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Governo do Estado do Rio de Janeiro

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Texto e conteúdo

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Jeniffer Ribeiro da Cruz


C.E. Brigadeiro Schorcht

Pedro Paulo de Abreu Manso


C.E. Pastor Miranda Pinto

Simone Gonçalves Amorim


C.E. Professora Luiza Marinho

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Capa
Luciano Cunha

Revisão de texto

Prof ª Andreia Cristina Jacurú Belletti

Prof ª Andreza Amorim de Oliveira Pacheco.

Prof ª Cristiane Póvoa Lessa

Prof ª Cristiane Ramos da Costa

Prof ª Deolinda da Paz Gadelha

Prof ª Elizabete Costa Malheiros

Prof ª Karla Menezes Lopes Niels

Prof ª Kassia Fernandes da Cunha

Prof Marcos Giacometti

Prof Mário Matias de Andrade Júnior

Prof Paulo Roberto Ferrari Freitas

Profª Regina Simões Alves

Prof Thiago Serpa Gomes da Rocha

Esse documento é uma curadoria de materiais que estão disponíveis na internet, somados à experiência
autoral dos professores, sob a intenção de sistematizar conteúdos na forma de uma orientação de estudos .

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Biologia – Orientação de Estudos

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 5

Aula 1- Biologia: a ciência que estuda a vida 6

Aula 2 - Características gerais dos seres vivos 7

Aula 3 - Origem da vida 11

Aula 4 - Reinos da vida 18

Aula 5 - Exercícios de fixação 19

RESUMO 20

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS 21

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DISCIPLINA: Biologia.

ORIENTAÇÕES DE ESTUDOS PARA BIOLOGIA


1º Bimestre de 2020 – EJA II

META:

Reconhecer a vida como objeto de estudo da biologia, identificando seus processos e


origem.

OBJETIVOS:

Ao final destas Orientações de Estudos, você deverá ser capaz de:

● Reconhecer a Biologia como ciência;


● Identificar as propriedades básicas da vida;
● Reconhecer a construção das teorias sobre a origem da vida;
● Reconhecer a teoria do mundo do RNA como uma proposta para
solucionar o paradoxo da origem da vida;
● Identificar as principais características que auxiliam na
classificação dos seres vivos

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INTRODUÇÃO

Olá pessoal, neste bimestre, iniciaremos o estudo da Biologia. Durante o Ensino


Fundamental, você estudou uma disciplina chamada Ciências. Nela aprendeu conceitos
básicos de Biologia, Física e Química. Agora, no Ensino Médio, essas disciplinas se
separam, ganhando cada uma sua especificidade. Como veremos, a Biologia é a ciência
que estuda a vida, buscando compreender a origem dos seres vivos, sua evolução,
fisiologia, organização e a relação desses com o meio ambiente.
Estamos vivendo um momento difícil para a humanidade, além de uma realidade
muito diferente da que vivíamos. A pandemia trouxe para o nosso dia a dia discussões
que demandam conhecimento biológico. O que é um vírus? Como a vacina previne uma
doença? Como funciona o método científico? São perguntas que a Biologia vai te ajudar
a responder.
Estudar Biologia nos permite compreender melhor o mundo em que vivemos, ter
noções de higiene e saúde, entender melhor os impactos que geramos no ambiente,
conhecer mecanismos básicos sobre nossa alimentação, exercícios, sexo, doenças,
entre outros conceitos, que nos permitem tomar decisões mais conscientes e acertadas
em nossa vida.
Então, vamos conhecer melhor a vida?

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Aula 1- Biologia: a ciência que estuda a vida

O ser humano é por natureza curioso. Estamos sempre buscando explicações e


questionando o ambiente em que vivemos. Tudo que vemos e sentimos em nossa vida é
de alguma forma processado pelo nosso cérebro que, automaticamente, gera um conceito.
O nosso conhecimento é fruto do conjunto de experiências que vivemos, e a todo tempo
buscamos explicar os fenômenos que nos cercam. Um fenômeno pode ser explicado de
várias formas. A religião, os mitos, o senso comum, o empirismo e a ciência são formas de
explicar a vida, são formas de conhecimento. Cada qual, possui suas características e
métodos. Os primeiros se baseiam nas tradições, na fé, nos dogmas. Já a ciência, se baseia
na razão e no método científico. Uma forma de conhecimento não pode ser considerada
melhor que a outra, são diferentes e devem ser empregadas em momentos diversos da
nossa vida.

