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Na primeira parte, a qual está estruturada em três tópicos, temos o primeiro intitulado

“Crítica e sociologia” onde o autor apresenta que o estudo de uma obra deve ser
realizado através da conciliação entre o texto e o contexto, por meio de uma
interpretação dialética entre ambos. Candido destaca que os fatores externos (sociais)
desempenham um papel na constituição da estrutura da obra, ou seja, eles tornam-se
fatores internos, uma vez que atuam em sua composição.
No tópico II intitulado “A literatura e a vida social”, o destaque está nos
aspectos sociais que envolvem a vida artística e literária nos seus diferentes momentos.
Nesse tópico, Antonio Candido explora como a produção literária é moldada e
influenciada pelos contextos sociais, ao passo que a literatura, por sua vez, pode refletir
e exercer influência sobre a sociedade em que é produzida.
Em "Estímulos da Criação Literária", tópico III da primeira parte do livro, o
autor lida com as diferenças entre a vida literária em sociedades que autor chama de
"primitivas" e "civilizadas". Candido realiza uma comparação entre a poesia primitiva e
civilizada apontando a presença do alimento, que para a sociedade primitiva manifesta-
se diretamente, em sua concretude, numa realidade nutritiva no plano da arte, enquanto
a civilizada realiza diversas mediações entre ambos, surgindo apenas como símbolo, ou
objeto estético.
Na segunda parte do livro, dividida em cinco tópicos, Candido aborda
primeiramente no texto "O Escritor e o Público", as condições da produção da literatura
no Brasil, especialmente a relação entre escritor e público. O autor apresenta que a
literatura não é algo fixo, mas sim “Um sistema vivo de obras”, que vive e age sobre os
leitores, num processo de circulação literária que assume uma posição social mutável ao
longo da nossa história.

O tópico II intitulado “Letras e ideias no período colonial”, coloca em questão a


formação da literatura brasileira. O texto inicia com uma apresentação didática das duas
visões de literatura brasileira: a do autor e a literatura de origem romântica, da qual
Candido se opõe. No decorrer do texto, o autor reforça esse poscisionamento, expondo
sua contrariedade em relação a literatura romântica e sua vinculação a perpesctiva
moderna da segunda metade do século XIX.

Em “Literatura e cultura de 1900 a 1945”, terceiro tópico do texto, Candido se


concentra na dialética entre localismo e cosmopolitismo. O autor apresenta este
processo como princípio fundamental na constituição das nossa literatura, dando
destaque a um momento importante como o surgimento do Modernismo, como ele
afirma: “Parece que o Modernismo corresponde à tendência mais autêntica da arte e
do pensamento brasileiro” (CÂNDIDO, 2006 p. 131)

No tópico IV, Candido discorre a respeito da “Literatura na evolução de uma


comunidade”. O autor traça diferentes formas históricas de associação entre escritores
da cidade de São Paulo, os valores específicos que os norteiam e sua posição em face
dos valores gerais e da organização da sociedade. Candido expõe o papel das formas de
sociabilidade intelectual e a sua relação com a sociedade e por meio de um viés
sociológico, analisa o processo evolutivo através da caracterização das diferentes etapas
da literatura em São Paulo.

Por fim, no último tópico abordado intitulado “A estrutura literária e função


histórica”, Antonio Candido analisa uma obra específica de autoria do Frei José de
Santa Rita Durão chamada “Caramuru”, publicada em 1781. Candido questiona o por
quê de tal obra não ter sido muito apreciada em seu tempo, já que, quase meio século
após sua publicação, a obra teve função primordial para a formação de uma consciência
literária autônoma, que emerge junto com o Romantismo e sua ênfase na brasilidade. A
razão que tornou esse fato possível segundo Candido, foi a forma com que a obra está
organizada, as suas característica gerais que possibilitaram a obra cumprir as funções
requeridas, ainda que em um outro momento histórico.

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