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N. o 6 - JANEIRO DE 1987
E sco la de C o m u n ic a ç õ e s e A r t e s / U SP
B ib lio tec a
SIGNIFICAÇÃO
NOTAS
1. E stru tu ra da m anifestação
nom ia dos três tipos de form as (científica, sem iótica e códica), uma
concepção triform e de linguagem, seja para o plano do conteúdo, seja
para o da expressão, que poderíam os representar no diagram a a seguir:
form a científica
FORM A DO
form a sem iótica
CO N TEÚ D O form a códica
FORM A DA form a códica
form a sem iótica
EXPRESSÃ O form a científica
versão A versão B
FSY
C = C O N TEÚ D O / E = EXPRESSÃ O
fs = função sem iótica / FSY = F unção de Sincretização
B IB LIO G R A FIA
Luiz Tatit
Bibliografia específica:
I — Nota introdutória
superfície total
faixas faixa-puzzle
inclusão
em espaço em espaço
unidimensional bidimensional
/intercalação/ /cercadura/
O fato de que é a parte inclusa que duas vezes se divide,determ ina
um certo tipo de processo topológico que se poderia denom inar “ colo
cação em abism o”
Estudar-se-ão agora as diferentes qualidades de com posição cro
mática e gráfica que se investem em cada uma das partes que se acabou
de isolar.
O reconhecim ento das categorias visuais exploradas nesse anún
cio e a análise das relações entre seus term os realizados perm item
m ostrar que as partes inclusivas e inclusas da superfície total da faixa-
puzzle e da área retangular são, respectivam ente, postas em contraste
ítom a-se aqui o term o no sentido preciso que lhe deu a sem iótica
visual): quer dizer que os term os opostos de uma m esm a categoria são,
cada um, realizados por uma das duas partes em relação de inclusão
nesse anúncio.
a) organização da superfície total:
— com posição gráfica:
paralelism o de horizontais vs rede de oblíquas tangentes
— com posição crom ática:
jogo de cores puras vs jogo de valores
— disposição: intercalante vs intercalado
b) organização da faixa-puzzle:
— com posição gráfica: em aranham ento (tangências não orto
gonais) vs tram a (tangências ortogonais)
— com posição crom ática: m onocrom atism o (gama de cinza)
vs policrom atism o
— disposição: cercante vs cercado
c) organização da área retangular:
— com posição gráfica:
paralelism o de horizontais vs rede de linhas tangentes
32
descontinuidade continuidade
cores puras
t
paralelismo
í t
jogo de valores entrelaçam ento
ou ou ou ou
policrom atism o onogonalidade m onocrom atism o ausência de
ortogonalidade
ou ou ou ou
exam ina agora a que tipo de faixas é ligado cada term o da oposição
sem ântica, constata-se que é a m esm a reunião da oposição e do
contraste que é colocada em jogo:
expressão: descontinuidade vs continuidade
conteúdo: /identidade/ vs /alteridade/
E ssa junção, que é, repito, resultante da organização plástica da
imagem (e que não existiria mais se essa organização fosse destruída),
pode ser considerada com o um a organização “ profunda” no sentido
que as duas relações agrupadas (descontinuidade vs continuidade e
/identidade/ vs /alteridade/) são am bas situadas no nível profundo —
um a no do plano da expressão e outra no do conteúdo
t i
descontinuidade vs continuidade
/identidade/ alteridade/
t
atividade redacional
. . t
v5 clichês-reportagem
conteúdo
(discurso próprio do jornal) (discurso dos outros)
descontinuidade continuidade
---------------------- vs ------------------
/identidade/ /alteridade/
\
C o n teú d o
(1) Uma coletânea de análises que ilustram a importância dessa problemática deve
aparecer sob o título Introdução âs linguagens visuais. Do abstrato ao figurativo.
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VI — Conclusão
A semiótica plástica: uma reflexão sobre a liberdade irreprimível dos
‘‘fabricantes de imagens”
Figure 1
48
Y iguxe 5 a
Píyurc Sc
49
Filvcre 3 firure 4
50
I. Assis Silva
—— ► B
(Estado i) Fazer transform . (E stado 2 )
I
I
I I
agulha Agulha
(1. port.) (Apólogo)
1
I
tr. m órficos tr. func. prát. tr. func. míticos
Constante Variável
específica específica ■*» genérica genérica
cosmológica cosm ol. -► noológica noológica
exteroceptiva exteroc.-*- interoceptiva interoceptiva
aclassemática classematizável classemática
Base sêmica Semas contextuais Base classemática
< e x tr e m id > + <su p erat.> <verticalidade> <m aterialidade>
’’cabeça de cachoeira”
Para G reim as (1966: 65), as figuras sêm icas que constituem o que
estam os cham ando de base sêmica, situam -se no interior do processo
de percepção, onde constituem percepts puros e representam a face
externa da percepção, representando a contribuição do MN (ou m elhor
de um a sem iótica particular) para o nascim ento do sentido 1. É desse
ângulo que a base sêm ica é classificada de cosm ológica e exteroceptiva
enquanto a base classem ática é classificada de noológica e interocepti
va. A essa luz, o conjunto form ado pelos sem as contextuais assum e a
característica de lugar ou instância de mediação entre o âm bito daquilo
que é representado pela base sêm ica (digamos, âm bito do M undo
N atural) e o âm bito daquilo que é representado pela base classem ática
(domínio do lingüístico, ou m elhor, do sem iótico por excelência).