Mas ... o que é ciência? Você sabe o que é uma Ciência?

Ciência é a forma de conhecimento que explica os fenômenos através da


experimentação e segue para isso, o método científico. O método científico se baseia na
observação, formulação de perguntas e hipóteses, experimentação, observação dos
resultados e conclusões.

Ao observar um fenômeno, o cientista formula perguntas sobre esse fenômeno e tenta


explicá-lo através de hipóteses. Para comprovar ou não suas hipóteses, ele realiza

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experimentos controlados e faz testes. A partir dos resultados observados , o cientista pode
chegar a conclusões. Muitas vezes, as hipóteses não se confirmam, ou os experimentos
são inconclusivos, e nesse caso é necessário formular novas hipóteses ou realizar novos
experimentos.

Assim como a Física, Química, Astronomia, Geologia, a Biologia é uma ciência e


utiliza o método científico para explicar os fenômenos do seu interesse. O nome Biologia
tem origem em duas palavras gregas: Bíos que quer dizer vida e Logos que quer dizer
estudo. A Biologia, portanto, é a ciência que estuda a vida.

Se você quiser aprender mais sobre essa ciência, veja este vídeo que mostras as
maiores descobertas da Biologia - https://youtu.be/UB6I6SBLEBc

E... o que é a vida? Será que podemos explicar o que é a vida? Certamente você tem
uma explicação, baseada na sua experiencia, na sua história, no seu cotidiano. Anote em
seu caderno sua resposta, se possível pergunte para outras pessoas, e compare com a
sua explicação.

Aula 2 - Características gerais dos seres vivos

Definir o que é a vida não é uma tarefa fácil. Você deve ter percebido em sua
pesquisa que a maioria das pessoas possuem explicações filosóficas, religiosas, muitas
vezes sentimentais do que é a vida. Mas essas não são explicações que satisfazem os
critérios do conhecimento científico. É fácil identificar que um pássaro voando está vivo, e
que uma cadeira não está viva, mas algumas vezes, essa percepção não é tão fácil assim.

Para leigos, um recife de coral pode ser confundido com rochas, embora sejam seres
vivos. Os vírus, por exemplo, são considerados vivos para alguns cientistas e não vivos
para outros, e essa questão permanece não totalmente respondida pela ciência.

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Imagem de recifes de corais. Fonte: https://pxhere.com/pt/photo/1590459

Mesmo diante dessas informações, você não pode desanimar, pois muitos cientistas
acreditam que é impossível definir claramente o que é a vida. Ernest Mayr (1904 – 2005),
um dos grandes biólogos dos nossos tempos, afirmava que não é possível definir a vida,
mas sim definir o “processo da vida”, ou seja, os atributos ou características que são
encontradas nos seres vivos e não nos objetos inanimados. A esses processos da vida,
chamamos de características gerais dos seres vivos, e nesta aula estudaremos cada uma
destas características.

Composição química

Tudo que vemos a nossa volta é formado por átomos e moléculas. Os seres vivos não
são diferentes, portanto, é possível definir qual é a composição química da vida. Embora
muitos dos elementos que formam a vida possam ser encontrados na matéria inanimada,
podemos dizer que basicamente os seres vivos possuem a mesma composição química no
nível atômico e molecular.

No nível atômico, os seres vivos são formados por Carbono, Hidrogênio, Oxigênio,
Nitrogênio, Fósforo e Enxofre. Não quer dizer que não existam outros átomos na
composição dos seres vivos, mas sim que esses são os elementos fundamentais presentes
em qualquer organismo vivo.

