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Intro

Analisar uma empresa é contar Nós dividimos esse e-book em 2


a história dos dados. O clássico grandes capítulos: informação e con-
casamento entre a “narrativa” e os hecimento. O primeiro, são todas as
“números”. Com isso, fica muito mais informações que você precisa sep-
fácil descobrir qual será o futuro dela. arar e ler para entender bem a real-
idade da empresa e do setor. O se-
Assim, analisar uma empresa não se gundo é a forma como você vai juntar
resume a indicadores superficiais que as informações para torná-la organi-
vão “retornar à média”. Você precisa zada e conseguir fomentar a análise.
entender que duas coisas são vitais: Ou seja, é como você montaria um
anotar tudo (de preferência na nu- mini relatório da empresa.
vem, onde você não vai perder) e ga-
rantir que todos os dados e fatos que Bora lá?
possam se alterar no futuro possuem
a fonte de onde eles vieram.

Para facilitar sua vida, nós trouxe-


mos um checklist de tudo o que você
precisa ler para conseguir obter uma
análise completa e entender uma
empresa como um profissional. E
fique tranquilo! Esse é o mesmíssimo
checklist que usamos aqui na VAROS.

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1. Informações
1.1. Site de Relações com Investidores (RI)
Todas as empresas listadas possuem um site de RI. Para encontrar, basta digitar
o nome da empresa (ou ticker) no Google, mais “RI”. O ideal é ler todo o site,
principalmente a parte mais à esquerda do menu (sobre histórico e o negócio),
já que os sites costumam seguir um padrão. Isso é importante para ter uma com-
preensão geral sobre o que vamos analisar.

1.2. Apresentação Institucional


Preferencialmente, é mais fácil ler a apresentação institucional antes do For-
mulário de Referência (FRE). A apresentação é esteticamente mais agradável
e fácil de ler e muitas das coisas que aparecem nela também aparecem no For-
mulário (só que “mais feio” e alongado). É sempre melhor e mais rápido ler algo
bem formatado do que algo mal formatado.

Além disso, a apresentação serve para embelezar a empresa, já que não possui
uma formatação definida por lei. Em contraste, o FRE costuma ser mais sincero.
Deixando ele por último, você reduz o viés da análise.

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1.3. Formulário de Referência (FRE)
O FRE é, provavelmente, o documento mais extenso sobre a companhia. Vale
ser lido pelo menos uma vez e com muita atenção. Lá, a empresa é obrigada a
contar praticamente tudo para os investidores. É como se fosse uma biografia
junto de um hemograma completo.

1.4. Estatuto e Políticas


O estatuto é a “Constituição” da empresa: lá estão todas as regras que ela deve
seguir. Por isso, é crucial que você leia ele (de verdade, não só passar o olho).

Já para as Políticas, cada empresa terá a sua. É interessante passar por elas para
ver como são as regras de distribuição de dividendos, remuneração de Diretoria,
como o risco é gerenciado, entre outras Políticas que cada empresa julgar im-
portante.

1.5. Acordo de Acionistas


Caso a empresa tenha um acordo de acionistas, é importante ler e compreender.
Geralmente, este documento pode explicar como funciona o poder de decisão
na prática.

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1.6. Fatos Relevantes, Atas e Comunicados ao
Mercado
Muitas das coisas (principalmente as que a empresa não quer que você saiba)
estão nos fatos relevantes, atas e comunicados ao mercado. Na época, ela
provavelmente foi obrigada a emitir esses avisos.

No entanto, passado o perrengue, ela vai fazer de tudo pra que você não tome
conhecimento do que aconteceu. A empresa faz o que a maioria das pessoas
faz com os próprios problemas do passado: ignora até esquecer. Por isso, leia os
comunicados e fatos relevantes dos últimos 5 a 10 anos.

1.7. Apresentações e Vídeos Institucionais


Todo trimestre, a empresa divulga seus resultados e realiza uma teleconferência
no dia seguinte. Além disso, muitas empresas abertas passaram a realizar anual-
mente o chamado “Investor Day”, uma apresentação aberta ao público (obvia-
mente, investidores e analistas), onde a empresa é “destrinchada” e os projetos
futuros são explicados de forma detalhada.

