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PLANEJAMENTO DE ENSINO
CURSO: ENSINO MÉDIO
DISCIPLINA: BIOLOGIA
SÉRIE: PRIMEIRA
CARGA HORÁRIA: 80 horas aula / 67 horas relógio

EMENTA DA DISCIPLINA: ORIGEM DA VIDA E CITOLOGIA (Introdução à Biologia,


origem e evolução da vida; Introdução à Citologia e envoltórios celulares; Citoplasma;
Metabolismo energético da célula; O núcleo e a síntese protéica; Divisão celular);
REPRODUÇÃO, EMBRIOLOGIA E HISTOLOGIA ANIMAL (Reprodução; Desenvolvimento
embrionário; Histologia animal).

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

ORIGEM DA VIDA E CITOLOGIA

• Introdução à Biologia, origem e evolução da vida

1. Biologia: ciência da vida


2. Características gerais dos seres vivos
3. Níveis de organização dos seres vivos
4. O método científico
5. A origem dos seres vivos
6. Evolução do metabolismo

• Introdução à Citologia e envoltórios celulares

1. Citologia: surgimento e desenvolvimento


2. Evolução da célula
3. Como vamos estudar as células
4. Membrana plasmática
5. Parede celular
6. Transporte através de membranas

• Citoplasma

1. O citoplasma das células procarióticas e eucarióticas


2. Citoesqueleto
3. Síntese, transporte e armazenamento das macromoléculas

• Metabolismo energético da célula

1. Noções gerais
2. Fotossíntese
3. Quimiossíntese
4. Respiração aeróbia
5. Respiração anaeróbia
6. Fermentação

• O núcleo e a síntese protéica

1. O núcleo
2. Ácidos nucleicos: DNA e RNA
3. O código genético
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• Divisão celular

1. Introdução
2. Ciclo celular e mitose
3. Citocinese
4. Meiose
5. Cariótipo

REPRODUÇÃO, EMBRIOLOGIA E HISTOLOGIA ANIMAL

• Reprodução

1. Introdução
2. Reprodução assexuada
3. Reprodução sexuada
4. Gametogênese
5. Fecundação

• Desenvolvimento embrionário

1. Introdução
2. Fases do desenvolvimento embrionário
3. Anexos embrionários
4. Placenta
5. Desenvolvimento embrionário humano
6. O nascimento na espécie humana

• Histologia animal

1. Tecidos: objeto de estudo da Histologia


2. Tecidos epiteliais
3. Tecidos conjuntivos
4. Tecidos musculares
5. Tecido nervoso
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ORIGEM DA VIDA E CITOLOGIA


• Introdução à Biologia, origem e evolução da vida

1. Biologia: ciência da vida


A palavra biologia significa “estudo da vida” (bio = vida; logo = estudo). A
Biologia é uma ciência que procura compreender os mecanismos que regem a vida.
Procura entender como a vida surgiu e evoluiu em nosso planeta, como os seres vivos se
relacionam com o meio ambiente, como os organismos se mantêm vivos e se reproduzem,
além de outros aspectos.
É uma ciência muito ampla, que vem crescendo a cada dia. Este crescimento não
está relacionado apenas aos conhecimentos novos que surgem a todo momento, mas
também à importância dos temas biológicos no cotidiano das pessoas.
O estudo da Biologia, assim como o de outras disciplinas, deve proporcionar a
você a possibilidade de entrar em contato com diversas questões ligadas à ética e à
cidadania.
Falamos em ética quando nos referimos a valores e princípios que norteiam a
conduta humana, buscando o bem social.
O uso de organismos transgênicos na produção de alimentos, a manipulação de
embriões para a obtenção de células-tronco (células que podem dar origem a outros tipos
de células), a clonagem dos seres vivos e o uso de animais em experimentos são apenas
algumas dessas questões.
Tais discussões incluem não apenas os cientistas, mas toda a sociedade.
Falamos em cidadania quando nos referimos a um conjunto de normas que
garantem a todos nós a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de
nosso povo.

2. Características gerais dos seres vivos

Os seres vivos:

● possuem composição química do corpo com predominância dos elementos hidrogênio


(H), oxigênio (O), carbono (C) e nitrogênio (N), que formam moléculas complexas
denominadas orgânicas. Os três primeiros elementos associam-se formando
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carboidratos e lipídios, enquanto a associação entre os quatro elementos, juntamente


com outros, origina proteínas e ácidos nucleicos.
Uma característica comum a todas as moléculas orgânicas é a presença de
carbono, elemento químico que permite formar moléculas grandes e complexas. Mas
certas substâncias inorgânicas, como o gás carbônico, também contêm carbono.
Existem dois tipos de ácidos nucleicos: o DNA e o RNA. Além das substâncias
orgânicas, existem nos seres vivos substâncias chamadas inorgânicas. Elas são
representadas principalmente pela água e pelos sais minerais;

● são formados por uma ou mais células (unicelulares/multicelulares), que constituem


suas unidades morfológicas e funcionais.
Células são estruturas delimitadas por membrana e que contêm em seu interior
citoplasma e material genético, que é o ácido nucleico DNA;

● podem se reproduzir, dando origem a outros indivíduos. Os seres vivos nascem,


desenvolvem-se, podem se reproduzir e morrem. As diferentes fases da vida de um ser
constituem seu ciclo de vida, cuja duração varia de uma espécie para outra;

● possuem metabolismo (do grego metabolé, “conversão” ou “transformação”): conjunto


de reações químicas que ocorrem no corpo e que são responsáveis pela transformação e
utilização da matéria e da energia; a combinação de reações químicas pelas quais um
organismo constrói (anabolismo) ou quebra (catabolismo) matéria chama-se
metabolismo. Os seres vivos crescem graças aos processos metabólicos;

● apresentam crescimento: aumento de tamanho como consequência da nutrição e do


metabolismo;

● possuem a capacidade de perceber estímulos do meio e reagir a eles;

● apresentam movimento: variação da posição de um corpo no decorrer do tempo em


relação a um referencial. Um tipo particular de movimento é a locomoção e,

● evoluem: sofrem modificações ao longo do tempo podendo originar espécies novas. A


evolução é o princípio unificador da Biologia. Durante a evolução, podem surgir
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características que conferem maior capacidade de sobrevivência a uma espécie em


determinado ambiente. Essas características são chamadas de adaptações.

Uma forma particular de vida que escapa a muitas dessas características são os
vírus. Nem mesmo entre os virologistas – pesquisadores que estudam os vírus – há
consenso sobre a classificação desses microrganismos como seres vivos.
Alguns cientistas não consideram os vírus formas vivas, enquanto outros os
consideram formas particulares de vida que só adquirem manifestações vitais dentro de
uma célula hospedeira.
Isso se deve ao fato de os vírus só apresentarem atividade metabólica ou se
reproduzirem quando estão dentro da célula de algum ser vivo, motivo pelo qual são
definidos como parasitas intracelulares obrigatórios. Fora das células, os vírus não
captam nutrientes, não utilizam energia, não sintetizam novas moléculas nem geram
cópias de si mesmos. Por outro lado, os vírus evoluem como qualquer outro ser vivo.
Sejam os vírus vivos ou não vivos, sua natureza coloca em discussão o próprio
conceito de vida.

3. Níveis de organização dos seres vivos


Os seres vivos podem ser estudados em seus diferentes níveis de organização,
desde o molecular até os mais complexos.

Níveis de organização dos seres vivos


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4. O método científico
A Biologia, como toda ciência, busca respostas e interpretações para tudo o que
ocorre na natureza – os fatos, considerados os dados do mundo.
A própria palavra ciência deriva do latim e significa saber. A busca do saber, do
conhecer, é feita segundo alguns critérios universais, que correspondem ao método
científico. Por esse método os cientistas fazem perguntas e testam respostas por meio de
observações ou experimentos.
Esse método consiste basicamente em seis etapas:

1. Observação crítica dos fatos;


2. Questionamento: elaboração de uma pergunta ou identificação de um problema a ser
resolvido;
3. Formulação de hipóteses: possíveis respostas a perguntas ou solução potencial de um
problema;
4. Realização de deduções: previsões possíveis baseadas nas hipóteses;
5. Experimentação: teste das deduções ou novas observações para testar a dedução e,
6. Conclusão: etapa em que se aceita ou se rejeita uma hipótese.

