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3 MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo consiste em uma revisão da literatura, adotando um formato narrativo e descritivo,
com uma abordagem exploratória. Para coletar os materiais necessários, foram utilizados
artigos científicos e materiais disponíveis em bases de dados eletrônicos, selecionados com
base em sua relevância para o tópico de estudo.

A revisão narrativa é conhecida por sua estratégia flexível, dispensando buscas complexas e
exaustivas, tornando-a particularmente adequada para estruturar artigos, dissertações, teses e
trabalhos de conclusão de curso. (MARCONI; LAKATOS, 2022)

Esse procedimento de pesquisa literária envolve a análise e a pesquisa de um conjunto de


conhecimentos com o objetivo de apresentar uma solução concreta para uma problemática
identificada. Essa metodologia faz uso de diversos materiais relevantes sobre o assunto,
incluindo artigos científicos, livros, monografias, relatórios disponíveis em portais oficiais, teses
e dissertações, entre outras fontes de informação. (MARCONI; LAKATOS, 2022)

Para a realização da pesquisa, foram consultados os bancos de dados eletrônicos da SciELO,


CAPES e Google Acadêmico. Os descritores utilizados incluíram "músculos isquiotibiais",
"alongamento estático" e "efeitos". Esses termos foram escolhidos para direcionar a busca de
informações relacionadas ao tema central deste estudo.

No total da pesquisa, foram encontrados 76 materiais. A partir deles foram incluídos 34


materiais, por meio dos seguintes critérios de inclusão: publicações que se incidiu por meio de
textos publicados nos últimos 10 anos, no idioma português e que tanto a temática como a
estrutura do material tivessem relação direta com o objetivo deste estudo. Foram excluídos 70
materiais, com base nos seguintes critérios de exclusão: artigos e materiais publicados com
mais de 10 anos, em que o idioma da publicação fosse diverso do português e por não
apresentarem adequação suficiente ao tema empregado. Assim, 6 materiais foram
devidamente selecionados para a construção deste estudo.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O foco deste estudo se dedicou à investigação do efeito do alongamento estático nos músculos
isquiotibiais, uma área de grande relevância no contexto da saúde e do desempenho físico. As
evidências analisadas apresentam diferentes resultados, haja vista que são estudos que
analisaram tais efeitos sob diferentes perspectivas, considerando a intensidade, duração e a
comparação dos efeitos do alongamento estático com outros tipos de alongamento nos
músculos isquiotibiais.

No estudo produzido por Silva et al. (2021), cujo objetivo era avaliar e comparar a o
comportamento da força muscular dos isquiotibiais após a aplicação da crioterapia e a
realização de alongamentos, um grupo com 12 indivíduos foi submetido ao alongamento
estático por 5 vezes com duração de 15 segundos e com intervalo de 30 segundos entre cada
alongamento, enquanto outro grupo com 14 indivíduos foi submetido a crioterapia. Em termos
de resultados, os autores identificaram que o grupo apresentou uma diminuição significativa
no desempenho da força flexora do joelho.
Já no estudo de Aguiar e Araújo (2018), 30 indivíduos submetidos ao alongamento estático
com duração de 45 segundos, com 3 repetições e um intervalo de 30 segundos entre as séries,
apresentaram uma redução de força muscular inferior a 10% imediatamente após o
alongamento. Os autores identificaram ainda que a literatura aponta que resultados inferiores
a 10% devem ser considerados como insignificantes em termos de impacto. Ademais,
constatou-se que o grupo apresentou um ganho de amplitude de movimento muscular
superior a 20%.

