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Equações Diferenciais

AM I 2023-2024
Luı́s Ferrás - M215
FEUP - DEMec - Secção de Matemática

(DEMec, FEUP) Equações Diferenciais Setembro 2023 1 / 13


Equações Diferenciais

6.1 Introdução e motivação

6.2 Definições

6.3 O Diferencial

6.4 Equações Diferenciais

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6. Equações Diferenciais

Neste capı́tulo vamos apresentar a noção de equação diferencial

5.1 Introdução e motivação


Vejamos um exemplo simples, de construção de um modelo matemático para
descrever a evolução no tempo de uma certa população (humana, de uma espécie
animal, bacteriana, etc). Vamos então supor que o número de indivı́duos de uma
determinada população num certo instante t, é dado por

P(t)
ou seja, P(t) representa uma função do tempo (a população em função do
tempo). Para podermos desenvolver o modelo vamos então fixar um determinado
intervalo de tempo

[t, t + ∆t].
Por exemplo, se t = 1 horas e ∆t = 0, 1 horas então o intervalo ficaria [1; 1, 1].
Chegou a hora de se usar o senso comum para para se obter uma relação entre a
população no instante t (P(t)) e a população no instante t + ∆t (P(t + ∆t)).
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6.1 Introdução e motivação

O que aconteceu nesse intervalo de tempo é que houve um determinado número


de mortes (M) e m determinado número de Nascimentos (N).
O nosso senso comum diz que:
quanto maior for a população maior é o número de mortes e maior é o
número de nascimentos (e.g. se numa população de 1000 indivı́duos temos
10 mortes, então numa população de 2000 indivı́duos seria de esperar termos
20 mortes). Ou seja, o número de mortes (M) e o número de nascimentos
(N) é proporcional ao número de indivı́duos (P(t))

N = αP(t), M = βP(t)

onde α e β (∈ R+ ) são as constantes de proporcionalidade que poderão


variar de população para população.
é também de esperar que N e M dependam do intervalo de tempo ∆t. Ou
seja, quanto maior o intervalo de tempo, maior o número de nascimentos e
mortes.

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6.1 Introdução e motivação
Esta dupla dependência de N e M em P(t) e ∆t pode então ser traduzida por:

N = αP(t)∆t, M = βP(t)∆t.
Consequentemente, a variação da população no intervalo de tempo [t, t + ∆t] é
dada por P(t + ∆t) − P(t) = N − M, ou seja:

P(t + ∆t) − P(t) = (α − β)P(t)∆t.


Dividindo ambos os membros por ∆t obtemos a seguinte equação,

P(t + ∆t) − P(t)


= (α − β)P(t).
∆t
Aplicando em ambos os membros o limite quando ∆t → 0 obtemos a seguinte
equação diferencial,

dP(t)
P ′ (t) = (α − β)P(t) ou = (α − β)P(t)
dt
que constitui a conhecida equação de Malthus, que descreve a variação esperada
(modelo) do crescimento (α > β) ou da diminuição (α < β) da população.
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6.1 Introdução e motivação
Seja k = α − β. O que a equação anterior nos está a perguntar é: qual a função
P(t), cuja derivada em ordem a t é igual a kP(t)?
Vamos supor que por algum motivo sabemos a sua solução, e que essa solução é
dada por (mais á frente iremos ver como se obtém a solução):

P(t) = P0 e k(t−t0 ) ,
onde P0 representa o número de indivı́duos no inı́cio do estudo (t0 ). Ou seja, para
t = t0 obtemos P(t0 ) = P0 e k(t0 −t0 ) = P0 . Temos então três casos possı́veis, que
são ilustrados na figura seguinte.
P(t ) P(t ) P(t )

k 0 k =0 k 0
P0 P0 P0

t t t
Crescimento exponencial População constante Decrescimento exponencial
da população da população

Figura 1: Três tipos de crescimento da população previstos pelo modelo de Malthus.

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6.1 Introdução e motivação
Relativamente à equação diferencial,
dP(t)
= kP(t)
dt
podemos dizer que, temos uma derivada de primeira ordem, e a sua solução
depende dos dados iniciais da população (P0 ) e do tempo, t.
Podemos ainda verificar que a solução apresentada é mesmo solução da nossa
equação diferencial:

