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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

Curso internacional em Educação Ambiental de base comunitária e ecologia política na


América latina: utopia, esperança e práxis no centenário Paulo Freire

CAMILA PONTE DO NASCIMENTO

FORTALECER VÍNCULOS SOCIAIS E COMUNITÁRIOS AOS GPTES DA APA


GUANDU-AÇU

Ribeirinhos e Pescadores Artesanais

Rio de Janeiro

2021
CAMILA PONTE DO NASCIMENTO

FORTALECER VÍNCULOS SOCIAIS E COMUNITÁRIOS AOS GPTES DA APA


GUANDU-AÇU

Ribeirinhos e Pescadores Artesanais

Artigo submetido ao Curso de Qualificação


Profissional do Instituto Oswaldo Cruz como
requisito parcial para a conclusão do Curso
Internacional em Educação Ambiental de base
comunitária e ecologia política na América latina:
utopia, esperança e práxis no centenário Paulo
Freire.

Coordenação: Clélia Christina Mello Silva Almeida da Costa, Celso Sánchez Pereira e Inny Bello
Accioly.

Rio de Janeiro

2021.

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Sumário

1. Resumo

2. Dados do projeto

3. Caracterização operacional do projeto

4.Evidências

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1. Resumo

O presente trabalho, inserido no campo de pesquisa da psicologia social e comunitária, propõe-se


enquanto projeto aplicado ao SCFV (Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos) dentro
do campo de trabalho do SUAS (Sistema Único de Assistência Social) pensando a inclusão de
GPTEs (Grupos Populacionais Tradicionais e Específicos) aos serviços e programas sócio
assistenciais públicos, com recorte à população ribeirinha e pescadores artesanais presentes no
território da APA Guandu-Açu, área de abrangência do CRAS Águas de Guandu (Centro de
Referência de Assistência Social) no município de Nova Iguaçu, estado do Rio de Janeiro, buscando
o fortalecimento dos vínculos comunitários, de pertencimento ao território, a reflexão crítica sobre o
impacto do racismo ambiental na comunidade, a promoção de autonomia e garantia de direitos.

Palavras chaves: GPTEs, ribeirinhos, pesadores artesanais, psicologia social e comunitária, SCFV,
APA Guandu-Açu

2. Dados do Projeto

2.1. Nome do Projeto


Fortalecer Vínculos Sociais e Comunitários aos GPTEs da APA Guandu-Açu.

2.2. Contexto

O presente trabalho propõe a reflexão e ação no campo da psicologia inserida na assistência


social com grupos populacionais tradicionais e específicos (GPTEs), sendo o recorte em questão,
ribeirinhos e pescadores artesanais residentes na APA Guandu-Açu no município de Nova Iguaçu, de
acesso pelo bairro denominado Parque de Todos os Santos.

A comunidade de Parque Todos os Santos, localizada às margens da lagoa do Guandu,


tem acesso através da BR-465 (antiga rodovia Rio-São Paulo), junto à ponte sobre o
rio Guandu. Conta com aproximadamente 600 famílias, somando cerca de 2.500

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habitantes, segundo informações da Associação de Moradores. (CEDAE - Relatório
de Impacto Ambiental - 2007, p. 49)

Tal comunidade pertence à área de abrangência do Centro de Referência de Assistência Social


(CRAS) Águas de Guandu (SEMAS, 2021, p. 20) equipamento público onde são oferecidos
benefícios, serviços e programas, atuando enquanto ferramenta da Proteção Social Básica (PSB) do
Sistema Único de Assistência Social (SUAS) a fim de promover o fortalecimento de vínculos sociais
e comunitários, visando a garantia de direitos dos cidadãos que dela necessitem.

A discussão e conceituação acerca dos grupos populacionais tradicionais específicos (GPTEs)


é recente no Brasil, datada em 2004, quando o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) teve
por objetivo a identificação de famílias pertencentes a comunidades remanescentes de quilombos e
povos indígenas (MDS, 2011), sendo nos anos subsequentes, identificada a demanda emergencial
quanto ao cadastramento e gestão dos municípios para promoção de inclusão das populações
tradicionais em todo o território:

Posteriormente, com a Política Nacional de Desenvolvimento dos Povos e Comunidades


Tradicionais (PNSPCT), sendo aprovada pelo decreto n.º 6.040 de 7 de fevereiro de 2007,
considerou-se acerca dos GPTEs, que são:

Grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, possuidores de


formas próprias de organização social, ocupantes e usuários de territórios e recursos
naturais como condição à sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e
econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos
pela tradição (BRASIL, 2007, p. 1).

