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17 de Março de 2009
a cabra
Ano XVIII
N.º 194
Quinzenal gratuito
Norberto Alves
“Vamos tentar jogar
e ganhar jogos”
Estudantes da CPLP acusam
direcção-geral de distanciamento
No fim-de-semana em que a Acadé- Os dirigentes das associações que re- permitam a integração dos estudantes actual direcção de “manipulação”, ao
mica saiu derrotada na visita ao presentam os estudantes não portu- da CPLP”. O presidente da direcção- Associações de ter apresentado, na última Assembleia
Benfica e acabou com um ciclo de gueses da CPLP denunciam a geral, Jorge Serrote, no entanto, diz que estudantes dizem ser Magna, uma moção em alternativa à
seis vitórias consecutivas, o treina- “ausência” das direcções-gerais da AAC “é a direcção-geral que está empenhada proposta que previa a ida à manifesta-
dor da equipa sénior de basquetebol nas actividades que desenvolvem. Um em estreitar laços”. Já o presidente da contactadas apenas ção a Lisboa pela defesa dos direitos dos
da Académica fala da participação dos estudantes afirma que “a DG/AAC Organização dos Estudantes Guineen- para as eleições imigrantes.
do clube na liga portuguesa, do novo não tem sabido criar mecanismos que ses em Coimbra acusa directamente a P5
modelo da prova, na carreira e no
futuro. Norberto Alves elogia a coe- ANDRÉ FERREIRA
João
Mesquita
Um homem
de causas,
de lutas e de
jornalismo
P7
DESTAQUE
SEMANA INTERNACIONAL DO CÉREBRO
DESTAQUE
Semana
assinalada
A utilização de computadores
e a navegação na Internet são
voltadas para onde haja infor-
mação. Uma simples mosca que
quecer-se do que se anda a fazer
na vida; perder a cabeça por dá
no Museu
autênticos rituais sagrados para a
maioria dos estudantes. Msn,
passe ao seu alcance é automati-
camente detectada, registada e
cá aquela palha ou entrar em
ebulição à mínima frustração ou
da Ciência
Google, Hi5, Facebook e transformada numa imagem men- à mínima contrariedade”, enu-
Wikipedia, são termos familiares tal”, explica. mera Nélson Silva. Patrícia Neves
para o estudante comum, que As consequências deste autên- Um estudo recente realizado
quase já não passa sem aceder tico bombardeamento de sons e por uma investigadora britânica “Cérebro e arte” é o tema deste
diariamente à web. Além das imagens estão relacionadas com revela que as redes sociais online ano da Semana Internacional do
horas em frente ao computador, a maior ou menor exposição a in- (Hi5, Facebook e Twitter, são al- Cérebro. Por isso, o Museu da
há um sem número de outros es- formação. No limite, o ser hu- guns exemplos) provocam, a Ciência da Universidade de Coim-
tímulos tecnológicos a que o mano desenvolve uma longo prazo, nos seus uti- bra agendou um conjunto de acti-
cérebro humano não é indifer- “dependência de ecrãs” e passa lizadores uma “infantilização” do vidades para esta semana.
ente, desde o telemóvel à tele- por aquilo que o presidente do cérebro. No espaço vão estar expostas
visão, passando mesmo pela Instituto da Inteligência apelida As principais consequências montagens que visam dar a co-
simples máquina de calcular. de “transe hipnótico-tec- são egoísmo, défices de concen- nhecer alguns aspectos da neuro-
Para o presidente do Instituto nológico”. tração e dificuldades em rela- ciência. A exposição é dirigida em
da Inteligência, Nélson Silva, Este estado é provocado “por cionamentos. Nélson Silva não particular ao público mais jovem.
fugir a todo este fluxo de infor- uma elevada concentração nos acredita que “o cérebro faça uma Hoje, 17, quinta-feira e sexta-
mação “é como tentarmos fugir conteúdos de ecrãs, nomeada- viagem de regresso ao passado”. feira vão decorrer palestras onde
da nossa própria sombra”. “O mente nos computadores” e cul- Contudo, o presidente do insti- se vai relacionar o cérebro com a
cérebro está sempre mina numa “’atenção fascinada’, tuto admite que, “a nível mental arte. Foram convidados cientistas
de antenas próxima da que se obtém em e, por conseguinte, a nível psi- do cérebro e mesmo pessoas que
transe hipnótico”, conta o inves- cológico, possa haver uma se dedicam à poesia, como Luís
tigador. aquisição de atitudes e lingua- Quintais, para expor a sua pers-
A um nível mais prático tudo gens mais infantis”. pectiva quanto à investigação do
isto se traduz de várias formas: J.R. cérebro e a importância que tem
“andar sempre a bocejar; no trabalho. Neurocientistas, in-
adormecer nas aulas; es- vestigadores em neurociência,
neurobiologia geral e biologia
geral, tais como Paulo Pereira e
Marta Menezes, também vão
expôr as suas ideias. Estas pales-
tras acontecem sempre às 16
horas.O Centro de Neurociências
vai também visitar escolas.
Em homenagem aos 60 anos do
Nobel de Egas Moniz, amanhã de-
ENSINO SUPERIOR
Rumo político da AAC divide
a Academia novamente SÓNIA FERNANDES tada, pela DG/AAC, às associações
rumo e a forma de lutar contra o
RJIES”. de estudantes presentes no ENDA
Para a estudante da FCTUC, o e a proponente da moção espera
facto de a DG/AAC ter votado con- que “a direcção-geral faça tudo
tra o primeiro ponto e ter-se abs- para que a proposta seja apro-
tido no segundo “parece ter sido vada”. Jorge Serrote explica que
por terem sido chamados à atenção “caso a moção não seja aprovada
aquando a reprovação da tomada em ENDA, tem que se equacionar,
pública de posição contra o porque se aquilo é para ser uma
RJIES”. Jorge Serrote, assegura manifestação nacional torna-se
que “não foi certamente por aquilo complicado não termos o apoio das
que a proponente disse que se alte- outras académicas”. O dirigente as-
rou o voto”. “Pedimos para ser vo- sociativo afirma que “antes do
tado ponto por ponto precisamente ENDA vai-se discutir essa questão
porque as votações iam ter sentidos com a proponente e talvez, até,
de voto diferentes”, justifica. levar a discussão a magna”. No que
Sílvia Marques refere que diz respeito às questões discutidas
quando apresentou a moção, “pen- em AM, Ana Beatriz Rodrigues as-
sava que a DG/AAC iria votar a segura que “não temos uma acade-
favor do primeiro ponto e chumbar mia unida e acho que há uma
o segundo, porque o abaixo-assi- tentativa da DG/AAC em não agru-
nado é uma proposta concreta de par tudo”. A estudante da FLUC
acção e não me parece que esta di- ressalva que “a direcção-geral es-
recção-geral tenha vontade de teve bem em relação a certas pro-
apresentar propostas concretas de postas como é o caso da iniciativa
A ASSEMBLEIA MAGNA votou a favor de todas as moções apresentadas pela DG/AAC acção e de as concretizar”. Serrote ‘UC a pente fino’ e do caderno rei-
afirma que “o abaixo-assinado é vindicativo”.
Moções que previam discordância entre os estudantes (DG/AAC). Era uma medida con- algo que verdadeiramente não es- Além das moções referidas, na
que se encontravam reunidos. A es- sensual, que correspondia a uma tava vocacionado como algo que última AM foi aprovada a elabora-
uma manifestação
tudante da Faculdade de Ciências e deliberação de magna”. Sílvia Mar- fosse, naquele momento, o melhor ção de um caderno reivindicativo e
nacional em Lisboa e Tecnologia da Universidade de ques afirma que foi uma “incoe- caminho, mas consideramos tam- a apresentação de uma queixa ao
um abaixo-assinado Coimbra (FCTUC) Sílvia Marques rência política brutal” e que houve bém que não seria algo mau fazer. Provedor de Justiça a requerer a
apresentou uma moção que, no “desonestidade para com os estu- Daí a abstenção”. fiscalização sucessiva do RJIES e
contra o RJIES foram primeiro ponto, previa o repúdio dantes que estavam na magna e Também a moção apresentada da Lei de Financiamento do Ensino
aprovados em do modelo de gestão das faculda- para com todos os estudantes que pela estudante da Faculdade de Le- Superior, tendo em vista a declara-
ambiente de discórdia des, imposto pelo Regime Jurídico a associação académica repre- tras da UC (FLUC) Ana Beatriz Ro- ção de inconstitucionalidade dos
das Instituições de Ensino Superior senta”. A estudante acrescenta que drigues gerou discussão entre os diplomas. Um “Jogo das Cadeiras”,
(RJIES) e no segundo um abaixo- “foi uma tentativa de tomada de estudantes presentes na Assem- um minuto de silêncio pelos direi-
Cláudia Teixeira
assinado. A moção foi votada ponto posição que revela alguma inexpe- bleia Magna, tendo os votos sido tos dos imigrantes, uma concen-
por ponto e o primeiro ponto foi re- riência por parte desta DG/AAC”. contados três vezes. A moção pre- tração silenciosa e um
Na Assembleia Magna (AM) da provado, ao passo que o segundo O presidente da DG/AAC, Jorge via uma manifestação nacional em levantamento dos actuais proble-
passada quarta-feira, 11, foi discu- foi aprovado. Serrote, explica que “não se trata Lisboa a efectuar depois do Encon- mas das faculdades, obtiveram
tida a linha de acção política da As- De acordo com a proponente, “a aqui de incoerência, é uma questão tro Nacional de Direcções Associa- também o voto a favor dos estu-
sociação Académica de Coimbra moção em nada compromete a po- de não voltar a fazer algo que já foi tivas (ENDA) que se vai realizar em dantes reunidos em Assembleia
(AAC), num plenário que gerou sição da Direcção-Geral da AAC feito depois de já estar traçado o Maio. A proposta vai ser apresen- Magna.
