Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
n. 30 1o semestre 2011
Política Editorial
a revista Gragoatá tem como objetivo a divulgação nacional e internacional
de ensaios inéditos, de traduções de ensaios e resenhas de obras que representem
contribuições relevantes tanto para relexão teórica mais ampla quanto para a
análise de questões, procedimentos e métodos especíicos nas áreas de Língua e
Literatura.
ISSN 1413-9073
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Editora.
Organização: Jussara abraçado e Eduardo Kenedy
Projeto gráico: Estilo & Design Editoração Eletrônica Ltda. ME
Capa: Rogério Martins
Diagramação e supervisão gráica: Káthia M. P. Macedo
Coordenação editorial: ricardo Borges
Periodicidade: Semestral
Tiragem: 400 exemplares
Conselho Consultivo: Ana Pizarro (Univ. de Santiago do Chile) Maria Luiza Braga (UFRJ)
Cleonice Berardinelli (UFRJ) Marlene Correia (UFRJ)
Célia Pedrosa (UFF) Michel Laban (Univ. de Paris III)
Eurídice Figueiredo (UFF) Mieke Bal (Univ. de Amsterdã)
Evanildo Bechara (UERJ) Nádia Battela Gotlib (USP)
Hélder Macedo (King’s College) Nélson H. Vieira (Univ. de Brown)
Laura Padilha (UFF) Ria Lemaire (Univ. de Poitiers)
Lourenço de Rosário (Fundo Bibliográico de Silviano Santiago (UFF)
Língua Portuguesa) Teun van Dijk (Univ. de Amsterdã)
Lucia Teixeira (UFF) Vilma Arêas (UNICAMP)
Malcolm Coulthard (Univ. de Birmingham) Walter Moser (Univ. de Montreal)
Site: www.uff.br/revistagragoata
GrAGoAtá
n. 30 1o Semestre 2011
Sumário
Apresentação ................................................................................ 5
Jussara Abraçado
Eduardo Kenedy
ABERTURA
Aquisição da linguagem: palavras iniciais ............................ 13
Jussara Abraçado
Eduardo Kenedy
artIGoS
Variação e aquisição da lexão nominal e da lexão verbal .. 39
Christina Abreu Gomes
Márcia Cristina Vieira Pontes
Miriam Cristina Severino Almeida
Ana Cristina Baptista de Abreu
Aquisição e processamento da linguagem: uma abordagem
integrada sob a ótica minimalista ............................................ 55
Letícia Maria Sicuro Corrêa
Descobrindo novas palavras no luxo da fala: o impacto da
prosódia na aquisição lexical .................................................... 77
Maria Cristina Name
A interpretação dos numerais na aquisição da linguagem .. 89
Mercedes Marcilese
Marina Rosa Ana Augusto
Letícia Maria Sicuro Corrêa
Investigando as Habilidades de Processamento Linguístico
Infantil: A Aquisição da Distinção Massivo/Contável
em Português Brasileiro ............................................................. 103
José Ferrari-Neto
Pistas lexicais e sintáticas para a delimitação de adjetivos
na aquisição do Português Brasileiro ...................................... 135
Luciana Teixeira
Relexiication scope and the limits of Full Transfer Full
Access Hypothesis in Second Language Acquisition ......... 155
Paulo Antonio Pinheiro Correa
La adquisición de la escisión en el español peninsular ..... 169
Carlos Felipe da Conceição Pinto
Estudo sobre a aquisição de complementação sentencial
em PB: traços semânticos de modalidade na aquisição de
primeira língua ........................................................................... 189
Vivian Meira
Transferências grafo-fônico-fonológicas: uma análise de
dados de crianças monolíngues (Português) e bilíngues
(Hunsrückisch-Português) ........................................................ 201
Sabrina Gewehr-Borella
Márcia Cristina Zimmer
Ubiratã Kickhöfel Alves
Junção e(m) aquisição: aspectos morfossintáticos
e cognitivos .................................................................................. 221
Sanderléia Roberta Longhin-Thomazi
rESENHa
Linguística de Corpus: Possibilidades para o Ensino
de Línguas e tradução .............................................................. 241
Danielle de Almeida Menezes
3. Para concluir
Este número 30 da revista Gragoatá apresenta diversos arti-
gos dedicados a variados matizes do fenômeno da aquisição da
linguagem. Todas essas abordagens buscam a síntese moderna
entre teorização linguística e pesquisa empírica, num esforço
voltado não apenas para a descrição adequada acerca da natureza
da linguagem humana, sua aquisição e uso, mas também para a
explicação do lugar das línguas naturais no complexo ecossistema
cognitivo humano. Tal como aqui procuramos indicar, o esforço
interdisciplinar das diversas áreas da linguística e das ciências
cognitivas e sociais é crucial na tarefa de compreender como e
por que uma língua natural emerge no indivíduo humano, no
curso de seus primeiros anos de vida física e socialmente sau-
dável, e como a linguagem pôde ter surgido na espécie humana,
no contexto de sua longa história evolucionária. Nossa herança
evolutiva, nossas predisposições mentais, nossa vida sociocultu-
ral, nossas práticas e usos linguísticos, nada pode ser omitido se
assumimos seriamente o compromisso de compreender como de
fato é a linguagem humana na objetividade do mundo biossocial.
Referências
Resumo
Dados de produção espontânea de crianças entre
1;11 e 5;0 foram coletados da amostra AQUIVAR-
-PEUL/UFRJ e analisados em função do seu
caráter de variável sociolinguística e de processo
desenvolvimental. Neste artigo abordamos a
questão da relação entre conhecimento linguís-
tico, variação e aquisição com base em dados de
aquisição da lexão variável em nominais e em
verbos. Os resultados de lexão verbal revelaram
que os condicionamentos observados para a co-
munidade adulta se manifestaram gradualmente
indicando uma aquisição gradual dos mesmos. A
mesma situação não foi observada para os dados
de lexão nominal. São discutidas as implicações
desses resultados.
Palavras-chave: variação, aquisição, lexão no-
minal, lexão verbal.
Introdução
Estudos sobre aquisição da variação sociolinguística não
são muito numerosos. Há diversas razões para isso. De um lado,
a aquisição tem sido abordada em quadros teóricos que excluem
a variação do escopo da gramática. De outro, mesmo dentro dos
estudos variacionistas a aquisição não teve lugar de destaque.
Roberts (2002, p. 333-334) aponta algumas das razões para que os
estudos variacionistas não tenham focalizado a fala das crianças.
Um deles é o próprio fato de ser um campo recente de investiga-
ção, tendo como origem a dialetologia, que tem um enfoque em
dados de adultos. Além disso, as crianças são vistas como as que
adquirem o dialeto e não as responsáveis por sua manutenção e
mudança.
Embora alguns estudos sociolinguísticos tenham focali-
zado a fala de crianças, e discutido a importância das crianças
no processo de mudança, esses estudos foram esparsos nas duas
primeiras décadas de trabalho variacionista (FISCHER, 1958;
ROMAINE, 1978; REID, 1978; KOVAC e ADAMSON, 1981, para
citar alguns). Mais recentemente a variação sociolinguística e a
importância de sua aquisição mereceram maior destaque na dis-
cussão da natureza do conhecimento linguístico. Diversos estudos,
desenvolvidos principalmente a partir do inal da década de 90,
têm demonstrado a importância de crianças e adolescentes na
transmissão de padrões sociolinguísticos tanto em comunidades
de fala estáveis (ECKERT, 1988; KERSWILL, 1996; BRITAIN, 1997)
como na formação de novos dialetos (KERSWILL & WILLIAMS,
2000). Roberts (1996, 2002). Docherty et al. (2006) e Foulkes et al.
(2005) demonstraram que as crianças reletem o condicionamento
observado para os adultos já aos 2 anos de idade.
Propostas teóricas recentes têm defendido a proposição
inicial de Labov de que a gramática é dotada de heterogenei-
dade sistemática reletida no desempenho variável dos falantes
(WEINREICH, LABOV, HERZOG, 1968). Bod, Hay e Jannedy
(2003, p. 2-3) explicitamente defendem que o conhecimento
da variação deve ser entendido como parte da competência
do falante uma vez que os falantes utilizam as variantes para
codiicar informação linguística e extralinguística. Assim, o
conhecimento sobre a variação indexada não deve ser colocada
aparte dos outros tipos de conhecimento linguístico. Docherty e
Foulkes (2000, p. 110-111), por exemplo, apontam para o fato de
que não há como diferenciar, no período aquisitivo, aquisição de
conhecimento fonológico que envolve oposição distintiva daquele
relacionado a aspectos da identidade sociolinguística do falante e
que o resultado da aquisição implica que o falante adquiriu tam-
bém uma identidade (sócio)dialetal juntamente com os aspectos
estruturais. Guy e Boyd (1990) mostraram que a aquisição dos
condicionamentos da realização variável de -t,-d (-t,-d deletion)
Ocorrências/
% Peso Relativo
Total
3. Discussão
Os dois estudos revelaram em comum a diferença em termos
etários da realização de formas de plural tanto para nominais
quanto para verbos. No entanto, não foi possível observar com a
mesma clareza o mesmo efeito de variáveis linguísticas nos estu-
dos. Com relação à aquisição de formas de plural de verbos, os
resultados apresentados neste artigo apontam para os seguintes
aspectos: a) a variação presente nas crianças relete a natureza
variável encontrada na gramática estabilizada dos adultos; b)
os condicionamentos da variável são adquiridos gradualmente.
Consideramos ainda o fato de nem todos os condicionamentos
observados para os adultos terem se mostrado relevantes do ponto
de vista estatístico nos dados das crianças, nos dois estudos, como
sendo indicativa de que alguns condicionamentos são adquiridos
antes de outros.
Como explicar, no entanto, as diferenças observadas em
termos aquisitivos para os dados de lexão nominal e os dados de
lexão verbal? Isto é, qual a razão para os dados de lexão verbal
exibirem efeitos claros de variáveis linguísticas enquanto a mesma
situação não foi observada para os dados de lexão nominal? A
princípio, essas diferenças poderiam ser atribuídas à quantidade
observed for data of noun inlexion. The implications of these results are
discussed.
Keywords: noun inlexion; verb inlexion; variation; acquisition.
ReFeRêNciAs
Resumo
A aquisição de uma língua é vista como um
problema de aprendibilidade que requer um tra-
tamento conjunto por parte de teorias linguística
e psicolinguística. Diiculdades no relacionamento
entre esses campos são apontadas, as quais têm im-
pedido sua efetiva integração no tratamento desse
problema. Uma abordagem integrada é proposta
em que se articula a hipótese do bootstrapping
fonológico com uma concepção minimalista de lín-
gua. A distinção entre classes abertas e fechadas do
léxico na análise do sinal da fala ao im do primeiro
ano de vida é tida como fundamental para a inicia-
lização de um sistema computacional universal. O
desenvolvimento linguístico é apresentado como
a progressiva especiicação dos traços formais de
categorias funcionais via o processamento nas
interfaces fônica e semântica. Direcionamentos
para a pesquisa em aquisição da linguagem a
partir dessa abordagem são apontados.
Palavras-chave: aquisição da linguagem;
aprendibilidade; aprendizagem guiada por fatores
inatos; desencadeamento (bootstrapping); mini-
malismo; interface fônica; interface semântica;
traços formais.
Introdução
Este artigo foi desenvolvido a partir da palestra proferida na
Mesa-Redonda Linguagem e Cognição: Teorias, métodos e práticas, por
ocasião da 1ª Jornada do Programa de Pós-Graduação em Estudos
da Linguagem da UFF1 e é, em grande parte, uma re-edição do
conteúdo apresentado em Corrêa (2009a; 2009b)2. Os objetivos
daquela palestra foram: (i) introduzir o problema que a aquisição
de uma língua apresenta; (ii) chamar atenção para a necessidade
de um diálogo mais estreito entre teorias linguística e psicolin-
guística no tratamento desse problema; (iii) apresentar o que
denominamos uma abordagem integrada,3 em que se considera
a aquisição da linguagem a partir do processamento do material
linguístico pela criança, à luz de uma concepção de minimalista
de língua; (iv) ilustrar a metodologia utilizada nessa abordagem.
