
outras medidas que fazem parte do nosso dia a dia.

• Para medir volume, usamos litros (L), metros cúbicos (m3), mililitros (mL). |
• Para medir massa, usamos quilogramas (kg), gramas (g), miligramas (mg).
• Para medir distância, usamos centímetros (cm), metros (m), quilómetros (km).
• Para medir tempo, usamos segundos (s), minutos (min), horas (h).

Qualquer unidade é comparada sempre a um valor de referência. Para isso, utilizamos uma
medida padrão. Algumas vezes, temos problemas conforme cada situação. Vejamos: 1 metro é uma
medida muito pequena para medir a distância entre São Paulo e Salvador, mas é uma medida muito
grande para medir um palito de fósforo.
Por causa de situações assim, para todas as unidades de medida, temos múltiplos e submúlti-
plos que auxiliam em medições - cada um é aplicado de acordo com aquilo que se pretende medir.
As unidades de medida, portanto, servem para dimensionar situações ou sistemas. Elas nos
dão noção de grandeza e nos possibilitam calcular quantidades de matéria, como 1 kg de açúcar,
1 L de leite, quantas horas é preciso para percorrer determinado trajeto e qual é a distância entre
dois planetas.
Para que se chegasse a uma padronização em relação a essas unidades de medida, foi criado o
Sistema Internacional de Unidades, que padroniza as unidades fundamentais e seus símbolos.

Unidades de Medidas
Observe o quadro demonstrativo apresentado a seguir.
Quadro 1- Unidades Básicas do SI
Medida Unidade Símbolo
Comprimento Metro m
Massa Kilograma kg
Tempo Segundo s
Temperatura kelvin K
Intensidade de corrente Ampere A
Intensidade luminosa Candela cd
Quantidade de substância Mol mol

Saiba mais sobre as unidades de medida acessando o link: <http://www.inmetro.


gov.br/inovacao/publicacoes/si_versao_final.pdf>.

E na química? Como podemos fazer para medir os elementos?


O primeiro passo seria medir a unidade básica da matéria, ou seja,
o átomo. Mas, como vimos anteriormente, átomos de diferentes substâncias
têm tamanhos e massas diferentes. Desse modo, e antes de tudo, devemos
pensar como medir átomos diferentes. A unidade utilizada nesse caso é o
mol. Porém, para entendermos o que é o mol, precisamos ir um pouquinho
mais adiante no estudo sobre a medida do átomo.

Unidade de Massa Atómica


Primeiro, vamos pensar em que tipo de unidade padrão utilizaría¬
mos para medir um átomo. Poderíamos pensar em medir sua massa, mas as
balanças ainda não teriam essa capacidade. Outra forma seria medir o seu
tamanho; porém, não teríamos equipamento algum que pudesse medir algo
tão pequeno.
Poderíamos pensar, então, em criar um padrão de medida tão pequeno
quanto um único átomo. Essa medida padrão recebeu o nome de Unidade de
Massa Atómica.
Uma boa ideia seria utilizar o átomo de hidrogénio como padrão de
medida, mas ele é tão pequeno e reativo que poderia trazer complicações
ao processo. Seria preciso um átomo abundante na natureza e com uma
estrutura estável e bem definida. Nessas condições, o átomo de carbono
seria o ideal. Seria muito fácil utilizá-lo como unidade para átomos maiores.
Contudo, observando a tabela periódica, existem 11 átomos menores que o
carbono. Como faríamos para medi-los?

Unidades de Medidas
A resposta é simples: podemos dividir o átomo de carbono em
12 partes iguais. Cada uma dessas unidades é chamada de unidade
unificada de massa atómica (u) e corresponde a 1/12 do carbono.

• O carbono foi escolhido


em 1961, na conferência
da União Internacional
de Química Pura e
Aplicada -IUPAC
(sigla derivada de
International Union
of Pure and Applied
Chemistry) e é utilizado
em todo o mundo como Carbono-12 Carbono-12 dividido 1/12 do carbono-12 ou
medida padrão. ou 12C em 12 partes unidade de massa atómica

Figura representativa da divisão do átomo de carbono em 12 partes iguais.

Agora fica mais fácil medir os átomos menores que o carbono.


O hidrogénio, por exemplo, apresenta apenas uma unidade de massa ató¬
mica; portanto, é doze vezes menor que o carbono.
A massa atómica de um átomo, ou peso atómico, é a sua massa
determinada em unidades unificadas de massa atómica. Com essa uni¬
dade, podemos prever a massa de um átomo sem precisar de unidades de
medidas inadequadas.
Alguns exemplos de massas atómicas são apresentados na tabela a
seguir.

Tabela 1- Massa atómica (u) de alguns elementos

Elementos Massa Atómica (u)


Hélio (He) 4,003
Ferro (Fe) 55,847
Alumínio (AI) 26,982
Cloro (Cl) 35,453
Berílio (Be) 9,012

Isótopos são elementos iguais É importante sabermos que a unidade de massa atómica é uma
que se diferem apenas no média da massa atómica dos isótopos de um elemento.
número de nêutrons.
Observe o potássio (K), elemento constituído por três isótopos
assim distribuídos na natureza:

Tabela 2 - Porcentagem de distribuição dos isótopos do potássio na natureza

Isótopos do Potássio Constituição


K39 93,39 %
K40 0,01 %
K 41 6,7%

Unidades de Medidas
Podemos determinar a unidade unificada de massa atómica média da seguinte maneira:

(39 • 93,39) + (40 • 0,01) + (41 • 6,7)


100
= 39 17

Assim, a u para o potássio é 39,17 - uma média ponderada de todos os seus isótopos.

Análise

1) Com base no que foi visto anteriormente, determine a unidade unificada de massa atómica
do neônio, sabendo que este se encontra nas seguintes proporções em relação aos seus
isótopos: 90,92% de Ne 20; 0,26% de Ne 21 e 8,82% de Ne 22.

2) Considere que um elemento qualquer apresente isótopos A = 40, A = 41 e A = 46, res-


pectivamente nas seguintes proporções: 55%, 35% e 10%. Qual será o peso atómico
desse elemento?

3) O cloro (Cl) encontra-se na forma de dois isótopos: o cloro 35 (75,77%) e o cloro 37 (24,23%).
Determine, com base nesses valores, o peso atómico do cloro.

Massa Molecular
Agora que já sabemos definir a unidade unificada de massa atómica, fica mais fácil determinar
a massa de uma molécula.
Vamos imaginar, por exemplo, a molécula de dióxido de carbono (CO2), que, em virtude do
grande uso de combustíveis fósseis, tem gerado muitos problemas em relação ao aquecimento global.
Ele é constituído por dois átomos de oxigénio e um átomo de carbono por ligações covalentes.

Molécula de C02

Unidades de Medidas
Podemos utilizar o mesmo raciocínio de determinação do peso atómico para a determinação
do peso molecular das substâncias. Para o CO2, temos dois átomos de oxigénio. O peso atómico
estabelecido para o oxigénio, baseado na média ponderada de seus isótopos, é 15,99 u. Já o carbono
apresenta peso atómico 12 u. A somatória de todas as massas nos fornece o peso molecular do CO2.
Vamos aos cálculos:

1 átomo de carbono = 12,011 u 12,011


1 átomo de oxigénio = 15,99 u • 2 + 31,98
(a molécula tem 2 átomos de oxigénio) = 31,98 43,991

Assim, podemos dizer que uma molécula de dióxido de carbono apresenta massa molecular
igual a 43,991 u.
Outra molécula de grande interesse ambiental é a molécula de ozônio. O ozônio é um gás
encontrado na estratosfera e tem como principal função impedir que os raios ultravioleta, prove¬
nientes das radiações cósmicas, penetrem na atmosfera terrestre.
Nos últimos anos, uma grande quantidade de clorofluorcarbono - CFC (gás utilizado nos siste¬
mas de refrigeração) foi lançada na atmosfera, degradando a camada de ozônio. Atualmente, embora
esse gás esteja proibido, as consequências de seu uso indiscriminado já são quase irreversíveis, como
o crescimento dos casos de câncer de pele no mundo.

O cálculo do peso molecular do ozônio é muito simples. Como temos três átomos de oxigénio
ligados, devemos apenas multiplicar por três o peso atómico do oxigénio. Observe a seguir.

o/°\ o
Molécula de ozônio

1 átomo de oxigénio = 15,99 u •3


= 47,97

Unidades de Medidas
“íA Reflexão

Debata com seus colegas sobre a estrutura do CFC representada abaixo. Você poderia deter¬
minar o peso molecular desse composto? Qual seria? E se tivermos mais de uma molécula,
o peso molecular pode variar? Por quê?

Mol, Número de Avogadro e Massa Molar


Apesar de, com o surgimento do peso molecular,
os cientistas terem sido capazes de medir e quantificar os
átomos e as moléculas, um problema ainda era evidente:
Como medir valores tão pequenos com equipamentos sem
a precisão necessária? Não existiam balanças que pudes¬
sem pesar essas unidades. Desse modo, utilizou-se uma
ideia antiga: criar uma unidade que pudesse representar
uma grande quantidade - o mol. Por definição, um mol é
a quantia que contém tantos objetos quanto o número de
átomos que cabem em exatamente 12 gramas de 12C.
Pense nos seguintes exemplos: uma dúzia de ovos
é composta por 12 ovos, um par de ténis é composto por
dois ténis, uma arroba equivale a 14,69 kg, e assim por
diante.
Já 1 mol de ovos é composto por 6,022 • 1023 ovos;
Amedeo Avogadro, químico italiano que estabeleceu o
1 mol de ténis são 6,022 • 1023 ténis, e assim por diante.
princípio que ficou conhecido como Lei de Avogadro.
Mas como será que os químicos chegaram a esse número?
O cientista italiano Amedeo Avogadro buscou determinar o número de átomos existentes em
12 g de carbono, e o número encontrado por ele foi:

N° de átomos = 6,022 • 1023


••••••••••
Para perceber a gran¬
deza desse número,
veja o seguinte exem¬
Esse raciocínio foi muito importante para se desenvolver o conceito plo: se enfileirássemos
de massa molar de um elemento. A massa molar de um elemento é a um mol (6,022 . 1023) de
moedas de 1 centavo,
massa contida em um mol (6,022 . 1023 átomos) desse elemento. No caso
daríamos a volta no
do carbono, um mol de átomos de carbono pesa 12 g, ou seja: planeta Terra mais ou
menos 300 trilhões de
vezes.
1 mol de C = 6,022 • 1023 átomos de C = 12 g

Unidades de Medidas
Agora ficou bem mais fácil, afinal, 12 g de C podem ser pesados
em qualquer tipo de balança. Mas e os outros elementos? Lembra-se da
massa atómica ou peso atómico? Pois é, assim como o peso atómico do C
é igual a 12, todos os elementos têm sua massa molar representada pelo
peso atómico em gramas. Vamos observar alguns exemplos a seguir.
• 1 mol de sódio (Na) = 6,022 • 1023 átomos de sódio
= 22,99 g de Na.
• 1 mol de césio (Cs) = 6,022 • 1023 átomos de césio
= 132,90 g de Cs.
• 1 mol de nitrogénio (N) = 6,022 • 1023 átomos de nitrogénio =
14,00 g de N.
1 mol de magnésio (Mg) = 6,022 • 1023 átomos de magnésio =
24,31 g de Mg.
Repare que, apesar de terem o mesmo número de átomos
(6,022 . 1023), as massas dos elementos são diferentes entre si. Isso ocorre
pelo fato de que os átomos também têm tamanhos diferentes; logo, pesos
diferentes.
Uma maneira de compreender melhor é pensar na seguinte
situação:
O que é mais pesado: uma dúzia de ovos de avestruz ou
uma dúzia de ovos de galinha?

Embora o número de ovos seja equivalente (12), o ovo de avestruz


tem massa muito maior que a do ovo de galinha; portanto, a dúzia de ovos
de avestruz pesará muito mais que a dúzia de ovos de galinha. Assim,
quando comparamos um pequeno átomo de hidrogénio, no qual 1 mol
pesa 1,01 g, com um átomo de sódio, cujo mol pesa 22,99 g, podemos
entender bem a diferença.

Unidades de Medidas
Análise

1) Quando o carvão é queimado em usinas termoelétricas e, até mesmo, em churrasqueiras,


está contribuindo para o fenômeno da chuva ácida. Isso se deve ao fato de o carvão conter
o elemento enxofre, que é convertido em ácido sulfúrico. Em algumas classes de carvão,
o enxofre pode chegar a 3%. Isso significa que em 1kg de carvão existem até 30 g de enxo¬
fre. Quantos átomos de enxofre estão presentes em 30 g de enxofre?

2) O chumbo (Pb) é considerado um metal pesado e muito tóxico em determinadas quantida¬


des. Por esse motivo, já há algum tempo não é mais utilizado como aditivo em combustíveis.
Se em uma amostra de solo encontramos 0,5 mol de chumbo, quanto temos desse chumbo
em gramas (g)?

3) Uma amostra de hélio gasoso contém 4,63 • 1022 átomos de hélio. Quantos mols de átomos
de hélio estão presentes?

4) Calcule a massa em gramas de 0,2 mol de átomos de:


Fe

Ca

Cu

Na

w Para conhecer a relação entre as moléculas do arque respiramos e os radicais livres que provocam o envelhecimento,
leia o texto disponível em: <https://super.abril.com.br/comportamento/a-ameaca-dos-radicais-livres/>.

Unidades de Medidas
É importante conhecermos as massas atómicas dos átomos, porém, em
geral, esses átomos se combinam formando moléculas.
Portanto, mais importante que determinar as massas atómicas e o
número de átomos é determinar o número de moléculas e a massa dessas
substâncias. Com os conhecimentos obtidos anteriormente, fica fácil fazer
isso.
Devemos partir de dois conceitos fundamentais:
• Assim como nos átomos e em quaisquer outras substâncias ou obje¬
tos, 1 mol de qualquer coisa é constituído por 6,022 • 1023 unidades.
Assim, 1 mol de moléculas tem 6,022 • 1023 moléculas.
• A quantidade em massa de qualquer molécula é constituída pela
somatória das massas dos elementos formadores da molécula.

Nosso planeta não deveria ser chamado de planeta Terra, mas, sim, de planeta
Água, pois cerca de 70% dele é coberto por água, alvo de deposição final da
maior parte dos poluentes do planeta.

Vamos investigar a massa molar da água (H2O).


Uma molécula de água é constituída de 2 átomos de hidrogénio; logo,
1 mol de moléculas de água deve obrigatoriamente ter 2 mols de hidrogénio.
E 1 mol de átomos de hidrogénio tem massa igual a 1,01 g/mol; portanto,
2 mols de átomos de hidrogénio deverão ter 2,02 g/mol. A mesma molé¬
cula contém 1 átomo de oxigénio; logo, 1 mol de moléculas de água contém
1 mol de oxigénio. E 1 mol de átomos de oxigénio tem massa de 15,99 g/mol.

Unidades de Medidas
Ao somarmos as massas de 2 mols de hidrogénio com 1 mol de oxigénio,
teremos a massa em gramas referente a 1 mol de moléculas de água:

Massa de 2 mols de átomos de hidrogénio = 2,02 g


Massa de 1 mol de átomos de oxigénio = + 15,99 g
Massa total de 1 mol de moléculas de H2O = 18,01 g

Assim, podemos dizer que 1 mol de moléculas de água pesa


18,01 g/mol, ou, em outras palavras, 18,01 g de água tem 6,02 • 1023
moléculas de água.

Análise

Calcule as massas moleculares dos seguintes compostos:


a. Dióxido de enxofre (SO2).

b. Gás carbónico (CO2).

c. Peróxido de hidrogénio (H2O2).

Metano (CHJ.

e. Nitrato de cálcio (Ca(NO3)2).

f. Ácido fosfórico (H3PO4).

Unidades de Medidas
Capítulo 2

Reações Químicas
Até agora, preocupamo-nos com os elementos de forma isolada. Entendemos como quantificar
e medir os átomos. Fizemos isso também com as moléculas. Tivemos, portanto, um grande avanço
nesse sentido. Mas agora precisamos ir um pouco mais longe. Ainda há pouco, foi mencionado na
primeira questão da página 93 o tema chuva ácida, que é formada quando o enxofre é liberado em
um processo de queima do carvão.
Todas essas transformações que ocorrem diariamente e que por muitas vezes passam desperce¬
bidas, como assar um bolo, um prego enferrujando, a madeira queimando, a queima do combustível
pelos carros, são processos que podem ser representados e compreendidos pela química. A ferra¬
menta que utilizamos para essa representação chama-se reação química.

ruzan/Shtesock Jopics/Shuterk

Exemplos de reações químicas que ocorrem em nosso cotidiano: pregos enferrujados e bolo crescendo no forno.

Toda reação química é esquematizada com símbolos químicos que representam, de um modo
geral, uma transformação. Quando falamos em transformações, logo pensamos em um processo em
que uma ou mais substâncias se modificam. Nesse processo, precisamos primeiro identificar o que
está se transformando em quê. Observe a seguir a primeira regra fundamental:
Uma reação deve ter produtos e reagentes.
O(s) reagente(s) deverá(ão) sempre aparecer do lado esquerdo do(s) produto(s) e este(s) do
lado direito da reação. Vamos observar:

Reagentes Produtos

Uma representação mais completa pode ser observada quando temos a reação entre um ou
mais reagentes formando um ou mais produtos. Vejamos:

Reações Químicas
Podemos, agora, fazer uma representação química da reação do oxigénio com duas moléculas
de hidrogénio formando a água.
Primeiro, vamos imaginar a formação da molécula de H2O.

2H2 2H2O

Repare que, para formarmos uma molécula de água, precisamos de duas moléculas de hidro¬
génio e uma molécula de oxigénio. Não se esqueça de que isso ocorre porque uma molécula do
gás hidrogénio é constituída por dois átomos de hidrogénio, e uma molécula do gás oxigénio é
constituída por dois átomos de oxigénio.
Uma maneira mais fácil de representar as reações químicas é escrevendo uma equação quí¬
mica. Vamos observar a mesma reação acima escrita na forma de equação:

I 2H2 + O2 -> 2H2O

O que a equação está representando é que duas moléculas de hidrogénio reagem com uma
molécula de oxigénio, formando duas moléculas de água.
Os números colocados à esquerda de cada símbolo são conhecidos como coeficientes este-
quiométricos. Já os números menores, colocados à direita dos símbolos, representam o número de
átomos existentes na molécula.

2H2O
índice do hidrogénio = 2 átomos de hidrogénio
Coeficiente estequiométrico

O coeficiente estequiométrico multiplica pelo seu valor o número de átomos presentes na


molécula (logo, teremos 4 hidrogénios e 2 oxigénios). Desse modo, em uma reação química, mesmo
que haja uma transformação irreversível, o número de componentes dos dois lados da reação sempre
deve ser o mesmo. Ou seja, o número de componentes dos produtos deve ser igual ao número dos
componentes dos reagentes. Esse é o princípio da Lei de Ação das Massas, descrito por Lavoisier.

Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.


Examine a reação de formação da água:

I 2H2 + O2 2H2O

Reações Químicas
Agora, identifique quantos átomos temos do lado dos reagentes e do lado dos produtos.
A tabela a seguir mostra essas informações.
Tabela 1- Balanceamento da reação de formação da água

Reagentes Produtos
Hidrogénio (H) 2-2=4 2-2 = 4
Oxigénio (0) 1-2 = 2 2-1 = 2

Quando observamos essa situação, dizemos que essa reação está balanceada, ou seja, os coe¬
ficientes estequiométricos estão dispostos de maneira que o número de átomos ou de elementos é
igual tanto do lado dos produtos como dos reagentes.
A principal função da equação química é fazer com que possamos conhecer as massas ou quan¬
tidades de cada um dos elementos na reação química.
Vamos a um exemplo prático.
O monóxido de carbono (CO), formado pela combustão incompleta do carbono, é um gás
muito prejudicial ao meio ambiente. Quando temos excesso de oxigénio (O2), ele queima completa¬
mente, transformando-se em dióxido de carbono. Vamos à reação:

GO + O2 CO2

Essa reação está balanceada? O número de elementos é igual dos dois lados?
Vejamos: o número de carbono (C) é igual dos dois lados; entretanto, temos 3 oxigénios do
lado dos reagentes e apenas 2 oxigénios do lado dos produtos. Podemos nos utilizar dos coeficientes
estequiométricos para resolver a situação. Observe a seguir:

2CO + O2 -> 2CO2


Ao adicionarmos o coeficiente estequiométrico 2 do lado do CO e do lado do CO2, consegui¬
mos deixar todos os componentes iguais, obedecendo à Lei de Conservação de Massas.
Até aqui, relacionamos o coeficiente estequiométrico com o número de moléculas, como se 2
moléculas de CO reagissem com 1 molécula de O2 e formassem 2 moléculas de CO2. Isso não está
errado, mas, quando pensamos em dimensionar essa reação para uma escala maior, precisamos pen¬
sar em grandezas maiores. A grandeza usada para isso é o mol. A mesma reação pode ser descrita
como sendo 2 mols de CO reagindo com 1 mol de O2, formando 2 mols de CO2.
Vamos, agora, utilizar a mesma reação para determinarmos as massas de todos os reagentes e
produtos e provarmos que são iguais em ambos os lados da reação.
Tabela 2 - Balanceamento de massa da reação de formação de C02

Produtos Reagentes
2C0 + 02 2C0?
Duas moléculas + uma molécula Duas moléculas
2 mols + 1mol 2 mols
2 • (12,01 + 15,99) + 2 • (15,99) = 87,98 2 • (12,01) + 2 • [2 • (15,99)] = 87,98

:
VWy Reações Químicas
Assim, temos a massa molar expressa em gramas, como foi dito anteriormente, igual para rea¬
gentes e produtos. Por meio desse raciocínio, podemos até mesmo determinar a quantidade de um
dos reagentes necessária para que o processo ocorra. Veja no exemplo a seguir.

Vamos supor que não saibamos a quantidade de oxigénio necessária para a combustão de
1mol de CO:

2CO + O2 -> 2CO2


2C0
11
+ O2 > 2CO,2
11
1
2 mols 1mol 2 mols
11
56 g X 87,98 g

X = 87,98 g- 56 g

X = 31,98 g

Dessa forma, precisamos de 31,98 g de gás oxigénio para realizarmos a combustão


completa.

Durante uma reação química, podemos também ter a formação de mais de um produto. Por
exemplo, quando queimamos o gás metano (gás natural), considerado um combustível limpo por não
conter substâncias como o enxofre que causam a chuva ácida.

+ O2 CO2 + H2O

Repare que temos um pro¬


blema com essa equação. O número
de elementos de um lado não é igual
ao do outro. Do lado dos reagentes,
temos 2 oxigénios e 4 hidrogénios,
enquanto do lado dos produtos
temos 3 oxigénios e 2 hidrogénios.

Queima de metano em lixão.

: :
Reações Químicas\^^/
Vamos aproveitar o exemplo para fazermos o balanceamento da
equação.
O método que utilizamos é o das tentativas, no qual experimen¬
tamos os coeficientes estequiométricos para igualar ambos os lados da
equação. Lembre-se de que devemos apenas modificar os coeficientes
estequiométricos e nunca modificar os índices. Embora seja um método
por tentativas, vamos estabelecer alguns passos a serem seguidos.
1- Passo - Identifique qual é a substância principal na sua equa¬
ção, ou seja, a substância que apresenta maior número de átomos.
Nesse caso, o metano tem 5 átomos, e vamos usá-lo como referên¬
cia, aplicando-lhe o índice 1:

1CHa4 + 0,2 -> C072 + HO


2

2- Passo - Considerando que o carbono é nosso principal elemento


e que ele contém coeficiente igual a 1, devemos igualar o número
de carbonos do outro lado da equação, aplicando o mesmo índice
ao CO2:

I ich4 o2 ->
+ ico2 h2o
+

32 Passo Podemos agora observar os outros átomos que ainda


-

precisam ser igualados na fórmula. Uma boa opção é balancear¬


mos o número de hidrogénios. Repare que, do lado dos reagentes,
temos 4 hidrogénios e, do lado dos produtos, apenas 2. Se colocar¬
mos o coeficiente 2 ao lado da água, passaremos a ter 4 hidrogénios
de cada lado:

I 1CH4 02
+ -> 1CO2 2H2O
+

4- Passo - A última determinação fica para o oxigénio (O2). Agora,


do lado dos produtos, podemos contabilizar 4 oxigénios, dois vin¬
dos do CO2 e outros dois vindos das duas moléculas de H2O. Como
temos apenas uma molécula de O2 do lado dos reagentes (com 2
oxigénios), podemos aplicar o coeficiente 2, balanceando definiti¬
vamente a equação:

I 1CH4 + 2O2 -> 1CO2 2H2O


+

Reações Químicas
Podemos determinar qualquer situação referente a essa reação. Um exemplo é: ao queimar¬
mos 800 g de gás metano, quantos gramas de oxigénio serão necessários para que a combustão seja
completa, sem a geração de monóxido de carbono (CO)?
Inicialmente, como já balanceamos a equação, devemos colocar abaixo de cada membro o
número de mols envolvidos no processo. Podemos criar uma tabela para facilitar o desenvolvimento
do trabalho, como a reproduzida a seguir.
Tabela 3 - Número de mols de reagentes e produtos

Reagentes Produtos
Substâncias ch4 O2 co2 h2o
Mols 1 2 1 2

A próxima etapa é determinar a massa de cada substância envolvida na reação balanceada por
meio da massa molar. Aqui, teremos as massas estequiométricas, ou seja, a quantidade que precisa¬
mos de todos os componentes para que a reação seja completa:
Tabela 4 - Massas estequiométricas de reagentes e produtos

Reagentes Produtos
Substâncias CH4 o2 co2 h2o
Mols 1 2 1 2
Massas estequiométricas 16 g 32 g 44 g 36 g

Agora, precisamos estabelecer a quantidade de oxigénio necessária para a combustão de


800 g de metano. Se conhecermos quanto precisamos de O2 para queimar 16,05 g de CH4, propor¬
cionalmente poderemos estabelecer a quantidade de O2 para queimar 800 g.
Tabela 5 - Começando a resolver o problema

Reagentes Produtos
Substâncias CH4 o2 co2 H2°
Mols 1 2 1 2
Massas estequiométricas 16,05 g 31,98 g 43,99 g 36,02 g
Massa estabelecida 800 g X

Essa situação pode ser resolvida simplesmente utilizando-se uma regra de proporcionalidade,
conhecida como regra de três. Vejamos:

1 mol CH4 2 mols O2


16,05 g 31,98 g
800 g X
16,05 • X = 800 • 31,98
X = 800 • 31,98
16,05
X = 1 594,01 g de O2

Assim, serão necessários 1 594,01 g de oxigénio para queimar completamente 800 g de CH4.

Reações Químicas
A Análise

1) Efetue o balanceamento das reações:


a. KC1(34 -> KCI + O.2

b. H2SO4 + AI(OH)3 -> AI2(SO4)3 + H2O

c. nh4hco3 -> +
CO2 NH3 H2O
+

2) O alumínio não enferruja como o ferro, porque, ao entrar em contato com o ar, forma uma
camada protetora de óxido de alumínio (AI2O3), que não permite que o processo continue.
Escreva a reação balanceada que representa esse processo.

3) A reação do lítio (Li) com a água forma hidrogénio, de acordo com a seguinte reação:

2Li + 2H2O -> 2UOH + H2

Quantos mols de hidrogénio serão formados a partir da reação de 8,3 mols de Li?

4) Quando ingerimos alimentos, eles fornecem energia para que possamos nos manter vivos.
Esse processo pode ser descrito pela reação de degradação da glicose, formando CO2 e H2O.
Balanceie a equação abaixo e calcule quanto é formado de gás carbónico por uma pessoa
que consumiu 700 g de glicose.

c6H12o6 o2 ->
+ +
co2 h2o

:
Reações Químicas
5) Calcule o número de átomos de C, H e O contidos em 3 g de glicose (C6H12O6).

6) Quantos gramas de ouro (Au) existem em 12 mols de ouro? E quantos átomos?

7) A partir da reação entre nitrato de prata e cloreto (AgNO3 + NaCI -> AgCI(sólido) + NaNO3),
calcule:
a. Quantos gramas de AgNO3 são necessários para reagir com 3 g de NaCI?

b. Quantos gramas de AgNO3 são necessários para precipitar 3 g de AgCI?

c. Quantos gramas de NaCI são adicionados ao AgNO3 para produzir 3 g de AgCI?

: :
Reações Químicas
vÉíi)
8) A corrosão causada nas tubulações das caldeiras pode ser evitada usando-se sulfito de
sódio. Essa substância elimina o oxigénio da água, conforme a seguinte reação:

Na2SO3 O2
+ -> 2Na2SO4
Quantos gramas de Na2SO3 são necessários, teoricamente, para eliminar o O2 de 10 000 g
de H2O, cujo conteúdo é de 10 mg de oxigénio dissolvido?

9) 3,65 g de H2 e 26,7 g de O2 são misturados e reagem. Quantos gramas de H2O são


produzidos?

(A,—-—-—
Reações Químicas
10) Misturam-se 530 g de Na2CO3 com 189,8 g de HCI. Calcule a massa de H20 formada.

Na2CO3 + 2HCI -> 2NaCI + CO2 H2O


+

Saiba mais sobre a reação de degradação da glicose em nosso organismo lendo o texto disponível em: <https://
brasilescola.uol.com.br/saude/glicose.htm>.

Seção de Sistematização
Nesta unidade, aprendemos sobre como podemos medir os átomos e as molécu¬
las. Nesse padrão de medida, o carbono é peça fundamental, pois todo o processo
começa com ele. Também vimos como sair do mundo microscópico dos átomos para
nossa dimensão real de medidas. O mol e o número de Avogrado nos proporcionam
essa facilidade, sendo fundamentais para se determinar a grandeza de uma reação,
o quanto de um determinado reagente é necessário para se obter uma determinada
quantia de um produto e vice-versa. Para isso, aprendemos como balancear uma rea¬
ção química. Na próxima unidade, veremos as funções químicas e suas reações.
Unidade

Química, Cotidiano e
Meio Ambiente
V ocê já deve ter ouvido notícias
sobre poluição atmosférica
em que são mencionados
fenômenos ambientais, como a chuva ácida
e o efeito estufa. Algumas das situações
noticiadas podem ser resumidas nas seguin¬
tes frases: a chuva ácida tem colaborado com
o aumento de casos de doenças respiratórias,
como a asma', um derramamento de soda
cáustica, causado por um acidente com uma
carreta, gerou um grave impacto ambiental por
contaminar uma nascente', o dióxido de car¬
bono é o principal poluente gerador do efeito
estufa. Afinal, ácidos, sais, óxidos e bases
são todos componentes químicos? Quais
são as diferenças entre eles? Como esses
componentes químicos relacionam-se aos
fenômenos ambientais noticiados?
Capítulo 1

Funções
Químicas
Com o desenvolvimento industrial, os
problemas ambientais relacionados à chuva
ácida tornaram-se cada vez mais graves. Isso
porque a poluição que sai das chaminés é
levada pelo vento, e parte dela pode permane¬
Designua/Shtrock
cer no ar durante semanas, até que se deposite
no solo. Durante esse período, pode ter se des¬
locado por grandes distâncias. Diferentemente
do CO2, os óxidos de enxofre (SO2 e SO3) e
de nitrogénio (N2O, NO e NO2) presentes na
atmosfera formam ácidos fortes, aumentando
a acidez da água da chuva. Os pesquisadores
acreditam que o principal fator responsável
pelos danos causados às plantas e pela morte
de muitas florestas é a chuva ácida, que con¬
tribui também para o aumento das doenças
respiratórias.

No Brasil, uma das cidades que mais sofria com as chuvas ácidas era São Paulo. "[...] é
provável que ocorressem muitas precipitações ácidas no final na década de 1970", afirma a
química Adalgiza Fornaro, da Universidade de São Paulo (USP). Na áltima década, a situação
melhorou com a adoção de medidas antipoluição. [...] os combustíveis foram purificados e
hoje não contêm dióxido de enxofre, um gás que origina o ácido sulfúrico da chuva ácida.
[...], todas as indústrias do município instalaram filtros. "[...] a maioria dos veículos já tem
catalisadores, que reduzem a poluição da queima de combustíveis. Com isso, a chuva de São
Paulo hoje é apenas levemente ácida", diz Adalgiza.
Fonte: Adaptado de: <http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-e-chuva-acida>.

Pesquise sobre os processos químicos envolvidos na contaminação da água por soda cáus¬
tica e no fenômeno do efeito estufa.

Funções vÔ
Químicas\v^/
Viktar Malyshchyts/Shutterstock

Funções Químicas
Inorgânicas
Quando olhamos ao nosso redor, percebemos que somos
cercados por diferentes odores, sabores e texturas. E por meio
da identificação dessas diferentes características que conse¬
guimos separar os alimentos e outros produtos com os quais
temos contato. Por exemplo, limão e vinagre são percebidos
por nosso paladar como azedos; sal de cozinha e bicarbonato
de sódio, como salgados. O que essas duplas de substâncias têm
0 limão, assim como o vinagre, é percebido em comum que faz com que sejam colocadas em uma mesma
por nosso paladar como azedo.
categoria?

As substâncias químicas podem ser classificadas em grupos com


propriedades semelhantes. São eles:
• Ácidos.
• Bases. A química é dividida, para fins didáticos,
em química inorgânica e química
• Sais. orgânica, cada uma com suas particu¬
laridades. Nesta unidade, estudaremos
• Óxidos. a química inorgânica e suas funções.

SÍA Reflexão

Pense nos alimentos que você conhece e tente identificar alguns


exemplos de cada grupo.

T
Funções Químicas
Ácidos
Segundo o químico sueco Arrhenius, ácidos são com¬
postos que têm um ou mais átomos de hidrogénio em sua
estrutura.

Saiba mais sobre o Prémio Nobel de Química e de outras áre¬


as do conhecimento acessando sites confiáveis.

Uma característica dos ácidos é que, quando se encon¬


tram em solução aquosa, liberam seu hidrogénio na forma Svante August Arrhenius ganhou o Prémio Nobel de
de íon. Vejamos: Química em 1903 por sua teoria eletrolítica da dissociação.

HC1 -> H+ + Cl-


Cátion:
Repare que, de acordo com a reação acima, podemos observar que íon com carga elétrica
o hidrogénio fica livre na forma de um cátion (+) e o cloro, na forma positiva.
Ânion:
de um ânion (-). A esse processo damos o nome de ionização, que é a
Ion com carga elétrica
transformação de uma molécula em íons. O íon H+ fornece característi- negativa.
cas ácidas à solução.
O mais importante no momento é saber como
identificar os ácidos. Uma de suas características mais
marcantes é deixar sabor azedo na boca, como é o caso
do limão (ácido cítrico) e do vinagre (ácido acético).
Muitos ácidos também são corrosivos e podem ser peri¬
gosos se não forem bem manipulados.
Vejamos alguns exemplos dos ácidos mais conheci¬
dos e suas aplicações:
• Ácido acético - Esse famoso ácido não é tão
perigoso pelo seu caráter corrosivo, mas é extre¬
mamente irritante quando inalado em altas
concentrações. Pode ser também irritante aos
olhos e ao trato gastrointestinal se ingerido em
grandes quantidades. Por isso, é preciso muito
cuidado ao utilizar o famoso vinagre. O vina¬
gre que utilizamos em casa é o ácido acético
(CH3COOH) a uma concentração baixa (bem
diluído, variando entre 4% e 6%).
Vinagre, um exemplo de utilização de ácido acético.

Funções Químicas
Ácido clorídrico - Diferente do ácido acético, o ácido clorídrico é mais perigoso à saúde
humana por seu caráter corrosivo, embora seja encontrado em nosso estômago como com¬
ponente do suco gástrico, auxiliando na digestão. O ácido clorídrico (HC1) é, na verdade,
um gás, porém, em razão de sua grande solubilidade, é encontrado na forma de solução
aquosa. Nos supermercados, pode ser encontrado pelo nome comercial de ácido muriático.
Embora sua venda seja livre, deve ser manipulado com muito cuidado.

Ácido clorídrico, um dos principais constituintes do suco gástrico.

• Ácido fosfórico - Esse é um grande conhecido da nossa alimentação. É um dos principais


constituintes de refrigerantes, em que é utilizado como acidulante. Embora não seja muito
nocivo, o excesso de refrigerante pode causar, além da obesidade, doenças referentes à
corrosão, como a osteoporose. Sua fórmula é H3PO4.

0 ácido fosfórico é um dos principais componentes


dos refrigerantes.

Outros ácidos podem ser colocados nessa lista, como o ácido sulfúrico (H2SO4), utilizado nas
baterias dos automóveis ou na fabricação de fertilizantes. Esse ácido é um dos mais perigosos, pois
o seu alto poder desidratante provoca queimaduras quando entra em contato com a pele. Já o ácido
nítrico (HNO3) é utilizado na fabricação de trinitrotolueno (TNT), entre outros.

Funções Químicas
Repare que, em todos os exemplos citados, a principal característica é a presença do hidrogé¬
nio em todas as estruturas. Por isso, podemos dizer que, no geral, os ácidos apresentam uma fórmula
comum:

Os ácidos podem ser classificados de acordo com o número de hidrogénios presentes em sua
estrutura; logo, temos os monoácidos, os diácidos e os triácidos.
Monoácidos - Liberam apenas um íon H+ em solução.
Ex.: HC1 H+ + Cl-
Diácidos - Liberam dois íons H+ em solução.
Ex.: H,SOa
2 4
2H+ + SO,2
4

• Triácidos - Liberam três íons H+ em solução.


Ex.: I LPO,
3 4 -> 3H+ + PO^
4

Nomenclatura dos Ácidos


Por serem compostos semelhantes, os ácidos devem ter uma nomenclatura própria. Por isso,
costuma-se dividir os ácidos em duas categorias: ácidos sem oxigénio e ácidos com oxigénio.

Ácidos sem Oxigénio ou Hidrácidos


A nomenclatura nesse caso é feita da seguinte forma:
Acido + nome do elemento + IDRICO
Observe exemplos de hidrácidos na tabela a seguir:
Tabela 1- Exemplos de hidrácidos

Ácido Nome do Ácido


HF Ácido fluorídrico
HCI Ácido clorídrico
Hl Ácido iodídrico
HCN Ácido cianídrico

Ácidos com Oxigénio ou Oxiácidos


A nomenclatura é estabelecida a partir da dissociação do ácido. O nome será dado de acordo
com o nome do ânion formado. Por exemplo, a dissociação do ácido carbónico:

H2CO3 -> 2H+ + CO32"


Ácido carbónico carbonato

Funções Químicas
Portanto, quando o ânion termina com ato, o ácido termina com ico.
Na tabela a seguir, podemos observar alguns exemplos de ácidos, seus ânions e suas terminações.
Tabela 2 - Exemplos de ácidos, com seus nomes e ânions

Ácido Ânion Nome do Ácido

h2so4 SO412-
(sulfato) Ácido sulfúrico
H3po4 PO43- (fosfato) Ácido fosfórico

hno3 NO3‘ (nitrato) Ácido nítrico

h2co3 CO32- (carbonato) Ácido carbónico


HCIO CIO- (hipoclorito) Ácido hipocloroso

hno2 NO2- (nitrito) Ácido nitroso

h2so3 SO32- (sulfito) Ácido sulfuroso

Pesquise sobre as aplicações dos ácidos e responda qual ácido é utilizado na fabricação de
cada um dos produtos a seguir:
a. Bateria de carros:
b. Explosivos:
c. Refrigerantes:
d. Vinagre:
e. Fertilizantes:

Análise

1) Escreva as fórmulas dos seguintes ácidos:


a. Ácido carbónico:
b. Ácido nitroso:
c. Ácido fosforoso:
d. Ácido fosfórico:
e. Ácido sulfúrico:
f. Ácido clorídrico:
g. Ácido cianídrico:
h. Ácido nítrico:
i. Ácido hipocloroso:

Funções Químicas
2) (ENEM) Suponha que um agricultor esteja interessado em
fazer uma plantação de girassóis. Procurando informação, leu a
seguinte reportagem:

Solo ácido não favorece plantio. Alguns cuidados devem ser


tomados por quem decide iniciar o cultivo do girassol. A oleagi¬
nosa deve ser plantada em solos descompactados, com pH acima É uma escala numérica
de 5,2 (que indica menor acidez da terra). Conforme as recomen¬ utilizada para especificar
dações da Embrapa, o agricultor deve colocar, por hectare, 40 kg a acidez ou basicidade de
uma solução aquosa.
a 60 kg de nitrogénio, 40 kg a 80 kg de potássio e 40 kg a 80 kg
de fósforo. 0 pH do solo, na região do agricultor, é de 4,8. Dessa
forma, o agricultor deverá fazer a "calagem".
FOLHA DE S. PAULO, 25 set. 1996.

Suponha que o agricultor vá fazer calagem (aumento do pH do


solo por adição de cal virgem - CaO). De maneira simplificada,
a diminuição da acidez se dá pela interação da cal (CaO) com a
água presente no solo, gerando hidróxido de cálcio (Ca(OH)2),
que reage com os íons H+ (dos ácidos), ocorrendo, então, a for¬
mação de água e deixando ions Ca2+ no solo.

Considere as seguintes equações:


I. CaO + 2H2O -> Ca(OH)3
II. CaO + H2O -» Ca(OH)2
III. Ca(OH)2 + 2H+ +
Ca/ 2H2O
IV. Ca(OH)2 + H+ CaO + H2O

O processo de calagem descrito acima pode ser representado


pelas equações:
a. I e II.
b. I e IV.
c. He III.
d. II e IV.
e. Ill e IV.

Funções Químicas
Bases
A segunda função química que iremos
estudar acontece por meio das bases. Muitas
das substâncias do nosso dia a dia são bases ou
derivadas de bases. Vários produtos utilizados
em limpeza doméstica ou industrial são bases,
principalmente os constituídos por amoníaco
ou produtos para desentupir caixas de gordura
e ralos.
As bases não têm o gosto caracteris-
ticamente azedo como o dos ácidos. São A grande maioria dos produtos de limpeza é constituída por bases,
Max-Studio/hersck
adstringentes, por isso apresentam aquele
gosto que parece que “amarra” a boca. Você já tomou leite de magnésia? O leite de magnésia, hidró¬
xido de magnésio, é utilizado como antiácido estomacal (mais adiante, vamos entender o motivo).
De modo geral, base é toda substância que, quando dissolvida em água, libera o íon OH-. Bases
também são conhecidas como álcalis.
Um exemplo típico de base é o hidróxido de sódio, que em solução libera o íon OH-, de acordo
com a equação abaixo:

NaOH,(aq) A ;(aq) + OH-(aq).

Repare que o íon OH- fica livre em solução, trazendo características básicas para ela.
Agora, veremos as principais bases que utilizamos no cotidiano.
• Hidróxido de sódio - É a base mais conhecida e utilizada domes-
ticamente. É um sólido branco, cristalino e muito higroscópico.
Conhecida também comercialmente como soda cáustica, é Que tem tendência para
muito utilizada para desentupir ralos por causa de seu poder de absorver a umidade do ar.
reagir com a gordura, formando sabão. Desde os tempos mais
antigos, o sabão é feito por meio da seguinte reação:

Gordura + NaOH -» Sabão + Glicerol

0 hidróxido de sódio é usado na fabricação de sabão.

Funções Químicas
• Hidróxido de cálcio - Muito utilizado na construção civil, é
obtido pela reação da cal comercial com a água, que forma
uma massa branca utilizada para coberturas e revestimentos.
A reação da cal, óxido de cálcio, com a água libera uma grande
quantidade de calor, fazendo praticamente a água ferver.

CaO + H2O — > Ca(OH)2 + calor

Hidróxido de amónio (NH4OH) - Bastante utilizado como


produto de limpeza. Entretanto, muitos acidentes por into¬
xicação ocorreram por causa de seu uso. Hoje, sua utilização
está mais restrito à fabricação de fertilizantes.
LEITE DE
Hidróxido de magnésio (Mg(OH)2) - Utilizado como anti-
ácido estomacal, sua aplicação é muito comum. Pode ser
também usado na redução da oleosidade da pele por suas
propriedades adstringentes.

Podemos agora, assim como fizemos com os ácidos, estabele¬


cer uma fórmula geral para as bases: 0 leite de magnesia, poderoso antiácido,
contém hidróxido de magnésio.

M(OH)x
Em que:
M = Metal
OH = Hidróxido
X = Número de hidroxilas

Note que o número de hidroxilas vai depender do estado de oxi¬


dação do metal. Quanto maior o número de hidroxilas, mais oxidado
está o metal.

: :
Funções Químicas

As bases podem ser classificadas conforme o número de hidroxilas
presentes em sua estrutura. Assim, temos:
• Monobases - Liberam apenas um íon OH em solução.
Ex.: NaOH -> Na+ + OI 1
• Dibases - Liberam dois íons OH em solução.
Ex.: Ca(OH)2 -> Ca2+ + 20 H
• THbases - Liberam três íons OH em solução.
Ex.: Fe(OH)3 -> Fe3+ + 3011
• Tetrabases - Liberam quatro íons OH em solução.
Ex.: Pb(OH)4 -> Pb4+ + 4011

Nomenclatura das Bases


Quanto à nomenclatura, as bases são mais facilmente entendidas
quando comparadas aos ácidos.
Basta colocarmos a palavra hidróxido, seguida do nome do cátion
que o acompanha:

Hidróxido de nome do cátion

Temos alguns exemplos no quadro a seguir.


Quadro 1- Exemplo de nomeclatura de bases
Base Nome da Base
KOH Hidróxido de potássio
Ca(OH)2 Hidróxido de cálcio
AI(OH)3 Hidróxido de alumínio
NaOH Hidróxido de sódio
LiOH Hidróxido de lítio
Pb(OH)4 Hidróxido de chumbo

Em alguns casos, podemos ter um mesmo elemento em estados de


oxidação diferentes e a nomenclatura muda de acordo com essa condição.
Um exemplo:
• Sn(OH), - Hidróxido de estanho II
• Sn(OH)4 - Hidróxido de estanho IV

Funções Químicas
1) Escreva a fórmula de acordo com o nome da base:
a. Hidróxido de estanho II:
b. Hidróxido de magnésio:
c. Hidróxid o de Iítio:
. Hidróxido de prata:
e. Hidróxido de ferro II:

2) Qual base é utilizada como antiácido estomacal?

3) Como o hidróxido de sódio pode ser utilizado na formação do sabão?

4) Dê dois exemplos de tribases:

5) Considere os cátions Na+, Al3+ e Ag+. Escreva as fórmulas de suas bases e seus nomes de
acordo com a nomenclatura.

6) Demonstre a reação na qual o hidróxido de cálcio é formado a partir da reação do óxido de


cálcio. Qual sua principal utilização?

7) (ENEM - Adaptada) Produtos de limpeza, indevidamente guardados ou manipulados, estão


entre as principais causas de acidentes domésticos. Leia o relato de uma pessoa que per¬
deu o olfato por ter misturado água sanitária, amoníaco e sabão em pó para limpar um
banheiro:

A mistura ferveu e começou a sair uma fumaça asfixiante. Não conseguia respirar e meus
olhos, nariz e garganta começaram a arder de maneira insuportável. Saí correndo à procura
de uma janela aberta para poder voltar a respirar.

O trecho em destaque poderia ser reescrito, em linguagem científica, da seguinte forma:


a. As substâncias químicas presentes nos produtos de limpeza evaporaram.
b. Com a mistura química, houve produção de uma solução aquosa asfixiante.
c. As substâncias sofreram transformações pelo contato com o oxigénio do ar.
d. Com a mistura, houve transformação química que produziu rapidamente gases tóxicos.
e. Com a mistura, houve transformação química, evidenciada pela dissolução de um sólido.

Funções Químicas
vái)
8) (ENEM) Entre os procedimentos recomendados para reduzir
acidentes com produtos de limpeza, aquele que deixou de ser
cumprido, na situação discutida na questão anterior, foi:
a. Não armazene produtos em embalagens de natureza e finali¬
dade diferentes das originais.
b. Leia atentamente os rótulos e evite fazer misturas cujos resul¬
tados sejam desconhecidos.
c. Não armazene produtos de limpeza e substâncias químicas
em locais próximos a alimentos.
d. Verifique, nos rótulos das embalagens originais, todas as ins¬
truções para os primeiros socorros.
e. Mantenha os produtos de limpeza em locais absolutamente
seguros, fora do alcance de crianças.

Sais
Os sais são substâncias facilmente encontradas no dia a dia. O sal
de cozinha (NaCl) é o exemplo mais comum. Outro sal muito conhecido
e utilizado é o bicarbonato de sódio (NaHCO3), usado como antiácido;
para ajudar a clarear os dentes na escovação; como ingrediente na culi¬
nária, etc.
Os sais são compostos iônicos, formados por ligações iônicas, o que
geralmente fornece uma estrutura cristalina, representada por uma rede
criada pelos íons. Um exemplo é a rede cristalina composta pelo cloro e
pelo sódio na constituição do sal de cozinha.

Funções Químicas
Por definição, os sais são substâncias que, quando dissolvidas em água,
sofrem dissociação, liberando um cátion diferente de H+ e um ânion diferente
de OH-.
Vejamos alguns exemplos:
• NaCl -> Na+ + Cb
• A1C13 Al3+ + Cl-
• CuSO.4 -> Cu2+ + SCI2
4

• NaHCO3 Na+ + 1 ICO,

Repare que os índices na formulação dependem da carga do elemento


complementar. Vamos observar a fórmula geral dos sais e entender como isso
acontece:

-> AB
x y

As cargas dos íons passam a ser os índices dos elementos na estrutura


do sal. O balanço total das cargas multiplicadas pelos índices deve ser igual
a zero.

Carga do cátion A= x • (+y) = +xy


Carga do ânion B = y • (-x) = -yx
Carga total da fórmula = +xy - yx =0

Vamos aplicar o exemplo acima com o A1C13. O cloreto de alumínio é


constituído pelos íons prata e cloreto. O cloreto tem carga (-1) e o alumínio
carga (+3). Vamos observar como fica a fórmula do composto:

Al+3 Cl-1

É necessário, agora, deixar a carga do alumínio como índice do Cl e


a carga do cloro como índice do Al, como se multiplicássemos os fatores de
forma cruzada. Vejamos:

Al^-Q-1

Assim, chegamos à fórmula geral do cloreto de alumínio:

A1C13

: : vÉb
Funções Químicas
Percebemos, com isso, que as cargas ficam ocultas, mas se quiser¬
mos balanceá-las, chegaremos ao resultado zero.

Para o cátion Al, temos: 1 • (+3) = +3


Para o ânion Cl, temos: 3 • (-1) = -3
Balanço total da fórmula: +3-3 = 0

Podemos estabelecer, por meio desse método, a formulação de


qualquer sal. No entanto, antes de tratarmos de regras de nomenclatura,
precisamos pensar em uma situação muito simples. Todo sal pode ser
derivado de uma reação entre um ácido e uma base. Tais reações são
conhecidas como reações de neutralização e sempre irão dar origem a
um sal e à água.

Ácido + Base —> Sal + Água


HC1 + NaOH -+ NaCl + H2O

Por isso, podemos dizer que todo sal deriva de um ácido e de uma
base, o que é muito importante quando precisamos dar nomes aos sais.
O nome dos sais é estabelecido da seguinte forma: escrevemos o
nome do ânion, seguido da preposição de e do nome do cátion. O nome
do ânion, entretanto, deriva do nome do ácido que o originou.
Logo, temos a tabela de nomenclatura que pode ser observada a
seguir:
Tabela 3 - Paralelos dos sufixos do ácido e do ânion formado

Sufixo do Ácido Sufixo do Ânion


-idrico -eto
-ico -ato
-oso -ito

Vejamos alguns exemplos abaixo:


Tabela 4- Exemplo da nomenclatura dos ânions

Ácido de Origem Ânion


Ácido clorídrico Cloreto
Ácido sulfúrico Sulfato
Ácido nitroso Nitrito
Ácido fluorídrico Fluoreto
Ácido fosfórico Fosfato
Ácido hipocloroso Hipoclorito

Funções Químicas
Agora, podemos identificar os sais mais comuns e suas aplicações:
Cloreto de sódio - E o mais conhecido dos sais. Apesar de ser
obtido por meio da reação ácido-base, entre o HC1 e NaOH,
sua produção comercial vem das salinas, resulta do processo de
evaporação da água do mar. É o principal constituinte do sal de
cozinha, que apresenta também iodeto de sódio e potássio, para
a prevenção de uma doença conhecida por bócio.

Fluoreto de sódio - É outro importante sal muito utilizado


principalmente pelos dentistas. Presente na maioria dos cremes
dentais, o fluoreto de sódio previne a desmineralização dos den¬
tes, diminuindo, assim, a incidência de cáries.

Bicarbonato de sódio - Esse sal é quase tão versátil quanto o


sal de cozinha. Entre as diversas utilidades, destaca-se seu uso
na culinária, nos extintores de incêndio para combater o fogo
originado por eletricidade, em processos de limpeza odontoló-
gica e, principalmente, como antiácido. Nesse último caso, o que
ocorre é uma reação entre o sal e o ácido clorídrico encontrado
no suco gástrico, provocando a formação de sal, água e CO2,
diminuindo, com isso, a acidez no estômago.

l NaHCO,3 + HC1 -> NaCl + H.O


2 + CCE ,
2(gas) .
Funções Químicas
Análise

1) 0 sulfato de cálcio é muito usado em hospitais de fraturas, pois,


quando hidratado, transforma-se em gesso, que é utilizado na
imobilização de um membro ou parte do corpo que sofreu uma
fratura. Quando desidratado, pode servir como giz para quadro
negro. Escreva a fórmula do sulfato de cálcio e o ácido que o
origina.

2) Descreva a fórmula do fosfato de cálcio e cite uma de suas prin¬


cipais propriedades.

3) Escreva a fórmula estrutural de três sais que têm seu nome ter¬
minado em eto.

4) Explique a principal aplicação do bicarbonato de sódio e des¬


creva a reação que comprove essa aplicação.

Funções Químicas
5) Determine os nomes dos seguintes sais, assim como dos ácidos e das bases
que lhes deram origem:

a- Ni2(SO4)3:

b. Cu2S:
c. NaNO3:
d. Na2CO3:
6) (PUCCAMP-SP) O fosfato de cálcio, utilizado na formação de fertilizantes, é
um derivado do ácido fosfórico. Descreva a fórmula dos dois componentes
citados.

7) (ENEM) Em setembro de 1998, cerca de 10 000 toneladas de ácido sulfúrico


(H2SO4) foram derramadas pelo navio Bahamas no litoral do Rio Grande do
Sul. Para minimizar o impacto ambiental de um desastre desse tipo, é pre¬
ciso neutralizar a acidez resultante. Para isso, pode-se, por exemplo, lançar
calcário, minério rico em carbonato de cálcio (CaCO3), na região atingida.

A equação química que representa a neutralização do H2SO4 por CaCO3,


com a proporção aproximada entre as massas dessas substâncias é:

H2SO4 + CaCO3 CaSO4 + H2O + CO2


1tonelada reage 1tonelada sólido gás
com sedimentado

Pode-se avaliar o esforço de mobilização que deveria ser empreendido


para enfrentar tal situação, estimando a quantidade de caminhões neces¬
sária para carregar o material neutralizante. Para transportar certo calcário
que tem 80% de CaCO3, esse número de caminhões, cada um com carga de
30 toneladas, seria próximo de:
a. 100.
b. 200.
c. 300.
d. 400.
e. 500.

