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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


DEPARTAMENTO DE APOIO A PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

PERFIL DO PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO: O STATUS QUO DA


REALIDADE AMAZÔNICA

Bolsista: Angela Emi Yanai, CNPq

MANAUS
2005
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE APOIO A PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

RELATÓRIO FINAL
PIB – SA/024/2004
PERFIL DO PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO: O STATUS QUO DA
REALIDADE AMAZÔNICA

Bolsista: Angela Emi Yanai, CNPq


Orientador (a): Profª. Dra. Célia Regina Simonetti Barbalho

MANAUS
2005
Não sei...
se a vida é curta
ou longa de mais para nós,
mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa do outro mundo:
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura...
enquanto durar.

(Cora Carolina)
RESUMO

Analisa o perfil do profissional bibliotecário inserido no mercado de trabalho da jurisdição do


Conselho Regional de Biblioteconomia, 11ª Região. Caracteriza o aspecto de sua atuação
evidenciando sua necessidade de formação continuada. A história da Biblioteconomia no Brasil
inicia-se com a chegada dos primeiros padres ao país, foram eles também os primeiros
educadores e bibliotecários brasileiros. A formação intelectual brasileira no exterior contribuiu
significativamente para o desenvolvimento de técnicas e de uma biblioteconomia mais
“racional”. O curso de Biblioteconomia surgiu apenas em 1911, dotando como parâmetro a
École Nationale des Chartes, de Paris, primeira escola criada no mundo visando à formação de
profissionais para atuar em bibliotecas. Entre os anos de 1929 a 1962, o Brasil já se encontrava
fortemente influenciado pelos Estados Unidos, dando início à segunda fase do ensino
profissional de Biblioteconomia, o pragmatismo americano abriu novos caminhos para atuação
profissional através do Instituto Mackenzie. O perfil dos bibliotecários formados passa a ser
bastante técnico. A implantação de um novo projeto de currículo mínimo iniciou nos anos 80,
mas só foi efetivado nos anos 90. A partir de 2001, sob uma nova perspectiva, está muito mais
flexível às mudanças sociais, econômicas e políticas de um país em desenvolvimento. O atual
mercado de trabalho tem exigido um profissional observador, empreendedor, atuante, flexível,
dinâmico, ousado, integrador, criativo, competente e que busque sempre aperfeiçoar suas
práticas, principalmente mais voltado para o futuro e ser um agente de transformação. Desta
forma, a graduação é indiscutivelmente fundamental para a formação de qualquer profissional,
entretanto, é apenas o início da formação de cada indivíduo, pois ela por si só não preenche
todas as lacunas na atuação profissional, tornando-se importante buscar a qualidade e o
aperfeiçoamento contínuo nas suas atividades profissionais. Neste projeto de pesquisa, foi
utilizada a pesquisa quali-quantitativa e exploratória. Optou-se em trabalhar com os
profissionais bibliotecários que se encontram registrados no Conselho Regional de
Biblioteconomia-11a Região, englobando 366 profissionais registrados, sendo que 07 atuam no
estado do Acre, 22 em Rondônia, 33 em Roraima e 304 no Amazonas. Verificou-se através da
pesquisa que, 89% dos bibliotecários são do sexo feminino, mostrando que a profissão ainda é
predominantemente feminina e 53,5% dos pesquisados são formado por indivíduos solteiros;
86% dos bibliotecários são graduados pela Universidade Federal do Amazonas, dos quais
51,9% possui formação complementar. A pesquisa mostrou também que os profissionais
possuem dificuldades enquanto o desenvolvimento da educação continua. Quanto ao mercado
de trabalho, 60% dos pesquisados são empregados em órgãos públicos, tendo os melhores
salários. Assim, pode-se concluir que os profissionais que atuam na jurisdição do CRB-11º
Região sofrem com a distância geográfica, necessitam unir-se em prol da melhoria de sua classe
e de sua atuação como profissionais da informação, buscando a educação contínua.

Palavra –Chave: Bibliotecário; Perfil Profissional.


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Divisão por sexo 30


Gráfico 2 – Faixa etária 31
Gráfico 3- Estado civil 31
Gráfico 4 – Formação universitária 32
Gráfico 5 – Período de conclusão da graduação 33
Gráfico 6- A graduação como ponte para o ingresso no mercado de trabalho 33
Gráfico 7- Índice de atuação no mercado de trabalho 35
Gráfico 8 – Tipo de instituição em que os profissionais atuam 36
Gráfico 9 – Forma de acesso ao emprego 36
Gráfico 10 – Funções exercidas pelo profissional na unidade de informação 37
Gráfico 11 – Tempo de atuação na atual emprego 38
Gráfico 12 – Faixa salarial 39
Gráfico 13 – Razões da não atuação 39
Gráfico 14 – Participação em órgãos de classe 40
Gráfico 15 – Missão da Associação de classe 42
Gráfico 16 – Missão do CRB-11 42
Gráfico 17 – Formação complementar 43
Gráfico 18 – Participação em cursos e eventos 44
Gráfico 19 – Última participação em evento 44
Gráfico 20 – Última participação em cursos 45
Gráfico 21 – Como os profissionais têm se atualizado 46
Gráfico 22 – Necessidades em educação continuada 46
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

1. OBJETIVO GERAL 10

2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 10

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 11

3.1 ENSINO DA BIBLIOTECONOMIA NO CONTEXTO BRASILEIRO 11

3.2 MERCADO DE TRABALHO 19

4. METODOLOGIA 24

4.1 Quanto à natureza 24

4.2 Quanto aos fins 24

4.3 Quanto aos meios 25

4.4 Universo e amostra 25

4.5 Instrumento de coleta de dados 26

RESULTADOS PARCIAIS 27

CRONOGRAMA

REFERÊNCIAS 37
9

INTRODUÇÃO

As primeiras tentativas de implantar a Biblioteconomia no Brasil datam do início do século XX,


baseada a princípio no modelo europeu e mais tarde no norte-americano. O desenvolvimento
do curso e a formação do bibliotecário sofreram diversas transformações e críticas ao longo da
história, pois, estava voltado apenas para a técnica e não para as necessidades da sociedade. A
globalização e o desenvolvimento tecnológico fizeram com que os profissionais da informação
refletissem sobre seu papel e sua atuação no novo mercado de trabalho, este, vem exigindo o
desempenho de um profissional mais ousado, empreendedor, eficiente, eficaz, determinado,
criativo, persistente, dinâmico, energético e ao mesmo tempo, que saiba valorizar o cliente
como principal bem da organização.
O tema do projeto de pesquisa “Perfil do profissional bibliotecário: o status quo da realidade
amazônica” nasceu da necessidade de identificar o perfil dos profissionais bibliotecários que
atuam no âmbito do Conselho Regional de Biblioteconomia-11ª Região, órgão responsável pela
regularização e fiscalização da profissão bibliotecária nos estados do Acre, Amazonas,
Rondônia e Roraima. Conforme a informação deste regional, em 2004 havia 366 profissionais
ativos registrados, sendo que 07 atuam no estado do Acre, 22 em Rondônia, 33 em Roraima e
304 no Amazonas.
Assim, a pesquisa tem como objetivo geral identificar o perfil dos profissionais que atuam no
espaço amazônico. Dentro deste ângulo, procurar-se-á trabalhar a identificação, formação e a
atuação do profissional bibliotecário, a instituição de graduação, neste caso a Universidade
Federal do Amazonas, por ser a única que oferta cursos de graduação e pós-graduação na área
da Biblioteconomia e Ciência da Informação, entre os estados do Acre, Rondônia, Roraima e o
Amazonas, cabendo a ela conhecer o perfil e as expectativas dos profissionais da informação
inseridos nestes estados, a fim de contribuir para a formação e educação continuada dos
mesmos; procurar-se-á também analisar a participação dos bibliotecários em órgãos de classe;
bem como, discutir a importância da educação contínua para a permanência no mercado de
trabalho, gerando por fim, fontes de informação sobre os profissionais bibliotecários.
Logo, examinar a formação e as necessidades que estes profissionais têm por educação
continuada, contribuindo assim, com a Universidade Federal do Amazonas, tendo em vista, que
é a única que oferece cursos de graduação e pós-graduação para estes estados; acrescentando
10

também para a reflexão da atuação dos profissionais bibliotecários, que são peças fundamentais
para o desenvolvimento sócio-econômico da Amazônia, assim como, de seus habitantes.

