Você está na página 1de 132

© 2017 - Marcos Fernandes

Direitos em língua portuguesa para o Brasil:


Matrix Editora
www.matrixeditora.com.br

Diretor editorial
Paulo Tadeu

Capa, projeto grá co e diagramação


Allan Martini Colombo

Revisão
Silvia Parollo
Diná Viana
Eduardo Ruano
SUMÁRIO
Apresentação
Introdução - Da Teoria dos Jogos
Axioma Zero – Dos tipos de moral
Axioma 1 – Dos sites e aplicativos de relacionamento
Axioma 2 – Da importância do Facebook e do Branding
Axioma 3 – Da polidez e da insu ciência
Axioma 4 – Da natureza do raciocínio da mulher
Axioma 5 – Da escassez da lógica e da ausência de coerência
Axioma 6 – Da relação da mulher com o dinheiro e do pagamento das
despesas
Axioma 7 – De que modo se deve iniciar diálogo
Axioma 8 – Das melhores diretrizes a seguir
Axioma 9 – Da temperança como estratégia
Axioma 10 – Dos impasses e da melhor atitude a tomar
Axioma 11 – De como a raposa deve agir
Axioma 12 – Dos costumes em função da localização geográ ca
Axioma 13 – Da necessidade da mulher simular resistência e de como
superá-la
“Senhor, tornai-me casto; mas não ainda.”
Santo Agostinho (354-430)
Apresentação
Este livro pretende aprimorar o leitor na divertida arte de sedução de
mulheres em sites de relacionamento, ao transformar essa atividade em uma
aventura de conhecimento sólido, utilizando os principais pensamentos de
Maquiavel e os conceitos fundamentais da Teoria dos Jogos.
As técnicas de persuasão e as condutas apresentadas têm como objetivo
aumentar as chances de marcar um encontro, seja em uma cafeteria,
shopping center ou num restaurante. Essas técnicas foram aperfeiçoadas por
meio de processos empíricos ao longo de mais de uma década, com uma
contínua experiência que resultou em cerca de 700 encontros do autor, tanto
no Brasil quanto nos Estados Unidos, sendo mais de 400 deles bem-
sucedidos.
Ao longo desta obra são apresentados diálogos reais, com técnicas capazes
de romper resistências comuns de mulheres aparentemente comportadas, de
famílias supostamente distintas e bem-sucedidas pro ssionalmente,
induzindo-as a compartilhar fotos íntimas ou até mesmo se desnudar diante
da câmera de seu celular, tablet ou notebook, perfazendo coisas
absolutamente tão incríveis quanto inacreditáveis.
Para que essas técnicas sejam e cazes, faz-se necessário, primordialmente,
que sejam compreendidos a natureza ardilosa das mulheres e o seu modo de
raciocínio fecundo e surpreendente. Conhecer bem o universo feminino é
fundamental para a conquista. Na Grécia antiga, utilizavam o termo “Kalon
Kikon” para se referenciar às mulheres, que signi ca “belo infortúnio”, já que
elas carregavam consigo o poder de conduzir os homens à desgraça por
meio da sensualidade. Por isso, a primeira metade desse livro se dedica a
esmiuçar as verdadeiras características da índole feminina, para que,
somente depois, na metade seguinte, sejam apresentadas as estratégias de
sedução, a m de que seja possível explorar seus pontos fracos. Caberá ao
leitor, no entanto, decidir, sobretudo, como conduzir a relação, que poderá
convergir ou para o coito sem compromisso ou para uma relação mais séria.
Importante ressaltar que todas as ações são necessariamente realizadas com
o consentimento das partes envolvidas.
Admite-se, para não se deslocar da honestidade, que nenhuma técnica ou
argumento carrega consigo uma taxa de 100% de sucesso no curso dos
diálogos, mas é possível incrementar consideravelmente as chances de
sucesso utilizando as argumentações certas e a criatividade. Essa incerteza se
deve principalmente à natureza altamente confusa e volátil do modo de
raciocínio da maioria das mulheres. Ainda assim, ignorar os ensinamentos,
não os absorver, signi ca cambalear na escuridão.
Os pensamentos e os conceitos apresentados neste livro são tão amplos e
ricos que não necessariamente devem se restringir às conquistas das
mulheres, mas também se propõem úteis nas relações de trabalho, na
ascensão a cargos, nas relações de poder, em negociações, nas persuasões e
em diversas outras situações sociais.
Exploram-se os pensamentos de Maquiavel em “O Príncipe” (1513) e, em
escala bem menor, em “A Mandrágora” (1518) e a Teoria dos Jogos
concebida por John Von Neumann e Oskar Morgenstern que, em 1944,
publicaram o livro “Teoria dos Jogos e Comportamento Econômico”.
Também se introduz o conceito de “Equilíbrio de Nash”, desenvolvido pelo
matemático americano John Nash, ganhador do prêmio Nobel de economia
em 1994, cuja existência deu origem ao tema do lme “Uma mente
brilhante”, e que faleceu em acidente automobilístico durante a elaboração
desta obra. Adicionalmente, todas as vezes que se toma emprestado
conceitos úteis de outros autores, esses são sempre prontamente
referenciados.
Com exceção da introdução deste compêndio, em que se expõe os
principais conceitos sobre a Teoria dos Jogos, em vez de longos capítulos
preferiu-se estruturar os pensamentos em forma de axiomas. Essa escolha,
de certa forma, deve-se à in uência que o livro “Os Axiomas de Zurique”,
que trata de como agir para prosperar no mundo dos negócios, exerceu no
autor.
Por de nição, axiomas são postulados que não podem ser comprovados
ou demonstrados, mas são aceitos como fundamentos básicos e verdadeiros
para a formulação de teorias. Teoria, por sua vez, signi ca contemplar,
examinar ou, também, o conhecimento racional desenvolvido a partir da
observação dos fenômenos. Acredita-se que, desse modo, o leitor poderá
referir-se aos pensamentos organizados como axiomas, de forma mais
e ciente, facilitando a absorção dos conceitos e a maximização dos
resultados.
Cumpre consignar que nenhum dos axiomas carrega a intenção de esgotar
os assuntos que pretende introduzir, mesmo porque são controversos e
polêmicos; e cada um deles, por si só, proporcionaria margens su cientes
para a elaboração de outros livros e inúmeros debates.
Em suma, considera-se fatos observados e, a partir deles, desenvolvem-se
as estratégias, mesmo que venham a ser contestados e sejam fonte de
discórdia. Durante o percurso da obra o autor preza sempre por esclarecer
os fatos como eles são e não como deveriam ser. Para preservar a identidade
das moças, todos os nomes são tomados hipoteticamente como “Belanara”.

Boa leitura e boa diversão!


Introdução -
Da Teoria dos Jogos
Alguns estudiosos aplicam a Teoria dos Jogos em determinadas ciências
sociais (economia, psicologia, ciências políticas, sociologia, etc.). Nas
ciências sociais cada indivíduo interage com outros indivíduos e o que é
melhor para você depende das ações das outras pessoas. Esse arranjo é
denominado “situação estratégica”. A Teoria dos Jogos cria modelos
matemáticos com a intenção de predizer o comportamento dos indivíduos
nas situações que envolvem competitividade. Mas não se assuste. Não se
pretende construir modelo matemático algum ao longo desse texto.
Conhecer os conceitos será su ciente para as nossas pretensões.
Muitas vezes se utiliza a intuição para resolver esses tipos de problemas e a
essa abordagem denomina-se “Ad hoc”. Não é isso que se quer aqui. Não que
seja proibitivo fazer uso da intuição, mas requer-se algo mais cientí co.
Assim sendo, explora-se a Teoria dos Jogos que provê uma abordagem
uni cada, podendo ser aplicada em todas as situações estratégicas.
Mas o que há em comum nos ambientes competitivos?

a. Todos os indivíduos procuram fazer o melhor contra os outros.


b. Os indivíduos são submetidos a certas regras e condições.

Uma rodada de pôquer, por exemplo, se encaixa nesse arranjo. Todos


querem superar seus adversários e se submetem às mesmas regras. A
negociação de um empréstimo para se comprar uma casa com um gerente
de banco também é outro exemplo no qual a Teoria dos Jogos pode ser
aplicada. Você almeja conseguir um empréstimo com a taxa de juros mais
baixa possível e o banco pretende cobrar a taxa mais alta.
Para se modelar matematicamente essas situações como “jogos” é preciso
especi car três elementos:

i. Quem são os participantes (jogadores).


ii. As estratégias ou conjunto de estratégias de cada participante.
iii
. As recompensas dos participantes (a sua recompensa ou o que for
melhor para você depende das estratégias dos outros participantes).

O tabuleiro da nossa aventura, cujas dimensões abrigam a conquista de


mulheres em sites de relacionamento, se insere perfeitamente nesse modelo
conforme pode ser observado a seguir:

i. Jogadores: você, os seus concorrentes e as mulheres a ser conquistadas.


ii. As estratégias são os conjuntos de axiomas deste livro.
iii
. A recompensa será levá-las para a cama (que depende das ações e do
consentimento delas).

O princípio básico que rege a Teoria dos Jogos é a racionalidade. A


racionalidade pressupõe que entre uma alternativa melhor e outra pior,
tende-se a escolher a melhor, pois todos os jogadores agem sempre no
sentido de maximizar seus lucros ou benefícios. No entanto, há um aspecto
fundamental a ser observado e, talvez, seja um dos conceitos mais
importantes deste livro. Observa-se na história e também por meio das
experiências que, a rigor, não necessariamente, a maioria das pessoas age de
forma a obter efetivamente o maior lucro ou benefício, mas, ingenuamente,
age sempre acreditando que a atitude dela seja a melhor de todas (embora
raramente isso seja verdade). Não deve ser isso uma surpresa, pois já foi dito
por Descartes, no século XVII, que o bom senso é a coisa mais bem
distribuída do mundo, pois cada um se acha bem provido dele.
A componente fundamental a não ser esquecida é: a maioria das pessoas
não maximiza seus resultados, mas apenas cria a ilusão de que age no
sentido de maximizá-los, pois a multidão é extremamente fácil de ser
manipulada por aqueles que são astutos. Em outras palavras, as massas
negam permanentemente a realidade e exaltam a ilusão. Curvam-se como
pequenos animais domesticados a qualquer falácia produzida por
autoridades por possuírem pouquíssima capacidade de re exão. De fato,
isso é tão verdadeiro que o mercado de livros e atividades de misticismo,
ocultismo, autoajuda e de assuntos transcendentais é sempre crescente. Há
milhares de escritores que enriqueceram explorando esses segmentos, mas
muito provavelmente nem eles mesmos acreditam no que dizem. Para esses
autores, bem mais importante do que acreditar é dissimular e ngir
acreditar, pois essas atividades lhes rendem milhões de dólares.
Esses comportamentos, consequência de um eventual modo de raciocínio
uni cado, em tese, parecem complicados, mas não são. Para facilitar o
entendimento, vamos esquematizar e criar dois tipos de racionalidade
juntamente com suas de nições:

i. Racionalidade Plena – É a racionalidade mais rica e rara, a mais


necessária, de quem pensa por si mesmo, de quem elabora de forma
independente suas concepções. É a racionalidade própria daqueles que
questionam as informações e as autoridades; e não aceitam prontamente
ideias ou argumentos somente porque a sociedade ou as multidões se
conformam com eles. Em geral, é a racionalidade praticada pelos que
abominam as tradições. É a racionalidade daqueles que não hesitam em
mudar de opinião se os eventos evidenciam uma realidade antes não
percebida.
ii. Racionalidade Induzida – É a racionalidade mais pobre e abundante.
Está praticamente em toda parte. Con gura-se no modo de raciocínio
das massas, próprios daqueles que possuem comportamento de
rebanho, que não questionam os líderes, dos que não são astutos, dos
que se deixam enganar e são seduzidos por ideias ocas. É a racionalidade
dos que acreditam em qualquer discurso e ainda estão convictos de ser
elevado seu modo de raciocínio medíocre. Di cilmente mudam de
opinião, mesmo diante de evidências, pois são consumidos pela cegueira
do fanatismo.

A racionalidade induzida é amplamente explorada por ditadores, líderes


religiosos, gurus de autoajuda, artistas, líderes políticos e autoridades de
toda sorte. Eles in uenciam as multidões por meio da retórica ardilosa, do
engodo, de cultos, de performances extraordinárias e também por meio de
livros milenares que se contrapõem à ciência e que não se fundamentam em
evidência alguma, senão na fé e na esperança. Induzem as multidões a
acreditar em so smas que fortaleçam as posições de quem quer se
estabelecer e se manter no poder.
Esse fenômeno evidente já foi magistralmente denunciado por Fiódor
Dostoiévski em “O Grande Inquisidor1”. O texto apregoa que as pessoas
pensam ser livres, mas de fato trocam sua liberdade pela total obediência,
pois nada atormenta mais o homem do que a liberdade de consciência.
Observa que a humanidade sempre demandará por milagres, mistérios e
autoridades, considerados poderes que garantem a felicidade e que são
muito bem manipulados por governos e pelas diversas igrejas.
Essas ideias são tão inegáveis que pode ser comprovado que as massas,
assustadoramente, se sacri cam em miséria, não somente de bens materiais,
mas principalmente de pensamentos e ideias, tornando-se escravas
voluntárias, sem oferecer qualquer resistência, em favor desses líderes
embusteiros ou de partidos, para que eles possam desfrutar da riqueza e do
domínio sobre os seus seguidores incautos. A fórmula universal, além de
e caz, é amplamente utilizada: enquanto usufruem do luxo, em nome de
ideais estúpidos e inatingíveis, como moeda de troca, oferecem a fé e a
esperança, pois são os únicos entretenimentos possíveis e imediatamente
absorvidos pelas multidões adestradas e famintas por falácias.
Os exemplos são tão opulentos que, fosse listá-los todos em sequência,
desde o surgimento dos sumérios por volta de 4.000 a.C., a primeira
civilização humana organizada, provavelmente as paredes da biblioteca
pública de Manhattan não seriam amplas o su ciente para abrigá-los. Por
conta disso, vamos nos ater apenas a alguns poucos casos de racionalidade
induzida das massas do século passado e de nossa era.

i. Hitler – Por meio do nazismo, criou a convicção no povo alemão de que


os judeus deveriam ser eliminados e de que os arianos compunham uma
raça superior às demais. Foi o responsável por uma das maiores
atrocidades da história da humanidade e mesmo assim recebeu apoio
quase que integral do povo alemão. Hitler dominou as massas fazendo
uso da racionalidade induzida.
ii. Pastores americanos – Têm sob seus domínios aproximadamente 45%
da população americana (mais de 150 milhões de pessoas) que os
obedecem como cordeiros assustados, sempre à espera de novas ordens
e instruções. A maior parte desses americanos acredita que a Terra tem
apenas 10 mil anos desde a sua formação, enquanto estudos cientí cos
comprovam que a idade da Terra é de cerca de 4,5 bilhões de anos. A
in uência religiosa nos Estados Unidos é tão massacrante que alguns
pastores têm comunicação direta com os presidentes que, por sua vez,
são coagidos ao nal de cada discurso a proferir “Deus abençoe a
América”, caso contrário, não são reeleitos. Os pastores usufruem de
imenso poder e dominam as massas por meio da racionalidade
induzida.
iii
. Nicolás Maduro – O Presidente da Venezuela utiliza as técnicas do
populismo para manipular as massas. Trata-se de um ditador que se diz
democrático, mas que fere a democracia em seus princípios mais
básicos, entre eles, o cerceamento da liberdade de expressão. A
Venezuela afunda em pobreza e em escassez de produtos e mesmo assim
grande parte da população apoia o presidente ditador, porque não
consegue enxergar a realidade. A estratégia do presidente é disseminar a
miséria, culpar os Estados Unidos e outras forças ocultas por todos os
revezes e se exaltar por distribuir um punhado de alimento para os
pobres que, por sua vez, prestam-lhe idolatria. Maduro impôs um
regime autoritário que domina as massas utilizando excessivamente a
racionalidade induzida.

Todos esses movimentos em favor de utopias ocas, que resultam no


domínio das massas, têm em comum a criação de um sistema de normas e
valores fundamentados na crença de uma ordem sobre-humana que é, em
essência, a de nição do conceito de religião2. Incrivelmente, ainda na nossa
era o discurso pomposo de um líder que contradiz os fatos é plenamente
capaz de sobrepor a própria realidade, continuamente esmagada e solapada
por mentiras. Isso ocorre porque as pessoas são facilmente seduzidas e
corrompidas por ordens imaginárias, fantasias e mitos.
Estaremos utilizando em abundância essas técnicas que exploram a cção
e o engodo em nosso favor para seduzir as mulheres. As mulheres são
evidentemente atraídas por situações imaginárias, conforme será
demonstrado principalmente ao nal do Axioma 13. As cções são tão
in uentes que carregam a força de induzir as mulheres a acreditar que os
estados das coisas se alteram, que tudo passará a ser diferente e que se
tornam pessoas renovadas após cortar o cabelo e criar um novo penteado no
salão de beleza. No Brasil, elas gastam mais com a beleza (cabeleireiros,
plásticas, cosméticos, etc.) do que com a própria educação.
O lema da Royal Society de Londres, instituição que se dedica a evolução
do conhecimento cientí co, é “Nullius in verba”3. Expressão em latim que
quer dizer “pense por si mesmo”, “investigue”, “não tome nada por
garantido”, “questione as autoridades”. É exatamente esse comportamento
que iremos exercitar incansavelmente para atingir os objetivos.
O esquema a seguir resume a diferença de resultados de quem utiliza a
racionalidade plena e a racionalidade induzida:

Os fundamentos da Teoria dos Jogos foram concebidos considerando que


seus participantes exercitam a racionalidade plena. Mas nós iremos dar um
passo adiante porque já sabemos que isso não é verdade. A nossa Teoria dos
Jogos apresenta pequena e importante variação. Será fundamentada na
concepção de que a maioria das pessoas pratica a racionalidade induzida
acreditando, ingenuamente, estar exercitando a racionalidade plena, pois
dessa maneira também age a imensa maioria das mulheres.
Embora possa parecer chocante, isso está longe de ser uma novidade, pois
Maquiavel já havia observado esse fenômeno quando diz no Capítulo XXII
do “O Príncipe”, “Dos ministros que os príncipes têm junto de si”, que
existem três espécies de inteligência: uma que é capaz de raciocinar por si
mesma, outra que é capaz de discernir com a ajuda de terceiros e a última
que não é capaz de raciocinar nem por si e nem com intermédio de outros,
sendo a primeira ótima, a segunda boa e a terceira inútil. É raro encontrar
mulheres no primeiro grupo, mas mesmo assim, jamais se deve
menosprezar suas habilidades para enganar e dissimular.
O matemático americano John Nash desenvolveu a teoria de que em todo
problema social há um ponto de equilíbrio que, com o decorrer do tempo,
foi denominado “Nash Equilibrium” e é por de nição o ponto em que todos
os jogadores (indivíduos) estão fazendo o melhor contra os outros. Em
outras palavras, o ponto de equilíbrio é aquele em que, se qualquer
indivíduo tomar uma ação que se afaste dele, sua recompensa será menor e,
exatamente por isso, o ponto de equilíbrio se torna um ponto estável. No
nosso caso, o ponto de equilíbrio é a situação na qual ocorre o sexo. A
relação amorosa é a recompensa máxima e é nesse ponto que queremos que
os jogadores estejam. Qualquer outra situação que não seja a consumação
do coito implica necessariamente em uma recompensa menor.
Para ilustrar o ponto de equilíbrio de Nash, suponha que você seja
representado pela pessoa de cor diferente das demais e que o objetivo de
cada indivíduo (jogador) seja ocupar a posição mais alta possível na
gangorra. O ponto de equilíbrio, se todos agirem de maneira racional, é
mostrado na próxima gura. Nessa situação, todos os jogadores estão
simultaneamente tomando as melhores ações possíveis.

No ponto de equilíbrio de Nash, não há nenhuma outra ação possível a


cada participante que, agindo individualmente, possa melhorar o seu
próprio resultado. Caso você decida ir para o outro lado da gangorra, a sua
recompensa será menor, conforme mostra a gura a seguir, onde h2 é
menor do que h1.
Importante observar que, no ponto de equilíbrio de Nash, não
necessariamente as recompensas dos indivíduos são iguais. Os jogadores
podem ter recompensas diferentes. Mas é o ponto no qual um indivíduo é
incapaz de melhorar seu resultado agindo somente com seus próprios
esforços ou ações.
Todo esse raciocínio se encaixa perfeitamente em nossa missão:

a. Temos um sistema social competitivo (sites de relacionamentos) com


indivíduos (jogadores) participantes: homens e mulheres em busca de
relacionamentos;
b. Nosso ponto de equilíbrio de Nash é materializar a relação sexual com
as mulheres, que também signi ca atingir a máxima recompensa;
c. Nossas ações, por si só, são sempre insu cientes para melhorar o nosso
resultado, uma vez que a recompensa também depende das ações das
mulheres e dos outros competidores.

Dos fatos:
1. O “Dilema dos Prisioneiros” é o mais conhecido da Teoria dos Jogos e
pode ser assim enunciado: A polícia, sem provas su cientes para
condenar dois suspeitos, os detêm incomunicáveis em salas separadas, e
a eles oferece as opções:
a. Se um confessar e o outro nada disser, o que confessa ca livre e o outro
cumpre 10 anos.
b. Se ambos permanecerem em silêncio, cada qual ca um ano preso.
c. Se um e outro confessarem, cada prisioneiro cumpre 5 anos de cadeia.
Percebe-se claramente que cada resultado individual depende do
comportamento do outro. Qual a melhor atitude a tomar? São essas
situações que podem ser modeladas pela Teoria dos Jogos e que de fato
acontecem na vida real. Nas relações com as mulheres não é diferente, e
nesses jogos procuraremos atingir o ponto de “equilibrium” em que se busca
a máxima recompensa.

Resumo:
Os sistemas sociais competitivos podem ser modelados como jogos, em que
cada indivíduo procura fazer o melhor contra os outros ao buscar sempre a
máxima recompensa. No entanto, raramente as atitudes desses indivíduos os
conduzem ao melhor resultado, pois possuem um raciocínio frágil e passível
de manipulação pelos que forjam a verdade. A sedução e a convivência com
as mulheres são um jogo constante e nós utilizaremos estratégias astutas e
audaciosas de forma que sejam induzidas a atingir o ponto de equilíbrio
(“Nash Equilibrium”), aquele em que o sexo é a recompensa.

1 A história do “Grande Inquisidor” é uma das passagens mais célebres e brilhantes de Dostoiévski.
Relatada no livro “Os Irmãos Karamázov” (1889-1890) por meio da personagem Ivan Karamázov,
trata do encontro do cardeal da Santa Igreja com Jesus Cristo em Sevilha, na Espanha, nos tempos
mais terríveis de Inquisição, em que “os medonhos hereges ardiam em soberbos autos-de-fé”, “ad
majorem gloriam Dei” (para maior glória de Deus). Sendo concebida prematura e fora de propósito a
volta de Jesus Cristo, ao mesmo tempo em que considerada uma ameaça à ordem e ao poder da Igreja,
o inquisidor ordena a sua prisão.
2 Conceito retirado do livro “Uma breve história da humanidade” de Yuval Noah Harari.
3 Do site da Royal Society: “Nullius em verba” pode ser rudemente traduzido como “não se e na
palavra de ninguém”. É uma expressão da determinação de seus membros para resistir à dominação
das autoridades e para veri car todos os discursos à luz dos fatos determinados pelos experimentos.
Axioma Zero –
Dos tipos de moral
A comédia “A Mandrágora”, de Maquiavel, conforme anuncia em seu
prólogo, trata de um amante infeliz, um doutor pouco astuto, um frade de
má vida e um parasito fértil em malícia. Além de outras poucas
personagens, adiciona-se à história Lucrécia, esposa do médico Messer
Nícia. A trama se desenvolve a partir do desejo de Calímaco, o amante
infeliz, de possuir Lucrécia e que, para isso, se aproveita da ingenuidade do
doutor. Cada personagem, incluindo o frade, age de acordo com seus
próprios interesses, sem se importar com a moral ou com o dever, ao visar
apenas suas recompensas. Incrivelmente, o conto ainda encontra
ressonância intensa na vida que se vive.
A genialidade de Maquiavel também reside em sua capacidade de
esmiuçar as vísceras da existência e de expô-las com clareza. Maquiavel, no
capítulo XV de “O Príncipe”, “Das coisas pelas quais os homens,
especialmente os príncipes, são louvados ou vituperados”, não se atém à vida
como ela deveria ser, mas como ela é, e alerta a quem o faz que aprenderá
uma forma de se arruinar e não a de se defender. De acordo com Maquiavel,
ser bom em meio a tantos outros que não são bons não é uma boa prática.
No capítulo XVIII, “De que modo deve o príncipe manter a palavra dada”,
diz-se que é louvável ao Príncipe ser íntegro, manter a palavra dada e não
ser astuto. Contudo, a experiência mostra que aquele que age com astúcia e
não empenha a palavra quando não for mais de seu interesse fazê-lo, atinge
grandes feitos e até supera os que ncam sua conduta sobre a lealdade.
Com efeito, os conselhos maquiavelianos se mostram verdadeiros nas
relações, pois, infelizmente, faz parte da natureza das mulheres confundir
generosidade com submissão, bondade com sinais de fraqueza e ação
prestimosa com ato pusilânime, sendo os homens poderosos e de posses os
mais dignos de receber o assento de seus olhares. Apesar disso, ainda ousam
intitular de amor o comportamento fundamentado unicamente no interesse.
As mulheres, em geral, basicamente são atraídas pelos homens de poder. São
poderosos os homens que têm alta capacidade nanceira. Há ainda que se
destacar que pouco importa para elas se a origem do dinheiro é lícita ou
não. Isso decorre da inclinação que ostentam em favor do comportamento
desmedido.
Classi cam-se as teorias morais, que são re exões de como se deve agir,
em consequencialistas e deontológicas. A primeira se divide em pragmática
ou utilitarista. A pragmática resume-se na moral maquiaveliana, sendo uma
ação boa ou ruim em função dos resultados. Age bem quem atinge os
resultados esperados. A moral utilitarista, introduzida por John Stuart Mill,
considera que age bem aquele que produz a boa consequência e a felicidade
do maior número. Na moral consequencialista, a ação em si mesma não
pode ser classi cada como boa ou ruim. O que importa é o resultado da
ação. Por último, a moral deontológica, a moral de princípios, a moral de
Kant. O valor da ação está na própria ação, sem se importar com as
consequências. É a moral em que a ação deve ser alinhada com o dever
moral. Todas essas teorias morais são excludentes entre si.
A moral de Maquiavel é uma moral por resultados e, conforme já dito,
também denominada moral pragmática. Os ns como moralização das
necessidades: é essa a moral que se explora aqui. Utiliza-se a astúcia e a
malícia para se atingir o objetivo principal, que é o coito. O que acontecerá
depois é secundário e por isso deverá ser tratado inteiramente como
epifenômeno.

Dos fatos:
1. As relações dos nossos tempos são tão voláteis e as redes sociais geram
tantas oportunidades de última hora, que compromissos assumidos,
tidos como uma certeza, são desmarcados minutos antes sem qualquer
constrangimento. Mulheres estão sempre buscando as melhores
oportunidades para si mesmas e, caso surja convite aparentemente mais
interessante do que o seu, elas o descartarão com desfaçatez, sem se
importar com a sua frustração e o empenho da palavra.
2. Compreenda que você não é mais do que uma carta no baralho entre
milhões de outras. Você não é mais do que uma insigni cante opção
entre várias alternativas. Afaste-se da armadilha de sucumbir ao afeto
nas primeiras semanas da relação, seja virtual ou real. Agindo de
maneira afetiva, você aprenderá um modo de se arruinar e não a de se
defender.
3. Diante de tantas opções, a busca não cessa. Mesmo que o objetivo do
sexo seja atingido e o desempenho sexual satisfatório, são grandes as
chances das mulheres continuarem a procura por alguém melhor que
você (exceto se você for muito poderoso e rico). Não cessarão em
procurar alguém mais atraente, mais forte, com mais posses e com
maiores virtudes. Você é uma peça descartável em um antiquário
abarrotado de quinquilharias. Nada signi ca absolutamente nada. As
relações, devido ao alto nível de intolerância, estão descartáveis. Estão
todas nas nuvens. O mundo está vaporizado.
4. A esposa fútil de olhos arregalados de um in uente e corrupto*4 político
brasileiro, ex-presidente da Câmara dos Deputados, preso por desvio de
milhões de dólares, parece ter se livrado da cadeia, apesar de ter torrado
uma imensa quantidade de dinheiro do marido. A farra, que ultrapassa
a barreira dos seis dígitos, pagou aulas de tênis de 60 mil dólares a
jantares so sticados de 10 mil dólares em Nova York e Paris. Ela
cumpriu o que está programado na natureza de seu DNA: gastar, gastar,
gastar. A rma jamais ter se preocupado com a licitude do dinheiro
(quem quiser que acredite). Depois confessou: “Qual mulher não faz
uma compra independentemente do valor?”
5. Conversava por texto com uma psicóloga conceituada que habitava área
nobre do Rio de Janeiro, especialista em terapia de casal, quando recebi
a visita de um amigo. Por coincidência ele a conhecia. Tiveram um caso
passageiro dois anos antes e, de quando em quando, trocavam
mensagens sem compromissos. Passamos, eu e meu amigo,
simultaneamente, a conversar com a psicóloga pelo WhatsApp, mas ela
não sabia que estávamos lado a lado. Para testar a integridade da moça,
marcamos jantar no mesmo dia e no mesmo horário. Na manhã do dia
do jantar, indaguei a ela se estava con rmado nosso compromisso. Não
sem antes con rmar com meu amigo seu compromisso com ele, dissera
ela que um imprevisto surgira e que não seria possível jantar comigo
naquele dia. Horas depois, meu amigo, conforme eu havia combinado
com ele, escreveu a ela que não poderia comparecer ao jantar por conta
de problemas familiares. Imediatamente depois ela entrou em contato
comigo. Disse que poderíamos jantar, já que o imprevisto se dissipara. O
que impressiona é que essa psicóloga, agindo dessa maneira, conforme a
sua conveniência, se desviando de qualquer moral aceitável, aconselha
casais a encontrar estabilidade na relação.
6. A melhor e mais sábia atitude, se você pretende de fato se divertir, é
marcar um encontro com pelo menos cinco no mesmo dia, no mesmo
lugar e no mesmo horário, ou horários intercalados, para que, se
possível e com um pouco de sorte, possa encontrar com ao menos duas
delas. Caso todas con rmem, o que é quase uma impossibilidade,
invente uma desculpa (que seu bisavô fugiu do túmulo) e se divirta com
as quais melhor lhe convier. Se você con ar em um compromisso com
uma mulher somente, é provável que se frustre. Não se preocupe em
manter a palavra dada se, caso o zer, venha a lhe causar prejuízos. Essa
estratégia se faz necessária porque são de 20% as chances de que as
coisas ocorram conforme combinado. Os outros 80% estão entregues
aos imprevistos que podem ser uma alergia de última hora, o vômito da
babá, o infarto do pai, o colapso mental da avó, a lha que perdeu as
chaves na universidade, a consulta médica de última hora, o ex-marido a
perseguindo ou o tombo do gato. A principal e mais importante
pergunta que deve ser sempre respondida ao se conhecer alguém é: O
quanto de caos esta mulher carrega dentro de si?

