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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO – UFPE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA – CCEN


CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA
EXPERIMENTOS EM TERMODINÂMICA E EQUILÍBRIO QUÍMICO

RELATÓRIO DO 5º EXPERIEMENTO: TITULAÇÃO POTENCIOMÉTRICA PARA


DETERMINAÇÃO DE pKa E pKb

ARTUR DA MOTA MOREIRA


CAROLINE BRUNA LEOPOLDO LIMA
PAULO RICARDO NETTO SABINO

RECIFE, PE

ABRIL 2023
Experimental em Química Analítica

SUMÁRIO

Listas .................................................................................................................................... - 6 -

Resumo ................................................................................................................................. - 6 -

Introdução ........................................................................................................................... - 6 -

Metodologia ......................................................................................................................... - 6 -

Resultados e Discussão ....................................................................................................... - 8 -

Conclusão............................................................................................................................- 8 -
Referências......................................................................................................................... - 13 -

Questões ............................................................................................................................. - 13 -

-2-
Experimental em Química Analítica

Listas

LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Aparato de titulação com o agitador magnético. 8

Figura 2. Gráfico do pH em função do volume de titulante NaOH adicionado. 9


Figura 3. Gráfico do pH em função do volume de titulante NaOH adicionado. 11

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Experimental em Química Analítica

LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Dados referentes ao pH da solução desconhecida durante o 8
escoamento da bureta.

Tabela 2. Dados referentes ao pH da solução desconhecida durante o 10


escoamento da bureta.

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Experimental em Química Analítica

LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 1. Dissociação do ácido acético 6

𝐶𝐻3 𝐶𝑂𝑂𝐻 + 𝐻2 𝑂 ↔ 𝐶𝐻3 𝐶𝑂𝑂− + 𝐻3 𝑂 +

Equação 2. Constante de dissociação ácida Ka. 7


[C𝐻3 COO− ][H3 O+ ]
𝐾𝑎 =
[C𝐻3 COOH]
Equação 3. pKa da dissociação ácida.
𝑝𝐾𝑎 = −log(𝐾𝑎)
Equação 4. Constante de dissociação básica. 7

[C𝐻3 COOH][OH ]
𝐾𝑏 =
[C𝐻3 COO−]
Equação 5. pKb da dissociação básica. 7
𝑝𝐾𝑏 = −log(𝐾𝑏)
Equação 6. Equação de Henderson-Hasselbalch. 10

[𝐴 ]
𝑝𝐾𝑎 = 𝑝𝐻 + 𝑙𝑜𝑔
[𝐻𝐴]
Equação 7. Soma do pKa e pKb 10
pKa + pKb = 14

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Experimental em Química Analítica

Titulação Potenciométrica para determinação de E


x
pKa e pKb p
Artur da Mota Moreira; Caroline Bruna Leopoldo Lima; Paulo Ricardo Netto Sabino e
r
Departamento de Química Fundamental, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil i
m
e
n
Data da prática: 14/04/2023; Data de entrega do relatório: 28/04/2023 t
o
5

Resumo

A titulação potenciométrica é uma técnica que permite a determinação do pKa e pKb de uma
substância, por meio da medição do potencial elétrico durante a titulação de uma solução com
ácido forte ou base forte. Neste experimento, utilizou-se esta técnica para determinar o pKa
do ácido e o pKb da sua base conjugada. Para isso, foram preparadas soluções de ácido de
concentração desconhecida, e foi titulado com uma solução de NaOH de concentração
conhecida. Foram registrados os valores de potencial e pH ao longo da titulação, que foram
utilizados para construir as curvas de titulação. A partir da análise gráfica das curvas de
titulação, foram determinados os pontos de inflexão, que correspondem ao ponto em que a
concentração do ácido ou da base conjugada é igual à concentração da forma não dissociada
da substância. Com isso, foi encontrado os valores para o pKa da primeira inflexão da curva
potenciométrica de 5,70 e pKb de 8,30 das substâncias. A partir dos volumes e concentrações
das soluções utilizadas nas titulações, foi possível calcular a concentração da solução de NaOH
e a concentração da solução de ácido desconhecido. Por fim, foram discutidos os resultados
obtidos e a precisão das determinações, bem como a importância da titulação potenciométrica
na determinação de constantes de dissociação ácida e básica.

