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ORIGENS DO MOVIMENTO PENTECOSTAL

Há muitas controvérsias com respeito ao início do Movimento Pentecostal, que é assim chamado
porque resgatou a plenitude da experiência de Atos 2, ocorrida durante a festa judaica de Pentecostes.
Os dons do Espírito, os chamados “sinais”, foram prometidos por Jesus (Marcos 16.17-20). Além do
episódio de Atos 2, vemos o derramamento do Espírito Santo em várias partes do livro de Atos. Em
alguns casos, os dons do Espírito Santo são frisados: línguas e profecias, principalmente (Atos 10.45-
46). O batismo no Espírito Santo, com evidência de falar em outras línguas, conhecidas ou
desconhecidas para quem ouve, mas sempre desconhecida para quem fala, foi extremamente comum
no início da Igreja. Os dons espirituais eram exercidos constantemente.O apóstolo Paulo dedicou
parte de sua Primeira Epístola aos Coríntios para falar do uso correto dos dons espirituais (1Coríntios
12-14). Após o período apostólico, os sinais continuaram a todo vapor, principalmente no primeiro
século.

Registros Após o Período Apostólico


O jornalista Emilio Conde, considerado “O apóstolo da imprensa pentecostal”, que militou na
Redação da CPAD desde os anos 20 (quando ainda não existia a Casa oficialmente) até seu
falecimento em 1971, é, sem dúvida, um dos mais notáveis historiadores do Movimento Pentecostal.
Ele registrou os primeiros passos do pentecostalismo no Brasil em sua obra História das Assembleias
de Deus (CPAD) e relatou as origens e o avanço do pentecostalismo no mundo em seu livro O
Testemunho dos Séculos (CPAD). Segundo Conde, O testemunho dos séculos foi escrito com o
auxílio da biblioteca pessoal do missionário sueco Samuel Nyström e das informações de seus
colegas ingleses Howard Carter e Donald Gee, e de seu amigo norte-americano Stanley Frodsham,
redator da revista Pentecostal Evangel e autor do clássico With Signs Following.

No brilhante prefácio de O Testemunho dos Séculos, o missionário sueco Samuel Nyström ressalta
que um dos motivos pelos quais há poucos registros históricos da manifestação dos dons espirituais
antes do século 19 é que os historiadores, cessacionistas em sua totalidade, omitiram de suas obras
manifestações como profecias e línguas estranhas, que quando eventualmente citadas eram
apresentadas, nas palavras de Nyström, como “excentricidades passageiras, coisas inconvenientes até
para serem descritas”. Outro fator é que os casos de glossolalia (como o fenômeno das línguas
estranhas é descrito tecnicamente) foram realmente muito raros depois do terceiro século até o
período da Reforma Protestante, já que o advento da Igreja Católica Romana, com seus dogmas
heréticos que afetaram até o conceito de salvação, acabou jogando a cristandade em uma profunda
era de trevas espirituais. Some-se a isso a má vontade dos historiadores e temos esta escassez de
registros. A glossolalia só voltou a ganhar registros significativos quando retornou com força total
nos séculos 19 e 20.

Até o terceiro século, além do registro bíblico, temos somente seis registros. Um deles é citado por
Emílio Conde em O Testemunho dos Séculos. Conde menciona uma história narrada pelo reverendo
Frederic William Farrar (1831-1903), historiador e deão da Catedral de Canterbury, na Inglaterra. Em
suas pesquisas sobre a Igreja Primitiva, Farrar registra a visita às escondidas de um príncipe britânico
da Corte Romana a uma reunião cristã. Segundo a narrativa, em dado momento da reunião, “línguas
estranhas foram ouvidas

As palavras que pronunciavam eram elevadas, solenes e cheias de significação misteriosa. Não
falavam a sua própria língua, mas parecia que falavam toda qualidade de idiomas, embora não se
pudesse dizer se hebraico, grego, latim ou persa. Isso se deu com uns e outros, segundo o impulso
poderoso que operava na ocasião”, transcreve Farrar, que em seguida declara: “O príncipe os ouvira
falar em línguas. Ele fora testemunha ocular do fenômeno pentecostal que o paganismo não
conhecia”.

Esse era um culto na Igreja Primitiva do primeiro século. É só a partir do terceiro século dC que a
frequência dos dons espirituais não é mais a mesma.

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