Resumo:
Nas conquistas, deve-se explorar a moral pragmática de Maquiavel; a moral
de resultados. O objetivo é o coito e, para atingi-lo, far-se-á uso abundante
da astúcia e da malícia, sem se preocupar em empenhar a palavra dada e em
falsear com a verdade, pois, muitas vezes, a experiência tem mostrado que
aqueles que agem com deslealdade superam os resultados daqueles que
prezam pela integridade.

4 Na era atual, denominar político brasileiro de corrupto é um pleonasmo.


Axioma 1 – Dos sites e aplicativos
de relacionamento
Há uma grande disseminação de sites de relacionamento na internet.
Quando eles surgiram, muitos cobravam pelos serviços. Em seguida, a
concorrência foi cando cada vez mais acirrada e não demorou a surgir os
sites e aplicativos gratuitos ou aqueles que oferecem parte dos serviços sem
necessidade de pagamentos. Tamanhas são as opções que não há sentido em
fazer subscrições pagas nesses tipos de aplicativos, a menos que o serviço
cobrado seja de fato diferenciado.
Algumas tarifas chegam a ser ridículas. Uns cobram para enviar
mensagens, outros para lê-las e ainda existem aqueles que cobram para
revelar quem te selecionou para um bate-papo. Em torno disso, ocorrem
ainda outras variações de cobranças. Não há nenhuma garantia de que todos
os per s cadastrados sejam verdadeiros e o usuário corre o risco de gastar
dinheiro e de ser enganado. De todo modo, convém se precaver. Mas,
mesmo com esse risco, tomo como verdadeiro que apenas uma parcela
menor dos per s seja falsa e te faça gastar inutilmente o dinheiro,
enriquecendo ilicitamente as empresas que proporcionam esses serviços.
A preferência por um ou outro aplicativo de relacionamento ocorre por
razões que variam de pessoa a pessoa. Particularmente, aprecio os menos
burocráticos, os mais diretos. Abomino os que exigem preenchimentos
extensos de per l ou que iniciam com questionários obrigatórios enormes.
A meu ver, há pouca correlação entre o que se escreve no per l ou nas
respostas dessas perguntas com as chances de acasalamento. Também tenho
minhas dúvidas sobre os algoritmos que indicam a nidades entre
desconhecidos. Não há um usuário sequer, tanto entre os homens,quanto
entre as mulheres, que não escreva coisas fantásticas sobre si mesmo.
Os per s, tal como o Facebook, descrevem um mundo ideal, um mundo
inexistente, onde todos os indivíduos são perfeitos, felizes e rodeados de
amigos. O grande chamariz e uma das maiores virtudes do mundo virtual é
sua enorme capacidade de se afastar do mundo real ao permitir que as
pessoas sejam quem elas pretendem ser. Con gura-se apenas uma projeção
ctícia de si mesmo na qual se nega a realidade das coisas. As plataformas
virtuais permitem que seus usuários se tornem celebridades e alimentem seu
ego.
Em geral, as fêmeas dedicam mais tempo do que os machos na leitura dos
per s. Para os homens, se a mulher for provida de dotes físicos, for bonita e
gostosa, pouco importa a pro ssão, se aprecia as montanhas, se já esteve na
China, se toma café sem açúcar, se coleciona bolsas da Louis Vuitton ou as
músicas que ela escuta. Em oposição, para as mulheres, cada detalhe faz
toda diferença, pois, inconscientemente, não estão à procura de a nidades,
mas das divergências que justi quem a exclusão desse ou daquele per l.
Ressalta-se que elas conferem atenção especial à carreira e à posição social
dos homens (leia-se apuração sigilosa do volume de recursos disponíveis na
conta do banco).
Pesquisas apontam que as mulheres apresentam maior tendência de se
afastar da verdade na exposição dos dados e das características pessoais do
que os homens. O hábito de ler atentamente o per l ocorre com muito mais
frequência nos Estados Unidos, cuja cultura tem o louvável hábito de tomar
como verdadeiro o que é expresso, seja na forma oral ou escrita. Muito
diferente do Brasil, cuja cultura carrega a tradição secular de enganar tanto
na escrita quanto no discurso.
Curiosamente, algumas mulheres expõem em poesias quase que uma aula
sobre o que é o amor e a felicidade. Isso tem o propósito de servir como
método de exibição de sensibilidade e exaltar seus pouco prováveis estados
de pureza das almas. Outras, menos pretensiosas, estão em busca de quem
as façam felizes. Do ponto de vista dos homens, os per s das fêmeas têm de
fato duas utilidades objetivas apenas: coletar palavras chaves para iniciar
conversa e capturar o nível de religiosidade e de superstição. Mais detalhes
sobre isso serão abordados em axiomas adiante.

1
Dos fatos: . Durante a elaboração desse livro, o site Ashley Madison,
que proporciona um ambiente propício para quem deseja trair o
cônjuge, foi invadido por hackers por cobrar de seus membros o
cancelamento e a extinção de seus cadastros, o que é claramente uma
atitude desleal e de má-fé. Estima-se que tenham faturado cerca de
1,4 milhões de dólares com essa política desonesta. Portanto, é
prudente se certificar da lisura dos sites de relacionamento antes de
providenciar o seu cadastro.

Resumo: Há uma quantidade enorme de sites e aplicativos de


relacionamento no mercado (match, par perfeito, be2, okcupid, chemistry,
zoosk, tinder, pof, eharmony, happn). Faz-se possível participar de alguns
deles de forma gratuita, apesar de alguns oferecerem serviços pagos.
Embora o que conte para o homem seja primeiramente a aparência da
mulher, para as mulheres as coisas não funcionam exatamente dessa
maneira. Por isso, nos sites que exigem o preenchimento de perfis,
convém preenchê-lo com zelo, já que as mulheres concedem
importância ao perfil. Um perfil pobre, mal escrito e pouco atrativo
certamente causará danos aos seus resultados.
Axioma 2 – Da importância do
Facebook e do Branding
Sem dúvida, o capítulo XVIII, “De que modo devem os príncipes cumprir
a palavra dada”, é um dos mais brilhantes do livro “O Príncipe”. As relações
interpessoais de nossa era são tão voláteis, descartáveis e super ciais que
certos pensamentos desse capítulo, por se alinharem às circunstâncias do
nosso tempo, se fazem ressonantes, tornando-se inevitável invocá-los.
Na segunda metade do capítulo XVIII, Maquiavel relata que o príncipe
deve ser piedoso, el, humano, íntegro e religioso. Contudo, alerta que
reunir todas essas qualidades em apenas uma pessoa, além de improvável,
torna-se prejudicial, enquanto aparentar possuí-las pode ser útil. Deve-se
também não deixar de lado o ânimo para faltar com essas características, e
agir de forma oposta caso os ventos se alterem e as circunstâncias assim
exijam. Resume que não se deve afastar-se do bem, mas estar preparado
para entrar no mal, se necessário.
Tomando ainda emprestadas as ideias de Maquiavel do capítulo em
epígrafe, pode-se dizer que as mulheres, em geral, julgam bem mais com os
olhos do que com o tato, porque muitas podem ver, mas poucas podem
sentir a sua essência, os seus valores, quem você realmente é e que, no nal
das contas, é o que menos importa. Você, em si, é destituído de valor, e não
possuir bens ou um excelente automóvel, tal qual um príncipe sem armas, o
faz desprezível. Por isso, uma das ferramentas mais importantes a ser
explorada é o Facebook, pois é notável a impotência do público feminino em
se livrar desse vício, inconciliável com qualquer avanço intelectivo, ao se
dedicar a metáforas débeis, ocas e sem conteúdo, que pavimentam um
assombroso estado latente de frivolidade e por meio do qual compartilham a
sua individualidade. Não seria exagero a rmar que o Facebook pode ser
considerado, a mais das vezes, o “portal universal das coisas inúteis”,
tornando-se vala comum da qual se anuncia soberbamente ao mundo o
prato que se come em um planeta onde mais de um bilhão de pessoas não
têm acesso à água potável e cerca de 500 milhões de crianças são
subnutridas5.
As mulheres dedicam tempo incrível com o propósito de investigar a vida
alheia e devotam horas consideráveis se pavoneando para os sel es6, um
ritual cada vez mais paranoico e comum no globo terrestre. Cada indivíduo
se empenha em criar seu próprio brand (marca) para se tornar uma
“pseudo-celebridade” que se esfarela numa sociedade progressivamente fútil
e vazia. Mesmo quando o conhecem pessoalmente, o seu Facebook é
solicitado, porque julgam que lá se encontra a sua marca e ser possível
seguir os seus rastros. Também é no Facebook que veri cam se você é casado
ou solteiro. Um per l empobrecido no Facebook te fará ganhar a pecha de
esquisito e incitará o surgimento de descon anças múltiplas. Para as
mulheres, o Facebook é tão fundamental que não fazer parte da rede tem o
mesmo signi cado de não ter nascido. Entre escolher um e outro, ter um
Facebook elaborado vai fazer toda a diferença. Chegamos ao ponto em que
dá-se mais importância ao que se escreve ou se posta no mundo virtual do
que se é ou se expressa no mundo real. Mulheres competem entre si por
curtidas em seus posts, almejam ser alvo de escrutínio e algumas te
repreendem por não concedê-las curtidas na quantidade esperada. Não se
sinta amargurado quando, sem razão aparente, umas e outras lhe excluírem
de suas respectivas listas de amigos, porque é apenas o modo singelo que
elas exercitam para lhe rotular como desprezível. Em suas mentes criativas,
esse ato funciona como uma grave punição, semelhante a atravessar uma
lança a ada pelo seu corpo. Trata-se de uma necessidade intrínseca de exibir
austeridade e expressar rejeição com o propósito de ferir.
Diante dessa realidade, é importante que no Facebook você exponha fotos
e dizeres que lhe mostrem piedoso, sensível, que tenha fé, que seja íntegro,
humano e religioso. Fotos com animais, champanhe, vinho, pratos
elaborados, sobremesas apetitosas, de viagens pelo exterior e de óculos Ray-
Ban são essenciais. No Facebook, o maior simulador de felicidade já
elaborado pela espécie humana, você constrói o seu brand e você é quem
você quiser ser. O mundo não se interessa pela sua essência e pelos seus
valores, mas pelo o que a sua marca tem supostamente a oferecer ou o que
você pode proporcionar. As mulheres, em sua avidez por felicidade,
compram o glamour que for ofertado e mais importante do que ser verdade
é parecer ser verdade, pois a existência de cada um de nós se desenrola em
um mundo de aparências.
Alguns gurus de autoajuda e especialistas no mundo corporativo
incentivam as pessoas a virar uma marca ou um produto semelhante àqueles
que são expostos em vitrines ao lado de outros produtos. Para que você
chame a atenção e induza o público a comprar você, é preciso que se
destaque perante os demais produtos concorrentes e se torne alguma coisa
que você não é. De certa forma, isso contraria uma das sentenças de granito
de Nietzsche: “Torna-te quem tu és”. Particularmente, a ideia de se tornar
um produto é uma proposta ridícula da sociedade degradada de nossa era.
Mas uma gota, por mais quente que seja, não é capaz de aquecer as águas do
oceano. Lutar contra essa ideia, já disseminada, é inútil em uma sociedade
pouco intelectualizada e você irá perder. Como nosso foco são os resultados,
convém mesmo se tornar uma marca.
Essa cultura patética está tão disseminada que até mesmo o RH das
corporações investiga seu Facebook para esquadrinhar o seu per l. Não se
assuste se esses pro ssionais somarem as curtidas de seus posts para medir o
quão sociável você é. Curtida é sinônimo de talento e se tornou algo tão
valioso que surgiram empresas especializadas em vender curtidas. Quem
poderia imaginar que tal como o açúcar, o milho e o minério de ferro, o
curtir viraria uma commoditie?
A necessidade de se tornar uma marca ca também evidenciada nas
entrevistas de emprego. As cinco perguntas inevitáveis elaboradas pelo RH
são: – Fale-me sobre você?
– Por que você quer trabalhar nessa empresa?
– Qual o seu ponto forte?
– Qual o seu ponto fraco?
– Onde você se vê daqui a cinco anos?
Ultimamente incluíram mais duas outras (É o RH se reiventando): – Se
você fosse um animal, qual deles queria ser?
– Se você pudesse convidar três pessoas, vivas ou mortas, para um jantar,
quem seriam?
Se você ousar falar a verdade em uma só dessas perguntas, irá perder a
chance de emprego. Prepare-se para mentir e fazer o mundo escutar o que é
esperado ouvir.

1
Dos fatos: . A obsessão pelas marcas ultrapassa limites. A esposa do
cunhado de um amigo é fascinada por bolsas e as expõe em
quantidade em suas páginas nas redes sociais. Em um final de
semana, na estrada, voltando da serra, ela, seu marido e as filhas
foram interceptadas por bandidos, que lhe roubaram o carro,
celulares, documentos, bolsas... enfim, todos seus pertences.
Ninguém se feriu. Após o susto, o comentário dela para o marido foi:
“Levaram minha bolsa legítima da Gucci e ainda a estou pagando”.
2. Em outro episódio, em um almoço com uma amiga, ela menciona de
forma irradiante ter conhecido na véspera uma pessoa por quem
acreditava estar apresentando entusiasmo crescente. Haviam trocado
apenas alguns beijos na noite anterior. Perguntei como ele era e esperava
ouvir qualidades de sua personalidade como ser honesto, inteligente,
gentil, educado e, para minha surpresa, ela intempestivamente disparou
ser ele extremamente bem-sucedido nanceiramente. Indaguei como ela
poderia ter certeza disso. Ela revelou, muito enfaticamente, ter o macho
dito ser diretor de grande empresa. Também confessou ter revirado o
seu Facebook, que era ornado com inúmeras fotos de viagens, lugares
maravilhosos e restaurantes so sticados. Ainda adicionou,
euforicamente, que ele se exibia sempre impecavelmente bem-vestido.

Resumo: Crie o seu brand de sucesso no Facebook, adornando-o com


fotos de viagens e lugares sofisticados, mostrando-se misericordioso,
fiel, humano, íntegro e religioso. Mais importante do que reunir essas
características é aparentar possuí-las, pois as mulheres compram o
glamour de sua aparência. O mundo julga muito mais com os olhos do
que com o tato; muitos podem ver, mas poucos podem sentir. Como já
proferiu La Rochefoucauld: “O mundo premia muito mais os sinais de
mérito do que o próprio mérito”. Esteja preparado para faltar com a
verdade e dizer de forma criativa ao mundo o que o mundo quer ouvir.

5 Dados obtidos em http://atd-fourthworld.org/who-we-are/faq/how-many-people-living-in-poverty-


are-there/
6 No ano de 2015, houve maior número de mortes causadas por quedas em sel es, do que fatalidades
causadas por ataques de tubarão.
Axioma 3 – Da polidez e da
insuficiência
Segundo André Comte-Sponville7, a polidez é a primeira virtude e talvez a
origem de todas as outras. Pequena virtude apenas. Difícil imaginar um ser
virtuoso sem polidez. Na ausência de outras virtudes, requer-se, ao menos, a
polidez. Contudo, a polidez, por si só, é insu ciente, pois, não raro, faz-se
uso dela como superfície de aparências para acobertar uma intenção
perversa.
De uma pessoa com boas maneiras, e apenas por conta delas, não é
possível deduzir muitas coisas. Seria imprudência tomar unicamente os
bons modos como razão su ciente para se evitar as precauções. As mulheres
polidas são capazes de desferir os piores golpes, que são tão mais duros
quanto mais inesperados. Convém aqui tomar emprestados e absorver
alguns conceitos dos estoicos que asseveram que um homem sábio é imune
aos infortúnios e não se deixa escravizar pelas paixões.
Sendo as mulheres polidas as que têm maior potencial para causar danos,
jamais se deve abrir mão da descon ança, que deve ser praticada de forma
velada. No capítulo XVII de “O Príncipe”, “Da crueldade e piedade e se é
melhor ser amado que temido”, Maquiavel observa que “deve-se proceder
equilibradamente, com prudência e humanidade, para que a con ança
demasiada não o torne incauto e a descon ança excessiva não o torne
intolerante”.
Recomenda-se, ao se iniciar diálogo, utilizar-se sempre da polidez e jamais
abandoná-la, independentemente das circunstâncias e do curso que tome a
conversa. A polidez é uma condição necessária, mas não sólida o bastante, o
que ainda a submete não ser garantia de nada. Ser polido não signi ca que
não se deva empregar a ousadia. Pode-se ser ousado, sem faltar com a
polidez ao se explorar o uso da malícia. Mesmo quando se é impelido a ser
rude e grosseiro, o melhor é respirar fundo e nada dizer ou virar as costas.
Ser rude ou agressivo caracteriza destemperança, falta de controle das
emoções, e é certo que o contato com a interlocutora será perdido. Ao ser
ofendido, deve-se responder com educação ou não responder, isso gera
mistérios e curiosidades. Mulheres são atraídas por mistérios e curiosidades.
Não responda insultos com outros insultos, pois isso leva à perdição, mas
com generosidades amenas. Muito provavelmente haverá recompensas por
essa atitude. Uma em cada cinco mulheres voltará a mostrar interesse por
você que, por sua vez, reiniciará o contato em posição mais fortalecida do
que antes.
Durante os encontros, nem sempre é possível tomar como conclusivo se os
gestos, os discursos e as expressões da mulher correspondem ou não a uma
atitude de que ela tenha se sentido atraída por você. Equivoca-se quem toma
as boas palavras e as maneiras educadas da mulher como componentes
su cientes de sinais de atração. Para evitar frustrações, convém empregar a
cautela e nunca tomar como certo um julgamento a priori.
No decorrer da relação, a polidez é desejável, mas nenhum relacionamento
é duradouro devido à polidez apenas. No entanto, é possível que ele se
rompa pela ausência dela. Um relacionamento carrega maior chance de ser
duradouro quando se faz uso de alguma fonte de poder.

Dos fatos:
1. Em geral, proponho os encontros em cafeterias por duas razões: a
primeira por apresentar um custo mais baixo em relação a um jantar e a
outra pelo fato do encontro poder ser tão breve quanto se deseje.
Raramente abro exceções a esse critério. Certa vez, uma mulher bem
elegante, de descendência alemã, sugeriu um jantar no primeiro
encontro. Como ela era muito atraente, considerei que poderia valer à
pena pagar o preço e arriscar. Tratava-se de uma mulher educada,
inteligente, muito bonita e so sticada. Ela escolheu o prato e uma
garrafa de vinho francês. Por todo o tempo foi muito polida, apresentava
bons modos e se mostrou interessada. Paguei a conta porque ela me
induziu a acreditar que teríamos outros encontros (o ato de pagar a
conta será tema de outro axioma). Após o agradável jantar, trocamos
mensagens carinhosas e ela sugeriu nos encontrarmos pela segunda vez
em uma churrascaria requintada. Mais uma vez ela pediu uma garrafa
de vinho e encerrou a refeição com uma sobremesa bem saborosa. A
conta foi maior do que a conta do primeiro encontro e resolvi pagar
novamente. Ao tentar beijá-la, ela refugou. A partir de então percebi que
tinha sido vítima de um golpe. Portanto, é sempre importante ter muita
cautela com as mulheres, principalmente com as polidas.
2. Em um de meus encontros, conheci uma mulher de beleza mediana,
porém inteligente e que era funcionária da prefeitura de sua cidade há
doze anos. Ela me pareceu bastante recatada, tímida e suas expressões se
mostravam indecifráveis. Como ela não tinha me interessado muito,
mantive a polidez e fui ousado em meu convite para o segundo
encontro. Se ela não aceitasse, certamente não a procuraria mais. Sugeri
comprar alguns frios e assistir um lme na casa dela.
Surpreendentemente, ela aceitou o convite sem hesitar. Ao chegar à casa
dela, conversamos um pouco e a beijei. Ela mostrou-se inicialmente
bem afoita e se entregou totalmente, procedendo em seguida de forma
bem desenvolta. Ela havia sido conquistada pela minha polidez. A
seguir trecho do diálogo do dia seguinte:
Eu – Adorei a nossa noite de ontem. Vc é deliciosamente ousada.
Ela – Eu também gostei. Vc também é.
Eu – Sua boca é maravilhosa. Gostei de senti-la.
Ela – E eu adorei colocá-la em você e sentir “ele” dentro dela.

3. Após uma semana de conversa, apesar da moça mostrar clara


preocupação em ser recatada, foi marcado um encontro em um café
localizado em um dos maiores shoppings do Rio de Janeiro. A dama era
bonita, pele bem tratada, educada (embora não tivesse se aprofundado
nos estudos) e se apresentou de forma elegante e so sticada. Proprietária
de três lojas especializadas em moda feminina para a classe A, se
apresentou um pouco preocupada com o andamento dos negócios. O
discurso inicial fora sobre a ausência de valor e volatilidade nas relações
dos tempos atuais. A empatia na conversa logo se mostrou evidente,
principalmente pelos seus sorrisos que se sucediam e por seu olhar
sustentado. No dia seguinte, uma sexta-feira, considerando a ventania, o
frio e a chuva que caía, sugeri que preparássemos um jantar e que
tomássemos um bom vinho na varanda de meu apartamento. Para
minha surpresa, a dama achou excelente a ideia. Vestiu-se
magni camente e o perfume que exagerara no pescoço a deixara com
um aroma delicioso. Fizemos o jantar, degustamos o vinho e logo
trocávamos carícias. Ela se mostrava cada vez mais arquejante, soltava
urros de quem esperava ser fustigada, mas ao mesmo tempo dizia que
não havia se preparado para tudo aquilo que estava a se desenrolar. Sem
se conter, e apresentando confusão de sentidos, logo estava despida em
meu sofá. Por quatro horas zemos sexo de forma absolutamente
fenomenal. No sábado, com o clima um pouco melhor, caminhamos,
almoçamos, visitamos uma de suas lojas e depois outra sessão de sexo
divino. Por todo o tempo que tivemos juntos ela sempre foi
extremamente afável e polida. Na segunda-feira, sem que nenhum
evento signi cante tivesse ocorrido, recebo a mensagem de que ela
estava muito assustada com a velocidade das coisas e, por isso, iria
guardar o nosso encontro como algo bom que havia acontecido na vida
dela e que não seria possível continuarmos porque tínhamos objetivos
diferentes. O curioso é que sequer mencionei qualquer objetivo
particular para ela. A polidez, nesse mundo de relações vaporizadas, não
signi ca nada. Não importa a profundidade das coisas, absolutamente
tudo se desmancha no ar com facilidade incrível.

Resumo:
Faça sempre uso da polidez, com a consciência de que a polidez, por si só, é
sempre insu ciente e não poderá jamais ser utilizada como penhor de
garantia. Não se deve tomar como certo que uma mulher que lhe trata com
sorrisos e boas maneiras tenha se sentido atraída por você. Não se precipite
em julgamentos e muito menos con e inteiramente neles. Agindo dessa
maneira, as frustrações e a baixa autoestima serão evitadas. Não se deixe
abater por resultados negativos. Todavia, a polidez pode ser utilizada como
ferramenta para atrair as mulheres. Convém reforçar o fabuloso pensamento
de Maquiavel: “Deve-se proceder equilibradamente, com prudência e
humanidade, para que a con ança demasiada não o torne incauto e a
descon ança excessiva não o torne intolerante”.

7 Filósofo francês que, entre outros livros, escreveu “Pequeno tratado das grandes virtudes”.
Axioma 4 – Da natureza do
raciocínio da mulher
Antes de divagar sobre a natureza do pensamento das mulheres, faz-se
necessário uma leve introdução ao “Princípio da Incerteza” de Heisenberg.
Contudo, ainda antes de introduzi-lo, faz-se ocasião para a demonstração de
um interessante conceito losó co da física clássica, que é a física que,
grosso modo, estuda os corpos cujas dimensões são visíveis aos nossos olhos
(por assim dizer: uma bola de golfe, um foguete, um planeta, etc.).
Na física clássica, para que se possa estudar o movimento de um corpo,
mede-se sua velocidade e posição e, assim, é possível prever sua trajetória
tendo conhecimento também das forças que no corpo atuam. Newton, no
século XVII, enunciou suas leis que, de tão belas e perfeitas, chegou-se a
admitir que não haveria nada mais a ser descoberto no campo da física.
Uma consequência imediata das leis de Newton, que causou impacto
de nitivo e abrangente na comunidade cientí ca, foi a crença de que, sendo
possível, hipoteticamente, medir a velocidade e a posição de todos os corpos
do universo, revela-se ser factível conhecer não só o futuro de todos os
eventos como também o seu passado, o que, por sua vez, conduzia ao
pensamento de que se vive em um universo determinístico. O que isso
signi ca? Signi ca que, se Deus criou o universo, então cada corpo e cada
criatura viva segue um destino já previamente determinado pelos céus. A
ideia confortante de que Deus decide o destino de todas as coisas era bem
aceita na época, bem aceita pela igreja e continua sendo aceita nos dias
atuais.
Com o advento da física quântica, nos ns do século XIX, cujo objeto de
estudo é o átomo e também as partículas e subpartículas que lhe dão forma,
o conceito de universo determinístico perdeu sustentação. Heisenberg, no
início do século XX, baseado em experimentos, formulou o “Princípio da
Incerteza”, que diz ser impossível se conhecer com exatidão a velocidade e a
posição de um elétron. Quanto mais se deseja conhecer uma grandeza,
menos se conhece a outra. Tudo que se pode conhecer é a probabilidade de
um elétron ocupar certa região do espaço. A natureza desse resultado
contrariou até mesmo Einstein, que resistiu em aceitá-lo. Ora, qual a
consequência imediata desse princípio? Signi ca dizer que há componentes
não desprezíveis de incerteza no estado das coisas e de relevante
aleatoriedade no universo. Essa constatação conduziu Einstein a proferir a
famosa frase: “Não posso acreditar que Deus jogue dados”. Tomando
emprestada a observação de Amit Goswami8, “no nível quântico, o universo
é essencialmente criativo”.
O leitor deve se perguntar qual a relação que essas ideias têm com o tópico
deste axioma. A resposta é que o “Princípio da Incerteza” se oferece como
prova epistemológica da natureza do pensamento da mulher. As duas
maiores componentes que dão forma ao modo de raciocínio da mulher são
a incerteza e a aleatoriedade. Com sorte, pode-se inferir apenas a
probabilidade do raciocínio da mulher ocupar esta ou aquela zona. O
pensamento da mulher é quântico, podendo se deslocar de uma zona a
outra por meio de grandes saltos (do mesmo modo que um elétron) e de
forma instantânea, sem que nenhum evento relevante tenha ocorrido que
sustente ou justi que tal movimento.
Por conta dessa natureza instável do modo de raciocínio da mulher, faz-se
útil recorrer a Maquiavel, que no capítulo XXI, “O que convém ao príncipe
para ser estimado” revela que faz parte da natureza das coisas nunca poder
evitar um inconveniente sem incorrer em outro, sendo o homem prudente
aquele que considera como bom o menos prejudicial.
Um dos erros mais comuns cometidos pelos homens é tomar como certos
os compromissos e as promessas assumidos pelas mulheres. Com o passar
do tempo, eles se alteram, qual agulha de bússola que gira entre dois polos,
sem que constrangimentos as a ijam, e sempre de acordo com o que for a
elas mais conveniente. Na maioria das vezes, as mudanças inadvertidas de
planos são comunicadas apenas em cima da hora. Não há nada sólido aqui.
Todos os compromissos estão na nuvem. Por essa razão, convém prevenir-
se, pois, como bem disse Warren Bu ett, “é quando a maré está baixa que se
percebe quem está de calça curta”.
O cérebro da mulher é orientado no sentido de criar problemas, confusão
e situações dramáticas, nunca soluções. Em Hamlet, Polônio indaga ao
príncipe o que este está lendo. Hamlet responde: “Palavras, palavras,
palavras...”. Fosse uma princesa e a resposta seria: “Imprevistos, imprevistos,
imprevistos...”.
Faz-se conveniente aqui emergir uma analogia com o décimo axioma
menor do livro “Os Axiomas de Zurique” de Max Gunther: “Jamais hesite
em sair de um negócio se algo mais atraente aparecer à sua frente”.
Transportando esse pensamento para nossa era, jamais hesite em desmarcar
com uma mulher se outra mais atraente aparecer à sua frente, visto que elas
procedem da mesma forma. Portanto, conclui-se que não se deve deixar-se
acorrentar por laços de sentimentos. Ao perceber uma oportunidade
melhor, corte suas raízes e siga em frente.

