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MANAUS
2005
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE APOIO A PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
RELATÓRIO FINAL
PIB – SA/024/2004
PERFIL DO PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO: O STATUS QUO DA
REALIDADE AMAZÔNICA
MANAUS
2005
Não sei...
se a vida é curta
ou longa de mais para nós,
mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa do outro mundo:
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura...
enquanto durar.
(Cora Carolina)
RESUMO
INTRODUÇÃO 9
1. OBJETIVO GERAL 10
2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 10
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 11
4. METODOLOGIA 24
RESULTADOS PARCIAIS 27
CRONOGRAMA
REFERÊNCIAS 37
9
INTRODUÇÃO
também para a reflexão da atuação dos profissionais bibliotecários, que são peças fundamentais
para o desenvolvimento sócio-econômico da Amazônia, assim como, de seus habitantes.
2 OBJETIVO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para compreensão da temática abordada buscou-se uma reflexão sobre a literatura disponível.
Procurando compreender a história da Biblioteconomia no Brasil, bem como, aspectos sobre os
órgãos de classe, formação do profissional bibliotecário, a importância da educação contínua
para a permanência no mercado de trabalho e as novas tendências deste século.
acordo com a tradição de que “claustrum sine armário, quase castrum sine armamentario”, ou
seja, claustro sem livros é como um quartel sem armamento.
Fonseca (1979) em seu livro “A Biblioteconomia brasileira no contexto mundial” revela que o
padre jesuíta Antônio Vieira, em depoimento autobiográfico feito ao tribunal da inquisição,
declarou ter exercido a atividade de bibliotecário “em todos os colégios” e que, graças a isto,
pôde visitar “as melhores livrarias do mundo”. Além do padre Antônio Vieira, no início do
século XVII, outros religiosos começaram a se estabelecer no Brasil com suas bibliotecas, entre
eles estão os Capuchinhos, vindos da França, dirigiram-se a princípio ao Maranhão; os
Mercedários, de origem espanhola, chegaram ao Brasil através da expedição de Pedro Teixeira
à Amazônia; e os Oratorianos, responsáveis pelo primeiro instituto religioso fundado no Brasil.
Desta maneira, verifica-se que a história da Biblioteconomia no Brasil inicia-se com a chegada
dos primeiros padres ao país, foram eles também os primeiros educadores e bibliotecários
brasileiros.
O Brasil antes do século XX afetado pela tradição portuguesa e cristã não valorizava muito a
transformação do mundo material em saber científico e técnico, pois, existia uma forte tradição
poética e religiosa ao ponto de Portugal chegar ao século XX entre os países mais atrasados da
Europa em relação a tecnologia e economia como afirma Souza (1990, p. 11-13).
Somado ao fato, pode-se destacar que o interesse de Portugal não era de fazer o Brasil, muito
menos daqueles que nele habitavam, um país de pensadores, pesquisadores ou questionadores;
o Brasil era uma colônia de exploração e o maior interesse de Portugal era o de apropriar-se de
todas as suas riquezas.
“As bibliotecas particulares foram os primeiros frutos do Iluminismo no Brasil”, pois as
bibliotecas dos mosteiros não possuíam obras que exprimiam a “crise da consciência européia”,
sendo assim, os intelectuais da época a muito custo, tanto financeiro quanto de vida, iam
formando as coleções de suas bibliotecas particulares. (FONSECA, 1979, p. 18)
As bibliotecas particulares nasceram da necessidade que os intelectuais e pensadores da época
tinham para suprir suas necessidades informacionais, uma vez que as bibliotecas existentes na
época, não dispunham de acervos voltados para as grandes questões filosóficas da época, que
afetava a Europa e conseqüentemente o Brasil, pois, a igreja ainda influenciava fortemente
grande parte da população.
Durante o século XIX constam algumas atividades significativas para a prática bibliotecária,
em virtude da vinda do núcleo do acervo da futura biblioteca nacional brasileira, e as inovações
tecnológicas introduzidas no catálogo do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro e
13
pela iniciativa de intelectuais brasileiros que desejavam uma Biblioteca Nacional à altura dos
países desenvolvidos (SOUZA, 1990, p. 20).
A Biblioteca Nacional foi fundada em 1810, mas o atendimento ao público, ou seja, a população
como um todo, só ocorreu quatro anos depois. A formação intelectual brasileira no exterior
contribuiu significativamente para o desenvolvimento de técnicas e de uma biblioteconomia
mais “racional”. Destacando-se, desta forma, o médico e professor Ramiz Galvão, que viria a
tornar-se mais tarde o Diretor da Biblioteca Nacional, onde introduziu as principais técnicas de
organização e administração utilizadas na Europa.
O curso de Biblioteconomia surgiu em 1911 como parte do decreto nº 8.835 que estabelecia o
regulamento da Biblioteca Nacional, adotando como parâmetro a École Nationale des Chartes,
de Paris, primeira escola criada no mundo visando à formação de profissionais para atuar em
bibliotecas. Entretanto, foi iniciado apenas em meados de 1915 com a duração de um ano, tendo,
o pré-requisito de ter concluído o curso de Humanidades e submeter-se a um exame de
admissão, pois, o curso tinha por objetivo suprir as necessidades da instituição (SOUZA, 1990).
Para Castro (2002, p. 27), “este curso, era sem qualquer planejamento curricular e sem
perspectivas de atender necessidades alheias a essa instituição. As disciplinas eram oferecidas
de maneira estanque e desarticuladas, com o objetivo de formar um profissional com perfil
“erudito-guardião”, uma vez que o curso formava bibliotecários-humanistas-conservadores.
Observa-se que, o primeiro curso de Biblioteconomia do Brasil oferecido pela Biblioteca
Nacional, possuía várias falhas e estava centrado, sobretudo no repasse de experiência por parte
dos professores, com o único objetivo de suprir as necessidades da Biblioteca Nacional, gerando
desta forma, um profissional conservador, considerado um guardião do acervo.
O curso da Biblioteca Nacional funcionou regularmente até 1922, mas, com o surgimento do
Regulamento do Museu Histórico Nacional, em 2 de Agosto de 1921, deu-se início ao “Curso
Techico”, que tinha a finalidade de formar profissionais para atuarem tanta na Biblioteca
Nacional quanto no Arquivo Nacional, o curso passaria a ter dois anos, compostos por oito
disciplinas, distribuídas entre a Biblioteca Nacional, o Arquivo Nacional e o Museu Histórico
14
Nacional, cada instituição ficando responsável por determinadas disciplinas. Entretanto, o curso
não saiu do papel, o fato se deu, principalmente por falta de professores, que não concordavam
com a criação do curso e por terem suas atividades dobradas sem qualquer adicional salarial
(CASTRO, 2000, p. 57-58).
A influência européia no Brasil segue ainda até 1930, tanto sobre a Biblioteconomia quanto nas
artes, como se verifica na Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, marcada pelas
vanguardas européias.
Entre os anos de 1929 a 1962, o Brasil encontrava-se fortemente influenciado pelos Estados
Unidos, dando início a segunda fase do ensino profissional de Biblioteconomia (MULLER,
1985, apud, CYSNE, 1993, p. 58). Em 1929, o Instituto Mackenzie de São Paulo, influenciado
pela moderna pedagogia americana, “implantou o curso de Biblioteconomia, com o currículo
de um ano de duração. É considerado por alguns autores como um curso com características
meramente técnicas tendo como disciplinas catalogação, classificação, referência e organização
de bibliotecas” (SOUZA, 1990, p. 43).
O pragmatismo americano abriu novos caminhos para atuação profissional através do Instituto
Mackenzie. Nesta mesma época, os Estados Unidos concederam várias bolsas de estudos para
as mulheres latino americanas para estudarem em suas universidades, organizou vários eventos,
conferências na América do Sul e Central, com o objetivo de manter a cooperatividade entre as
Américas.
Em 1944, a Biblioteca Nacional, através do Decreto Lei Nº 6440 de 27 de abril de 1944, no seu
Art. 2, passou a seguir o modelo americano, sofrendo algumas alterações, tais como:
a) Formação pessoal habilitado a organizar e dirigir bibliotecas ou executar serviços
técnicos nas mesmas;
b) Promoção do aperfeiçoamento ou especialização de bibliotecários e de outros servidores
em exercício nas bibliotecas oficiais e particulares;
c) Difusão dos progressos realizados no país e no estrangeiro, no campo da
Biblioteconomia.