Neste artigo, esses objetivos se mantêm, exceto o último, dado
que informação pertinente a este pode ser obtida em muitas das
referências citadas.
A perspectiva teórica aqui apresentada deine um programa
de pesquisa que nos parece promissor, tendo em vista que dá ori-
gem a estudos pontuais de aquisição da linguagem, com tópicos
especíicos (gênero, número, aspecto gramatical, por exemplo),
ao estudo das possíveis relações entre a língua e os sistemas
cognitivos com os quais interage no curso do desenvolvimento
línguistico/cognitivo, assim como possibilita a formulação de
hipóteses acerca de problemas pertinentes ao desenvolvimento
linguístico, tal como o Déicit Especíico da Linguagem (DEL) (cf.
CORRêa & aUGUstO, 2011).
Diante disso, na primeira seção, desenvolvemos conside-
1
a Mesa-Redonda Lin- rações relativas a (i) e (ii) acima, na segunda seção, focamos a
guagem e Cognição: Teo-
ria, Métodos e Práticas foi abordagem integrada que orienta nossa pesquisa (iii) e, por im,
compartilhada com os concluímos, apontando para o que nos parecem ser indícios de
professores Margarida
salomão (UFJF) e Fran- um melhor entendimento da natureza da linguagem e do que
cisco Ordonez (sUNY)
e mediada pelo Prof. viabiliza a aquisição da língua materna de forma natural.
Eduardo Kenedy (UFF),
no Campus de Gragoatá, 1. Aquisição da linguagem: problema de aprendibilidade
em 20 de outubro de
2010. a aquisição da linguagem tem despertado o interesse
2
O evento acima e a
preparação deste artigo
daqueles preocupados com o desenvolvimento humano, desde
ocorreram durante a o século XVIII, dando origem a registros diários da produção da
vigência de bolsa de
produtividade CNPq linguagem pela criança no curso do desenvolvimento linguís-
304159/2008-5. tico, os quais serviram de base para as primeiras especulações
3
abordagem que
caracteriza o direcio-
acerca da natureza desse processo (cf. BLUMENtHaL, 1970,
namento da pesquisa para histórico). Foi, contudo, apenas há cerca de meio século que
conduzida pelo GPPaL
(Grupo de Pesquisa Pro- a aquisição da linguagem foi apresentada como um problema de
cessamento e aquisição aprendibilidade – o que torna uma língua passível de ser adquirida
da Linguagem-CNPq)
no LaPaL (Laboratório de forma natural, sem esforço ou treinamento especíico, dado que,
de Psicolinguística e em princípio, há mais de uma gramática compatível com os dados
aquisição da Lingua-
gem – PUC-Rio). linguísticos a que a criança tem acesso? Diante desse problema, a
(CHOMsKY, 1965). Para que tal tarefa fosse factível, foi concebido
um estado inicial rico de informação pertinente à forma das
gramáticas de línguas naturais, denominado Gramática Universal
(GU). Este restringiria as gramáticas passíveis de serem identi-
icadas a partir de um subconjunto das sentenças geradas por
uma gramática em particular. Ou seja, a criança não identiicaria
gramáticas com propriedades que não se aplicam as gramáticas
de línguas naturais (embora pudessem se aplicar a gramáticas de
uma linguagem formal, como, por exemplo, uma linguagem de
computação). O programa de pesquisa da linguística gerativista
foi então direcionado de modo a caracterizar esse estado inicial
(GU), a partir da formalização da gramática de uma ou de várias
línguas naturais. Como resultado de cerca de duas décadas de
pesquisa, a formulação do problema da aquisição da linguagem
foi alterada (CHOMsKY, 1981). Diante do que passou a ser conce-
bido como GU, não haveria regras especíicas de uma gramática
a serem identiicadas. Princípios universais determinariam a
forma com que gramáticas de línguas naturais se apresentam e
parâmetros universais, com possíveis valores pré-determinados, a
serem ajustados a partir da experiência linguística, dariam conta
da variabilidade das línguas humanas. Pouca clareza havia, no
entanto, quanto ao que seriam os princípios e ao que poderia ser
tomado como parâmetros de variação (cf. MEIsEL, 1997), o que
propulsionou a pesquisa linguística nos anos 80. Note-se que,
nesse momento, questões acerca da natureza dos princípios e dos
parâmetros de GU não seriam explicitamente formuladas.
Paralelamente à pesquisa linguística teórica, propriamente
dita, estudos de aquisição da linguagem linguisticamente orienta-
dos contribuiriam para o desenvolvimento de uma teoria acerca de
GU, na medida em que validariam hipóteses ou trariam hipóteses
acerca desse estado inicial e das restrições que este imporia, com
base em dados da produção espontânea da fala de crianças ou de
julgamento de gramaticalidade por crianças já inseridas na gramá-
tica da língua (cf. taVaKOLIaN, 1981; GUastI, 2004). Hipóteses
acerca do processo de aquisição também viriam a ser formuladas
em termos estritamente formais, a partir da concepção abstrata
do problema de aprendibilidade trazido pela teoria linguística (cf.
PINKER, 1987; GIBsON & WEXLER, 1994). Questões pertinentes
ao processamento do material linguístico pela criança não seriam,
contudo, consideradas nesse modo de abordagem.
a pesquisa psicolinguística em aquisição da linguagem tem
como foco a extração de informação gramaticalmente relevante
nos dados da fala e não aderiu unânime ou uniformemente
à hipótese de um estado inicial rico de informação especíica
do domínio da língua. Estudos de orientação mais empirista
rejeitariam esse estado inicial (BatEs & MCWHINNEY, 1987;
MCWHINNEY,1987; RUMELHaRt & MCCLELLaND, 1987).
aqueles de orientação menos empirista tenderiam a buscar res-
58 Niterói, n. 30, p. 55-75, 1. sem. 2011
Aquisição e processamento da linguagem: uma abordagem integrada sob a ótica minimalista
Abstract
The learnability problem of language acquisition
is viewed as requiring a both linguistic and
psycholinguistic treatment. Dificulties for an
effective joint approach to this problem are iden-
tiied. An integrated approach is proposed which
reconciles the phonological bootstrapping hypo-
thesis with a minimalist conception of language.
The early distinction between closed and open
lexical classes is considered to be fundamental
to the initialization of a universal computational
system. Linguistic development is characterized
as the progressive speciication of the formal fea-
tures of the functional categories, as processing
at the phonetic and semantic interfaces proceeds.
Directions for future research on language acqui-
sition in the light of this approach are suggested.
Keywords: language acquisition; learnability;
innately guided learning; bootstrapping; mini-
malism; phonetic interface; semantic interface;
formal features.
RefeRêncIAs
Resumo
Discute-se o papel da informação prosódica na
aquisição lexical por crianças adquirindo o por-
tuguês do Brasil, tendo por foco elementos da
categoria lexical ADJ(etivo). Assume-se que a
fala se organiza em constituintes prosódicos hie-
rarquicamente dispostos, parcialmente sensíveis
à estrutura sintática, e defende-se que adultos e
crianças usam pistas prosódicas para o reconheci-
mento da posição do adjetivo no DP (Experimento
1), identiicam pseudopalavras como novos adje-
tivos (Experimento 2) e atribuem valor subjetivo
ao realce prosódico do adjetivo anteposto a N (Ex-
perimento 3). Discutem-se os resultados obtidos à
luz de modelos de processamento comprometidos
com a aquisição de linguagem.
Palavras-chave: aquisição lexical, prosódia,
adjetivo, bootstrapping fonológico, DP.
Introdução
Compreender o rápido processo de aquisição de uma língua
pela criança é, ainda, um desaio para as ciências. No que se refere
especiicamente à aquisição do léxico, busca-se entender como o
bebê/a criança segmenta o luxo da fala em elementos menores e
os extrai, para que possa então mapear essas unidades linguísticas
com entidades semânticas ligadas a referentes do mundo (FRIE-
DERICI & THIERRY, 2008; SNEDEKER & GLEITMAN, 2004). Para
dar conta das etapas iniciais do processo, anteriores à apreensão
de signiicado, o modelo de Bootstrapping Fonológico (MORGAN
& DEMUTH, 1996; CHRISTOPHE ET AL., 1997) defende que
habilidades perceptuais permitem ao bebê processar informação
fonológica dos enunciados, levando à identiicação de unidades
sintáticas. Tais habilidades também seriam usadas no processa-
mento de falantes que já adquiriram uma lingual (ou mais). Para
esse modelo, o envelope prosódico da fala, sensível à sua estrutura
sintática (cf. NESPOR & VOGEL, 1986; SELKIRK, 1984), tem um
papel fundamental, delimitando unidades linguísticas menores,
facilitando sua segmentação e sinalizando, dessa forma, elementos
distintos que poderiam ser adquiridos (no processo de aquisi-
ção de uma língua) ou reconhecidos (no processamento adulto)
como membros de diferentes categorias lexicais e relacionados a
conteúdo semântico.
Neste artigo, ilustraremos o papel da informação prosódica
na aquisição de vocabulário por crianças adquirindo o português
do Brasil (doravante, PB), focalizando elementos da categoria
lexical ADJ(etivo). A partir da análise acústica da fala dirigida
à criança, mostraremos que o envelope prosódico de sintagmas
em que nomes e adjetivos se inserem se distingue em função da
posição desses últimos em relação aos primeiros, permitindo que
adultos reconheçam a posição de tais itens a partir da prosódia do
DP. Em seguida, apresentaremos resultados de atividades expe-
rimentais sugerindo que crianças de três anos são guiadas por
informação de natureza prosódica para identiicar pseudopalavras
como adjetivos e que tal informação também é usada por crian-
ças mais velhas, de seis anos, sinalizando a mudança da ordem
canônica do adjetivo em relação ao nome e delimitando o tipo de
informação veiculada pelo adjetivo antesposto – qualiicadora,
subjetiva e não classiicadora, objetiva.
1. Algumas considerações sobre prosódia
e aquisição de adjetivos
A pesquisa experimental em aquisição da linguagem, nas
últimas décadas, apresenta evidência de sensibilidade a pro-
priedades prosódicas do estímulo linguístico que são usadas
precocemente pelo bebê nas etapas iniciais da aquisição lexical
(JUSCZYK, CUTLER, & REDANZ, 1993; TURK, JUSCZYK, &
Taxa de acertos
75 50 91,6
(%)
Conclusão
Neste artigo, investigamos o impacto da prosódia na aquisi-
ção lexical por crianças adquirindo o PB, focalizando elementos da
categoria lexical ADJ. Os resultados apresentados apontam para a
exploração das pistas oferecidas pelo envelope prosódico tanto por
crianças como por falantes adultos. No experimento com adultos,
veriicamos que a informação prosódica se sobrepôs ao viés da
ordem canônica, de modo que os DPs do tipo ADJ-N tiveram taxa
de acerto próxima à dos DPs N-ADJ. Esses resultados são inéditos
e, ainda que parciais, apontam para o uso do contorno prosódico
do DP na identiicação da posição dos elementos N e ADJ, que
pode variar. Nos experimentos com crianças, veriicamos que o
uso da ênfase prosódica no ADJ facilitou a identiicação da nova
palavra como adjetivo, mesmo na ausência de marca morfofonoló-
gica e diante de nome vago. Ainda, o realce prosódico salientou a
natureza semântica do adjetivo anteposto, licenciando qualiica-
dores mas rejeitando classiicadores nessa posição. Mais uma vez,
trata-se de evidência de que propriedades prosódicas presentes
na FDC podem auxiliar a criança no processo de constituição do
léxico, sinalizando informação categorial e semântico-pragmática
através do realce prosódico.
Defendemos assim que (i) essas pistas prosódicas são robus-
tas no que tange à distinção da posição do adjetivo dentro do DP
e permitem a distinção das categorias lexicais N e ADJ na FDC
brasileira; (ii) crianças e adultos podem fazer uso dessas pistas
no processo de aquisição lexical (e sintática) e no processamento
linguístico.
