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A Queima
dos 110 P6
28 de Abril de 2009
a cabra
Ano XVIII
N.º 197
Quinzenal gratuito
Nuno Piloto
Encerramento de cursos não “Gostava de ser
um exemplo
atinge Universidade de Coimbra para os jovens”
Há oito anos no clube, o capitão da
Académica conta como é conciliar
a vida de estudante com o futebol,
dias depois de ter entregue a sua
Depois de Mariano Gago ter anun- os cursos ministrados pela UC se vão çadas pelo Ministério da Ciência, tese de mestrado. Nuno Piloto de-
ciado uma reestruturação da oferta manter em funcionamento. Tecnologia e Ensino Superior vão fende que, dentro de portas, a Aca-
educativa no ensino superior, prevê- A FENPROF teme que esta onda de
Maioria das abarcar também o ensino superior démica está a fazer um
se o encerramento de cerca de 300 encerramento de licenciaturas anun- licenciaturas tem privado, originando o fecho de várias campeonato “ao
cursos. No entanto, a vice-reitora da ciada para o ensino superior possa instituições e criação de outras com nível das melhores
Universidade de Coimbra, Cristina conduzir ao despedimento de docen-
vagas preenchidas maiores qualificações. equipas” e define o
Robalo Cordeiro, confirma que todos tes universitários. As reformas avan- P5 oitavo lugar como o
objectivo para o
ANDRÉ FERREIRA que resta da
época.
P 11
Viagem a Portugal
Palestiniano detido
ao passar fronteira
O activista da União Democrática
da Juventude da Palestina Hashem
Ezeya Albadarin foi detido por mi-
litares israelitas quando atraves-
sava a fronteira com a Jordânia.
Checkpoints de controlo são regi-
dos por alguma arbitrariedade, ad-
mitem personalidades de ambos os
campos do conflito.
P 15
Como as artes
plásticas
guardam
as memórias
de Abril
P 12 e 13
Ensaios à porta aberta
@
Mais informação em
Os três grupos de teatro da Academia ultimam os pormenores para as estreias P9
acabra.net
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2 | a cabra | 28 de Abril de 2009 | Terça-feira
DESTAQUE
COMÉRCIO TRADICIONAL
TIAGO CARVALHO
APESAR DA CRISE, o “Café Santa Cruz” mantém os preços e aposta na dinamização cultural
DESTAQUE
cente. Cristina Veigo, que gere há 12 Graça Almeida, uma vendedora de PAULO MENDES • PRESIDENTE DA ACIC
anos o negócio de família (com 52), miudezas que admite ter sido derro- JOÃO RIBEIRO
ENSINO SUPERIOR
ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA MOTORA NA UC
João Miranda
ENSINO SUPERIOR
UC não corre o risco de fechar cursos LEANDRO ROLIM
Reestruturação no
ensino superior leva ao
encerramento de vários
cursos. A vice-reitora
da UC, Cristina Robalo
Cordeiro, assegura que
Coimbra não será
afectada
Vasco Batista
Em declarações ao “Expresso”, o
ministro da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior, Mariano Gago,
adiantou que as instituições univer-
sitárias vão sofrer “transformações
muito significativas”. “Não é razoá-
vel haver na mesma região quatro
cursos, cada um com poucos alunos
e dificuldades em ter professores
qualificados”, justifica.
A decisão de Gago teve receptivi-
dade junto das estruturas sindicais.
O responsável da Federação Nacio-
nal dos Professores (FENPROF) A VICE-REITORA DA UC, Cristina Robalo Cordeiro, afirma que “a UC tem todos os cursos preenchidos”
para o ensino superior, João Cunha
Serra, afirmou, ao “Correio da tou. assegurado que vão continuar aber- ponde às necessidades”. Há uma gestão equilibrada com con-
Manhã” (CM), “estar disponível para A reestruturação no ensino supe- tos, como seja Estudos Clássi- O Conselho de Reitores das Uni- tenção de despesas” expressa Robalo
estudar o caso com o governo e en- rior não é inédita. Recentemente, cos”.Esta reorganização vai afectar versidades Portuguesas (CRUP) re- Cordeiro. A carta enviada pelo CRUP
contrar a melhor solução para o foram encerrados cerca de 200 cur- também universidades privadas: “o meteu uma carta ao Ministério da refere também a demora na atribui-
país”. Porém, alerta para o facto de a sos. As universidades do Algarve, ensino privado tem de dar uma volta Ciência, Tecnologia e Ensino Supe- ção do Fundo para o Desenvolvi-
decisão poder levar a despedimen- Évora e Trás-os-Montes e Alto enorme”, referiu Gago ao semanário. rior, alertando para a situação de mento do Ensino Superior estimado
tos. Como solução defende que “o Douro receberam, desde o último O ministro admitiu que “vão sobrar ruptura das universidades públicas. em 24 milhões de euros.
pessoal [docente] libertado poderia ano, sugestões para encerrar ou fun- poucas instituições privadas”. “Serão Presidido pelo reitor da UC, Seabra Paralelamente, Gago admitiu que
ser aproveitado para áreas onde haja dir alguns cursos. O maior exemplo criadas instituições maiores e mais Santos, o CRUP acredita que a solu- os problemas financeiros do ensino
carência”. foi a Universidade de Évora que sus- qualificadas”, avançou. ção passaria, num primeiro mo- superior residem na má gestão das
Também em declarações ao CM, o pendeu três licenciaturas e criou três mento, por recorrer à reserva para universidades. Neste âmbito, Robalo
ex-presidente do Conselho Coorde- cursos a funcionar em parceria com Universidades sem recuperação institucional, uma ru- Cordeiro, diz que “ fazer uma decla-
nador dos Institutos Politécnicos Su- empresas. dinheiro brica inscrita no Orçamento de Es- ração dessa natureza significa um
periores, Luciano Almeida, destacou Não obstante, o encerramento de O problema não é novo. As universi- tado e avaliada em 20 milhões de grande desconhecimento da reali-
a premência do assunto: “a raciona- cursos não acontecerá na Universi- dades portuguesas têm alegado sé- euros. dade universitária”. “As universida-
lidade da oferta em função das ne- dade de Coimbra (UC). A vice-rei- rias dificuldades financeiras. Sem quaisquer adendas orçamen- des fazem um esforço muito grande
cessidades de formação das regiões tora, Cristina Robalo Cordeiro, Todavia, Mariano Gago assegura que tais, as universidades não consegui- de contenção de despesas, de gestão
sucumbiu perante a necessidade de afirma que “a UC tem todos os cur- “não há nenhuma situação crítica rão cumprir os seus compromissos equilibrada e angariação de recursos
atrair alunos”. “Há cursos que nin- sos preenchidos”. “Aqueles em que com os níveis de financiamento ac- salariais. Na UC, “essa questão não ”, ressalva.
guém sabe para que servem”, aler- isso não acontece está mais do que tuais” e que o “orçamento corres- se coloca em termos tão dramáticos. Com Matheus Fierro
Dux culpa as sucessivas salvaguarda que “é uma crítica à di- ploma”. da Comissão Fiscalizadora (CF)”. “A
recção-geral independentemente do O ex-presidente da DG/AAC de- CF está transformada num órgão
direcções-gerais pelo executivo e o regulamento nem se-
seu mandato” e que “a única excep- fende “alterações ao nível das distri-
atraso e defende uma ção foi no mandato do André Oli- buições de verbas, dos poderes do quer lhe reconhece esse poder”, cri-
“redistribuição de veira, que quis rever o regulamento secretário-geral e da Comissão Fis- tica o Dux Veteranorum.
à pressa”. André Oliveira, presidente calizadora [órgão da Queima das André Oliveira considera que “é
poderes” dentro da da DG/AAC em 2008, diz não en- Fitas] e até dos próprios comissá- um facto que em determinados
estrutura da queima tender as críticas de João Luís Jesus rios”. casos a CF tem demasiados pode-
e afirma que “uma das preocupações Também o actual presidente da res”. Já Jorge Serrote discorda e
Cláudia Teixeira no início do mandato foi precisa- DG/AAC, Jorge Serrote, afirma não afirma que “a CF desempenha um
mente rever o regulamento e não compreender as críticas que lhe são papel extremamente importante na
O Regulamento Interno da fazia sentido estar a pedir uma revi- tecidas e assegura que “por parte da estrutura da Queima das Fitas, no
Queima das Fitas, de acordo com o são à pressa”. direcção-geral existe toda a disponi- acompanhamento e na fiscalização
artigo 76, “será revisto ordinaria- Desde 2007 que o Conselho de bilidade para rever o regulamento da mesma”.
mente de cinco em cinco anos”, no Veteranos, explica o Dux Veterano- interno da queima”. “Há uma pro- O secretário-geral da Queima das
entanto a última revisão foi feita há rum, tem elaborada uma proposta posta do Conselho de Veteranos Fitas de 2008 e 2009, Filipe Pedro,
sete havendo um incumprimento do de revisão para o Regulamento In- mas, por exemplo, este ano ainda diz que “a questão é controversa
diploma. terno da Queima das Fitas. O então não foi marcada nenhuma reunião dentro da queima” e esclarece que “a
Segundo o presidente do Conse- presidente da DG/AAC, Paulo Fer- do conselho para esse efeito”, critica. CF deve existir mas mais regulada e
lho de Veteranos, João Luís Jesus, nandes, salienta que “no final da No que diz respeito ao documento não tão vasta no que diz respeito às
“desde que o regulamento precisou queima de 2007, pôs-se em cima da elaborado pelo Conselho de Vetera- decisões que lhe compete”. Em rela-
de começar a ser revisto, nenhuma mesa a alteração ao regulamento, no nos, João Luís Jesus adianta que “a ção à revisão do Regulamento In-
Direcção-Geral da Associação Aca- entanto, não foi possível proceder à proposta vem redistribuir poderes” terno da Queima das Fitas assegura
démica de Coimbra (DG/AAC) mos- revisão por indisponibilidade dos e justifica: “neste momento há pes- que “ainda não foi revisto por falta
trou disponibilidade para levar essa elementos que viriam a compor o soas com demasiado poder dentro de disponibilidade das pessoas para
revisão a sério”. O Dux Veteranorum colégio para a alteração do di- da Queima das Fitas, como é o caso o efeito”.