esperam que a atribuição de bolsas processos [concluídos]”, explica. Fevereiro”, ainda tem “dois meses
de estudo “à maior parte” dos pro- A partir de Junho passado, o em atraso”. Como entregou um do-
cessos que estão pendentes neste novo regime deixou de considerar cumento apenas em Janeiro, diz,
momento esteja concluída no final os rendimentos familiares dos 12 não chegou a pedir o adiantamento
de Março, adianta a coordenadora meses do ano para passar a incluir da bolsa. “No meu caso, recebo
dos serviços de bolsas, Elisa Decq mais dois (o de Natal e o de férias). bolsa mínima, por isso o agravante
Motta. “A partir do momento em que foi é o facto de apenas receber a bolsa
Até à sexta-feira passada, havia alterado o procedimento, os servi- após já ter pago duas prestações de
6161 concorrentes a bolsas, mais ços também tiveram de alterar. Isso propinas”, conta. Ainda assim, “não
329 do que em 2007-2008. Mas, implicou que revíssemos várias penso que a administração dos
desses processos, ainda estavam vezes muitos processos”, justifica SASUC seja o problema fulcral
pendentes 622 atribuições a estu- Elisa Decq Motta. Para a coordena- aqui”, ressalva o estudante, que en-
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ENSINO SUPERIOR
Estudantes
Estudantes da CPLP denunciam organizam
iniciativa
distanciamento da direcção-geral de luta
Representantes dos estudantes da CPLP não portugueses em Coimbra fazem críticas às sucessivas Filipa Faria
direcções-gerais da AAC. Todavia, Jorge Serrote afirma “não perceber” as acusações
LEANDRO ROLIM Os estudantes da Faculdade de
Cláudia Teixeira Letras da Universidade de Coim-
bra (FLUC) vão realizar amanhã,
Os estudantes da Comunidade dos 18, uma concentração de alunos
Países de Língua Portuguesa (CPLP) em frente ao edifício. O objectivo,
não portugueses acusam as sucessi- segundo o estudante de História e
vas direcções-gerais da Associação organizador da iniciativa, Carlos
Académica de Coimbra (AAC) de Machado, é “enterrar simbolica-
“distanciamento” em relação às asso- mente o ensino superior devido às
ciações de estudantes que represen- actuais políticas”.
tam. O presidente da Associação de A acção de luta está ao encargo
Estudantes Cabo-Verdianos, Samir de “um grupo de estudantes da fa-
Silva, esclarece que “as críticas não culdade de letras que está descon-
têm a ver com a actual Direcção- tente com o actual estado do
Geral da AAC (DG/AAC), mas sim ensino superior”. Os alunos pre-
com as sucessivas” e que se dirigiu à tendem “sensibilizar a comunidade
última Assembleia Magna (AM), dia estudantil para os problemas que
11, para “manifestar a ausência da existem e passar a mensagem de
AAC e para falar especificamente na que é preciso fazer alguma coisa”.
Festa dos Sons, Saberes e Sabores em Carlos Machado defende que os es-
que a DG/AAC recebeu um convite e tudantes sabem o que se passa no
não compareceu”. ensino superior: “todos nós paga-
Por seu lado, o presidente da mos propinas e todos nós temos
DG/AAC, Jorge Serrote, afirma que problemas com a implementação
“é mentira”. “Tivemos convite para de Bolonha”. No entanto, lamenta:
visitar e foi o que fizemos”, justifica. “há vontade de fazer mas não há
O dirigente associativo acrescenta: uma direcção para canalizar essa
“desde que sou presidente da vontade”.
DG/AAC nunca tive um convite deles O estudante de História refere
para nada”. que a iniciativa vem no seguimento
Samir Silva explica ainda que “a dos “cortes orçamentais e do Re-
crítica vai no sentido de que qualquer gime Jurídico das Instituições de
tipo de relação que possa existir tem Ensino Superior (RJIES)”. Carlos
de passar sempre pela boa vontade Machado acha que “há alunos que
de quem estiver na direcção-geral”. não sabem o que é e isso é grave”.
“Não queremos depender da boa “Este é um papel que cabe à Direc-
vontade da direcção-geral”, assegura. DIRIGENTES das associações de estudantes da CPLP pretendem “não depender da boa vontade da direcção-geral” ção-Geral da Associação Acadé-
No entanto, o dirigente cabo-ver- mica de Coimbra (DG/AAC), mas
diano ressalva: “tenho consciência de Já em 2005, no mandato de Fer- apresenta os lucros que tem apresen- os elementos da direcção-geral que se há pessoas que acham que esse
que por parte dos estudantes que nando Gonçalves, as associações de tado”. votam, portanto não percebo porque papel não está a ser cumprido,
vêm dos países que representamos estudantes dos Países Africanos de Yannick d’Alva acredita que houve é que dizem que foi a DG/AAC que vamos fazê-lo nós”, esclarece.
não há um grande esforço de inte- Língua Oficial Portuguesa (PALOP) “manipulação” por parte da DG/AAC manipulou, quando houve estudan-
gração. Faço aqui a ‘mea culpa’”. afirmaram a A CABRA sentir-se “ne- ao apresentar uma moção em alter- tes que estavam presentes na magna
Jorge Serrote diz não perceber as gligenciadas” pela DG/AAC. nativa à moção apresentada por Jen- e votaram neste sentido”. “Achámos
acusações, “até porque se passa o nifer Jesus. A moção da DG/AAC foi que era mais oportuno fazer o minuto
contrário” e, continua, “somos nós Dirigentes aprovada e previa um minuto de si- de silêncio e, portanto, apresentámos
que estamos empenhados em estrei- sentem-se “chocados” lêncio, a realizar-se em Coimbra, no a moção”, acrescenta.
tar laços”. Yannick d’Alva explica que o princi- dia da manifestação. O representante Yannick d’Alva espera que “o pre-
Samir Silva denuncia que “a pal motivo que o levou à AM foi “criar dos estudantes guineenses em Coim- sidente da DG/AAC diga alguma
DG/AAC não tem sabido criar meca- um ponto de partida para estabelecer bra considera que “houve uma tenta- coisa aos estudantes” que representa,
nismos que permitam a integração uma relação de proximidade e de re- tiva de não assumir a “porque a maior parte deles há-de
dos estudantes da CPLP não portu- presentatividade”. Contudo, o estu- responsabilidade de chumbar a sentir-se indignado com o que acon-
gueses”. Também o presidente da Or- dante de Medicina Dentária explica moção”. Samir Silva diz que “tendo teceu. Quero que ele diga porque é
ganização dos Estudantes que, além da distância entre associa- que a direcção-geral tem essa posição
Guineenses em Coimbra, Yannick ções, o que o levou a falar foi o voto explícita face à luta pela igualdade de Também a DG/AAC vai levar a
Baptista d’Alva, refere que “a atitude contra da DG/AAC à moção apresen- Estudantes da CPLP direitos”. Jorge Serrote afirma que “a cabo uma actividade com o objec-
de indisponibilidade da DG/AAC tem tada por Jennifer Jesus, relativa à di- DG/AAC solidariza-se completa- tivo de denunciar o sub-financia-
sido constante”. vulgação e disponibilização, pela
não portugueses mente com os imigrantes” mas que mento do ensino superior. O
Ambos os dirigentes afirmam ser direcção-geral, de autocarros para a lamentam ser con- “foram os votos dos estudantes que protesto foi aprovado na última
contactados apenas em altura de elei- manifestação pelos direitos dos imi- estavam na magna que ditaram que Assembleia Magna e vai-se realizar
ções para os corpos gerentes da AAC: grantes que se realizou no passado tactados apenas em assim fosse”. “Não percebo esse tipo quinta-feira, 19, no Largo D. Dinis,
“queremos dizer um basta a esta domingo, 15. “Chocou-me que a di- de críticas”, remata Jorge Serrote. às 12h30. A moção aprovada em
forma de nos verem simplesmente recção-geral tenha votado contra essa
altura de eleições O estudante guineense denuncia, magna refere que os estudantes
como votantes na altura das elei- moção”, afirma. ainda, que “a magna é plural mas não vão estar unidos num protesto si-
ções”, explica Samir Silva. O presi- O dirigente guineense conta que em conta a vertente social da AAC, é democrática, visto que só passaram lencioso onde “envergarão másca-
dente da DG/AAC diz não saber “o após a AM conversou com elementos completamente contraditório terem moções que a DG/AAC queria que ras que lhes cobrirão totalmente a
que eles querem dizer com isso” e as- da DG/AAC e foi-lhe dito que “não ti- votado contra esta moção e a forma passassem”. Mais uma vez, Jorge cara, representando assim a vergo-
segura representar todos os estudan- nham informação acerca da iniciativa como tentaram contornar a questão Serrote, afirma não perceber as críti- nha de todos os estudantes que se
tes, “quer tenham votado em mim ou e que, neste momento de crise, não é grave”. cas que são dirigidas à DG/AAC: vêem obrigados a abandonar o en-
não e o tratamento é igual para seria adequado patrocinar uma ma- No que diz respeito a esta questão, “acho que mais democrático do que sino superior por não disporem de
todos”. E acrescenta,“obviamente nifestação a Lisboa”. Yannick d’Alva Jorge Serrote afirma não entender as pessoas estarem ali e votarem não recursos económicos”. A acção de
que a magna é um local para discutir denuncia a situação justificando que quando falam em “manipulação” e pode ser, portanto não percebo por- luta tem também como intuito de-
estas questões, mas nunca vieram “é irónico a DG/AAC não querer pa- justifica: “apesar de ter sido uma que é que não é democrático. Sim- nunciar o orçamento dos serviços
falar comigo sobre isto”. trocinar uma manifestação quando magna pouco participada, não são só plesmente não percebo”. de acção social.
