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Pedrosa

‘’Não importa quantas facas eu utilize para acabar com as sombras deste mundo, a dor nunca
some’’

‘’Pedrosa é um assassino contratado por um dos grandes líderes de facções, tudo e qualquer
pessoa que atrapalhe esse grande líder Pedrosa é a pessoa que vai fazer a limpeza, Pedrosa
não se incomoda em matar essas pessoas por serem pessoas de má índole, mas o seu
propósito é ainda maior do que apenas matar para esse grande líder''

Em Tenebris, como o próprio nome já diz, nada é bonito. Mas, as noites são realmente
tenebrosas. Estou no canto de um armazém, uma antiga vinícola. Não consigo imaginar que
esse lugar possa ter sido bonito. Na verdade estou numa fenda aberta na parede pelo tempo
ou vandalismo tão comum aqui.

O vento quase assobia quando passa e ao longe avisto papéis revoltos pelo vento, o único som
que escuto a esta hora da madrugada é de alguns gatos que ao caçarem os muitos ratos que
andam aqui pelo beco, às vezes derrubam alguma coisa. O silêncio é tanto que posso escutar o
barulho dos ossos do rato sendo quebrados nos dentes dos gatos.

E de repente todos os meus sentidos se colocam em alerta, é ele, ouço os passos. O mesmo
som do salto gasto do mocassim usado. Italiano carcamano, tanto dinheiro e incapaz de trocar
o maldito sapato.

Começo a contar os segundos, tudo precisa acontecer no momento exato, essa é minha
especialidade. A rapidez. Então, tudo acontece, agora é como uma câmera lenta para mim.
Lanço a primeira faca na coxa e escuto de imediato o grito de dor, em seguida, outra lâmina
rasga o seu antebraço e posso ver que atingiu alguma artéria, porque o sangue esguicha a
longe. Me aproximo e lanço duas navalhas pequenas que chamo de “needles” porque são
como agulhas, mas, cortam como bisturi de forma cirúrgica, uma delas passa pelo lado certo
de seu pescoço e a outra acerta a sua coxa na altura da femoral. Sei que não será uma morte
limpa, nem lenta. Mas me dará tempo de olhar para ele uma ou duas vezes mais. Ele saberá
porque morreu. E não terá tempo de se arrepender de seus inúmeros pecados.

Ele sabe quem sou, todos sabem. Mas, só me conhece mesmo quem é realmente mau como
esse brutamontes se esvaindo em sangue agora. A vida é algo irônico, ninguém é tão forte que
possa escapar da morte. Certamente ele não sabia o quanto podia ser frágil, quando drenou
tantas frágeis vidas de crianças indefesas. Como eu fui um dia. Mas, não sou mais!

Eu passo por ele e posso ouvir seus últimos suspiros, faço questão de olhar em seus olhos ao
passar por ele e não, não paro, porque a morte é algo que temos que passar sozinhos e ele
principalmente não merece consolo algum.

Estou andando calmamente quando percebo algumas manchas de sangue na minha roupa,
não que isso possa me trazer problemas, porque, os meus problemas são resolvidos antes
mesmo de serem criados. As minhas mortes são sempre limpas, apesar de as vezes sujarem
um pouco minha roupa. Mas, não foi sempre assim.

Mesmo depois de tantos anos, sempre que vejo tanto sangue ainda me lembro de minha mãe
sendo violentada, tentando ser forte, para não me assustar enquanto eu estava escondido em
uma caixa, espiando por uma fresta. Só ela sabia que eu podia ver tudo. E sim eu vi tudo, tudo
o que fizeram com ela até matarem, enquanto, meu pai, era cortado parte a parte vivo e
assistindo o sofrimento dela. Nada que fiz se compara ao que vi naquele dia. Esta escória
entrou na pequena vila que morávamos e mataram tudo o que viram pela frente, homens,
mulheres e crianças. O meu destino não teria sido diferente, se tivessem me encontrado.

Mas, sobrevivi. Fui o único de uma vila com mais de 100 pessoas. Fiquei na caixa imóvel por
um dia inteiro e uma noite. Tudo o que podia ver eram os olhos sem vida de minha mãe e
sangue, um mar de sangue por todo o lado.

Eu não conseguia me mexer, mas, sabia que precisava. E por isso hoje tenho tão bons ouvidos,
porque naquele silêncio sepulcral eu ouvi passos. O meu coração disparou e achei que ia
morrer, eu tinha apenas três anos e iria morrer.

Mas, quando a caixa foi aberta, vi olhos duros e curiosos me olhando. Um homem misterioso
que me deixava com medo e ao mesmo tempo segurança de que eu poderia confiar nele.