Introdução ácida e básica de compostos orgânicos e


A titulação potenciométrica é uma inorgânicos [1].
técnica analítica que permite a determinação O ácido acético é um exemplo de ácido
do pKa e pKb de uma substância através da fraco e o acetato é a sua base conjugada. A
medida do potencial elétrico durante a Equação 1 demonstra a dissociação do ácido
titulação de uma solução com ácido forte ou acético, observe:
base forte. Essa técnica é amplamente utilizada
na química, bioquímica e farmacologia para a CH3COOH + H2O ↔ CH3COO- + H3O+ (1)
determinação de constantes de dissociação

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Experimental em Química Analítica

A constante de dissociação ácida (Ka) adicionada é exatamente igual à quantidade de


para o ácido acético é definida pela Equação 2 analito presente na solução, resultando em uma
como: solução neutra[1]. Para ácidos fracos e bases
[C𝐻3 COO− ][H3 O+ ] fracas, o ponto de equivalência nem sempre
𝐾𝑎 = (2)
[C𝐻3 COOH] corresponde ao pH neutro (pH = 7), mas sim a
um pH específico determinado pelo pKa ou
O pKa é definido como o logaritmo pKb do analito. Na titulação potenciométrica,
negativo da constante de dissociação ácida, o ponto de equivalência pode ser detectado por
conforme a Equação 3 ou seja: uma mudança brusca de pH, correspondendo a
um ponto de inflexão na curva de titulação.
pKa = -log(Ka) (3) A partir dos dados obtidos na titulação
potenciométrica, é possível calcular o pKa do
Já a constante de dissociação básica ácido desconhecido e o pKb da sua base
(Kb) para a base acetato é dada pela Equação conjugada. O ponto de equivalência pode ser
4: determinado graficamente a partir da inflexão
na curva de titulação, que corresponde ao
[C𝐻3 COOH][OH− ]
𝐾𝑏 = (4) ponto em que a quantidade de NaOH
[C𝐻3COO− ]
adicionada é suficiente para neutralizar todo o
ácido desconhecido presente na solução.
O pKb é definido como o logaritmo Dentro da titulação potenciométrica, podemos
negativo da constante de dissociação básica, realizar a primeira e segunda derivada para
observe na Equação 5: encontrar o ponto final da titulação com maior
exatidão.
Com o pKa e o pKb determinados, é
pKb = -log(Kb) (5)
possível inferir informações sobre a acidez e
O objetivo desse experimento é basicidade das soluções em questão. Além
determinar o pKa do ácido desconhecido e o disso, a técnica de titulação potenciométrica
pKb da sua base conjugada, através da pode ser aplicada em diversas áreas, como na
titulação potenciométrica. Para isso, serão análise de fármacos, na indústria química e na
preparadas duas soluções do ácido pesquisa em ciências da vida.
desconhecido de concentração desconhecida e
Metodologia
ambas serão tituladas com uma solução de
hidróxido de sódio (NaOH) de concentração Materiais
conhecida. Suporte universal
Após a solução titulante de NaOH já ter Bureta graduada
sido padronizada, é realizada a titulação da
solução de ácido desconhecido de Erlenmeyers
concentração desconhecida com a solução de Béqueres
NaOH. Durante a titulação, é registrado o Agitador magnético da marca Nova Ética
potencial elétrico e o pH da solução a cada mL.
A partir da análise gráfica da curva de pHmetro de modelo Mpa210 da MS
titulação, é possível determinar o ponto de TECNOPON Instrumentação
equivalência, que corresponde ao ponto da
titulação onde a quantidade de titulante Reagentes
adicionada é suficiente para reagir Indicador Fenolftaleína
completamente com a quantidade de analito Solução de NaOH 0,1 M
presente na solução. Em outras palavras, é o
ponto em que a quantidade de titulante Solução desconhecida

