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Endereço(1): Av. da Saudade, 500 Bairro Ponte Preta Cidade Campinas Estado São Paulo
CEP: 13041-670 Brasil - Tel: +55 (19) 3735-5785 e-mail: tratamento.esgoto6@sanasa.com.br
RESUMO
Este trabalho visa relatar a experiência da SANASA referente a operação e transferência de uma
ETE concebida como móvel que permitiria o aproveitamento de seus componentes em sistemas
provisórios de tratamento de esgoto dentro do município de Campinas.
São apresentados os resultados durante a operação nos anos de 2012 e 2013 quando esta
tratava o esgoto do bairro residencial Casas do Parque e são detalhados todo o processo de
transferência e inicio de operação desta mesma ETE tratando o esgoto de um novo conjunto
habitacional denominado Residencial Takanos. Ainda é relatado as etapas de tratamento desta
concepção de ETE móvel (CEPT+MBBR).
Foi possível desta forma descreverr os principais benefícios e limitações deste tipo de ETE os
quais mostraram atrativos econômicos e ambientais visto a grande quantidade de ETEs da cidade
de Campinas.
INTRODUÇÃO/OBJETIVOS
Frente a atual crise hídrica vivida no estado de São Paulo e a proposta de universalização do
Saneamento Básico proposto na lei 11445 de 2007 o tratamento de esgoto torna-se um dos
principais desafios socioambiental e um dever dos municípios. O tratamento de esgoto cresce de
forma acelerada para recuperar décadas de escassez de saneamento em todo o país. Este
quadro se justifica pelo avanço econômico, social e tecnológico do país, assim como na
importante Metrópole de Campinas.
Reconhecida a necessidade do saneamento para a qualidade de vida da sociedade, Campinas
evolui no tratamento de esgoto, rumo ao 100% de esgoto coletado e tratado para o ano de 2016,
onde se tornará a pioneira a atingir este mérito para uma população maior de 1.000.000 de
habitantes.
Neste contexto a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A. – SANASA, empresa
responsável pelo saneamento básico no município de Campinas possui um conjunto de 8 ETEs
de Grande Porte e 14 ETEs de menor porte, estas somadas tratam 80,56% de todo esgoto gerado
e uma capacidade instalada para tratamento de 92%. Ainda estão em construção 2 ETEs, outra
se encontra na fase de licitação e 5 encontram-se em processo de desativação. Estas Estações
estão locadas no mapa de Campinas na figura 1.
dos processos de construção e implantação, visto que boa parte dos componentes são pré-
fabricados como os tanques de fibra de vidro e os containers de aço carbono, o licenciamento
ambiental também torna-se mais ágil.
Neste conceito de ETE compacta móvel não se utiliza automação para aumentar a facilidade de
instalação e desmobilização, haja visto ser um sistema provisório.
Este artigo busca relatar as experiências da SANASA com a operação da ETE Móvel inicialmente
para tratar o esgoto proveniente do condomoínio Residencial Casas do Parque durante um
período de 3,5 anos e seu descomissionamento e transferência com aproveitamento de seus
componentes utilizando para tratar o esgoto proveniente de um outro conjunto Residencial
denominado Residencial Takanos.
METODOLOGIA
A unidade móvel de tratamento de esgoto Casas do Parque é concebida por um sistema biológico
acoplado ao físico químico, com tecnologias de sistemas inovadores que ocupam um menor
espaço com qualidade de tratamento. Foram combinados os processos CEPT (Chemically
Enhanced Prymary Treatment) – Tratamento Primário Quimicamente Assistido para o tratamento
primário e para o tratamento secundário um MBBR (Moving Bed Biofilm Reactor) – Reator de
Leito Móvel de Biofilme acompanhado de um Decantador Lamelar de alta taxa. Na figura 2 tem –
se uma visão geral da ETE.
