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A NOVA REALIDADE TRABALHISTA

PÓS REFORMA
C o m A n d r é To r q u a t o
SUMÁRIO

SOBRE O CURSO 3

PROFESSOR DO CURSO 4

AULA 1, PARTE 1 5

AULA 1, PARTE 2 10

AULA 1, PARTE 3 12

AULA 2, PARTE 1 15

AULA 2, PARTE 2 18

AULA 2, PARTE 3 19

AULA 2, PARTE 4 20

AULA 3, PARTE 1 21

AULA 3, PARTE 2 23

AULA 3, PARTE 3 24

AULA 3, PARTE 4 26

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SOBRE O CURSO

O QUE SERÁ ABORDADO N AS AUL AS?


Durante as três aulas, o profes s o r a b o rda rá : Im p a c to s da ref o r m a t rabal hi sta
associada à atual economia b ra s ileira . M u da n ç a s in t ro du z ida s p ela reforma
trabalhista: acord os coletivos, jo r n a da s de t ra b a lh o , p a g a m en to de c o ntri bui ção
sindical, ajuste d e férias e pos s ib ilida de de t ra b a lh o in t er m it en t e, in s al ubri dade
quanto às grávid as e lactantes . Im p a c to s da ref o r m a t ra b a lh is t a n o s contratos
da Administração. Negociação en t re em p reg a do s e em p reg a do res , in t erpretação
dos Tribunais Superiores no q u e c o n c er n e à p o s s ib ilida de de t erc ei ri zação.
Efeitos processuais quanto à re f o r m a : vo lu m e de a ç õ es t ra b a lh is t a s . Aprovação,
alteração ou revogação de sú m u la s , p rec eden t es n o r m a t ivo s e o r i entações
jurisprudenciais do TST.

O QUE CONSTA NESTE E BOOK?

Neste material, você tem uma lin h a do t em p o c o m o s p r in c ip a is a c o n t e ci mentos


das videoaulas, como frases impactantes dos professores, conceitos impor tantes
do mercado, ind icações de film es e livro s , en t re o u t ro s .

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PROFESSOR DO CURSO

A N D R É TO R Q UATO

M E S T R E E M D I R E I T O P E L A U F P E , A D V O G A D O,
P R O F E S S O R U N I V E R S I TÁ R I O

Formad o em Direito pela UFPE , M es t re em Direito p ela UFPE , a dvogado


trabalhista, professor u n iver s it á r io de Direito do Tra b a lh o e Direi to
Pro c es s u a l do Tra b a lh o .

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AULA 1, PARTE 1
André Torquato

PANORAMA

Ao longo da aula o professor An dré To rq u a to a p res en t a o c o n t ex to no qual


a Reforma Trabalhista foi intro du z ida n o Bra s il e p o s t er io r m en t e a profunda
as modificações as quais as L eis t ra b a lh is t a s p a s s a ra m . É a b o rda do em sua
explicação as alterações no Direito Co let ivo do Tra b a lh o e n o Direito In di vi dual
do Trabalho.

Apresentação 00:48

A Reforma Trabalhista se refere a L ei 1 3 .4 6 7 / 2 0 1 7 a p rova da em o u t ubro de


2017, ela alterou d ispositivos da CLT m o dif ic a n do in s t it u to s ju r í di cos de
proteções ao trabalhador.

A proteção ao trabalhador deve h aver, p o is o em p reg a do é a p a r t e m a i s fraca


da relação entre aquele que trab a lh a e a q u ele q u e c o m p ra a f o rç a de t rabal ho.
O direito do Trabalho existe pa ra p ro t eg er o t ra b a lh a do r. A L ei 1 3 .4 67/2017
flexibilizou, ou em outros termo s , p rec a r izo u o t ra b a lh a do r den t ro do regi me
da CLT.

Houve alterações nos campos do Direito In dividu a l do Tra b a lh o , n o Di rei to


Coletivo do Trabalho e no Direito Pro c es s u a l do Tra b a lh o . Serã o a n al i sadas
as principais alterações e por f im o p ro fes s o r irá ex p lo ra r o s res u ltados e
consequências da Reforma Trab a lh is t a .

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Contexto de implementação da 04:02
Reforma Trabalhista

I nicialmente são abordados as p ec to s g era is q u e s e deve c o n s idera r sobre a


Reforma Trabalhista. Anterior a s u a a p rova ç ã o h á c o m o a n t ec eden te a Lei
13.429/2017, que versava ape n a s s o b re t ra b a lh o s t erc eir iz a do s . Ambas as
leis foram aprovadas em um co n t ex to h is tó r ic o do N eo lib era lis m o , f a se atual
do sistema capitalista.