Se uma hipótese for rejeitada, outras são formuladas e testadas. Se uma hipótese
for confirmada por grande número de experimentações, então ela se torna uma teoria,
embora nunca seja considerada uma verdade absoluta.
No meio científico, as palavras “hipótese”, “lei” e “teoria” têm significados
específicos.
Hipótese é uma tentativa de explicação para algum fenômeno natural. Já o termo
lei é usado para a descrição de fenômenos que apresentam padrões regulares, como a lei
da gravidade.
Teoria, por sua vez, é um conjunto de conhecimentos que orientam a
investigação científica em determinada área e inclui hipóteses, leis, evidências, etc. Uma
teoria pode também propor aplicações práticas. Em Biologia, um exemplo de teoria que
contém todas essas características é a teoria da evolução por seleção natural.
Um dos métodos mais empregados é o hipotético-dedutivo. Nesse método
procuram-se evidências que mostrem que a hipótese é falsa, em vez de tentar confirmá-la
a qualquer custo.
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Quando nenhuma evidência é capaz de falsear a hipótese (mostrar que ela é


falsa), considera-se verdadeira a hipótese.

Etapas do Método Científico

5. A origem dos seres vivos


Os primeiros indícios da existência de seres vivos em eras geológicas passadas
datam de 3,5 bilhões de anos, portanto 1 bilhão de anos após a origem do nosso planeta.
Durante esse período, teriam surgido modificações importantes nas condições ambientais,
possibilitando o florescimento da vida. Como teria ocorrido, então, a origem dos
primeiros seres vivos e como esses seres teriam evoluído e originado a imensa
diversidade de formas vivas que habitam hoje o nosso planeta?

Geração espontânea ou abiogênese X biogênese


Até meados do século XIX os cientistas acreditavam que os seres vivos eram
gerados de forma espontânea a partir da matéria bruta ou do corpo de organismos mortos.
Dessa interpretação surgiu a Teoria da geração espontânea ou Teoria da abiogênese,
segundo a qual todos os seres vivos originam-se espontaneamente da matéria bruta.
Essa teoria, porém, foi contestada por vários pesquisadores que defendiam a
Teoria da biogênese, aceita até hoje. Segundo ela, os seres vivos originam-se de outros
seres vivos preexistentes.
Um dos primeiros pesquisadores a contestar a hipótese da geração espontânea,
através de experimentos, foi Francesco Redi (1626 – 1697). Seus experimentos foram
muito importantes para reforçar a hipótese da biogênese.
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Experimento de Francesco Redi

Vários experimentos sucederam os de Redi (Leeuwenhoek, Needham e


Spallanzani, entre outros) mas, somente por volta de 1860, o cientista Louis Pasteur
(1822 – 1895) conseguiu comprovar definitivamente que os microorganismos surgem a
partir de outros preexistentes.

Experimento de Louis Pasteur

Outras ideias sobre a origem da vida


Se os organismos surgem a partir de outros preexistentes, como se originou o
primeiro deles?
Há pelo menos três propostas para responder à pergunta sobre a origem dos seres
vivos na Terra: criação divina (criacionismo), origem extraterrestre (panspermia) e
evolução química. Discutiremos com mais detalhes apenas a evolução química, também
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conhecida por hipótese da evolução gradual dos sistemas químicos (ou hipótese de
Oparin e Haldane), que é a mais aceita pelos cientistas.

Criacionismo

Panspermia

Panspermia

Segundo ela, a vida deve ter surgido da matéria inanimada, a partir de associações
entre as moléculas, formando substâncias cada vez mais complexas, que acabaram se
organizando de tal modo que formaram os primeiros seres vivos.
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Evolução química

www.youtube.com/watch?v=uIo5Mr7SelQ

A hipótese de Oparin e Haldane

Oparin e Haldane

As condições da Terra antes do surgimento dos primeiros seres vivos eram muito
diferentes das atuais.
Atmosfera primitiva  cinco substâncias principais: gás hidrogênio (H2), amônia (NH3),
metano (CH4), gás carbônico (CO2) e vapor d’água (H2O). Não havia gás oxigênio (O2)
ou ele estava presente em baixíssima concentração
 Formação dos mares primitivos
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 Tempestades com raios eram muito frequentes e violentas  formação das primeiras
moléculas orgânicas
 Não havia o escudo de ozônio (O3) contra as radiações, principalmente a ultra-violeta
 Transformação dos mares primitivos em verdadeiras “sopas nutritivas”  formação de
coacervatos
 Os coacervatos não eram seres vivos  primitiva organização de substâncias
orgânicas em um sistema isolado do meio
 Após inúmeras reações químicas os coacervatos teriam se tornado mais complexos e
mais estáveis
 Surgimento de sistemas equivalentes, envoltos por membrana e contendo em seu
interior ácido nucleico
 Com a presença de ácido nucléico, esses sistemas teriam adquirido a capacidade de
reprodução, surgindo assim os primeiros seres vivos

Experimento de Stanley Miller

Circulando pelo aparelho, os gases sofriam resfriamento e condensavam-se,


gerando uma espécie de chuva artificial e retornando, no estado líquido, ao fundo do
recipiente. As análises mostraram que ele continha uma série de substâncias orgânicas,
sendo as mais importantes os aminoácidos, moléculas indispensáveis para a existência
dos seres vivos e constituintes básicos das proteínas.
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As proteínas são formadas essencialmente por carbono, oxigênio, nitrogênio e


hidrogênio, mas podem apresentar enxofre. São macromoléculas formadas pela união de
várias moléculas menores denominadas aminoácidos.
Elas participam da composição de muitas estruturas do corpo dos seres vivos.

6. Evolução do metabolismo
Todo ser vivo precisa de alimentos, que são degradados nos processos
metabólicos para a liberação de energia e a realização de funções. Esses alimentos
degradados também podem ser utilizados como matéria-prima na síntese de outras
substâncias orgânicas, possibilitando o crescimento e a reposição de perdas do organismo.
A provável evolução das vias metabólicas nos seres vivos é estudada através de
uma das hipóteses mais aceitas: a hipótese heterotrófica.
De acordo com essa hipótese, os primeiros organismos eram estruturalmente
muito simples e as reações químicas em suas células também.
Esses seres viviam em um ambiente aquático, rico em substâncias nutritivas, mas
praticamente não havia oxigênio na atmosfera, nem dissolvido nas águas dos mares.
Nessas condições, é possível supor que, tendo alimento abundante ao seu redor, os
primeiros seres vivos teriam utilizado esse alimento como fonte de energia e matéria-
prima. Eles seriam, portanto, seres heterótrofos.
Uma vez dentro da célula, o alimento precisa ser degradado. Sendo organismos
ainda muito simples, seus processos metabólicos também deveriam ser muito simples e
não envolveriam oxigênio, pois esse gás não se encontrava disponível na época.
Nas condições da Terra atual, a via metabólica mais simples para se degradar
alimento sem oxigênio é a fermentação – processo anaeróbico, pois é realizado pelos
seres vivos sem a necessidade de oxigênio.
Ao longo do tempo, entretanto, as condições climáticas da Terra mudaram. Desse
modo, o alimento dissolvido no meio teria ficado escasso para a população de seres
heterótrofos.
Acredita-se que nesse novo cenário teriam surgido os primeiros seres autótrofos:
os fotossintetizantes, ou seja, os que realizam síntese de matéria orgânica em presença de
luz, a partir de gás carbônico e água.
Esses primeiros fotossintetizantes foram fundamentais na modificação da
composição da atmosfera: introduziram o oxigênio no ar.
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Existindo oxigênio disponível teriam surgido, então, os primeiros organismos


aeróbicos. Eles realizavam a respiração aeróbica, na qual o alimento é degradado na
presença de oxigênio.
A fermentação, a fotossíntese e a respiração permaneceram ao longo do tempo e
ocorrem nos organismos que vivem atualmente na Terra.
Hipótese heterotrófica: Fermentação  Fotossíntese  Respiração

https://www.youtube.com/watch?v=wVLdiNpmeRk

Hipótese Heterotrófica

Hipótese Autotrófica
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• Introdução à Citologia e envoltórios celulares

1. Citologia: surgimento e desenvolvimento


A Citologia, ciência que estuda a célula, teve início a partir do surgimento dos
microscópios.