6 | a cabra | 28 de Abril de 2009 | Terça-feira
ENSINO SUPERIOR
110 ANOS DE HISTÓRIA Organização
da queima
O outro lado da queima promete noite
A história da festa académica é preenchida de momentos marcantes como “diferente”
a interrupção da festa e uma Assembleia Magna de Voto para decidir a Cláudia Teixeira
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28 de Abril de 2009 | Terça-feira | a cabra | 7
CULTURA
A arte escondida na AAC LEANDRO ROLIM
O MURAL dos jardins da AAC, de Abel Manta, carece de reparação e iluminação, reconhece o administrador do edifício
Embora diariamente centenas de pessoas passem por ele, poucos conhecem o vasto espólio
artístico da AAC. Nas paredes da sede e nas salas dos organismos e secções, as obras repartem-se
por murais, esculturas e até uns cornos de marfim. Por Maria João Fernandes e Sara Oliveira
associção académica rente. Já esteve completa, e do seu ambas em tons de preto e branco. tas por quem se dirigir aos dois ceiro piso da associação. Embora
CULTURA
Livros sobre rodas
Com mais de 12 mil exemplares e 18 percursos definidos, a bibliomóvel de Coimbra percorre aldeias de toda a região,
disponibilizando a leitura a quem está longe da urbe e não conhece as paredes uma biblioteca. Por Sara Oliveira
SARA OLIVEIRA
ão 14h20 e é tempo de sair
S da Casa da Cultura de
Coimbra para a ronda da
tarde. A cor não deixa mar-
gens para confusões, pois o amarelo
inebriante ofusca qualquer dúvida.
Aparentemente simples, traz o
mundo lá dentro. Deixa-se condu-
zir pela vontade de chegar ao inte-
rior no meio do nada para assim
levar o conhecimento a quem chega
a esperar um mês por ele.
Por entre as curvas a que os ca-
minhos longos e tortuosos obrigam,
os livros são movidos por quatro
rodas, e não se deixam intimidar
pela força da oscilação. Circulam
pela região de Coimbra, e encon-
tram hoje, em 6800 pessoas, uma
porta aberta. A biblioteca itinerante
– bibliomóvel - leva aquilo a que
muitos não têm acesso, caso a “car-
rinha amarela” não passasse por ali.
A primeira paragem da tarde fica
a 25 minutos da cidade. No meio da
montanha, onde pouco mais existe
do que um café, a bibliomóvel esta-
ciona e o trânsito resume-se a um
tractor e dois carros. Engarrafa-
mento é coisa de cidade, e segundo
quem lá vive, “não faz falta ne-
nhuma”. A BIBLIOMÓVEL é visitada diariamente por dezenas de pessoas de todas as idades e de vários sítios da região de Coimbra
Lídia Inácio trabalha no café da-
quela zona. Sempre que sente a bi- muito falador, e entre um livro que “Quando nos pedem o que não veram de “deixar de fazer uma ins- vindo, e faria toda a diferença”. A
bliomóvel estacionar à frente do está na prateleira e o preenchi- temos, tentamos sempre arranjar o tituição porque os livros ficavam informatização dos empréstimos
café, vai a casa buscar o livro que mento da requisição do leitor, trata livro na biblioteca municipal e levar em muito mau estado e muitos fi- assegurava uma maior rapidez no
tem, e, expectante, volta para esco- logo de quebrar o gelo dando azo a dali a um mês à pessoa que nos caram perdidos para sempre”. O atendimento dos muitos pedidos
lher outro. Lídia pode demorar três dois dedos de conversa. Para Luís, pediu”, garante Patrícia Santos, extravio de publicações não é muito que têm, por vezes ao mesmo
meses a lê-lo que não lhe cobram “isto funciona quase como uma fa- funcionária da bibliomóvel. frequente, segundo quem lida com tempo, “num espaço de tempo tão
nada por isso, mas garante que mília”, e garante que “as pessoas Fazendo as contas, os livros pas- eles de perto, mas ainda assim curto”, garantem.
volta à carrinha “sempre que eles continuam a ter um contacto regu- sam mais tempo a circular nas dife- acontecem. “Alguns já nãos apare- Entretanto, já se passaram três
passam pela terra”. lar”. A familiaridade é a alma de rentes localidades de Coimbra que cem cá há seis anos”, lembra Luís horas, e mais um dia chega ao fim.
A biblioteca itinerante já existe muitos negócios, e na bibliomóvel a não avistam a velha universidade, Neves. Às 17h30 já ninguém espera pela
há oito anos. Luís Neves é funcio- regra não tem excepção. Da res- do que dentro da própria biblioteca O analógico ainda impera dentro bibliomóvel, e o caminho é precisa-
nário há sete, e muitos foram os ponsabilidade da Casa Municipal itinerante, pois a carrinha não leva dos poucos metros da bibliomóvel, mente o inverso. Para trás ficam li-
sorrisos que já descobriu por causa da Cultura, a biblioteca itinerante mais do que quatro mil livros. Exis- e a tecnologia ainda é terreno por vros que daqui a um mês vão
de um livro. “Há meninos que não dispõe de um cômputo bibliotecá- tem 18 percursos definidos e por desbravar. Patrícia e Luís não es- conhecer outro destino, ou a espera
conhecem a biblioteca municipal, e rio de mais de 12 mil exemplares. circularem tanto, “alguns livros condem que “um veículo maior, paciente nas prateleiras sobre
essa é a única maneira que têm de Apesar da oferta generosa, por chegam muito mal tratados”, con- com computador, internet, leitor de rodas, de que alguém os decida co-
aceder aos livros”, sublinha. É vezes surgem pedidos “invulgares”. fessa Patrícia, que explica que já ti- DVDs ou CDs seria muito bem- nhecer novamente.
CULTURA
TEATRO NA AAC
cultura
Inquilinos da casa dos sonhos por cá
Dá-se vida a textos. É-se quem não se seria lá fora. GEFAC, TEUC e CITAC
garantem a vanguarda de Coimbra no panorama das artes performativas.
28 ABR
O
Grupo de Etnografia e aquecer as vozes e relaxar os mús- D.R.
FNAC • ENTRADA LIVRE
Folclore da Academia de culos faciais, enquanto caminham,
Coimbra (GEFAC) tem a ora murmurando ora gritando. O
porta escancarada. É ba-
rulhento. São mais de trinta pes-
eco propaga-se pelo espaço. No iní-
cio do ensaio, despem-se ali
28
ABR
soas - dançarinos, actores e mesmo e vestem a indumentária
músicos. Transportam-se caixas de branca das personagens. VI RALLY-PAPER NOCTURNO
roupa e instrumentos de sopro. O palco subleva-se num jogo de Queima das Fitas • 19H
Traz-se comida e cerveja. luzes. “A realidade… a realidade é ENCONTRO NOS JARDINS DA AAC
O espaço é pequeno para tanta que sei muito pouco sobre reali-
gente. À esquerda amontoam-se dade”, declama um dos actores.
cadeiras em fila, escondidas por ca-
sacos, guarda-chuvas e malas. A or-
ganização é contra-natura.
Depois da breve actuação, for-
mam um círculo e dispensam 20
minutos para ouvir as correcções
29 31
ABR
a
MAI
Ao pé da porta, um cinzeiro do encenador, embora também se
enorme. No canto oposto, uma ouçam sugestões amistosas por UMA CARTA GEOGRÁFICA
mesa de aspecto frágil sustenta parte do elenco. “O que há de ori- Exposição
uma aparelhagem de aspecto an- ginal no CITAC é o seu espírito co- TAGV • ENTRADA LIVRE
tigo. Do lado direito, um espelho munitário, cada um faz uma coisa”,
acompanha toda a parede. Isto realça Ziemilski, pois, apesar de ter
também é uma academia de dança. chegado com uma ideia clara sobre 29
Ao fundo da sala, pequenos rectân- o projecto que queria por em prá- ABR
gulos entreabertos passam por ja- tica “há muito espaço no início COLDFINGER
nelas. onde todos dão sugestões e enfo-
Música na FNAC
Fazem-se alongamentos e exer- ques diferentes”. É este o tipo de 22h30 • Entrada livre
cícios vocais. Quem passasse lá relação que preza com os seus ac-
ANDRÉ FERREIRA
fora… Mandíbulas estalam entre o tores, que acabam por beneficiar
que parecem uivos ou gritos. progressivamente com a aprendi-
O GEFAC tem mais de quatro dé- zagem de novas componentes téc- até
cadas. É um grupo diferente. Res-
salvam a simbiose entre a
contemporaneidade e os traços
nicas.