Os resultados apresentados vão ao encontro de um modelo
de aquisição da linguagem e de processamento adulto que consi-
dera relevante informação de natureza prosódica (cf. Bootstrap-
ping Fonológico), assim como um modelo mais ainado com a
teoria gerativa (cf. Modelo Integrado da Competência Linguística,
Abstract
We discuss the role of prosodic information on
lexical acquisition by Brazilian children, focusing
on nouns and adjectives. We assume that lu-
ent speech is organized in prosodic constituents
hierarchically arranged, partially sensitive to
the syntactic structure. Based on experimental
results, we claim that children and adults use
prosodic cues to identify the adjective order in a
DP ((Experiment 1), recognize non-words as new
adjectives (Experiment 2) and relate the prosodic
emphasis of the pronominal adjective to its sub-
jective value (Experiment 3). We discuss these
results in light of language acquisition models.
Keywords: lexical acquisition, prosody, adjec-
tives, phonological bootstrapping, DP
ReFeRênCIAs
Resumo
Este artigo aborda questões relativas à aquisição
dos numerais. Diferentes perspectivas para dar
conta do mapeamento entre as quantidades per-
cebidas pela criança e os itens correspondêntes
na sequência dos numerais são apresentadas.
Um experimento de compreesão com crianças de
3 e 4 anos de idade, visando a avaliar o tipo de
interpretação preferida para os numerias, é repor-
tado. Os resultados são compatíveis com a ideia
de que, mesmo que em certos contextos numerais
possam receber leituras escalares ou aproximadas,
esses itens são associados desde cedo pela criança
a quantidades exatas. Essa infomação pode ser
crucial para explicar o processo de aquisição desses
elementos.
Palavras-chave: aquisição – numerais – inter-
pretações exatas vs aproximadas
Introdução
Os seres humanos, assim como outras espécies, estão dota-
dos do chamado senso numérico (Dehaene, 1997); isto é, um tipo
de intuição sobre o número e suas propriedades. O senso numé-
rico diz respeito à capacidade de reconhecer a diferença entre um
único objeto e conjuntos formados por dois, três ou mais objetos.
a representação da numerosidade1 exata e a capacidade de lidar
com operações aritméticas dependem em boa parte desse senso
numérico.
nas culturas nas quais habilidades de contagem são manifes-
tas, a linguagem é utilizada para fazer referência a numerosidades
e operações matemáticas com números2. nesse sentido, pode-se
dizer que nosso conhecimento numérico é, em boa parte, linguis-
ticamente representado. Quantiicadores e numerais de um modo
geral podem ser deinidos como “expressões de quantidade”, uma
vez que, semanticamente, são elementos que estabelecem uma
predicação sobre conjuntos de indivíduos (BaRWISe & COOPeR,
1981). assim sendo, consideraremos aqui que a diferença crucial
entre quantiicadores e numerais se relaciona com o fato de que
as quantidades codiicadas em cada caso são mais ou menos exa-
tas. entretanto, a idéia de que numerais estejam necessariamente
vinculados à representação de quantidades exatas é um tópico
controverso na literatura linguística. na perspectiva neo-griceana
(hORn, 1972, 1989; GaDzaR, 1979; LevInSOn, 1983), numerais
apresentam uma semântica de limites fracos da mesma forma que
os termos escalares. Esses termos são deinidos como conjuntos
de itens lexicais que podem ser organizados numa relação ordinal
(i.e. uma escala) de acordo com o peso da informação que eles
1
carregam. horn (1989) fornece os seguintes exemplos:
Numerosidade é
definida como a (1)
p r op r ie d ade de u m
estímulo deinida pelo
número de elementos <all, most, many, some>
discrimináveis que um
determinado conjunto <none, few, not all>
contém.
2
a literatura apresenta
relatos de culturas que <always, usually, often, sometimes>
parecem não fazer uso
da contagem e cujas Palavras como algum e um pouco, não teriam um limite lexi-
línguas aparentemente
não contêm termos calmente codiicado sendo assim semanticamente compatíveis
específicos para com termos fortes como todo. nessa perspectiva, os numerais são
quant idade (everet t,
2005, 2007; Frank et al caracterizados seguindo a mesma lógica: cinco signiicaria pelo
2008). Contudo, mesmo menos cinco, mas possivelmente mais. assim, numerais receberiam
nesses casos, considera-
se que a capacidade interpretações exatas apenas via a regra de implicatura escalar.
inata de desenvolver
uma cognição numérica na direção oposta, há quem defenda uma semântica exata
mais soisticada estaria para os numerais (KOenInG, 1991; BReheny, 2005; dentre
pre s e nte, a i nda que
latente. outros). Interpretações escalares dos numerais são produzidas,
caixa tem n X. Qual é a caixa? Mostra para mim; e outra que não a
favorece Numa caixa tem n X. Me mostra onde tem n X.
Na primeira condição, o uso de um DP deinido na pergunta
(Qual é a caixa?) favorece a escolha de apenas uma das opções
apresentadas, o que pode direcionar para uma interpretação
exata (podendo ser considerado pragmaticamente inadequado).
Na segunda condição, a ausência de qualquer D deinido deixa
em aberto a possibilidade de haver mais de uma interpretação
possível para o numeral (tanto a exata quanto a aproximada). O
experimento foi inicialmente conduzido com a instrução 1. Foi
observado, no entanto, que tal instrução poderia acarretar um
bias para a leitura exata, ainda que não fosse esperado que a inter-
pretação do traço deinitude inluenciasse o comportamento de
crianças dessa faixa etária (CORRea et al, 2008; RuBInSteIn et
al, 2009). Por essa razão, o estudo foi ampliado com outro grupo
de crianças para quem foi dada uma instrução que deixasse a
interpretação aberta.3 assim sendo, tipo de instrução foi tomado
como variável independente.
Desta forma, as variáveis independentes foram: idade (3
e 4 anos e adultos), tipo de instrução recebida (favorecendo uma
interpretação única ou aberta) e numeral (um, dois, três, quatro
e cinco). as duas primeiras variáveis foram fatores grupais e a
terceira um fator intra-sujeitos. na tarefa experimental era apre-
sentada uma imagem com três possíveis conjuntos: um com o
número exato de objetos indicado na instrução verbal, um com
um elemento a mais e outro com o número exato, mas de outro
tipo de objetos. a variável dependente foi o número de respostas
indicando pareamento um-a-um entre o numeral apresentado na
instrução verbal e o número de elementos na imagem selecionada
(pareamento numeral-número de objetos).
2.1. Método
Participantes
Participaram do experimento: 26 crianças na faixa dos 3
3
Deve-se, ainda, sa- anos de idade (média 3;6 / intervalo 3;5-4;1), das quais 11 meni-
lientar que se fez uso
de sentenças contendo nas, 26 criança na faixa dos 4 anos de idade (média 4;7 / intervalo
existenciais que, de for- 4;2-5;2), das quais 13 meninas e 26 adultos no grupo controle.
ma geral, não admitem
leitura deinida (*Há as as crianças foram testadas em 4 escolas/creches particu-
duas maças aqui), uma lares do estado do Rio de Janeiro às quais frequentavam.
vez que essa (as duas
maças vs. duas maças)
poderia levar a uma ten- Materiais
dência da leitura exata.
(cf. vIOttI, 2002, para
uma discussão sobre o Foram utilizados 15 frases experimentais e um mesmo
efeito de deinitude das número de pranchas. Foram utilizados ainda 3 pares de frases/
construções existenciais
para o PB.) pranchas na fase de pré-teste. Os estímulos foram apresentados
Procedimento
Os estímulos foram apresentados no contexto da narração
de pequenas histórias. na fase de pré-teste os participantes eram
solicitados a procurar determinados objetos nas imagens apresen-
tadas, mas numerais não eram utilizados nas instruções, apenas
o mesmo tipo de estrutura linguística e de arranjo visual (ex.
Numa caixa tem balas. Qual é a caixa? Mostra para mim / Me mostra
onde tem balas). O objetivo do pré-teste era veriicar se os partici-
pantes compreendiam a dinâmica da tarefa além de, no caso das
crianças, servir como um momento de familiarização entre os
participantes e o experimentador.
na fase de teste o procedimento foi o mesmo. a seguir
apresentamos um exemplo:
Experimentador: essa é a Laurinha. ela gosta de se fantasiar
de fada e ela vai fazer uma mágica para a gente. Mas para isso,
você vai ter que encontrar alguns objetos de que ela precisa e que
estão nesta lista. Eu vou te dizer e você vai procurar. No inal a
gente vai ver se a mágica acontece. numa caixa/Me mostra onde
tem...
no total foram apresentadas três pequenas histórias com 5
estímulos experimentais além de outra história na fase de pré-
teste. Cada sessão experimental durou em média 10 minutos.
3. Considerações inais
numerais parecem ser associados desde cedo a quantidades
exatas, mesmo na fase em que a criança ainda não aprendeu o
signiicado de cada um dos itens da sequência, isto é, o valor
abstract
REfERêncIAs
Resumo
Este trabalho investiga o papel das informações
sintáticas e semânticas presentes no input lin-
guístico no processo de aquisição da distinção
entre nomes massivos e contáveis em português
brasileiro (PB), em especial as informações rela-
tivas à expressão do número gramatical. Para o
reconhecimento da distinção mass/count em PB, é
importante a manifestação morfológica relativa a
número que se manifesta nos elementos do Deter-
miner Phrase (DP). Pode-se assumir a hipótese de
que uma criança seja capaz de perceber a presença/
ausência do morfema de número, tomando esta
oposição como indicativa de expressão massiva
ou contável. Por outro lado, a presença de nomes
nus em posições argumentais no PB torna o input
ambíguo no que se refere a mass e count nouns. Tal
situação constitui um problema para a criança que
adquire o PB. Nesse caso, assumiu-se a hipótese
de que a criança usa informação não morfológica,
mas sim semântica (contextual), na interpretação
de DP´s ambíguos. Portanto, os objetivos deste
estudo são a) veriicar se a criança toma a presença
do morfema de número como indicativa de leitura
contável; e b) veriicar como a criança procede
na interpretação de DP´s ambíguos. Usando o
paradigma metodológico da Seleção de Imagens,
testaram-se dois grupos de crianças (um na faixa
de 36 meses de idade média, e outro na faixa de
60 meses) e um grupo de adultos, com os resulta-
dos sustentando a idéia de que tanto informação
morfossintática quanto informação semântico-
Introdução
A expressão linguística da distinção mass e count é obser-
vada em muitas línguas modernas. O inglês e o português são
casos típicos de línguas em que esta distinção se apresenta. Tem-
se associado a divisão entre mass e count nouns à distinção entre
nomes de substâncias e nomes de objetos, sendo estes últimos
constantes da classe dos count nouns, e os primeiros à classe dos
mass nouns. Um exame rápido desta classiicação, contudo, revela
a sua precariedade: palavras como furniture, embora designe um
conjunto de objetos, classiica-se como mass noun; outras, como
beer, que claramente se refere a uma substância em frases como
there is beer all over the loor, aparece lexionado em uma sentença
como we ordered three beers, propriedade atribuída a count nouns.
Uma outra associação feita foi a que relacionava mass e count nouns
às categorias contável e incontável, colocando-se os mass nouns no
grupo dos substantivos incontáveis e os count nouns no grupo dos
substantivos contáveis. Todavia, uma vez mais se encontraram
casos em que associação falhou: açúcar em português comporta-
se como quase sempre como incontável, mas, em sentenças como
no intestino digerem-se açúcares e ácidos graxos, seu comportamento
é de contável. Outros exemplos como este também podem ser
observados em inglês em outras línguas.