Fato é que, tal conceituação engloba cerca de 15 formas específicas de vivências, seja em
origem étnica, de relação com o meio ambiente, rural ou situacional dos cidadãos, sendo: indígenas,
quilombolas, ciganos, pertencentes às comunidades de terreiro, extrativistas, pescadores artesanais,
ribeirinhos, assentados da reforma agrária, acampados rurais, agricultores familiares, beneficiários do
programa nacional de crédito fundiário, atingidos por empreendimentos de infraestrutura, presos do
sistema carcerário, catadores de material reciclável ou pessoas em situação de rua. (MDS, 2011)

Muitos dos cidadãos pertencentes a grupos populacionais tradicionais específicos vivem em


áreas de proteção ambiental, acerca disso, muito debateu-se sobre a possibilidade de pessoas vivendo

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e trabalhando com a terra causarem danos ambientais, sendo reconhecido que tais povos tradicionais
relacionam-se com a terra a partir de saberes ancestrais e populares, promovendo a proteção da área
em que residem, sendo necessário pensar a biodiversidade e sua estreita relação com a
sociobiodiversidade. (Barretto, 2006; Diegues, 2008)

De acordo com o Plano Municipal de Saneamento Básico - Água e Esgoto - do Município de


Nova Iguaçu (PMSBNI), 67% do território de Nova Iguaçu é composto por áreas verdes, contando
com 8 Unidades de Conservação (UCs), salientando que a falta de planejamento urbanístico é o
maior risco a preservação ambiental local. Historicamente, o município é marcado pela criação de
bairros a partir de loteamentos de terras de fazendas da citricultura que faliram após uma infestação
de praga nos laranjais e mudanças no panorama comercial devido a Segunda Guerra, sendo os
loteamentos vendidos a preços baixos e sem planejamento de ruas e saneamento básico. (SOUZA,
1992)

A APA Guandu-Açu possui 870 hectares, sendo criada a partir do decreto nº 6.413, de 5 de
novembro de 2001:

Anteriormente denominada APA Ilha do Tarzan, possui área de 870 hectares e está
localizada na face oeste do município. Principais problemas: poluição por esgoto,
areal, desmatamento e queimada. (PMSBNI, 2013).

Em 2019 foi desenvolvido pelo Conselho Federal de Psicologia uma cartilha com Referências
Técnicas Para Atuação de Psicólogas(os) com Povos Tradicionais, ressaltando a importância de se
debater uma especificidade na práxis com GPTEs, a fim de se ampliar o campo dos compromissos
ético-políticos e teóricos-técnicos na Psicologia Brasileira, principalmente com relação a vivências
invisibilizadas pela profissão. (CFP, 2019)

Faz-se necessário pensar a psicologia de forma histórico-social e crítica, também a partir de


seu código de ética, a fim de promover a inclusão e superação de injustiças sociais aos povos
originários que compõem o Brasil.

II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas
e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (CFP, 2005)

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Partindo de conceito ampliado de saúde, entendendo a saúde não enquanto ausência de
doença, mas como qualidade de vida e seguridade social, como preconiza a 8ª Conferência Nacional
de Saúde (CNS) de 1986:

Em seu sentido mais abrangente, a saúde é resultante das condições de alimentação,


habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer,
liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. É, assim, antes de tudo,
o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar
grandes desigualdades nos níveis de vida. A saúde não é um conceito abstrato. Define-
se no contexto histórico de determinada sociedade e num dado momento de seu
desenvolvimento, devendo ser conquistada pela população em suas lutas cotidianas
(Anais da 8a CNS, 1986).