2 OBJETIVO

1.1 Objetivo Geral

● Identificar o perfil do profissional bibliotecário que atua no espaço amazônico.

1.2 Objetivo Específico

● Abordar a história da Biblioteconomia no Brasil, bem como aspectos sobre os órgãos


de classe;
● Discutir acerca da importância da educação contínua para a permanência no mercado
de trabalho;
● Identificar nos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, os profissionais que
neles atuam;
● Examinar a formação continuada e os espaços de atuação dos profissionais;
● Relacionar a demanda por educação continuada;
● Qualificar o tipo de participação nos órgãos de classe;
● Arrolar as dificuldades para atuação profissional;
● Gerar fontes de informação sobre os profissionais bibliotecários.
11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para compreensão da temática abordada buscou-se uma reflexão sobre a literatura disponível.
Procurando compreender a história da Biblioteconomia no Brasil, bem como, aspectos sobre os
órgãos de classe, formação do profissional bibliotecário, a importância da educação contínua
para a permanência no mercado de trabalho e as novas tendências deste século.

2.1 Ensino da Biblioteconomia no contexto brasileiro

2.1.1 Os primeiros bibliotecários e suas bibliotecas

Para compreender o ensino da Biblioteconomia no contexto brasileiro é necessário antes de


qualquer coisa conhecer a sua história. Entretanto, encontra-se uma certa dificuldade em
localizar informações relacionadas ao tema, devido à escassez de fontes, como afirma Souza
(1992, p. 123):
[...] o estudo do ensino e Biblioteconomia no país carrega uma certa
dificuldade notadamente em função da escassa literatura [...]. E os existentes não
contemplam os aspectos econômicos-históricos-sociais, privilegiando a cronologia dos
fatos em detrimento da análise do conteúdo.

Apesar das dificuldades encontradas para o levantamento de informações quanto à história do


ensino de Biblioteconomia no Brasil, é fundamental compreender como o processo de formação
foi e vem sendo realizado, pois influenciou e influenciará profundamente a atuação dos
profissionais da área.
Segundo Fonseca (1992), as primeiras bibliotecas brasileiras foram organizadas pelos Jesuítas
em seus colégios em meados do século XVI, sendo estes também os primeiros bibliotecários.
Acredita-se que a primeira biblioteca tenha surgido na Bahia, a princípio seu acervo era
destinado apenas aos usuários internos e mais tarde tornou-se público. Em 1582, surgiu a
primeira biblioteca monástica de um mosteiro beneditino. Conforme o estabelecimento de
outras ordens religiosas, foram introduzidas novas bibliotecas, isto se dá segundo Fonseca, de
12

acordo com a tradição de que “claustrum sine armário, quase castrum sine armamentario”, ou
seja, claustro sem livros é como um quartel sem armamento.
Fonseca (1979) em seu livro “A Biblioteconomia brasileira no contexto mundial” revela que o
padre jesuíta Antônio Vieira, em depoimento autobiográfico feito ao tribunal da inquisição,
declarou ter exercido a atividade de bibliotecário “em todos os colégios” e que, graças a isto,
pôde visitar “as melhores livrarias do mundo”. Além do padre Antônio Vieira, no início do
século XVII, outros religiosos começaram a se estabelecer no Brasil com suas bibliotecas, entre
eles estão os Capuchinhos, vindos da França, dirigiram-se a princípio ao Maranhão; os
Mercedários, de origem espanhola, chegaram ao Brasil através da expedição de Pedro Teixeira
à Amazônia; e os Oratorianos, responsáveis pelo primeiro instituto religioso fundado no Brasil.
Desta maneira, verifica-se que a história da Biblioteconomia no Brasil inicia-se com a chegada
dos primeiros padres ao país, foram eles também os primeiros educadores e bibliotecários
brasileiros.
O Brasil antes do século XX afetado pela tradição portuguesa e cristã não valorizava muito a
transformação do mundo material em saber científico e técnico, pois, existia uma forte tradição
poética e religiosa ao ponto de Portugal chegar ao século XX entre os países mais atrasados da
Europa em relação a tecnologia e economia como afirma Souza (1990, p. 11-13).
Somado ao fato, pode-se destacar que o interesse de Portugal não era de fazer o Brasil, muito
menos daqueles que nele habitavam, um país de pensadores, pesquisadores ou questionadores;
o Brasil era uma colônia de exploração e o maior interesse de Portugal era o de apropriar-se de
todas as suas riquezas.
“As bibliotecas particulares foram os primeiros frutos do Iluminismo no Brasil”, pois as
bibliotecas dos mosteiros não possuíam obras que exprimiam a “crise da consciência européia”,
sendo assim, os intelectuais da época a muito custo, tanto financeiro quanto de vida, iam
formando as coleções de suas bibliotecas particulares. (FONSECA, 1979, p. 18)
As bibliotecas particulares nasceram da necessidade que os intelectuais e pensadores da época
tinham para suprir suas necessidades informacionais, uma vez que as bibliotecas existentes na
época, não dispunham de acervos voltados para as grandes questões filosóficas da época, que
afetava a Europa e conseqüentemente o Brasil, pois, a igreja ainda influenciava fortemente
grande parte da população.
Durante o século XIX constam algumas atividades significativas para a prática bibliotecária,
em virtude da vinda do núcleo do acervo da futura biblioteca nacional brasileira, e as inovações
tecnológicas introduzidas no catálogo do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro e
13

pela iniciativa de intelectuais brasileiros que desejavam uma Biblioteca Nacional à altura dos
países desenvolvidos (SOUZA, 1990, p. 20).
A Biblioteca Nacional foi fundada em 1810, mas o atendimento ao público, ou seja, a população
como um todo, só ocorreu quatro anos depois. A formação intelectual brasileira no exterior
contribuiu significativamente para o desenvolvimento de técnicas e de uma biblioteconomia
mais “racional”. Destacando-se, desta forma, o médico e professor Ramiz Galvão, que viria a
tornar-se mais tarde o Diretor da Biblioteca Nacional, onde introduziu as principais técnicas de
organização e administração utilizadas na Europa.

2.2 Início da educação biblioteconômica

O curso de Biblioteconomia surgiu em 1911 como parte do decreto nº 8.835 que estabelecia o
regulamento da Biblioteca Nacional, adotando como parâmetro a École Nationale des Chartes,
de Paris, primeira escola criada no mundo visando à formação de profissionais para atuar em
bibliotecas. Entretanto, foi iniciado apenas em meados de 1915 com a duração de um ano, tendo,
o pré-requisito de ter concluído o curso de Humanidades e submeter-se a um exame de
admissão, pois, o curso tinha por objetivo suprir as necessidades da instituição (SOUZA, 1990).
Para Castro (2002, p. 27), “este curso, era sem qualquer planejamento curricular e sem
perspectivas de atender necessidades alheias a essa instituição. As disciplinas eram oferecidas
de maneira estanque e desarticuladas, com o objetivo de formar um profissional com perfil
“erudito-guardião”, uma vez que o curso formava bibliotecários-humanistas-conservadores.
Observa-se que, o primeiro curso de Biblioteconomia do Brasil oferecido pela Biblioteca
Nacional, possuía várias falhas e estava centrado, sobretudo no repasse de experiência por parte
dos professores, com o único objetivo de suprir as necessidades da Biblioteca Nacional, gerando
desta forma, um profissional conservador, considerado um guardião do acervo.
O curso da Biblioteca Nacional funcionou regularmente até 1922, mas, com o surgimento do
Regulamento do Museu Histórico Nacional, em 2 de Agosto de 1921, deu-se início ao “Curso
Techico”, que tinha a finalidade de formar profissionais para atuarem tanta na Biblioteca
Nacional quanto no Arquivo Nacional, o curso passaria a ter dois anos, compostos por oito
disciplinas, distribuídas entre a Biblioteca Nacional, o Arquivo Nacional e o Museu Histórico
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Nacional, cada instituição ficando responsável por determinadas disciplinas. Entretanto, o curso
não saiu do papel, o fato se deu, principalmente por falta de professores, que não concordavam
com a criação do curso e por terem suas atividades dobradas sem qualquer adicional salarial
(CASTRO, 2000, p. 57-58).
A influência européia no Brasil segue ainda até 1930, tanto sobre a Biblioteconomia quanto nas
artes, como se verifica na Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, marcada pelas
vanguardas européias.
Entre os anos de 1929 a 1962, o Brasil encontrava-se fortemente influenciado pelos Estados
Unidos, dando início a segunda fase do ensino profissional de Biblioteconomia (MULLER,
1985, apud, CYSNE, 1993, p. 58). Em 1929, o Instituto Mackenzie de São Paulo, influenciado
pela moderna pedagogia americana, “implantou o curso de Biblioteconomia, com o currículo
de um ano de duração. É considerado por alguns autores como um curso com características
meramente técnicas tendo como disciplinas catalogação, classificação, referência e organização
de bibliotecas” (SOUZA, 1990, p. 43).
O pragmatismo americano abriu novos caminhos para atuação profissional através do Instituto
Mackenzie. Nesta mesma época, os Estados Unidos concederam várias bolsas de estudos para
as mulheres latino americanas para estudarem em suas universidades, organizou vários eventos,
conferências na América do Sul e Central, com o objetivo de manter a cooperatividade entre as
Américas.
Em 1944, a Biblioteca Nacional, através do Decreto Lei Nº 6440 de 27 de abril de 1944, no seu
Art. 2, passou a seguir o modelo americano, sofrendo algumas alterações, tais como:
a) Formação pessoal habilitado a organizar e dirigir bibliotecas ou executar serviços
técnicos nas mesmas;
b) Promoção do aperfeiçoamento ou especialização de bibliotecários e de outros servidores
em exercício nas bibliotecas oficiais e particulares;
c) Difusão dos progressos realizados no país e no estrangeiro, no campo da
Biblioteconomia.

Esta nova alteração no curso da Biblioteca Nacional passou a formar indivíduos não apenas
para suprir as necessidades da Biblioteca Nacional, mas, sua formação profissional permitiria
atuar em qualquer biblioteca.
Segundo Cysne (1993, p. 60), na década de 60 com a aprovação da Lei 4084/62, regulamentada
pelo Decreto 56725/65, foi considerado um marco para a categoria, visto que, a profissão passa
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a ser universitária e a prática é legitimada socialmente, estabelecendo o currículo mínimo de 3


anos, aprovado pelo Conselho Federal de Educação, em 1962.
O perfil dos bibliotecários formados até então era baseado no modelo americano, assim,
bastante técnico e insuficiente para atender o desenvolvimento econômico e social do país desde
os anos 40, além disso, cada escola tinha programas e objetivos diversificados, agravado à
medida que os alunos do curso, já não possuíam uma gama de informações, uma vez que, eram
oriundos do ensino secundário, ao contrário, dos bibliotecários que foram formados no início
para atuarem na Biblioteca Nacional que faziam parte da elite intelectual. Martins (1999, p. 55)
aponta ainda outro fator:

[...] enquanto nos Estados Unidos exigia-se dos candidatos ao curso de


Biblioteconomia o grau de bacharel em Artes ou Ciências, no Brasil, esse mesmo curso
de conteúdo técnico-profissionalizante, orientado pelos mesmos instrumentos e
manuais, era oferecido a candidatos oriundos de curso secundários. Além disso, embora
nos dois casos a natureza das disciplinas da grade curricular fosse técnica, os alunos
norte-americanos, por serem bacharéis possuíam uma qualidade não encontrada na
maioria dos alunos brasileiros: um referencial de cultura para contextualização dos
conteúdos recebidos. Essa foi uma diferença que, muito provavelmente, deve ter
determinado os rumos assumidos pela Biblioteconomia brasileira.

Russo (1968 apud CYSNE, 1993, p. 60-61) identificou uma série de problemas enfrentados
naquele momento, como:
a. improvisação de professores;
b. falta de especialização em nível de pós-graduação;
c. magistério sob forma do tempo parcial, o que torna grande a distância entre professores e alunos e o
ensino inadequado às necessidade de um processo pedagógico moderno. É sabido que os professores, quase
sempre, vivem sobrecarregados de afazeres, sem tempo para o indispensável convívio com os alunos;
d. hiato entre a escola e a comunidade, motivo por que deve ser condição precípua dos cursos atualizarem-
se quanto aos problemas das bibliotecas e do meio onde se situam;
e. condições falhas de ensino teórico, a fim de ser resolvido o problema dos que concluem o curso sem
prática alguma, para um trabalho imediato e produtivo na profissão que elegeram.

A consciência da realidade e das debilidades no ensino e na formação dos profissionais


bibliotecários, que já não atendia e muito menos satisfazia em conteúdo e formação de um
profissional, deu início a vários encontros, discussões, seminários e congressos, onde, discutia-
se, sobretudo a reformulação do currículo mínimo.
A implantação de um novo projeto de currículo mínimo iniciou nos anos 80, mas só foi
efetivado nos anos 90, período em que as primeiras turmas de bibliotecários por ele formadas
começaram a embarcar no mercado de trabalho. Nesta mesma época o nível de bacharelado
acadêmico entra em confronto com a pós-graduação stricto sensu, pois, este se distanciava dos
conteúdos fundamentais da Biblioteconomia, voltando-se para a pesquisa científica e a geração
de conhecimento, tornando-se conhecida como Ciência da Informação e deixando de ser
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exclusivamente para bibliotecários. Apesar da Biblioteconomia e a Ciência da Informação


tratarem de objetos comuns, mas, sua linguagem era diferente, tanto no saber expresso que
sistematizavam e propagavam, quanto na transposição didática que realizavam para consolidar
os estilos pedagógicos empregados. Na década de 90, a universidade já não é mais apenas um
espaço de valorização social no campo da Biblioteconomia, visto que, a partir de então, também
é uma produtora de conhecimento científico através da Ciência da Informação (SOUZA, 2002,
p. 2-3).
As Diretrizes Curriculares Nacionais de 2001 determinam que a formação do bibliotecário
supõe desenvolvimento de determinadas competências, habilidades e o domínio dos conteúdos
da Biblioteconomia, sendo ainda capaz de atuar em diferentes unidades de informação.
Recomendam ainda, que os projetos acadêmicos acentuam a adoção de uma perspectiva
humanística na formulação dos conteúdos, dando sentido social e cultural.
O ensino da Biblioteconomia no Brasil, após décadas de profundas transformações e
reformulações, ainda enfrenta problemas. Entretanto, a partir de 2001, encontra-se sob nossa
perspectiva, muito mais flexível às mudanças sociais, econômicas e políticas de um país em
desenvolvimento. Há consciência da importância de acompanhar as necessidades da sociedade
e ser um agente de transformação, contribuindo para o desenvolvimento nacional.
Segue abaixo um quadro com o resumo do percurso do ensino da Biblioteconomia até 1995,
dividido em cinco fases conforme Castro (2000, p.26-29) .