Após a Guerra Fria houve uma m u da n ç a do s is t em a c a p it a lis t a . O c o rreu um


progressivo d esmonte d o esta do de p ro t eç ã o s o c ia l e de b em - es t a r - soci al , e
com isso, o d esmantelamento da s is t em á t ic a ju r í dic a de p ro t eç ã o a o di rei to
do trabalho. Uma d as consequên c ia s des s e c o n t ex to m u n dia l n eo lib eral foi a
aprovação d a Reforma Trabalh is t a n o Bra s il.

Os argumentos d e d efesa da R ef o r m a Tra b a lh is t a f o ra m : c r ia ç ã o de novos


empregos, maior segurança jurí dic a em c o n t ra to s de c o n t ra t a ç ã o e dimi nui ção
de demandas na J ustiça do Tra b a lh o .

Neoliberalismo
Neoliberalismo é um termo q u e, es p ec ia lm en t e a p a r t ir do f inal dos
anos 1980, tem sid o emp reg a do em ec o n o m ia p o lí t ic a e ec o n omi a do
desenvolvimento, em substituição a outros termos anteriormente utilizados,
para descrever o ressurgimen to de ideia s der iva da s do c a p it a lis m o lai ssez-
faire (apresentad as pelo lib era lis m o c lá s s ic o ) q u e f o ra m im p lem entadas a
par tir d o início d os anos 197 0 e 1 9 8 0 .

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Direito coletivo do trabalho pré
16:52
Reforma

O direito coletivo do trabalho é b a s ic a m en t e a o rg a n iz a ç ã o c o let ivas dos


trabalhadores, essencialmente o s s in dic a to s , o u s eja , o direito s in dic a l . Antes
da Reforma Trabalhista havia a p reva lên c ia da n eg o c ia ç ã o c o let iva c o mo força
de Lei, ela ingressava no ordena m en to ju r í dic o c o m o s e f o s s e u m a L ei. Quando
a negociação coletiva afirmava a lg o c o n t rá r io a L ei, o q u e p reva lec i a era o
mais benéfico ao trabalhador.

Havia exceções d ispostas na c o n s t it u iç ã o , p a ra a lg u n s c a s o s de n eg oci ação


coletiva não benéficas como: po s s ib ilida de de redu ç ã o s a la r ia l, c o m p ensação
de jornada e ampliação da jorna da p a ra t ra b a lh a do res em t u r n o in in t er r uptos de
revezamento. A negociação co let iva diferen t em en t e da n eg o c ia ç ã o in d i vi dual
é feita pela categoria trabalha do ra o rg a n iz a da de f o r m a s in dic a l, gerando
pressão para afirmação de d ireito s do s t ra b a lh a do res .

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Direito coletivo do trabalho pós
31:13
Reforma

Após a Reforma Trabalhista co m o reg ra g era l h á a p en a s a p reva lênci a da


negociação coletiva, mesmo qu e ela s eja m en o s b en éf ic a q u e a L ei. Exi ste
dois ar tigos acrescentados pela R ef o r m a Tra b a lh is t a :

611-A: O Rol d o ar tigo é exem p lif ic a t ivo . E le reg u la m en t a a s s it u a ç ões que


aborda em seus incisos.

611-B: Possui um Rol taxativo . A n eg o c ia ç ã o c o let iva p reva lec e s o b re a Lei ,


salvo nos casos específicos est ip u la do s n o s in c is o s do Ar t ig o .

Foi adicionad a uma regra polêmic a n o Ar t ig o 6 1 1 - A p a rá g ra f o 1 º , ela m ani festa


que quando o Poder Jud iciário f o r a p rec ia r u m a n eg o c ia ç ã o c o let iva el e não
vai se ater a aspectos materia is p a ra a n á lis e da n o r m a p ro p o s t a . O Poder
Judiciário apenas analisará os elem en to s es s en c ia is do n eg ó c io ju r ídi co. O
juiz analisa apenas e somente o s elem en to s es s en c ia is do n eg ó c io jurídi co,
são eles: sujeito capaz, objeto lí c ito e f o r m a p res c r it a o u n ã o defes a em Lei .

Essa questão é intensamente d eb a t ida , p o is vio la o p r in c í p io da s ep a ra ção dos


Poderes, v isto que o Pod er Legis la t ivo a o a p rova r es s a lei in t er fere n o Poder
Judiciário. Não cabe ao Pod er L eg is la t ivo lim it a r a a n á lis e do Po der J urídi co.
O ar tigo 611-A também inter fere n o livre a c es s o à ju s t iç a , g a ra n t ido pel o
ar tigo 5º da constituição, no qu a l ex p res s a q u e n en h u m a les ã o o u a meaça a
direito será afastad a de aprecia ç ã o do Po der Ju dic iá r io .