No mesmo sentido, os estudos de Bertolini (2015) sobre o desempenho muscular dos


isquiotibiais com um grupo de 29 indivíduos submetidos a um programa de alongamento de
três séries de 30 segundos cada, identificou que a aplicação do alongamento estático antes da
atividade esportiva ou do exercício pode resultar em melhorias sustentáveis na flexibilidade e
no desempenho muscular ao longo do tempo. No entanto, o quando executado antes de um
esforço máximo (resultando em um efeito imediato), tem o potencial de reduzir a capacidade
de atingir um desempenho elevado, uma vez que afeta negativamente a força e a potência
muscular. Por essa razão, o alongamento não tem sido indicado como parte integrante das
sequências de aquecimento, especialmente antes de atividades que envolvam altas exigências
de força e potência muscular.

De igual forma, a revisão sistemática de Silva, Andrade e Pereira (2023) acerca dos efeitos de
técnicas de alongamento nos músculos isquiotibiais, apesar de não avaliar o desempenho
quanto a força muscular, constatou que a maioria dos estudos indicam que para efeitos
imediatos no que diz respeito à flexibilidade e amplitude de movimento, o alongamento
estático não apresenta um efeito positivo quando comparados com demais tipos de
alongamento como o FNP. Contudo, quando analisado sob a perspectiva de efeitos e
manutenção à longo prazo, o alongamento estático é o mais recomendado, haja vista que o
referido tipo de alongamento permite a manutenção da amplitude de movimento e a
flexibilidade.

Nos estudos de Ferreira e Lumini (2018), a análise abrangente dos artigos revelou que a
maioria deles (5) identificou diferenças significativas entre os grupos submetidos ao
alongamento estático dos isquiotibiais e o grupo de controle. Isso resultou em um aumento na
amplitude de movimento e, portanto, na flexibilidade dos grupos submetidos ao alongamento
estático. No entanto, um estudo observou que alongar por apenas 15 segundos não era mais
eficaz do que não alongar, enquanto outros sugeriram que 30 segundos de alongamento diário
eram igualmente eficazes no aumento da amplitude de movimento da extensão do joelho em
comparação com durações mais longas.

Além disso, os resultados obtidos pelos autores supracitados apontaram que o tempo total de
alongamento pode ser mais relevante do que a duração de cada repetição, e diferentes
números de repetições e durações produziram resultados semelhantes quando o tempo total
de alongamento era mantido constante. Surpreendentemente, a manutenção dos ganhos de
flexibilidade foi observada mesmo após o término do programa de alongamento, o que desafia
a reversibilidade típica do treinamento. Portanto, a eficácia do alongamento estático parece
depender de uma combinação complexa de fatores, incluindo duração, número de repetições e
tempo total de alongamento. (FERREIRA; LUMINI, 2018)

Resultados semelhantes foram obtidos por Morcelli, Oliveira e Navega (2013), cujo estudo
comparou o ganho imediato de flexibilidade dos músculos isquiotibiais após a aplicação de três
técnicas de alongamento: estático, balístico e contrair-relaxar. Os resultados indicaram que
tanto o alongamento balístico quanto o contrair-relaxar foram capazes de aumentar
imediatamente a flexibilidade dos músculos isquiotibiais. Em contrapartida, os autores
constataram que a eficácia do alongamento estático na flexibilidade dos músculos isquiotibiais
está associada ao longo prazo.

A flexibilidade muscular, enquanto capacidade intrínseca de um músculo em se alongar, é


influenciada de maneira marcante pelo alongamento estático. De acordo com os estudos
revisados, observou-se que a aplicação regular de sessões de alongamento estático resultou
consistentemente em ganhos significativos na amplitude de movimento dos músculos
isquiotibiais. No entanto, destaca-se que a maioria dos estudos identificaram que os resultados
em termos de amplitude e flexibilidade muscular está associada ao longo prazo.