Microscópio ótico e microscópio eletrônico

O microscópio ótico foi inventado no século XVI, pelos holandeses fabricantes de


óculos Zacharias Jansen e seu pai Hans Jansen.
A primeira observação de uma célula foi feita em 1665 por Robert Hooke, quando
examinava uma delgada fatia de cortiça.
O físico inglês Robert Hooke atuou em vários campos do conhecimento, tais como
Física, Astronomia e Geometria. Ele descreveu que a estrutura da cortiça era reticulada
com uma infinidade de diminutas câmaras preenchidas por ar e que essas câmaras eram
pequenas caixas ou células distintas uma das outras.
A palavra célula vem do latim cella, que significa pequeno compartimento ou
recinto, termo usado para designar os pequenos aposentos dos religiosos nos mosteiros e
conventos.
Dois cientistas propuseram, então, o que ficou conhecido como Teoria
celular, que afirma: “todo ser vivo é formado por células”. Somente os vírus são exceção
a essa teoria, pois não possuem estrutura celular.
Embora a grande maioria das células seja microscópica, existem algumas
macroscópicas.
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Como as células são em geral microscópicas, usamos unidades apropriadas para


medi-las:

 milímetro (mm) = metro dividido por mil;


 micrômetro (μm) = metro dividido por milhão;
 nanômetro (nm) = metro dividido por bilhão.

Microscopia – medidas utilizadas

2. Evolução da célula
Os primeiros seres vivos que surgiram em nosso planeta eram formados por uma
única célula, estruturalmente muito simples. Esse tipo de célula recebe o nome de
procariótica e seres formados por esse tipo de célula são denominados procariontes
(bactérias e cianobactérias).
Há cerca de 1,7 bilhão de anos, algumas das células procarióticas teriam dado
origem a um tipo de célula morfologicamente mais complexo: a célula eucariótica.
A célula eucariótica forma o corpo dos organismos eucariontes (protistas, fungos,
plantas e animais).
Assim como a célula procariótica, a eucariótica também apresenta membrana
plasmática e citoplasma. Entretanto, a célula eucariótica possui várias estruturas
membranosas no citoplasma, além da carioteca, que separa do citoplasma o material
genético, formando o núcleo.
Dentre as estruturas membranosas, apenas as mitocôndrias (respiração celular) e
os cloroplastos (fotossíntese) parecem ter tido origem diferente das demais.
Supõe-se que os primeiros eucariontes eram anaeróbios e tinham por hábito
englobar bactérias como alimento. Em algum momento da evolução desses organismos,
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algumas dessas bactérias, que já tinham capacidade de realizar respiração, teriam sido
mantidas no citoplasma dos eucariontes, não sendo degradadas.
Essa associação teria trazido benefícios tanto para os eucariontes como para as
bactérias e teria se perpetuado, constituindo uma simbiose mutualística. Essas bactérias
teriam dado origem às atuais mitocôndrias.
Depois de estabelecida essa relação, alguns eucariontes iniciaram outra simbiose
mutualística, desta vez com cianobactérias. Estas realizavam fotossíntese, que beneficiava
o eucarionte, e dele recebiam proteção. Essa relação mostrou-se tão vantajosa que se
perpetuou, e essas cianobactérias teriam dado origem aos atuais cloroplastos.
Existem fortes evidências a favor dessa hipótese, e a mais importante delas refere-
se ao fato de que os atuais cloroplastos e mitocôndrias possuem seu próprio ácido
nucléico independente do núcleo celular, sendo capazes de se dividir independentemente
da divisão celular.

Célula procariótica

Célula eucariótica
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Mitocôndria

Cloroplasto

3. Como vamos estudar as células


As células serão estudadas “de fora para dentro”, com ênfase nas eucarióticas.
Primeiramente serão analisadas as estruturas que as delimitam, depois o citoplasma e,
finalmente, o núcleo.
Os envoltórios celulares possuem características que ao mesmo tempo isolam o
interior da célula e permitem trocas de substâncias entre o meio externo e o interno. Tem
também propriedades mecânicas, que dão forma à célula, crescem com ela e lhe dão
resistência.
A célula pode ser delimitada por dois tipos principais de estruturas:

 membrana plasmática: encontrada em todas as células e semelhante em todos os


organismos e,
 parede celular: encontrada nas bactérias e cianobactérias, nas células de alguns
protistas, nos fungos e nas plantas. Ausente nas células animais.
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4. Membrana plasmática
O modelo de estrutura da membrana plasmática aceito atualmente é o modelo do
mosaico fluido, proposto em 1972 por Singer e Nicolson. Segundo esse modelo, há um
mosaico de moléculas de proteínas mergulhadas total ou parcialmente em duas camadas
fluidas de moléculas de fosfolipídios.

Modelo do Mosaico Fluido

https://www.youtube.com/watch?v=hvDGj_-6c2c

5. Parede celular
É uma estrutura externa à membrana plasmática, sendo inerte e rígida. Por isso, os
organismos que a possuem têm menor possibilidade de modificar a forma de suas células.
É característica das células vegetais a presença de pontos de contato entre células
vizinhas, formando-se pontes citoplasmáticas denominadas plasmodesmos, por meio das
quais ocorre intercâmbio de material entre as células.

Célula vegetal
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6. Transporte através de membranas


Para que a célula se mantenha em atividade, é fundamental que existam trocas
entre o seu interior e o exterior. Essas trocas são possíveis através dos envoltórios
celulares. A parede celular é, dentro de certos limites, permeável, mas não exerce controle
sobre as substâncias que penetram na célula ou saem dela.
A membrana plasmática, embora permita a troca de substâncias entre a célula e o
meio externo, exerce controle sobre os elementos que participam dessa troca. Ela
apresenta, portanto, permeabilidade seletiva.
Considerando a membrana plasmática, os processos de troca na célula podem ser
agrupados em três categorias:

 processos passivos: ocorrem quando não há gasto de energia na passagem através da


membrana (difusão, osmose e difusão facilitada);
 processos ativos: ocorrem quando há gasto de energia na passagem através da
membrana (bomba de sódio e potássio) e,
 processos mediados por vesículas: ocorrem quando vesículas são utilizadas para a
entrada de partículas ou organismos na célula, ou para a eliminação de substâncias da
célula. Quando ocorre a entrada, fala-se em endocitose; quando ocorre a saída, fala-se em
exocitose.

Difusão

Osmose
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Difusão facilitada

Bomba de Sódio e Potássio

Processos mediados por vesículas

www.youtube.com/watch?v=Zqrtlwd5mZ0
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• Citoplasma

1. O citoplasma das células procarióticas e eucarióticas


O citoplasma da célula procariótica é muito simples quando comparado ao da
célula eucariótica. Não existem estruturas delimitadas por membranas, como ocorre nas
eucarióticas.
As únicas estruturas presentes tanto no citoplasma de células procarióticas como
no de células eucarióticas são os ribossomos.
Nas células procarióticas não há membrana individualizando o núcleo. O
material genético, constituído pelo DNA, encontra-se em uma região do citoplasma
denominada nucleóide. O DNA dos procariontes é uma molécula circular, o que não
ocorre nos eucariontes.
O citoplasma das células eucarióticas corresponde a toda a região situada entre a
membrana plasmática e a carioteca. Ele é constituído por um fluido, chamado citosol,
composto basicamente de água, onde estão imersas as seguintes estruturas:

Célula procariótica

Célula eucariótica
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 inclusões citoplasmáticas: estruturas não-membranosas, temporárias e que geralmente


representam formas de reserva de substâncias na célula;
 citoesqueleto: responsável pela forma e sustentação interna da célula, pelo movimento
do citoplasma e pela contração das células musculares;
 organelas membranosas: estruturas delimitadas por membranas, sendo que as
presentes em praticamente todas as células eucarióticas são: retículo endoplasmático,
complexo golgiense, lisossomos, peroxissomos e mitocôndrias. Os cloroplastos
ocorrem apenas em células de organismos eucariontes fotossintetizantes e os vacúolos do
suco celular ocorrem nas células de plantas e algas multicelulares e,
 ribossomos.