Através de uma lei ordinária você está amarrando o exercício do


Poder Judiciário, isso viola a separação dos poderes

Não cabe ao Legislativo dizer até que ponto o Judiciário pode ou


não analisar, isso é atribuição do próprio judiciário

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Contrapartidas 49:07

Antes da Reforma sempre que h o u ves s e u m a n eg o c ia ç ã o c o let iva menos


benéfica, ou seja, negociação c o let iva in p eju s , dever ia h aver u m a c o n t rapar ti da
benéfica. Após a Reforma Tra b a lh is t a n ã o h á n ec es s ida de de in di cações
expressas, pod e haver uma co n t ra p a r t ida n ã o ex p lí c it a .

Esse novo elemento red uz a seg u ra n ç a ju r í dic a do em p reg a do .

Existe também uma novidade b en éf ic a a o t ra b a lh a do r n a R ef o r m a Tra bal hi sta,


a estabilidade provisória como c o n t ra p a r t ida o b r ig a tó r ia p a ra redu ç ã o sal ari al .

Ainda como novo elemento, o ar t ig o de c o n t ra p a r t ida s m a n ifes t a q u e a a nul ação


de uma cláusula implica anulaç ã o da res p ec t iva c o n t ra p a r t ida .

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AULA 1, PARTE 2
André Torquato

Sobre a vigência 05:22

As negociações coletivas têm vig ên c ia de n o m á x im o do is a n o s , o q u e houve


de diferente após a Reforma Tra b a lh is t a f o i s o b re a Veda ç ã o de u lt ra t i vi dade.
A ultratividad e é quand o uma n o r m a p ro du z efeito s em u m p er í o do p osteri or
a sua vigência, por exemplo, direito a dq u ir ido s . Co n t u do , a p ó s a Reforma
Trabalhista a ultratividade perdeu vig ên c ia .

Após a Re forma Trabalhista f o i leg is la do a p reva lên c ia do Ac o rdo Col eti vo


sobre a Convenção Coletiva co m o lei. O Ac o rdo Co let ivo a t in g e t ra b a lhadores
de uma empresa em específico , devido a is s o ele p reva lec e. Há du a s espéci es
de negociações coletivas:

Acordo Coletivo: Relação ent re o Sin dic a to da c a t eg o r ia p ro f is s ional e a


empresa.

Convenção Coletiva: Relação en t re o Sin dic a to da c a t eg o r ia p ro f is s ional e o


Sindicado patronal.

Contrato é uma relação jurídica, o contrato é uma abstração

Quase sempre no direito o especial prevalece sobre o geral, o


específico prevalece sobre o genérico

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Contribuição sindical 29:48

Reforma Trabalhista trouxe outra n ovida de b a s t a n t e deb a t ida , a f a c u lt a ti vi dade


do pagamento da Contribuição Sin dic a l. An t es da R ef o r m a o p a g a m ento ao
sindicato tinha o valor d e um dia de s a lá r io , e era des c o n t a do e repassado
como tributo ao sindicad o d e c a da c a t eg o r ia , t in h a n a t u rez a c o m p ul sóri a.
Com a Reforma Trabalhista ficou es t ip u la do q u e o em p reg a do deve c o muni car
a empresa que deseja contribuir c o m s eu res p ec t ivo s in dic a to .

O professor And ré enfatiza a im p o r t â n c ia do s s in dic a to s p a ra defesa dos


trabalhadores nas negociações c o m a s em p res a s , e c o m o es s a n ova medi da
precariza a existência e eficiê n c ia do s s in dic a to s . Des s a f o r m a o p rofessor
conclui que as Reformas foram diret a m en t e f avo ráveis a s em p res a s d e modo
geral.

Sindicato
As origens d os sindicato s m o der n o s , rem o n t a m a o s t ra b a lhadores
assalariados, que podem ser m a p ea do s des de a Grã - Bret a n h a do sécul o
X VIII, onde a rápid a expans ã o da s o c ieda de in du s t r ia l a t ra iu u m a parcel a
cada vez mais significativa da p o p u la ç ã o p a ra a s c ida des . A pal avra
sindicato tem origem no latim e n o g reg o . N o g reg o , “s yn - dic o s ” é a q uel e que
defende a justiça. No latim, “s in dic u s ” den o m in ava o p ro c u ra do r escol hi do
para defender os d ireitos d e u m a c o r p o ra ç ã o .

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AULA 1, PARTE 3
André Torquato

A Reforma Trabalhista no Direito


08:10
individual do trabalho

O Direito individ ual do Trabal h o é es s en c ia lm en t e a rela ç ã o em p regado e


empregador.