6 | a cabra | 17 de Março de 2009 | Terça-feira
ENSINO SUPERIOR
P
ara se compreender o sig-
nificado do Dia do Estu- "ignorando a proibição que o Go- 1987, viram a sua batalha recom- AS INICIATIVAS DO DIA
dante, 24 de Março, verno tinha decretado", realizou- pensada, com a ratificação, em As-
temos que recuar até aos se, em Coimbra, o primeiro sembleia da República, do Dia do
primeiros movimentos de contes- Encontro Nacional de Estudantes, Estudante para 24 de Março. Para o próximo dia 24 de Março, actual. “Para credibilizar a contes-
tação estudantil do início do sé- que valeu aos membros da AAC Até ao final do Estado Novo, a estão agendadas duas iniciativas para tação será ainda entregue um
culo XX. processos disciplinares e suspen- data foi aproveitada "para subli- assinalar o Dia do Estudante. O Pro- abaixo-assinado ao Governo Civil”
O professor de História da Fa- sões. "Os estudantes de Coimbra nhar a importância da luta pelos jecto U, candidato às últimas afirma o elemento do projecto,
culdade de Letras da Universidade responderam então com o luto direitos associativos estudantis e eleições para a Direcção-Geral da Paulo Costa.
de Coimbra (FLUC), Rui Bebiano, académico e a greve às aulas", ex- pela democratização das institui- Associação Académica de Coimbra O estudante de Direito destaca o
afirma que "até 1961 a comuni- plica Rui Bebiano. ções universitárias e do ensino", (DG/AAC), vai realizar uma concen- “simbolismo e a história” que a data
dade estudantil comemorou outra Entretanto, em Lisboa, as asso- relembra o professor da FLUC. tração de estudantes em frente ao acarreta para o meio estudantil,
data, o 25 de Novembro". Neste ciações de estudantes, "mesmo Contudo, depois do 25 de Abril de Governo Civil de Coimbra. aproveitando-a para expor os prob-
dia, em 1921, os estudantes ocu- sem a autorização do Ministério 1974, apesar do devido reconheci- Também a DG/AAC e o Conselho lemas mais gerais da Universidade
param o Clube dos Lentes, "mar- da Educação Nacional, comemo- mento da data, "as comemorações Inter-Núcleos (CIN) vão levar a cabo de Coimbra (UC), como “a falta de
cando o seu protesto pela raram o Dia do Estudante a 24 de deixaram de ter o impacto pú- um “Jogo das Cadeiras”. A iniciativa condições humanas, materiais e
afirmação dos direitos associati- Março de 1962", destaca o do- blico, ou mesmo na comunidade vem no seguimento da aprovação de pedagógicas, o valor elevado das
vos", sublinha. Esse episódio ficou cente. O regime respondeu com a estudantil, que durante a década uma moção apresentada pela di- propinas, a insuficiência de resposta
conhecido como a "Tomada da sua "violência habitual, invadindo de 60 tinha permanecido". recção-geral e pelo CIN. dos serviços de acção social e os
Bastilha". a Cidade Universitária e muitos Confrontado com a forma como O presidente do Núcleo de En- problemas pedagógicos resultantes
Em 1961, a Direcção-Geral da estudantes foram espancados e é, actualmente, comemorado o genharia Electrotécnica da AAC, do Processo de Bolonha”. Com a
Associação Académica de Coim- presos". A reacção de repúdio não Dia do Estudante em Coimbra, José Martins, explica que o objectivo acção de luta, o projecto pretende
bra (DG/AAC), "conotada como se fez esperar e os estudantes de- Rui Bebiano confessa que "co- da actividade é “alertar a comu- “lutar contra o fim da gestão
oposição ao regime e incentiva- cretaram o luto académico se- nhece pouco do que tem sido feito nidade estudantil para os estudantes democrática e paritária”, manifes-
dora de uma vida associativa di- guindo a mesma linha nos últimos anos", mas, ainda que ficam de fora do ensino superior tando-se contra o novo Regime Ju-
nâmica e independente", revolucionária que ocorrera em assim, admite que tenta "estar por condições económicas e dos rídico das Instituições do Ensino
mobilizou as academias de Lisboa Coimbra. Estávamos perante a atento ao que se vai passando". O órgãos de gestão por imposição do Superior, que “pode levar à privati-
e do Porto para virem a Coimbra. crise académica de 1962. facto de não sentir que, nesta al- Regime Jurídico das Instituições de zação das instituições de ensino”,
Depois de várias reuniões, foi pro- Toda esta atitude autoritária do tura, "algo de especial esteja a Ensino Superior”. O jogo vai ter lugar afirma Paulo Costa.
posta a criação de uma União Na- governo fomentou a união dos es- acontecer" pode significar que as na Praça da República, às 12h30 e é O abaixo-assinado já circula em
cional de Estudantes "livre, tudantes na luta pela "preservação comemorações "não têm tido aberto a todos os estudantes. todas em faculdades da UC e pre-
autónoma e isenta", bem como a das suas associações como espa- grande impacto". "A maioria dos A concentração organizada pelo tende chegar não só aos estudantes
abolição da praxe pelo Dux Vete- ços democráticos" e pelo "repúdio alunos universitários não está mo- Projecto U inclui a distribuição de da Alta universitária, como também
ranorum, Joaquim Garcia. Desta da política educativa do Estado tivada para comemorações de folhetos informativos acerca do pas- aos dos institutos politécnicos.
acção resultou a prisão de vários Novo". Todo este processo ficou datas e seria uma boa altura para sado histórico do 24 de Março e dos Com Tiago Carvalho e
alunos pela PIDE, instaurando- na memória como a "primeira discutir os problemas estudantis", principais objectivos do movimento Ana Rita Santos
se um clima de tensão no meio grande mobilização dos estudan- alerta.
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17 de Março de 2009 | Terça-feira | a cabra | 7
CULTURA
JOÃO MESQUITA Cartaz cultural
da Queima
O homem certo na profissão certa celebra 110
Jornalista, lutador de causas, adepto fervoroso da Académica, João anos de festa
Mesquita é, incontestavelmente, um homem de carácter e de princípios. Patricia Gonçalves
Por João Miranda Filipa Magalhães
ra um homem de causas. prego, que viria a conhecer mais mocrática possível, através de um re- mica. Dono de uma devoção extrema Na próxima segunda-feira, 23,
E De princípios. De afectos.
E de muitos amigos. De
um pensamento crítico e
incapaz de se vergar. Não admitia fre-
tarde mais do que uma vez. Até que
vários meses depois integrou a dele-
gação de Lisboa do “Notícias da
Tarde” como repórter parlamentar.
ferendo em que os jornalistas foram
chamados a pronunciar-se sobre a
melhor forma de organização”, re-
corda Castanheira. Contudo, o amigo
ao futebol, é lembrado por todos os
amigos por quase nunca ter perdido
um jogo da Briosa. Paixão que lhe
valeu uma homenagem singular,
vai realizar-se o espectáculo “Fado,
Sonho e Tradição” nos jardins da
Associação Académica de Coimbra
(AAC). O espectáculo integra o car-
tes. A única coisa que tinha de faná- De resto, foi o início do que definiu e camarada destaca como a grande quando o cortejo fúnebre atravessou taz das actividades preparadas
tico era a devoção à Académica, de uma vez numa entrevista como uma luta de Mesquita o combate que levou o Estádio Cidade de Coimbra a cami- para a Queima das Fitas.
quem era adepto incondicional. Que- “hiperespecialização”. Extinto o pe- a cabo contra politização da Alta Au- nho da Lousã, onde foi sepultado. Segundo o vice-presidente da
ria saber sempre mais e ligar os fac- riódico, passou depois pelo “Jornal toridade para a Comunicação Social. Aliás, em Janeiro de 2008 lançou em Secção de Fado da AAC, Francisco
tos, acompanhar as tendências. de Notícias”, pelo “Semanário”e cerca parceria com João Santana o livro Requicha, o concerto tem como
Convivia com gente de todas as gera- de um ano depois, encetou uma nova A ligação a Coimbra “Académica – História do Futebol”, objectivo aproximar a comunidade
ções e sensibilidades sociais, políticas mudança quando integrou a editoria Desiludido com todas as alterações uma obra sobre o percurso da acadé- estudantil da cultura da cidade: “a
e culturais. Um homem da cidade. de um novo diário, o “Público”. no sector jornalístico, abandonou mica, que bateu o recorde de vendas Canção de Coimbra é indissociável
Em Coimbra nasceu quase por aci- Lisboa para entrar para a redacção do no lançamento da editora Almedina, da festa da Queima das Fitas.
dente e em Coimbra teve o seu último Os anos do sindicato “Jornal As Beiras”. Estreitou então os com mais de 400 exemplares vendi- Assim, o espectáculo percorrerá as
trabalho como jornalista. “Gostei muito da pinta dele, laços que o uniam a Coimbra. No dos. “Ele a escrever tinha um talento várias etapas do fado académico -
João Mesquita, pá!”, lembra José Pedro plano da intervenção cívica, foi um inigualável. Foi o grande responsável da sua génese até à actualidade -
o “homem Castanheira do dos grandes motores da criação do pela redacção, conseguia explanar as em paralelo com o evoluir da
certo na encontro que Conselho da Cidade, empenhou-se na ideias muito bem e eu não podia ter Queima das Fitas”. A música que
profis- teve com João aprovação da Carta Constitucional da arranjado um parceiro melhor”, re- vai compreender temas de Artur
s ã o Mesquita cidade e colocou uma das pedras ba- corda João Santana. Paredes, José Afonso, Luís Gomes
aquando do silares da ‘Pró-Urbe’. Era “um cida- Porém, “não cedia a tendências de e baladas mais recentes vai ser
convite dão dos movimentos dos cidadãos”, encostar o futebol a realidades menos acompanhada pela projecção de
para in- como recorda José Manuel Pureza. dignas de articulação com alguns po- fotografias das festas de queimas
tegrar Contudo, nunca deixou que esta sua deres da nossa sociedade. E isso anteriores.
a vertente cívica e interventiva cho- valeu-lhe como académico alguns O espectáculo manifesta o carác-
casse de alguma forma com a sua dissabores na relação com algumas ter comemorativo desta queima,
vida profissional. “O João sem- das figuras da direcção”, aponta José
pre evidenciou a sua Manuel Pureza.
orientação política e Quando vivia em Coimbra, “porque
quando lhe foi pedido o João era um conimbricense de
que desempenhasse gema”, lembra a amiga Natércia
ILUSTRAÇÃO POR RAFAEL ANTUNES
CULTURA
BIBLIOTECA GERAL DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
cultura
por cá “Coimbra é a cidade dos livros”
17 MAR
SARA GALAMBA
ARRAIAL SOCIAL
LARGO D. DINIS
19H • ENTRADA LIVRE
19
MAR
SOULS OF FIRE
TAGV • 21h30
NORMAL 6¤ • ESTUDANTE 4¤
19MAR
5
MAR
ENA PÁ 2000
SALÃO BRAZIL
22H • 8¤
21
MAR
a 12 ABR
A BGUC comporta oito pisos de depósito e possui a maior colecção de mapas desenhados à mão que existe em Portugal
24 montam ao Estado Novo e hoje aco- não é o único problema. A sala de universidade não tem, neste mo- mero continua a crescer, e a tecno-
lhe o passado de quem explorou o leitura tem infiltrações que, segundo mento, meios suficientes para acu- logia é uma prioridade. A BGUC é
conhecimento, e concretiza o futuro Carlos Fiolhais, são de difícil resolu- dir a necessidades que são pioneira no projecto Google Books
MAR
de quem entra com perguntas e sai ção porque “quando se tapa num urgentes”, refere o director da que actualmente disponibiliza cerca
ACTUAÇÃO DA QUANTUNNA com respostas. lado, aparece noutro”, nota, e o BGUC. de 600 obras digitalizadas integral-
A PARTIR DAS 13H00 Com um espólio vasto em termos aquecimento também é uma carên- Para além das insuficiências do mente, mas que tem a particulari-
CAMPO DE SANTA CRUZ históricos e culturais, na BGUC cia. Segundo funcionário da BGUC, edifício, a falta de recursos humanos dade de serem edições da própria
ENTRADA GRATUITA pode-se encontrar um pouco de António Parreiral, “o ideal seria criar é também uma condicionante. UC.
