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= UNIAC =
Módulo/Caderno/Brochura de
= ENTOMOLOGIA FORENSE =
2014
MÓDULO DE ENTOMOLOGIA FORENSE
NOTA PRÉVIA
NOÇÕES PRELIMINARES
1
Post mortem – após a morte, estudos efectuados em pessoas após os sistemas normas do organismo terem
entrado em paragem por completo. Que ocorre após a morte de alguém.
1.1. Introdução
1.1.1. Contexto histórico
Segundo a Dra. Ana Maria de Almeida Marques2 os primeiros casos de Entomologia Forense
documentados reportam directamente para um advogado e investigador chinês, o Sung Tz’u 3,
isso no século XIII, segundo o que descreve seu livro que retracta a vida de um médico-legal.
Segundo o Sung Tz’u, o mesmo descreve no seu livro de um caso de um agricultor que foi
vítima de esfaqueamento perto de um campo de arroz e no dia seguinte, após o homicídio, o
investigador e advogado Sung Tz’u, reuniu todos os suspeitos e as suas ferramentas e de
seguida, todos os instrumentos foram colocados no solo à luz do dia e sobre todo o tipo de
exposição.
Dos resultados, não se encontraram evidências óbvias, mas algo curioso despertou atenção,
uma das ferramentas atraiu inúmeros insectos do género Calliphora (Blowflies),
aparentemente devido a vestígios invisíveis a olho nu de sangue no instrumento. Confrontado
com os achados e outros vestígios, o culpado que também era o dono do instrumento que se
encontrara manchas invisíveis de sangue e que atraiu os insectos, acabou confessando o
homicídio do agricultor.
Consequentemente, anos depois e até a data de hoje, alguns especialistas da área de medicina
- legal, dedicam a observar de perto a decomposição de corpos humanos (cadáver) com o
intuito de estudar as fases de desenvolvimento larval, principalmente das moscas.
Os documentos mais antigos que ilustram larvas em corpos humanos datam da Idade Média,
incluindo talhas em madeira do século XV “Dances of the Death” (Figura 1), e o intrincado
trabalho no marfim “Skeleton in the Tumba” (Figura 2), do século XVI.
2
MARQUES, Ana Maria de Almeida, ENTOMOLOGIA FORENSE: ANÁLISE DA ENTOMOFAUNA EM CADÁVER DE SUS
SCROFA (LINNAEUS), NA REGIÃO DE OEIRAS, PORTUGAL, Universidade de Lisboa, Palmeiras editora, Lisboa, 2008.
3
(Sung Tz’u 1981).
O poema “Une Charogne” do poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867) é muitas vezes
mencionado neste contexto, visto conter observações dos estádios de decomposição dos
cadáveres humanos, incluindo uma referência exacta ao som das larvas no interior do corpo
(fleursdumal.org/poem/126).
Um século mais cedo, em 1767, o biólogo Carl Von Linné 4 faz uma observação bastante
famosa em dias de hoje, segundo o Carl Von Linné afirma que três moscas conseguem
destruir por completo um cavalo mais depressa que um leão macho e adulto (no sentido de
produzirem grandes massas larvares) (Benecke 2004).
No início do século XIX, começou a verificar-se que os insectos eram atraídos pelos
cadáveres num estado precoce de decomposição, minutos após a morte, tendo sido compilada
uma lista de insectos necrófagos, incluindo moscas e escaravelhos que gostam de ser
primeiras a chegarem ao cadáver, até mesmo não sendo um medico - legal é possível notar
que mesmo vivo existe uma atracção irresistível das moscas pelo corpo humano e a maioria
das vezes conseguem criar um certo desconforto, tentando penetrar em orifícios como os dos
ouvidos e fossas nasais, este comportamento não é de estranhar, faz parte de sua natureza
tentar procurar formas, mecanismos de encontrar um corpo hospedeiro para desovar e poder
as suas larvas se alimentarem, por isso são consideradas como as primeiras hospederas
porque possuem este tipo de característica e graças aos sentidos que um corpo humano
possui, pelo menos em vida e com saúde não conseguem.
4
O biólogo Carl Von Linné - Carolus Linnaeus, em português Carlos Lineu, e em sueco após nobilitação
Carl von Linné (Råshult, Kronoberg, 23 de Maio de 1707 — Uppsala, 10 de Janeiro de 1778) foi um botânico,
zoólogo e médico sueco, criador da nomenclatura binomial e da classificação científica, sendo assim
considerado o "pai da taxonomia moderna". Foi um dos fundadores da Academia Real das Ciências da Suécia.
Lineu participou também no desenvolvimento da escala Celsius (então chamada centígrada) de temperatura,
invertendo a escala que Anders Celsius havia proposto, passando o valor de 0° para o ponto de fusão da água e
100° para o ponto de ebulição. Lineu era o botânico mais reconhecido da sua época, sendo também conhecido
pelos seus dotes literários. O filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau enviou-lhe a mensagem: "Diga-lhe que não
conheço maior homem no mundo."O escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe escreveu: "Além de
Shakespeare e Spinoza, não conheço ninguém entre os que já não se encontram entre nós que me tenha
influenciado mais". O autor sueco August Strindberg escreveu: "Lineu era na realidade um poeta que por acaso
se tornou um naturalista". É ainda o cientista da área das ciências naturais mais famoso da Suécia e a sua figura
pode ser encontrada nas actuais notas suecas de cem kronor.
1.1.3 Definição
Durante muito tempo, a disciplina de Entomologia Forense foi definida como a ciência que
aplica o conhecimento dos insectos (e outros artrópodes) a procedimentos civis e julgamentos
criminais (Turchetto e Vanin 2004).
A Entomologia Forense procura determinar o Intervalo Pós - Morte (IPM) por meio do
relacionamento dos estágios de decomposição dos cadáveres utilizando-se o conhecimento a
respeito da deposição dos ovos e larvas da fauna cadavérica (OLIVEIRA; COSTA, 2003;
PUJOL; LUZ et al., 2008).
A Entomologia Forense é o estudo de insectos e outros artrópodes num contexto legal. Tem
inúmeras aplicações, mas a mais frequente é na determinação do tempo mínimo desde a
morte (Intervalo Post - Mortem, ou IPM, mínimo) na investigação de mortes suspeitas. Para
isso, determina-se a idade dos insectos presentes num cadáver humano, o que permite uma
estimativa relativamente precisa em circunstâncias em que os patologistas apenas conseguem
fazer aproximações. O principal pressuposto é que o corpo não está morto há mais tempo do
que o necessário para os insectos chegarem ao cadáver e se desenvolverem. Assim, a idade
dos insectos mais velhos presentes no corpo determina o IPM mínimo (OLIVEIRA; COSTA,
2003; PUJOL; LUZ et al., 2008).
A Entomologia Forense é uma ciência que estuda a utilização de insectos e outros artrópodes
que fazem parte da fauna cadavérica para auxiliar na resolução de factos delituosos em
investigações médico - criminais, tendo como uma de suas principais aplicações a estimativa
do Intervalo Pós - Morte (IPM).
Nos anos seguintes, diversos assuntos relacionados com a Entomologia Forense foram
explorados, como por exemplo a fauna presente nas sepulturas, a esqueletização dos corpos e
as alterações sofridas no cadáver pelos insectos (Amendt et al. 2004).
O Leclercq e Leclercq (1948), Nuorteva (1959a, 1959b), Nuorteva (1965) e Leclercq (1983),
foram os primeiros a usar a Entomologia Forense na determinação do intervalo pós-morte
(IPM) na Europa, isso final do século XX.
A Entomologia Forense só foi aceite em muitos países como uma ferramenta forense
importante nos princípios do século XXI.
Necessariamente é preciso frisar que será sempre útil o estudo dos insectos, embora que haja
apesar da grande aversão provocada na maioria das pessoas, pois estudar insectos depende do
espírito e capacidade de certas pessoas, há pessoas que são anfobicas a certos insectos, não
conseguem nem chegar perto, por isso estudo dos insectos requer antes de mais nada coragem
e determinação, contudo possuem uma grande importância para o meio ambiente e para a
sociedade.