Uma das primeiras mudanças da L ei 1 3 .4 6 7 / 2 0 1 7 f o i s o b re o a c ordo de


compensação de jornad a. A Refo r m a Tra b a lh is t a t ro u xe u m a m a io r f lex ibi l i dade
nas negociações d e compensaç ã o . Po rém , o p ro fes s o r in f o r m a q u e o p oder de
permissão sobre o uso do banc o de h o ra s é s o m en t e do em p reg a do r, sendo
uma ilusão as d isponibilidades de a m b a s a s p a r t es em b en ef ic ia r - s e com o
banco de horas.

No Direito do trabalho há hiera rq u ia s o b re a c o rdo s , a n eg o c ia ç ã o col eti va


tem um poder maior que a neg o c ia ç ã o in dividu a l, devido a res p ec t iva mai or
igualdade e maior d isparidade n a s rela ç õ es de p o der en vo lvido n o s a cordos.
Essa hierarquia se manifesta t a m b ém n a s c o m p en s a ç õ es de jo r n a da. Nas
negociações coletivas é possível es t ip u la r a ex is t ên c ia de u m b a n c o de horas
de até um ano. As negociações in dividu a is s ã o m a n ifes t a da s c o m o :

Acordo individual escrito: Antes da R ef o r m a Tra b a lh is t a o a c o rdo deveri a ser


escrito e o prazo de compensaç ã o era de n o m á x im o u m m ês . Ap ó s a Reforma
o prazo para a compensação é de s eis m es es .

Acordo individual Tácito: An t es da R ef o r m a Tra b a lh is t a es s e a c ordo de


compensação tácito era inválido . Ap ó s a R ef o r m a t ro n o u - s e vá lido o a c ordo no
qual há implicitamente a solicit a ç ã o de h o ra s ex t ra s de t ra b a lh o n ã o im postas.
Não há formalmente um acordo de c o m p en s a ç ã o es t ip u la do , c o n t u do el e deve
ser compe nsado no prazo d e um m ês .

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Compensação de Jornada
A constituição estabelece o lim it e de jo r n a da de t ra b a lh o de 8 h o ra s di ári as
e 44 horas semanais. Uma vez q u e es s e t em p o é exerc ido é n ec essári o o
pagamento d e horas extras a o t ra b a lh a do r. A h o ra ex t ra t em o va lor de 1
hora de trabalho acrescid a em 5 0 % .

A compensação é quand o a jo r n a da t ra b a lh a da em u m dia é c o m pensada


pela su btração desse tempo em o u t ro dia . Q u a n do is s o o c o r re o em p regador
não precisa pagar a horas ex t ra .

Nós vivemos em uma sociedade capitalista de valores


essencialmente individualistas

Sistema de trabalho 12x36 Art.59-A 47:23

O sistema d e trabalho 12x36 s o f reu a lt era ç õ es t a m b ém . An t es da Reforma


Trabalhista ele era permitid o m edia n t e o Ac o rdo Co let ivo , a p ó s a R ef o rma el e
também passou a ser válid o media n t e Ac o rdo In dividu a l E s c r ito . Des s a forma
os dois acordos são válidos.

O professor enfatiza que se deve p en s a r n a im p o r t â n c ia da s a ú de do t ra b al hador


quando exposto a uma carga h o rá r ia exc es s iva ( c o m o n o s is t em a 12x36) ,
mesmo com a negociação flex ib iliz a da ela n ã o é o idea l.

As Horas e xtras Habituais, o exc es s o de jo r n a da q u e é feito c o m f req u ênci a de


forma constante, era tratada com o h o ra ex t ra c o m o p a g a m en to do em p regador.
Caso essas horas frequentes p a ra s s em de o c o r rer, o em p reg a do r p a g ava uma
indenização ao contratado. Apó s a R ef o r m a Tra b a lh is t a o Ar t . 5 9 - B afi rma
que prestação d e Horas Extra s Ha b it u a is n ã o des c a ra c t er iz a r o a c ordo de
compensação. Sendo assim, a s ú m u la 8 5 IV, TST a n t er io r f ic o u p reju d i cada e
não revogada.

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Férias 01:11

Com a Reforma Trabalhista foi a p rova do o f ra c io n a m en to da s fér ia s . Antes da


Reforma o fracionamento pod er ia s er feito em a p en a s do is p er í o do s . Após a
Reforma as férias podem ser fra c io n a da s em a t é t rês p er í o do s . Ao m e nos um
dos períodos, o maior d eles, deve s er de 1 4 dia s , e o s res t a n t es devem ser de
no mínimo cincos d ias cad a.