Esses átomos básicos se juntam a outros, formando moléculas que desempenham


funções diversas nos organismos. As principais moléculas inorgânicas que compõem a vida
são a água e os sais minerais. A água é o principal componente da vida. Cerca de 70% do
corpo dos organismos vivos é formado de água. Além dos compostos inorgânicos, a vida é

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formada por moléculas muito mais complexas, chamadas de moléculas orgânicas, que são
formadas basicamente por átomos de carbono. Carboidratos (açúcares), Lipídios (gorduras
e ceras), Proteínas, vitaminas e ácidos nucleicos são os grupos de moléculas orgânicas
que desempenham funções diversas nos seres vivos.

Organização complexa

As moléculas que formam os seres vivos se organizam de maneira complexa,


formando uma unidade funcional básica da vida que são as células. As células possuem
um envoltório membranoso, chamado de membrana celular, que envolve um conjunto de
moléculas capazes de realizar reações químicas e se autoduplicar. Algumas células são
mais simples e não possuem em seu interior estruturas membranosas. Essas são
chamadas de Procariontes, outras, chamadas Eucariontes são mais complexas, tendo
estruturas internas (organelas) que desempenham funções específicas no interior da célula,
incluindo o núcleo que guarda em seu interior o material genético (ácidos nucleicos).

Os organismos podem ser Unicelulares, formados por uma célula, ou Pluricelulares,


formados por muitas células. Em muitos organismos pluricelulares, existe divisão de
trabalho entre as células, e estas podem se organizar em tecidos e órgãos.

Reação a estímulos ambientais

Todo ser vivo reage aos estímulos ambientais buscando condições melhores para sua
sobrevivência. Quando uma hiena percebe o cheiro de uma carcaça ou um tubarão é
estimulado pelo movimento da água, ou mesmo quando uma planta se “entorta” para
alcançar um local mais ensolarado, estão reagindo aos estímulos do ambiente. Essa
reação, em geral, se converte em um movimento em busca de alimento, de algum recurso
natural, ou mesmo a fuga de um perigo.

Nutrição e metabolismo

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Os seres vivos precisam absorver moléculas e energia do ambiente através da nutrição. Essas
moléculas, chamadas de nutrientes, podem ser plásticos, quando fornecem ao organismo
elementos para construção de seu corpo, ou energéticos quando são fontes de energia química
para o organismo. Alguns seres vivos, chamados autótrofos, conseguem absorver a energia do
ambiente e transformá-la em energia química, alimento para manutenção de sua vida. Outros
seres vivos, heterótrofos, absorvem essa energia em sua alimentação, consumindo outros
seres vivos.

Uma vez no interior do organismo, as moléculas absorvidas em sua nutrição são


utilizadas para produção de energia e para construção de seu corpo. Cada uma dessas
moléculas será quebrada em pequenas partes, para que cada ser vivo utilize esses
nutrientes para construção de suas próprias moléculas. As reações de quebra de moléculas
são chamadas de catabolismo ou reações catabólicas, e o conjunto de reações de
construção de novas moléculas, para formação do corpo do organismo de anabolismo ou
reações anabólicas. Em conjunto, essas reações químicas que mantêm um organismo vivo,
formam seu metabolismo.

Diferente da matéria inanimada, os seres vivos são capazes de crescer, aumentar seu
tamanho, através de seu metabolismo. Uma rocha, por exemplo, pode aumentar de
tamanho pela deposição de matéria, mas os seres vivos crescem através de suas reações
químicas. Você, por exemplo, já foi formado por uma única célula, e hoje é formado por
bilhões de células. Esse crescimento fantástico foi realizado pelo seu próprio metabolismo
e não pela mera deposição de matéria em seu corpo.