25 tudo. Em Portugal, em média, de
meia em meia hora, é editado um
uma oficina para a restauração de al-
guns livros que se encontram muito
“Existem muitos livros por catalo-
gar”, refere Fiolhais, e esta é em
Segundo Carlos Fiolhais, “o digi-
tal é a salvação dos livros e da im-
MAR
BURAKA SOM SISTEMA livro. Ora, isto perfaz um total de 48 degradados”. parte, uma consequência da falta de prensa”. A Biblioteca Geral Digital,
livros por dia, num universo de 17 A Biblioteca Geral possui exem- pessoal para as diferentes tarefas. o Estudo Geral – Repositório de pro-
PAVILHÃO MULTIDESPORTOS
520 livros por ano. Coimbra tem o plares únicos no mundo. A primeira Apesar da BGUC não admitir tra- dução científica da UC e os diversos
ARENA 12,5¤ • BANCADA 16¤
21H
privilégio de possuir uma das duas edição dos Lusíadas, de Luís de Ca- balhadores-estudantes, Carlos Fio- catálogos estão todos informatiza-
bibliotecas portuguesas com depó- mões; uma das primeiras edições da lhais entende que essa é uma das dos. Para Carlos Fiolhais a disponi-
sito legal, onde soma todos os livros Bíblia; mapas com mais de 500 anos prioridades para colmatar alguns bilização destes conteúdos online
26 MAR
publicados em Portugal assim como
todos os periódicos. Para além disso,
livros estrangeiros e portugueses,
e manuscritos musicais com mais de
um metro de altura e vários quilos,
são raridades que não são deixadas
problemas, e o processo já está em
curso. “É uma maneira de os estu-
dantes se envolverem mais numa
permite aos leitores uma maior co-
modidade e poupança de tempo.
Apesar da Biblioteca Geral estar a
velhos e novos coabitam num ao acaso. A Casa Forte da BGUC é coisa que é deles, sendo pagos por passar por algumas dificuldades,
THE RUBY SONGS
mesmo lugar. O depósito legal da uma sala climatizada, uma espécie isso e ficando a conhecer os bastido- Carlos Fiolhais coloca os estudantes
INDIE SONGS DON´T LIE BGUC está disposto, ao longo de oito de cofre gigante, com alta segurança res”, defende o director. numa posição fulcral. O director en-
Salão Brazil Carlos Fiolhais ambiciona um
pisos, em torno da sala principal que garante a protecção destes tende que “Coimbra é a cidade dos
8¤
onde se exercita o conhecimento: a exemplares. São raras as pessoas novo espaço. E vê como possível a livros, os estudantes devem contri-
27
MAR
sala de leitura. Quem a escolhe para
estudar, dia após dia, não tem a real
que a ela têm acesso.
Do espólio da BGUC não foram
requalificação e reutilização do es-
paço da penitenciária de Coimbra.
buir para encontrar uma solução’’.
Entretanto, a entrada e a saída de li-
TERESA GABRIEL noção do que está para além das pa- esquecidas as bibliotecas pessoais de “Se houver ambição, a universidade vros e pessoas vai continuar. O co-
redes que envolvem a sala. Apesar alguns ilustres ligados à cidade de e a câmara [municipal] têm de se nhecimento vai persistir naquele
Acústico da amplitude do depósito da BGUC Coimbra, como Oliveira Martins e juntar, para conseguir um espaço espaço. O estudante de Direito, Vítor
SALÃO BRAZIL • 3¤
“os livros estão a gritar desesperados Visconde da Trindade. Quem entra moderno que poderá ser privile- Figueiredo, garante mesmo que “a
por ajuda”, personifica o director da na sala Visconde da Trindade logo se giado no país, equiparando-nos às Biblioteca Geral é a melhor que os
Por Maria João Fernandes Biblioteca Geral, Carlos Fiolhais. Por apercebe do seu valor, pelas enca- grandes bibliotecas mundiais”, estudantes têm no país”.
17 de Março de 2009| Terça-feira | a cabra | 9
A G E N D A D E S P O R T I V A
DESPORTO
BASQUETEBOL 21 VOLEIBOL HÓQUEI EM PATINS 22 DESPORTOS NÁUTICOS
MAR MAR Campeonato Nacional de Junvenis
Maia Basquet vs. Académica Académica vs Sporting das Caldas Académica vs APDG Penafiel
21 16H30 • MUNICIPAL FORMIGUEIRO 17H • ESTÁDIO UNIVERSITÁRIO 3
21 18H • ESTÁDIO UNIVERSITÁRIO 1
e Veteranos
MAR MAR MONTEMOR-O-VELHO
DESPORTO
TRIATLO
DESPORTO
Lenine Cunha e Vítor Pleno P•R•O•LONGA•M•E•N•T•O
BASQUETEBOL
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10 | a cabra | 17 de Março de 2009 | Terça-feira
TEMA
CONFLITOS MUNDIAIS
Quando se assinalam seis anos do início da invasão do Iraque, A CABRA elenca os confrontos
militares da actualidade mais mediatizados. Textos por Vasco Batista e João Miranda e ilus-
tração por Tatiana Simões D.R.
TEMA
AFEGANISTÃO SOMÁLIA
conhecera. O conflito afe- povo somali, um fantoche da Etió-
gão “tem a vantagem de pia. A guerra pelo controlo das ri-
ter tido o apoio internacio- quezas do país tem degradado a
nal aquando da intervenção, que o situação humanitária do país.
Iraque não teve”, relembra a do- O conflito remonta E m
cente da FEUC. Justificando a ne- aos movimentos de 2006, a
cessidade de responsabilizar os colonização do século XX, União de
terroristas, os EUA controlaram os quando o sul do país se tornou Tribu-
pontos estratégicos do Afeganistão, numa colónia italiana. No pós- nais Islâ-
mantendo aberta a possibilidade de guerra, o deserto de Ogaden, que m i c o s
avançar noutros sentidos. fazia parte da Somália, foi entregue (UTI) toma
Ainda Pelas enormes reservas de gás e pe- à Etiópia, indignando os somalis. o controlo da
antes da in- tróleo, o Afeganistão suscita interes- A independência do país ocor- capital e inicia
tervenção soviética em 1979, o Afega- ses geoestratégicos, tornando-se num reu em 1960, tornando-se uma campanha
nistão já era dos países mais pobres território bastante cobiçado. Na pos- numa república. contra as facções es-
do mundo. Hoje, o país da Ásia Cen- sibilidade de se assegurar a estabili- Em 1969, um golpe de palhadas pelo país.
tral tenta encontrar o seu rumo, num dade no Afeganistão, será possível estado colocou no poder o As forças etíopes, com o
cenário de reconstrução após o con- torná-lo na principal forma de en- general Barre, que ataca a apoio dos EUA, entram em
flito com os EUA , iniciado em Outu- trada na Ásia Central, não sendo es- Etiópia com o intuito de território somali para proteger
bro de 2001. Com a iminente retirada tranho que surjam meios financeiros anexar Ogaden, cujos ha- o governo de transição da UTI,
das tropas americanas em solo afe- com a finalidade de melhorar as co- bitantes falam somali, acusada de querer impor um Es-
gão, “o Afeganistão está longe de ser municações e explorar os recursos mas sem sucesso. tado islâmico na Somália. Os EUA,
um caso resolvido”. “O país não al- existentes. Uma retirada do país sem Em 1991, Mohammad Ali Mahdi convencidos que a UTI dava gua-
cançou a paz que se pretende num garantir a estabilidade pretendida substitui Barre quando já se vivia rida a terroristas, enviam para a So-
quadro amplo e não pela simples para transformar o uma guerra entre clãs que dividia o mália agentes da CIA e FBI, mas
[ideia de] ausência de conflito ar- país num acesso país. Em virtude do golpe de estado não se provou qualquer ligação. A
mado”, entende Daniela Nascimento. privilegiado à de Mahdi, a capital da Somália, Mo- capital foi conquistada em Dezem-
Os atentados de 11 de Setembro de Ásia Central po- gadishu, fica sob o comando de Mo- bro de 2006 pelas forças do go-
2001 submeteram o país a um dos deria rever a sua hammad Farah Aidid. verno de transição. Contudo, a UTI
conflitos mais violentos e polémicos política nesta Foi então criado um governo de parece não ter desistido da sua pre-
que a comunidade internacional já matéria. transição no país, o qual é, para o tensão.
ISRAEL-PALESTINA
Após o fim da Segunda Guerra de Israel, originando um conflito braico vai ocupando territórios des- Nove anos depois, o governo israelita rael e este
Mundial, o Reino Unido abandona as entre o novo estado e os países ára- ses mesmos países. No meio desta si- inicia a construção de um muro com responde
colónias que detém na região do bes vizinhos, como a Síria, o Egipto tuação, os árabes palestinianos o intuito de separar os países. Muro com uma in-
Médio Oriente. Assim a ONU propõe, (que anexa a Faixa de Gaza) ou a Jor- colocam-se do lado dos Estados da que o Tribunal Internacional de Jus- vestida mili-
em 1947, uma divisão do território dânia (que anexa a Cisjordânia). Con- Liga Árabe, lutando pela sua inde- tiça declara como ilegal devido ao tar, que
palestiniano entre árabes e judeus, tudo, os árabes palestinianos acabam pendência.No ano de 1982, tem iní- facto de atravessar territórios de ad- causou, segundo
numa proporção de 45 para 55 por sem um Estado próprio. cio a Primeira Intifada, em que a ministração palestiniana. fontes médicas,
cento, que não é aceite pelos estados A partir daí desenrolam-se uma população palestiniana se rebela con- Têm início novos confrontos, cujo mais de mil mortos
árabes.Com a saída dos britânicos a série de confrontos entre Israel e os tra a ocupação israelita, arremes- mais recente conflito se dá quando o entre a população
população judaica proclama o Estado países vizinhos, em que o Estado he- sando pedras aos militares hebraicos. Hamas lança vários rockets sobre Is- palestiniana.