Dos fatos:
1. Acontecem mais coisas em cinco minutos no cérebro de uma mulher do
que em 100 milhões de anos no universo. Até mesmo o passado,
inacreditavelmente, é por elas modi cado. Como prova da veracidade
do que aqui se distingue, segue trecho de diálogo que se deu nas
primeiras horas de uma manhã. Na noite anterior ocorrera o primeiro
encontro. Ainda antes disso, troca de mensagens por 10 dias. Após o
jantar, no qual se desenvolveu conversa aprazível e a convergência de
a nidades, nos encaminhamos para o automóvel que se encontrava no
estacionamento do shopping. Houve troca de beijos acalorados,
lambidelas e mordidelas pelo pescoço, carícias correspondidas, suspiros,
leves deslizes com as mãos pelos seios e pelas pernas. En m uma noite
de fato agradável, e tudo indicava que haveria continuidade. Eis o
diálogo que denota a natureza confusa e oscilante do pensamento da
mulher:

Ela – Pensei muito sobre nós na vinda de ontem. Não acho que eu seja a
mulher que tu procuras.
Eu – Por quê?
Ela – Quando falei contigo pela primeira vez, quei louca para saber mais
daquele homem com quem conversei uma hora sem parar e que queria falar
mais e mais. Foi o que me encantou. Saiba que saí de um relacionamento
recente. Eu não sou o tipo de mulher que traz o homem para casa nas
primeiras vezes. Tu gostas disso. Eu não gosto de car falando de sexo toda
hora, e tu gostas. Quero alguém que me admire como pessoa e o sexo vai ser
maravilhoso. Mas tu vais se cansar de mim te cortando, e eu não consigo
relaxar. Até permito que as coisas tomem um rumo que não é meu para não te
cortar.
Eu – Pensei que tivéssemos tido ontem noite agradável, não houve nada que
me induzisse a pensar o oposto, mas para minha surpresa não foi esse o caso.
Ela –Tu és um homem muito interessante, bonito, mas não vejo que seja eu a
pessoa.
Eu – Gostei de te conhecer... apenas me senti atraído por ti. Tentei te explicar
desde o início para você compreender. Mas parece que só isso importa. Fiquei
com vontade de te beijar, de te tocar... mas em todos os momentos respeitei os
teus limites.
Ela – Eu vejo que tu cas chateado, não tenho coragem de te impedir.
Eu – Nossa conversa sobre sexo apenas aconteceu porque você permitiu,
porque você gostou, foi espontânea.
Ela – Eu sei e te agradeço por isso...
Eu – A rigor, o que de fato acontece é que há um gabarito em sua mente e
tenho a sensação de que devo adivinhar quando é permitido e quando não é
permitido falar sobre sexo. Você, sem perceber, pratica uma censura sem
critério.
Ela – Fiquei atraída, não deveria ter deixado acontecer. É que depois dali, foi
a única coisa que falamos. Não precisamos falar só sobre sexo.
Eu – É um paradoxo, pois você havia dito que gostara da minha atitude.
Agora usa esta mesma atitude para não me querer mais. Não teríamos aqui
dois pesos e duas medidas?
Ela – Eu queria te agradar, mas estava me desagradando. Compreende?
Eu – O objeto que te agrada é o mesmo que você utiliza para se afastar.
Difícil a compreensão.
Ela – Gostei da sua atitude, sim. Mas não foi isso que me atraiu. As nossas
primeiras conversas foram sobre nós.
Eu – Ao sugerir dormir em seu sofá, o que foi uma brincadeira, não signi ca
que iríamos fazer sexo.
Ela – Ahhh... como se eu tivesse nascido ontem. Meu ponto é como você me
atrai e como você se atrai por mim. São atrações diferentes entre nós.
Eu – Agora já se trata de uma inferência. Você está tomando como
verdadeira uma suposição. Acaso sempre tomas como de nitivas as suas
hipóteses? Linda, só zemos tudo aquilo porque você permitiu e porque quis, já
que houve, inegavelmente, atração.
Ela – Já disse que permiti você me tocar para te agradar. Mas, quando
permito, vejo que não sou assim.
Eu – Que ótimo que haja atração entre nós, porque além de maravilhoso é
raro. Imagina quantos casais vivem sem se tocar. Vivem da aparência e de
uma tristeza velada.
Ela – Nós ainda não somos um casal! Em que momento da noite você
perguntou algo sobre mim?
Eu – Eu perguntei várias coisas sobre você. Aliás, você foi o foco da nossa
conversa. Perguntei sobre sua entrevista, seu trabalho... Uma pena mesmo.
Chega-se aqui a um momento crucial. Pode-se continuar a insistir, mas o
melhor a fazer é expressar o sentimento de querer continuar a relação e
recuar. Mas isso é tema do axioma 10.

2. A seguir, um exemplo que mostra a natureza incerta dos


relacionamentos, o que dá razão a Nietzsche quando diz: “Como são
múltiplas as ocasiões para o mal-entendido e para a ruptura hostil”.
Havia saído três vezes com essa mulher que dizia ter rompido um
relacionamento de 12 anos, dois meses antes. As saídas foram
maravilhosas, com trocas de beijos e carícias. Vínhamos nos falando
todos os dias e antes de dormir dedicávamos até mais de hora
conversando ao telefone. Ela pedia compreensão e um tempo para se
entregar, pois além de estar um pouco abalada com a separação,
precisava me conhecer mais profundamente. Costumava brincar
dizendo que eu estava sob análise. Ela é corretora de imóveis e por duas
vezes seguidas, um dia após o outro, adiou compromissos comigo, dados
como certos, em cima da hora, alegando que imprevistos aconteceram
em seu trabalho. O rumo que a coisa tomou foi inacreditável.

Ela – Também não iremos conseguir sair hoje, porque tenho que estender
meu plantão no trabalho.
Eu – Poxa... De novo... Que pena. Não poderia ter avisado antes? Estava já
arrumado esperando você. Será então que amanhã conseguiremos fazer
alguma coisa?
Ela – Por que você ca me pressionando? Já te disse que preciso trabalhar. Eu
não sei quando irei te ver de novo.
Eu – Eu não estou te pressionando. Apenas z uma pergunta sobre quando
nos veríamos, porque estou com vontade de ver você.
Ela – Já te falei mais de mil vezes que meus horários são incertos e parece
que você não quer compreender.
Eu – Eu compreendi que seus horários são incertos. Só não compreendo
porque te agastas por pequenas coisas.
Ela – Estou chegando à conclusão de que somos muito diferentes. Nossa
relação não vai dar certo.
Eu – O que foi que eu disse que te fez chegar a essa conclusão? De fato, agora
eu não te compreendo.
Ela – Você está tentando me controlar. Eu sou uma mulher independente,
isso não vai dar certo.
Eu – De que modo estou tentando te controlar? Fazendo-te um convite para
fazermos um programa juntos?
Ela – Você vai continuar me desa ando?
Eu – Vamos fazer assim... Vamos esquecer este mal-entendido. Posso te dar
um presente? Que tal você me passar o seu endereço? Quero enviar um buquê
de ores para você... Pode ser assim?
Ela – Você está louco? Para que quer meu endereço? Agora quer me
perseguir? Estou cando assustada. Se continuar me perseguindo, vou à polícia
fazer um boletim de ocorrência contra você.
Eu – Se visitar a polícia for te fazer bem, que inteiramente à vontade.
Também saberei tomar minhas medidas para me defender contra injúrias.
Você está perturbada. Quando voltar ao seu estado normal, poderemos
conversar novamente.
Ela – Nós não iremos conversar novamente. Vou te bloquear. Não fale mais
comigo.

Nas situações de estresse, a melhor atitude a tomar é deixar a mulher ser a


protagonista da última frase do diálogo e nada responder. Elas cam
furiosíssimas com essa estratégia que utilizam em abundância: ignorar o
interlocutor. Re eti intensamente sobre o porquê de carmos tão chateados
quando somos menosprezados ou ignorados. A conclusão que cheguei é que
quando agem dessa forma conosco, o sujeito que ignora nos atribui ausência
de qualquer valor ou valor extremamente insigni cante, e isto nos causa dor
profunda. O menosprezo é o pior de todos os insultos, sem que seja de fato
um insulto explícito (ninguém será condenado por não dirigir a palavra a
você). Mesmo os adjetivos infames nos causam menos danos, pois somos
vistos de alguma forma pelo outro. Com o menosprezo caindo sobre nós,
não somos vistos de forma alguma e nossa existência ao outro é sem
importância. Incrivelmente, duas semanas depois, a corretora de imóveis
entrou em contato pedindo desculpas, alegando que estava com muitos
problemas pessoais e marcou um encontro. Tivemos momentos
maravilhosos e uma noite deliciosa de sexo.

3. Dostoiévski também denuncia a instabilidade do pensamento feminino


em “Os irmãos Karamazov”, no diálogo em que Katya tenta convencer
Grushenka de desistir de Dimitri. Grushenka diz: “Promessas, você
sabe... Prendem demais. Às vezes não quero... não sei... depois eu quero.
Sou muito variável”. Logo depois Ivan indaga a Katya se ela quer que ele
não deixe a cidade. Katya diz que sim, mas Ivan replica dessa forma:
“Como também quer a todos, os seus cavalos, Moscou e o clima”.
4. Viajava por Miami em visita a meus tios. Uma prima me apresentou a
inquilina de seu apartamento, de origem russa, que se tornara sua
amiga. Sentindo-se só e carente, não foi difícil aproximar-se da
estrangeira. Jantávamos eu, a russa e meus tios. A conversa uía
agradável e, sem premeditar, vi-me posicionado de intérprete entre a
russa e meus tios. Em certo ponto do diálogo a russa se exaspera,
semelhante a quem tem esgotada a paciência.
Ela – Marcos, assim não será possível continuar a conversa. Tenho a
impressão que você traduz com delidade incrível, palavra por palavra,
vírgula a vírgula, todas as coisas que enuncio. Não pode ser assim! Quem
traduz bem é a sua prima. Aliás, onde está ela? Ela faz um resumo, e das
coisas que falo só traduz o que é importante. O que eu digo e não se faz
importante também não se faz necessário traduzir. Compreende?
Eu – Ah. Desculpe-me. Cogitei que era para traduzir todo o seu falatório.
Ela – Mas é claro que não!
Eu – Serei agora breve sem recorrer à abundância do discurso, se assim te
satisfaz.
Ela – Podemos continuar nesse novo modo?
Eu – Podemos.
A russa, sentindo-se mais confortável e con ante, continuou a conversa
sem se desviar da retórica prolixa. Após expor seu raciocínio por alguns
minutos, silenciou-se para que a tradução fosse iniciada. Contudo,
permaneci em silêncio e da boca da russa saiu um brado retumbante.

Ela – Você não vai traduzir?


Eu – Não precisa.
Ela – Por quê?
Eu – Por que você não disse nada de importante.

Imediatamente ela exasperou em russo:

Ela – Aaaaaarghhhh!

6. O encontro é com uma Juíza Federal, na faixa dos 40 e poucos anos, já


viúva, de seios falsos e consistentes, numa tarde de sol. Um punhado de
resquício de responsabilidade a levaria estar em seu gabinete
despachando algum documento inútil. Mas concedera folga a si mesma
porque no Brasil os juízes fazem o que lhes dão na telha e sem ser
molestados. Habitávamos a mesma região. Desde o nosso primeiro
contato, fez-se evidente a sua preocupação em mostrar-se erudita. Foi
categórica ao a rmar que jamais tivera uma derrota na vida (uau!). A
primeira derrota teria sido seu divórcio. Segundo ela, o divórcio é um
vexame. Contudo, quando na iminência de pedir o divórcio, por obra
dos céus, descobriu-se que o corpo de seu marido abrigava câncer em
estado avançado. A notícia soou-lhe como uma verdadeira benção. Faria
o esforço de aguentar por mais seis meses o néscio já não desejado. Em
três meses, para o seu contentamento e glória, ele morreu. Em seu modo
de ver, ser viúva é uma contingência alheia à vontade, mas o divórcio é
uma mácula. Assim, permanecia invicta e aos seus olhos sustentava
aspecto de vida imaculada. Impressionou-me aquele modo de
raciocínio. Poucos minutos depois, em seu apartamento, ofereceu os
mamilos, que se sustentavam em prótese, para ser lambidos.

Resumo:
A natureza do pensamento da mulher é quântica, instável, imprevisível e,
por conseguinte, totalmente incerta. Tudo o que nos sobra são ondas de
possibilidades que indicam que o pensamento delas deve pairar sobre esta
ou aquela região. O raciocínio da mulher não se submete a qualquer tipo de
previsão lógica ou critério coerente. Absolutamente nada do que ela diga
deve ser considerado como verdadeiro ou garantido. Situações favoráveis
podem se converter em situações desfavoráveis (e vice-versa) em frações de
segundos sem que razões sólidas para isso sejam identi cadas.

8 Amit Goswami é Ph.D em física quântica pela Universidade de Calcutá, Índia, conferencista,
pesquisador e professor emérito do departamento de Física da Universidade de Oregon, Estados
Unidos. Dentre outros livros, escreveu “O Universo Autoconsciente” que propõe um alinhamento
entre a física quântica e a espiritualidade. Segundo ele, os paradoxos da física quântica deixam de
existir quando se admite que a consciência forma a matéria e não o oposto. Com isso, cria-se um
ponto de entrada para a existência de Deus. Não um Deus religioso, mas um Deus como uma
consciência cósmica que interagiria com o mundo por meio das possibilidades quânticas.
Axioma 5 – Da escassez da lógica e
da ausência de coerência
Talvez seja prudente se preparar para perguntas profundas. Uma das que
acontece com mais frequência é a que indaga sobre o seu signo e ascendente.
A partir daqui, não há muito o que fazer, senão rezar para que seu signo seja
compatível com o signo dela. Ultrapassando esse critério de seleção
altamente rigoroso e cientí co, suas chances de acasalamento aumentam
dramaticamente. Estarão ainda mais altas se você mencionar que, de quando
em quando, realiza seu mapa astral. Mulheres amam mapa astral, pois eles a
fazem acreditar que estão em harmonia com o universo, que uma força
energética transcendental as impulsionam para cima e que basta mentalizar
o que se deseja e... plunkt plakt zum! O cosmos irá conspirar a favor. Apenas
não cometa o erro de perguntar para as especialistas em universo quantos
planetas existem no sistema solar e muito menos pedir para nomeá-los em
sequência, porque isso – o que é real – não tem a menor importância.
Nicolau Maquiavel, no capítulo XIX de “O Príncipe”, “De como se deve
evitar ser desprezado e odiado”, faz notar que o ódio se adquire tanto pelas
boas como pelas más ações e, se um príncipe tem a intenção de se manter no
poder, poderá ser forçado a não ser bom, caso esteja inserido em um sistema
acachapado pela corrupção, pois, para satisfazer os poderosos, é conveniente
ao príncipe se inclinar às ações infames, já que as boas ações o prejudicarão.
A comprovação desse modo de pensar de Maquiavel se faz evidente nas
relações com as mulheres porque as ações notáveis e valorosas, cedo ou
tarde, ou serão menosprezadas ou utilizadas contra você que, mesmo se
utilizando da cautela, ainda assim não se livrará da pecha de verdugo. A
razão desse fenômeno reside no fato de que na mente feminina a lógica e a
coerência orçam pelo disparate, sendo esta ausente, e a precedente, escassa.
A consequência imediata é o surgimento de uma imaginação que, de tão
fecunda, supera qualquer realidade possível. Sendo a realidade possível
sempre menor que a imaginação fértil feminina, é muito provável que você
seja condenado por não acompanhar um gabarito inatingível e mutante que
se aloca na mente delas. Embora seja possível discorrer longas linhas sobre o
tema, creio ser mais e caz ornar esse axioma com exemplos irrefutáveis e,
ao mesmo tempo, absurdos.

Dos fatos:
1. Ao acordar ao lado de sua recém-esposa na manhã seguinte ao seu
exuberante casamento, realizado na sede social do Jockey Club
Brasileiro, um dos lugares mais nobres, luxuosos e so sticados da cidade
do Rio de Janeiro, um amigo notou no semblante de sua amada certo ar
de tristeza. Assim sucedeu o diálogo entre eles nas primeiras horas do
amanhecer: Ele – Bom dia, meu amor. Está tudo bem?
Ela – É. Está.
Ele – Eu te conheço. Sei que não está. O que aconteceu? Fala para mim.
Ela – Estou um pouco chateada com a festa de casamento.
Ele – Mas como isso é possível? Nossa festa foi maravilhosa, deu tudo certo.
Todos os nossos amigos, parentes e pessoas que gostamos compareceram. A
ceia foi formidável, saborosa e farta, tudo foi muito bem servido. Os
convidados rasgaram elogios, a orquestra tocou a sinfonia conforme você
pediu. Ela iniciou a melodia no momento exato em que você desceu as
escadas. As pessoas aplaudiram. Foi lindo, sincronizado e emocionante. Todos
se divertiram muito e o som estava perfeito. O que poderia ter faltado?
Ela – Faltou uma coisa.
Ele – Não consigo imaginar o que possa ter faltado. Diga para mim.
Ela – A bem da verdade, faltaram os passarinhos da Cinderela sustentarem
a calda de meu vestido enquanto descia as escadas.
Ele – Por Deus! Não acredito no que estou ouvindo...

Para a mulher, a felicidade é sempre inatingível. Nada basta, porque a


imaginação dela sempre supera a realidade e jamais se desvia da futilidade.
Por mais que se esforce, por mais que se dedique em fazê-la feliz, a
bancarrota é um resultado do qual não se consegue escapar. Compreende-se
então o porquê de Freud certa vez indagar: “A nal, o que quer uma mulher?”

2. O próximo diálogo ocorreu no dia seguinte ao primeiro encontro que


tive em um parque. Ficou acertado que pegaria a dama em sua
residência para que fôssemos jantar. A conversa inicia-se logo após a
moça adentrar em meu automóvel.

Eu – Alguma ideia de onde poderíamos jantar?


Ela – Não tenho ideia.
Eu – Que tal irmos à região da Padre Chagas? Há muitas opções por lá.
Ela – Para lá eu não vou.
Eu – O que você sugere?
Ela – Não sei.
Eu – Se você não sugerir nada, podemos ir para a Padre Chagas.
Ela – Já falei que para a Padre Chagas eu não vou. Vamos para a zona sul.
Eu – Ok...

Ao chegar à zona sul...

Ela – Pensando bem, podemos ir à Cidade Baixa.


Eu – Está bem, vamos para a Cidade Baixa.

Ao chegar à Cidade Baixa...

Ela – Pensando bem, aqui não tem nada que eu goste de fato. Vamos mesmo
então para a Padre Chagas.
Eu – Mas isso eu tinha dito antes.
Ela – Eu sei, mas você me confunde com as coisas que fala.

Ao chegar à região da Padre Chagas.


Ela – Você vai estacionar aqui?
Eu – Sim. Chegamos tarde por conta dessa volta desnecessária que demos.
Não há vagas. Temos que deixar o carro aqui e ir caminhando.
Ela – Mas eu não consigo ir andando.
Eu – Por que você não pode ir andando?
Ela – Por causa da minha sandália.
Eu – O que tem a sua sandália?
Ela – Não consigo andar com ela.
Eu – Mas por que você não consegue andar com ela?
Ela – Você não entende. Sandália não é para andar, mas para car elegante.
Eu – Como não é para andar? O princípio básico de todo calçado é permitir
que você ande.
Ela – Mas não com sandálias.
Eu – Você acabou de destruir o princípio básico e milenar dos calçados. É
inacreditável!
Ela – A !
Eu – Então faz assim. Eu te deixo no restaurante, estaciono o carro e te
encontro lá.
Ela – Você está maluco?
Eu – Como maluco?
Ela – Eu não sou mulher de car esperando homem em restaurante! Não
vou fazer isso!
Eu – Você criou uma situação aporética! Não há solução possível. Bem,
claramente nosso encontro fracassou. Vou te deixar em casa.
Ela – É bom mesmo.

A essa altura peguei o GPS e digitei o endereço dela.

Ela – O que você está fazendo?


Eu – Digitando seu endereço no GPS.
Ela – Mas eu sei onde moro. Sei onde ca a minha casa.
Eu – Não con o em gente que destrói a utilidade principal dos calçados. Vou
utilizar o GPS.
Ela – Dá-me esse GPS aqui.

A dama arrancou bruscamente o GPS da minha mão.

Ela – Você sabe me irritar.


Eu – Então? Que direção tomamos?
Ela – Deixa-me ver onde estamos... Hum, não sei.
Eu – Você é louca? Você não disse que sabia o caminho?
Ela – Mas não conheço essa região.
Eu – Dá-me o GPS aqui!

Ao chegar à casa dela...

Ela – Sabe de uma coisa? Não quero ir para casa. Vamos para o seu hotel, já
que nossa noite iria terminar lá mesmo...
Para lidar com a mulher, esteja sempre preparado para as situações em que
a lógica e a coerência estejam ausentes. Absolutamente tudo é possível de
acontecer.

3. O diálogo a seguir ocorreu entre mim e uma americana que, como


quase toda mulher solitária, inclina-se à companhia dos gatos e dos
cachorros domesticados para criar a ilusão de que não é atingida pela
sombra da solidão. Alguns dias antes ela havia me convidado para
passar duas semanas com ela na Austrália.

De repente, recebo dela, por Skype, uma bela foto da cidade de


Manhattan...

Eu – Linda foto! Gostaria de poder viver em Manhattan.


Ela – Você pode! Está vindo em setembro?
Eu – Para Manhattan?
Ela – Para onde você quiser. Podemos ir para a Austrália ou você pode car
em meu apartamento em Manhattan, desde que cuide dos meus gatos.
Eu – Obrigado pelo convite. Posso te responder daqui a 3 dias? Preciso
veri car se posso ajustar algumas coisas.
Ela – Até 6ª-feira? Quais as chances?
Eu – 50%.
Ela – 50% para Nova York ou Austrália?
Eu – Nova York.
Ela – Parece que irão me oferecer o trabalho em Washington D.C. Mais
estável e seguro que o meu trabalho atual, mas provavelmente mais entediante.
Eu – Qual será sua decisão?
Ela – Não sei. Mas por que aceitar um trabalho entediante?
Eu – Você poderia considerar aquela oportunidade que mencionei.
Ela – O que eu faria?
Eu – Você poderia ser a responsável por implementar o projeto em
Manhattan e nas regiões próximas. Ao menos poderia conhecer mais o projeto
para depois decidir.
Ela – Então venha para Nova York e poderemos conversar mais a respeito.
Você toma conta dos meus gatos por duas semanas. O que acha? Quais as
chances de você vir?
Eu – Ok. 75%.
Ela – Assim você me deixa triste.
Eu – O quê? O que eu z? Você está confusa?
Ela – Não estou confusa, mas triste por não ser razão su ciente para você vir
à Nova York.
Eu – Você está louca?
Ela – Por que pergunta isso?
Eu – Você me convida para Nova York, eu estou quase considerando uma
resposta a rmativa e logo após você ca triste... Não consigo entender.
Ela – Isso é muito ruim.
Eu – Ok. Vamos esquecer Nova York. É melhor eu não ir.
Ela – Ok. Essa sua reação me deixa mais triste ainda. Pare de perguntar se
sou louca e me aceite do jeito que sou. Então está bem. Vamos esquecer tudo
isso. Fique aqui comigo. Você pode trabalhar em seu projeto.
Eu – Mas você acabou de dizer que cou triste quando estive propenso a
aceitar.
Ela – Não estou mais triste. Você pode vir se quiser. O que vai trazer para
mim do Brasil? Esses são os gatos que você vai ter que cuidar.

Envio de foto dos gatos.

Eu – Não há nada no Brasil que preste e que seja superior ao que já existe
nos Estados Unidos. Infelizmente meu país é um lixo governado por bandidos.
Ela – Você não pode me trazer um pouco de açaí?
Eu – O açaí precisa ser refrigerado. Além do mais, não é permitido, pelas leis
americanas, adentrar no país com frutas, sementes, legumes e vegetais. Não
vou correr esse risco. Portanto é impossível.
Ela – Qualquer coisa é possível. Você vai trazer açaí para mim?
Eu – Já te falei que é preciso manter a polpa do açaí refrigerada, senão
estraga.
Ela – Para que servem os pacotes que refrigeram?
Eu – Eu não vou levar o açaí. Assunto encerrado! É possível comprar açaí em
certos supermercados e lanchonetes de Nova York. Não faz sentido.
Ela – Você nunca faz o que eu peço. Nós nunca vamos dar certo juntos.

Impossível travar um diálogo linear. Há constantemente um turbilhão de


emoções antagônicas envolvidas que se alternam a cada frase. O risco da
ruptura da relação é sempre iminente. Acabei indo para Nova York, pois
deixar o Brasil rumo aos Estados Unidos é, para mim, uma satisfação. O fato
curioso é que, apesar dos gatos sujarem o apartamento inteiro, incluindo
banheiros, sofás, almofadas, camas e travesseiros, com terra das fezes, pelos,
ração e urina, a americana exigia que se tirasse os sapatos ao entrar no
apartamento. Mil sapatos não seriam capazes de disseminar tanta sujeira
quanto a que os gatos proporcionavam.

4. Por todo o período em que este livro estava sendo elaborado, as


principais manchetes dos jornais brasileiros tratavam da operação Lava-
Jato. Uma operação decorrente das investigações da Polícia Federal que
desvenda um insuperável esquema endêmico de corrupção entre
executivos das principais empresas do Brasil com instituições do
governo, que desviaram bilhões de reais dos cofres públicos de um país
decadente e destruído. O Brasil é um país conduzido por organizações
criminosas tanto no setor público quanto no setor privado. O presidente
da maior empreiteira do país, um dos homens mais ricos e poderosos do
Brasil, mantinha um grupo no WhatsApp com a esposa e a lha
chamado “os trapos”. A lha adverte sobre uma palestra da Lava-Jato e
sua esposa assim reagiu diante da possibilidade de a Polícia Federal
descobrir o envolvimento de seu marido com atividades criminosas:
#NADAATEMER

Dias depois, o presidente da maior empreiteira do país foi indiciado


criminalmente pela justiça e, posteriormente, preso. Fosse o Brasil um país
sério, passaria ao menos 20 anos na cadeia. Mas deverá receber em breve a
pena de prisão domiciliar no resort que construiu para si mesmo com o
dinheiro roubado.
Em geral, as mulheres têm pouca capacidade de compreender a gravidade
das circunstâncias nas quais estão inseridas.

5. A conversa adiante aconteceu ao telefone com uma mulher que havia


conhecido há poucos dias. Estávamos no início do relacionamento.

Ela – Alô! Oi, tudo bem?


Eu – Tudo bem e com você?
Ela – Estou bem. Você poderia me pegar às 15h em frente ao clube?
Eu – Posso sim. As 15h estarei lá.
Ela – Ok. Encontramo-nos em breve. Bjs.
Eu – Bjs.

Duas horas depois...

Ela – Alô, tudo bem?


Eu – Sim.
Ela – Estou ligando para avisar que não será mais preciso você me pegar,
pois encontrei uma amiga e irei passear com ela.
Eu – Está bem. Eu te ligo no nal da tarde para combinarmos alguma coisa.
Ela – Ok. Bjs Eu – Bjs.

No nal da tarde..

Eu – Oi. Tudo bem? Passeou bastante com sua amiga?


Ela – Aham.
Eu – Então vamos fazer alguma coisa?
Ela – Você acha que está tudo normal?
Eu – Por que não estaria?
Ela – Você não me pegou às 15h.
Eu – Mas você havia dito que não era mais preciso, pois encontrou uma
amiga e iria passear com ela.
Ela – Sim. Mas você nem insistiu em querer me pegar.

Há um gabarito mutante e incoerente na mente de cada mulher e todas


consideram obrigatório que você o siga, o que torna os desentendimentos
inevitáveis.

6. A dama do Axioma 3, proprietária das lojas de artigos femininos,


recatada, e que aceitara meu convite para jantar e degustar um vinho na
varanda de minha residência, assim respondeu após eu sugerir o horário
de 22h para o nosso encontro: Ela – Nossa! 22h? Pq tão tarde assim? Sou
uma moça que dorme cedo. Que tal às 21h? Não gostaria de voltar para
casa tão tarde.
Eu – Sem problema, te aguardo às 21h.

A dama chegou às 22h45 e saiu às 5h da manhã.

7. Uma psicóloga saía de Nova Iguaçu, subúrbio do Rio de Janeiro, para


me encontrar. Utilizando o WhatsApp, gravou a mensagem dizendo que,
como estava dirigindo, aguardava as minhas instruções para que
pudesse chegar onde eu a aguardava. Pedira que eu não enviasse texto,
mas zesse uma gravação, pois não iria conseguir ler sem os óculos.
Assim z. Após uma hora obviamente perdida recebo a seguinte
mensagem: Ela – Desculpe-me, estou perdida. O som do rádio estava alto
e não percebi que você havia encaminhado a mensagem.