Esta nova alteração no curso da Biblioteca Nacional passou a formar indivíduos não apenas
para suprir as necessidades da Biblioteca Nacional, mas, sua formação profissional permitiria
atuar em qualquer biblioteca.
Segundo Cysne (1993, p. 60), na década de 60 com a aprovação da Lei 4084/62, regulamentada
pelo Decreto 56725/65, foi considerado um marco para a categoria, visto que, a profissão passa
15
Russo (1968 apud CYSNE, 1993, p. 60-61) identificou uma série de problemas enfrentados
naquele momento, como:
a. improvisação de professores;
b. falta de especialização em nível de pós-graduação;
c. magistério sob forma do tempo parcial, o que torna grande a distância entre professores e alunos e o
ensino inadequado às necessidade de um processo pedagógico moderno. É sabido que os professores, quase
sempre, vivem sobrecarregados de afazeres, sem tempo para o indispensável convívio com os alunos;
d. hiato entre a escola e a comunidade, motivo por que deve ser condição precípua dos cursos atualizarem-
se quanto aos problemas das bibliotecas e do meio onde se situam;
e. condições falhas de ensino teórico, a fim de ser resolvido o problema dos que concluem o curso sem
prática alguma, para um trabalho imediato e produtivo na profissão que elegeram.
A autora afirma ainda que, nos últimos anos, há um crescimento significativo na atuação do
profissional como consultor, assessor, autônomo, exigindo que este profissional seja mais
ousado e empreendedor.
19
Para Crispim e Jagielski (2001), a crescente mudança nas organizações em geral, que vêm
dando valor para os centros de documentação, na medida em que a sua desorganização gera
prejuízos significativos às empresas, principalmente financeiros, assim, surgindo à necessidade
de um profissional qualificado para a realização desse serviço. Este fato, mostra as profundas
mudanças nas relações entre o empregado e o empregador, aumentando cada vez mais o número
de serviços terceirizados ou outsourcing, ou seja, cresce o campo para o profissional liberal no
setor privado.
Assim, atuar como um profissional autônomo, requer algumas características fundamentais para
se obter êxito e permanência no mercado, tais como: ser ousado, empreendedor, ter confiança,
criatividade, dinamismo, aperfeiçoamento contínuo.
O mercado do profissional da informação é vasto, entretanto, muitos profissionais recém
formados ou não, encontram-se desempregados. Às vezes por não se darem conta que sua
formação permite a atuação em diferentes organizações ou mesmo por questões políticas,
sociais e econômicas, como é o caso das bibliotecas escolares, que sofrem pela falta de apoio à
educação e à cultura. Apesar das adversidades os profissionais precisam estar cientes da sua
importância no desenvolvimento do país e da sociedade e ser capaz de refletir e responder
claramente para si e para outros sobre:
1. Realidade: a) saber separar a situação real da situação ideal; b) conhecer os pontos fracos e fortes da área;
c) ter noção de conjunto; e) ter consciência de país.
2. Identidade: a) quem somos?; b) o que queremos?; c) Qual é o nosso objeto de trabalho?; d) onde queremos
chegar?; e) qual é a nossa estratégia profissional?
3. Foco: a) quem são nossos clientes reais?; b) quem são nossos potenciais clientes?; c) quem são nossos
parceiros?; d) quem são nossos concorrentes?; e) o que somos para a sociedade?; f) o que queremos ser para a
sociedade?
4. Processos: a) Qual é a nossa matéria-prima de trabalho?; b) Quais são os nossos produtos informacionais?;
c) Quais são os nossos serviços?; d) o que e como produzimos atualmente?; é) o que e como queremos produzir
no futuro?
5. Recursos: a) quais as tecnologias atuais e quais as tendências para as tecnologias de informação no
próximo milênio?; b) quais as competências e habilidades necessárias ao profissional hoje e quais serão no futuro?;
c) como é a unidade de trabalho hoje e como será no futuro?