Neste ensaio em particular, a
equipa do CITAC tinha descoberto
30 ABR
mais antigos das nossas tradições. um hipnótico efeito de filmagens.
SONHAR PORTUGAL
Dos textos que trabalham, sempre Vê-se uma das actrizes “projec-
antologias de contos e testemunhas tada” na parede, como num limbo Exposição de José Julio Barros
de oralidade antiga, extraem trejei- de sombras de si própria, desdo- GALERIA ALMEDINA • ENTRADA LIVRE
tos rurais que depois reconhecem bradas e cintilantes, que se afastam
nos gestos da cidade. Adério e logo retornam: “Conseguimos”, até
Araújo, um dos encenadores, pede
ao elenco que represente trivialida-
exclama-se, e todos batem palmas.
30
ABR
des de uma rotina. A ideia do con- O aroma da personagem
tágio urbano é transmitida através emana do actor CICLO 25 DE ABRIL
de gestos limpos que variam entre 20 horas, primeiro piso do edifício Cinema Documental
o simples verificar de horas até ao da Associação Académica de Coim- TAGV • 3 ¤
correr para apanhar o autocarro ao bra (AAC). Abre-se a porta pesada
mesmo tempo que se transporta da sala de ensaios do Teatro de Es-
uma mala pesadíssima.
Nesta peça, com nome provisó-
rio de “Você está aqui”, a ideia é
tudantes da Universidade de Coim-
bra (TEUC) e de imediato se ouve
alguém que fabrica um choro. Os
30 ABR
despojarem-se dos adornos etno- nove actores que integram a nova
DAKOTA SUITE
gráficos que normalmente marcam peça, “Popo”, a estrear no dia 7 de
Música na FNAC
as suas actuações. Querem ser mais Maio, já se encontram devida- OS ENSAIOS prolongam-se pela noite dentro, em vésperas de estreia 22h30 • Entrada livre
“hoje”, explorar o isolacionismo mente caracterizados. Uma actriz
próprio da vida citadina, a interac- de pé remenda um chapéu à dos, colchões de espuma, latas de garante a liberdade dos seus acto-
ção que é sempre mais do que um pressa. As camisas ajustam-se aos cerveja, cabides despidos, pincéis. res, não fosse o TEUC um “óptimo 30
ABR
encontro fortuito, mas ainda assim corpos com alfinetes de fralda. De- Um carrinho de compras. laboratório de experimentação”.
alienado pelo frenesim quotidiano. senrasques que o espectador não Pedro fala de um TEUC que res- Diz-se orgulhoso do seu jovem A CINDERELA
No Círculo de Iniciação Teatral vê. pira sob o estigma da tradição. Fala elenco, desprendido e ousado, sem Bailado Clássico
da Academia de Coimbra (CITAC) A azáfama é grande. Aspira-se o de 70 anos de história que pesam o os vícios dos actores profissionais. TAGV • 10¤
desenvolve-se um conceito dife- longo tapete azul que simula o tanto que a responsabilidade pesa. O texto é de Georg Büchner, um
rente. A peça “Reality Show”, cuja palco. Fuma-se muito, e o cigarro Este ano, na décima edição do Fes- jovem alemão frustrado com a de-
7 13
encenação é levada a cabo por Woj- na mesma mão agita-se para dar as tival Anual de Teatro Académico de cadência dos ideais da Revolução
tek Ziemilski, estreou ontem, 27, indicações de última hora. Pedro Lisboa (FATAL), o TEUC terá hon- Francesa. Uma biografia à altura
a
aqui mesmo, neste quarto escuro Malacas, o encenador, acomoda- ras de abertura. O evento vai ho- da ironia com que disseca o ultra-
MAI
do segundo piso da AAC. se nas bancadas que formam um menagear Paulo Quintela, director romantismo da época. A certa al-
A porta aberta deixa antever um mini-anfiteatro. Apenas um holo- artístico do núcleo ao longo de 30 tura, depois de muito se questionar IX FEIRA DE ARTESANATO
espaço que se caracteriza em torno fote. No fundo da sala, pousada na anos. Privilegia a minimização do sobre o nó que tinha dado no lenço,
Praça da República
de uma única palavra - opaco. Pa- mesa, essa luz quente desenha um cenário. “Arranjar fogo-de- eis que o Rei se lembra – “O povo!
Entrada Livre
redes negras tal como o chão e o círculo restrito de intimismo. O artifício”, nas palavras do encena- Era do povo que me queria lem-
tecto. Junto a uns improvisados fumo mistura-se com o pó e mate- dor, corresponde a proteger os brar!”.
bastidores destacam-se dois cadei- rializa o feixe de luz que se entra- actores da pior maneira, “escon- Pedro apaga o cigarro e gesticula
rões em tons grená. nha nos materiais dispostos dendo-os”. Para Pedro, este des- para a régie. Entra o som. “Um mi-
Os oito actores começam por aleatoriamente. Há escadotes, teci- prezo da componente cénica nuto de silêncio e começamos”. Por Sara Oliveira
10 | a cabra | 28 de Abril de 2009 | Terça-feira
DESPORTO
A G E N D A D E S P O R T I V A
DESPORTO
NUNO PILOTO • CAPITÃO DA AAC/OAF
P•R•O•LONGA•M•E•N•T•O
Um mestre a meio campo BASQUETEBOL
Com 27 anos, Nuno Piloto entregou a sua tese de mestrado. O capitão fala Na última
jornada da
como é ser jogador-estudante, antevê as hipóteses da Académica para o fase regular
da Liga Por-
que resta do campeonato e conta que a renovação ainda está indefinida tuguesa de
Basquete-
SÓNIA FERNANDES
bol, a equipa sénior da Acadé-
Catarina Domingos mica venceu o Vagos por
André Ferreira 74-76. A turma de Norberto
Alves termina a primeira fase
Vieste treinar para a Acadé- no quinto lugar com 50 pon-
mica porque sabias que vi- tos, os mesmos que a equipa
nhas estudar para Coimbra. de Aveiro, que tem vantagem
Como é que tudo se passou? no número de pontos marca-
Fiz a candidatura em função da dos e assim consegue o quarto
minha média e daquilo que pre- lugar. No alinhamento para os
tendia. A proximidade com Viseu play-off, a AAC vai voltar a en-
fazia de Coimbra uma boa hipó- contrar o Vagos.
tese. Como também queria conti-
nuar a jogar futebol, vim treinar
aos juniores da Académica. Na al-
tura vim acompanhado do treina- VOLEIBOL
dor do meu clube, Os Repesenses. A equipa
Ele conseguiu que eu viesse cá trei- sénior femi-
nar e depois tudo se passou com nina de vo-
normalidade. Acabei por ficar. leibol da
Académica
Estás na Académica desde de perdeu com
2002, como é ser capitão da o líder Ginásio Clube de Santo
Briosa? Tirso por 1-3, em jogo da se-
Acaba por ser invulgar para um gunda fase da Série dos Últi-
clube como a Académica. É um mos da Divisão A2. A AAC
clube diferente e ser um clube di- soma agora 23 pontos e está
NUNO PILOTO chegou à Académica em 2001
ferente passa por ter jogadores da no terceiro lugar da série. A
casa que simbolizem o binómio jo- sempre como jogador profis- tes áreas. Os parâmetros que O que é que podes adiantar? equipa de Santo Tirso lidera
gador-estudante. Anteriormente, sional. Entregaste há pouco foram estudados foram o risco car- Não está mesmo nada definido e com 27 pontos. Na próxima
havia o Miguel Rocha, o Pedro tempo a tese de mestrado. diovascular e o risco tromboembó- não há muito mais a dizer. jornada, a formação de Rui
Roma ou o Paulo Adriano, que Como é conciliar as duas coi- lico. A EPO beneficia a oxigenação Freitas recebe o Clube Des-
foram pessoas que souberam o que sas? muscular e leva ao aumento da O facto de seres “o menino da portivo da Póvoa.
