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FUNDAMENTOS

DE CONCRETO
PROTENDIDO

Prof. Geraldo Silva


INTRODUÇÃO À METODOLOGIA DA VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA
Na elaboração do projeto e na execução de elementos de concreto protendido, há valores particulares da
força de protensão que são associados a situações típicas, e que são determinados para servir como
orientação tanto na verificação de esforços, etc., como também na execução da protensão na obra ou
fábrica.

As definições desses valores particulares da força de Protensão, em cada situação a ser considerada e que
portanto são valores representativos de determinados estados da força de protensão, bem como as
respectivas notações, são dadas na NBR 6118:2014.

Todas as barras das armaduras devem ser ancoradas de forma que as forças a que estejam submetidas sejam
integralmente transferidas ao concreto, seja por meio de aderência ou de dispositivos mecânicos ou por
combinação de ambos (item 9.4.1).
INTRODUÇÃO À METODOLOGIA DA VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA
1. Ilustração numérica

Consideremos uma viga de concreto, simplesmente apoiada, com vão teórico igual a 7 m e seção transversal
de dimensões b = 0,20 m e h = 0,75 m.

Admitamos que essa viga esteja sujeita às seguintes ações:

a) peso próprio g = 0,20 . 0,75 . 25 =>> g = 3,75 kN/m

b) carga acidental q = 15 kN/m

c) força de protensão P = - 600 kN, aplicada com excentricidade ep = h/6 = 0,125 m com relação ao eixo
baricêntrico da seção transversal, conforme mostra a Fig.1.

Essa força de protensão seria aplicada por meio de um dispositivo qualquer, admitindo-se que ela seja de
intensidade e excentricidade constantes ao longo do vão.
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1. Ilustração numérica

Os cálculos descritos a seguir são efetuados considerando-se o concreto como material homogêneo e de
comportamento elástico-linear, ou seja, consideram-se válidas as hipóteses do Estádio Ia, admitindo-se por
simplicidade as características geométricas e mecânicas da seção geométrica (não homogeneizada).

Portanto, para o cálculo de tensões são empregadas as expressões conhecidas da Resistência dos Materiais.
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1. Ilustração numérica
a) Cálculo das características geométricas e mecânicas da seção transversal
 = 0,375
= . ℎ = 0,150 

 = 0,125
. 
Momento de inércia:  = 
= 7,03. 10 


Módulo de resistência elástica:  =  !
= 18,75. 10 

b) Cálculo de esforços solicitantes e tesões normais no meio do vão


b.1) Tensões devidas ao peso próprio
3,75. 7&
%. $ % 8 = 1230 '(⁄  = 1,23 %*+
#$ = = =
 $ 18,75. 10
#, = −1,23 %*+
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1. Ilustração numérica
b.2) Tensões devidas à carga acidental
15. 7 
%. $ % &8
#$ = = = = 4900 '(⁄  = 4,90 %*+
 $ 18,75. 10
01 = − 2, 34 567
A tensão na borda
b.3) Tensões devidas à forças de protensão
superior é nula pois a
% = *.  = 600.0,125 = 75 '(⁄ força de Protensão
* % (−600) (−75) tem excentricidade
#$ = + = + = −<, 4 567 correspondente à
 0,15 18,75. 10
01= = 4, 4 567 extremidade inferior
do núcleo central da
c) Combinação de ações seção transversal.
Consideremos as duas combinações possíveis de ações, lembrando que a força de protensão é uma ação de
caráter permanente:
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1. Ilustração numérica
• Protensão e Peso Próprio: situação designada por "estado em vazio", pelo fato de corresponder a um caso
em que a estrutura não está suportando as cargas variáveis para as quais teria sido eventualmente
projetada;
• protensão, peso próprio e carga acidental: situação designada por "estado em serviço", por razões
decorrentes da observação anterior.
c.1) Estado de vazio
Representando graficamente as tensões provocadas por cada ação e a sua somatória:
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1. Ilustração numérica
c.2) Estado em serviço

d) Primeira análise dos resultados


De imediato, pode-se observar que:
• em ambas as combinações não ocorrem tensões de tração, e as tensões de compressão são relativamente
baixas, podendo ser suportadas por um concreto de média resistência;
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1. Ilustração numérica
• como existe uma tensão de compressão residual na borda inferior, a viga poderia receber carga acidental
ainda um pouco maior, sem perigo de fissuração;
• no “estado em vazio”, as tensões de compressão são até maiores que no estado em serviço; ou seja, o
acréscimo de cargas não piora a situação.
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1. Ilustração numérica

e) Reformulação do problema
Tomando como base a mesma viga, podemos efetuar uma pequena alteração no posicionamento da força de
protensão e então reavaliar o comportamento da estrutura.
Como se viu, a excentricidade da força de protensão era tal que seu ponto de aplicação coincidia com a
extremidade inferior do núcleo central da seção.
Se aumentarmos a excentricidade da força de protensão, então surgirão tensões de tração na borda superior.
Entretanto, essas tensões de tração , em princípio, não constituiriam nenhum problema, uma vez que se admite
que o peso próprio atua simultaneamente.
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1. Ilustração numérica
Pelo contrário, poderíamos ter uma situação em que a força de protensão propiciaria tensões prévias de
compressão na borda inferior (a ser tracionada pela ação do carregamento externo) e tensões prévias de
tração na borda superior (a ser comprimida).
Além disso, do ponto de vista econômico, mantida a intensidade da força de protensão, a armadura seria a
mesma e o aumento da excentricidade praticamente não acarretaria aumento de custo.
Assim, adota-se:
ep = 0,375 - 0,05 = 0,325 m
Para forçar um resultado a ser comparado com o anterior, como se verá adiante, aumenta-se o valor da carga
acidental para 34,6 kN/m, o que corresponde a um carregamento 2,31 vezes maior que o anteriormente
especificado.
Então: q = 34,6 kN/m.

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