Já, dentro da entidade policial os insectos contribuem com um papel muito importante. O
objectivo desse trabalho foi apresentar antes de mais os princípios básicos da Entomologia
Forense, por meio de um estudo de revisão de obras literárias e apanhados, de seguida
demonstrar a sua importância e frisar por fim que o seu não uso pode sem dúvida alguma
deixar certas dúvidas nos resultados das análises criminalísticas.
O início dos estudos em Entomologia Forense foi um grande passo para os estudos actuais na
medicina - legal, o primeiro caso como se frisou foi revelado pelo investigador Sung T’zu em
1235 e vem sendo pesquisado ainda hoje em diversos países.
Nos EUA esta ciência esta no mesmo patamar que muitas outras ciências e existe laboratórios
sofisticados e especializados no estudo e aplicação da ciência nos casos de investigação
criminal, esta tão desenvolvido que já existe seriados como CSI miami, CSI new york, que
demonstram, retratam, transmitem o quão é interessante e maravilhoso os estudos e como tais
estão numa fase avançada em todos os aspectos, tecnológicos, científicos, literários, etc, e no
Brasil por exemplo, que um dos países falantes da língua portuguesa e que faz parte da
CPLP5, o estudo da Entomologia Forense, só para frisar, iniciou-se em 1908, com os
trabalhos pioneiros de Edgard Roquette Pinto e Óscar Freire, respectivamente nos estados do
Rio de Janeiro e da Baia e vem sendo pesquisado por pesquisadores das áreas de ciências
biológicas.
54
(Sung Tz’u 1981). - Song Ci
Msc Ivan Chamil Abibo – UNIAC ©|Beira - Moçambique Pá gina 9
MÓDULO DE ENTOMOLOGIA FORENSE
Deve-se lembrar que os insectos contribuem de certa forma para os estudos relacionados
com:
- Tráfico de entorpecentes,
- Maus tratos e cronotanatognose.,
- Estudos Pós - Mortem (IPM),
- Investigação de vestígios,
- Investigação de provas, (CSI)
- Dentre outros.
No entanto, é de frisar que o seu estudo é muito antigo, muito antes que se imagina.
Entre os 396 animais descritos no livro, 10 à 111 dos insectos, são moscas.
Como o caso de "Green Fly" Mosca Verde (Phaenicia) e "mosca azul" (Calliphoridae), muito
comum hoje em dia nas nossas casas, basta escamar um peixe ao ar livre, expor carne, que
pelo cheiro logo são atraídas e aparecem, não precisa muita ciência, porém em casos forenses
são mencionados neste livro pela primeira vez.
Só para melhor situar, falava – se de moscas nas civilizações antigas, tais moscas aparecem
como amuletos (Babilônia, Egipto), como deuses (Belzebu, O Senhor das Moscas) e é uma
das maiores pragas na história segundo a bíblia.
A metamorfose das moscas era conhecida no antigo Egipto, já que desempenhava um papel,
foi encontrado dentro da boca de uma múmia e contém a seguinte inscrição:
"Os vermes não entram na mosca vai se tornar dentro de você" (Papyrus gized No. 18026:
4: 14).
A maioria dos insectos que foram embalsamados na altura ajudou na resolução de casos de
morte (Greenberg, 1991).
O primeiro registo escrito de um caso decidido pela Entomologia Forense remonta ao século
XIII, em um manual Medicina Chinesa Legal de Song Ci (também conhecido como Sung
Tz'u)6 relativo a um caso de assassinato em que:
- Um agricultor decapitado por uma foice apareceu numa aldeia no interior da China. Para
resolver o caso, chamou - se todos os agricultores da região, que poderiam estar relacionado
com o morto, recolheu – se e depositou - se as suas foices que usaram para seus trabalhos
até a altura da morte no chão e ao ar livre, num lugar protegido das pessoas, observando
que apenas um deles em que as moscas mais voaram para lá e acabaram por se
estabeleceram em sua lâmina por muito mais tempo chamando as outras e aumentando
ainda mais, o que levou à conclusão de que o proprietário dessa mesma foice era para ser o
possível assassino.
Isto porque as moscas foram atraídas pelos restos de sangue que haviam sido anexas a "arma"
do crime.
No entanto, apenas nos últimos 30 anos é que a Entomologia Forense tem sido
sistematicamente explorada como uma fonte verossímil de evidência em investigações
criminais.
6
Song Ci - Era um advogado e investigador de morte que viveu na China no final do século XIII. Em 1248,
Song Ci escreveu um livro intitulado “A Expiação dos Males”. Neste livro são citados alguns casos nos quais ele
faz anotações da cena e elabora causas prováveis. Ele descreve detalhadamente como examinar um cadáver
tanto antes como depois de ser enterrado, além de explicar o processo de determinação da possível causa mortis.
O propósito do livro era ser usado como guia por outros investigadores para que pudessem explorar a cena do
crime efetivamente. Seu nível de detalhamento ao explicar o que havia observado estabeleceu os fundamentos
da Entomologia Forense moderna e é o relacto escrito mais antigo do uso desta com fins judiciais. 1 Este livro se
tornou popular e simboliza a primeira vez que o público geral se tornou ciente de que os insectos podem muito
bem ser usados em investigações criminais para identificar aspectos como IPM.
Durante muitos anos, antes mesmo da Entomologia Forense ser a ciência que hoje é
conhecida, em certos ambientes, são pensados por certos curiosos pela arte de investigar de
que basta uma pessoa morrer que logo aparece em larvas, que servem para devorar o cadáver
e que aparecem do nada, descartadas todas as descobertas até hoje já realizadas, o que era
estranho na altura é que criaram a crença de que as larvas ou vieram de fora ou do próprio
corpo mesmo.
Descobriu que em um tipo de carne (cru) é que vieram antes as moscas e que desovaram na
presença de Redi, que assistiu esses ovos postos por certos insectos e que são estes os
primeiros a serem transformados em larvas, pupas e então, finalmente, indivíduos adultos
como os que vieram desovar.
Redi distinguiu quatro tipos de moscas:
- Moscas azuis (Calliphoridae vomitória);
7
Francesco Redi - Em 1668, o biólogo italiano Francesco Redi (1626-1697) desbancou a teoria de geração
espontânea. A teoria aceita na época de Redi alegava que vermes se desenvolviam espontaneamente de carne
apodrecendo. Em um experimento, ele usou amostras de carne em decomposição que estariam em um jarro sem
tampa, em um jarro com uma tampa de tela e um jarro com tampa completamente vedado. Foi constatado que
apenas o vaso exposto desenvolveu larvas de mosca. Essa descoberta mudou completamente o modo como as
pessoas viam a decomposição de organismos e incentivou estudos mais profundos no ciclo de vida de insectos e
Entomologia em geral. Enciclopédia da Google.
- Listras cinza com moscas pretas (Sarcophaga Carnaria), voa semelhantes aos das nossas
casas (Musca domestica ou talvez stabulans Curtonevra) e
- Moscas verdes finalmente ouro (Lucilia caesar).
Redi foi observando durante um tempo e depois, obviamente, observou de que as gazes
passado um tempo se corromperam, putrificou – se a carne pelo tempo de exposicao e sem
conservantes, mas nas carnes não apareceram qualquer tipo de larva, não houve existência de
larvas, contudo pelo cheiro milhares de moscas, formigas e outros animais rodeavam a caixa.
Também observou de que as moscas fêmeas estavam tentando introduzir pela ponta do
abdómen das mesmas, o lugar onde guardam os ovos através da gaze e fazendo de tudo,
tentando de tudo para passar por ela para por directamente os seus ovos e que algumas
moscas em certas caixas conseguiram passar e conseguiram depositar os ovos e notou de que
havia várias fases larvais, mas as larvas vivas eram de só de duas espécies, dois dos quais
foram introduzidos através do tecido. Redi mostrou também de que certas espécies de moscas
cavaram o solo onde as caixas estavam e as minhocas sob quaisquer circunstâncias
começaram a penetrar nas carnes.
Porém os estudos eram ambíguos e sem muita consistência.
3.2. Bergeret
Foi só quando, Bergeret8 em 1805, começou a usar continuamente e em grande forma a
Entomologia Forense como uma grande ajuda na medicina legal e consequentemente
cientificou os seus estudos e as teorias que até hoje são usadas.