6. Perspectivas: a) quem seremos no futuro?; b) qual será o nosso objeto de trabalho no futuro?; c) qual será
nosso mercado de trabalho no futuro?; d) O que a sociedade estará precisando no futuro? (VALENTIM, 2000, p.
2)
Desta forma, o profissional da informação para não se deparar em meio ao número cada vez
crescentes de profissionais graduados desempregados, precisa estar ciente das necessidades da
sociedade, da realidade que o cerca, que as mudanças são importantes. Logo, é fundamental
que este profissional seja mais observador, empreendedor, atuante, flexível, dinâmico, ousado,
20
“O profissional que devemos ser é vivo e atuante. Como? Através do aprimoramento contínuo
e afinado com a realidade” (MÜLLER, 1996 apud VALENTIM, 2000, p. 2)
Conforme Araripe (1999), no Brasil estão sendo realizados muitos estudos e pesquisas, cujo
objetivo é dar novos rumos a Biblioteconomia, principalmente em relação à educação contínua,
voltados a promoção de cursos que tratem das novas exigências sócias, qualidade nos serviços
de informação, gerenciamento de unidades de informação, entre outros.
A atualização contínua do profissional da informação que busca ser competente e dinâmico é
imprescindível. A graduação é indiscutivelmente fundamental para a formação de qualquer
profissional, entretanto, é apenas o início da formação de cada indivíduo, pois ela por si só não
preenche todas as lacunas na atuação profissional. Como se pode verificar em Souza (1993, p.
71) ao afirmar que o:
[...] conhecimento está sujeito a múltiplas interpretações e a diversas formas
de execução prática, a educação formal assume o papel preponderante de metodizar o
acesso e o manuseio desse mesmo conhecimento.[...] Decorrente desse raciocínio, vem
a compreensão de que nenhum indivíduo, ao concluir qualquer curso profissional
secundário ou universitário, esteja pronto para atuar em um dado mercado sem a
necessidade de continuar buscando novos saberes que surgem no campo em que se
formou ou em campos correlatos.
Para Nascimento, Figueiredo e Freitas (2003, p. 40) ”um ponto onde as escolas de graduação
não funcionam com eficácia, é a questão concernente a idiomas estrangeiros”. Os autores
ressaltam a importância de se ter domínio de pelo menos uma língua estrangeira, o inglês, por
exemplo, atualmente considerado o idioma da comunicação e com abundante literatura na área
da ciência da informação. Outro item fundamental na educação continuada diz respeito aos
instrumentos tecnológicos, incluindo cursos de informática, conhecimento sobre acesso,
realidade e uso da Internet e demais meios de comunicação.
A revolução educacional trouxe grandes vantagens e facilidade no aprendizado contínuo, com
a educação à distância, baseada na concepção de que o aprendizado é uma experiência
individual.
Valentim (2002, p. 118), em “Formação, competências e habilidades do profissional da
informação” discorrem a respeito da importância da educação continua na prática
biblioteconômica:
Atuar de forma profissional [...] é agir com responsabilidade no uso dos diferentes
recursos e instrumentos da profissão que atenda os diferentes públicos existentes. [...]
22
Desta forma, é de suma importância buscar a qualidade e o aperfeiçoamento contínuo nas suas
atividades profissionais, é importante também que o bibliotecário se conheça, reflita sobre sua
atuação e limitações e não ache que, terminando a graduação, já aprendeu tudo o que precisava
para sua atuação enquanto profissional da informação, até porque, o mundo que o cerca, está
em constante mudança, transformação e o profissional não pode ficar à margem dessas
mudanças. E isto, é um investimento pessoal, é buscar se valorizar cada vez mais como
indivíduo e profissional, não se deixando alienar a rotina, com isto, se tornando um agente ativo
no ambiente em que se encontra.
23
3 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento desta pesquisa será utilizado a pesquisa quali-quantitativa. Por meio
da pesquisa qualitativa é possível obter resultados mais profundos em relação ao fenômeno
estudado, assim, a preocupação do pesquisador estar em aprofundar sua compreensão em
relação a um grupo social, uma instituição, um período, uma organização, entre outros
(BEUREN, 2003; GIL, 2002).
