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Resenha do documentário “Olhos Azuis” articulado com o artigo “Sim, nós somos racistas:

estudo psicossocial da branquitude paulistana”.

Aluna: Eduarda Azoubel.

Jane Elliott, a autora do documentário, ao ler livros nazistas e interpretar as ações


de Hitler aos não arianos, pensou em manifestar sua indignação retratando a vivência do
preconceito da mesma forma que Hitler diferenciava, relacionando a cor dos olhos. O
documentário trata sobre o sofrimento e a discriminação de uma forma bastante critica, com
destaque na questão racial.
A trama mostra um workshop em que Jane Elliott aplica em adultos, entre eles:
professores, policiais e assistentes sociais, o exercício “Olhos azuis/Olhos castanhos” (que
se traduz em “pôr-se na pele dos outros, para compreender a situação em que se
encontram”), dividindo os candidatos em duas categorias: os que têm os olhos azuis e os
que têm olhos castanhos; os que têm olhos azuis são marcados com identificadores verdes
nos pescoços (simbolizando de forma similar o tratamento dado aos escravos durante a
época de escravidão) e encaminhados para uma sala quente e abafada, sem água e nem
comida, com apenas 3 cadeiras para os 17 participantes; para os que têm olhos castanhos,
é proposto que tratem o outro grupo de maneira severa, ignorante e sem compaixão e que
participem ativamente ao tratamento de choque direcionado ao grupo azul.
Jane ao decorrer do workshop, se coloca de forma autoritária e arrogante, como
Hitler, bombardeando o grupo azul com um tratamento discriminatório e ofensivo, rotulando
as pessoas de forma negativa e preconceituosa apenas pela cor de seus olhos, fazendo
com que os membros do grupo azul se sintam estressados e humilhados, uma vez que são
considerados burros, pois ao perder a coloração escura nos olhos, perdem a inteligência.
Durante a sessão, os participantes de olhos escuros apresentaram testes pseudocientíficos
de QI destinados a “provar” a inferioridade dos que têm olhos azuis.

É um excelente documentário sobre racismo, por evidenciar diversas questões


importantes, sendo uma delas, como o silêncio coletivo colabora para a construção social
do papel do opressor e o quanto essa construção opressiva também é coletiva por
depender de muitos silêncios para existir.

O artigo que aborda a branquitude, reflete o fato de existirem poucos trabalhos feitos
com a intenção de compreender o sujeito branco; no campo da psicologia algumas
hipóteses foram levantadas para justificar o motivo da falta de estudos que abrangem a
branquitude, a primeira é que a maioria dos psicólogos, pesquisadores e pensadores são
brancos e socializados em uma população que crê ser desracializada, alimentando uma
ideia de que quem tem raça é o outro e para manter a branquitude como identidade racial
normativa; a outra hipótese é de que, despir a branquitude é expor os privilégios materiais e
simbólicos que os brancos obtém em uma estrutura racista; os poucos estudos sobre
brancos, indicam que o ideal de igualdade racial em que os brasileiros estão socializados
caminha para manter e legitimar as desigualdades raciais. Ser branco, ou melhor, ocupar o
lugar simbólico de branquitude não decorre do fator genético, mas, pela posição e lugar
social que o sujeito ocupa.

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