Conforme relata (JORDÂO et al 2002) o CEPT, se baseia na remoção de sólidos suspensos
através de processos físico-químicos de coagulação, floculação e sedimentação. O processo
permite a obtenção de elevadas eficiências na remoção de sólidos, matéria orgânica e fósforo
mesmo sob altas taxas de aplicação superficial (TAS). Quando empregado antecedendo o
tratamento secundário, face às elevadas remoções, permite a redução das dimensões das
unidades subsequentes. Apresenta-se também como solução tecnológica aplicável, para casos de
estações de tratamento de esgoto sujeita a variações temporárias de vazão em função, por
exemplo, do atendimento a populações flutuantes. Este fato possibilitará o aproveitamento da
unidade em uma grande faixa de vazões nos projetos futuros. Estudos relatam que o CEPT
apresenta eficiências de remoção de até 85% de sólidos suspensos, de até 60% de matéria
orgânica e até 90% de remoção de fósforo.
Tecnologias de processos biológicos com biofilmes desenvolveram-se rapidamente nas últimas
duas décadas e são frequentemente utilizadas em estações de tratamento devido à alta
concentração de biomassa conseguida, resultando em um pequeno espaço utilizado na
instalação, facilidade operacional e alta eficiência de remoção de poluentes. Odegaard et al (1994)
relata que sistemas que apresentam biomassa aderida, além de dispensarem o tradicional reciclo
de lodo encontrado em sistemas convencionais, possibilitam que a biomassa permaneça sempre
dentro do meio reacional, fator esse que torna mais especializada a função a que se destina.
de poli alumínio) e TANINO (polímero orgânico catiônico) para acelerar a aglutinação dos sólidos,
parte destes sólidos fica retida no decantador primário que é uma câmara seguinte à câmara de
mistura.
A fase aeróbia composta por um sistema MBBR com uma biomídia de área especifica de 500 mm
um volume de biomídia de 7 m3 com taxa de remoção de DBO de 5 KgDBO/m3dia, a qual permite
que o sistema de lodos ativados trabalhe na remoção de lodo com uma área menor, já que são
inseridas as mídias para aumentar a superfície de adesão dos microorganismos e formação de
biofilme. Esta câmara é seguida de duas câmaras com meio suporte fixo em polipropileno em
formato cilíndrico formando blocos estruturais com o com área especifica de 200m2/m3 diâmetro
de 55mm e dimensões de 55x55x55cm denominada de Biomídia Fixa.
Desta etapa o efluente segue para o decantador de alta taxa, para remoção de sólidos ainda
vindos dos processos anteriores.
Este tanque descrito acima é constituído de aço carbono, e cada câmara possui alternadamente a
entrada ascendente e descendente. Todas as unidades dispõem de válvulas de descarga de
fundo por onde são periodicamente realizados descartes e limpezas das unidades.
RESULTADOS
A ETE operou durante o período de Setembro de 2010 a Abril de 2014 como o nome de ETE
Casas do Parque e apresentou eficiência na remoção de DBO e SST de 90%. A tabela 1 resume
os dados da ETE Casas do Parque. Como ilustração compilou-se os resultados do ano de 2012 e
2013 para remoção de DBO, SST e fósforo no gráfico mostrado nas figuras 5,6 e 7.
Durante a operação da ETE Casas do Parque para ajuste da dosagem de produtos PAC e Tanino
foram necessários ensaios de JAR TEST, os quais estabilizaram com uma dosagem média de
16,65 ppm de PAC apenas dispensando o uso do Tanino. Contudo, em outras estações moveis
da SANASA que utilizam o sistema CEPT torna-se necessário o uso dos dois coagulantes tais
como na ETE Santa Lúcia e ETE Porto Seguro. Provalmente o ocorrido na ETE Casas do Parque
está relacionado com ajuste de pontos de dosagem e fatores da hidrodinâmica da Estação e
ASSEMAE - Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento 7
XIX Exposição de Experiências Municipais em Saneamento
De 24 a 29 de maio de 2015 – Poços de Caldas - MG
volume do Pré sedimentador das unidades que são diferentes. Este resultado foi alcançado
através de testes em bancada e práticos em escala real.
Percebeu-se que o sistema MBBR conforme já relatado na literatura especializada para se ter um
bom clarificado a operação do decantador secundário deve ser eficiente evitando “zonas mortas” e
problemas hidráulicos. Caso isso ocorra poderá ocorrer “arraste de lodo” para o tratado devido ao
desprendimento do biofilme. Este desprendimento do biofilme fica evidenciado pela quantidade de
sólidos no sistema como relatado na literatura neste tipo de processo.