8. A protagonista da vez é uma mulher de 32 anos, proveniente da


Moldávia (Moldova), que conheci nos Estados Unidos, e que, como
último exemplo, valida a abrangência universal desse axioma. Eu me
encontrava em Porto Alegre, cidade ao sul do Brasil, e ela em Miami.
Enquanto conversávamos pelo Skype, recebi um telefonema de uma
amiga. A mulher da Moldávia apenas escutou nossa conversa, mas sem
nada compreender, porque o diálogo ao telefone desenrolara-se em
português. Avisei a ela que acabara de receber um convite de uma amiga
para almoçar e que precisava interromper nossa conversa pelo Skype e
me aprontar. Prometi que ao voltar do almoço a contataria novamente.
Algumas horas depois, fui surpreendido com a seguinte mensagem em
meu notebook: Ela – Hey, estou contente que você fez sua amiga se sentir
especial almoçando com ela. Isso é fantástico. Fiquei pensando o que
aconteceria se um dia eu tiver 44 e ainda for solteira. Ainda assim seria
velha para um homem de 45, apesar de apenas um ano de diferença. Eu
me pus no lugar dela e pensei comigo mesma: Marcos é um herói, porque
ele está fazendo essa mulher se sentir uma dama especial ao livrá-la da
solidão. Adivinhe, Marcos! Isso é triste e patético. Você sabe por que eu me
sinto mal por essa sua amiga? Você não entenderia. Já é imperdoável ter
32 anos e não ter nada. Então o que você está pensando? Você está
destruindo o coração de sua amiga. Por quê? Porque não pode haver
amizade entre um homem e uma mulher, pois eu sou mulher e há pessoas
como você me convidando para almoçar todos os dias. Sabe por que eu
não almoço com eles? Porque não tem nada a ver com refeição. Eles
querem introduzir as mãos dentro das minhas calças! Então pense bem! O
mundo não é ideal. O mundo é um lugar cruel onde pessoas como você me
fazem sentir triste, muito triste.
Essa daí ultrapassou os limites da loucura.

Resumo:
Conclui-se que a escassez de lógica, do raciocínio moderado, da
temperança, da coerência, da coisa razoável e factível, não são fenômenos
isolados, mas bastantes presentes no cotidiano feminino e que ocorrem com
frequência incrível independentemente de posição social, cultura e religião.
Axioma 6 – Da relação da mulher
com o dinheiro e do pagamento
das despesas
Um dos fatores que carrega gigantesco, senão o maior, potencial para
causar ruptura hostil na relação entre o homem e a mulher é o dinheiro. Por
vezes, inclino-me a admitir que a parte do cérebro da mulher dedicada a
articular raciocínio sobre bens de terceiros é, de todas, a mais e caz.
Clamam, muito justamente, igualdade (em relação aos homens) de
oportunidades e de remuneração no mercado de trabalho. A paridade
nanceira, contudo, para elas não deve caminhar para além desse ponto,
porque, por seus olhos cobiçosos e em suas mentes criativas, o incumbido
de pagar as contas das festas, dos banquetes, da gasolina e das viagens é
sempre o homem. Dizem que esse "acordo de convivência" é "gentileza"; e
isso, sabiamente, feito de forma supostamente ingênua (na verdade de forma
ardilosa). O homem deve ser sempre gentil (o que signi ca pagar as contas,
pegá-las em casa, abrir a porta do carro, preparar a cadeira e ainda ser
surpreendente). Brindes e penduricalhos carregam força de sedução. Na
prática, é um processo de extorsão. São argutas em fazer a leviandade
carregar semblante de inocência. A lógica é simples: elas afogam a goela no
vinho e no champanhe, saboreiam as carnes mais nobres, macias e
suculentas, experimentam os temperos mais raros, carregam o Instagram
para manter o mundo informado da farra e, as mais das vezes,
disponibilizarão, sem pejo, como moeda de troca pelos serviços usufruídos,
a ssura do amor, para que tenham o elixir sorvido e a senda visitada. Não
raro fazem do corpo capital.
Estima-se que as conchas de cauri foram utilizadas como moeda, na
compra de mercadorias, em substituição a barganha, por cerca de 3 a 4 mil
anos, por diversas civilizações. Essa prática perdurou até bem recentemente,
no século XIX. A anatomia das conchas de cauri muito se assemelha às
entranhas do sexo feminino. Teria sido uma predição das antigas
civilizações? Com a proliferação do papel-moeda e do dinheiro eletrônico,
as conchas deixaram de ser utilizadas pelas civilizações de nossa era, mas o
aproveitamento da anatomia como capital estético, na aquisição de ativos,
permanece.
Pesquisas revelam que as mulheres são remuneradas em cerca de 60% a
70% do valor dos salários dos homens, ainda que executem funções iguais
ou a ns. A princípio poderíamos estar diante de uma distorção. Será? Para
quem se deixa impressionar com cortinas de fumaça e dados super ciais, a
resposta é a rmativa. Vejamos, porém, como funcionam as coisas na prática.

Quem de fato tem o maior salário?


Por razões que ainda não me foi possível distinguir com exatidão, veri ca-
se uma necessidade vital das mulheres remuneradas pelo suor de suas
labutas (mas nem sempre daquelas que foram adestradas por seus maridos
em virtude da incapacidade de produzir riqueza) em inserir-se
continuamente nos contextos de abundância e desperdício. Pode-se
demonstrar tal a rmação de várias formas, mas uma é particularmente
evidente, talvez por apresentar-se também a mais comum. Ao esquadrinhar
os menus dos restaurantes, dedicam enorme atenção a todos os detalhes.
Percorrem item a item, numa saga demorada, veri cando com zelo incrível
os nomes dos pratos, suas origens, seus ingredientes e até mesmo não se
eximem de indagar ao maître, repetidas vezes, como são preparados, num
ritual que faz-nos acreditar ser aquela, para elas, a refeição do século.
Quanta excitação! Quanta alegria! Quanta abundância! Quantas opções!
Mas, en m, chega o momento derradeiro e crucial: é preciso escolher uma
opção dentre tantas outras. Feita a escolha, a excitação, quase que
imediatamente, cede espaço para a tristeza. Dão-se conta de que
renunciaram a todas as outras alternativas. Quanto desapontamento!
Quanta coisa deixada para trás! Quantos ingredientes seus paladares serão
privados de saborear! Como saciar-se diante de cenário tão horrendo?
Surpreendentemente, o zelo minucioso, que tanto tempo arrastou
destinado ao longo processo da escolha da refeição, está longe de se traduzir
na ingestão completa dos ingredientes que a compõem. Além de um quarto
ou até mais da metade dos alimentos se espargia inevitavelmente pelo prato,
transformando-se em resíduo. Com a intenção de justi car seus atos, ora
alegam fastio, ora indisposição. Os paradoxos saltam aos olhos: se o objetivo
nal é o desperdício, porque dedicar-se tanto tempo a escolher o que comer,
já que se sabe de antemão que metade será encaminhada para o lixo?
Estando com falta de apetite, porque sugerem jantar fora? Poucas coisas
incitam mais em grande parte das mulheres a sensação plena de
prosperidade do que aquelas que se materializam por meio do desperdício.
Estimo que, com esse hábito em restaurantes, as mulheres sejam
responsáveis por desperdiçar grande parte dos alimentos que são
descartados todos os dias no mundo. Sem o desperdício premeditado não é
possível criar a noção de abundância, e muito menos de prosperidade e de
felicidade. Daí a necessidade de tantas bolsas, de tantas sandálias, de tantos
vestidos, de tantos cintos, de tantos casacos e tantas calças e calcinhas. Não à
toa que Maria Antonieta, esposa do Rei Luís XVI, por seu comportamento
perdulário era muitas vezes reverenciada como “Madame Dé cit”. Alguns
estudiosos atribuem a ela o início da Revolução Francesa.
O dilema “Da liberalidade e da parcimônia”, título do capítulo XVI de “O
Príncipe”, foi abordado de forma magní ca por Maquiavel. O pensador
alerta que certa liberalidade não tira a pecha de avaro e grande liberalidade é
sempre danosa. Muitos homens, para cativar o interesse das mulheres,
recorrem à exibição de bens e à liberalidade, o que de fato têm-se mostrado,
em todas as eras, sempre e caz, porque as mulheres são sempre ótimas em
examinar os recursos que os homens podem a elas proporcionar. Mas a
liberalidade usada sem extravagância, de modo virtuoso, como deve ser
usada, não será reconhecida e cairá sobre você a infâmia de sovina. Caso se
queira, contudo, manter a reputação de liberal, gastará toda a sua renda, o
que acarretará em muitas perdas. De modo que, ao perceber o perigo
iminente, tenderá a retrair-se e incorrerá imediatamente na pecha de
miserável, sendo o abandono inevitável.
A continuidade dessa abordagem de Maquiavel pode ser encontrada no
capítulo XVII, “Da crueldade e piedade e se é melhor ser amado que temido
ou melhor ser temido que amado”. Pondera Maquiavel que se arruínam
todos aqueles que adquirem as amizades (amor, em nosso caso) por
dinheiro e não por grandeza ou nobreza da alma, pois não se pode contar
com as amizades ou amor comprados quando a necessidade se aproxima.
Adiciono que se arruínam ainda todos aqueles que am as relações na
pureza do amor se alguma di culdade nanceira se avizinha. As mulheres
têm menos respeito aos que se fazem amar do que aos que se fazem temer,
porque o amor é guardado por um laço de obrigação que, por ser frágil,
pode ser rompido a qualquer instante, ao passo que o temor é alimentado
pelo receio do castigo, que está sempre presente.

1
Dos fatos: . Saía pela segunda vez com uma mulher que tinha
conhecido no dia anterior. Foram identificadas algumas sinergias e
cogitamos trabalhar juntos em um projeto. Havíamos acasalado
menos de 4 horas após termo-nos conhecido e, enquanto
passeávamos pelas ruas da cidade, comentei despretensiosamente
sobre certo restaurante especializado em hambúrgueres sofisticados.
Ela memorizou com agilidade incrível essa informação. Muito
entusiasmada, me convidou para ir ao restaurante que mencionara e
sobre o qual nem mesmo eu me recordava. O ritual deu-se início.
Havia cerca de 30 opções de hambúrgueres, sem contar as possíveis
combinações de acompanhamentos. Após meia hora debruçada sobre
aquele importantíssimo processo de escolha (afinal de contas aquele
era o hambúrguer do século), em que diversas dúvidas foram geradas
e prontamente esclarecidas pela garçonete, decidiu-se por uma das
opções. Cerca de oito ou nove microdentadas depois, anunciou estar
satisfeita. Metade do sanduíche e quase todo o acompanhamento
ainda se esparramavam pelo prato.

Claro que a conta sobrou para mim, mas não perdi a oportunidade de
repreendê-la pela atitude insensata do culto ao desperdício. Jogar comida
fora é um dos hábitos mais reprováveis que um ser humano pode ter. Ao
deitar em minha cama com a intenção de dormir o sono dos justos, recebo a
seguinte mensagem: Ela – Estive pensando. Não vou mais trabalhar com
você. Você não deveria ter feito sexo comigo ontem se seu interesse era apenas
em meu trabalho. Você foi bem deselegante comigo no restaurante. Fui lá
apenas porque pensei em agradá-lo, pois gostei de você e você me diz o que
preciso gastar e desperdiçar. Fui sem apetite, mas para o seu bem. Sou bem
econômica. Apenas quando penso em fazer alguém feliz é que não meço
valores. Estou bem triste e acho melhor não nos vermos mais.

Eu nada respondi. O incrível é que ela queria me fazer feliz com os meus
próprios recursos e, nesses casos, e somente nesses casos, ela não mede
valores. Chega a ser cômico. Mas como tudo é sempre possível no universo
feminino, no dia seguinte, pela manhã, ela me envia as fotos dos seios
seguidas de novos textos.

Ela – Caí de bicicleta e meus seios se arranharam. Mas eu vou car bem, me
aguarde. Vais sentir minha boca quente e úmida por todo o seu corpo. Se não
estivesse toda quebrada iria aí resolver isso agora.

2. Em Tarrytown, cidade que se situa cerca de 50 minutos ao norte de


Manhattan, em um segundo encontro (o primeiro encontro ocorrera
após quase dois meses de negociação), uma americana marcou um
jantar no mais bem frequentado e so sticado restaurante do lugarejo.
Ela apresentava as características físicas típicas da mulher americana:
pele branca como a neve, olhos azuis bem claros, cabelos loiros e
armados, mais curtos do que longos e que se curvam como uma cuia
resistente, seios grandes e bunda quase que reduzida. Nosso encontro foi
muito descontraído e divertido. Parecíamos íntimos. Estávamos tão à
vontade um com o outro que arrisquei ultrapassar as regras dos padrões
americanos e desferi sobre seus lábios leves beijos. Como eu havia
pagado a conta do encontro anterior, e ela voluntariamente havia sacado
da carteira o cartão de crédito se oferecendo para contribuir, pedi ao
garçom que pusesse metade da conta em meu cartão e metade no dela.
No dia seguinte, recebi a seguinte mensagem após convidá-la para
assistir a um jogo de basquete.

Ela – Obrigada pelo convite, mas eu não sou muito fã de esportes. Aproveito
a oportunidade para esclarecer logo as coisas. Tivemos uma noite muito
agradável e o considero uma pessoa muito amável. Mas preciso ser honesta
com você. Eu me desencantei quando você aceitou que eu dividisse a conta. Foi
absolutamente brega. A maioria dos homens se oferece para pagar a conta nos
primeiros encontros. Desejo a você boa sorte.

3. Por quase dois anos morei no Arizona, período no qual me dediquei a


um mestrado em fontes de energia alternativas. Um mês antes de partir
para os Estados Unidos, conheci uma médica pediatra que jamais havia
viajado para o exterior e sequer havia tirado um passaporte.
Providenciei para ela o passaporte e o visto americano, preenchendo
todos os formulários e pagando todas as taxas. Durante o período dos
estudos, proporcionei para ela cinco passagens aéreas do Brasil para os
Estados Unidos. Viajamos por Las Vegas, São Francisco, Phoenix,
Orlando e Nova York. Assumi todas as despesas de passeios, parques,
hotéis, refeições, etc. Percorremos inúmeros outlets para que ela pudesse
fazer compras para a mãe, pai, irmãos, cunhadas e sobrinhos. Ao voltar
para o Brasil, iniciei minha procura por emprego. Logo depois, ela
decidiu romper o relacionamento por prever di culdades (o que não era
nem de perto verdade, pois jamais expus a ela inteiramente minha
situação nanceira). Três meses após o rompimento a encontrei por
acaso na Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio de Janeiro. Eu a
cumprimentei, mas ela não dirigiu a mim sequer o olhar. Acompanhei-a
com a visão. Ela se encaminhou para o estacionamento onde se
encontrava um automóvel zero quilômetro que acabara de adquirir com
o dinheiro economizado nas viagens.

4. Viajava pela Europa com uma namorada. Visitamos a Espanha, França e


Holanda. Na época ela ganhava tanto quanto eu. A diferença eram meus
bônus anuais. Mas eu trabalhava duro em meio à instabilidade do setor
privado, sem garantia de trabalho futuro, e ela desfrutava como um
parasitoide do descanso diário no improdutivo setor público brasileiro,
onde o estado nancia a perenidade da estabilidade com o dinheiro dos
impostos de quem produz riqueza. Cada qual pagou a sua respectiva
passagem aérea. Para evitar a pecha de harpagão9, arquei com o
pagamento dos seguros e dos transportes internos (trens e aluguéis de
automóveis). Ficou acertado que as despesas do dia a dia (hotéis e
refeições) seriam divididas. Contudo, na prática, sem me importar, eu
sempre pagava um pouco mais. Ocorre que, viciada em moda, a
rapariga não era capaz de se conter nas lojas de grife em Paris e
detonava o dinheiro nas compras de bolsas, botas, calças, óculos e
relógios. Depois de despejar uma fortuna no Champs Élysées, tratou de
avisar euforicamente: “Dinheiro em minha carteira já não há!”. Eu
pensei comigo mesmo: “Elle n’a plus pas d’argent. Qu’est-ce qu’elle va
faire maintenant? Où elle a quitté le sens de la responsabilité?”10 O hotel
dos últimos dias era o mais caro. Ao solicitar a conta, também solicitei
que metade fosse debitada do cartão dela. Ela explodiu
instantaneamente em fogo à maneira dos dragões em fúria! O ar de
Paris reverberou com a sua danação inusitada: “Tu és um muquirana!”.
Logo depois, começou a chorar.
5. Em abril de 1914, Einstein se mudou de Zurique para Berlim, convidado
pelo grupo de elite de cientistas da época. Seria membro da Academia
Prussiana de Ciências. Sua esposa originária da Sérvia, Mileva, não
apreciou ter deixado Zurique. Seu casamento, que não andava bem, se
deteriorou. Einstein, percebendo ser impossível fazer a dama feliz, sem
conseguir o divórcio exigiu que Mileva assinasse um contrato que
estabelecia regras de convivência, dentre as quais: não haveria
intimidade entre eles, ela pararia de falar quando requisitada, sua
escrivaninha seria de seu uso particular, e ela sairia do quarto
imediatamente quando solicitada. Mileva recusou-se a assinar o
contrato. Einstein insistia no divórcio, que era constantemente negado
por sua esposa. O cientista, que conhecia como ninguém a Teoria da
Relatividade e tendo ideia da natureza da mulher, fez uma proposta
decisiva para livrar-se dela. Daria à sua esposa todo o dinheiro do
prêmio Nobel que tinha convicção de que ganharia. Mileva, não antes
de certi car-se das chances de Einstein ser contemplado com o prêmio
Nobel, aceitou o divórcio, desde que casse com todo o dinheiro, e
retornou à Suíça.
6. Insatisfeita com o seu trabalho e com o preço do aluguel de seu pequeno
apartamento de quarto e sala em Manhattan, uma americana inicia
diálogo.
Ela – Como está sua semana?
Eu – Está ótima. E você, como vai? Decidiu sobre seu trabalho? Vai deixar
Nova York?
Ela – Estou bem. Ainda fazendo entrevistas. Se eles me oferecerem trabalho
vou aceitar. Não quero deixar Nova York, é boa para mim.
Eu – Perfeito. Que bom. Nova York é de fato uma cidade maravilhosa.
Ela – Estou contando os dias para explorar Nova York com você de novo. O
único problema é o preço da moradia. Extremamente caro para comprar e
estou cansada de morar em um apartamento minúsculo cujo aluguel é
extorsivo.
Eu – Sim. Compreendo. Você tem razão.
Ela – Qual a solução?
Eu – A solução é você abrir sua mente e identi car outras oportunidades de
ganhar dinheiro, e não car limitada à sua área de atuação.
Ela – Excelente ideia. Talvez consiga encontrar um homem rico para me
sustentar.
Eu – Você não é o tipo de mulher que se casaria por interesses senão o amor.
Ela – É verdade. Mas eu posso encontrar um homem rico, que se apaixone
por mim e que viva na vizinhança. Somente preciso trabalhar menos e sair
mais. Não é isso? Ou você pode car rico e me propor casamento por amor.
Eu – Fechado! Depois que me tornar um milionário, ambos estaremos
abertos para viver um amor sincero.

7. No magní co lme "American Sniper", Chris Kyle, atirador de elite, tem


como função proteger os soldados americanos em suas incursões contra
os inimigos. Devido ao seu desempenho extraordinário no
cumprimento do dever, a recompensa por sua cabeça, no Iraque, estaria
avaliada em US$ 180 mil. Ele brinca, ao prezar por sua segurança, que
não mencionem a sua esposa a existência do prêmio, pois certamente
estaria correndo um perigo maior do que na guerra.
8. Flertei por mais de ano com uma moça muito bonita, so sticada e
elegante de Porto Alegre. Utilizava para isso o messenger do Facebook.
Eram poucas as vezes que me respondia, mas, quando o fazia, era
sempre educada, apesar de distante. Ao expor umas fotos de Nova York,
recebo, inesperadamente, uma mensagem dela. Entre uma frase e outra,
eis que o mistério se revela: Ela – A única ajuda de que preciso neste
momento é de 10 mil reais para pagar o que devo no banco e na receita
federal. Meu único desejo é ter a oportunidade de respirar e liberdade para
construir meus sonhos.

9. A jovem Johanna, de apenas 18 anos, mãe de Schopenhauer, casou-se


com o afortunado Heinrich, de 42. Assim descreve o espírito da época
(1785), que ela atribui a outras mulheres, mas nunca admitiu com
relação a si mesma: “O luxo, a posição social e os títulos de nobreza
exercem uma violência sedutora sobre o coração das mulheres jovens,
criadas com todas as vontades ingênuas, pois elas se sentem atraídas por
aquilo que ainda não experimentaram, e supõem que poderão unir-se
pelos laços do matrimônio de uma forma que ainda hoje poucas se
unem, um erro que elas terão que expiar pela vida inteira e maneira
mais difícil, mas que mesmo hoje, raramente evitam.”11 Depois, sem
rodeios, em suas memórias acrescentou: “Eu não pretendia sentir por ele
um amor ardente, tampouco ele parecia esperar isso de mim.”12
1
0. Em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, Machado de Assis assim alude
à Marcela, primeira paixão da personagem principal: “Vendera muita
vez as aparências, mas a realidade, guardava-a para poucos”; “Bons
joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos dixes e ados?”;
“...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada
menos.”; “Certo é que os diamantes corrompiam-me um pouco a
felicidade; mas não é menos certo que uma dama bonita pode muito
bem amar os gregos e os seus presentes.”; “Marcela lançou os olhos para
a rua, com a atonia de quem re ete ou relembra; eu deixei-me ir então
ao passado, e, no meio das recordações e saudades, perguntei a mim
mesmo por que motivo zera tanto desatino. Não era esta certamente a
Marcela de 1822; mas a beleza de outro tempo valia uma terça parte dos
meus sacrifícios? Era o que eu buscava saber, interrogando o rosto de
Marcela. O rosto dizia-me que não; ao mesmo tempo os olhos me
contavam que, já outrora, como hoje, ardia neles a ama da cobiça.”

Resumo: Mulheres amam o ouro, as joias e o dinheiro. Pleiteiam com


todas as forças igualdade de remuneração na labuta. Incrivelmente,
sobre esse tema, e nenhum outro, estabelecem uma relação de
extrema coerência que pode ser urdida assim: a remuneração por elas
auferidas pertence a elas tão somente, enquanto o dinheiro dos
homens direciona-se para os gastos conjuntos, quase sempre
supérfluos e exagerados. A esta imposição claramente extorsiva,
denominam, ardilosamente, de gentileza. Estão sempre em busca de
homens bem-sucedidos e utilizam com muita propriedade a senda
como moeda de troca. Trata-se de um leilão. Entregam a cavidade a
quem oferecer mais. Exigem liberalidade e qualquer retração fará cair
sobre você a pecha de miserável. Fogem sem qualquer piedade
quando a necessidade se aproxima. Fazendo alusão à Maquiavel, no
capítulo XVII, esquecem mais rapidamente a morte do pai do que uma
conta inesperada paga em um restaurante, da qual cogitavam ficar
alheias.

9 Harpagão – Sovina, avarento, mesquinho. Termo derivado da personagem Harpagon do livro “O


Avaro”, de Molière.
10 “Ela não tem mais dinheiro. O que ela fará agora? Onde ela deixou o senso de responsabilidade?”
11 Trecho retirado do livro “Schopenhauer e os anos mais selvagens da loso a”, de Rudinger
Safranski.
12 Idem.
Axioma 7 – De que modo se deve
iniciar diálogo
Antes de instruir sobre as frases que darão forma ao início do diálogo,
convém conhecer e dominar certos conceitos. O começo de uma conversa
também caracteriza o princípio de uma negociação. Negociamos
diariamente mesmo sem perceber. Negociar não se restringe apenas a
pechinchar por melhores preços, produtos ou serviços. Também se negocia
o restaurante que se frequenta com amigos, o lme que se assiste com a
namorada e as ideias a ser implementadas em um novo projeto em sua
empresa. Contudo, deve-se ter sempre em mente, conforme se estabelece no
Axioma zero, que, em nosso caso particular, o objetivo é formatar uma
relação com intenção de cópula. Portanto, em analogia com a loso a da
arte da guerra de Sun Tzu, devemos conhecer nosso inimigo, atingir as
metas com a menor quantidade de recursos e dar ênfase na manobra, na
surpresa e no engodo.
As técnicas de persuasão são tão in uentes e poderosas que Platão dedica
um livro fabuloso a esse tema. O título do livro é “Górgias”. Sendo um
so sta13, Górgias se orgulha de possuir a maior de todas as artes. Quando
indagado por Sócrates sobre a natureza dessa arte, Górgias responde ser a
retórica, pois, por meio do uso criterioso das palavras, é possível persuadir
as pessoas a fazer o que se pretende que elas façam, proporcionando, a quem
é versado na arte, ao mesmo tempo liberdade para si próprio e domínio
sobre os outros da cidade. Sócrates contrapõe ao expor ser esse conceito
vago, e ainda duvidoso, pois se enumeram os bens da vida, dizendo-se ser o
maior de todos a saúde, o segundo a beleza, e o terceiro ser rico sem fraude.
Górgias, valendo-se de suas habilidades no discurso, rea rma que com o
poder da retórica é possível transformar em seus escravos o médico, o
professor de ginástica e até o grande nanceiro. Sócrates vai concluir ao
longo da obra que a retórica é apenas uma forma de adulação política ao
serviço do poder, sem vínculo com a moral e a justiça e que gera a crença,
não o saber, sobre o justo e o injusto e que só tem poder sobre aqueles que
não sabem, porque, perante aqueles que sabem, a persuasão perde seu efeito.
Quem está correto? Górgias ou Sócrates? Cada qual, ao seu modo, tem
razão. Ao considerar a moral e a justiça como régua de medição, a retórica é,
de fato, segundo Sócrates, mera adulação que persuade apenas os
ignorantes. Mas não se pode esvaziar o mérito de Górgias que percebe que o
mundo não premia quem é justo, mas quem tem poder. As pessoas, em sua
maioria, não são sequiosas pela verdade, mas pela crença. Essa noção, muito
bem compreendida por Nietzsche, o conduziu a apregoar que quem quiser
saber a verdade deve investigar, mas quem procura segurança e bem-estar
deve se limitar a acreditar.
Considerando as mulheres esferas cambiantes de emoções e expondo-se
volátil a condição mental humana, já denunciada no “Canto V” do
Purgatório de Dante Alighieri, no qual se diz ser próprio de um pensamento
enfraquecer a força do que lhe é anterior, faz-se útil identi car as fontes de
poder e a maneira de incrementá-las, bem como distinguir os embustes
psicológicos a ser explorados e as armadilhas (a ansiedade é a pior de todas)
a ser evitadas. A atmosfera a ser construída no diálogo com as mulheres não
é competitiva, mas cooperativa, pois o contexto não é de disputa, e o
propósito é, em última instância, atingir um acordo. Interesse-se, sem
críticas, pela cultura e pelos hábitos de sua interlocutora. Esquive-se das
di culdades ao se deparar com as exaltações culturais, mas, para isso, é
preciso digerir o conceito de cultura como meros instintos arti ciais. Evite o
seu assunto favorito, pois certamente incorrerá no risco de se estender
demais, o que acarretará na possibilidade de ser enfadonho. Prepare
perguntas sobre os interesses das mulheres e você será considerado um
grande interlocutor. Pessoas, principalmente as fêmeas, adoram falar sobre
si mesmas, pois são constantemente seduzidas pelo “eu”. Aprenda a resumir
o que lhe foi dito: “Ah, então você está dizendo que...”; “Então você acha
que...”.14 Concentrar-se em escutar é uma fonte de poder. De quando em
quando, altere os padrões de comportamento, pois isso estimulará a
fecundidade da imaginação das mentes femininas. Pre ra sempre o humor à
formalidade.
A persuasão pretende provocar ações em direções convenientes, que
favorecem a quem persuade. Essas ações ocorrem invariavelmente por meio
de uma resposta siológica em razão de um estímulo psicológico. O modelo
de comportamento de Fogg15 pode nos auxiliar nesse entendimento.
Basicamente, esse modelo propõe que os comportamentos (C) são produtos
de 3 fatores:

1) Motivadores (M):
a) Busca de prazer, esperança, aceitação social.
b) Evitar dor, medo e rejeição.

2) Habilidade (H):
c) Dinheiro, tempo, esforço físico, desvio social.

3) Gatilhos (G):
d) Sinais, facilitadores, estímulos.

O que leva, portanto, os funcionários da Apple ou da Google a realizar


seus trabalhos de forma e ciente?

1. Motivadores: bônus, aceitação social no ambiente de trabalho, receio de


demissão;
2. Habilidades: capacidade técnica, conhecimento;
3. Gatilhos: Ambiente de trabalho agradável e equipamentos de última
geração à disposição.

O que induz você a ler imediatamente uma mensagem no Whatsapp?


1. Motivadores: curiosidade, aceitação social, importância do conteúdo;
2. Habilidades: inexistência de esforço físico, disponibilidade de tempo;
3. Gatilhos: sinal de aviso de recebimento de mensagens.
Em outras palavras, quando o produto desses três conceitos está reunido e
ultrapassa determinado valor qualitativo, as ações são efetivadas.
Em adição ao modelo de comportamento de Fogg, ainda sem se desviar da
nalidade de atingir o nosso objetivo especí co (aproximação com ns de
cópula) e servindo-se do uso da menor quantidade de recursos possíveis,
convém se familiarizar com as estratégias a seguir, que, quando utilizadas
em sequência, trazem bons resultados e, por isso, deverão ser empregadas
sem parcimônia.
Semelhante ao círculo que gira em torno do eixo perpendicular a seu
centro, onde qualquer ponto tomado como referência necessariamente volta
à posição original após volta completa, assim deverão ser conduzidos os
passos indicados para que sejam produzidas as respostas siológicas
desejadas.