Esses achados corroboram com a teoria fisiológica subjacente, que sustenta que o
alongamento estático promove o aumento da complacência do tecido muscular e conjuntivo,
permitindo, assim, uma maior extensão das fibras musculares. (AGUIAR; ARAÚJO, 2018)

É pertinente destacar que o aumento na flexibilidade observado pode ter importantes


implicações clínicas e funcionais. Indivíduos que apresentam uma maior amplitude de
movimento nos músculos isquiotibiais podem experimentar uma melhoria na biomecânica de
articulações como o quadril e o joelho, promovendo, consequentemente, uma marcha mais
eficiente e um menor risco de lesões relacionadas à inflexibilidade muscular. (SILVA; ANDRADE;
PEREIRA, 2023)

No que se refere ao desempenho muscular, observou-se que o alongamento estático, quando


incorporado adequadamente em protocolos de aquecimento e recuperação, pode contribuir
para um melhor desempenho muscular em atividades que requerem uma extensão completa
dos músculos isquiotibiais. Tal efeito pode ser atribuído à capacidade do alongamento estático
de preparar o músculo para atividades funcionais, reduzindo a resistência ao estiramento
durante o movimento. (BERTOLINI, 2015)

Entretanto, ressalta-se que a intensidade e a duração do alongamento estático desempenham


um papel fundamental nesse contexto, pois alongamentos prolongados e de alta intensidade
podem temporariamente diminuir a capacidade de produção de força muscular, o que pode
afetar negativamente o desempenho em atividades que requerem explosividade e força
máxima.

No que diz respeito à força muscular, embora o alongamento estático possa temporariamente
reduzir a força muscular imediatamente após a sua aplicação, esse efeito é transitório e não
compromete o desenvolvimento de força a longo prazo. Em outras palavras, a incorporação
adequada do alongamento estático em programas de treinamento não parece limitar o ganho
de força muscular ao longo do tempo. (BERTOLINI, 2015)

É relevante mencionar que a relação entre o alongamento estático e a força muscular pode ser
influenciada por fatores individuais, como a duração do alongamento, o tipo de exercício e a
população de estudo. Portanto, é imperativo que os profissionais da educação física
considerem cuidadosamente essas variáveis ao planejar programas de treinamento que
envolvam o alongamento estático.

Assim, a análise dos resultados deste estudo proporciona uma compreensão abrangente dos
efeitos do alongamento estático nos músculos isquiotibiais. O alongamento estático
demonstrou consistentemente aumentar a flexibilidade muscular e a amplitude de movimento,
o que pode ser benéfico para a saúde musculoesquelética e o desempenho funcional. Além
disso, quando aplicado de maneira adequada, o alongamento estático pode melhorar o
desempenho muscular em atividades que requerem uma extensão completa dos músculos
isquiotibiais, embora seja essencial considerar a intensidade e a duração.

No que diz respeito à força muscular, embora o alongamento estático possa ter efeitos
imediatos transitórios, não parece prejudicar o desenvolvimento de força a longo prazo. No
entanto, é importante individualizar a aplicação do alongamento estático, levando em
consideração os objetivos específicos de treinamento e as características dos indivíduos.

Portanto, a incorporação criteriosa do alongamento estático em programas de treinamento e


reabilitação deve ser orientada pela compreensão das implicações destes efeitos sobre a
flexibilidade, desempenho e força muscular, considerando-se as particularidades de cada
contexto e indivíduo.

5 CONCLUSÃO

O foco deste estudo foi analisar quais são os efeitos do alongamento estático nos músculos
isquiotibiais, precisamente sobre a flexibilidade e desempenho muscular.

O estudo em questão proporcionou uma compreensão abrangente dos efeitos do alongamento


estático nos músculos isquiotibiais. Observou-se que o alongamento estático desempenha um
papel significativo no aumento da flexibilidade muscular e na melhoria da amplitude de
movimento, com implicações benéficas para a saúde musculoesquelética e o desempenho
funcional. No entanto, é fundamental considerar cuidadosamente a intensidade e a duração do
alongamento, uma vez que esses fatores influenciam os resultados obtidos.