Em pesquisa realizada pelo Instituto Trata Brasil - Saneamento é Saúde, que ranqueia as 10
melhores cidades em abastecimento e tratamento de esgoto e as 10 piores, Nova Iguaçu encontra-se
em segundo lugar nas 10 piores gestões de esgotamento sanitário, atrás apenas do município de
Duque de Caxias (dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, SNIS, – Min.
Cidades – 2015). Segundo o Plano Municipal de Saneamento Básico ‐ Água e Esgoto ‐ do Município
de Nova Iguaçu (PMSBNI):

Da água que é consumida no município, 35,9% (IN015) acabam sendo coletados pelo
sistema de esgotamento sanitário. (PMSBNI, 2014, p. 218)

Desaguam no Lagoão de captação da CEDAE, no rio Guandu, os rios Poços/Queimados e


Cabuçu/Ipiranga, altamente contaminados por esgoto in natura, despejados diretamente ao longo de
todo o curso d’água urbano, transformando o ambiente propício a proliferação de algas que produzem
microcistina, uma toxina de alto risco à saúde, devido a elevada carga de nutrientes dos esgotos,
como fósforo. Assim como também estão presentes cargas tóxicas industriais, seja pelo despejo de
esgoto industrial ou pelo tráfego nas rodovias que atravessam as sub-bacias. (CEDAE - Relatório de
Impacto Ambiental - 2007, p. 7)

Às margens da lagoa do Guandu, na APA Guandu-Açu ou Pantanal Iguaçuano, como é


chamada pelos locais, é que situa-se a comunidade ribeirinha e de pescadores artesanais, com a

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Associação dos Pescadores do Rio Guandu - PESGUANDU, de economia fortemente afetada pela
poluição das águas, que causa o desaparecimento de espécies marinhas impossibilitando a pesca,
assim como expondo a comunidade a risco de saúde em contaminações. Haja vista que os
indicadores de “morbidade” e “mortalidade” por enfermidades diarreicas, entre outras doenças, está
relacionado a condições de saneamento básico precárias ou inexistentes. (TRATA BRASIL, 2015, p.
1)

Em relato divulgado pela Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura, Desenvolvimento


Econômico e Turismo de Nova Iguaçu (SEMADETUR), na qual fora entrevistado o pescador
artesanal Vitor Ambrozioni, relatando que há um ano era possível pescar 150 quilos de peixe por dia
e que atualmente se faz possível somente dois quilos por dia:

“Conseguia, em média, R$ 8 mil por mês, mas hoje a realidade é outra. Pescava
tilápia, cascudo, traíra e tucunaré. Além da quantidade de peixes, nem a variedade da
espécie existe mais por causa da água poluída.” (SEMADETUR, 2021, p. 2)

Em decorrência da crescente poluição do Lagoão de captação e episódios recentes como a


contaminação da água por geosmina, causando dificuldade em regularizar o abastecimento de água, a
CEDAE anuncia a decisão de realizar a transposição do curso d’água dos rios Poços/Queimados e
Cabuçu/Ipiranga, com a construção de uma nova barragem, desviando o curso para um deságue
posterior às barragens de captação de água da CEDAE. No entanto, tal determinação causou alarme e
protesto da Associação dos Pescadores do Rio Guandu - PESGUANDU e de ecologistas do Comitê
Guandu-RJ, temerosos de que tal alteração cause riscos ambientais ao Lagoão, superando os
benefícios. Defendendo que tal alteração baseia-se num estudo defasado, o Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) de 2009 (O DIA, 2021, p.3). Ademais, tal construção vai contra a lógica de saúde e
universalização do saneamento básico (PLANSAB, 2019, p. 140), haja vista que não prevê o
tratamento do esgoto que causa a morte dos supracitados rios, tampouco está alinhado a um Plano de
Manejo, documento importante para conhecimento das condições físicas, biológicas e sociais de uma
unidade de conservação, pois de acordo com o INEA, a APA Guandu-Açu ainda não elaborou este
documento.
É possível observar, no presente panorama, o racismo ambiental, enquanto injustiça ambiental
quando as consequências do descaso público para com o saneamento básico e gestão de recursos
hídricos são amplamente sofridas pelos povos tradicionais residentes na APA Guandu-Açu em
detrimento de outras áreas da cidade.
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2.3. Objetivo Geral e específicos
O objetivo geral deste projeto é fortalecer vínculos sociais, comunitários, pertencimento ao
território e promoção de autonomia aos ribeirinhos e pescadores artesanais residentes na APA
Guandu-açu no município de Nova Iguaçu.
Sendo assim, pretende-se incentivar reflexões críticas sobre as demandas territoriais por parte
da comunidade, seguindo a premissa de fortalecer o pertencimento social na área da Proteção Social
Básica (MDS, 2004, 93), considerando que a política social pode se tornar um instrumento de
transformação social, a fim de mobilizar e organizar as massas populacionais a partir de seus
interesses mais fortes (OURIQUES, citado por Paiva em 2006, p. 7).
A saber, considerando a prática da psicologia em um equipamento público da assistência
social, faz-se necessário ressaltar que tal práxis orienta o objetivo geral deste projeto, a fim de
promover a tomada de consciência, como afirma Bader Sawaia:

