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Diretor editorial
Paulo Tadeu
Revisão
Silvia Parollo
Diná Viana
Eduardo Ruano
SUMÁRIO
Apresentação
Introdução - Da Teoria dos Jogos
Axioma Zero – Dos tipos de moral
Axioma 1 – Dos sites e aplicativos de relacionamento
Axioma 2 – Da importância do Facebook e do Branding
Axioma 3 – Da polidez e da insu ciência
Axioma 4 – Da natureza do raciocínio da mulher
Axioma 5 – Da escassez da lógica e da ausência de coerência
Axioma 6 – Da relação da mulher com o dinheiro e do pagamento das
despesas
Axioma 7 – De que modo se deve iniciar diálogo
Axioma 8 – Das melhores diretrizes a seguir
Axioma 9 – Da temperança como estratégia
Axioma 10 – Dos impasses e da melhor atitude a tomar
Axioma 11 – De como a raposa deve agir
Axioma 12 – Dos costumes em função da localização geográ ca
Axioma 13 – Da necessidade da mulher simular resistência e de como
superá-la
“Senhor, tornai-me casto; mas não ainda.”
Santo Agostinho (354-430)
Apresentação
Este livro pretende aprimorar o leitor na divertida arte de sedução de
mulheres em sites de relacionamento, ao transformar essa atividade em uma
aventura de conhecimento sólido, utilizando os principais pensamentos de
Maquiavel e os conceitos fundamentais da Teoria dos Jogos.
As técnicas de persuasão e as condutas apresentadas têm como objetivo
aumentar as chances de marcar um encontro, seja em uma cafeteria,
shopping center ou num restaurante. Essas técnicas foram aperfeiçoadas por
meio de processos empíricos ao longo de mais de uma década, com uma
contínua experiência que resultou em cerca de 700 encontros do autor, tanto
no Brasil quanto nos Estados Unidos, sendo mais de 400 deles bem-
sucedidos.
Ao longo desta obra são apresentados diálogos reais, com técnicas capazes
de romper resistências comuns de mulheres aparentemente comportadas, de
famílias supostamente distintas e bem-sucedidas pro ssionalmente,
induzindo-as a compartilhar fotos íntimas ou até mesmo se desnudar diante
da câmera de seu celular, tablet ou notebook, perfazendo coisas
absolutamente tão incríveis quanto inacreditáveis.
Para que essas técnicas sejam e cazes, faz-se necessário, primordialmente,
que sejam compreendidos a natureza ardilosa das mulheres e o seu modo de
raciocínio fecundo e surpreendente. Conhecer bem o universo feminino é
fundamental para a conquista. Na Grécia antiga, utilizavam o termo “Kalon
Kikon” para se referenciar às mulheres, que signi ca “belo infortúnio”, já que
elas carregavam consigo o poder de conduzir os homens à desgraça por
meio da sensualidade. Por isso, a primeira metade desse livro se dedica a
esmiuçar as verdadeiras características da índole feminina, para que,
somente depois, na metade seguinte, sejam apresentadas as estratégias de
sedução, a m de que seja possível explorar seus pontos fracos. Caberá ao
leitor, no entanto, decidir, sobretudo, como conduzir a relação, que poderá
convergir ou para o coito sem compromisso ou para uma relação mais séria.
Importante ressaltar que todas as ações são necessariamente realizadas com
o consentimento das partes envolvidas.
Admite-se, para não se deslocar da honestidade, que nenhuma técnica ou
argumento carrega consigo uma taxa de 100% de sucesso no curso dos
diálogos, mas é possível incrementar consideravelmente as chances de
sucesso utilizando as argumentações certas e a criatividade. Essa incerteza se
deve principalmente à natureza altamente confusa e volátil do modo de
raciocínio da maioria das mulheres. Ainda assim, ignorar os ensinamentos,
não os absorver, signi ca cambalear na escuridão.
Os pensamentos e os conceitos apresentados neste livro são tão amplos e
ricos que não necessariamente devem se restringir às conquistas das
mulheres, mas também se propõem úteis nas relações de trabalho, na
ascensão a cargos, nas relações de poder, em negociações, nas persuasões e
em diversas outras situações sociais.
Exploram-se os pensamentos de Maquiavel em “O Príncipe” (1513) e, em
escala bem menor, em “A Mandrágora” (1518) e a Teoria dos Jogos
concebida por John Von Neumann e Oskar Morgenstern que, em 1944,
publicaram o livro “Teoria dos Jogos e Comportamento Econômico”.
Também se introduz o conceito de “Equilíbrio de Nash”, desenvolvido pelo
matemático americano John Nash, ganhador do prêmio Nobel de economia
em 1994, cuja existência deu origem ao tema do lme “Uma mente
brilhante”, e que faleceu em acidente automobilístico durante a elaboração
desta obra. Adicionalmente, todas as vezes que se toma emprestado
conceitos úteis de outros autores, esses são sempre prontamente
referenciados.
Com exceção da introdução deste compêndio, em que se expõe os
principais conceitos sobre a Teoria dos Jogos, em vez de longos capítulos
preferiu-se estruturar os pensamentos em forma de axiomas. Essa escolha,
de certa forma, deve-se à in uência que o livro “Os Axiomas de Zurique”,
que trata de como agir para prosperar no mundo dos negócios, exerceu no
autor.
Por de nição, axiomas são postulados que não podem ser comprovados
ou demonstrados, mas são aceitos como fundamentos básicos e verdadeiros
para a formulação de teorias. Teoria, por sua vez, signi ca contemplar,
examinar ou, também, o conhecimento racional desenvolvido a partir da
observação dos fenômenos. Acredita-se que, desse modo, o leitor poderá
referir-se aos pensamentos organizados como axiomas, de forma mais
e ciente, facilitando a absorção dos conceitos e a maximização dos
resultados.
Cumpre consignar que nenhum dos axiomas carrega a intenção de esgotar
os assuntos que pretende introduzir, mesmo porque são controversos e
polêmicos; e cada um deles, por si só, proporcionaria margens su cientes
para a elaboração de outros livros e inúmeros debates.
Em suma, considera-se fatos observados e, a partir deles, desenvolvem-se
as estratégias, mesmo que venham a ser contestados e sejam fonte de
discórdia. Durante o percurso da obra o autor preza sempre por esclarecer
os fatos como eles são e não como deveriam ser. Para preservar a identidade
das moças, todos os nomes são tomados hipoteticamente como “Belanara”.
Dos fatos:
1. O “Dilema dos Prisioneiros” é o mais conhecido da Teoria dos Jogos e
pode ser assim enunciado: A polícia, sem provas su cientes para
condenar dois suspeitos, os detêm incomunicáveis em salas separadas, e
a eles oferece as opções:
a. Se um confessar e o outro nada disser, o que confessa ca livre e o outro
cumpre 10 anos.
b. Se ambos permanecerem em silêncio, cada qual ca um ano preso.
c. Se um e outro confessarem, cada prisioneiro cumpre 5 anos de cadeia.
Percebe-se claramente que cada resultado individual depende do
comportamento do outro. Qual a melhor atitude a tomar? São essas
situações que podem ser modeladas pela Teoria dos Jogos e que de fato
acontecem na vida real. Nas relações com as mulheres não é diferente, e
nesses jogos procuraremos atingir o ponto de “equilibrium” em que se busca
a máxima recompensa.
Resumo:
Os sistemas sociais competitivos podem ser modelados como jogos, em que
cada indivíduo procura fazer o melhor contra os outros ao buscar sempre a
máxima recompensa. No entanto, raramente as atitudes desses indivíduos os
conduzem ao melhor resultado, pois possuem um raciocínio frágil e passível
de manipulação pelos que forjam a verdade. A sedução e a convivência com
as mulheres são um jogo constante e nós utilizaremos estratégias astutas e
audaciosas de forma que sejam induzidas a atingir o ponto de equilíbrio
(“Nash Equilibrium”), aquele em que o sexo é a recompensa.
1 A história do “Grande Inquisidor” é uma das passagens mais célebres e brilhantes de Dostoiévski.
Relatada no livro “Os Irmãos Karamázov” (1889-1890) por meio da personagem Ivan Karamázov,
trata do encontro do cardeal da Santa Igreja com Jesus Cristo em Sevilha, na Espanha, nos tempos
mais terríveis de Inquisição, em que “os medonhos hereges ardiam em soberbos autos-de-fé”, “ad
majorem gloriam Dei” (para maior glória de Deus). Sendo concebida prematura e fora de propósito a
volta de Jesus Cristo, ao mesmo tempo em que considerada uma ameaça à ordem e ao poder da Igreja,
o inquisidor ordena a sua prisão.
2 Conceito retirado do livro “Uma breve história da humanidade” de Yuval Noah Harari.
3 Do site da Royal Society: “Nullius em verba” pode ser rudemente traduzido como “não se e na
palavra de ninguém”. É uma expressão da determinação de seus membros para resistir à dominação
das autoridades e para veri car todos os discursos à luz dos fatos determinados pelos experimentos.
Axioma Zero –
Dos tipos de moral
A comédia “A Mandrágora”, de Maquiavel, conforme anuncia em seu
prólogo, trata de um amante infeliz, um doutor pouco astuto, um frade de
má vida e um parasito fértil em malícia. Além de outras poucas
personagens, adiciona-se à história Lucrécia, esposa do médico Messer
Nícia. A trama se desenvolve a partir do desejo de Calímaco, o amante
infeliz, de possuir Lucrécia e que, para isso, se aproveita da ingenuidade do
doutor. Cada personagem, incluindo o frade, age de acordo com seus
próprios interesses, sem se importar com a moral ou com o dever, ao visar
apenas suas recompensas. Incrivelmente, o conto ainda encontra
ressonância intensa na vida que se vive.
A genialidade de Maquiavel também reside em sua capacidade de
esmiuçar as vísceras da existência e de expô-las com clareza. Maquiavel, no
capítulo XV de “O Príncipe”, “Das coisas pelas quais os homens,
especialmente os príncipes, são louvados ou vituperados”, não se atém à vida
como ela deveria ser, mas como ela é, e alerta a quem o faz que aprenderá
uma forma de se arruinar e não a de se defender. De acordo com Maquiavel,
ser bom em meio a tantos outros que não são bons não é uma boa prática.
No capítulo XVIII, “De que modo deve o príncipe manter a palavra dada”,
diz-se que é louvável ao Príncipe ser íntegro, manter a palavra dada e não
ser astuto. Contudo, a experiência mostra que aquele que age com astúcia e
não empenha a palavra quando não for mais de seu interesse fazê-lo, atinge
grandes feitos e até supera os que ncam sua conduta sobre a lealdade.
Com efeito, os conselhos maquiavelianos se mostram verdadeiros nas
relações, pois, infelizmente, faz parte da natureza das mulheres confundir
generosidade com submissão, bondade com sinais de fraqueza e ação
prestimosa com ato pusilânime, sendo os homens poderosos e de posses os
mais dignos de receber o assento de seus olhares. Apesar disso, ainda ousam
intitular de amor o comportamento fundamentado unicamente no interesse.
As mulheres, em geral, basicamente são atraídas pelos homens de poder. São
poderosos os homens que têm alta capacidade nanceira. Há ainda que se
destacar que pouco importa para elas se a origem do dinheiro é lícita ou
não. Isso decorre da inclinação que ostentam em favor do comportamento
desmedido.