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AULA 2, PARTE 1
André Torquato

PANORAMA

O professor André inicia a aula f a zen do u m a b reve revis ã o do s t em a s a b ordados


em sua aula anterior, ou seja, o Direito Co let ivo do Tra b a lh o e o in í c io da anál i se
do Direito Ind ivid ual do Trabalho . Ao lo n g o da a u la o p ro fes s o r An dré Torquato
aprofunda o estud o sobre as m o dif ic a ç õ es a s q u a is a s L eis t ra b al hi stas
passaram, especificamente acerc a do Direito In dividu a l do Tra b a lh o .

Férias 01:11

Sobre as férias, após a Reform a , f ic o u es t ip u la do q u e n en h u m do s p e ríodos


de férias pode ocorrer em per í o do in fer io r a do is dia s a n t es de fer iados ou
repouso semanal remunerad o. Adem a is , o f ra c io n a m en to de fér ia s exi ge a
concordância do empregado, c o n t u do o p ro fes s o r An dré a f ir m a q ue essa
concordância é meramente form a l, dia n t e da h ip o s s u f ic iên c ia do em p regado.

Após a Reforma Trabalhista há a p o s s ib ilida de de f ra c io n a m en to da s féri as


para maiores de 50 anos e me n o res de 1 8 a n o s , a n t er io r m en t e is s o não era
possível. Existe também atua lm en t e a p o s s ib ilida de de ven da do período
de férias para o empregado em reg im e de t em p o p a rc ia l, a lg o q u e não era
permitido antes da Reforma. Ca s o o em p reg a do ven da s eu s 1 0 dia s de féri as
(que passará de 30 dias para 2 0 dia s ) é in viável a f ra c io n a m en to do restante
de suas férias em três períod o s .

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Trabalho intermitente 16:20

Segundo a Reforma Trabalhista o t ra b a lh o in t er m it en t e s e c a t eg o r iz a por ser


uma prestação de ser viços nã o c o n t í n u a , c o m a lt er n â n c ia de p er í odos de
atividade e inativid ade. No trab a lh o in t er m it en t e a p res t a ç ã o de s er viç os não é
contínua, o empregado apenas c o m p a rec e q u a n do é s o lic it a do e o p a g amento
é referente ao tempo de trabal h o rea liz a do . O p ro fes s o r An dré en f a t iza que o
trabalho intermitente não é o mes m o q u e t ra b a lh o a u tô n o m o , p o is n o t rabal ho
intermitente há a subordinação . Adem a is , n a rela ç ã o de t ra b a lh o in t er mi tente
não é obrigatório o pagamento do s a lá r io - m í n im o a o em p reg a do .

Nesse modelo o trabalho deve s er a p en a s o c a s io n a l, c a s o ele s e torne


habitual (como semanalmente, m en s a lm en t e, s em a n a s in t erc a la da s etc. ) fi ca
desconfigurad a a contratação c o m o t ra b a lh o in t er m it en t e.

Os aspectos gerais impor tant es da rela ç ã o de t ra b a lh o in t er m it ente são:


a celebração por escrito; o direito do s a lá r io m í n im o p o r h o ra ( o val or do
salário mínimo d ivid id o por seu va lo r em h o ra ) m a is rep erc u s s õ es ( repouso
semanal remunerado, valor das fér ia s , o va lo r do 1 3 º , FGTS e a c o n t ri bui ção
previdenciária) e por fim o c o m p a rec im en to m edia n t e c o n vo c ação (a
convocação deve ser feita com t rês dia s de a n t ec edên c ia e o t ra b a lh a dor tem
um dia útil para responder). Ca s o u m do s la do s n ã o c u m p ra a c o n vocação
fica estipu lado o pagamento d e m u lt a de 5 0 % do va lo r do t ra b a lh o .

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Efetivamente esse instituto jurídico não faz muito sentido, a
não ser que a finalidade seja apenas constituir uma relação
extremamente precária

Regra da Habitualidade
Versa sobre a ativid ade do e m p reg a do s er c o n s t a n t em en t e des em p enhada,
habitualmente o indivíduo es t á t ra b a lh a n do p a ra a em p res a em períodos
e dias frequentes. Não há ex ig ên c ia do n ú m ero de dia s p a ra des empenhar
essa frequência.

Toda condição ruim só é válida se estiver por escrito, toda condição


boa será válida com base na primazia da realidade, pode não estar
escrito, mas se existe na realidade, se é habitual então é válida

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AULA 2, PARTE 2
André Torquato

Terceirização do trabalho 00:15

A terceirização não foi objeto da L ei 1 3 .4 6 7 /2 0 1 7 c h a m a da a m p la m ente de


Reforma Trabalhista, ela foi ant er io r m en t e a b o rda da n a L ei 1 3 .4 2 9 / 2 017 que
trata especificamente d o tema da t erc eir iz a ç ã o . A L ei 1 3 .4 2 9 / 2 0 1 7 a mpl i ou a
legalização da terceirização, po is ex is t e a p o s s ib ilida de de t erc eir iz ação em
atividade-fim das empresas, incluindo sua atividade principal que anteriormente
não poderia ser terceirizad a. Sen do a s s im , to da s a s a t ivida des s ã o p assívei s
de terceirização. A amplitud e da t erc eir iz a ç ã o p reju dic a o it em 1 da súmul a
331 do TST.