Em trabalho anterior (Assis Silva 1975: 178), levantam os a hipó
tese segundo a qual o trabalho textual propriam ente dito teria com o
ponto de partida a reconfiguração classem ática, o que repercutiria
im ediatam ente e sobretudo na parte variável figurativa (específica).
H oje, tendo em vista a distinção, não polar mas relativa, entre dim en
são pragm ática e dim ensão cognitiva do discurso, pensam os que a
incidência predom inante sobre o específico ou sobre o genérico não
pode ser determ inada a priori. Tem de ser encarada à luz de um a
tipologia de discurso ainda inexistente, mas cuja prim eira articulação
teria de levar em conta a oposição entre pragm ático e cognitivo. D esse
ângulo, em discursos que privilegiem a “ m undanização” da língua (ou
m elhor, do sem iótico), a incidência m aior seria sobre o figurativo,
acarretando um a sorte de figurativização do classem ático cujo efeito
de sentido seria um a espécie de “ mise entre paren th èses” da língua
para sim ular um a apreensão não m ediatizada do m undo; em discursos
que privilegiem um a “ idiom atização” ou m elhor, um a sem iotização do
m undo, a incidência maior seria sobre o classem ático, o que redunda
ria num a sorte de classem atização do figurativo, cujo efeito de sentido
seria um a espécie de “ mise entre p aren th èses’' do M undo, um a sorte
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semas nucleares
constantes semas
específicos
nucle
cosmológicos ares
exteroceptivos
base sêmica
aclassemáticos
semas
Rearranjo figurativo = ATOR contex
tuais^
^ Percurso figurati-
semas contextuais
variáveis v0: Fig j Fig2 -» Fig3
específicos
cosmológicos
exteroceptivos aporte
classematizáveis
simbólico
semas contextuais
NARRATOLOGICA
T I
__________ y \ __________
OUI1UIU1 OJX3JUOO UI3 BUI3U13S
classe
r
dassetnas Rearranjo classemático ra s
Percurso temático:
FIGURA
variáveis
genéricos temai —>• tema2 -> tema 3
noológicos
interoceptivos
classemáticos
(*) neutralização da oposição
base classemática
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56
NOTAS
(1) O Mundo Natural não é um mundo falado; sua existência enquanto significação não
depende exclusivamente da aplicação de categorias lingüísticas sobre ele; como a
língua, ele é natural no sentido de que é anterior ao indivíduo; como a Língua
Natural ele é uma macrossemiótica, no sentido de que deve ser considerado como
um lugar de elaboração e de exercício de múltiplas semióticas (Cf. Greimas e
Courtés 1983: 291).
(2) Essa configuração diagramática é a estrutura actorial que é, de acordo com nossa
hipótese, constituída de três diagramas-suporte: a) diagrama-suporte estenogramáti-
co: tensões sêmicas nucleares (de natureza lógico-conceptual); b) diagrama-suporte
narrativo: tensões actanciais (de natureza antropomórfica); c) diagrama-suporte
topológico: tensões eu vs. não-eu/tensões aqui vs. não-aqui/tensões agora vs. não-
agora.
(3) Uma figura é — segundo Geninasca (1981: 15) — um lugar construído e meio
privilegiado de manipulação e de comunicação de estruturas relacionais hierarqui
zadas.
Referências bibliográficas
(1) Assis Silva, I. (1975) — “ A configuração semântica do texto” . Revista de Cultura
Vozes, Vol. LXIX, N° 3, pp. 171-180; (2) Geninasca, J. (1981) - “ Place du figuratif”
Actes Sémiotiques: Bulletin, n° 20: pp. 5-15; (3) Greimas, A. J. (1966) Sémantique
strucuturaie, Paris: Larousse; (4) Greimas, A. J. & J. Courtés (1983) — Dicionário de
Semiótica — Tradução, São Paulo: Cultrix.
Araraquara, Dezembro/1984
ENCENAÇÃO DO INDIVÍDUO
Notas sobre um ensaio de Roland Barthes
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60
Organização textual)
Figura 1
figura 2
Proposições teóricas
B arthes individualiza o seu discurso, num outro nível, detonando
com a descrição de seu objeto um a série quase inum erável de paráfra
ses. Contam -se por volta de setenta definições diferentes para o seu
“ sentido ob tu so ” em um a dúzia de páginas do trabalho. O terceiro
sentido, segundo B arthes, “ é o nível da significância” e seu discurso
enfatiza este m ecanismo. Se a significância é o “ trabalho de diferen
ciação, estratificação e confrontação que se pratica na língua, e
deposita sobre a linha do sujeito falante um a cadeia significante
com unicativa e gram aticalm ente estru tu rad a” (J. K risteva), “ trabalhar
a língua é então explorar com o ela trabalha” (Todorov e D ucrot, 1972)
— e é esse o sentido que escritura assum e em B arthes.
A idéia de diálogo está em butida no conceito de significância.
R etom ada de M. Bakhtin, é colocada por K risteva em term os de
intertextualidade; B arthes fala em dialogismo e interlocução: “ o senti
do obtuso está fo ra da linguagem (articulada), m as contudo no interior
da interlocução” É por isso que “ nem a simples fotografia nem a
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