1. Estímulo: Utilização de artifícios (vocábulos) associados a prazer, a


comemoração, a bem-estar, a sucesso; capazes de provocar emoções
agradáveis e construtivas: vinho, champanhe, frutas, viagens, lugares.
2. Emoção: Surge como resultado do correto uso dos vocábulos
estimuladores que têm o poder de induzir: alegria, afetividade, amizade,
amor, carinho, curiosidade, excitação, felicidade, inspiração, surpresa.
Deve ser evitado qualquer assunto que sustente emoções destrutivas tais
como: agressividade, a ição, confusão, fadiga, hostilidade, indecisão,
insatisfação, insegurança, lamúrias, perda, ressentimento, tensão, tédio.
3. Imaginação: As emoções são o combustível que alimenta a imaginação.
A mente das mulheres é mais in uenciada pela cção do que pelo real.
O real para elas é sempre insu ciente e por isso recorrem com tanta
frequência ao imaginário.
4. Ação: Tendo sido dominada pela imaginação e descolada do mundo
real, é possível, por meio de constructos psicológicos, conduzi-las a ação
desejada.
O uso intensivo e sucessivo desses passos dá início às respostas siológicas
esperadas: excitação e desejo.

Vejamos um exemplo16:

Eu – Belanara, vc sempre morou por aí?


Ela – Sempre.
Eu – Sua cidade não é tão grande, né?
Ela – Sim. Acho até pequena... kkkkkk.
Eu – Mas vc não tem vontade de mudar?
Ela – Até tenho, mas não apareceu oportunidade. Aí a gente vai levando.
Você tem namorada?
Eu – Não tenho namorada... Quem sabe não é vc?
Ela – Kkkkkk.
Eu – E vc, tem namorado?
Ela – Não.
Eu – Quer namorar comigo? Rsrs
Ela – Kkkkk. Tá muito longe. Uma pena...
Eu – Mas quem sabe não dá certo...
Ela – Pois é. Quem sabe...
Eu – Se eu estivesse mais perto vc me daria uma chance?
Ela – Iria gostar de conhecer melhor. Gostei também dos olhos... São verdes?
Eu – Algo me diz que nos daríamos muito bem. São verdes.
Ela – Do que vc gosta?
Eu – Eu gosto de beber vinho em boa cia... Vc gosta? 1 - ESTÍMULO
Ela – Adoro. 2 - EMOÇÃO
Eu – Um dia vamos tomar um vinho em um lugar bem romântico? 3 -
IMAGINAÇÃO 4 - AÇÃO
Ela – Se vc vier pra cá.
Eu – Claro q vou... Vamos?
Ela – Vamos.
Eu – Vc gosta de morangos? 1 - ESTÍMULO
Ela – Gosto. Por quê? 2 - EMOÇÃO
Eu – Vamos tomar vinho com morangos? 3 - IMAGINAÇÃO 4 - AÇÃO
Ela – Nunca tomei vinho com morangos. Mas deve ser bom. Rsrs 2 - EMOÇÃO 3
- IMAGINAÇÃO
Eu – É bem gostoso. Sabe o q pensei em fazer? 3 - IMAGINAÇÃO
Ela – O quê?
Eu – Umedecer os morangos no vinho e pousá-los em sua boca, pra vc
morder... O q vc acha? 1 - ESTÍMULO 3 - IMAGINAÇÃO 4 - AÇÃO
Ela – Bem saidinho vc... Kkkkk.
Eu – Poxa... Tem alguma coisa demais?
Ela – Não.
Eu – Vc quer?
Ela – Iria gostar.
Eu – Posso deslizá-los por seus lábios, bem suave? 1 - ESTÍMULO
Ela – Pode. 2 - EMOÇÃO
Eu – Se escorrer um pouquinho de vinho por seus lábios, posso enxugar as
gotículas com meu dedo, pra não manchar a sua roupa? 1 - ESTÍMULO 3 -
IMAGINAÇÃO
Ela – Talvez.
Eu – Bem que podíamos dividir o mesmo morango com nossos lábios, não é?
1 - ESTÍMULO
Ela – Hum. 2 - EMOÇÃO
Eu – Acho q vai ser uma delícia... O q vc acha? Não seria bom?
Ela – Fiquei imaginando. Kkkkk 3 - IMAGINAÇÃO
Eu – Rsrs. Seria ou não seria bom?
Ela – Seria. 2 - EMOÇÃO
Eu – Vou car com vontade de sentir o sabor de seus lábios. 1 - ESTÍMULO
Ela – Eu também. 3 - IMAGINAÇÃO
Eu – Sabe como imagino?
Ela – Como?
Eu – A gente sentado em meio a almofadas, em um lugar bem romântico,
tomando nosso vinho... Vc com as costas apoiadas em meu peito. Eu
levantando seus cabelos e beijando levemente sua nuca, fazendo carinho em
seus ombros. O q vc acha? 1 - ESTÍMULO 2 - IMAGINAÇÃO 3 - AÇÃO
Ela – Nem sei o q acho. kkkkk
Eu – Mas iria ser bom, né? Vc não tem essa sensação? 3 - IMAGINAÇÃO
Ela – Sim.
Eu – Então faço carinho em seus braços... Em suas mãos... Fico bem pertinho
de vc... Sinto seu cheiro, seu aroma... Vc deixa? 1 - ESTÍMULO 4 - AÇÃO
Ela – Sim... Pode continuar. 3 - IMAGINAÇÃO
Eu – Beijo seu rosto... Beijo seus ombros... Suas costas... Pode ser assim? 1 -
ESTÍMULO
Ela – Seria perfeito... Mas me parece coisa de livro. 3 - IMAGINAÇÃO
Eu – Belanara, vc acha que iria gostar dessa maneira?
Ela – Sim. 2 - EMOÇÃO
Eu – Então vc deixa a cabeça cair para trás e fecha os olhos... Suspira
fundo... Sente o calor do meu corpo... Sabe o que eu queria fazer? 1 - ESTÍMULO 3 -
IMAGINAÇÃO
Ela – O quê?
Eu – Acariciar seus ombros... Beijar seu pescoço... Tomar as alças de seu
vestido e deslocá-las para fora de seus ombros... Bem devagar, e deslizar as
alças de seu vestido por seus braços enquanto beijo suas costas... Vc deixa? 1 -
ESTÍMULO 3 - IMAGINAÇÃO 4 - AÇÃO
Ela – Hum. 2 - EMOÇÃO
Eu – O q vc acha?
Ela – Bom. 2 - EMOÇÃO
Eu – Quando vc menos esperar, a parte de cima de seu vestido perderá
sustentação, caindo sobre seu colo... Quer assim? Vc iria gostar? 1 - ESTÍMULO
Ela – Acho que sim. 3 - IMAGINAÇÃO
Eu – Vc deixa ser assim? Vou adorar.
Ela – Deixo. 3 - IMAGINAÇÃO 4 - AÇÃO
Eu – Posso deslizá-las bem devagar, enquanto beijo seus ombros? 3 -
IMAGINAÇÃO
Ela – Pode. 4 - AÇÃO
Eu – Sabe como imagino? 3 - IMAGINAÇÃO
Ela – Como?
Eu – Depois que deslizar as alças de seu vestido, seus seios carão desnudos
pra mim... Posso fazer carinho neles? 1 - ESTÍMULO 3 - IMAGINAÇÃO 4 - AÇÃO
Ela – Pode... O que mais? 2 - EMOÇÃO 4 - AÇÃO
Eu – Acariciar seus mamilos... Deslizar minha língua sobre eles... Vc quer?
Ela – Vai. 3 - IMAGINAÇÃO 4 - AÇÃO
Eu – Posso beijar muito os bicos dos seus seios? 1 - ESTÍMULO
Ela – Pode. 3 - IMAGINAÇÃO
Eu – Eles cam duros pra mim? 1 - ESTÍMULO
Ela – Sim. RESPOSTA FISIOLÓGICA
Eu – Bem durinhos?
Ela – Sim. RESPOSTA FISIOLÓGICA
Eu – Vc ca molhadinha quando tem os seios lambidos? 1 - ESTÍMULO
Ela – Fico. RESPOSTA FISIOLÓGICA
Eu – Sabe o q eu queria fazer depois?
Ela – O quê?
Eu – Enquanto beijo os bicos dos seus seios, deslizar minha mão por dentro
da sua calcinha. Bem devagar... Vc quer? 1 - ESTÍMULO 3 - IMAGINAÇÃO 4 - AÇÃO
Ela – Hummm! 2 - EMOÇÃO
Eu – Posso descer ainda mais a minha mão por dentro da sua calcinha? 3 -
IMAGINAÇÃO 4 - AÇÃO
Ela – Pode. 4 - AÇÃO
Eu – Vc deixa?
Ela – Deixo.
Eu – Até tocar a sua fenda do amor? 1 - ESTÍMULO 3 - IMAGINAÇÃO
Ela – Hummm. 2 - EMOÇÃO
Eu – Posso deslizar meu dedo sobre sua fenda do amor? De uma
extremidade a outra? 4 - AÇÃO
Ela – Vai. 3 - IMAGINAÇÃO
Eu – Fazendo uma compressão bem leve e bem carinhosa? 1 - ESTÍMULO
Ela – Hummm. Adoro. 2 - EMOÇÃO
Eu – Vc quer? Eu quero muito.
Ela – Quero.
Eu – Até ela se abrir pra mim? Toda molhada e quente! Pulsante! Vc ca
molhadinha assim? 4 - AÇÃO
Ela – Sim.
Eu – Vc quer car bem molhadinha pra mim? 1 - ESTÍMULO 3 - IMAGINAÇÃO
Ela – Sim. RESPOSTA FISIOLÓGICA
Eu – Sabe o q imaginei?
Ela – Diz.
Eu – Fico imaginando eu tocando em seu clitóris... Vc deixa? 1 - ESTÍMULO 4 -
AÇÃO
Ela – Deixo.
Eu – Posso tirar sua calcinha? 3 - IMAGINAÇÃO 4 - AÇÃO
Ela – Sim.
Eu – Quero afastar suas pernas e beijar sua fenda... Posso chupar muito vc?
Ela – Se me deixar chupar também. RESPOSTA FISIOLÓGICA
Eu – Vc quer me chupar tb?
Ela – Quero. RESPOSTA FISIOLÓGICA
Eu – Como vc quer fazer?
Ela – Quero te pegar bem devagarinho. 3 - IMAGINAÇÃO 4 - AÇÃO
Eu – Hummm.
Ela – Começando pela orelha. Deslizando meus dedos no seu peito. Dando
mordidinhas bem gostosas. 3 - IMAGINAÇÃO 4 - AÇÃO
Eu – Hummm, vou adorar.

Obtém-se o auxílio de Maquiavel no capítulo XV de “O Príncipe”, “Das


coisas pelas quais os homens, especialmente os príncipes, são louvados ou
vituperados”, em que são destacadas as qualidades que despertam louvor ou
crítica: liberal e miserável, generoso e rapace, piedoso e cruel, el e perjuro,
feroz e pusilânime, humano e soberbo, íntegro e astuto, sério e leviano,
religioso e incrédulo. Deve-se, portanto, evidenciar nos diálogos as
qualidades tidas como boas, sem deixar escapar o conceito de que mais
importante do que tê-las é aparentar possuí-las.
Faz-se prudente esclarecer que, mesmo fazendo uso das melhores técnicas,
nunca há certeza de que o diálogo conduzirá a um bom desfecho, pois o
resultado sempre depende da colaboração, da perspicácia e da boa vontade
da interlocutora. Por terem sido desenvolvidas sob a égide de processos
empíricos, é possível apenas indicar as alternativas que conduzem às
maiores chances de sucesso e se afastam do fracasso. Assim sendo, expõe-se
a seguir as diretrizes que devem ser exploradas, as que devem ser evitadas e
as que ocorrem em abundância.

O que deve ser explorado:


- Iniciar diálogo fazendo referência elogiosa a algum item do per l da
interlocutora, do qual ela se orgulha;
- Na ausência de per l, iniciar diálogo com elogio à beleza ou sorriso;
- Iniciar diálogos com frases curtas;
- Preferir o humor à formalidade, a leveza e a descontração à tensão, a
ousadia à retração;
- Indagar sobre a natureza da busca da interlocutora;
- Anunciar que procura alguém para cuidar;
- Solicitar o sorriso dela para você;
- Indagar sobre estado civil e, se for o caso, sobre lhos;
- Quando indagado, se ater mais às conquistas do que aos planos (ela se
interessa pelo que você tem e não pelo que pretende ter);
- Quando indagado, mostrar-se moderadamente religioso e, sempre que
possível, misericordioso;
- Conduzir as coisas com cada interlocutora de tal modo que nenhuma
delas te impeça de criar oportunidade com as outras;
- Atacar a fraqueza (produzir visões imaginárias ao abordar temas como
viagens, horóscopo, astrologia, gastronomia, celebrações);
- As brasileiras e as africanas deixam-se seduzir por pensamentos vagos,
enquanto as americanas ou europeias exigem comportamento mais
assertivo;
- Concordar com o pensamento dela em tudo;
- Tomar a iniciativa de terminar a conversa.

O que deve ser evitado:


- Iniciar diálogo com longos textos;
- Perguntar sobre a pro ssão (a menos que seja perguntado);
- Demonstrar ansiedade;
- Encaminhar sucessivas mensagens sem que haja resposta da mensagem
anterior (mulheres deixam de responder intencionalmente com o propósito
de estabelecer uma relação de poder);
- Analisar a existência;
- Mencionar problemas pessoais;
- Mencionar ser ateu;
- Ter posicionamento oposto ao dela sobre qualquer assunto;
- Ter rígida opinião sobre assuntos polêmicos.

Das coisas que se sucedem em abundância:


- As interlocutoras têm muito mais opções de escolha do que você;
- Mulheres dialogam com vários homens ao mesmo tempo;
- Não estão disponíveis para “hook up” (encontros casuais);
- Constantemente dizem estar ocupadas, uma espécie de orgulho de não
serem donas do próprio tempo (forma de se imaginarem importantes);
- Estão no site de relacionamento por puro acaso e sem qualquer pretensão
(uma amiga as inscreveu);
- Estão apenas investigando e não carão por muito tempo;
- Dizem procurar alguém que as faça felizes (prepare-se para a missão
impossível);
- Solicitação de seu Facebook com a intenção de veri car se você é casado.
- Perguntam de forma séria e profunda sobre o seu signo;
- Recorrem sistematicamente ao espiritismo e à astrologia quando diante
de adversidades;
- Di culdades em se livrarem das más experiências do passado por
estarem ainda emocionalmente ligadas a elas;
- Imprevistos de toda a sorte para justi car que não poderão honrar o
encontro;
- Chegam atrasadas no primeiro encontro para que seja compreendida a
mensagem de que você deve esperar por elas e não o contrário;
- Em havendo uma gota de discordância entre o seu pensamento e o delas,
dirão: “Somos muito diferentes, não sei se daremos certo.”

Dos fatos:

Exemplos de diálogos curtos (com pouco gasto de energia) bem-


sucedidos:
1.

Eu – Olá! Suas fotos estão ótimas. Adorei! Tudo bem?


Ela – Obrigada, estou bem. Como foi seu m de semana?
Eu – Foi ótimo! Que tempo maravilhoso! Adoro dias ensolarados. São
perfeitos para correr no Central Park. Você curte correr?
Ela – Infelizmente correr não é a minha praia. Você mora próximo ao
Central Park?
Eu – Sim. Eu moro no Upper East Side, entre a 1ª e 2ª Avenida. Menos de 10
minutos de caminhada. Qual a natureza de sua busca nesse aplicativo?
Ela – Procurando pelo homem dos meus sonhos, é claro. E vc?
Eu – Eu vejo esse aplicativo como uma oportunidade de conhecer pessoas.
Por mais estranho que possa parecer, busco uma relação madura e perene, com
respeito, con ança, lealdade e amor. Alguém com quem possa compartilhar a
vida. Alguém de quem possa cuidar. Estamos na mesma página?
Ela – Sim. Não só na mesma página, como também no mesmo parágrafo. Vc
é original de Nova York?
Eu – Sou nascido no Rio de Janeiro17. Já esteve no Brasil? De onde vc é?
Ela – Já estive em São Paulo quando era criança. Tenho família refugiada lá.
Sou do Líbano. Já esteve lá?
Eu – Nunca estive no Líbano. Quem sabe um dia você não me leva para
conhecer? Há quanto tempo você vive em Nova York?
Ela – Há aproximadamente 10 anos. Mudei-me por causa de trabalho. Que
tipo de trabalho você faz?
Eu – Sou engenheiro eletricista. Trabalhei 18 anos para grandes corporações.
Mas abandonei tudo para fundar uma startup. Você já foi casada?
Ela – Muito interessante. Nunca fui casada, não tenho lhos. Apesar da
minha idade, não tenho pressa. E você?
Eu – Vivi com uma pessoa por 7 anos. Também não tenho lhos. Adorei o
seu sorriso, vou querer ele pra mim. O que você acha da ideia de tomarmos
um drinque? Como isso soa pra você?
Ela – Um drinque me parece ótimo.
Eu – Você gostaria de escolher o lugar?
Ela – Tenho muitas coisas no trabalho para resolver. Podemos marcar na
próxima terça ou quarta? Vou pensar em um lugar. Você tem alguma
sugestão? Quais seus planos para o m de semana?
Eu – Vou passar o feriado em Manhattan. Ha muitas opções aqui. Vou
explorar essa magní ca cidade. Que tal nos encontrarmos no Balon, 245 E 81st
às 7pm?
Ela – Balon parece-me perfeito. Combinado. Nos vemos lá.

2.

Eu – Olá! Suas fotos estão ótimas. Adorei! Tudo bem?


Ela – Olá! Obrigada pelo elogio. Estou bem, e vc? Vc está a 3.818 milhas de
distância?
Eu – Estou bem. Estou no Rio de Janeiro, indo para o aeroporto. Voo para
Nova York hj a noite. Vc está em Manhattan?
Ela – Que divertido! A trabalho ou a passeio? Sim. Eu vivo em Manhattan.
E vc? O que faz? Onde mora?
Eu – Ambos, a trabalho e a passeio. Sou engenheiro, trabalhei 18 anos para
grandes corporações, construindo usinas de geração de energia. Mas decidi
fundar uma startup. Então eu passo parte do meu tempo no Rio e parte em
Nova York. Qual a natureza de sua busca nesse site?
Ela – A natureza de minha busca… muito bem colocado. Procuro conhecer
pessoas, estar com elas, ter bons momentos, etc, na esperança de encontrar
alguém com quem possa ter uma relação. E vc?
Eu – Parece que estamos na mesma página. Procuro por uma namorada
com quem possa desenvolver uma relação saudável e calorosa. Alguém de
quem possa cuidar. Mas há um problema. Não sou tão bom dançarino quanto
vc18.
Ela – Bem, o que vc irá me ensinar em compensação? Engenharia elétrica?
Eu – Hummm... Posso te ensinar português. O que vc acha?
Ela – Claro, seria ótimo. Então posso tomar que vc é brasileiro?
Eu – Sim. Sou do Rio de Janeiro. Já esteve lá?
Ela – Infelizmente não, mas tenho amigos lá e sei que tem lugares
formidáveis. Com que frequência que vc vai lá?
Eu – Sim. Há de fato lugares muito bonitos e agradáveis, embora seja um
país pobre e corrupto. A natureza do Rio de Janeiro é inigualável. Vou ao
Brasil a cada 2 ou 3 meses. Quem sabe na próxima vez não podemos ir juntos?
A propósito, você tem um sorriso lindo! Vou querer ele para mim.
Ela – Pretensioso você, não? Talvez possamos começar com um drinque em
Nova York primeiro.
Eu – Perfeito! Seria ótimo tomar um drinque com vc. Alguma sugestão?
Ela – Que tal no próximo sábado às 9pm?
Eu – Para mim está ótimo.
Ela – Sugiro o Tarallucci e Vino, na 83rd com Columbus.
Eu – Nos vemos lá!

3.

Eu – Olá! Suas fotos estão ótimas. Adorei! Tudo bem?


Ela – Hello! Estou bem, e vc?
Eu – Estou ótimo! Qual a natureza de sua busca nesse site?
Ela – Bem, estou aqui para encontrar pessoas, fazer novos amigos e quem
sabe achar o “Mr. Right”. Eu acho que estamos aqui com o mesmo propósito,
não estamos?
Eu – Eu vejo esse aplicativo como uma oportunidade de conhecer pessoas.
Por mais estranho que possa parecer, busco uma relação madura e perene, com
respeito, con ança, lealdade e amor. Alguém com quem possa compartilhar a
vida. Alguém de quem eu possa cuidar. Estamos na mesma página?
Ela – Eu acho que sim.
Eu – Isso é perfeito! Vc já foi casada?
Ela – Sim. E vc?
Eu – Morei 7 anos com uma pessoa e não tenho lhos.
Ela – Fui casada tb por 7 anos e não tenho lhos.
Eu – De onde vc é? Não me parece que seja americana.
Ela – Sou do Marrocos. Meu nome real é Belanara. E vc?
Eu – Sou do Rio de Janeiro. Há quanto tempo vc vive em Nova York?
Ela – Há 16 anos. E vc?
Eu – Em Nova York somente há 1 ano. Mas vivi no Arizona desde 2010. Vc
fala francês?
Ela – Sim.
Eu – J’aime français.19
Ela – Haha. Bom ouvir isso.
Eu – J’ai étudié français en ma école mais j’ai oublie beaucoup de choses.20
Ela – Podemos falar em francês se vc quiser. Je suis impressionné.21
Eu – Est-ce que tu veux être ma professeur?22
Ela – Haha. Je peux te corriger.23
Eu – Le français est similaire à portugais. Je considère que le français est la
plus belle langue du monde.24
Ela – Sim. Eu sei.
Eu – Adorei o seu sorriso, vou querer ele pra mim. O que vc acha de
tomarmos um drinque?
Ela – Podemos marcar. Estou de folga essa semana e podemos marcar
amanhã à tarde.
Eu – Ótimo! Conhece o café DTUT?
Ela – Je ne connais pas.25
Eu – Est-ce que tu veux connaître ?26
Ela – Oui pourquoi pas? Où est-il?27
Eu – Na esquina da 2nd Ave e 91st.
Ela – Vc já esteve em algum café francês?
Eu – Apenas no “Le Pain Quotidien”.
Ela – Vc não quer tentar um café francês?
Eu – Claro que sim. Qual vc sugere?
Ela – Maison Kayser, perto do Columbus Circle. 1800 Brodway.
Eu – Perfeito! Que horas?
Ela – 5pm?
Eu – Ok. Te vejo lá. Boa noite.
Ela – Ça marche. Bonne soirée à toi aussi.28

Resumo:
Humanos são esferas cambiantes de emoções antagônicas e instáveis.
Respondem a estímulos psicológicos por meio de uma sopa de reações
químicas que resultam em alterações siológicas. Via de regra, são escravos
de seus desejos e paixões. Mulheres se apaixonam pelo conceito do que elas
imaginam ser a realidade e não a realidade em si. Por isso, é fundamental
explorar a cção. Em geral, mulheres não se sentem confortáveis em se
expor nos aplicativos de relacionamento. Assim sendo, é fundamental
mencionar que você, contrariando os tempos atuais, está em busca de
relacionamento sério.

A forma mais e caz de se marcar um encontro é seguir os seguintes


passos:
1. Iniciar diálogo com frases curtas, sempre fazendo referência elogiosa a
algum item do per l da interlocutora do qual ela se orgulha;
2. Na ausência de per l, iniciar diálogo com elogio à beleza ou ao sorriso;
3. Indagar sobre a natureza da busca da interlocutora;
4. Anunciar que, "por mais estranho que possa parecer", procura
relacionamento sério e alguém para cuidar;
5. Indagar sobre estado civil e, se for o caso, sobre lhos;
6. Solicitar o sorriso dela para você.
7. Sugerir tomar um drinque e perguntar a opinião dela.

Não estamos diante de uma ciência exata e o resultado nal pode


apresentar, pontualmente, enormes variações. Mas não nos preocupamos
com isso pois entendemos a lei dos grandes números29, que são assertivas
quando o número de experiências se torna grande. Sem a cooperação da
interlocutora a conversa tenderá ao fracasso. Como nossa meta é utilizar a
menor quantidade de recursos possíveis, convém evitar as vitórias de Pirro30.

13 Simpli cadamente, os so stas compõem-se de oradores da Grécia antiga, de eloquência singular.


Viajavam de cidade em cidade e, por meio de cobranças de taxas, ensinavam técnicas de
argumentação com ns de persuasão e que deveriam ser utilizadas conforme as necessidades.
14 Conceitos capturados do curso “Negociações de sucesso: estratégias e habilidades essenciais” do
professor George Siedel; Universidade de Michigan.
15 Dr. BJ Fogg é fundador do “Persuasive Tech Lab” na Universidade de Stanford onde conduz suas
pesquisas relacionadas a inovações técnicas e industriais.
16 Os conceitos, por assim dizer, de estímulo, emoção, imaginação e ação, no curso da dialética, na
maioria das vezes, deixam-se confundir. Portanto, nem sempre é possível (e por sorte também
desnecessário) estabelecer uma fronteira bem de nida entre eles. Dessa forma, por considerar
su ciente, para efeito de ilustração e didatismo, apenas parte do diálogo é exibido.
17 Sempre menciono a cidade antes do país. Acredito que, dessa forma, possa, ao menos
minimamente, me desvincular da pecha de brasileiro. Em uma palestra do brilhante astrofísico Neil
deGrasse Tyson, foi mencionado que estrangeiros associam Brasil a biquíni. A experiência mostra que
ser brasileiro é de nitivamente um entrave para o sucesso das relações conjugais, devido a péssima
imagem do país no exterior. Confesso que ser brasileiro é, para mim, motivo de vergonha.
18 Em seu per l, ela menciona ser boa dançarina e dar aulas de dança. Pontos-chaves do per l, que a
remetam a noção de prazer, devem, sempre que possível, ser mencionados. Trazer à mesa de
negociação as suas atividades favoritas estreita a relação, cria laços psicológicos de con ança e
demonstra que seu per l foi lido de forma diligente.
19 Eu amo francês.
20 Estudei francês em minha escola, mas já me esqueci de muitas coisas.
21 Eu estou impressionada.
22 Você quer ser minha professora?
23 Eu posso te corrigir.
24 O francês é similar ao português. Eu considero que o francês é o idioma mais bonito do mundo.
25 Não conheço.
26 Você quer conhecer?
27 Por que não? Onde ca?
28 Está combinado. Boa noite para você.
29 Lei dos grandes números - Se um evento de probabilidade p é observado repetidamente em
ocasiões independentes, a proporção da frequência observada desse evento em relação ao total
número de repetições converge em direção a p à medida que o número de repetições se torna
arbitrariamente grande.
30 Vitória de Pirro - Expressão que se concede a uma vitória submetida a alto preço, em razão da
ocorrência de danos irreparáveis. A frase “Mais uma vitória como esta e estarei arruinado”, é atribuída
ao rei Pirro do Épiro, ao ser cumprimentado por um soldado, após derrotar os romanos na batalha de
Heracleia, em 280 a.C.
Axioma 8 – Das melhores
diretrizes a seguir
Em “O Príncipe”, no capítulo XXV, “Quanto pode o destino nas coisas
humanas e de que modo se lhe pode resistir”, Maquiavel manifesta uma das
suas re exões mais brilhantes e expõe toda a sua extraordinária genialidade.
Restringindo-se mais ao particular, observa que o príncipe se faz próspero
hoje e amanhã arruinado, sem ter-lhe visto mudar a natureza, pois acredita
que aquele que se apoia inteiramente na sorte, arruína-se, conforme esta
varia, e que seja feliz aquele que adapta seu modo de proceder às condições
dos tempos. Assim, uns prosseguem com cautela e outros com
intempestividade, sendo possível dois príncipes agirem de maneira
semelhante e apenas um conseguir seus desígnios; e dois outros agirem de
maneira diferente e tanto um quanto outro conseguirem o mesmo efeito.
Maquiavel credita a variação de resultados à variação das circunstâncias e
ainda alerta que não se encontra homem tão prudente que saiba se
acomodar a isso, pois não pode desviar-se daquilo a que a sua natureza o
inclina. O raciocínio maquiaveliano foi merecedor da contemplação de
Napoleão, que assevera que mudar conforme as circunstâncias e as
necessidades sem perder o vigor é o que existe de mais difícil e o que mais
perseverança requer.
Portanto, faz-se sábio o homem que, por toda a sua existência, desde o
nascimento até a morte, carrega consigo e nunca se afasta desse modo de
raciocínio, devendo desviar-se de sua natureza sempre que necessário e
diversi car suas atitudes de acordo com as circunstâncias.
O espectro da variação do comportamento e de expectativas feminino é
tão amplo, que por vezes dedico meu tempo a investigar como a natureza
pode ser tão incrivelmente distinta e criativa. Assim, para a mesma atitude,
nunca se ausentarão aquelas que a consideram leviana e ofensiva, mas
também se encontrarão em quantidade as que a concebam judiciosa e rme.
O mesmo gesto, com pequenas variações, pode ser considerado ato corajoso
por algumas e pusilânime por outras.
Ao pretender estabelecer um convite com desígnios de coito, a experiência
tem mostrado que recorrer às expressões “chez-moi” e “chez-toi”, em
francês, em vez de “na minha casa” ou “na tua casa”, em português, ou ainda
“at my home” ou “at your home” em inglês, tem efeito amortecedor e
inebriante, ao camu ar o verdadeiro intento da ação e devem ser utilizadas
sem parcimônia. Contudo, isso não o livrará do tormento de colher
resultados diversos. Encontrar-se-á as que se exaltam sem restrições e as que
também o fazem, mas arti cialmente impõem obstáculos. Dentre essas,
algumas questionarão o porquê de ser “chez-moi” em vez de ser “chez-toi” e
vice-versa. Contudo, jamais será possível se livrar do infortúnio daquelas
que consideram o convite inadequado ou imprudente. Convém, portanto,
suspender as negociações com essas últimas, mas nunca as extinguir, pois,
estatisticamente, no longo prazo, sem lhe custar energia, sempre uma ou
outra mudará de ideia e poderá ser bem encaixada nos intervalos de ócio.
Com as atenções voltadas àquelas que se deixam envolver com os termos
em francês, haverá as indecisas que faltarão com a promessa empenhada na
última hora e que, quando não se afastam, sugerem outro lugar. De toda a
forma, haverá aquelas que farão descer vagarosamente as calças apenas pela
metade e as que delas se livrarão completamente. Haverá as que evitarão o
beijo no primeiro encontro por pudor nato ou premeditado, mas que se
manterão acocoradas no dia seguinte. Não será possível escapar das que
guardam a cavidade para outra oportunidade, mas que envolvem de
imediato com a boca o membro viçoso e das que agem de maneira
inteiramente oposta. Haverá as que se extasiam em ser fustigadas no
automóvel e as que exigem privacidade. Existirão as que gritam e as que
gozam em silêncio à maneira das ovelhas em sacrifício, e da mesma forma,
haverá as que se embebedam livrando-se da consciência e as que lúcidas
pretendem permanecer. Inferir por antecipação o que requer cada uma
delas, sem perder o ânimo e o vigor, vem dar razão a Maquiavel e a
Napoleão e tem-se mostrado nesses anos o que há de mais difícil.
Surpreendi-me com o resultado de minha pesquisa. Estudos apontam que
é possível marcar um encontro logo nos primeiros dias em que se iniciam os
diálogos, sendo as longas trocas de mensagens, além de enfadonhas,
dispendiosas em tempo e energia e, por conseguinte, desnecessárias. O
grá co a seguir ilustra a distribuição de frequência de 100 encontros
marcados em função dos dias em que as conversas foram iniciadas31.
Nota-se que a maior parte dos encontros (quase 70%) é marcada até o
quarto dia de conversação. As chances de coito também são maiores à
medida que os encontros são consumados mais rapidamente. Atribuo esse
resultado ao fato de que mulheres decididas em marcar encontros mais
rapidamente também são mais decididas em optar pela cópula. Para
encontros marcados a partir do sexto dia em diante, as chances de
acasalamento caem drasticamente para um terço ou menos32. A conclusão
que se chega é que as chances de se marcar um encontro se reduzem à
medida que o tempo passa para além do quarto dia de diálogo e, da mesma
forma, faz-se insu ciente o índice de acasalamento.
Outro resultado interessante é a correlação existente entre a pro ssão das
mulheres e a propensão à cópula. De forma esquemática foi possível de nir
3 grupos, classi cados a seguir com relação à facilidade de se desenvolver o
acasalamento. Lembrando que o objetivo é a cópula se desfazendo da menor
quantidade possível de recursos. Deve-se dar, preferencialmente, maior
atenção às fêmeas do grupo 1.