Classi cam-se as teorias morais, que são re exões de como se deve agir,
em consequencialistas e deontológicas. A primeira se divide em pragmática
ou utilitarista. A pragmática resume-se na moral maquiaveliana, sendo uma
ação boa ou ruim em função dos resultados. Age bem quem atinge os
resultados esperados. A moral utilitarista, introduzida por John Stuart Mill,
considera que age bem aquele que produz a boa consequência e a felicidade
do maior número. Na moral consequencialista, a ação em si mesma não
pode ser classi cada como boa ou ruim. O que importa é o resultado da
ação. Por último, a moral deontológica, a moral de princípios, a moral de
Kant. O valor da ação está na própria ação, sem se importar com as
consequências. É a moral em que a ação deve ser alinhada com o dever
moral. Todas essas teorias morais são excludentes entre si.
A moral de Maquiavel é uma moral por resultados e, conforme já dito,
também denominada moral pragmática. Os ns como moralização das
necessidades: é essa a moral que se explora aqui. Utiliza-se a astúcia e a
malícia para se atingir o objetivo principal, que é o coito. O que acontecerá
depois é secundário e por isso deverá ser tratado inteiramente como
epifenômeno.
Dos fatos:
1. As relações dos nossos tempos são tão voláteis e as redes sociais geram
tantas oportunidades de última hora, que compromissos assumidos,
tidos como uma certeza, são desmarcados minutos antes sem qualquer
constrangimento. Mulheres estão sempre buscando as melhores
oportunidades para si mesmas e, caso surja convite aparentemente mais
interessante do que o seu, elas o descartarão com desfaçatez, sem se
importar com a sua frustração e o empenho da palavra.
2. Compreenda que você não é mais do que uma carta no baralho entre
milhões de outras. Você não é mais do que uma insigni cante opção
entre várias alternativas. Afaste-se da armadilha de sucumbir ao afeto
nas primeiras semanas da relação, seja virtual ou real. Agindo de
maneira afetiva, você aprenderá um modo de se arruinar e não a de se
defender.
3. Diante de tantas opções, a busca não cessa. Mesmo que o objetivo do
sexo seja atingido e o desempenho sexual satisfatório, são grandes as
chances das mulheres continuarem a procura por alguém melhor que
você (exceto se você for muito poderoso e rico). Não cessarão em
procurar alguém mais atraente, mais forte, com mais posses e com
maiores virtudes. Você é uma peça descartável em um antiquário
abarrotado de quinquilharias. Nada signi ca absolutamente nada. As
relações, devido ao alto nível de intolerância, estão descartáveis. Estão
todas nas nuvens. O mundo está vaporizado.
4. A esposa fútil de olhos arregalados de um in uente e corrupto*4 político
brasileiro, ex-presidente da Câmara dos Deputados, preso por desvio de
milhões de dólares, parece ter se livrado da cadeia, apesar de ter torrado
uma imensa quantidade de dinheiro do marido. A farra, que ultrapassa
a barreira dos seis dígitos, pagou aulas de tênis de 60 mil dólares a
jantares so sticados de 10 mil dólares em Nova York e Paris. Ela
cumpriu o que está programado na natureza de seu DNA: gastar, gastar,
gastar. A rma jamais ter se preocupado com a licitude do dinheiro
(quem quiser que acredite). Depois confessou: “Qual mulher não faz
uma compra independentemente do valor?”
5. Conversava por texto com uma psicóloga conceituada que habitava área
nobre do Rio de Janeiro, especialista em terapia de casal, quando recebi
a visita de um amigo. Por coincidência ele a conhecia. Tiveram um caso
passageiro dois anos antes e, de quando em quando, trocavam
mensagens sem compromissos. Passamos, eu e meu amigo,
simultaneamente, a conversar com a psicóloga pelo WhatsApp, mas ela
não sabia que estávamos lado a lado. Para testar a integridade da moça,
marcamos jantar no mesmo dia e no mesmo horário. Na manhã do dia
do jantar, indaguei a ela se estava con rmado nosso compromisso. Não
sem antes con rmar com meu amigo seu compromisso com ele, dissera
ela que um imprevisto surgira e que não seria possível jantar comigo
naquele dia. Horas depois, meu amigo, conforme eu havia combinado
com ele, escreveu a ela que não poderia comparecer ao jantar por conta
de problemas familiares. Imediatamente depois ela entrou em contato
comigo. Disse que poderíamos jantar, já que o imprevisto se dissipara. O
que impressiona é que essa psicóloga, agindo dessa maneira, conforme a
sua conveniência, se desviando de qualquer moral aceitável, aconselha
casais a encontrar estabilidade na relação.
6. A melhor e mais sábia atitude, se você pretende de fato se divertir, é
marcar um encontro com pelo menos cinco no mesmo dia, no mesmo
lugar e no mesmo horário, ou horários intercalados, para que, se
possível e com um pouco de sorte, possa encontrar com ao menos duas
delas. Caso todas con rmem, o que é quase uma impossibilidade,
invente uma desculpa (que seu bisavô fugiu do túmulo) e se divirta com
as quais melhor lhe convier. Se você con ar em um compromisso com
uma mulher somente, é provável que se frustre. Não se preocupe em
manter a palavra dada se, caso o zer, venha a lhe causar prejuízos. Essa
estratégia se faz necessária porque são de 20% as chances de que as
coisas ocorram conforme combinado. Os outros 80% estão entregues
aos imprevistos que podem ser uma alergia de última hora, o vômito da
babá, o infarto do pai, o colapso mental da avó, a lha que perdeu as
chaves na universidade, a consulta médica de última hora, o ex-marido a
perseguindo ou o tombo do gato. A principal e mais importante
pergunta que deve ser sempre respondida ao se conhecer alguém é: O
quanto de caos esta mulher carrega dentro de si?
Resumo:
Nas conquistas, deve-se explorar a moral pragmática de Maquiavel; a moral
de resultados. O objetivo é o coito e, para atingi-lo, far-se-á uso abundante
da astúcia e da malícia, sem se preocupar em empenhar a palavra dada e em
falsear com a verdade, pois, muitas vezes, a experiência tem mostrado que
aqueles que agem com deslealdade superam os resultados daqueles que
prezam pela integridade.
1
Dos fatos: . Durante a elaboração desse livro, o site Ashley Madison,
que proporciona um ambiente propício para quem deseja trair o
cônjuge, foi invadido por hackers por cobrar de seus membros o
cancelamento e a extinção de seus cadastros, o que é claramente uma
atitude desleal e de má-fé. Estima-se que tenham faturado cerca de
1,4 milhões de dólares com essa política desonesta. Portanto, é
prudente se certificar da lisura dos sites de relacionamento antes de
providenciar o seu cadastro.
1
Dos fatos: . A obsessão pelas marcas ultrapassa limites. A esposa do
cunhado de um amigo é fascinada por bolsas e as expõe em
quantidade em suas páginas nas redes sociais. Em um final de
semana, na estrada, voltando da serra, ela, seu marido e as filhas
foram interceptadas por bandidos, que lhe roubaram o carro,
celulares, documentos, bolsas... enfim, todos seus pertences.
Ninguém se feriu. Após o susto, o comentário dela para o marido foi:
“Levaram minha bolsa legítima da Gucci e ainda a estou pagando”.
2. Em outro episódio, em um almoço com uma amiga, ela menciona de
forma irradiante ter conhecido na véspera uma pessoa por quem
acreditava estar apresentando entusiasmo crescente. Haviam trocado
apenas alguns beijos na noite anterior. Perguntei como ele era e esperava
ouvir qualidades de sua personalidade como ser honesto, inteligente,
gentil, educado e, para minha surpresa, ela intempestivamente disparou
ser ele extremamente bem-sucedido nanceiramente. Indaguei como ela
poderia ter certeza disso. Ela revelou, muito enfaticamente, ter o macho
dito ser diretor de grande empresa. Também confessou ter revirado o
seu Facebook, que era ornado com inúmeras fotos de viagens, lugares
maravilhosos e restaurantes so sticados. Ainda adicionou,
euforicamente, que ele se exibia sempre impecavelmente bem-vestido.
Dos fatos:
1. Em geral, proponho os encontros em cafeterias por duas razões: a
primeira por apresentar um custo mais baixo em relação a um jantar e a
outra pelo fato do encontro poder ser tão breve quanto se deseje.
Raramente abro exceções a esse critério. Certa vez, uma mulher bem
elegante, de descendência alemã, sugeriu um jantar no primeiro
encontro. Como ela era muito atraente, considerei que poderia valer à
pena pagar o preço e arriscar. Tratava-se de uma mulher educada,
inteligente, muito bonita e so sticada. Ela escolheu o prato e uma
garrafa de vinho francês. Por todo o tempo foi muito polida, apresentava
bons modos e se mostrou interessada. Paguei a conta porque ela me
induziu a acreditar que teríamos outros encontros (o ato de pagar a
conta será tema de outro axioma). Após o agradável jantar, trocamos
mensagens carinhosas e ela sugeriu nos encontrarmos pela segunda vez
em uma churrascaria requintada. Mais uma vez ela pediu uma garrafa
de vinho e encerrou a refeição com uma sobremesa bem saborosa. A
conta foi maior do que a conta do primeiro encontro e resolvi pagar
novamente. Ao tentar beijá-la, ela refugou. A partir de então percebi que
tinha sido vítima de um golpe. Portanto, é sempre importante ter muita
cautela com as mulheres, principalmente com as polidas.
2. Em um de meus encontros, conheci uma mulher de beleza mediana,
porém inteligente e que era funcionária da prefeitura de sua cidade há
doze anos. Ela me pareceu bastante recatada, tímida e suas expressões se
mostravam indecifráveis. Como ela não tinha me interessado muito,
mantive a polidez e fui ousado em meu convite para o segundo
encontro. Se ela não aceitasse, certamente não a procuraria mais. Sugeri
comprar alguns frios e assistir um lme na casa dela.
Surpreendentemente, ela aceitou o convite sem hesitar. Ao chegar à casa
dela, conversamos um pouco e a beijei. Ela mostrou-se inicialmente
bem afoita e se entregou totalmente, procedendo em seguida de forma
bem desenvolta. Ela havia sido conquistada pela minha polidez. A
seguir trecho do diálogo do dia seguinte:
Eu – Adorei a nossa noite de ontem. Vc é deliciosamente ousada.
Ela – Eu também gostei. Vc também é.
Eu – Sua boca é maravilhosa. Gostei de senti-la.
Ela – E eu adorei colocá-la em você e sentir “ele” dentro dela.
Resumo:
Faça sempre uso da polidez, com a consciência de que a polidez, por si só, é
sempre insu ciente e não poderá jamais ser utilizada como penhor de
garantia. Não se deve tomar como certo que uma mulher que lhe trata com
sorrisos e boas maneiras tenha se sentido atraída por você. Não se precipite
em julgamentos e muito menos con e inteiramente neles. Agindo dessa
maneira, as frustrações e a baixa autoestima serão evitadas. Não se deixe
abater por resultados negativos. Todavia, a polidez pode ser utilizada como
ferramenta para atrair as mulheres. Convém reforçar o fabuloso pensamento
de Maquiavel: “Deve-se proceder equilibradamente, com prudência e
humanidade, para que a con ança demasiada não o torne incauto e a
descon ança excessiva não o torne intolerante”.
