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SUMÁRIO:

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4
1 - OSTEOLOGIA .............................................................................................. 5
2 - ARTROLOGIA .............................................................................................. 6
2.1 Articulação Esternoclavicular ................................................................ 6
2.1.1 Estabilidade da articulação esternoclavicular ..................................... 7
2.2 Articulação Acromioclavicular............................................................... 8
2.3 Articulação Escapulotorácica ................................................................ 9
2.4 Articulação Glenoumeral ...................................................................... 11
2.4.1 Estabilidade da articulação glenoumeral .......................................... 12
3 - RITMO ESCAPULOUMERAL .................................................................... 14
3.1 Diagnóstico Diferencial ........................................................................ 16
3.2 História prévia de câncer e sinais típicos da história de tumores.... 16
4 - ÍNDICE DE INCAPACIDADE NO OMBRO SPADI – BRASIL ................... 18
4.1 Nível de incapacidade cervical ............................................................ 18
5 - DISCINESE ESCAPULAR .......................................................................... 21
5.1 Inspeção dinâmica ................................................................................ 22
6 - ÍNDICE DE COMPRIMENTO DO PEITORAL MENOR (IPM) .................... 23
6.1 Amplitude de movimento articular ...................................................... 25
6.2 Desempenho muscular ......................................................................... 26
7 - TESTES DE IMPACTO ............................................................................... 28
8 - AUTOEFICÁCIA – CHRONIC PAIN SELF-EFFICACY SCALE (CPSS).... 34
8.1 Tampa Scale for Kinesiophobia (TSK) ................................................ 35
9 - CENTRAL SENSITIZATION INVENTORY (CSI) ........................................ 37
9.1 Qual a importância do CSI para o fisioterapeuta? ............................. 38
10 - COMPONENTES AT ................................................................................ 39
11 - ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO NA SIS ........................................... 42
12 - EXERCÍCIOS DE MOBILIDADE ARTICULAR ......................................... 44
13 - EXERCÍCIOS DE CONTROLE E ATIVAÇÃO NEUROMUSCULAR ........ 50
14 - EXERCÍCIOS EM CADEIA CINEMÁTICA FECHADA (CCF) .................. 58
15 - ACHADOS COMUNS ............................................................................... 61
16 - INSTABILIDADE UNIDIRECIONAL ......................................................... 65
16.1 Luxação traumática anterior .............................................................. 66
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 68
INTRODUÇÃO

A função do complexo articular do ombro é fundamental para o desempenho


adequado do membro superior. O ombro é formado por um conjunto de 3
articulações verdadeiras (eternoclavicular, acromioclavicular e glenoumeral) e
uma articulação funcional (escapulotorácica), além de 26 músculos e muitos
ligamentos, constituindo assim a cadeia cinemática proximal do membro
superior.
1 - OSTEOLOGIA

Ossos que compõem o complexo do ombro:

• Esterno;
• Clávicula;
• Costelas;
• Escápula;
• Úmero.

A estrutura da cintura escapular permite que a mão alcance diferentes


posições no espaço, sendo fundamental para as atividades funcionais
relacionadas ao membro superior.

Figura 1 - Ossos do complexo do


ombro.
2 - ARTROLOGIA

Articulações que compõe o complexo do ombro: esternoclavicular;


acromioclavicular; escápulotorácica; glenoumeral.

Figura 2 - Articulações do complexo do ombro

1
1 – acromioclsvicular;
2
3 2 – esternoclavicular;
4
3 – glenoumeraral;

4 – escapulotorácica.

2.1 Articulação Esternoclavicular

 Única conexão do esqueleto apendicular (MMSS) com o esqueleto axial


(tronco): confere grande mobilidade ao membro superior.

 Por isso, ao mesmo tempo em que permite muito movimento deve estar
firmemente conectada.

 É uma articulação SELAR.

A clavícula acompanha os movimentos de elevação, depressão,


protração e retração da escápula.

Figura 3 - Articulação selar - possui uma superfície


côncava e outra convexa.
2.1.1 Estabilidade da articulação esternoclavicular

Dada basicamente por músculos e ligamentos.

• Ligamento esternoclavicular anterior e posterior (exceto para depressão


da clavícula);
• Ligamento interclavicular;
• Ligamento costoclavicular;
• Disco articular;
• Músculos esternocleidomastóideo (ECOM), esternohioides e subclávio.

Atrocinemática da articulação esternoclavicular

A extremidade medial da clavícula é convexa de superior para inferior e


côncava de anterior para posterior. A porção superior-lateral do manúbrio com a
primeira cartilagem costal é côncava de superior para inferior e convexa de
anterior para posterior.

Ou seja, preconiza-se seguir os princípios da regra do côncavo-convexo:


quando a superfície que se move é convexa, o deslizamento ocorre na direção
oposta desse movimento; quando a superfície que se move é côncava, o
deslizamento ocorre na mesma direção desse movimento.

Figura 4 - Artrocinemática da articulação esternoclavicular - articulação selar.


Figura 5 - Movimentos osteocinemáticos e artrocinemáticos da articulação esternoclavicular.

2.2 Articulação Acromioclavicular

É uma articulação que possui apenas estabilidade passiva (ligamentar) e


tem a função de aumentar a amplitude de movimento (ADM) do ombro.

Nenhum músculo cruza essa articulação, fato que contribui para uma
estabilidade prejudicada em relação a outras articulações do ombro.
É considerada uma articulação plana ou deslizante, pois não é possível definir
claramente as superfícies côncava e convexa. Sendo assim, é considerada uma
articulação côncava e convexa, mas não são exatamente.

Parte “côncava”: faceta no acrômio da escápula; Parte “convexa”: faceta


na extremidade lateral da clavícula

Com os movimentos da escápula, a superfície do acrômio (CÔNCAVA)


desliza na mesma direção para qual a escápula se move, acompanhando
sempre os movimentos osteocinemáticos.

Figura 6 - Articulação acromioclavicular destacada em vermelho.

2.3 Articulação Escapulotorácica

É considerada uma articulação funcional ou pseudo-articulação, pois não


apresenta uma “união fixa” entre o gradil costal e a escápula. Tem como principal
função, orientar a posição cavidade glenóide no espaço, além de dar estabilidade
e mobilidade para o membro superior.

Os movimentos que ocorrem entre a escápula e o tórax nessa articulação,


são o resultado da cooperação entre as articulações esternoclavicular e
acromioclavicular. Ou seja, caso os movimentoso dessas articulações fiquem
restritos, isso pode limitar o movimento da escápula e, por fim, do ombro.

Os movimentos que, basicamente, acontecem na articulação


escapulotorácica, são: elevação, depressão, prostração, retração, rotação
superior e inferior.