1. Grupo 1 (mais facilidade): médicas, enfermeiras, psicólogas, dentistas,


sioterapeutas, servidoras públicas do poder judiciário e pro ssionais
do mundo corporativo e relacionadas às áreas de matemática,
informática e contabilidade;
2. Grupo 2 (facilidade moderada): pro ssionais envolvidas com
atividades relacionadas à beleza, professoras, secretárias e advogadas (as
mais ardilosas);
3. Grupo 3 (requerem mais esforço): empresárias, vendedoras, servidoras
públicas que não pertençam ao poder judiciário, pro ssionais que
desenvolvem funções administrativas, lósofas e economistas.
Como parte integrante da pesquisa, o resultado abaixo exibe as chances de
acasalamento a partir do segundo encontro em função de se apresentar ou
não posse de veículo de luxo. Observe que não há qualquer possibilidade de
3º encontro (e muito menos do 4º) sem a posse de veículo de bom porte.

De todas as atividades humanas, o garimpo de mulheres em sites de


relacionamento, desde a ocorrência do primeiro contato até a consumação
da cópula, é a que apresenta uma das taxas mais baixas de e ciência. A
possibilidade de um primeiro contato não quer dizer muita coisa. Portanto,
faz-se sábio aquele que os inicia em abundância. Deve-se criar listas com o
maior número de contatos possível, porque a experiência mostra ser
aproximadamente verdadeiras as seguintes relações expostas na tabela a
seguir:
Portanto, para uma lista inicial de 400 mulheres, espera-se a consumação
do acasalamento com cerca de 25 delas, o que aponta para uma taxa de
sucesso de apenas 6,25%.
Outro aspecto importante, que merece observação apesar de ter sido
abordado em axioma anterior, refere-se ao pagamento da conta do primeiro
encontro. Caso não haja, da sua parte, atração pela moça, ou, ainda, se
tornem evidentes os sinais de repugnância por ela exibidos, não se sinta
constrangido em pagar somente pelos itens que compõem o seu consumo.
Porque, mesmo tendo a dama decidido de maneira oculta que jamais lhe
encontrará novamente, jamais se afastará da oportunidade de retrair-se do
pagamento, por estar convicta de que o mundo deve servi-la.

Resumo:
a. Seja mais forte que a sua natureza e mude conforme as circunstâncias e
as necessidades. Agir dessa forma, sem perder o vigor, é o que existe de
mais difícil e o que mais perseverança requer;
b. Empenhe-se em marcar encontros até o quarto dia após o início das
conversas. São os que carregam maiores chances de ser bem-sucedidos.
c. Convide a dama para um lugar mais reservado utilizando as expressões
em francês “chez-moi” e “chez-toi”;
d. A mesma ação, com pequenas variações, pode ser considerada judiciosa
e rme ou ofensiva e leviana.
e. Plenamente possível é o estabelecimento de encontros sem o consumo
abundante de recursos e em poucos dias de conversa. Encontros com
mulheres decididas carregam maiores chances de acasalamento;
f. Possuir veículo de luxo aumenta extraordinariamente as suas chances de
cópula.
g. Por se tratar de atividade com índice de e ciência baixo, para se manter
ocupado, convém aumentar extraordinariamente o número de contatos.
h. Não pague integralmente a conta se não houver mínimos sinais de que a
dama se interessou por você.

31 Apenas estão computados os encontros efetivamente marcados. As conversas que não foram
adiante não estão contempladas.
32 O grá co mostra que no décimo segundo dia de diálogo ocorreu a marcação de um encontro bem-
sucedido, fazendo com que o índice encontro/acasalamento atingisse 100%. Pelo fato da qualidade
dessa amostra ser pobre, esse resultado deve ser descartado por se con gurar, claramente, no que os
engenheiros usualmente classi cam como ponto fora de curva.
Axioma 9 – Da temperança como
estratégia
Shakespeare, por meio de Hamlet, anuncia: “Inconstância, o teu nome é
mulher”. Após 250 anos, no século XIX, Gustave Flaubert expressa o
pensamento de Emma em Madame Bovary: “Tinha o desejo de viajar, ou
então de voltar para o seu convento. Sentia, ao mesmo tempo, vontade de
morrer e de morar em Paris”.
Dada a enorme volatilidade dos sentimentos e humores das mulheres,
convém preparar uma estratégia para aquelas que se predispõem a sair ou
estar com você e, sem motivo aparente, sem que nenhum evento signi cante
tenha acontecido, de repente desistem ou, intempestivamente, ainda deixam
de se comunicar. De todas as estratégias, exercer a temperança é a melhor.
Ao discorrer sobre a temperança, Sponville assevera que tal virtude não se
trata de não desfrutar, nem de desfrutar o menos possível, o que seria
tristeza ou impotência. O lósofo invoca Spinoza para delimitar que “apenas
uma feroz e triste superstição proíbe ter prazeres”. “Portanto, é próprio de
um homem sábio usar as coisas e ter nisso o maior prazer possível (sem
chegar ao fastio, o que não é mais ter prazer).” A temperança implica na
moderação dos desejos sensuais, para que se possa haver um desfrutar mais
puro, pleno e esclarecido. “A temperança é a moderação pela qual
permanecemos senhores de nossos prazeres, em vez de seus escravos”. O
prazer é melhor porque é mais livre, sendo o intemperante um escravo.
Conforme já debatido, compreende-se que são raras as mulheres que se
fundamentam em raciocínio próprio e em pensamento coeso sobre a vida.
Com mulheres dessa natureza, que raciocinam de modo coerente, em geral,
as di culdades de relacionamento são mitigadas. O problema se torna sério
ao se arrolar com as que se sustentam em raciocínio confuso e não são
hábeis em alcançar as coisas por si mesmas. Portanto, controlar a ansiedade
e ter serenidade é fundamental, pois é preciso car claro que você está
lidando com criatura de pensamento oscilante, visto que se deixam dominar
pelas fantasias, pelos delírios e pelos impulsos irracionais.
Certa vez conheci uma linda jovem que habitava outra cidade, distante
2.000 km ao sul da minha. Simpática, dócil, de sorriso encantador, dotada
de olhos de uma cor azul exuberante e de um corpo descomunal. Não seria
exagero algum a rmar que havia sido uma das mulheres mais belas sobre a
qual minha visão já assentara. Eu estava de partida para desfrutar as duas
últimas semanas do ano de 2013 em Nova York. De posse do e-mail da
moça, redigi uma nota convidando-a para me acompanhar na viagem.
Deixei claro que eu pagaria todas as despesas, o que é uma componente de
sedução de extrema importância para elas. Mulheres são fascinadas em
abster-se dos compromissos pecuniários e em delegar ao homem a
responsabilidade dos custos, para que elas possam desfrutar em abundância
da coisa gratuita. Os resultados possíveis eram dois: ela aceitar ou não o
convite. Os dados haviam sido lançados.
Com um pouco de sorte, as coisas poderiam dar certo. Não há vocábulo
mais adequado para caracterizar o destino da situação: sorte. Nada diferente
aqui do que possa haver em um jogo de azar: aposta-se em um número e
espera-se o m do movimento do globo girante que irá determinar o
resultado. Guardo em mente ser verdadeira a imagem que reproduzo a
seguir, elaborada segundo as minhas observações. O grá co exibe
qualitativamente a variação da convicção e do nível de carência das
mulheres ao longo do tempo. Via de regra, essas duas componentes não se
exibem em fase, mas caminham em sentidos opostos com defasagem
próxima a 180 graus. Infere-se que, quando o nível de convicção aumenta, o
nível de carência diminui, e vice-versa.
Se a sua abordagem ocorrer nos momentos (1) ou (2), em que o nível das
convicções das mulheres está alto e o nível de carência está baixo ou
negativo, é provável que a sua abordagem não lhe proporcione o resultado
esperado. Contudo, caso a sua abordagem venha a ocorrer no momento (3),
em que o nível das convicções está negativo e o de carência alto, serão
tremendas as chances de sucesso. Perceba que se trata de um processo
estocástico, randômico, que envolve apenas funções de probabilidades.
Ainda que pareça espantoso, por vezes a indecisão e a ação de criar
di culdades estão tão arraigadas nas entranhas da mulher que um processo
para se materializar um encontro pode levar mais de um ano.
O meu convite para passear em Nova York havia sido feito em um período
no qual a linda jovem, por quem me interessara, atravessava alto nível de
carência, pois tinha encerrado (por mais uma vez), dias antes, o
relacionamento de três anos com o namorado. Não foi difícil identi car que
a dama se deixava vencer por aspirações impossíveis e era vítima de suas
próprias veleidades. Concebe-se que para quase todas as mulheres é
verdadeira a seguinte expressão: “Por ela se pode conhecer quão pouco arde
na mulher a chama do amor se o contato ou a vista da pessoa amada não a
alimentar sem cessar”33. Dois dias após ter encaminhado o e-mail, recebi o
aceite do convite, o que resultou em uma viagem maravilhosa e um sexo
descomunal.
Imediatamente após o retorno da viagem, no mesmo dia em que chegara
de volta à sua cidade, sem qualquer justi cativa, a jovem bloqueou todos os
meios pelos quais poderíamos manter contato (Skype, Whatsapp, Facebook,
etc.). Sequer se despediu ou agradeceu. Durante a viagem, por mais de uma
vez, descon ei de que ela poderia estar articulando sua volta com o
namorado, pois, de quando em quando, se contorcia e se arqueava nas áreas
de Wi-Fi ao trocar mensagens pelo Whatsapp. Eu poderia ter cado furioso
e, intempestivamente, enviado a ela um e-mail condenando o ato hostil ou
mesmo telefonado a ela desaprovando suas ações. Não o z, pois percebi que
ela era o tipo de mulher que agia sempre de maneira egoísta e conforme a
sua conveniência (o que é um comportamento extremamente comum entre
as mulheres muito bonitas), pois elas tomam como certa a ideia de que o
mundo existe para lhes servir. Exerci a temperança e a serenidade com
aquela celebridade que confessara se confundir com mapas geográ cos e
com os conceitos de norte, sul, leste e oeste.
Durante um mês inteiro ela se ausentou sem esboçar qualquer interesse na
reconciliação. A razão para esse comportamento pouco elegante era que, ao
retornar da Big Apple, reatara imediatamente a relação com o namorado
(mas ela não sabia que eu tinha essa informação). Atendo-se à realidade e
deixando para outra hora a imaginação, tem-se que as relações instáveis
di cilmente encontram algum tipo de equilíbrio. Eu carregava a certeza de
que cedo ou tarde ela criaria novos atritos com o namorado e que seriam
boas as chances dela me procurar novamente. Foi exatamente o que ocorreu.
Após novo desentendimento, ela voltou a entrar em contato, simplesmente
porque lhe era conveniente. Na ocasião eu sugeri que viajássemos pela
Europa. Estando alto o seu nível de carência, ela acatou a sugestão e mais
uma vez a viagem e o acasalamento foram maravilhosos. Como os vícios
jamais cessam e utuam ao sabor das circunstâncias oportunas, mais uma
vez ela voltou para o pobre rapaz apaixonado, que nem descon ava que a
sua noiva imaculada se entregara outra vez para outro homem durante os
períodos de turbulência. Eles continuam indo e vindo, sustentando um
relacionamento eternamente inconstante, e ela sempre dando suas
escapadelas, pois há muito já perdeu a consideração por aqueles que a ela
demonstram evidências de afeto.
Grosso modo, mulheres excessivamente descon adas são menos objetivas.
Certa vez, mantive simultaneamente diálogo com duas mulheres. Uma era
rica, inteligente, bonita e sagaz. A outra vivia com um orçamento parco,
cuidava da loja de bugigangas da família, bonita (mas não tanto quanto a
primeira) e pouco astuta. Ficou evidenciado que suas suspeitas descabidas e
seu comportamento arredio, impróprios para a nossa era, eram as causas de
seu infortúnio nanceiro e amoroso. Com a mulher rica, inteligente e bonita
foi possível programar uma viagem para Gramado (cidade ao sul do Brasil)
em nosso terceiro encontro. Com a outra, no décimo encontro, ainda
tomávamos sopa à distância na padaria. É possível distinguir com muita
clareza as mulheres cujas mentes são orientadas às realizações daquelas cujas
mentes são orientadas às escusas. O que ainda me motivava a encontrá-la
era tão somente a obtenção de informações que pudessem enriquecer os
meus estudos, além da minha investigação de seu comportamento. As mais
das vezes, pessoas bem-sucedidas são de fato mais bem preparadas, mais
objetivas e diretas, enquanto as outras se deixam perder por medo,
intolerância e excesso de descon ança; carregando o hábito de transformar
as oportunidades em entraves e de desfrutar de pouca habilidade em superar
imprevistos. Aliás, há algumas mulheres cuja existência é indissociável dos
imprevistos (conforme já abordado no Axioma 4). Quando eles não
ocorrem, enlouquecem, e imediatamente os inventam. São programadas
para germinar empecilhos e adiar a vida que se vive. Devo confessar que
esse comportamento primitivo me exaspera, mas mesmo assim jamais me
desvio da temperança.

1
Dos fatos: . Percebe-se no diálogo abaixo a dificuldade absurda em se
efetivar os encontros. Esses diálogos aconteceram após o nosso
terceiro encontro, em que ocorreu o primeiro beijo.

Eu – Bom dia, gata!


Ela – Bom diaaa.
Eu – O que você está fazendo? Con rmado nosso almoço hoje?
Ela – Trabalhando. Mas hoje o bicho está pegando aqui... Não poderia te dar
atenção.... Vamos almoçar amanhã...

No dia seguinte...

Eu – Olá! Muito trabalho?


Ela – Bom dia! Até que teve um movimento, sim. Já que não falaste nada,
vim almoçar.
Eu – Quer encontrar mais tarde?
Ela – Não sei como será na loja... Hoje estamos sem uma menina... Por isso,
meio corrido. Mas de repente, se quiseres, amanhã almoçamos...
Eu – Ah, que pena... Tá bem. Almoçamos amanhã.
Ela – Tá bem.

No dia seguinte...

Eu – Ah, pena que você não quer mais me ver.


Ela – Eu não disse isso.
Eu – Vc não disse... Eu quero te ver.
Ela – Ando meio agitada... em função do meu cantinho. Consigo vê-lo na
hora do almoço, sendo que meu almoço é sempre depois das 14h.
Eu – Então vamos nos encontrar amanhã?
Ela – Farei o possível sim... Mas tenho apenas 40 minutos de almoço.
Eu – Tá bem. A hora que você puder eu vou te ver.
Ela – Estamos em reforma aqui em casa, meu apartamento saindo,
cadastrando mercadorias na loja... por isso essa correria...
Eu – Entendo... É uma fase. Eu queria estar mais com vc. Mas entendo que
você está com muitas tarefas.
Ela – Por que quer estar mais comigo?
Eu – Pq vc é agradável, bonita, inteligente, tem bons modos, boa índole. Vc
gostaria de estar mais comigo?
Ela – Penso q esse assunto deve ser conversado pessoalmente... Não achas?
Eu – Apenas pensei “A f...”

No dia seguinte...

Eu – Oi! Bom dia! Que horas nos encontramos?


Ela – Oi, bom dia. Esperando uma das meninas chegar. Na verdade, nunca
consigo almoçar antes das 14h.
Eu – Quer marcar às 14h10?
Ela – Só q hoje preciso almoçar e ir ao centro. Meu chefe me deu umas
tarefas. Me diz uma coisa... e se eu conseguir uma hora de almoço amanhã,
não seria melhor?
Eu – Está bem, marcamos amanhã.
Ela – Pois normalmente meu almoço é de 30 min. Sem falta!
Eu – Por você espero o tempo que for preciso.
Ela – Estou indo ao centro. Nem vou almoçar.
No dia seguinte...
Eu – Oi! Bom dia! Vamos fazer alguma coisa hoje à noite?
Ela – Hj não posso.
Eu – Rsrs. Não esperava resposta diferente. Perguntei por perguntar.
Ela – Hoje tenho que chegar em casa e fazer o cabelo de minha mãe. Eu
sempre a arrumo. Amanhã é seu aniversário.

O esforço para um simples almoço era sempre desproporcional às


recompensas. Mas sempre me vinha à mente o grá co das convicções e das
carências das mulheres e a necessidade de exercer a temperança. Até que um
dia ela aceitou um convite para tomar um vinho em minha casa. Foi quando
ela se abriu totalmente para mim, desvelando e entregando a minha
con ança às suas partes mais guardadas. Contudo, após esse encontro,
decidi nunca mais revê-la.

2. O exemplo a seguir atesta a altíssima volatilidade e a incrível


instabilidade da convicção feminina. Após um primeiro encontro bem
agradável, depois de alguma conversa, assim prosseguiu o diálogo.

Eu – Oi! Td bem?
Ela – Oi. Tudo bem.
Eu – Sabe o q tive pensando? Eu tenho muitas milhas... Vc não quer passar o
fds do dia 09 de outubro no Rio? Posso tirar a passagem com milhas pra vc...
Ela – Adoraria! Te disse que adoro o Rio. Ainda mais em boa companhia.
Eu – Hummmm será ótimo. Posso ver a passagem pra vc? Vindo na sexta e
voltando domingo?
Ela – Pode sim. Perfeito!

Ao longo dos 10 dias seguintes mantivemos contatos bem próximos e


lascivos, durante os quais programamos várias atividades. De repente, sem
que nada signi cativo tenha ocorrido para a variação das coisas, eis o que
surge: Ela – Oi. Vc pode falar?
Eu – Sim.
Ela – Olha só... Não quero que que chateado. Estou há alguns dias
pensando nisso. E resolvi falar. Não estou confortável com a viagem ao Rio.
Eu – Pq? O q aconteceu?
Ela – Eu acho que não deveria ter aceitado.
Eu – Qual a razão? O que se alterou?
Ela – Foi precipitado.
Eu – O que a deixa desconfortável?
Ela – Eu não conheço vc... vc não me conhece...
Eu – Ué, mas não é assim o início de um relacionamento?
Ela – Sim...
Eu – Poxa, para de bobagem. Olha, nós vamos nos conhecer melhor. Serão
apenas dois dias. Não vai causar danos nem a mim e nem a você. Muito pelo
contrário. Pode ser muito legal e, sendo assim, podemos construir um
relacionamento bacana. Vc não acha? Para se conseguir coisas diferentes
devemos fazer coisas diferentes. Fugir um pouco do padrão. Nas conquistas é
preciso ser mais audacioso que prudente. Vai ser superlegal, con a em mim.
Você vai ser muito bem tratada. O q vc diz?
Ela – É meu lado racional falando alto... Vc tem razão que precisamos fugir
do padrão.
Eu – Ué... Acho mega racional você ir ao Rio. É apenas um fds. Não é um
mês.
Ela – Sim...
Eu – Vc vai, né? Estou esperando o seu sim. Sabe o que acontece? É próprio
da mulher imaginar um monte de coisas.
Ela – Quero que entenda que não estou me fazendo de difícil.
Eu – Isso causa certa confusão... E aí acaba não fazendo o que deve ser feito.
Ela – E não sou de car imaginando coisas... Mas já passei por situações que
me levam a ser mais racional. Para me proteger...
Eu – Podemos estar deixando de viver uma coisa muito legal porque você se
prende a emoções não agradáveis do passado. Uma experiência ruim não
signi ca que ela irá sempre se repetir. Se vc não quebrar esse vínculo com
coisas ruins do passado, nunca vai criar oportunidades para si mesma. Vai ser
tão bom.

Um silêncio se interpôs.

Eu – Vc não vai mais? É isso?


Ela – Só queria que vc soubesse o que estou sentindo. Não quero deixar vc
chateado. Ou causar qualquer problema.
Eu – Qual sua decisão nal?
Ela – Sinto-me mal porque vc comprou as passagens... uma gentileza. Quero
conhecer melhor você. Mas quero me sentir segura.
Eu – Sim. Mas com relação à viagem. Você vai ou não? Vc poderia ter
recusado o convite antes.
Nesse instante me ausentei. Não havia nada a fazer senão exercitar a
temperança. Dois dias depois, recebo, inesperadamente, uma mensagem.
Ela – Pensei muito nesses dias. Eu vou. Aceito o convite. Eu vou sim
Resumo: A temperança é uma virtude a ser praticada porque no longo
prazo lhe trará mais benefícios do que prejuízos. A protelação ou a recusa de
um encontro nunca deve ser dado como algo de nitivo, pois em muitos
casos o ato de protelar ou recusar está mais vinculado com o momento e as
circunstâncias em que as mulheres estão inseridas do que propriamente com
alguma característica indesejável em você. De mais a mais, as mulheres têm
sempre a necessidade de di cultar as coisas, pois o que é dotado de
simplicidade lhes é quase sempre incompreensível. A aceitação e a negação
de um convite, conforme o grá co exposto neste axioma, carrega mais
componente aleatório do que racional.

33 Discurso de Nino Visconti para Dante Alighieri no purgatório, encontrado no Canto VIII do livro
“A divina comédia”.
Axioma 10 – Dos impasses e da
melhor atitude a tomar
Dada a grande diferença entre a natureza da estrutura de pensamento do
homem e da mulher, convém estar bem preparado para enfrentar as
di culdades que estarão por vir. Maquiavel assevera no capítulo XVIII de “O
Príncipe”, “De que modo devem os príncipes cumprir a palavra dada”, que
há duas maneiras de lutar: pela lei e pela força. A primeira é própria dos
homens, a segunda dos animais. Como restringir a luta à primeira maneira
poderá ser insu ciente, faz-se necessário recorrer à segunda, pois ao
empregar uma maneira sem a outra os resultados não são duradouros.
Sendo importante iniciar-se nas destrezas dos animais, mais e caz é
conhecer os modos do leão e da raposa. O leão tem a força de afugentar os
lobos, mas somente a raposa é capaz de se livrar dos laços das armadilhas.
Em nosso caso especí co, faz-se mais útil investigar as habilidades da raposa
e, por conta disso, nos deteremos a elas.
No curso dos diálogos, torna-se bem caracterizado que os homens
comuns, de modo geral, se predispõem a evidenciar pontos de convergência
que direcionem para a conciliação, enquanto as mulheres tendem a seguir
caminho oposto, ao insistir em fazer orescer divergências (muitas vezes
imaginárias) que as levem à conclusão de que o interlocutor não preenche as
características que elas almejam encontrar em seu par (esse comportamento
ocorre principalmente entre as mulheres americanas, mas também é bem
difundido entre as brasileiras).
Metaforicamente, pode-se dizer que o homem tende a construir uma
ponte para que ocorra o encontro e a união entre iguais, sem o
preestabelecimento de hierarquias. Já a mulher inclina-se a formatar um
castelo no qual faz do cume abrigo, para que do alto possa atirar pedras e
estabelecer uma relação de superioridade e poder. Em outras palavras, o
homem se encarrega da terraplanagem do terreno para que seja preparado
um jardim, mas, entre as ores, a mulher enxerta minas explosivas e são
essas que a raposa deve identi car e desativar.
As mulheres abominam as diferenças. Portanto, cabe à raposa ocultá-las,
custe o que custar, por todo tempo; ou, ao menos, até a consumação do
coito. De outro modo, tudo o que foi trabalhado ou conquistado pôr-se-á a
perder com facilidade incrível. Trata-se também de uma incontestável
verdade que as pessoas têm uma necessidade quase que incontrolável de
expor suas opiniões sobre os diversos assuntos. A raposa deve ter em mente
que ao agir dessa forma (necessidade de emitir seus próprios pareceres)
estará cada vez mais se afastando de seu objetivo ao potencializar a criação
de zonas de con ito. Uma boa raposa sabe que a sua opinião é sempre
secundária e que seu passado, preferências, inclinações e a nidades devem
ser construídos à medida que transcorre a dialética. Os antecedentes da
raposa devem compor uma folha em branco e ser moldados de acordo com
as circunstâncias. Assim, se a mulher diz apreciar correr, deve-se dizer que
se aprecia o esporte; se anuncia que aprecia pinturas, deve-se anunciar que
se aprecia as artes, se ela assevera apreciar a boa música, deve-se enfatizar
que se aprecia os shows, se revela que é esotérica, deve-se dizer que se é um
alucinado pela magia e por tudo que transcende a alma; e assim por diante.
Uma raposa astuta constrói seu DNA em tempo real, à maneira de certas
criaturas marinhas que trocam a coloração do corpo de acordo com o meio
para que, camu adas, não sejam devoradas.
Mesmo com todas as precauções, ainda assim não é possível evitar as
encruzilhadas, os desentendimentos e os imprevistos. As mulheres podem
deixar de se comunicar com você sem qualquer motivo aparente, mesmo
quando tudo caminha aparentemente a bom termo. As razões podem ser
variadas, desde a colocação de uma vírgula equivocada que provoque nela
desgosto (pois a mulher também se deixa abater por causas fúteis) a
aparição de outra raposa mais ardilosa e mais atraente aos seus olhos.
Diante dessas circunstâncias de inesperada perda de interesse da mulher
sem qualquer razão sólida pertinente, há duas coisas a fazer: insistir ou
desistir. Caso se opte por insistir, não envie mais de uma mensagem por dia,
pois ela interpretará como desespero ou carência e isso provocará mais o
afastamento do que a aproximação, já que a mulher é doutrinada a exaltar
apenas as virtudes do homem, sendo implacáveis com as fraquezas. Convém
esperar até uma semana para o envio de outra mensagem não respondida.
Tenha certeza de que a mensagem chegou, a demora em responder faz
apenas parte da tramoia que está a elucubrar. A rigor, se ela quiser responder
irá responder, pois, em qualquer situação da existência, quem tem interesse
em algum resultado age para que ele se estabeleça.
Se durante a conversa ela diz que não tem mais certeza de querer
continuar, ou propositalmente cria zonas de con ito, mais vale acatar esse
desfecho sem resistência, apenas deixando claro que o afastamento foi
proposto por ela e, logo após, se ausentar. Caso ela explicitamente deixe
claro que a relação não tem como continuar, pois são múltiplas as
diferenças, o melhor a fazer é não responder. Essa atitude, de pouco caso e
menosprezo, causa extrema indignação nas mulheres, que odeiam car sem
respostas (conforme visto em axioma anterior). A raposa, assim agindo, faz
a mulher experimentar do próprio veneno, porque na natureza ninguém
mais do que a fêmea recorre tão ardilosamente ao menosprezo para ferir
intencionalmente o macho. Por mais das vezes, o silêncio incitará mistério e
curiosidade na mulher, ao mesmo tempo em que será a ela transmitido que
a raposa tem independência e segurança. Portanto, são maiores as chances
da mulher voltar a entrar em contato ao se optar por desistir, se dedicando à
prática do silêncio e da ausência. A gura a seguir ilustra a situação.
Dos fatos:
1. Continua-se aqui o diálogo do Axioma 4. Como o impasse não se dá de
forma explícita (não há a formalização categórica de que ela quer o
rompimento), mas somente insinua que pretende descontinuar, então a
melhor atitude é mencionar que gostaria de manter a relação, mas que a
decisão dela será acatada, e logo após se ausentar. O resultado dessa
ação, como pode ser observado, é positivo.