As principais funções citoplasmáticas e as estruturas envolvidas na execução


dessas funções são:

 Movimentos celulares: movimentos citoplasmáticos, movimento ciliar e movimento


flagelar → Citoesqueleto, centríolos, cílios e flagelos;
 Síntese, armazenamento e transporte de macromoléculas → ribossomos, retículo
endoplasmático, complexo golgiense, lisossomos, peroxissomos, glioxissomos, vacúolos
e,
 Metabolismo energético das células → processos de obtenção de energia (fotossíntese
e quimiossíntese) e de liberação de energia (fermentação e respiração) → citosol,
cloroplastos e mitocôndrias.

2. Citoesqueleto
É composto principalmente de dois tipos de filamentos protéicos: os
microfilamentos e os microtúbulos.
Os microfilamentos são os principais componentes responsáveis pela contração e
distensão das células musculares, pela ciclose e pelo movimento amebóide. Junto com os
microtúbulos, garantem a disposição interna das organelas.
Os microtúbulos participam da formação dos centríolos, cílios e flagelos.
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Célula eucariótica - Citoesqueleto

Centríolos, cílios e flagelos


Os centríolos ocorrem nas células de todos os eucariontes, com exceção das
angiospermas e da maioria das gimnospermas. Cada centríolo é uma estrutura cilíndrica
formada por nove grupos de três microtúbulos protéicos.

Centríolos

O centríolo é responsável pela formação dos cílios e flagelos.


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Cílios (A) e Flagelos (B)

www.youtube.com/watch?v=v0CJs4n-KGc

3. Síntese, transporte e armazenamento das macromoléculas


As macromoléculas são indispensáveis à fisiologia celular; são produzidas pela
atividade celular, sendo armazenadas e transportadas no citoplasma.

Ribossomos
Participam do processo de síntese protéica.

Ribossomos
Retículo endoplasmático
É formado por canais delimitados por membranas. Esses canais comunicam-se
com a carioteca.
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O retículo endoplasmático pode ser considerado uma rede de distribuição que


transporta o material de que a célula necessita, de um ponto qualquer até o ponto de
utilização; tem, portanto, função de transporte.
Existem dois tipos de retículo endoplasmático: não-granuloso (liso ou agranular)
(síntese de esteróides e outros lipídios) e granuloso (rugoso ou granular) (síntese de
proteínas). Os dois tipos podem ser diferenciados morfologicamente.

Retículos endoplasmáticos

Complexo golgiense
Localiza-se geralmente próximo ao núcleo e ao retículo endoplasmático
granuloso. Ocorre com mais abundância nas células com função secretora.
Sua função está ligada à concentração, modificação e eliminação de secreções
protéicas.

Complexo golgiense
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Lisossomos
São corpúsculos citoplasmáticos arredondados, pequenos e com grande
quantidade de proteínas em seu interior. Essas proteínas são representadas principalmente
por enzimas que realizam a digestão intracelular.

Lisossomo
Peroxissomos
São organelas membranosas de contorno arredondado, cuja principal função é
decompor o peróxido de hidrogênio. Essa decomposição é muito importante e deve ser
realizada rapidamente toda vez que o peróxido de hidrogênio, que é muito tóxico, é
formado por algumas reações que ocorrem normalmente na célula.

Organelas
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Vacúolos
Existem vários tipos de vacúolos nas células. Entre eles, os vacúolos de suco
celular, típicos das células vegetais e de algas, e os vacúolos contráteis ou pulsáteis,
presentes em muitos unicelulares eucariontes.
Os vacúolos de suco celular contém uma solução aquosa de várias substâncias e
são importantes nos fenômenos osmóticos das células vegetais.
Vacúolos contráteis ou pulsáteis participam da osmorregulação (regulação
osmótica) de unicelulares eucariontes que vivem em água doce, pois muita água entra por
osmose na célula desses organismos, uma vez que o citoplasma tem concentração maior
que a do meio externo.

Vacúolo contrátil

Vacúolo de suco celular


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• Metabolismo energético da célula

1. Noções gerais
Os seres vivos retiram dos alimentos a energia que necessitam para a realização de
suas funções.
Nos seres autótrofos isso ocorre graças a dois processos: fotossíntese e
quimiossíntese. Em ambos há incorporação de energia à matéria orgânica que se forma
a partir de substâncias inorgânicas.
Essa energia é liberada dentro das células dos seres vivos por meio de três
processos: respiração aeróbia, respiração anaeróbia e fermentação.
Por sintetizarem a matéria orgânica de que necessitam, os seres autótrofos são
considerados produtores. Já os seres heterótrofos são considerados consumidores, pois
retiram seus alimentos orgânicos de outros seres vivos.

Cadeia alimentar

2. Fotossíntese
Visão geral
Ela só se desencadeia em presença de clorofila e luz.
É um processo intracelular e endotérmico, ou seja, ocorre incorporação de
energia. Nesse caso, a energia fica armazenada nas moléculas da matéria orgânica
formada. É também um processo anabólico, pois ocorre síntese de matéria orgânica.
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Fotossíntese

Fotossíntese

www.youtube.com/watch?v=oLjjv5w3Amw

Luz e pigmentos fotossintetizantes


A luz só pode ser utilizada na fotossíntese graças à presença de pigmentos
especializados que conseguem captar a energia luminosa.
A radiação solar é composta de vários comprimentos de onda. Dentre eles, o olho
humano só consegue distinguir os que compõem a luz visível ou luz branca.
Ao passar por um prisma, a luz branca é decomposta em sete cores, cada uma
abrangendo determinados comprimentos de onda.
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Os pigmentos têm a capacidade de absorver apenas determinados comprimentos


de onda, refletindo os demais. A cor do pigmento é determinada pelo comprimento de
onda refletido.

Comprimentos de onda

Comprimentos de onda

www.youtube.com/watch?v=yrRkJMHEcYE

Para ocorrer a fotossíntese é necessária a presença de clorofila, que é um


pigmento verde. A clorofila reflete a luz verde e absorve com maior eficiência os
comprimentos de onda das luzes azul e vermelha, nos quais a fotossíntese é mais intensa.
Nos organismos eucariontes, os pigmentos fotossintetizantes ficam no interior de
organelas citoplasmáticas denominadas cloroplastos.
31

Cloroplasto

Plastos e cloroplastos
Os plastos são estruturas encontradas somente em células vegetais. Eles podem
possuir ou não pigmentos, o que nos permite classificá-los em três tipos:
 cloroplastos: contêm clorofila;
 cromoplastos: plastos coloridos que contêm pigmentos, mas não clorofila e,
 leucoplastos: incolores, pois não contêm pigmentos.

Os cloroplastos, examinados ao microscópio eletrônico, apresentam três


componentes principais: envelope, tilacóides e estroma.

Etapas da fotossíntese
O processo de fotossíntese dos eucariontes pode ser dividido em duas etapas:

 fotoquímica: reações que ocorrem em presença de luz (reações de claro) e,


 química: reações que não dependem diretamente da luz (reações de escuro).

Etapa fotoquímica
Nesta etapa acontecem dois conjuntos básicos e inter-relacionados de reações: a
fotofosforilação e a fotólise da água.

Fotofosforilação: significa adição de fosfato (fosforilação) em presença de luz


(foto).
32

Na fotólise da água ocorre quebra de moléculas de água sob a ação da luz. Nessa
quebra, há liberação do oxigênio para o ambiente.

