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Capítulo 9

Diferenciabilidade

9.1 Definição de derivada


Uma reta não vertical que passa pelo ponto (x0 , y0 ) pode ser representada ex-
plicitamente pela equação
y y0 = m (x x0 ) . (9.1)
O número real m descreve a inclinação da reta.

f(x) f(x)

f(x0)
f(x0)

x0 x x0 x

Figura 9.1: Inclinação da reta e da curva.

Intuitivamente podemos visualizar que uma curva representada explicitamente


pela equação y = f (x) possui uma certa inclinação no ponto (x0 , y0 ) e em cada
ponto diferente da curva teremos uma inclinação diferente. Queremos agora de-
finir uma maneira precisa, livre de ambiguidades e contradições, este conceito de
inclinação de uma curva em um ponto.
160 Diferenciabilidade

y Se a curva em questão é uma circunfe-


rência, podemos observar que a reta tan-
gente a um certo ponto possui a mesma
inclinação que a circunferência neste
ponto. Podemos definir a inclinação da
x circunferência no ponto (x0 , y0 ) pela in-
clinação da reta tangente a este ponto,
que é definida como a reta que intercepta
a circunferência apenas no ponto esco-
lhido.
Esta definição é ambígua se extendida para uma curva qualquer. Por exem-
plo, a reta horizontal y = y0 e a reta vertical x = x0 interceptam o ponto mínimo
de uma parábola em apenas um ponto. Além disso, a reta que de fato possui a
mesma inclinação da curva y = f (x) pode interceptar a curva em algum outro
ponto distante, com mostra a figura 9.1.
y Precisamos então definir esta reta de
modo que seja a reta tangente se aplicar-
mos a definição a uma circunferência e
que não seja ambígua no caso geral. Vol-
tando à circunferência, uma reta que a in-
x tercepta em dois pontos distintos é cha-
mada de reta secante. Se mantivermos
um ponto fixo e variarmos o segundo de
modo que ele se aproxima mais do ponto
mantido fixo, podemos perceber que a
reta secante se aproxima cada vez mais
da reta tangente ao ponto mantido fixo.
f(x) Aplicando esta definição a uma curva
representada explicitamente pela equa-
ção y = f (x) temos também uma sequên-
cia de retas que se aproximam da reta que
possui a mesma inclinação da curva no
f(x )
0

ponto mantido fixo. Seja (x0 , y0 ) o ponto


mantido fixo e (x1 , y1 ) o ponto que es-
colhemos variar. A equação da reta que
x 0 x 1 x x1 x
1
passa por estes dois pontos é

y1 y0 y0 x1 y1 x0
y= x+ . (9.2)
x1 x0 x1 x0
9.1 Definição de derivada 161

A inclinação desta reta é dada por

y1 y0 f (x1 ) f (x0 )
m= = . (9.3)
x1 x0 x1 x0

Esta inclinação pode ser calculada sempre que x1 6= x0 . A expressão não é definida
em x1 = x0 , mas definimos a reta tangente à curva y = f (x) no ponto (x0 , y0 ) como

f (x1 ) f (x0 )
m = lim . (9.4)
x1 !x0 x1 x0

Se este limite existir, chamamos o número real m de derivada da função f em x0 .

Definição 9.1.
A derivada da função f no ponto x0 é

f (x1 ) f (x0 )
f 0 (x0 ) = lim (9.5)
x1 !x0 x1 x0

se este limite for um número real. Neste caso dizemos que f é diferenciável em
x0 .

Teorema 9.1.
Se f é diferenciável em x0 , então f é também contínua em x0 .

Demonstração. Queremos provar que

lim f (x) = f (x0 ) . (9.6)


x!x0

Mudando a variável x para x1 como x = x1 , podemos provar este limite mostrando


que

lim [ f (x1 ) f (x0 )] = 0 . (9.7)


x1 !x0

Podemos manipular a diferença f (x1 ) f (x0 ) e escrever o limite como


f (x1 ) f (x0 )
lim [ f (x1 ) f (x0 )] = lim (x1 x0 )
x1 !x0 x1 !x0 x1 x0
f (x1 ) f (x0 )
= lim · lim (x1 x0 ) = f 0 (x0 ) · 0 = 0 . (9.8)
x1 !x0 x1 x0 x1 !x0

A definição de diferenciabilidade garante que f 0 (x0 ) é um número real.