Essas são, provavelmente, as visões mais completas e acessíveis da empresa que


você terá acesso de forma consolidada (sem ter que ficar reunindo fragmentos
de várias fontes diferentes). O ideal é ler e ouvir os últimos 10 anos de apresen-
tações, pois sempre pode ter alguma pista de projeto ou norte estratégico que
não está em nenhum documento, além das palavras da Diretoria.

Além disso, esse é o momento para mergulhar no histórico de dados financeiros


da empresa, focando nas Demonstrações Financeiras Padronizadas.

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1.8. Relatórios de Agência de Ratings
Algumas empresas têm cobertura das grandes Agências de Rating globais como
a Fitch, S&P e Moody’s. As que possuem, costumam disponibilizar os relatórios
de Rating em seu site de RI. É importante ler todos os relatórios dos últimos anos
para ter uma ideia de como a empresa era (ou é) analisada.

1.9. Portais de Notícias e Revistas


Portais de Notícias e Revistas relevantes são fontes valiosas de informação. Às
vezes, algum boato ou problema que foi mal explicado (ou nem explicado foi)
pela empresa está em uma notícia antiga. Recomendamos a leitura dos últimos
5 a 10 anos de notícias.

Portais e Revistas relevantes: G1, Brazil Journal, Valor Econômico, Financial


Times, Forbes, GloboRural, NeoFeed, BBC, Bloomberg, Wired.

1.10. Podcasts
Alguns Podcasts contém entrevistas com os fundadores e executivos das princi-
pais empresas da Bolsa e, eventualmente, pode acontecer da empresa que você
está analisando estar entre elas.

Vale a pena separar um tempo para ouví-los e anotar algo que tenha sido dito
e que você ainda não saiba ou até mesmo para compreender a mente e julgar a
capacidade do Management.

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1.11. Reclame Aqui
Se a empresa atender clientes no varejo, vale a pena olhar a avaliação dela no
site e comparar com a de outros concorrentes. Isso porque o Reclame Aqui não
é um site de reclamação, mas sim de reputação: 80% das pessoas que entram
nele entram para pesquisar.

1.12. Carta de Gestores


É um hábito comum entre os gestores de fundos de investimento escrever car-
tas trimestrais, detalhando a mudança de posições, o rendimento do fundo e
outras coisas que possam ser do interesse dos cotistas. Alguns gestores foram
além e transformaram as cartas em verdadeiras aulas sobre temas variados.

Nessas cartas, você encontrará relatos de quem estudou a fundo a empresa,


muitas vezes participou ativamente da gestão (seja pelo conselho ou com car-
gos na própria diretoria) e até mesmo capitaneou movimentos de fusão e aqui-
sição.

1.13. Associações de Classe e Órgãos


Reguladores
Produtores de vários setores costumam se unir em associações de classe, que
tem como objetivo cuidar de interesses comuns, lobby com o governo e for-
necer dados setoriais. Essas associações costumam elaborar relatórios anuais e
disponibilizar estatísticas. Uma dica é pesquisar “Associação” e o nome do pro-
duto ou setor no Google.

Em paralelo, alguns Órgãos Reguladores periodicamente lançam relatórios com


dados setoriais muito relevantes que podem ajudar nas projeções ou no clima
do mercado. Exemplo: Banco Central, ANBIMA, Conab, USDA, ANVISA, EPE,
ANP, CADE.

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1.14. Fontes de Informações Gratuitas
Alguns sites disponibilizam dados de forma gratuita, além de estudos sobre o
mercado e a economia. Você pode procurar dados relacionados ao setor e ao
negócio em que a empresa está inserida para dar embasamento ou negar uma
hipótese. Outra excelente fonte de informações (e pouco lembrada) é o Linke-
din. Você DEVE stalkear toda Diretoria e Conselho por lá, além de ver o que os
funcionários e pessoas estão comentando sobre. Sempre dá pra achar algo in-
teressante.

Exemplo: IBGE, FAO, USDA, MDIC, World Bank, OCDE, TradingEconomics.

1.15. Fontes de Informações Pagas


Alguns sites se especializam em produzir relatórios, infográficos e dados pagos.
Aqui você vai encontrar alguns deles. Vale dar uma olhada, pois alguns costu-
mam oferecer uma pequena parcela de conteúdo gratuito também.