Eu – Vou respeitar a sua decisão. Uma pena. Gostei de você e gostaria de


tentar uma relação séria com você.
Ela – Nós só falamos de sexo. Eu gostei de ti. Não acho que eu seja a mulher
que tu procuras.
Eu – Eu não quero uma relação só de sexo, mas também não quero uma
relação sem ele.
Ela – Você não imagina quanto sinto te falar isso, mas não tive certeza se é
uma mulher como eu que queres.
Eu – Então foi um engano meu supor que estávamos nos entendendo. Você
está tomando uma decisão baseada em suposições, em hipóteses. Antes de
tudo, baseada no que você julga ser verdade e não nas evidências.
Ela – Não. Baseada no que senti. Por mim passaria o dia contigo,
caminharia pela beira do rio, almoçaríamos, mas nem tenho coragem de fazer
esse convite para você. É o que você me passou.
Eu – Mais uma vez você está tomando sua imaginação como certa. Está
bem. Vou te deixar livre. Boa sorte para você... Beijos.
Ela – Eu não disse que não queria estar mais contigo. Apenas disse que não
achava ser o tipo de mulher que você quer. Não posso dizer que não gostei de
ti. Sempre te disse que sou devagar. Quer sair para almoçar?

Nesse dia saímos para almoçar, depois compramos uma garrafa de vinho e
no m da tarde fomos para a casa dela. Tivemos uma noite de sexo
formidável.

Resumo:
No diálogo que converge para um impasse em razão de uma observada
tendência da mulher, por motivo fútil qualquer, de romper a incipiente
relação, há basicamente duas coisas a fazer: insistir ou desistir. Insistir em
demasiado é sempre uma atitude enfraquecedora, pois será interpretado
como carência e oferecerá pouquíssimos resultados satisfatórios. O mais
conveniente é desistir sem nada responder ou deixar claro que a desistência
é decorrência do desejo dela e, logo após, se ausentar. Agindo dessa forma,
se cria um mistério e a noção de segurança. As chances de sucesso e de que a
mulher venha novamente a entrar em contato são maiores quando se pratica
o silêncio. Portanto, de todas as opções, diante do impasse, não responder e
se ausentar é a melhor de todas.
Axioma 11 – De como a raposa
deve agir
No capítulo XIV do livro “O Príncipe”, “Dos deveres dos príncipes para
com seus soldados”, Maquiavel exalta a necessidade de o príncipe não
exercer outra atividade senão a guerra e suas disciplinas; mesmo em tempos
de paz deve-se estar preparado para ela. Parafraseando algumas partes desse
capítulo e também do capítulo XV, “Das coisas pelas quais os homens,
especialmente os príncipes, são louvados ou vituperados” é perfeitamente
possível, além de necessário, tecer um paralelo de como a raposa deve agir
com as mulheres que são essencialmente cavilosas, especializadas na arte da
dissimulação e incapazes de cumprir as promessas mais ardentes.
A raposa deve sempre conduzir suas ações com astúcia nas relações com as
mulheres, porque esta é a única arte que se espera de quem está
continuamente em vigília e preparado para o combate. Convém estar
sempre atento, mesmo em condições supostamente estáveis, pois, se a sorte
mudar, deve-se estar apto para resistir ao que ocorrer. Enquanto você se
ativer apenas às boas maneiras, se abster do exercício do poder, será
menosprezado e aprenderá uma forma de se arruinar e não a de se defender.
Agir unicamente com bondade, generosidade e gentileza lhe faz desprezível
aos olhos cobiçosos das mulheres, já que são grandes as chances dessas
características serem interpretadas como fraqueza, pusilanimidade e
submissão, porque não é raro que o que possa parecer virtude transforme-se
em ruína; e o que pareça infâmia lhe traga segurança, bem-estar e bons
resultados.
Con ar cegamente nas qualidades consideradas altivas, tais como
lealdade, sinceridade, humildade, amor, simplicidade e integridade, entre
tantas outras virtudes, como ferramentas sublimes e su cientes para a
conquista de uma mulher, é semelhante a caminhar sobre corda estendida
entre dois penhascos. A situação con gura-se tão frágil e perigosa que a
queda e o fracasso estão sempre à espreita. Isso porque, conforme já dito em
páginas anteriores, de um lado para outro marcha inquieto o pensamento da
mulher, o que a induz, continuamente, a compará-lo com variados
pretendentes. A certeza na mente feminina é serva das suas veleidades. A
convicção que brota durante a alvorada é a mesma que se transforma em
suspeita no crepúsculo do ocaso. Fiar-se unicamente nas virtudes é um dos
vícios e armadilhas que a raposa deve irremediavelmente evitar.
Uma das mais evidentes e primordiais preocupações das mulheres para
com seus pretendentes, que compõem alvo constante de escrutínio e que,
usualmente, é exercida com discrição, se materializa no quanto de conforto
e benefícios da raposa poderão elas usufruir. Deve-se entender conforto e
benefícios como restaurantes, bolsas, botas, sandálias, óculos, vestidos,
cartões de crédito, hotéis e viagens, pois são sempre esses os maiores
interesses. Entre escolher uma raposa com poder, dinheiro e fama, capaz de
abastecê-la de agrados; e outra sem capital estético, com di culdade de
sustentar oferendas similares, nem é razoável estimar que aquela seja
preterida diante dessa. Um homem sem dinheiro e desprovido de bens é
desprezível aos olhos da mulher. No longo prazo, para que a relação seja
duradoura e se aproxime da estabilidade, não é su ciente a companheira
enxergar as características de poder social na raposa, mas é fundamental que
suas amigas e pessoas de seu convívio também as enxerguem. De outra
maneira, a raposa será descartada.
Um amigo americano, cujo pai era brasileiro, dividia seu tempo entre o
Brasil e os Estados Unidos. Em uma de suas visitas ao Brasil, conheceu uma
jovem muito atraente com quem teve breve namoro. Eles se relacionaram
por pouco tempo e logo depois ela casou-se com um homem extremamente
rico e 20 anos mais velho. Para se prevenir, o marido milionário fez a jovem
esposa assinar contrato no qual ela prescindia de qualquer direito aos seus
bens. Permaneceram casados por 25 anos. Após esse período, o marido rico
atingira a velhice e começou a apresentar problemas de saúde. Sua mulher,
projetando tempos tortuosos, vasculhou e encontrou nas redes sociais o seu
ex-namorado americano. Optando por desamparar o marido estendido no
leito, pediu o divórcio e casou-se com o americano para que pudesse
adquirir o Green Card34. Como o marido americano não possuía situação
nanceira estável, semanas após conseguir a cidadania americana também o
deixou. Ela perfaz o caso típico de mulher que age conforme as suas
conveniências e que cruelmente abandona quem lhe dá suporte. Mas isso
também foi previsto por Maquiavel, primeiro ao m do Capítulo XVI “Da
liberalidade e da parcimônia”, quando enfatiza que “entre todas as coisas de
que um príncipe deve acautelar-se é de ser necessitado”, e depois no Capítulo
XVII, “porque dos homens se pode dizer que, geralmente, são ingratos,
volúveis, simulados e dissimulados, covardes e gananciosos em ganhos e,
enquanto lhes zeres benefícios, estão todos do seu lado, oferecendo-lhe o
sangue, os bens, a vida... quando a necessidade é dispensável. Quando,
porém, a necessidade se avizinha, fogem”.
Cabe à raposa exibir de forma discreta suas conquistas, seus bens
materiais, suas possibilidades e seu poder. Isso se faz necessário porque as
mulheres são intolerantes à ostentação explícita e exibição de bens como
método de sedução, mas, paradoxalmente, não se abstêm de inventariar os
ativos. A raposa que se restringe unicamente ao anúncio do planejamento
das coisas ou às atividades a ser ainda desempenhadas, em detrimento das
conquistas já realizadas, estará se comportando de forma incauta. Agir dessa
forma equivale a preparar uma cova ancha, já que as mulheres, de modo
geral, consideram tão somente o que foi de fato conquistado, não se
deixando in uenciar pelas eventuais conquistas que estarão por vir, porque
estas sempre carregam o fardo da dúvida de que serão efetivamente
concretizadas e da qual elas sempre se afastam.
No início do capítulo XVI, faz-se o alerta de que seria bom que a raposa
fosse considerada liberal, mas é prejudicial a liberalidade usada de forma
que a raposa seja reconhecida como tal, porque, se usada virtuosamente, não
será reconhecida, e ainda cairá sobre si a infâmia de seu contrário.
Ao nal do capítulo XXV, “De quanto pode a sorte nas coisas humanas e
de que maneira se deve resistir”, Maquiavel pondera que nas conquistas é
melhor ser impetuoso que prudente, porque a sorte é uma mulher e, para
dominá-la, é necessário atitudes rigorosas. Vê-se que ela se deixa vencer
mais pelos audaciosos do que pelos que procedem com cautela; por ser
amiga dos jovens (que são mais fortes), cede a estes, que a dominam.

Resumo:

Aja com astúcia e, mesmo em tempos de paz, esteja preparado para a guerra.
Não é raro que o que possa parecer virtude transforme-se em fraqueza; e o
que pareça infâmia lhe traga bons resultados. Praticar a bondade e a
gentileza em tudo o que se faz equivale a uma forma de arruinar-se. Con ar
cegamente nas qualidades consideradas altivas é umas armadilhas que a
raposa deve evitar. Entre escolher uma raposa com dinheiro e fama, capaz
de entulhar mulheres de agrados; e outra sem capital, com di culdade de
sustentar oferendas, nem é razoável estimar que aquela seja preterida diante
dessa. Entre todas as coisas de que uma raposa deve acautelar-se, é de se
mostrar necessitada. Cabe a raposa exibir de forma discreta as suas
conquistas. Muito melhor ser impetuoso que prudente, porque a sorte é uma
mulher e é necessário atitudes rmes para dominá-la.

34 Documento que permite ao estrangeiro estabelecer legalmente, com a anuência do Governo


Americano, residência nos Estados Unidos. Casar-se com um americano ou uma americana é uma
das formas de obtê-lo.
Axioma 12 – Dos costumes em
função da localização geográfica
A variação de comportamento e costumes no que tange aos jogos de
sedução, conforme se experimenta diferentes localizações geográ cas,
consagra-se em uma das características mais curiosas e espetaculares das
mulheres. Embora seja considerável a componente randômica que dá forma
às convicções femininas, com sagacidade é possível delinear um padrão de
procedimento de acordo com a região onde elas habitam.
Visando uma melhor estruturação do tema, dividiu-se este axioma entre
mulheres brasileiras e mulheres estrangeiras. Estas últimas restringem-se
apenas àquelas que residem nas áreas de Manhattan e arredores, pelo fato de
ter habitado e frequentado essa região por três anos.

1) Brasil (Regiões sul, sudeste e nordeste) Mulheres brasileiras são


menos atentas ao conteúdo dos perfis masculinos. Talvez esse
comportamento se estabeleça por conta de tornarem hábito comum a
escassez de leitura ao preencher seu tempo parte com o vício
adquirido em postar e curtir mensagens e metáforas vazias no
Facebook, parte com a dedicação implacável às sel es direcionadas ao
Instagram. Apesar desse padrão de comportamento amplamente
difundido entre as mulheres brasileiras, não há razão para se
negligenciar o esmero na elaboração dos perfis nos aplicativos,
quando exigido.
Não deixa de ser interessante que algumas exerçam com destreza incrível
um preconceito que reside em suas mentes. Por considerarem exposição a
ser evitada, já que se imaginam muitas vezes como produtos expostos em
vitrine, tratam logo de alertar que se encontram no site de relacionamento
mais por acaso do que por vontade própria. Conforme já dito, justi cam que
uma amiga as inscreveu e por isso não têm muita experiência com a
ferramenta, sendo tudo muito novo e que você é o primeiro com quem elas
conversam. Esses discursos comuns são hilários; não carregam originalidade
alguma e a melhor estratégia é ngir acreditar.
Em linhas gerais, as brasileiras são menos tensas e mais descontraídas do
que as americanas. Ao contrário destas, apenas uma parcela menor das
brasileiras se diz muito ocupada com o trabalho, sendo obviamente bastante
comum as conversas se desenvolverem com mais agilidade com aquelas que
não se restringem às sentenças monossilábicas. Ainda assim, não se assuste
se algumas pararem de responder intempestivamente. Essa atitude não tem
nada a ver com o que você disse ou propriamente com você. São nada mais
do que joguinhos. Trata-se apenas de uma necessidade delas de se a rmar
por meio do poder de menosprezar e de uma estratégia utilizada por aquelas
que são inseguras e pouco argutas. O que funciona bem nesses casos é
enviar a seguinte mensagem: “Você é daquelas que se inclinam a fazer
joguinhos?”. Quase a totalidade delas retorquem com indignação e, para
provar o oposto, retomam a conversa.
Há ainda um pequeno grupo que descon a de tudo, cujas integrantes são
claramente reprimidas. Percebe-se nelas um desejo contido de libertação,
mas ainda estão acorrentadas aos porões da existência que as remete às
frustrações e aos sofrimentos colecionados ao longo da vida. Muito
provavelmente, a causa que as levam a estar ainda submetidas a essas
emoções destrutivas é o temor de que o padrão de resultados negativos
obtidos no passado torne a se repetir. O que se deve fazer nesses casos é
induzi-las a romper essas correntes que as amarram. Não é um trabalho fácil
e exige paciência. Utilizo dois pensamentos expostos a seguir para livrá-las
desse cárcere sombrio: um de Dante Alighieri no canto II de “A Divina
Comédia”, para afastá-las do medo, e outro de Lou Salomé, incentivando-as
a deixar de lado o excesso de prudência. Adianto, entretanto, que as chances
de êxito não atingem 50%.

“Devemos temer unicamente o que pode de fato causar dano; e o simples


temor não pode fazer mal.”. – Dante Alighieri.

Ouse, ouse... ouse tudo!!


Não tenha necessidade de nada!
Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um
modelo para ninguém.
Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.
Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la!
Ouse, ouse tudo!
Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer.
Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo
que está em nós e que queima como o fogo da vida!! – Lou Salomé Na cultura
brasileira, arriscar um beijo no primeiro encontro não é considerado
ofensivo. Muito pelo contrário. Em geral as mulheres admiram os homens
que recorrem a essa iniciativa, pois são rotulados como homens de atitude.
Duas passagens de Maquiavel em “O Príncipe” podem ser utilizadas para
reforçar essa ideia. A primeira se encontra no capítulo XXI, “O que convém
ao príncipe para ser estimado”, em que se diz: “Um príncipe é estimado
ainda quando é verdadeiro amigo e verdadeiro inimigo, isto é, quando, sem
nenhuma preocupação, se declara a favor de um e contra outro. Tomar
partido é sempre mais útil que car neutro”. Com efeito, arriscar um beijo já
no primeiro encontro não irá lhe custar caro, pois se a dama se sentir atraída
por você irá retribuí-lo, caso contrário, irá refugar. De todas as hipóteses, a
pior é ela sentir-se atraída e você não manifestar atitude, o que poderá
desfazer nela a boa impressão causada, pois sempre haverá aquele que age de
forma decidida a lhe capturar a atenção. A segunda passagem é uma
variação do que já foi dito ao m do axioma 11, quando Maquiavel, no
capítulo XXV, assevera que “a sorte se deixa vencer mais pelos audaciosos
que pelos prudentes.”

2) Estados Unidos (Manhattan, New Jersey, White Plains) As áreas de


Manhattan, New Jersey e White Plains são habitadas por muitos
estrangeiros provenientes de diversos países, o que as tornam uma
região multicultural. As americanas apresentam um padrão de
comportamento muito bem definido e mais facilmente identificável
quando comparado com as estrangeiras. Além de serem muito
desconfiadas, praticamente todas se dizem muito ocupadas com o
trabalho, e que se estabeleceram em cargo tão estratégico que faz-nos
acreditar que sem elas as empresas para as quais trabalham entrariam
em colapso. Em razão dessa responsabilidade profissional, sobra-lhes
pouco tempo para o lazer ou para uma relação afetiva. Parte desse
comportamento foi absorvido pelas estrangeiras. Orgulham-se de não
ser donas do tempo da própria existência. Esse modo de agir é uma
fórmula comum de valorização de si mesmas, de expor que são
independentes e de alertar que não terão muito tempo para você.
Talvez também seja a causa de haver tanta gente adulta e solteira em
Manhattan, porque, na prática, devido à grande oferta de pessoas sem
par todos passam a ser desprezíveis, já que você é apenas mais um na
multidão. As americanas, mais do que as estrangeiras, esmiúçam o
seu perfil e memorizam cada detalhe do que é escrito. Qualquer
contradição entre o que você venha a dizer e o que escreve será usada
severamente contra você. Portanto, tenha em mente muito bem
solidificadas e na ponta da língua as nuanças de seu perfil quando for
abordar uma mulher americana.
A cultura norte-americana é muito mais assertiva e categórica quando
comparada com a cultura brasileira ou sul-americana, que se distinguem
por um viés de menor rigidez em que as coisas correm frouxas. Isso faz com
que as mulheres americanas sejam muito mais diretas e pragmáticas. Elas
de nitivamente se importam com religiões e empregam amplamente o
critério religioso para determinar se darão ou não continuidade à conversa.
Cedo ou tarde o questionamento sobre a sua espiritualidade irá acontecer.
As americanas utilizam com frequência a crença como critério de
eliminação. Embora o cristianismo (e todas as seitas dele derivadas) tenham
como valor o amor, o perdão e a fraternidade, a religião é claramente
utilizada como régua de discriminação. Convém, portanto, se você quiser
manter alguma chance de sucesso, se adequar, pelo menos inicialmente, ao
culto delas. O que torna esse processo incrível é que não basta somente se
adaptar à seita delas, mas também se ajustar ao nível de fanatismo. Assim, ao
conhecer uma puritana fundamentalista, não basta ser puritano, deve-se
fazer parecer também um puritano desmedido. De outra maneira, as
conversas irão fracassar. Fui exatamente o que elas queriam que eu fosse.
Fiz-me de presbiteriano, batista, anabatista, metodista, luterano, calvinista,
congregacionalista, episcopal, membro da ciência cristã, anglicano,
adventista, metodista, testemunha de Jeová, unitariano, evangélico, católico,
cristão, budista, espírita e ateu. Somente após a materialização do coito, é
possível, aos poucos, se desfazer da máscara, pois Maquiavel a rma no
capítulo XVIII de “O Príncipe”, que “jamais faltarão razões legítimas para
dissimular a inobservância das promessas” e completa ao dizer que “é
necessário saber dissimular bem esta qualidade, sendo um grande simulador
e dissimulador; e os homens são tão ingênuos e obedecem tanto às
necessidades imediatas, que aquele que engana encontrará sempre quem se
deixe enganar”.
Ao interagir pelo aplicativo ou pela web com uma americana, prepare-se
para exercitar a temperança. Interagir com as europeias ou russas é, em
geral, mais fácil, embora se observe em algumas os mesmos vícios. Não deve
ser encarado com surpresa os constantes adiamentos de última hora dos
encontros. Perfazem a menor parte as que respondem no mesmo dia às
indagações dos diálogos concedendo celeridade ao processo. A maioria
carrega o hábito de escrever uma frase por dia e não raro te deixam sem
respostas, porque o ato de simular o menosprezo lhes é fonte de poder e
prazer. Comportar-se dessa maneira compõe parte da estratégia delas de
aparentar fazer pouco caso da conversa. Elas jogam o tempo todo. Fica
muito mais evidente que boa parte do grupo de mulheres do hemisfério
norte procura escavar nas entranhas mais profundas as diferenças ou as
supostas potenciais diferenças para justi car o rompimento de algo que
ainda nem se iniciou. São muitos os obstáculos a ser vencidos. Já nas
primeiras trocas de mensagens é possível notar o desprendimento de cada
uma. Algumas são monossilábicas e se limitam a responder o que lhes é
perguntado, o que torna o diálogo enfadonho ou mesmo impossível. Mas,
em menor número, há as perspicazes que compreendem que os
interlocutores precisam interagir e colaborar para o desempenho do bom
diálogo.
A conversa a seguir, com uma ucraniana (que se assemelha com os
diálogos de 20% das americanas que de fato estão dispostas a conversar e
não em estabelecer uma relação de poder), uiu bem no que tange ao
conteúdo. Percebe-se, no entanto, os vícios da ucraniana adquiridos da
cultura americana que são apontados no texto repleto de armadilhas ao
longo de 20 dias. Ao nal, não conseguimos nos encontrar porque ela quase
exigiu que o encontro fosse próximo à sua residência, que era bem longe da
minha, embora eu tenha sugerido encontrar em lugar equidistante.
Provavelmente isso a tenha deixado agastada, porque não é raro as fêmeas se
amuarem por pequenas coisas. Deixou de se comunicar intempestivamente.
Neste jogo há sempre o risco do desperdício de tempo e energia.
Eu – Olá, suas fotos são deslumbrantes. Como você vai? (dia 1) Ela – Olá.
Obrigada. Como vai você? Você vive na cidade agora? (dia 1) Eu – Olá, estou
bem. Eu moro a 40 minutos ao norte de Manhattan. Mas estou
constantemente na cidade. Qual a natureza de sua busca nesse site? (dia 1) A
resposta veio no dia seguinte, o que é bem comum na cultura americana.

Ela – Eu estou mais ou menos à mesma distância de Nova York, mas nem
sempre estou na cidade. Sou de New Jersey. Procuro um amigo que possa se
tornar um parceiro para a vida. E você? (dia 2) Eu – Eu procuro uma relação
saudável, com amizade, generosidade, lealdade, con ança, paixão, amor.
Estamos na mesma página? (dia 2) Resposta no dia seguinte. Indicativo de
que essa conversa não tem muita importância para ela.

Eu – Olá, você está por aí? (dia 3) Ela – Olá, como você vai? Sim, estamos
na mesma página. Eu apenas adicionaria companhia por toda a vida. Que
clima louco! Estou trabalhando de casa. O meu trabalho toma quase todo o
meu tempo. Há sempre muitos projetos e muitas coisas para se fazer. Meu
escritório está fechado e a escola dos meus lhos também, por causa da
tempestade. Mantenha-se quente e seguro. (dia 3) Como quase todas as
americanas, diz-se muito ocupada com o trabalho e se coloca de modo sutil
como peça-chave da corporação.

Eu – Sim. Concordo plenamente com você. Uma companhia pra vida toda é
o ideal. Não aguento mais esse tempo também. Que tal se pudéssemos tomar
um café? Como isto soa a você? (dia 3) Resposta no dia seguinte. Embora ela
esteja de fato à procura de um companheiro, age como se não estivesse, o
que é um paradoxo. Mas no 4º dia ela tem uma postura diferente.

Ela – Claro, podemos marcar o café algum dia. Mas não podemos nos
conhecer melhor por aqui? Diga-me mais sobre você? Alguma coisa que você
julgue importante eu saber. (dia 4) Eu – Eu morei 4 anos em Phoenix.
Trabalhei na indústria solar. Vivi junto com uma pessoa por 7 anos, mas não
tive lhos. Depois viajei muito por trabalho, o que di cultava ter uma relação
duradoura. Mudei-me para Nova York porque fui convidado para trabalhar
em uma startup. É um desa o e uma experiência muito excitantes. Estamos
em busca de investidores. Você gosta de aventuras? Há alguns anos andei de
balão sobre Napa na Califórnia. Foi uma experiência incrível. Você parece ser
uma mulher muito determinada. Estou certo? Quais seus planos para o m de
semana. (dia 4) Ela – Qual é mesmo o seu nome? Rsrs. Parece que teremos
neve apenas no ano que vem. Estou pronta para o sol, areia, ores, árvores e
praias. Espero que neste m de semana o tempo esteja mais quente. Como é
possível um jovem bonito e trabalhador como você ainda solteiro e sem lhos?
Antes que você pergunte, tenho três lhos. Nunca voei de balão. Deve ser
divertido. Sim, sou uma mulher determinada. Eu sei muito bem o que eu
quero. Acho que isso se chama determinação. Mas sou também fácil de lidar,
exível, compreensiva e cumpro compromissos. Meus ns de semana são
repletos de atividades. Provavelmente verei um lme no sábado no nal da
tarde. E quanto a você? (dia 4) Eu – Você me convidaria para ir contigo ao
cinema? (brincadeirinha...) Provavelmente irei a Manhattan caminhar no
Central Park, almoçar e depois escrever meu livro. A propósito, qual seu nome?
(dia 4) Ela – Meu nome é Belanara. Você não me disse o seu. (dia 4) Eu – Que
nome lindo! Meu nome é Marcos. Algum plano para hoje a noite ou você
cará em casa? (dia 4) Ela – Por que você se separou? Por causa do trabalho?
Você ainda viaja muito? Com qual frequência você é realocado? Eu já z
muita coisa hoje e estou planejando fazer yoga. Onde você nasceu? (dia 4) A
pergunta sobre a frequência da realocação é capciosa e deve ser respondida
com cautela. Ela identi cou este evento como fator potencial de obstrução
da relação.

Eu – Eu me separei há 12 anos. Uma das razões foi que ela desistiu de fazer
amor. Um casal sem sexo não é de fato um casal. Eu agora moro em Nova
York e não pretendo sair daqui, pois tenho meu próprio negócio. Não preciso
mais viajar tanto. Eu nasci no Rio de Janeiro. Já esteve lá? (dia 4) Ela – Ah,
então você já foi casado. Pensei que você havia dito 7 anos de relacionamento.
Mas é um pouco engraçado você resumir o problema de seu casamento como
falta de sexo. Tenho certeza que isso foi re exo de outros problemas. Nunca
estive no Rio, mas ouvi que se trata de uma cidade bonita. Você a visita de vez
em quando? Tem parentes lá? Eu sou de Kiev, Ucrânia, vim para os Estado
Unidos quando tinha 10 anos. (dia 5) Jamais disse que era casado, apenas que
tive uma relação por 7 anos. Contudo, ela tentou exaltar uma incoerência no
que eu havia dito. Deduz com base no imaginário que o problema da minha
relação tinha outras razões e que provavelmente a responsabilidade era
minha. Enfatizei que não voltaria a viajar demasiadamente mais uma vez.

Eu – Vivíamos como um casal, mas não assinamos qualquer papel


o cializando perante o inútil estado brasileiro a nossa união. Ela era
extremamente religiosa e isso criou em sua mente con itos com relação ao
sexo. Visito o Rio duas vezes por ano. Fico no máximo 10 dias por lá. A
Ucrânia está passando por um momento delicado com a invasão dos russos.
Quem você apoia? Ucranianos ou russos? (dia 5) Ela – Eu apoio a paz. Éramos
uma só nação. Há muitos casamentos entre ucranianos e russos. Uma
vergonha o que está acontecendo. Irmãos lutando contra irmãos. Pessoas
pobres sofrendo. Tenho muitos amigos russos e minha primeira língua é russo.
Alguns americanos não sabem onde ca a Ucrânia e outros nem mesmo
conhecem o país, então introduzo a mim mesma como sendo russa.

Você é religioso? Eu me considero espiritualizada, mas não exatamente


religiosa. (dia 5) A religião para as americanas é um assunto extremamente
sensível. Sua resposta deve ser inteiramente compatível com o que ela espera
ouvir. De outra forma a conversa fracassa. Ela assevera que o conhecimento
do americano médio sobre geogra a é limitado.
Eu – Eu sei exatamente onde ca a Ucrânia. Em geral americanos não são
bons de geogra a, alguns nem mesmo sabem onde cam os Estados Unidos no
globo. Meus pais moram no Brasil e me mudei para os Estados Unidos em
2010. Sou como você, considero-me espiritualizado, mas não religioso. Mas
respeito todas as crenças. Quando iremos nos encontrar para um café? (dia 5)
Resposta no dia seguinte.

Ela – Em breve. Será que você tem perguntas para me fazer? (dia 6) Eu –
Claro que sim. São todas as mulheres da Ucrânia lindas como você? (dia 6)
Ela – Sim! Alguma outra? (dia 6) Eu – Você pretende algum dia no futuro
próximo ou longínquo voltar para Kiev? (dia 6) Ela – Talvez somente para
visitar, mas minha casa é aqui nos Estados Unidos. (dia 6) Eu – Posso ir com
você para Kiev na próxima vez que você for visitar a Ucrânia? Kiev e Odessa
estão na minha lista de cidades que gostaria de conhecer. (dia 6) Resposta no
dia seguinte.

Ela – Claro que você pode ir comigo na próxima vez. Mas a última vez que
estive lá foi em 2002. Rsrs (dia 7) Eu – Então vamos esperar as coisas se
acalmarem na Ucrânia para marcarmos a nossa viagem. Você pratica
esportes? Faz ginástica? (dia 7) Ela – Eu jogo tênis, rollerblade, tenho classes
de Zumba e yoga pra iniciantes e corro quando o tempo está bom. Mas diga-
me querido, você provavelmente vai querer se casar e ter seus próprios lhos
em breve. Estou certa? (dia 7) Alerta. Pergunta capciosa. Tentativa de se criar
um ponto de divergência baseada em uma suposição.

Eu – Você é uma mulher muito ativa e dinâmica. Parabéns. Estas são


características de pessoas inteligentes. Também adoro esportes. Quero apenas
uma parceira para tornar a vida mais colorida. Ter lhos não está entre as
minhas prioridades e tampouco é uma obsessão. (dia 7) Ela – Estou certa de
que seus pais querem que você tenha lhos. Você já saiu com alguém que já
teve lhos antes? (dia 7) Insistência em se explorar o suposto ponto de
divergência. Toma como certa uma suposição.

Eu – Eles já têm 3 netos. Eu já namorei duas vezes mulheres com lhos. Você
me parece bem descon ada com relação a meu desejo de ter lhos. Há alguma
razão? (dia 7) No dia seguinte.

Ela – Eu não sou descon ada, apenas seletiva. Não tenho tempo para
bobagens ou brincadeiras. Também não quero tomar seu tempo se seus
objetivos forem diferentes dos meus. Talvez nós não combinamos. Estou
errada? (dia 8) Conclui, baseado em gabaritos existentes apenas em sua
mente, que não combinamos. Os supostos atritos e divergências foram
criados do nada.