162 Diferenciabilidade

y
Se toda função diferenciável em um
ponto é também contínua neste ponto,
então uma função que não é contínua não
pode ser diferenciável. Se em um certo
ponto x0 o gráfico da função é interrom-
pido e exibe um “salto”, como ilustrado
na figura ao lado, as retas secantes se
aproximam cada vez mais de uma reta
vertical, que não pode ser expressa pela
a x b x
equação y y0 = m(x x0 ) com m real,
motivo pelo qual a função não é diferen-
ciável em x0 .

9.1.1 Exemplos de funções diferenciáveis


Exemplo 9.1 (Função constante).
Seja f (x) = K para todo x real e x0 um número real qualquer.

f (x1 ) f (x0 ) K K
f 0 (x0 ) = lim = lim = lim 0 = 0 . (9.9)
x1 !x0 x1 x0 x1 !x0 x1 x0 x1 !x0

Este resultado implica que uma reta horizontal sempre possui inclinação nula.

Exemplo 9.2 (Polinômio de primeiro grau).


Seja f (x) = ax + b e x0 um número real qualquer

f (x1 ) f (x0 ) ax1 + b ax0 b a(x1 x0 )


f 0 (x0 ) = lim = lim = lim =a.
x1 !x0 x1 x0 x1 !x0 x1 x0 x1 !x0 x1 x0
(9.10)

Como a equação y = ax + b descreve uma reta com inclinação a, é natural esperar


que a derivada tenha sempre a mesma inclinação.

Exemplo 9.3 (Polinômio de segundo grau).


Seja agora f (x) = ax2 + bx + c. A derivada no ponto x0 é

f (x1 ) f (x0 ) ax12 + bx1 + c ax02 bx1 c


f 0 (x0 ) = lim = lim
x1 !x0 x1 x0 x1 !x0 x1 x0
 2 2
x x0 x1 x0
= lim a 1 +b = lim [a(x1 + x0 ) + b] = 2ax0 + b .
x1 !x0 x1 x0 x1 x0 x1 !x0

A inclinação de reta tangente a uma parábola depende do ponto x0 escolhido.


9.1 Definição de derivada 163

9.1.2 Exemplos de funções não diferenciáveis em algum ponto


Exemplo 9.4 (Hipérbole).
Seja f (x) = 1x e x0 6= 0. Neste ponto podemos calcular a derivada da função,
1 1 
0 f (x1 ) f (x0 ) x1 x0 1 x0 x1
f (x0 ) = lim = lim = lim
x1 !x0 x x0 x1 !x0 x1 x0 x1 !x0 (x1 x0 ) x1 · x0
 1
1 1
= lim = . (9.11)
x1 !x0 x1 · x0 x02
A derivada f 0 (x0 ) existe sempre que x0 6= 0, ou seja, no domínio da função. Mas
como
1
lim f 0 (x0 ) = lim = •, (9.12)
x0 !0 x0 !0 x02
a inclinação da hipérbole se aproxima de uma reta vertical à medida em que x0
se aproxima de 0. Mesmo que f (0) seja definida de alguma maneira, esta nova
função não pode ser contínua em x0 = 0 e portanto não pode ser diferenciável
neste ponto.
Exemplo 9.5. p
Seja agora f (x) = 3 x. Esta função é contínua em todo x real. Seja x0 um
número real qualquer.
p
3 x
p
3 x
0 f (x1 ) f (x0 ) 1 0
f (x0 ) = lim = lim . (9.13)
x1 !x0 x1 x0 x1 !x0 x1 x0

Este limite também é um caso 00 , então devemos manipular com o produto notável

a3 b3 = (a b)(a2 + ab + b2 ) . (9.14)
p p
Se a = 3 x1 e b = 3 x0 , podemos eliminar os termos que resultam em zero multi-
plicando e dividindo por (a2 + ab + b2 ), isto é,
q q
p3 x
p p p 3
x 2+p p
3 x 3 x + 3 x2
3 x 3 x 3 x 1 1 0 0
1 0 1 0
= q q
x1 x0 p p
x1 x0 3 x2 + 3 x 3 x + 3 x2
1 1 0 0
x1 x0
= q q
p p
(x1 x0 )( x1 + x1 x0 + 3 x02 )
3 2 3 3