No que diz respeito à aquisição da linguagem, a distinção
entre mass e count nouns acarreta problemas bastante interessantes,
principalmente para uma teoria de aquisição focada no modo
como criança processa material linguístico à sua volta. As questões
fundamentais que se colocam são o que a criança tem de adquirir
no tocante a essa distinção, que habilidades/conhecimentos ela já
tem de possuir para que esta aquisição ocorra naturalmente e que
tipo de informação constante nos dados linguísticos primários a
que ela tem acesso se faz relevante para este processo. Portanto,
o presente trabalho investiga o papel das informações morfos-
sintáticas e semânticas presentes no input linguístico no processo
de aquisição da distinção entre nomes massivos e contáveis em
português brasileiro (PB), explorando, por outro lado, as habili-
dades de compreensão e distinção perceptuais apresentadas pela
criança em fase de aquisição, consideradas como fundamentais no
processo de aquisição da linguagem, na medida em que permitem
a ela reconhecer as informações relevantes para a aquisição de
sua língua.
Design Experimental
O experimento foi concebido de modo a possibilitar duas
análises. Na primeira, nomes inventados e nomes reais foram
utilizados e estes últimos foram contrabalançados com relação à
leitura preferencial sugerida por sua raiz. Assim, os nomes carro,
bola, lor, botão, bife, bala, biscoito e batata foram considerados como
sugestivos de leitura contável, enquanto que os nomes água, leite,
café, feijão, manteiga, pão, doce e bolo, foram tomados como suges-
tivos de leitura massiva. Na segunda, apenas nomes reais foram
utilizados e tipo de raiz passou a ser uma variável independente.
Para análise 1, as variáveis independentes foram:
Número: (singular) / (plural)
Tipo de DP: quantiicado / não quantiicado
Tipo de nome: real / inventado (Fator grupal)
Idade: 3 anos, 5 anos e adultos (Fator grupal)
Obteve-se, assim, um design fatorial 2 (número) x 2 (tipo de
DP) x 2 (tipo de nome) x 3 (idade) – os dois primeiros fatores são
medidas repetidas (variáveis intra-sujeito) e os outros dois são
fatores grupais (variáveis inter-sujeitos).
Para análise 2, as variáveis independentes foram:
Número: (singular) / (plural)
Tipo de DP: quantiicado / não quantiicado
Tipo de raiz: em função da leitura preferencial em PB: mas-
sivo / contável)
Idade: 3 anos, 5 anos e adultos (Fator grupal)
114 Niterói, n. 30, p. 103-133, 1. sem. 2011
Investigando as Habilidades de Processamento Linguístico Infantil:
A Aquisição da Distinção Massivo/Contável em Português Brasileiro
Tem-se assim um design fatorial: 2 (número) x 2 (tipo de DP)
x 2 (tipo de raiz) x 3 (idade), no qual os três primeiros fatores são
medidas repetidas. Apresenta-se abaixo um exemplo de cada
condição experimental:
Grupo Real
Método
Participantes: Dois grupos de crianças, o primeiro formado
por 16 crianças (10 do sexo masculino e 6 do sexo feminino), de 20
a 36 meses de idade, com idade média de 32 meses, e o segundo
formado por 16 crianças (8 do sexo masculino e 8 do sexo femi-
nino), de 42 a 60 meses de idade, com idade média de 57 meses. As
crianças de ambos os grupos eram todas ilhas de pais escolariza-
dos e regularmente matriculadas na rede particular de educação
infantil, residentes na cidade de Petrópolis/RJ. Testaram-se, de
igual modo, dois grupos formados por 16 adultos, com idades
entre 17 e 39 anos (média de idade 37 anos), ambos constituídos de
alunos de graduação matriculados em cursos noturnos da Univer-
sidade Católica de Petrópolis (UCP) e da Faculdade de Medicina
de Petrópolis (FMP), que se apresentaram voluntariamente para
participar do experimento .
Material
O material linguístico (estímulos) foi constituído de 16 frases,
4 por condição experimental, como exempliicado acima. O mate-
rial visual foi criado a partir de fotograias de dois personagens
(o Tito e a Duda), representados por dois jovens adultos, um do
Procedimento
Adotou-se o paradigma metodológico da Tarefa de Seleção
de Imagens (Picture Identiication Task) com nomes/objetos reais e
inventados. O experimento foi precedido pela apresentação das
fotos dos personagens em questão e familiarização com a tarefa.
O experimento consistiu da apresentação concomitante das duas
imagens correspondentes à condição em questão, seguida da
apresentação do estímulo-teste por parte do experimentador,
eliciando a escolha de uma das imagens, como resposta, por
meio da diretiva do tipo, “Mostra pra mim o que o Tito/a Duda
comeu”. As imagens foram exibidas na tela de um computador
portátil e as respostas anotadas, pelo experimentador, em uma
icha avaliação. O procedimento com crianças foi conduzido,
individualmente, numa sala da escola/creche, com a presença
da professora por perto. Este durou cerca de 15 minutos. O pro-
cedimento com adultos foi conduzido numa sala vazia da UCP e
durou cerca de 10 minutos.
Resultados
Análise 1: As respostas contáveis obtidas foram submetidas
a uma análise da variância (ANOVA) com design fatorial 2 (tipo
de DP) x 2(número) x 2 (tipo de nome) x 3(idade), onde tipo de nome
e idade foram fatores grupais, e os demais medidas repetidas. Os
efeitos principais dos seguintes fatores foram signiicativos: idade
(F(2,90) = 3.12 p < .05), número (F(1,90) = 179.55 p<.0001), nome (F(1,90)
= 5.28 p =.02), e tipo de DP (F(1,90) = 50.23 p<.0001). Os gráicos 1
a 4 apresentam as médias obtidas.
Gráico 1
3.5
3
2.48
2.5 2.26 2.23 3anos
2 5 anos
1.5 Adultos
0.5
3.5
3
2.43
2.5 2.2
Real
2
Inventado
1.5
0.5
0
3.5
3 2.69
2.5
2.02 Não quantificado
2
Quantificado
1.5
0.5
4
3.44
3.5 3.19
2.97
3
2.5
2 Singular
2
Plural
1.5 1.33
0.97
1
0.5
0
3 anos 5 anos Adultos
4
3.31
3.5
3.08
3
2.5
Singular
2 1.77
Plural
1.5 1.09
1
0.5
0
Real Inventado
3.5
2.89
3
2.33
2.5 2.08
1.97 SemQunat
2
ComQuant
1.5
0.5
0
Real Inventado
4.00
3.39
3.50
3.01
3.00
2.50
1.83 Singular
2.00
Plural
1.50
1.03
1.00
0.50
0.00
Sem Quant Com Quant
4
3.53
3.25 3.38 3.34
3.5 3.13
3
2.56
2.38
2.5
Sem Quant
2 1.63 1.63
1.5 Com Quant
1.5
1.03
1
0.44
0.5
0
Singular Plural Singular Plural Singular Plural
Discussão:
Concluindo, o que a análise 1 mostra é que a informação do
morfema de número é fundamental para interpretação massiva ou
contável, e que a presença do quantiicador de fato é indicativa de
leitura contável, ainda que possa haver contextos em que o quan-
tiicador muito sugere leitura massiva (cf. Neves, 2002). Entretanto,
os resultados indicam, como antecipado, uma possível inluência
dos traços semânticos da raiz. A im de veriicar o quanto essa
inluência se faz presente, foi realizada a análise 2.
Análise 2: Apenas os dados do grupo Nome conhecido foram
analisados por meio de uma análise da variância (ANOVA) com
design fatorial 2 (tipo de DP) x 2 (número) x 2 (tipo de raiz) x 3
(idade), onde idade é um fator grupal e os demais medidas repeti-
das. Os efeitos principais dos seguintes fatores foram signiicati-
vos: número (F(1,45) = 105,62 p<.00001) tipo de DP (F (1,45) = 17,52
p<..0001) e tipo de raiz (F(2,45) = 4,28 p< .000001). O efeito de idade
aproximou-se do nível de signiicância (F(2,45) = 2,82 p< .06). Os
gráicos 10 a 12 apresentam as médias obtidas.
Como pode ser observado no gráico 10, como seria esperado,
a presença do morfema de número induz à leitura contável, visto
houve mais respostas contáveis diante de um DP plural.
Gráico 10
2,00
1,64
1,50
singular
1,00
0,54 plural
0,50
0,00
1
1,20 1,17
1,00
1
2,00
1,50 1,29
0,90 contável
1,00
massivo
0,50
0,00
1
Gráico 13
2,00
1,50 1,20
1,05 1,03 tres
1,00 cinco
adultos
0,50
0,00
1
Gráico 14
2,00 1,84
1,59 1,48
1,50
0,91 Singular
1,00
0,50 Plural
0,50 0,22
0,00
Tres Cinco Adultos
2,00
1,50 1,34
1,05 1,05 1,05 1,13
0,94 sem quantificador
1,00
com quantificador
0,50
0,00
tres cinco adultos
2,00 1,68
1,60
1,50
singular
1,00 0,67 plural
0,42
0,50
0,00
sem quantificador com quantificador
2,0
1,5
1,5 1,3
1,1
0,8 0,9 0,9 contável
1,0
massivo
0,5
0,0
tres cinco adultos
2.50
1.94
2.00 1.81 1.75
1.63 sing cont
1.38 1.34 1.34
1.50 sing mass
1.00 0.69 plural cont
0.47 plural mass
0.50 0.31 0.31
0.13
0.00
tres cinco adulto
Discussão:
Os resultados da análise 2 evidenciam que há uma inluên-
cia dos traços semânticos da raiz na interpretação massiva ou
contável do DP. Essa inluência é mais nítida no caso de DPs
nus singulares, que são ambíguos para mass/count. No caso de
DPs marcados morfologicamente para número, é a informação
expressa pelo morfema que parece ser a preferencial, sendo
126 Niterói, n. 30, p. 103-133, 1. sem. 2011
Investigando as Habilidades de Processamento Linguístico Infantil:
A Aquisição da Distinção Massivo/Contável em Português Brasileiro
indicativa de leitura contável do DP. A interferência dos traços
massivo/contável da raiz nominal pode ocorrer na interpretação
de nomes nus ou precedidos por muito em DPs objetos, indicando
mass ou count, como ilustram os exemplos João comeu bolo/muito bolo
(admite leitura massiva ou contável) e João leu livro/muito livro e viu
ilme/muito ilme (que parece só admitir leitura count). A preferência
pelas informações semânticas parece ser maior aos cinco anos,
ao passo que crianças de 3 anos e adultos fazem uso preferencial
de informação advinda da morfologia.
4. Conclusões:
Quanto aos objetivos estabelecidos para este experimento, os
resultados por ele obtidos permitem airmar que a criança toma
a presença do morfema de número como indicativa de leitura
contável, o que faz da informação relativa a número um fator
importante na interpretação massiva ou contável de um DP. No
que concerne ao quantiicador muito, ainda que ele possa receber
leitura massiva ou contável em PB (cf. NEVES, 2002), é essa última
que se faz preferencialmente, em especial para crianças em fase
inicial de aquisição (até 3 anos). A airmação de que a informa-
ção morfo-fonológica relativa a número é crucial na aquisição de
mass/count nouns se aproximaria da visão defendida pelas linhas
gramatical e contextual no estudo da aquisição da distinção mass/
count, conforme aqui mostrado e discutido. Entretanto, os resul-
tados mostram que informações de natureza gramatical não são
as únicas a serem levadas em conta – uma vez que o experimento
registrou uma inluência dos traços semânticos da raiz, pode-se
concluir que a criança se utiliza de informação de natureza semân-
tico-conceptual. Assim, pode-se conceber a aquisição da distinção
mass/count de uma forma uniicada, na qual a criança usaria, em
uma fase inicial de aquisição preferencialmente informação de
ordem gramatical (morfema de número), sendo, no entanto, sen-
sível aos traços semânticos da raiz nominal. Essa sensibilidade
torna-se acentuada aos 5 anos de idade, quando a criança busca
outras fontes de informação diante de DPs ambíguos quanto à
distinção mass/count, particularmente os DPs singulares, Esta
informação adicional pode ser extraída tanto da raiz nominal
quanto do quantiicador muito que, nessa faixa etária, é preferen-
cialmente interpretado como indicativo de leitura contável.