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Experimental em Química Analítica

Procedimento Experimental: volume de titulante NaOH adicionado. O ponto


de inflexão da curva de titulação corresponde
Montou-se um aparato de titulação com ao ponto final da titulação, onde a quantidade
o agitador magnético conforme a Figura 1. de titulante adicionado é suficiente para
neutralizar todo o ácido presente na solução
Adicionou-se 50 mL de solução aquosa de
desconhecida.
NaOH 0,1 M na bureta. Em um 10 mL da
Solução desconhecida mais 100 mL de água Para elaboração dos cálculos,
organizou-se, na Tabela 1, os pHs aferidos para
destilada, verificou-se se o eletrodo do
a primeira solução preparada.
pHmetro estava mergulhado na solução e
aferiu-se o pH inicial. Posteriormente Tabela 1. Dados referentes ao pH da solução
adicionou-se 10 gotas do Indicador desconhecida durante o escoamento da bureta.
Fenolftaleína. Iniciou-se a titulação
registrando o pH dessa solução a cada 1 mL Volume do
Titulante pH
escoado da bureta. Nos pontos que haviam (mL)
uma mudança significativa de pH, a medição 0,0 2,61
foi realizada de 0,5 em 0,5 mL, chegando até 1,0 2,62
0,3 em 0,3 mL. 2,0 2,67
3,0 2,73
Figura 1. Aparato de titulação com o 4,0 2,81
agitador magnético. 5,0 2,92
5,5 2,97
6,0 3,04
6,6 3,16
7,0 3,24
7,3 3,31
7,6 3,43
8,1 3,68
8,6 4,06
9,1 4,96
9,5 5,40
10,0 5,70
10,3 5,82
10,6 5,92
10,9 6,02
11,2 6,08
Repetiu-se o processo para uma 11,5 6,18
11,8 6,25
segunda solução com as mesmas
12,1 6,31
especificações citadas. Desta vez, com mais 12,4 6,38
dinamismo, pois, já era esperado os pontos de 12,7 6,42
maior atenção a partir da primeira análise. 13,0 6,47
13,3 6,51
13,6 6,57
Resultados e Discussão
13,9 6,62
Para determinar o pKa do ácido 14,2 6,65
desconhecido e pKb da base conjugada, 14,5 6,71
primeiro precisamos plotar a curva de titulação. 14,8 6,75
A partir dos dados fornecidos na Tabela 1, 15,1 6,79
podemos plotar um gráfico do pH em função do 15,4 6,83
-8-
Experimental em Química Analítica

Volume do Volume do
Titulante pH Titulante pH
(mL) (mL)
15,8 6,87 33,0 11,21
16,1 6,92 33,5 11,25
16,4 6,96 34,5 11,30
16,7 7,00 35,5 11,35
17,0 7,03 36,5 11,40
17,3 7,07 37,5 11,44
17,6 7,12 38,5 11,48
17,9 7,16 39,6 11,52
18,4 7,22 40,6 11,55
18,9 7,30 41,6 11,57
19,4 7,38
19,9 7,48 Com as concentrações de NaOH na
20,4 7,58 padronização e do ácido desconhecido de
20,9 7,70 concentração desconhecida calculadas,
21,5 7,86 podemos plotar a curva de titulação, observe a
22,0 8,08 Figura 2:
22,5 8,35
23,0 8,73 Figura 2. Gráfico do pH em função do
23,5 9,13 volume de titulante NaOH adicionado.
23,8 9,33
24,1 9,48
24,4 9,62
CURVA DE TITULAÇÃO
24,7 9,76 POTENCIOMÉTRICA
25,0 9,89 14
25,3 9,97
12
25,6 10,07
25,7 10,10 10
25,8 10,14
26,0 10,20 8
26,2 10,26 6
26,4 10,31
26,6 10,36 4
26,8 10,42 2
27,0 10,47
27,3 10,53 0
27,6 10,60 0 10 20 30 40 50
27,9 10,66 Para calcular o pKa do ácido e o pKb da
28,2 10,71 base conjugada a partir da curva de titulação, é
28,5 10,75
necessário determinar o ponto de equivalência
28,8 10,80
29,1 10,84 da titulação, onde a quantidade de ácido é igual
29,5 10,89 à quantidade de base adicionada. Esse ponto é
29,8 10,93 observado no gráfico como um ponto de
30,0 10,95 inflexão na curva de pH versus volume de
30,3 10,99 titulante.
30,5 11,00
Observando a curva de titulação, é
30,9 11,04
31,4 11,09 possível ver que o primeiro ponto de
31,9 11,14 equivalência ocorre em torno de 10 mL de
32,5 11,17 titulante adicionado. Portanto, o valor de pKa
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Experimental em Química Analítica