Elevação: A escápula desliza superiormente sobre o tórax. Esse


movimento, é a combinação da elevação da clavícula na articulação
esternoclavicular e leve rotação para baixo na articulação acromioclavicular. Ex.:
encolher os ombros.

Depressão: o movimento inverso.

Figura 7 - Movimento de elevação e depressão da escápula.

Retração: a margem medial da escápula se aproxima da linha média do


tronco. Ex.: puxar um objeto em direção ao corpo, puxar uma polia de parede,
subir em uma corda ou colocar o braço numa manga de casaco.

Protração: a margem medial da escápula afasta-se da linha média. Ex.:


levar objeto à frente, flexão do ombro.

Importante: ambos os movimentos resultam da mobilidade das


articulações esternoclavicular e acromioclavicular (figura 8).

Figura 8 - Movimento de protração e sua associação com as articulações


esternoclavicular e acromioclavicular.
2.4 Articulação Glenoumeral

Articulação formada pela união entre úmero (superfície convexa) e


escápula (cavidade glenoide – superfície côncava). Sendo assim, segundo a
regra do côncavo-convexo, a cabeça do úmero desliza na direção oposta aos
movimentos fisiológicos do mesmo.

Figura 9 - Articulação glenoumeral.

Figura 10 - Movimentos osteocinemáticos e artrocinemáticos da articulação


glenoumeral.

Importante: a regra do côncavo-convexa não deve ser usada de forma


universal, especialmente em situações disfuncionais. É preferível que o
fisioterapeuta identifique os movimentos artrocinemáticos restritos por meio do
exame manual subjetivo.
2.4.1 Estabilidade da articulação glenoumeral

A estabilidade da articulação glenoumeral é alcançada não pelo encaixe


ósseo (moeda de 1 real para uma bola de golfe), mas pela tensão passiva
produzida pelo tecido conectivo periarticular e pelas forças ativas dos músculos.
Ou seja: Sua anatomia favorece a mobilidade, não a estabilidade.

Estabilidade passiva

Fornecida por meio dos ligamentos (glenoumerais e coracoacromial),


lábio glenoidal e tendões.

Figura 11 - Principais ligamentos da articulação glenoumeral.

Estabilidade ativa

A estabilidade ativa da articulação glenoumeral é dada principalmente


pelos seguintes músculos:

 Os tendões dos músculos do manguito rotador (subescapular,


supraespinhal, infraespinhal e redondo menor) ligados aos ligamentos e
lábio glenoidal, ao se contraírem, tensionam os estáticos proporcionando
estabilidade dinâmica.
 A Cabeça longa do bíceps e tríceps reforçam a cápsula com suas
inserções e proporcionam suporte superior e inferior para o ombro durante
os movimentos do cotovelo.
 A Cabeça longa do bíceps, que estabiliza a cabeça do úmero durante a
elevação e contribui para a estabilidade anterior quando o ombro faz
abdução e rotação externa.
Importante: a falta de estabilidade na articulação glenoumeral pode gerar
instabilidade articular, sub-luxações e luxações.

Músculos do manguito rotador: subescapular, supraespinhal, infraespinhal e


redondo menor. Os tendões dos músculos do manguito rotador se fundem na
cápsula articular, auxiliando assim na estabilidade da articulação glenoumeral.

O “intervalo rotador” é uma região que merece destaque na articulação


glenoumeral, pois é uma área que apresenta poucos músculos – somente o
subescapular do manguito rotador –, favorecendo assim a luxação anterior.

Vale ressaltar ainda o papel importante desempenhado pelo tendão da


cabeça longa do bíceps e o ligamento coracoumeral, que acabam reforçando
essa região. O tendão do bíceps restringe o movimento de migração superior do
úmero (especialmente durante a abdução).

Tecidos que reforçam ou aprofundam a articulação glenoumeral: cápsula


articular e ligamentos; músculos do manguito rotador; cabeça longa do bíceps;
e lábio glenoidal.
3 - RITMO ESCAPULOUMERAL

Definido como a coordenação entre os movimentos da escápula, caixa


torácica e da articulação glenoumeral. A medida em que a elevação do braço
ocorre, a escápula acompanha o movimento em uma proporção de
aproximadamente 2/1 – para cada 2° de elevação do úmero ocorre 1° de
mobilidade da escápula (Magee, 2010).

Figura 12 - Ritmo escapuloumeral.

OBJETIVO

Identificar e triar os sintomas associados ao complexo do ombro.

Identificação do ombro doloroso

 Intensidade da dor (escala visual analógica – EVA):

Figura 13 - Escala Visula Analógica - EVA

 O – 10 ou “leve”, “moderada” ou “intensa”.

Presença de dor noturna

 Geralmente presente em tecidos com alto grau de irritabilidade;


 Associada a dor de origem neuropática;
 Pode causar alteração significativa do sono.

Mapa corporal
 Deve ser preenchido pelo paciente;
 Ajuda a identificar o padrão de distribuição dos sintomas (lógico ou
ilógico);
 Serve como parâmetro de comparação pré e pós intervenção.

Figura 14 - Mapa corporal.

Figura 15 - Características dos tipos de dor.


3.1 Diagnóstico Diferencial

Examinar e avaliar os sinais e sintomas presentes e descartar possíveis


patologias sérias e/ou não relacionadas com o complexo do ombro.

 Descrição de limitação de movimento grave com dor ao repouso (ombro


congelado);
 História de deslocamentos momentâneos, traumáticos ou não
(instabilidade);
 Queixa de dor no ombro relacionada aos movimentos cervicais ou
torácicos (dor referida);
 Sinais neurológicos no membro superior (sensibilidade, força muscular,
reflexos tendíneos e atrofia);
 Sinais sistêmicos; Sinais típicos da história de tumores; “Bandeiras
vermelhas” em geral.

3.2 História prévia de câncer e sinais típicos da história de tumores

 Perda de peso sem causa aparente;


 Dor que acorda o paciente;
 Dor sem fatores desencadeantes ou inibitórios;
 Aparecimento de deformidade inespecífica;
 Aumento de volume de massa tecidual ou edemaciamento.

Considerações finais...

 As informações contidas nessa aula serão extremamente importantes


para a tomada de decisão clínica do fisioterapeuta;
 Especialmente no que tange as características dos tipos de dor.
OBJETIVO

Apresentar os principais instrumentos de avaliação do nível de


incapacidade relacionados ao complexo do ombro.

4 - ÍNDICE DE INCAPACIDADE NO OMBRO SPADI – BRASIL

 Possui 13 itens nos domínios de dor (5) e função (8).