14 | a cabra | 17 de Março de 2009 | Terça-feira
CIDADE
TRABALHADORES NOCTURNOS DE COIMBRA
O
“ s jovens licenciados não que em 2007 a taxa de desemprego ros a sofrer consequências", afirma embrionária e, portanto, o reflexo no destaca, contudo, que "a medida
podem construir uma se situava nos 8 pontos percentuais, o membro da Comissão Executiva emprego será, sobretudo, sentido no fundamental nesta altura é a pro-
vida, não podem arrendar a tendência tem sido para o seu au- da Confederação Geral dos Traba- futuro". moção do aumento dos salários e
casa, não podem pensar mento gradual. Esta tendência veri- lhadores Portugueses (CGTP), Ar- das pensões". Numa análise recente
em ter filhos, nem sair de casa! E o ficou-se a partir do segundo ménio Carlos. São os jovens As várias faces o economista Eugénio Rosa compa-
Governo não está a fazer nada”, la- trimestre de 2008, altura em que a recém-licenciados, faixa etária entre do desemprego rou a percentagem desempregados
menta, Flor Neves, licenciada em taxa ainda se fixava em 7,3 por os 15-24 anos, quem mais sofre com As medidas encetadas pelo Governo com e sem subsídio, mostrando que
História e desempregada. A aversão cento. Segundo os últimos dados do o desemprego, representando cerca para o combate à crise laboral, di- dos 437 mil desempregados apenas
ao poder não podia ser mais óbvia Instituto do Emprego e Formação de 32 por cento dos desempregados rectamente relacionada com a crise 59,9 por cento beneficiava de subsí-
quando milhares de pessoas, num Profissional (IEFP), o número de portugueses, segundo dados do INE. económica mundial, centram-se no dio.
movimento colectivo sincronizado, inscritos em Centros de Emprego si- Contudo a formação superior, ainda, reforço do investimento público, in- Esta complicada realidade é a jus-
saltaram ao ritmo dos gritos “E tuou-se, em Janeiro de 2009, nos garante uma maior taxa de empre- cluindo a recuperação de escolas, e tificação da grande adesão à mani-
quem não salta, é do governo!” A au- 447 966 desempregados. Mais 44,7 gabilidade nas faixas etárias poste- à actividade económica, incluindo as festação convocada pela CGTP, na
xiliar da acção educativa e delegada por cento de inscritos em relação ao riores (baixando para 8,3 por cento Pequenas e Médias Empresas última sexta-feira. Jorge Machado
sindical em Coimbra, Conceição mês de Dezembro. entre os 25-34 anos). (PMEs). O deputado social-demo- acredita que a resolução destes pro-
Carvalho, afirma marcar sempre Estes números não são apenas Uma das apostas levada a cabo crata, Arménio Santos, acusa o Go- blemas passa pela "mobilização e na
presença nas manifestações, “estou preocupantes para Portugal, a taxa pelo governo socialista foi o pro- verno de se ter preocupado luta dos trabalhadores" e explica:
aqui para denunciar este governo de desemprego na zona Euro, que grama Novas Oportunidades. Este tardiamente com as PMEs, acres- "temos a profunda convicção que o
responsável por prejudicar os traba- engloba os países que aderiram à programa formou mais de 100 mil centando o facto de este ser um ano país não esta condenado à miséria,
lhadores. Precisávamos de outro 25 moeda única, subiu 0,1 por cento adultos desde Janeiro de 2007 até de eleições: "até aí ignorou, despre- ao desemprego, à precariedade e aos
de Abril”, afirma, ao som da Grân- desde Dezembro do ano passado si- Dezembro de 2008. Apesar disso, zou sistematicamente as micro, pe- baixos salários". Da mesma forma, o
dola de Zeca Afonso. António Mar- tuando-se assim nos 8,2 por cento, mais do que números interessam, quenas e médias empresas". Em vez deputado do Partido Social Demo-
ques, trabalhador nas minas do o valor mais alto desde 2006. A pró- segundo a oposição social-demo- disso, explica o deputado social de- crata evidência que "as pessoas estão
concelho de Nelas, reitera a posição: pria Espanha que conheceu um forte crata, "os resultados concretos des- mocrata, "o Governo esteve mais na rua porque estão insatisfeitas
“a crise e o desemprego são só para período de prosperidade, com cres- sas políticas e dessas acções preocupado com a apresentação de com os resultados das políticas do
os trabalhadores e os pobres, que os cimento médio anual de 3,7 por inseridas no programa das Novas grandes projectos e de grandes ope- Governo". Uma possível solução pa-
ricos ficam cada vez mais ricos e nós cento, tem actualmente a maior taxa Oportunidades", isto é, se corres- rações mediáticas". O deputado do rece reservada para depois das elei-
pagamos-lhes a factura”. de desemprego da União Europeia ponde "à propaganda que o Governo Partido Popular, Pedro Mota Soares, ções, como acrescenta, Arménio
(UE). Relativamente à taxa de de- tem feito desses programas". O diri- acredita que o problema é que o tipo Santos, "apesar da maioria absoluta"
O desemprego semprego juvenil, no contexto euro- gente da CGTP acusa este programa de emprego que as grandes obras e da "postura aberta" das confedera-
não vai parar peu, Portugal conta com a 12ª mais de ser ineficaz no "combate aos pro- geram é um emprego pouco qualifi- ções sindicais o governo socialista
O ano de 2009 não se avizinha fácil baixa, sendo que a média europeia é blemas estruturais que o país en- cado, que traz pouca mais-valia". O não conseguiu, até agora, solucionar
para os portugueses. O Instituto Na- de 16,6 e a portuguesa 16,1 por frenta". O secretário-geral da União deputado sublinha ainda que este os problemas. Até ao fim do fecho da
cional de Estatística (INE) apresen- cento. Geral dos Trabalhadores, João emprego nem sempre é atribuído a edição e após solicitarmos as suas
tou recentemente uma taxa de Proença, é mais brando e explica: o portugueses. declarações não obtivemos resposta
desemprego, de 7,8 por cento, refe- Quem tem mais "programa Novas Oportunidades só O deputado do Partido Comunista dos deputados do Partido Socialista,
rente ao último trimestre de 2008. oportunidades começará a produzir agora im- Português, Jorge Machado, ciente Osvaldo de Castro e Odete João.
Apesar deste valor animador, dado Os jovens "são por norma os primei- pacto", afinal, ainda "está numa fase da importância do apoio às PMEs Com Frederico Fernandes
16 | a cabra | 17 de Março de 2009 | Terça-feira
O recente assassinato
do presidente da
Guiné-Bissau encheu
os jornais e despoletou
a questão - golpes de
Estado ou assassinatos
de líderes políticos são
ou não pontos finais na
história?
Bruno Monterroso
Com quase 20 anos de Em Alcobaça, a secção vai dar a Também Ana Rocha presidiu a
conhecer “a importância da as- secção, mas em 2006/2007. “Foi
existência, a secção de tronomia”, adianta Filipa Ventura, um veículo ao qual aderi para
astronomia pretende “explicar o que é que se faz com ela chegar ao público em geral, de
ganhar nova dinâmica no dia-a-dia e para que é que serve”. modo a conseguir fazer com que
“Não é só estar a olhar para as es- este tomasse gosto pela astronomia,
com iniciativas que trelas, porque há muita actividade pela ciência e pelo conhecimento”,
começam hoje por detrás da astronomia que nos conta. Na sua altura “havia muita
dá a conhecer o nosso passado e, adesão, tanto da parte dos estu-
quem sabe, o nosso futuro”, de- dantes como das pessoas em geral,
Diana Craveiro fende. A iniciativa partiu da câmara às várias actividades”. No entanto,
local e da UC, e destina-se não só a Ana Rocha explica que esta situação
A Secção de Astronomia, As- alunos dos vários níveis de ensino, se foi alterando, porque “as pessoas,
trofísica e Astronáutica da Associ- mas também a qualquer pessoa que a nível social, mudaram um pouco a
ação Académica de Coimbra tenha gosto por astronomia. sua mentalidade e perdemos muita
(SAC/AAC) vai representar hoje, 17, A SAC/AAC foi fundada a 9 de da participação”. “Comparo esta
a Universidade de Coimbra (UC) na Maio de 1989 com o objectivo de di- situação quase que a uma crise cul-
I Feira de Ciência e Tecnologia de vulgar a astronomia. Duas décadas tural que se instalou em Portugal, a
Alcobaça. Num ano em que a secção depois, o balanço que Filipa Ven- par desta crise económica que en-
está com falta de colaboradores, a tura faz é positivo. “A secção já teve tretanto apareceu também”, adi-
astronomia vai sair da cidade dos anos muito bons e já teve anos em anta.
estudantes para dar mini-sessões de que esteve para fechar. Agora está A opinião é partilhada por Filipa
planetário. numa fase de recuperação outra Ventura que defende que além de
A actual presidente da SAC/AAC, vez”, conta a presidente. Filipa Ven- “os estudantes normalmente não
Filipa Ventura, explica que neste tura lembra os anos em que a estarem interessados por secções
momento a secção “está mais virada SAC/AAC “foi a Paris ver um eclipse culturais”, “a cultura sempre foi um
só para a parte de astronomia, solar e outras viagens desse género”. pouco desprezada e o Processo de
porque há falta de elementos”. A Embora actualmente a secção esteja Bolonha veio dar mais uma ajud-
secção costuma promover obser- num momento menos bom, “o saldo inha à desmotivação”.