Reprodução e hereditariedade

Todos sabemos, que o que está vivo um dia morre... Parece óbvio pensar nisso, mas
como uma espécie pode se manter viva, se os indivíduos daquela espécie possuem um
tempo finito, e um dia vão morrer? Para que uma espécie permaneça viva, precisa ter
descendentes, se reproduzir. Portanto, uma característica fundamental dos seres vivos é a
reprodução. Ao se reproduzir, um organismo deve ser capaz de transmitir suas

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características aos seus descendentes de uma geração para outra. Para isso, cada ser vivo
possui um código genético que será transmitido para sua prole, onde estão as
características hereditárias, ou seja, que são herdadas entre as gerações daquele
organismo. O código genético está presente em nosso DNA, um tipo de ácido nucleico
capaz de guardar informações químicas. Dessa forma, uma bactéria possui DNA com
informações genéticas para formar uma nova bactéria; um cachorro, informações para
formar cachorro; uma baleia para formar baleia, e assim por diante.

Existem dois tipos de reprodução: sexuada, onde há troca de material genético entre
dois indivíduos da mesma espécie, para gerar um terceiro indivíduo geneticamente
diferente; e assexuada, onde uma célula ou um grupo de células de um indivíduo gera
outro geneticamente idêntico. A reprodução sexuada é mais vantajosa, pois gera maior
variabilidade genética.

Adaptação e seleção natural

Os indivíduos da mesma espécie possuem pequenas diferenças entre si. Essas


diferenças ou variabilidade genética podem, eventualmente, trazer alguma vantagem para
esse indivíduo, que o permita adaptar-se ou reproduzir com maior facilidade em um
determinado ambiente. Quando uma característica nova surge em uma espécie, fruto da
variabilidade genética, que ocorre ao acaso, traz para essa, uma vantagem. Esta pode ser
selecionada e se tornar mais frequente naquela população. Este processo, chamado de
Seleção Natural, foi descrito pelo naturalista inglês Charles Darwin e é o princípio da
evolução.

Se você quiser aprender mais sobre a vida e o trabalho de Charles Darwin e sobre a
Seleção Natural, veja o vídeo neste link https://youtu.be/ambANBIHjCI

Aula 3 - Origem da vida

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Agora que já conhecemos os processos da vida, ou seja, como podemos distinguir a
matéria inanimada dos seres vivos, veremos uma questão que há muito fascina a
humanidade. Como a vida surgiu? De onde vieram os seres vivos?

Assim como definir o que é vida, afirmar como surgiram os primeiros seres vivos, não
é uma tarefa fácil. Desde o princípio da humanidade, o homem busca explicações para a
origem da vida e do universo. As primeiras explicações foram míticas e religiosas, fruto de
um pensamento criacionista que atribui a geração da vida a um ser divino ou mítico. Como
vimos na primeira aula, a ciência é uma forma de pensar, e com o desenvolvimento
científico, ela também tem buscado dar a sua explicação para a origem da vida.

Até meados do século XIX, os cientistas acreditavam que os seres vivos eram
gerados espontaneamente do corpo de cadáveres em decomposição, ou mesmo da
matéria inanimada. Rãs, cobras e crocodilos eram gerados a partir do lodo dos rios. Ratos
eram gerados de restos de pano e pão em locais escuros e úmidos; esses são alguns
exemplos do que os homens acreditavam. Tal ideia ficou conhecida como hipótese da
geração espontânea ou da abiogênese (a= prefixo de negação, bio = vida, gênesis =
origem; origem da vida a partir da matéria bruta).

Em 1668, o cientista Francesco Redi (1626_1697), inconformado em explicar a


origem dos seres vivos através da geração espontânea, investigou a “origem” de vermes
em corpos em decomposição. Até então, acreditava-se e era confirmado “cientificamente”
que vermes (larvas) surgiam espontaneamente, de cadáveres. Redi queria provar o
contrário, e para isso, colocou pedaços de carne crua dentro de frascos, deixando alguns
cobertos com gaze e outros frascos abertos.

