Você está na página 1de 14

E-BOOK:

OS DESENHOS
E A CRIATIVIDADE
no processo de aprendizagem
ÍNDICE
O que é Aprendizagem Criativa?
3

O papel do desenho na educação infantil


5

Faber-Castell Educação
10

Atividades pedagógicas com desenho


11
QUAL É O PAPEL DA ESCOLA
QUANDO FALAMOS DE CRIATIVIDADE?

Crianças e jovens estão cada


vez mais conectados. É um
desafio receber esses alunos
curiosos, ágeis, com acesso
a uma infinidade de
informações, sempre cheios
de perguntas e de respostas.
3
Para eles, a sala de aula
precisa ceder espaço
a novas estratégias
de aprendizagem e a
Aprendizagem Criativa
é um desses caminhos.

O que é Aprendizagem Criativa?


O conhecimento por meio Leo Burd, pesquisador brasileiro
da Aprendizagem Criativa é do Media Lab do MIT (Massachusetts
adquirido quando se estabelece Institute of Technology) e consultor
uma interação ativa da criança do Programa Faber-Castell de
com o mundo, oferecendo Aprendizagem Criativa, explica:
propostas de brincar e explorar “Aprendizagem Criativa é uma
as ideias de maneira envolvente. filosofia de educação que promove
E essa é a abordagem trabalhada o desenvolvimento de indivíduos
pela Faber Castell para que pensem e atuem de forma
desenvolver e manter o processo criativa, colaborativa e sistemática”.¹
criativo vivo ao longo das fases Ele aponta que os princípios
da vida dos indivíduos. O desenho da Aprendizagem Criativa devem
é apenas uma das ferramentas que focar na expressão individual,
possibilita o acesso ao universo na colaboração, na criatividade
da Aprendizagem Criativa e e no saber lidar com os problemas
trataremos mais profundamente a partir dos recursos que a criança
dele no contexto da Aprendizagem tem ao seu redor. Por isso, “pessoas
Criativa no conteúdo deste e-book. criativas precisam de ambientes
criativos de aprendizagem para
se desenvolverem” ², acrescenta.
Na prática, a Aprendizagem Criativa sugere
a formação de micromundos dentro dos espaços
de educação. Isso significa que o espaço
tradicional de sala de aula é convertido
em um micromundo fantástico onde
o tema que será trabalhado é visível
em diversos aspectos, proporcionando
aos alunos uma verdadeira
imersão na temática da aula.

4
O foco na resolução do problema e finalização
O erro é só de um projeto pode minar a exploração lúdica.
Na Aprendizagem Criativa, o educador busca
um caminho o equilíbrio desses dois aspectos.

que não Leo Burd ainda acrescenta “Queremos que

levou aonde a criança produza algo nos seus projetos, mas


queremos que ela tenha também oportunidade

esperávamos. de explorar caminhos alternativos, por conta


própria” e complementa: “Com o brincar e a
exploração livre, diminuímos a pressão de que
o primeiro caminho é o certo e a criança percebe
que o erro não é ruim, é parte do processo.
O erro é só um caminho que não levou
aonde esperávamos” ³.

Mitchel Resnick, diretor do grupo Isso não acontecerá se elas estiverem sentadas
de pesquisa Lifelong Kindergarten em fileiras de mesas voltadas para a frente da
do MIT Media Lab, complementa sala de aula. As salas de aula devem ser
a ideia: “Para se desenvolver organizadas para incentivar os alunos a explorar,
como pensadores criativos, as experimentar e se expressar” ⁴.
crianças devem ter oportunidade
de criar e colaborar.
O PAPEL DO DESENHO
NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A infância geralmente é o período em que


temos maior contato com o desenho, por ser
uma linguagem de expressão que as crianças
pequenas dominam. A criança que ainda
não tem competência leitora, nem de escrita,
muitas vezes expressa seus sentimentos,
suas ideias e vontades através dos desenhos.

Loris Malaguzzi (1920-1994), educador


italiano que criou a abordagem educativa
mais tarde nomeada como “abordagem
Reggio Emilia”, defendia que não só o que a
criança pensa é válido, mas também as
múltiplas linguagens da infância. Sendo
assim, a maneira como elas buscam
conhecimento e como elas produzem seus
sentidos devem ser levados em consideração
em seu desenvolvimento.
Malaguzzi desenvolveu seu pensamento
pedagógico a partir da metáfora das cem
linguagens, que investiga toda a complexidade da
construção do conhecimento de uma criança, sem
se ater necessariamente a palavra e o aprendizado
linear. Pensando nisso, Malaguzzi introduziu o ateliê
nas escolas, que eram verdadeiros laboratórios,
lugares onde as crianças experimentavam o brincar
a medida que aprendiam⁵.