Funções Químicas
váB)
Capítulo 2

A Química e Seus Impactos


Ambientais
De todas as funções químicas que estudamos até agora, os óxidos são os compostos mais
encontrados na natureza e os que produzem maiores impactos ambientais. Vamos retomar os assun-
tos chuva ácida e efeito estufa, vistos na abertura da unidade.

Óxidos
Os óxidos são compostos binários, formados por dois elementos, em que o oxigénio será sem¬
pre o mais eletronegativo.
Quanto à nomenclatura, é muito mais simples do que a das outras funções. Podemos utilizar a
seguinte regra:

Prefixo que indica


Prefixo que indica
a quantidade de
a quantidade de Nome do
oxigénio Óxido de
outro elemento elemento
(mono, di, tri,
(di, tri, tetra)
tetra, penta)

Tomemos como exemplo o CO, constituído por um átomo de carbono e um átomo de oxigénio.
Seguindo a regra estabelecida anteriormente, formamos o monóxido de carbono.
E o composto N2O5? Qual seria sua nomenclatura? Vejamos:
Número de oxigénios =5
Número de nitrogénios = 2
Nome do composto = pentóxido de dinitrogênio
Um caso particular na nomenclatura dos óxidos ocorre quando existe um metal ligado ao oxi¬
génio. Esses óxidos iônicos podem ser simplesmente denominados da seguinte forma:

Óxido de + nome do elemento

Química e Seus Impactos Ambientais


Aqui, não é necessário utilizarmos os prefixos para determinar a quantidade dos componentes.
Vamos a alguns exemplos: óxido de cálcio (CaO), óxido de sódio (Na2O), óxido de ferro II (FeO),
óxido de ferro III (Fe2O3).
A fórmula geral para os óxidos iônicos é dada da seguinte maneira:

M 2O x

Alguns dos óxidos mais comuns e suas aplicações:


Dióxido de carbono - Este é um dos gases com
mais aplicações no dia a dia. É formado pela nossa
respiração e lançado diariamente também pelos
escapamentos dos automóveis durante a queima dos ÁGUA
combustíveis. Na sua forma sólida é conhecido como OXIGENADA
gelo seco, utilizado em shows para criar fumaça. Uma
aplicação também bastante conhecida é seu uso em
refrigerantes, cervejas e bebidas gaseificadas.
Peróxido de hidrogénio - O peróxido de hidrogénio
(H2O2) tem sua principal aplicação nos antissépticos.
E também usado em salões de beleza para clarear Exemplo de produto à base
de peróxido de hidrogénio,
os cabelos. É conhecido popularmente como água a água oxigenada.
oxigenada.

Óxidos no Meio Ambiente


Os óxidos correspondem a 50% dos minérios encontrados na crosta terrestre e fazem parte de
uma grande quantidade de compostos e reações, como a ferrugem, que pode ser representada pela
reação a seguir:

I 2Fe + 3/2 O2 + H2O -> Fe2O3 H2O


Atualmente, alguns óxidos têm causado problemas em termos ambientais. Com a Revolução
Industrial, ocorrida no século XVIII, o mundo teve uma grande transformação em seus modos de
produção e relações de trabalho. O desenvolvimento tecnológico trouxe uma série de consequências
económicas, sociais e ambientais, entre as quais se destacam a poluição e a degradação do meio
ambiente.
A utilização de combustíveis fósseis, que apresentam grande concentração de carbono, elimina
grande quantidade de CO2, como pode ser observado pela seguinte reação:

\ )
A Química e Seus Impactos Ambientais
O CO2 presente na atmosfera reage com a água, formando o H2CO3
e a chuva que contém esse material não é nociva.

co2 + h2o -> h2co3


O maior problema causado pelo CO2 não é a chuva ácida.
Entretanto, o CO2 presente na atmosfera colabora diretamente para o
efeito estufa, diminuindo a quantidade de radiação refletida pelo planeta
e tornando-o cada vez mais aquecido. Isso provoca o derretimento de
geleiras e o aumento do nível dos oceanos.
Em grandes centros urbanos existe uma intensa concentração de
veículos e motores de explosão que liberam na atmosfera enormes quanti¬
dades de óxido nítrico (NO). O NO causa irritações das vias respiratórias,
entre outros problemas de saúde. A presença desse gás na atmosfera leva
à formação de outro óxido de nitrogénio, o NO,, formado a partir da
reação abaixo:

2NO + O2 -> 2NO2


Na presença de água, os NOx formam o ácido nítrico, que é um
ácido extremamente corrosivo. Observe a seguinte reação:

2NO2 + H2o -> HNO2 + HNO

Outro óxido que contribui diretamente com a poluição atmosférica


é o dióxido de enxofre. A maioria dos combustíveis contém enxofre, que
é lançado na atmosfera da seguinte maneira:
Queima do enxofre:

S+ O2
Em seguida, temos a transformação do SO2 em SO3:

SO2 + 1/2 O2 -> SO

E o SO3 transforma-se em ácido sulfúrico:

so3 + h2o -4- h2so4


Esses dois ácidos (HNO3 e H2SO4) são componentes da chuva
ácida. Como vimos no início da unidade, os efeitos causados por ela
podem ser devastadores. Em florestas, que não suportam essa condição
ácida, pode causar a destruição da flora; em rios e lagos, pode ocasionar
mortandade da fauna aquática. Nas cidades, além de causar problemas
respiratórios, pode levar a um profundo desgaste em estruturas metáli¬
cas, monumentos e obras de artes.

A Química e Seus Impactos Ambientais


A Análise

1) Qual peróxido é utilizado como antisséptico em ferimentos? Qual sua outra utilidade
relevante?

2) Qual é a fórmula química dos óxidos a seguir?


a. Peróxido de nitrogénio:

b. Óxido de ferro:

c. Trióxido de dialumínio:

d. Óxido de zinco:

3) Qual é o óxido formado durante o processo da ferrugem?

4) Quais óxidos são responsáveis pela chuva ácida?

5) Quais são os tipos de prejuízo que a chuva ácida pode causar ao meio ambiente?

6) A chuva ácida pode transformar o mármore das estátuas em gesso.


a. Escreva a reação que descreve o processo:

b. Como se forma a chuva ácida?

váÈ
A Química e Seus Impactos Ambientais
7) Explique como se forma o efeito estufa e suas consequências.

8) (ENEM) Um dos danos ao meio ambiente diz respeito à corrosão de certos mate¬
riais. Considere as seguintes obras:
I. Monumento Itamarati - Brasília (mármore).
II. Esculturas do Aleijadinho - MG (pedra sabão contém carbonato de cálcio).
III. Grades de ferro ou alumínio de edifícios.

A ação da chuva ácida pode acontecer em:


a. I, apenas.
b. I e II, apenas.
c. I e III, apenas.
d. II e III, apenas.
e. I, II e III.

9) (ENEM) Chuva ácida é o termo utilizado para designar precipitações com valo¬
res de pH inferiores a 5,6. As principais substâncias que contribuem para esse
processo são os óxidos de nitrogénio e de enxofre provenientes da queima de
combustíveis fósseis e, também, de fontes naturais. Os problemas causados pela
chuva ácida ultrapassam fronteiras políticas regionais e nacionais. A amplitude
geográfica dos efeitos da chuva ácida está relacionada principalmente com:
a. a circulação atmosférica e a quantidade de fontes emissoras de óxidos de
nitrogénio e de enxofre;
a quantidade de fontes emissoras de óxidos de nitrogénio e de enxofre e a
rede hidrográfica;
c. a topografia do local das fontes emissoras de óxidos de nitrogénio e de enxofre
e o nível dos lençóis freáticos;
a quantidade de fontes emissoras de óxidos de nitrogénio e de enxofre e o
nível dos lençóis freáticos;
e. rede hidrográfica e a circulação atmosférica.

(A,A Química e Seus Impactos Ambientais


Seção de Sistematização
Nesta unidade, aprendemos um pouco sobre a química inorgânica. Vimos o que são
os ácidos, as bases, os sais e os óxidos. Cada um tem uma particularidade que os
caracteriza: os ácidos liberam H+, as bases OH-, os sais são provenientes das reações
entre os ácidos e as bases, e, por fim, os óxidos têm na sua estrutura oxigénio.

Também estudamos como todos esses compostos podem influenciar o ambiente em


que vivemos. Na próxima unidade, aprenderemos sobre os gases e como eles podem
influenciar a nossa vida.
O Ambiente que Nos Cerca
N aunidade anterior, ao discutirmos os óxidos, percebemos que muitos deles se encontram
no estado gasoso, principalmente aqueles gases que são responsáveis pelo efeito estufa e
pela formação da chuva ácida. No entanto, os gases fazem parte do nosso dia a dia e alguns
deles são essenciais à nossa sobrevivência. Mas qual é a composição do ar que respiramos? Quais gases
são essenciais à vida e quais são prejudiciais à saúde dos seres humanos e ao meio ambiente?
Capítulo 1

Caracteristicas Gerais dos Gases


Quando pensamos em gases, pode nos vir à mente
a última coluna da tabela periódica, na qual encontramos
os gases nobres. Diferentemente dos demais, esses são
gases formados por átomos isolados, enquanto a maioria
dos gases consiste em compostos moleculares, como o
oxigénio, o nitrogénio e o dióxido de carbono.
Outra característica macroscópica que podemos
observar nos gases é a possibilidade que eles têm de
sofrer compressão ou expansão, ocupando todos os espa¬
ços do recipiente que os confina.
Quando um gás se encontra confinado, podemos

OMlekasarnydrn/Schuhteokco observar algumas situações. Inicialmente, as partículas se


encontram afastadas umas das outras, com pouca inte¬
ração. O seu movimento é desordenado, pode-se dizer
caótico. Quando as partículas se chocam com as paredes
do recipiente que as abriga, geram uma força contra o
recipiente, produzindo pressão.
A pressão é proporcional ao número de colisões;
logo, se diminuirmos o volume do recipiente, consequen¬
temente ocorrerá maior número de colisões e, por sua
vez, um aumento da pressão.
Ao adicionarmos calor ao recipiente, aumentaremos a temperatura e, com isso, provocamos
um aumento da agitação das moléculas do gás e também aumentamos a pressão. Qualquer alteração
que seja feita muda o estado do sistema.

TRANSFORMAÇÃO

Estado 1 Estado 2

• P = pressão;
• V = volume;
• T = temperatura.

Caracteristicas Gerais dos Gases\^^/


Temperatura, pressão e volume são chamados
O gás ideal difere do gás real em relação às
de variáveis de estado e descrevem o comporta¬
propriedades do sistema (temperatura, pressão
mento do gás ideal. e volume). Para o gás ideal, não consideramos
Agora, vamos estudar individualmente as interações que realmente ocorrem entre as
cada uma dessas variáveis de estado. A varia¬ partículas de gases.
ção de cada uma dessas grandezas determina o
estado do gás.

Variáveis de Estado
Pressão - Para se determinar a pressão em um recipiente, utilizamos um manómetro. Um
manómetro pode ser construído por um tubo de vidro de 1 m de altura, com mercúrio em seu
interior e colocado em uma bacia aberta, também com mercúrio, conforme esquema apresen¬
tado na ilustração a seguir. Se estivermos ao nível do mar, o mercúrio no tubo alcançará 76 cm
ou 760 mm de mercúrio, comprovando-se, assim, que a pressão atmosférica ao nível do mar é
igual a 760 mmHg.

Coluna de Hg ao nível do mar.

Podemos estabelecer que 760 mm de Hg equivale a 1 atmosfera:

760 mmHg = 1 atm

Análise

Um equipamento para medida de pressão atmosférica registrou, na cidade de São Paulo,


uma elevação de 70 cm na coluna de mercúrio. Determine o quanto é equivalente essa
pressão em atm. Dica: para resolver essa questão, você precisa montar uma regra de três.

;
Características Gerais dos Gases
Volume - O volume de um gás deve ser medido em recipiente fechado, para que não se perca
material. Em qualquer situação, o gás ocupará todo o recipiente.
O volume do gás pode ser expresso por meio várias unidades:

1 m3 = 1 000 L
1 dm' = 1 L
1 000 cm3 = 1L
1 cm3 = 1 mL

Temperatura - Em primeiro lugar, precisamos definir a diferença entre calor e temperatura.


Muitas vezes, esses dois conceitos se confundem e podem causar erros de interpretação.
A temperatura é uma medida de agitação das moléculas em um sistema. O calor é a energia em
trânsito que provoca o aumento da temperatura (agitação molecular).

Menor agitação Maior agitação


Menor temperatura Maior temperatura

Relação entre calor e temperatura.

Outra situação é que, para trabalharmos com os gases, precisamos utilizar outra escala de
temperatura. Em vez de utilizarmos a escala em Celsius, utilizamos a escala em kelvin. Ambas
relacionam-se da seguinte maneira:

=
Tk T.c + 273

Quando temos registrada no termómetro uma temperatura de 27 °C, quanto será registrado
na escala em kelvin? Refaça o mesmo cálculo para as temperaturas de 0, 15, 17 e 100 °C.

Características Gerais dos Gases


Quando os Gases Sofrem
Transformações
Como vimos anteriormente, o estado de um gás é definido por
sua pressão, volume e temperatura. Quando uma dessas condições sofre
algum tipo de variação, o estado do gás modifica-se também. Vamos
agora estudar de maneira individual os tipos de transformações que um
gás pode sofrer e que alteram seu estado.
Essas transformações podem ser calculadas matematicamente e
são conhecidas como Lei dos Gases Ideais. São de grande importância
prática e podem ajudar em várias atividades do mundo do trabalho, como
prever a pressão de uma caldeira com o aumento de temperatura.

Primeira Transformação -
Isotérmica
Para que possamos nos familiarizar com algumas notações cien¬
tíficas, toda vez que observamos o prefixo iso-, devemos saber que ele
significa igual. Assim, se uma transformação é isotérmica, quer dizer que
a transformação ocorre enquanto a temperatura se mantém constante
(não sofre variação).

T = K (constante)

Desse modo, devemos entender que as variações de volume que


ocorrem são causadas apenas pelas variações de pressão.

Figura representativa da variação da pressão em função da variação do volume à temperatura constante.

Características Gerais dos Gases


Imagine a seguinte situação: tampe o orifício de saída de uma seringa. Agora, aperte lenta¬
mente o êmbolo. Perceba que, após algum tempo, torna-se difícil continuar empurrando o êmbolo.
Isso ocorre porque, com a redução do volume no interior da seringa, a pressão interna aumenta
proporcionalmente (aumento de colisões de moléculas dentro do recipiente).

A variação de estado observada nesse experimento demonstra que, quando aumenta¬


mos a pressão sobre um gás, seu volume deverá diminuir proporcionalmente. Portanto, ao
dobrarmos a pressão sobre um gás, reduziremos seu volume pela metade. Isso quer dizer que
a relação entre volume e pressão de um gás é inversamente proporcional.

PV =K

O postulado acima é conhecido como Lei de Boyle. Para os gases Robert Boyle foi um
ideais, é matematicamente prevista da seguinte maneira: o produto do químico e físico irlandês
volume pela pressão de um gás é sempre constante. que viveu no século
XVII e estudou as rela¬
ções de estado de um
gás, tendo contribuído
muito para o avanço do
campo de conhecimento
da química.

Comportamento das moléculas descrito pela Lei de Boyle.

Se, para um estado inicial, um gás pode ser representado por Pt • V1 = K e, após uma transfor¬
mação, passa a um estado P2 • V2 = K, podemos estabelecer a seguinte relação matemática:

Pt •Vj = K (Estado 1)
P2 V2

= K (Estado 2)

Como a constante K do Estado 1 = K do Estado 2, logo:

p1v1 = p2.v2

7
Características Gerais dos Gases
Quando uma massa de um gás ideal é transformada de maneira isotérmica, a pressão sobre
este aumenta de 2 atm para 3 atm. Se o volume inicial é de 12 L, qual será o volume final?
Irá reduzir ou aumentar?

A resolução é feita de maneira simples. Primeiro, devemos definir os estados inicial (1) e
final (2) do gás.

Volume = 12 L Volume = X L (incógnita que se quer determinar)


Estado 1 Estado 2
Pressão = 2 atm Pressão = 3 atm

12 L 2 atm = X • 3 atm
24 atín • L n
3 atín

Conclui-se, assim, que o volume final diminuirá.

1) Na temperatura de 200 K e sob pressão de 2 atm, uma massa de gás ideal ocupa o volume
de 8 litros. Calcule o volume que o gás irá ocupar quando a pressão aumentar para 3 atm.

2) Um gás ocupa o volume de 20 litros à pressão de 2 atm. Qual é o volume desse gás à pres¬
são de 5 atm na mesma temperatura?

3) Sob pressão de 5 atm e à temperatura de 0 °C, um gás ocupa o volume de 45 litros.


Determine sob que pressão o gás ocupará o volume de 30 litros, se for mantida constante
a temperatura.

Características Gerais dos Gases


Segunda Transformação - Isobárica
Da mesma maneira, precisamos prestar atenção no prefixo iso-,
que significa mesmo, e no complemento -baros, que significa pressão.
As transformações isobáricas, como podemos perceber pelo nome que
recebem, são as que ocorrem a uma pressão constante. Nesses casos,
qualquer variação que houver de volume é referente a um aumento de
temperatura.

Figura representativa da variação do volume em função da variação da temperatura à pressão constante.

Vamos utilizar a mesma seringa do exemplo anterior, mas supondo


que ela poderá ser aquecida.
O físico francês Jacques
Alexandre César
Charles estudou, em
1787, as variações de
volume de amostras de
alguns gases e de ar,
causadas por varia¬
ções de temperatura,
e observou que, se
uma amostra de gás é
aquecida, mantendo-se
a pressão constante, ela
sofrerá um aumento de
volume proporcional ao
da temperatura.
Mais tarde, em 1802,
o físico e químico
francês Louis Joseph O experimento demonstra que, com o aquecimento da seringa, pro¬
Gay-Lussac mostrou
que outros gases
vocamos um aumento da temperatura do sistema (aumento da agitação
tinham comportamento molecular). Esse aumento de temperatura provoca uma elevação propor¬
semelhante ao dos cional do volume do sistema. Dessa forma, podemos dizer que o aumento
gases estudados por do volume de um sistema é diretamente proporcional ao da temperatura.
Charles e concluiu
que, partindo-se do Essa lei é conhecida como Lei de Charles e Gay-Lussac para um
mesmo valor de volume gás ideal e pode, matematicamente, ser descrita da seguinte maneira:
inicial, o aumento de
volume era igual para
todos os gases, para
igual aumento de
temperatura.

Características Gerais dos Gases


Assim como na Lei de Boyle, podemos fazer uma comparação em
um processo de transformação envolvendo dois estados distintos:

= K (Estado 1)

—T->
- = K (Estado 2)

Tanto para o estado 1 como para o 2, o valor da constante K é igual.


Em que:

T, T2

Um cilindro com um êmbolo móvel está preenchido com um gás,


e seu volume é de 5 L. A pressão do sistema é mantida constante
e a temperatura é de 22 °C. Se aumentarmos a temperatura para
50 °C, qual será o volume atingido pelo cilindro?

A primeira situação é definirmos os estados do sistema inicial (1)


e final (2).

Volume = 5 L Volume = X L
Estado 1 Estado 2
Temperatura = 22 °C Temperatura = 50 °C

A temperatura de um gás deve sempre ser fornecida em kelvin (K).


Portanto:
TI = 22 + 273 = 295 K
T2 = 50 + 273 = 323 K

Aplica-se, agora, a relação estabelecida por Charles para as trans¬


formações isobáricas:

5 X y 5.323
295 323 295
-> 5,47 L

Características Gerais dos Gases


Em casa, tente fazer o seguinte experimento:

Encha um balão de festas. Em seguida, coloque água gelada


em um recipiente e, em outro, água quente (quase fervendo).
Primeiro, mergulhe o balão no recipiente com água gelada. O
que aconteceu? Agora, mergulhe o balão no recipiente com
água quente. O que aconteceu? Tente desenhar o que você
observou e compare com a descrição dos colegas. Explique os
resultados do experimento baseando-se na Lei de Charles.

1) Um gás mantido à pressão constante ocupa o volume de


30 litros à temperatura de 300 K. Qual será seu volume quando
a temperatura for 240 K?

2) Dentro de um recipiente de volume variável, estão inicialmente


20 litros de gás ideal à temperatura de 200 K. Qual será o novo
volume, se a temperatura aumentar para 250 K?

7
Características Gerais dos Gases
Terceira Transformação -
Isovolumétrica
Podemos deduzir facilmente que uma transformação isovolumétrica é aquela
que ocorre com um volume constante. Nesse caso, iremos observar as variações da
pressão com o aumento da temperatura.

Figura representativa da variação de pressão em função da variação da temperatura a volume constante.

A dedução dessa lei é relativamente simples. Com o aumento da temperatura,


provocamos maior agitação das moléculas de um gás. Consequentemente, haverá
um maior número de colisões entre as moléculas e a parede do recipiente que as
contém. Com isso, a pressão deverá aumentar proporcionalmente ao aumento da
temperatura.

Essa lei, postulada por Gay-Lussac, representa, assim como as situações


acima, uma mudança de estado e pode ser expressa, matematicamente, da seguinte
maneira:

A=k A=K
T, T2
Dessa forma:

T, T2

Características Gerais dos Gases


Um determinado gás é mantido fechado em um recipiente rígido
a 2 °C, produzindo uma pressão de 2 atm sobre o gás. Quando a
pressão do gás for de 4 atm, qual será a temperatura deste?

Considerando que o volume é constante, utilizaremos a relação


dos gases para transformações isovolumétricas:

Em seguida, desenvolvemos as funções de estado:

Pressão = 2 atm Pressão = 4 atm


Estado 1 Estado 2
Temperatura = 2 °C Temperatura = X

Não devemos nos esquecer de transformar a temperatura para K.

I^K = 273 + 2 =
275^
Agora, podemos aplicar a equação:

P, P 2 4
275 X

_ 4 275
Y
A— X = 550
2

Devemos observar que esse valor está em K. Para transformá-lo


novamente em °C, precisamos subtrair 273:

550-273 = 277 °C

Característícas Gerais dos Gases


Análise

1) Um pneu de carro tem pressão de 28 libras (1,97 atm). A temperatura ambiente está por
volta de 22 °C. Após rodar 100 km, o motorista para em um posto e calibra o pneu. Percebe,
então, que a pressão está em 29 libras (2,04 atm). Pergunta-se: Qual a temperatura do ar
dentro do pneu?

2) A relação P • V = K refere-se a uma lei dos gases. Descreva qual lei é essa.

3) Uma massa de gás nitrogénio ocupa 0,80 L, sob pressão de 250 mmHg. Se essa pressão for
reduzida a 170 mmHg, qual será o novo volume ocupado?

Características Gerais dos Gases


4) (FIA-SP) Uma amostra de nitrogénio gasoso ocupa um volume de
20 mL, a 27 °C e a uma pressão de 800 mmHg. Qual o volume que
deverá ocupar a amostra quando estiver a 0 °C e a 800 mmHg?

5) (UNB-DF) 30 mL de metano são aquecidos de 25 °C a 35 °C, à


pressão constante. Calcule o novo volume do gás.

6) Certa massa gasosa mantida em um frasco fechado tem pressão


igual a 300 mmHg a 27 °C. Se for provocada uma elevação em
sua temperatura, até atingir 227 °C, qual será sua nova pressão?

7) Um gás em um recipiente fechado mantém uma pressão de 5 atm


a -34 °C. Qual será a temperatura desse gás a uma pressão de
1550 mmHg?

vãÈ
Características Gerais dos Gases
Capítulo 2

Equação Geral dos Gases


Um gás é caracterizado por estado, pressão, temperatura e volume. Quando alteramos essas
condições, modificamos seu estado e temos uma transformação do sistema. Como estudamos, essas
transformações podem ser isotérmicas, quando ocorrem à temperatura constante; isobáricas, quando
ocorrem à pressão constante; e isovolumétricas, quando ocorrem a volume constante.
Mas o que acontece quando temos todas as variações ocorrendo ao mesmo
tempo? Como ficaria o volume de um recipiente se tivéssemos simultaneamente alte¬
rações na temperatura e na pressão?
Vamos, inicialmente, observar as três funções de estado do gás:

Isotérmica P- V =K

Isobárica

Isovolumétrica —=K

Podemos, agora, relacioná-las em uma única equação que descreva a função de estado do gás:

Essa equação é conhecida como equação geral dos gases e define a condição geral em que um
gás se encontra. Podemos também definir, por meio da mesma equação, um processo de transforma¬
ção de estado da seguinte maneira:

como K,

A,
Equação Geral dos Gases
Desse modo, poderemos prever as condições de estado de qual¬
quer gás após uma transformação.
Muitas vezes, quando queremos trabalhar com gases, precisamos
partir de certos referenciais. Para isso, podemos utilizar as Condições
Normais de Temperatura e Pressão (CNTP). Nas CNTPs, um gás encon-
tra-se nas seguintes condições:

Pressão= 1 atm = 760 mmHg


Temperatura = 0 °C = 273 K

1) Se um gás mantido em um processo industrial ocupa um volume


fixo de 300 L, nas CNTPs, qual será sua pressão quando a tempe¬
ratura for reduzida a 50 °C?

Vamos inicialmente descrever as funções de estado.

= 300 L
Estado 1 P, = 1atm (CNTP)
T = 273 K (CNTP)

V2 = 300 L
Estado 2 P2 = X
T = 273 - 50 = 223 K

Agora, podemos utilizar a equação geral dos gases para resolver


o problema:

PiVi _ P2 V2 1 atm • 3001 _ X-3001


\ T2 273 223

273 X = 223 -> X = — > X = 0,816 atm


273

É importante, também, interpretar corretamente o problema e


sua resolução. Tratando-se de um volume constante e de uma
diminuição de temperatura, fica claro que a agitação molecu¬
lar deverá ser menor, assim como o número de colisões com a
parede do recipiente. Logo, a pressão deverá ser menor. Isso
foi constatado na resolução do problema, tendo em vista que a
pressão caiu de 1 atm para 0,816 atm.
Um ponto importante, que algumas vezes causa dúvidas, é a
temperatura. Se ela diminuiu 50 °C, diminuímos também 50 uni¬
dades na escala em kelvin.

Equação Geral dos Gases


2) Temos 7 Lde oxigénio, a uma temperatura de 25 °C e a 760 mmHg.
Em um dado momento, o gás sofreu uma transformação de
estado, atingindo a temperatura de 200 °C e uma pressão de
850 mmHg. Calcule o volume final do gás.

Aqui o gás sofreu duas transformações: um aumento razoável de


pressão e um grande aumento de temperatura. Vamos observar
o que aconteceu.

O primeiro passo novamente é descrever as funções de estado


para o gás e resolvê-las matematicamente pela Lei dos Gases
Ideais.

V, = 7L
Estado 1 Pt = 760 mmHg
T = 25 °C = 273 + 25 = 298

v2 = x
Estado 2 P2 = 850 mmHg
T = 200 °C = 273 + 200 = 473

Agora, podemos utilizar a equação geral dos gases para resolver


o problema:

pi-vi _ P2‘V2 , 76Q,-mm'Hg 7 L


• _ 85ÇLmrfíHg • X
T2 298JC 473JT
5 320 L - 850 • X
850 X 298 = 5 320 L 473
298 473
5 320 L 473

850 • 298
X = 9,934 L

Interpretando o problema, percebemos que o aumento da


pressão foi muito pequeno em relação ao grande aumento
da temperatura. Assim, o gás sofreu expansão de volume em
2,934 L. Imagine que isso é o que ocorre com as máquinas a
vapor. Quando a temperatura é muito alta, existe uma grande
expansão do gás. Se existe um cilindro móvel, como um pistão, a
pressão exercida fará com que haja o movimento. É por isso que
em uma locomotiva a vapor existe uma caldeira, ou seja, para
gerar calor e aumentar a temperatura.