Fotofosforilação

Fotólise da água

Etapa química
Ocorre no estroma dos cloroplastos, sem necessidade direta da luz.
Há formação de carboidratos, falando-se em fixação do carbono, pois este
elemento presente no ambiente abiótico passa a integrar as substâncias orgânicas do corpo
dos seres vivos.

Etapas da fotossíntese
33

3. Quimiossíntese
É um processo autotrófico em que a energia utilizada na formação de compostos
orgânicos, a partir de gás carbônico e água, provém da oxidação de substâncias
inorgânicas.
É realizada por algumas bactérias que, por isso, são chamadas
quimiossintetizantes.

Quimiossíntese

4. Respiração aeróbia
O principal processo pelo qual os seres vivos liberam energia é a respiração
aeróbia.
A respiração é um processo exotérmico e catabólico, ou seja, ocorre liberação de
energia e desdobramento da matéria orgânica.
Nos eucariontes a respiração depende das mitocôndrias.
As reações que ocorrem na respiração aeróbia podem ser agrupadas em duas
fases:

 fase anaeróbia: realizada no citosol na ausência de oxigênio e,


 fase aeróbia: ocorre na mitocôndria e requer a participação do oxigênio.

Fase anaeróbia
Ocorre no citosol e é caracterizada pela glicólise, conjunto de reações em que cada
molécula de glicose é desdobrada em duas moléculas, com liberação de hidrogênio e
energia.
34

Glicólise

Mitocôndrias e fase aeróbia da respiração


Nos eucariontes, a fase aeróbia ocorre nas mitocôndrias.
A quantidade de mitocôndrias presentes nas células varia muito, sendo geralmente
maior nas células animais do que nas vegetais. Também são mais numerosas em células
muito ativas.
A fase aeróbia da respiração dos eucariontes desenvolve-se em duas sequências de
reações: o ciclo de Krebs e a cadeia respiratória.

Ciclo de Krebs
35

Cadeia respiratória

5. Respiração anaeróbia
Na falta de oxigênio, para oxidar a matéria orgânica, muitas bactérias utilizam
nitritos, nitratos, sulfatos ou carbonatos, substâncias que possuem oxigênio em suas
moléculas. Fala-se, então, em respiração anaeróbia.
Um exemplo desse tipo de bactéria são as bactérias desnitrificantes do solo, que
utilizam nitrato ou nitrito.
As bactérias desnitrificantes participam do ciclo do nitrogênio no solo,
devolvendo o nitrogênio à atmosfera.

6. Fermentação
Ocorre o desdobramento incompleto da glicose no citosol, na ausência de
oxigênio, originando outra substância também orgânica, porém mais simples. É essa
substância que dá nome ao tipo de fermentação. Por exemplo, se originado o etanol
(álcool etílico), a fermentação será alcoólica; se for ácido lático, será lática.
Os seres que realizam fermentação geralmente são anaeróbios facultativos, ou
seja, também podem obter energia por respiração aeróbia quando o oxigênio está
presente. É o caso da levedura utilizada na fabricação da cerveja, a partir do malte, na
fabricação do vinho, a partir do açúcar da uva, e usada também para fazer crescer o pão.

https://www.youtube.com/watch?v=MvVmmDHmbKA
www.youtube.com/watch?v=xAisq9WcAFM
www.youtube.com/watch?v=rw--S9qx178
36

Fermentação

• O núcleo e a síntese protéica

1. O núcleo
É uma estrutura que ocorre nas células eucarióticas. Ele coordena e comanda todas
as funções, inclusive a divisão celular.
A maioria das células eucarióticas é mononucleada; existem, no entanto, células
binucleadas, multinucleadas e também anucleadas. É geralmente arredondado, mas pode
ter outras formas.

Núcleo
37

Células binucleadas

Células anucleadas e multinucleadas

Núcleos - formatos
38

O núcleo sofre profundas modificações durante a divisão celular, mas vamos


estudá-lo inicialmente quando não está em divisão, ou seja, na interfase.
O núcleo interfásico é constituído por: carioteca, nucleoplasma, nucléolo e
cromatina.

Carioteca
Ou envelope nuclear, delimita o núcleo, separando-o do citoplasma. Apresenta
muitos poros, ou annuli, através dos quais ocorre a troca de macromoléculas entre o
núcleo e o citoplasma.

Carioteca

Nucleoplasma e nucléolo
O nucleoplasma corresponde ao fluido no qual estão mergulhados os
cromossomos e as estruturas que formam o nucléolo.
O nucléolo não é delimitado por membrana; nele ocorre intensa síntese de RNA.
39

Núcleo interfásico

Cromossomos e cromatina
Cada cromossomo é formado por uma única e longa molécula de DNA associada
a várias moléculas de histona (proteína básica).
Quando a célula não está em divisão, os cromossomos apresentam-se como um
conjunto de fios muito finos, dispersos no nucleoplasma, recebendo o nome de
cromatina.

Cromatina

2. Ácidos nucleicos: DNA e RNA


A molécula de DNA
Cada molécula de DNA é formada pela reunião de grupos menores, chamados
nucleotídeos.
40

As moléculas de DNA diferem umas das outras pelo número de nucleotídeos e


pela ordem em que estes se associam.
O RNA, embora também seja uma molécula longa, ela é menor que a do DNA e,
em geral, é formada por uma única cadeia.
O modelo da estrutura molecular do DNA foi proposto por Watson e Crick em
1953 e é aceito até hoje. Nesse modelo, cada molécula tem aspecto de dupla-hélice.
A sequência de bases nitrogenadas em uma molécula de DNA é extremamente
variável, mas verificou-se que:

Molécula de DNA

www.youtube.com/watch?v=YH1aqjBvYiY

Watson e Crick
41

 a quantidade de nucleotídeos com adenina é igual a de nucleotídeos com timina e,


 a quantidade de nucleotídeos com citosina é igual a de nucleotídeos com guanina.

Dizemos, então, que A e T são bases complementares, bem como C e G. Assim,


por exemplo, se de um lado da cadeia a sequência de bases nitrogenadas for
ATGGTCAA, o lado complementar dessa cadeia será TACCAGTT.
Adenina, guanina e citosina estão presentes tanto no DNA como no RNA. A
timina ocorre apenas no DNA, enquanto a uracila (U) só ocorre no RNA.

A duplicação do DNA
Antes de se dividir, a célula duplica o DNA por um processo chamado duplicação
semiconservativa, pelo fato de que cada DNA novo possui uma das cadeias de
nucleotídeos da molécula-mãe.

Duplicação do DNA

www.youtube.com/watch?v=zVaPUThUdWw

Genes
Cada gene corresponde a uma sequência de bases nitrogenadas do DNA capaz de
comandar a síntese de um polipeptídeo.
Os genes são os responsáveis pelas características hereditárias e pelo comando da
atividade celular.
O local que cada gene ocupa no cromossomo é chamado lócus gênico.
42

3. O código genético
Os cientistas verificaram que as bases nitrogenadas do DNA formam uma
linguagem em código, que ficou conhecida como código genético universal.
Esse código é formado por 64 diferentes trincas de bases nitrogenadas, falando-se
em código de trincas ou tríades.
Cada trinca codifica apenas um dos vinte aminoácidos que existem nas células,
mas um mesmo aminoácido pode ser codificado por mais de uma trinca.

Código de trincas

www.youtube.com/watch?v=LJoFIx0xEjI

• Divisão celular

1. Introdução
Nos eucariontes existem dois tipos de divisão celular:

 mitose: uma célula dá origem a duas outras com o mesmo número de cromossomos da
célula inicial. É o tipo de divisão realizado quando há reprodução assexuada e, nos
multicelulares, é importante no crescimento do organismo e na regeneração de tecidos
e,
 meiose: uma célula dá origem a outras quatro, cada uma com a metade do número de
cromossomos da célula inicial. É o processo pelo qual geralmente se formam os gametas
(reprodução sexuada).
43

Divisões celulares

www.youtube.com/watch?v=mvsc6jCJQM0

Tomando como base o número de cromossomos, consideramos dois tipos de


células: as diplóides e as haplóides.
Diplóides são células nas quais os cromossomos ocorrem aos pares, sendo
representadas por 2n; haplóides são as que não possuem pares de cromossomos, sendo
representadas por n.
Nas células diplóides, os cromossomos de cada par possuem os mesmos lócus
gênicos, sendo denominados cromossomos homólogos.