FASE I: 1879-1928 Movimento fundador da Biblioteconomia no Brasil de influência humanista


francesa sob a liderança da Biblioteca Nacional
1879 Realização do primeiro concurso para bibliotecário durante a gestão de
Ramiz Galvão
1911 Criação na Biblioteca Nacional do primeiro Curso de Biblioteconomia no
Brasil, durante a gestão de Manoel Cícero Peregrino da Silva
1915 Inicio das atividades do Curso da Biblioteca Nacional
1923 Paralisação do curso da Biblioteca Nacional, quando é estabelecido, no
Museu Histórico Nacional, o Curso Technico com a finalidade de formar
bibliotecários, paleógrafos, arquivistas e arqueólogos
FASE II: 1929-1939 Predomínio do modelo pragmático americano em relação ao modelo
humanista francês
1929 Criação do curso do Instituto Mackenzie, marca do inicio da influência
técnica americana
1931 Retomada do curso da Biblioteca Nacional
1935 Encerramento do curso do Mackenzie
1939 Criação do curso do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de
São Paulo, por Rubens Borba de Moraes
1939 Fechamento do curso do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal
de São Paulo
FASE III: 1940-1961 Consolidação e expansão do modelo pragmático americano
1940 Transferência do Cultura da Prefeitura Municipal de São Paulo para a
Escola Livre de Sociologia e Política – ELSP
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1942 Início da expansão do campo do ensino pelo país


1944 Reforma do curso da biblioteca Nacional durante a gestão de Rodolfo
Garcia (1933-1945)
1954 Criação do Instituo Brasileiro de Bibliografia e Documentação - IBBD
1958 Definição da Biblioteconomia como profissão liberal e nível superior
1961 Criação da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários -
FEBAB
FASE IV: 1962-1969 Uniformização dos conteúdos pedagógicos e regulamentação da profissão
1962 Promulgação da Lei 4084. Aprovação do primeiro currículo mínimo de
Biblioteconomia
1963 Primeiro Código de Ética do Bibliotecário
1965 Criação do Conselho Federal de Biblioteconomia
FASE V: 1970-1975 Paralisação do crescimento quantitativo das escolas de graduação e
crescimento quantitativo dos cursos de pós-graduação; busca da maturidade
teórica da área a partir de novas abordagens tomadas por empréstimo de
outros campos de saber.
Quadro 1 - Ensino de graduação em Biblioteconomia
FONTES: CASTRO, 2000

2.3 Mercado de Trabalho

O atual mercado de trabalho tem exigido profissionais dinâmicos, criativos, habilitados,


competentes e que busquem sempre aperfeiçoar suas práticas.
A formação acadêmica, “[...] por mais completa que pareça, não o prepara integralmente para
que consiga acompanhar as diversas exigências do mercado de trabalho por um longo período
de tempo, visto as rápidas transformações no contexto geral da humanidade” (FIGUEIREDO;
FREITAS; NASCIMENTO, 1997, p. 32).
Hoje o campo de atuação do profissional bibliotecário não está mais limitado às bibliotecas ou
a organização de documentos de acesso físico. O mais importante é as informações registradas
nesses documentos e a capacidade de executar as demandas dos usuários com eficiência e
eficácia.
Segundo Tarapanoff (1996 apud VALENTIM, 2000, p. 1), o objeto de trabalho dos
profissionais bibliotecários “[...] é a informação [...] e seu know how e tecnologia própria são
os processos ligados ao ciclo documentário ou informacional”, as constantes mudanças
tecnológicas e a globalização tem afetado profundamente os meios tradicionais de trabalho
desses profissionais. Desta forma, o tratamento da informação exige novas metodologias de
análise, processamento e disseminação, contando ainda, com equipes multidisciplinares, sendo
assim, fundamental que o profissional aprenda a trabalhar em equipe.
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As grandes mudanças tecnológicas, também trouxeram possibilidades de profundas


modificações no ambiente de trabalho do profissional bibliotecário, podendo ser em qualquer
lugar e tempo, pois, o trabalho em si está se alterando substancialmente.
Segunda Abbas (1997, apud, BLATTMANN; FACHIN; RADOS, 20—), existe uma diferença
entre o que o computador pode fazer e o que o bibliotecário pode fazer, por exemplo, enquanto
os computadores coletam, identificam e organizam a informação, o bibliotecário auxilia na
seleção da informação para os usuários, evitando a sobrecarga informacional. É importante que
o bibliotecário saiba onde e a quem recorrer quanto ao suporte técnico para as redes
computacionais e de trabalho, acesso à rede via modems, acesso em rede local, digitalização,
tenha conhecimento dos diversos formatos de imagem e documentos, metadados, multimídias,
entre outros. Acima de tudo, é necessário que o profissional da informação aprenda como
melhor acessar as informações e avaliar criticamente os recursos emergentes nas diversas
unidades de informação, coordenando a integração de bases de dados e promovendo as
iniciativas sobre a informação digital nas instituições/empresas para atender a demanda de seus
clientes ou usuários.
Apesar da gama de informações tecnológicas que cerca o bibliotecário, não quer dizer que ele
tenha que dominar todas as ferramentas, ou que ele tenha que fazer os programas que irá utilizar
na unidade de informação, mas, é importante que ele ao menos tenha noção da importância,
utilidade ou mesmo, saiba utilizar as tecnologias da informação e a quem possa recorrer para
auxiliá-lo ou em conjunto com este, trabalhar em equipe.
Valentim (2000, p. 3-4) após identificar de forma sistematizada o mercado de trabalho do
profissional bibliotecário, divide-o em 3 grandes grupos:
a. Mercado informacional tradicional – composto por segmentos bastante conhecidos dos
profissionais e geralmente os únicos lembrados pela sociedade e às vezes pelo próprio
profissional. São elas as bibliotecas públicas, escolares, universitárias, especializadas, centros
culturais, arquivos, etc.
b. Mercado informacional existente não ocupado – bibliotecas escolares, editoras,
livrarias, empresas privadas, provedores de internet, banco de dados, etc.
c. Mercado informacional – tendências.