8
Bergeret d'Arbois - Dr. Louis François Etienne Bergeret (1814-1893) foi um clínico francês, e o primeiro a
aplicar entomologia forense em um caso. Em um relatório de casos publicado em 1855 ele descreveu ciclos de
vida geral para insectos e fez algumas conclusões sobre seus hábitos de acasalamento. É o primeiro relacto
documentado do uso de conhecimentos entomológicos como ferramenta para determinar o "post - mortem
interval" (PMI) (Intervalo Pós - Morte - IPM) num indivíduo.
Ele, junto com Orfila e Redi, deram um grande contributo na realização de estudos que são o
ponto de partida para a aplicação do concurso Brouardel Megnin, que se expandiu e que
apresentou a Entomologia Forense de forma sistematizada.
Diferentes grupos de artrópodes foram definidos por Bergeret (como professor) e Megnin
(como seu discípulo) como "os esquadrões da morte".
Segundo o autor, estes suportes são retirados selectivamente e com uma ordem precisa.
Tão preciso que a população de insectos no cadáver indica o tempo desde a morte.
Estudos posteriores mostraram que isso não é tão preciso, porém, pode desvendar mistérios
que sem tais estudos não era e é possível serem revelados e que mesmo que a sequência não
seja exacta pois depende de vários factores ambientais e técnicos, pode-se sim definir o IPM.
Que são considerados dois dos mais importantes livros sobre Entomologia Forense da
história. Em seu segundo livro La Faune des Cadavres, ele revolucionou a teoria de etapas
previsíveis, ou sucessão de insectos em cadáveres.
Ao contar o número de ácaros vivos e mortos que se desenvolviam a cada 15 dias e
comparando e comparando com sua contagem inicial no cadáver, ele era capaz de estimar a
quanto tempo o indivíduo estaria morto.
Nesse livro, ele afirmava que cadáveres expostos estavam sujeitos a 8 (oito) etapas
sucessivas, enquanto cadáveres enterrados apenas a 2 etapas.
Mégnin fez grandes descobertas que descreviam características gerais da fauna e flora da
putrefacção.
MÉDICO-LEGAL – é a categoria que mais nos interessa, visto que, envolve a área
criminal, principalmente, com relação à morte violenta. E é a essa categoria que se
dedica o presente trabalho.
9
Cadeia de custódia - é um processo de documentar a história cronológica da evidência, esse processo visa a
garantir o rastreamento das evidências utilizadas em processos judiciais, registrar quem teve acesso ou realizou
o manuseio desta evidência. É a sistemática de procedimentos que visa à preservação do valor probatório da
prova pericial caracterizada. - NASCIMENTO, Luciara J. M.; Márcia V. F. D. L. dos SANTOS (2005). Cadeia
de Custódia. Revista Científica de Polícia Técnica da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, ano 2, nº 6,
pág. 17, Dezembro de 2005. Página visitada em 27 de Junho de 2014.
10
O endemismo - é o resultado da separação de espécies, que passam a se reproduzir em regiões diferentes,
dando origem a espécies com formas diferentes de evolução. O endemismo é causado por mecanismos de
isolamento, alargamentos, movimentação de placas tectônicas. Por exemplo, devido à deriva continental, as
espécies de Madagáscar ou da Austrália são exemplos flagrantes de endemismos - Cláudio J. B. de Carvalho.
Biogeografia da América do Sul: Padrões e Processos - São Paulo: Editora Roca, 2010.
Outra área coberta pela Entomologia Forense médico-legal é o campo relativamente novo de
entomotoxicologia (ligação entre a Entomologia a Toxicologia). Este ramo particular envolve
a análise de espécimes entomológicos encontrados em uma cena de crime com o intuito de
buscar por diferentes drogas ou substâncias que possam ter tido um papel na morte da vítima.
4.2.1. Origem
Os manuais de Medicina Legal que citam Entomologia Forense referem-se a sua primeira
aplicação como ocorrida em 1235 como já citou – se, nas notas introdutórias, na China,
baseados em um manual chinês, escrito por Sung Tz’u, intitulado “The washing away of
wrongs”.
Como já se referenciou – se, no livro o Sung Tz’u citou um caso de um homicídio perpetrado
com uso de instrumento de acção cortante, cujos investigadores, na busca de vestígios na
vizinhança, localizaram uma foice em torno da qual sobrevoavam moscas, possivelmente,
atraídas pelos odores exalados pelos restos de substâncias orgânicas ali aderidas e
imperceptíveis a olho nu.
Em vista disso, o proprietário da foice foi interrogado pela polícia, levando-o a confessar a
autoria do crime (apud McKnight, 1981). Contudo, a literatura especializada em Entomologia
atribui a primeira utilização dessa ciência a Bergeret, em 1855, na França, pois ele foi o
primeiro a utilizar, conscientemente, insectos como indicadores forenses.
Neste caso foi encontrado o corpo de uma criança oculto no piso, coberto por uma capa de
gesso, no interior de uma residência. Ele indicou um Intervalo Post - Mortem extenso através
da associação da fauna encontrada com o estágio de decomposição do cadáver, e como os
moradores residiam no imóvel há poucos meses, as investigações e suspeitas dirigiram-se aos
habitantes anteriores da casa.
Essa ciência, porém, só se tornou mundialmente conhecida após 1894, com o célebre trabalho
de Mégnin o qual publicou, na França, o livro “La faune des cadavres”. Nesse livro, ele
divide os insectos que visitam os cadáveres em oito legiões distintas, que se sucedem de
modo previsível no processo de decomposição, com duração de cerca de três anos.
Essas legiões são, ainda hoje, muito divulgadas em livros de Medicina Legal, porém, apesar
de este trabalho ter sido um marco genial na história dessa ciência e uma grande descoberta
quanto ao padrão de sucessão de insectos europeu, esses dados não podem ser aplicados em
Moçambique, pois as espécies podem ser caracterizadas de forma diferente devido
principalmente pela variação climática.
Nosso clima é tropical e vária, o que conduz a um processo de decomposição muito mais
veloz do que o europeu por exemplo, além de que algumas das espécies verificadas aqui não
ocorrem em países de clima temperado.
No início do século XXI, alguns pesquisadores brasileiros, cujo clima não difere muito do
nosso país, realizaram pesquisas nesta área e apesar de obterem bons resultados enfrentaram
uma série de dificuldades devido à carência de dados taxonômicos, biológicos e técnicos.
O que faz perceber de que se não abarcarmos com força e vontade esta arte, podemos na
altura de decidir – se iniciar estarmos num patamar completamente atrasado, o que dificultara
o processo, esta é sem duvida uma arte que requer um financiamento a longo prazo, porem,
Moçambique pode negociar com os países como Estados Unidos da América para
desenvolver a arte, isso porque, tais países também desejam ver a arte em desenvolvimento.
Por exemplo, certas espécies de dípteros da família Calliphoridae são encontradas em centros
urbanos. E, em vista disso, a associação dessas espécies a corpos encontrados em meio rural
sugere que a vítima tenha sido morta no centro e levada para o ponto onde foi encontrada.
Da mesma forma que, algumas moscas apresentam habitat específico, além de distinta
preferência em realizar postura em ambientes internos ou externos, e até mesmo, em
diferentes condições de sombra e luz.
Pela voracidade das larvas, os fluidos do corpo e partes macias necessárias para as análises
toxicológicas desaparecem, sendo então, necessário identificar esses medicamentos e
substâncias tóxicas no corpo de larvas de insectos necrófagos que se alimentaram desses
cadáveres contaminados (Goff, 1989).
Desta forma, não se pode imaginar um problema que é de mais difícil solução e que exija
maior reserva dos peritos do que a cronologia da morte.
Para responder a esse quesito, os Peritos podem se valer da evolução da rigidez cadavérica,
resfriamento do corpo, livores cadavéricos, evolução das fases de decomposição e, mais
recentemente, da fauna cadavérica. Normalmente, nos métodos tradicionais, o IPM e a sua
estimativa são inversamente proporcionais, isto é, quanto maior for o IPM, menor é a
possibilidade de acurada determinação. Porém, com auxílio de conhecimentos
entomológicos, quanto maior o intervalo mais segura é a estimativa (Goff, 1987).