é ser da Académica e os valores O primeiro ano foi o ano de junio- performance. Mas há os perigos de casa” da Académica pode in-
que se têm de defender, e que me res. Treinávamos ao final da tarde aumentar a viscosidade sanguínea fluenciar?
passaram a mística deste clube. e acabou por se tornar mais fácil. e as paragens cardíacas. Sinto-me acarinhado e isso é um HÓQUEI EM PATINS
Nos anos seguintes, na equipa B, argumento de peso para que eu A Acadé-
Quando o Pavlovic saiu, foste já tínhamos treinos bidiários, mas Consideras-te um exemplo fique. mica venceu
deslocado para médio defen- dava para conciliar, mesmo com por conseguires conciliar os o Clube de
sivo, uma posição que não te é aulas laboratoriais. Com a vinda estudos com o desporto? Para quando uma Académica Patinagem
estranha, mas tu eras mais para equipa A também consegui Gosto mais de me ver como um europeia? de Beja por
um médio de transição. É a conciliar. No ano de estágio curri- exemplo para os mais novos, no São passos graduais. A Académica 2-1 em en-
posição ideal para ti? cular não me criaram entraves. Foi sentido que entendam a necessi- está num bom caminho. Temos contro da quarta jornada do
No ano passado, quando o Milos com naturalidade que tenho este dade de continuar, conciliando os mais jogadores portugueses, com apuramento do campeão do
[Pavlovic] se tinha lesionado, aca- percurso académico. Também co- estudos, sobretudo naquela transi- mais qualidade. Temos condições Campeonato Nacional da 3ª
bei o campeonato nessa posição. mecei a jogar futebol com a condi- ção para o futebol sénior. É nesse em termos de infraestruturas. Divisão. A turma de Miguel
Não é a minha posição de origem, ção de ter sempre boas notas. É passo que muitos jogadores se per- Passa agora por haver uma estru- Vieira subiu ao segundo lugar
mas também não é uma posição claro que é com sacrifícios e muita dem, por deslumbramento. Por le- tura mais forte e que possibilite, da tabela classificativa com
que me desagrade. Com o Domin- força de vontade. sões ou pela brevidade da carreira, com o recrutamento de jogadores, sete pontos. Na quinta jor-
gos, comecei como defesa direito há sempre a necessidade de ter- esse acrescento de qualidade. nada, a AAC desloca-se ao
depois passei a número oito, uma mos algo a que nos agarrar. norte para jogar com o
posição em que o médio tem mais APDG/Penafiel, que perdeu 7-
AS ESCOLHAS
liberdade para atacar, mas tam- TEMOS TIDO UM A Académica está a fazer o 4 com o Valado de Frades.
DO CAPITÃO
bém defender. Jogar a médio de- melhor campeonato dos últi-
fensivo é uma posição a que me CAMPEONATO EM mos anos. Como é que o bal- Melhor jogador da liga
estou a adaptar, porque obriga a CASA AO NÍVEL DAS neário está a sentir isso? Liedson ANDEBOL
um outro tipo de posicionamento Sentimos que temos um grupo Melhor jogador do mundo Na quarta
e uma restrição de movimentos.
MELHORES EQUIPAS unido e coeso e isso é o ponto fun- Cristiano Ronaldo jornada da
Mas estou a gostar. damental para que tudo corra bem Melhor Clube do Mundo fase comple-
Fala-nos um pouco da tua dentro do campo. Temos tido um Barcelona mentar do
Descreve o que sentiste no tese de mestrado. campeonato em casa ao nível das Cidade para visitar Campeo-
golo que marcaste ao Bele- O título é “A utilização da rhEPO melhores equipas. É natural que, Miami nato Nacio-
nenses, não sabias para onde no doping — Estudo dos efeitos estando a manutenção conseguida, Coimbra nal de 2ª Divisão, a Académica
ir depois de marcares… cardiovasculares e metabólicos em ficar no oitavo lugar é o objectivo Tradição e vida universitária venceu o Batalha AC por 20-
Era para ir para o lado da Mancha ratos submetidos a exercício fí- mais aliciante. É algo tangível e Académica 26. A equipa de Ricardo Sousa
Negra, mas lembrei-me da injus- sico”. Falei com o Instituto Farma- que nós procuramos obter. Passado, história, simpatia e soma agora 36 pontos. Na pró-
tiça que foram as faixas que puse- cologia Terapêutica Experimental, carinho xima ronda, a AAC recebe a
ram depois do jogo com o Vitória onde tinha feito a tese de estágio. Quando fica definida a pasta Domingos Paciência AD Sanjoanense, segunda
de Setúbal. As faixas foram ofensi- Na altura eles estavam a utilizar a da renovação do contrato? Importante, porque apostou em classificada com menos três
vas e nós não merecíamos. Ia para EPO (Eritropoietina) num estudo Quero ver a minha vida resolvida mim e tive maior projecção pontos. A equipa sénior femi-
lá, mas hesitei e fiquei com os animal e aproveitamos essa EPO no final da época. O prazo que graças a ele, motivador, rigoroso nina perdeu com a AD Sanjoa-
meus colegas. para submeter ratos a exercício fí- tenho estabelecido será até ao final Sonho nense por 16-32.
sico. Fomos vendo as alterações de Maio, que coincide com o final Jogar pela Selecção Nacional
Terminaste a licenciatura que foram produzidas em diferen- do campeonato e a ida para férias. Catarina Domingos
12 | a cabra | 28 de Abril de 2009 | Terça-feira
TEMA
D.R.
Q
uando à meia noite e reuniram em Lisboa para pintar um
vinte da madrugada de painel (de 4,5 por 25 metros) livre-
25 de Abril se ouviu mente e sem esquema prévio. Um
“Grândola Vila Morena” dos artistas a participar na iniciativa
na Rádio Renascença, es- foi Eduardo Nery (ver caixa).
tava dado sinal. Quando as tropas O crítico de arte e professor cate-
comandadas por Salgueiro Maia cer- drático da Universidade de Lisboa,
caram o quartel do Carmo, em Lis- Rui Mário Gonçalves, refere a pro-
boa, era o presságio de que a pósito deste painel que “a ideia era
sociedade portuguesa estaria prestes ver como o público ia reagir, criar
a sofrer uma mudança. A Revolução uma colaboração popular”. Os artis-
de Abril de 1974 trouxe profundas al- tas consideravam “que fazer uma
terações, sendo uma delas a liberta- pintura mural numa tarde era um
ção da arte. Murais, cartoons, grande feito”, mas com a intervenção
cartazes, esculturas e pinturas mos- da população o painel acabou por
tram-nos hoje a revolução que se ficar concluído muito rapidamente.
viveu há 35 anos, mas que ficou re- A obra acabou por ser, algum tempo
gistada das mais diversas formas. depois, destruída num incêndio.
“O 25 de Abril libertou consciên-
cias, libertou vontades e libertou a Cartoon - “despoletador
arte”. É assim que o arquivista do de consciências”
Centro de Documentação 25 de Abril Mesmo durante o regime, o cartoon
da Universidade de Coimbra, José foi usado para chamar a atenção da
Patrício, define a importância da re- sociedade, provocar um despertar
volução dos cravos para a conquista para a realidade do país e para a ne-
da liberdade de expressão artística. cessidade de mudança, apesar das li-
Durante o Estado Novo, os artis- mitações impostas pela censura.
tas não pararam de criar, mas com a “Sempre foi um despoletador de
democracia conquistada e a abolição consciências, ”, afirma o crítico e es-
da censura, os movimentos artísticos pecialista em cartoon, Osvaldo
adquiriram uma nova expressão es- Sousa.
tética. Nas palavras de José Patrício, A partir de 1969, houve uma certa
a revolução “entrou sem pudor pelas abertura nesta área e no jornal “O
diferentes artes no dia a seguir ao Século” artistas como Baltasar e João
seu eclodir”. Martins, que integravam as oficinas
Os jornais foram os primeiros a re- gráficas do jornal, voltam a publicar
ceber os sinais de mudança. Os trabalhos, delineando uma nova ten-
ideais, os sentimentos e as opiniões dência política. “Muitas vezes, pen-
anteriormente oprimidas ganharam savam que estavam a ser demasiado
expressão pública, surgindo novas ousados ou irrevrentes. Depois, veio-
formas de fazer títulos, novas cores se a descobrir que o próprio Marcello
e grafismos. Isto porque, segundo [Caetano] usou os cartoonistas para
José Patrício, “as pessoas sentiram mostrar ou para fingir que tinha uma
que podiam escrever o que queriam, certa abertura. Foram um pouco uti-
porque a vida era nova e a existência lizados, mas tiveram um papel im-
apaixonante”, considera. portantíssimo”, salienta o crítico.
Também “A Mosca”, suplemento
União pelos ideais do Diário de Lisboa, teve um papel
de Abril importante ao publicar trabalhos do “CELEBRAÇÃO DOS 30 ANOS DO 25 DE ABRIL” é uma das obras presentes na exposiçâo de António Colaço
A 7 de Maio de 1974, constitui-se um artista João Abel Manta, que tenta
agrupamento que se designou de recriar o humor gráfico dando uma mostrar que “o nacionalismo” portu- 70, o entusiasmo abrandou e conti- anúncios a iniciativas, cartazes de
Movimento Democrático de Artistas grande importância à componente guês deveria ir além da mentalidade nuaram em actividade apenas os ar- propaganda e de contra-propaganda
Plásticos (MDAP). Num artigo da re- plástica dos trabalhos, sem se limi- dos três F, Fátima-Fado-Futebol, tistas que realmente faziam do partidária, que “procuravam valori-
vista Flama - “Movimento Democrá- tar a mostrar o desenho de humor que predominou durante o regime cartoon a sua profissão. zar determinados objectivos e con-
tico dos Artistas Plásticos: a como uma simples anedota ou crí- salazarista. ceitos como a liberdade, a
intervenção necessária”, de 2 de tica. Com a revolução, o cartoon popu- democracia e a unidade”.