A autora afirma ainda que, nos últimos anos, há um crescimento significativo na atuação do
profissional como consultor, assessor, autônomo, exigindo que este profissional seja mais
ousado e empreendedor.
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Para Crispim e Jagielski (2001), a crescente mudança nas organizações em geral, que vêm
dando valor para os centros de documentação, na medida em que a sua desorganização gera
prejuízos significativos às empresas, principalmente financeiros, assim, surgindo à necessidade
de um profissional qualificado para a realização desse serviço. Este fato, mostra as profundas
mudanças nas relações entre o empregado e o empregador, aumentando cada vez mais o número
de serviços terceirizados ou outsourcing, ou seja, cresce o campo para o profissional liberal no
setor privado.
Assim, atuar como um profissional autônomo, requer algumas características fundamentais para
se obter êxito e permanência no mercado, tais como: ser ousado, empreendedor, ter confiança,
criatividade, dinamismo, aperfeiçoamento contínuo.
O mercado do profissional da informação é vasto, entretanto, muitos profissionais recém
formados ou não, encontram-se desempregados. Às vezes por não se darem conta que sua
formação permite a atuação em diferentes organizações ou mesmo por questões políticas,
sociais e econômicas, como é o caso das bibliotecas escolares, que sofrem pela falta de apoio à
educação e à cultura. Apesar das adversidades os profissionais precisam estar cientes da sua
importância no desenvolvimento do país e da sociedade e ser capaz de refletir e responder
claramente para si e para outros sobre:

1. Realidade: a) saber separar a situação real da situação ideal; b) conhecer os pontos fracos e fortes da área;
c) ter noção de conjunto; e) ter consciência de país.
2. Identidade: a) quem somos?; b) o que queremos?; c) Qual é o nosso objeto de trabalho?; d) onde queremos
chegar?; e) qual é a nossa estratégia profissional?
3. Foco: a) quem são nossos clientes reais?; b) quem são nossos potenciais clientes?; c) quem são nossos
parceiros?; d) quem são nossos concorrentes?; e) o que somos para a sociedade?; f) o que queremos ser para a
sociedade?
4. Processos: a) Qual é a nossa matéria-prima de trabalho?; b) Quais são os nossos produtos informacionais?;
c) Quais são os nossos serviços?; d) o que e como produzimos atualmente?; é) o que e como queremos produzir
no futuro?
5. Recursos: a) quais as tecnologias atuais e quais as tendências para as tecnologias de informação no
próximo milênio?; b) quais as competências e habilidades necessárias ao profissional hoje e quais serão no futuro?;
c) como é a unidade de trabalho hoje e como será no futuro?
6. Perspectivas: a) quem seremos no futuro?; b) qual será o nosso objeto de trabalho no futuro?; c) qual será
nosso mercado de trabalho no futuro?; d) O que a sociedade estará precisando no futuro? (VALENTIM, 2000, p.
2)

Desta forma, o profissional da informação para não se deparar em meio ao número cada vez
crescentes de profissionais graduados desempregados, precisa estar ciente das necessidades da
sociedade, da realidade que o cerca, que as mudanças são importantes. Logo, é fundamental
que este profissional seja mais observador, empreendedor, atuante, flexível, dinâmico, ousado,
20

integrador, criativo, principalmente mais voltado para o futuro e ser um agente de


transformação.
21

2.4 Educação Continuada

“O profissional que devemos ser é vivo e atuante. Como? Através do aprimoramento contínuo
e afinado com a realidade” (MÜLLER, 1996 apud VALENTIM, 2000, p. 2)
Conforme Araripe (1999), no Brasil estão sendo realizados muitos estudos e pesquisas, cujo
objetivo é dar novos rumos a Biblioteconomia, principalmente em relação à educação contínua,
voltados a promoção de cursos que tratem das novas exigências sócias, qualidade nos serviços
de informação, gerenciamento de unidades de informação, entre outros.
A atualização contínua do profissional da informação que busca ser competente e dinâmico é
imprescindível. A graduação é indiscutivelmente fundamental para a formação de qualquer
profissional, entretanto, é apenas o início da formação de cada indivíduo, pois ela por si só não
preenche todas as lacunas na atuação profissional. Como se pode verificar em Souza (1993, p.
71) ao afirmar que o:
[...] conhecimento está sujeito a múltiplas interpretações e a diversas formas
de execução prática, a educação formal assume o papel preponderante de metodizar o
acesso e o manuseio desse mesmo conhecimento.[...] Decorrente desse raciocínio, vem
a compreensão de que nenhum indivíduo, ao concluir qualquer curso profissional
secundário ou universitário, esteja pronto para atuar em um dado mercado sem a
necessidade de continuar buscando novos saberes que surgem no campo em que se
formou ou em campos correlatos.

Para Nascimento, Figueiredo e Freitas (2003, p. 40) ”um ponto onde as escolas de graduação
não funcionam com eficácia, é a questão concernente a idiomas estrangeiros”. Os autores
ressaltam a importância de se ter domínio de pelo menos uma língua estrangeira, o inglês, por
exemplo, atualmente considerado o idioma da comunicação e com abundante literatura na área
da ciência da informação. Outro item fundamental na educação continuada diz respeito aos
instrumentos tecnológicos, incluindo cursos de informática, conhecimento sobre acesso,
realidade e uso da Internet e demais meios de comunicação.
A revolução educacional trouxe grandes vantagens e facilidade no aprendizado contínuo, com
a educação à distância, baseada na concepção de que o aprendizado é uma experiência
individual.
Valentim (2002, p. 118), em “Formação, competências e habilidades do profissional da
informação” discorrem a respeito da importância da educação continua na prática
biblioteconômica:
Atuar de forma profissional [...] é agir com responsabilidade no uso dos diferentes
recursos e instrumentos da profissão que atenda os diferentes públicos existentes. [...]
22

O profissional da informação deve buscar informação e conhecimento de forma


contínua, pois estes são os mais valiosos recursos estratégicos. Investir nisso é muito
importante para o crescimento profissional. Por uma questão de atitudes profundamente
arraigas, a maioria dos profissionais espera que a organização faça isso, isto é, seja a
única responsável pela sua educação continuada. O profissional deve ter consciência
de que a responsabilidade pela sua educação continuada, ou seja, a informação e o
conhecimento dentro de um prisma mais adequado: como investimento pessoal, é da
organização em que atua, mas não só dela, é também dele mesmo.

Desta forma, é de suma importância buscar a qualidade e o aperfeiçoamento contínuo nas suas
atividades profissionais, é importante também que o bibliotecário se conheça, reflita sobre sua
atuação e limitações e não ache que, terminando a graduação, já aprendeu tudo o que precisava
para sua atuação enquanto profissional da informação, até porque, o mundo que o cerca, está
em constante mudança, transformação e o profissional não pode ficar à margem dessas
mudanças. E isto, é um investimento pessoal, é buscar se valorizar cada vez mais como
indivíduo e profissional, não se deixando alienar a rotina, com isto, se tornando um agente ativo
no ambiente em que se encontra.
23

3 METODOLOGIA

3.1 Quanto à natureza

Para o desenvolvimento desta pesquisa será utilizado a pesquisa quali-quantitativa. Por meio
da pesquisa qualitativa é possível obter resultados mais profundos em relação ao fenômeno
estudado, assim, a preocupação do pesquisador estar em aprofundar sua compreensão em
relação a um grupo social, uma instituição, um período, uma organização, entre outros
(BEUREN, 2003; GIL, 2002).
A pesquisa quantitativa “[...] tem por objetivo a coleta sistemática de dados sobre populações,
programas ou amostra de populações e programas” (LAKATOS, 1991, p. 87).
Desta maneira, a pesquisa quali-quantitativa possibilita a análise da formação continuada, dos
espaços de atuação dos profissionais, da demanda por educação continua, da identificação dos
profissionais que atuam nos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, da participação
destes em órgãos de classe, das dificuldades para atuação profissional, gerando fontes de
informação sobre os profissionais bibliotecários.

