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DA ARTE
Hudson Nogueira
Revisão técnica:
ISBN 978-85-9502-297-3
CDU 7
Introdução
Ainda na metade final do século XIX, enquanto várias nações tornavam-se
Estados (o que conhecemos hoje como países) no Ocidente, a Alemanha
foi uma das últimas nações a passar por esse processo de formação
institucional. O que não significa que a Alemanha representasse um
“atraso” em relação aos seus vizinhos. Ao contrário disso, os estados
germânicos eram organizados e faziam parte da Prússia, que, pos-
teriormente, após algumas disputas e conflitos internos, foram unificados
por Otto Von Bismarck.
Neste texto, você estudará um movimento de vanguarda artística
que surgiu na Europa no início do século XX e que segue sendo re-
ferência no mundo da arte e na análise da história daquele período
conturbado.
Escolas
O subjetivismo antinaturalista é o fator comum entre a maioria dos artistas
expressionistas, que tinham como objetivo central a crítica social por inter-
médio da arte. Pode-se afirmar que existem dois grupos distintos e informais
de artistas nos quais o Expressionismo Alemão é constituído: “Ponte” e “Ca-
valeiro Azul”.
A Ponte foi o grupo formado em 1905, por Ernst Luwig Kirchner, Erich
Heckel, Karl Schimidt-Rottliff e Fritz Bleyl, todos arquitetos, em Dresden.
Os jovens desse grupo não tinham teorias, tampouco intenções estilísticas,
deveres de obediência ou filiações, oferecendo apenas juventude e impaciência.
Kicrchner citou, em um manifesto, de 1906, “[...] estão conosco todos aqueles
que, diretamente e sem dissimulação, expressam aquilo que os impele a criar.”
O grande desejo doe grupo era agir energicamente e, assim, vislumbravam
conquistar um público avesso à arte dos acadêmicos. Posteriormente, Emil
Nolde e Otto Müller aderiram ao grupo.
O Cavaleiro Azul foi o nome do almanaque publicado em Munique, em
1912, por Wassily Kandinsky e Franz Marc. Os principais artistas desse grupo
eram Macke Javlensky, Paul Klee, Gabriele Münter e Marianne von Werefkin.
Os artistas do Cavaleiro Azul sentiam a necessidade de testar seus meios e
impulsos, modelando uma linguagem controlável na qual formulassem suas
mensagens pessoais.
Manifestações artísticas
No Expressionismo, a expressão do sentimento tinha mais valor que a razão,
ou seja, algo que expressa e reflete de forma incisiva esse sentimento.
Música e literatura
Na arte da escrita, os temas proibidos eram enredo de histórias que retratavam
a sociedade e o contexto histórico do período; já os temas comuns nos livros
expressionistas eram a loucura, a paixão, a religião e a repressão familiar. Os
principais autores do movimento foram: Kurt Hilher, Georg Büchner, Frank
Wedekind, August Strindberg, Franz Werfel, Georg Trakl.
A música foi marcada pela dissonância. Cheia de emoções, as composições
eram feitas em harmonias cromáticas, o que faz a música expressionista ser
atonal, ou seja, sem um tom definido. O principal compositor (também pintor)
dessa área foi Arnold Schoenberg. O músico e seus alunos, Alban Berg e Anton
Webern, passaram a trabalhar juntos e levar a música expressionista adiante.
Pintura
As linhas e as cores na pintura expressionista demonstravam as emoções,
em vez de representar o mundo exterior. A linha é emocional, deformadora,
nervosa e angulosa; e a cor contém alto grau expressivo, com ênfase no uso de
cores contrastantes e puras, que se relacionam de maneira trágica à angústia
de nosso tempo.
Outras características marcantes nas obras eram os ângulos acentuados,
de contornos sombrios e as cores e tonalidades contrastantes como o verde, o
vermelho, o amarelo e o preto. Buscava-se expressar não o fato em si, e sim
o sentimento do artista em relação a este, logo, uma visualidade subjetiva,
mórbida e dramática.
O Expressionismo Alemão é tão peculiar no mundo da arte que uma das obras
mais icônicas de seu tempo não é de um alemão, mas sim do pintor norueguês
Edvard Munchd. Datado de 1893, O Grito (veja Figura 2) é uma iconografia
ímpar, que expressa boa parte das principais características dessa vanguarda
artística, na figura de um(a) personagem andrógino(a) retratando um ar de
desespero com um pôr do sol ao fundo, em Oslojford, Oslo, capital da Noruega.
O Grito está em entre as 10 obras de arte mais caras da história, tendo sido vendido por
119,9 milhões de dólares em 2 de maio de 2012 na Sotheby’s de Nova York.
Cinema
Por ser uma arte emergente no princípio do século XX, o cinema teve no
Expressionismo Alemão um dos seus principais expoentes ao longo de toda
história da sétima arte.
O filme O Gabinete do Dr. Caligari, que gerou um termo cunhado a partir
do seu conteúdo, o Caligarismo, influenciou diretamente os filmes posteriores.
Por ser o pioneiro da vanguarda expressionista, Caligari foi seguido, em maior
ou menor grau, por uma série de produções do período, entre elas Nosferatu
(1922), de F. W. Murnau, e Raskolnikow (1923), de Robert Wiene. Segundo
Cánepa (2006, p. 69):
Muitos contrastes entre o claro e o escuro (essa talvez seja a maior re-
presentação do expressionismo em sua essência, já que esses contrastes
eram uma alegoria do pensamento da sociedade alemã nesse tempo),
enquadramentos enviesados.
Exagero, maquiagem carregada dando um tom de obscurantismo às
obras.
Cenografia mais importante do que a montagem (o processo de mon-
tagem fílmica é fundamental para a narrativa de uma história a ser
contada e compreendida).
Leituras recomendadas
EISNER, L. A tela demoníaca: as influências de Max Reinhardt e do expressionismo.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
ENCICLÓPEDIA Itaú Cultural. São Paulo, c2018. Disponível em: <http://www.itau-
cultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm>. Acesso em: 09 jan. 2018.
GAMBA JUNIOR, N. G.; SENNA, M. G. S. De Caligari à rainha má: a influência do expres-
sionismo alemão no filme Branca de Neve e os sete anões. ALCEU, Rio de Janeiro, v.
17, n. 33, p. 125-137, jul./dez. 2016. Disponível em: <http://revistaalceu.com.puc-rio.
br/media/art%20125-137.pdf>. Acesso em: 09 jan. 2017.
GOMBRICH, E. H. A história da arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
LYNTON, N. Expressionismo. In: STANGOS, N. Conceitos da arte moderna. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1993. p. 24-37.
MERTEN, L. C. Cinema: entre a realidade e o artifício. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2005.
NAZÁRIO, L. As sombras móveis. Belo Horizonte: UFMG, 1999.