“O psicólogo, que na fase anterior se confundia com o educador social, com o assistente
social e com o clínico fora do consultório, agora se tornou “militante” com o objetivo de
promover a passagem da consciência de classe em si à consciência de classe para si,
favorecendo a “tomada de consciência” (expressão fundamental da psicologia comunitária) da
exploração e da alienação e a organização da população em movimentos de resistência e de
reivindicação." (SAWAIA, 1996, p. 46),

Movimento necessário haja vista os supramencionados atravessamentos socioambientais da


comunidade na qual se dá o projeto.

Quanto aos objetivos específicos, a comunidade apresenta duas articulações importantes, a


associação de moradores e o PESGUANDU, movimentos que devem ser potencializados e
reconhecidos enquanto instrumentos emancipatórios.

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O CRAS tem como objetivo o desenvolvimento local, buscando potencializar
o território de modo geral. O foco da atuação do CRAS é a prevenção e promoção da
vida, por isso o trabalho do psicólogo deve priorizar as potencialidades. Nossa atuação
deve se voltar para a valorização dos aspectos saudáveis presentes nos sujeitos, nas
famílias e na comunidade. (CFP - CREPOP, 2008, p. 15)

Entendendo a vulnerabilidade socioambiental e econômica enfrentada pelos ribeirinhos e


pescadores artesanais do rio Guandu, os objetivos específicos deste projeto visam a promover
intervenção junto à PESGUANDU familiarizando-se com as características do grupo, a fim de
identificar possíveis dificuldades no processo da autogestão do mesmo, significar conflitos internos,
promovendo a participação dos membros pela reflexão crítica e autonomia. Bem como, a criação de
rodas de conversa com famílias de pescadores artesanais e ribeirinhos junto ao CRAS, a fim de
promover reflexões críticas sobre a saúde em seu conceito ampliado.

As oficinas com famílias propiciam a problematização e reflexão crítica das situações


vividas em seu território, além de questões muitas vezes cristalizadas, naturalizadas e
individualizadas. Elas possibilitam o entendimento de que os problemas vivenciados
particularmente, ou por uma família, são problemas que atingem outros indivíduos e
outras famílias reconhecendo, desta forma, nas experiências relatadas alternativas para
seu enfrentamento. Buscam, ainda, contextualizar situações de vulnerabilidade e risco
e assegurar a reflexão sobre direitos sociais, proporcionando uma nova compreensão e
interação com a realidade vivida, negando-se a condição de passividade, além de
favorecer processos de mudança e de desenvolvimento do protagonismo e da
autonomia, prevenindo a ocorrência de situações de risco social. (PAIF, 2012, p. 24).

2.4. Metodologia
Por meio de revisão bibliográfica e histórica da conceituação de Grupos Populacionais
Tradicionais e Específicos (GPTEs) na legislação brasileira vigente e referenciais técnicos para a
atuação da psicologia nesses contextos, processos históricos de formação do município de Nova
Iguaçu e interferências disso no esgotamento sanitário, planejamento urbano e saúde, relacionando-se
às vivências atuais dos grupos populacionais de ribeirinhos e pescadores artesanais no território da
APA Guandu-Açu e o compromisso ético com a solidariedade na psicologia social e comunitária
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enquanto fundamentalmente inserida no contexto de atuação do Sistema Único de Assistência Social
(SUAS) pela garantia de direitos e fortalecimento de vínculos sociais e comunitários na Proteção
Social Básica (PSB), percebendo um contexto de vulnerabilidade socioambiental e econômica de viés
estrutural enquanto racismo ambiental para com ribeirinhos e pescadores artesanais e a importância
de se pensar estratégias de acolhimento específicas a cada grupo pertencente aos GPTEs, pensando
nas relações grupais propostas por Martín Baró como pressuposto teórico do Serviço de Proteção e
Atendimento Integral à Família (PAIF) pela promoção da autonomia dos sujeitos, como afirma Bader
Sawaia pela tomada de consciência, pensou-se para este projeto, duas atividades relacionadas aos
processos de grupo, sendo a intervenção junto à Associação de Pescadores do Rio Guandu
(PESGUANDU) a fim de familiarizar-se com a estrutura de funcionamento do mesmo, identificando
demandas na relação grupal que apontem para uma dificuldades na autogestão, com intuito de
promover o fortalecimento desse vínculo e sua autonomia. Assim como, rodas de conversa com
famílias dos referidos grupos populacionais, a fim de se problematizar questões referentes à saúde da
comunidade em seu conceito ampliado, a partir dos atravessamentos socioambientais do território,
reiterando a tomada de consciência e construção de autonomia enquanto movimentos fundamentais
para a emancipação dos sujeitos.