Equação Geral dos Gases


।Análise

(UNICAMP) Uma garrafa de 1,5 litros, indeformável e seca, foi fechada por uma tampa
plástica.
A pressão ambiente era de 1,0 atmosfera e a temperatura de 27 °C. Em seguida, essa gar¬
rafa foi colocada ao sol e, após certo tempo, a temperatura em seu interior subiu para 57 °C
e a tampa foi arremessada pelo efeito da pressão interna.
a. Qual era a pressão interior da garrafa no instante imediatamente anterior à expulsão da
tampa plástica?

b. Qual é a pressão no interior da garrafa após a saída da tampa? Justifique.

Equação de Estado para os Gases Reais


Até agora, estudamos os gases desconsiderando as interações que possam ocorrer entre eles.
Afinal, os gases colidem, interagem e esse tipo de situação pode alterar as regras do jogo.
Essas primeiras diferenças foram trabalhadas pelo cientista Amedeo Avogrado em 1811. Ele
sugeriu a seguinte hipótese:

Nas mesmas condições de temperatura e pressão, determinado volume de qualquer


gás apresenta o mesmo número de moléculas (mol).
Recordando que em um mol de moléculas temos sempre 6,022 • 1023 moléculas, sabemos que
essas moléculas, nas mesmas condições de temperatura e pressão, ocuparão o mesmo volume. Desse
modo, podemos definir o volume molar de um gás como o volume ocupado por 1 mol do gás em
determinada condição de temperatura e pressão.
Colocando-se 1 mol de vários gases nas CNTPs, pode-se determinar o volume molar destes.
Com isso, verifica-se que, a uma temperatura de 273 K e 1 atm de pressão, todos os gases ocupam
praticamente 22,4 L.
Dessa forma, seguindo a Lei de Avogrado, 1 mol de gás hidrogénio nas CNTPs ocupa o mesmo
volume que 1 mol de oxigénio nas mesmas condições. A diferença está na massa de cada gás: 1 mol
de H, pesa 2 g, enquanto 1 mol de O2 pesa 32 g.

Equação Geral dos Gases


Podemos imaginar dois balões: um com gás hidrogénio e outro com gás oxigénio. Ambos teriam
o mesmo volume; entretanto, o balão contendo oxigénio seria mais pesado.

Agora, podemos desenvolver uma equação geral que descreva o comportamento dos gases
reais.
A relação P •

V
apresenta sempre um valor constante para certa quantidade de gás. Vamos
estabelecer nesse momento condições específicas para esse estado:

T = 0 °C = 273 K
ESTADO P = 1 atm = 760 mmHg
V = Volume molar = 22,4 L • mol-1

Calculando o valor da constante estabelecida por essas condições, temos:

Como essa função de estado depende do número de mols de gases, podemos dizer que:

Em que n = número de mols do gás em estudo.


Podemos, então, concluir a equação de estado para os gases reais como:

PV = n-RT

Equação Geral dos Gases


Essa equação pode ser aplicada a qualquer gás ideal, possibili¬
tando prever o comportamento de qualquer massa de gás durante uma
transformação. E também conhecida como Equação de Clapeyron, em
homenagem ao físico francês que a desenvolveu.

Imagine que um balão meteorológico que contém 52 g de gás


hélio está em um local no Rio de Janeiro, em um dia em que a
temperatura esteja por volta de 38 °C. O balão foi inflado até que
ficasse com uma pressão de 2 atm. Sabendo que o balão não
suporta um volume superior a 100 L, você poderia dizer o que
aconteceu com o balão?

O problema não denota qualquer tipo de transformação; além


disso, descreve certa quantidade de gás em massa. Com base
nessas informações, iremos utilizar a equação geral dos gases
reais.

PV=n-RT

Agora, vamos escrever os dados fornecidos pelo problema:


P = 2 atm
m = 52 g
T = 38 °C
R = 0,082 atm L moh1 K"1

A determinação do número de mols pode ser feita da seguinte


maneira:

Em que m é a massa do gás e M, sua massa molecular. No caso


do hélio, a massa molecular é 4,0 g mol-1. Portanto:

52/ n = 13 mol
4,0^mol-1
Podemos, então, aplicar a equação geral dos gases reais:

P • V = n • R -T

n-R-T v;_ 13 0,082 311


> -> V = 165 L
P 2
Provavelmente, o balão deve ter estourado.

Equação Geral dos Gases


w Análise

1) Em uma temperatura de 250 K e uma pressão de 3 atm, uma


massa de um gás ideal ocupa o volume de 50 L. Calcule qual é a
temperatura do gás quando, sob pressão de 5 atm, este ocupa o
volume de 20 L.

2) Um balão de festa foi cheio com 2 L de hélio. A temperatura era


de 20 °C, com pressão de 0,98 atm. O balão foi solto e subiu
lentamente. Conforme subia, a pressão diminuía e o volume
aumentava gradativamente. Quando o volume atingiu 4 L, ele
estourou. Calcule a pressão do gás em seu interior imediata¬
mente antes de estourar, considerando que a temperatura era
de 2 °C.

Equação Geral dos Gases


3) 0 volume de um gás ideal é igual a 8 L, quando submetido às
CNTPs. Determine o número de mols do gás e o número de molé¬
culas, considerando o número de Avogadro igual a 6,022 • 1023.

4) Determine o volume ocupado por 4,2 • 1025 moléculas de um gás


nas CNTPs.

Equação Geral dos Gases


5) Uma garrafa de refrigerante de 2 L foi fechada com uma massa de gás indeterminada no
seu interior. A pressão ambiente era de 1 atm e a temperatura de 27 °C. Essa garrafa foi
colocada ao sol e, após certo tempo, a temperatura em seu interior subiu para 40 °C. Com
isso, a pressão interna aumentou e a tampa foi arremessada (suponha que a garrafa não
sofra dilatação).
a. Qual era a pressão no interior da garrafa no instante do arremesso da tampa?

b. Qual é a pressão no interior da garrafa após a saída da tampa? Explique.

Seção de Sistematização
Nesta unidade, aprendemos um pouco mais sobre os gases. Vimos que eles se com¬
portam conforme a condição que lhes é imposta: temperatura, pressão e volume.
Esse comportamento está relacionado ao tipo de gás que temos; se for ideal, tem um
comportamento e, se for real, outro. Entender como os gases se comportam e quais
leis regem esse comportamento é importante para conseguirmos controlar vários
processos que ocorrem no dia a dia, como o lançamento de um balão meteorológico.

Na próxima unidade, estudaremos um pouco de química orgânica, enfatizando as


suas funções.
Unidade »

Equilíbrios Químicos
Alguma vez você colocou açúcar em um refrigerante? Observou o que acontece?
E quando se coloca fogo em um jornal? As cinzas poderão voltar a ser papel? Qual é o
motivo desses fenômenos?
Capítulo 1

Reações Reversíveis
Já aprendemos um pouco sobre as funções inorgânicas, como sais, ácidos, bases e óxidos.
Estudamos também como ocorre uma reação química com seus produtos e reagentes. Agora, pre¬
cisamos entender o mecanismo por meio do qual isso acontece e por que algumas condições como
temperatura, pressão e concentração dos reagentes podem alterar uma reação química.
Inicialmente, imaginamos que uma reação química acaba instantaneamente assim que os rea¬
gentes entram em contato. Mas não é sempre assim. Existe uma grande possibilidade de os produtos
reagirem formando novamente os reagentes. Esse é o princípio do equilíbrio químico.
Vamos imaginar uma reação hipotética de dois reagentes A e B formando produtos C e D.

A+B C+D

A seta dupla demonstra que, ao mesmo tempo que A reage com B formando C e D, C e D
reagem entre si formando A e B novamente.
Podemos imaginar a seguinte situação: um recipiente, em um estado inicial, encontra-se cheio
de moléculas A e B (representadas por bolinhas):

Tempo 1

Recipientes contendo moléculas de A e B.

Em um tempo 2 qualquer, tendo iniciado a reação química, podemos perceber a diminuição


das moléculas de A e B e o surgimento das moléculas de C e D:

Tempo 2

Recipientes contendo moléculas de A e B e C e D.

Se considerarmos que uma reação química depende de colisões entre as moléculas, percebere¬
mos que as moléculas de C e D passam a causar um impedimento de colisões entre as moléculas A e B.
Isso irá afetar outro fator importante: a velocidade.

Reações Reversíveis
É evidente que, se diminuirmos tanto a quantidade de A e B quanto o seu espaço, com o surgi¬
mento de C e D, menor será o número de colisões e, consequentemente, menor a velocidade.
Por outro lado, as poucas moléculas de C e D passam a colidir também com pouca velocidade
em razão da pequena quantidade.
Em um tempo 3, o número de moléculas dos produtos C e D é grande o suficiente para elas
reagirem entre si, formando novamente A e B. E isso passa a ocorrer com a mesma velocidade em
que A e B formam C e D.
Quando isso ocorre, dizemos que o sistema atingiu um equilíbrio dinâmico, em que a veloci¬
dade de formação de C e D é igual à de formação de A e B.

Tempo 3

Recipientes contendo moléculas


deAeBeCeDem equilíbrio.

Quando desejamos representar a concentração em mol/L de certo produto ou reagente,


devemos colocá-lo entre [colchetes]. Logo, temos a concentração dos produtos [produtos] e a con¬
centração dos reagentes [reagentes]. A variação das concentrações dos reagentes e dos produtos
durante a reação pode ser demonstrada graficamente.

Os gráficos representam situações de equilíbrio com diferentes concentrações de reagentes e


de produtos:
• a - As concentrações são iguais.
• b - A concentração dos produtos é maior que a dos reagentes.
• c - A concentração de reagentes é maior que a de produtos.
Pela observação dos gráficos, podemos afirmar que a velocidade de consumo dos reagentes
diminui ao longo da reação e que a velocidade de formação dos produtos aumenta. Quando essas
velocidades se igualam, o equilíbrio foi atingido.

Reações Reversíveis
Podemos observar, como exemplo, a reação de dois gases, CO2 e H2, em um recipiente fechado,
entrando em um equilíbrio dinâmico:

CO2 + H2 -4- CO + H2O

Como foi demonstrado no exemplo, a concentração de CO2 e diminui proporcionalmente


ao aumento da concentração de CO e H2O. Pelo gráfico, fica fácil perceber que a velocidade inicial
de ambos os processos é alta, diminuindo com o tempo, até que o equilíbrio seja estabelecido. Nesse
ponto, as concentrações permanecem constantes e a velocidade de formação também é a mesma.
Dessa forma, temos a seguinte equação, em que a seta com duplo sentido representa que a reação é
reversível:

+
i2 H2 CO + H2O
Uma vez atingido o equilíbrio, as concentrações dos reagentes e dos produtos não sofrerão
mais alteração. Essa situação só será possível se o meio no qual a reação está ocorrendo não sofrer
qualquer tipo de alteração, por exemplo, mudança na temperatura ou na pressão (para sistemas
gasosos).
Vamos recordar um pouco os princípios estequiométricos vistos anteriormente para abordar
essa situação.

1) Uma reação ocorre entre um componente A e um componente B, formando um compo¬


nente C. Sabe-se que 1 mol de A reage com 1 mol de B, formando 2 mols de C, segundo a
reação abaixo:

A+B 2C

Reações Reversíveis
Dados experimentais demonstram que, no equilíbrio da reação, 1,5 mol de C
foram formados a partir da reação entre 1 mol de A e 1 mol de B. Logo, pode¬
mos calcular o quanto realmente sobrou de A e B após o equilíbrio.

De acordo com a reação:

11molde A -» 2 mols de C

No entanto, no equilíbrio, formamos apenas 1,5 mol de C. Logo, quanto reagiu


do reagente A?

Para resolver essa questão, utilizamos uma simples regra de três, multiplicando
em X os componentes envolvidos:

1mol de mols de C
A^^,2
XmoIsdeA -> 1,5 mol de C

Assim, teremos:

1mol de 1,5 mols dep= 2 mols de^- X mols de^


1• 1,5 = 2 • X

2 • X = 1,5

X = 0,75

Logo, reagiu apenas 0,75 mol de A.

E o reagente B?

Como o número de mols de A é igual ao número de mols de B, teremos também


a reação de 0,75 mol de B. A quantidade de A e B no equilíbrio é a diferença
entre o que reagiu e a quantidade inicial. Então, nesse caso, A e B têm no equi¬
líbrio 0,25 mol cada.

2) Em um cilindro de 600 mL, foram adicionados 1 mol de hidrogénio e 1 mol de


vapor de iodo. Essa reação produziu 1,6 mol de Hl após o equilíbrio. Calcule a
concentração em mol/L dos componentes em equilíbrio.

Estequiometricamente, temos a seguinte reação:

+
1H2 1I2 -> 2HI

Reações Reversíveis
É necessário, inicialmente, determinar quanto reagiu de hidrogénio e iodo, sabendo-se que
apenas 1,6 mol de Hl foram formados no equilíbrio.

Considerando que o número de mols de hidrogénio e iodo é o mesmo, temos então


0,8 mol de hidrogénio e 0,8 mol de iodo que reagiram e formaram 1,6 mol de Hl no cilin¬
dro, após o equilíbrio. Contudo, precisamos calcular a concentração em mol/L de cada
elemento.

Se for colocado 1mol de hidrogénio e reagiu 0,8 mol, isso significa que, no equilíbrio, tere¬
mos apenas 0,8 mol de hidrogénio. Isso também ocorre com o iodo.

Para prosseguirmos com a resolução, observe a tabela abaixo.

Tabela 1- de mols no início, quanto reagiu e formou, e no equilíbrio da reação


Hidrogénio (H2) lodo (l2) Ácido lodídrico (Hl)
Início 1mol 1mol 0
Quanto reagiu e formou 0,8 mol 0,8 mol 1,6 mol
No equilíbrio 0,2 mol 0,2 mol 1,6 mol

Lembre-se do que estudamos nas unidades anteriores: a concentração mol/L é estabelecida


pelo número de mols no volume total do recipiente, no nosso caso, a ampola de 600 mL.

Portanto:

Concentração mol/L = [ ] =

[H2] = ^|-=l,3 mol/L

[l2] = ~~ = l/3 mol/L


U,b

[H] = 2,7 mols/L

Com esses dados, podemos determinar o rendimento de reação, que é o valor do que foi
produzido no equilíbrio em relação ao que era esperado pela equação. Assim, podemos
utilizar o exemplo acima.

Reações Reversíveis
De acordo com a reação, era esperada a formação de 2 mols de HI; entretanto, houve ape¬
nas a formação de 1,6 mol. Assim, aplica-se a fórmula:

Grau
. .
- de equilíbrio = a = número de mols real
100
número de mols teóricos
1,6
Grau de equilíbrio = a = 100 = 80%
2

De modo geral, isso quer dizer que 80% da reação ocorreu e que o equilíbrio tem um desloca¬
mento para a direita, ou seja, foi favorável à formação do produto. Caso o rendimento fosse
baixo, menos de 50%, diríamos que o equilíbrio tende para o lado esquerdo (dos reagentes).
Reação
Reagentes 50% Produtos
Deslocamento

Constante de Equilíbrio
Após o equilíbrio ser estabelecido, costumamos dizer que a velocidade da reação torna-se
constante. Desse modo, a frequência de colisões está diretamente ligada à velocidade e à concen¬
tração (quantidade) dos reagentes. Podemos, então, desenvolver um raciocínio matemático da
seguinte forma:
Imagine a reação hipotética:

Vamos imaginar que colocamos A e B em um recipiente e esperamos por um tempo até que o
equilíbrio se estabeleça. Durante esse tempo em que esperamos, amostras são coletadas e analisadas.
As variações nas concentrações de A, B, C e D podem ser visualizadas na tabela abaixo:

Tabela 2 - Variações nas concentrações de A, B, C e D ao longo do tempo

[Cl • [D]
A B C D
[A] [B]

Tempo 0 2 3 0 0 0
Tempo 1 1,6 2,6 0,4 0,4 0,038
Tempo 2 1 2 1 1 0,5
Tempo 3 0,8 1,8 1,2 1,2 1
Tempo 4 0,8 1,8 1,2 1,2 1

Como podemos observar, a partir do tempo 3, as concentrações não mudam mais e a razão
entre as concentrações mantém-se constante.

Reações Reversíveis
Esse fenômeno é conhecido como Lei da Conservação das Massas
e é representado pela letra Q.

Q
_ [C] • [D]
[A] • [B]

A partir do momento em que Q não apresenta mais variação e se


torna constante, significa que atingimos o equilíbrio. Nesse ponto, pode¬
mos dizer que Q é igual a uma constante K.

Q =K
[C] • [°] _KIX
[A] [B] •

No exemplo dado, a estequiometria era de 1 para 1. No entanto,


temos as mais variadas relações estequiométricas e precisamos conside¬
rar os coeficientes de cada uma. Vejamos como ficaria para uma reação
com coeficientes diferentes de um:

aA + bB cC + dD

Em que a, b, c, d são os coeficientes estequiométricos da equação.


A expressão da constante seria escrita da seguinte maneira:

[C]c-[D]d
K
[A]a [B]b•

De acordo com a equação acima, podemos entender que, se o valor


do produto C e D for muito maior que o produto de A por B, K terá um
valor grande, e o equilíbrio ocorre na direção de formação dos produtos.
Ao contrário, se o produto de C e D for pequeno e o produto de A e B
muito grande, K terá um valor muito pequeno e o equilíbrio se desloca
para os reagentes.
Saber o valor da constante é muito importante, pois, a partir desse
valor, podemos interferir nas reações químicas, tornando-as viáveis para
aplicação em processos industriais. Um dos maiores exemplos dessa
situação foi a síntese da amónia desenvolvida pelo químico alemão Fritz
Haber. O cientista desenvolveu um método de utilização do nitrogénio
e do hidrogénio presente na atmosfera para produzir amónia, segundo a
reação abaixo:

N2(g) + 3H2(g) 2NH3(g)

Reações Reversíveis
E
E
••••
O processo desenvol¬
vido por Haber ajudou a
E
Alemanha na Primeira
Guerra Mundial, pois
o país o empregava
para produzir nitratos
a serem utilizados em
explosivos. Apesar
de ter conquistado o
Prémio Nobel, Haber foi
muito criticado, pois sua
invenção contribuiu para
a ampliação da duração
da guerra. Esse é um
Fritz Haber, químico que desenvolveu exemplo claro de como
a síntese da amónia. a química pode influen¬
ciar a sociedade.
Atualmente, o processo
de Haber é utilizado em
O grande mérito do trabalho de Haber foi o aumento do rendi¬ indústrias de alimentos
mento da reação, produzindo maior quantidade de amónia. Para isso, ele e fertilizantes, cola¬
utilizou pressão e temperatura. Mais adiante veremos como esses dois borando, portanto, de
fatores podem influenciar o deslocamento do equilíbrio. maneira positiva com a
sociedade.

Aplicação

Calcule a constante de equilíbrio K para a formação de


ácido iodídrico, na qual as concentrações no equilíbrio são:
[HJ = 0,2 mol • L"1;
[l2] = 0,2 mol • L-1 e [Hl] = 1,6 mol • L-1, para a

seguinte reação:

1H2 1I2
+ -> 2HI

Em primeiro lugar, devemos aplicar a equação de equilíbrio:

K_[C]c-[P]d
[A]a • [B]b

K= W
[HJ [IJ

1,62 2,56
= 64
0,2 • 0,2 0,04

Como 64 é um número grande, de acordo com a Lei de Equilíbrio,


a reação tende à formação de ácido iodídrico.

Reações Reversíveis
A Análise

1) (PUC-RS) Para responder à questão, analise as informações e o gráfico a seguir. O ácido sulfú-
rico é um dos responsáveis pela formação da chuva ácida. O equilíbrio envolvido na formação
desse ácido na água da chuva é representado pela equação: 2S02(g) + O 2SO3(g)
O equilíbrio foi estabelecido em determinadas condições e está representado no gráfico, no
qual as concentrações estão no eixo das ordenadas, em mol/L, e o tempo está na abscissa,
em segundos.

Pela análise do gráfico, é correto afirmar que a constante de equilíbrio para esse sistema é:
a. 0,66;
b. 0,75;
c. 1,33;
d. 1,50;
e. 3,00.

2) Em um determinado recipiente de volume não identificado, estabeleceu-se o seguinte equi¬


líbrio: A + B 2C. Foram adicionados 5 mols de A e B, verificando-se que, após o equilíbrio,
restaram 2 mols de cada reagente. Partindo desses dados, calcule a constante de equilíbrio.

(^1 Reações Reversíveis


Uma reação química interessante é a que ocorre nos pulmões de
pessoas fumantes. Acompanhe no texto abaixo:
O
0 equilíbrio químico representado abaixo ocorre nos pul¬
mões de pessoas fumantes: Hm • CO + 02 = Hm • 02 + CO.
0 valor da constante desse equilíbrio é dado por:

[Hm.CO] [02]
Ke= =21p
[Hm.OJ • [CO]

O símbolo Hm representa a hemoglobina, substância res¬


ponsável pelo transporte de oxigénio no organismo. A partir
dessas informações, a que conclusão poder-se-ia chegar?
A resposta é a seguinte: se tivéssemos um sistema formado
por hemoglobina, oxigénio e monóxido de carbono, após algum
tempo, o equilíbrio seria alcançado (as concentrações permane¬
ceriam constantes) e a quantidade de Hm.CO e O2 seriam 210
vezes maiores que a quantidade de Hm.O2 e CO. A capacidade
de respiração é proporcional à quantidade de Hm.O2. Essa cons¬
tante de equilíbrio mostra que a concentração de Hm.O2 é muito
pequena em relação à concentração de Hm.CO. Com isso, o
fumante tem respiração deficiente.
Fumar é prejudicial à saúde devido à formação de 0
Hm.CO(aq) no organismo, o que dificulta o processo respira- ;
tório. Cada molécula de monóxido de carbono (CO) que entra •
no organismo do fumante corresponde a uma molécula de oxi- I
gênio a menos que ele não conseguiria mais respirar durante 1 ;
mês ou mais. I

Fonte: Disponível em: <http://proquimica.iqm.unicamp.br/introteo.htm>. *

Trabalhojnterdiscipli^
Pesquise, em grupo, com auxílio do professor de biologia, outros
efeitos e males que o cigarro pode causar ao nosso organismo.
Em seguida, apresente os resultados aos colegas.

Reações Reversíveis
Capítulo 2

Deslocamentos de Equilíbrios
Toda vez que um equilíbrio sofre alguma perturbação por variação de concentração, alteração
de pressão ou temperatura, ele é deslocado no sentido contrário do deslocamento. Essa regra é
conhecida como Princípio de Le Chatelier.
Vamos, inicialmente, estudar o efeito do aumento da
concentração de um dos reagentes em um sistema.
Você já pode ter visto em algumas residências um
pequeno galinho que muda de cor com a variação da tem¬
peratura e umidade do ambiente. Quando está quente e
seco, fica azul e, quando chove e esfria, fica cor-de-rosa.
Vamos entender por que isso acontece.
Se o tempo estiver seco, sem possibilidade de cho¬
ver, o cloreto de cobalto perde água e fica azul. Quando há
muita umidade no ar, o cloreto de cobalto se hidrata e fica
0 galinho do tempo é um produto típico de Portugal,
rosa. As variações de temperatura também influenciam na
usualmente vendido aos turistas. É revestido de
material absorvente e tem partes impregnadas com mudança de cor: se o tempo esquenta, o galinho fica azul;
cloreto de cobalto. se esfria, fica rosado.

Alteração da Concentração de um dos


Reagentes
Quando aumentamos a concentração de um dos membros da equação química, a reação é
automaticamente deslocada para o lado oposto, aumentando a concentração dos seus componentes.
No exemplo a seguir, ao adicionarmos A no sistema, provocamos o aumento da velocidade da
reação no sentido da formação de C e D (vj. Por sua vez, a velocidade de formação de A e B (v2)
diminui. Contudo, com o transcorrer da reação, as velocidades se igualam novamente, até que o
equilíbrio seja estabelecido.

Deslocamentos de Equilíbrios
Adição de A no sistema
A

A +B C+D Aumento da
concentração

Sentido da reação

Por outro lado, se diminuirmos a concentração de qualquer um dos membros da equa¬


ção, a reação desloca o equilíbrio para esse mesmo membro. Nesse caso, ao retirarmos A do meio
reacional, iremos provocar o aumento da velocidade de formação de A e B (v2) e a diminuição da
velocidade de formação de C e D (vj.

Retirada de A no sistema

Aumento da
concentração
de A até Diminuição da
a+b^c + d
estabelecer o concentração
equilíbrio deCeD
Sentido da reação

Agora, vamos voltar ao caso do galo meteorologista. Esses objetos estão impregnados com um
sal chamado cloreto de cobalto. O cloreto de cobalto é um sal azul, porém, quando absorve água,
torna-se hidratado e muda de coloração, tornando-se cor-de-rosa, segundo a reação:

COC12 + 6H2O COC12 6H2O •

Azul Rosa

Diferença de coloração do cloreto de cobalto.

Conforme a umidade do ar aumenta, o cloreto de cobalto absorve água, deslocando o equilí¬


brio para a direita e provocando a mudança de coloração do sal. Por outro lado, se o tempo está seco,
o deslocamento ocorre no sentido contrário, deixando a coloração azul.

Deslocamentos de Equilíbrios
Variação da Temperatura
Gren/Shutsock
In
do Sistema
O calor também pode provocar algum tipo de altera¬
ção no equilíbrio químico. Algumas reações ocorrem com
absorção de calor para formar os produtos ou, muitas vezes,
liberam calor durante o processo.
As reações que precisam de calor para ocorrer são
chamadas de reações endotérmicas, e as reações que libe¬
ram calor são chamadas de exotérmicas.
Para entender um sistema endotérmico, imagine o pro¬
cesso de ebulição. Para que a água entre em ebulição e passe
para o estado de vapor, precisamos aquecer o sistema. Logo,
a passagem da água do estado líquido para o vapor precisa
de absorção de calor, ou seja, o processo é endotérmico.
A dissolução do cloreto de sódio em Na+ e Cl-
também é um processo endotérmico (absorve calor). Se
pudéssemos medir a temperatura do recipiente no qual a
Toda reação de combustão é uma reação exotérmica.
dissolução ocorre, perceberíamos que a temperatura baixou.
O sistema pode ser representado da seguinte maneira:

NaCl + calor -> Na+ + Cl-

De modo geral, podemos representar uma reação endotérmica pela seguinte equação:

endo
A + calor 2B
exo

De acordo com a reação acima, ao adicionar calor ao sistema, deslocamos o equilíbrio no sentido
da formação de B. Mas, caso o calor seja retirado do sistema, o equilíbrio favorece a formação de A.
Já uma reação exotérmica libera calor quando ocorre. Os exemplos mais comuns de rea¬
ções exotérmicas são as reações de combustão. Quem nunca percebeu que a combustão libera
calor? A reação pode ser dada por:

C + 1/2 O2 -> CO2 + calor

A equação pode ser representada da seguinte maneira:

exo
A+B C + calor
endo

Deslocamentos de Equilíbrios
A diminuição da temperatura desloca o equilíbrio para a direita, favorecendo a formação do
produto. Já o aumento da temperatura favorece a formação de A e B.
Uma aplicação bem próxima a esse equilíbrio são as lentes dos óculos fotocromáticos, as quais
mudam de cor dependendo da luminosidade do ambiente. Quando se está em um ambiente escuro,
os óculos ficam claros. Ao se sair em ambientes claros, ficam escuros.

Lentes fotocromáticas: quando expostas a locais claros, elas ficam mais escuras.