Agosto de 1974 - podia ler-se sobre o Manta é um dos artistas mais re- larizou-se e muitos artistas que antes O cartoon foi um Rui Mário Gonçalves recorda que
MDAP: “é um agrupamento de ar- conhecidos no que toca ao cartoon , se dedicavam exclusivamente às “os partidos mais pequenos tinham
tistas antifascistas que se unem em embora se tenha retirado ainda na artes plásticas passaram também a
“despoletador de os cartazes mais elaborados, pois ti-
moldes de classe profissional, resul- época de 70 e rejeite a designação de trabalhar no desenho consciências” antes e nham a necessidade de um lugar de
tante de uma tomada de consciência cartoonista. Se- humorístico. Passa destaque no panorama político”. Já
para uma intervenção politizada, na gundo Osvaldo de a existir “uma pa- depois do 25 de Abril nos grandes partidos, lembra, “não
nova realidade portuguesa, após o Sousa, foi “um pin- leta incrível de havia tanto essa preocupação, pois
golpe de Estado do 25 de Abril”. O tor que teve uma diferentes opi- tinham os seus líderes como figuras
autor do artigo, Eurico Gonçalves, necessidade cívica niões políticas, Cartaz - o papel político principais”. Segundo o crítico de
acrescentava ainda que, “não se defi- de intervenção. É uma grande pa- Outra das manifestações artísticas arte, o Partido Comunista dos Tra-
nindo como partido político, o quase como um nóplia de estilos com maior visibilidade durante a re- balhadores Portugueses / Movi-
MDAP denunciará os processos fas- pedagogo que estéticos e formas volução foi o cartaz. Usado como mento Reorganizativo do Partido do
cistas e reaccionários atentatórios tenta ensinar e de expressão”, forma de propaganda pelo Movi- Proletariado (PCTP/MRPP) era um
das liberdades, deveres e direitos dos abrir os olhos à refere Os- mento das Forças Armadas e pelos exemplo de partido com pouca ex-
artistas”. sociedade”. valdo Sousa. partidos, deu cor e expressão aos pressão que se valia dos cartazes.
A respeito deste movimento, é de Para o crítico Mas, ainda ideais políticos. Segundo Manuel Au- “Usava cores como o amarelo e o ver-
destacar uma festa realizada em de arte, Abel durante a gusto Araújo [profissão], surgiram melho porque achavam que consti-
Junho de 1974, em que 48 artistas se Manta tenta década de cartazes de diferente natureza, como tuia um sinal maoísta”. “Mas penso
TRAÇOS DA REVOLUÇÃO
28 de Abril de 2009 | Terça-feira | a cabra | 13
TEMA
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO 25 DE ABRIL
QUANDO OS ARTISTAS
PLÁSTICOS SE UNIRAM
Do vermelho e amarelo dos cartazes políticos ao preto e branco dos cartoons, o 25 de Abril
trouxe consigo a explosão de uma corrente artística aprisionada até então pelo cizentismo do
regime. Ainda hoje, a Revolução de Abril está presente na cultura artística portuguesa. Por
Catarina Fonseca e Andreia Silva
14 | a cabra | 28 de Abril de 2009 | Terça-feira
CIDADE
ILUSTRAÇÃO POR RAFAEL ANTUNES
A natureza é instável e precisa de pouco tempo para instaurar o caos numa cidade.
Embora sem grande historial de catástrofes naturais, Coimbra não deixa de ser um alvo.
Fomos perceber se estamos bem protegidos
dante dos Bombeiros Sapadores de damenta. O factor humano bate a na- tema de segurança contra sismos e ças de segurança deve-se somar a
Marta Pedro Coimbra, José Almeida. “Temos tam- tureza quando se apuram os respon- incêndios”, acrescenta. No entanto, acção de cada cidadão. Os procedi-
João Ribeiro
bém os incêndios que podem ter con- sáveis pelos fogos. “Queimadas, Coimbra ainda abunda em prédios mentos que cada pessoa deve tomar
sequências catastróficas se forem em fogueiras mal apagadas, queima de antigos construídos quando não exis- individualmente são vários e depen-
As imagens do sismo ocorrido em zonas históricas”, concretiza. lixos, lançamento de foguetes ou fogo tia qualquer tipo de regulamento. dem do perigo em causa. José Al-
Itália, a 6 de Abril, chocaram o O território urbano conimbricense posto”, são as principais causas ori- “Neste momento, as coisas estão meida chama a atenção para a
mundo e lembraram a muitos que as experimentou recentemente as con- ginárias de incêndios, como aponta muito melhores”, conclui José Al- limpeza das sarjetas, que facilita a in-
catástrofes naturais não avisam antes sequências da sua posição geográfica António Martins. “A origem humana meida. tervenção em caso de cheias. Tam-
de chegar e os seus efeitos são devas- neste Inverno, com a inundação da dos fogos representa 99 por cento dos bém, de forma a evitar e reduzir a
tadores. Também Coimbra está su- Baixa. José Almeida admite a impo- casos”, reforça. De todos os perigos “A Protecção Civil dimensão dos incêndios, os cuidados
jeita a vários tipos de ameaças, mas tência dos meios humanos perante a que ameaçam Coimbra, os incêndios somos todos nós” nas matas são essenciais. “Legal-
será que está preparada para as en- natureza. “Controlaram-se os caudais são os que reúnem mais preocupação Se um incêndio, inundação, sismo ou mente, já se remete para o cidadão
frentar? do rio, fizeram-se as obras hidráuli- e atenção das autoridades. Este ano, outro tipo de catástrofe se abater uma quota de responsabilidade” para
Para o responsável pelo Comando cas, tentou-se orientar as obras de os Bombeiros Sapadores vão adqui- sobre Coimbra, é de imediato accio- estas situações. António Martins
Distrital de Operações de Socorro forma a controlar o caudal, mas, rir quatro viaturas, de acordo com o nado todo um mecanismo que vai evoca mesmo o slogan: “a Protecção
(CDOS) de Coimbra, António Mar- mesmo assim, existem situações que comandante da corporação. desde os Bombeiros, à Protecção Civil somos todos nós”.
tins, “nunca se está totalmente pre- ficam longe do nosso alcance”. No Civil, passando pelo INEM (Instituto Quando a terra treme, cabe ao ci-
parado”. No entanto, assegura que a entanto, Fernando Rebelo acredita Alta e Baixa da cidade Nacional de Emergência Médica) e dadão, num primeiro momento, a de-
corporação está “munida de instru- que é pouco provável que este tipo de com fragilidades pela Cruz Vermelha. “Pelo menos 90 fesa pessoal. “O sismo actua
mentos de planeamento, gestão e inundações “assumam a dimensão de Ruas estreitas, prédios antigos e es- por cento das ocorrências são resol- imediatamente e não nos dá a possi-
meios que podem minimizar efeitos catástrofe com numerosas mortes”. tacionamento caótico são algumas vidas pelas três corporações de bom- bilidade de ajudar no momento” e,
devastadores”. O presidente da Asso- “O grande risco de inundação para das características que tornam a zona beiros [Voluntários, Sapadores e de por isso, “a defesa imediata” cabe às
ciação Riscos e professor da Facul- Coimbra estaria em função de um histórica de Coimbra mais frágil, caso Brasfemes]”, esclarece José Almeida. pessoas, “procurando locais que os
dade de Letras da Universidade de eventual colapso da Barragem da a cidade seja atingida por alguma ca- Só em casos de gravidade extrema possam proteger”, explica José Al-
Coimbra, Fernando Rebelo, consi- Aguieira”, situação que lhe parece, lamidade. Por exemplo, “em caso de é activado o Plano de Emergência, al- meida. Em regra, a maioria “não tem
dera que “Coimbra é uma cidade re- ainda assim, improvável. um sismo de grandes proporções ha- tura em que entram em cena os agen- consciência dos riscos quando, ao
lativamente segura” e afirma mesmo Verão após Verão, Portugal é asso- veria grandes dificuldades na Alta e tes da Protecção Civil e até as Forças longo da vida, não assistiu a qualquer
que “há um ‘know how’ extraordina- lado por incêndios em todo o territó- na Baixa”, afirma Fernando Rebelo. Armadas. Segundo António Martins, das suas manifestações”, adverte Fer-
riamente superior ao de outras cida- rio. Rodeada por uma extensa Em caso de incêndios, José Almeida “podemos considerar os Planos de nando Rebelo. Para contrariar este
des no respeitante a inundações e mancha florestal, paira sobre a zona adverte que “as consequências Emergência como uma forma de pla- desconhecimento, a Associação Ris-
incêndios”. urbana de Coimbra o pesadelo das podem ser catastróficas em zonas near o antes, o durante e o depois do cos vai promover uma conferência no
Se as probabilidades de ocorrência chamas. Desde 2005 que José Al- históricas”, devido à própria natureza acontecimento”. No que respeita à final do mês de Maio no Auditório da
de sismos em Coimbra são reduzidas, meida é bombeiro na cidade e foi destes locais. O ordenamento do ter- formação dos profissionais da Pro- Reitoria.
como refere Fernando Rebelo, já as nesse ano que presenciou a situação ritório tem um papel fundamental na tecção Civil, o comandante do CDOS Apesar das condicionantes aponta-
cheias e os fogos parecem ser fonte de mais grave. “Qualquer incêndio de minimização dos danos, materiais e é peremptório em afirmar que estes das, Coimbra tem vindo a apostar na
maiores preocupações. “Devido ao grande dimensão pode ter grandes humanos e, para o comandante dos são “abnegados e treinados para ope- segurança dos habitantes e, nas pala-
Mondego, existe o maior risco de proporções como teve em 2005 e tor- sapadores, “cada vez se tem isso mais rarem nas mais diversas situações de vras de António Martins, “compara-
inundações urbanas e de desliza- nar-se uma grande ameaça para as em consideração”. “Quando se faz um perigo”. tivamente a outras cidades médias,
mentos de terras”, explica o coman- pessoas que moram na cidade”, fun- prédio, é necessário haver um sis- Ao papel a desempenhar pelas for- não é insegura”.