1
= q p p
q . (9.15)
3
x12 + 3 x1 3 x0 + 3 x02
164 Diferenciabilidade

p
Como a função 3 x é contínua, calculamos o limite deste último denominador
como
q q q q q
p p p p
lim x1 + x1 x0 + x0 = x0 + x0 x0 + x0 = 3 3 x02 .
3 2 3 3 3 2 3 2 3 3 3 2 (9.16)
x1 !x0

Se x0 6= 0,
2/3
f (x1 ) f (x0 ) 1 x
0
f (x0 ) = lim = q = 0 . (9.17)
x1 !x0 x1 x0 3 3 x02 3
p
Apesar de 3 x ser contínua em x0 = 0, a derivada não existe porque a curva tem
inclinação vertical e portanto a reta tangente não pode ser escrita na forma y y0 =
m(x x0 ) com m real.
Exemplo 9.6 (Função modular).
A função

x, se x 0
f (x) = |x| = (9.18)
x , se x < 0
é contínua em todo x real. A sua derivada em um x0 qualquer é
|x1 | |x0 |
f 0 (x0 ) = lim . (9.19)
x1 !x0 x1 x0
Calculando a derivada em x0 = 0 temos
|x1 |
f 0 (0) = lim . (9.20)
x1 !0 x1

Este limite não existe, pois


|x1 | |x1 |
lim = +1 e lim = 1. (9.21)
x1 !0+ x1 x1 !0 x1
A derivada f 0 (0) não existe. Tomando o limite de retas secantes à direita do
ponto x0 = 0 temos uma reta com inclinação m = +1, enquanto calculando retas
secantes com pontos à esquerda de x0 = 0 encontramos inclinação m = 1. A
inclinação à esquerda é diferente da inclinação à direita. Geometricamente esta
descontinuidade na derivada quer dizer que a curva tem um “bico” ou um “canto”.
Estes dois últimos exemplos mostram que uma função pode ser contínua em
um ponto e não ser diferenciável neste mesmo ponto. O último exemplo sugere a
definição de derivada à direita e derivada à esquerda como
f (x1 ) f (x0 ) f (x1 ) f (x0 )
f 0 (x0+ ) = lim e f 0 (x0 ) = lim . (9.22)
x1 !x0+ x1 x0 x1 !x0 x1 x0
9.1 Definição de derivada 165

Definição 9.2.
Dizemos que a função f é diferenciável no intervalo aberto (a, b) se f for
diferenciável em todo x0 2 (a, b). Dizemos que f é diferenciável no intervalo
fechado [a, b] se for diferenciável em (a, b), diferenciável pela direita em x0 = a e
diferenciável pela esquerda em x0 = b.
No caso da função f (x) = |x|, podemos dizer que f é diferenciável no inter-
valo [0, 1] ou no intervalo [ 1, 0], mas não podemos dizer que é diferenciável no
intervalo [ 1, 1], porque em x0 = 0 a função não é diferenciável.

9.1.3 Função derivada


Na definição de derivada
f (x1 ) f (x0 )
f 0 (x0 ) = lim (9.23)
x1 !x0 x1 x0
podemos fazer a substituição de variáveis h = x1 x0 e escrever o limite como
f (x0 + h) f (x0 )
f 0 (x0 ) = lim . (9.24)
h!0 h
Este formato pode ser mais conveniente para calcular derivadas, e também para
definir a função derivada de f (ou apenas a derivada de f ) como uma função que
em x = x0 retorna a derivada de f em x0 , isto é, f 0 (x0 ). O domínio da função
derivada é o conjunto de pontos em que a função original é diferenciável. A
derivada de uma função pode ser calculada pela fórmula
f (x + h) f (x)
f 0 (x) = lim . (9.25)
h!0 h
Exemplo 9.7.
1
Seja a função f (x) = .
Sua derivada é dada por
x2
✓ ◆  2
0 f (x + h) f (x) 1 1 1 1 x (x + h)2
f (x) = lim = lim = lim
h!0 h h!0 h (x + h)2 x2 h!0 h x2 (x + h)2
 2 
1 x x2 2hx h2 2x h
= lim = lim . (9.26)
h!0 h x2 (x + h)2 h!0 x2 (x + h)2