Esse processo ocorre devido a uma reação química nas lentes, que estão impregnadas com
cloreto de prata, o qual sofre a seguinte reação:

AgCl + Energia Ag + Cl
claro escuro

Quando a luminosidade incide no vidro, ocorre um deslocamento da reação para a direita, no


sentido da formação de íons prata, que vão à prata metálica em função da presença de cloro. Ao se
entrar em um ambiente escuro, a reação é deslocada para a esquerda, fazendo com que a lente fique
clara novamente.

Variação da Pressão do Sistema


Quantas vezes, ao abrirmos uma garrafa de refrigerante, vemos o gás sair violentamente? Isso
ocorre devido ao Princípio de Le Chatelier. O equilíbrio do sistema é quebrado em virtude de uma
variação de pressão. Mas nem todos os casos de variação de pressão causam deslocamentos no equi¬
líbrio. Vamos ver?
Sempre que ocorre um aumento de pressão em
um sistema gasoso, o equilíbrio será deslocado no
sentido da reação, em que existirá menor número de
moléculas.
Considere o equilíbrio gasoso abaixo:

contração
A + 3B 2C
expansão

Deslocamentos de Equilíbrios
No sentido da formação de A, ocorre a diminuição de volume
do sistema, indo de 4 para 2 mols. Assim, se houver um aumento da
pressão, o equilíbrio será deslocado no sentido da formação de C
(para a direita). Consequentemente, caso haja uma diminuição da
pressão, o equilíbrio será deslocado no sentido contrário.
Esse foi um dos artifícios utilizados por Haber para produzir
amónia por meio de hidrogénio e nitrogénio do ar. Um aumento da
pressão favorece o deslocamento da reação para a direita, segundo
a reação:

k N„2(g). + 3HL2(g). 2NH3(g)A

Repare que o volume formado de amónia é menor em relação


ao volume de hidrogénio e nitrogénio. Por isso, com o aumento da
pressão, a formação de amónia é favorecida.
Em alguns casos, a variação da pressão não interfere na quebra
de equilíbrio. Isso ocorre quando a quantidade molar é igual dos dois
lados. Repare na reação de formação do Hl:

H2 + I2 2HI

A quantidade de mols é igual nos dois lados da reação. Desse


modo, o aumento ou a diminuição da pressão não interfere na rea¬
ção. O equilíbrio não é deslocado para qualquer um dos lados.
Voltemos ao caso do refrigerante. Dentro da garrafa existe o
seguinte equilíbrio: ácido carbónico, formando água e gás carbónico.

V H?CO„
2 3(aq) . ICO
2 + CCE
2(g) .
Ao abrirmos a garrafa, a pressão diminui e o equilíbrio é deslo¬
cado para o lado de maior número de mols, ou seja, formação de CO2.
Assim, o gás é violentamente expelido.

Deslocamentos de Equilíbrios
a Análise

1) Ao adicionarmos um produto que possa aumentar a concentração de um


reagente, o equilíbrio desloca para que lado? Explique.

2) E se diminuirmos a concentração de um produto, como fica o equilíbrio?


Explique.

3) O que pode acontecer quando aplicamos pressão a um sistema? O equilí¬


brio deve ser deslocado?

4) De quais maneiras podemos provocar deslocamentos em um equilíbrio?

Deslocamentos de Equilíbrios
5) 0 que o aumento de temperatura provoca com a velocidade dos eventos endotérmicos e
exotérmicos?

6) Explique por que a formação da amónia é favorecida pelo aumento da pressão.

7) Quando adicionamos açúcar em um refrigerante, o efeito observado é a eliminação de


gás com a formação de grande quantidade de espuma. Explique com base na Lei de Le
Chatelier.

Seção de Sistematização
Nesta unidade, aprendemos como as reações entram em equilíbrio e que vários fato¬
res podem influenciar o seu estabelecimento. O princípio de Le Chatelier mostra como
podemos mexer no equilíbrio e usá-lo a favor da indústria. O equilíbrio está presente
em todos os momentos do nosso dia: na concentração do CO2 e O2 no sangue, no gás
presente no refrigerante, nas reações que ocorrem dentro das nossas células. Seja na
química, seja em qualquer outra área, o equilíbrio é fundamental para mantermos a
estabilidade dos sistemas.
Termoquímica Contando -
as Calorias
A tualmente,todos se preocupam constantemente com a forma física. Não apenas por
uma questão estética, mas também por uma questão de saúde. Para nos auxiliar na
escolha de nossa alimentação, os rótulos de alimentos industrializados ou processa¬
dos têm que, obrigatoriamente, trazer informações a respeito dos valores nutricionais contidos nos
alimentos. Entre esses valores estão as calorias, que são comumente contadas por quem pratica ati¬
vidades físicas. A regra é muito simples: quem quer emagrecer precisa gastar mais calorias do que
ingerir.
Afinal, o que são as calorias? Como as perdemos ou ganhamos?
Capítulo 1

Tipos de Reações
Antes de tratarmos das calorias, vamos conhecer alguns tipos de reações químicas e os fatores
que podem alterá-las.
Quando pensamos em reações, consideramos produtos, reagentes e equilíbrio de reação.
Entretanto, existe outro fator primordial envolvido nesse processo: o calor. Por exemplo, quando
estudamos os equilíbrios químicos, observamos que estes são afetados pelo calor, ou pelo aumento
da temperatura, ou seja, desloca-se a reação.
Todavia, para compreendermos como tudo funciona, primeiro precisamos entender a dife¬
rença fundamental entre calor e temperatura.

Para responder a essa questão, vamos entender o que é um sistema.

Sistema é uma parte específica do Universo, a qual reservamos para estudo.

Uma planta crescendo é um sistema,


f assim como um carro se movimentando,
uma pedra rolando, uma pena flutuando,
etc. Nós, seres humanos, somos um sis¬
tema. O próprio Universo como um todo
é um sistema.
As reações químicas que ocorrem
em sistemas trocam energia entre si,
o que, na maioria das vezes, é feito na
forma de calor.
Quando o calor deixa um sistema e
passa para outro, provoca maior agitação
no sistema que o recebe. A consequência
dessa transformação é o aumento da tem¬
peratura. Da mesma maneira, o sistema
que perde calor tem sua temperatura
0 Universo é um tipo de sistema isolado. reduzida.

Tipos de Reações
Vamos observar o esquema abaixo:

Temperatura Temperatura
Agitação molecular Agitação molecular
Relação entre temperatura e agitação molecular.

O que ocorre: um sistema é constituído por um conjunto de moléculas. Por isso, quando esse
sistema contém uma quantidade qualquer de energia (podemos entender que o calor é uma forma de
energia), suas moléculas permanecem em um determinado estado de agitação.
Quando essa energia, na forma de calor, sai do sistema A e migra para o sistema B, a agitação
molecular do sistema A diminui e do B aumenta. Dessa informação, já podemos tirar uma conclusão:
a temperatura depende da agitação molecular, que, por sua vez, depende do calor que entra ou sai
do sistema.

Representação das moléculas na relação entre temperatura e agitação molecular.

Portanto, a temperatura é a medida da agitação molecular do sistema, e o calor é a energia que


migra de um sistema para outro.
Mas o que faz o calor sair de um sistema e ir para outro? A resposta pode ser encontrada
dentro de nossas casas. Experimente abrir um forno enquanto um bolo está sendo assado. O que
você sente? Provavelmente, uma onda de calor, que muitas vezes pode até nos queimar. Isso ocorre
porque o calor sempre passa de um sistema mais quente para um mais frio, até que os dois estejam
com a mesma temperatura. Esse fenômeno chama-se equilíbrio térmico e pode ser observado em
qualquer sistema.
Fluxo de calor

Exemplo de equilíbrio térmico.

:
Tipos de Reações
O mais interessante é que esse processo pode gerar trabalho.
Vejamos o exemplo de uma locomotiva a vapor.
Nesse tipo de transporte, temos um sistema quente, que é a cal¬
deira, cuja queima de combustível gera gases extremamente aquecidos,
os quais passam por tubulações aquecendo a água (parte fria do sistema),
que por sua vez gera o vapor que movimenta o pistão. Assim, a energia
térmica transforma-se em energia mecânica.

Esquema de funcionamento de uma máquina a vapor.

Quando a troca de calor ocorre por intermédio de uma transfor¬


mação química, os sistemas perdem ou ganham calor. Sabendo disso,
pode-se acelerar ou deslocar o equilíbrio de uma reação. O campo da
química que estuda o fenômeno de troca de calor em reações químicas é
a termoquímica.
De acordo com a termoquímica, as reações podem ser considera¬
das endotérmicas ou exotérmicas.

B Se você deseja compreender melhor como funciona um motor a vapor, acesse


o link a seguir e acompanhe o funcionamento de uma miniatura desse equi¬
pamento: <http://www.youtube.com/watch?v=oWt7fHbLx30>.

Tipos de Reações
Reações Exotérmicas
São aquelas que ocorrem com liberação de calor, aquecendo o sistema à sua volta. Qualquer
reação de combustão é exotérmica, como a madeira queimando:

C+ O2 -> CO2 + calor

A queima da madeira é um exemplo de reação exotérmica com grande liberação de calor.

Observe também a queima do propano (gás de cozinha):

CKo + 50,Z -> 3CO,Z + 41 LO


Z
+ calor

Entretanto, nem todas as reações exotérmicas são de combustão. Quando colocamos ácidos em
água, por exemplo, o ácido sulfúrico, observamos uma reação muito violenta devido à liberação de calor.

Reações Endotérmicas
São as reações que ocorrem com a absorção de calor e, como consequência, há o esfriamento
do meio. Um exemplo de reação endotérmica é a fotossíntese, que absorve energia do meio para que
o processo seja realizado. Outro exemplo é a passagem da água do estado sólido (gelo) para o estado
líquido: para isso, é necessário que haja absorção de calor do meio:

Calor + H2O(i)^H2O(1)

0 derretimento de uma geleira é um exemplo de reação endotérmica.

Tipos de Reações
Observe que, quando a reação é endotérmica, o calor acompanha o
lado dos reagentes, pois a reação precisa dele para ocorrer. Já em reações
exotérmicas, o calor é um produto da reação.

Exotérmico

Endotérmico

Quando o sistema químico perde calor, a reação é exotérmica; e quando ganha, é endotérmica.

Os processos endotérmicos e exotérmicos também estão ligados às


transformações físicas. Por exemplo, quando colocamos água no conge¬
lador para que se transforme em gelo, ocorre a liberação de energia, ou
seja, é um processo exotérmico. O fato de não sentirmos esse calor cedido
é porque ele é imperceptível em relação à temperatura do congelador.
Por outro lado, ao retirarmos o gelo do congelador, este pronta¬
mente absorve o calor do meio, tornando-se líquido. Esse processo não
ocorre somente com a água, mas com todos os sistemas que sofrem trans¬
formações de estado. Assim, podemos classificar as mudanças de estado
da seguinte maneira:

Endotérmico Endotérmico
Fusão Vaporização

Classificação das mudanças de estado da matéria em processos exotérmicos ou endotérmicos.

Tipos de Reações
gOgJ Análise

1) Um carro só pode estar em movimento devido a uma reação quí¬


mica que ocorre. Você poderia dizer que tipo de reação é essa?
Essa reação absorve ou libera calor? Como pode ser classificada?

2) Quando uma roupa seca ao sol, existe um processo físico envol¬


vido. Qual é esse processo? Como pode ser classificado em termos
de calor?

3) Ao deixar cair álcool ou acetona na pele, sentimos uma sensação


gelada. Qual o evento térmico que ocorre? Explique.

Até agora, vimos que o calor pode entrar ou sair do sistema fazendo
com que as reações, ou processos físicos, ocorram.

Mas de quanto calor um sistema precisa? Quanto calor


uma reação libera?

Descobriremos a resposta no próximo capítulo.

Tipos de Reações
Capítulo 2

Entalpia
A variação de calor que está envolvida em uma reação química chama-se entalpia, isto é, o calor
produzido ou liberado por 1 mol de substância. Em geral, pode ser fornecido por duas unidades de
medida:
• Calorias (cal).
• Joules (J).

Calorias podem ser convertidas em joules, e joules em calorias, da seguinte maneira:

leal = 4,186 J
. 1J = 0,283 cal
Algumas vezes, para não trabalharmos com números muito grandes, utilizamos o kJ e kcal:
• 1 kcal = 1 000 cal.
• 1 kJ = 1 000 J.

Vamos ver a aplicação dessas medidas na prática. A queima do gás metano é um processo exo-
térmico, ou seja, libera uma grande quantidade de calor. Observe a reação associada a esse processo:

CH4 + 2O2 CO2 + 2H2O


-4-

A quantidade de calor liberado no processo é 212 kJ/mol. Podemos representar a equação adi¬
cionando o valor de calor na reação:

CH4 + 2O2 -> CO2 + 2H2O + 212 kJ/mol

Ou apenas indicarmos o valor na forma de AH (lê-se: delta H), que quer dizer variação de
entalpia:

CH4 2O2 CO2 2H2O


+ -> + (AH = -212 kJ/mol)

Repare que o valor de AH vem juntamente com o sinal negativo (-), isso quer dizer que o pro¬
cesso é exotérmico. Quando o valor de AH vem com o sinal positivo (+), quer dizer que o processo
é endotérmico.

Exotérmico -
Endotérmico +

;
VWy Entalpia
O maçarico de ar/acetileno, por exemplo, alcança altas temperatu¬
ras devido à reação altamente exotérmica:

CJL
2 2 + - O,
2
2
2CO,2 + HO
2

O AH envolvido nessa reação é de -310,6 kcal/mol.

Funcionamento do maçarico ar/acetileno (ou oxiacetileno). Essa ferramenta produz


uma chama muito quente, que serve para moldar e cortar metais.

Para entendermos melhor como calcular a entalpia de uma reação


química, veja o exemplo abaixo:

Quando queimamos 1 g de carvão (C = 12 u), ocorre a liberação


de 7 830 kcal. Determine o valor de energia quando queimamos
1mol de carvão.

O primeiro passo é saber que em 1 mol de carbono há 12 g de


carbono. Desse modo, se 1 g de carbono libera 7 830 kcal, 12 g
irão liberar?
1g de C 7 830 kcal
12gdeC X

X = 93 960 kcal/mol

Entalpia
jggg Análise

1) A queima de 4,6 g de álcool (C2H6O) libera 32,6 kcal. Qual o calor liberado na queima de
50 g de álcool?

2) Sabendo-se que a densidade do álcool é 0,8 g/mL. Qual o calor liberado na queima de
500 mL de álcool?

3) O calor necessário para aquecer 1 g de água de 25 a 100 °C é de 75 cal. Qual a massa de


água que 500 mL de álcool poderão aquecer?

4) O processo da última atividade é endotérmico ou exotérmico?

A entalpia é o estado energético de um sistema a uma temperatura constante. Assim, cada


sistema tem um estado energético próprio. A variação de entalpia (AH), no entanto, é a variação de
energia total do sistema, ou seja, o quanto ele perde ou o quanto ele ganha.
No caso de uma reação química, podemos dividir o sistema em dois. O primeiro é quando
temos os produtos, e o segundo é quando temos os reagentes.
Os reagentes devem ter um estado energético AH próprio, ao qual chamaremos de HR (ental¬
pia dos reagentes). Ao outro estado energético chamaremos de HP (entalpia dos produtos). O AH,
ou seja, a variação de energia da transformação química é dada por:

AH = HP - HR

Em que:
• HP é igual à somatória das entalpias dos produtos;
• HR é igual à somatória das entalpias dos reagentes.

Entalpia
Observe a reação de combustão do metano:

CH4 + 2O2 -> CO2 + 2H2O (AH = -213 kJ/mol)


De acordo com o que estudamos até agora, sabemos que a reação é exotérmica, pois libera
calor; e o AH é negativo. Podemos observar e compreender essa situação pelo gráfico abaixo:

CH4 + 2O2 Reagentes

AH Exotérmica
AH = -213 kJ/mol

+ 2^2^ Produtos

Gráfico de reação exotérmica.

Perceba que os reagentes estão em um patamar superior de energia. Logo, o valor de ental-
pia dos reagentes (HR) é maior que a entalpia dos produtos (HP), considerando a variação de
entalpia (AH = HP - HR). Logo, teremos um valor negativo e a reação será exotérmica.

Observe abaixo o gráfico de uma reação hipotética na qual A transforma-se em B + C:


A —> B + C.

Baseado no gráfico, responda:


a. Qual a entalpia dos produtos?
Considerando o caminho apontado pela reação, a entalpia dos produtos B e C é igual a

^8 kJ/mol^

Entalpia
b. Qual a entalpia dos reagentes?
Considerando o caminho apontado pela reação, a entalpia do reagente A é igual a

c. A reação é endotérmica ou exotérmica?


Como se pode ver, a entalpia do reagente A é maior que a dos produtos formados B e C.
Desse modo, o sistema perde energia para que a reação ocorra; portanto, a reação é
lexotérmica)

d. Qual o AH da reação?
Como AH = HP - HR -> AH = 8 kJ/mol - 30 kJ/mol -» [ah = -22 kJ/mol^

Vamos observar agora a reação de formação do NO (óxido nitroso):

1N2 +102 NO (AH = +90 kJ/mol)

O sinal positivo de AH já demonstra que a reação é endotérmica, ou seja, absorve calor para
acontecer. Vamos observá-la graficamente:

AH
Produtos

Endotérmica
AH = 90 kJ/mol
Reagentes

Gráfico de reação endotérmica.

Neste caso, os produtos estão em um patamar de energia mais alto. Assim, ao aplicarmos
matematicamente AH = HP - HR, teremos um valor positivo. Concluímos, então, que a reação é
endotérmica.

Análise

Para que haja a liberação de 120 kcal de calor, são necessários 11,5 g de gasolina. Já para
que o álcool libere 65,2 kcal, utilizam-se 9,2 g desse produto. Qual dos dois combustíveis
possui maior poder calorífico por grama?

Entalpia
Tipos de Variações de Entalpia
Quando escrevemos uma equação termoquímica, precisamos seguir determinadas regras: é
preciso escrever a fórmula dos reagentes e, em seguida, a fórmula dos produtos, colocando o estado
físico entre parênteses - sólido (s), líquido (1), gasoso (g). Adicionam-se, ainda, a variação de ental¬
pia, a temperatura e a pressão em que ocorrem:

H2(g) + Cl2(g) -+ 2HCl(g) (AH = -184,9 kJ) [25 °C, 1 atm]

Segundo a equação acima, 1 mol de hidrogénio gasoso reage com 1 mol de cloro gasoso, for¬
mando dois mols de HC1 gasoso. O processo libera 184,9 kJ de energia a 25 °C e 1 atm de pressão.
Escrever o estado físico é importante para reações termoquímicas, porque as mudanças de
estado também envolvem variações de entalpia. Veja, por exemplo, o calor envolvido na mudança de
estado da água.

H2O(s) -> H2O(1) (AH = +7,3 kJ/mol) [0 °C, 1 atm]

Existem diferentes tipos de entalpia, que recebem seus nomes de acordo com o tipo de reação
que está ocorrendo. No exemplo acima, do derretimento do gelo, temos a entalpia de fusão da água.
Agora, vamos estudar diferentes processos e as entalpias, ou calores, relacionados a eles.

Calor de Formação
Calor de formação é o calor necessário para a formação de 1 mol de uma substância pura.
Essas substâncias devem estar na sua forma mais estável, o que podemos chamar de estado padrão.
A entalpia, nesses casos, é nula (H = 0) e é denominada entalpia padrão de formação.
Assim, possui entalpia nula: carbono na forma de grafite, oxigénio (O2 gasoso), cloro
(Cl2 gasoso) e outros elementos a 25 °C e 1 atm.
Um exemplo interessante de entalpia padrão ocorre com o carbono. Como já estudamos ante-
riormente, esse elemento pode ser encontrado de várias formas diferentes devido à sua estrutura.
Podemos encontrá-lo na forma grafite, diamante ou carbono amorfo.
A forma grafite é mais estável, possuindo entalpia nula. Já a forma diamante possui uma ental¬
pia maior que zero.

0 grafite e o diamante são duas das formas em que o carbono pode ser encontrado.

\
Entalpia\^£/
Essa situação não ocorre apenas com o carbono. Podemos ter a mesma situação com o enxofre
e outros elementos.
Vamos observar agora a entalpia de formação do CO2 em uma reação de combustão:

C(s) + O2(g) CO2(g) (AH = -393,5 kJ/mol) [25 °C e 1 atm]

A reação é exotérmica, pois ocorre com liberação de calor. A entalpia padrão do C é H°C = 0 e
a entalpia padrão do O é H°O2 = 0. Logo, a entalpia total dos reagentes é igual a 0 (HR = 0).
Como a variação de entalpia é dada por AH = HP - HR, concluímos que AH = HP. Assim, a
entalpia de formação é igual à variação total de energia do sistema (AH = -393,5 kJ/mol).

Calcule o calor de formação do monóxido de nitrogénio sabendo que o AH de formação do


NO é +90,4 kJ/mol. Calcule a entalpia padrão do NO.

—2 N,f . + —2 O„2'6'.
2(g) NO„
(s)

Considerando que o calor de formação padrão do N e O2{ } é igual a zero, temos que:
AH = HP- HR A AH = HP.

Desse modo, a energia padrão de formação e a variação de energia total do sistema são
iguais a

Calor de Dissolução
Quando dissolvemos qualquer composto em água, temos uma quantidade de calor liberada ou
absorvida nesse momento. Em geral, alguns sais absorvem calor para poder se dissolver, isto é, esse
calor é necessário para que seja desfeita a estrutura cristalina.
(aq) representa que o íon
está solvatado (em solução)
KNO,,
3(s)
K+ (aq). + NO3 (aq). (AH
-
V = +35,6 kJ/mol)>
’ pelas moléculas de água.

Geralmente, os ácidos dissolvem-se liberando uma grande quantidade de calor, o que faz com
que a reação torne-se muito perigosa. E o caso, por exemplo, do ácido sulfúrico (H2SO4).

H2SO4(I) + SO4^ (AH = -96 kJ/mol)

Entalpia
Calor de Neutralização
Quando estudamos os ácidos e bases, vimos que estes reagem em uma reação de neutralização
que transforma um ácido e uma base em um sal e em água. Nesses casos, sempre há uma quantidade
de calor liberada, ou seja, é uma reação exotérmica.

.
HC1(aq) + NaOH(aq)A -> NaCL(aq) + H 2,Om. (AH
(1) V = -13,8

kcal/mol)
' )

Calor de Combustão
Um dos tipos de entalpia mais estudados e de maior importância é o calor de combustão, do
qual depende a pesquisa e descoberta de novos combustíveis, a utilização de aditivos e tantas outras
aplicações.
O calor de combustão, ou entalpia de combustão (AH de combustão), é o calor liberado durante
o processo de combustão de 1 mol de uma substância.
Observe o calor de combustão das substâncias abaixo, todas a 25 °C e 1 atm:

CO(g) + i cu2(8)
2 . 2(g) (AH = -67,7 kcal/mol)

C2H5OH(1) + 3O2(g) 2CO2(g) + 3H2O(1) (AH = -1 366,1 kcal/mol)

CA(i> + yO2(g)->6CO2(g) + 3H2O(l) (AH = -3 268 kcal/mol)

Na tabela abaixo, podemos observar alguns valores de AH de combustão.

Tabela 1- Valores de AH de combustão

Substância AH (kcal/mol)

CH4(g) metano -213


C2H2(g) acetileno -311
C2H4(g) etileno -337
C3H8(g) propano -530
C4H10(g) butano -688

A combustão pode ser completa ou incompleta. A combustão completa ocorre quando temos
uma quantidade suficiente, ou excesso, de oxigénio transformando o carbono (C) em dióxido de
carbono, ou o popularmente conhecido gás carbónico (CO2):

\.
C(s) + O7Í2(g) > CCU2(g) (AH = -393,5

kJ/mol) )

Entalpia\^^/
Quando a quantidade de oxigénio não é suficiente para que a rea¬
ção ocorra completamente, temos a seguinte reação:

C(8) + y °2(g) CO(g) + fuligem (AH = -110,5 kJ/mol)

Podemos observar que a quantidade de calor gerada em uma rea¬


ção incompleta é menor. Um exemplo prático, comum em nossas casas,
é quando o gás do fogão está terminando e a chama torna-se amarelada.
Quando colocamos uma panela no fogo nessas condições, obser¬
vamos que o fundo da panela fica com uma fuligem preta característica.

Exemplo de combustão incompleta.

Aplicação

Ao queimar 2,8 g de monóxido de carbono, ocorre a liberação


de 6,7 kcal de energia. Determine a variação de entalpia da com¬
bustão do monóxido de carbono. Dados: C = 12 u e O = 16 u.

Inicialmente, devemos calcular a quantidade de calor formado a


partir de 1mol.

1 mol de CO corresponde a 28 g (12 u do C e 16 u do O)


2,8 g 6,7 kcal
28 g X
28 ' 6,7
X= X = 67 kcal
2,8
O AH de combustão é igual a: I 67 kcal/mol ]

— -
Entalpia
Combustão e Alimentação
Agora que entendemos o que é o calor de combustão, podemos compreender também o que
ocorre em nosso corpo quando nos alimentamos. De maneira simples, o que nos mantém vivos e nos
dá a possibilidade de executarmos nossas atividades diárias, como andar, trabalhar, praticar esportes
e estudar, é justamente uma reação de combustão.
Vimos que, para uma reação de combustão ocorrer, precisamos de combustível, principal¬
mente oxigénio.

Combustível

Triângulo do fogo.

Sem o oxigénio, a reação não se completa. Experimente tampar uma vela com um copo. Em
pouco tempo ela irá se apagar, justamente pela falta do oxigénio.

Um carro utiliza a gasolina como combustível e aproveita a energia liberada para se locomover.
O principal componente da gasolina é o octano, que produz a seguinte reação:

CSH1R. ,
8 18(g) + —
25
2
O_. ,
2(g)
8CO_, .
2(g) + 9H?O.n
2 W + energia
6

Nosso funcionamento é similar ao de um carro e os alimentos são nosso combustível.

Entalpia\^F/
A nossa principal fonte de energia são os alimentos compostos de carboidratos, gorduras e pro¬
teínas. Grande parte do que ingerimos são carboidratos. Parte destes não é digerível, como as fibras,
embora sejam muito importantes no processo digestório.

Exemplos de alimentos ricos em carboidratos.

Os carboidratos digeríveis são geralmente açúcares e amidos. Estes, durante o processo de


digestão, são transformados em glicose. Esta entra na corrente sanguínea na qual sofre um processo
de combustão, liberando a energia necessária para a nossa sobrevivência. Observe a reação:

C,H.,O,, ,
6 12 6(aq) + 6O?/ . -> 6CO_, . + 6ELO,n + energia
2(g) 2(g) 2 (1) &

Veja como a reação é similar à combustão da gasolina. Desse modo, percebemos que nosso
corpo realmente é uma verdadeira “máquina humana”.
Geralmente, quando lemos os valores
energéticos dos alimentos em seus rótulos, o
valor é dado em calorias, mas, na verdade, são
kilocalorias (kcal). As gorduras também têm um
alto poder calorífico; entretanto, têm a tendên¬
cia de ficarem acumuladas no organismo como
reserva de energia.
Em resumo, e respondendo às questões que
fizemos no início desta unidade, uma alimenta¬
ção bem balanceada nos fornece uma quantidade
adequada de nutrientes e calorias para o perfeito
funcionamento do nosso organismo.
O excesso de alimentos, principalmente
gorduras, e a não utilização destas (sedenta-
rismo) irão aumentar nossos níveis de reserva
energética, causando a obesidade.
Exemplo de alimentação balanceada.

Entalpia
Seção de Sistematização
Para sistematizar os conteúdos aprendidos, responda às seguintes questões:

1) Defina o que são reações exotérmicas e endotérmicas.

2) O que é entalpia de combustão?