Para buscar minimizar estes efeitos era realizado um monitoramento mensal através de analises
analíticas da série de sólidos dos tanques de mídia livre (MBBR) e fixa, analise da
sedimentabilidade em coluna (proveta) dos mesmos tanques e analises microbiológicas para
avaliar o desempenho do sistema MBBR. Também era realizado Cone Imhoff do Bruto e Tratado
para observar possível arraste no Tratado. Uma vez por semana era realizado a limpeza das
unidades com caminhão esgota fossa e retirada de lodo. Semanalmente eram removidos 14 m3 de
lodo que eram levados para uma estação de grande porte para serem desidratados e
encaminhados para disposição final.
Era também realizado periodicamente um monitoramento da concentração de Oxigênio Dissolvido
nos tanques de mídia livre e fixa os quais estavam acima 3 mg/l. (METCALF e EDDY, 1991) citam
a concentração mínima de 2 mg/l como sendo a mínima necessária para operar reatores
biológicos destinados a remoção de material orgânico. Durante a operação da ETE não ocorreram
reclamações de odor por parte dos moradores.
Figura 5: Gráfico eficiência de Remoção DBO ETE Casas do Parque nos anos de 2012 e
2013.
Figura 6: Gráfico eficiência de Remoção SST ETE Casas do Parque nos anos de 2012 e
2013.
Figura 7: Gráfico eficiência de Remoção fósforo ETE Casas do Parque nos anos de 2012 e
2013.
Na data de 07/04/14 o emissário que interliga a região do condomínio foi concluído e o esgoto foi
então destinado para ETE “definitiva” EPAR Estação Produtora de Água de Reuso CAPIVARI II.
A ETE Casas do Parque foi então descomissionada com todos os equipamentos desligados,
todas as unidades foram drenadas, limpas e desinfectadas. Todo o processo levou 4 dias.
Ao mesmo tempo, um novo conjunto habitacional destinado à população com renda de 1-3
salários mínimos estava em andamento no bairro Vila Olímpia sob o nome de Residencial
Takanos o qual iria atender uma população de 1800 habitantes. Cogitou-se então transferir a ETE
Móvel para aquela localidade.
Inicialmente foi elaborado um estudo preliminar com relação à vazão afluente prevista para o
condomínio Residencial Takanos, os quais se mostraram compatíveis com as vazões de projeto
da ETE Casas do Parque. Novos estudos com relação à disponibilidade da área e cota de
chegada foram também executados.
Em acordo com a construtora responsável pela construção do Residencial Takanos a mesma se
comprometeu a realizar as obras civis necessárias (terraplagem, poço de sucção, caixa de
gordura, construção bases de concreto para o sistema biológico, e diques de contenção). A
construtora contratou uma empresa especializada para realizar a desmontagem da ETE,
planejamento e montagem final no local desejado. A SANASA acompanharia todo o processo e
assumiria a operação assim que a obra ficasse pronta.
Iniciou-se então a transferência do tanque de equalização, containers do sistema biológico e
demais equipamentos (soprador,bombas submersíveis, bombas dosadoras, biomidias, etc) para
os quais utilizou-se dois caminhões Munk e duas carretas.
Depois de concluída a montagem hidráulica e elétrica uma equipe da SANASA realizou testes
funcionais nos equipamentos tais como bombas e sopradores. Depois de pronta a ETE ficou
aguardando a ocupação dos apartamentos pelos moradores para se dar partida no sistema a qual
ocorreu em 06/12/14. Com a chegada do esgoto na planta foram regulados níveis de altura da
lamina de trabalho nos tanques. Inoculo-se 10 m3 de lodo aeróbio nos tanques de mídia livre.
Todo o processo de implantação e transferência levou 45 dias.
Em paralelo, foi realizado o processo de desativação da ETE Casas do Parque com aterramento
do poço de sucção, demolição das obras civis e envio do entulho para unidade recicladora de
material. Todo o processo de desativação da parte operacional levou 2 dias.
Com relação a parte legal a SANASA elaborou um relatório detalhado sobre todas ações tomadas
no descomissionamento da planta juntamente com um histórico da área e solicitou a CETESB
manifestação para elaboração de um plano de desativação da ETE.