Para o PB, pode-se esboçar a expressão de mass/count nouns
com base no seguinte: nomes nus singulares em posição de objeto
recebem interpretação genérica ou massiva (como em “João com-
prou batata”), com os nomes precedidos pelo quantiicador muito
na mesma posição (“João comprou muita batata”) recebendo prefe-
rencialmente leitura contável. Uma vez que se achem lexionados
em número, com a presença do morfema de plural, nomes nus,
determinantes e quantiicadores sempre receberão interpretação
contável (“João comprou batatas/as batatas/umas batatas/muitas bata-
Niterói, n. 30, p. 103-133, 1. sem. 2011 127
Gragoatá José Ferrari-Neto
REfERêNCIAs
Resumo
Este artigo apresenta um estudo experimental
cujo foco é a delimitação da categoria adjetivo por
crianças adquirindo o Português Brasileiro (PB)
como língua materna. Adota-se uma perspecti-
va psicolinguística de aquisição da linguagem,
aliada a uma concepção minimalista de língua
(CHOMSKY, 1995-2001). Assume-se que a
criança é sensível às propriedades fônicas de ele-
mentos de classes fechadas, como determinantes e
aixos, conforme a hipótese do bootstrapping fono-
lógico (MORGAN & DEMUTH, 1996; CHRIS-
TOPHE et al., 1997). Com base na hipótese do
bootstrapping sintático (GLEITMAN, 1990),
assume-se que a análise de adjetivos no contexto
sintático de DPs ou de small clauses, aliada ao
pressuposto de que DPs fazem referência a objetos/
entidades, possibilita a representação de adjetivos
como categoria que apresenta uma propriedade ou
atributo de um referente. Avalia-se, ainda, o papel
da ordem canônica, na distinção entre adjetivos
e nomes. Apresentam-se dois experimentos com
crianças, usando-se a técnica de seleção de objetos
com pseudopalavras: o primeiro foi conduzido com
crianças de 18-22 meses; o segundo, com crianças
de 2-3 anos e 4-5 anos. Os resultados dos expe-
rimentos aqui relatados são compatíveis com a
hipótese de que a criança faz uso de informação
sintática e morfológica na delimitação de adjetivos,
e revelam que já aos dois anos de idade proprieda-
des semânticas de suixos formadores de adjetivos
são representadas pela criança.
Palavras-chave: aquisição da linguagem; adje-
tivo; bootstrapping; categorias funcionais; aixos
derivacionais
Introdução
Estudos em aquisição da linguagem vinculados à teoria
linguística têm sido conduzidos, de maneira geral, independen-
temente daqueles voltados para os procedimentos de aquisição.
Neste caso, a formulação do problema da aquisição da linguagem
não abarca o modo como a criança identiica as propriedades da
língua presentes no luxo da fala à sua volta. Por outro lado, nota-
se, em muitos estudos sobre aquisição da linguagem, a ausência
de um modelo teórico de língua que explicite o que deve ser
adquirido pela criança e o que pode ser atribuído a um programa
biológico.
Buscando caracterizar o tipo de informação que poderia
alavancar o processo de aquisição, e considerando que toda infor-
mação gramaticalmente relevante para a criança tem de ser legível
nas interfaces do sistema da língua com sistemas de desempenho,
a perspectiva teórica assumida neste trabalho é a de se conside-
rar, de forma integrada, uma teoria linguística que contemple o
problema da aquisição da linguagem – particularmente a teoria
de Princípios e Parâmetros, nos termos do Programa Minima-
lista (CHOMSKY, 1995; 1999 e obras posteriores) – e abordagens
psicolinguísticas que considerem, como meios de desencadear
a aquisição de uma língua: (i) o tratamento do sinal acústico
da fala (bootstrapping fonológico: MORGAN & DEMUTH, 1996;
CHRISTOPHE et al., 1997); (ii) a análise do material linguístico pela
criança na aquisição de signiicado lexical (bootstrapping sintático:
GLEITMAN, 1990), como proposto em Corrêa (2006).
Uma das tarefas que se apresentam à criança na aquisição
de sua língua materna é a de descobrir de que maneira proprie-
dades ou atributos são apresentados lexicalmente na língua: se
por elementos de uma categoria lexical (como a dos adjetivos),
como na maior parte das línguas conhecidas, se por meio de
morfemas livres ou presos, como em Haússa (língua afro-asiática
falada na Nigéria), ou no Chinês (Cf. ROSA, 2000). Além disso, no
que concerne à sintaxe da língua, a criança deverá ixar o valor
de parâmetros de ordem que determinam a posição do adjetivo
no DP.
Seguindo essa perspectiva, o problema de como se dá o
desencadeamento da aquisição da categoria adjetivo (em qualquer
língua na qual ele se realize como elemento de classe aberta ou
de classe fechada, sob a forma de aixos) pode ser formulado em
termos de um processo que compreende: (i) a segmentação, pela
criança, do input linguístico que lhe é oferecido; (ii) o estabele-
cimento de uma relação entre aquilo que se mostra acessível à
criança em termos de padrões regulares que se apresentam na
interface fônica e o que se constitui como informação acessível ao
sistema computacional, responsável pelo tratamento linguístico
dessa informação; (iii) a capacidade por parte da criança de tomar
da teoria linguística,
os elementos do léxico (como -oso e -ento), veriica-se seu papel na atribuição do traço
categorial ao adjetivo, assim como o modo pelo qual crianças os
distinguem-se em duas
grandes categorias: le-
xicais e funcionais. Das
categorias lexicais fa-
interpretam. Assim, do ponto de vista da aquisição de adjetivos
zem parte elementos das no PB, a criança deverá captar o fato de que os adjetivos admitem
denominadas “classes
abertas” (como Nomes,
diferentes posições no enunciado em função da estrutura sintática
Adjetivos, Verbos); já as em que se inserem. Ela deverá ser capaz também de perceber
categorias funcionais
caracterizam-se como que a interpretação do adjetivo é dependente do processamento
sendo classes fechadas, da relação sintática estabelecida com o nome e da representação
de que fazem parte De-
terminantes (D), Tempo conceptual de atributos.
(verbal) (I), Complemen-
tizador (C), importantes 1. Aquisição de nomes e adjetivos
para referência a entida-
des, situação do evento
e força ilocucionária,
Pesquisas em aquisição da linguagem vêm investigando o
respectivamente. Para modo como categorias lexicais são delimitadas. Estudos condu-
mais informações a res-
peito dessa distinção, zidos com crianças adquirindo o inglês (WAXMAN, 1999) suge-
ver Chomsky (1995). rem que, aos 13 meses, a criança é capaz de relacionar uma nova
Niterói, n. 30, p. 135-153, 1. sem. 2011 137
Gragoatá Luciana Teixeira
Condições experimentais:
Hipótese:
A criança é sensível à informação relativa à ordem linear
com que unidades do léxico se apresentam e informação perti-
nente a elementos de classes fechadas, como aixos derivacionais,
importantes na distinção de categorias lexicais.
Método:
Participantes: 16 crianças, com idade média de 20 meses
(7 do sexo feminino; 9 do sexo masculino), de uma creche-escola
de Juiz de Fora participaram do experimento. Todas elas foram
testadas individualmente, com a presença da professora ou
ajudante de coniança. As crianças foram submetidas a 2 trials
de cada condição experimental, de modo que, ao im da tarefa,
cada criança realizou 8 testes. Os resultados foram anotados para
análise posterior.
Previsões:
Procedimento:
Foi usado o paradigma da seleção de objetos em situação
de aprendizagem de palavras novas/conceitos novos, segundo o
qual a criança teve como tarefa mostrar à pesquisadora o que foi
pedido, a partir de objetos manufaturados. Os brinquedos foram
inventados a im de evitar qualquer interferência decorrente de
conhecimento prévio da criança, quando do mapeamento entre a
pseudopalavra e o objeto inventado ou entre a pseudopalavra e a
propriedade do objeto inventado. Após chegar à creche-escola, a
experimentadora iniciou a familiarização com a tarefa de manipu-
lação de brinquedos, a partir de objetos conhecidos, apresentan-
do-os aos pares e nomeando-os: carrinho barulhento/silencioso.
Em seguida, teve início a apresentação dos objetos inventados. O
procedimento incluiu três fases distintas: familiarização, contraste
e teste (Cf. apresentado nas Condições Experimentais). Para se ter
um exemplo, ver quadro 1 abaixo:
Distratores
a) 2 objetos conhecidos s/ a Objeto inventado igual ao da
propriedade-alvo (ex. bola e lor); Familiarização, de outra cor,
com outra propriedade (ex. com
3 objetos inventados de cores diferentes, b) 1 objeto inventado semelhante quadrados laranja)
com a mesma forma e com a mesma ao da fase de Familiarização, sem a X
propriedade propriedade-alvo; Objeto inventado igual ao do
(ex. triângulos verdes) Contraste, de outra cor, com
c) 1 objeto inventado diferente do a propriedade-alvo (ex. com
da fase de Familiarização, sem a triângulos verdes)
propriedade-alvo;
Alvo
Objeto inventado com a propriedade-
alvo (ex. com triângulos verdes)
Resultados e discussão:
Os dados deste experimento foram analisados consideran-
do-se o número de escolhas referentes aos objetos inventados que
apresentavam a propriedade-alvo, ou seja, a mesma propriedade
dos objetos da fase de familiarização. O gráico abaixo apresenta
a distribuição de respostas-alvo em função da posição estrutural
do adjetivo e da presença/ausência de suixo.
Gráico 1
4
Na confecção dos ma- 2.2.1 Pré-teste
teriais ut ilizados no
pré-teste, procurou-se Para a realização do Experimento 2, foi elaborado, em
estabelecer a seguinte
associação: aos obje-
primeiro lugar, um pré-teste com vistas a veriicar se, diante de
tos com lorezinhas ou dois objetos, um com uma propriedade supostamente positiva e
coraçõezinhos deveria
corresponder uma pro- outro com propriedade supostamente negativa4, a criança tinha
priedade positiva; aos preferência por um ou por outro. O pré-teste foi conduzido com
objetos com farrapos e
buracos deveria corres- 12 crianças (6 de cada grupo etário), contrabalançadas em dois
ponder uma proprieda-
de negativa. Para se ter
grupos em função da idade e do tipo de objeto a que foram apre-
exemplos, ver Fig. 2. sentadas - com o traço [+animado] ou [-animado]:
2.2.2. Experimento 2
Objetivos:
Procedimento:
A criança teve como tarefa selecionar um dentre dois objetos,
contendo uma propriedade determinada, à qual o pseudoadjetivo,
dependendo da condição experimental, deveria se referir. Cada
Resultados e discussão:
Para o tratamento dos dados, foi considerado o número de
escolhas compatíveis com o signiicado do suixo que foi associado
à propriedade-alvo dos objetos na fase de familiarização.
Gráico 2
REFERêNCIAs
Abstract
This paper on Second Language Acquisition ana-
lyzes the case of quedar(se), a pseudo-copular verb
typical of the interlanguage system of Brazilians
nonnative speakers of Spanish. It combines syntac-
tic and semantic properties from its corresponding
element in Brazilian Portuguese, the speakers L1,
and phonological features from the Spanish sup-
posed counterpart. This element maintains itself
in interlanguage until its steady state and it is
analyzed here as a case of relexiication (LeFeB-
vRe, 1997), a universal process present in many
language contact situations, among them, Second
Language Acquisition.
Keywords: Second Language Acquisition, Lan-
guage contact, Spanish. Relexiication.
Introduction
This paper discusses a case of relexiication (MUYSKEN,
1981; LEFEBVRE, 1997) in nonnative Spanish spoken by Brazil-
ians, concentrating on the expression of punctual change of state
(henceforth COS) in this system.
L2 Spanish speaking Brazilians tend to Express COS in
their interlanguage using adjectival passives, while in the target
language COS is mainly expressed by verbal constructions, as in
the examples below:
(1) Spanish: Ana se enojó con Juan por el retraso.
‘Ana got angry at Juan for his delay.’
(2) Interlanguage: Ana se quedó enojada con Juan por el
retraso
“Ana got angry at John for his delay.”