 Cada item pode ser pontuado em uma escala numérica de zero a 10
pontos.
 DOR: 0 = “sem dor”; 10 = “pior dor”; FUNÇÃO: 0 = “sem dificuldade”; 10
= “não conseguiu fazer”.
 Interpretação: pontuação convertida em porcentagem (0 – 100%);
inversamente proporcional (quanto maior, pior); não existe definição de
níveis de gravidade; reavaliação periódica;
 Variações entre 10 – 12 pontos são consideradas clinicamente
relevantes;
 Questionário traduzido e adaptado para a população brasileira em 2010
(Martins et al. 2010).

Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand – DASH

 Não recomendado para disfunções isoladas do ombro;


 Questionário não especifico para a região do ombro;
 Perguntas relacionadas a funcionalidade do paciente, independente do
membro usado para realizar a tarefa.

4.1 Nível de incapacidade cervical

“Devido à estreita relação anatômica e neurofisiológica entre a coluna


cervical e o complexo do ombro, é prudente que o fisioterapeuta inclua o nível
de dor e incapacidade da coluna cervical no seu processo de avaliação e
triagem.”
 Forma simples: perguntar se o paciente apresenta dor na região durante
a anamnese;

Figura 16 - Relação entre coluna cervical e o complexo


do ombro.

Questionário Neck Disability Index (NDI)

 Avalia o quanto a dor cervical afeta a realização de atividades diárias;


 Cada item possui 5 respostas que são pontuadas entre zero e 5;
 10 itens com um total de 50 pontos.
 Importante informar ao paciente que o questionário tem relação com a dor
no pescoço;

 Não deve-se descartar a possibilidade de condições específicas na coluna


cervical.
Figura 17 - Escore do índice de incapacidade cervical (NDI).

 Variações maiores que 10 pontos são consideradas mudanças


clinicamente relevantes.

Considerações finais...

 Os instrumentos de avaliação funcional são extremamente importantes


para:
 Identificar o grau de comprometimento funcional e restrição de
participação em atividades do paciente;
 Parâmetro de avaliação pré e pós intervenção;
 Auxiliar na tomada de decisão clínica.
OBJETIVO

Identificar e avaliar de forma qualitativa alterações no ritmo escapulo-


umeral.

Introdução

O processo de exame e avaliação consiste na identificação dos achados


físicos e, posteriormente, na interpretação dos mesmos.

5 - DISCINESE ESCAPULAR

 A discinese escapular é caracterizada pelo movimento desequilibrado da


escápula durante os movimentos do membro superior;
 Supostamente apontada como um dos fatores predisponentes às lesões
no complexo articular do ombro.

Avaliação da discinese escapular

Inspeção estática

Procedimento:

 Braços pendentes ao lado com as mãos na cintura (cerca de 45° de


abdução glenoumeral); e/ou
 Com os cotovelos em extensão com 90° de abdução.

Achados esperados:

 Borda medial da escápula paralela e distante a 5-6 cm da coluna


vertebral;
 Ângulo superior da escápula alinhado com o processo espinhoso da
segunda vértebra torácica, estendendo-se até o sétimo ou oitavo
processo (membro não dominante).
 A escápula do membro dominante pode estar mais distante e mais baixa
em relação as referências da coluna vertebral.
5.1 Inspeção dinâmica

Classificação:

 Grau I; grau II; grau III; e grau IV (Kibler et al. 2002);


 “Sim” ou “Não” (Kibler et al. 2013) - caracterizada pela evidente alteração
da estabilidade multiplanar da escápula durante a elevação do membro.

Método “sim” ou “não”:

 Deve ser fundamentado por uma inspeção dinâmica;


 Discinese presente (sim): sempre que uma das bordas da escápula se
projetarem posteriormente (tornando-se mais visível); e/ou movimentação
escapular com translação superior sobre o tronco.
 Ausente (não);

Figura 18 - Inspeção estatica (A) e dinâmica (B) da discinese escapular.

 A discinese é mais facilmente verificada durante o movimento no plano


sagital (flexão anterior do braço).

Considerações finais...

 A avaliação da discinese escapular é recomendada, mas, no momento,


não pode ser considerada como diagnóstico ou parte definitiva para a
tomada de decisão clínica.
OBJETIVO

Identificar os principais achados físicos presentes nas disfunções do


complexo do ombro.

Introdução

 O objetivo da avaliação física do complexo do ombro é identificar


possíveis alterações:
 Musculares (força e flexibilidade);
 Articulares (amplitude de movimento – ADM); e
 Realizar alguns testes especiais.
 O fisioterapeuta deve correlacionar os achados com as possíveis
disfunções relacionadas ao ombro.

6 - ÍNDICE DE COMPRIMENTO DO PEITORAL MENOR (IPM)

 Objetivo: avaliar a flexibilidade do músculo peitoral menor (PM);


 Material necessário: fita métrica;
 Execução:
 Paciente sentado;
 Mensurar a distância entre o processo coracoide e a junção
esternocondral da quarta costela (PM);
 Calculo: IPM = (PM / altura do paciente) x 100;
 Interpretação: valores menores que 7,44 = PM encurtado.
 Dica de palpação da quarta costela: palpar o ângulo do esterno e
direcionar o dedo inferiormente até a quarta costela;
 Dica de palpação processo coracoide: medialmente a cabeça do
úmero; realizar manobra de diferenciação (rotação interna/externa).

 O músculo peitoral menor encurtado pode influenciar na inclinação


anterior da escápula, gerando possivelmente uma alteração da
mobilidade escapular e, consequentemente, uma alteração do ritmo
escapulo-umeral.
Testes para escápula

Teste de assistência escapular (SAT)

 Usado para avaliar a contribuição da escápula no impacto mecânico das


estruturas subacromiais e na força do manguito rotador;
 Objetivo:
 Aumentar o espaço subacromial;
 Melhorar a relação comprimento-tensão para os músculos
escapuloumerais.

Figura 19 - Teste de assistência escapular - SAT.


Teste de retração da escápula – STR

 Usado para avaliar a contribuição da escápula em relação a força do


manguito rotador e modificação dos sintomas.

Figura 20 - Teste de retração escapular - STR.

6.1 Amplitude de movimento articular

 Objetivo: avaliar possíveis restrições de amplitude movimento (ADM) no


complexo do ombro e correlacionar com os achados clínicos-funcionais.