A pesquisa quantitativa “[...] tem por objetivo a coleta sistemática de dados sobre populações,
programas ou amostra de populações e programas” (LAKATOS, 1991, p. 87).
Desta maneira, a pesquisa quali-quantitativa possibilita a análise da formação continuada, dos
espaços de atuação dos profissionais, da demanda por educação continua, da identificação dos
profissionais que atuam nos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, da participação
destes em órgãos de classe, das dificuldades para atuação profissional, gerando fontes de
informação sobre os profissionais bibliotecários.
Neste estudo será aplicada a pesquisa exploratória, que consiste no levantamento bibliográfico
e descritivo, onde são detalhados todos os passos da coleta, tendo a finalidade de registrar,
classificar, analisar e interpretar os dados coletados (VERGARA, 2003).
Segundo Lakatos (1996, p. 188) o estudo exploratório-descritivo combinados “[...] são estudos
exploratórios que têm por objetivo descrever completamente determinado fenômeno [...].
Podem ser encontradas tanto descrições quantitativas e/ou qualitativas quanto acumulação de
informações detalhadas [...]”.
3.3 Quanto aos meios
Lakatos (1991) afirma que este tipo de pesquisa abrange toda obra tornada pública a respeito
de um determinado assunto, desta maneira, busca-se literaturas que abordam a demanda por
informação, o perfil do profissional bibliotecário, e obras que levem a reflexão sobre a área de
estudo e o profissional da informação.
A pesquisa de campo reduz a observação de fatos, não é permitido alterar ou controlar as
variáveis, apenas observá-los como ocorrem de forma espontânea. (OLIVEIRA, 1999).
Conforme Lakatos (1996, p. 163) “[...] a amostra é uma parcela convenientemente selecionada
do universo [...]” , ou seja, o universo é o total de elementos que possui uma característica em
comum e a amostra é uma parcela ou uma parte que a representa.
Assim, optou-se em trabalhar com os profissionais bibliotecários que encontram-se registrados
no Conselho Regional de Biblioteconomia (CRB), 11a Região, atuante nos estados do Acre,
Amazonas, Rondônia e Roraima. Levando-se em consideração que a Universidade Federal do
Amazonas é a única a oferecer cursos de graduação e pós-graduação nestes estados. Segue
abaixo, a distribuição dos profissionais por região.
33
304
07
22
25
A coleta de dados inicia-se com aplicação dos instrumentos a fim de obter os resultados ou
informações necessárias para responder o problema (LAKATOS, 1996; VERGARA, 2003)
O instrumento utilizado para a coleta de dados é um questionário composto por perguntas
fechadas e abertas, delineia questões como: a identificação do profissional, sua formação,
atuação profissional, avaliação tanto de sua formação como da atuação no mercado de trabalho,
participação em órgãos de classe e demandas por educação continuada.
A coleta de dados nos estados do Acre, Rondônia e Roraima estão sendo realizados pelo CRB-
11, através de seus delegados regionais; e no Amazonas pelos integrantes do Núcleo de Ensino
e Pesquisa em Ciência da Informação do Departamento de Biblioteconomia da Universidade
Federal do Amazonas.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O instrumento de pesquisa foi enviado para os profissionais dos estados do Acre, Rondônia e
Roraima por meio do Conselho Regional de Biblioteconomia-11° Região. No Amazonas a
coleta iniciou-se em outubro, finalizando em fevereiro de 2005, contando com a contribuição
26
✔ Formação profissional
✔ Atuação profissional
✔ Instituição de graduação
✔ Educação continuada
4.1 Identificação
A primeira parte da análise consistiu em identificar aspectos como: faixa etária, estado civil e
sexo. Desta forma, observou-se que os profissionais bibliotecários que atuam nos estados do
Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima são formados principalmente por mulheres,
correspondendo a 89% dos bibliotecários que participaram da pesquisa, mostrando que a
profissão bibliotecária ainda é predominantemente feminina.