O professor manifesta que a L ei 1 3 .4 2 9 /2 0 1 7 ( a c es s o a L ei 1 3 .4 29/2017


disponível aqui) é confusa, visto q u e n ã o p o s s u i u m t ex to p ró p r io , ela apenas
é uma lei que promove alteraç õ es n o t ex to de o u t ra L ei já ex is t en t e , a Lei
6.019/74 (acesso a Lei 6.019/7 4 . dis p o n í vel a qu i )

Outro item acrescentad o pela L ei 1 3 .4 6 7 /2 0 1 7 é a c r ia ç ã o de req u is itos para


o funcionamento da empresa de p res t a ç ã o de s er viç o s a t erc eiro s ( ar t. 4º-
B). Os requisitos são: ser uma p es s o a ju r í dic a e t er u m c a p it a l s o c ia l míni mo
entre outros, o professor recomen da ler o a r t ig o a r t . 4 º - B.

A terceirização é uma grande ferramenta para praticar fraude

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AULA 2, PARTE 3
André Torquato

Trabalho insalubre para gestante


00:00
e lactantes

O professor retorna a Lei 13.4 6 7 /2 0 1 7 e dec la ra q u e o tó p ic o Trabal ho


insalubre para gestante e lactant es f o i o p r im eiro dis p o s it ivo a s er c o n s i derado
inconstitucional na Reforma Tra b a lh is t a , s u a du ra ç ã o f o i m en o r q u e um ano.
Ao inserir o Ar t.394-A foi permit ido o t ra b a lh o in s a lu b re p a ra a s t ra b a lhadoras
gestantes e lactantes.

Era permitid o a gestantes exerc erem t ra b a lh o c o m g ra u de in s a lu bri dade


mínimo ou médio e lactantes em to do s o s g ra u s , s a lvo a p res en t ação de
atestado méd ico. Ao fim o dispo s it ivo f o i c o n s idera do in c o n s t it u c io n al .

Empregado hipersuficiente Art.444 09:05

A terminologia hipersuficiente n ã o es t á ex p lí c it a , é c o m o o Ar t . 4 4 4 vem sendo


chamado. O termo é utilizad o p a ra des ig n a r u m em p reg a do q u e p ossui o
salário igual ou superior a d uas vezes o t eto do R GPS. Ta m b ém s e enquadra
como empregad o hipersuficien t e in diví du o s q u e p o s s u em dip lo m a de ensi no
superior. Ao se enquad rar ness a c a t eg o r ia o em p reg a do t em a p o s s ibi l i dade
de negociar individ ualmente as p ec to s c o n t ra t u a is c o m o em p reg a do r no que
se refere as cond ições indicad a s e p revis t a s n o Ar t . 6 1 1 - A.

RGPS
Regime Geral da Previd ênc ia So c ia l, s eu t eto a t u a l é em to r n o de 7 mi l
reais.

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AULA 2, PARTE 4
André Torquato

Direito Processual do Trabalho: 04:31


Reclamação Trabalhista

A reforma trabalhista para d im in u ir o n ú m ero de a ç õ es ju dic ia is acabou


criando mais obstáculos para a o a ju iz a m en to de rec la m a ç õ es t ra b a l hi stas.
A respeito das reclamações tra b a lh is t a s p ro p r ia m en t e h á u m a n ovid ade, a
exigência d e liquidação dos p edido s ( Ar t . 8 4 0 , § 1 º ), o u s eja , o p edi do da
reclamação trabalhista precisa es t a r c o m s eu va lo r det er m in a do e es p ecífi co.
Com essa exigência todo o ôn u s do c á lc u lo é do rec la m a n t e ( t ra b a lh ador) , e
muitas vezes, ele não possui o c o n h ec im en to t éc n ic o de to do s o s elementos
necessários para elaborar o cálc u lo , vis to q u e, m u ito s des s es elem entos são
variantes. Ademais, o autor d a rec la m a ç ã o c a s o p erc a irá a rc a r c o m o val or
da sucumbência.

Caso não exista a liquid ação a rec la m a ç ã o s erá ex t in t a s em redu ç ã o do méri to,
contudo o Ar t.321, CPC é aplic ável e g a ra n t e o p ra zo p a ra em en da .