11
GOFF, Klein, Over doses, 1990, EMBO J. 9 PP 2517-2522.
O método entomológico pode ser muito útil, sobretudo, com um tempo de morte superior a 3
dias.
O Intervalo Pós - Morte (IPM) corresponde ao período de tempo entre a ocorrência da morte
e o momento em que o corpo é encontrado. Em casos de morte suspeita, a estimativa do IPM
tem importância na reconstrução de eventos e de circunstâncias da morte, na conexão do
suspeito à cena do crime ou à vítima e no estabelecimento da veracidade das informações
fornecidas por testemunhas. O IPM também tem aplicações na área cível, em casos de morte
natural, acidental ou suicídio, por ter implicações em questões de herança (GREENBERG,
2002).
O modelo mais aceito para o cálculo do IPM é o linear, também chamado grau - dia
acumulado (GDA), no qual são relacionados o tempo transcorrido para o desenvolvimento do
insecto e a temperatura a que o insecto foi submetido.
A multiplicação destes dois factores fornece a quantidade de energia ou calor acumulado que
é requerido para completar etapas do ciclo de vida do insecto (OLIVEIRA-COSTA, 2008).
Nas fases iniciais da decomposição, a estimativa do IPM é realizada com base no estágio de
desenvolvimento mais adiantado dos espécimes encontrados no cadáver (SMITH, 1986),
geralmente, representados pelas larvas de moscas mais crescidas obtidas no corpo.
Estas são então criadas até a fase adulta em condições controladas de temperatura e humidade
para a identificação da espécie e estimativa da idade das larvas colectadas por meio da
aplicação do cálculo do grau dia acumulado, considerando as condições de temperatura do
Assumindo - se que a chegada das moscas e oviposição ocorreram logo após a morte, a idade
do exemplar mais velho colectado reflecte o IPM mínimo. Para corpos em adiantado estado
de putrefacção, a estimativa do IPM envolve a análise da composição da entomofauna
cadavérica de acordo com um padrão de sucessão entomológico previamente estabelecido em
estudos que retratem as mais precisamente possíveis as mesmas condições em que o corpo foi
encontrado, considerando região, clima e circunstâncias da morte (OLIVEIRA-COSTA,
2008).
O principal objectivo deste trabalho foi analisar, entre as diferentes subáreas de produção de
trabalhos dentro da Entomologia Forense, as principais variáveis avaliadas ou identificadas
nos trabalhos científicos analisados que influenciam a estimativa do IPM, com a finalidade de
sistematizar os dados obtidos nestes estudos.
Dada a grande relevância da ordem díptera como evidência entomológica, este trabalho
concentrou-se mais em dados sobre espécies deste grupo. Com isso, pretende-se desenvolver
uma fonte de consulta sobre o tema, além de tecer considerações e apontamentos sobre
aspectos que deveriam ser explorados em novas pesquisas, considerando principalmente
publicações mais recentes.
A ciência pode, ainda, ser utilizada em casos de maus tratos a crianças. É possível precisar o
número de dias, durante os quais, o bebê foi privado de cuidados de higiene baseando-se na
determinação da idade das larvas de moscas achadas nos cueiros e camas. (Goff , 1987).
CAPÍTULO V – RESULTADOS
Através da análise directa das fotos (ver fígura 3), conseguiu-se observar o período crítico das
alterações ocorridas nas condições físicas do cadáver (ver tabela 1).
5.2. Resultados:
Para a demonstração de dados usou – se os dados que constam do estudo apresentado pela
Dra. Ana Maria de Almeida Marques no seu livro “Entomologia forense:
Figura 3 – Fotos ilustrativas das principais alterações sofridas pelo cadáver em cada estádio
de decomposição. a) Estádio inicial; b) Estádio de Putrefacção; c) Estádio de Putrefacção
escuro; d) Estádio de Fermentação butírica
Fonte: (foto de A. Marques).
Fonte: UNIAC.
Ainda em relação aos diferentes estádios de decomposição, viu-se que o estádio onde foi
recolhido um maior número de famílias (39 famílias de várias classes) (ver tabela 2) foi no
estádio de putrefacção.
Este estádio foi o que ocupou o maior intervalo de tempo (27 dias), correspondendo ao
aparecimento das massas larvares e à maior destruição do cadáver.
Embora o número de famílias recolhidas possa ser semelhante entre si, cada família
evidenciou uma diferente atracção para cada estádio de decomposição.
Já a relação contrária apresenta apenas uma percentagem de 31% (ver tabela 2).
Tabela 2 – Número (abundância) total e percentagem (%) de famílias atraídas ao longo dos
diferentes estádios de decomposição.
Total de % de famílias atraídas noutros estádios de decomposição
Estádio de famílias
Inicial Putrefacção Fermentação
decomposição por Putrefacção
(fresco) escura butírica
estádio
Inicial (fresco) 19 100 31 29 32
Putrefacção 39 63 100 82 82
Putrefacção
28 42 59 100 75
escura
Fermentação
28 42 59 75 100
butírica
Das 19 famílias presentes no estádio inicial, apenas uma pequena percentagem (entre 29 e
32%) aparece nos restantes estádios.
No estádio de putrefacção estão presentes 39 famílias, das quais 82% também foram
capturadas nos estádios seguintes (putrefacção escura e fermentação butírica).
Este estádio é o que apresenta o maior número de famílias e é o período em que estas
começam a ser mais atraídas para o cadáver, permanecendo no estádio de putrefacção escura.
Estes dois últimos estádios não apresentam diferença na percentagem de famílias atraídas
entre si, o que significa que as 28 famílias recolhidas estão, na sua grande maioria, presentes
nestes dois estádios.
Isto significa que existe uma sequência quase que exacta, da chegada dos insectos em termos
de famílias, quando é que aumenta e quando é que diminui, contudo é preciso salientar que
outros factores podem ter influenciado como é o caso da temperatura.
Para determinar o IPM depende realmente da determinação da actividade dos insectos que
vem ao encontro do cadáver, mais a determinação do tempo de por si (Goff, 1993).
Assim, é possível, em certos casos, que os dados fornecidos pelo Entomologista não
coincidam com os dados fornecidos pelo médico legista que realizou a autópsia.
Isto pode acontecer ou porque os insectos não colonizaram o corpo nos primeiros dias após a
morte ocorrer (lugares difíceis de penetração para insectos, casas, janelas, lugares
perfeitamente fechadas, etc.), ou, por exemplo, em casos de negligência e maus-tratos em
crianças e idosos podem ser feridas e lesões ou por falta de higiene.
Pode ser que são colonizados por insectos antes da morte da pessoa ocorrer, isto é, ainda em
vida “entre vivus”, portanto, para a correcta estimativa do Intervalo Pós - Morte (PMI)
utilizando Entomologia Forense deve – se levar em conta que cada caso é único e diferente
dos outros.
As primeiras ondas de insectos chegam a carcaça (cadáver) atraídas pelo cheiro dos gases
liberados no processo de degradação imediata, logo após a pessoa morrer, (degradação de
carbohidratos, lipídios e proteínas), gases tais como o amoníaco (NH3) que deveria ser liberto
através da urina, ácido sulfúrico (SH2) pela urina e pelo suor, azoto disponível (N2) e dióxido
de carbono (CO2) já que as vias respiratórias ficaram congestionadas pela retracção dos
músculos por não haver estímulos, já que o cérebro parou de exercer a sua função.
Esses gases são detectados pelos insectos, principalmente as moscas (curiosas) muito antes
do nariz humano perceber porque ainda em vida quotidiana libertamos tais gases, mas em
pequenas quantidades.
As pessoas em fase de paragem ou colapso dos sistemas cardio - respiratório ou com défice
do mesmo têm a tendência de começar a liberar com maior quantidade ou percentagem
desses gases, tanto no leito da morte como em casos de doenças graves (HIV).
Eles são representados por moscas pertencentes às famílias Calliphoridae (Calliphora vicinia)
e muitas vezes Sarcophagidae (Sarcophaga carnaria).