Exemplo: Euromonito, Statista, Valor Setorial, Stylophane, RISI.

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2. Conhecimento
Agora que coletamos todas as informações, este capítulo é bom para sabermos
como juntá-las e realizar uma análise. Aqui, toda a informação que você leu ou
guardou pode ser aproveitada para montar um valuation.

Um dos melhores jeitos de aprender é explicando. E uma das formas de explicar


algo, é responder uma pergunta. Assim, este capítulo é um checklist de pergun-
tas que você deve responder:

História e Portfólio
Qual trajeto que a empresa seguiu até virar o que é hoje?
Como e quando foram os principais eventos dela?
Ela fez algum follow-on?
Ela quase quebrou ou sempre foi estável?
Ela sempre esteve no mercado atual?
A empresa está no Novo Mercado?
A empresa possui alguma marca ou portfólio de controladas?
Qual a história e o presente de cada uma delas?
Como a empresa faz e gasta dinheiro hoje?
Quais suas Margens Bruta, Operacional e Líquida?

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Estrutura Acionária
Como as ações estão divididas?
Quem são os principais acionistas?
Algum deles já cometeu algum delito ou responde um processo sério?
Existe algum acordo de acionistas que afeta o jogo de poder?

Conselho de Administração
Quem são os Conselheiros/Diretores e quais seus históricos?
Por que e como eles foram eleitos?
Estão há quanto tempo na empresa?
Algum Conselheiro/Diretor tem um processo grave ou já cometeu algum delito?
Qual o tamanho do Conselho/Diretoria?
Como o Conselheiro/Diretoria poderia agregar?
Qual o salário do Conselho/Diretoria?
Como o salário é pago: fixo e bônus?
Quantos % da Receita Líquida são gastos com salários?
Como está o nível salarial em relação aos pares?

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Modelo de Negócios
Como a empresa produz e vende seus serviços?
Qual a Margem Bruta e Operacional (EBIT) e como é o histórico em relação aos
pares?
Quais os diferenciais competitivos dela?
A empresa tem fábricas ou terceiriza?
Qual o tamanho da fábrica e o uso da capacidade?
Como funcionam as questões dos Incentivos Fiscais?
Como está o endividamento da empresa?
A empresa está expandindo?
Qual o % do CAPEX em relação à empresa líquida?
Como a empresa faz para gerar caixa?

Indicadores Financeiros
Como estão os indicadores financeiros da empresa em relação ao histórico e
aos pares?
O que explica o nível atual?

Indicadores: i) Margens de lucro, Crescimento e Market Share ii) ROE, ROA e


ROIC; iii) Liquidez Geral e Corrente, Covenants, DL/EBITDA, Cobertura de Ju-
ros, Dívida/Ativo, Dívida/PL e Dívida/(PL+Dívida); iv) Prazo Médio de Pagamen-
to, Estoque e Recebimento, Ciclo de Caixa; v) Dividend Yield e Payout.

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Por último
Existe algo que possa favorecer ou prejudicar a empresa que não há como pro-
jetar?
Quais as oportunidades para o futuro?
O que você achou da empresa?
Como estava a qualidade de informação disponibilizada?
O que o mercado acha dela?

3. Finalmentes
Ufa! Muita coisa, não?

Analisar uma empresa é um trabalho sério e que envolve muita responsabilidade,


já que estamos falando de dinheiro (os investimentos) e de uma empresa que
emprega milhares de pessoas.

Para “facilitar”, muitas pessoas inventam fórmulas e simplificações pobres que


dizem ser eficazes. Porém, dificilmente funcionam. E pior: se funcionam, quer
dizer que você ganhou dinheiro sem saber o motivo. Ou seja, quando perder,
você também não saberá o porquê.

Por isso, aqui na VAROS nós jogamos no lixo todas as fórmulas prontas e segui-
mos o nosso checklist próprio para poder encontrar as melhores oportunidades
da Bolsa de Valores. A live que aconteceu no dia 26/09 é o resultado final de
todo o nosso trabalho.

Se você ainda não assistiu, clique aqui para assistir antes que saia do ar.

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