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ISSN 2237-6011 49

Percepção e realidade na utilização do


microscópio para a prática de Ciências
na educação básica de Lapa (PR)

Bruno Janoski ROSSI1


Thiago Burda MAYER2
Bruno GAVINHO3
Resumo: No ensino público brasileiro, existem diversas dificuldades para a
realização de aulas práticas, desde salas de ensino superlotadas até a falta de
recursos nos colégios. A ausência ou insuficiência de equipamentos importantes,
como o microscópio para o ensino de Ciências, pode gerar uma falta de estímulo
nos educandos já nos anos iniciais. O presente relato de caso aplicou um
questionário aos professores de Ciências de uma escola municipal do município
da Lapa (PR) sobre o uso do microscópio e do laboratório de Ciências em suas
aulas. Embora os professores reconheçam a importância do microscópio e de
metodologias ativas no ensino-aprendizado, eles não os utilizam nas aulas. A
infraestrutura deficitária é uma importante causa do mau uso dessa ferramenta no
enriquecimento das aulas na educação básica do município.

Palavras-chave: Ensino de Ciências. Microscópio. Microscópio Caseiro.

1
Bruno Janoski Rossi. Bacharel e licenciado em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário
Campos de Andrade. E-mail: <brunojrossi@hotmail.com>.
2
Thiago Burda Mayer. Mestre em Zoologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Bacharel em
Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). E-mail: <burdabio@gmail.
com>.
3
Bruno Gavinho. Mestre em Microbiologia, Parasitologia e Patologia pela Universidade
Federal do Paraná. Licenciado em Ciências Biológicas pelo Claretiano – Centro Universitário.
E-mail: <bgavinho@hotmail.com>.

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Perception and reality on the use of the


microscope to the elementary school science
practice on elementary education of Lapa/PR

Bruno Janoski ROSSI


Thiago Burda MAYER
Bruno GAVINHO
Abstract: The practical classes in Brazilian public education have several
difficulties for their execution, from overcrowded teaching rooms, to the lack of
resources on the part of the colleges. The absence or insufficiency of important
equipment – such as the microscope for science teaching – can generate a
lack of stimulation in the students already in the early years. The present case
report applied a questionnaire to the science teachers of a public school in the
city of Lapa (PR) on the use of the microscope and the science laboratory in
their classes. Although teachers recognize the importance of the microscope in
teaching-learning, most do not use it often. The deficit infrastructure was the
main cause of the tool’s misuse in the enrichment of classes in Basic Education
on that county.

Keywords: Elementary School. Microscope. Homemade Microscope.

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1. INTRODUÇÃO

Os materiais e equipamentos chamados de recursos ou tec-


nologias educacionais são quaisquer aparatos usados em metodolo-
gias de ensino com a finalidade de prover ao aluno novas possibili-
dades de interação com o conteúdo, diminuindo a cansativa rotina
das aulas dialogadas (FREITAS, 2009).
As atividades práticas são um advento para estimular o in-
teresse do aluno em aprender “[...] e podem auxiliar o professor a
retomar um assunto já abordado, construindo com seus alunos uma
nova visão sobre um mesmo tema” (LEITE; SILVA; VAZ, 2008,
p. 3). Mesmo sendo reconhecida a importância de tais atividades,
estas são raramente utilizadas, pois, de acordo com os professores,
o tempo hábil para preparar os materiais e as atividades é escasso,
falta autoconfiança para monitorar a classe, além de não possuírem
equipamentos e locais adequados (KRASILCHIK, 2008).
As práticas devem despertar em geral um grande interesse
nos alunos, além de propiciar uma situação de investigação. Essas
aulas, quando planejadas levando em consideração esses fatores,
constituem momentos particularmente ricos no processo de ensi-
no-aprendizagem (DELIZOICOV; ANGOTTI, 2000). A atividade
prática deve ser preparada com antecedência, planejando-se cuida-
dosamente seu objetivo, a organização dos alunos, a distribuição
dos materiais e equipamentos e, sobretudo, o tempo necessário para
executar o proposto – incluindo o período que os alunos terão para
resolver a questão com sua criatividade e o da discussão dos resul-
tados com a turma (BRASIL, 1997).
A observação das estruturas encontradas na natureza, uti-
lizando microscopia óptica, representou um papel importante no
surgimento das ciências da natureza e nas áreas de abrangência,
englobando desde botânica, paleontologia e evolução até zoologia
e genética. Por isso, é necessário o emprego de estratégias peda-
gógicas diferentes, de modo que, ao ser incentivado a descobrir o
mundo da biologia através do microscópio, o aluno possa enfim
ter a expectativa de que esses ramos da ciência alcancem cada vez
mais descobertas em suas pesquisas (RIVAS, 2011).