7 Filósofo francês que, entre outros livros, escreveu “Pequeno tratado das grandes virtudes”.
Axioma 4 – Da natureza do
raciocínio da mulher
Antes de divagar sobre a natureza do pensamento das mulheres, faz-se
necessário uma leve introdução ao “Princípio da Incerteza” de Heisenberg.
Contudo, ainda antes de introduzi-lo, faz-se ocasião para a demonstração de
um interessante conceito losó co da física clássica, que é a física que,
grosso modo, estuda os corpos cujas dimensões são visíveis aos nossos olhos
(por assim dizer: uma bola de golfe, um foguete, um planeta, etc.).
Na física clássica, para que se possa estudar o movimento de um corpo,
mede-se sua velocidade e posição e, assim, é possível prever sua trajetória
tendo conhecimento também das forças que no corpo atuam. Newton, no
século XVII, enunciou suas leis que, de tão belas e perfeitas, chegou-se a
admitir que não haveria nada mais a ser descoberto no campo da física.
Uma consequência imediata das leis de Newton, que causou impacto
de nitivo e abrangente na comunidade cientí ca, foi a crença de que, sendo
possível, hipoteticamente, medir a velocidade e a posição de todos os corpos
do universo, revela-se ser factível conhecer não só o futuro de todos os
eventos como também o seu passado, o que, por sua vez, conduzia ao
pensamento de que se vive em um universo determinístico. O que isso
signi ca? Signi ca que, se Deus criou o universo, então cada corpo e cada
criatura viva segue um destino já previamente determinado pelos céus. A
ideia confortante de que Deus decide o destino de todas as coisas era bem
aceita na época, bem aceita pela igreja e continua sendo aceita nos dias
atuais.
Com o advento da física quântica, nos ns do século XIX, cujo objeto de
estudo é o átomo e também as partículas e subpartículas que lhe dão forma,
o conceito de universo determinístico perdeu sustentação. Heisenberg, no
início do século XX, baseado em experimentos, formulou o “Princípio da
Incerteza”, que diz ser impossível se conhecer com exatidão a velocidade e a
posição de um elétron. Quanto mais se deseja conhecer uma grandeza,
menos se conhece a outra. Tudo que se pode conhecer é a probabilidade de
um elétron ocupar certa região do espaço. A natureza desse resultado
contrariou até mesmo Einstein, que resistiu em aceitá-lo. Ora, qual a
consequência imediata desse princípio? Signi ca dizer que há componentes
não desprezíveis de incerteza no estado das coisas e de relevante
aleatoriedade no universo. Essa constatação conduziu Einstein a proferir a
famosa frase: “Não posso acreditar que Deus jogue dados”. Tomando
emprestada a observação de Amit Goswami8, “no nível quântico, o universo
é essencialmente criativo”.
O leitor deve se perguntar qual a relação que essas ideias têm com o tópico
deste axioma. A resposta é que o “Princípio da Incerteza” se oferece como
prova epistemológica da natureza do pensamento da mulher. As duas
maiores componentes que dão forma ao modo de raciocínio da mulher são
a incerteza e a aleatoriedade. Com sorte, pode-se inferir apenas a
probabilidade do raciocínio da mulher ocupar esta ou aquela zona. O
pensamento da mulher é quântico, podendo se deslocar de uma zona a
outra por meio de grandes saltos (do mesmo modo que um elétron) e de
forma instantânea, sem que nenhum evento relevante tenha ocorrido que
sustente ou justi que tal movimento.
Por conta dessa natureza instável do modo de raciocínio da mulher, faz-se
útil recorrer a Maquiavel, que no capítulo XXI, “O que convém ao príncipe
para ser estimado” revela que faz parte da natureza das coisas nunca poder
evitar um inconveniente sem incorrer em outro, sendo o homem prudente
aquele que considera como bom o menos prejudicial.
Um dos erros mais comuns cometidos pelos homens é tomar como certos
os compromissos e as promessas assumidos pelas mulheres. Com o passar
do tempo, eles se alteram, qual agulha de bússola que gira entre dois polos,
sem que constrangimentos as a ijam, e sempre de acordo com o que for a
elas mais conveniente. Na maioria das vezes, as mudanças inadvertidas de
planos são comunicadas apenas em cima da hora. Não há nada sólido aqui.
Todos os compromissos estão na nuvem. Por essa razão, convém prevenir-
se, pois, como bem disse Warren Bu ett, “é quando a maré está baixa que se
percebe quem está de calça curta”.
O cérebro da mulher é orientado no sentido de criar problemas, confusão
e situações dramáticas, nunca soluções. Em Hamlet, Polônio indaga ao
príncipe o que este está lendo. Hamlet responde: “Palavras, palavras,
palavras...”. Fosse uma princesa e a resposta seria: “Imprevistos, imprevistos,
imprevistos...”.
Faz-se conveniente aqui emergir uma analogia com o décimo axioma
menor do livro “Os Axiomas de Zurique” de Max Gunther: “Jamais hesite
em sair de um negócio se algo mais atraente aparecer à sua frente”.
Transportando esse pensamento para nossa era, jamais hesite em desmarcar
com uma mulher se outra mais atraente aparecer à sua frente, visto que elas
procedem da mesma forma. Portanto, conclui-se que não se deve deixar-se
acorrentar por laços de sentimentos. Ao perceber uma oportunidade
melhor, corte suas raízes e siga em frente.
Dos fatos:
1. Acontecem mais coisas em cinco minutos no cérebro de uma mulher do
que em 100 milhões de anos no universo. Até mesmo o passado,
inacreditavelmente, é por elas modi cado. Como prova da veracidade
do que aqui se distingue, segue trecho de diálogo que se deu nas
primeiras horas de uma manhã. Na noite anterior ocorrera o primeiro
encontro. Ainda antes disso, troca de mensagens por 10 dias. Após o
jantar, no qual se desenvolveu conversa aprazível e a convergência de
a nidades, nos encaminhamos para o automóvel que se encontrava no
estacionamento do shopping. Houve troca de beijos acalorados,
lambidelas e mordidelas pelo pescoço, carícias correspondidas, suspiros,
leves deslizes com as mãos pelos seios e pelas pernas. En m uma noite
de fato agradável, e tudo indicava que haveria continuidade. Eis o
diálogo que denota a natureza confusa e oscilante do pensamento da
mulher:
Ela – Pensei muito sobre nós na vinda de ontem. Não acho que eu seja a
mulher que tu procuras.
Eu – Por quê?
Ela – Quando falei contigo pela primeira vez, quei louca para saber mais
daquele homem com quem conversei uma hora sem parar e que queria falar
mais e mais. Foi o que me encantou. Saiba que saí de um relacionamento
recente. Eu não sou o tipo de mulher que traz o homem para casa nas
primeiras vezes. Tu gostas disso. Eu não gosto de car falando de sexo toda
hora, e tu gostas. Quero alguém que me admire como pessoa e o sexo vai ser
maravilhoso. Mas tu vais se cansar de mim te cortando, e eu não consigo
relaxar. Até permito que as coisas tomem um rumo que não é meu para não te
cortar.
Eu – Pensei que tivéssemos tido ontem noite agradável, não houve nada que
me induzisse a pensar o oposto, mas para minha surpresa não foi esse o caso.
Ela –Tu és um homem muito interessante, bonito, mas não vejo que seja eu a
pessoa.
Eu – Gostei de te conhecer... apenas me senti atraído por ti. Tentei te explicar
desde o início para você compreender. Mas parece que só isso importa. Fiquei
com vontade de te beijar, de te tocar... mas em todos os momentos respeitei os
teus limites.
Ela – Eu vejo que tu cas chateado, não tenho coragem de te impedir.
Eu – Nossa conversa sobre sexo apenas aconteceu porque você permitiu,
porque você gostou, foi espontânea.
Ela – Eu sei e te agradeço por isso...
Eu – A rigor, o que de fato acontece é que há um gabarito em sua mente e
tenho a sensação de que devo adivinhar quando é permitido e quando não é
permitido falar sobre sexo. Você, sem perceber, pratica uma censura sem
critério.
Ela – Fiquei atraída, não deveria ter deixado acontecer. É que depois dali, foi
a única coisa que falamos. Não precisamos falar só sobre sexo.
Eu – É um paradoxo, pois você havia dito que gostara da minha atitude.
Agora usa esta mesma atitude para não me querer mais. Não teríamos aqui
dois pesos e duas medidas?
Ela – Eu queria te agradar, mas estava me desagradando. Compreende?
Eu – O objeto que te agrada é o mesmo que você utiliza para se afastar.
Difícil a compreensão.
Ela – Gostei da sua atitude, sim. Mas não foi isso que me atraiu. As nossas
primeiras conversas foram sobre nós.
Eu – Ao sugerir dormir em seu sofá, o que foi uma brincadeira, não signi ca
que iríamos fazer sexo.
Ela – Ahhh... como se eu tivesse nascido ontem. Meu ponto é como você me
atrai e como você se atrai por mim. São atrações diferentes entre nós.
Eu – Agora já se trata de uma inferência. Você está tomando como
verdadeira uma suposição. Acaso sempre tomas como de nitivas as suas
hipóteses? Linda, só zemos tudo aquilo porque você permitiu e porque quis, já
que houve, inegavelmente, atração.
Ela – Já disse que permiti você me tocar para te agradar. Mas, quando
permito, vejo que não sou assim.
Eu – Que ótimo que haja atração entre nós, porque além de maravilhoso é
raro. Imagina quantos casais vivem sem se tocar. Vivem da aparência e de
uma tristeza velada.
Ela – Nós ainda não somos um casal! Em que momento da noite você
perguntou algo sobre mim?
Eu – Eu perguntei várias coisas sobre você. Aliás, você foi o foco da nossa
conversa. Perguntei sobre sua entrevista, seu trabalho... Uma pena mesmo.
Chega-se aqui a um momento crucial. Pode-se continuar a insistir, mas o
melhor a fazer é expressar o sentimento de querer continuar a relação e
recuar. Mas isso é tema do axioma 10.
Ela – Também não iremos conseguir sair hoje, porque tenho que estender
meu plantão no trabalho.
Eu – Poxa... De novo... Que pena. Não poderia ter avisado antes? Estava já
arrumado esperando você. Será então que amanhã conseguiremos fazer
alguma coisa?
Ela – Por que você ca me pressionando? Já te disse que preciso trabalhar. Eu
não sei quando irei te ver de novo.
Eu – Eu não estou te pressionando. Apenas z uma pergunta sobre quando
nos veríamos, porque estou com vontade de ver você.
Ela – Já te falei mais de mil vezes que meus horários são incertos e parece
que você não quer compreender.
Eu – Eu compreendi que seus horários são incertos. Só não compreendo
porque te agastas por pequenas coisas.
Ela – Estou chegando à conclusão de que somos muito diferentes. Nossa
relação não vai dar certo.
Eu – O que foi que eu disse que te fez chegar a essa conclusão? De fato, agora
eu não te compreendo.