O principal objetivo da Reforma Trabalhista no âmbito do Direito


Processual do Trabalho foi diminuir o número de processos

A melhor forma de diminuir as ações é fazer cumprir a lei

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AULA 3, PARTE 1
André Torquato

PANORAMA

Ao longo da aula o professor An dré To rq u a to a b o rda em s u a ex p lic ação as


alterações no Direito Process u a l do Tra b a lh o e a o f in a l ava lia o s impactos
sociais e econômicos da Refor m a Tra b a lh is t a n o Bra s il.

Justiça Gratuita 00:12

O que Reforma Trabalhista tento u f o i dif ic u lt a r a c o n c eç ã o de b en efíci o da


justiça gratuita. Antes d a Reform a o in diví du o q u e f o s s e p es s o a f í s ic a apenas
precisava d eclarar sua hiposufic iên c ia e ela era a c eit a c o m o verda deira pel o
CPC. A Re forma tentou criar req u s ito s o b jet ivo s p a ra c o n c es s ã o da justi ça
gratuita nos ar t. 790, §3º e 4º.

Ficou estipulad o que receberiam ju s t iç a g ra t u it a q u em p o s s u í s s e o s a lá ri o i gual


ou inferior a 40% d o teto do RGP S. Ca s o o va lo r s a la r ia l s eja s u p er io r a es se val or
estipulado, é necessário comprova r a in s u f ic iên c ia de rec u r s o s , diferen t emente
do processo civil onde o CPC af ir m a a dec la ra ç ã o de h ip o s u f ic iên c ia .

Existe a súmula 463 que afirm a a dec la ra ç ã o de h ip o s s u f ic iên c ia feita pel a


pessoa física como verd adeira, a s ú m u la a in da é a p lic ável.

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Seria razoável colocar no processo civil uma regra mais frouxa
para concessão da justiça gratuita e no processo do trabalho uma
regra mais rígida?

Se fosse o mesmo tratamento ou se o tratamento fosse mais fácil,


mais tranquilo, mais frouxo no processo do trabalho tudo bem, o
que não pode é o tratamento ser mais frouxo no processo civil e
mais rígido no processo do trabalho

CPC
O Código de Processo Civil ( L ei n º 5 .5 8 9 , de 1 1 de ja n eiro de 1 9 7 3 ) contém
todas as normas estritamen t e rela c io n a da s a o s p ro c es s o s ju dici ai s de
natureza civil. Ou seja, aqueles fora dos âmbitos penal, tributário, trabalhista
e eleitoral, entre outros.

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AULA 3, PARTE 2
André Torquato

Honorários de sucumbência 00:13

A própria existência d o Honorár io de s u c u m b ên c ia é u m a n ovida de. A ntes da


Reforma Trabalhista existia o ho n o rá r io de Su c u m b ên c ia a p en a s q u a n d o havi a
par ticipação do sindicato, após a R ef o r m a p a s s a ra m a ex is t ir em q ual quer
situação.

Com a Reforma houve a possibilida de de c o n den a ç ã o do b en ef ic iá r io da Justi ça


Gratuita, e m caso de obtenção de c rédito s em ju í zo , a p a g a r o s Ho n o rári o de
sucumbência (ar ts. 791-A caso s de h o n o rá r io s a dvo c a t í c io s , § 4 º e 7 9 0 - B casos
de honorários periciais, caput e § 4 º ). Ca s o o b en ef ic iá r io da Ju s t iç a Gratui ta
ganhe créd itos em juízo, aind a q u e em p ro c es s o s diferen t es , ele p agar os
honorários das par tes nas quais p erdeu c o m o va lo r de s eu g a n h o .

Os ar ts. 791-A, §4º e 790-B fora m dec la ra do s in c o n s t it u c io n a is n o ju lg amento


da ADI 5766, send o assim, o b en ef ic iá r io em Ju s t iç a Gra t u it a n ã o p ode ser
condenado em honorários d e s u c u m b ên c ia .

O honorário de sucumbência é uma coisa extremanete importante


não só como uma fonte de renda para o advogado, como também
como uma forma de coibir os ilícitos na sociedade de modo geral

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AULA 3, PARTE 3
André Torquato

Condenação em custas no caso de


00:00
ausência injustificada do Reclamante

Antes da Reforma Trabalhista n a a u s ên c ia de u m a da s p a r t es n a a udi ênci a


inicial havia uma consequência . Se o a u s en t e f o s s e o rec la m a n t e havi a a
extinção do processo sem res o lu ç ã o do m ér ito , t en do ele q u e a ju izar uma
nova reclamação. A punição por a u s ên c ia do rec la m a do era s u a dec la ração de
revel com confissão ficta, sendo a s s im c o m g ra n de p ro b a b ilida de de perder.