pode ser determinado a partir do pH Portanto, o valor de pKa do ácido é


correspondente a esse primeiro ponto. 10,95 e o valor de pKb da base conjugada é
3,05.
A partir da curva, é possível ver que o
pH no ponto de equivalência é de Dando continuidade à análise,
aproximadamente 5,70. O pKa é calculado registrou-se, na Tabela 2, os pHs aferidos para
utilizando a Equação 6 de Henderson- a segunda solução preparada com o mesmo
Hasselbalch: ácido desconhecido.
[𝐴− ] Tabela 2. Dados referentes ao pH da segunda
pKa = pH + log [𝐻𝐴] (6)
solução desconhecida durante o escoamento da
Onde [A-] é a concentração da base
conjugada e [HA] é a concentração do ácido. bureta.
No ponto de equivalência, a concentração de
[A-] é igual à concentração de [HA], portanto, Volume do
a razão entre as concentrações é igual a 1 e o Titulante pH
logaritmo é igual a zero. (mL)
0,0 2,61
Assim, temos: 1,0 2,63
2,1 2,67
pKa 1 = pH = 5,70
3,0 2,71
Para calcular o pKb da base conjugada, 4,0 2,77
é possível utilizar a equação 7: 5,1 2,84
6,0 2,91
pKa + pKb = 14 (7) 7,0 3,04
Substituindo o valor de pKa encontrado 8,0 3,19
anteriormente, temos: 8,6 3,33
9,0 3,46
pKb 1 = 14 - pKa = 14 – 5,70 = 8,30 9,5 3,74
10,0 4,54
Portanto, o valor de pKa do ácido é
10,5 5,20
10,95 e o valor de pKb da base conjugada é 11,1 5,81
3,05. 11,5 5,98
Para determinação do pKa da segunda 12,0 6,11
curva de inflexão do gráfico utilizou-se o 12,5 6,25
mesmo raciocínio, o segundo ponto de 13,0 6,35
13,5 6,43
equivalência ocorre em torno de 30 mL de
14,0 6,51
titulante adicionado. Portanto, o valor de pKa 15,2 6,72
pode ser determinado a partir do pH 16,1 6,82
correspondente a esse segundo ponto. 17,0 6,93
A partir da curva, é possível ver que o 17,5 7,00
pH no ponto de equivalência é de 18,0 7,06
18,5 7,13
aproximadamente 10,95.
19,0 7,19
Assim, temos: 19,5 7,27
20,0 7,35
pKa 2 = pH = 10,95 20,5 7,43
Substituindo o valor de pKa encontrado 21,0 7,53
anteriormente, temos: 21,6 7,66
22,0 7,76
pKb 2= 14 - pKa = 14 - 10,95 = 3,05 22,5 7,91
23,0 8,16
- 10 -
Experimental em Química Analítica