Além disso, está sendo verificado/estudado junto aos órgãos competentes qual será a definição
sobre o uso futuro da área. Atualmente a área da estação continua cercada com alambrado e para
segurança e monitoramento e realizada inspeções periódicas no local.
DISCUSSÃO
Tomando como exemplo a ETE Ouro Verde uma estação do tipo lodo ativado com aeração
prolongada toda construída em concreto, sendo a vazão abaixo da ETE Casas do Parque/
Takanos devido ao número de obras civis o tempo elaboração do projeto e construção, e uma
ETE móvel, pode se estimar para este caso o tempo de implantação seria pelo menos 3 vezes
menor. Além disso, com o aproveitamento dos elementos pré-fabricados atinge-se além de uma
economia financeira uma economia ambiental com menor exploração de recursos naturais usados
como insumos da construção da ETE.
No caso de uma desativação muitos destes materiais não permitiriam um reaproveitamento como
por exemplo os aeradores que são específicos para este tipo de tratamento e somente poderiam
ser usados numa ETE com o mesmo projeto o mesmo pode se dizer das obras civis. Teremos o
mesmo cenário se compararmos com sistema de tanque séptico seguido de filtro anaeróbio onde
toda obra civil não teria reaproveitamento.
Partindo se para uma ETE pré-fabricada em plástico, fibra de vidro ou outros materiais novamente
teremos um projeto customizado onde boa parte dos componentes somente seriam aproveitados
em projetos semelhantes ou idênticos. Isto foi comprovado pela operação de outras ETEs de
pequeno porte da SANASA tais como a ETE Flavia (UASB + Filtro Aerado Submerso +
Decantador Secundário em tanques de fibra de vidro) e ETE São José (UASB + Biofiltro +
Decantador Secundário em tanque de aço carbono). Um resumo da comparação entre as
características destas ETEs é apresentado no quadro 1.
Ouro
Alvenaria Lodos Ativados 1,80 1,75 42,0 43,2 468
Verde
Pre
Flavia UASB+ F.B.A.S 5,20 1,00 25,8 134,2 700
Fabricada
Pre
São José UASB+ Biofiltro 7,00 4,00 13,0 22,8 527
Fabricada
Tanque Septico +
Bandeirantes Alvenaria 7,02 3,84 24,5 44,8 2.736
Filtro Anaerobio
Casas do
Móvel CEPT + MBBR 2,31 2,27 16,0 16,2 310
Parque
Por sua vez no caso das ETEs móveis poderia se fazer adaptações usando os mesmos
componentes da tabela 3, que ilustra quais os equipamentos foram reaproveitados na
transferência da ETE móvel para tornar-se a ETE Takanos.
O TDH (tempo de detenção hidráulica) para as ETEs compactas móveis constitui um fator crítico
já que este tende ser menor que outras ETEs. Isto implicara também na idade do lodo e na
concentração de sólidos no processo de tratamento e a necessidade de descartes e retiradas de
lodo constantes. Para a ETE Casas do Parque/Takanos o TDH total da Estação era de 16 horas.
Quadro 2 – Comparação entre ETE móvel e demais ETEs para sistemas provisórios.
Alguns danificaram no
11 Eletrodutos Sim 30
transporte
Container 40 FT sistema
13 Sim 100 Necessário transporte especial
biológico
Container 20 FT abrigo
14 Sim 100 Necessário transporte especial
soprador e painel
Quadro de comando
Necessário ajustar a nova
15 acionamento bombas Sim 100
instalação
submersíveis e soprador
Container 20 FT escritório
16 Sim 100 Necessário transporte especial
operador
Bombas Submersíveis
21 Sim 100 Manutenção Preventiva
Elevatória 3
TOTAL DE APROVEITAMENTO 87
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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São Paulo.
JORDÃO, E.P; VOLSCHAN JR.,I.; ÁVILA, R.O. E; SOUSA, E.C. (2002) Tratamento Primário
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Engenharia Sanitária e Ambiental – SILUBESA, 2002.
JORDÂO, E.P, PESSOA, A.C (2009). Tratamento de Esgoto Domésticos. 5 ed. Rio de Janeiro,
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ODEGAARD, H. (2006). Advanced Compact Wastewater Treatment based on Coagulation
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