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As dificuldades em aplicar aulas práticas surgem da falta de


prática dos professores devido à pouca experiência durante sua gra-
duação, tornando vaga a função de tais atividades (FEITOSA; LEI-
TE; FREITAS, 2011).
É de grande importância instigar a curiosidade dos alunos e
incentivá-los a buscar e testar possíveis soluções para seus próprios
problemas, valorizando suas descobertas.
A quantidade de alunos por turma dificulta tanto em relação
ao pequeno espaço disponível no laboratório escolar, quanto à dis-
ponibilidade de equipamentos e materiais para se obter uma experi-
ência satisfatória (FEITOSA; LEITE; FREITAS, 2011).
É de suma importância pesquisar mais a fundo os materiais e
equipamentos didáticos utilizados hoje em dia nas escolas. A pro-
dução desses recursos é baseada mais no interesse dos fabricantes
e fornecedores do que na real necessidade das escolas. A simples
introdução de um equipamento na escola, mesmo que ele seja mui-
to sofisticado, não irá apresentar resultados imediatos ao ensino-
-aprendizagem. Somente um planejamento detalhado, com ênfase
no contexto da educação local, pode gerar as mudanças que os ma-
teriais didáticos têm potencial em proporcionar (FREITAS, 2009).
Este trabalho visa a compreensão da atual situação em rela-
ção às aulas práticas em um colégio situado no centro da cidade da
Lapa (PR). Busca-se compreender se essas aulas ocorrem e de que
forma, e se há carência em relação a equipamentos e materiais para
execução de aulas práticas. Procura-se também investigar a percep-
ção do professor de Ciências do ensino fundamental sobre o uso
do microscópio e, ainda, sugere-se a confecção de um microscópio
caseiro para suprir tal necessidade.

2. IMPORTÂNCIA DO MICROSCÓPIO

O microscópio foi sendo desenvolvido e aperfeiçoado ao lon-


go do tempo com o acúmulo de várias experiências. Antes mesmo
da Era Cristã, já existiam referências sobre o uso de lentes (basea-
das em pedras lapidadas) para conseguir aumentar imagens. Porém,

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o desenvolvimento satisfatório de lentes para essa finalidade ocor-


reu na Itália, aproximadamente em 1280, a partir do surgimento
dos óculos. Foi apenas uma questão de tempo até surgir um dos
primeiros microscópios (LEAL, 2000).
O primeiro microscópio possuindo mais de uma lente ou
composto de que se tem conhecimento supostamente foi desenvol-
vido pelo holandês Zacharias Jansen, em meados de 1590. As duas
lentes, a lente ocular plano-convexa e a lente objetiva biconvexa,
trabalhando em conjunto, proporcionavam um aumento de 9X
(LEAL, 2000; MARTINS, 2011). Com a divulgação das tecnolo-
gias pelo continente europeu, foi possível a evolução do aparelho,
pois novos pesquisadores tiveram acesso à ideia, podendo adaptá-la
e aprimorar os estudos de estruturas menores. Leal (2000, p. 13)
discorre sobre a aplicação do recurso:
A partir do aparecimento desse aparelho, a fabricação de
microscópios se espalhou rapidamente pela Europa. Em
pouco tempo, foram construídos microscópios utilizando
sistemas de três lentes, os quais eram mais adequados à
observação, pois além de conservar melhor a luz, apresen-
tavam oculares com distâncias focais menores. A criação
desses aparelhos possibilitou o desenvolvimento dos pri-
meiros tratados anatômicos de microestrutura, como por
exemplo, os trabalhos de Marcello Malpighi, por volta
de 1660, e o de Robert Hooke, em 1665, cujo livro, muito
apropriadamente, intitulou-se Micrographia.
Hooke teve destaque entre os demais microscopistas, princi-
palmente pelo seu exímio cuidado e dedicação com as descrições e
os desenhos feitos dos objetos estudados, além da busca sobre seu
funcionamento. A sua experiência desde a juventude como cons-
trutor de aparelhos e a vivência com diversos outros pesquisadores
importantes da época contribuíram para a melhoria tanto na fabri-
cação, quanto no uso adequado dos microscópios utilizados. Seus
feitos foram usados como modelo por outros microscopistas, que
também contribuíram para o estudo dos seres vivos (MARTINS,
2011, p. 138).

