Lingua Brasileira de Sinais

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Texto contextualizado LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS

Nome Completo: Eliane Cristina Araújo


Matrícula: 01500369
Curso: Pedagogia

No entanto, surdez, entre outras especialidades, proporciona reflexão sobre as


condições humanas. A deficiência auditiva não é reflexo da debilidade mental.
A mente humana é a maior arma existente; o que nos distingue positiva ou
negativamente dos demais seres vivos não é o fato de possuirmos razão, mas
o uso dela nas relações sociais e humanas.
No contexto de discursos tem se constituído um equívoco, considerar a própria
comunidade de surdos como “incapaz”, “coitadinhos, rejeição ”. Se a relação
social se deve à comunicação entre as pessoas, que por meio dela as pessoas
exigem seus direitos e constituem uma versão social, faz-se necessário
entender que a Língua de Sinais é também uma ferramenta de comunicação
concebida por seres humanos.
A modalidade vocal-auditiva, inclusive, tem revelado diferentes versões por
meio de sotaques que denotam regionalismos; esse fato tem favorecido
preconceitos e discriminações de pessoas e sociedades, tendo o Brasil como
exemplo típico.
Na lógica normativa, quando o preconceito aumenta os direitos diminuem. A
inércia da questão não trata da surdez em si, mas porque a pretensa
homogeneidade humana torna-se cada vez mais exponencial; a concepção do
“ideal” torna-se cada vez mais vaga, universal, universalizante e universalizada.
Combater o preconceito contra surdez não deve ser luta apenas dos
deficientes auditivos; combater o preconceito contra os surdos mesmo sendo
ouvinte não se constitui como “favor”, mas como princípio de supressão da
violência social da qual podemos ser alvo, é o dever moral de constituir uma
sociedade humana mais inclusiva e igualitária. Para tal, é fundamental
perceber que os direitos humanos não são meras políticas, trata-se
fundamentalmente de questões de sobrevivência da espécie humana.

O dado aqui analisado revela a oportunidade aberta por tal prática para a
construção de uma condição bilíngüe especial para o sujeito surdo. Além disso,
mostra que a língua de sinais pode ser acolhida positivamente pelos ouvintes,
possibilitando o rompimento de barreiras sempre tão comuns em relação a ela.
Contudo, faz-se necessário esclarecer que os propósitos não são os de
defender os pressupostos da inclusão. Foi a falta de uma escola apropriada na
região em que a estudante reside que gerou a necessidade de uma
organização do espaço educacional atípica, aqui estudada. Uma escola
especialmente organizada para o atendimento das pessoas surdas, na qual
todos os conteúdos acadêmicos fossem ministrados em sinais, por um
professor com domínio de Libras, em meio a usuários de Libras, seria o
ambiente acadêmico desejável para o desenvolvimento pleno da pessoa surda.

Todavia, o espaço pedagógico “alternativo” criado pode, ao ser estudado,


ajudar a compreender vários aspectos da relação surdos/ouvintes. A
experiência aqui focalizada pretende, fundamentalmente, dar visibilidade a um
espaço possível de contato entre duas comunidades diferentes (a dos surdos e
a dos ouvintes) dentro de uma instituição educacional. Esse contato revela
tensões, dificuldades de articulação, impasses – que não convergem, contudo,
para um confronto, mas sim para ajustes, negociações e trocas que apontam
para infinitas possibilidades de composição dentro do espaço educacional.
Para que isso ocorra, é necessário, entretanto, que os atores dessa cena
aceitem o desafio de compreender as diferenças como mútuas e procurem,
verdadeiramente, atuar nesse espaço de contato, assumindo a diversidade,
modificando-se, numa multiplicidade de estratégias que não visem a
“padronizar” o diferente, mas interagir com ele na plenitude de suas
peculiaridades.

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Publicado em 05 de fevereiro de 2019

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