Ela – Você está tentando me controlar. Eu sou uma mulher independente,
isso não vai dar certo.
Eu – De que modo estou tentando te controlar? Fazendo-te um convite para
fazermos um programa juntos?
Ela – Você vai continuar me desa ando?
Eu – Vamos fazer assim... Vamos esquecer este mal-entendido. Posso te dar
um presente? Que tal você me passar o seu endereço? Quero enviar um buquê
de ores para você... Pode ser assim?
Ela – Você está louco? Para que quer meu endereço? Agora quer me
perseguir? Estou cando assustada. Se continuar me perseguindo, vou à polícia
fazer um boletim de ocorrência contra você.
Eu – Se visitar a polícia for te fazer bem, que inteiramente à vontade.
Também saberei tomar minhas medidas para me defender contra injúrias.
Você está perturbada. Quando voltar ao seu estado normal, poderemos
conversar novamente.
Ela – Nós não iremos conversar novamente. Vou te bloquear. Não fale mais
comigo.
Ela – Aaaaaarghhhh!
Resumo:
A natureza do pensamento da mulher é quântica, instável, imprevisível e,
por conseguinte, totalmente incerta. Tudo o que nos sobra são ondas de
possibilidades que indicam que o pensamento delas deve pairar sobre esta
ou aquela região. O raciocínio da mulher não se submete a qualquer tipo de
previsão lógica ou critério coerente. Absolutamente nada do que ela diga
deve ser considerado como verdadeiro ou garantido. Situações favoráveis
podem se converter em situações desfavoráveis (e vice-versa) em frações de
segundos sem que razões sólidas para isso sejam identi cadas.
8 Amit Goswami é Ph.D em física quântica pela Universidade de Calcutá, Índia, conferencista,
pesquisador e professor emérito do departamento de Física da Universidade de Oregon, Estados
Unidos. Dentre outros livros, escreveu “O Universo Autoconsciente” que propõe um alinhamento
entre a física quântica e a espiritualidade. Segundo ele, os paradoxos da física quântica deixam de
existir quando se admite que a consciência forma a matéria e não o oposto. Com isso, cria-se um
ponto de entrada para a existência de Deus. Não um Deus religioso, mas um Deus como uma
consciência cósmica que interagiria com o mundo por meio das possibilidades quânticas.
Axioma 5 – Da escassez da lógica e
da ausência de coerência
Talvez seja prudente se preparar para perguntas profundas. Uma das que
acontece com mais frequência é a que indaga sobre o seu signo e ascendente.
A partir daqui, não há muito o que fazer, senão rezar para que seu signo seja
compatível com o signo dela. Ultrapassando esse critério de seleção
altamente rigoroso e cientí co, suas chances de acasalamento aumentam
dramaticamente. Estarão ainda mais altas se você mencionar que, de quando
em quando, realiza seu mapa astral. Mulheres amam mapa astral, pois eles a
fazem acreditar que estão em harmonia com o universo, que uma força
energética transcendental as impulsionam para cima e que basta mentalizar
o que se deseja e... plunkt plakt zum! O cosmos irá conspirar a favor. Apenas
não cometa o erro de perguntar para as especialistas em universo quantos
planetas existem no sistema solar e muito menos pedir para nomeá-los em
sequência, porque isso – o que é real – não tem a menor importância.
Nicolau Maquiavel, no capítulo XIX de “O Príncipe”, “De como se deve
evitar ser desprezado e odiado”, faz notar que o ódio se adquire tanto pelas
boas como pelas más ações e, se um príncipe tem a intenção de se manter no
poder, poderá ser forçado a não ser bom, caso esteja inserido em um sistema
acachapado pela corrupção, pois, para satisfazer os poderosos, é conveniente
ao príncipe se inclinar às ações infames, já que as boas ações o prejudicarão.
A comprovação desse modo de pensar de Maquiavel se faz evidente nas
relações com as mulheres porque as ações notáveis e valorosas, cedo ou
tarde, ou serão menosprezadas ou utilizadas contra você que, mesmo se
utilizando da cautela, ainda assim não se livrará da pecha de verdugo. A
razão desse fenômeno reside no fato de que na mente feminina a lógica e a
coerência orçam pelo disparate, sendo esta ausente, e a precedente, escassa.
A consequência imediata é o surgimento de uma imaginação que, de tão
fecunda, supera qualquer realidade possível. Sendo a realidade possível
sempre menor que a imaginação fértil feminina, é muito provável que você
seja condenado por não acompanhar um gabarito inatingível e mutante que
se aloca na mente delas. Embora seja possível discorrer longas linhas sobre o
tema, creio ser mais e caz ornar esse axioma com exemplos irrefutáveis e,
ao mesmo tempo, absurdos.
Dos fatos:
1. Ao acordar ao lado de sua recém-esposa na manhã seguinte ao seu
exuberante casamento, realizado na sede social do Jockey Club
Brasileiro, um dos lugares mais nobres, luxuosos e so sticados da cidade
do Rio de Janeiro, um amigo notou no semblante de sua amada certo ar
de tristeza. Assim sucedeu o diálogo entre eles nas primeiras horas do
amanhecer: Ele – Bom dia, meu amor. Está tudo bem?
Ela – É. Está.
Ele – Eu te conheço. Sei que não está. O que aconteceu? Fala para mim.
Ela – Estou um pouco chateada com a festa de casamento.
Ele – Mas como isso é possível? Nossa festa foi maravilhosa, deu tudo certo.
Todos os nossos amigos, parentes e pessoas que gostamos compareceram. A
ceia foi formidável, saborosa e farta, tudo foi muito bem servido. Os
convidados rasgaram elogios, a orquestra tocou a sinfonia conforme você
pediu. Ela iniciou a melodia no momento exato em que você desceu as
escadas. As pessoas aplaudiram. Foi lindo, sincronizado e emocionante. Todos
se divertiram muito e o som estava perfeito. O que poderia ter faltado?
Ela – Faltou uma coisa.
Ele – Não consigo imaginar o que possa ter faltado. Diga para mim.
Ela – A bem da verdade, faltaram os passarinhos da Cinderela sustentarem
a calda de meu vestido enquanto descia as escadas.
Ele – Por Deus! Não acredito no que estou ouvindo...
Ela – Pensando bem, aqui não tem nada que eu goste de fato. Vamos mesmo
então para a Padre Chagas.
Eu – Mas isso eu tinha dito antes.
Ela – Eu sei, mas você me confunde com as coisas que fala.
Ela – Sabe de uma coisa? Não quero ir para casa. Vamos para o seu hotel, já
que nossa noite iria terminar lá mesmo...
Para lidar com a mulher, esteja sempre preparado para as situações em que
a lógica e a coerência estejam ausentes. Absolutamente tudo é possível de
acontecer.
Eu – Não há nada no Brasil que preste e que seja superior ao que já existe
nos Estados Unidos. Infelizmente meu país é um lixo governado por bandidos.
Ela – Você não pode me trazer um pouco de açaí?
Eu – O açaí precisa ser refrigerado. Além do mais, não é permitido, pelas leis
americanas, adentrar no país com frutas, sementes, legumes e vegetais. Não
vou correr esse risco. Portanto é impossível.
Ela – Qualquer coisa é possível. Você vai trazer açaí para mim?
Eu – Já te falei que é preciso manter a polpa do açaí refrigerada, senão
estraga.
Ela – Para que servem os pacotes que refrigeram?
Eu – Eu não vou levar o açaí. Assunto encerrado! É possível comprar açaí em
certos supermercados e lanchonetes de Nova York. Não faz sentido.
Ela – Você nunca faz o que eu peço. Nós nunca vamos dar certo juntos.
No nal da tarde..
Resumo:
Conclui-se que a escassez de lógica, do raciocínio moderado, da
temperança, da coerência, da coisa razoável e factível, não são fenômenos
isolados, mas bastantes presentes no cotidiano feminino e que ocorrem com
frequência incrível independentemente de posição social, cultura e religião.
Axioma 6 – Da relação da mulher
com o dinheiro e do pagamento
das despesas
Um dos fatores que carrega gigantesco, senão o maior, potencial para
causar ruptura hostil na relação entre o homem e a mulher é o dinheiro. Por
vezes, inclino-me a admitir que a parte do cérebro da mulher dedicada a
articular raciocínio sobre bens de terceiros é, de todas, a mais e caz.
Clamam, muito justamente, igualdade (em relação aos homens) de
oportunidades e de remuneração no mercado de trabalho. A paridade
nanceira, contudo, para elas não deve caminhar para além desse ponto,
porque, por seus olhos cobiçosos e em suas mentes criativas, o incumbido
de pagar as contas das festas, dos banquetes, da gasolina e das viagens é
sempre o homem. Dizem que esse "acordo de convivência" é "gentileza"; e
isso, sabiamente, feito de forma supostamente ingênua (na verdade de forma
ardilosa). O homem deve ser sempre gentil (o que signi ca pagar as contas,
pegá-las em casa, abrir a porta do carro, preparar a cadeira e ainda ser
surpreendente). Brindes e penduricalhos carregam força de sedução. Na
prática, é um processo de extorsão. São argutas em fazer a leviandade
carregar semblante de inocência. A lógica é simples: elas afogam a goela no
vinho e no champanhe, saboreiam as carnes mais nobres, macias e
suculentas, experimentam os temperos mais raros, carregam o Instagram
para manter o mundo informado da farra e, as mais das vezes,
disponibilizarão, sem pejo, como moeda de troca pelos serviços usufruídos,
a ssura do amor, para que tenham o elixir sorvido e a senda visitada. Não
raro fazem do corpo capital.
Estima-se que as conchas de cauri foram utilizadas como moeda, na
compra de mercadorias, em substituição a barganha, por cerca de 3 a 4 mil
anos, por diversas civilizações. Essa prática perdurou até bem recentemente,
no século XIX. A anatomia das conchas de cauri muito se assemelha às
entranhas do sexo feminino. Teria sido uma predição das antigas
civilizações? Com a proliferação do papel-moeda e do dinheiro eletrônico,
as conchas deixaram de ser utilizadas pelas civilizações de nossa era, mas o
aproveitamento da anatomia como capital estético, na aquisição de ativos,
permanece.
Pesquisas revelam que as mulheres são remuneradas em cerca de 60% a
70% do valor dos salários dos homens, ainda que executem funções iguais
ou a ns. A princípio poderíamos estar diante de uma distorção. Será? Para
quem se deixa impressionar com cortinas de fumaça e dados super ciais, a
resposta é a rmativa. Vejamos, porém, como funcionam as coisas na prática.
1
Dos fatos: . Saía pela segunda vez com uma mulher que tinha
conhecido no dia anterior. Foram identificadas algumas sinergias e
cogitamos trabalhar juntos em um projeto. Havíamos acasalado
menos de 4 horas após termo-nos conhecido e, enquanto
passeávamos pelas ruas da cidade, comentei despretensiosamente
sobre certo restaurante especializado em hambúrgueres sofisticados.
Ela memorizou com agilidade incrível essa informação. Muito
entusiasmada, me convidou para ir ao restaurante que mencionara e
sobre o qual nem mesmo eu me recordava. O ritual deu-se início.