3) (VIINESP) Considere a equação a seguir:

(AH=-572kJ)

É correto afirmar que a reação é:


a. exotérmica, liberando 286 kJ por mol de oxigénio consumido;
b. exotérmica, liberando 572 kJ para dois mols de água produzidos;
c. endotérmica, consumindo 572 kJ para dois mols de água produzidos;
d. endotérmica, liberando 572 kJ para dois mols de oxigénio consumidos;
e. endotérmica, consumindo 286 kJ por mol de água produzido.

4) (VUNESP) Sódio metálico reage com água liberando grande quantidade de calor,
o qual pode desencadear uma segunda reação, de combustão. Sobre essas rea¬
ções, é correto afirmar que:
a. os valores de AH são positivos para as duas reações e H2O é produto da
combustão;
b. o valor de AH é positivo apenas para a formação de NaOH(aq) e CO2 é um
produto da combustão;
c. o valor de AH é positivo para a formação de NaOH(aq) e negativo para a
combustão de H2;
d. os valores de AH são negativos para as duas reações e H2O é produto da
combustão;
e. os valores de AH são negativos para as duas reações e CO2 é produto da
combustão.

5) (FUVEST) Os hidrocarbonetos isômeros antraceno e fenantreno diferem em suas


entalpias (energias). Esta diferença de entalpia pode ser calculada, medindo-
-se o calor de combustão total desses compostos em idênticas condições de
pressão e temperatura. Para o antraceno, há liberação de 7 060 kJ/mol e para
o fenantreno, há liberação de 7 040 kJ/mol. Sendo assim, para 10 mols de cada
composto, a diferença de entalpia é igual a:
a. 20 kJ, sendo o antraceno o mais energético;
b. 20 kJ, sendo o fenantreno o mais energético;
c. 200 kJ, sendo o antraceno o mais energético;
d. 200 kJ, sendo o fenantreno o mais energético;
e. 2 000 kJ, sendo o antraceno o mais energético.
6) (VUNESP) O monóxido de carbono, um dos gases emi¬
tidos pelos canos de escapamento de automóveis, é
uma substância nociva, que pode causar até mesmo
a morte, dependendo de sua concentração no ar.
A adaptação de catalisadores aos escapamentos per¬
mite diminuir sua emissão, pois favorece a formação
do CO2, conforme a equação a seguir:
CO(g) + —2 O2(6) —> CO 2(g)

Sabe-se que as entalpias de formação para o CO e


para o CO2 são, respectivamente, 110,5 kJ/mol e
-393,5 kJ/mol. É correto afirmar que, quando há
consumo de 1 mol de oxigénio por esta reação,
serão:
a. consumidos 787 kJ;
b. consumidos 183 kJ;
c. produzidos 566 kJ;
d. produzidos 504 kJ;
e. produzidos 393,5 kJ.

7) Escreva as equações termoquímicas correspondentes à


entalpia de combustão de:

b" ^grafite

C' C3H8(g)

d- C4H8O2(|)

Chegamos ao final de mais uma unidade, e, nesta,


aprendemos que a termoquímica está presente em tudo
que envolve calor, temperaturas e transformações. Também
conhecemos dois tipos de reações: endotérmicas e exotér-
micas. A estes conhecimentos acrescentamos os tipos de
variações de entalpia: calor de formação, calor de dissolução,
calor de neutralização e calor de combustão. Por fim, apren¬
demos que a combustão é utilizada para extrair a energia dos
alimentos que ingerimos, permitindo a manutenção da vida.

/ óiiló
Unidade ÍH

Química Orgânica I -
A Química da Vida
Você saberia dizer o que há em comum entre uma macarronada, o seu corpo e a
gasolina que você coloca no carro?
Descobrimos até agora que os compostos químicos inorgânicos encontram-se na atmosfera, nos
minérios, etc. Entretanto, há compostos químicos que se encontram nas plantas, nos animais e
nos homens. Então, como classificá-los?
Capítulo 1

Compostos Orgânicos
Embora os componentes inorgânicos estejam presentes em toda a natureza, inclusive nos ani¬
mais e nas plantas, são os compostos que possuem carbono em sua estrutura, ou seja, orgânicos, os
predominantes. Isso porque, além de fazer parte da constituição de todos os organismos vivos, o
carbono faz parte da principal fonte de energia do nosso planeta. O ramo da química que estuda a
estrutura, as propriedades, a composição, as reações e a síntese de compostos orgânicos é a química
orgânica.
Já ouvimos muito sobre compostos orgânicos, mas, afinal, o que são? Os compostos naturais
são encontrados nos tecidos dos vegetais e dos animais. Algumas das substâncias orgânicas mais
conhecidas são o açúcar, as gorduras e o petróleo.
Os compostos orgânicos mais comuns são os hidrocarbonetos, encontrados em bastante quan¬
tidade na natureza, particularmente no petróleo e seus derivados. O gás natural, utilizado na cozinha,
é composto, em sua maior parte, de metano, o mais simples dos hidrocarbonetos.
Durante muito tempo, acreditamos que os compostos orgânicos só existiam em organismos
vivos, porém, atualmente, é possível produzi-los artificialmente.
Como são muitos, ficaríamos alguns dias, talvez meses, listando uma série de compostos orgâ¬
nicos e classificando-os. Por isso, vamos começar lentamente, e entender quais compostos do dia a
dia fazem parte dessa extensa lista. Vejamos alguns:
Gás Natural - CH4 Aspirina - C9H8O4
Gasolina - C8H18 Sacarose - C12H22On
Vitamina C - C,HaO,
O O O
Parafina - CJEL,
3U 62

Exemplos de produtos derivados de constituintes da química orgânica.

Compostos Orgânicos
Repare que em todos os exemplos citados há em comum a presença do átomo de carbono, mas
também há outros elementos químicos presentes nos compostos orgânicos, é o caso do hidrogénio
e do oxigénio. Em breve, estudaremos outros compostos orgânicos que contêm o nitrogénio em sua
constituição.
Primeiramente, iremos nos preocupar com a primeira classe de compostos orgânicos e, também,
a mais importante, a qual nos dá base para o entendimento das demais. É uma classe constituída ape¬
nas de carbono (C) e hidrogénio (H) chamada de hidrocarbonetos, cuja principal fonte é o petróleo.
Para compreender melhor a estrutura dos hidrocarbonetos, vamos estudar um pouco do car¬
bono e seu comportamento.

0 Átomo de Carbono e Suas Propriedades


Para conseguirmos entender melhor o que será abordado agora, precisamos retomar o con¬
teúdo estudado anteriormente e relembrar como e por que as ligações covalentes acontecem.
A primeira consideração que devemos fazer a respeito do carbono é que ele é tetravalente,
ou seja, faz quatro ligações. Desse modo, vamos ver a forma mais simples de associação na química
orgânica, que é a ligação do carbono com 4 hidrogénios, formando o metano:

H
I
H—C —H
I
H
Estrutura molecular do metano.

No exemplo acima, observamos que o carbono faz uma ligação simples com cada átomo de
hidrogénio. Porém, caso tenhamos dois ou mais átomos de carbono, podemos estabelecer ligações
duplas ou triplas.

H H
\ /
C= C H— C=C- H
/ \
H H
Estrutura molecular do etileno. Estrutura molecular do acetileno.

Repare que, ao aumentarmos o número de ligações, diminuímos o número de hidrogénios.


O carbono pode fazer inúmeras cadeias de diversos tamanhos, sempre respeitando a regra de ter
apenas quatro ligações.

H H H H H H
I I I I I I
H-C— C-C— C-C— C
I I I I I I
H H H H H H

0 carbono pode ter apenas 4 ligações independentemente do tamanho da cadeia.

Compostos Orgânicos
Complete as cadeias abaixo com as devidas ligações:

H H H
H
I I I /
C C H-C C —H H-C C C
I I I
H H H

Resolução:

H H
I I
C =C H— C=C— H H— C— C=C
II I I X
H H H H

Complete as cadeias carbónicas abaixo:


Agora que você já
sabe que os átomos de
Illi carbono precisam ter
H-C C-H -C-C-C-C- C— C=C=C quatro ligações, quando
II Illi ela for feita com átomos
H H de hidrogénio, indicare¬
mos somente a ligação
e o hidrogénio ficará
subentendido.

Classificação dos Átomos de Carbono


Agora que já conhecemos as propriedades dos átomos de carbono e as formas como eles se
ligam aos demais átomos, podemos aprender a classificá-los dentro de uma cadeia. Essa técnica é
muito importante, porque irá auxiliar no processo de nomenclatura dos compostos orgânicos.
E possível observarmos quatro tipos de carbonos em uma estrutura:
• Carbono primário - Quando o carbono encontra-se ligado a apenas um átomo de carbono.

Carbonos primários.

Compostos Orgânicos
Carbono secundário - Ocorre quando o carbono encontra-se
ligado a dois outros átomos de carbono.

Carbonos secundários.

Carbono terciário - Ocorre quando o carbono encontra-se ligado


a três outros átomos de carbono.

Carbono terciário.

Carbono quaternário - Ocorre quando o carbono encontra-se


ligado a quatro outros átomos de carbono.

-C-

I Carbono quaternário.

Análise

Classifique os átomos numerados da cadeia abaixo em primários,


secundários, terciários e quaternários.

-c-
— 71— .2 — .3 91-93-96-91-
c c c
-91- -Çi-
-9o-
-910-

Compostos Orgânicos
Capítulo 2

Classificação das Cadeias Orgânicas


Para simplificar o entendimento, devido à grande extensão e aos tipos de cadeias orgânicas, foi
criado um modelo de classificação que iremos estudar agora. Para facilitar, apenas representaremos
cadeias compostas pelo átomo de carbono, sabendo que as ligações podem ser feitas com outros
elementos.

Fechamento da Cadeia
• Cadeia aberta ou acíclica - Quando não se observa fechamento da cadeia.

I I I I I I I
I
-c-c-c-c-c-c-c-c-
I I I I I I I I
Cadeia aberta ou acíclica.

Cadeia cíclica - Quando a cadeia se fecha na forma de ciclos.

Cadeia cíclica.

Disposição dos Átomos na Cadeia


• Cadeia normal - Sem ramificação.

I I I
I I
-c-c-c-c-c-
I I I I I
Cadeia sem ramificação.

I
Classificação das Cadeias Orgânicas
Cadeia ramificada - Com outras cadeias acopladas à cadeia principal.

I
-C-
| r— Cadeia principal A cadeia principal é a maior
sequência de carbonos
ininterrupta, que abrange
|— c— c — c— c— c —| a principal característica do
I I I I I composto.
-c-
I
-c-
I
-c-
I
Cadeia ramificada.

Tipos de Ligações
• Cadeia saturada - Quando só existem ligações simples entre os átomos de carbono.

I I I
c-c-c-c-c
I I I
Cadeia saturada.

Cadeia insaturada - Quando, além das ligações simples, aparecem duplas ou triplas.

I I I I I I II
-C-C=C-C-C- -C-C=C-C-C-
I II I II
Cadeia insaturada.

Faça uma pesquisa, em grupo, sobre as diferenças entre a constituição das cadeias carbóni¬
cas da gordura animal e da vegetal, e, em seguida, responda às questões propostas:
a. O que é melhor para a saúde: Usar banha de porco ou azeite de oliva para cozinhar?
Por quê?

Classificação das Cadeias Orgânicas


b. Que tipo de gordura está presente nas bolachas recheadas?
Como esse tipo de gordura é produzido?

c. Como a margarina é produzida? Pesquise qual é a reação quí¬


mica utilizada na sua fabricação.

Natureza dos Átomos que


Compõem a Cadeia Carbónica
Como dissemos há pouco, uma cadeia orgânica pode não ser cons¬
tituída apenas por átomos de carbono e hidrogénio. Podemos encontrar,
normalmente, oxigénio ou nitrogénio. Assim, levando em consideração os
átomos que compõem as cadeias, temos outras classificações:
• Cadeias homogéneas - Quando encontramos apenas átomos de
carbono e hidrogénio em sua estrutura:

H H H H H
I I I I I
H-C-C-C-C-C-H
I I I I I
H H H H H
Cadeia homogénea.

• Cadeia heterogénea - Quando encontramos, além do carbono e do


hidrogénio, heteroátomos, como o oxigénio (O), o nitrogénio (N),
o fósforo (P) e o enxofre (S).
H H H H
II II
H-C-C-O-C-C-H
II II
H H H H
Cadeia heterogénea.

Levando em consideração o tipo de fechamento da cadeia, a dispo¬


sição dos átomos, os tipos de ligações e a natureza dos átomos, podemos,
então, classificar qualquer cadeia. Vejamos na aplicação.

Classificação das Cadeias Orgânicas


Classifique a cadeia abaixo:

É uma cadeia fechada, ou cíclica, ramificada, insaturada e homogénea.

Classifique as cadeias abaixo:

I I I
-c-c-o-c-
I I I

\ / \ /

<íA í>
c
/ \

\ /
c
\/ \/
c
/ lx I
<1 I

vãÈ
Classificação das Cadeias Orgânicas
Anel Aromático na Cadeia
Carbónica
Carbonos insaturados: Uma classe de compostos orgânicos que merece uma classificação
específica são os aromáticos. Esses compostos são formados por cadeias
Os carbonos insaturados
. são aqueles que fazem
cíclicas contendo seis carbonos insaturados, dando origem a um anel
benzênico.
I ligações duplas ou triplas
com outros átomos.

Representação do anel benzênico.

Os anéis aromáticos podem se unir com cadeias orgânicas abertas,


ou outras cíclicas, formando uma infinidade de compostos.

OH

OH

Compostos formados a partir do anel benzênico.

Embora haja uma utilização muito grande em várias áreas, desde


o preparo de tintas até a composição da gasolina comercial, atualmente
sabemos que o benzeno é extremamente tóxico, podendo causar várias
doenças, inclusive câncer e leucemia, e, em altas exposições, levar o indi¬
víduo a óbito. Portanto, seu uso é limitado e controlado.

Classificação das Cadeias Orgânicas


A Análise

1) Classifique os compostos abaixo quanto à cadeia carbónica:

ch2=ch -ch3

2) (UFRGS-RS) O citral, composto de fórmula:

H,C-C = C-C-C-C = C-C


I I I I I I \
ch3h h h ch3h

Tem forte sabor de limão e é empregado em alimentos para dar


sabor e aroma cítricos. Sua cadeia carbónica é classificada como:
a. homogénea, insaturada e ramificada;
b. homogénea, saturada e normal;
c. homogénea, insaturada e aromática;
d. heterogénea, insaturada e ramificada;
e. heterogénea, saturada e aromática.

Classificação das Cadeias Orgânicas


Capítulo 3

Classificação dos Compostos


Orgânicos
Uma maneira de agrupar as substâncias orgânicas é por meio de suas propriedades físico-
-químicas, assim, compostos com propriedades semelhantes seriam classificados em um mesmo
grupo. Porém, ainda existe um problema, mesmo separando os compostos em grupos, há uma grande
dificuldade quanto à nomenclatura, ou seja, quanto aos nomes dados aos compostos. Observe na
figura abaixo a estrutura orgânica da vitamina C, tão comumente utilizada. Repare na diversidade de
elementos e ligações existentes na molécula.

Molécula de ácido ascórbico, a vitamina C.

De início, os nomes dos compostos eram dados de acordo com a origem do composto. Por
exemplo, o ardor provocado pela picada de uma formiga é causado por um ácido orgânico que ficou
conhecido por ácido fórmico. O vinho, quando acidifica, tornando-se azedo (vinho acre), forma uma
substância orgânica muito conhecida por todos, que é o vinagre, ou ácido acético. Essas duas substân¬
cias fazem parte da mesma classe, embora o nome popular pareça não colaborar com essa situação.

A picada da formiga originou o nome do ácido fórmico, e o vinho, quando azeda, recebe o nome de ácido acético.

Classificação dos Compostos Orgânicos


A partir de 1892, os químicos resolveram iniciar uma normatização
dos nomes das substâncias orgânicas por meio da nomenclatura IUPAC.
A sigla IUPAC quer dizer, em português: União Internacional de Química
Pura e Aplicada. Assim, o ácido fórmico passou a ser reconhecido ofi¬
cialmente como ácido metanoico, e o ácido acético como ácido etanoico.
Agora, vamos aprender como essas regras foram criadas e como devemos
aplicá-las.

Ácido metanoico Ácido etanoico

Moléculas do ácido metanoico e do ácido etanoico.

Utilizando os conhecimentos adquiridos ante-


As cadeias são átomos unidos uns aos
riormente, podemos aprender um pouco sobre as
outros por ligações químicas. No caso dos
principais funções orgânicas e suas aplicações. Para hidrocarbonetos, as cadeias são formadas
isso, iniciaremos com a função orgânica mais simples, por átomos de carbono e hidrogénio.
os hidrocarbonetos.

Hidrocarbonetos
É uma classe muito importante, porque serve como base estrutural
para todos os compostos orgânicos, e pode, de acordo com a estrutura e o
tipo de ligação, ser dividida em subclasses: alcanos de cadeia aberta, alce-
nos, alcinos, ciclo alcanos e aromáticos (que serão estudados na próxima
unidade).

Alcanos de Cadeia Aberta


Alcanos são hidrocarbonetos alif áticos saturados, ou seja, possuem
apenas ligações simples, sendo essa a principal característica desse grupo
funcional.
A partir dos alcanos, iremos aprender a dar nomes aos compos¬
tos orgânicos. De início, devemos entender que a nomenclatura IUPAC
desses compostos é constituída por um prefixo e um sufixo. No caso dos
alcanos, esse sufixo sempre será a terminação ano.
E os prefixos?
Os prefixos dependem do número de carbonos da cadeia, ou seja,
do número de carbonos que estão ligados uns aos outros.

Classificação dos Compostos Orgânicos


Tabela 1- Relação entre o número de carbono e o prefixo utilizado para compor o nome do composto - 1a 4 carbonos

Número de carbonos Prefixos Nome do composto


1 carbono Met Metano (CH4)
2 carbonos Et Etano (C2H6)
3 carbonos Prop Propano (C3Hg)
4 carbonos But Butano (C4H10)

A partir de cinco carbonos, utilizam-se os prefixos gregos de numeração seguido do prefixo ano.

Tabela 2 - Relação entre o número de carbono e o prefixo utilizado para compor o nome do composto - a partir de
5 carbonos

Número de carbonos Prefixos Nome do composto


5 carbonos Penta Pentano (C5H12)
6 carbonos Hexa Hexano (C6H14)
7 carbonos Hepta Heptano (C7H16)
8 carbonos Octa Octano (CgH18)
9 carbonos Non Nonano (CgH20)

Existem, também, cadeias com dez carbonos, decano, ou onze carbonos, undecano, e assim
por diante. Outra particularidade dos alcanos é que o número de hidrogénios repete-se de forma
sistemática com o aumento do número de carbonos, podendo-se, assim, determinar uma fórmula
geral para os alcanos:

Em que a letra n representa o número de carbonos da cadeia.


1) Qual é a fórmula molecular de um alcano que possui 5 carbonos?

Uma cadeia com 5 átomos de carbono tem a seguinte fórmula geral:

N = 5, portanto:

2) Demonstre que o composto C9H20 é um alcano.

Sabendo que o número de carbonos na cadeia é igual a nove carbonos, basta aplicar a
fórmula geral para os alcanos:

Como: C = 9 , H = 2 (9) + 2.

Logo, C9H20, confirmando que é um alcano.

Para nos auxiliar nas denominações e nomenclaturas de cadeias carbónicas, ainda precisamos
aprender o que é um radical. Vejamos o seguinte exemplo:

Metano Radical metil

Metano e radical metil.

Observe que após a retirada de um átomo de hidrogénio da cadeia, temos a formação de um


radical que é uma espécie instável e precisa fazer parte de uma cadeia, compondo as quatro ligações
do carbono. A instabilidade do radical está ligada à necessidade de completar a camada de valência.
Veja como podemos inserir um radical em uma cadeia.

HHHHH HHHHH
I I I I I I I I I I
H-C-C-C-C-C — H H-C-C — C-C-C-H
I I I I I I I I I I
H HHHHH H I H H H

H
Inserção de um radical em uma cadeia.

Classificação dos Compostos Orgânicos


Assim como o radical metil, outros radicais podem ser formados a partir de outras cadeias de
carbono.

CH2 — CH3 Radical etil

CH2 — CH2 — CH3 Radical propil

CH2-CH2-CH2-CH3 Radical butil

Outros radicais podem ser formados a partir desses, mas esses são os principais, e servirão
como base para as regras de nomenclatura. Agora, vamos determinar essas regras.
O primeiro passo é escolher a cadeia principal (mais longa). Ou seja, com o maior número de
carbonos possíveis.

A cadeia principal é a que tem o maior número de carbonos ligados.

Repare que, no exemplo, o substituinte menos complexo, o CH3 (metil), inicia a cadeia car¬
bónica. Essa é uma regra importante: sempre devemos iniciar a contagem da cadeia carbónica pelo
substituinte menos complexo, ou seja, que possui o menor número de carbonos. Agora, podemos ini¬
ciar a composição do nome colocando o termo que define cada um dos radicais (em ordem alfabética),
seguido do nome da cadeia (de acordo com o número de carbonos), e finalizando com o sufixo ano:

6-etil-2-metil-nonano

Vamos a outros exemplos:

1)

ch3 - ch - - -
ch2 ch2 ch2 - c - -
ch2 ch3
ch3
I
ch3

Classificação dos Compostos Orgânicos


Em princípio, precisamos encontrar a maior cadeia e numerá-la:

CH
+-
— C — CH -CH
2 3
3| 2 1

CH2 2 ch3
8!
CH
9

Agora, basta fornecer a nomenclatura, respeitando a coloca¬


ção dos radicais. Porém, aqui existe um detalhe. No carbono
de número 3, encontramos dois radicais metil, e no carbono de
número 7 mais um radical metil. Nesse caso, podemos utilizar a
denominação trimetil (três radicais metil).

Então, o nome 3,3,7-trimetil-nonano

2)

ÇH3 ÇH3
CH3 - CH - CH - -
CH2 CH2 - CH — CH3
CH2CH3
Primeiro precisamos determinar qual é a cadeia principal.
No caso, é a que está circulada.

CH, - CH — CH - CH,2 - CH,2 - CH - CH,3


l3 2 3| 4 5 6 7

ch2ch3
Como podemos observar, a cadeia principal tem 7 carbonos.
Agora que já determinamos a cadeia principal, precisamos
nomear os radicais. Nos carbonos 2 e 6 temos o radical metil e
no carbono 3 o radical etil. Lembrando que precisamos colocar
os radicais em ordem alfabética, o nome fica:

3-etil-2,6-dimetil-heptano I

Classificação dos Compostos Orgânicos


e.
Análise

1) Observe os compostos dispostos abaixo


e nomeio-os, conforme os exemplos
anteriores: çh3 ch2 ch3
a. CH3 — C — CH2 - CH -
CH2 - CH - CH3

I
ch3 — c — ch3 ch2
ch3

2) (CESGRANRIO) A qualidade de uma gaso¬


lina pode ser expressa pelo seu índice de
octanagem. Uma gasolina de octana-
gem 80 significa que ela se comporta,
ch-ch2-ch2-ch2-ch3 no motor, como uma mistura contendo
80% de iso-octano e 20% de heptano.
I Observe a estrutura do iso-octano:
ch3

ch3-c-ch2-ch-ch3
ch3 ch3
ÇH3 çh3 De acordo com a nomenclatura IUPAC,
ch3-c-c-ch2-ch2-ch2-ch3 qual o nome desse hidrocarboneto?
CH CH CH
I I
ch3 ch2
ch3

d.

- —
ch3 ch2 ch2 — c — -
ch2 ch3

b
ch3

Classificação dos Compostos Orgânicos


Alcenos
Até agora, trabalhamos com cadeias carbónicas contendo apenas ligações simples. Essas
cadeias são hidrocarbonetos conhecidos por alcanos. Mas se adicionarmos uma dupla ligação entre
dois carbonos quaisquer na cadeia, o que acontece? Como a denominamos?
Nesse caso, teremos um novo tipo de hidrocarboneto, conhecido pelo nome de alceno. Quanto
à nomenclatura, o procedimento é muito simples. Utiliza-se como prefixo a nomenclatura baseada
no número de carbonos da cadeia principal (maior cadeia), semelhante aos alcanos, e o sufixo, ou
terminação, eno. Vamos ver alguns exemplos:

=
ch2 ch2 Eteno

ch2 = ch — ch3 Propeno


=
CH2 CH-CH2-CH3 Buteno

O procedimento de nomenclatura é muito semelhante aos alcanos, porém há duas outras


regras:
1. A dupla ligação sempre deverá estar na maior cadeia.
2. A numeração da cadeia principal sempre deverá começar pelo carbono mais próximo da
dupla ligação.
Dupla ligação e início da
numeração da cadeia
2 3 4 5
CH2(=)CH - ch2 - ch2 - ch3
1-penteno.

Vamos utilizar o mesmo exemplo adicionando um grupo metila ao carbono 4 da cadeia.


2 3 4 5
=
ch2 ch-ch2-ch-ch3
Grupo metila no
carbono 4

4-metil-1-penteno.
Veja outro exemplo:

2 3
=
ch2 c-ch2-ch3

2-etil-1-buteno.

Também podemos reconhecer os alcenos por sua fórmula geral. No caso dos alcenos, temos:

Classificação dos Compostos Orgânicos\^^


Assim, para cada átomo de carbono temos o dobro do de hidro¬
génio. Vamos testar com os compostos anteriores? Observe que os três
compostos se enquadram perfeitamente na fórmula geral:
• Penteno.
C=5
H = 10
• 4-metil-penteno-l.
C=6
H = 12
• 2-etil-l-buteno.
C =6
H = 12

1) Dê o nome IUPAC dos compostos abaixo:


a.

=
ch3-c-ch2-c ch2
CH3 CH3

b.
=
ch3-ch-ch2-c ch2
CH3 CH3

ch3 - ch - ch2 - c = ch - ch3


ch3
ch3

Classificação dos Compostos Orgânicos


d.
ch2 = ch — ch3

e.
=
ch3-ch ch-ch2-ch3

f.
ch2 = c-ch3
ch3

g-
=
CH2 CH-CH-CH3
ch3

h.
ch2 = c — ch2-ch2-ch3
b
ch3

2) Escreva as fórmulas estruturais do seguintes compostos:


a. 2-metil-l-buteno.

b. 4-metil-l-penteno.

c. Dimetil-2-buteno.

Classificação dos Compostos Orgânicos


Os alcenos mais simples são também denominados por uma nomen¬
clatura mais antiga e mais simples, utilizando-se a terminação ileno. Desse
modo, alguns compostos são muito conhecidos por nós com essa denomi¬
nação. Como o etileno, o propileno e o butileno.

CH2 CH2
= Etileno

CH2 CH-CH3
= Propileno

CH2 CH-CH2-CH3
= Butileno

Você sabia que uma das maneiras de acelerar o amadure¬


cimento de frutas e legumes verdes é deixá-los em um recipiente
fechado com uma banana ou um tomate maduro?

Processo de amadurecimento de uma banana.

Isso acontece porque, durante o amadu¬


recimento de frutas e legumes, é liberado o gás
etileno, que é responsável pelo processo de ama¬
durecimento. O etileno provoca a quebra das
fibras do fruto, tornando-os macios. Além disso,
provoca a quebra da estrutura da clorofila, que é

Wolkaniec/Shutrs
Robert
verde, fazendo com que o fruto mude de cor.
O propeno, ou propileno, apresenta também
uma grande aplicação industrial, sendo matéria-
-prima de uma grande quantidade de plásticos
termoestáveis, que são maleáveis com o aumento
da temperatura. Isso se deve à sua capacidade
polimérica, que permite a formação de grandes
Exemplo de produtos feitos com propileno. cadeias estáveis.