Estas moscas têm um ciclo de vida que deve ser conhecido em vários estágios e
características de duração, para fins de namoro.
As fêmeas destas famílias, muitas vezes colocam seus ovos nos orifícios naturais do corpo,
como olhos, nariz e boca, bem como as possíveis lesões que podem ter o corpo.
Esses primeiros ovos podem fornecer informações importantes para o pesquisador, sua
análise de seu desenvolvimento embrionário pode refinar e definir o tempo de oviposição, e,
assim, o tempo de morte, o número de ovos depende do estado nutricional da fêmea e
tamanho do corpo.
Os resultados indicam de que se dois corpos estão expostos ao mesmo tempo, um com lesões
ou trauma e um sem, aquele que apresenta lesões se decompõe muito mais rápido do que o
que não apresenta, isto porque a maioria das moscas são atraídas para as feridas, não que as
feridas liberam gases acima referenciados, mas sim porque a consertarão de bactérias é maior
e a colocação de ovos não apresentam dificuldades.
Também não devemos descartar o lugar ou área que estabelece o contacto directo com o
corpo, com o substrato, possivelmente porque esta é a área de onde os fluidos corporais saem,
o qual fornece uma humidade adequada e uma temperatura mais estável.
Temos que ter em conta que os ovos postos em um cadáver normalmente eclodem de uma só
vez, o que resulta numa massa de larvas que se movem como um todo, dentro do mesmo
corpo.
Logo que nascido, entram imediatamente nos tecidos subcutâneos, pela liquidificação dos
tecidos graças a bactérias e enzimas, os tecidos serviram de alimentos por sucção contínua.
Quando as larvas terem completado o seu crescimento e deixará de ter como alimentação a
carcaça e as dobras do corpo e se escondem nos vestuário ou em lugares longe do corpo, onde
se tornam em pupas.
O crescimento e transformação em pupa também variam de acordo com cada espécie, com
condições de campo e dependem da causa da morte e do tipo de alimentação.
Existem inúmeras referências à chegada antecipada do Diptera no corpo, uma vez que a
morte ocorreu em várias circunstâncias.
Há também referências específicas da presença de larvas nos corpos colocados ainda vivos,
pela existência de feridas abertas ou processos inflamatórios purulentos.
As larvas que eclodem em corpos vivos também, no primeiro momento de vida elas se
alimentam de tecido necrosado (morto), causando rompimento de vasos sanguíneos e
aumentando assim a extravasculação e necrose múltipla e sua contínua alimentação. Portanto,
a presença de uma recente callifóridos nesses cadáveres é inevitável, principalmente se o
corpo estiver exposto as tais moscas.
Qualquer ausência de uma das etapa, como encontrar pupas vazias, no caso de encontrar
adultos mortos, deve obrigar aos pesquisadores a formular certas hipóteses como as
seguintes:
a) Que o corpo foi transferido e, mesmo neste caso alguma outra dessas moscas seriam
encontradas e haveria de apresentar diferentes tipos de estádios larvais.
b) Que o lugar da morte é suficientemente escuro e inacessível para estas grandes
moscas o que é improvável isto porque os callifóridos estão sempre dentro de uma
casa durante todo o ano, principalmente em África.
c) Os restos mortais de Diptera desapareceram pela acção do necrófilo (predadores ou
parasitas de Ghouls) ou animais (aves insectívoras, formigas, vespas).
Isso não acontece quase nunca por completo, a menos que o Intervalo Pós - Morte seria
muito longo. E mesmo nestes casos, tem que ter em mente que a cutícula de artrópodes é
praticamente indestrutível, pode permanecer por milhares de anos.
d) Que o corpo tenha sido impregnada com produtos repugnatórios aos insectos, que
impediam o acesso das primeiras ondas de insectos por um período de tempo.
Nestes casos, continuam a ser exibidos ou visíveis vestígios no corpo de tais produtos, como
arsénio, chumbo ou formaldeído, difíceis de serem decompostos e grandes inibidores de
certos insectos.
Os insectos mais valiosos para a Entomologia Forense são, sem dúvida alguma, as moscas
varejeiras (da família Calliphoridae), pois são geralmente as primeiras a colonizar um corpo
após a morte, muitas vezes num espaço de horas.
Imagem 3: Fases de crescimento da mosca, desde a larva até uma mosca adulta, o ciclo de
vida de uma mosca varejeira Calliphorídae (no sentido horário, da esquerda em baixo):
adultos, ovos, larvas de primeiro estádio, larvas de segundo estádio, larvas de terceiro estádio,
pupários contendo pupas. (Benecke 2004).
Por conseguinte, a idade das moscas varejeiras mais velhas constitui a prova mais precisa do
IPM. Muitas outras espécies de moscas, escaravelhos, vespas, dentre outros insectos e
animais de outras espécies estão associadas directamente aos cadáveres, constituindo uma
sucessão de insectos a colonizar o corpo em decomposição, mas como tendem a chegar
depois das moscas varejeiras são menos úteis na determinação de um IPM.
A postura ocorre geralmente nos orifícios naturais (ex.: olhos, nariz, boca, ouvidos) ou
noutros locais escuros e húmidos, tais como dobras de ropa ou simplesmente debaixo do
corpo. Os ovos eclodem, nascendo larvas de primeiro estádio que crescem rapidamente,
sofrendo duas mudas para passar pelo segundo e terceiro estádios até pararem de se
alimentar.
Contudo, existem muitos factores adicionais que afectam a taxa de desenvolvimento de larvas
num cadáver:
Temperatura (que pode depender da localização geográfica, exposição dentro ou fora
de casa, sol ou sombra, altura do dia e estação do ano)
Calor gerado pela “massa larval”’
Fonte alimentar (tipo de tecido, por exemplo: fígado, coração, pulmões)
Contaminantes and toxinas (externos e internos)
Enterramento ou outras obstruções (ex.: sacos de plástico, água) que dificultam o
acesso e postura aos insectos adultos.
Ao investigar uma morte suspeita, as principais perguntas a que um entomólogo forense tem
de responder são:
Esta comparação pode ser utilizada, juntamente com os dados da estação meteorológica para
o período anterior à descoberta do corpo, para estimar as temperaturas no local do crime
durante esse período.
Um maior conhecimento desta questão seria valioso, uma vez que a baixa taxa de
desenvolvimento em períodos frios permite fazer estimativas de IPM muito mais tempo
depois da morte, contrariamente ao que é possível no Verão.
Figura 4: Porco do
tipo bácoro, nado-
morto.
12
São animais de temperatura variáveis.
O mesmo acontece quando se trata de temperaturas muito altas como o caso das temperaturas
polares, preservam de certa forma o corpo dos fenômenos putrefactivos, isso devido à
inibição da actividade da microbiota (afasta as barcerias, vírus, fungos e outros microseres),
congelando as vezes no total o corpo, além de interferir directamente na actividade e na taxa
de desenvolvimento dos insectos, uma vez que estes são animais pecilotérmicos, houve casos
como o do achado do antepassado dos elefantes, um filhote de um mamunte em um estado de
conservação altíssima que pelos estudos é da decada de 2.500 anos a.C. só para eluncidar.
Tabela 3 – Relação entre o tipo de interferência provocada pelas diversas variáveis analisadas
e o efeito geral na estimativa do IPM.
5.6.3. Local
Quando as condições do tempo são favoráveis, a chegada dos dípteros ao corpo e a
oviposição ocorre dentro de poucos minutos após a morte, quanto a isso não há o mínimo de
duvidas segundo o que já se abordou anteriormente, no entanto, se no local em que o cadáver
estiver exposto for um espaço que pode afectar a velocidade de decomposição ou dificultar o
acesso da entomofauna ao corpo, a situação de oviposição ocorrer dentro de poucos minutos
após a morte muda de figura e é de certa forma imprescindível de que todo entomologo ou
medico legista saiba ou tenha conhecimento sobre esse factor. (Goff, 1993).