Havia cerca de 30 opções de hambúrgueres, sem contar as possíveis
combinações de acompanhamentos. Após meia hora debruçada sobre
aquele importantíssimo processo de escolha (afinal de contas aquele
era o hambúrguer do século), em que diversas dúvidas foram geradas
e prontamente esclarecidas pela garçonete, decidiu-se por uma das
opções. Cerca de oito ou nove microdentadas depois, anunciou estar
satisfeita. Metade do sanduíche e quase todo o acompanhamento
ainda se esparramavam pelo prato.
Claro que a conta sobrou para mim, mas não perdi a oportunidade de
repreendê-la pela atitude insensata do culto ao desperdício. Jogar comida
fora é um dos hábitos mais reprováveis que um ser humano pode ter. Ao
deitar em minha cama com a intenção de dormir o sono dos justos, recebo a
seguinte mensagem: Ela – Estive pensando. Não vou mais trabalhar com
você. Você não deveria ter feito sexo comigo ontem se seu interesse era apenas
em meu trabalho. Você foi bem deselegante comigo no restaurante. Fui lá
apenas porque pensei em agradá-lo, pois gostei de você e você me diz o que
preciso gastar e desperdiçar. Fui sem apetite, mas para o seu bem. Sou bem
econômica. Apenas quando penso em fazer alguém feliz é que não meço
valores. Estou bem triste e acho melhor não nos vermos mais.
Eu nada respondi. O incrível é que ela queria me fazer feliz com os meus
próprios recursos e, nesses casos, e somente nesses casos, ela não mede
valores. Chega a ser cômico. Mas como tudo é sempre possível no universo
feminino, no dia seguinte, pela manhã, ela me envia as fotos dos seios
seguidas de novos textos.
Ela – Caí de bicicleta e meus seios se arranharam. Mas eu vou car bem, me
aguarde. Vais sentir minha boca quente e úmida por todo o seu corpo. Se não
estivesse toda quebrada iria aí resolver isso agora.
Ela – Obrigada pelo convite, mas eu não sou muito fã de esportes. Aproveito
a oportunidade para esclarecer logo as coisas. Tivemos uma noite muito
agradável e o considero uma pessoa muito amável. Mas preciso ser honesta
com você. Eu me desencantei quando você aceitou que eu dividisse a conta. Foi
absolutamente brega. A maioria dos homens se oferece para pagar a conta nos
primeiros encontros. Desejo a você boa sorte.
1) Motivadores (M):
a) Busca de prazer, esperança, aceitação social.
b) Evitar dor, medo e rejeição.
2) Habilidade (H):
c) Dinheiro, tempo, esforço físico, desvio social.
3) Gatilhos (G):
d) Sinais, facilitadores, estímulos.
Vejamos um exemplo16:
Dos fatos:
2.
3.
Resumo:
Humanos são esferas cambiantes de emoções antagônicas e instáveis.
Respondem a estímulos psicológicos por meio de uma sopa de reações
químicas que resultam em alterações siológicas. Via de regra, são escravos
de seus desejos e paixões. Mulheres se apaixonam pelo conceito do que elas
imaginam ser a realidade e não a realidade em si. Por isso, é fundamental
explorar a cção. Em geral, mulheres não se sentem confortáveis em se
expor nos aplicativos de relacionamento. Assim sendo, é fundamental
mencionar que você, contrariando os tempos atuais, está em busca de
relacionamento sério.
Resumo:
a. Seja mais forte que a sua natureza e mude conforme as circunstâncias e
as necessidades. Agir dessa forma, sem perder o vigor, é o que existe de
mais difícil e o que mais perseverança requer;
b. Empenhe-se em marcar encontros até o quarto dia após o início das
conversas. São os que carregam maiores chances de ser bem-sucedidos.
c. Convide a dama para um lugar mais reservado utilizando as expressões
em francês “chez-moi” e “chez-toi”;
d. A mesma ação, com pequenas variações, pode ser considerada judiciosa
e rme ou ofensiva e leviana.
e. Plenamente possível é o estabelecimento de encontros sem o consumo
abundante de recursos e em poucos dias de conversa. Encontros com
mulheres decididas carregam maiores chances de acasalamento;
f. Possuir veículo de luxo aumenta extraordinariamente as suas chances de
cópula.
g. Por se tratar de atividade com índice de e ciência baixo, para se manter
ocupado, convém aumentar extraordinariamente o número de contatos.
h. Não pague integralmente a conta se não houver mínimos sinais de que a
dama se interessou por você.
31 Apenas estão computados os encontros efetivamente marcados. As conversas que não foram
adiante não estão contempladas.
32 O grá co mostra que no décimo segundo dia de diálogo ocorreu a marcação de um encontro bem-
sucedido, fazendo com que o índice encontro/acasalamento atingisse 100%. Pelo fato da qualidade
dessa amostra ser pobre, esse resultado deve ser descartado por se con gurar, claramente, no que os
engenheiros usualmente classi cam como ponto fora de curva.
Axioma 9 – Da temperança como
estratégia
Shakespeare, por meio de Hamlet, anuncia: “Inconstância, o teu nome é
mulher”. Após 250 anos, no século XIX, Gustave Flaubert expressa o
pensamento de Emma em Madame Bovary: “Tinha o desejo de viajar, ou
então de voltar para o seu convento. Sentia, ao mesmo tempo, vontade de
morrer e de morar em Paris”.
Dada a enorme volatilidade dos sentimentos e humores das mulheres,
convém preparar uma estratégia para aquelas que se predispõem a sair ou
estar com você e, sem motivo aparente, sem que nenhum evento signi cante
tenha acontecido, de repente desistem ou, intempestivamente, ainda deixam
de se comunicar. De todas as estratégias, exercer a temperança é a melhor.
Ao discorrer sobre a temperança, Sponville assevera que tal virtude não se
trata de não desfrutar, nem de desfrutar o menos possível, o que seria
tristeza ou impotência. O lósofo invoca Spinoza para delimitar que “apenas
uma feroz e triste superstição proíbe ter prazeres”. “Portanto, é próprio de
um homem sábio usar as coisas e ter nisso o maior prazer possível (sem
chegar ao fastio, o que não é mais ter prazer).” A temperança implica na
moderação dos desejos sensuais, para que se possa haver um desfrutar mais
puro, pleno e esclarecido. “A temperança é a moderação pela qual
permanecemos senhores de nossos prazeres, em vez de seus escravos”. O
prazer é melhor porque é mais livre, sendo o intemperante um escravo.
Conforme já debatido, compreende-se que são raras as mulheres que se
fundamentam em raciocínio próprio e em pensamento coeso sobre a vida.
Com mulheres dessa natureza, que raciocinam de modo coerente, em geral,
as di culdades de relacionamento são mitigadas. O problema se torna sério
ao se arrolar com as que se sustentam em raciocínio confuso e não são
hábeis em alcançar as coisas por si mesmas. Portanto, controlar a ansiedade
e ter serenidade é fundamental, pois é preciso car claro que você está
lidando com criatura de pensamento oscilante, visto que se deixam dominar
pelas fantasias, pelos delírios e pelos impulsos irracionais.
Certa vez conheci uma linda jovem que habitava outra cidade, distante
2.000 km ao sul da minha. Simpática, dócil, de sorriso encantador, dotada
de olhos de uma cor azul exuberante e de um corpo descomunal. Não seria
exagero algum a rmar que havia sido uma das mulheres mais belas sobre a
qual minha visão já assentara. Eu estava de partida para desfrutar as duas
últimas semanas do ano de 2013 em Nova York. De posse do e-mail da
moça, redigi uma nota convidando-a para me acompanhar na viagem.
Deixei claro que eu pagaria todas as despesas, o que é uma componente de
sedução de extrema importância para elas. Mulheres são fascinadas em
abster-se dos compromissos pecuniários e em delegar ao homem a
responsabilidade dos custos, para que elas possam desfrutar em abundância
da coisa gratuita. Os resultados possíveis eram dois: ela aceitar ou não o
convite. Os dados haviam sido lançados.
Com um pouco de sorte, as coisas poderiam dar certo. Não há vocábulo
mais adequado para caracterizar o destino da situação: sorte. Nada diferente
aqui do que possa haver em um jogo de azar: aposta-se em um número e
espera-se o m do movimento do globo girante que irá determinar o
resultado. Guardo em mente ser verdadeira a imagem que reproduzo a
seguir, elaborada segundo as minhas observações. O grá co exibe
qualitativamente a variação da convicção e do nível de carência das
mulheres ao longo do tempo. Via de regra, essas duas componentes não se
exibem em fase, mas caminham em sentidos opostos com defasagem
próxima a 180 graus. Infere-se que, quando o nível de convicção aumenta, o
nível de carência diminui, e vice-versa.
Se a sua abordagem ocorrer nos momentos (1) ou (2), em que o nível das
convicções das mulheres está alto e o nível de carência está baixo ou
negativo, é provável que a sua abordagem não lhe proporcione o resultado
esperado. Contudo, caso a sua abordagem venha a ocorrer no momento (3),
em que o nível das convicções está negativo e o de carência alto, serão
tremendas as chances de sucesso. Perceba que se trata de um processo
estocástico, randômico, que envolve apenas funções de probabilidades.
Ainda que pareça espantoso, por vezes a indecisão e a ação de criar
di culdades estão tão arraigadas nas entranhas da mulher que um processo
para se materializar um encontro pode levar mais de um ano.
O meu convite para passear em Nova York havia sido feito em um período
no qual a linda jovem, por quem me interessara, atravessava alto nível de
carência, pois tinha encerrado (por mais uma vez), dias antes, o
relacionamento de três anos com o namorado. Não foi difícil identi car que
a dama se deixava vencer por aspirações impossíveis e era vítima de suas
próprias veleidades. Concebe-se que para quase todas as mulheres é
verdadeira a seguinte expressão: “Por ela se pode conhecer quão pouco arde
na mulher a chama do amor se o contato ou a vista da pessoa amada não a
alimentar sem cessar”33. Dois dias após ter encaminhado o e-mail, recebi o
aceite do convite, o que resultou em uma viagem maravilhosa e um sexo
descomunal.
Imediatamente após o retorno da viagem, no mesmo dia em que chegara
de volta à sua cidade, sem qualquer justi cativa, a jovem bloqueou todos os
meios pelos quais poderíamos manter contato (Skype, Whatsapp, Facebook,
etc.). Sequer se despediu ou agradeceu. Durante a viagem, por mais de uma
vez, descon ei de que ela poderia estar articulando sua volta com o
namorado, pois, de quando em quando, se contorcia e se arqueava nas áreas
de Wi-Fi ao trocar mensagens pelo Whatsapp. Eu poderia ter cado furioso
e, intempestivamente, enviado a ela um e-mail condenando o ato hostil ou
mesmo telefonado a ela desaprovando suas ações. Não o z, pois percebi que
ela era o tipo de mulher que agia sempre de maneira egoísta e conforme a
sua conveniência (o que é um comportamento extremamente comum entre
as mulheres muito bonitas), pois elas tomam como certa a ideia de que o
mundo existe para lhes servir. Exerci a temperança e a serenidade com
aquela celebridade que confessara se confundir com mapas geográ cos e
com os conceitos de norte, sul, leste e oeste.
