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O autor inicia o artigo explicando que tanto multiculturalismo quanto interculturalidade são
conceitos em disputa e que por isso surgem inúmeras variações conceituais desses termos.
Essa variação dificulta o trabalho na escola e na criação de políticas públicas, pois pode
acontecer de se usar um termo, mas não haver uma aplicação condizente com seu conceito ou
sua proposta de aplicação não especificar a vertente que o mesmo abrange (como
interculturalidade crítica, funciona, relaciona/ multiculturalismo liberal, liberal de esquerda e
etc.). Por outro lado, essa dificuldade demonstra o quanto é complexo abarcar a diversidade
sem apagar as diferenças e o quanto esse trabalho necessita certas especificidades de acordo
com o contexto.
O autor explica que a coloniadade são resquícios do colonialismo e que são definidas quatro
esferas nas quais essa estrutura se fundamenta: a colonialidade do poder que se relaciona a
diferença racial; a colonialidade do saber que legitima apenas conhecimentos eurocentrados e
desqualifica outras formas de saber; a colonialidade do ser que subalterniza os sujeitos
colonizados; e a colonialidade da natureza que nega a relação humano-natureza, separando
essa forma de contato, bem como a relação humano-espiritualidade. Assim, o autor defende
que a interculturalidade crítica, com base em Walsh, é uma forma de reconhecer o outro e
dialogar no sentido de desmontar tais estruturas de poder.
Fleuri aponta para a necessidade do Estado e da sociedade reverem o imaginário criado sobre
os povos indígenas e entender que eles são sujeitos de sua própria história. A partir desse
entendimento será possível pensar de fato em interação cultural, diálogo ou troca de culturas.
Com base nas ideias expostas e a partir dos exemplos citados em diversos contexto da
América Latina e do Brasil, é possível compreender que para Fleuri não basta simplesmente
reconhecer a diversidade, é preciso que os pensamentos diversos juntos construam novas
bases que não tenham a matriz colonial como estrutura.