28 de Abril de 2009 | Terça-feira | a cabra | 15
OS CHECKPOINTS são uma umas das formas que o governo israelita encontrou para contrariar os ataques bombistas no seu território
Activista palestiniano
impedido de viajar para Portugal
INFOGRAIFA POR JOÃO MIRANDA
Detenção antes guisse apanhar o voo” que o traria dos de espera, também as deten-
a Portugal, sublinha o presidente ções e mortes são uma realidade
do voo não permite
da FMJD. nestes pontos de controlo. “Dois
a participação de estudantes universitários de deza-
dirigente da Os check-points nove anos morreram após passa-
Juventude da na fronteira rem o dia detidos, algemados ao
Este tipo de detenções arbitrárias sol, num check-point”, critíca.
Palestina em colóquios constitui uma prática diária por No que diz respeito à circulação
parte das forças militares israelitas. entre os dois territórios, a vice-pre-
Vasco Batista “O exército de Israel tem uma polí- sidente da Comunidade Israelita
Pedro Nunes tica diária de prender e deter [pa- de Lisboa, Esther Mucznick, afirma
lestinianos], muitas vezes de forma que “é preciso ter uma autorização
O dirigente da União Democrá- aleatória”, afirma. Relatando a ex- e por uma razão muito simples:
tica da Juventude da Palestina periência da sua recente passagem tem a ver com os atentados terro-
(UDJP), Hashem Ezeya Albadarin, pela Palestina, Tiago Vieira revela ristas e com a segurança”. Con-
detido por militares israelitas, que “o ambiente em Israel é muito tudo, reconhece que “por vezes, na
falha viagem a Portugal dinami- tenso a todos níveis, criado por atribuição dessas licenças possa
zada pela Federação Mundial Ju- uma cultura muito violenta, do haver alguma arbitrariedade”. E
ventude Democrática (FMJD). A ponto de vista de imagem e de cho- ainda que seja de “lamentar”,
detenção de Albadarin aconteceu que”. Uma realidade que espelha Mucznick, acredita que “é necessá-
dias antes do primeiro de uma este ambiente é a proporcionada rio esse tipo de segurança”.
série de colóquios, em Coimbra, pelos “check-points”, pontos de A situação de Hashem justificou
Lisboa e Porto, organizados pela fronteira israelita que controlam o o protesto formal da federação, que
Juventude Comunista Portuguesa. fluxo de pessoas dentro do territó- abordou, em carta aberta, a Em-
Uma entrevista ao jornal A CABRA rio palestiniano. O dirigente da baixada de Israel em Lisboa, es-
estava agendada para a tarde da FMJD relembra a última visita da tando a aguardar uma resposta. “É
passada quinta-feira, 23. organização à Palestina, onde, uma espera relativa porque, geral-
A FEDERAÇÃO MUNDIAL DE JUVENTUDE DEMOCRÁTICA
Segundo o presidente da FMJD, “dentro de uma cidade, os palesti- mente, a postura que nós conhece-
Tiago Vieira, “Albadarin foi preso nianos que acompanhavam a dele- mos das autoridades de Israel é de
por forças do exército israelita, ao gação foram impedidos de passar. A FMJD é uma organização ju- ticipantes, associações e juven- um desprezo e de uma falta de res-
tentar passar a fronteira entre o Os soldados israelitas disseram: venil mundial sedeada em Bu- tudes partidárias oriundas das peito profunda”, adverte o presi-
território palestiniano e a Jordâ- «os europeus podem passar. Vocês dapeste. Foi fundada em mais diversas partes do mundo. dente da FMJD.
nia, portanto, sem tocar em ne- esperam 20 minutos e depois a Londres, no rescaldo da Segunda A federação, actualmente pre- O Jornal A CABRA entrou em
nhum momento em Israel”. A gente já volta a conversar»”. Guerra Mundial, a 10 de Novem- sidida pela juventude por- contacto com a representação di-
viagem de Albadarin foi interrom- Segundo Tiago Vieira, esta arbi- bro de 1945, sendo reconhecida tuguesa, tem como princípios plomática de Israel em Portugal e
pida na fronteira da Cisjordânia, trariedade do sistema dos check- pelas Nações Unidas como orga- basilares, a união e a soli- foi informado de que as instâncias
território palestiniano da margem points afecta, diariamente, nização juvenil não-governamen- dariedade com vista a conscien- teriam apenas conhecimento da si-
Ocidental do rio Jordão, com a Jor- milhares de palestinianos, dificul- tal. Organiza o Festival Mundial cializar os jovens para ideais da tuação através do comunicado di-
dânia. Albadarin ficou detido du- tando o seu quotidiano, o seu tra- da Juventude e Estudantes, no liberdade e da cooperação para fundido pela FMJD, sem adiantar
rante cerca de oito horas, “o balho e o acesso à saúde e à qual se reúnem milhares de par- a paz. pormenores adicionais.
suficiente para impedir que conse- educação. Além dos longos perío- Com Rui Miguel Perreira
16 | a cabra | 28 de Abril de 2009 | Terça-feira
Pela primeira vez em Os dados mostram que a tendên- sando de 4.769 milhares para Vinha e do Vinho, o nosso país ex- durante a floração das vinhas fize-
vários anos o consumo cia é a diminuição no consumo em 4.912 milhares e na África do Sul o portou em 2008 cerca de 3,1 mi- ram com que a vinha perdesse
praticamente toda a Europa, man- acréscimo foi ainda menor. O con- lhões de hectolitros de vinho, qualidade e que a sua maioria fosse
de vinho baixou. tendo ainda assim a grande fatia sumo aumentou neste país de representando assim, 3% do mer- mesmo devastada. Ainda assim,
2009 será um ano do mercado. 3.557 milhares para 3.576 milha- cado mundial. muitos são os especialistas e enó-
complicado para este Só países como os Estados Uni- res de hectolitros. Segundo o relatório para logos que se mostram confiantes
dos da América, a Austrália e a Embora com o consumo em 2008/2009 da ViniPortugal, Asso- em relação à qualidade de vinhos.
mercado. África do Sul tiveram um aumento baixa, as exportações na Europa ciação Interprofissional para a Segundo as previsões do mesmo
no consumo de vinho, embora estão a aumentar. O país que mais Promoção de Vinhos Portugueses, relatório prevê-se um decréscimo
André Ferreira pouco significativo. Nos EUA, o exporta (volume) é a Itália, com a produção de vinho apresenta de produção entre os 12 a 30 por
aumento foi dos 26.500 milhares 17,2 milhões de hectolitros, o que uma tendência para baixar ainda cento em relação ao ano de 2007,
Com o aparecimento da crise de hectolitros, em 2007, para equivale a 19% do mercado mun- mais do que em 2008 devido às variando de região para região.
mundial, também o mercado do 27.250 milhares, em 2008. Os dial. Segue-se a Espanha, a França, condições climatéricas. As tempe- Supõe-se que o Alentejo, Terras de
vinho enfrenta dificuldades. Como consumos também tiveram um li- a Alemanha e Portugal. Segundo a raturas mais baixas do que é habi- Sado e Bairrada são as regiões que
alerta a Organização Internacional geiro aumento na Austrália pas- Organização Internacional da tual e a existência de chuva mais vão baixar a produção.
da Vinha e do Vinho (OIV), depois
LEANDRO ROLIM
de um crescimento sucessivo do
consumo de vinho no mundo, o
ano de 2008 marca o ponto de vi-
ragem. Em praticamente todo o
mundo, o consumo de vinho dimi-
nuiu. Em contraste, a exportação
aumentou nos países onde a pro-
dução é maior.
Também em Portugal o aumento
da exportação de vinho não foi
acompanhado pelo consumo. No
ano de 2008, segundo o OIV es-
tima-se o consumo de vinho tenha
atingido os 4.800 milhares de hec-
tolitros, representando uma redu-
ção de 5 hectolitros em relação ao
ano transacto. A França mantém-
se como o país que mais consome
com 31.750 milhares de hectoli-
tros.
As exportações vinícolas deste
país são também as mais valiosas.
Segue-se a Itália com 26.000 mi-
lhares, menos 700 hectolitros se-
guindo-se a Alemanha com
20.000 milhares, com uma dimi-
nuição no consumo de 152 hectoli-
tros. O Reino Unido também
baixou o consumo para menos de
13.483 milhares, menos 219 hecto-
litros e a Espanha com 12.790 mi-
PORTUGAL assim como a generalidade dos países Europeus viu o seu consumo interno baixar
lhares de hectolitros, menos 481.
BREVES
D.R.