Cromossomos homólogos
44

Na espécie humana, por exemplo, as células que formam o corpo (células


somáticas) são diplóides, enquanto as células que se destinam à perpetuação da espécie
(gametas) são haplóides. Nesta espécie, as células somáticas possuem 46 cromossomos
(23 pares de cromossomos homólogos).
Na formação de gametas, uma célula inicial diplóide sofre meiose e os
cromossomos homólogos se separam. Assim, cada célula origina quatro outras com
metade do número de cromossomos da célula inicial, isto é, 23 cromossomos cada uma.
Quando ocorre a fecundação, um óvulo e um espermatozóide se unem, recompondo o
número diplóide da espécie: 46 cromossomos ou 23 pares de homólogos.

2. Ciclo celular e mitose


Uma célula não está sempre se dividindo. A maior parte da vida da célula é
representada pelo período entre uma divisão e outra, chamado interfase.
Assim, na vida da célula (ciclo celular), devem ser considerados dois momentos:

Ciclo celular

 interfase: em que a célula não está se dividindo e,


 mitose: em que a célula se divide em duas.

www.youtube.com/watch?v=OD9vtp_ZAT0
45

Uma célula eucariótica na interfase deixa ver claramente o citoplasma e o núcleo.


Neste, é possível distinguir a carioteca, o nucleoplasma, o nucléolo e a cromatina.

www.youtube.com/watch?v=vjx6hJI7cm4

Embora a mitose seja contínua, ela costuma ser dividida em quatro fases para
efeito de estudo: prófase, metáfase, anáfase e telófase.
A separação final das duas células resultantes é chamada citocinese.

Mitose
3. Citocinese
Na maioria dos casos, a citocinese é relacionada à cariocinese, tendo início na
telófase ou no final da anáfase.
Nas células animais, a citocinese inicia-se por uma invaginação da membrana
plasmática que, ao se completar, divide a célula em duas, totalmente individualizadas.

www.youtube.com/watch?v=1Ar57dz_nHY

4. Meiose
Na meiose acontecem duas divisões celulares sucessivas, dando origem a quatro
células. Essas divisões são denominadas meiose I e meiose II, respectivamente.
A meiose I é reducional (reduz ao meio o número de cromossomos), enquanto a
meiose II é equacional (o número de cromossomos das células que se dividem é mantido
igual nas células que se formam).
As fases das duas etapas da meiose são:
46

 meiose I: prófase I (leptóteno, zigóteno, paquíteno, diplóteno e diacinese), metáfase I,


anáfase I e telófase I e,
 meiose II: prófase II, metáfase II, anáfase II e telófase II.

Meiose
5. Cariótipo
Corando e fotografando os cromossomos, é possível obter o cariótipo de um
indivíduo, a partir do qual pode-se observar o tamanho, a forma e o número de
cromossomos de suas células. Para isso, interrompe-se a mitose no momento em que os
cromossomos apresentam o máximo de condensação: na metáfase.

www.youtube.com/watch?v=WDNuBWijwQs

Dependendo da localização do centrômero, os cromossomos podem ser


classificados em quatro tipos básicos: metacêntrico, submetacêntrico, acrocêntrico e
telocêntrico.

Cariótipo humano – masculino

www.youtube.com/watch?v=xq2z-NX01_Q
47

Cariótipo humano – feminino

Classificação dos cromossomos

REPRODUÇAO, EMBRIOLOGIA E HISTOLOGIA ANIMAL


• Reprodução

1. Introdução
A reprodução é uma característica de todos os seres vivos. Ela é fundamental para
a manutenção do número de indivíduos de uma espécie. Em nível molecular, a
reprodução está relacionada com a capacidade que o DNA possui de se duplicar.
Os vários tipos de reprodução podem ser agrupados em duas grandes categorias: a
reprodução assexuada e a reprodução sexuada.
48

Reprodução assexuada

Reprodução sexuada

2. Reprodução assexuada
Os indivíduos que surgem por reprodução assexuada são geneticamente idênticos
entre si, formando o que se chama de clone. Eles só terão patrimônio genético diferente se
sofrerem mutação.
Um tipo de reprodução assexuada comum nos unicelulares é a bipartição; de um
indivíduo inicial surgem dois.
Nos unicelulares eucariontes a bipartição está relacionada à mitose.
Outro tipo de reprodução assexuada é o brotamento ou gemiparidade; de um
indivíduo inicial brota outro indivíduo, que se destaca e passa a ter vida independente.

Brotamento

https://www.youtube.com/watch?v=RlMewBf-CUQ
49

A reprodução assexuada é um processo que não promove aumento da


variabilidade genética na população, fato que ocorre na reprodução sexuada.

3. Reprodução sexuada
A reprodução sexuada está relacionada com a meiose e com a fecundação. Por
meiose, o número diplóide de cromossomos é reduzido à metade, e pela fecundação
restabelece-se o número 2n típico da espécie. Dessa maneira, ocorre troca e mistura de
material genético entre indivíduos de uma população, aumentando a variabilidade
genética. Os descendentes que surgem por reprodução sexuada assemelham-se aos pais,
mas não são idênticos a eles.

Reprodução sexuada nos animais


O corpo dos animais é constituído por células diplóides formadas por mitose.
Todas essas células originam-se de uma célula inicial, chamada ovo ou zigoto.
O ovo forma-se por fecundação, que é a união de dois gametas (células haplóides):
o óvulo e o espermatozóide.
Tanto o óvulo quanto o espermatozóide são formados por meiose. Na imensa
maioria dos animais, os gametas têm origem em órgãos especializados chamados
gônadas.
As gônadas femininas são os ovários, que produzem óvulos; as gônadas
masculinas são os testículos, que produzem espermatozóides.

Gônadas femininas e masculinas


50

Existem, no entanto, animais hermafroditas, nos quais óvulos e espermatozóides


são produzidos pelo mesmo indivíduo.

Hermafroditas – fecundação cruzada

www.youtube.com/watch?v=k7sKkjdjZn0

A fecundação pode ser externa ao corpo dos animais, ou interna.


Os animais em que a fecundação é interna podem ser ovíparos, ovovivíparos ou
vivíparos.
Animais ovíparos botam ovos e o desenvolvimento embrionário ocorre
principalmente fora do corpo materno.

Ovíparos

Nos animais ovovivíparos os embriões também se alimentam das reservas


nutritivas presentes no ovo, que é mantido dentro do corpo materno até a eclosão.
51

Ovovivíparos

Nos vivíparos o embrião depende diretamente da mãe para sua nutrição, que
ocorre por meio de trocas fisiológicas entre tecido materno e fetal.

Vivíparos

www.youtube.com/watch?v=NlmdKG86YME

Na espécie humana, as mulheres geralmente produzem apenas um gameta a cada


ciclo menstrual.
52

4. Gametogênese
O processo de formação de gametas denomina-se gametogênese.
Como há dois tipos de gametas, existem também dois tipos de gametogênese:

 espermatogênese: formação dos espermatozóides e,


 ovulogênese ou ovogênese: formação dos óvulos.

Espermatogênese
Pode ser dividida em quatro períodos:

1. período germinativo;
2. período de crescimento;
3. período de maturação e,
4. período de diferenciação.

Espermatogênese

O espermatozóide humano pode ser dividido em três regiões: cabeça, peça


intermediária e cauda.
53

Espermatozóide humano

Na cabeça situam-se o núcleo e o capuz acrossômico, onde estão as enzimas


importantes no processo de fecundação.
A peça intermediária possui muitas mitocôndrias, responsáveis pela liberação da
energia necessária à movimentação do espermatozóide, que é efetuada pela cauda, um
flagelo modificado.
O total aproximado de espermatozóides presentes em uma ejaculação é de cerca
de 300 milhões. Não ocorrendo ejaculação, os espermatozóides já formados são
degradados e absorvidos pelo corpo.