Teste de mobilidade ativa de Apley

 Objetivo: ter uma visão geral da amplitude ativa dos movimentos


combinados entre os eixos de rotação;
 Instruções:
 Levar a mão até a região posterior da cervical = testar o alcance
de abdução e rotação lateral;
 Alcançar o acrômio contralateral = testar rotação medial e
adução;
 Alcançar o ângulo inferior da escápula contralateral = rotação
medial e adução.
 Iniciar preferencialmente com o membro assintomático.
 Os valores das ADMs (ativa e passiva) são utilizados para identificar
déficits ou excessos de mobilidade;
 Avaliação quantitativa (goniometria) ou qualitativa (subjetiva).
 A relativa diminuição da rotação medial – em relação ao membro
contralateral – foi associada ao mecanismo de impacto interno e a
instabilidade multidirecional do ombro.

6.2 Desempenho muscular

 Objetivo: avaliar a força dos músculos relacionados ao complexo do


ombro;
 Teste muscular manual (G0 – G5);
 Dinamometria isocinética ou isométrica;
 Teste do esfigmomanômetro modificado (TEM).

Teste do Esfigmomanômetro Modificado (TEM)

 Medida quantitativa da Força muscular;


 Material: esfigmomanômetro aneroide;
 Equipamento portátil, facilmente encontrado e com baixo custo;
 É um teste de rápida e fácil execução.

Procedimentos para a execução do TEM:

1. Dobrar a braçadeira em quatro partes iguais, e o restante da braçadeira


é enrolada em volta da parte inflável, sendo o conjunto fixado com uma
fita adesiva;
2. Insuflar o equipamento a 100 mmHg, mantendo-se a válvula fechada
para retirar dobras da porção Inflável;
3. Em seguida, a pressão é reduzida até 20 mmHg, e a válvula é
novamente fechada para impedir vazamentos, fornecendo um intervalo
de medida entre 20-304 mmHg;
4. Realizar a contração isométrica máxima do grupamento muscular
desejado por 5s precedida do estímulo verbal “um, dois, três e já!
Força!... Força!... Força!... Relaxa!” – 15s de intervalo;
5. Realizar 3 repetições, fazer a média e diminuir 20.

Considerações finais....

 O processo de exame e avaliação é fundamental para o sucesso do


tratamento de pacientes com disfunções do no complexo do ombro.
OBJETIVO

 Auxiliar o fisioterapeuta no processo de inclusão e exclusão dos


diagnósticos anatomopatológicos de dor no ombro.

7 - TESTES DE IMPACTO

 Frequentemente relacionados com o diagnóstico de síndrome do


impacto subacromial (SIS):
 Neer;
 Hawkins;
 Arco doloroso;
 Jobe.
Terminologia

 Sensibilidade: indica a capacidade do teste para detectar que o paciente


tem o distúrbio/lesão indicado; “falso-positivo”.
 Especificidade: indica a capacidade do teste para detectar que o
paciente não tem o distúrbio/lesão indicado; “falso-negativo”.

Testes de Impacto – Neer

 Objetivo: testar a presença de impacto subacromial.


 Executando: a rotação da escápula é impedida com uma das mãos do
clínico, enquanto a outra mão é usada para elevar o braço do paciente
forma passiva.
 O teste é positivo se ocorrer dor na região do ombro.
 O teste original é descrito com o ombro na rotação neutra, enquanto
outras versões colocam o ombro na rotação interna.
Figura 21 - Teste de impacto - Neer

Testes de Impacto – Hawkins

 Um dos testes especiais mais utilizados na avaliação física ortopédica e


no exame do ombro;
 Ombro e cotovelo a 90° de flexão, seguido de uma rotação interna;
 O braço a ser testado deve ser movido passivamente pelo examinador.

Figura 22 - Teste de impacto - Hawkins


Testes de Impacto – Jobe

 Finalidade: Auxiliar no diagnóstico de ruptura do manguito rotador ou


impacto subacromial.
 O examinador eleva passivamente o ombro do paciente a 90 graus de
abdução com rotação interna. O examinador então aplica uma pressão
para baixo contra o braço.
 Teste positivo = dor ou fraqueza.
 Sensibilidade e especificidade: indefinidas.

Figura 23 - Teste de impacto - Jobe

Testes de instabilidade

 Teste de apreensão anterior;


 Jerk test;
 Sinal do sulco.

Teste de apreensão anterior

 Objetivo: avaliar a presença de instabilidade anterior glenoumeral.


Figura 25 - Teste de apreensão anterior - Figura 24 - Teste de apreensão
posição 1. anterior - posição 2.

Testes de Instabilidade – Jerk Test

 Usado para detectar a instabilidade póstero-inferior da articulação gleno-


umeral;
 Procedimento:
 Estabilizar a escápula do paciente com uma mão e segurar o
braço afetado a 90 ° de abdução e discreta rotação interna;
 Mover horizontalmente em direção ao ombro oposto associado a
uma compressão axial;
 Um resultado positivo é indicado por um “barulho” repentino
quando a cabeça do úmero desliza para fora da parte posterior da
glenoide;
 Quando o braço é devolvido à posição original, pode-se observar
um segundo “barulho”, o da cabeça umeral retornando à glenoide.

Figura 26 - Jerk Test.


Testes de Instabilidade – Sinal do Sulco

 Usado para avaliar o grau de translação inferior da cabeça do úmero;


 Fortemente associado com frouxidão ligamentar generalizada.

Figura 27 - Sinal do sulco.

Testes de Instabilidade – Frouxidão Ligamentar Generalizada

 Achados comuns:
 ADM de extensão do quinto dedo maior que 90°;
 Contato do polegar em flexão com o antebraço;
 Extensão do cotovelo maior que 10°;
 Extensão do joelho maior que 10°;
 Contato total da palma da mão no solo como resultado da flexão
de tronco e quadril.
Figura 28 - A) Posição do polegar com a face ventral do antebraço; B) Hiperextensão passiva do
cotovelo; C) Hiperextensão do joelho; D) Extensão passiva do quinto dedo.

Outros Testes

 Teste de Gerber: avaliação do músculo subescapular;


 Teste de speed: lesão no tendão bicipital;
 Manobra de Yocum: lesão na articulação acromioclavicular;
 Sinal de Popeye: ruptura do tendão bicipital.

Considerações finais...

Os testes especiais devem ser usados com critério e de forma


complementar ao processo de exame e avaliação.
OBJETIVO

Identificar os principais fatores psicossociais relacionados as disfunções


do complexo do ombro.

Introdução

 Importante: perguntar ao paciente quais são os papéis por ele


desempenhados ou desejados no contexto do trabalho, da família e do
lazer; e como a dor/disfunção no ombro interfere nesses papéis, direta ou
indiretamente (participação social);
 Resultados de avaliações de fatores físicos, obtidos pelo examinador ou
relatados pelo paciente, são influenciados por fatores psicossociais –
especialmente em pacientes com dor crônica.
 Alterações cognitivo-emocionais e comportamentais como:
ansiedade; depressão; catastrofização; medo relacionado ao movimento
(cinesiofobia) e percepção de injustiça; e o contexto social como: nível
educacional e qualificação profissional, são capazes de influenciar:
 Os resultados das informações relatadas pelos pacientes em
questionários específicos;
 A percepção de intensidade da dor;
 A mudança global da condição de saúde.

