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Português-Monitoria Remunerada 11/04/2024

Monitor: Allysson Silva

Atividade

Questões Enem , ITA e AFA – Análise textual

Tempo de resolução 15 minutos -3 minutos por questão média aproximada de


tempo do Enem.

1 -Eu a conheci da primeira vez em que estive aqui. Parece-me que é


esquizofrênica, caso crônico, doente há mais de vinte anos — não estou bem
certa. Foi transferida para a Colônia Juliano Moreira e nunca mais a vi. […] À tarde,
quando ia lá, pedia-lhe para cantar a ária da Bohème, “Valsa da Musetta”. Dona
Georgiana, recortada no meio do pátio, cantava — e era de doer o coração. As
dementes, descalças e rasgadas, paravam em surpresa, rindo bonito em silêncio,
os rostos transformados. Outras, sentadas no chão úmido, avançavam as faces
inundadas de presença — elas que eram tão distantes. Os rostos fulgiam por
instantes, irisados e indestrutíveis. Me deixava imóvel, as lágrimas cegando-me.
Dona Georgiana cantava: cheia de graça, os olhos azuis sorrindo, aquele passado
tão presente, ela que fora, ela que era, se elevando na limpidez das notas, minhas
lágrimas descendo caladas, o pátio de mulheres existindo em dor e beleza. A
beleza terrífica que Puccini não alcançou: uma mulher descalça, suja, gasta,
louca, e as notas saindo-lhe em tragicidade difícil e bela demais — para existir fora
de um hospício. CANÇADO, M. L. Hospício é Deus. Belo Horizonte: Autêntica,
2015.

O diário da autora, como interna de hospital psiquiátrico, configura um registro


singular, fundamentado por uma percepção que.

a) Atenua a realidade do sofrimento por meio da música.


b) Redimensiona a essência humana tocada pela sensibilidade.
c) Evidencia os efeitos dos maus-tratos sobre a imagem feminina.
d) Transfigura o cotidiano da internação pelo poder de se emocionar.
e) Aponta para a recuperação da saúde mental graças à atividade artística
2)

No que diz respeito ao uso de recursos expressivos em diferentes linguagens, o


cartum produz humor brincando com a:

a) Caracterização da linguagem utilizada em uma esfera de comunicação


específica.
b) Deterioração do conhecimento científico na sociedade contemporânea.
c) Impossibilidade de duas cobras conversarem sobre o universo.
d) Dificuldade inerente aos textos produzidos por cientistas.
e) Complexidade da reflexão presente no diálogo.

3)

Leia atentamente o trecho destacado e assinale a alternativa que apresenta


apenas a(s) afirmação(ões) correta(s)

O assombro de Itaguaí. E agora prepare-se o leitor para o mesmo assombro em


que ficou a vila, ao saber um dia que os loucos da Casa Verde iam todos ser
postos na rua

-Todos?

-Todos.

-É impossível; alguns, sim, mas todos…

-Todos. Assim o disse ele no ofício que mandou hoje de manhã à câmara.

[Contos, p. 315].

I. O narrador combina diferentes gêneros – crônica histórica, poesia etc. –


para registrar a linguagem popular.
II. O diálogo com o leitor tem o objetivo de envolvê-lo na narrativa.III. O
título e o diálogo com o leitor evidenciam a ironia do narrador.
A. ( ) I e II são corretas.
B. ( ) Apenas II é correta.
C. ( ) II e III são corretas.
D. ( ) Apenas I é correta.
E. ( ) Todas as anteriores são incorretas.

4)

Leia atentamente e assinale a alternativa correta:

A verdade é que nunca soube quais foram os meus atos bons e quais foram os
maus. Fiz coisas boas que me trouxeram prejuízo; fiz coisas ruins que deram
lucro. E como sempre tive a intenção de possuir as terras de S. Bernardo,
considerei legítimas as ações que me levaram a obtê-las. [S. Bernardo, p. 48].

Com base no trecho destacado, é possível dizer que, para o protagonista:

A. ( ) qualquer fim justifica qualquer meio e não há nem bem


em si nem mal em si.

B. ( ) há bem e mal, mas qualquer meio para possuir as terras


de S. Bernardo é legítimo.
C. ( ) todos os meios são bons em si, mas não todos os fins.
D. ( ) nenhum meio é ruim tendo em vista um fim legítimo
E. ( ) nenhuma finalidade é legítima, mas há meios bons e
meios ruins

5)

Apelo

Amanhã faz um mês que a Senhora está longe

De casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti

Falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de

Esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom

[05] ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem


De relance no espelho.

Com os dias, Senhora, o leite primeira vez

Coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha

De jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da

[10] escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o

Canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah,

Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite

Eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença,

Última luz na varanda, a todas as aflições do dia.

[15] Sentia falta da pequena briga pelo sal no

Tomate – meu jeito de querer bem. Acaso é saudade,

Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei

Água e elas murcham. Não tenho botão na camisa.

Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha?

[20] Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com

Os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa,

Senhora, por favor.

(TREVISAN, Dalton. Mistérios de Curitiba. 5ª ed. Record. Rio de Janeiro, 1996.)

Em relação à organização textual e aspectos sintáticos do texto IV, assinale a


alternativa que apresenta uma análise correta.

A –O texto é uma carta pessoal cujo emitente é o marido e o destinatário, a


mulher, o que se comprova pelo vocativo e pelo desfecho com o pedido de volta
da Senhora.

B –O sinal de dois pontos (l. 8) tem a função de introduzir uma oração explicativa
para o fato mencionado anteriormente.

C –O travessão (l. 16) tem a função de separar o aposto do termo principal ao qual
ele se refere.

D –O sujeito da primeira oração do período “ Às violetas, na janela, não lhes


poupei água e elas murcham” está marcado na desinência verbal

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