3.2 Quanto aos fins

Neste estudo será aplicada a pesquisa exploratória, que consiste no levantamento bibliográfico
e descritivo, onde são detalhados todos os passos da coleta, tendo a finalidade de registrar,
classificar, analisar e interpretar os dados coletados (VERGARA, 2003).
Segundo Lakatos (1996, p. 188) o estudo exploratório-descritivo combinados “[...] são estudos
exploratórios que têm por objetivo descrever completamente determinado fenômeno [...].
Podem ser encontradas tanto descrições quantitativas e/ou qualitativas quanto acumulação de
informações detalhadas [...]”.
3.3 Quanto aos meios

Os dados serão coletados através das pesquisas bibliográficas e de campo. A pesquisa


bibliográfica, segundo Fachin (2002) é o conjunto de obras onde se encontra o conhecimento
humano.
24

Lakatos (1991) afirma que este tipo de pesquisa abrange toda obra tornada pública a respeito
de um determinado assunto, desta maneira, busca-se literaturas que abordam a demanda por
informação, o perfil do profissional bibliotecário, e obras que levem a reflexão sobre a área de
estudo e o profissional da informação.
A pesquisa de campo reduz a observação de fatos, não é permitido alterar ou controlar as
variáveis, apenas observá-los como ocorrem de forma espontânea. (OLIVEIRA, 1999).

3.4 Universo e amostra

Conforme Lakatos (1996, p. 163) “[...] a amostra é uma parcela convenientemente selecionada
do universo [...]” , ou seja, o universo é o total de elementos que possui uma característica em
comum e a amostra é uma parcela ou uma parte que a representa.
Assim, optou-se em trabalhar com os profissionais bibliotecários que encontram-se registrados
no Conselho Regional de Biblioteconomia (CRB), 11a Região, atuante nos estados do Acre,
Amazonas, Rondônia e Roraima. Levando-se em consideração que a Universidade Federal do
Amazonas é a única a oferecer cursos de graduação e pós-graduação nestes estados. Segue
abaixo, a distribuição dos profissionais por região.

33

304

07
22
25

Figura 1– Distribuição de profissionais registrados no CRB-11


FONTE: Conselho Regional de Biblioteconomia – 11º Região, 2004

3.5 Instrumento de coleta de dados

A coleta de dados inicia-se com aplicação dos instrumentos a fim de obter os resultados ou
informações necessárias para responder o problema (LAKATOS, 1996; VERGARA, 2003)
O instrumento utilizado para a coleta de dados é um questionário composto por perguntas
fechadas e abertas, delineia questões como: a identificação do profissional, sua formação,
atuação profissional, avaliação tanto de sua formação como da atuação no mercado de trabalho,
participação em órgãos de classe e demandas por educação continuada.
A coleta de dados nos estados do Acre, Rondônia e Roraima estão sendo realizados pelo CRB-
11, através de seus delegados regionais; e no Amazonas pelos integrantes do Núcleo de Ensino
e Pesquisa em Ciência da Informação do Departamento de Biblioteconomia da Universidade
Federal do Amazonas.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com a contribuição do Conselho Regional de Biblioteconomia foi possível fazer o


levantamento dos profissionais bibliotecários atuantes nos estados do Acre, Amazonas,
Rondônia e Roraima. Sendo assim, distribuídos:

Estados Inscritos no % Participação %


CRB-11
AMAZONAS 304 83,1 85 83,3
ACRE 7 1,9 3 2,9
RORAIMA 33 9,0 11 10,8
RONDONIA 22 6,0 3 2,9
Quadro 2 – Relação de bibliotecários e participação na pesquisa

O instrumento de pesquisa foi enviado para os profissionais dos estados do Acre, Rondônia e
Roraima por meio do Conselho Regional de Biblioteconomia-11° Região. No Amazonas a
coleta iniciou-se em outubro, finalizando em fevereiro de 2005, contando com a contribuição
26

do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Ciência da Informação do Departamento de


Biblioteconomia da Universidade Federal do Amazonas.
Dos 366 bibliotecários inscritos no CRB-11, tivemos a participação de 102 bibliotecários,
correspondendo a 28% dos inscritos neste regional.
A partir da pesquisa realizada, será analisado:

✔ Identificação dos profissionais bibliotecários

✔ Formação profissional

✔ Atuação profissional

✔ Instituição de graduação

✔ Participação em órgãos de classe

✔ Educação continuada

4.1 Identificação

A primeira parte da análise consistiu em identificar aspectos como: faixa etária, estado civil e
sexo. Desta forma, observou-se que os profissionais bibliotecários que atuam nos estados do
Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima são formados principalmente por mulheres,
correspondendo a 89% dos bibliotecários que participaram da pesquisa, mostrando que a
profissão bibliotecária ainda é predominantemente feminina.

Gráfico 1- Divisão por sexo


27

Quanto à faixa etária, verifica-se que há um número maior de profissionais entre os 41 a 50


anos, o que corresponde a 40,4% dos sujeitos pesquisados, seguido pelos profissionais entre 31
a 40 anos com 23,7%. Verificou-se ainda que alguns profissionais com mais de 60, já
aposentados ainda continuam em atividade.

Gráfico 2 – Faixa etária

Quanto aos estado civil, observa-se que mais da metade dos profissionais encontram-se
solteiros (53,5%), em contra partida aos 35,6% dos casados, como é possível verificar no
gráfico abaixo, entre os dados intitulado “outros”, estão os divorciados, viúvos e aqueles que
optaram em não identificar seu estado civil. Em meio ao grupo de indivíduos solteiros nota-se
que se dá em maior frequência entre as mulheres entre 51 a mais 60 anos.

Gráfico 3- Estado civil


28

4.2 Formação profissional

Em relação à formação profissional, considerando a jurisdição do Conselho Regional de


Biblioteconomia-11ª Região, que engloba os estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima,
é a única instituição que possui graduação e pós-graduação em Biblioteconomia entre estes
estados é a Universidade Federal do Amazonas - UFAM. Sendo assim, os profissionais que
atuam nestes estados são formados em sua grande maioria por alunos formados pela UFAM,
cerca de 86% do total de pesquisados, como se apresenta no gráfico a seguir. Entretanto,
observa-se que os profissionais que atuam nos estados do Acre, Rondônia e Roraima, são
formados por bibliotecários de outras localidades, entre as intuições de graduação destaca-se a
Universidade Federal do Ceará apresentando maior índice.

Gráfico 4 – Formação universitária

Para Castro (2000, p. 29), entre os anos de 1970 a 1995, foi de “paralisação do crescimento
quantitativo das escolas de graduação [...] e a busca da maturidade teórica da área a partir de
novas abordagens tomadas de empréstimos de outros campos do saber”, no período
correspondente encontram-se 51% dos pesquisado. Entretanto, há maior número de
profissionais formados entre os anos de 2001 a 2004, representando 25%, seguidos dos anos de
1996 a 2000. Como mostra o gráfico abaixo.
29

Gráfico 5 – Período de conclusão da graduação

Buscou-se analisar se a formação na graduação, realmente atingiu um de seu objetivo que é


preparar os discentes para o mercado de trabalho, tornando-os capacitados a atuar de forma
plena onde quer que estejam inseridos, os resultados mostram que:

Gráfico 6- A graduação como ponte para o ingresso no mercado de trabalho

73% dos profissionais acreditam que os conteúdos ministrados no curso de Biblioteconomia


contribuíram de alguma forma para seu ingresso e permanência no mercado de trabalho, contra
27% que afirmam ter contribuído parcialmente ou não. Vale ressaltar que esta análise foi
30

realizada levando em consideração tanto os profissionais formados na UFAM quanto em outras


instituições de ensino.
A pesquisa procurou verificar também entre a opinião dos profissionais formados na
Universidade Federal do Amazonas, quais os seus pontos fracos e fortes, de acordo com o
período em que estiveram na graduação. Desta forma, observa-se que o ponto forte do curso de
Biblioteconomia entre os anos de 1970 até 2004 é considerado de modo geral, o corpo docente,
e o ponto fraco são as poucas aulas práticas e o acervo da biblioteca, mostrando que muitos
profissionais embarcam para o mercado de trabalho inseguros quanto às práticas técnicas da
profissão. Durante a coleta de dados, notou-se que 15 profissionais optaram por não conceituar
os pontos fortes da graduação por acreditarem que não havia um ponto verdadeiramente forte
e, 11 bibliotecários não responderam o quesito, pontos fracos. Os dados listados no quadro
abaixo são expostos em valores brutos, para melhor visualização.