8 - AUTOEFICÁCIA – CHRONIC PAIN SELF-EFFICACY SCALE (CPSS)

 Autoeficácia: capacidade do indivíduo de gerenciar os seus sintomas e de


realizar suas atividades de vida diária;
 Está entre um dos principais fatores que interferem na adesão do
paciente ao tratamento.
 CPSS: Escala amplamente usada para avaliar a autoeficácia;
 Validada para a língua portuguesa em 2013 (Salvetti & Pimenta, 2013).

Características da CPSS:
 Composta por 22 itens, para os quais o paciente responde sobre como
acredita ser capaz de realizar determinadas tarefas, considerando sua
habilidade de lidar com a dor;
 A pontuação total da escala varia de 30 a 300 (diretamente proporcional);
 Dividida em 3 domínios:
 autoeficácia para a dor (AED);
 autoeficácia para funcionalidade (AEF); e
 autoeficácia para outros sintomas (AES).
Como a CPSS pode ajudar o fisioterapeuta?

 Decidir frequência de atendimentos;


 Identificar as estratégias de enfrentamento em relação a dor.
 Pacientes com melhor percepção de autoeficácia têm maior probabilidade
de aderir a exercícios propostos para serem realizados em domicilio e,
portanto, podem comparecer com menor frequência ao ambulatório.

8.1 Tampa Scale for Kinesiophobia (TSK)

 17 afirmativas que exemplificam comportamentos (positivos ou negativos)


de medo relacionado ao movimento;
 O paciente pode assinalar uma das seguintes respostas para cada
afirmativa:
 discordo totalmente (1 ponto);
 discordo parcialmente (2 pontos);
 concordo parcialmente (3 pontos);
 concordo totalmente (4 pontos).
 Pontuação total varia de 17 a 68 pontos.
 A pontuação das questões 4, 8, 12 e 16 é feita de forma invertida;
 Quanto maior a pontuação, maior a cinesiofobia;
 Pontuação de corte (alta ou baixa): 37 pontos;
 Resultados acima de 40 pontos indicam elevada cinesiofobia;
 Foi adaptada para a língua portuguesa em 2016 (Aguiar, 2016).
Como a TSK pode ajudar o fisioterapeuta?
 Identificar comportamentos mal adaptativos em relação a dor;
 Identificar crenças negativas;
 Parâmetro pré e pós intervenção.

Outros questionários

 Fear Avoidance Beliefs Questionnaire (FABQ): direcionado


especialmente para os comportamentos relacionados a atividades físicas
e trabalho;
 Ou seja: enfatiza os comportamentos cognitivo-afetivos da percepção da
dor que resultam em incapacidade nesses dois domínios;
 Foi adaptado para a língua portuguesa em 2008 (Abreu et al. 2008).

Considerações finais...

É fundamental que o fisioterapeuta identifique os fatores psicossociais nos


pacientes com disfunções do complexo do ombro, especialmente naqueles que
apresentem dor crônica. Além de ter discernimento para identificar a
necessidade de encaminhamento para um profissional mais habilitado em
determinados casos – por exemplo psicólogo.
OBJETIVO

Identificar os principais fatores que podem favorecer a cronificação da


dor no ombro.

Introdução

 Algopatia / Sensibilização Central (SC).


 Características:
 Dor e/ou incapacidade desproporcional;
 Distribuição não anatômica;
 Hipersensibilidade a estímulos sensoriais (temperatura; luz; odor;
som e tato leve; indisposição ingerir medicamentos).
 Dados extraídos por relatos espontâneos ou perguntas direcionadas;
 Central Sensitization Inventory (CSI).

9 - CENTRAL SENSITIZATION INVENTORY (CSI)

 Inventário composto por duas partes;


 Primeira parte – 25 afirmativas que o paciente deve responder com qual
frequência as vivencia (exemplo: eu tenho dor de cabeça):
 Nunca (0);
 Raramente (1);
 Eventualmente (2);
 Frequentemente (3);
 Sempre (4).
 Escore máximo de 1oo pontos (diretamente proporcional).
 Segunda parte – uma lista de 10 diagnósticos clínicos e condições
correlatadas pela forte associação com a SC (exemplo: fibromialgia);
 O paciente deve responder se já recebeu um diagnóstico médico para
uma ou mais dessas condições e o ano em que recebeu.
 O CSI foi adaptado e validado para a língua portuguesa em 2017
(Caumo et al. 2017);
 Ainda não possui valor de mínima mudança significativa;
 Versão original: valor de corte maior que 40 pontos = síndrome de
sensibilização central (SC).

9.1 Qual a importância do CSI para o fisioterapeuta?

Estudos recentes têm demonstrado que, em pacientes com dor


persistente e síndrome de SC, há maior eficácia na aplicação de intervenções
fundamentadas em neurociência da dor do que nas intervenções mais
tradicionais (Oliveira et al. 2017).

Três Principais fatores preditores de cronificação para dor no ombro

1. Alta intensidade de dor no ombro na avaliação inicial;


2. Valores mais próximos da máxima pontuação total do SPADI; e
3. Duração de sintomas maior que três meses.

Outros fatores preditores para cronificação

 Sexo masculino;
 Idade maior que 45-55 anos;
 Relato de várias visitas ao médico devido à dor no ombro;
 Pobre percepção geral de saúde;
 Início gradual dos sintomas;
 Afastamento(s) médico(s) do trabalho;
 Percepção de alta demanda de trabalho e de baixo suporte social
(assistência ou cuidado de um grupo social, como família e amigos).

Considerações finais...

Identificar os fatores preditores para a cronificação da dor no ombro é


fundamental para o manejo adequado desse perfil de paciente, e o fisioterapeuta
deve adequar as estratégias de intervenção de acordo com os fatores
identificados.
OBJETIVO

Abordar os aspectos mais importantes para a construção de uma boa


aliança terapêutica (AT) e apresentar um instrumento de autoavaliação da
relação terapeuta-paciente.

Introdução

 Aliança terapêutica = relação terapeuta-paciente;


 Importante para os desfechos clínicos-funcionais;
 Pilar da Prática Baseada em Evidências (PBE) – preferências/valores do
paciente;
 Abordagem centrada no paciente.

10 - COMPONENTES AT

Comunicação horizontal

 Comunicação simples e objetiva com o paciente;


 Sem hierarquia de saber;
 Informações relevantes.