dP(t)
= (P0 e k(t−t0 ) )′ = P0 e −kt0 (e kt )′ = kP0 e k(t−t0 ) = kP(t)
dt

Esta equação diferencial pode ainda ser escrita na forma,

dy (x)
= ky (x) ou y ′ = ky
dx
onde se usa a tı́pica notação de x e y . A partir de agora iremos usar
preferencialmente este notação.
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6.2 Definições
(Classificação quanto ao TIPO) Como a solução y apenas depende de
uma variável, x, dizemos que estamos na presença de uma equação
diferencial ordinária (EDO).
(Classificação quanto à ORDEM) Como a a equação tem apenas uma
derivada de ordem 1, então dizemos que é uma equação diferencial
ordinária de 1º ordem. A ORDEM da Equação Diferencial é a ordem
da mais alta derivada que aparece na equação. Por exemplo, a equação
y ′′ + y ′′′ + 5x = y é de 3ª ordem.
(Classificação quanto à LINEARIDADE) Dizemos que uma EDO é linear
quando não existem termos não linear em y , y ′ , y ′′ , .... O nosso exemplo
da evolução da população é uma EDO linear.
EDOs não lineares: y ′′ + y ′′′ + 5x = y ; x 2 y ′′′ + 5x = y cos(x);
xy ′ + e x y ′′ = y .
EDOs não lineares:yy ′′ + y = x; xy 2 + y ′ = x; y ′ x + y = e y

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6.3 O Diferencial
Antes de começarmos a resolver equações diferenciais, ou seja, obter a função que
verifica a equação diferencial em questão, vamos primeiro abordar o conceito de
diferencial (dx ou dy ) , e que já foi usado na integração e diferenciação sem se
saber muito bem como funciona.
Seja y = f (x) uma função diferenciável no intervalo [a,b]. Vamos definir as
quantidade ∆x = b − a e ∆y = f (b) − f (a), que tomam o nome de incremento
em x e em y , respectivamente. Regra geral, as quantidades ∆x e ∆y são muito
pequenas. Vamos agora tentar relacionar os incrementos com as derivadas:
Caso 1: 𝑓 ′ 𝑥 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 Caso 2: 𝑓 ′ 𝑥 ≠ 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑓 𝑏
𝑓 𝑏
Δ𝑦
Δ𝑦 𝑓 ′ 𝑎 Δ𝑥

𝑓 𝑎 𝑓 𝑎

𝑎 𝑏 𝑥 𝑎 𝑏 𝑥
Δ𝑥 Δ𝑥

Δ𝑦 = 𝑓 ′ 𝑎 Δ𝑥 Δ𝑦 ≈ 𝑓′(𝑎)Δ𝑥

Figura 2: Diferenciais
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6.3 O Diferencial
Dizemos então que (considerando um ponto genérico x em vez do ponto a: a = x
e b = x + ∆x):
O diferencial dx é dado por ∆x;
O diferencial dy é dado por dy = f ′ (x)∆x = f ′ (x)dx.
Sabemos então que as quantidade ∆y e dy não são iguais (no caso em que f ′ (x)
não é constante). Porém, a diferença entre o valor de dy = f ′ (a)∆x (mostrado na
figura 2) e o valor de ∆y pode ser reduzida se o ∆x tender para 0. Ou seja,
Seja y = f (x) uma função diferenciável em x com f ′ (x) ̸= 0. Seja dx = ∆x,
então:
∆y
lim =1
∆x→0 dy

onde dy = f ′ (x)∆x e ∆y = f (x + ∆x) − x (ou ∆y = f (b) − f (a) segundo a


figura 2).

Como temos uma recta a aproximar a nossa função junto ao ponto x (ou a),
dizemos que dy é uma aproximação linear do ∆y .

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6.3 O Diferencial
Exercı́cio: Um anel metálico tem altura desprezável e um raio de 80 cm nas suas
dimensões internas. Se a espessura das paredes é de 5 mm, calcule, usando o
diferencial, a quantidade aproximada de metal usada na construção do anel.

𝐴 𝑟
𝐴 𝑟 = 𝜋𝑟 2

80 𝑐𝑚
𝐴 80.5
0.5 𝑐𝑚 Δ𝐴 = 252.1
d𝑦 = 251.3
A 80

80 80.5 𝑥

Δ𝑥

Temos então que A(r ) = Area = πr 2 . Sabemos que r = 80 cm, e dr = 0.5 cm,
então, a variação da área de metal, pela introdução do incremento de 0.5 cm é
dada por:
dA = 2πrdx
que no caso em que r = 80 cm resulta em:
dA = 2π × 80 × 0.5 = 251.3...cm2 .
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6.3 O Diferencial
O valor exacto seria ∆A = A(80.5) − A(80) = 252.1...cm2 .

Nota: daqui em diante, usar a notação:

xy ′ + y = x

é equivalente a,
dy
x +y =x
dx
e é equivalente a,
xdy = (x − y )dx

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6.4 Equações diferenciais
Equações diferenciais ordinárias de 1ª ordem:
Equações diferenciais de variáveis separáveis
Equações diferenciais lineares
Equações diferenciais de Bernoulli
Equações diferenciais homogéneas
Equações diferenciais exatas
Equações diferenciais ordinárias de 2ª ordem.

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