Besides that, interlanguage exhibits another property that
differentiates it further from the goal language: when using
predicative constructions (adjectival passives) for expressing COS
and change of property Brazilians tend to use a sole wild-card
pseudo-copular verb (quedar(se) as in example [2]) instead of us-
ing one of the several case-speciic options available in the goal
language. This paper will address speciically the expression of
COS in this interlanguage, regarding the use of quedar(se) as a
case of relexiication.
The study, based on Full Transfer Full Access Hypothesis
(SCHWARTZ & SPROUSE, 1994) shows that relexiication, differ-
ently from Schwartz and Sprouse’s hypothesis’ predictions, ap-
plies until the individuals’ interlanguages reach their steady state,
revealing a permanent failure in the acquisition process of these
constructions by Brazilians with a formal instruction in Spanish.
This leads to consider the existence of circumstances where the
predictions of that hypothesis on SLA do not apply. The situation
analyzed here, involving typologically related languages such as
Portuguese and Spanish, may be one of those.
The paper is divided as follows: the irst section presents the
theoretical underpinnings of this research. Next section discusses
COS in the framework of lexical semantics and how this notion
is expressed in Spanish. The last one presents interlanguage COS
constructions and the discussion of the results.
1. Theoretical underpinnings
1.2. Relexiication
Lefebvre (1997), based on Muysken’s (1981) deinition of
relexiication deines it as a mental process creating lexical entries
by copying lexical entries from a preexisting lexicon changing
its phonological representations for ones derived from the other
language. It is a generative, UG-based concept for explaining
properties of creole languages and it is a semantic-driven process.
According to this, as Couto (2002) observes, in a creole language
resulting from a language contact situation exhibiting this process,
some of its lexical entries will have semantic and syntactic proper-
ties of the substrate language (L1) and a phonological representa-
1
According to modern tion derived from the lexiier language, the L2, due to a partially
research on SLA, based
on the Minimalist Pro- shared semantics. Lefebvre (2008) represents schematically this
gram, besides parame- idea as follows:
ters, other elements fea-
tured in the architecture
of g rammar, such as
features, feature values
or feature deployment
could be transferred
and conform the prop-
erties of initial state in-
terlanguage. Whenever
we say ‘parameters’ in
this paper we mean all
these properties.
ReFeRenCeS
Resumen
Teniendo en cuenta la variación de la escisión en
el español actual, este trabajo pretende investigar
cómo los niños españoles adquieren esas cons-
trucciones. La pregunta principal del texto es
si los niños españoles producen inicialmente las
construcciones inexistentes en la variedad europea
adulta y enseguida las pierden o si esos niños nun-
ca producen esas construcciones. Se analizaron 18
niños entre 2 y 10 años de edad (2 niños para cada
franja de edad) a partir del corpus CHILDES. Los
dados mostraron que los niños producen construc-
ciones inexistentes en la gramática adulta, siendo
que una de esas construcciones sólo aparece en el
niño de 3 años y la otra permanece en todas las
edades. La interpretación de los datos es la de que
no hay, en principio, un problema de adquisición
del lenguaje, pero variación en el español ya que
se encuentran las construcciones consideradas
inexistentes en diversos estudios en el habla de los
adultos en la interacción con los niños.
Palabras-clave: Escisión; variación del español;
sintaxis del español europeo.
Introducción1
Diversos estudios recientes vienen mostrando que la escisión
1
Agradezco muchí- no se presenta uniformemente en todo el mundo hispánico. Por
simo a Ruth Lopes, a ejemplo, Moreno Cabrera (1999), Di Tullio (2005) y Pinto (2008)
Mary Kato y a Sergio
Menuzzi por los co- muestran que el español peninsular sólo presenta las llamadas
mentaintentado hacer construcciones seudo-hendidas (wh-cleft) como se ilustra en (2).
todas las correcciones
que me han sugerido. Por otro lado, algunas variedades del español americano presen-
Sin embargo, todos los
errores y problemas que tan, además de las seudo-hendidas, las hendidas (it-clef) como se
persistan son de mi total ilustra en (3) y las seudo-hendidas reducidas como en (4).
responsabilidad.
2
El español de España Oración neutra
también presenta ese (1) Todos hablan de María.
tipo de construcción.
(no-marcada)
3
El texto de Pagotto De quien todos hablan es DE MA- Seudo-hendida
(1998) discute el cambio (2) a.
en la norma culta bra- RÍA Básica (SB)
sileña en el siglo XIX a
partir del cambio por el DE MARÍA es de quien todos Seudo-hendida
que pasó el portugués b.
europeo en este período. hablan. Inversa (SI)
Sin embargo, se puede
llevar la idea central de Es DE MARÍA de quien todos Seudo-hendida
Pagotto (1998) a casos c.
de otras lenguas, prin- hablan. Extrapuesta (SE)
cipalmente al caso del
espa ñol, u na leng ua Hendida Básica
(3) a. Es DE MARÍA que todos hablan.
ta n semejante y cer- (HB)
cana geográficamente,
con historia parecida y Hendida Inversa
con centro legislador (la b. DE MARÍA es que todos hablan.
RAE) muy fuerte. (HI)
4
Di Tullio (1999, p. 6),
al analizar las hendidas Hendida sin cópu-
dice: c. DE MARÍA que todos hablan2.
La
sanción que ha reca-
la (HSC)
ído sobre esta forma a
partir de Bello (“crudo Todos hablan es Seudo-hendida
galicismo, con que se (4)
saborean algunos escri-
DE MARÍA. Reducida (SR)
tores sur-americanos”,
párrafo 812) desconoce En este trabajo, pretendo mostrar cómo los niños adquieren
su extensión panromá-
nica, así como sus ante- las construcciones de escisión en el español europeo. Teniendo en
cedentes estrictamente
h ispá n icos. Lejos de cuenta que el español peninsular es la variedad que presenta me-
toda intención de pole- nos construcciones de escisión y el hecho de que diversos estudios
mizar en el terreno de
la normativa, podemos sobre la adquisición del lenguaje muestran que los niños producen
explicar su aparición y construcciones inexistentes en las gramáticas de las generaciones
extensión, sin apelar al
préstamo -retomando la adultas, la pregunta que hago es si los niños europeos producen
interesante observación
de Ped ro Hen r íquez las construcciones de escisión ilustradas en (3) y enseguida las
Ureña de que su uso no pierden o si nunca adquieren tales construcciones.
aparecer restringido a
sectores que mantenían Moreno Cabrera (1999) señala, a partir de ejemplos de
un contacto asiduo con
el francés.
Lope de Vega, que las construcciones en (3) eran posibles en el
A
partir de ese fragmen- español de los Siglos de Oro (siglos XVI y XVII). Siguiendo la
to, se puede imaginar línea de pensamiento de Pagotto (1998)3, de que la norma culta
que ya en el siglo XIX
estas con st rucciones también puede provocar innovaciones (al contrario de lo que
sonaban raras al patrón se piensa siempre, que es la norma popular la que innova), se
lingüístico europeo, lo
que sugiere que el cam- puede suponer que el español peninsular culto sufrió cambios
bio ocurrió entre los
siglos XVII y XVIII.
lingüísticos4 mientras que la norma popular (que no está descrita
1.1. Deinición
Modesto (2001, p. 21) deine la escisión como:
5
Modesto (2001) saca (9) del grupo de las construcciones de
En este sentido, una
posibilidad es la de que escisión porque no tiene la lectura característica6 aunque super-
la variedad innovadora icialmente se parece a una hendida e incluye (10) en el grupo de
no sea el español cari-
beño, por ejemplo, pero las construcciones de escisión porque, aunque no tiene la estruc-
propio el español euro- tura con SER X QUE, dispara un movimiento A-Barra y tiene
peo. Por otro lado, se
puede suponer que las la interpretación característica de la escisión. Sin embargo, sólo
construcciones de escisi-
ón del español caribeño considero como construcción de escisión aquellas construcciones
de hoy sean posibles por que tengan, a la vez, una estructura sintáctica y una interpretación
motivos diferentes de
las construcciones del semántica especíica de escisión. Por lo tanto, ni (9) ni (10), en mi
español europeo de los análisis, son construcciones de escisión.
Siglos de Oro.
6
Para Modesto (2001), Un segundo punto que hay que poner de relieve es la distin-
la interpretación de (9) ción que Modesto (2001) hace entre hendidas y seudo-hendidas,
es “A Suzanita é a casa-
doira”. que, en su opinión, no presentan la misma estructura aunque
(11)
La diferencia entre las dos, en otras palabras, es que, en la
hendida, el VP selecciona una oración completa e independiente
(CP); ya en la seudo-hendida, el VP selecciona una oración pe-
queña, que sólo se constituye oración si contiene la cópula.
20
Tanto el estudio de Lo que dice Di Tullio (1999, p. 6) sobre la normativa y las
Pinto (2008) como el
presente estudio estu-
hendidas (cf la nota 5) queda evidente cuando se considera lo que
vieron basados en datos dice Gómez Torrego (2002, p. 277):
de corpus. Posiblemente,
Pinto (2008) no encon- En las estructuras u oraciones ecuacionales, cuando el compo-
tró hendidas invertidas
debido al hecho de que
nente que no es la oración de relativo lleva preposición, ésta
su corpus fue de lengua debe mantenerse en el componente u oración de relativo, al
escrita y controlada (los menos según la norma culta del español de España. Ejemplo:
guiones). Por otro lado,
el corpus utilizado en la
presente investigación *Fue por Juan que me enteré de lo sucedido (se dice: fue por
es de lengua espontánea Juan por el que (quien) me enteré...).
y hablada con niños,
donde no se espera que
haya mucha presión de Tampoco se consideran correctas las oraciones ecuacionales
la normativa. formadas con adverbios interrogativos y un relativo que. Sin
21
Como mencioné an- embargo, son relativamente frecuentes en Hispanoamérica.
tes, parece que en Es-
paña hay variación en Ejemplos:
la escisión. Registré en
diversas ocasiones en
Barcelona casos de hen- *¿Cuándo fue que viniste? (en España se dice: ¿cuándo viniste?)
didas básicas sin concor-
dancia: *¿Cómo fue que lo hiciste? (en España se dice: ¿cómo lo hiciste?)
¡Ah!, ya sé qué pasa…
Eso fue Andréa que lo
rompió. Tampoco pertenecen a la norma culta del español de España
Es algo así que te digo las estructuras ecuacionales en que aparece un que en vez de
yo. un adverbio. Ejemplo:
Parece que tú seas
serio y a partir del pró- *Ayer fue que vino (en España se dice: ayer fue cuando vino).
ximo mes es contigo que
yo hablo.
Los ejemplos (i) y Frente a esos hechos, hay explicar, en trabajos futuros, lo que,
(ii) fueron producidos
por hablantes diferen- de hecho, pasa con las hendidas básicas en el español europeo: si
tes y en contextos dife- su ausencia se debe, de hecho, a una cuestión de adquisición de
ren tes. El ejemplo
(iii) es un habla de la primera lengua o a una cuestión de escolarización21. En el caso
película “Una casa de de que el problema sea de escolarización, una investigación socio-
locos” (cuyo título en
portugués es “Alber- lingüística aclararía la cuestión: si se analizan diversos niveles
gue español”) que está
grabada en Barcelona. sociales (escolarizados X no escolarizados; rurales X urbanos etc)
El ejemplo se reiere al y se detecta variación respecto del fenómeno (por ejemplo, si los
habla de un catalán.
22
Este hecho será así
adultos escolarizados sólo usan la variante quien y los no escola-
si no se comprueba que rizados utilizan ambas variantes que y quien que aparecen en la
los niños de diferentes
clases sociales no están adquisición), la cuestión puede ser de escolarización22. Por otro
expuestos de hecho a lado, si las hendidas canónicas sin concordancia no aparecen, de
gramáticas diferentes.