Volume do Observando a curva de titulação, é


Titulante pH possível ver que o primeiro ponto de
(mL) equivalência ocorre em torno de 10 mL de
23,5 8,51 titulante adicionado. Portanto, o valor de pKa
24,0 9,02 pode ser determinado a partir do pH
24,5 9,41
correspondente a esse primeiro ponto.
25,0 9,69
25,5 9,90 Seguindo o mesmo raciocínio dos
26,0 10,07 cálculos utilizados para definir as grandezas
26,5 10,26 necessárias para a Tabela 1, temos:
27,0 10,38
27,5 10,51 pKa 1 = pH = 4,54
28,0 10,61 Substituindo o valor de pKa encontrado
28,5 10,72 anteriormente, temos:
29,0 10,79
29,5 10,86 pKb 2= 14 - pKa = 14 – 4,54 = 9,46
30,0 10,92
31,1 11,04
Portanto, o valor de pKa do ácido para
32,0 11,13 a primeira inflexão da curva potenciométrica
33,0 11,20 correspondente a Tabela 2 é 4,54 e o valor de
34,0 11,25 pKb da base conjugada é 9,46.
35,0 11,31 Para determinação do pKa da segunda
36,0 11,36
curva de inflexão do gráfico utilizou-se o
37,0 11,40
38,0 11,44
mesmo raciocínio, o segundo ponto de
39,0 11,48 equivalência ocorre em torno de 30 mL de
40,0 11,51 titulante adicionado. Portanto, o valor de pKa
41,0 11,55 pode ser determinado a partir do pH
42,0 11,58 correspondente a esse segundo ponto.
A partir da curva, é possível ver que o
A partir da curva de titulação, podemos pH no ponto de equivalência é de
determinar os pontos de inflexões da curva. aproximadamente 10,92.
Posteriormente realizar os mesmos cálculos Assim, temos:
feitos para a Tabela 1 para que possamos
identificar a média e desvio das duas curvas pKa 2 = pH = 10,92
para a mesma solução, observe a Figura 3: Substituindo o valor de pKa encontrado
Figura 3. Gráfico do pH em função do anteriormente, temos:
volume de titulante NaOH adicionado. pKb 2= 14 - pKa = 14 - 10,92 = 3,08
Portanto, o valor de pKa do ácido é
CURVA DE TITULAÇÃO 10,92 e o valor de pKb da base conjugada é
POTENCIOMÉTRICA 3,08.
14
A partir da análise dos gráficos
12
10
evidenciados, é possível verificar que o ponto
8 em vermelho nas Tabelas 1 e 2 indicam o ponto
6 de viragem da solução desconhecida pela
4 presença do indicador Fenolftaleína.
2
0
Podemos determinar o ponto de
0 20 40 60 equivalência da titulação, que é o ponto em que

- 11 -
Experimental em Química Analítica

a quantidade de titulante adicionado é igual à A análise gráfica utilizando a primeira