vações nocturnas, algumas obser- acaba sempre por ser positivo Já Joana Marques pensa que a as-
vações do Sol e ainda pequenos porque as poucas pessoas que par- tronomia é um tema que interessa
ateliês com crianças. Nos últimos ticipam gostam sempre do que às pessoas. “Da experiência que tive
tempos, a actividade mais solicitada fazem e pedem sempre mais activi- enquanto estive na SAC/AAC, e do
tem sido sessões de planetário, dades a nível da astronomia”, ex- trabalho que faço agora [no Museu
“onde se mostra às crianças como se plica Filipa Ventura. da Ciência], que está também de al-
deve ver o céu se não houvesse luz Outra pessoa que também passou guma maneira relacionado com as-
na cidade”, conta Filipa Ventura, pela SAC foi Joana Marques, que tronomia, sei que há um núcleo
acrescentando que “principalmente actualmente está a trabalhar no duro de pessoas que gostam”. “De- “HÁ MUITA actividade por detrás da astronomia”, diz Filipa Ventura
as crianças da cidade vêm poucas Museu da Ciência da UC. Presidente pois há pessoas curiosas que apare-
estrelas e ensina-se a começar a da SAC no ano lectivo de cem de vez em quando. Em geral, em quando, as pessoas ouviam falar para o queimódromo, “até cerca da
identificar o norte, através da es- 2002/2003, Joana Marques fala do acho que as pessoas têm curiosi- de nós e se as coisas forem muito es- uma da manhã, porque até mais
trela polar e da ursa maior e menor tempo em que esteve na secção e diz dade”, acrescenta. Na sua altura, paçadas as pessoas dispersam um tarde é impossível, depois começa a
e algumas constelações que se vêm que “foram anos em que aprendi Joana Marques diz que a adesão das bocado”. chegar muita gente”. Os telescópios
melhor”. “No final, fazemos uma pe- muito em relação à astronomia, foi pessoas era maior, porque “o grupo Mesmo com falta de elementos, a vão estar acessíveis a qualquer pes-
quena sessão a mostrar as conste- óptimo para a minha formação em de trabalho era muito bom e nós secção de astronomia vai estar pre- soa, mas quem não quiser olhar as
lações dos signos, que é o que termos de contactos que estabeleci”, éramos muito dinâmicos e fazíamos sente no recinto da Queima das estrelas pode sempre participar no
normalmente todos preferem”, ref- realçando a aprendizagem do tra- várias coisas”. “Acho que isso tam- Fitas 2009. Filipa Ventura revela sorteio que a SAC/AAC vai fazer e
ere a presidente. balho em grupo. bém foi importante, porque, de vez que a secção vai levar telescópios ganhar um brinde.
ARTES FEITAS
CINEMA
P
ara se ter uma pequena guerra fria, que só não rebenta por isso estraga o filme ou destro-
“ Watchmen noção do que estamos a pelo facto dos EUA terem um úl- çará os fãs. Pelo contrário, cria
falar, convém dizer que timo trunfo: Dr. Manhattan, uma algum suspense para quem já co-
Watchmen, o livro da au- bomba nuclear viva – ‘The super- nhece a obra. Tal como o recente
Gran Torino”
N
inguém duvida que tinha deixado antever que algo
Clint Eastwood é se estava a passar. Infeliz- onde os valores da sociedade e
uma figura incon- mente a confirmação chega da família são questionados de
tornável no pano- com “Gran Torino”. uma forma que tem tanto de
DE
rama cinematográfico “Gran Torino” não é um mau engenhoso como de caricato.
CLINT EASTWOOD
norte-americano. O actor de filme. O problema é que tam- No entanto, as constantes mu-
“Dirty Harry” parece actuar bém não passa disso. Apesar danças de tom – entre o in- COM
como o único elo de ligação ao de ser uma obra perfeitamente trospectivo e a auto-paródia – CLINT EASTWOOD
BEE VANG
cinema de outros tempos. Uma aceitável não há ali nada de levam a uma certa inquietação.
AHNEY HER
homenagem activa ao que de verdadeiramente transcen- Como se não conseguíssemos
melhor se fez no outro lado do dente. A realização mantém a perceber aquilo que devíamos 2008
oceano durante os anos doura- classe a que Eastwood já nos estar a sentir.
dos de Hollywood. habituou mas começa a não ser No final ficamos com a sensa-
O seu estilo é inconfundível: suficiente. Depois de “Million ção de que o ciclo se fechou. A
enquadramentos simples, con- Dollar Baby”, “A Troca” ou Eastwood dificilmente o volta- Entre o modelo
templativos. Uma figura per- “Mystic River”, a fórmula pa- remos a ver à frente das câma- clássico e o
feccionista que não descura rece estar a ganhar umas irri- ras. Resta-nos esperar que
nenhum pormenor. tantes teias de aranha. canalize todas as suas forças simplesmente
Não obstante, há algo de inva- Em linhas gerais temos uma para a cadeira do realizador. velho
riavelmente datado nas suas reflexão sobre a velhice – esco-
últimas obras. “A Troca” já lha a que a própria realidade FRANÇOIS FERNANDES
17 de Março de 2009 | Terça-feira | a cabra | 19
ARTES FEITAS
OUVIR LER
ão se pode dizer do se- Mundo é Tudo o que Acon- “nos sabemos estrangeiros, nem daqui,
O Segredo mais
mal guardado
do mundo
N gundo álbum oficial dos
Deerhunter que tenha
sido uma surpresa parti-
cularmente bem guardada. O nome
Acto vivido
em cena
O tece", de Pedro Paixão, à se-
melhança das obras
anteriores, embora não pa-
reça é um romance: como Herberto Hel-
nem dali”.
Neste ponto, podemos recordar a per-
gunta inicial do "Fedro" de Platão: “Para
onde vais e donde vens?”. Todos com
do disco era conhecido já desde o der lho confirma num sonho, à porta de uma origem, a partir – na verdade,
final de 2007, e a primeira data de uma livraria de verdade. somos muito diferentes e muito pareci-
edição avançada foi o mês de Ja- O livro, composto por 95 narrativas fic- dos. O denominador comum da natureza
neiro do ano transacto. Mas as coi- cionais curtas, permite a emergência do humana torna-nos mais próximos da lei-
sas não aconteceram exactamente real, como uma presença que toma de as- tura, enquanto os “temperos” que nos
dessa forma... salto a acção. Por isso, o romance, género distinguem sujeitam-nos à reflexão, pro-
Depois da estreia oficial em Cryp- atribuído à obra, é-o enquanto “técnica vando que – “as palavras unem-nos defi-
tograms, a banda viu-se sob os po- de simplificação, de engano”, e não palco nitivamente para nos separar”.
tentes focos do mediatismo. A esta de histórias simplesmente inventadas. É através das palavras, construídas em
ascensão juntaram-se logo acusa- As personagens são quase sempre o “eu” fracções quase imagéticas, que o ro-
ções de sobrevalorização, como se entre outros. São alvos, sem acaso, do mance abre espaço, encerrando em si a
tivessem sido eles mais uns felizes encadeamento sucessivo da narrativa fic- magia da descoberta, que confere à prosa
contemplados na eterna lotaria dos cional com a realidade, que se mistura – ficcional uma força poética. Isto porque
hypes da imprensa. Em abono da sob disfarce – na encenação. E nisto, “ao cria outras possibilidades de sentido – o
verdade, importa dizer que sim, julgar ler a vida imaginada dos outros es- nosso.
sem dúvida que o foram. Mas mais tamos a tentar escapar à nossa”. Cada história assenta numa melodia cor-
DE
DEERHUNTER importante do que isso é dizer que A arrebatar os textos curtos: a paixão tada ao cabo de frases curtas – uma es-
mereceram por inteiro o destaque. (significante de sofrimento); o prazer crita simples – perto do tom oralizante, a
EDITORA A sobre-exposição tem muitas des- (sem regras); as cidades (lugares de pai- contar a história.
KRANKY/4AD
vantagens. Convém lembrar que os xão) intemporais; a relação do homem Pedro Paixão, é como os seus heróis “na
2008 Deerhunter não tinham à altura com deus e o universo; a filosofia e os literatura não escreveram literatura, mas
muita rodagem ao vivo. A ascensão DE poetas - (referências culturais e erudi- a vida vivida até ao limite – quando per-
foi demasiado meteórica, e a banda PEDRO PAIXÃO tas). Há sentimentos escondidos do clã guntaram a Flaubert [escritor francês]
passou da garagem para os palcos dos mais importantes festivais do Humano, aqui apresentados a nu. quem era Madame Bovary respondeu
EDITORA
mundo, com performances que muitas vezes ficavam aquém das ex- QUETZAL Nas histórias, o passado irrecuperável, sou eu”. Assim, na narrativa, enredo de
pectativas, e com as naturais tensões internas que levaram à saída denso de memórias por salvar. As pala- narrativas, encerram-se ciclos infinitos
do guitarrista Colin Mee (com a progressiva radicalização do discurso 2008 vras são a forma, feita matéria, para re- (“alma, abismo, segredo de tudo”) de
homossexual de Bradford Cox a ajudar à festa). A notícia da pausa in- cuperar o que se viveu – a ilusão – para personagem que somos nós, que são ele
definida anunciada no final de 2007 fez temer o pior, mas felizmente se procurar um lugar no mundo onde – acto vivido em cena.
não teve muito mais consequências negativas do que o atraso de 10
meses na edição do disco. E a experiência adquirida na estrada aju- FATIMA ALMEIDA
dou em tudo ao processo criativo.