Em relação ao desempenho muscular, destaca-se que o alongamento estático pode contribuir


para um melhor desempenho em atividades que requerem uma extensão completa dos
músculos isquiotibiais. No entanto, é essencial ressaltar que a intensidade e a duração do
alongamento desempenham um papel crítico nesse contexto. Alongamentos prolongados e de
alta intensidade podem temporariamente reduzir a capacidade de produção de força muscular,
o que pode afetar negativamente o desempenho em atividades que exigem explosividade e
força máxima.

No que diz respeito à força muscular, constatou-se que, embora o alongamento estático possa
resultar em uma diminuição temporária da força imediatamente após sua aplicação, esse efeito
é transitório e não prejudica o desenvolvimento de força muscular a longo prazo. No entanto, a
relação entre o alongamento estático e a força muscular é influenciada por vários fatores
individuais, como a duração do alongamento e o tipo de exercício.

Portanto, a conclusão é que a incorporação criteriosa do alongamento estático em programas


de treinamento e reabilitação deve ser orientada pela compreensão dos efeitos sobre a
flexibilidade, desempenho e força muscular, levando em consideração as particularidades de
cada contexto e indivíduo. Adaptar os protocolos de alongamento estático para refletir as
necessidades específicas de cada situação, considerando a intensidade, a duração e os
objetivos do treinamento, é essencial para otimizar seus benefícios.
Além disso, a pesquisa contínua nessa área é fundamental para aprimorar nossa compreensão
dos efeitos do alongamento estático e sua aplicação prática no campo da saúde e do
desempenho físico.

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Kamilla Oliveira; ARAÚJO, Samara Guimarães. Efeito de diferentes tipos de


alongamentos da musculatura de isquiotibiais na força isométrica. 2018. 25f. Trabalho
acadêmico (Bacharelado em Fisioterapia) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,
2018. Disponível em:
https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/24409/3/EfeitoDiferentesTipos.pdf. Acesso
em: 29 ago. 2023.

BERTOLINI, Gladson Ricardo Flor. Alongamento estático associado ou não ao exercício resistido
sobre a extensibilidade e força muscular em indivíduos saudáveis. Revista Brasileira de
Fisiologia do Exercício, v. 14, n. 1, p. 38-43, 2015. Disponível em:
https://convergenceseditorial.com.br/index.php/revistafisiologia/article/view/130/238. Acesso
em: 19 set. 2023.

FERREIRA, Diana Oliveira; LUMINI, José. Efeitos do tempo de alongamento estático na


flexibilidade dos isquiotibiais – uma revisão bibliográfica. Projeto e estágio profissionalizante –
Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2018. Disponível em:
https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/6748/1/PG_31144.pdf. Acesso em: 29 ago. 2023.

MARCONI, Marina de A.; LAKATOS, Eva M. Metodologia Científica. Barueri: Atlas, 2022.

MORCELLI, Mary Hellen; OLIVEIRA, Júlia Martins Cruz Alves; NAVEGA, Marcelo Tavella.
Comparação do alongamento estático, balístico e contrair-relaxar nos músculos isquiotibiais.
Fisioterapia e pesquisa, v. 20, p. 244-249, 2013. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/fp/a/cNdf8vspWNHJGqJmbx3G7QL/#. Acesso em: 20 set. 2023.

SILVA, Danilo Sousa; ANDRADE, Agnes Tavares; PEREIRA, Fernando Borges. Análise de métodos
de alongamentos para os isquiotibiais: uma revisão sistemática. Revista Eletrônica Acervo
Saúde, v. 23, n. 1, p. e11536-e11536, 2023. Disponível em:
https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/11536/6841. Acesso em: 27 ago.
2023.

SILVA, Vinicius Alexandre Alves et al. Comparação da força dos músculos isquiotibiais antes e
após o alongamento e crioterapia. Research, Society and Development, v. 10, n. 5, p.
e22410515043-e22410515043, 2021. Disponível em:
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/15043/13314. Acesso em: 28 ago. 2023.

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