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3. RELATO DE CASO: USO DO MICROSCÓPIO NO EN-


SINO DE CIÊNCIAS EM UMA ESCOLA MUNICIPAL
DO MUNICÍPIO DA LAPA (PR)

É concreta a contribuição da microscopia no ensino-


aprendizado de alunos da educação básica. Desse modo, pesqui-
saram-se a percepção e frequência do uso do microscópio em ati-
vidades práticas por meio de um questionário do tipo fechado aos
professores de Ciências (n = 5) de um colégio municipal situado no
bairro Centro, da cidade da Lapa (PR). O questionário foi aprovado
pelo comitê de ética, CAAE 60747916.1.0000.5218. Todos os pro-
fessores já realizaram aulas práticas e/ou expositivas, no entanto, o
microscópio não é utilizado por nenhum deles.
Gráfico 1. Percepção dos professores de Ciências de colégio situa-
do na Lapa (PR) quanto ao uso do microscópio e do laboratório na
sua prática docente.
to ta l r e s p o s ta s
a fir m a tiv a s

" O u s o d o m ic r o s c ó p io c a s e ir o p o d e c o m p le m e n ta r a s a u la s e x p o s itiv a s ? " 100%

" E x is te c o le ta s e le tiv a d e r e s íd u o s n o la b o r a tó r io ? " z e ro

" O s a lu n o s já u tiliz a r a m o m ic r o s c ó p io ? " z e ro

" O la b o ra tó r io p o s s u i la m in á rio ? " 100%

" O la b o r a tó rio é c o m p a tív e l c o m o n ú m e r o d e a lu n o s ? " z e ro

" O la b o r a tó r io p o s s u i m a te r ia l e s p e c ífic o p a r a to d o s o s te m a s d a c iê n c ia ? " 80%

" J á re a liz o u a u la s p rá tic a s c o m a lu n o s ? " 100%

Fonte: elaborado pelos autores.

As aulas práticas são realizadas em sala de aula, porque o


laboratório é incompatível com o grande número de alunos por tur-
ma. De acordo com o relato dos professores, não há um funcionário
envolvido na limpeza e manutenção da estrutura laboratorial. As-
sim, esta serve como depósito para maquetes, cartazes e máquinas
de outros setores. O laboratório é deficiente em relação à variedade

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de insumos, não possui espécimes animais preservados em álcool


nem exsicatas. O inventário não contempla todos os temas do ensi-
no de Ciências, como reagentes para introdução à Química.
Todos os professores concordam que não existe uma coleta
de resíduos decorrentes dos materiais e reagentes consumidos no
laboratório. A falta de funcionários específicos para a administra-
ção do laboratório e até mesmo o pouco contato dos professores
com a sua estrutura contribuem para uma rotina de uso infrequente
e superficial.
As aulas práticas possuem evidente importância na formação
e no desempenho escolar dos estudantes quando devidamente utili-
zadas, como foi apontado por Cardoso (2013, p. 39):
[...] quando se acrescentam atividades práticas no cotidia-
no escolar, as aulas tornam-se mais atrativas, os alunos
sentem-se mais alegres, e consequentemente, a aprendiza-
gem torna-se muito mais significativa, obtendo-se assim,
alunos mais empenhados, motivados e na busca de melho-
res resultados na sua aprendizagem.
Lapa possui 36 escolas municipais no total. De acordo com
a Secretaria da Educação do Estado (Seed) (2018), em 2018, 2566
alunos foram matriculados nos anos finais da Educação Básica. A
relação aluno/infraestrutura mostra uma evidente desproporção. É
preciso disponibilidade de equipamentos e materiais, em quantida-
de suficiente para toda uma turma, para não restringir a atividade e
o aprendizado. Gasparelo e Coelho (2015) investigaram as dificul-
dades da prática docente envolvendo a educação inclusiva de uma
escola pública do centro do município. A superlotação e a falta de
materiais didáticos para abordar o conteúdo diversificado foram os
maiores problemas relatados pelos professores. Ao avaliar as con-
dições de uma escola de assentamento em Lapa, Conzatti (2015)
verificou que não somente as instalações são tentativas falhas de
adequação escolar, mas o conteúdo abordado na instituição tem um
contexto sociocultural nada relacionado à realidade local, distan-
ciando os alunos do “querer aprender”. Outro trabalho conduzido
nessa mesma escola, por Cordeiro (2014), revela descontentamen-
to dos professores em relação ao material didático descontextua-
lizado. Condições inadequadas relacionadas a estruturas deficien-