Pontos Corpo Estrutura física Aulas práticas Acervo da Outros


fortes docente adequada às biblioteca
aulas
1970-1975 5 0 1 2 0
1976-1980 3 0 0 0 0
1981-1985 8 2 0 0 0
1986-1990 2 0 0 0 0
1991-1995 11 1 2 0 0
1996-2000 9 1 1 1 4
2001-2004 12 2 3 3 4
Pontos Corpo Estrutura física Poucas aulas Acervo da Outros
fracos docente inadequada às práticas biblioteca
aulas
1970-1975 0 2 1 1 0
1976-1980 0 0 1 0 1
1981-1985 1 6 4 4 1
1986-1990 0 0 2 1 0
1991-1995 1 4 8 9 2
1996-2000 7 6 14 8 1
2001-2004 6 3 17 8 0
Quadro 3 – Pontos fortes e fracos na graduação

4.3 Atuação profissional

A fim de verificar a situação atual do profissional quanto a sua atuação no mercado de trabalho,
buscou-se levantar os dados referentes aos que estão ou não empregados, o tipo de órgãos que
atuam, se privado ou público e a sua remuneração. Desta maneira, constatou-se que 88,3% dos
profissionais estão empregados e 9,7% dos pesquisados encontram-se desempregados.
31

Gráfico 7- Índice de atuação no mercado de trabalho

Quanto ao tipo de instituição em que os bibliotecários estão atuando, nota-se que em sua grande
parte são compostos por instituições públicas, cerca de 60%, 27% são de instituições privadas
e 13% negou-se a responder este quesito. Em uma pesquisa realizada em Santa Catarina por
Bandeira e Ohira (2000), quanto ao tipo de instituição em que os profissionais bibliotecários
estão empregados, mostram resultados semelhantes, pois 63% dos profissionais atuantes
naquele estado também são de órgãos públicos.

Gráfico 8 – Tipo de instituição em que os profissionais atuam

Tendo em vista, o local de trabalho destes profissionais, procurou-se conhecer a forma de


acesso ao atual emprego, obtendo-se os seguintes dados:
32

COMO TEVE ACESSO AO EMPREGO

Concurso
7%
9% Seleção Publica

36% Indicação de
conhecidos
18% Indicação de outro
profissional
Contração após o
estagio
15% Outros

15%

Gráfico 9 – Forma de acesso ao emprego

Os dados acima mostram que 36%, são profissionais concursados, são os que apresentam
melhores remunerações e possuem estabilidade financeira e social, 18% dos bibliotecários
começaram a atuar por indicação de outros profissionais, mostrando o quão importante é manter
as relações interpessoais na atualidade, onde um profissional pode indicar outro, na medida em
que conhece a prática do colega, com 15% estão aqueles que passaram por uma seleção pública
ou contaram com a ajuda de uma indicação de conhecidos, amigos, colegas.
Em relação às atividades desenvolvidas pelos bibliotecários em suas unidades de informação
destaca-se: área técnica (25,5%), atendimento ao usuário (22,7%), gerenciamento (22%),
alguns exercem todas as funções (14,2%), entre o campo “outros” (12,8%) está inserido os
profissionais que atuam na docência. É possível constatar que, a atuação dos bibliotecários
como profissional liberal ainda é muito baixo nos estados consultados, representado por uma
minoria de 2,8% , no estado de Santa Catarina, a estatística é muito semelhante, apresentando
apenas 2,1%, mas, Bandeira e Ohira (2000) são bastante positivas, pois, afirmam que “apesar
de pouca indicação para Bibliotecário Autônomo (2,1%), é sinal de que o bibliotecário está
começando a ingressar no rol dos profissionais liberais”. Fato este, que também pode ocorrer
entre os estados do Amazonas, Roraima, Acre e Rondônia, Valentim (2000) esclarece que, nos
últimos anos, há um crescimento significativo na atuação do profissional como consultor,
assessor, autônomo.
33

Gráfico 10 – Funções exercidas pelo profissional na unidade de informação

Quanto ao tempo em que estes profissionais estão no atual emprego, temos o maior índice que
é de 43,5%, atuam na mesma unidade de informação de 1 a 5 anos. A permanência em um
longo período no mesmo ambiente de trabalho ocorre em sua maioria nos cargos públicos, em
que os profissionais prestam concurso, foi detectado também que alguns profissionais mais
antigos, entraram para o serviço público através de indicação de outros profissionais ou
conhecidos, pois, na época ainda não havia concurso para o profissional bibliotecário.

Gráfico 11 – Tempo de atuação na atual emprego


34

Em relação aos aspectos salariais, a pesquisa revela que 31,2% dos bibliotecários, maior índice,
tem a remuneração em torno de R $1.000,00 a R $1.500,00. Há ainda, um grupo significativo
de 18,3% que recebe acima de R $2.500,00. É ainda mais surpreendente que entre os 94
profissionais que responderam o item, 4 destes, recebem abaixo do salário recomendado para
os recém profissionais bibliotecários. Veja o quadro abaixo:

Gráfico 12 – Faixa salarial

Entre os profissionais que não estão no mercado de trabalho, procurou-se verificar os motivos
de sua não atuação. Dentre eles, 50% não trabalha na área, pois não conseguiu emprego; 12,5
% porque não tinha interesse e por questões salariais, entre os que estão enquadrados em
“outros”, estão aqueles que estão atuando em outras áreas por convite ou necessidade.
35

MOTIVO POR NÃO ESTAR ATUANDO

60,0 Não tem interesse

50,0
50,0 Não conseguiu emprego

40,0
Não tinha interesse em
30,0 atuar mesmo quando
25,0
estava fazendo o curso
Questões salariais
20,0
12,5 12,5
10,0 Outros
0,0
0,0

Gráfico 13 – Razões da não atuação

4.4 Órgãos de classe

Os bibliotecários no exercício de sua profissão contam com o apoio dos órgãos de classe, que
tem por finalidade orientar, aperfeiçoar, congregar os profissionais, visando atualização e
aprimoramento profissional, através da promoção de eventos, cursos, vendas de publicações da
área, criação de grupos de trabalho por áreas, etc.
Em relação a participação dos profissionais da informação nos órgãos de classe, chegando aos
seguintes dados:
36

ÓRGÃOS DE CLASSE

5,2

0,9

1 0,9

79,1

13,9

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0

Outros
Associação Brasileira de Educação em Ciência da Informação
Associação dos Ex-Alunos da Graduação
Conselho Regional de Biblioteconomia
Associação de Profissionais Bibliotecários do Amazonas

