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Aula 2

Currículo e Sociedade Conversa Inicial

Prof.ª Dinamara Machado


Prof.ª Kátia Soares

Breve histórico sobre currículo

Esta aula tem os seguintes objetivos: c) Promover a reflexão a respeito dos


movimentos de transferência cultural e da
a) Proporcionar a compreensão dos aspectos
idiossincrasia em termos de currículo
gerais que norteiam as definições
curriculares d) Permitir identificar e discutir, com base no
histórico abordado, os avanços e desafios
b) Levar ao conhecimento das origens da
atuais no campo do currículo nacional
discussão curricular no mundo e,
especificamente, no Brasil

O pensamento crítico a respeito


de currículo no mundo

Preocupação com a educação das massas


Início da discussão sobre teoria
de currículo no mundo Quando a educação passa a ser desenvolvida
pelos governos e destinada às populações de
modo geral
Com a industrialização e a migração da
população dos campos para as cidades

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Educadores que contribuíram com o início Bobbitt (1876-1956) – escreveu o livro
da discussão curricular The curriculum (1918). A obra define currículo
como sendo a coisa que as crianças e os jovens
Dewey (1859-1952) – foi o primeiro a devem fazer e experimentar para desenvolver
utilizar a expressão “currículo” na obra habilidades que os capacitem a decidir assuntos
The child and the curriculum (1902) da vida adulta
Preocupação com o papel do educador que Foco no aluno como sujeito ativo na
organiza o ambiente escolar em prol da aprendizagem
aprendizagem do aluno Compreende a escola como uma empresa que
deve estabelecer os resultados que deseja
Foco no professor e a crítica aos currículos alcançar, e os métodos necessários para isso
baseados na pedagogia tradicional
Racionalidade técnica e instrumental

Tyler (1902-1994) – escreveu, em 1949, o


livro Princípios básicos de currículo e ensino
Destaca-se por discutir a necessidade de Origens da discussão
definir os objetivos do ensino e os fins da curricular no Brasil
educação
Na perspectiva tecnicista, tinha como foco
da discussão curricular o método de ensino

Os jesuítas
É com o movimento escolanovista, por volta
Em 1549, os jesuítas trouxeram para nosso dos anos de 1930, com base na influência
país um programa chamado Ratio Studiorum, dos pensadores americanos Dewey, Bobbitt
baseado numa pedagogia tradicional e Tyler, que a discussão curricular ganha
mais rigor e sistematicidade no Brasil
“No programa de ensino, nessa perspectiva,
os conteúdos eram selecionados da cultura Os educadores relacionados com o
universal, sendo, assim, denominados de movimento da Escola Nova foram muito
humanísticos e enciclopédicos, os quais importantes nesse período, principalmente
são repassados como verdades absolutas.” Anísio Teixeira (1900-1971)
(Lima; Zanlorenzi; Pinheiro, 2012, p. 49)

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Transferência ou transplante cultural

Fenômeno da influência de outros países


Transferência cultural
sobre a educação nacional
Processo ou movimento de articulação
entre diferentes culturas que ocorre em
muitas áreas da vida humana

“A inteligência nacional não conseguiu criar


pensamento autonômico sobre o currículo,
mesmo porque a tradição brasileira fora
a de programas (mais ao feitio francês)
e não a de currículo (ideia possível aos Idiossincrasia e currículo
norte-americanos em virtude da grande
descentralização do seu sistema escolar).
Assim, não restaram muitas alternativas
senão a de buscar nos textos
norte-americanos o conteúdo e a forma
do pensar e fazer currículo”. (Pedra, 1997, p. 33)

“A tradição curricular americana não poderia


ter sido introduzida em nossas universidades
É um termo que advém da biologia e se
sem ter sido ‘contaminada’ pela maneira
refere ao que ocorre quando um corpo
como nossos educadores lidavam com
estranho ou substância interage com
questões curriculares, ‘filtrada’ pelas
outro organismo, como quando tomamos
idiossincrasias das tradições históricas,
determinada vacina ou ingerimos um
culturais, políticas e sociais brasileiras e,
alimento diferente do que estamos
finalmente, ‘adulterada’ ao ser transmitida
acostumados
e utilizada por nossos professores e
especialistas”. (Moreira; Silva, 1994, p. 42)

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O método lancaster ou mútuo
Avanços e desafios
O método lição de coisas ou intuitivo no campo curricular
PCNs
Escola da Ponte e Projeto Âncora

O currículo Avanços no campo curricular

Maior sistematicidade e rigor na sua


Engloba múltiplas dimensões e, com certeza, organização
recebe diversas influências de aspectos Organização de propostas curriculares dos
políticos, econômicos, sociais, culturais em estados e municípios brasileiros
cada um dos momentos históricos a que nos Preocupação com um currículo que seja de
referirmos qualidade e destinado para a totalidade da
população e não apenas para as elites

Desafios no campo curricular

Atingir um nível de qualidade que garanta a


educação para toda a população
Ampliar o investimento em estrutura nas Na Prática
escolas, em formação de professores, na
garantia ao direito de todos à educação, ao
acesso e permanência na escola
Busca de um currículo contextualizado, com
sentido e significado para os alunos, numa
perspectiva contra-hegemônica

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Vamos conhecer a BNCC?
A BNCC define conhecimentos, competências
e habilidades que devem ser desenvolvidas
De acordo com o MEC, a BNCC (Base Nacional
pelos alunos ao longo da Educação Básica
Comum Curricular) é um documento de
em nosso país
caráter normativo que define o conjunto
orgânico e progressivo de aprendizagens Para conferir, acesse o site
essenciais que todos os alunos devem <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-
desenvolver ao longo das etapas e base>. É muito importante conhecer esse
modalidades da Educação Básica documento

Analise a Base Nacional Comum Curricular,


área de Linguagens, Ensino Fundamental
anos iniciais, e responda:
Como estão organizados os componentes
Finalizando
curriculares?
Quais conhecimentos, competências e
habilidades aparecem em destaque?
Quais seriam as maiores dificuldades
para colocar em prática a BNCC?

Resgatamos um breve histórico a respeito Tratamos das influências do pensamento


das origens do pensamento curricular no de autores norte-americanos: John Dewey,
Brasil e no mundo John Bobbitt e Ralph Tyler
Vimos que a discussão do currículo se As ideias desses autores contribuíram para
desenvolve no Brasil, com maior rigor que as discussões curriculares se voltassem
e sistematicidade desde as décadas de para aspectos importantes da prática
1920 e 1930, tendo por base as ideias pedagógica, como o papel do professor, do
dos educadores escolanovistas aluno e a questão do método de ensino

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É importante conhecer, pensar, analisar e
buscar implementar propostas alternativas Referências
de currículo. Como afirma Moreira (2000),
precisamos procurar caminhar em direção
contrária ao discurso hegemônico

LIMA, M. F.; ZANLORENZI, C. M. P.; PINHEIRO, L. A


função do currículo no contexto escolar. Curitiba:
Ibpex, 2012. (Formação do Professor).
MOREIRA, A. F. B.; SILVA, T. T. da (Org.). Currículo,
cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 1994.
______. Propostas curriculares alternativas: limites
e avanços. Educação & Sociedade, Campinas, v. 21,
n. 73, p. 109-138, dez. 2000. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/es/v21n73/4210.pdf>.
Acesso em: 11 jun. 2019.
PEDRA. J. A.; Currículo, conhecimento e suas
representações. Campinas: Papirus, 1997.

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