Caso a hipótese da abiogênese fosse real, deveriam surgir vermes ou mesmo moscas
nascidas da decomposição da própria carne. Isso, entretanto, não aconteceu. Nos frascos
mantidos abertos, verificaram-se ovos, larvas e moscas sobre a carne, mas nos frascos
cobertos com gaze, nada aconteceu. Redi então observou que moscas são atraídas pelos
corpos em decomposição e neles, colocam seus ovos. Observou, também, que desses
ovos, surgiam as larvas que se transformam em moscas adultas. Como as larvas são
vermiformes, os “vermes” que ocorrem nos cadáveres em decomposição nada mais seriam

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que larvas de moscas. Redi concluiu, então, que essas larvas não surgiam
espontaneamente a partir da decomposição de cadáveres, mas são resultantes da eclosão
dos ovos postos por moscas atraídas pelo corpo em decomposição.

Experimento de Redi. Fonte: https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/refazendo-os-


experimentos-sobre-abiogenese.htm

Embora esta ideia pareça óbvia para você que está em pleno século XXI, e que possui
acesso a uma gama de informações, na época de Redi, a ciência era sufocada por dogmas
religiosos. As informações eram escassas e pensar “fora da caixinha”, muitas vezes levava
um indivíduo para a forca ou para a fogueira. Realmente era incrível a conclusão de Redi!

No entanto, cientistas defensores da abiogênese, justificaram que não houve


crescimento de vermes nos recipientes fechados, porque “sementes” presentes no ar foram
impedidas de entrar em contato com a carne em decomposição. Essas “sementes”
poderiam não só estar presentes no ar, como no solo e na água, e quando entravam em
contato com um ambiente favorável, poderiam eclodir e se proliferar.

Quase 100 anos após os experimentos de Redi, havia muita discussão com relação à
biogênese e à abiogênese. Em 1745, o cientista inglês John T. Needham (1713_1781)
realizou experimentos em que submetia à fervura, frascos contendo substâncias nutritivas.
Depois que fervia os frascos, fechava-os e após alguns dias, examinava-os. Nesses
experimentos, Needham observou a presença de microorganismos. O cientista explicou
que a solução nutritiva continha uma “força vital” responsável pelo surgimento da vida e
que era assim que ocorria a abiogênese.

Em 1770, o pesquisador italiano Lazzaro Spallanzani (1729-1799) repetiu os


experimentos de Needham com algumas modificações, e obteve resultados diferentes. Ele
colocou substâncias nutritivas em balões de vidro, fechando-os hermeticamente. Esses
balões, assim preparados, eram colocados em caldeirões com água e submetidos à fervura

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durante algum tempo. Deixava resfriar por alguns dias e então ele abria os frascos e
observava o líquido no microscópio. Nenhum organismo estava presente.

Spallanzani concluiu que Needham não havia fervido sua solução nutritiva por tempo
suficientemente longo, para matar todos os microrganismos existentes nela e, assim,
esterilizá-la. Needham respondeu a essas críticas dizendo que, ao ferver por muito tempo
as substâncias nutritivas em recipientes hermeticamente fechados, Spallanzani havia
destruído a “força vital” e tornado o ar desfavorável ao aparecimento da vida. Needham
venceu na polêmica e a abiogênese continuou sendo a teoria mais aceita para a origem da
vida.

Somente por volta de 1860, com os experimentos realizados por Louis Pasteur (1822
– 1895), conseguiu-se comprovar definitivamente que os micro-organismos surgem a partir
de outros preexistentes. O cientista preparou um caldo nutritivo, depois despejou em
frascos e, em seguida, deformou o gargalo do frasco em algo parecido com o “pescoço de
cisne”. Pasteur aqueceu o caldo que estava dentro do frasco de vidro. Essa alteração que
ele fez no recipiente (pescoço de cisne), permitiu que o frasco ficasse aberto, mas as
gotículas acumuladas pela evaporação impediam que qualquer micro-organismo entrasse
no frasco. Depois de um tempo resfriando, ele observou as amostras e deixou por dias para
que ocorresse alguma alteração. Não houve formação de nenhum micro-organismo, ou
seja, estava esterilizado.

Quando Pasteur quebrou “o pescoço de cisne”, observou o crescimento de micro-


oganismo. Pasteur conseguiu a façanha de derrubar de uma vez por todas, a teoria da
geração espontânea ou abiogênese.