Durante um mês inteiro ela se ausentou sem esboçar qualquer interesse na
reconciliação. A razão para esse comportamento pouco elegante era que, ao
retornar da Big Apple, reatara imediatamente a relação com o namorado
(mas ela não sabia que eu tinha essa informação). Atendo-se à realidade e
deixando para outra hora a imaginação, tem-se que as relações instáveis
di cilmente encontram algum tipo de equilíbrio. Eu carregava a certeza de
que cedo ou tarde ela criaria novos atritos com o namorado e que seriam
boas as chances dela me procurar novamente. Foi exatamente o que ocorreu.
Após novo desentendimento, ela voltou a entrar em contato, simplesmente
porque lhe era conveniente. Na ocasião eu sugeri que viajássemos pela
Europa. Estando alto o seu nível de carência, ela acatou a sugestão e mais
uma vez a viagem e o acasalamento foram maravilhosos. Como os vícios
jamais cessam e utuam ao sabor das circunstâncias oportunas, mais uma
vez ela voltou para o pobre rapaz apaixonado, que nem descon ava que a
sua noiva imaculada se entregara outra vez para outro homem durante os
períodos de turbulência. Eles continuam indo e vindo, sustentando um
relacionamento eternamente inconstante, e ela sempre dando suas
escapadelas, pois há muito já perdeu a consideração por aqueles que a ela
demonstram evidências de afeto.
Grosso modo, mulheres excessivamente descon adas são menos objetivas.
Certa vez, mantive simultaneamente diálogo com duas mulheres. Uma era
rica, inteligente, bonita e sagaz. A outra vivia com um orçamento parco,
cuidava da loja de bugigangas da família, bonita (mas não tanto quanto a
primeira) e pouco astuta. Ficou evidenciado que suas suspeitas descabidas e
seu comportamento arredio, impróprios para a nossa era, eram as causas de
seu infortúnio nanceiro e amoroso. Com a mulher rica, inteligente e bonita
foi possível programar uma viagem para Gramado (cidade ao sul do Brasil)
em nosso terceiro encontro. Com a outra, no décimo encontro, ainda
tomávamos sopa à distância na padaria. É possível distinguir com muita
clareza as mulheres cujas mentes são orientadas às realizações daquelas cujas
mentes são orientadas às escusas. O que ainda me motivava a encontrá-la
era tão somente a obtenção de informações que pudessem enriquecer os
meus estudos, além da minha investigação de seu comportamento. As mais
das vezes, pessoas bem-sucedidas são de fato mais bem preparadas, mais
objetivas e diretas, enquanto as outras se deixam perder por medo,
intolerância e excesso de descon ança; carregando o hábito de transformar
as oportunidades em entraves e de desfrutar de pouca habilidade em superar
imprevistos. Aliás, há algumas mulheres cuja existência é indissociável dos
imprevistos (conforme já abordado no Axioma 4). Quando eles não
ocorrem, enlouquecem, e imediatamente os inventam. São programadas
para germinar empecilhos e adiar a vida que se vive. Devo confessar que
esse comportamento primitivo me exaspera, mas mesmo assim jamais me
desvio da temperança.
1
Dos fatos: . Percebe-se no diálogo abaixo a dificuldade absurda em se
efetivar os encontros. Esses diálogos aconteceram após o nosso
terceiro encontro, em que ocorreu o primeiro beijo.
No dia seguinte...
No dia seguinte...
No dia seguinte...
Eu – Oi! Td bem?
Ela – Oi. Tudo bem.
Eu – Sabe o q tive pensando? Eu tenho muitas milhas... Vc não quer passar o
fds do dia 09 de outubro no Rio? Posso tirar a passagem com milhas pra vc...
Ela – Adoraria! Te disse que adoro o Rio. Ainda mais em boa companhia.
Eu – Hummmm será ótimo. Posso ver a passagem pra vc? Vindo na sexta e
voltando domingo?
Ela – Pode sim. Perfeito!
Um silêncio se interpôs.
33 Discurso de Nino Visconti para Dante Alighieri no purgatório, encontrado no Canto VIII do livro
“A divina comédia”.
Axioma 10 – Dos impasses e da
melhor atitude a tomar
Dada a grande diferença entre a natureza da estrutura de pensamento do
homem e da mulher, convém estar bem preparado para enfrentar as
di culdades que estarão por vir. Maquiavel assevera no capítulo XVIII de “O
Príncipe”, “De que modo devem os príncipes cumprir a palavra dada”, que
há duas maneiras de lutar: pela lei e pela força. A primeira é própria dos
homens, a segunda dos animais. Como restringir a luta à primeira maneira
poderá ser insu ciente, faz-se necessário recorrer à segunda, pois ao
empregar uma maneira sem a outra os resultados não são duradouros.
Sendo importante iniciar-se nas destrezas dos animais, mais e caz é
conhecer os modos do leão e da raposa. O leão tem a força de afugentar os
lobos, mas somente a raposa é capaz de se livrar dos laços das armadilhas.
Em nosso caso especí co, faz-se mais útil investigar as habilidades da raposa
e, por conta disso, nos deteremos a elas.
No curso dos diálogos, torna-se bem caracterizado que os homens
comuns, de modo geral, se predispõem a evidenciar pontos de convergência
que direcionem para a conciliação, enquanto as mulheres tendem a seguir
caminho oposto, ao insistir em fazer orescer divergências (muitas vezes
imaginárias) que as levem à conclusão de que o interlocutor não preenche as
características que elas almejam encontrar em seu par (esse comportamento
ocorre principalmente entre as mulheres americanas, mas também é bem
difundido entre as brasileiras).
Metaforicamente, pode-se dizer que o homem tende a construir uma
ponte para que ocorra o encontro e a união entre iguais, sem o
preestabelecimento de hierarquias. Já a mulher inclina-se a formatar um
castelo no qual faz do cume abrigo, para que do alto possa atirar pedras e
estabelecer uma relação de superioridade e poder. Em outras palavras, o
homem se encarrega da terraplanagem do terreno para que seja preparado
um jardim, mas, entre as ores, a mulher enxerta minas explosivas e são
essas que a raposa deve identi car e desativar.
As mulheres abominam as diferenças. Portanto, cabe à raposa ocultá-las,
custe o que custar, por todo tempo; ou, ao menos, até a consumação do
coito. De outro modo, tudo o que foi trabalhado ou conquistado pôr-se-á a
perder com facilidade incrível. Trata-se também de uma incontestável
verdade que as pessoas têm uma necessidade quase que incontrolável de
expor suas opiniões sobre os diversos assuntos. A raposa deve ter em mente
que ao agir dessa forma (necessidade de emitir seus próprios pareceres)
estará cada vez mais se afastando de seu objetivo ao potencializar a criação
de zonas de con ito. Uma boa raposa sabe que a sua opinião é sempre
secundária e que seu passado, preferências, inclinações e a nidades devem
ser construídos à medida que transcorre a dialética. Os antecedentes da
raposa devem compor uma folha em branco e ser moldados de acordo com
as circunstâncias. Assim, se a mulher diz apreciar correr, deve-se dizer que
se aprecia o esporte; se anuncia que aprecia pinturas, deve-se anunciar que
se aprecia as artes, se ela assevera apreciar a boa música, deve-se enfatizar
que se aprecia os shows, se revela que é esotérica, deve-se dizer que se é um
alucinado pela magia e por tudo que transcende a alma; e assim por diante.
Uma raposa astuta constrói seu DNA em tempo real, à maneira de certas
criaturas marinhas que trocam a coloração do corpo de acordo com o meio
para que, camu adas, não sejam devoradas.
Mesmo com todas as precauções, ainda assim não é possível evitar as
encruzilhadas, os desentendimentos e os imprevistos. As mulheres podem
deixar de se comunicar com você sem qualquer motivo aparente, mesmo
quando tudo caminha aparentemente a bom termo. As razões podem ser
variadas, desde a colocação de uma vírgula equivocada que provoque nela
desgosto (pois a mulher também se deixa abater por causas fúteis) a
aparição de outra raposa mais ardilosa e mais atraente aos seus olhos.
Diante dessas circunstâncias de inesperada perda de interesse da mulher
sem qualquer razão sólida pertinente, há duas coisas a fazer: insistir ou
desistir. Caso se opte por insistir, não envie mais de uma mensagem por dia,
pois ela interpretará como desespero ou carência e isso provocará mais o
afastamento do que a aproximação, já que a mulher é doutrinada a exaltar
apenas as virtudes do homem, sendo implacáveis com as fraquezas. Convém
esperar até uma semana para o envio de outra mensagem não respondida.
Tenha certeza de que a mensagem chegou, a demora em responder faz
apenas parte da tramoia que está a elucubrar. A rigor, se ela quiser responder
irá responder, pois, em qualquer situação da existência, quem tem interesse
em algum resultado age para que ele se estabeleça.
Se durante a conversa ela diz que não tem mais certeza de querer
continuar, ou propositalmente cria zonas de con ito, mais vale acatar esse
desfecho sem resistência, apenas deixando claro que o afastamento foi
proposto por ela e, logo após, se ausentar. Caso ela explicitamente deixe
claro que a relação não tem como continuar, pois são múltiplas as
diferenças, o melhor a fazer é não responder. Essa atitude, de pouco caso e
menosprezo, causa extrema indignação nas mulheres, que odeiam car sem
respostas (conforme visto em axioma anterior). A raposa, assim agindo, faz
a mulher experimentar do próprio veneno, porque na natureza ninguém
mais do que a fêmea recorre tão ardilosamente ao menosprezo para ferir
intencionalmente o macho. Por mais das vezes, o silêncio incitará mistério e
curiosidade na mulher, ao mesmo tempo em que será a ela transmitido que
a raposa tem independência e segurança. Portanto, são maiores as chances
da mulher voltar a entrar em contato ao se optar por desistir, se dedicando à
prática do silêncio e da ausência. A gura a seguir ilustra a situação.
Dos fatos:
1. Continua-se aqui o diálogo do Axioma 4. Como o impasse não se dá de
forma explícita (não há a formalização categórica de que ela quer o
rompimento), mas somente insinua que pretende descontinuar, então a
melhor atitude é mencionar que gostaria de manter a relação, mas que a
decisão dela será acatada, e logo após se ausentar. O resultado dessa
ação, como pode ser observado, é positivo.
Nesse dia saímos para almoçar, depois compramos uma garrafa de vinho e
no m da tarde fomos para a casa dela. Tivemos uma noite de sexo
formidável.
Resumo:
No diálogo que converge para um impasse em razão de uma observada
tendência da mulher, por motivo fútil qualquer, de romper a incipiente
relação, há basicamente duas coisas a fazer: insistir ou desistir. Insistir em
demasiado é sempre uma atitude enfraquecedora, pois será interpretado
como carência e oferecerá pouquíssimos resultados satisfatórios. O mais
conveniente é desistir sem nada responder ou deixar claro que a desistência
é decorrência do desejo dela e, logo após, se ausentar. Agindo dessa forma,
se cria um mistério e a noção de segurança. As chances de sucesso e de que a
mulher venha novamente a entrar em contato são maiores quando se pratica
o silêncio. Portanto, de todas as opções, diante do impasse, não responder e
se ausentar é a melhor de todas.