2.5. Políticas públicas no projeto


O presente trabalho baseia-se nas diretrizes constitucionais da assistência social, em especial o
artigo 204, parágrafo II, incluindo a participação popular na formulação das políticas públicas e no
controle de suas ações. Entendendo as especificidades de orientação quanto a definição de GPTEs
pelo decreto n.º 6.040 de 7 de fevereiro de 2007 e aprovação da PNSPCT, relacionando-se com o
conceito de saúde ampliado do SUS, de acordo com o art. 3º da Lei nº 8.080 de 19 de setembro de
1990, ressaltando sua implicação no recorte proposto pelo projeto em questão, observando as
características socioambientais do território, de acordo com o PMSBNI, o diagnóstico ambiental do
RIMA produzido pela CEDAE, o Diagnóstico e Alternativas para Recuperação Ambiental da Bacia
Hidrográfica do Rio Guandu produzido pela EMBRAPA e a Lei de Diretrizes Nacionais para o
Saneamento Básico nº 11.445/2007, preconizando a universalização do saneamento
básico. Estruturando-se dentro do campo de trabalho da Proteção Social Básica, prevista pela lei
8.742 de 7 de dezembro de 1993 em seu art. 6º parágrafo I. De acordo com os referenciais teóricos de
operação indicados pelo MDS sobre o PAIF.

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2.6. Descrição das atividades para a realização do projeto proposto

Ordem Atividades: Quando Quem Onde Ações a Quanto Resultado


O que fazer? vai fazer? realizar: custa? esperado: Qual o
fazer? fazer? Como retorno?
fazer?

1 Realizar 30/07/2021 Camila CRAS Divulgar Promover


uma Roda ÁGUAS a roda de reflexões críticas
de Conversa DE conversa sobre a saúde em
sobre os GUANDU aos seu conceito
impactos da usuários ampliado em
poluição do do perfil, vista dos
rio Guandu organizar atravessamentos
na saúde da a roda de socioambientais
comunidade conversa do território,
espera-se
fortalecer
vínculos sociais e
comunitários,
pertencimento ao
território, tomada
de consciência e
autonomia.

Beneficiários
diretos:
ribeirinhos do rio

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Guandu

Acolhimento 30/07/2021 Camila CRAS Familiarização,


familiarizar-se com
2 PESGUANDU ÁGUAS identificação de
sua estrutura de
DE demandas e
funcionamento,
GUANDU possível
identificando
intervenção junto
demandas na relação
ao grupo
grupal de
PESGUANDU
dificuldades na
autogestão,
promover o
fortalecimento desse
vínculo social e
comunitário e sua
autonomia.

Beneficiários diretos:
pescadores
artesanais do rio
Guandu

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2.7. Beneficiados pelo projeto

Fortalecer vínculos sociais e comunitários, de pertencimento e promoção de autonomia gera


impactos que podem beneficiar toda a comunidade, em específico, o projeto propõe o recorte aos dois
grupos dos GPTEs, pescadores artesanais e ribeirinhos da APA Guandu-Açu, considerando sua
recorrente sobreposição de vivências e atravessamentos no território.

2.7.1 Beneficiados diretos pelo projeto

Ribeirinhos do Guandu: idade média de 16 a 65 anos.

Associação de Pescadores Artesanais do Rio Guandu – PESGUANDU: aproximadamente 90


profissionais autônomos, de idade média entre 18 a 65 anos, podendo serem também ribeirinhos ou
não.

3. Evidências

3. Resultados esperados

Espera-se que, ao decorrer dos processos grupais propostos, haja promoção de vínculos
sociais e comunitários e de pertencimento e que os beneficiados articulem de forma crítica reflexões
sobre os atravessamentos socioambientais do território e sua relação com a saúde da comunidade,
bem como desenvolvam maior autonomia com a elaboração em conjunto de estratégias que possam
fortalecer a luta pela reinvindicação e defesa de seus direitos.

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