Classificação dos Compostos Orgânicos


Akinos
Os alcanos apresentam ligações simples, os alcenos ligação dupla e os alcinos diferem destes
por apresentarem uma tripla ligação em sua cadeia principal. A nomenclatura segue a mesma regra
de alcanos e alcenos, utilizando-se os prefixos de acordo com o número de carbonos na cadeia e
colocando-se o sufixo ino para finalizar a nomenclatura. Exemplos:

CH = CH Etino
CH = C — CH3 Propino

Nos alcinos mais complexos, ou com muitas ramificações, utilizamos as mesmas regras definidas
para os alcenos, ou seja, começamos a numeração da cadeia mais longa pelo carbono da extremidade
mais próxima à tripla ligação, como pode ser visto nos exemplos abaixo.

CH3 — CH 2 - CH2 - C = C - CH2 — CH,


7 6 5 4 3 2 l3
3-heptino.

Da mesma forma que numeramos nos alcenos, começa-se a numerar a cadeia de forma que a
instauração possa ser identificada com o menor número possível.

CH3 - CH 2 - CH2 - C = C - C = CH2


7 6 5 4 3 2 1
2-metil-heptino.

A fórmula geral dos alcinos é:

Assim, podemos reconhecer a estrutura pela sua fórmula molecular.

1) Vamos tomar como exemplo o heptino:


Número de carbonos = 7
Número de hidrogénios = 2 • (7) - 2 = 12

2)
Fórmula do heptino =
C7H12^
Vamos agora estabelecer a mesma regra para o 2-metil-heptino:
Número de carbonos = 8
Número de hidrogénios = 2 • (8) - 2 = 14
Fórmula do heptino =
C8Hi4^
Confirmamos, assim, a fórmula geral para os alcinos.

Classificação dos Compostos Orgânicos


1) Seguindo as regras da IUPAC, nomeie os seguintes alcinos:

ch3 — c = c — ch2
ch3

CH, — C = C — CH
I
ch3

- -
ch3 ch2 ch2 - ch - ch3
c
III
CH

ch = c-ch3

ch3-c = c-ch2-ch3

- -
ch3 ch2 ch2 - ch - ch3
c
III
CH

CH = c - ch2 — ch2 — ch - ch3

ch3

Classificação dos Compostos Orgânicos


2) Escreva as fórmulas estruturais dos seguintes compostos:
a. 3-metil-hexino.

b. 3,4-dimetil-pentino.

c. 4-etil-3-metil-hexino.

Uma das maiores aplicações dos alcinos é a utilização de seu composto mais simples, o etino,
conhecido popularmente como acetileno. Este, em contato com o oxigénio, produz uma chama de
altíssima temperatura, cerca de 2 500 a 3 000 °C, sendo utilizado em maçaricos de oxiacetileno para
corte de aços e ligas que precisem de altas temperaturas. E muito utilizado também na fabricação de
objetos de vidro.

Utilização de maçarico de acetileno na produção de objetos de vidro.

Classificação dos Compostos Orgânicos


Cidanos
Algumas vezes, os hidrocarbonetos de ligações simples se unem
formando anéis cíclicos. Esse tipo de estrutura difere bastante das obser¬
vadas anteriormente e tem fórmula geral semelhante à dos alcenos: CnH2n.
Vamos observar as três estruturas mais simples para essa situação.
ch2 ch2-ch2
/ \ Ciclopropano Cidobutano

ch2 ch2 I
ch2-ch2
ZC\
Ch2 ch2 Cidopentano

ch2-ch2
Exemplos de ddanos.

As estruturas anteriores podem ser também representadas da


seguinte forma:

Cidopentano

Para fins de nomenclatura, adotamos a terminação ano, como para


os alcanos, adicionando-se o prefixo ciclo, representando que a cadeia é
cíclica. Caso existam ramificações, deve-se iniciar a contagem pelo subs-
tituinte menos complexo ou menor (com menor número de carbonos) e
citar as outras ramificações usando os menores números possíveis. Veja
os dois exemplos a seguir.

1-metil-3-etil-dclopentano. 1,1,2-trimetilddopentano.

Classificação dos Compostos Orgânicos


2) Escreva as fórmulas estruturais dos seguintes compostos:
a. Metil-ciclobutano.

Classificação dos Compostos Orgânicos


1,1-dimetil-ciclobutano. e. l-metil-3-isopropil-ciclopentano.

c. 1,2-dietil-ciclopropano. f. 1,1,3-trimetil-ciclopentano.

d. 1,2-dietil-ciclobutano. g. 1,3-dimetil-ciclohexano.

Seção de Sistematização
Nesta segunda unidade, conhecemos um pouco sobre a química orgânica. Apren¬
demos que o seu elemento-base é o carbono, que pode estar ligado de várias maneiras.
Vimos também que podemos classificar os compostos orgânicos de acordo com o tipo
de ligação e elementos presentes. Os compostos orgânicos estão presentes em muitos
elementos de nosso dia a dia: nos alimentos que comemos, inclusive na macarronada;
no nosso corpo; e na gasolina que utilizamos para abastecer nossos carros.
Na próxima unidade, daremos continuidade a esse assunto, aprendendo a res¬
peito de outras funções que fazem parte do universo da química orgânica.
Química Orgânica II -
Funções Orgânicas e
Suas Classificações
A grande quantidade e diversidade de ligações e composições que podem ser realizadas
entre o carbono e outros elementos forma uma infinita variedade de produtos. Uma
grande parte deles é conhecida no nosso cotidiano e está presente em diversos mate¬
riais. O que seria da vida atual sem os polímeros, vitaminas, medicamentos e outros tantos materiais?
Entretanto, devido ao grande número de compostos formados, é muito importante que possamos
classificá-los a fim de conhecer suas características e propriedades.
O que há de comum, por exemplo, entre o álcool que utilizamos como combustível
e o glicerol que utilizamos em produtos alimentícios?
Capítulo 1

Funções Orgânicas
Na unidade anterior, começamos a conhecer as funções orgânicas. Vimos os hidrocarbonetos:
alcanos de cadeia aberta e fechada, os alcenos e os alcinos. Agora, conheceremos as demais funções
orgânicas que possuem em sua estrutura outros tipos de ligações e átomos.

Aromáticos
Além dos anéis cíclicos formados por hidrocarbonetos de ligações simples (os ciclanos), eles
também podem ser formados por duplas ligações, dando origem a uma das classes de compostos
orgânicos: hidrocarbonetos aromáticos. A base de todos esses compostos é o benzeno, que pode ser
representado da seguinte maneira:

Três formas de representação da estrutura química do benzeno.

O nome benzeno é usado para o C6H6, os demais hidrocarbonetos benzênicos são nomeados
citando-se os nomes das ramificações e terminando com a palavra benzeno. A numeração deve par¬
tir da ramificação mais simples e seguir o sentido que dê os menores números possíveis, como no
exemplo abaixo.

CH2CH

CH2CH3
1,2,4-trietil-benzeno.

Se a numeração tivesse começado da direita para a esquerda, o nome seria 1,4,6-trietil-benzeno.


Numerando de forma que os radicais adquiram a menor numeração, o nome é 1,2,4-trietil-benzeno.

Funções Orgânicas
Veja outros exemplos:
ch3

1,2-dimetil-benzeno. 1,3-dimetil-benzeno. 1,4-dimetil-benzeno.

Também podemos usar os prefixos orto (o), meta (m) e para (p)
para indicar as posições 1,2; 1,3 e 1,4 em anéis com dois substituintes.
Logo, os exemplos ficariam: o-dimetil-benzeno, m-dimetil-benzeno e
p-dimetil-benzeno.

Análise

Nomeie os compostos abaixo:


a.
CH2CH3

CH2CH3

a NO2

ch3

ch3

no2

Funções Orgânicas
O benzeno serve de base estrutural para toda família aromática,
e é o mais simples de todos os seus componentes. Ao adicionarmos os
radicais, formamos compostos bastante conhecidos, como o caso do
metil-benzeno, também chamado de tolueno.

Poderíamos escrever um livro com todas as aplicações do benzeno


em nosso cotidiano. O copo plástico no qual tomamos café, detergentes e
produtos de limpeza de um modo geral, fabricação de polímeros conheci¬
dos como o náilon e tantas outras aplicações. Entretanto, seu uso é muito
limitado e, principalmente, controlado pelas autoridades. Uma das maio¬
res polêmicas atuais é sobre a sua utilização em refrigerantes, embora seja
permitida uma quantidade mínima, alguns órgãos governamentais pedem
É a redução do número que seja completamente eliminado das bebidas.
de glóbulos brancos na
Sua alta toxicidade, além de poder causar danos ambientais irrepa¬
corrente sanguínea, o que
causa maior propensão a ráveis, pode atingir diretamente a saúde humana. Também é considerado
infecções. um causador de câncer, e quando inalado em pequenas quantidades
durante um grande período de tempo pode causar leucopenia.

Funções Orgânicos
Polifenóis
Apesar de alguns aspectos negativos do benzeno, quando um ou mais anéis aromáticos encon-
tram-se juntos, podem formar compostos benéficos à saúde humana, como os famosos polifenóis que
têm grande ação antioxidante e terapêutica e são encontrados em algumas plantas, como as uvas e a
erva-mate. Por esse motivo, tomar vinho com moderação traz tantos benefícios à saúde.

A uva e seus derivados são ricos em antioxidantes poderosos: os polifenóis.

Observe abaixo a estrutura do polifenol. No que ela difere dos componentes orgânicos descri¬
tos até agora?

A diferença é que há outros elementos em sua estrutura orgânica. Temos átomos de oxigénio
e hidroxilas (OH) ligados à estrutura. Podemos dizer que os polifenóis são hidrocarbonetos? A res¬
posta é não.
Devido à entrada de outros elementos químicos nas estruturas orgânicas, que chamaremos
de substituintes, foram criadas outras classes de compostos orgânicos diferente dos hidrocarbo¬
netos. Nomeamos essas classes de acordo com o tipo de elemento e a ligação que ele faz com a
cadeia de hidrocarboneto que chamamos de funções orgânicas.

Funções Orgânicas
Capítulo 2

Outras Funções Orgânicas e Seus


Radicais
Aprenderemos agora a identificar as demais funções orgânicas e como elas estão inseridas em
nosso cotidiano.

Haletos
A primeira função orgânica que iremos estudar é muito simples. Apenas adicionamos um
haleto a uma cadeia de hidrocarboneto.
Haletos são os radicais formados por qualquer um dos halogênios. Vamos nos lembrar de que,
na tabela periódica, o Grupo VII é formado por flúor, cloro, bromo e iodo. Nesses compostos, os
haletos representam o grupo funcional, e todas as propriedades químicas passam a depender dele.
Para fins de nomenclatura, podemos tratar os haletos como radicais presos à cadeia orgânica. Veja
dois exemplos de haletos.

Cloro etano ou Tridoro metano ou


doreto de etila clorofórmio
H Cl

ch3-c-ci CI-C-CI
11
H H
Exemplo de haletos.

Um dos principais componentes desse grupo é o clorofórmio. Elemento que foi largamente
utilizado como anestésico no passado. Porém, devido à sua alta toxicidade, tem sido substituído por
outros menos agressivos. Atualmente, é grandemente utilizado na indústria como solvente.
A nomenclatura dos haletos deve seguir as seguintes regras:
• Quando o haleto é o único substituinte - Colocar o prefixo que indique o número de halo¬
gênios seguido do nome do halogênio e, por último, o nome do hidrocarboneto (prefixo +
infixo + o).

Br
I
ch3-ch2-ch-ch3
2-bromobutano.

6®. —
Outras Funções Orgânicas e Seus Radicais
• Quando o haleto não é o único substituinte - Nesse caso, segue-se
a regra do menor número. Se existir instauração e ramificações,
a numeração começa próxima à instauração e não ao halogênio.
Além disso, todos os nomes devem estar dispostos em ordem
alfabética:

CH - CH - CH - Cl CH - CH - CH - CH - CH - CH,
I I |
CH3 CH3 Cl
4-doro-2-metil-propano. 4-doro-2-metil-hexano.

Nomeie os compostos abaixo:


a.
ch3-ch-ch3
Cl

F
I
-
CH3 CH2 — CH — CH2 - CH — CH - CH3
Cl —
ch2 ch3

CH2 = CH — CH2 — CH — CH3


Cl

ch3-ch-ch2-ci
ch3

CH3 - CH - CH2 - CH - -
CH2 CH3
ch3 Cl

Outras Funções Orgânicas e Seus Radicais


Álcoois
O álcool que utilizamos para abastecermos o carro, ou que utili¬
zamos como antisséptico, ou que ingerimos em bebidas alcoólicas tem a
mesma natureza. É um composto orgânico constituído por uma cadeia de
hidrocarbonetos e um substituinte, ou função OH (hidroxila), ligado a um
carbono saturado. Claro que podemos ter vários tipos de álcoois variando
a cadeia carbónica, entretanto, o álcool etílico é o mais conhecido.

Álcool metílico Álcool etílico Álcool cíclico


H H
I I
H — C — OH ch3-c-oh
I
H H
Exemplo de estruturas de álcoois.

Quanto à nomenclatura, podemos trabalhar de duas maneiras:

• A primeira é colocarmos a palavra álcool, seguida do substi¬


tuinte orgânico - de acordo com o número de carbonos - e a
terminação ico.

Álcool + nome do radical + ico

ch3-ch2-ch2-ch2-oh
Álcool butílico.

• Outra forma é adicionarmos o sufixo ol após o substituinte


orgânico.

Álcool Etílico = Etanol


Álcool Metílico = Metanol
Álcool Butílico = Butanol

• Quando mais de uma hidroxila está presente, segue-se a regra do


menor número.

Butano-1,3-diol
OH
I
CH3 - CH - CH,2 - CH2 - OH
4 3 2 1

Exemplo de nomenclatura de um álcool.

Outras Funções Orgânicas e Seus Radicais


Nomeie os compostos abaixo:
a.

ch3-c-ch2-ch2-oh
ch3

ch3-ch-ch3
OH

ch3-ch-ch2-ch2-oh
ch3

-
ch3 ch2 - ch — - -
ch2 ch2 ch2 — OH

OH

Indiscutivelmente, desse grupo funcional, o composto com maior


número de aplicações no dia a dia é o etanol. Utilizado como combustível,
é extremamente tóxico se ingerido nessa condição. No Brasil, é obtido da
fermentação da cana-de-açúcar, no entanto, pode também ser obtido de
outras fontes. O etanol, além de ser consumido como bebida e utilizado
como combustível, também é um excelente antisséptico, o que o torna
ideal como produto de limpeza.
O metanol também é muito utilizado como combustível (não no
Brasil), entretanto, devido à sua grande toxicidade, não deve ser inge¬
rido nem inalado, podendo causar vários danos ao organismo humano,
como a cegueira.

Outras Funções Orgânicas e Seus Radicais


Fenóis
Algumas vezes, o radical, ou função OH,
pode estar ligado a uma cadeia orgânica aro¬
mática. Nesse caso, não temos um álcool, mas,
sim, uma nova classe funcional conhecida como
fenóis. Em um fenol, o grupo hidroxila deverá
estar diretamente ligado a um carbono do anel
aromático.

Monofenol Difenol
OH

Exemplo de estruturas de fenóis.

Para efeitos de nomenclatura oficial, uti-


liza-se como prefixo a palavra hidroxi seguida
do nome da ramificação mais próxima ao grupo
hidroxila e, ao final, o nome do hidrocarboneto
aromático.

Hidroxi benzeno Hidroxi-3-metil-benzeno

Hidroxi-2,4,6-trinitro-benzeno
OH

O fenol sempre foi muito conhecido por suas


propriedades fungicidas e bactericidas, sendo bas¬
tante utilizado em detergentes e desinfetantes, e em
no2 tratamentos dermatológicos. Serve também como
precursor em sínteses de alguns medicamentos.
Exemplo de estruturas de fenóis.

Ár Outras Funções Orgânicas e Seus Radicais


Éteres
Quando um átomo de oxigénio liga-se diretamente a dois radicais orgânicos, temos uma nova
função: os éteres. Estes são considerados óxidos orgânicos e podem estar ligados por grupos diferentes
de hidrocarbonetos.

ch3-o-ch2-ch3
Exemplo de estruturas de éteres.

A nomenclatura de éteres é muito simples: devemos colocar o nome dos dois radicais ligados
ao oxigénio, sempre começando pelo menor, seguido do prefixo oxi.

Radical menor + oxi + radical maior

Outra forma de nomenclatura mais usual é utilizarmos a denominação éter, seguido do substi-
tuinte em ordem alfabética, finalizando com o sufixo ílico.

Metoxietano ou éter etil-metílico Metoxibenzeno ou éter fenil-metílico

ch3-o-ch2-ch3

1-doro-2-etoxietano

-
ch3 ch2 - O - -
ch2 CH2 - Cl

Exemplo de nomenclaturas de éteres.

Nomeie os compostos abaixo:


a. CH3-O-CH2-CH2-CH3 d. CH3 - O - CH2 — CH — CH3
ch3
b. -
CH3 CH2 - 0 - - -
CH2 CH2 CH3

^3
—o—c—
ch3 ch3
c. CH3-O- CH — CH2--ch3
ch3
ch3

Outras Funções Orgânicas e Seus Radicais


Uma das maiores aplicações atuais dos éteres é como solventes
de óleos e gorduras, ou, nos laboratórios, como agentes extratores de
gorduras e óleos essenciais. Porém, tiveram larga aplicação e uso como
anestésicos e no preparo de medicamentos. Quando em contato com a
pele, provocam dormência, sendo assim, são muito utilizados para peque¬
nos procedimentos cirúrgicos. Entretanto, devido à sua grande toxicidade
quando inalados, atualmente têm sido substituídos por outros anestésicos.

Aldeídos
Os aldeídos são chamados de compostos carbonílicos, pois pos¬
suem uma carbonila e um hidrogénio que juntos formam o grupo formila

(H C = O). Esses compostos podem ser encontrados nas flores e fru¬
tos, conferindo-lhes um aroma agradável. O aldeído mais conhecido é o
formol ou metanal.

ou CHO

H-C
^0 Metanal

CH — CH — C 2-metil-propanal

Exemplo de estruturas de aldeídos.

A nomenclatura é feita utilizando-se a terminação al. A cadeia


maior é a que contém o grupo CHO. A numeração é feita a partir do
carbono do grupo CHO.

4-metil-pentanal
5 4 3 2
CH — CH — CH — CH — C
|
ch3
Exemplo de nomenclatura de um aldeído.

Outras Funções Orgânicas e Seus Radicais


Vejamos os nomes com os seus componentes separados:

Met + an + al Et + an + al Prop + an + al
Meta na I Etanal Propanal

H-C
^0 CH —C
^0 CH — CH — C
^0

Exemplo de nomenclaturas de aldeídos.

Nomeie os compostos abaixo:


a.
ch3-ch-ch2-c = o
ch3 h

b.

CH3 - CH -
CH2 — CH - C=O

ch3 H

ch3-ch2-c-c = o
ch3 h

Aldeídos são muito utilizados como desinfetantes ou integrantes de


resinas. O seu uso mais popular está nos laboratórios de anatomia, nos
quais são utilizados como conservantes de peças anatômicas e cadáveres.

Outras Funções Orgânicas e Seus Radicais


Cetonas
Esse é outro composto orgânico que tem um grupo funcional contendo o oxigénio. O radical
substituinte CO é conhecido como carbonila.

0
II
C.
R1 R2
Exemplo de estruturas de cetona com oxigénio ligado a dois radicais.

A nomenclatura é feita respeitando-se os seguintes critérios: a cadeia mais longa é a que contém a
carbonila, e a numeração é feita a partir da extremidade mais próxima desta. Depois, escreve-se o subs¬
tituinte em ordem alfabética seguido da terminação cetona. Também podemos usar o seguinte esquema:

Radical menor + radical maior + cetona


|
Vejamos os dois exemplos abaixo.
• Considerando os radicais:
Dimetil cetona Etil-metil cetona Etil-propil cetona
CH — CH — C — CH — CH CH — CH — C — CH CH — CH — C — CH - CH - CH
II II II
0 0 o
Exemplo de nomenclaturas de cetonas considerando os radicais.

• Considerando a regra da IUPAC:


3-butanona 2-butanona 3-hexanona
1 2 3 4 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6

ch3-ch2 c-ch2-ch3 ch3-ch2-c-ch3 —
ch3 ch2 — c - —
ch2 ch2 - CH

O 0 0
Exemplo de nomenclaturas de cetonas considerando a regra da IUPAC.

Nomeie os compostos a seguir:


a.
-
ch3 ch2 - c - - -
ch2 ch2 ch3

Outras Funções Orgânicas e Seus Radicais


b.
CH — C — CH — C — CH
II II
0 0

ch2 —ch2

e.
CH —CH -CH — C — CH
II
0

0 CH.
II I
ch3-c-ch-ch-ch
ch3

As cetonas têm uma utilidade muito prática como solvente. Durante muito tempo, foram uti¬
lizadas puras para retirar esmalte das unhas, porém, atualmente, utiliza-se uma solução contendo,
em média, 50% de acetona e 50% de outros compostos, como o etanol.
Nem todas as cetonas são tóxicas: a butanodiona, por exemplo, é utilizada para dar aromas em
alimentos, como é o caso da pipoca de micro-ondas.

Outras Funções Orgânicas e Seus Radicais


Ácidos Carboxílicos
Assim como nas funções inorgânicas, os compostos orgânicos apre¬
sentam uma função denominada ácido: são os ácidos carboxílicos. Esses
compostos apresentam uma função COOH denominada de carboxila.

COOH

Exemplo de estrutura de um ácido carboxílico.

Os ácidos carboxílicos podem também ser representados apenas


adicionando-se COOH após a cadeia de hidrocarbonetos.

Ácido acético Ácido fórmico Ácido butírico

ch3-cooh h-cooh ch3-ch2-ch2-cooh


Exemplos de ácidos carboxílicos.

Uma das características principais é que o grupo carboxila deve


sempre estar em uma das extremidades da cadeia carbónica.

H—£
^0 Ácido metanoico
^OH

^0
CH — CH — C Ácido etanoico
^OH

I
CH — CH 2
— CH — C Ácido-2-metil-butanoico
^OH
Exemplos em que o grupo carboxila está na extremidade da cadeia.

Quanto à nomenclatura, adiciona-se a palavra ácido, seguida do


nome do hidrocarboneto e a terminação oico.

Ácido + nome da cadeia + oico

Outras Funções Orgânicas e Seus Radicais


A numeração é feita partindo-se do carbono do grupo carboxilato
e, caso haja ramificações, devem ser colocadas em ordem alfabética.

OH
I
ch3-ch2 — ch-c = o Ácido 2-metil butanoico

ch3
OH
I
ch3-ch-ch2-c = o Ácido 3-metil butanoico

ch3
OH
I
CH3 — CH — CH2 — CH — C = O Ácido 2-etil-4-metil propanoico
I I
CH, ÇH2
CH,
Exemplos de nomenclaturas de ácidos carboxílicos.

Análise

Nomeie os compostos abaixo:


a.
- - -
CH3 CH2 CH2 CH2 - COOH

COOH - CH2 - CH2 - COOH

ÇH,
ch3-c-ch2-cooh
ch3

-
ch3 ch2 — CH - —
ch2 ch2 ch3
-

COOH

Outras Funções Orgânicas e Seus Radicais


A aplicação dos ácidos carboxílicos é muito vasta. O ácido metanoico, por exemplo, é utilizado
na conservação industrial de alimentos ou na higienização de tanques de vinhos. Porém, o ácido
mais próximo do nosso dia a dia é o etanoico. Conhecido também como ácido acético, o vinagre que
utilizamos para temperar saladas e outros alimentos é um ácido carboxílico. A manteiga contém o
ácido butanodioico que lhe fornece o seu aroma característico. Alguns ácidos carboxílicos apresen¬
tam propriedades cosméticas, como o ácido retinoico.

Aminas
Agora, veremos um grupo funcional orgânico que recebe um novo átomo em sua estrutura, o
nitrogénio (N). A primeira característica evidente desse grupo é que ele apresenta três classificações
diferentes. Pode ser classificado como amina primária, quando existe apenas um agrupamento de
hidrocarbonetos ligado a ele; amina secundária, quando verificamos dois agrupamentos; e amina
terciária, quando observamos três agrupamentos. Observe os exemplos abaixo:
Metilamina Dimetilamina Trietilamina
amina primária amina secundária amina terciária

ch3^ ch3^

ch3 nh2
CH3^
NH
ch/
N — CH3
Exemplos de aminas.

A nomenclatura é muito simples: utiliza-se apenas a terminação amina após a cadeia de


hidrocarbonetos.

ch3-nh2 ch3-ch-nh2
IH’
ch3-n-ch3
Metilamina. Butilamina. Trimetilamina.

Análise

Nomeie os compostos a seguir:

ch3-ch2-n-ch-ch3

Outras Funções Orgânicas e Seus Radicais


— —
ch3-ch ch2 nh2
ch3

=
ch3-nh-ch ch2

ch3-nh-ch-ch3
ch3

-
ch3 ch2 - ch - ch2 - COOH

nh2

ch3 nh2
ch3-ch-ch-ch2-ch3

As aminas têm uma larga aplicação em corantes devido a algumas


propriedades que permitem o realce das cores. Além disso, temos contato
diariamente com a cafeína, que é uma amina presente no café, chás e
refrigerantes.
De um modo geral, as aminas promovem alterações no sistema
nervoso, provocando uma sensação de euforia e diminuição do apetite.
Algumas refletem mais essa propriedade, como a anfetamina, que é uma
droga com consumo restrito e controlado. Outras, devido a essas proprie¬
dades, podem se tornar drogas perigosas que, além do estado de euforia,
levam à dependência e à depressão. E o caso da cocaína, droga ilícita,
cujo consumo causa a degradação física e social.
Outra curiosidade em relação às aminas é o característico odor de
peixe podre que encontramos algumas vezes em mercados de peixes, ou à
beira-mar: esse cheiro se deve à grande volatilidade da trimetilamina que
é um produto da decomposição de plantas e animais.

Outras Funções Orgânicas e Seus



Radicais\^P/
Amidas Análise
Nem todos os compostos que apresentam
o nitrogénio podem ser considerados como ami- Nomeie os compostos:
nas. Outro grupo importante são as amidas que
a.
recebem o seguinte radical:

b.
Abreviadamente, pode também ser defi¬
nido como -CONH2. ^0
CH3-C XNH —
CH3

ch3-c CH — CH — C c.
^nh2
Exemplo de amidas. NH
^C-C^
^NH

Os nomes das amidas são semelhantes aos


dos ácidos carboxílicos, substituindo-se o oico da d.
nomenclatura oficial por amida, e retirando-se a ^0
palavra ácido. ch3-c ^NH — C ^0
2-metil-propanamida
^ch3
Etanamida

^0
CH-C CH — CH — C 2) Desenhe a fórmula estrutural dos seguin¬
^nh2 ^nh2 tes compostos:
Exemplo de nomenclaturas de amidas. a. 2-buteno.

A principal aplicação das amidas é na


síntese de vários medicamentos, sendo também
constituintes de alguns tipos de polímeros como
o náilon.
3-metil-2-penteno.

Outras Funções Orgânicas e Seus Radicais


c. 3,4,4-trimetil-octadieno-2,7. g. Ácido 3,4,5-trimetil-4-etil-hexanoico.

d. Ciclo-octeno. h. Ácido fenil metanoico.

e. Di-hidroxi-benzeno. Ciclopentanona.

f. 2,3-dimetil-4-etil-decanotriol-2,3,4. Ciclo-octanona.

