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ARTIGOS Ensus > Análise de Falha > ANÁLISE DE TENSÕES ASME VIII – DIV 2
O objetivo deste artigo é resumir os conceitos de análise de tensão explicados no capítulo 5 da norma, bem como esclarecer algumas características do
ponto de vista prático de modo a auxiliar o analista a tomar decisões para enquadrar as tensões atuantes e compará-las com os limites estipuladas para
cada categoria.
A veri cação das tensões de Von Mises em análises lineares de acordo com a ASME VIII Div 2 deve ser separada em categorias denominadas de
primária, secundária e pico, sendo de nido um limite de tensão para cada uma delas.
Antes de entrar no detalhe das categorias, é necessário entender os tipos de tensão que são considerados:
Tensão de Membrana – componente da tensão normal que possui o mesmo valor na espessura da seção considerada. Exemplo:
Os tipos de tensão possuem limites admissíveis diferentes, e por este motivo é necessário separá-los no momento da análise das tensões no software
de elementos nitos.
Ao utilizar elementos “shell”, as tensões podem ser diretamente separadas, utilizando a de nição “middle” ou “Top/Bottom”.
Ao utilizar elementos sólidos, deve-se realizar a linearização de tensão, em que a maioria dos softwares possuem ferramentas especi cas para
realizar essa atividade.
Se você entender o conceito de cada categoria, ca muito mais fácil de realizar os julgamentos necessários e determinar se o equipamento está
reprovado ou não.
Tensões Primárias:
São desenvolvidas por uma carga capaz de satisfazer as leis de equilíbrio de forças e momentos atuantes no vaso de pressão. Caso as tensões
primárias excedam o limite de escoamento do material, o equipamento sofrerá falha ou pelo menos grandes distorções. Esse tipo de tensão deve ser
associado com tensões homogêneas no vaso de pressão capaz de equilibrar as forças e momentos atuantes no equipamento.
As tensões primárias devem ser analisadas de acordo com as veri cações abaixo:
Tensão de Membrana Generalizada – existentes em locais longe de descontinuidades e concentrações de tensão, ocasionadas por forças
mecânicas.
Tensão de Membrana Localizada – existentes próximos a descontinuidades, ocasionadas por forças mecânicas.
Tensão de Flexão – existentes em locais longe de descontinuidades e concentrações de tensão, ocasionadas por forças mecânicas.
Descontinuidades – De nido pela norma como “Gross structural discontinuity”, é uma fonte de intensi cação tensão ou deformação que afeta
uma proporção considerável da estrutura, e possui um impacto signi cativo na distribuição de tensão ou deformação da estrutura como um todo.
Alguns exemplos abaixo:
União entre costado e tampo:
Bocais:
Concentração de Tensão – De nido pela norma como “Local structural discontinuity” é uma fonte de intensi cação de tensão ou deformação que
afeta uma pequena região da estrutura e não possui um impacto signi cativo na distribuição de tensão ou deformação da estrutura como um
todo. Alguns exemplos são raios pequenos de lete, pequenos anexos, e soldas com penetração parcial.
Tensão de Membrana Generalizada – o foco está nas regiões longe de descontinuidades e concentradores de tensão. Tensões devido a forças
mecânicas.
Figura 7 – Probe nas regiões de tensão de membrana generalizada.
Tensão de Membrana Localizada – o foco está na região de descontinuidades “Gross Structural Descontinuites”, desprezando concentradores de
tensão. Tensões devido a forças mecânicas.
Tensão de Membrana Localizada + Flexão – o foco está nas regiões longe a descontinuidades considerando a parcela de exão, ocasionadas por
forças mecânicas.
Tensões Secundárias:
A principal característica das tensões secundárias é de ser “self-limiting”, ou seja, caso as tensões secundárias excedam o limite de escoamento existirá
uma redistribuição de tensão, e a falha não existirá.
As tensões secundárias podem ser ocasionadas por forças mecânicas e reações devido a expansão térmica.
São desenvolvidas por descontinuidades, entretanto, concentrações de tensão localizadas são desprezadas. Exemplos da tensão secundária são
tensões térmicas e tensão de exão em descontinuidades “Gross Structural Discontinuity”.
Figura 10 – Tensões secundárias (membrana + exão) – próximo a união do bocal.
Tensões de Pico:
As tensões de pico são as tensões adicionais existentes em regiões bem localizadas, sendo importantes para a análise de fadiga.
Caso as tensões de pico excedam o limite de escoamento existirá uma redistribuição de tensão, e a falha não existirá.
As tensões de pico são fontes de iniciação de trincas de fadiga, e alguns exemplos são citados abaixo:
Ainda tem dúvida de como categorizar as tensões provenientes dos resultados obtidos na sua análise. Acesse 2 tabelas extremamentes úteis da ASME
que vai te auxiliar:
Tabela 5.1 “Stress Categories and Limits of Equivalent Stress” – essa tabela mostra a relação entre as categorias de tensão (primária, secundária
e pico), com as tensões admissíveis aplicadas a cada uma.
Tabela 5.6 “Examples of Stress Classi cation” – essa tabela contém vários exemplos de como as tensões devem ser caracterizadas com base na
localização da tensão. Exemplo – como caracterizar as tensões na região de bocais, e assim por diante.
Conseguiu entender o conceito de análise de tensões de acordo com a ASME? Segue um resumo abaixo:
As tensões primárias são aquelas que se distribuem por uma grande parte da estrutura e estão ligadas ao modo de falha de colapso plástico. Dessa
maneira essas tensões não podem em nenhuma situação ultrapassar o limite de escoamento. Apenas as cargas mecânicas são consideradas nessa
categoria de tensão.
As tensões secundárias são localizadas, desprezando as concentrações de tensão, e caso ultrapassem o limite de escoamento, as deformações
plásticas tendem a se estabilizar pois são auto limitadoras. Dessa maneira o limite das tensões secundários é superior ao das tensões primárias. As
tensões térmicas são consideradas nessa categoria de tensão.
As tensões de pico são aquelas que consideram as descontinuidades e concentradores de tensão, levando em consideração cargas mecânicas e
térmicas. As tensões dessa categoria estão relacionadas ao modo de falha de fadiga.
José Guilherme
Engenheiro Mecânico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e pós-graduado em Análise Estrutural utilizando o Método dos
Elementos Finitos pelo Instituto ESSS....
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