Por ejemplo, en el caso hecho, en la edad adulta en todos los niveles socio-educacionales
del portugués de Brasil,
aunque haya marcas
(guardadas, obviamente, las observaciones de que es posible la
fonéticas, prosódicas, existencia de diversas gramáticas en el mismo español europeo),
semá nticas y léxicas
que distinguen clases
se deberá “contar alguna historia” para explicar por qué las cosas
sociales, hay muchos son así.
aspectos sintácticos con-
denados por la normati- Resumo
va que son compartidos
por hablantes escola-
rizados y no escolari- Considerando a variação da clivagem no
zados. Para mencionar
solamente algunos, se espanhol atual, este trabalho pretende
puede indicar la prócli- averiguar como as crianças espanholas
sis categórica y el uso de
formas nominativas en adquirem essas construções tendo como
el lugar de sus equiva- pergunta central se as crianças espanholas
lentes acusativas.
REfERENCIas
Resumo
Este artigo apresenta resultados parciais sobre
os padrões de complementação sentencial, tanto
as completivas initas (indicativo e subjuntivo)
quanto as não initas (especiicamente o ininitivo),
na aquisição do Português Brasileiro. Tomamos
como base a Teoria de Princípios e Parâmetros
(Cf. CHOMSKY, 1981) e partimos da hipótese
de que a oposição Realis/Irrealis é marcada por
distintos padrões de complementação, ou seja,
o ininitivo e o indicativo, por serem adquiridos
antes do subjuntivo, tendem a expressar os traços
[+- realis]. Nesse sentido, o marcador morfológico
de ininitivo assume o traço [- realis] (que será
posteriormente assumido pelo subjuntivo) e o
indicativo, em orações initas, expressa o traço [+
realis]. Para tanto, tomamos como base a Hipótese
da Oposição Semântica, segundo a qual há uma
hierarquia semântica no que se refere aos modos
verbais no período da aquisição. Foram analisa-
dos dados de três crianças, duas pertencentes ao
CEALL, do Rio Grande do Sul, com idade entre
1;08 e 3;07 e uma pertencente ao CEDAE, da
UNICAMP, com idade entre 1;0 e 3;02.
Palavras-chave: Complementação Sentencial;
Oposição Realis/Irrealis; Português Brasileiro.
1
Agradeço à Prof.ª Dr.ª
Ruth Lopes pela leitu-
ra cuidadosa do texto,
pelos comentários e su-
gestões. Os problemas
remanescentes são de
minha inteira respon-
sabilidade.
Introdução
A hipótese geral que guia este artigo é a de que os universais
do desenvolvimento da linguagem podem estar relacionados a
níveis de interface entre a semântica e a morfossintaxe. Acredita-se
que traços formais e semânticos estão envolvidos na aquisição de
primeira língua. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa sobre
a aquisição de complementação sentencial, concentrando-se em
Português Brasileiro (PB), com a hipótese de que a aquisição de
tal fenômeno na língua vincula-se à aquisição da modalidade.
Segundo Deen e Hyams (2006), as línguas apresentam formas
especíicas como indicadores de irrealidade, ou seja, a oposição
semântica realis/irrealis se manifesta na morfossintaxe das línguas
através de formas distintas, a depender de a língua ser uma língua
de sujeito nulo, de ininitivo raiz, sem ininitivo, dentre outros.
De modo geral, pesquisas revelam (Cf. DEEN e HYAMS, 2006;
SALUSTRI e HYAMS, 2003; STEPHANY, 1997) que a oposição
entre modo realis e irrealis é gramaticalmente expressa pela oposi-
ção entre morfossintaxe inita e não inita, revelando uma relação
entre a morfossintaxe e a semântica das línguas. Diante disso,
buscamos veriicar a manifestação dessa oposição semântica e
formal na aquisição de PB, além de veriicar as formas que estão
no período inicial de aquisição dessa língua, expressando moda-
lidade. De início, partimos da hipótese de que em PB a oposição
realis/irrealis é expressa num estágio inicial, respectivamente, pela
complementação indicativa e ininitiva e, quando a morfologia
de subjuntivo é adquirida e aumenta o seu uso, acreditamos que
há uma diminuição das ocorrências de ininitivos nos contextos
de irrealidade.
A análise dos dados da produção espontânea foi feita tendo
como base o modelo de Princípios e Parâmetros. O artigo estrutu-
ra-se da seguinte forma: Na primeira seção, discutiremos o envol-
vimento de traços semânticos e formais na aquisição de primeira
língua e de que forma a modalidade pode apresentar evidências
para a hipótese de que há um princípio universal que reside na
interface entre semântica e morfossintaxe no desenvolvimento
da gramática inicial. Na segunda seção, serão apresentados os
resultados da literatura em aquisição de complementação sen-
tencial, para discutirmos esse fenômeno em PB. Na última seção
,apresentamos as considerações parciais sobre os resultados até
então encontrados.
1. O envolvimento de traços semânticos
e de traços formais na aquisição de primeira língua
Deen e Hyams (2006) argumentam que os universais do
desenvolvimento da linguagem residem nos níveis de interface
entre a estrutura semântica e a morfossintática e defende que a
oposição semântica dos modos é manifestada na morfossintaxe
7
Tomando como base
esse uso do indicativo
num contexto de sub-
juntivo na gramática de
R, podemos pensar na
De certo modo, a morfologia de subjuntivo parece estar
possibilidade de haver sendo adquirida na medida em que ela é associada ao contexto
traços distintivos nas
gramáticas de AC e G irrealis, antes expresso apenas pela complementação ininitiva. O
vs. R. indicativo continua no decorrer das faixas etárias de forma estável,
8
Numa etapa futura
dessa pesquisa, preten-
demos analisar a proje-
ção de TP e MoodP na
aquisição de PB, de for-
ma a veriicar se ambas
constituem categorias
independentes ou se
são acionadas no mesmo
período da aquisição,
já que, na g ramática Na gramática infantil, a partir dos 3 anos, os dados indicam
adulta, elas constituem
uma categoria unitária.
que há um decréscimo de uso da complementação ininitiva em
Para Kato (1995), num contextos de irrealidade que são assumidos pela morfologia de
estágio inicial, a criança
apresenta um T com
subjuntivo, que, por sua vez, teve um leve acréscimo de uso, como
núcleo default Presente demonstrado na Fig. 2. A co-ocorrência de sentenças initas e ini-
e uma forma lexional
pa ra te mp o qu a ndo nitivas no PB no período anterior aos 24 meses parece não acionar
apresenta o cont ras- a categoria Tempo com seus traços de presente e passado (Cf.
te temporal (presente
e passado). Conceição CONCEIÇÃO, 2006), mas será que os traços realis e irrealis de Modo
(2006) demonstrou que são acionados independentemente dos de Tempo? Observamos
no PB a gramática in-
fantil apresenta a ca- que a morfologia de subjuntivo é adquirida a partir do período
tegoria funcional TP
com núcleo [Presente] de 24 meses na gramática infantil e passa a assumir contextos de
e [Passado] por volta irrealidade. Acreditamos que TP e MoodP estão em uso na gramá-
dos 1;10 anos. Assim,
nessa fase, há contraste tica infantil por volta do período de 24 meses da criança e, no
temporal. Com relação
à modalidade, até en-
início desse período, tanto a complementação ininitiva quanto a
tão verificamos que a de subjuntivo expressam o irrealis, mas à medida que aumenta o
complementação infi-
nitiva com referência uso do subjuntivo, diminui o de ininitivo. Antes da aquisição da
modal aparece também morfologia de subjuntivo, a criança faz uso de formas não initas
para expressar Modo em contraste com a complementação inita
por volta dos 2;0 anos
na gramática infantil
e expressa contexto de
irrealidade. No entan-
do indicativo, o que nos leva a supor que Tempo e Modo são
to, acreditamos que o categorias independentes no período inicial da aquisição, apesar
contraste modal entre
o realis e o irrealis ocorre
de constituir uma categoria unitária na gramática adulta do PB.
num período anterior Além disso, suponho também, diante desses resultados que traços
aos 1;10 anos através do
ininitivo. Os resultados semânticos pareçam estar envolvidos na aquisição de PB, já que
sobre essa questão serão a oposição semântica realis/irrealis foi representada na morfologia
apresentados em um
trabalho posterior. primeiramente pela forma de ininitivo e, em seguida, pela mor-
REFERêncIAs
Resumo
Neste artigo, relatamos os resultados de um estudo
sobre a troca de grafemas que representam fonemas
oclusivos surdos por grafemas representando fo-
nemas sonoros (e vice-versa) e os padrões de VOT
de alunos monolíngues (Português) e bilíngues
(Hunsrückisch-Português). Os participantes foram
divididos em três grupos: alunos monolíngues sem
contato com bilíngues (MR), monolíngues que
possuem contato com bilíngues (MP) e bilíngues
(B). Na pesquisa, foram analisados, primeiramente,
o número de trocas dos grafemas <p,b>, <t,d> e
<c,g> da escrita de 183 alunos dos três grupos. Em
um segundo momento, foram analisados os dados
escritos de 30 alunos (10 de cada grupo) dos 183
analisados anteriormente. Com relação aos VOTs,
foram analisados, primeiramente, os padrões da fala
em PB dos 30 participantes. Posteriormente, foram
medidos os VOTs do Hunsrückisch dos 10 alunos
bilíngues. Quanto aos resultados, encontramos a
ocorrência de mais trocas grafêmicas nos partici-
pantes do grupo B, seguidos dos do grupo MP e,
por im, dos do grupo MR. Quanto aos padrões de
VOT, nos segmentos surdos foram encontrados
VOTs menores no grupo MR do que no grupo B
e nos segmentos sonoros, foram apurados valores
mais elevados de pré-vozeamento no grupo MR do
que no grupo B. Veriicamos, nos resultados, valo-
res gradientes nas transferências fonético-fonológi-
cas encontradas. Concluímos que parte de nossos
participantes apresentam uma correlação positiva
entre a taxa de trocas dos grafemas e a produção
Introdução
A troca de grafemas que representam fonemas oclusivos
sonoros por grafemas representantes de segmentos surdos, e vice-
-versa, é bem frequente em regiões habitadas por descendentes de
alemães. Como exemplo deste fenômeno, apresentamos as pala-
vras <madeira>, <garrafa> e <pomada>, escritas por participantes
de nossa pesquisa como <mateira>, <carafa> e <bomada>, respec-
tivamente. Tais trocas, denominadas grafo-fônico-fonólogicas,
constituem parte de nosso objeto de estudo. Elas são analisadas,
na atual pesquisa, tanto com falantes bilíngues (Hunsrückisch-
-Português), da cidade gaúcha de Picada Café, formada por des-
cendentes alemães (grupo B), como por falantes monolíngues
(Português) da mesma cidade (grupo MR) e de outro município
(grupo MP), Rio Grande-RS, onde os participantes não possuem
contato com falantes de alemão.
Além das transferências interlinguísticas encontradas na
escrita, a presente pesquisa busca analisar a fala desses participan-
tes monolíngues e bilíngues, em Português e em Hunsrückisch,
para a veriicação também de transferências fonético-fonológicas,
manifestadas através da utilização de padrões de vozeamento
típicos da L1 na produção da fala da L2, fato igualmente bastante
presente em ambientes bilíngues e multilíngues.
A partir do exposto, elaboramos três objetivos especíicos
para o estudo: 1º) investigar a relação existente entre bilinguismo
e uma maior incidência de trocas grafêmicas, a partir da conta-
bilização das trocas entre os alunos participantes; 2º) analisar os
padrões de VOT das oclusivas em início de palavra do PB dos 3
grupos participantes (monolíngues de Rio Grande - MR, mono-
língues de Picada Café - MP - e bilíngues de Picada Café - B); e
3º) averiguar e discutir os padrões de VOT das oclusivas em início
de palavra da língua de imigração Hunsrückisch, nas produções
das crianças bilíngues.
1 Referencial teórico
Análise
MR MP B
geral Valor de p
média (dp) média (dp) média (dp)
(183 alunos)
Número de trocas7 0,37 (0,98) 0,87(1,74) 2,42(4,25) 0,0001*
Análise
MR MP B
parcial Valor de p
média (dp) média (dp) média (dp)
(30 alunos)
Número de trocas 0,70 (0,82) 1,80 (2,49) 3,10 (5,30) 0,6547*ns
*
Estatística do teste Kruskal-Wallis apontou diferença signiicativa no nível de 5%.