quantidade de ácido presente na solução. O e segunda derivada pode ajudar a identificar as
ponto de equivalência também pode ser regiões da curva onde existem funções
determinado graficamente ou utilizando a tamponantes e onde não existem. A região
primeira ou segunda derivada do gráfico. tamponante é caracterizada por uma variação
mínima de pH em relação ao volume de
A análise gráfica das titulações pode
titulante adicionado, enquanto a região não
ser feita utilizando as primeiras e segundas
tamponante apresenta uma variação
derivadas da curva de titulação. A primeira
significativa de pH.
derivada representa a variação da concentração
em função do volume de titulante adicionado, Para encontrar as regiões onde
enquanto a segunda derivada representa a possuem função tamponante, é preciso
variação da inclinação da curva de titulação. observar as regiões onde há uma variação
mínima do pH com relação ao volume
A partir da primeira derivada, é
adicionado do titulante. Isso ocorre quando a
possível encontrar o ponto de inflexão da curva
solução está próxima do ponto de equilíbrio
de titulação, que corresponde ao ponto onde há
ácido-base, ou seja, em torno do pKa da
uma mudança na curvatura da curva de
solução ácida ou do pKb da solução básica.
titulação. Esse ponto indica o ponto de
equivalência, ou seja, o ponto onde a Analisando os dados da Tabela 1, é
quantidade de titulante adicionado é suficiente possível observar que a região tamponante da
para neutralizar completamente o ácido ou a solução ocorre entre os volumes de titulante de
base presente na solução. aproximadamente 7,5 mL a 16,5 mL, onde há
uma variação mínima do pH com relação ao
A partir da segunda derivada, é
volume de titulante adicionado. Fora dessa
possível encontrar o ponto de máximo, que
região, a variação do pH em relação ao volume
corresponde ao ponto final de titulação, ou
de titulante adicionado é maior, indicando que
seja, o ponto onde toda a quantidade de ácido
a solução não apresenta função tamponante.
ou base presente na solução foi neutralizada.
Nesse ponto, a taxa de variação do pH em Para a solução concentrada,
relação ao volume de titulante adicionado é consideraremos o ponto final da titulação, em
máxima. que todo o ácido presente na solução foi
neutralizado pelo NaOH adicionado. Neste
Para a primeira derivada, pode-se
ponto, o número de equivalentes de NaOH
calcular a variação da concentração em função
adicionados é igual ao número de equivalentes
do volume de titulante adicionado.
de ácido presente na solução.
A primeira derivada apresenta um
O volume total de NaOH adicionado
ponto de inflexão na região em torno do
até o ponto final da titulação é de 42,0 mL, e a
volume de 10 mL, que indica o ponto de
concentração da solução de NaOH utilizada é
equivalência da titulação.
0,1000 M. Portanto, o número de moles de
Para a segunda derivada, pode-se NaOH adicionados é:
calcular a variação da inclinação da curva de
n(NaOH) = C(NaOH) x V(NaOH) =
titulação em função do volume de titulante
adicionado. 0,1000 M x 0,0420 L = 0,00420 mol
A segunda derivada apresenta um pico Como o número de equivalentes de
na região em torno do volume de 30 mL, que NaOH adicionados é igual ao número de
indica o ponto de inflexão da curva de titulação equivalentes de ácido presente na solução,
e, portanto, o ponto de equivalência da podemos calcular a quantidade de ácido em
titulação. solução:

- 12 -
Experimental em Química Analítica

n(Sol. Desc.) = n(NaOH) = 0,00420 mol Espera-se que esta discussão tenha sido
útil para a compreensão dos princípios
O volume total da solução de ácido
envolvidos e para o desenvolvimento de
utilizada foi de 10,00 mL, portanto, a
habilidades na resolução de problemas dessa
concentração de ácido em solução é:
natureza.
C(Sol. Desc.) = n(Sol. Desc.)) / V(sol) =
0,00420 mol / 0,0100 L = 0,420 M Referências Bibliográficas