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Experimento de Pasteur. Adaptado de https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Matraces-Pasteur.png

Pasteur concluiu que o ar continha microorganismos. Estes não conseguiam penetrar


nas amostras porque os frascos estavam “com o pescoço de cisne” e as gotículas retinham
qualquer penetração, mas o fato do recipiente ficar aberto, derrubava a hipótese de
Spallanzani, dizendo que o ar continha “sementes”. A hipótese da biogênese deixou de ser
questionada e passou a ser aceita por todos os cientistas.

Graças a Louis Pasteur, sabemos hoje que um ser vivo só pode surgir, a partir da
reprodução de um outro, mas depois dessas conclusões, você deve estar se questionando:
mesmo que não exista a abiogênese, como será que surgiram os primeiros seres vivos na
Terra?

O cientista russo Aleksander I. Oparin (1894_1980) e o cientista inglês John Burdon


S. Haldane (1892_1964), mesmo trabalhando separadamente, chegaram a conclusões
semelhantes sobre os primeiros habitantes do planeta Terra. Ambos os cientistas
propuseram hipóteses de que moléculas orgânicas que teriam se formado na atmosfera
primitiva da terra e depois nos oceanos, deram origem aos seres vivos mais primitivos (os
protobiontes, proposta de Oparin).

É claro que a Terra de bilhões de anos atrás seria bem diferente da Terra de agora.
Havia um estado de aquecimento e as erupções vulcânicas liberavam grandes quantidades
de partículas e gases na atmosfera. Estes, retidos por ação da gravidade, passaram a
compor a atmosfera primitiva.

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Ainda não podemos concluir de fato quais elementos estavam disponíveis na Terra
primitiva, mas foi proposto que era formada por metano (CH4), amônia (NH3), gás
hidrogênio (H2) e vapor d’água (H2O). Não havia gás oxigênio (O2) ou ele estava presente
em baixíssima concentração; por isso se fala em ambiente redutor, isto é, não oxidante.
Nessa época, a Terra estava passando por um processo de resfriamento, que permitiu o
acúmulo de água nas depressões da sua costa, formando os mares primitivos.

Na terra primitiva, você, eu, ou qualquer ser humano, não poderia fazer aqueles
maravilhosos passeios ao pôr do Sol. Certamente, cruzaríamos com muitas descargas
elétricas e as radiações seriam tão intensas que derreteriam nossas células. Contudo, foi
esse ambiente que forneceu a energia necessária para a união de pequenas moléculas
inorgânicas, em moléculas maiores e mais complexas: as moléculas orgânicas primitivas.

Essas moléculas, ao se acumularem nos mares, transformaram os oceanos primitivos


em verdadeiras “sopas nutritivas”, ricas em matéria orgânica. As moléculas orgânicas se
agregaram, formando coacervados, conjunto de moléculas orgânicas reunidas em grupos
envoltos por água. O nome deriva do latim coacervare, que significa formar grupos. Estas
não são consideradas seres vivos, mas possivelmente uma organização primitiva de
substâncias orgânicas.

Para comprovar as ideias de Oparin e Haldane e visualizar a formação dessas


moléculas, em 1950, dois pesquisadores da Universidade de Chicago, Stanley Miller e
Harold Urey, desenvolveram um aparelho que simulava as condições da Terra primitiva, e
observaram a formação de moléculas orgânicas a partir de inorgânicas.

Dependendo de seus conteúdos, os protobiontes de Oparin receberam diversos


nomes: microsferas, protocélulas, micelas, lipossomos e coacervados. Esses explicavam a
origem de moléculas orgânicas, mas faltava ainda um elemento fundamental que tornaria
esse agrupamento de moléculas orgânicas um ser vivo, a capacidade de reprodução.