Escuta ativa

 Escutar efetivamente as informações passadas pelo paciente;


 Contato visual sempre que possível;
 Demonstrar interesse.

Empatia

 Capacidade de se colocar no lugar do outro;


 Não minimizar o problema/lesão/disfunção/doença do paciente;
 Empatia emocional e cognitiva.

Motivação – incentivo
 Retroalimentação positiva;
 Adesão ao programa de exercícios.
 Como?
 Parâmetros de avaliação;
 Demonstrar os ganhos;
 Uma palavra de incentivo ao final de cada atendimento.
 Paciente desmotivado é quase certeza de insucesso no tratamento!

Expectativas e objetivos

 Alinhar as expectativas, preocupações e metas do paciente com os


objetivos do terapeuta;
 Expectativas e objetivos realistas;
 Terapeuta e paciente precisam estar “caminhando na mesma direção”.

Metas pré-programadas

 Fundamental para manter o paciente engajado no processo de


reabilitação;
 Principalmente em pacientes crônicos;
 Usar parâmetros palpáveis – de preferência quantitativos – como
referência.

Instrumento de autoavaliação: Provider-Patient Relationship Questionnaire


(PPRQ)

 Questionário de autoavaliação para o relacionamento terapeuta-paciente


– PPRQ;
 Composto por 16 afirmativas (sim ou não);
 Ainda não é validado para o português-brasil;
 Não tem ponto de corte.

Como o PPRQ pode ajudar o fisioterapeuta?


 Atendimento humanizado;
 Respeito em relação as preferências e valores do paciente – modelo PBE;
 Autocrítica.
OBJETIVO

Abordar as principais formas de tratamento fisioterapêutico na síndrome


do impacto subacromial (SIS) de acordo com as características de cada
paciente.

Introdução

 A SIS é um diagnóstico que designa tendinites e tendinopatias do


manguito rotador e da cabeça longa do bíceps; rupturas tendíneas e
bursite subacromial.
 Diferentes deficiências e restrições de participação em atividades são
encontradas em pacientes com diagnóstico de SIS.
 O exercício físico é a melhor forma de aumentar a função e diminuir a dor
em pacientes com SIS.

11 - ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO NA SIS

 A escolha do protocolo de tratamento é a parte final do processo;


 A Literatura atual é fortemente fundamentada pelo modelo biomédico;
 Porém, os pacientes apresentam comprometimentos funcionais muito
distintos, apesar do mesmo diagnóstico clínico.
Figura 29 - Fluxograma para a tomada de decisão clínica em pacientes com dor no ombro.

Características •Nociceptiva;
Sensibilização
da dor Central.

Irritabilidade •Alta;
moderada;
tecidual baixa.

•Fraqueza;
Diminuição de
Deficiência ADM; controle
motor; Limitação
funcional
Figura 30 - Sinais e sintomas de acordo com o nível de irritabilidade tecidual na SIS.

 Testes positivos: Jobe e Hawkins – geralmente no alto e moderado nível


de irritabilidade.
 Em geral, a progressão dos exercícios para os pacientes com SIS
costuma evoluir da seguinte forma:
 Passivos;
 Ativos-assistidos;
 Ativos-livres;
 Ativos-resistidos.

Figura 31 - Estratégia de intervenção na SIS de acordo com o nível de irritabilidade.

Considerações finais...

O processo de tomada de decisão clínica deve ser fundamentado nas


informações coletadas a partir do exame e da avaliação prévia e diária.
OBJETIVO

Apresentar os principais exercícios indicados para melhorar a mobilidade


articular em pacientes com SIS e outras disfunções do complexo do ombro.

• Exercícios indicados para pacientes com:

- Dor de característica nociceptiva;

- Baixo risco de cronificação;

- Restrição de ADM;

- Déficit de controle motor ou ativação do controle neuromuscular


alterada.

12 - EXERCÍCIOS DE MOBILIDADE ARTICULAR

 Movimentos da cintura escapular: elevação, depressão, protração e


retração.
 Objetivo: melhorar a mobilidade nas articulações esternoclavicular,
acromioclavicular e escapulotorácica.

Figura 32 - Exercícios de mobilidade para a cintura escapular.

 Adução horizontal: realizar a adução horizontal do braço e manter-se na


posição de alongamento pelo lado não acometido;
 Objetivo: alongar capsula posterior.
Figura 33 - Alongamento em adução horizontal.

• Flexão ativo-assistida: em decúbito dorsal, o paciente flexiona o braço


lesionado com a ajuda do lado do membro sadio;

• Objetivo: aumentar ADM de flexão de ombro.

Figura 34 - Flexão ativo-assistida para ombro.


 Pêndulo: em pé, com o tronco inclinado, relaxar o braço contra a
gravidade e apoiar na maca ou cadeira com o membro sadio.
 Objetivo: melhorar a ADM da articulação gleno-umeral.
Figura 35 - Exercício de pêndulo.

 Reposicionamento da cabeça umeral em rotação interna (MWM):


deslizamento inferior da cabeça umeral associado aos exercícios de
rotação interna com a faixa.
 Objetivo: melhorar ADM de rotação interna de ombro.
 Observação: pode ser feito sem o auxílio do terapeuta.
Figura 36 - Reposicionamento da cabeça umeral em rotação interna de ombro.

 Rotação externa com auxílio do bastão a 90° de abdução do braço: em


decúbito dorsal, com uma toalha embaixo do braço acometido e abduzido
a 90°. O Membro não acometido exerce uma força em rotação externa do
braço no lado acometido.
 Objetivo: melhorar ADM de rotação externa.
 Observação: pode ser feito com o auxílio do terapeuta (MWM) ou não.
Figura 37 - Rotação externa com auxílio do bastão a 90° de abdução do braço.

 Rotação interna: paciente em decúbito dorsal, com o braço acometido


abduzido a 90°. O terapeuta realiza uma força no antebraço em rotação
interna e com o membro contralateral estabiliza a região anterior do ombro
do paciente.
 Objetivo: melhorar ADM de rotação interna.
 Observação: ADM passiva; alongamento; ou técnicas de energia
muscular.
Figura 38 - Rotação interna passiva.
 Towel slide: em pé ou sentado ao lado da maca, com a utilização de uma
toalha, realizar maior flexão anterior de tronco e braço, seguida do retorno
a posição inicial.
 Objetivo: melhorar ADM de flexão de ombro.
 Observação: atentar para a tolerância do paciente em relação a dor e
compensações.
Figura 39 - Exercício Towel Slide.

Considerações...