Parecia que ele estava procurando alguém, talvez, fosse eu. Mas, eu nunca vou saber disso.
Porque nunca, jamais soube se ele queria me encontrar naquele dia, nunca soube nada
daquele homem. Ele apenas me tirou de lá, me levou para a Tenebris e me deixou por conta.

Como precisava comer e nem sempre podia trabalhar, aprendi a roubar, mas, apenas para
comer. Com o tempo me tornei um mestre na arte de roubar nos jogos. Isso me garantiu
comida, roupas, algum dinheiro, tempo livre e muita, mas, muita confusão.

As brigas quase certas, foram me preparando para o lugar, para a pequena, suja e amaldiçoada
Tenebres. Parece que tudo o que havia de ruim, sujo, maldito vivia naquele lugar. Cresci em
meio a toda sorte de desgraça que a mente humana possa imaginar. E nem sempre fui forte o
suficiente para escapar do meu destino.

Com o passar dos anos conheci um cigano, do qual todos tinham medo, não sei se por sua
aparência, seus dentes de ouro, pelo fato de ser caolho e manco de uma perna. Ou porque era
um mestre na arte de lançar coisas. Ele conseguia lançar qualquer coisa que tivesse na mão e
fazia disso uma arma, fosse o que fosse. Isso me chamou a atenção. Então, por muito tempo
eu o observei, e aos poucos fomos nos aproximando. Não que isso fosse algo como um
relacionamento, em Tenebres não há espaço para relacionamentos ou sentimentos, apenas,
fraqueza ou força, derrota ou vitória, vida ou morte.

Mas, descobrimos que eu podia ser tão bom quanto ele e confesso não para me vangloriar que
superei o mestre. Mas, como tem lugares em que a morte é mais forte que a vida, Tenebres
engoliu meu mestre, Ramirez, ele nunca vai saber que foi o mais perto que tive de um pai.
Mesmo trocando miseras palavras comigo. Porque, há pouco mais de 5 anos, um dito coronel
de uma cidade vizinha resolveu dar as caras em Tenebres, e achou por bem colocar ordem no
lugar. Começou explorando as prostitutas, das quais poucas sobreviveram, abusando das
poucas crianças que conseguiam se manter vivas neste inferno. E um dia resolveu que ia tirar o
sorriso de ouro de Ramirez, o que não sabia é que precisaria perder quase 10 homens para
fazer isso.

E eu? Eu cheguei tarde. Desta vez, não estava na cena do crime, não vi o que fizeram para ele,
mas, certamente não me esconderia numa caixa agora.

Tudo o que fazia até aquele momento era enganar um ou outro no jogo, roubar alguns
trocados para sobreviver. Mas, nada que realmente prejudicasse alguém. Mas, eu era um
exímio atirador de facas agora e devido ao estado de alerta constante ao que fui obrigado a
viver. Sabia exatamente em qual parte do corpo colocar uma lâmina para obter o resultado
esperado.

E não fiz nada diferente, planejei cada detalhe da morte do maldito coronel. Porque, apesar de
Tenebres ser um pedaço do inferno, era o meu inferno e ninguém mais ia abusar dos meus
demônios particulares.

Eu sabia que se matasse o coronel, teria que responder pelo crime e planejei minuciosamente,
milimetricamente cada ação, cada passo. Esperei o momento certo, quando estava sozinho
abusando de uma menina de doze anos a qual ele chamava de minha descoberta, meu mais
novo investimento, porque queria substituir as prostitutas que havia matado. Segundo ele,
estava treinando a pequena garota para se tornar uma prostituta das melhores. Esqueceu
apenas de perguntar o que ela queria.

Mas, eu não. Eu perguntei e planejamos juntos como seria a ultima noite do maldito coronel.

Fui tão preciso e rápido com minhas facas e navalhas, que o único barulho que se ouviu foi o
do vento sendo cortado por elas. Mas, lento o suficiente para que ele pudesse se lembrar a
cada corte da dor que causou em Tenebres.

Deixamos tudo de forma impecável no quarto, uma verdadeira carnificina e alguns cortes na
pequena garota, todos superficiais para que achassem que ela tentou defender ele, mas não
viu quem o matou direito. Tudo muito rápido.

Achei que tudo estava resolvido e retomei a minha vida, se é que se pode chamar ao que eu
tinha de vida, ou ao que eu tenho. Mas, havia alguém mais poderoso que um coronel de
quinta como aquele, que me observava há um tempo. Alguém a quem não passei
despercebido. Alguém que mudou minha vida. Se para melhor ou pior não sei, o que sei é que
agora, todos sabem quem eu sou, mas, só me teme quem sabe que merece morrer!

Ladino

assassin

human (variant)

Faction Agent
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