Para representar suas ideias sobre as cem


linguagens, Loris Malaguzzi deixou registrado
este poema abaixo:

6
As cem linguagens da criança

A criança é feita de cem. De compreender sem alegrias,


A criança tem cem mãos, de amar e maravilhar-se só na
cem pensamentos, Páscoa e no Natal.
cem modos de pensar,
de jogar e de falar. Dizem-lhe: de descobrir o mundo
que já existe e, de cem,
Cem, sempre cem modos de roubaram-lhe noventa e nove.
escutar as maravilhas de amar.
Cem alegrias para cantar e Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho,
compreender. a realidade e a fantasia, a ciência
Cem mundos para descobrir. e a imaginação,
Cem mundos para inventar.
Cem mundos para sonhar. O céu e a terra, a razão e o sonho,
são coisas que não estão juntas.
A criança tem cem linguagens
(e depois, cem, cem, cem), Dizem-lhe: que as cem não existem.
mas roubaram-lhe noventa e nove. A criança diz: ao contrário,
A escola e a cultura separam-lhe as cem existem.⁶
a cabeça do corpo.

Dizem-lhe: de pensar sem as mãos,


de fazer sem a cabeça, de escutar
e de não falar,
Desta forma, os desenhos representam uma fonte de aprendizado.
Por isso, a Aprendizagem Criativa o coloca como um potente instrumento
para os educadores construírem um percurso de reflexão sobre a criança.

Em uma folha em branco, a criança é capaz de criar uma cópia de sua realidade.
É onde ela imprime seus sentimentos, podendo nos dizer muito sobre como
anda sua saúde mental. De acordo com o artigo “A contribuição do desenho
no desenvolvimento da criança na educação infantil: uma análise teórica”,
o desenho é uma das formas de comunicação estabelecida, uma via por
onde a criança se expressa emocionalmente, toda sua subjetividade pode
estar impressa em um papel⁷.

7
A educadora, médica e pedagoga
italiana Maria Montessori
(Chiaravalle, 31 de agosto de 1870
— Noordwijk aan Zee, Países Baixos,
6 de maio de 1952) defendia o
aprendizado como um processo de
absorção de estímulos e percepção
visual. Por isso, formatos, texturas,
proporções e cores também fazem
parte do processo de conhecimento.
Além disso, Montessori acreditava
no poder das mãos como
ferramentas de realização da
inteligência, tendo um papel
fundamental no aprendizado⁸.

O pensamento de Montessori
nos leva a entender o desenho
como uma prática que ajuda no
desenvolvimento de diversos
aspectos auxiliares no processo
de educação e alfabetização,
como coordenação motora, visão,
organização do pensamento e
outros aspectos cognitivos que
potencializam a aprendizagem.
Desenho e Alfabetização

8
O processo do desenho é
importante para a alfabetização
porque é uma forma de construir
conhecimentos, é uma atividade
que envolve a inteligência,
raciocínio e cognição.

Segundo o estudo “O desenho


e a escrita como forma
de representação de ideias”,
de Mônica Maria Teixeira
Figueirol, foi identificado que
a aprendizagem da língua escrita
é a construção de representações,
assim como o desenho⁹.

A princípio, a criança busca


produzir traços diferenciando
desenhos de letras ou outros A principal compreensão
códigos, iniciando então seu
processo de escrita, mesmo
do educador neste momento,
que por imitação. Com o deve ser a de deixar que a
tempo, a criança passa a usar criança use a sua criatividade
letras ou cria pseudoletras,
quando ainda não dominam fazendo sempre com que as sugestões propostas
as letras convencionais do não soem como imposições, deixando-a desenhar
nosso alfabeto. livremente, sem intervenções ou críticas.
Discernir as fases do desenho
infantil também é fundamental.
É preciso entender qual a relação
que os desenhos têm com os
níveis de desenvolvimento da
escrita. Desta forma, é possível
auxiliar tanto no desenvolvimento
artístico quanto no da escrita.

Georges Henri Luquet (1876-1965)


filósofo francês, etnógrafo e
pioneiro no estudo do desenho
infantil, distingue o desenho
infantil em 4 estágios¹⁰.

9
1. Realismo fortuito 3. Realismo intelectual
Começa por volta dos 2 anos, Estendendo-se dos 4 aos 10-12 anos, momento
onde a criança que antes em que a criança desenha a partir do que sabe
traçava linhas sem objetivo e não necessariamente copia o que vê. Nesta
ou desejo de representação, fase, ela busca em seu repertório e vivências
passa a fazer analogias de seus tudo o que precisa para realizar o desenho.
traços com objetos e passa a
dar nomes aos seus desenhos. 4. Realismo visual
A fase dos 12 anos em que a criança busca
2. Realismo fracassado
simbolizar o objeto como ele através do uso de
Geralmente entre 3 e 4 anos, perspectiva. O desenho infantil já não é mais
quando a criança procura característica e a criança busca cada vez mais
literalmente reproduzir formas. uma uma fidelidade à realidade.