 Os exercícios de mobilidade articular para o complexo do ombro não são


restritos exclusivamente para pacientes com SIS;
 Devem ser usados com critério, tendo como base, principalmente, os
achados do exame e da avaliação prévia.
13 - EXERCÍCIOS DE CONTROLE E ATIVAÇÃO NEUROMUSCULAR

 Objetivos e características:
 Conter movimentos compensatórios;
 Reforçar padrões de movimento mais adequado;
 Utilização de feedback com espelhos, estimulação tátil e reforço
verbal.
 Geralmente iniciados na fase de irritabilidade moderada dos tecidos.
 Scapular clock: em pé ao lado da maca ou de frente para parede, com a
mão apoiada em uma bola, realizar movimentos de elevação, prostração,
depressão e retração escapular.
 Objetivo: ativação dos músculos escapulares.
 Observação: pode ser feito com o braço a 90° de flexão/abdução com a
bola apoiada na parede; ou com o membro ao lado do corpo com a bola
apoiada na maca.
Figura 40 - Exercício scapular clock.
 Diagonais de anteroelevação e posterodepressão – FNP: em decúbito
lateral, o terapeuta auxilia o paciente a realizar o movimento de elevação
com prostração da escápula (figuras A e B), seguido de depressão com
retração da escápula.
 Objetivo: melhorar o padrão de movimento e a ativação muscular.
 Observação: pode ser associado a técnicas específicas.
Figura 41 - Diagonais de anteroelevação e posterodepressão - FNP.

 Retração das escápulas: em decúbito ventral, realizar a extensão dos


braços e retrair as escápulas.
 Objetivo: ativação dos pivôs escapulares.
 Observação: pode ser feito bilateral ou unilateral.
Figura 42 - Exercício de retração das escápulas.
 Inferior glide modificado: sentado com a mão apoiada lateralmente sobre
uma bola, realizar o movimento de retração escapular com deslizamento
da bola, sem realizar pressão inferior.
 Objetivo: melhorar o controle neuromuscular.
 Observação: o antebraço deve estar preferencialmente em posição
neutra.
Figura 43 - Exercício Inferior glide modificado.

 Protração e retração escapular: Em pé em frente a parede, braços


elevados a 90°, realizar os movimentos de protração e retração da
escápula e de ajuste da altura dos ombros.
 Objetivo: melhorar o controle neuromuscular e a percepção cinestésica
do movimento.
 Observação: pode ser feito em frente ao espelho com o auxílio de uma
faixa elástica.
Figura 44 - Exercício de protração e retração escapular.
Considerações finais...

 Os exercícios de controle e ativação neuromuscular devem ser


implementados nas seguintes situações – preferencialmente:
 Alteração do controle neuromuscular – discinese escapular;
 Em tecidos com grau moderado a leve de irritabilidade.
OBJETIVO

Apresentar e prescrever os principais exercícios de fortalecimento muscular para


pacientes com SIS e outras disfunções do complexo do ombro.

Introdução

 Pacientes com:
 Fraqueza neuromuscular;
 Desuso ou Descondicionamento;
 Dor com predomínio nociceptivo;
 Baixa irritabilidade tecidual; e
 Baixo risco de cronificação...
 Iniciam os treinamentos com 50-60% da carga 1 RM.

Teste de 1 RM

 É definido como a maior quantidade de peso (carga) que um músculo


pode mover ao longo da ADM disponível por um número específico de
vezes – no caso, uma única vez (1 RM);
 Inicia-se, geralmente, com 60% da RM.
 O paciente conseguiu levantar 15 kg. Com quanto começar?
- 9 kg.
 A progressão deve ser feita de acordo com a resposta do paciente ao
exercício.
 Os músculos fortalecidos devem ser aqueles que apresentam alteração
do desempenho muscular.
Principais exercícios de fortalecimento muscular para SIS e outras
disfunções do complexo do ombro
 Rotação externa: Paciente em decúbito lateral e posição neutra de
rotação, cotovelo a 90°, com o braço apoiado no tronco, realizar o
movimento de rotação externa.
 Objetivo: fortalecer os rotadores externos do ombro (manguito rotador).
Figura 45 - Exercício para fortalecimento dos rotadores exrernos do ombro.

 Diagonais de membro superior (D1): padrão de flexão, adução horizontal,


e rotação externa.
 A = posição inicial; B = Posição final.
Figura 46 - Diagonais de membro superior (D1).

 Full can (“lata cheia”): partindo da posição relaxada, realizar abdução e


rotação externa do braço.
 A = posição inicial; B = posição final.
 Maior ativação dos rotadores externos e melhor coordenação escapulo-
umeral.
 “Lata vazia” = limitação da ADM.
Figura 47 - Exercício full can.

 Prono abdução horizontal com rotação externa (90 a 135°): em decúbito


ventral, realizar o movimento de extensão do braço em abdução
horizontal entre 90 e 135°, com rotação externa do braço.
 Fortalecimento de trapézio fibras médias e inferiores.
Figura 48 - Exercício de prono abdução horizontal com rotação externa (90°).

 Rotação externa resistida: em pé, realizar a rotação externa do


braço em abdução a 30°.
 A = Posição inicial; B = Posição final.
 Obs: colocar uma toalha enrolada entre o tronco e a parte interna
do braço.
Figura 49 - Exercício de rotação externa resistido.

 Rotação interna resistida: em pé, realizar a rotação interna do braço em


abdução a 30°.
 A = Posição inicial; B = Posição final.
 Obs: colocar uma toalha enrolada entre o tronco e a parte interna do
braço.
Figura 50 - Exercício de rotação interna resistido.

 Scaption: elevação do braço no plano escapular;


 Plano escapular: menos impacto subacromial;
 Pode ser feito bilateralmente;
 Verificar a modificação dos sintomas.
Figura 51 - Exercício Scaption.

 Scapular punch: em decúbito ventral, cotovelo estendido e ombro a 90°,


realizar o movimento de elevar o braço e retirar o ombro da maca.
 Fortalecimento de serrátil anterior.
Figura 52 - Exercício Scapular punch.
14 - EXERCÍCIOS EM CADEIA CINEMÁTICA FECHADA (CCF)

Exercícios em CCF

 Segmento distal está fixo;


 Indicada quando se permite a sustentação de peso;
 Resulta em movimento simultâneo de todas articulações do segmento
(multi-articular);
 Movimento produzido com co-contração dos músculos.
 Simula demanda funcional exercida sobre o segmento durante as
atividades?
 Melhora a estabilidade articular e estimula os mecanoceptores.
Exercícios em CCA

 Segmento distal livre para se mover;


 Resulta em movimento de uma única articulação (uni-articular);
 Movimento produzido pela contração do músculo agonista;
 Resistência: gravidade, mecânica e/ou manual.