Quanto aos estado civil, observa-se que mais da metade dos profissionais encontram-se
solteiros (53,5%), em contra partida aos 35,6% dos casados, como é possível verificar no
gráfico abaixo, entre os dados intitulado “outros”, estão os divorciados, viúvos e aqueles que
optaram em não identificar seu estado civil. Em meio ao grupo de indivíduos solteiros nota-se
que se dá em maior frequência entre as mulheres entre 51 a mais 60 anos.
Para Castro (2000, p. 29), entre os anos de 1970 a 1995, foi de “paralisação do crescimento
quantitativo das escolas de graduação [...] e a busca da maturidade teórica da área a partir de
novas abordagens tomadas de empréstimos de outros campos do saber”, no período
correspondente encontram-se 51% dos pesquisado. Entretanto, há maior número de
profissionais formados entre os anos de 2001 a 2004, representando 25%, seguidos dos anos de
1996 a 2000. Como mostra o gráfico abaixo.
29
A fim de verificar a situação atual do profissional quanto a sua atuação no mercado de trabalho,
buscou-se levantar os dados referentes aos que estão ou não empregados, o tipo de órgãos que
atuam, se privado ou público e a sua remuneração. Desta maneira, constatou-se que 88,3% dos
profissionais estão empregados e 9,7% dos pesquisados encontram-se desempregados.
31
Quanto ao tipo de instituição em que os bibliotecários estão atuando, nota-se que em sua grande
parte são compostos por instituições públicas, cerca de 60%, 27% são de instituições privadas
e 13% negou-se a responder este quesito. Em uma pesquisa realizada em Santa Catarina por
Bandeira e Ohira (2000), quanto ao tipo de instituição em que os profissionais bibliotecários
estão empregados, mostram resultados semelhantes, pois 63% dos profissionais atuantes
naquele estado também são de órgãos públicos.
Concurso
7%
9% Seleção Publica
36% Indicação de
conhecidos
18% Indicação de outro
profissional
Contração após o
estagio
15% Outros
15%
Os dados acima mostram que 36%, são profissionais concursados, são os que apresentam
melhores remunerações e possuem estabilidade financeira e social, 18% dos bibliotecários
começaram a atuar por indicação de outros profissionais, mostrando o quão importante é manter
as relações interpessoais na atualidade, onde um profissional pode indicar outro, na medida em
que conhece a prática do colega, com 15% estão aqueles que passaram por uma seleção pública
ou contaram com a ajuda de uma indicação de conhecidos, amigos, colegas.
Em relação às atividades desenvolvidas pelos bibliotecários em suas unidades de informação
destaca-se: área técnica (25,5%), atendimento ao usuário (22,7%), gerenciamento (22%),
alguns exercem todas as funções (14,2%), entre o campo “outros” (12,8%) está inserido os
profissionais que atuam na docência. É possível constatar que, a atuação dos bibliotecários
como profissional liberal ainda é muito baixo nos estados consultados, representado por uma
minoria de 2,8% , no estado de Santa Catarina, a estatística é muito semelhante, apresentando
apenas 2,1%, mas, Bandeira e Ohira (2000) são bastante positivas, pois, afirmam que “apesar
de pouca indicação para Bibliotecário Autônomo (2,1%), é sinal de que o bibliotecário está
começando a ingressar no rol dos profissionais liberais”. Fato este, que também pode ocorrer
entre os estados do Amazonas, Roraima, Acre e Rondônia, Valentim (2000) esclarece que, nos
últimos anos, há um crescimento significativo na atuação do profissional como consultor,
assessor, autônomo.
33
Quanto ao tempo em que estes profissionais estão no atual emprego, temos o maior índice que
é de 43,5%, atuam na mesma unidade de informação de 1 a 5 anos. A permanência em um
longo período no mesmo ambiente de trabalho ocorre em sua maioria nos cargos públicos, em
que os profissionais prestam concurso, foi detectado também que alguns profissionais mais
antigos, entraram para o serviço público através de indicação de outros profissionais ou
conhecidos, pois, na época ainda não havia concurso para o profissional bibliotecário.