Vimos na aula anterior que na reprodução, o material genético (DNA) de um ser vivo
é transmitido para seus descendentes e possibilita que uma espécie se perpetue. Contudo,
experimentos laboratoriais mostraram que moléculas de RNA podem ser formadas
independente de seres vivos e que estas possuem condição de se multiplicarem. Na

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década de 1980, o biólogo Thomas r. Cech demonstrou que moléculas especiais de RNA,
chamadas ribozimas, conseguem controlar reações químicas, incluindo a formação de
proteínas, e que poderiam, desta forma, ser o primeiro código genético. Esses
experimentos permitiram formular a hipótese do “mundo do RNA”, que propõe a
possibilidade de que o material genético dos primeiros seres vivos era formado de RNA.

Para realizar as reações químicas de seu metabolismo, os seres vivos precisavam de


uma fonte de energia e nutrientes. Por algum tempo, acreditava-se que como os seres vivos
eram muito simples, absorviam moléculas orgânicas do ambiente e extraiam energia
dessas moléculas por meio da fermentação. Esse processo é realizado até os dias de hoje
por algumas bactérias. Nesse caso, esses seres seriam heterótrofos (hétero= diferente,
trofos – alimento), ou seja, não produziam seus alimentos, mas absorviam do meio.

Essa hipótese tem perdido força e, atualmente, acredita-se que os primeiros seres
vivos eram autótrofos e não surgiram em mares rasos e quentes, mas sim em mares mais
profundos. Em 1977, alguns cientistas descobriram nas profundezas oceânicas, as
chamadas fontes termais submarinas, locais de onde emanam gases quentes e sulfurosos
que saem de aberturas no assoalho marinho. Nesses locais, a vida é abundante. Muitas
bactérias que vivem ali são autótrofas, embora realizem um processo bem diferente da
fotossíntese. Não há presença de luz e as bactérias são a base de uma cadeia alimentar
peculiar. Possivelmente, os primeiros seres vivos eram bem simples como as bactérias
encontradas em ambientes sulfurosos (rico em enxofre) a uma temperatura de 60 a 105°C,
no fundo dos mares.

Falamos logo no início das nossas aulas, que as hipóteses da ciência se baseiam em
evidências, mas é claro que essas hipóteses devem ser contestadas e muitos cientistas
questionam as teorias atuais da origem da vida. Assim, você pode, também, fazer
pesquisas e procurar teorias científicas que explicam de maneira diferente a origem da vida.

Vamos lá? Anote em seu caderno tudo que você encontrar.

Para aprofundar seus conhecimentos, veja o vídeo abaixo e aprenda um pouco mais
sobre a origem da vida no planeta terra: https://youtu.be/3AAgEbA6c_8

Anote em seu caderno alguns conceitos como:

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A - Quais foram as condições básicas para o surgimento da vida?

B - Se o vídeo apresenta mais de uma teoria, tente colocar em ordem, resumidamente,


cada uma.

Aula 4 - Reinos da vida

Desde o surgimento dos primeiros seres vivos, 3,5 bilhões de anos se passaram. A
terra se modificou, e uma grande diversidade de seres vivos surgiu, fruto da evolução das
espécies que teve início naquelas primeiras formas de vida. Embora tenhamos um único
ancestral, o processo evolutivo gerou seres vivos com características muito diferentes, com
modos de vida distintos. Para estudar essa variedade de organismos, precisamos separá-
los em grupos que possuem alguma semelhança em sua anatomia, fisiologia,
desenvolvimento embrionário e estrutura celular. A taxonomia é o ramo da Biologia que
classifica os seres vivos. Seu fundador foi o botânico Carl Von Liné (1707-1778), ou Lineu
em português.
Cada organismo pertence a uma espécie, ou seja, a um grupo de seres vivos muito
semelhantes, capazes de se reproduzir e gerar descendentes férteis. Espécies muito
próximas são agrupadas em gêneros, gêneros próximos em famílias, famílias agrupadas
em ordens, ordens agrupadas em classes, classes semelhantes formam filos e os filos são
agrupados em reinos.
Todos os nomes científicos devem ser escritos em Latim. O nome de uma espécie é
formado por duas palavras, a primeira designa seu gênero e a segunda a espécie. Ambas
devem ser escritas em itálico ou sublinhadas, sendo o nome do gênero escrito com a
primeira letra em maiúsculo e o da espécie todo em minúsculo.
Exemplos: Homo sapiens (Homem); Canis familiaris (Cachorro); Aedes aegypti
(mosquito transmissor da Dengue).
Os seres vivos são divididos em cinco reinos:
Monera – Formado por organismos unicelulares, procariontes. Pertencem a este reino,