Agora não há divisões por zero e as funções envolvidas são contínuas, então
2x 2
f 0 (x) = = . (9.27)
x4 x3
Como f não é contínua em x = 0 naturalmente a sua derivada f 0 não é de-
finida neste ponto. A função derivada é contínua em todo x 6= 0, portanto f é
diferenciável no domínio ( •, 0) [ (0, +•).
166 Diferenciabilidade

9.1.4 Notações de derivada


Seja a curva representada explicitamente pela equação y = f (x), onde f é uma
função diferenciável. Podemos escrever h = Dx, agora chamado de incremento
em x e definir o incremento em y como a variação da função após o incremento
Dx, isto é,
y

Dy = f (x + Dx) f (x) . (9.28)


f(x+h)

A razão entre estes incrementos é a incli-


Δy nação da reta secante definida pelos pon-
tos x e x + Dx, dada por
f(x)
Dy f (x + Dx) f (x)
x m= = . (9.29)
x
Δx
x+h
Dx Dx

A derivada da função calculada em x é o limite da inclinação da reta secante


quando o incremento em x tende a zero, isto é,

Dy
f 0 (x) = lim . (9.30)
Dx!0 Dx

Podemos denotar este limite trocando os símbolos Dx e Dy pelos símbolos dx e dy,


que chamamos de incrementos infinitesimais ou diferenciais.
Com estes símbolos podemos denotar a derivada da função por

dy Dy df Df
= lim ou = lim . (9.31)
dx Dx!0 Dx dx Dx!0 Dx

Esta notação de derivada é chamada de notação de Leibniz. É importante notar que


dy
o símbolo dx lembra a razão entre dois diferenciais, mas não pode ser entendido
como uma divisão, pois a operação de divisão entre diferenciais não é definida
(seria como dividir por um vetor ou dividir por zero).
A símbolo f 0 (x) escolhido para denotar a derivada é uma notação chamada
notação de Lagrange. Existem diversas outras notações, como a notação de New-
ton, que consiste em escrever um ponto acima da função. Normalmente a notação
de Newton é utilizada quando a variável da função representa o tempo. Então se
x(t) é a função que descreve a posição de uma partícula no tempo, sua velocidade
pode ser denotada como v(t) = ẋ(t).
A notação de Euler consiste em escrever a derivada como D f . Esta notação é
útil quando queremos utilizar a derivada como um operador (uma transformação
que aplicamos numa função que retorna a derivada da função). Podemos também
9.1 Definição de derivada 167

utilizar a notação de Leibniz para representar a derivada como um operador na


forma
df d
(x) = ( f (x)) . (9.32)
dx dx
d
Nesta equação o símbolo dx é entendido como um operador que age na função
df
f (x) e retorna a derivada dx (x).

9.1.5 Derivadas de ordem superior


d
Como o resultado da aplicação do operador dx é também uma função, nada nos
impede de aplicar novamente este operador no resultado da função. O resultado
de duas aplicações deste operador numa função chama-se segunda derivada de
f , que pode ser calculada como a derivada da derivada. Na notação de Leibniz a
segunda derivada é denotada como
✓ ◆ ✓ ◆✓ ◆
d2 f d df d d
2
= = f. (9.33)
dx dx dx dx dx
Na notação de Lagrande denotamos a segunda derivada como

f 0 (x + h) f 0 (x)
f 00 (x) = lim . (9.34)
h!0 h

Na notação de Euler a segunda derivada é simplesmente D2 f , enquanto na notação


de Newton utilizamos dois pontos. A segunda lei de Newton pode ser escrita como

F = mẍ(t) . (9.35)