Portanto, a concentração de ácido em [1] Skoog, D. A., West, D. M., Holler, F. J., &
solução diluída é 0,0500 M e em solução
Crouch, S. R. (2014). Fundamentos de
concentrada é 0,420 M.
Química Analítica. Bookman Editora.
É importante ressaltar que a
determinação dos valores de pKa e pKb por [2] ATKINS, Peter / JONES, Loretta.
meio de titulações potenciométricas depende
de uma série de fatores, como a concentração e Princípios de Química: Questionando a
pureza das soluções utilizadas, a temperatura e vida moderna e o meio ambiente. Porto
a precisão do equipamento de medição. Porém,
ao comparar com a literatura [1] os valores umidade do ar ou à reação com o dióxido
calculados do pKa com os valores tabelados de carbono atmosférico. A padronização é
dos ácidos fracos, possivelmente a solução
ácida desconhecida é o ÁCIDO OXÁLICO. um processo que permite Alegre: 5°
Em resumo, a determinação dos edição. Bookman, 2012.
valores de pKa e pKb por meio de titulações
potenciométricas é um método útil e eficaz Questões
para a identificação de ácidos e bases fracos,
desde que seja realizado com cuidado e (a) Explique porque o NaOH precisa ser
atenção aos detalhes experimentais. padronizado.
Conclusão O NaOH precisa ser padronizado
Ao discutir os conceitos fundamentais porque sua concentração pode variar devido à
de ácidos e bases, bem como o processo de absorção de determinar a concentração exata
titulação e os tipos de indicadores ácido-base do NaOH, através da titulação deste com um
disponíveis, resolveu-se um exemplo prático ácido padrão, que possui concentração
de titulação ácido-base, determinando o pKa conhecida.
de uma solução desconhecida a partir dos
dados de titulação. Utilizamos a curva de (b) Como determinamos a constante de acidez
titulação para identificar o ponto de pela primeira e segunda derivadas?
equivalência e, a partir dele, determinar a
concentração e o pKa do ácido em questão. A constante de acidez (ou basicidade)
Também calculamos o Kb da sua base pode ser determinada a partir da curva de
conjugada. titulação, que relaciona o pH da solução com o
volume do titulante adicionado. A primeira
Por fim, realizamos a análise estatística derivada da curva de titulação corresponde ao
dos valores obtidos para pKa e pKb, ponto de inflexão da curva, que indica o ponto
calculando a média e o desvio padrão e de equivalência da titulação. Neste ponto, a
comparando-os com os valores de referência. quantidade de ácido (ou base) adicionada é
Concluímos que os valores obtidos foram exatamente igual à quantidade de base (ou
consistentes com a literatura, indicando que ácido) presente na solução, e o pH é igual ao
nossos cálculos foram precisos e confiáveis. valor da constante de acidez (ou basicidade).
- 13 -
Experimental em Química Analítica

A segunda derivada da curva de conhecido, geralmente pH 4, 7 e 10. Ao


titulação corresponde ao ponto de máximo da calibrar o pHmetro, o instrumento é ajustado
curva, que indica o ponto médio da região de para garantir que a leitura do pH esteja correta
tamponamento. Neste ponto, a variação do pH para cada uma das soluções padrão. A
é mínima em relação ao volume do titulante frequência da calibração depende do uso do
adicionado, e a constante de acidez (ou pHmetro e das condições de armazenamento,
basicidade) pode ser calculada a partir da mas geralmente é recomendado calibrar o
relação entre o pH e o volume de titulante nesta instrumento antes de cada medição importante
região. Em geral, a segunda derivada é ou pelo menos uma vez por semana de uso
utilizada para determinar o valor de pKa (ou regular.
pKb), que é a constante de acidez (ou
basicidade) expressa na escala logarítmica.

(c) Por que o pH no ponto final da titulação


não foi 7,0?

O pH no ponto final da titulação não foi


7,0 provavelmente porque o NaOH não estava
completamente puro ou porque a solução
desconhecida possuía tampão. Se o NaOH não
estivesse completamente puro, haveria uma
pequena quantidade de impurezas na solução,
o que afetaria o ponto final da titulação. Se a
solução desconhecida possuísse tampão, o
tampão neutralizaria o ácido adicionado antes
de atingir o ponto em que o pH é igual a 7,0.
Além disso, a titulação pode não ter sido
realizada com precisão suficiente, o que
também pode afetar o resultado final. É
importante lembrar que a titulação é uma
técnica analítica sensível que requer cuidados
e precisão na execução para que se obtenha
resultados confiáveis.

(d) É possível saber de qual ácido está sendo


feita a determinação?

A partir dos dados fornecidos na titulação, é


possível determinar qual ácido está sendo
analisado. Se compararmos o pKa calculado
com o pKa tabelado do ácido, podemos inferir
que o ácido é o Oxálico.

(e) É necessário calibrar o pHmetro?

Sim, é importante calibrar o pHmetro


regularmente para garantir medições precisas e
confiáveis do pH das soluções. A calibração do
pHmetro é feita com soluções padrão de pH
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