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bactérias e cianobactérias. Alguns desses seres são autótrofos e outros heterótrofos.
Protista – Formado por seres unicelulares e eucariontes. Neste reino, encontramos
os protozoários heterótrofos e as algas unicelulares autótrofos.
Fungi – Formado por organismos eucariontes, unicelulares ou pluricelulares e
heterótrofos por absorção. Neste reino, estão os cogumelos, bolores e leveduras.
Plantae ou Metaphyta – Constituído por organismos eucariontes, pluricelulares,
autótrofos. Pertencem a este reino, as plantas e as algas pluricelulares.
Animalia ou Metazoa – Formado por seres eucariontes, pluricelulares e heterótrofos
por ingestão. Neste reino, estão agrupados todos os animais, incluindo, nós, seres
humanos.
Existe ainda um sistema de classificação superior aos reinos, chamado de
Domínio. Os três domínios da vida são: Eubactéria, Archaea e Eukarya. No domínio
Eubactéria, encontram-se as bactérias; no domínio Archaea, as arqueobactérias, seres
muito simples procariontes, que vivem em ambientes extremos; no domínio Eukarya,
encontram-se todos os seres vivos eucariontes.
E os Vírus? Onde se encaixam nestas classificações?
Os vírus não são formados por células, sua estrutura é composta por um ácido nucleico
(DNA ou RNA) envolvido por uma camada proteica. Os vírus dependem das células de
outros seres vivos para se reproduzir, e por este motivo, muitos cientistas não os consideram
como seres vivos. Dessa maneira, não encontramos esses seres em nenhum dos reinos ou
domínios da vida.

Aula 5 - Exercícios de fixação

Olá, pessoal,

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Nesta aula iremos fixar os conteúdos que aprendemos neste bimestre. Resolva os
exercícios abaixo:

1)

Lembrando das primeiras aulas onde discutimos o que era Biologia e método científico,
descreva com suas palavras o que é Biologia, e como os Biólogos e demais cientistas
produzem conhecimento e chegam a conclusões sobre seus estudos:

2) (UCDB-MT) Analise as afirmações:

I — Quando se deixa um pedaço de carne exposto ao ar, nele podem aparecer vermes.
II — Se o frasco que contém os pedaços de carne for coberto por uma gaze, os vermes aparecem
na gaze e não na carne.

Essas afirmações fortalecem a teoria da origem da vida chamada:


a) Abiogênese.
b) Geração espontânea.
c) Hipótese de Malthus.
d) Biogênese.
e) Hipótese de Galileu.

3) (UFAL) Uma célula é classificada como eucariótica se contiver:


a) compartimentos membranosos internos.
b) parede celular rígida.
c) membrana plasmática.
d) ácidos nucleicos.

RESUMO

Nestas Orientações de Estudos do primeiro bimestre, Biologia – Neja2, você


aprendeu que a Biologia é a Ciência que estuda a vida. Como toda Ciência, lida com
evidências para concluir suas hipóteses. Ainda nesta orientação de estudos, nós

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aprendemos como algumas dessas hipóteses, baseadas em evidências, deram conta
de explicar a origem da vida. Você aprendeu também quais são as características dos
seres vivos e como podemos classificá-los em reinos. Aproveite para aprofundar seus
conhecimentos vendo os vídeos que foram sugeridos e buscando mais material na
internet que explique os temas que estudamos aqui. Bons estudos!

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

AMABIS, J.M.; MARTHO, G.R. Biologia moderna. Manual do Professor v.3,1ª edição,
Editora Moderna, 2016.
LINHARES, S.; GEWANDSZNAJDER, F.; PACCA, H.; Biologia Programa completo, Ed.
Ática, 17ª Edição

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