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tes podem ser encontradas em muitas escolas públicas no interior


do estado do Paraná. Um trabalho realizado por Leonardo, Bray e
Rossato (2009) sobre infraestrutura e recursos didáticos disponí-
veis para escolas públicas e privadas no interior do Paraná revelou
condições pouco adequadas em instalação e apoio pedagógico. Um
estudo realizado em Candói, Região Centro-Sul do Paraná (aproxi-
madamente 300 km da Lapa) apresenta escolas com dificuldades
estruturais para a execução de atividades práticas. Camargo e Reali
(2008, p. 5) afirmam que:
Outras questões, colocadas pelos diretores, foram a falta
de estrutura física que impossibilita melhores ações pe-
dagógicas como uso do laboratório, equipamentos ele-
trônicos e biblioteca. Numa das escolas o laboratório de
Ciências divide espaço com a cantina, freezer do leite das
crianças, depósito de entulhos, e depósito de materiais de
Educação Física, noutra nem laboratório existe.
Nota-se que a infraestrutura do ensino público é deficitária se
comparada à de escolas particulares. Berezuk e Inada (2010) cons-
tataram o fato em Maringá, outro município do estado. As escolas
particulares apresentavam microscópios modernos, como o micros-
cópio de transmissão, melhor planejamento de espaço físico, assim
como elementos que asseguram maior biossegurança (iluminação,
maior espaço/aluno, presença de bancadas). Ainda, apenas as es-
colas públicas não possuíam um técnico de laboratório capacitado
para auxílio no laboratório de Ciências.
Na falta de um laboratório com estrutura capaz de resistir ao
intenso uso (extravio de materiais, equipamentos ou falta deles) ge-
rado pelo número de alunos, é preciso testar, junto com eles, dentro
ou fora de sala, o uso e/ou a manutenção de equipamentos envol-
vendo materiais de baixo custo, para ajudar nas atividades práticas
e até mesmo estimular a criatividade (AXT; MOREIRA, 1991).
Todos os professores deste estudo acreditam que um microscópio
caseiro, possível de ser criado a partir de instruções divulgadas na
internet, poderia ser usado para complementar as aulas expositivas.
O envolvimento dos alunos num projeto os torna agentes ati-
vos do processo de ensino-aprendizado. Considerando as necessi-
dades formuladas, foi elaborado um aparelho de baixo custo, se-

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melhante a um microscópio estereoscópico, para ser utilizado pelo


professor e os alunos dentro ou fora de sala.
Silva, Vieira e Oliveira (2009) trabalharam com alunos de
Biologia envolvidos em um projeto para aproximação da escola
com microscopia óptica. Dos alunos envolvidos, 92% consideram
que o uso do instrumento torna o tema biologia celular mais dinâ-
mico e compreensível.
O microscópio caseiro desenvolvido neste estudo possui ape-
nas uma lente objetiva. A lente ocular é substituída pela câmera de
um celular (do próprio professor ou, se houver, do aluno), evitan-
do as aberrações cromáticas. A iluminação é resolvida utilizando
uma lanterna devidamente posicionada, ou utilizando a câmera em
modo de gravação de vídeo (função flash ativada). Com auxílio da
mesa, é possível mudar o objeto de estudo de local, facilitando sua
observação. O baixo custo desse projeto o torna viável para ampla
utilização pelos alunos, sem prejuízo material. Foi desenvolvida
uma cartilha mostrando o passo a passo da montagem do micros-
cópio e das lâminas. Outras cartilhas, contendo a instrução para a
montagem do microscópio, foram disponibilizadas para o colégio.

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Figura 1. Materiais envolvidos na construção do microscópio ca-


seiro.

Fonte: acervo dos autores.

(1) caixa de CD acrílico; (2) parafusos de ferro 8x70 e roscas; (3) palitos; (4) 01
lente de caneta laser ou de leitor de CD; (5) elásticos para dinheiro; (6) bastão
de cola quente. Outros materiais necessários: celular smartphone com câmera
fotográfica; furadeira.

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Figura 2. Fixação e união dos materiais para formar a mesa móvel


do microscópio.

Fonte: acervo dos autores.

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Figura 3. Imagens unidas com o uso do celular e microscópio de


uma pulga de cão (aumento de 35x).

Fonte: acervo dos autores.

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Figura 4. Cartilha “Como construir seu próprio microscópio”.

Fonte: acervo dos autores.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O baixo aproveitamento do laboratório e do microscópio no


ensino de Ciências no município da Lapa (PR) ocorre pela falta de
infraestrutura para suportar o grande número de alunos. Embora
as aulas práticas sejam realizadas pelos professores, o microscó-
pio não é rotineiramente utilizado, comprometendo o envolvimen-
to dos alunos com importantes temas das Ciências. A deficiente
estrutura do laboratório contribui para o pouco emprego de abor-
dagens práticas. A possibilidade de elaborar um microscópio de
baixo custo e fácil montagem foi bem recebida pelos professores
e alunos, pois, além de aumentar o aproveitamento dos temas de
Ciências, permite uma maior interação dos educandos com um pro-
cesso ensino-aprendizado ativo. É provável que um microscópio
caseiro não exclua a necessidade de investimento em equipamentos
mais adequados, mas é possível que a distribuição de uma cartilha,
instruindo a construção de um microscópio caseiro, possa ampliar
a possibilidade do uso de metodologias ativas para o ensino de Ci-
ências no município.

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