Em relação aos aspectos salariais, a pesquisa revela que 31,2% dos bibliotecários, maior índice,
tem a remuneração em torno de R $1.000,00 a R $1.500,00. Há ainda, um grupo significativo
de 18,3% que recebe acima de R $2.500,00. É ainda mais surpreendente que entre os 94
profissionais que responderam o item, 4 destes, recebem abaixo do salário recomendado para
os recém profissionais bibliotecários. Veja o quadro abaixo:
Entre os profissionais que não estão no mercado de trabalho, procurou-se verificar os motivos
de sua não atuação. Dentre eles, 50% não trabalha na área, pois não conseguiu emprego; 12,5
% porque não tinha interesse e por questões salariais, entre os que estão enquadrados em
“outros”, estão aqueles que estão atuando em outras áreas por convite ou necessidade.
35
50,0
50,0 Não conseguiu emprego
40,0
Não tinha interesse em
30,0 atuar mesmo quando
25,0
estava fazendo o curso
Questões salariais
20,0
12,5 12,5
10,0 Outros
0,0
0,0
Os bibliotecários no exercício de sua profissão contam com o apoio dos órgãos de classe, que
tem por finalidade orientar, aperfeiçoar, congregar os profissionais, visando atualização e
aprimoramento profissional, através da promoção de eventos, cursos, vendas de publicações da
área, criação de grupos de trabalho por áreas, etc.
Em relação a participação dos profissionais da informação nos órgãos de classe, chegando aos
seguintes dados:
36
ÓRGÃOS DE CLASSE
5,2
0,9
1 0,9
79,1
13,9
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0
Outros
Associação Brasileira de Educação em Ciência da Informação
Associação dos Ex-Alunos da Graduação
Conselho Regional de Biblioteconomia
Associação de Profissionais Bibliotecários do Amazonas
Observa-se que 79,1% dos profissionais estão ligados ao CRB-11º, fato este relacionado à
obrigação do profissional estar filiado a este para exercer sua atividade biblioteconômica. Em
índices muito menores estão as associações, pois não há obrigatoriedade na filiação do mesmo.
Quanto à atuação dos CRB-11 e da associação de classe, perguntou-se o que os mesmo,
esperavam da atuação destes órgãos de classe, através dos gráficos é possível notar que em
alguns aspectos os profissionais se perdem quanto à função do Conselho Regional e da
Associação de Classe, delegando funções da associação ao conselho, como promoção de
eventos, piso salarial, entre outros. Ao longo da aplicação dos questionários e mesmo através
das observações feitas pelos profissionais, constatou-se que muitos estão insatisfeitos com seus
órgãos de classe, principalmente, com as questões voltadas para a remuneração em suas
atuações como profissionais por não haver ainda um estabelecimento de piso salarial nos
estados estudados, o pagamento obrigatório ao Conselho Regional de Biblioteconomia, uma
vez que, para alguns profissionais a taxa anual é considerada fora da realidade do norte do país
e por fim, programação de eventos e cursos de atualização que há muito tempo não é oferecido
pelos órgãos de classe, papel este das associações de classe, mas, cobrado ao conselho também.
37
66,3
70,0
60,0 52,2
47,8
50,0
40,0 33,7 Sim
30,0 Não
20,0
10,0
0,0
Curso de atualização Participação em evento
Entre os cursos de atualização o índice chega a 68,7% entre um curso e outro de atualização.
40
Além da participação em cursos e eventos, ao serem questionados sobre como vêm realizando
a atualização profissional, observou-se que 31% a realiza através da Internet, 26,2% através de
eventos, 16,9 % através de cursos de curta duração, sendo, a formas menos utilizadas: os cursos
de longa duração, lista de discussão e outras formas.
Assim, é possível analisar que a educação continuada nos estados do Acre, Rondônia. Roraima
e Amazonas, em nível de cursos e eventos é mais sacrificoso, pois existe uma carência muito
grande na realização de cursos e eventos de atualização voltados diretamente para a
Biblioteconomia. Apesar da Internet ser umas das ferramentas mais utilizadas no mundo, o
número de profissionais que a utilizam como ferramenta para se manterem informados ainda é
pequeno. Infelizmente, existem aqueles profissionais que estagnaram, acomodaram-se em seus
trabalhos e não se sentem motivados a buscar a educação continuada.
