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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ERIC DION GRZESZCZYSZYN DA SILVA

SÍNTESE DOS TEXTOS INDICADOS NA DISCIPLINA HISTÓRIA DO


ENSINO DE HISTÓRIA

CURITIBA
2024
SÍNTESE

A presente síntese foi desenvolvida com base nas problematizações presentes nos três
textos indicados, que se propõem a contribuir para o estudo da História do Ensino de História
no Brasil, sendo eles: o artigo A disciplina de História: compêndios escolares, ensino
secundário e formação de elites intelectuais, o capítulo de livro historiográfico A história é
uma escola! O paradigma do nacional na literatura de Viriato Corrêa. In: Qual o valor da
história hoje? e o artigo Formação da Alma e do Caráter Nacional: Ensino de História na
Era Vargas. Como forma de organização, seguira-se a ordem de indicação proposta.
No artigo A disciplina de História: compêndios escolares, ensino secundário e
formação de elites intelectuais, Toledo (2010) se propõe a investigar a constituição do campo
disciplinar da História no Paraná, tendo como fontes históricas de análise, os compêndios
escolares, isto é os materiais de instrução didática utilizados em meados do século XIX no
terrítorio paranaense. Esses materiais eram utilizados nos cursos secundários e tinham como
finalidade, contribuir para a formação de jovens da elite que iriam atuar em cargos
burocráticos do Estado no contexto de transição do Império para a República. Nos
compêndios de acordo com a historiadora, há a prevalência de contéudos de cunho político
que serviam para legitimar os preceitos de civilidade, nação, pátria, povo, liberdade, nação e
cidadania tão almejados e propostos pela intelectualidade regional do período que se fazia
presente debate público. Como forma de exemplicar isso, a historiadora analisa trechos do
compêndio As Lições de História de Dario Velozzo, de modo a apresentar como ocorria a
seleção de contéudos e sua intencionalidade, uma vez que, revela-se que o estudo das
civilizações do passado ocorria para servir de referência para a manutenção e justificação da
adoção dos preceitos cívicos naquele contexto.
No capítulo de livro, A história é uma escola! O paradigma do nacional na literatura
de Viriato Corrêa, Fernandes (2012) pretende denotar o impacto das obras literárias do escritor
jornalista, dramaturgo e político brasileiro Viriato Corrêa no ensino de História, pois, ele
auxiliou na construção de um imaginário referente a fatos e personagens da história nacional.
De maneira a contextualizar a atuação de Correa e sua influencia direta na composição desse
imaginário, o historiador identifica que as produções de Viriato podem ser alocadas em um
contexto em que há a preocupação estatal pela criação de livros de leitura nacionais vinculados
ao âmbito educacional que estimulassem o espírito nacionalista. Outrossim, após realizar essa
contextualização, o autor, propõe uma caracterização biográfica de Viriato, com o objetivo de
mostrar como a trajetória profissional dele e a popularização e o alcance de suas obras, o levou
a produção de livros com a finalidade escolar. Um ponto defendido no capítulo que se propõe
a explicar a difusão e o sucesso comercial de tais livros, é o fato de que a estrutura narrativa
romanceada adodada por Correa, era atrativa para o público-alvo destinado. Ainda no que
tange a narrativa histórica construída nos livros, Fernandes reflete que mesmo que elas
contenham ideias eurocêntricas e a defesa de tais de maneira explícita, tinham um diferencial,
levando em conta outros do mesmo gênero, ao propor uma história da vida privada e apresentar
personagens históricos que eram marginalizados em outras produções para uso escolar.
Por fim, no artigo Formação da Alma e do Caráter Nacional: Ensino de História na
Era Vargas, Abud (1998) evidencia o papel dos intelectuais e educadores na primeira metade
do século XX na estruturação da história, enquanto disciplina escolar, por meio de programas
e manuais escolares que legitimavam suas concepções e as faziam valer como instruções para
o ensino, prezando por um ensino que se pautasse no patriotismo, na identidade nacional,
integridade territorial, uniformização e unidade cultural do Brasil. Para a autora, a Era Vargas
foi o período culminante para a organização do ensino de História, visto que é nessa época em
que há uma instrumentalização diretiva e marcante, por meio de programas curriculares
propostos pelo Ministério da Educação e controle exercido pelo governo federal no que diz
respeito a métodos de ensino, chamados de Instruções Metodológicas. Ao final do texto, Abud
analisa como o mito da democracia racial, o eurocentrismo, e os momentos históricos de
centralização estatal pautavam os livros didáticos.
Com base nos textos, percebe-se que os materiais didáticos refletem os seus contextos
de elaboração, bem como os interesses, as concepções de mundo, os valores sociais de quem
os fez e intencionalidade pedagógica que norteia esses materiais. Portanto, coloca-se que tais
indagações devem ser feitas quando em processos de análise histórica de um material didático.

QUESTÕES PROPOSTAS:
QUESTÃO 01: Toledo (2010) demonstra em seu artigo que o ensino de História no território
paranaense, foi constituído no ensino secundário de modo a atender os interesses da elite. Tendo
por base essa asserção, é possível afirmar que essa ideia de manutenção da ordem vigente se faz
presente mediante outros fatores próprios do contexto atual, na recente estruturação do Novo
Ensino Médio Paranaense?

QUESTÃO 02: Tendo em mente, o papel de contribuição de Viriato Correa para a construção do
saber escolar abordado por Fernandes (2012), é possível afirmar que na atualidade os livros
didáticos tem conseguido incluir sujeitos históricos marginalizados e excluídos anteriormente
pela historiografia? E de que forma isso vem sendo apresentado em tais materiais didáticos?

QUESTÃO 03: Tomando por base, Abud (1998) é possível afirmar que há resquícios dessa visão
de ensino de História vinculada ao patriotismo e a identidade nacional, no que se refere instruções
metodológicas propostas na atualidade?
REFERÊNCIAS

ABUD, Kátia M. Formação da Alma e do Caráter Nacional: Ensino de História na Era


Vargas. Revista Brasileira de História, v. 18 n. 36 São Paulo, 1998. Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010201881998000200006&lng
=pt&nrm=iso&tlng=pt

FERNANDES, José R. O. A história é uma escola! O paradigma do nacional na literatura


didática de Viriato Corrêa. In: GONÇALVES, Márcia A.; ROCHA, Helenice; REZNIK,
Luís; MONTEIRO, Ana M. (orgs.) Qual o valor da História hoje? Rio de Janeiro: Ed.FGV,
2012, p.151-167.

TOLEDO, Maria C.L. A disciplina de História no Paraná: compêndios escolares, ensino


secundário e formação de elites intelectuais. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 38,
p. 269-291, set./dez. 2010. Editora UFPR. Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010440602010000300018&lng
=pt&nrm=iso&tlng=pt

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