Os Deerhunter aparecem aqui quase transfigurados. Aprenderam
VER
a trabalhar a inocência natural da sua música, que evoluiu clara-
mente em termos técnicos, o que permitiu abordar a construção dos
temas de forma mais polida e natural. Por isso, temos aqui canções O Sétimo Selo”
com estrutura mais convencional - algumas absolutamente geniais,
como Nothing Ever Happened ou Agoraphobia, esta última na voz do
guitarrista Lockett Pundt - sem que isso seja um limitação sonora. E stamos no século XIV. An- man prendem-se, nesta obra, com a fé
E
“
com tal transfiguração operada, é interessante verificar como a iden- Hoje encontrei a tonius Block (Max Von religiosa. O porquê de Deus ser tão si-
tidade da banda não se perde, apenas se transforma. morte. Estamos Sydow), um cavaleiro das lencioso e apático enquanto que a
O segredo estava mal guardado, convém explicar, porque o disco cruzadas, e Jöns (Gunnar morte é uma certeza e faz questão de
“pingou” para a Internet no dia 1 de Junho de 2008. Talvez conse- a jogar Xadrez Björnstrand), o seu escudeiro, voltam ser brutalmente visível.
quência da loucura vivida nessa noite no backstage do palco All To- à terra natal, na Suécia, depois de dez Quanto à edição em DVD, a editora
morrow’s Parties, no festival Primavera Sound em Barcelona. Ou anos de luta contra os infiéis. A desola- Castello Lopes traz-nos uma nova ver-
talvez não, isto sou só eu a atirar para o ar... ção da paisagem é óbvia e não se en- são remasterizada, com o bom velho
contra ninguém à vista, apenas uma preto e branco a aparecer aqui em toda
figura, um velho, vestido de preto dos a sua glória. Não nos podemos esque-
EMANUEL BOTELHO pés à cabeça, que se apresenta como a cer que se trata de um flme de 1957 e,
Morte. Recusando o seu destino, Block pelo que me parece, dificilmente se
propõe um acordo: um jogo de xadrez. consegue uma transferência tão fiel do
Se ele ganhar pode continuar a viver, master original. Até mesmo a faixa
GUERRA DAS CABRAS mas se a morte conseguir o xeque- áudio, que é em mono, não dá ares de
A evitar mate, é com ela que deve seguir. ter perdido nada com o tempo. Em ma-
É desta maneira que começa “O Sé- téria de extras temos apenas a habitual
Fraco timo Selo”, um dos filmes mais reco- biografia e filmografia do realizador, e
nhecidos de Ingmar Bergman. É difícil o documentário “De Filmstaden a Faro
Podia ser pior
contornar a estética minimalista, mas – Três cenas com Ingmar Bergman”,
FILME ao mesmo tempo tão memorável, que que não é mais do que uma conversa de
Vale a pena
o filme nos apresenta, como se Berg- 30 minutos com o realizador acerca do
A Cabra aconselha man quisesse contrastar a simplicidade seu percurso profissional. Seria inte-
A Cabra d’Ouro do mundo físico com a complexidade ressante saber mais acerca do filme em
DE
INGMAR BERGMAN que é a alma, ou, se preferirem, a mente si ou até mesmo da importância que
humana. teve na cultura popular. As referências
EDITORA O jogo com a morte não se faz du- à obra aparecem em sítios tão díspares
CASTELO LOPES
Artigos disponíveis na: rante uma única sessão, faz-se sim ao como o filme “O Último Grande Herói”,
2002 longo do percurso que o cavaleiro vai com Arnold Schwarzenegger, ou o vi-
percorrendo por uma terra que é a dele, deoclip do tema “Re-Tratamento” da
mas que agora lhe parece irreconhecí- banda de hip-hop, Da Weasel.
vel. As questões levantadas por Berg- JOSÉ SANTIAGO
20 | a cabra | 17 de Março de 2009 | Terça-feira
SOLTAS
ALMOÇO SOCIAL JOÃO LUÍS • TREINADOR DOS SUB-20 DA AAC/RUGBY
RUGBY A SECÇÃO
OS SUB-20
EM PORTUGAL DE RUGBY
Foi um desenvolvimento pla- Neste momento não temos jogado- Foi um ano em que as escolas ou
neado, conseguido com algum mé- res que possam fazer parte da selec- não trabalharam bem ou houve
rito mas foi única e exclusivamente ção. Estamos a formar um jogador menos captação de atletas e houve
em Lisboa, fora da região de Lisboa para a selecção nacional, o João Ma- dificuldades em manter e fazer
é um bocado mais complicado o de- teus, e vamos ver se conseguimos na crescer o número de atletas para
senvolvimento do rugby. Lisboa, ao próxima época levar o Eduardo Sal- continuarmos a crescer como
contrário do resto do país, já conse- gado. Se nós estivéssemos em Lisboa equipa. A realidade é que a forma-
guiu desenvolver uma academia de eles facilmente iam à selecção. Não ção não esteve bem , os treinadores
rugby a nível sénior e tem outra que estando, implica muito sacrifício. Os falharam e não conseguiram trans-
vai ser iniciada para as camadas jo- horários de treino em Lisboa são mitir uma ideia de continuidade aos
vens. Os objectivos são grandes e as completamente marados, já de pro- jogadores. Chegou a um ponto onde
ambições são muitas, vamos ver se pósito para não ir ninguém fora de já não estávamos a formar, antes
conseguimos fazer com que o de- Lisboa à selecção. Só quem é de Lis- pelo contrário estávamos a defor-
senvolvimento alargue ao resto do boa consegue encaixar no horário. mar os atletas, e a tentar habituá-
país, mas vai ser um bocado compli- Isto só pode ser contrariado quando a los a uma ideia com a qual não
cado. Este desenvolvimento decor- Académica voltar à Divisão de Honra pactuo que era habituá-los a perder.
reu dessa forma mais como uma e começar a ganhar o campeonato da Não posso pactuar com esse lema
obrigação. O rugby ainda é um des- Divisão de Honra, obrigando a que o de vida nem com essa filosofia. De
porto de elite em Portugal e a maior leque de escolha de horário seja mais maneira que cheguei à direcção e
parte do elitismo que temos está em aberto. Neste momento a Académica disse: se vocês querem continuar
Lisboa, onde está a maior concen- tem condições para estar na Divisão tem de haver jogadores ou se conti-
tração populacional. As academias de Honra, estamos a ficar com um nuamos com os doze que estão não
surgem devido à era da profissiona- número bom de jogadores no plantel, vale a pena, vamos acabar isto por-
lização do rugby, mas também mais alguns com muita experiência e ou- que assim não dá. Estamos num
como uma obrigação da IRB (Inter- tros mais novos, como os sub-20 que processo de formação: há uns anos
nacional Rugby Board). A diferença subiram este ano e os que vão subir atrás a Académica não ganhou nada
é tão grande entre o rugby profissio- para o ano, que vão dar algum ritmo, e como tal não entravam atletas
nal e amador que a IRB se assustou velocidade e ambição à equipa. para o rugby, por sua vez, tivemos
quando Portugal se conseguiu quali- Temos um plantel que vai conseguir dificuldade em ter treinadores de
ficar para o Mundial. Foram Envia- manter a Académica na Divisão de qualidade nos escalões de forma-
dos para Portugal três Honra. O maior problema que nós ção. Enquanto não conseguirmos
representantes para coordenarem temos é a falta de ambição. Mas não isso não conseguimos ter atletas.
um projecto de desenvolvimento de há ninguém para os repreender, não Vamos ver se agora com treinado-
academias obrigando assim o rugby há castigos, se ganharem está tudo res, já com alguma qualidade,
português a desenvolver-se. Facil- bem se perderem está tudo bem na vamos conseguir meter mais atle-
mente Portugal pode ultrapassar a mesma. Os atletas de Lisboa tem tas. Pelos menos para já parece que
Geórgia e a Rússia, dentro de dois, mais ambição de ganhar, trabalham há muita gente nos sub-14, nos sub-
três anos o objectivo será esse. mais. Nós aqui se tentarmos prolon- 16, no sub-18. Este não é um pro-
Penso que Portugal neste momento gar os treinos para lá das nove da blema da Académica é um
tem hipóteses de chegar o 10º lugar noite temos uma série de problemas, problema a nível nacional.
a nível mundial, já o conseguimos isto quando um atleta em Lisboa
em sevens. chega a casa à uma da noite. Rui Miguel Pereira
RUI MIGUEL PEREIRA
farmácias sociais, a reforma fiscal e a considerado como uma "necessidade propinas não são usa-
realização (ou não) do Euro 2004". absoluta", defendia-se a criação de das para melhorar as
O Partido Socialista pretendia um uma disciplina específica que seria condições, mas para
incentivo às novas tecnologias que um passo em frente para "quebrar pagar despesas corren-
A MÃO QUE deveriam ser aplicadas na Educação.
Este aspecto seria vital para a me-
tabus na sociedade portuguesa".
Já a vontade de "fazer melhor" da
tes". Focando a questão
do aborto, o então can-
EMBALA O lhoria do sistema educativo como CDU prendia-se, em matéria educa- didato afirmava que o
BERÇO” ficou provado aquando da imple- tiva, em abolir os aspectos redutores partido era contra a
mentação de internet nas escolas do do acesso à educação, como sejam as despenalização. "Esta
país, o que se revelou ser "um propinas e o elevado preço dos ma- questão deve ser tra-
avanço fundamental para a educa- nuais escolares. Na questão do em- tada segundo a persec-
m Março de 2002, A ção dos jovens" relembrou o candi- prego, o então candidato à tiva de
COM PERSONALIDADE
LEANDRO ROLIM
OPINIÃO
A CRISE, O ENSINO SUPERIOR
E OS ESTUDANTES
João Pita *
PEDRO CRISOSTOMO
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17 de Março de 2009 | Terça-feira | a cabra | 23
OPINIÃO
DIREITO AO PURGATÓRIO… EDITORIAL
A MINHA QUEIMA É MELHOR
QUE A TUA
Rui Lopes *
Em 1969, os estudantes da Acade- bilidade de ingressar no referido re- Referia o estudante Filipe Pedro CABRA, aceitará trabalhos por enco-
mia de Coimbra reivindicaram “exa- gime? numa carta ao director da edição menda. E mais: o Jornal Universitá-
mes para todos…ou exames para Se não há condições logísticas, físi- passada do jornal A CABRA que a rio de Coimbra, A CABRA, não tem
ninguém”… ao tempo, a igualdade cas e intelectuais, para que na Facul- linha editorial do órgão deveria “re- de se justificar pelo conteúdo das
era apenas um sonho só possível com dade de Direito se possa implementar flectir sobre se a Queima das Fitas é suas edições. A única fidelidade é
a democracia…essa por quem tantos um verdadeiro regime de avaliação ou não um evento que se digne a para com o leitor, e estamos certos de
lutaram e por quem tantos sofre- contínua, que chegue a todos, que nos estar presente na sua versão im- que o serviço público de informação
ram… trate de igual forma a todos, então pressa”. Acrescentava o estudante a que nos propusemos é cumprido.