41
No projeto de pesquisa realizado por Prosdócimo e Ohira (2000), quanto ao interesse em fazer
educação continuada no estado Santa Catarina, observa-se assim que naquele estado há maior
interesse em fazer curso de mestrado. Fator que pode estar relacionado ao índice de
profissionais que já possuem especialização 41,1%, agora visando o mestrado, que infelizmente
ainda não é oferecido pelo Departamento de Biblioteconomia na Universidade Federal do
Amazonas, sendo necessário que os mesmos caso queiram realizá-lo, partir para outros estados.
43
5 CONCLUSÕES
Através dos resultados obtidos pela presente pesquisa, conclui-se de modo geral que, grande
parte dos profissionais bibliotecários que atuam nos estados do Acre, Amazonas, Roraima e
Rondônia são formados pelo sexo feminino, mostrando, que a profissão ainda é
predominantemente feminina.
Quanto à formação profissional, é constituída em substancialmente por profissionais formados
pela Universidade Federal do Amazonas, conforme a opinião dos que tiveram a graduação pela
UFAM, o ponto forte do curso de modo geral é a qualidade do corpo docente e o ponto fraco o
acervo da biblioteca e as poucas aulas práticas, o que leva a crer que muitos profissionais
embarcam no mercado de trabalho, inseguros quanto, a parte técnica da profissão.
Em relação à atuação profissional há um índice grande de profissionais que atuam em
instituições públicas, sendo, os que apresentam melhor remuneração. Quanto às funções
exercidas pelos profissionais em suas unidades de informação há predominância das atividades
relacionadas a área técnica e atendimento ao usuário, alguns profissionais realizam várias
atividades em seu ambiente de trabalho, desde o gerenciamento, área técnica, atendimento ao
usuário, assessoria.
A pesquisa revelou que a participação dos profissionais bibliotecários em órgãos de classe se
dá superficialmente, não havendo união entre eles. Muitos profissionais estão insatisfeitos com
seus órgãos de classe, muitos desconhecem o papel dos conselhos e associações, delegando
funções de um para o outro.
Os aspectos voltados a educação continuada, mostram a necessidade maior em fazer o curso de
mestrado, por outro lado, revela que muitos profissionais não vêm buscando a educação
contínua, os espaços de tempo entre um curso de atualização e eventos, em alguns casos
ultrapassam a 2 anos, fator este infeliz para a atuação do profissional.
Assim, é necessário que os profissionais bibliotecários ou profissionais da informação como
são chamados também, reavalie sua atuação, a busca pela educação contínua e a participação
em seus órgãos de classe, pois, é um conjunto de fatores que fazem com que a profissão não
seja mais vista com o preconceito de que o bibliotecário é um guardião de livros em uma
biblioteca. Tornar-se um profissional que atenda as necessidades da sociedade é o papel
fundamental do profissional da informação, implica estar antenado às mudanças deste mundo
globalizado para ser um agente de transformação.
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CRONOGRAMA
1 Levantamento e estudo do X X X X X X X X X X
referencial teórico
2 Elaboração do instrumento de X
coleta de dados
3 Pré-teste do instrumento de X
coleta de dados
4 Coleta de dados
Estado do Amazonas X X X X X
Estado do Acre X X
Estado de Rondônia X X X
Estado de Roraima X X X
5 Tabulação de dados X X X X X
6 Análise dos dados X X X X
7 Elaboração do resumo e X
relatório final
8 Preparação da apresentação X
final para congresso
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REFERÊNCIAS
BARBALHO, Célia Regina Simonetti; MORAES, Suely Oliveira. Guia para normalização
de relatórios técnicos científicos. Manaus: EDUA, 2003.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
OLIVEIRA, Silvio Luiz. Tratado de metodologia científica: projetos de pesquisa, TGI, TCC,
monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 1999.
PROSDÓCIMO, Zulma Purês Alves; OHIRA, Maria Lourdes Blatt. Quem é o bibliotecário
em exercício no estado de Santa Catarina: necessidade de educação continuada. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 19.2000,
Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: PUCRS, 200. 1 CD-ROM.