Após a Re forma a ausência d o rec la m a n t e im p lic a a ex t in ç ã o do p rocesso


sem resolução do mérito e sua c o n den a ç ã o em c u s t a s , a in da q u e b en e fi ci ári a
da Justiça Gratuita (ar t. 844, §2 º ). O p a g a m en to da s c u s t a s p elo rec lamante
é condição para propositura d e n ova dem a n da ( a r t . 8 4 4 , § 3 º ).

O §2º foi declarado constitucio n a l p elo ST F n o ju lg a m en to da ADI 5 7 6 6; o §3º


não foi objeto dessa ADI. A com p reen s ã o do ST F é q u e n ã o es t á o c orrendo
um obstáculo no acesso a justiç a e s im u m a reg u la m en t a ç ã o des s e d i rei to.

Pessoal isso é evidentemente é um obste do acesso a justiça

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Edição de súmulas pelo TST 25:38

Sobre a criação de limites e req u is ito s p a ra a ela b o ra ç ã o de en u nci ados


jurisprudenciais foi acrescentado p ela R ef o r m a o § 2 º n o a r t . 8 º , CLT o qual
afirma que o TST não pod e na ela b o ra ç ã o de s ú m u la s res t r in g ir dire i tos ou
criar obrigações não previstas em lei.

Porém, isso não é propriament e u m a n ovida de, o s direito s e o b r ig a ç ões são


criados em constituição ou através de leis .

Há evidentemente, claramente, uma violação do princípio da


separação dos poderes, não pode uma lei [...] interferir no processo
de formação de súmulas

25
AULA 3, PARTE 4
André Torquato

Edição de súmulas pelo TST: Rito 00:40

O professor frisa a seriedade da vio la ç ã o do p r in c í p io da s ep a ra ç ã o do s poderes


implicadas pela Reforma Trab a lh is t a q u e c r io u r ito s ex t rem a m en t e rígi dos
para elaboração de súmulas pelo TST. O r it u a l é c o m p o s to des s e m o d o:

-As sessões para ed ição d e súm u la s devem s er p ú b lic a s ( a r t . 7 0 2 , § 3 º, CLT) .

-Divulgação com pelos menos 3 0 dia s de a n t ec edên c ia .

-Par ticipação d o Procurador-G era l do Tra b a lh o , do Co n s elh o Federa l da OAB,


do Advogado-Geral d a União e de c o n federa ç õ es s in dic a is o u en t idades de
classe de âmbito nacional.

-Voto de 2/3 do plenário (ar t. 70 2 , I, “f ” ).

-Matéria já d ecidid a d e forma idên t ic a , p o r u n a n im ida de, em p elo m enos 2/3


das turmas, e em pelo menos dez s es s õ es em c a da t u r m a ( a r t . 7 0 2 , I, “ f ”) .

O último aspecto torna extrema m en t e dif í c il a p o s s ib ilida de da ela b o ração de


súmulas.

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Consequências da Reforma 12:37
Trabalhista

É retomado que as argumentaç õ es p a ra a a p rova ç ã o da R ef o r m a Tra bal hi sta


eram a criação d e mais emprego s , m a io r s eg u ra n ç a ju r í dic a e a dim in ui ção de
demandas na J ustiça do Traba lh o .

Utilizando dados d o IBGE o profes s o r An dré ava lia q u e a s t a x a s de des emprego


entre 2017 e 2021 não diminuíra m em n en h u m m o m en to , m es m o a n t er iormente
a Pandemia COVID-19, não hou ve redu ç ã o de des em p reg o a p ó s a Reforma
Trabalhista.

A renda méd ia no mesmo períod o a n a lis a do t eve u m a u m en to in fer io r a infl ação,


tornando o aumento irreal em t er m o s de p o der de c o m p ra .

A taxa de informalid ade cresceu en t re 2 0 1 7 e 2 0 2 1 , a R ef o r m a Tra bal hi sta


contribuiu para esse aumento , p o is dim in u iu a s eg u r ida de ju r í d i ca do
trabalhador.

O volume de processos na J ustiç a do Tra b a lh o q u e em 2 0 1 7 era de 2 , 2 mi l hões


de ações passou em 2020 para 1 , 5 m ilh õ es de a ç õ es , t eve u m a q u eda de 32%.
Nesse quesito a Reforma foi ef ic ien t e devido a s u a s m edida s de o b s t acul i zar
o acesso à justiça.

E por fim, como mais uma conseq u ên c ia da R ef o r m a Tra b a lh is t a a a r rec adação


dos sindicatos caiu 90%.

Os números provam isso sempre, sempre que algum país, algum


Estado decide flexibilizar a legislação trabalhista não há geração
de empregos

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