Ovulogênese
Pode ser dividida em três períodos, não apresentando a fase de diferenciação:

1. período germinativo;
2. período de crescimento e,
3. período de maturação.

Ovulogênese
54

O período germinativo da ovulogênese inicia-se e termina durante o


desenvolvimento embrionário, de modo que ao nascer uma menina já possui todos os seus
ovócitos I formados. No entanto, a maioria deles degenera ao longo da vida da mulher.
A partir da puberdade, que geralmente se inicia entre os 12 e 15 anos de idade, a
mulher passa a apresentar ciclos menstruais que duram cerca de 28 dias. Esses ciclos
continuam a ocorrer até o final da vida fértil, por volta dos 48 a 55 anos de idade. Em
cada ciclo, em geral, amadurece apenas um dos ovócitos I até a formação do ovócito II.
Nesta fase é liberado do ovário e penetra na tuba uterina.
Quando o ovócito II recebe o estímulo causado pelo início da penetração do
espermatozóide, é transformado em óvulo. A seguir, acontece a fusão entre os núcleos do
espermatozóide e do óvulo, formando a célula-ovo ou zigoto, o que caracteriza o final da
fecundação.

Tipos de óvulos
O óvulo é uma célula imóvel e muito maior que o espermatozóide.
No citoplasma do óvulo encontra-se o vitelo, substância que serve de alimento ao
embrião.
Os óvulos podem ser classificados dependendo da quantidade e da localização
do vitelo.

Classificação dos óvulos

5. Fecundação
Na fecundação, antes de atingir a membrana do ovócito II, o espermatozóide
atravessa a corona radiata e a zona pelúcida.
55

Fecundação

Assim que o espermatozóide inicia a penetração, forma-se também uma


membrana de fecundação, que impede a entrada de outros espermatozóides.

Fecundação

www.youtube.com/watch?v=lqeVYeSCp2I
56

O núcleo haplóide do óvulo e do espermatozóide recebem o nome de pró-núcleo


feminino e pró-núcleo masculino, respectivamente. Com a união desses núcleos
(anfimixia) temos a formação do zigoto e o início do desenvolvimento embrionário.

• Desenvolvimento embrionário

1. Introdução
O zigoto é portador do material genético fornecido pelo espermatozóide e pelo
óvulo. Uma vez formado, o zigoto irá se dividir muitas vezes por mitose até originar um
novo indivíduo.
Ao longo do desenvolvimento embrionário as células passam por um processo de
diferenciação celular. Surgem dessa maneira tipos celulares com formas e funções
distintas, que se organizam em tecidos.
Os tecidos reúnem-se e formam os órgãos; os grupos de órgãos formam os
sistemas, que, por sua vez, constituem o organismo.
A ciência que estuda esse processo de desenvolvimento do indivíduo a partir do
zigoto é a Embriologia.

2. Fases do desenvolvimento embrionário


Durante o desenvolvimento embrionário da maioria dos animais ocorrem três
fases consecutivas: segmentação, gastrulação e organogênese.

Segmentação

Na segmentação, mesmo com o aumento do número de células, não há aumento


do volume total do embrião.
57

Segmentação

www.youtube.com/watch?v=0ierexWtcLA

Na fase seguinte, que é a gastrulação, o aumento do número de células é


acompanhado do aumento do volume total. Inicia-se nessa fase a diferenciação celular,
ocorrendo a formação dos folhetos germinativos, que darão origem aos tecidos do
indivíduo.

Gastrulação

https://www.youtube.com/watch?v=_FRMDYLHCi8

No estágio seguinte, que é a organogênese, ocorre a diferenciação dos órgãos.

Organogênese

https://www.youtube.com/watch?v=_HO1gweVxmY
58

Segmentação
Tipos de segmentação
As divisões que ocorrem durante a segmentação denominam-se clivagens, e as
células que se formam são chamadas blastômeros.
A diferença na quantidade e na distribuição do vitelo no zigoto determina
diferenças na segmentação.
Em função disso, podemos considerar dois tipos de segmentação:

 holoblástica ou total: ocorre em todo o zigoto. Na maioria dos casos, na terceira


clivagem formam-se oito blastômeros de tamanhos diferentes: quatro menores
(micrômeros) e quatro maiores (macrômeros) e,

Segmentação holoblástica

 meroblástica ou parcial: ocorre só em parte do zigoto.

Segmentação meroblástica

Etapas da segmentação
Embora existam diferentes tipos de segmentação, ela normalmente ocorre em duas
etapas:
59

 mórula: forma-se um maciço celular com poucas células;

Mórula

Amora

 blástula: o número de células aumenta e forma-se a blastocele, uma cavidade interna


cheia de líquido.

Blástula
60

Gastrulação
No processo de gastrulação, a blástula sofre modificações e dá origem à gástrula.
Na gastrulação por embolia ou invaginação, ocorre invaginação dos macrômeros
na blastocele, delimitando um nova cavidade chamada arquêntero ou intestino
primitivo.
Com a formação do arquêntero, a blastocele diminui muito chegando a
desaparecer. No local onde ocorre a invaginação forma-se o blastóporo, um orifício que
comunica o arquêntero com o exterior.
Na gastrulação surgem também os folhetos germinativos.
Os animais que possuem três folhetos germinativos (ectoderma, mesoderma e
endoderma) são chamados triblásticos. Os que possuem apenas dois folhetos
germinativos (ectoderma e endoderma) são chamados diblásticos.
Os animais triblásticos podem ser considerados em dois grupos, dependendo da
estrutura em que o blastóporo se transforma:

Blástula e Gástrula

 protostômios: nos quais o blastóporo dá origem à boca e,

Protostômios
61

 deuterostômios: nos quais o blastóporo dá origem ao ânus.

Deuterostômios

www.youtube.com/watch?v=Sut_AEzvT40

Organogênese
Após a gastrulação inicia-se a organogênese, caracterizada pela diferenciação de
tecidos e órgãos a partir dos folhetos germinativos.
A fase inicial da organogênese é a neurulação. Após a neurulação, os folhetos
continuam a sofrer diferenciação, dando origem aos tecidos especializados do indivíduo.

Neurulação
62

3. Anexos embrionários
São estruturas que se formam durante o desenvolvimento dos embriões de
vertebrados e que derivam dos seus folhetos germinativos, embora não façam parte do
corpo desses embriões.
Os anexos embrionários são representados por: vesícula vitelínica, âmnio, cório
e alantóide.

Vesícula vitelina
Os primeiros vertebrados que surgiram foram os peixes, grupo de possui como
único anexo embrionário a vesícula vitelina, uma bolsa que abriga o vitelo e que participa
do processo de nutrição do embrião.

Vesícula vitelina
Âmnio e cório
O âmnio é uma membrana que envolve completamente o embrião, delimitando
uma cavidade denominada amniótica. Essa cavidade contém o líquido amniótico, cuja
função é proteger o embrião contra choques mecânicos e contra a dessecação.
Os animais que possuem âmnio possuem também cório, uma membrana que
envolve o embrião e todos os demais anexos embrionários.
63

Âmnio e cório

Alantóide
É uma estrutura em forma de saco, cuja função principal é armazenar excretas
nitrogenadas e, juntamente com o cório, participar das trocas gasosas.

Placenta
O termo placenta é usado para qualquer tipo de órgão formado pelo contato íntimo
entre tecido materno e anexo embrionário, e cuja função é a troca de substâncias entre
mãe e filho.
Através da placenta o filho recebe da mãe nutrientes e oxigênio, e passa para a
mãe excretas nitrogenadas e gás carbônico.