Seção de Sistematização
Chegamos ao final de mais uma unidade de química. Nela, aprendemos um
pouco mais sobre a química orgânica, descobrindo que todos os compostos orgânicos
estudados têm muitas aplicações no nosso dia a dia, como os álcoois, classe em que
estão inclusos o etanol, combustível para nossos carros; e o glicerol, que é utilizado
em diversos produtos alimentícios como umectante, solvente e amaciante. Vimos que
outros álcoois famosos são as cetonas, representadas pela propanona (acetona) pre¬
sente nos removedores de esmalte. Na próxima unidade, veremos como a química
orgânica pode ser utilizada para conhecermos a maior fonte atual de energia utilizada
pelo homem: o petróleo.
Unidade í
>•••••••••••••••••••••••••••• ••••••

A Química do Petróleo
A importância do petróleo para nossa sociedade é notória: além de colaborar com o pro¬
gresso da humanidade, com o aprimoramento dos automóveis, com a implementação
de novos produtos, com a melhoria nas telecomunicações e nos medicamentos, vem
sendo ponto de discórdia entre alguns países, promovendo guerras e conflitos pelo seu domínio.
Essa polêmica fonte de energia que tende a se esgotar um dia pode ter seu processo de bene-
ficiamento, desde a extração até a confecção de vários produtos utilizados cotidianamente, descritos
por processos químicos.
Você conhece as diversas aplicações do petróleo?

Abr
/

Petrobas
Divulgação
Capítulo 1

0 Petróleo, Fonte de Energia


A dependência do homem por petróleo vem de muito tempo. Relatos a respeito da utilização do
petróleo datam de antes de Cristo. Na Bíblia, podemos encontrar descrições da utilização do petróleo na
Torre de Babel e na Arca de Noé, para impermeabilização. Porém, foi apenas no século XIX, nos EUA,
que o petróleo teve seu marco na indústria moderna. Isso se deu graças à iniciativa do americano Edwin
L. Drake, que encontrou petróleo na Pensilvânia, depois de várias tentativas. Atualmente, é a fonte
de energia mais utilizada no mundo, porém, por não ser renovável, está cada vez mais escassa. Com o
aumento do número de veículos, há um aumento proporcional no consumo do petróleo. Entretanto,
várias alternativas vêm sendo utilizadas para a substituição da gasolina.

Será que essas alternativas resolverão o problema da escassez de petróleo?

A resposta é não. Isso porque o petróleo não é apenas utilizado para a fabricação da gasolina.
Se, primeiramente, o petróleo foi utilizado pelos nossos ancestrais como combustível para lamparinas
e para impermeabilização de barcos e outros artefatos, atualmente sua aplicação é muito vasta. Ele
está presente em plásticos, pneus, solventes, corantes, medicamentos e, até mesmo, em alimentos.
Com o aumento da população no mundo e, consequentemente o aumento do consumo, um dia
o petróleo irá acabar.
O petróleo é formado durante milha¬
res de anos pela degradação de restos de
animais e vegetais soterrados e encontra-se,
geralmente, sob grandes camadas de rocha,
sendo necessário um potente aparato tecno¬
lógico para localizá-lo e retirá-lo. Todo esse
processo envolve vários profissionais das mais
variadas áreas, como geólogos, geógrafos e
engenheiros.
Para que o petróleo seja extraído, o
primeiro passo é localizá-lo, verificando-se
inicialmente o terreno e a probabilidade de
ocorrência de bacias petrolíferas. Esse estudo
é realizado por meio de análises da região
por fotos retiradas por satélites e aviões de
sondagem. Satélites são utilizados para localizar possíveis bacias petrolíferas.

0 Petróleo, Fonte de Energia


Após verificar a possibilidade de uma nova jazida, outros profissionais começam o trabalho
de exploração do petróleo. Essa etapa pode ocorrer tanto em plataformas continentais como em
marítimas.
Há muitas bacias petrolíferas no Brasil: a Bacia Petrolífera da região de Santos, em São
Paulo; a extensa bacia de Campos, que se estende do litoral do Espírito Santo até o do Rio de
Janeiro; e outras tão importantes quanto às citadas e que têm em comum o fato de se localizarem
na camada pré-sal.
O
Saiba Mais sobre o Pré-Sal
Por Wagner de Cerqueira e Francisco, graduado em Geografia.

Pré-sal é o nome dado às reservas de hidrocarbonetos em rochas calcárias que se


localizam abaixo de camadas de sal. É o óleo (petróleo) descoberto em camadas de 5 a
7 mil metros de profundidade abaixo do nível do mar. É uma camada de aproximada-
mente 800 quilómetros de extensão por 200 quilómetros de largura, que vai do litoral de
Santa Catarina ao do Espírito Santo. A discussão sobre a existência de uma reserva petro¬
lífera na camada pré-sal ocorre desde a década de 1970, quando geólogos da Petrobras
acreditavam nesse fato, porém, não possuíam tecnologia suficiente para a realização de
pesquisas mais avançadas.
Para extrair o óleo e o gás da camada pré-sal, é necessário ultrapassar uma lâmina
d'água de mais de 2 000 m, uma camada de 1000 m de sedimentos e outra de aproximada-
mente 2 000 m de sal. É um processo complexo e que demanda tempo e dinheiro.
O petróleo encontrado nesta área engloba três bacias sedimentares (Santos, Campos e
Espírito Santo), a capacidade estimulada da reserva pode proporcionar ao Brasil a condição ;
de exportador de petróleo. Confirmada a hipótese, o governo brasileiro analisará a possibili- I
dade de solicitar a adesão do país à OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). •
Vários campos e poços de petróleo e gás natural já foram descobertos na camada pré- ;
-sal, entre eles estão o Tupi, Guará, Bem-te-vi, Carioca, Júpiter e Iara. Tupi é o principal campo ’
de petróleo descoberto, tem uma reserva estimada pela Petrobras entre 5 e 8 bilhões de •
barris de petróleo. •
Fonte: Adaptado de: <http://www.brasilescola.com/brasil/presal.htm>.

Pesquisa

Pesquise os benefícios e os problemas que a extração do petróleo na camada do pré-sal


poderá trazer ao país. Debata o resultado da sua pesquisa com os colegas em sala de aula.

A descoberta das bacias petrolíferas do pré-sal faz com que o Brasil seja visto como uma
grande potência em um futuro breve, devido aos recursos financeiros trazidos com a exploração.
Além disso, esse processo gera um avanço em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias
no país.
O Brasil, atualmente, é um dos países que mais têm avançado no desenvolvimento tecnoló¬
gico para extração de petróleo no mundo, sendo uma referência em pesquisa e desenvolvimento
nessa área.

O Petróleo, Fonte de Energia


Extração e Beneficiamento
do Petróleo
O petróleo encontra-se geralmente em grandes profundi¬
dades, impregnado em rochas sedimentares e porosas, como o
arenito. Isso porque ele se infiltra tomando todo o espaço até que
encontre rochas impermeáveis que não permitam sua passagem.
Desse modo, formam-se as bacias petrolíferas.
O petróleo é extraído do arenito por sondas que perfuram as
rochas e o bombeiam para a superfície.
Após o processo de extração, é transportado para o local
onde será processado: as refinarias.

Arenito.

Métodos de Separação
Antes de entrar no processo de refinamento, o petróleo passa por dois processos físicos de
separação. O primeiro é a decantação, seguido da filtração.
Quando é retirado do poço, ele vem em uma mistura contendo água salgada, areia e petróleo.
Essas duas impurezas podem ser separadas por processos físicos.

Decantação
É um processo que permite separar misturas
heterogéneas. Esse processo pode ser utilizado em
várias misturas, sólido-líquido (areia/água), sólido-gás
(poeira/gás), líquido-líquido (água/óleo) e líquido-gás
(vapor-d’água/ar).
Ele se baseia principalmente na diferença de den¬
sidade entre os componentes da mistura.
Quanto ao número de componentes, pode ser
bifásico ou trifásico, mas é comumente utilizado em pro¬
cessos bifásicos, como é o caso do petróleo.
Em laboratório, esse processo pode ser realizado
por meio de um funil de separação, em que, após um
período de repouso, o líquido mais denso fica embaixo e
pode ser retirado por uma válvula extratora.
Depois de o petróleo ser separado da água, res¬
tam, ainda, areia residual e argila, que são extraídas
juntamente. O processo pelo qual é possível separar Processo de decantação em laboratório.
esses materiais chama-se filtração.

0 Petróleo, Fonte de Energia


2) É possível separar a mistura heterogénea
Filtração sal + areia? Qual e como seria o processo
É o processo utilizado para separar mis¬ de separação?
turas sólidas de misturas líquidas ou de fluídos.
A mistura é colocada em um meio permeável
que permite a passagem apenas do componente
líquido.

Destilação
É o processo pelo qual duas misturas líqui¬
das homogéneas são separadas. Esse fenômeno
só é possível devido à diferença dos pontos de
ebulição existente entre elas.
Esse processo é muito utilizado não apenas
para o refinamento do petróleo como também
para a produção de bebidas alcoólicas.
Em laboratórios o processo é feito da
seguinte maneira: a solução é colocada em um
Processo de filtração em laboratório.
balão de fundo redondo com uma saída lateral
e com fundo chato. Na parte superior, coloca-se
uma rolha com um termómetro. A saída lateral
é acoplada em um tubo de vidro com o interior
adaptado para a passagem de água fria. Água
Análise gelada deve passar por dentro desse equipa¬
mento chamado de condensador.
Quando a mistura é aquecida, a substância
1) (UFES) Na perfuração de uma jazida com maior ponto de ebulição evapora primeiro.
petrolífera, a pressão dos gases faz com Esta, ao entrar em contato com o condensador,
que o petróleo jorre para fora. Ao redu¬ resfria, condensando-se e é recolhida novamente
zir-se a pressão, o petróleo bruto para de sem os demais constituintes da mistura.
jorrar e tem de ser bombeado. Devido às
impurezas que o petróleo bruto contém,
ele é submetido a dois processos mecâ¬
nicos de purificação antes do refino:
separá-lo da água salgada e separá-lo de
impurezas sólidas, como areia e argila.
Esses processos mecânicos de purifica¬
ção são, respectivamente:
a. decantação e filtração;
decantação e destilação fracionada;
c. filtração e destilação fracionada;
d. filtração e decantação;
e. destilação fracionada e decantação. Sistema de destilação.

O Petróleo, Fonte de Energia


Nas refinarias, o petróleo passará por um processo como o descrito anteriormente, conhecido
como destilação fracionada. Na destilação fracionada, os componentes do petróleo são separados
de acordo com o seu ponto de ebulição. Como os componentes têm pontos de ebulição diferentes,
podemos separá-los em uma torre de fracionamento.
O petróleo entra em uma fornalha e é aquecido a cerca de 400 °C, migrando em seguida para
a torre de destilação.
Os componentes conhecidos como mais leves, com ponto de ebulição mais baixo, saem pri¬
meiro da torre e são retirados. Esses primeiros compostos são gases, como o gás natural, o metano, e
o GLP. Na sequência, saem os componentes mais pesados, como éter e gasolina. O processo finaliza
com a saída de óleos mais pesados, parafina e, por fim, o resíduo do petróleo que é o asfalto.

Vejamos abaixo alguns constituintes do petróleo com seus pontos de ebulição e o número de
carbonos da cadeia:
Tabela 1- Exemplos de constituintes do petróleo com seus pontos de ebulição e o número de carbonos da cadeia

Composto Carbonos Ponto de Ebulição (°C)


Gás natural la2 -162 a -75
GLP 3a4 -42 a 20
Éter de petróleo 5a6 20 a 60
Benzina 7a8 60 a 90
Gasolina 6 a 12 40 a 200
Óleo diesel 15 a 18 250 a 300
Óleo lubrificante 16 a 20 300 a 400
Parafina Acima de 30 470 a 650
Asfalto Resíduo de fracionamento -

Podemos reparar que, quanto maior o número de carbonos, maior o ponto de ebulição dos
compostos. Isso ocorre pelo fato de termos mais interações químicas, devido ao grande número de
ligações, as quais, para serem rompidas, precisam de maior energia.

O Petróleo, Fonte de Energia


Capítulo 2

Composição
Quanto à composição, podemos dizer que o petróleo é constituído por uma mistura complexa
de hidrocarbonetos, podendo apresentar a seguinte divisão:
• Base parafínica - É constituída essencialmente de hidrocarbonetos (aproximadamente
90% de alcanos), ou seja, carbono e hidrogénio.

Tabela 1, 2 e 3 - Base parafínica do petróleo

Parafinas
Metano Etano Propano Butano Pentano
H H H H H H H H H H H H H H H
l I I l l l 1 1 1 1 1 1 1 1 1
H-C-H
1
H-C-C-H
1 1
H-C-C-C-H
1 1 1
H-C-C-C-C-H
1 1 1 1
H — C1 — C1 — C1 — C1 — C1 — H
H H H H H H H H H H H H H H H

Isoparafinas
Isobutano Isopentano Neopentano Iso-octano
CH5 H CH_H H
ÇH3 1 1 1
5
1
CH — C — CH
1
CH — C — C — CH
1 1
CH—
5
C

— CH, 3
CH,5 — C — C — C — CH,
1 1 1
5

H H H ch3 ch3h ch3


Olefinas
Etileno Propileno Butileno Isoamileno 1,3-butadieno
H H
=
ch2 ch2 =
ch3-ch ch2 =
ch3-ch ch-ch3 1 1
=
ch3-ch-ch ch2 CH =C-C = CH

• Base naftênica - É constituída principalmente de hidrocarbonetos, na sua maioria alcanos


apenas com duplas ligações, e ciclanos. Representa cerca de 20% do petróleo.
• Base aromática - Constituída, além de alcanos, com 25% a 30% de compostos aromáticos.

• Base asfáltica - Hidrocarboneto de massa molar elevada, geralmente residual após a


destilação.

Base asfáltica utilizada na pavimentação de ruas e estradas.

Outros compostos são encontrados no petróleo, como enxofre, oxigénio e nitrogénio, depen¬
dendo da espécie e região de onde o petróleo é extraído.
Podemos ter uma ideia da composição final do petróleo, observando a porcentagem de cada
um dos produtos obtidos após o refino. Conforme a tabela a seguir:
Tabela 6 - Proporção dos produtos obtidos após o refino do petróleo
Derivados Porcentagem (%)
GLP 7,7
Gasolina 16,1
Nafta e solventes 11,2
Querosene 4,7
Óleo diesel 34,1
Derivados diversos 6,7
Óleos lubrificantes e parafinas 1,2
Óleos combustíveis 16,5
Asfaltos 1,8


Composição
Podemos perceber que a quantidade de gasolina é menor que a de óleo diesel. Para aumentar
a quantidade de gasolina no processo, é feita a reação de craqueamento.

500 °C
Alcanos menores
Alcanos de cadeia longa M2
Alcenos menores
Catalisadores
Craqueamento de alcano de cadeia longa.

O craqueamento é a quebra de grandes cadeias de hidrocarbonetos em cadeias menores, por


meio de alta temperatura e catalisadores, que são substâncias que aceleram a velocidade das reações.
No caso, o óleo diesel é elevado a uma temperatura de 500 °C na presença de catalisadores e o resul¬
tado é que há um aumento do rendimento na produção de gasolina.

Óleo diesel Craqueamento 6aso||na Alqueno


CA» 4C2H4
Craqueamento do óleo diesel.

Não basta termos gasolina no tanque do automóvel, temos que ter uma gasolina de qualidade.
A qualidade da gasolina está diretamente ligada a um fator que você já deve ter ouvido falar: a octa-
nagem da gasolina. Embora a octanagem não esteja diretamente ligada à qualidade do combustível,
ela está ligada à eficiência do motor.
A octanagem é a resistência que um combustível apresenta à ignição instantânea. Os com¬
bustíveis de baixa octanagem entram em combustão espontaneamente somente com a pressão, sem
qualquer processo de ignição.
Os combustíveis de alta octanagem, no entanto, resistem bem à pressão, entrando em ignição
apenas com a faísca originada pela vela do motor.
A resistência à combustão é alcançada com uma mistura de iso-octano e n-heptano, cerca de
87% de iso-octano e 13% de n-heptano.
Pode-se genericamente considerar que, quanto maior o número de ramificações, maior a octa¬
nagem do combustível.

Heptano
- - - - - -
ch3 ch2 ch2 ch2 ch2 ch2 ch3
Iso-octano
CH CH,
I I
ch3-c-ch2-ch-ch3
ch3
Cadeia carbónica do heptano e do iso-octano.

Observe, nas estruturas acima, que o iso-octano é muito mais ramificado, permitindo assim
maior resistência à compressão.

Ár ——
Composição
Uma das maneiras de se obter uma maior octanagem do com¬
bustível, é a utilização de componentes contendo chumbo (Pb), como
é o caso do tetraetil chumbo - Pb(C2H5)4 - e do tetrametil chumbo -
Pb(CH3)4 -, adicionados em quantidades de 0,08 mL a 0,09 mL por litro
de combustível.

-
CH3 CH2 - Pb - -
CH2 CH3

ch3
Cadeia do tetraetil chumbo.

Entretanto, no Brasil, devido à alta toxicidade e ao impacto cau¬


sado ao meio ambiente, esses compostos não podem ser adicionados aos
combustíveis.
A substituição dos compostos à base de chumbo é feita com a adi¬
ção de etanol ao nosso combustível com um teor que varia de 20 a 25%,
dependendo da regulamentação do Ministério de Minas e Energia.
H H
I I
H-C-C-O-H
I I
H H
Estrutura do etanol.

Produtos do Petróleo
Muitos dos derivados do petróleo fazem parte do nosso dia a dia:
na forma de plásticos, borracha, tecidos, corantes, medicamentos, alimen¬
tos, óleos e, até mesmo, o asfalto.

Alguns derivados do petróleo.

Composição
Embora, possamos encontrar o petróleo de várias formas e com várias utilidades, seus consti¬
tuintes mais importantes são aqueles utilizados como combustíveis. Entre eles, podemos citar o gás
natural, o gás de cozinha e a gasolina.
O gás de cozinha, ou Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), é uma mistura de dois gases consti¬
tuintes do petróleo, o propano e o butano, e serve para cozinhar e aquecer ambientes. Geralmente,
é comercializado na forma líquida, sob pressão.
O gás natural, o constituinte mais leve do petróleo, pode ser utilizado como combustível, subs¬
tituindo a gasolina ou o álcool. É possível obtê-lo também por meio da degradação do lixo orgânico.
A grande vantagem é que, além de ser mais barato que a gasolina, é considerado menos tóxico.
O Brasil possui uma das maiores reservas naturais deste gás. Porém, essas reservas encontram-se em
estudo para tornar a exploração viável. Para suprir as necessidades do país até que a exploração seja
suficiente, o Brasil importa parte do que utiliza da Bolívia, por meio do gasoduto Bolívia-Brasil, que
percorre cerca de 2 593 km em nosso país.
A gasolina, no entanto, ainda é o combustível mais utilizado em nosso país, embora seu poten¬
cial poluidor seja muito grande.

O :
Para saber mais sobre as reservas de gás do Brasil, acesse:
<http://oglobo.globo.com/economia/um-brasil-cheio-de-gas-4766632>.
>

0 Petróleo e o Meio Ambiente


Um dos maiores temores em relação ao petróleo não é unicamente a possibilidade de esgota¬
mento desta fonte não renovável, mas o impacto ambiental causado durante sua extração e a grande
quantidade de resíduos formados pelos seus derivados.
Inicialmente, durante o processo de implantação de
uma plataforma, podemos criar vários impactos ambientais
referentes à fauna e à flora daquele local. As plataformas, com
suas toneladas de ferro, são construídas em um ambiente em
que peixes e plantas vivem em equilíbrio há anos. Além disso,
há sempre o risco de vazamentos de petróleo, que é tóxico para
os animais marinhos e para as aves migratórias, além de preju¬
dicar indiretamente a população que vive no litoral das áreas
atingidas. Por isso, as ciências que estudam o meio ambiente
devem trabalhar nessas implantações, tentando minimizar ao
máximo os impactos ambientais causados.
Em 2010, houve um grande acidente com uma plata¬
forma no litoral dos Estados Unidos que atingiu uma extensa
área do Golfo do México. Quase um milhão de litros de petró¬
leo foram derramados por dia durante meses. Os impactos
causados por um acidente como esse são praticamente irreme¬
diáveis, por isso, vários profissionais e tecnologia de ponta são
utilizados nesses locais no intuito de diminuir o risco desses
acidentes. Vazamento de óleo de uma plataforma petrolífera.

I
Composição
Há ainda outros problemas ambientais causados pelo petróleo. Grande parte de seus deriva¬
dos, como os plásticos, demora muitos anos para se degradar, ou seja, para se incorporar novamente
ao ecossistema. Esses resíduos têm gerado grande impacto ambiental, como o entupimento de redes
fluviais e de esgoto, causando inundações. Porém, o pior impacto é que a maioria desses plásticos
acaba chegando ao oceano e provoca a morte de baleias, tartarugas e outras espécies marinhas.
Para agravar a situação, a quantidade de plásticos utilizados é proporcional ao aumento da
população, tornando a tarefa de pesquisadores e ambientalistas cada vez mais difícil.

Praia poluída com resíduos plásticos.

A responsabilidade de cuidar do meio ambiente não é apenas de cientistas, técnicos ou ambien¬


talistas. Cabe principalmente a cada um de nós a preservação do planeta em que vivemos.
Devido ao aumento da população, fica cada vez mais difícil vivermos sem algumas facilidades
que nos cercam. Porém, o aumento do consumo de produtos industrializados causa uma enorme
formação de resíduos. O uso consciente de alguns produtos, como sacolas plásticas ou embalagens,
pode levar a uma diminuição considerável desses resíduos.
A separação do lixo para sua destinação à reciclagem deve ser implementada em todas as
residências e a educação ambiental deve ocorrer em cada família como forma de ajudar a preservar
nosso planeta.

Latas de alumínio preparadas para reciclagem.

Composição
4) De que maneira é feito o processo de
extração do petróleo?

Pesquise quais são as possíveis ações


para a diminuição de resíduos oriundos
do petróleo. Discuta também como o
petróleo in natura (em estado natural,
sem processamento industrial) pode
prejudicar o meio ambiente.

Análise
5) Explique como é feita a separação dos cons¬
1) Como podemos definir compostos org⬠tituintes do petróleo em uma refinaria.
nicos, e qual seu principal constituinte?

6) Por que os constituintes mais leves do


2) Por que o petróleo pode ser considerado petróleo saem primeiro da torre de
uma substância orgânica? fracionamento?

3) Qual a diferença entre o gás de cozinha e


o gás natural?
7) O que é impacto ambiental?

Composição
8) Que tipos de impactos ambientais podem ser causados pelo petróleo?

9) O que podemos fazer para diminuir os impactos ambientais causados pelos produtos origi¬
nados do petróleo?

Seção de Sistematização
••••••••••••••••••••••••••••
Chegamos ao final deste livro. Nesta última unidade, conhecemos a química do
petróleo, nossa principal fonte energética. Vimos como se dá o processo de separação
dos diversos subprodutos do petróleo e também estudamos sua composição. Além
disso, aprendemos que a octanagem é o índice de resistência à detonação dos combustí¬
veis e que, quanto maior, mais eficientes são. E, por último, mas não menos importante,
conhecemos os impactos causados ao meio ambiente pelo consumo indiscriminado de
produtos derivados do petróleo e, também, pelos acidentes com derramamento de óleo.
Esperamos que esses conhecimentos sejam úteis para a carreira que você deseja
seguir e que, com eles, seja um profissional mais consciente.
Referências Bibliográficas
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Bookman, 2006.

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EBBING, D. D. Química geral. São Paulo: LTC, 1999. v. 1.

KOTZ, J. C.; TREICHEL, P. Química e reações químicas. São Paulo: LTC, 1998. v. 2.

RUSSELL, J. B. Química geral. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994. v. 2.

SANTANA, R. G. Metrologia. Curitiba: Editora do Livro Técnico, 2012.


SOLOMONS, T. W. G.; FRYHLE, C. B. Química orgânica. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001. v. 2.
Grupo T N» Massa
atómico atómica
1 18

-> Período 1 1.00797 Símbolo 2 4.0026

1 H 2 13 14 15 16 17 He

n
Hidrogénio Nome Hélio

H
3 6.941 4 9.01218 10 20.180

2 Li Be Ne
Lítio Berílio Neônio
11 22.98977 12 24.305 18 39.948

3 Na Mg 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Ar
Sódio Magnésio Argônio
19 39.098 20 40.078 21 44.9559 22 47.867 23 50.942 24 51.996 25 54.938 26 55.845 27 58.933 28 58.693 29 63.546 30 65.409 31 69.723 32 72.64 33 74.922 34 78.96 35 79.904 36 83.798

4 K Ca Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn Ga Ge As Se Br Kr
Potássio Cálcio Escândio Titânio Vanádio Crômo Manganês Ferro Cobalto Níquel Cobre Zinco Gálio Germânio Arsénio Selênio Bromo Criptônio
37 85.467 38 87.62 39 88.9059 40 91.224 41 92.906 95.94 43 (98) 101.07 102.906 46 106.42 47 107.8 68 48 112.411 49 114.818 50 118.710 51 121.760 52 127.60 53 126.904 54 131293

5 Rb Sr Y Zr Nb Mo Tc Ru Rh Pd Ag Cd In Sn Sb Te I Xe
Rubídio Estrôncio ítrio Zircônio Nióbio Molibdénio Tecnécio Ruténio Ródio Paládio Prata Cádmio índio Estanho Antimônio Telúrio lodo Xenônio
55 132.90547 56 137.327 57-71 72 178.49 73 180.947 74 183.84 186.207 76 190.23 77 192.217 195.084 196.967 80 200.59 81 204383 82 207.2 83 208.980 84 (209)* 85 (210)* 86 (222)*

6 Cs Ba Hf Ta w Re Os Ir Pt Au Hg TI Pb Bi Po At Rn
Césio Bário Lantanideos Háfnio Tântalo Tungsténio Rênio Ósmio Irídio Platina Ouro Mercúrio Tálio Chumbo Bismuto Polónio Astato Radônio
87 (223)* 88 (226)* 89-103 104 (261)* 105 (262)* 106 (266)* 107 (264)* 108 (277)* 109 (268)* 110 (281)* 1 11 (272)* 112 (285)* 114 (289) 115 (288)* 116 (292) 117 (294)* 118 (294)*

7 Fr Ra Rf Db Sg Bh Hs Mt Ds Rg Cn Uut Fl Uup Lv Uus Uuo


Frâncio Rádio Actinídeos Rutherfórdio Dúbnio Seabórgio Bóhrío Hássio Meitnério Darmstádio Roentgênio Copernício Unúntrio Fleróvio Ununpêntio Livermório Ununséptio Ununóctio

57 138.905 58 140.116 59 140.908 60 144.242 61 (145) 62 150.36 63 151.964 64 157.25 65 158.925 66 162.500 67 164.930 68 167.259 69 168.934 70 173.04 71 174.967

Série dos Lantanideos-» La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu


Lantânio Cério Praseodímio Neodímio Promécio Samário Európio Gadolíneo Térbio Disprósio Hólmio Érbio Túlio Itérbio Lutécio
89 (227)* 90 232.038 91 231.036 92 238.029 93 (237)* 94 (244)* 95 (243)* 96 (247)* 97 (247)* 98 (251)* 99 (252)* 100 (257)* 101 (258)* 102 (259)* 103 (262)*

Série dos Actinídeos -» Ac


Actínio
Th
Tório
Pa
Protactínio
u
Urânio
Np
Neptúnio
Pu
Plutónio
Am
Amerício
Cm
Cúrio
Bk
Berquélio
Cf
Californio
Es
Einstênio
Fm
Férnio
Md
Mendelévio
No
Nobélio
Lr
Laurêncio

<9 (227)

Mt Propriedades Químicas Be La Ac Actinídeos Sc Metais deTransição


Metais Alcalinos Metais Alcalinoterrosos Lantanideos
Meitnérto Desconhecidas Berílio Lantanideos Actinídeos

1 26.982

AI Metais Representativos B Semi Metais H Não Metais F Halogênios He Gases Nobres


Alumínio Boro Hidrogénio Hélio

* Valor referente ao isótopo mais estável

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