Axioma 11 – De como a raposa
deve agir
No capítulo XIV do livro “O Príncipe”, “Dos deveres dos príncipes para
com seus soldados”, Maquiavel exalta a necessidade de o príncipe não
exercer outra atividade senão a guerra e suas disciplinas; mesmo em tempos
de paz deve-se estar preparado para ela. Parafraseando algumas partes desse
capítulo e também do capítulo XV, “Das coisas pelas quais os homens,
especialmente os príncipes, são louvados ou vituperados” é perfeitamente
possível, além de necessário, tecer um paralelo de como a raposa deve agir
com as mulheres que são essencialmente cavilosas, especializadas na arte da
dissimulação e incapazes de cumprir as promessas mais ardentes.
A raposa deve sempre conduzir suas ações com astúcia nas relações com as
mulheres, porque esta é a única arte que se espera de quem está
continuamente em vigília e preparado para o combate. Convém estar
sempre atento, mesmo em condições supostamente estáveis, pois, se a sorte
mudar, deve-se estar apto para resistir ao que ocorrer. Enquanto você se
ativer apenas às boas maneiras, se abster do exercício do poder, será
menosprezado e aprenderá uma forma de se arruinar e não a de se defender.
Agir unicamente com bondade, generosidade e gentileza lhe faz desprezível
aos olhos cobiçosos das mulheres, já que são grandes as chances dessas
características serem interpretadas como fraqueza, pusilanimidade e
submissão, porque não é raro que o que possa parecer virtude transforme-se
em ruína; e o que pareça infâmia lhe traga segurança, bem-estar e bons
resultados.
Con ar cegamente nas qualidades consideradas altivas, tais como
lealdade, sinceridade, humildade, amor, simplicidade e integridade, entre
tantas outras virtudes, como ferramentas sublimes e su cientes para a
conquista de uma mulher, é semelhante a caminhar sobre corda estendida
entre dois penhascos. A situação con gura-se tão frágil e perigosa que a
queda e o fracasso estão sempre à espreita. Isso porque, conforme já dito em
páginas anteriores, de um lado para outro marcha inquieto o pensamento da
mulher, o que a induz, continuamente, a compará-lo com variados
pretendentes. A certeza na mente feminina é serva das suas veleidades. A
convicção que brota durante a alvorada é a mesma que se transforma em
suspeita no crepúsculo do ocaso. Fiar-se unicamente nas virtudes é um dos
vícios e armadilhas que a raposa deve irremediavelmente evitar.
Uma das mais evidentes e primordiais preocupações das mulheres para
com seus pretendentes, que compõem alvo constante de escrutínio e que,
usualmente, é exercida com discrição, se materializa no quanto de conforto
e benefícios da raposa poderão elas usufruir. Deve-se entender conforto e
benefícios como restaurantes, bolsas, botas, sandálias, óculos, vestidos,
cartões de crédito, hotéis e viagens, pois são sempre esses os maiores
interesses. Entre escolher uma raposa com poder, dinheiro e fama, capaz de
abastecê-la de agrados; e outra sem capital estético, com di culdade de
sustentar oferendas similares, nem é razoável estimar que aquela seja
preterida diante dessa. Um homem sem dinheiro e desprovido de bens é
desprezível aos olhos da mulher. No longo prazo, para que a relação seja
duradoura e se aproxime da estabilidade, não é su ciente a companheira
enxergar as características de poder social na raposa, mas é fundamental que
suas amigas e pessoas de seu convívio também as enxerguem. De outra
maneira, a raposa será descartada.
Um amigo americano, cujo pai era brasileiro, dividia seu tempo entre o
Brasil e os Estados Unidos. Em uma de suas visitas ao Brasil, conheceu uma
jovem muito atraente com quem teve breve namoro. Eles se relacionaram
por pouco tempo e logo depois ela casou-se com um homem extremamente
rico e 20 anos mais velho. Para se prevenir, o marido milionário fez a jovem
esposa assinar contrato no qual ela prescindia de qualquer direito aos seus
bens. Permaneceram casados por 25 anos. Após esse período, o marido rico
atingira a velhice e começou a apresentar problemas de saúde. Sua mulher,
projetando tempos tortuosos, vasculhou e encontrou nas redes sociais o seu
ex-namorado americano. Optando por desamparar o marido estendido no
leito, pediu o divórcio e casou-se com o americano para que pudesse
adquirir o Green Card34. Como o marido americano não possuía situação
nanceira estável, semanas após conseguir a cidadania americana também o
deixou. Ela perfaz o caso típico de mulher que age conforme as suas
conveniências e que cruelmente abandona quem lhe dá suporte. Mas isso
também foi previsto por Maquiavel, primeiro ao m do Capítulo XVI “Da
liberalidade e da parcimônia”, quando enfatiza que “entre todas as coisas de
que um príncipe deve acautelar-se é de ser necessitado”, e depois no Capítulo
XVII, “porque dos homens se pode dizer que, geralmente, são ingratos,
volúveis, simulados e dissimulados, covardes e gananciosos em ganhos e,
enquanto lhes zeres benefícios, estão todos do seu lado, oferecendo-lhe o
sangue, os bens, a vida... quando a necessidade é dispensável. Quando,
porém, a necessidade se avizinha, fogem”.
Cabe à raposa exibir de forma discreta suas conquistas, seus bens
materiais, suas possibilidades e seu poder. Isso se faz necessário porque as
mulheres são intolerantes à ostentação explícita e exibição de bens como
método de sedução, mas, paradoxalmente, não se abstêm de inventariar os
ativos. A raposa que se restringe unicamente ao anúncio do planejamento
das coisas ou às atividades a ser ainda desempenhadas, em detrimento das
conquistas já realizadas, estará se comportando de forma incauta. Agir dessa
forma equivale a preparar uma cova ancha, já que as mulheres, de modo
geral, consideram tão somente o que foi de fato conquistado, não se
deixando in uenciar pelas eventuais conquistas que estarão por vir, porque
estas sempre carregam o fardo da dúvida de que serão efetivamente
concretizadas e da qual elas sempre se afastam.
No início do capítulo XVI, faz-se o alerta de que seria bom que a raposa
fosse considerada liberal, mas é prejudicial a liberalidade usada de forma
que a raposa seja reconhecida como tal, porque, se usada virtuosamente, não
será reconhecida, e ainda cairá sobre si a infâmia de seu contrário.
Ao nal do capítulo XXV, “De quanto pode a sorte nas coisas humanas e
de que maneira se deve resistir”, Maquiavel pondera que nas conquistas é
melhor ser impetuoso que prudente, porque a sorte é uma mulher e, para
dominá-la, é necessário atitudes rigorosas. Vê-se que ela se deixa vencer
mais pelos audaciosos do que pelos que procedem com cautela; por ser
amiga dos jovens (que são mais fortes), cede a estes, que a dominam.
Resumo:
Aja com astúcia e, mesmo em tempos de paz, esteja preparado para a guerra.
Não é raro que o que possa parecer virtude transforme-se em fraqueza; e o
que pareça infâmia lhe traga bons resultados. Praticar a bondade e a
gentileza em tudo o que se faz equivale a uma forma de arruinar-se. Con ar
cegamente nas qualidades consideradas altivas é umas armadilhas que a
raposa deve evitar. Entre escolher uma raposa com dinheiro e fama, capaz
de entulhar mulheres de agrados; e outra sem capital, com di culdade de
sustentar oferendas, nem é razoável estimar que aquela seja preterida diante
dessa. Entre todas as coisas de que uma raposa deve acautelar-se, é de se
mostrar necessitada. Cabe a raposa exibir de forma discreta as suas
conquistas. Muito melhor ser impetuoso que prudente, porque a sorte é uma
mulher e é necessário atitudes rmes para dominá-la.
Ela – Eu estou mais ou menos à mesma distância de Nova York, mas nem
sempre estou na cidade. Sou de New Jersey. Procuro um amigo que possa se
tornar um parceiro para a vida. E você? (dia 2) Eu – Eu procuro uma relação
saudável, com amizade, generosidade, lealdade, con ança, paixão, amor.
Estamos na mesma página? (dia 2) Resposta no dia seguinte. Indicativo de
que essa conversa não tem muita importância para ela.
Eu – Olá, você está por aí? (dia 3) Ela – Olá, como você vai? Sim, estamos
na mesma página. Eu apenas adicionaria companhia por toda a vida. Que
clima louco! Estou trabalhando de casa. O meu trabalho toma quase todo o
meu tempo. Há sempre muitos projetos e muitas coisas para se fazer. Meu
escritório está fechado e a escola dos meus lhos também, por causa da
tempestade. Mantenha-se quente e seguro. (dia 3) Como quase todas as
americanas, diz-se muito ocupada com o trabalho e se coloca de modo sutil
como peça-chave da corporação.
Eu – Sim. Concordo plenamente com você. Uma companhia pra vida toda é
o ideal. Não aguento mais esse tempo também. Que tal se pudéssemos tomar
um café? Como isto soa a você? (dia 3) Resposta no dia seguinte. Embora ela
esteja de fato à procura de um companheiro, age como se não estivesse, o
que é um paradoxo. Mas no 4º dia ela tem uma postura diferente.
Ela – Claro, podemos marcar o café algum dia. Mas não podemos nos
conhecer melhor por aqui? Diga-me mais sobre você? Alguma coisa que você
julgue importante eu saber. (dia 4) Eu – Eu morei 4 anos em Phoenix.
Trabalhei na indústria solar. Vivi junto com uma pessoa por 7 anos, mas não
tive lhos. Depois viajei muito por trabalho, o que di cultava ter uma relação
duradoura. Mudei-me para Nova York porque fui convidado para trabalhar
em uma startup. É um desa o e uma experiência muito excitantes. Estamos
em busca de investidores. Você gosta de aventuras? Há alguns anos andei de
balão sobre Napa na Califórnia. Foi uma experiência incrível. Você parece ser
uma mulher muito determinada. Estou certo? Quais seus planos para o m de
semana. (dia 4) Ela – Qual é mesmo o seu nome? Rsrs. Parece que teremos
neve apenas no ano que vem. Estou pronta para o sol, areia, ores, árvores e
praias. Espero que neste m de semana o tempo esteja mais quente. Como é
possível um jovem bonito e trabalhador como você ainda solteiro e sem lhos?
Antes que você pergunte, tenho três lhos. Nunca voei de balão. Deve ser
divertido. Sim, sou uma mulher determinada. Eu sei muito bem o que eu
quero. Acho que isso se chama determinação. Mas sou também fácil de lidar,
exível, compreensiva e cumpro compromissos. Meus ns de semana são
repletos de atividades. Provavelmente verei um lme no sábado no nal da
tarde. E quanto a você? (dia 4) Eu – Você me convidaria para ir contigo ao
cinema? (brincadeirinha...) Provavelmente irei a Manhattan caminhar no
Central Park, almoçar e depois escrever meu livro. A propósito, qual seu nome?
(dia 4) Ela – Meu nome é Belanara. Você não me disse o seu. (dia 4) Eu – Que
nome lindo! Meu nome é Marcos. Algum plano para hoje a noite ou você
cará em casa? (dia 4) Ela – Por que você se separou? Por causa do trabalho?