Porém, em geral, em locais onde o corpo é exposto à insolação directa, exposto aos raios
solares directo, o processo de decomposição é favorecido, devido ao aumento da temperatura,
o que verificaram que a decomposição é bem mais rápida em carcaças expostas ao sol, tendo
sido atingido o estágio final de esqueletização duas semanas mais cedo em relação a carcaças
expostas em região sombreada e ao examinarem este factor (sol) em diferentes estações do
ano, concluí-se de que embora haja uma decomposição mais acelerada em habitats com
insolação directa, a variação da temperatura ambiente provocada pela sazonalidade apresenta
um maior peso na taxa de decomposição da carcaça.(Goff, 1993).
5.6.4. Tóxicos
A entomotoxicologia constitui uma nova área dentro da Entomologia Forense que consiste na
utilização de métodos de análise toxicológica em artrópodes envolvidos na decomposição
cadavérica para identificar a presença de drogas e toxinas nos tecidos do cadáver.
Nos casos em que não se dispõe de tecidos para análise toxicológica devido ao avançado
estado de decomposição do corpo, os insectos podem fornecer uma importante alternativa
para a pesquisa de toxicantes.
“Diversas substâncias podem interferir na taxa de desenvolvimento das larvas, o que pode
levar a erros na estimativa do IPM por métodos entomológicos. (Goff, 1993).”
As alterações podem envolver diferentes aspectos no desenvolvimento das larvas, sendo que
nos trabalhos de entomotoxicologia as variáveis analisadas são o peso e comprimento das
larvas em relação ao tempo de desenvolvimento, tempo para atingir a pupação, taxa de
mortalidade larval e pupal, e tempo total de desenvolvimento.(Goff, 1993).
Atenção:
“Em trabalhos de GOFF et al. (1989; 1991), foi verificado que a cocaína e a heroína
aceleram a taxa de desenvolvimento larval em moscas Sarcophagidae, podendo provocar
grande alteração na estimativa do IPM.”
O diazepan, uma droga do grupo dos benzodiazepínicos, muito utilizado com tranquilizante
e sedativo em Moçambique, aumenta a taxa de desenvolvimento larval e retarda a pupação e
a emergência do adulto. (Goff, 1993).
5.6.5. Vestimentas
A presença de vestimentas pode alterar a velocidade de decomposição e colonização do corpo
acelerando ou retardando o processo. De um modo geral, apesar da escassez de trabalhos,
pode-se afirmar que o embrulhamento do corpo entre camadas de tecido funciona como uma
barreira à chegada dos insectos, o que pode atrasar a decomposição e a sucessão em vários
dias (GOFF, 1992).
No entanto, em corpos trajando roupas comuns, não há impedimento à invasão dos insectos,
além de se obter um microambiente mais protegido e com melhores condições de umidade e
temperatura que favorecem o desenvolvimento larval, o que pode levar a um aumento na
velocidade de decomposição do corpo (GOFF, 1992).
Em trabalho de (GOFF, 1992), sobre a influência das vestimentas, constituídas por roupas
folgadas, sobre a decomposição e a sucessão em carcaças de suínos, foi verificado que a
duração do estágio coliquativo foi marcadamente maior nas carcaças vestidas, com diferença
de seis dias em relação às carcaças sem vestimentas.
Além disso, os autores verificaram que a presença de roupas permitiu manter parte dos
tecidos ressecados sobre o esqueleto no estágio seco.
Com relação ao padrão de sucessão observou-se que a mosca L. Sericata realizou oviposição
24 horas mais cedo na carcaça vestida e a mosca Australophyra rostrata realizou duas ondas
de colonização na carcaça vestida, sendo estas no início e no final do estágio molhado, ao
passo que na carcaça sem vestimenta só houve uma onda de colonização no início do estágio
coliquativo.
5.6.6. Ferimentos
Os dípteros preferencialmente colocam seus ovos nas cavidades naturais do corpo (boca,
narinas, ouvidos, olhos, ânus e vagina), ou em suas adjacências de modo a oferecer um local
protegido e húmido para o desenvolvimento de sua prole (GOFF, 1992).
Em trabalhos mais recentes, como o de (GOFF, 1994), não foram verificadas diferenças entre
os grupos com ferimentos e sem ferimentos, sendo apontados problemas metodológicos de
falta de dados quantitativos nos trabalhos anteriores. De qualquer modo, os ferimentos, de um
modo geral, fornecem um local atractivo e propício à oviposição e ao desenvolvimento larval,
o que constitui um factor que dificulta a análise de circunstâncias da morte com base nas
características dos ferimentos encontrados no corpo.
5.6.7 Sobterramento
O sobterramento do corpo constitui uma forma comum de ocultação do cadáver em casos de
morte criminosa e pode restringir o acesso de muitos dos artrópodes envolvidos na sucessão
cadavérica (GOFF, 1992).
(GOFF, 1992) refere a LUNDT (1964) que relactaram de que certas moscas da família
Phoridae conseguem perfurar o solo e atingir directamente os corpos enterrados em
profundidade de até 50 cm em quatro dias, tais moscas são frequentes encontrar em
cemiterios e ajudam as Calliforidae de certa forma também que presseguem as que perfuram,
ao passo disso, existe moscas como as moscas da família Muscinaspp que realizam a postura
de ovos na superfície e as larvas eclodidas migram pelo solo até chegar à carcaça.
Considerando que a maioria dos homicídios ocorre à noite, o comportamento nocturno dos
dípteros tem grande implicação no cálculo do IPM (GOFF, 1992).
5.6.9 Predatismo
A interação larval entre as espécies da entomofauna que colonizam o cadáver também
constitui um factor importante a ser considerado no comportamento das moscas, já que, na
competição por espaço e alimento, algumas espécies podem realizar predatismo facultativo
sobre outras. (GOFF, 1992).
A taxa de mortalidade pode chegar a 99% para larvas de L. sericata devido à actividade
predatória de C. Albiceps. (GOFF, 1992), ao avaliar o predatismo de C. albicepsem diferentes
condições de abundância de alimento, verificaram que houve a completa eliminação de larvas
de C. megacephala e C. macellariaem todos os experimentos.
O risco de predação constitui um factor que também pode influenciar na oviposição dos
dípteros. (GOFF, 1992).
4. Conceito
“In vivo”:
Glicemia baixa, uso de ácidos graxos, uso de corpos cetónicos - cetoacidose diabética, após 3
meses, uso de proteínas (aminoácidos) – caso de sequestro.
Cérebro – consome 80% de glicose acordado, e em repouso 60%, não tem reservas
energéticas, o principal alimento é a glicose e em caso de jejum prolongado usa corpos
cetónicos (degradação de ácidos graxos).
Colesterol Alto.
Outros casos:
Higiene pessoal – falta de banho regular, excesso de úrina na vagina e não retirada de pelos
das áxilas e virilhas pode atrai as moscas.
Extravasamento de sangue por roptura de vasos sanguíneos ou lesões por ferimentos corto -
condudentes – deficiência de Vitamina K – produção de trombos (coagulação sanguínea) –
parasitoses (sem tratamento) - pús.
Tudo o que foi apresentado representa o que acontece antes da pessoa morrer.
As primeiras ondas de insectos chegam a carcaça (cadáver) atraídas pelo cheiro dos gases
liberados no processo de degradação imediata, logo após a pessoa morrer ocorre a degradação
de carbohidratos, lipídios e proteínas, fazendo com que haja a liberação de gases tais como:
Substância Principal
As moscas são atraídas primeiramente pelo amoníaco (Libertação do NH3) que deveria, pelo
processo de metabolismo “in vivo”, ser liberto através da produção da úrina (Cíclo da Ureia)
junto com a bilirrubina (derivado da degradação de nucleótidos) que da cor a urina e as fezes
ou reabsorvido pelos próprios rins em caso de falta para a produção de Nucleótidos (Síntese
de novo).
O Ácido Sulfúrico (Liberação do SH2) que deveria libertar o enxofre e Nitrogénio através da
úrina e pelo suor.
Liberação do azoto disponível (N2), monóxido de carbono (CO) e dióxido de carbono (CO 2)
pelas vias respiratórias ficaram congestionadas pela retracção dos músculos por não haver
estímulos hormonais e neurais no diafragma, já que o cérebro parou de exercer a sua função,
3 segundos após a morte.