*
ns- Estatística do teste Kruskal-Wallis não apontou diferença signiicativa no nível de 5%.
trico de Kruskal-Wallis,
aplicado aqui, quando
signiicativo, indica que
pré-vozeamento signiicativamente maiores nos segmentos [b], [d]
há pelo menos um par e [g] do que os alunos bilíngues. Vejamos os resultados obtidos:
de grupos que difere
signiicativamente. Para
que pudéssemos desco-
brir qual (is) grupo(s)
apresentavam diferença
signiicativa, aplicamos
também, em todos os
testes com três grupos,
o teste não paramétrico
de Wilcoxon, entre cada
um dos grupos.
8
Disponível em: http://
www.praat.org.
3.4 Análise das duas fases da pesquisa: dados escritos e dados de fala
Apresentamos, na Tab. 4, um resumo que mostra o número
de trocas e o número de VOTs distintos realizados por cada um dos
30 participantes selecionados para as duas fases de nossa pesquisa.
Tabela 4: Resumo das duas fases
Trocas Trocas Trocas
VOT VOT VOT
na na na
Partic. distinto Partic. distinto Partic. distinto
escrita escrita escrita
MR13 * 1 MP14 2 5 B36 2 5
MR18 * * MP15 3 5 B48 * *
MR19 * * MP17 1 3 B50 * *
MR21 2 15 MP18 3 11 B61 * *
MR38 * * MP32 1 * B64 1 13
MR40 2 * MP33 8 18 B71 2 5
MR46 1 3 MP51 * * B72 14 25
MR47 1 * MP56 * 2 B88 12 9
MR50 1 21 MP77 * * B91 * *
MR51 * * MP83 * * B96 * *
Total 7 40 Total 18 44 Total 31 57
Abstract
ReFeRênCIAs
Resumo
Neste trabalho, investigo possíveis correlações
entre tendências subjacentes aos usos dos meca-
nismos de junção em textos de sujeitos em fase de
aquisição de escrita e tendências sobre desenvolvi-
mento de juntores na história da língua. Trata-se,
de certa maneira, de trazer novas luzes acerca do
paralelo entre ontogenia e ilogenia, nos moldes de
Kortmann (1997), que sustenta, para a aquisição
de esquemas de junção e para a mudança dos jun-
tores ao longo do tempo, direções que sinalizam
uma complexidade crescente, veriicável tanto de
um ponto de vista morfossintático, como de um
ponto de vista semântico-cognitivo.
Palavras-chave: aquisição; junção; cognição;
história
1
UNESP, Instituto de
Biociências, Let ras e
Ciências Exatas, Depar-
tamento de Estudos Lin-
guísticos e Literários,
São José do Rio Preto/
SP, 15.054-000. Endereço
eletrônico: thomazi@
ibilce.unesp.br
Introdução
Neste trabalho, investigo aspectos morfossintáticos e
cognitivos da junção em uma amostra longitudinal de textos
produzidos por duas crianças, nos primeiros anos de aquisição
de escrita institucionalizada. Para isso, lanço mão de um modelo
de junção de orientação funcionalista (HALLIDAY, 1985), que
contempla as opções de arquitetura sintática pareadas com as
relações semânticas, aliado a pressupostos da mudança linguís-
tica por gramaticalização. A questão central é veriicar em que
medida tendências ilogenéticas, que apontam para o aumento
de informação gramatical e de complexidade cognitiva, ajudam
a explicar os fatos de aquisição (KORTMANN, 1997).
Não se trata de insistir nas teses já tão debatidas que con-
sistem em atribuir simplicidade à parataxe e complexidade à
hipotaxe, e em sustentar que entre elas haveria uma passagem
progressiva, da composição menos para a mais complexa, re-
cuperável na ilogênese e na ontogênese. Dessas teses derivam
generalizações de que a parataxe é a sintaxe da língua falada,
da língua das crianças e dos aprendizes, e também das línguas
históricas em suas fases pretéritas. À maneira de La Fauci (2007),
entendo que a fragilidade dessas airmações e que o contraste que
elas alimentam entre parataxe e hipotaxe se devem, em grande
parte, à desconsideração das tradições discursivas (KABATEK,
2006) e à correlação equivocada que se estabelece entre simplici-
dade e oralidade.
O que proponho é veriicar por quais mecanismos de junção
os sentidos são codiicados nos textos infantis ao longo do período
inicial de alfabetização e investigar um possível paralelo entre
ontogenia e ilogenia, sem perder de vista o contínuo processo de
aquisição de novas tradições discursivas2 (TDs, daqui em diante),
já que tudo o que se enuncia, seja na modalidade falada ou escri-
ta, se enuncia dentro de uma TD, de um gênero ou de um modo
de dizer sócio-historicamente convencionalizado (KABATEK,
2
2006). Desse ponto de vista, as airmações sobre os esquemas de
Este trabalho é parte do
resultado da pesquisa junção empregados pelas crianças só podem ser legitimadas com
de pós-doutoramento a consideração das TDs.
que realizei na Univer-
sidade de Tübi ngen, Aproximando-me da concepção de linguagem e do modelo
sob orientação do Prof.
Dr. Johannes Kabatek de produção verbal proposto na obra de Coseriu, e reinado nos
(CNPq: 302670/2008-4/ trabalhos de Koch (1997) e de Oesterreicher (1997), assumo que,
Fapesp: 09/53614-0).
3
Nos moldes de Coseriu,
para a produção de enunciados escritos, a criança lida simulta-
o sistema compreende neamente com dois conjuntos de regras, as regras idiomáticas,
um conjunto de possibi-
lidades técnicas do falar, que estão no domínio da língua histórica particular (sistema e
em que somente parte norma3), e as regras discursivas, que estão no domínio das TDs
é realizada. A norma,
por sua vez, restringe (que englobam atos de fala, gêneros, tipos textuais, estilos, formas
as possibilidades do literárias), que se referem mais propriamente aos modos de dizer
sistema. Compreende
a escolha usual entre as tradicionais que regulam a produção e a recepção dos discursos.
opções oferecidas pelo
sistema. Dessa perspectiva, os enunciados dos textos infantis podem ser
LUGAR
CCCC TEMPO
MODO
E2:
11 14 11 13 49
AGS
Ø (4,8)
e (54,1) Ø (0,8)
(e) aí (4,1) Ø (0,4) e (6,0)
Ø (12,3)
(e) depois e (1,2) porque (7,4)
e (54,0)
(5,1) mas (5,6) então (0,9)
e também Ø (0,1)
Parataxe Ou (4,1) e assim (0,5) (e) então só que aí (0,5)
(0,9) e (0,2)
(0,2) (1,2) e por isso
e ainda (0,2)
e enim (0,2) já (0,5) (0,2)
e aí (0,2)
antes (0,1) e já (0,5) e agora
primeiro (0,26)
(1,2)
quando (5,0)
para (16,9) gerúndio porque (3,2)
como (0,7) (5,3) hora por causa
Hipotaxe se (3,9)
mais/menos que (0,5) que (0,2)
do que (1,0) antes/depois por (0,9)
de (0,7)
5
Na adição neutra, as-
sim em certos usos de
“aí” e “então”, e atua na
progressão discursiva,
num cont í nuo movi-
mento de avanço pelo
acréscimo constante de
informação nova.
6
As poucas perífrases
encontradas no corpus –
“só que, por causa que,
hora que” – resultam de
processos mais recentes
Gráico 1: Eixo tático em perspectiva longitudinal
de gramaticalização na
língua.
Texto (3):[E1/P8:A1]
Texto 4: [E1/P5:A01]
O rato do campo e
E o rato da cidade
E começou a conversar
E o rato baiano ele faleceu
E comem os banquetes
E ouviram um ruído e o segundo
ruído e esconderam na toca
E falou primo eu vou te dar
um convite para ir na minha [casa]
porque lá na minha casa
não tem barulho.
Texto 5: [E2:P27:A2]
Eixo superior:
1 = parataxe; 2 = hipotaxe
Eixo inferior:
-1 = adição; -2 = alternância;
-3 = modo; -4 tempo;
-5 = contraste; -6 = causa;
-7 = condição
Abstract
REfERênCIAs
Linguística de Corpus:
Possibilidades para o ensino
de Línguas e Tradução
Danielle de Almeida Menezes (UFTM)
RefeRênCias
EDUARDO KENEDY
Licenciado em Letras pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Doutor e Mestre em Linguística pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ). Professor da graduação em Letras e do Programa
de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da UFF. Pesquisador
na área de Psicolinguística e Teoria da Gramática. Fundador e
coordenador Laboratório de Psicolinguística da UFF (LAPSI-UFF).
Atua nas áreas de processamento cognitivo da linguagem natural e
sintaxe formal.
JOSÉ FERRARI-NETO
Graduado em Letras pela Universidade Católica de Petrópolis (UCP),
especializado em Língua Portuguesa pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro, mestre e doutor em Estudos da Linguagem pela
Pontifícia Universidade Católica (RJ). Tem experiência em docência
e pesquisa na área de Linguística, com ênfase em Psicolinguística
e Aquisição da Linguagem. Foi Professor Assistente de Língua
Portuguesa e Linguística Geral na UCP e Professor de Linguística na
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Atualmente
é Professor de Linguística e Língua Portuguesa na Universidade
Federal da Paraíba (UFPB), atuando no LAPROL (Laboratório de
Processamento Linguístico).
LUCIANA TEIXEIRA
Graduada em Letras pela Universidade Federal de Juiz de Fora
(UFJF), mestre em Letras (área de concentração: Linguística) na
mesma instituição, doutora em Letras (área de concentração -
Estudos da Linguagem) pela Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro (RJ). É professora da UFJF, onde ministra disciplinas
no curso de Graduação em Letras, Especialização em Ensino de
Língua Portuguesa e no Programa de Pós-Graduação em Linguística.
Participa de projetos de pesquisa na área de processamento e aquisição
da linguagem no Núcleo de Estudos em Aquisição da Linguagem e
Psicolinguística (NEALP) da UFJF. Áreas de interesse: Aquisição da
Linguagem, Psicolinguística, Ciências Cognitivas, Linguística.
SABRINA GEWEHR-BORELLA
Graduada em Letras pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos,
mestre em Linguística Aplicada pela Universidade Católica de
Pelotas. Atualmente é aluna do doutorado de Linguística Aplicada
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Próximos números
Número 31
Tema: Cruzamentos interculturais
Organizadores: Paula Glenadel e Angela Dias
Prazo para entrega dos originais: 15 de julho de 2011
Ementa: Tradução, mercado global e literaturas nacionais. A tarefa do tradutor. Tradu-
zibilidade das formas contemporâneas de arte; mistura e reescritura de gêneros
narrativos; diálogos e interrelações de códigos diversos. Interseções entre o pú-
blico e o privado; política e produção de subjetividades nas artes e na literatura
comtemporânea.
Número 32
Tema:
Organizadores:
Prazo para entrega dos originais:
Ementa:
Revista Gragoatá
1. The Editorial Board will consider both articles and reviews in the
Rua Professor areas of language and literature studies, in Portuguese, English,
Marcos Waldemar
de Freitas Reis, s/nº French and Spanish.
Campus do Gragoatá -
Bloco C - Sala 518
24210-201 - Niterói - RJ 2. In considering the submitted papers, the Editorial Board may
e-mail: pgletras@vm.uff.br
Telefone: 21-2629-2608
suggest changes in their structure or content. Papers should be
submitted in CD, with the title both in Portuguese and English,
author’s identiication, academic afiliation and electronic address,
together with two printed copies, without author’s identiication,
typed in Word for Windows 7.0, double-spaced, Times New Roman
font 12, without any other formatting except for:
10. Authors, whose articles are accepted for publication, will be entitled
to receive 2 copies of the journal. Originals will not be returned.