Eu – De fato é preciso ser seletiva. Mas como você pode ter tanta certeza de
que não combinamos? Estamos tendo um bom diálogo e temos os mesmos
propósitos. Somente porque não tenho lhos nós não combinamos, ou há
alguma outra razão? Não estou brincando, tampouco tenho tempo a perder.
(dia 8) Ela – Não estou dizendo que não combinamos. Na verdade esse site diz
que temos 95% de a nidades. Rsrs. Estava apenas me referindo em linhas
gerais. Estamos nos comunicando para saber mais sobre nós e veri car se há
conexões. Algumas mulheres querem homens sem lhos. Eu era assim na
década dos 20 anos, mas agora minha situação é diferente. Meus lhos vivem
comigo e tenho que ter certeza de que o homem que irá viver comigo irá
respeitar o meu tempo com meus lhos. Eu recebo ajuda para criar meus
lhos, mas ainda tenho muitas responsabilidades em casa. Se você não se
importa em sair com mulheres com lhos, ótimo para você. (dia 9) Eu – Eu
adoro crianças. Conforme te disse, já namorei duas mulheres com lhos e a
convivência foi ótima. Eu entendo completamente a sua responsabilidade e as
suas preocupações. Mas conforme te disse, isso não é um problema para mim.
Estou indo para o museu de artes naturais. Adoro este museu. (dia 9)
Interrompi a conversa que atravessava rumo delicado ao anunciar um
compromisso. Fiz isso por três razões. 1) Não evidenciar um ponto de
estresse; 2) Deixar ela re etir sobre o tema sem ser pressionada; 3) Fazer
transparecer que eu não estava ansioso em continuar o diálogo, o que
confere uma atmosfera de segurança e independência, algo admirado pelas
mulheres.

Ela – Ok. Falamos depois. (dia 9) A minha atitude fez com que ela tomasse
a iniciativa do diálogo no dia seguinte.

Ela – Acabei de voltar do rollerblading. Você está fazendo algo interessante?


(dia 10) Eu – Olá Belanara, parece que teremos um tempo bom pela frente.
Ótimo para passear e tomar um pouco de sol no Central Park. Você não quer
caminhar um pouco? (dia 11) Importante mencionar o nome sempre que
possível. Promove aproximação ao mesmo tempo em que concede respeito.
Contudo, provavelmente cou agastada por eu ter respondido apenas no dia
seguinte, e respondeu de forma seca.

Ela – Sim. O tempo está de fato ótimo. Parece que temos 10°C nesse inverno
louco. Bom passeio para você. Belanara. (dia 11) Eu – Você é um amor. (dia
11) No dia seguinte.

Eu – Olá Belanara. Como você vai? Quais seus planos para o m de


semana? (dia 12) Ela – Eu tive uma semana louca no trabalho e será um m
de semana em que estarei ocupada. Meus pais vêm me visitar amanhã, levo
meus lhos no circo, tenho massagem, depois meus lhos fazem uma
apresentação na escola e a noite vou sair com amigos. E esses planos são
somente para amanhã. (dia 13) A necessidade de se fazer importante,
mostrar que tem muitas atividades e escassez de tempo é uma constante.

Eu – Você está de fato com muitos compromissos. Isso é ótimo! Eu vou à


academia amanhã pela manhã e ainda não tenho planos para a tarde. Talvez
escrever algumas páginas do meu livro. E no domingo? Você tem
compromissos? (dia 13) Eu – Olá Belanara, por onde você anda? (dia 17) Ela –
Olá Marcos, como você vai? Estive em Atlantic City para uma conferência.
Acabei de voltar. (dia 18) Eu – Olá Belanara, bom ouvir você. Estarei em
Atlantic City em duas semanas para conversar com alguns investidores. E
quanto ao nosso café? Você vai continuar ocupada nos próximos dias? (dia 18)
Ela – Estou com a tarde de domingo livre. Podemos marcar um café. Como
está sua semana? (dia 19) Eu – Domingo a tarde funciona para mim. Você
gostaria de escolher o lugar? (dia 19) Ela – Você gostaria de se encontrar na
Starbucks? Você se importa em se encontrar perto da minha casa? (dia 20) Eu
– Será um prazer encontrar você. Ficaria muito complicado para você marcar
em algum lugar em Manhattan? (dia 20) Deixou de responder
intempestivamente. Essa atitude é também muito comum entre as mulheres
americanas. Jamais entrou em contato novamente.
Há um ritual bem típico e característico seguido pelas americanas. Mesmo
que haja sinais claros de a nidade e os momentos sejam de fato agradáveis,
jamais se deve arriscar um beijo na boca no primeiro encontro. De acordo
com a cultura americana, essa atitude é considerada inapropriada e ofensiva.
Diferentemente dos hábitos brasileiros, o beijo carrega quase uma conotação
sexual. Indaguei sobre a razão desse comportamento para algumas mulheres
e elas confessaram que, embora por vezes tenham vontade de ser beijadas,
não o fazem por temer ganhar o rótulo de “muito fáceis”. Portanto, o melhor
a fazer é esperar o segundo encontro (se houver) para arriscar o primeiro
beijo na boca e, mesmo assim, ao nal dele, sem exageros. As mulheres
americanas em geral repudiam beijos quentes em público. Outra atitude
conveniente a ser tomada con gura-se em enviar uma mensagem propondo
um segundo encontro somente no dia seguinte ao do primeiro. Elas
interpretam como portador de carência aguda o homem que revela ter
apreciado o encontro logo após ele ter ocorrido, e ela ter essa impressão de
você não irá lhe ajudar. O terceiro encontro é apenas um prolongamento do
segundo, provavelmente nada de novo irá ocorrer, mas é necessário para
cumprir a liturgia dos rituais. A coisa só começa a esquentar no quarto
encontro, quando o convidam para visitá-las em seus apartamentos e
propõem tomar um vinho e ver um lme. Vinho e lme parece-me ser uma
senha universal para a cópula. A menos que ela mude de ideia (o que pode
sempre ocorrer), as chances de sexo são de 95%.
Com o passar do tempo, em todas as relações, as cerimônias, rituais e
encenações teatrais pouco a pouco vão perdendo as forças, se de nhando e
dando lugar à vida real. A seguir, um diálogo com uma americana que
morava no “Upper East Side”, próximo ao Central Park, que seguiu
rigorosamente o ritual de sua cultura. Como tantos outros, foram três
encontros muito bem comportados, nos quais não foi possível identi car
nenhuma originalidade. No quarto encontro ela me convidou para ir a seu
apartamento, dando forma nal à liturgia comum percorrida por quase
todas as americanas. A conversa ocorreu via Skype três meses após termos
iniciado uma relação, mas caminhou inevitavelmente para o colapso porque
a dama não conseguiu escapar de uma espiral viciosa que criara para si
mesma, a qual atormentava sua mente, pois ora dizia “we match” ora dizia o
oposto, “we don´t match”.
Desfazendo-se da ilusão dos afetos improváveis, sobrar-lhe-ia apenas
dedicar às carências usuais dos corpos que, inicialmente, sucumbem às
camu agens insensatas, mas que delas, cedo ou tarde, escapam, para,
literalmente, despirem-se do pudor. Vale salientar que logo no início do
relacionamento ela não perdeu a oportunidade de me espezinhar ao deduzir
que meu verdadeiro interesse em me relacionar com ela era o mesmo de
todos os estrangeiros: obter o Green Card. A melhor atitude para essas
indelicadezas é ignorar. É uma absoluta incoerência tanta encenação para
que as coisas ganhem este m de certa forma previsível.

Ela – Oi, como vai você?


Eu – Eu vou bem, e você?
Ela – Um pouco deprimida.
Eu – O que aconteceu?
Ela – Não estou tendo sexo su ciente. Lembra dos meus vizinhos? Eles
continuam fazendo sexo todos os dias. Eu os escuto e é uma tortura para mim.
Eu – Por que você não tem tido sexo su ciente? O que você mais gosta no
sexo?
Ela – Eu sou tímida e o que eu gosto mais depende de minha disposição e
humor. E você? Do que você gosta mais?
Eu – De ser chupado. Você gosta de pagar um boquete?
Ela – Você não se lembra?
Eu – Claro que sim. Levamos horas e eu literalmente explodi em sua boca.
Mas a nal, você gosta ou não?
Ela – Eu amo.
Eu – Seu boquete é incrível. Fico excitado só de lembrar.
Ela – Quando você vem me visitar?
Eu – Você está desejando me chupar?
Ela – Sim. Mas você também me dará prazer?
Eu – Claro que sim.
Ela – Quando?
Eu – Em breve.

Resumo:
Não somente são diferentes os modos de proceder das mulheres brasileiras e
das mulheres americanas, como também opostos. Mulheres brasileiras
valorizam os mais audaciosos e, quando não no primeiro encontro,
permitem-se e esperam ser fustigadas, impreterivelmente, a partir do
segundo encontro. Guardar as atitudes mais ousadas pode lhe valer a pecha
de casto, pusilânime e acanhado. Mulheres americanas são viciadas em
rituais e deles jamais se afastam. Atitudes audaciosas, como um beijo sutil
no primeiro encontro, são consideradas impróprias, ofensivas e até mesmo
agressivas. Sujeitar-se à paciência e seguir a liturgia não lhe sairá caro, pois
lhe serão atribuídas qualidades de sério, generoso e íntegro. Permitem-se ser
vergastadas, sem que se incorra em transgressão, somente a partir do quarto
encontro.
Axioma 13 – Da necessidade da
mulher simular resistência e de
como superá-la
O hábito e a persistência em simular obstáculo ao sexo é um dos
comportamentos mais antigos, comuns e difundidos entre as mulheres,
independentemente de raça e credo. Foram tantas as vezes que me submeti
aos mesmos discursos anódinos, aos mesmos olhares vulgares e às
expressões sem originalidade que, por terem in uência de nitiva nos
resultados, faz-se imperativo a dedicação em desvendar a razão desse
simulacro.
A motivação para perscrutar essa misteriosa representação também
encontra respaldo nas ideias concebidas por Maquiavel no início do capítulo
XXV do livro “O Príncipe”, “Quanto pode o destino nas coisas humanas e de
que modo se lhe pode resistir”. Maquiavel, como muitos, não ignora que as
coisas no mundo sejam governadas pelo destino e por Deus e que os
homens não podem corrigi-las, de modo que para elas não possuem
nenhum remédio. Por isso podem julgar que é melhor deixar-se governar
pelo destino e, por vezes, inclinar-se a aceitar essa opinião. Não obstante,
para que o nosso livre-arbítrio não seja em vão, cria ser verdade que o
destino seja árbitro de metade de nossas ações, mas que nos deixa governar
a outra metade. É justamente sobre essa outra metade que vamos atuar,
agindo com audácia, para que possamos ajustar os rumos do destino e
atingir as nossas metas.
Por longo período, empenhei-me no hábito de, logo após conhecer uma
dama, convidá-la para compartilhar uma garrafa de vinho em meu
apartamento e que era, conforme esperado em um primeiro momento,
recusado. Sabe-se, contudo, que não se deve jamais tomar qualquer resposta
como de nitiva, pois já foi abordado em axioma anterior a natureza confusa
e volátil do modo de raciocínio das mulheres. Depois de convencê-la
fazendo uso de argumentos banais como “Iremos apenas tomar um vinho e
escutar música”; “Minha intenção é te conhecer melhor e empenho minha
palavra que nada demais irá acontecer”, preparava-me, inevitavelmente, para
o discurso a porvir. Imaginava-me preparando um projetor para que a moça
pudesse carregar o PowerPoint em um notebook e expor uma palestra
sempre com o mesmo conteúdo pudico das outras, sendo passível de
variação apenas a quantidade de slides.
Por tantas vezes, ao adentrar meu apartamento, iniciara-se as
apresentações em que a dama dizia-se moça de família ajeitada, que não era
como aquelas que contemplavam o espírito vulgar de se enroscar por apenas
uma noite, que se punha em busca de relacionamento duradouro; e que
também não tinha tempo a perder devido o avanço dos anos, que não se
envolvia com homens sem conhecê-los mais profundamente, pois se inseria
entre aquelas poucas que tinham recebido educação rigorosa e religiosa,
além, é claro, de colecionar pouquíssimos namorados. Minha interpretação
para todas aquelas frases e gestos era invariavelmente a mesma: a de que ela
queria mesmo é ser fustigada. Não obstante, indagava-me o porquê da
encenação tão comum, já que as mulheres são tão desejosas de sexo quanto
os homens. Foi-me possível concluir que todo aquele engodo não era para
me convencer de que ela era boa moça, mas convencer a si própria da
pureza de sua alma. Funciona como uma espécie de conforto psicológico ou
uma expurgação e que, ao exercer esse ritual, a dama pode en m se livrar de
uma eventual culpa. Por conta disso, eu sempre deixo-as se orgulhar de ser
vencedoras dessa escaramuça.
Conforme já demonstrado, mulheres são vulneráveis às situações
imaginárias. Quando elas se apaixonam a rigor, é pela imagem que fazem
dos homens, pelo que eles representam, pelos seus poderes e cargos, pelo
que elas podem deles usufruir, pelo conforto que podem eles proporcionar.
Por isso que, quando há um rompimento, elas sofrem menos do que os
homens, pois é muito mais simples desconstruir e construir ilusões em
outros homens do que destruir e construir realidades. Atitudes similares
ocorrem nos diálogos. Nada melhor do que alguns exemplos que mostram
como é possível na prática superar as resistências femininas ao explorar
situações imaginárias. As resistências impostas por elas com o objetivo de
simular obstrução são sinalizadas no texto.

Eu – Oi! Você é linda! Adorei as suas fotos... Gostei do seu estilo na


motocicleta.
Ela – Obrigada!
Eu – Será que um dia você vai me levar para passear de moto?
Ela – Talvez... Rss. Você é de onde?
Eu – Eu sou do Rio de Janeiro, mas estou morando atualmente em Nova
York. Você conhece Nova York?
Ela – Ainda não tive oportunidade. Você está bem longe de mim.
Eu – Vale muito a pena conhecer. Manhattan é uma cidade incrível. Não
tem como não gostar.
Ela – Com certeza!
Eu – Mas eu gostaria muito de te conhecer. Quem sabe não te faço uma
visita em breve.
Ela – Está convidado!
Eu – Como você se chama?
Ela – Belanara.
Eu – Vc aprecia um bom vinho?
Ela – Adoro!
Eu – Eu também adoro. Aqui em Nova York há ótimas casas de vinho. Seria
um sonho te levar em uma delas. Eles oferecem algumas frutas. Você gosta de
morangos?
Ela – Muito!!!
Eu – Sabe o que eu ia gostar de fazer?
Ela – O quê?
Eu – Deslizar os morangos umedecidos de vinho sobre seus lábios... Rsrs...
Podíamos combinar, o que você acha?
Ela – Estou trabalhando agora! Mais tarde falamos! (Resistência) Por certo
ela cou um pouco melindrada e aborrecida com a ousadia. Apresentou
resistência interrompendo a conversa. Convém à raposa praticar a
temperança, não insistir de imediato e voltar à carga no dia seguinte.

Eu – Oi! Tudo bem?


Ela – Olá!
Eu – Sabia que eu te acho linda?
Ela – Obrigada!
Eu – Você não tem vontade de conhecer os Estados Unidos?
Ela – Sim, muita! Ainda vou!
Eu – Ahhhh vc podia vir! Eu te mostro Manhattan!
Ela – Com certeza seria ótimo conhecer Manhattan e ter boa companhia.
Adoro bons restaurantes.
Eu – Eu iria adorar a sua companhia. Aqui tem ótimos restaurantes.
Tomamos um vinho. Você cou chateada com a brincadeira de deslizar o
morango por seus lábios?
Ela – Achei um pouco grosseiro sim, mal tínhamos começado a conversar!
Não gosto de me sentir apenas objeto de desejo! (Resistência) Eu – Desculpe-
me. Em nenhum momento me referi a você apenas como objeto de desejo.
Deve ter havido um pequeno mal-entendido.
Ela – Ok. Desculpado! Rsrs Eu – Você pretende amadurecer a ideia de vir
para os Estados Unidos conhecer? Quando serão suas próximas férias?
Ela – Agora somente em janeiro, no recesso, pois sou servidora da Justiça.
Vou ter que estudar agora para o concurso da OAB. Podemos conversar
depois?
Eu – Claro que sim. Também tenho coisas para fazer. Beijos.

No dia seguinte, tal qual uma raposa astuta, voltei a insistir de forma mais
ousada.

Eu – Agora queria estar com você tomando um espumante com frutinhas.


Ela – Hum!! Bom!!
Eu – Vou comprar frutinhas para gente morder...
Ela – Adoro!
Eu – Você quer?
Ela – É bom!
Eu – Posso dar moranguinho na sua boca? (Resistência) Mais uma vez ela
interrompeu a conversa. Mas sabemos que uma raposa cavilosa nunca
desiste e faz da temperança uma aliada. Voltei a entrar em contato dois dias
depois.
Eu – Oi! Bom dia!
Ela – Bom dia!
Eu – Estou impressionado!
Ela – Está impressionado com quê?
Eu – Como vc é linda!
Ela – Vc que é gentil!
Eu – Se eu morasse na sua cidade iria querer namorar você.
Ela – :) Eu – Eu iria gostar muito de te conhecer. Você um sonho!
Ela – Também gostaria de te conhecer.
Eu – Posso te convidar para tomar um vinho?!
Ela – Sim.
Eu – Sabe que quando eu olho a sua foto... Que por sinal eu adoro... Fico
com vontade de te beijar.
Ela – Hum!
Eu – Sentir seus lábios. Eles devem ser macios, delicados, suaves...
Ela – <3
Eu – Queria deslizar meus lábios sobre os seus.
Ela – Vc é sempre atrevido?! Rsrs.
Eu – Vc me acha atrevido?
Ela – Acho, e acabo me divertindo! Não sou qualquer mulher!

Preocupação em deixar transparecer que não é uma mulher como as


outras.

Eu – Querer te dar um beijo é ser atrevido?


Ela – Tenho que ser conquistada! (Resistência) Todas pensam dessa forma.

Eu – Eu sei que não é! Por isso mesmo que me interesso por você.
Ela – Você nem me conhece, trocamos poucas mensagens! Mas eu gosto desse
atrevimento!

Mulheres são atraídas pela audácia.


Eu – Mas isso não me impede de observar que você é inteligente,
interessante, dócil... Bonita, educada, elegante...
Ela – Ah bom! Não gosto de homens q só me enxergam como uma coisa!
Esses nunca terão vez comigo! Tenho um defeitinho! Sou muito sincera!
Eu – Ser sincera é defeito?
Ela – Às vezes é sim!
Eu – Por que você acha isso?
Ela – Podem confundir com arrogância! Mas não é! Só gosto das coisas de
forma clara!
Eu – Há uma frase de Albert Camus que diz ser hábil aquele que diz a
verdade sem deixar de ser generoso.
Ela – Muito verdadeira!
Eu – Tenho vontade de passear de mãos dadas com você no Central Park.
Ela – Uau!
Eu – E te roubar uns beijos. Você iria deixar?
Ela – Muito bom!! Acho que iria sim.
Eu – Quero sentir a doçura de seus lábios.
Ela – Seria perfeito!
Eu – Acariciar o seu rosto... Beijar sua boca... Tocar em seus cabelos.
Ela – Adoro beijos!
Eu – Também adoro! Imagino deslizar a ponta da minha língua
vagarosamente pelos seus lábios... Vc deixa?
Ela – Hum! Deixo sim.
Eu – Sabe como eu imagino?

Deve-se sempre explorar a imaginação.

Ela – Como?
Eu – A gente em um “wine bar” bem aconchegante.
Ela – Que bacana! Iríamos nos divertir!
Eu – Sabe o que pensei em fazer?
Ela – O quê?
Eu – Banhar os morangos no vinho... E deslizá-los por seus lábios e depois eu
iria morder uma metade e te dar a outra.
Ela – Bom né!
Eu – Vamos fazer?
Ela – Vamos!

A ideia de compartilhar o morango com os lábios já não é absurda.

Eu – Vai ser uma delícia! Posso morder os morangos em seus lábios?


Ela – Pode!
Eu – Posso beijar bem suave suas orelhas?
Ela – Sim!
Eu – Sabe como eu estou imaginando?
Ela – Como?
Eu – A gente sentado em meio a algumas almofadas macias, tomando o
nosso vinho... Você com as costas apoiadas em meu peito... Eu levantando seus
cabelos e beijando levemente sua nuca, seu pescoço... Fazendo carinho em seus
ombros.
Ela – Muito bom!
Eu – Você quer?
Ela – Sim!
Eu – Então faço carinho nos seus braços... Em suas mãos... Sinto seu cheiro,
seu aroma. Você deixa?
Ela – Claro!
Eu – Beijo seu rosto, sua boca... faço carinho em suas costas... Beijo suas
costas.
Ela – Isso é muito bom!!
Eu – Vc me deixa beijar suas costas?
Ela – Deixo.
Eu – Então você vira a cabeça para trás e fecha os olhos... Você suspira...
Sente o calor do meu corpo...
Ela – <3
Eu – Você quer?
Ela – Quero sim!
Situações imaginárias a zeram ser displicente com a resistência.

Eu – Sabe o que eu queria fazer?


Ela – O quê?
Eu – Acariciar seus ombros... Tomar as alças de seu vestido e deslocá-las por
seus braços, bem vagarosamente... E ao mesmo tempo beijar sua nuca, seu
pescoço, acariciar seus braços. Vc permite?
Ela – Uau! Rss. Sim!
Eu – Em seguida desço ainda mais as alças de seu vestido. Quando você
menos esperar seu vestido perderá sustentação, cairá sobre seu colo e deixará
seus seios totalmente desnudos. Você deixa?
Ela – Confesso q a parte mais bonita do meu corpo são os seios! Fartos e no
lugar!
Eu – Hummmm que delícia!!! Eu acaricio bem devagar os seus seios...
Fazendo movimentos suaves, circulares...
Ela – Gostoso isso! Quero muito.
Eu – Você suspira e solta um breve gemido... Você se solta, relaxa... Fecha os
olhos e sente as minhas carícias. Você deixa?
Ela – É tudo que eu quero.
Eu – Acaricio seus seios... primeiramente com os dedos... E depois com a
ponta da língua... toco em seus mamilos... os bicos de seus seios se arrepiam e
cam duros como caroços de ameixas chilenas. Você quer?
Ela – Muito bom!!!
Eu – Distribuo mordidelas e lambidelas por todo o seu seio... você se excita!
Ela – Você está me deixando excitada! Você me faz ver a cena!
Eu – Começa a murmurar e perder os sentidos. Sente o corpo estremecer.
Você deixa, linda?
Ela – Deixo.
Eu – Sabe o que eu gosto de fazer?
Ela – O quê?
Eu – Estou imaginando eu apoiado com as costas nas almofadas e você com
as costas no meu peito... Eu deslizo minhas mãos por sua cintura e atinjo suas
pernas... Acaricio suas coxas, as partes internas das suas coxas... Bem
devagar... Faço com bastante carinho...
Ela – Delícia!
Eu – Você tomba a cabeça para trás e morde os lábios. Com uma das mãos
acaricio suas coxas e com a outra eu deslizo suavemente por dentro da sua
calcinha...
Ela – Rss.
Eu – Então você grita de prazer! Pode ser assim?
Ela – Pode.
Eu – Então desço minha mão um pouco mais e avanço por dentro de sua
calcinha e você se contorce. Você deixa?
Ela – Sim.
Eu – Você quer?
Ela – Sim.
Eu – Com a ponta dos dedos alcanço sua fenda do amor... Deslizo de cima a
baixo. De uma extremidade a outra da sua ssura molhada... Você geme bem
gostoso! Treme as pernas! Você quer?
Ela – Quero muito! Você me deixa louca assim.
Eu – Deslizo variando meus movimentos sem cansar. Fazendo você sentir
um maravilhoso prazer... até que consigo en m atingir o seu clitóris e eu o
acaricio.
Ela – Arrepiada!
Eu – Eu o aperto! Esmago lentamente com os meus dedos. Pressiono! Você
está pulsante! Quente! Você tem vontade de gritar! Você começa a produzir em
quantidade uma seiva que ui por sua cavidade do amor e ela escorre como
mel. Você quer?
Ela – Quero demais!
Eu – Sabe como eu queria depois?
Ela – Como?
Eu – Eu tiro bem devagar sua calcinha molhada... Você senta no sofá. Eu
afasto as suas pernas e me ajoelho no chão. Você apoia suas pernas sobre meus
ombros. Você quer se entregar para mim. Dirijo-me ao seu triângulo do amor.
Tiro minha língua da boca e sorvo o seu néctar viscoso e quente! Sinto o seu
gosto! Você grita bem alto! Está pronta para explodir!
Ela – Você quer me deixar louca?
Eu – Eu deslizo minha língua crepitante por sua fenda.
Ela – Seria perfeito!
Eu – Provo o seu clitóris com a pontinha nervosa da minha língua. Procuro
sua cavidade com os dedos. Ela está selada. No entanto, ao sentir a
aproximação deles, ela não oferece resistência e os lábios se afastam. Introduzo
meus dedos dentro de sua senda estreita... en o apenas parte deles e tiro bem
devagar. Você voluntariamente separa ainda mais as pernas, se entregando
ainda mais para mim. Você quer assim?
Ela – Quero sim. É tudo que mais quero nessa vida!
Eu – Você me deixa chupar você toda?!
Ela – Deixo muito!
Eu – Deixa eu en ar a língua bem fundo em você?
Ela – Já estou imaginando você fazendo isso.
Eu – Posso fazer muito carinho na sua cavidade gostosa e latejante? Você
quer?
Ela – Pode. Quero tudo!
Eu – Você está molhadinha?
Ela – Sim. Você não imagina como me deixou. Estou ardendo em fogo como
vontade de você. Você é louco!
Eu – Você está excitada?
Ela – Sim! Muito. Qual mulher não se excitaria?
Eu – Você se tocou?
Ela – Nos meus seios, sim!
Eu – Seus bicos estão durinhos?
Ela – Estão duros e eu estou toda arrepiada.
Eu – Queria que eu estivesse com você? Fazendo carícias pelo seu corpo?
Ela – Seria maravilhoso.
Eu – Posso chupar seu clitóris e en ar o dedo na sua cavidade? Para você
sentir muito prazer?
Ela – Você é atrevido mesmo! Mas eu adoro! Eu quero muito isso! Vou ter
que sair agora! Tenho que almoçar com minhas irmãs.
Eu – Ah, está bem. Adorei a nossa conversa. Você gostou?
Ela – Preciso me recuperar da nossa conversa! Rsrs. Foi bom! Mas tenho
compromisso e não posso atrasar. Bjs.
Eu – Está bem... Bjs, bom almoço.
Ela – Obrigada!

No mesmo dia, tarde da noite, voltei a fazer contato.

Eu – Oi. Penso muito em você. Quero te namorar.


Ela – Rsrs Eu – Adorei a nossa conversa... você gostou?
Ela – Gostei sim.
Eu – Posso lamber os bicos de seus seios?
Ela – Pode.
Eu – Morder eles bem devagar?
Ela – Só se for devagar!
Eu – Você ca com eles bem durinhos para mim?
Ela – Muito!
Eu – Vou ser muito carinhoso com você.
Ela – Que bom! Amo carinho.
Eu – Vou te dar muito prazer. Você quer?
Ela – Gosto assim!
Eu – Quando seus bicos cam durinhos você também ca molhadinha?
Ela – Muito molhada! Você é muito carinhoso. Gosto de pessoas decididas!
Você é sedutor.
Eu – Você que me seduz. Você é um sonho.

Elogios esporádicos são essenciais.

Ela – Obrigada! Você sempre gentil.


Eu – Você me deixaria fazer carinho na sua ssura molhadinha?
Ela – Adoro!!
Eu – Posso car deslizando o dedo nela?
Ela – Muito.
Eu – De uma extremidade a outra?
Ela – Hum!!
Eu – Sabe o que eu queria?
Ela – O quê?
Eu – Massagear o seu clitóris... Você deixa?
Ela – Deixo com prazer... Rsrs.
Eu – Estou imaginando eu tirando a sua calcinha... Você se abrindo para
mim... Você quer?
Ela – Será um sonho.
Eu – Eu beijando suas coxas... Eu passando a língua na sua fenda... Você
gosta?
Ela – Estou arrepiada! Isso é maldade!
Eu – Você quer que eu passe a língua na sua ssura? Quer que eu te chupe?
Ela – Muito! Mas só se for com vontade!
Eu – O que vc quer fazer?
Ela – Quero chupar, lamber, morder de leve...
Eu – Hummm. Que delícia! Você chupa muito?
Ela – Muito! Adoro chupar. Vem aqui me ver, não vai se arrepender.
Eu – Quer sentir tudo na sua boca?
Ela – Inteirinha, dura! Hum delícia!
Eu – Que gostoso! Isso me excita muito!
Ela – Vou gozar demais!!
Eu – Você está molhada?
Ela – Estou toda babada. Quero que goze para mim porque estou gozando
para você!

Resumo: Amiúde mulheres recorrem ao simulacro, criando obstáculos


fictícios para que possam fugir da pecha de fáceis e, ao mesmo tempo,
conceder conforto psicológico a si mesmas, antes de deixarem-se
vencer pela libido. Trata-se de um mergulho profundo em um
processo de autoengano. Aconselha-se o empenho para alterar o
destino das coisas, conforme assevera Maquiavel, visando governar ao
menos parte dos resultados da existência. Jamais se deve aceitar as
resistências iniciais como definitivas; explorar ficções é uma
estratégia a ser utilizada com intensidade e persistência, pois, de
todas, é a melhor ferramenta para superar a volatilidade dos
pensamentos femininos.

Você também pode gostar