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Expansão País: Angola Cores: Cor

Period.: Semanal Área: 21,93 x 29,47 cm²

ID: 97489815 11-02-2022 Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1

CONVIDADOS

Eduardo Ferreira Gomes I Inês Ferreira Gomes


Partner da Deloitte I Manager da Deloitte

IVA no sector financeiro e segurador:


a meio caminho da neutralidade?
ErnAngola, corno em qualquer ou-
tro país, as instituições financeiras
v v «0 $'e .4"

e as empresas seguradoras desem-


penham um papel fulcral em ter-
mos económicos e sociais, pela in-
NO sEcroR ~Uno Estamos a meio
de um longo
caminho para
clusão financeira da população e alcançar os
-pela protecção de pessoas e bens.
Os agentes económicos destessec- aclamados
tores têm enfrentado desafios as- 17 benefícios do
sociados, quer ao próprio contexto "imposto justo"
económico e social que o país en-
frenta, quer à cada vez maior regu-
lação dassuas actividades.
A introdução do Imposto sobre
o Valor Acrescentado (IVA), em
2019, representou um desafio para as situações em que a AGT
acrescido para estes agentes, entenda que o pro rata cria dis-
dada a especificidade das opera- torções na tributação.
ções financeiras e de seguros, que A utilização simultânea do mé-
conduz a uma complexidade adi- todo da afectação real, a par da
cional na administração de um utilização dopro rata, é o processo
imposto já de si dificil. que permite uma adequada recu-
A maioria dos sistemas de IVA peração do NA pago a fornecedo-
vigentes no mundo, com destaque res e que conduz a maior neutrali-
para o da União Europeia (UE), dade. Revela-se assim crucial que
prevêem uma isenção de imposto • sejam criados mecanismos que
na generalidade das operações fi- permitam;aos agentes económi-
nanceiras e de seguros, devido a cos dos sectores'financeiro e se-
dificuldades sentidas aquando a gurador, mas eventualmente ex-
sua criação, associadas, entre ou- tensível a todos os outros, recupe-
tras, à determinaçãOdovalor atri- rar o IVA incorrido pela utilização
butar, e à preocupação como pos- simultânea dos dois métodos re-
sível aumento do preço do crédito feridos, bem como que seja aceite
e dos prémios de alguns seguros, a recuperação da totalidade do
como os devida. IVA Incorrido quando se compro-
Tais dificuldades, e o cada vez ve que o mesmo respeita a recur-
maior conhecimento das opera- sos exclusivamente utilizados em
ções destes sectores, têm levado operações tributadas.
as instituições responsáveis por Em complemento ao disposto
alguns desses sistemas de IVA a no Código do IVA, e através de
equacionar a tributação destas Instrutivo, aAGT permitiu a uti-
operações, numa tentativa clara lização dó método da afectação
de simplificar a administração do real em certas operações destes
imposto. O caso mais actual é o da sectores, tendo, inclusivamente,
UE, onde se discute a alteração do permitido às empresas segura-
regime de IVA destas operações, doras a utilização transversal
precisamente por se ter verifica- deste método, ainda que previa-
do que a isenção causa distorções, posto, salvaguardando aspectos zação de bens e serviços adquiri- mente autorizado pela AGT.
complexifica a administração do Angola teve a de natureza social. dos em operações isentas e tribu- Espera-se agora o alargamento
imposto e quebra, de forma grave, Embora justificadas, tais ex- tadas. O legislador definiu, em An- da utilização daquele método
a neutralidade desejada para um ousadia de ter cepções conduzem a que os gola, que tal recuperação deve ser também para as instituições fi-
imposto como o IVA Em cima da seguido o caminho agentes económicos realizem, aferida pela proporção de opera- nanceiras. Ainda que previamen-
mesa está a eventual opção pela que está agora simultaneamente, operações ções tributadas no conjunto de to- te autorizado e tendo por base cri-
tributação da generalidade das isentas e tributadas, determi- das as operações realizadas, tendo tériosobjettivos, capazes de men-
operações destessectores. a ser equacionado nando a impossibilidade de recu- por base o volume de negócios, surar e auditar, nada justifica a
Angola equacionou um siste- por outros países perarem a totalidade do IVA in- num método comummente desi- impossibilidade de adopção ge-
ma de IVA simples e adaptado às corrido na aquisição de bens e gnado porpro rata. Um método neralizada do mesmo, e só assim
circunstâncias económicas e so- serviços necessários à realização que, embora de aparente fácil apli- se conseguirá caminhar no senti-
ciais do país, e teve a ousadia de da respectiva actividade. Esta cação, não tem o mérito de deter- do da desejada neutralidade, apa-
ter seguido o caminho que está circunstância acaba por criar o minar o efectivo grau de utilização nágio deste imposto.
agora a ser equacionado por ou- vulgarmente designado IVA de bens e serviços em operações Estamos a meio de um longo
tros países com sistemas de IVA oculto e quebra, assim, o princí- isentas e tributadas, ou seja, o NA caminho a percorrer para alcan-
mais antigos, ou seja, o de tribu- pio da neutralidade do imposto, incprridoque"deve ser recuperado. çar os aclamados benefícios do
tar a generalidade das operações que determina que este deve ser E reconhecido pela doutrina "imposto justo". A ÁGT tem vin-
destes sectores, com algumas neutro entre operadores econó- que o método mais justo para a . do a adaptar-se e a ser sensível às
excepções justificadas, como se- micos, devendo apenas ser su- recuperação do imposto é o da preocupações dos agentes eco-
jam os juros de crédito e os pré- portado pelo consumidor final. afectação real, também previsto nómicos, pelo que temos con-
mios de seguros de vida e de saú- Naqueles casos a recuperação no Código do IVA. Contudo, tal fiança que não iremos ficar a.
de, com o objectivo de permitir a do NA, pago a fornecedores, deve método está, em Angola, delimi- meio caminho (da neutralida-
desejada neutralidade do im- serefectuadadeacordo com autili- tado a uma utilização restrita, de), em benefício de todos!

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