Embora seja uma área de pesquisa bem difundida em alguns países de Primeiro Mundo, ela
pode ser considerada recente no mundo, no entanto, já atrai o interesse de muitos
pesquisadores e peritos.
Os insectos constituem o grupo de animais com o maior número de espécies já descritas pela
ciência.
É preciso não esquecer, porém, que inúmeros organismos desse imenso grupo trazem
benefícios ao homem, como, entre outros, o bicho-da-seda e as espécies polinizadoras, estas
são essenciais para muitas culturas agrícolas.
Em suma, sua relação com a espécie humana é variável de espécie para espécie, porém, os
insectos podem desempenhar muitas vezes um papel surpreendente, como o caso dos estudos
entomológicos.
É justamente o caso da Entomologia Forense, a ciência que aplica o estudo dos insectos a
procedimentos relacionados a investigações médico-criminais que nos interessa revelar para
usa-la nas investigações criminais.
Tais moscas, existentes em praticamente todo o mundo (excepto nas regiões polares e áreas
vizinhas), utilizam a carne em decomposição para sua alimentação e para a postura de ovos e
larvas.
Durante o processo de decomposição, o corpo servirá de alimento e/ou abrigo para uma
sucessão de diferentes espécies de insectos. As moscas-varejeiras-calliporidae, por exemplo,
predominam no início da decomposição do cadáver, mas quando esta já está em fase
adiantada diminui devido a presença dos besouros e nesta fase são encontrados em maior
número.
Outros artrópodes como as formigas, vespas e alguns aracnídeos (ácaros e aranhas), também
podem ser encontrados comendo os ovos, as larvas e as pupas das tais moscas-varejeiras-
calliporidae, mas normalmente são, assim como lagartas de mariposas, considerados
visitantes acidentais dos cadáveres, não pertencem a classe normal de predadores.
8.1. O ovo
A mosca doméstica, segundo o José Henrique Guimarães13, deposita seus ovos
preferencialmente no esterco ou onde houver matéria orgânica em decomposição.
8.2. A Larva
Quando o ovo eclode, dá origem a uma larva de 12 a 13 milímetros de comprimento. São
larvas esbranquiçadas, sem patas e que se locomovem activamente.
Nessa fase, que dura de quatro a seis dias, elas passam por três estágios, mudando de pele
duas vezes.
13
O artigo publicado é de autoria de José Henrique Guimarães, do Departamento de Parasitologia -
Universidade de São Paulo.
Quando completam seus desenvolvimentos, movem-se para as áreas mais secas do substrato,
onde ocorre a transformação para a fase de pupa.
8.3. A Pupa
Quando a larva está perstes a entrar na fase de pupa, sua cutícula (pele) se contrai e endurece,
tomando a forma de um barril, chamado pupário, onde se desenvolverá a fase adulta.
No início, o pupário tem cor amarelada, mudando aos pucos para castanho-claro e castanho-
escuro. E essa fase dura de três a quatro dias, dependendo das condições de temperatura, que
pode variar de 35ºC a 40ºC.
8.5. O Acasalamento
O acasalamento acontece no segundo dia da fase adulta, se a temperatura for favorável (cerca
de 30ºC).
O estímulo visual parece ser o factor mais importante, mas o odor também pode estar
envolvido na atracão sexual. Tanto o macho quanto a fêmea produz uma substância química
chamada feromônio, que tem forte poder de atrair o parceiro.
Figu
ra 11: A metamorfose datada da mosca segundo o José Henrique Guimarães, do
Departamento de Parasitologia - Universidade de São Paulo.
8.6. Holometabolismo
É o desenvolvimento dos insectos mediante metamorfose completa, com quatro fases bem
distintas:
- Ovo,
- Larva,
- Estado bem activo,
- Entrando de seguida num estado inactivo conhecido por pupa e
- Emergindo finalmente para adulto.
Aqueles insectos que nos estágios imaturos têm formas semelhantes aos adultos (com
excepção das asas) são chamados de Hemimetábolos, significando que eles sofrem uma
mudança parcial ou simplesmente incompleta (hemi = parcial).
Durante a fase em que tais insectos ainda não atingiram a sua maturidade, recebem o nome de
ninfas. São representantes deste tipo de matmorfose: os Himípteros, os Blatódeos, as
Odonatas, etc.
O insecto assemelha-se ao adulto, mas não apresenta asas e tem os órgãos genitais imaturos
(não há pupa).
Alguns autores consideram Hemimetabolia apenas quando as formas jovens são aquáticas
(náiades) e os adultos têm hábitos terrestres.
A fase de ninfa ocorre logo após o nascimento, com o insecto apresentando características de
um adulto, porém ainda pouco desenvolvidas.
Imago é a última fase do desenvolvimento desse insecto, tendo todas as estruturas do insecto
desenvolvidas.
Relativamente à questão se o insecto passa mais tempo na forma adulta ou na forma juvenil,
depende da espécie.
Exemplos notáveis são por exemplo as efémeras cujos estados adultos reduzem-se a um dia,
ou então o caso das cigarras, cujos estados juvenis subterrâneos prolongam-se durante 17
dias.
Geralmente nas espécies nas quais a vida adulta é mais longa que a vida juvenil, estas sofrem
metamorfoses complexas.
a) Simples:
Caracterizado por muito pouca diferenciação entre os instares e o insecto não apresenta uma
fase imóvel (pupa).
Os jovens são chamados de ninfas.
- Paurometabolia
- Batmetabolia
- Hipometabolia
b) Completa ou Holometabolia.
c) Hipermetamorfose.
d) Intermediária.
8.8. Os insectos
São invertebrados com exoesqueleto quitinoso, corpo dividido em três segmentos (cabeça,
tórax e abdómen), três pares de patas articuladas, olhos compostos e duas antenas.
Alguns grupos menores, com uma anatomia semelhante, como os colêmbolos, eram
agrupados com os insectos no grupo Hexapoda, mas actualmente seguem um grupo
parafilético Ellipura, tendo discussões filogenéticas relevantes no campo da biologia
comparativa.
Os verdadeiros insectos distinguem-se dos outros artrópodes por serem ectognatas, ou seja,
com as peças bucais externas e por terem onze segmentos abdominais.
Já no desenvolvimento directo, os animais já nascem com a forma definitiva, pois são muito
semelhantes aos adultos, como por exemplo o ser humano.
14
Entomologia e Acarologia Médica e Veterinária. Freitas, M. G. et al. 1984. (BC/UFV 595.7 E61).
Para ter-se uma noção do impacto e importância destas enfermidades humanas, de acordo
com a Organização Mundial da Saúde (OMS) dentro das oito doenças que mais afectam a
população mundial actualmente, as cinco citadas encontram-se incluídas.
Como agentes espoliadores, estressantes e/ou vectores de agentes infecciosos humanos temos
moscas, mosquitos, pulgas, piolhos e barbeiros, respectivamente, Ordens Díptera (Sub-ordens
Cyclorrapha e Nematocera), Siphonaptera, Anoplura e Hemíptera (Sub-ordem Reduviidae).
8.10.2. Mosquitos
Na sub-ordem Nematocera, temos representantes de importância médica na família
Simulidae (Simulium sp.) vetor da larva da Onchocerca volvulus, na família Psychodidae,
sub-família Phlebotominae (Lutzomyia sp.) vetores dos agentes das leishmanioses
tegumentares (p. ex. Leishmania braziliensis, Leishmania mexicana e Leishmania
amazonensis) e da leishmaniose visceral (Leishmania chagasi), e nas tribos Anophelini e
Culicini, vetores dos plasmódios causadores da malária (Plasmodium vivax, Plasmodium
falciparum, Plasmodium ovale e Plasmodium malarie) e de alguns vírus como o da Febre-
amarela, p. ex.
8.11. Ordem Hemíptera
Na Ordem Hemíptera, sub-ordem Reduviidae, comumente conhecidos como barbeiros, temos
os vectores dos tripanosomas, causadores das tripanosomíases, dentre as quais temos em
nosso país a Doença de Chagas ocasionada pelo Trypanosoma cruzi.