Você ainda viaja muito? Com qual frequência você é realocado? Eu já z
muita coisa hoje e estou planejando fazer yoga. Onde você nasceu? (dia 4) A
pergunta sobre a frequência da realocação é capciosa e deve ser respondida
com cautela. Ela identi cou este evento como fator potencial de obstrução
da relação.
Eu – Eu me separei há 12 anos. Uma das razões foi que ela desistiu de fazer
amor. Um casal sem sexo não é de fato um casal. Eu agora moro em Nova
York e não pretendo sair daqui, pois tenho meu próprio negócio. Não preciso
mais viajar tanto. Eu nasci no Rio de Janeiro. Já esteve lá? (dia 4) Ela – Ah,
então você já foi casado. Pensei que você havia dito 7 anos de relacionamento.
Mas é um pouco engraçado você resumir o problema de seu casamento como
falta de sexo. Tenho certeza que isso foi re exo de outros problemas. Nunca
estive no Rio, mas ouvi que se trata de uma cidade bonita. Você a visita de vez
em quando? Tem parentes lá? Eu sou de Kiev, Ucrânia, vim para os Estado
Unidos quando tinha 10 anos. (dia 5) Jamais disse que era casado, apenas que
tive uma relação por 7 anos. Contudo, ela tentou exaltar uma incoerência no
que eu havia dito. Deduz com base no imaginário que o problema da minha
relação tinha outras razões e que provavelmente a responsabilidade era
minha. Enfatizei que não voltaria a viajar demasiadamente mais uma vez.
Ela – Em breve. Será que você tem perguntas para me fazer? (dia 6) Eu –
Claro que sim. São todas as mulheres da Ucrânia lindas como você? (dia 6)
Ela – Sim! Alguma outra? (dia 6) Eu – Você pretende algum dia no futuro
próximo ou longínquo voltar para Kiev? (dia 6) Ela – Talvez somente para
visitar, mas minha casa é aqui nos Estados Unidos. (dia 6) Eu – Posso ir com
você para Kiev na próxima vez que você for visitar a Ucrânia? Kiev e Odessa
estão na minha lista de cidades que gostaria de conhecer. (dia 6) Resposta no
dia seguinte.
Ela – Claro que você pode ir comigo na próxima vez. Mas a última vez que
estive lá foi em 2002. Rsrs (dia 7) Eu – Então vamos esperar as coisas se
acalmarem na Ucrânia para marcarmos a nossa viagem. Você pratica
esportes? Faz ginástica? (dia 7) Ela – Eu jogo tênis, rollerblade, tenho classes
de Zumba e yoga pra iniciantes e corro quando o tempo está bom. Mas diga-
me querido, você provavelmente vai querer se casar e ter seus próprios lhos
em breve. Estou certa? (dia 7) Alerta. Pergunta capciosa. Tentativa de se criar
um ponto de divergência baseada em uma suposição.
Eu – Eles já têm 3 netos. Eu já namorei duas vezes mulheres com lhos. Você
me parece bem descon ada com relação a meu desejo de ter lhos. Há alguma
razão? (dia 7) No dia seguinte.
Ela – Eu não sou descon ada, apenas seletiva. Não tenho tempo para
bobagens ou brincadeiras. Também não quero tomar seu tempo se seus
objetivos forem diferentes dos meus. Talvez nós não combinamos. Estou
errada? (dia 8) Conclui, baseado em gabaritos existentes apenas em sua
mente, que não combinamos. Os supostos atritos e divergências foram
criados do nada.
Eu – De fato é preciso ser seletiva. Mas como você pode ter tanta certeza de
que não combinamos? Estamos tendo um bom diálogo e temos os mesmos
propósitos. Somente porque não tenho lhos nós não combinamos, ou há
alguma outra razão? Não estou brincando, tampouco tenho tempo a perder.
(dia 8) Ela – Não estou dizendo que não combinamos. Na verdade esse site diz
que temos 95% de a nidades. Rsrs. Estava apenas me referindo em linhas
gerais. Estamos nos comunicando para saber mais sobre nós e veri car se há
conexões. Algumas mulheres querem homens sem lhos. Eu era assim na
década dos 20 anos, mas agora minha situação é diferente. Meus lhos vivem
comigo e tenho que ter certeza de que o homem que irá viver comigo irá
respeitar o meu tempo com meus lhos. Eu recebo ajuda para criar meus
lhos, mas ainda tenho muitas responsabilidades em casa. Se você não se
importa em sair com mulheres com lhos, ótimo para você. (dia 9) Eu – Eu
adoro crianças. Conforme te disse, já namorei duas mulheres com lhos e a
convivência foi ótima. Eu entendo completamente a sua responsabilidade e as
suas preocupações. Mas conforme te disse, isso não é um problema para mim.
Estou indo para o museu de artes naturais. Adoro este museu. (dia 9)
Interrompi a conversa que atravessava rumo delicado ao anunciar um
compromisso. Fiz isso por três razões. 1) Não evidenciar um ponto de
estresse; 2) Deixar ela re etir sobre o tema sem ser pressionada; 3) Fazer
transparecer que eu não estava ansioso em continuar o diálogo, o que
confere uma atmosfera de segurança e independência, algo admirado pelas
mulheres.
Ela – Ok. Falamos depois. (dia 9) A minha atitude fez com que ela tomasse
a iniciativa do diálogo no dia seguinte.
Ela – Sim. O tempo está de fato ótimo. Parece que temos 10°C nesse inverno
louco. Bom passeio para você. Belanara. (dia 11) Eu – Você é um amor. (dia
11) No dia seguinte.
Resumo:
Não somente são diferentes os modos de proceder das mulheres brasileiras e
das mulheres americanas, como também opostos. Mulheres brasileiras
valorizam os mais audaciosos e, quando não no primeiro encontro,
permitem-se e esperam ser fustigadas, impreterivelmente, a partir do
segundo encontro. Guardar as atitudes mais ousadas pode lhe valer a pecha
de casto, pusilânime e acanhado. Mulheres americanas são viciadas em
rituais e deles jamais se afastam. Atitudes audaciosas, como um beijo sutil
no primeiro encontro, são consideradas impróprias, ofensivas e até mesmo
agressivas. Sujeitar-se à paciência e seguir a liturgia não lhe sairá caro, pois
lhe serão atribuídas qualidades de sério, generoso e íntegro. Permitem-se ser
vergastadas, sem que se incorra em transgressão, somente a partir do quarto
encontro.
Axioma 13 – Da necessidade da
mulher simular resistência e de
como superá-la
O hábito e a persistência em simular obstáculo ao sexo é um dos
comportamentos mais antigos, comuns e difundidos entre as mulheres,
independentemente de raça e credo. Foram tantas as vezes que me submeti
aos mesmos discursos anódinos, aos mesmos olhares vulgares e às
expressões sem originalidade que, por terem in uência de nitiva nos
resultados, faz-se imperativo a dedicação em desvendar a razão desse
simulacro.
A motivação para perscrutar essa misteriosa representação também
encontra respaldo nas ideias concebidas por Maquiavel no início do capítulo
XXV do livro “O Príncipe”, “Quanto pode o destino nas coisas humanas e de
que modo se lhe pode resistir”. Maquiavel, como muitos, não ignora que as
coisas no mundo sejam governadas pelo destino e por Deus e que os
homens não podem corrigi-las, de modo que para elas não possuem
nenhum remédio. Por isso podem julgar que é melhor deixar-se governar
pelo destino e, por vezes, inclinar-se a aceitar essa opinião. Não obstante,
para que o nosso livre-arbítrio não seja em vão, cria ser verdade que o
destino seja árbitro de metade de nossas ações, mas que nos deixa governar
a outra metade. É justamente sobre essa outra metade que vamos atuar,
agindo com audácia, para que possamos ajustar os rumos do destino e
atingir as nossas metas.
Por longo período, empenhei-me no hábito de, logo após conhecer uma
dama, convidá-la para compartilhar uma garrafa de vinho em meu
apartamento e que era, conforme esperado em um primeiro momento,
recusado. Sabe-se, contudo, que não se deve jamais tomar qualquer resposta
como de nitiva, pois já foi abordado em axioma anterior a natureza confusa
e volátil do modo de raciocínio das mulheres. Depois de convencê-la
fazendo uso de argumentos banais como “Iremos apenas tomar um vinho e
escutar música”; “Minha intenção é te conhecer melhor e empenho minha
palavra que nada demais irá acontecer”, preparava-me, inevitavelmente, para
o discurso a porvir. Imaginava-me preparando um projetor para que a moça
pudesse carregar o PowerPoint em um notebook e expor uma palestra
sempre com o mesmo conteúdo pudico das outras, sendo passível de
variação apenas a quantidade de slides.
Por tantas vezes, ao adentrar meu apartamento, iniciara-se as
apresentações em que a dama dizia-se moça de família ajeitada, que não era
como aquelas que contemplavam o espírito vulgar de se enroscar por apenas
uma noite, que se punha em busca de relacionamento duradouro; e que
também não tinha tempo a perder devido o avanço dos anos, que não se
envolvia com homens sem conhecê-los mais profundamente, pois se inseria
entre aquelas poucas que tinham recebido educação rigorosa e religiosa,
além, é claro, de colecionar pouquíssimos namorados. Minha interpretação
para todas aquelas frases e gestos era invariavelmente a mesma: a de que ela
queria mesmo é ser fustigada. Não obstante, indagava-me o porquê da
encenação tão comum, já que as mulheres são tão desejosas de sexo quanto
os homens. Foi-me possível concluir que todo aquele engodo não era para
me convencer de que ela era boa moça, mas convencer a si própria da
pureza de sua alma. Funciona como uma espécie de conforto psicológico ou
uma expurgação e que, ao exercer esse ritual, a dama pode en m se livrar de
uma eventual culpa. Por conta disso, eu sempre deixo-as se orgulhar de ser
vencedoras dessa escaramuça.
Conforme já demonstrado, mulheres são vulneráveis às situações
imaginárias. Quando elas se apaixonam a rigor, é pela imagem que fazem
dos homens, pelo que eles representam, pelos seus poderes e cargos, pelo
que elas podem deles usufruir, pelo conforto que podem eles proporcionar.
Por isso que, quando há um rompimento, elas sofrem menos do que os
homens, pois é muito mais simples desconstruir e construir ilusões em
outros homens do que destruir e construir realidades. Atitudes similares
ocorrem nos diálogos. Nada melhor do que alguns exemplos que mostram
como é possível na prática superar as resistências femininas ao explorar
situações imaginárias. As resistências impostas por elas com o objetivo de
simular obstrução são sinalizadas no texto.
No dia seguinte, tal qual uma raposa astuta, voltei a insistir de forma mais
ousada.
Eu – Eu sei que não é! Por isso mesmo que me interesso por você.
Ela – Você nem me conhece, trocamos poucas mensagens! Mas eu gosto desse
atrevimento!
Ela – Como?
Eu – A gente em um “wine bar” bem aconchegante.
Ela – Que bacana! Iríamos nos divertir!
Eu – Sabe o que pensei em fazer?
Ela – O quê?
Eu – Banhar os morangos no vinho... E deslizá-los por seus lábios e depois eu
iria morder uma metade e te dar a outra.
Ela – Bom né!
Eu – Vamos fazer?
Ela – Vamos!