A importância do estímulo
É aconselhável proporcionar às crianças o contato
com diferentes tipos de desenhos e obras de artes,
para que elas façam suas próprias leituras e adquiram
um certo repertório. Esse trabalho de nutrir a criança
de informação e referência ajuda a enriquecer o
grafismo para que elas tenham mais autonomia de
formular suas ideias e construir novos conhecimentos.
Faber-Castell Educação

Uma importante missão da Faber-Castell é


colaborar com a construção de uma educação
mais criativa. Nossa paixão por criar fortalece
nosso perfil criativo e garante que sempre 10
estejamos pensando em uma maneira diferente
de fazer as coisas.

Acreditamos que sem criatividade não há


inovação. E inovação é um processo que deve Os cursos podem dar apoio
ser incentivado em qualquer contexto! aos educadores e serem
materiais de trabalho com
Assumimos a responsabilidade de contribuir as crianças. No curso
para que o mundo se torne um lugar mais “Criando Mundos”, por
criativo e entregamos produtos e serviços exemplo, os pequenos
que facilitam esse processo, Programa de fazem uma imersão artística
Aprendizagem Criativa da Faber-Castell, a Visita no espaço sideral, fundo
à Fábrica das Cores, Programa de Divulgação, do mar e pré-história,
Revista Faber-Castell e o portal de colaboração aprendendo a criar planetas
entre professores: Colaborando. e colorir o oceano.

E como queremos
aproximar as pessoas da
Além disso, nossa plataforma de cursos online criatividade, não importa
contempla todas as idades e, com certeza, onde elas estejam, é
é uma ferramenta importante para crianças possível realizar os cursos
e adultos desenvolverem a criatividade a distância com todo
e autoexpressão. conforto.
ATIVIDADES PEDAGÓGICAS
COM DESENHOS

11
Desenhos são uma ótima
ferramenta pedagógica para
desenvolver nas crianças a
capacidade de expressar
emoções e introduzi-las na
alfabetização. Como bem
defendia Loris Malaguzzi,
a expressão infantil se dá por
múltiplos caminhos de
linguagens e o desenho
é poderoso por tratar de
expressão, comunicação,
simbologia, cognição e ainda
por levar muita diversão para
a vida dos pequenos¹¹.

Pensando nisso, separamos


3 atividades para educadores
colocarem em prática com
os seus alunos.
Observar, fotografar
e desenhar
Uma atividade para trabalhar o desenho
através da narrativa e capacidade de
entendimento de descrições.

1. Um aluno descreve um objeto para que a


turma desenhe.

2. O aluno mostra a fotografia do objeto e as


crianças mostram o resultado do desenho, desta
forma, podem debater como foi o entendimento
para cada um.

12

Desenhe seu maior sonho


Nesta atividade, as crianças podem
desenhar seu maior sonho. Vale tudo,
o importante é deixar a imaginação fluir
para, a partir dos desenhos, o educador
avaliar o resultado do desenho.

1. De acordo com Georges Henri Luquet,


identifique qual o estágio de desenho do aluno.

História sem fim


Conte uma história sem final para os
seus alunos e peça para eles desenharem
o final que imaginarem. Cada aluno terá
uma percepção da história, com traços e
características de desenho diferentes.
Feito isso, troque os desenhos entre os
alunos e abra uma roda para conversar.

1. Peça para que um dos alunos tente explicar o


final da história desenhada por um colega. A seguir,
pergunte ao autor do desenho se a leitura do colega
está correta. Repita esse ciclo sucessivamente.

2. Finalize o debate discutindo a relação entre


desenho e narrativa e como uma história pode
se traduzir com imagens.
Links Bibliográficos

13
1. https://www.educacao.faber-castell.com.br/wp-content/uploads/2019/08/Revista_Faber-Castell.pdf#page=8

2. https://www.educacao.faber-castell.com.br/wp-content/uploads/2019/08/Revista_Faber-Castell.pdf#page=8

3. https://www.educacao.faber-castell.com.br/wp-content/uploads/2019/08/Revista_Faber-Castell.pdf#page=8

4. https://www.educacao.faber-castell.com.br/wp-content/uploads/2019/09/FaberCastell2019.pdf#page=08

5. https://it.wikipedia.org/wiki/Loris_Malaguzzi

6. https://www.criandocomapego.com/as-cem-linguagens-da-crianca-poema-de-loris-malaguzzi/

7. https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2017/23964_11765.pdf

8. https://mundoemcores.com/o-que-e-o-metodo-montessori/

9. https://repositorio.pgsskroton.com.br/
bitstream/123456789/17121/1/O%20DESENHO%20E%20A%20ESCRITA%20COMO%20FORMA%20DE%20
REPRESENTA%C3%87%C3%83O%20DE%20ID%C3%89IAS.pdf

10. http://unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/cadernodeeducacao/sumario/40/30042016104546.pdf

11. https://it.wikipedia.org/wiki/Loris_Malaguzzi
OBRIGADO!

Você também pode gostar