Apesar das enfermidades que podem ser transmitidas por carrapatos, o que é mais observado
são as lesões inflamatórias devido a fixação de larvas e ninfas na pele dos humanos e da
tentativa sem sucesso da retirada destes agentes. Para a fixação, o carrapato após localizar um
local com características adequadas ao seu desenvolvimento, como p. ex.: espessura,
irrigação, protecção e temperatura local, introduz o seu aparelho bucal (hipóstoma) na pele do
hospedeiro.
Quando da tentativa de retirada deste agente, pode ocorrer quebra na base do aparelho bucal,
o qual permanecerá introduzido na derme e actuará como corpo estranho, levando a uma
reacção inflamatória variável dependendo do hospedeiro.
Dentre as perdas de produção podemos citar a queda na produção de carne, leite e ovos, p.
ex., a danificação do couro, o gasto com medicamentos e assistência médico veterinária,
perda de crias e a morte do animal. Os diferentes agentes infecciosos podem actuar como
vectores de outras enfermidades (p.ex. carrapatos actuando como vetores da Babesiose
bovina), ou simplesmente actuando como factor de estresse e ou espoliante de nutrientes
(p.ex. moscas e mosquitos).
Esta pequena mosca hematófaga além de estressar o animal e actuar espoliando sangue,
também pode actuar assim como outros insectos hematófagos como veiculadores mecânicos
de diversos agentes infecciosos, especialmente aqueles de desenvolvimento sanguíneo.
Quanto às moscas não hematófagas, a Musca domestica é uma mosca de característica não
hematófaga, porém apresenta uma grande capacidade de veiculação de outros agentes
infecciosos.
Além das moscas extremamente comuns em nossos rebanhos e citadas acima, temos também
de importância moscas que ocasionam miíases devido ao desenvolvimento da fase larvar
ocorrer nos tecidos do hospedeiro.
As larvas das moscas que causam miíases podem ser biontófagas ou necrobiontófagas,
dependendo de alimentarem-se de tecido vivo ou tecido morto, sendo as miíases classificadas
como superficiais ou internas e primárias ou secundárias.
Como exemplo de miíase superficial, aquelas nas quais o desenvolvimento das larvas inicia-
se e ocorre na derme e tecido subcutâneo podendo em alguns casos comprometer inclusivé o
tecido muscular e órgãos adjacentes, temos aquelas ocasionadas pela mosca do berne (1, 2)
(Dermatobia hominis) e as miíases com aglomerado de larvas, comumente conhecidas como
bicheiras, devido ao desenvolvimento de larvas de Cochlyomia hominivorax e Cochlyomia
macellaria. Todas as citadas são consideradas larvas biontófagas. Como exemplo de larvas
necrobiontófagas, ou seja, se alimentam de tecido morto, temos as moscas da família
Sarcophagidae, as quais realizam a posturas em carcaças.
Além destas moscas que causam miíases superficiais, temos as moscas das famílias
Gasterophilidae e Oestridae. Na família Gasterophilidae, a Gasterophilus intestinales e a
Gasterophilus nasalis.
Estas moscas realizam a postura dos seus ovos na região inferior dos membros anteriores dos
equinos e ao redor das narinas, respectivamente. As larvas são levadas à boca pelo ato de se
lamber, atingindo de maneira passiva o estômago destes animais, aonde irá ocorrer o
desenvolvimento até a fase de pupa, quando então são eliminadas para o meio ambiente com
as fezes.
Na família Oestridae, a Oestrus ovis realiza a postura ao redor das narinas de ovinos, com
posterior migração das larvas para os seios, para as vias nasais, aonde ocorre todo o
desenvolvimento até a fase de pupa.
A postura das moscas que não causam miíases, Stomoxys calcitrans, Musca domestica,
Crysomia spp. e Phania spp. ocorre em fezes de equinos, bovinos, aves, humanas ou em
matéria biológica em decomposição.
Também classificadas como moscas ou mutucas, os representantes da família Tabanidae
(tabanídeos) são importantes agentes principalmente na criação de equinos e de bovinos. São
insectos de hábitos hematófagos e de picada muito dolorosa, provocando a fuga dos animais,
além de veicularem mecanicamente agentes infecciosos.
a saúde animal com reflexo dirceto na produção quanto a saúde humana no caso daquelas
infecções de carácter zoonótico.
Os cães são gravemente afectados pelos agentes das leishmanioses, tanto tegumentar quanto
cutânea, actuando como reservatório para os mosquitos transmissores do gênero Lutzomyia.
As pulgas do gênero Tunga penetrans apresentam como particularidade o fato das fêmeas
penetrarem no tecido cutâneo quando da realização da postura de ovos, ocasionando o
vulgarmente conhecido como “bicho de pé”, que dependendo do animal, do local de
instalação deste insecto e do grau de infestação pode comprometer a produção.
Esta pulga espolia pelo ato do repasto sanguíneo, atua estressando o animal e pode veicular
biologicamente o Dipylidium caninum, um helminto que apresenta em uma de suas fases de
desenvolvimento uma larva cisticercóide no tecido muscular da pulga, a qual quando é
ingerida possibilita a infecção intestinal de cães e crianças por esta tênia.
Normalmente estes insectos ocorrem em unidades de produção que apresentam falhas graves
no sistema de manejo dos animais.
Nos cães, piolhos mastigadores do gênero Trichodectes canis, podem ocorrer em altas
infestações podendo inclusive levar o animal ao óbito.
Estes organismos actuam com agentes espoliantes e irritativos levando a quedam de produção
acentuada, além de no caso dos carrapatos actuarem como vectores biológicos de diversas
enfermidades, principalmente aquelas ocasionadas por parasitas sanguíneos (hemoparasitos).
Em aves, temos como exemplo de sarna profunda, a Knemidocoptes sp., a qual é de grande
importância, devido ao seu aspecto irritactivo principalmente naqueles animais criados a solta
e/ou sob condições inadequadas.
Dentre as sarnas superficiais em nosso meio temos a ocorrência de Psoroptes equi, Otodectes
sp. e Chorioptes bovis, sendo mais comum nos equinos a Psoroptes e a Otodectes.
Faz-se interessante citar que uma fêmea de Argas miniatus pode permanecer por períodos de
até cinco anos sem realizar a hematofagia, mostrando-se desta maneira ser um agente de
difícil erradicação após instalado.
Os carrapatos da família Ixodidae são os mais conhecidos dentre este grupo por serem
agentes de ocorrência mais comum, actuando como ectoparasitos de grande importância em
animais domésticos e silvestres.
Também pode transmitir a ehrlichiose ocasionada pela Ehrlichia bovis. Estas enfermidades
são relativamente graves em nosso país, podendo inclusive levar ao óbito dos animais
infectados.
Nos equinos, os carrapatos do gênero Amblyomma cajennense são muito comuns em nosso
meio, sendo conhecidos vulgarmente como carrapatos estrela devido a aparência conferida
pelo escudo dorsal ornamentado na fase adulta nos machos desta espécie. É considerado
assim como o Rhipicephalus sanguineus – carrapato vermelho do cão – um carrapto de três
hospedeiros.
Esta classificação deve-se ao fato de realizar as mudas (larva para ninfa e ninfa para adulto)
fora do hospedeiro retornando ao mesmo animal ou a outro para a continuação do seu
desenvolvimento evolutivo.
Uma fêmea realiza a postura de aproximadamente 5 a 8.000 ovos, os quais irão dar origem as
larvas. Neste gênero, as larvas são de baixa especificidade parasitária podendo parasitar
indivíduos de diversas espécies (homem, cão, equino, bovino etc), sendo de intensa
actividade e conhecidas como micuins.
Nos equinos também são observadas infestações frequentes por outro carrapato, o Anocentor
nitens, o qual é um carrapato de um hospedeiro como o Boophilus microplus e tem como
preferência de local para o seu desenvolvimento o pavilhão auricular.
Devido às lesões ocasionadas pela picada deste carrapato, clinicamente observasse alteração
na estrutura da cartilagem, provocando a “quebra” da orelha.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARRERA, M. Entomologia para você. 4ª Ed. São Paulo, EDART. 1973, p. 129 –
130.
GOFF, Klein, Over doses, 1990, EMBO J. 9 e GOFF, Klein, Over doses, 1992.