Gráfico 14 – Participação em órgãos de classe

Observa-se que 79,1% dos profissionais estão ligados ao CRB-11º, fato este relacionado à
obrigação do profissional estar filiado a este para exercer sua atividade biblioteconômica. Em
índices muito menores estão as associações, pois não há obrigatoriedade na filiação do mesmo.
Quanto à atuação dos CRB-11 e da associação de classe, perguntou-se o que os mesmo,
esperavam da atuação destes órgãos de classe, através dos gráficos é possível notar que em
alguns aspectos os profissionais se perdem quanto à função do Conselho Regional e da
Associação de Classe, delegando funções da associação ao conselho, como promoção de
eventos, piso salarial, entre outros. Ao longo da aplicação dos questionários e mesmo através
das observações feitas pelos profissionais, constatou-se que muitos estão insatisfeitos com seus
órgãos de classe, principalmente, com as questões voltadas para a remuneração em suas
atuações como profissionais por não haver ainda um estabelecimento de piso salarial nos
estados estudados, o pagamento obrigatório ao Conselho Regional de Biblioteconomia, uma
vez que, para alguns profissionais a taxa anual é considerada fora da realidade do norte do país
e por fim, programação de eventos e cursos de atualização que há muito tempo não é oferecido
pelos órgãos de classe, papel este das associações de classe, mas, cobrado ao conselho também.
37

Gráfico 15 – Missão da Associação de classe

Gráfico 16 – Missão do CRB-11


38

4.5 Educação continuada

A educação continuada é um elemento fundamental para o profissional da informação, tal como


para qualquer profissional que queira manter-se no mercado de trabalho. Para tanto, foram
arrolados os profissionais que já possuem uma formação complementar, os resultados mostram
que a mesma porcentagem de profissionais que procuraram se especializar, é a mesma dos que
não possuem nenhuma formação complementar além da graduação. Em nível de mestrado e
doutorado, o percentual ainda é muito baixo entre os entrevistados, pois, apenas 1 profissional
possui doutorado e 5 mestrado.

Gráfico 17 – Formação complementar

Em relação ao aprimoramento educacional em cursos e eventos realizados, ficou visível que há


participação maior em eventos do que em cursos de atualização.
39

PARTICIPAÇÃO EM CURSOS E EVENTOS

66,3
70,0
60,0 52,2
47,8
50,0
40,0 33,7 Sim
30,0 Não
20,0
10,0
0,0
Curso de atualização Participação em evento

Gráfico 18 – Participação em cursos e eventos

Ao consultar o tempo de participação em eventos, observou-se que o tempo de participação


entre um evento e outro é muito grande, pois, cerca de 61,4% não participa de um evento há
mais de 2 anos.

Gráfico 19 – Última participação em evento

Entre os cursos de atualização o índice chega a 68,7% entre um curso e outro de atualização.
40

Gráfico 20 – Última participação em cursos

Além da participação em cursos e eventos, ao serem questionados sobre como vêm realizando
a atualização profissional, observou-se que 31% a realiza através da Internet, 26,2% através de
eventos, 16,9 % através de cursos de curta duração, sendo, a formas menos utilizadas: os cursos
de longa duração, lista de discussão e outras formas.
Assim, é possível analisar que a educação continuada nos estados do Acre, Rondônia. Roraima
e Amazonas, em nível de cursos e eventos é mais sacrificoso, pois existe uma carência muito
grande na realização de cursos e eventos de atualização voltados diretamente para a
Biblioteconomia. Apesar da Internet ser umas das ferramentas mais utilizadas no mundo, o
número de profissionais que a utilizam como ferramenta para se manterem informados ainda é
pequeno. Infelizmente, existem aqueles profissionais que estagnaram, acomodaram-se em seus
trabalhos e não se sentem motivados a buscar a educação continuada.
41

Gráfico 21 – Como os profissionais têm se atualizado

Por fim, questionou-se a respeito das necessidades de educação continuada, os profissionais em


sua grande maioria apontam como senda o Mestrado, seguido pelos cursos de curta duração,
especialização e por fim doutorado, como se verifica no gráfico.

Gráfico 22 – Necessidades em educação continuada


42

No projeto de pesquisa realizado por Prosdócimo e Ohira (2000), quanto ao interesse em fazer
educação continuada no estado Santa Catarina, observa-se assim que naquele estado há maior
interesse em fazer curso de mestrado. Fator que pode estar relacionado ao índice de
profissionais que já possuem especialização 41,1%, agora visando o mestrado, que infelizmente
ainda não é oferecido pelo Departamento de Biblioteconomia na Universidade Federal do
Amazonas, sendo necessário que os mesmos caso queiram realizá-lo, partir para outros estados.
43

5 CONCLUSÕES

Através dos resultados obtidos pela presente pesquisa, conclui-se de modo geral que, grande
parte dos profissionais bibliotecários que atuam nos estados do Acre, Amazonas, Roraima e
Rondônia são formados pelo sexo feminino, mostrando, que a profissão ainda é
predominantemente feminina.
Quanto à formação profissional, é constituída em substancialmente por profissionais formados
pela Universidade Federal do Amazonas, conforme a opinião dos que tiveram a graduação pela
UFAM, o ponto forte do curso de modo geral é a qualidade do corpo docente e o ponto fraco o
acervo da biblioteca e as poucas aulas práticas, o que leva a crer que muitos profissionais
embarcam no mercado de trabalho, inseguros quanto, a parte técnica da profissão.
Em relação à atuação profissional há um índice grande de profissionais que atuam em
instituições públicas, sendo, os que apresentam melhor remuneração. Quanto às funções
exercidas pelos profissionais em suas unidades de informação há predominância das atividades
relacionadas a área técnica e atendimento ao usuário, alguns profissionais realizam várias
atividades em seu ambiente de trabalho, desde o gerenciamento, área técnica, atendimento ao
usuário, assessoria.
A pesquisa revelou que a participação dos profissionais bibliotecários em órgãos de classe se
dá superficialmente, não havendo união entre eles. Muitos profissionais estão insatisfeitos com
seus órgãos de classe, muitos desconhecem o papel dos conselhos e associações, delegando
funções de um para o outro.
Os aspectos voltados a educação continuada, mostram a necessidade maior em fazer o curso de
mestrado, por outro lado, revela que muitos profissionais não vêm buscando a educação
contínua, os espaços de tempo entre um curso de atualização e eventos, em alguns casos
ultrapassam a 2 anos, fator este infeliz para a atuação do profissional.
Assim, é necessário que os profissionais bibliotecários ou profissionais da informação como
são chamados também, reavalie sua atuação, a busca pela educação contínua e a participação
em seus órgãos de classe, pois, é um conjunto de fatores que fazem com que a profissão não
seja mais vista com o preconceito de que o bibliotecário é um guardião de livros em uma
biblioteca. Tornar-se um profissional que atenda as necessidades da sociedade é o papel
fundamental do profissional da informação, implica estar antenado às mudanças deste mundo
globalizado para ser um agente de transformação.
44

CRONOGRAMA

Nº Descrição 2004 2005


Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul

1 Levantamento e estudo do X X X X X X X X X X
referencial teórico
2 Elaboração do instrumento de X
coleta de dados
3 Pré-teste do instrumento de X
coleta de dados
4 Coleta de dados
Estado do Amazonas X X X X X
Estado do Acre X X
Estado de Rondônia X X X
Estado de Roraima X X X
5 Tabulação de dados X X X X X
6 Análise dos dados X X X X
7 Elaboração do resumo e X
relatório final
8 Preparação da apresentação X
final para congresso
45

REFERÊNCIAS

BANDEIRA, Gabrielle Pereira; Ohira, Maria Lourdes. Quem é o bibliotecário em exercício


no estado de Santa Catarina: mercado de trabalho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 19.2000, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre:
PUCRS, 200. 1 CD-ROM.

BEUREN, Ilse Maria. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e


prática. São Paulo: Atlas, 2003.

BARBALHO, Célia Regina Simonetti; MORAES, Suely Oliveira. Guia para normalização
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