4. Desenvolvimento embrionário humano


A fecundação ocorre em uma parte do sistema genital feminino, denominada tuba
uterina. Aproximadamente 30 horas após a fecundação o ovo inicia a primeira divisão,
dando origem a dois blastômeros. Entre o terceiro e quarto dia após a fecundação o
embrião encontra-se no estágio de mórula. A seguir forma-se a blástula, que chega até o
útero.
Por volta do nono ou décimo dia, o embrião encontra-se totalmente envolto pela
parede uterina.
O alantóide surge por volta do 16o dia de gestação.
A gastrulação inicia-se na terceira semana após a fecundação.
64

Na quarta semana de gestação ocorre a neurulação, e até a oitava semana termina


a organogênese.
Dizemos, então, que o período embrionário vai da fecundação até a oitava semana
de gestação. A partir daí o indivíduo em formação passa a ser chamado feto.

Etapas do desenvolvimento humano – de embrião a feto

Gêmeos
Cerca de 75% dos casos de gêmeos na espécie humana são resultado da liberação
de mais de um ovócito do ovário da mãe, e cada um deles é fecundado por um
espermatozóide. Eles são chamados gêmeos fraternos.
Os restantes 25% dos casos são de gêmeos idênticos, pois são provenientes de um
único zigoto. Logo no início do desenvolvimento embrionário o embrião divide-se em
dois, fixando-se de forma independente no útero.
65

Gêmeos

5. O nascimento na espécie humana


O nascimento pode ocorrer por parto natural ou por cesariana.

 Parto natural: rompe-se a bolsa que contém o líquido amniótico e, por sucessivas
contrações, o útero empurra o feto em direção à vagina. Após o nascimento, o cordão
umbilical é cortado e a placenta é eliminada e,
 Cesariana: intervenção cirúrgica que consiste em abrir o abdome e a parede do útero
materno para retirar o bebê.

Parto natural
66

Cesariana

• Histologia animal

1. Tecidos: objeto de estudo da Histologia


Tecidos são conjuntos de células que atuam de forma integrada, de modo a
desempenhar determinadas funções.
67

O ramo da Biologia que estuda os tecidos e as células que os formam é a


Histologia.
Os tecidos animais podem ser classificados em quatro tipos principais :

 tecidos epiteliais;
 tecidos conjuntivos;
 tecidos musculares e,
 tecido nervoso.

2. Tecidos epiteliais
Os tecidos epiteliais, ou simplesmente epitélios, são formados por células
justapostas, firmemente unidas entre si, com pouca substância entre elas (substância
intercelular).

Classificação dos epitélios


Com base em sua estrutura e função, os tecidos epiteliais podem ser classificados
em dois grandes grupos: os de revestimento e os glandulares.

Tecidos epiteliais de revestimento


Os tecidos epiteliais de revestimento podem ser classificados quanto:
 ao número de camadas celulares:
- simples;
- estratificado e,
- pseudo-estratificado.

Tecidos epiteliais - camadas


68

 à forma das células presentes na camada superficial:


- pavimentoso;
- cúbico e,
- prismático.

Tecidos epiteliais - formas

Tecido epitelial glandular


As células do tecido epitelial glandular produzem substâncias chamadas
secreções, que podem ser utilizadas em outra parte do corpo ou eliminadas do organismo.
As glândulas podem ser unicelulares, ou multicelulares, como a maioria das
glândulas.
Há três tipos de glândulas multicelulares:

 Glândulas exócrinas;
 Glândulas endócrinas e,
 Glândulas mistas.

Glândulas endócrinas e exócrinas


69

Glândulas mistas

3. Tecidos conjuntivos
Os tecidos conjuntivos caracterizam-se morfologicamente por apresentarem
diversos tipos de células imersas em grande quantidade de material extracelular ou
matriz, que é sintetizado pelas próprias células do tecido.
A classificação desses tecidos baseia-se na composição de suas células e na
proporção relativa entre os elementos da matriz extracelular.
Os principais tipos de tecido conjuntivo são: frouxo, denso, adiposo, reticular ou
hemocitopoético, cartilaginoso e ósseo.

Tecido conjuntivo frouxo


Faz parte da estrutura de muitos órgãos e desempenha importante papel em
processos de cicatrização, além de outras funções.
É o tecido de maior distribuição no corpo humano.
As fibras desse tecido estão frouxamente unidas entre si.

Tecido conjuntivo frouxo


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Tecido conjuntivo denso


No tecido conjuntivo denso há predomínio de fibroblastos e de fibras colágenas.
Dependendo do modo de organização dessas fibras, esse tecido pode ser classificado em:

 não-modelado e,
 modelado.

.
Tecido conjuntivo denso

Tecido conjuntivo adiposo


Neste tecido a substância intercelular é reduzida e suas células, ricas em lipídios,
são denominadas células adiposas. Ocorre principalmente sob a pele, exercendo funções
de reserva de energia, proteção contra choques mecânicos e isolamento térmico.

Tecido adiposo

Tecido conjuntivo reticular


É constituído por fibras e células reticulares. Tais elementos se dispõem
compondo uma delicada trama, que dá suporte a células formadoras de células do sangue.
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Tecido conjuntivo cartilaginoso


Ou simplesmente cartilagem, apresenta consistência firme, mas não é rígido
como o tecido ósseo. Tem função de sustentação, reveste superfícies articulares
facilitando os movimentos e é fundamental para o crescimento de ossos longos.
Nas cartilagens não há nervos nem vasos sanguíneos.
No feto, o tecido cartilaginoso é muito abundante, pois o esqueleto é inicialmente
formado por esse tecido, que depois é em grande parte substituído pelo tecido ósseo.

Tecidos cartilaginosos

Tecido ósseo
O tecido ósseo tem função de sustentação e ocorre nos ossos do esqueleto dos
vertebrados.
É um tecido rígido graças à presença de substância fundamental rica em sais de
cálcio, fósforo e magnésio.
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Os ossos são órgãos ricos em vasos sangüíneos. Por ser uma estrutura inervada e
irrigada, os ossos apresentam sensibilidade, alto metabolismo e capacidade de
regeneração.
Quando um osso longo é serrado, percebe-se que ele é formado por duas partes:
uma sem cavidades, chamada osso compacto e outra com muitas cavidades que se
comunicam, chamada osso esponjoso.

Osso esponjoso e osso compacto

4. Tecidos musculares
Os tecidos musculares relacionam-se com a locomoção e outros movimentos do
corpo, como a contração dos órgãos do tubo digestório, do coração e das artérias.
Há basicamente três tipos de tecido muscular:

 estriado esquelético: este tipo de tecido ocorre nos músculos esqueléticos, que são os
que apresentam contração voluntária;
 estriado cardíaco: esse tecido ocorre apenas no coração e apresenta contração
independente da vontade do indivíduo (contração involuntária). No músculo cardíaco essa
contração é vigorosa e rítmica e,
 liso ou não-estriado: nessas células a contração é involuntária e lenta. Ocorre nas
artérias, sendo responsável por sua contração; ocorre também no esôfago, estômago e
intestinos, sendo responsável pelo peristaltismo nesses órgãos. Os movimentos
peristálticos são contrações em ondas e no tubo digestório deslocam o material alimentar.
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Tecidos musculares

5. Tecido nervoso
O tecido nervoso forma um dos sistemas responsáveis pela coordenação das
funções dos diferentes órgãos: o sistema nervoso.
Os principais componentes celulares são os neurônios e as células da glia.
As células da glia são vários tipos celulares relacionados com a sustentação e a
nutrição dos neurônios.
Os neurônios, ou células nervosas, têm a propriedade de receber e transmitir
estímulos nervosos, permitindo ao organismo responder a alterações do meio. São células
formadas por um corpo celular ou pericário, de onde partem dois tipos de
prolongamentos: dendritos e axônio.

Neurônio
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Os dendritos são prolongamentos ramificados da célula e especializados em


receber estímulos, que também podem ser recebidos pelo corpo celular. O impulso
nervoso é sempre transmitido no sentido dendrito  corpo celular  axônio.
O axônio é uma expansão celular longa e de diâmetro constante, com
ramificações em sua porção final. É uma estrutura especializada na transmissão de
impulsos nervosos para outros neurônios ou para outros tipos celulares.

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