Exercícios em CCF

 Knee-push: com as mãos e joelhos apoiados no chão, realizar


movimentos de protração e retração escapular.
Figura 53 - Exercício knee push.
 Flexão de braço – Progressão

Figura 55 - Progressão 1. Figura 54 - Progressão 2.

Figura 56 - Progressão 4.

Figura 57 - Progressão 3.
Orientações ao paciente

 Informar sobre a dor muscular de início tardio (DMIT);


 Intensidade esperada;
 O que fazer até a próxima sessão de atendimento caso a DMIT apareça;
 Orientar quanto a execução dos exercícios domiciliares.

Considerações finais...

 A progressão dos exercícios deve ser feita de acordo com a resposta do


paciente ao programa de tratamento;
 Respeitar a individualidade e a especificidade de cada paciente.
OBJETIVO

Apresentar uma abordagem específica para os pacientes que apresentam


dor no ombro (SIS) associada a síndrome de sensibilização central (SC).

Introdução

 Pacientes que apresentam SC necessitam de uma abordagem mais


específica;
 Foco na educação em dor;
 Identificar as características da dor;
 Poucos estudos direcionados especificamente para as disfunções do
complexo do ombro;
 O terapeuta deve estar ciente que, nesse perfil de paciente, a
intensidade da dor e as incapacidades relatadas são desproporcionais;
 Dor sem a correspondente nocicepção periférica (sem relação com
lesão tecidual).

15 - ACHADOS COMUNS

 Medo relacionado ao movimento ≥ 40 na TSK;


 Alodinia ou hiperestesia e ≥ 40 no CSI.
Figura 58 - Gráfico de relação entre a intensidade do estímulo e dor em condições normais,
hiperalgesia e alodinia.

Possíveis intervenções

 Educação em Dor;
 Treino sensorial;
 Grafestesia;
 Treino de discriminação de dois pontos;
 Imagética motora;
 Terapia de espelho;
 Exposição gradativa.

Objetivos da educação em dor:

 Proporcionar conhecimento básico sobre dor (conhecer para


combater);
 Diminuir crenças (negativas), medos e mitos sobre dor; e
 Diminuir as limitações das atividades.
 Como aplicar a educação em dor na prática?
 Metáforas e figuras ilustrativas;
 Cartilhas educativas.
Figura 59 -ilustração usada para a prática da educação em dor (dor = sistema de alarme).

 É imperativo que o fisioterapeuta lembre-se que o processo de educação


em dor é educativo e não informativo.
 Ou seja: o fisioterapeuta deve certifica-se que o paciente “aprendeu” o
que foi ensinado.
 Sugestão: se o paciente tem dor, aplique a educação em dor!

Exposição gradativa

 Expor o paciente de maneira gradual e crescente a tarefas que exijam que


ele evolua de:
 Tratamentos passivos para ativos;
 Tarefas simples para complexas;
 Atividades de curta duração para longa duração;
 Movimentos inócuos para considerados ameaçadores.
 O paciente é orientado e reforçado a realizar as tarefas planejadas por um
determinado período de duração, ou número de repetições, mas sempre
independentemente do aparecimento da dor.

 Pontos importantes:
 As progressões devem ser lentas e acontecer em diferentes
sessões;
 Evitar a todo custo reduzir a dose estipulada;
 O paciente deve participar da elaboração das metas;
 Criar – juntamente com o paciente – uma lista de atividades
ameaçadoras e coloca-las em ordem crescente de medo.

Considerações finais...

 As estratégias de treinamento como imagética motora e terapia por


espelhos, também podem ser incluídas nos protocolos de tratamento de
pacientes com alto risco de cronificação para a dor no ombro e síndrome
de sensibilização central.
 Preferencialmente, antes do início do protocolo de exercícios.
OBJETIVO

Apresentar os aspectos clínicos e as principais estratégias de intervenção nas


instabilidades do complexo do ombro.

Introdução

 Hipermobilidade atraumática – instabilidade: frouxidão generalizada do


tecido conjuntivo ou microtraumas relacionados a atividades repetitivas;]
 Instabilidade traumática: evento único ou sequência de eventos de força
elevada que comprometem a integridade das estruturas estabilizadoras
do ombro.
 Na luxação traumática, ocorre uma separação completa das superfícies
articulares;
 A instabilidade atraumática pode ser um fator predisponente para a
luxação traumática, em especial em atividades esportivas;
 A instabilidade da articulação glenoumeral (GU) constuma ser classificada
em multidirecional ou unidirecional.

16 - INSTABILIDADE UNIDIRECIONAL


 Anterior, posterior ou inferior;
 Denominada pela direção na qual a articulação encontra-se
comprometida;
 Pode levar à:
 Degeneração progressiva dos tecidos;
 Ruptura nas estruturas de suporte (ex: lábio glenoidal);
 Anterior: geralmente ocorre quando o braço está em abdução e rotação
lateral – atletas arremessadores.
 Posterior: menos comum - sinal de gaveta posterior positivo.
 Inferior: tipicamente resultado de fraqueza do manguito rotador –
pacientes hemiplégicos – sinal do sulco.
Instabilidade Multidirecional

 Quando a articulação GU está comprometida em mais de uma direção =


Instabilidade multidirecional.
 Combinação dos testes de instabilidade auxilia no diagnóstico.

16.1 Luxação traumática anterior

 Geralmente associada à:
 ruptura completa do manguito rotador;
 Lesão de Hill-Sachs – fratura por compressão da margem posterolateral
da cabeça do úmero;
 Lesão de Bankart – fratura da margem anterior da glenoide como lábio
inserido.
 Também pode haver lesão de nervo periférico –axilar é o mais comum.

Limitações funcionais/incapacidades comuns

 Possibilidade de recidiva ao repetir a posição de luxação ou com forças


aplicadas ao braço nessa posição;
 Habilidade restringida em atividades esportivas (luxação anterior e
posterior);
 Desconforto ou dor ao dormir sobre o lado envolvido;
 Inabilidade para manter as posições do braço ou terminar tarefas que
requerem esforço prolongado, em especial aquelas acima da cabeça.

Estratégias de intervenção
Figura 60 - Estratégias de intervenção nas instabilidades do ombro de acordo com o nível de
irritbalidade dos tecidos.

Adaptado de Oliveira et al. 2017

Considerações finais...

 O diagnóstico dos pacientes com instabilidade glenoumeral deve ser


feito de forma criteriosa – testes específicos;
 O fisioterapeuta deve respeitar a fase de tratamento e o respectivo nível
de irritabilidade tecidual durante o processo de reabilitação;
 A ideia central da abordagem é melhorar a estabilidade e o controle
neuromuscular da articulação glenoumeral.
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