ARTES FEITAS
CINEMA
uma altura em que o ci- dela. A interpretar os jovens ator- difícil de ver. O realizador de ser-
A Organização”
O
International Bank
of Bussiness and Cre- realizadores europeus mais esti- Apesar das bem conseguidas
dit é uma das maio- mulantes da actualidade e, como cenas de acção, em particular o
res instituições parece ser o destino de qualquer tiroteio no Guggenheim, Tykwer
DE
bancárias do mundo. O aspecto realizador europeu estimulante, não consegue ainda atingir ni-
TOM TYKWER
respeitável, no entanto, esconde mais tarde ou mais cedo vai tra- veís Hitchcockianos. O aspecto
negócios moralmente questio- balhar nos EUA. Ainda não é o visual dominador da sede do COM
náveis e a busca do lucro sem caso deste filme, maioritaria- Banco é interessante mas o CLIVE OWEN
NAOMI WATTS
respeito pela vida humana. mente filmado na Alemanha, McGuffin escolhido não é assu-
ARMIN MUELLER-STAUL
Provavelmente uma das conse- mas a influência de outro ci- mido como tal. Fica a meio ca-
quências menos aguardadas da neasta europeu transformado minho entre o puro pretexto 2009
recente crise financeira interna- em ícone de Hollywood é cada para a acção e o motor efectivo
cional é a ausência de credibili- vez mais sentida em Tykwer. O da narrativa.
dade da estória que sustenta “A pastiche de um plano de “Ver- A Clive Owen não se pedia uma
Organização”. Para acreditar tigo” acontece mais uma vez e a interpretação digna de prémios,
que um banco, no actual con- própria evolução narrativa não mas é capaz de mostrar porque
Jovem
texto mundial, é capaz de con- está alheia do conceito de tantos o consideravam uma forte Aprendiz de
trolar seja o que for de forma McGuffin tão caro a Hitchcock. alternativa a Daniel Craig no Hitchcock
eficaz é preciso um grande es- A gestão da tensão é outro dos papel de 007.
forço. Mas deixemos isso de pontos altos, com a utilização de
parte. Tom Tykwer (“Corre, Lola uma subtil banda sonora a aju- FERNANDO OLIVEIRA
28 de Abril de 2009 | Terça-feira | a cabra | 19
ARTES
A FEITAS
RTES F EITAS
OUVIR LER
ill Oldham nasceu omeço por uma declaração de preensão dos que a rodeiam. Pelo meio
Nas Barbas
do Diabo
W em 1970 em Louis-
ville, Kentucky. Cedo
revelou dotes artísti-
cos na arte da representação, fo-
Virei a esquina
e perdi-me
C interesses: Rosa Lobato Faria
é um dos nomes de que mais
gosto na literatura portuguesa
actual. Preconceitos de actriz, dondoca,
da história, Margarida ainda há-de acor-
dar, depois de mais umas noites no
mesmo quarto, na época pombalina, só
que no papel de uma jovem presa numa
tografia e música. Aos 17 anos escritora de letras de música, à parte, cela de um convento. Nos “nossos tem-
mudou-se para Hollywood, e par- acima de tudo, porque me surpreendeu. pos”, a personagem principal desapare-
ticipou em vários filmes, mas saiu No primeiro, no segundo, no terceiro li- ceu sem deixar rasto e a família e
desiludido com as voltas do car- vros, e por aí adiante. A diferença é que namorados procuram-na, ante duas
rossel cinematográfico. Em 1993, nos primeiros comecei pela supresa po- irmãs que nada dizem, mas (quase) tudo
surge o primeiro registo de uma sitiva. Nos que se seguiram, lá para o pressentem. Nos séculos velhos, vai des-
voz frágil e taciturna no corpo de sexto, a pergunta que me incomodava a cobrindo o que aproxima e afasta o papel
um jovem de pouca barba. A cada página era: onde é que ela está? da mulher nos diferentes anos.
barba cresceu. Os diferentes E foi esse mesmo sentimento que me E assim reza a história, a alternar entre
rumos que a sua música foi to- perseguiu enquanto li “As Esquinas do três séculos, durante uma semana dos
mando e a inconstância de músi- Tempo”. Aliás, quase me forçava a ler, na nossos dias, deixando o leitor por vezes
cos com quem tocava, fizeram esperança de na página seguinte me tão ou mais confesso que a personagem.
com que entre 93 e 97, Will Old- reencontrar com uma das minhas escri- Andamos, nós e ela, sem saber muito
ham vestisse as suas produções tora preferidas. Só que terminei o livro bem onde vamos estar na página se-
sob vários nomes e experiências: da mesma forma que terminei os últimos guinte. Os amantes e a família, invaria-
“Palace Brothers”, “Palace Songs”, três que li da mesma autora: a pensar se velmente são muito semelhantes, fisica e
DE
BONNIE ‘PRINCE’ BILLY “Palace Music”, ou simplesmente não teria que repensar essa ideia. psicologicamente, à rebeldia da época
“Palace”. É só a partir de 1998 que “As Esquinas do Tempo” começa com em que habitem. O quarto, percebe-se, é
EDITORA surge o seu principal e actual Margarida, uma professora que vai pas- um portal, onde o tempo, que não é li-
DRAG CITY
alter-ego: Bonnie ‘Prince’ Billy, sar umas noites numa antiga casa se- near, se cruza. Esquina com esquina.
2009 um nome enigmático que engole nhorial,a Casa da Azenha. Independente, Uma escrita light, a fingir profundi-
diversas referências caras a Old- DE com um amante novo e um eterno amigo dade. É pena. E até admito que a pressa
ham como Bonnie Prince Charlie ROSA LOBATO DE FARIA com aspirações a namorado, Margarida de encontrar a Rosa me tenha impedido
ou Billy The Kid. Bonnie ‘Prince’ Billy, é um homem solitário que transpira século XXI. Só que, depois de de perceber a história na sua plenitude.
EDITORA
vive bem perto das margens da escuridão, a sua música pertence PORTO EDITORA adormecer no quarto que lhe coube, des- Termino como comecei: por uma de-
às raízes melódicas norte-americanas do country ou nu-folk, em- cobre-se na manhã seguinte muitos anos claração de interesses. Apesar da desilu-
balada pela escrita cuidada de letras que rondam os temas da 2008 antes, cem, para ser exacta, em 1908. são, não desisto, e no próximo título
morte, sexo, e solidão iluminadas por um mordaz sentido de Aí, a jovem, que não perde nunca a assinado por RBL, lá estarei, página a pá-
humor. “Beware!” é o oitavo disco de Bonnie, num sentido global consciência de quem é, tem pais novos, gina, à procura da escritora de “O Pre-
mantém-se fiel à sonoridade dos restantes, mas existem diferen- irmãs novas, um prometido novo. Mas núncio das Águas” ou “Os Pássaros de
ças assinaláveis, quando na faixa de abertura “Beware Your Only hábitos velhos, que lhe valem a incom- Seda”. Mas fechei a porta deste quarto.
Friend”, se anunciam coros femininos, que não deixam cair a voz
de Bonnie no silêncio. Os temas ganham densidade com a pre- SOFIA PIÇARA
sença constante de violinos, trompetes em delírio, uma secção VER
rítmica notável ou pelos pormenores de palmas e inesperadas so-
luções de composição jazzisticas. Na voz de Bonnie nota-se um
novo ânimo, como se pela primeira vez cantasse de cabeça er-
guida “You don’t love me, that’s alright”! Ao longo de “Beware!”, Aelita”
Bonnie vai puxando um invisível fio de celebração pessoal, “You
Can’t Hurt Me Now” e “I Don’t Belong To Anyone “são disso
exemplo. Este é um disco que irá marcar a obra de Bonnie ‘Prince’
Billy, sem que por isso toque no génio de “I See A Darkness”
(1998), talvez porque Bonnie queira experimental a luz, ou ape-
nas tornar a sua música comercialmente mais apelativa. Mas se
Viagem de
Protazanov
É fantástico como em menos
de dois minutos consegui-
mos partir com um sorriso
de satisfação, ser invadidos por aquela
sua vontade. O destino dos dois está ob-
viamente interligado numa relação que,
no cômputo da história, assume menos
importância do que esperaríamos à par-
Bonnie ‘Prince’ Billy está diferente… cuidado! Os ventos podem sensação que nos assalta sempre no tida.
mesmo mudar… pleno momento da catarse da narrativa Pela mão da Divisa, o filme chega-nos
e culminar tudo num redondo “Hã?!, na sua versão integral e restaurada em
mas o que é que se passou ali?”. É esse o que a banda sonora é brilhantemente
CARLO PATRÃO poder de “Aelita”. adaptada das obras de Stravinsky, Gla-
A obra-prima de Protazanov é tudo zunov e Scriabini. Também o som está
menos um filme fácil. A complexidade remasterizado e adaptado a sistemas 5.1!
metafórica do romance de Alexei Tolstoi Mas onde o som marca pontos, falha
GUERRA DAS CABRAS acompanha a própria complexidade vi- tudo o resto. Os dois únicos vídeos dos
A evitar sual gerada pelos cenários e figurinos de extras (um pequeno vídeo com os co-
Aleksandra Eskter, em que a inspiração mentários do historiador P. Shepotinnik
Fraco construtivista e as marcas futuristas não e uma apresentação de fotos e desenhos)
escondem o conflito artístico próprio de não fazem jus à obra. Os quatro textos
Podia ser pior
um momento histórico. que acompanham o filme (Futurismo e
Vale a pena O guião remete-nos para da década 20. Cinema, Yakov Protazanov, Fimlografias
FILME
Los, o engenheiro responsável da Esta- e Fichas), embora bastante interessantes,
A Cabra aconselha ção de Rádio de Moscovo, consegue de- pecam pelo facto de serem unicamente
A Cabra d’Ouro Extras cifrar um radiograma emitido de Marte. veiculados em espanhol.