Se a segunda derivada for contínua em um ponto x0 , dizemos que a função


é duas vezes diferenciável em x0 . Dizemos que ela é duas vezes diferenciável
em um intervalo se for duas vezes diferenciável em cada ponto deste intervalo.
Como funções contínuas podem não ser diferenciáveis em um ponto, é também
possível que uma função seja diferenciável em um ponto, mas não duas vezes.
Por exemplo, a função f (x) = x|x| possui derivada f 0 (x) = 2|x| e segunda derivada
f 00 (x) = 2 |x|
x . Esta função é contínua e diferenciável em x0 = 0, mas não é duas
vezes diferenciável neste ponto.
Podemos classificar as funções pelo número de vezes em que elas são diferen-
ciáveis em um intervalo. Uma função é de classe C2 se for duas vezes diferenciá-
vel, de classe C1 se for diferenciável e de classe C0 se for contínua. De acordo
com a propriedade de que toda função diferenciável é contínua, podemos afirmar
168 Diferenciabilidade

que o conjunto das funções de classe C2 está contido no conjunto de funções de


classe C1 , que por sua vez está contido no conjunto de funções de classe C0 .
Naturalmente podemos definir uma terceira derivada, denotada por f 000 (x) ou
3
d f 4
dx3
(x), uma quarta derivada, denotada por f 0000 (x) ou ddx4f (x), e assim por sucessi-
vamente. Para um número de vezes arbitrário, n
denotamos a n-ésima derivada de
f como f (n) (x) na notação de Lagrange ou ddxnf (x) na notação de Leibniz.
Dizemos que a função é n vezes diferenciável num ponto x0 se a n-ésima
derivada neste ponto existir e que a função é de classe Cn em um intervalo (a, b)
se a n-ésima derivada for contínua neste intervalo. Se todas as infinitas derivadas
de uma função forem contínuas, dizemos que a função é de classe C• e chamamos
estas funções de funções suaves.

Exemplo 9.8 (Polinômios de terceiro grau).


Um polinômio de terceiro grau pode ser escrito na forma

p(x) = ax3 + bx2 + cx + d (9.36)

com a 6= 0. Como polinômios são funções contínuas em todo x real, esta função é
de classe C0 no intervalo ( •, +•). Sua primeira derivada é dada por

p(x + h) p(x)
p0 (x) = lim
h!0 h
1⇥ ⇤
= lim a(x + h)3 + b(x + h)2 + c(x + h) + d ax3 bx2 cx d
h!0 h
1⇥
= lim ax3 + 3ax2 h + 3axh2 + ah3 + bx2 + 2bxh + bh2
h!0 h

+cx + ch + d ax3 bx2 cx d
1⇥ ⇤
= lim 3ax2 h + 3axh2 + ah3 + 2bxh + bh2 + ch
h!0 h
⇥ ⇤
= lim 3ax2 + 3axh + ah2 + 2bx + bh + c
h!0
2
= 3ax + 2bx + c . (9.37)

A derivada de um polinômio de terceiro grau é um polinômio de segundo grau,


que é uma função contínua em todo x real. Portanto polinômios de terceiro grau
são funções de classe C1 no intervalo ( •, +•).
9.1 Definição de derivada 169

Agora calculamos a segunda derivada.


p0 (x + h) p0 (x)
p00 (x) = lim
h!0 h
1 ⇥ ⇤
= lim 3a(x + h)2 + 2b(x + h) + c 3ax2 2bx c
h!0 h
1⇥ ⇤
= lim 3ax2 + 6axh + 3ah2 + 2bx + 2bh + c 3ax2 2bx c
h!0 h
1⇥ ⇤
= lim 6axh + 3ah2 + 2bh
h!0 h
= lim [6ax + 3ah + 2b] = 6ax + 2b .
h!0

A segunda derivada é um polinômio de primeiro grau, portanto polinômios de


terceiro grau são funções de classe C2 em ( •, +•). A terceira derivada é dada
por
p00 (x + h) p00 (x)
p000 (x) = lim
h!0 h
1
= lim [6a(x + h) + 2b 6ax 2b]
h!0 h
1
= lim [6ax + 6ah + 2b 6ax 2b]
h!0 h
1
= lim [6ah]
h!0 h
= lim [6a] = 6a ,
h!0

que é um polinômio de grau zero. Então polinômios de terceiro grau são funções
de classe C3 em ( •, +•). Finalmente a quarta derivada vale

p000 (x + h) p000 (x) 6a 6a


p0000 (x) = lim = lim =0, (9.38)
h!0 h h!0 h
que é uma função nula e portanto contínua. Polinômios de terceiro grau são de
classe C4 em ( •, +•). Todos os sucessivos cálculos de derivadas resultam numa
função nula. Portanto todas as infinitas derivadas do polinômio de terceiro grau
são funções contínuas em todo x real e estas funções são suaves.

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