Estes, esperavam no mínimo, que que não haja avaliação contínua para que não se lembrava “de ver ninguém Mais há a dizer sobre a referida
40 anos depois, esse conceito de de- ninguém. O argumento de que “um da Comissão Organizadora da importância atribuída pelo jornal à
mocracia, melhor, de Estado de di- pouco mais de bem é sempre melhor” Queima das Fitas entrevistado como Queima das Fitas. Afinal de contas,
reito democrático, consagrasse uma é, neste específico caso, uma violação tal, excepto no suplemento sobre a acabra.net é o único órgão a possuir
sociedade tendencialmente igualita- do princípio da igualdade, pois para Queima das Fitas, pago pela mesma”. um site exclusivo dedicado às Noites
ria, “tratando como igual o que é iguais condições há um tratamento E mencionava ainda que contava do Parque, com uma cobertura diá-
igual e como diferente o que é dife- diferente e não há uma razão coe- “pelos dedos das mãos as vezes que ria de todo o evento e com pelo
rente” corolário do princípio da igual- rente para que seja assim…Porque é A CABRA publicou artigos relativos menos oito pessoas por noite a tra-
dade que tanto e repetidas vezes que o Sr. A, que para além de pagar o à Queima das Fitas”. balhar para este mesmo projecto.
estudamos ao longo do curso de Di- mesmo valor de propinas, que tem E a questão que se coloca aqui não O trabalho de cobertura da
reito na Faculdade de Direito de U.C. um aproveitamento académico seme- passa, como o estudante bem referiu, Queima das Fitas não se fica pelo tra-
O regime da avaliação contínua, lhante ao do Sr. B, não consegue ter por aludir a uma obrigação editorial balho realizado nas Noites do Parque
que entre outros, o Processo de Bolo- acesso ao regime de avaliação contí- do jornal de publicar matérias alusi- e no site informativo acabra.net.
nha trouxe para a Universidade de nua? Porque é que o Sr. B, em virtude vas à Queima das Fitas unicamente Toda a iniciativa é acompanhada ao
Coimbra e particularmente para a Fa- de um simples sorteio, pode optar devido ao contributo financeiro que longo do ano com informações ac-
culdade de Direito, vinha carregado entre o regime de avaliação contínua o lucro da queima representa para as tualizadas.
com a esperança de que a carga e e o regime de avaliação final e o Sr. A secções. Não deverão, portanto, as críticas
densidade curricular que o curso de só pode aceder a um dos regimes? A questão passa pela desvirtuação ser feitas de forma tão redutora
Direito exigia possibilitasse mais su- Está na altura dos alunos da Facul-
cesso aos alunos da FDUC. Um re- dade de Direito também começarem
A questão passa pela desvirtuação
“
gime onde se avaliasse a assiduidade, a resolver estes casos práticos…
a participação, a capacidade de de- E os critérios de Avaliação? Têm de alguns factos, que uma rápida
senvolver trabalhos de investigação, existência? São simulados? Dissimu-
mini-avaliações, repartição da densi- lados? Objectivos? Subjectivos? (e frequente) leitura do jornal
dade doutrinal etc., etc. Tudo meras Porque é que dois alunos da
expectativas. mesma Faculdade, ao fazerem o poderia solucionar
A realidade mostrou-nos que em mesmo exame, tem surpreendente-
nada o regime de avaliação contínua mente resultados tão distintos? E de alguns factos, que uma rápida (e quando é o trabalho de dezenas de
nos veio beneficiar…A sua essência porque é que em cada 25 alunos só frequente) leitura do jornal poderia sócios e colaboradores da Secção de
está correcta, é certo… é com avalia- três conseguem ter aproveitamento? solucionar. Jornalismo da Associação Académica
ção contínua que devemos ser postos E não falemos apenas dos factores Apesar de todas estas críticas de Coimbra que é posto em causa.
à prova… mas cada estudante e não subjectivos que a cada um diz res- nunca o Jornal Universitário de Poderíamos então questionar muitas
apenas alguns que por mera sorte peito… isso não é uma responsabili- Coimbra, A CABRA, irá contra a das decisões tomadas pela Comissão
foram sorteados ou que tiveram mais dade da Faculdade de Direito… mas linha editorial que pauta o seu traba- Organizadora da Queima das Fitas,
uma décima ou duas de média na uma mesma resposta pode ser para lho e nunca se subjugará a atitudes como o tratamento diferenciado
candidatura ao ensino superior. O um avaliador, totalmente correcta prepotentes por parte de qualquer dado a um qualquer diário regional e
que se passa actualmente na FDUC é mas para outro parcialmente correcta comissão organizadora de uma qual- a um órgão de comunicação da casa.
discriminatório, pois é inconcebível ou até mesmo incorrecta… Será só quer festa académica ou de qualquer Não o faremos, porém.
que não se trate de modo diferente o culpa dos alunos? outra estrutura da casa. Nunca o Jor- João Miranda e
que é manifestamente igual…Como O que se passa na Faculdade de Di- nal Universitário de Coimbra, A Cláudia Teixeira
se concebe que na melhor Faculdade reito da Universidade de Coimbra?
de Direito do país se pratique publi- Porque é que ninguém quer saber? A CABRA ERROU
cidade enganosa? Sabia algum dos úl- Porque é que já ninguém canta “…há
timos candidatos ao ingresso na sempre alguém que resiste, …há sem- Na última edição d'A CABRA, no artigo “A remar pela defesa do título”
nossa faculdade que para além de pre alguém que diz não”? podia ler-se nas palavras do técnico Júlio Amândio que o Futebol Clube do
uma média de entrada esta ainda São muitas as perguntas…mas há Porto era um dos candidatos para esta época, quando o treinador se refe-
seria comparada com a dos restantes uma só resposta… É HORA DE ria ao Sport Clube do Porto.
colocados para efeitos de ingresso no MUDAR! Na mesma edição, encontram-se algumas caixas em branco que, na im-
regime de avaliação contínua? E os pressão, e por motivos alheios à direcção do jornal, omitiram parte dos tex-
que já cá estão? Faz sentido entrarem * Estudante da Faculdade tos dos artigos em causa.
num concurso para obterem a possi- de Direito da UC A direcção
Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA Depósito Legal nº183245/02 Registo ICS nº116759
Director João Miranda Editor-Executivo Pedro Crisóstomo Editor-Executivo Multimédia: João Ribeiro Editores: André Ferreira (Fo-
tografia), Cláudia Teixeira (Ensino Superior), Sara Oliveira (Cultura), Catarina Domingos (Desporto), Marta Pedro (Cidade), Rui Miguel Pereira
(País & Mundo), Diana Craveiro (Ciência & Tecnologia) Secretária de Redacção Sónia Fernandes Paginação Pedro Crisóstomo, Sónia Fer-
Secção de Jornalismo, nandes, Tatiana Simões Redacção Adelaide Batista, Ana Coelho, Andreia Silva, Carolina de Sá, Eunice Oliveira, Filipa Faria, Hugo Anes, João
Associação Académica de Coimbra, Picanço, Patrícia Gonçalves, Patrícia Neves, Pedro Nunes, Tiago Carvalho, Vanessa Quitério, Vanessa Soares Fotografia Ana Coelho, Leandro
Rua Padre António Vieira, Rolim, Sara Galamba, Sara São Miguel, Sónia Fernandes, Tiago Carvalho, Virginie Bastos Ilustração Rafael Antunes, Tatiana Simões Colab-
3000 - Coimbra oraram nesta edição Bruno Monterroso, Daniel Almeida, Frederico Fernandes, Filipa Magalhães, Joana Tadeu, Maria João Fernandes,
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Notas
Manifestação Minuto
da CGTP
Hugo Chávez
de Silêncio sobre
arte...
“Injustiças sociais/Arre porra que O presidente venezuelano ordenou O minuto de silêncio em defesa dos
é demais!” foi a frase que mais se que as Forças Armadas usem a força direitos dos imigrantes teve uma par-
ouviu entre os mais de 200 mil tra- contra os governadores locais que se ticipação bastante fraca, contando-
balhadores em Lisboa, segundo a opõem à lei de transferência do poder se pelos dedos os presentes. A
CGTP. O desemprego, a precariedade de administração dos portos e aero- DG/AAC falhou na sua missão de
e as politicas económicas e sociais do portos para o governo central. Esta sensibilizar a sociedade civil para os
governo assumiram-se como as bases semana proibiu ainda a permanência problemas que afectam as comunida-
do protesto que paralisou a capital. da exposição “Bodies Revealed”, que des imigrantes. Questiona-se se era
Em época de crise e no ano de todas revela o interior do corpo humano. mesmo necessária esta alternativa
as eleições é bom que os portugueses Mais exemplos de intolerância pe- aprovada na Assembleia Magna ou se
se façam ouvir, e em uníssono soa rante os adversários políticos e ideias a participação na manifestação de
sempre melhor. que não sejam do seu agrado. Lisboa não seria mais eficaz.
M.P. J.R. J.R.
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Neste quadro, Hans Georg sol, nessa rua a subir que é pre-
Schüssler mostra-nos uma paisa- cedida de uma subida ainda
gem banal; árvores e casas como maior, nesse amontoado apenas
fundo, um, dois cavalos encosta- aparentemente ordeiro de pe-
dos à berma da estrada. Para este dras, cimento e monóxido de car-
alemão, estudioso das artes grá- bono onde se move o sujeito
ficas e decorativas e actualmente fotográfico, o autor apercebe-se
a residir em Portugal, uma boa de que, ao avistar o carro, nin-
maneira de observar uma ima- guém daria conta que o mesmo
gem pode ser estilhaçá-la e pos- seria composto por fragmentos.
teriormente recolocá-la noutro A nossa vista passaria por ele de
local. A ordem dos estilhaços relance, o nosso cérebro esterio-
passa aí a depender da vontade tipá-lo-ia como mais uma das in-
do autor, sendo claro que concei- finitas coisas normais que
tos como correcto, suposto ou or- compõem a nossa normalidade,
deiro podem não fazer parte do a nossa memória, passado uns
imaginário do mesmo. instantes eliminá-lo-ia, muito
Afinal, o que é cada um destes provavelmente para sempre. E
três palavrões? Qanduo aguélm com isto, tinhamo-nos acabado
iamgnia, aglo é sputoso? Uma de cruzar com um carro que, ima-
cirãçao dvee ter odrem? Um gine-se, não obedece às leis da Fí-
crrao itenrio é mias pcretpviel sica.
que um fgmarantedo, aissm As pinturas de Hans George
cmoo uma farse dvee etasr Schüssler estão patentes na Gale-
gmatclraianetme crroteca praa ria Minerva, em Coimbra, até 3
se cmpedorenedr? de Abril.
Naquele monocromático dia de Por Bruno Monterroso
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