A mensagem acaba por ocupar o pensa- De resto, merece-se acrescentar que
mento do jovem engenheiro, que numa “Aelita” foi fundador do cinema de “fic-
obsessão quase insana, vive ofuscado ção-científica social” e foi a primeira
DE
Artigos disponíveis na: pela frase “Anta, Odeli, Uta” e pela ideia longa-metragem dedicada à ideia da via-
YAKOV PROTAZANOV
da construção de um engenho que o per- gem pelo espaço, tónica que esteve em
EDITORA mita viajar até ao planeta vermelho. Ao voga em todo o século que lhe seguiu.
DIVISA mesmo tempo, Aelita, a rainha de Marte,
debate-se com o objectivo de tomar o
2009
poder ao seu pai e subjugar o planeta à JOÃO MIRANDA
20 | a cabra | 28 de Abril de 2009 | Terça-feira
SOLTAS
ALMOÇO SOCIAL MATEUS BARREIRINHAS • PRESIDENTE DA ARCÁDIA - ORGANIZAÇÃO DA FEIRA
DO LIVRO
COM PERSONALIDADE
RUI PEREIRA
OPINIÃO
CLÁUDIA TEIXEIRA
OS PROBLEMAS ACTUAIS DA UC
QUAL O PAPEL DOS ESTUDANTES?
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28 de Abril de 2009 | Terça-feira | a cabra | 23
OPINIÃO
RISOS SARCÁSTICOS POR EDITORIAL
DESCRÉDITO E FALTA DE CONSCIÊNCIA
SE A INCONSTÂNCIA
Olga Roriz * NÃO MANDASSE NAS PALAVRAS
D.R.
F
oi preciso acreditar rança queira marcar o passo, mais
quando em Janeiro ou- preocupada em estar próxima do
vimos prometido esbar- núcleo de intervenção – que são os
rar o conformismo estudantes – do que em se fazer pu-
contra a parede. Que o blicitar com frases feitas e inócuas
conformismo estava descolado da vontades que só à falsidade devem
pele da Academia só acreditava proveito? Mas ainda mais grave é
quem quisesse, mas era preciso que a consciência dos dirigentes as-
acreditar – dizia o apelo, aguerrido. sociativos não pesa no momento em
De Janeiro para cá, os meses não que se assumem um discurso ba-
foram de outra coisa senão de con- lofo, reduzido a palavras decoradas,
formismo. contraditórias em si mesmas em re-
Não duvidamos que estamos lação àquilo que dizem defender
Escrever sobre o estado da Dança atenção e de mais respeito. Público numa fase de crise económica e de para assegurar os direitos e a boa
em Portugal não é o mesmo que es- não nos falta, inspiração também crise política e que, portanto, tudo graça dos estudantes.
crever sobre a Dança em Portugal, não. O que nos falta então? (Risos vai em contra ciclo em relação ao Coimbra está sempre a despedir-
muito menos sobre a Dança, do es- sarcásticos por descrédito e falta de movimento associativo e à partici- se e a receber novos estudantes; a
tado em Portugal. paciência). pação cívica dos estudantes. No en- renovação geracional que aqui se
Sobre qual delas escrever, sobre Bom, por princípio não gosto de tanto, os desafios são os de sempre, gera – com aqueles que adoptam a
qual delas posso, devo ou consigo me repetir mas neste momento acho e agora, mais do que nunca, devem cidade como sua, agora, e para o fu-
discernir? pertinente fazê-lo. ser lembrados a bom som. Sob o turo, cada vez por menos anos –
Será que a 29 de Abril, dia Mun- Por isso aqui vai o texto que o ano que temos assistido nos últimos não pode ser alheada das exigências
dial da Dança, não nos devíamos es- passado pela mesma data li para anos, corremos o risco de deixar de um ensino mais preocupado com
quecer das desgraças, do uma sala cheia no Teatro Camões e que as novas lutas estudantis sejam a acção social, a pedagogia, a repre-
desgoverno, da ausência de política, que infelizmente se coaduna 1 ano imperceptíveis para aqueles que sentatividade. Mas assumir, por
da escassez de apoios, da instalada depois
e impune incompetência e rejubilar “Nada ou pouco temos a come- Grave é a imperceptibilidade em que
“
esta maravilhosa e incomparável morar neste dia mundial da dança.
arte? Não porque a dança neste país esteja vivem os estudantes da UC perante as
As dúvidas, questões e instaladas mal de saúde, bem pelo contrário,
inseguranças são já por si um indí- mas porque os senhores doutores suas próprias lutas
cio de que por terras lusitanas a insistem em nos diagnosticar falsas
coisa não dança bem. doenças, impondo-nos uma série de não fazem parte do núcleo estudan- princípio, que existe uma dificul-
«Um povo culto é um povo ingo- exaustivas análises clínicas. til. Para não ir muito longe, basta dade de mobilização que é inultra-
vernável» afirmou António de Oli- Deixem de nos tentar organizar. reparar na superficialidade com que passável quando os problemas
veira Salazar. Dêem-nos condições de trabalho foi encarado um dirigente associa- estão à flor da pele e são sentidos
Será que foram mesmo 40 anos que nós nos governamos. tivo na grande entrevista que Jorge por todos – e todos os dias – é sinal
de azar e outros tantos a penar? Não tentem destruir o que cons- Serrote deu à TSF e ao Diário de de que o inconformismo apregoado,
Enfim, coisas deste pequeno Por- truímos a pulso apenas para enco- Notícias, este domingo, onde à mar- afinal, tem tanto de incongruência
tugal. brir a vossa incompetência, a vossa gem ficaram as questões prementes quanto de ‘show off’.
Será que querem acabar com a falta de clareza e visão do futuro. que preocupam a agenda das uni- E se, em boa verdade, a associa-
Dança? Se sim, é melhor que nos in- Há anos atrás pensávamos ter ba- versidades portuguesas. De fora fi- ção académica passou a estar mais
formem por carta, por e-mail ou tido no fundo e restava-nos a espe- caram pontos essenciais sobre o imbricada nos assuntos da cidade,
mesmo por sms. rança de algo mudar. Grande estado do ensino superior, quando a mobilização para as causas estu-
Claro que estou a brincar. Claro engano o nosso! Para bater no fundo o absurdo das palavras chega ao dantis perdeu em proporção in-
que sei que ninguém no seu juízo ainda muito nos falta e o pior é que ponto de o ministro Mariano Gago versa e sem retorno absoluto. Por
perfeito quer acabar com a Dança. nem nós, profissionais da queda, sa- estar em consciência convicto de isso, e enquanto a actividade da as-
Claro que sei que é difícil governar, beremos como cair. que não existe “nenhuma situação sociação académica se esgotar den-
tomar resoluções, assumir respon- Quanto a mim, estou tão farta e crítica com os níveis de financia- tro de portas na mera conjugação
sabilidades, arriscar em novos ca- descrente dos nossos governantes mento actuais” nas instituições. de vontades administrativas e na
minhos, clarificar políticas culturais, que estou prestes a perder-lhes o Mas tão grave quanto isto é a pró- promoção cultural e desportiva, não
traçar estratégias sólidas, enfim, respeito. pria imperceptibilidade em que são os sinais do tempo. São os sinais
construir um presente que o futuro E isto é triste!!! vivem os estudantes da Universi- de que as lideranças querem espe-
não tenha de esquecer. Resta-me desejar que a força da dade de Coimbra perante as suas rar que o tempo passe e com ele o
A Dança é uma das riquezas do dança extrapole o corpo e se faça voz próprias lutas. São os estudantes conformismo. Para isso dizem que
nosso país. Tão pobre mas tão rica. para que alguém nos ouça. passivos, à espera que alguém lhes é preciso acreditar. Desacredite-
A Dança não pode acabar. A boa Viva a dança!” leve a mensagem? Ou podem, desde mos.
Dança não pode acabar mas para o início, participar nas concepções Pedro Crisóstomo
isso precisamos de ajuda, de mais * Coreógrafa das lideranças, desde que essa lide- Editor-executivo
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Notas
Futsal AAC
Ministério
da Cultura
Câmara
Municipal sobre
arte...
Depois de um quinto lugar na tem- O ministro José António Pinto A Revolução de 25 de Abril cele-
porada transacta, a equipa universi- Ribeiro anunciou que o Acordo Or- brou 35 anos e a Câmara Municipal
tária da AAC, orientada por João tográfico entrará em vigor ainda não organizou qualquer iniciativa de
Oliveira, arrecadou o título nacional. este ano, sem contudo precisar al- comemoração deste marco. O presi-
A Académica venceu a Associação guma data. O Brasil já iniciou este dente, Carlos Encarnação, baseou-se
Académica da Universidade do processo e Portugal só tem a perder na falta de participação da população
Minho por 0-4 e alcançou o ouro uni- enquanto não o fizer. Pinto Ribeiro para justificar a ausência de festejos.
versitário, o único da participação da assegurou, igualmente, que tudo Impõe-se questionar se o melhor a
AAC nos Campeonatos Nacionais será feito “sem rupturas e com fazer é investir na mobilização da so-
Universitários 2009. Agora a turma grande tranquilidade”, resta saber ciedade civil para a festa da Liber-
de Coimbra vai representar Portugal se a medida será cumprida dentro dade, ou simplesmente ignorá-la,
nos campeonatos europeus em Julho. do tempo anunciado. como fez a edilidade.
C.D. J.R. J.R.
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