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Belo Horizonte -
MG 2023
1984 – a aversão ao(s) extremo(s)
George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair, foi um proeminente ensaísta, soldado da
Coroa, romancista e jornalista inglês da primeira metade do século XX. Caracterizado por sua
esposa, Eileen Blair, como um Tory, ou seja, um conservador britânico, pode-se presumir, apenas
com essas informações, que suas principais obras - "A Revolução dos Bichos" e "1984" -
criticariam abertamente o socialismo, explicando, em ambos os livros, como e por que o aparato
estatal, não apenas autoritário, mas também totalitário marxista, impede a plena liberdade da
população.
Nascido em 1903 na Índia Britânica, mudou-se para a Inglaterra ainda criança, onde teria
sofrido violência psicológica em seu internato, o que contribuiu para o desenvolvimento de sua
personalidade introspectiva e antissocial, características típicas de um bom inglês. Mais tarde,
como um verdadeiro britânico, tornou-se um soldado da Coroa na Birmânia, um país na Ásia, e
sua experiência genuinamente britânica serve de base para seu primeiro livro, "Dias na Birmânia"
(que narra a história de um jovem comerciante inglês que abandona sua amante nativa em favor
de uma esposa branca), publicado em 1934.
Seria inadequado prosseguir com esta narrativa tendenciosa da vida de Orwell sem
explicar a razão pela qual o que foi exposto acima não só é impreciso, mas também está longe do
que o autor buscava com suas obras. Sua experiência colonial o tornou um crítico contundente do
imperialismo racista europeu. Além disso, em 1936, o escritor procurou ingressar nas Brigadas
Internacionais durante a Guerra Civil Espanhola; ele entrou em contato inicialmente com o
Partido Comunista Inglês, mas obteve o apoio necessário do Partido Trabalhista Independente.
Ele se alistou no Partit Obrer d'Unificació Marxista (Partido dos Trabalhadores de Unificação
Marxista), um partido anti-stalinista, e em 1941, escreveu seu ensaio mais famoso, "O Leão e o
Unicórnio", no qual clamava pelo fim do imperialismo, pela independência das colônias, pela
nacionalização de terras, indústrias e bancos britânicos, além de defender o fim da aristocracia e
da nobreza como proprietárias de terras e a manutenção da Coroa apenas como uma figura
simbólica e cultural.
Por fim, Orwell não critica apenas sua própria nação, mas também direciona grande parte
de seus esforços contra o fascismo. Em seu importante ensaio de 1941, ele afirma: "Enquanto
escrevo, seres humanos extremamente civilizados estão sobrevoando-me, tentando me matar",
explicando posteriormente como o patriotismo nazifascista aliena o cidadão a ponto de cometer
atos malignos: "Se um deles conseguir me explodir em pedaços com uma bomba bem mirada, ele
não perderá o sono com isso". Orwell era invariavelmente contra sistemas autoritários
concentrados nas mãos de um pequeno grupo sanguinário, como o nazismo e o stalinismo,
autodeclarando-se um democrata socialista. Em 1946, afirmou: "Tudo o que escrevi desde 1936
foi contra o totalitarismo e a favor da democracia socialista, assim eu penso".
Com isso, "1984" não é apenas uma crítica superficial ao socialismo usada por aqueles
que consideram qualquer intervenção estatal como uma ameaça à liberdade individual, como a
ex-primeira-ministra britânica Thatcher. É uma crítica ao sistema imperialista britânico, à
perseguição do Departamento de Censura inglês e, é claro, ao nazifascismo e a outros regimes
autoritários, como o stalinismo e, postumamente, o maoísmo.
Economia Planificada
Referências bibliográficas: