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HIDRÁULICA

(CURSOS TÉCNICOS ESPECIAIS)

INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA

A hidráulica consiste no estudo das características e uso dos fluidos. Desde


o início o homem serviu-se dos fluidos para facilitar o seu trabalho. Podemos
imaginar um homem das cavernas, com sua mulher, sentados num tronco flutuando
no rio rebocando seus filhos e alguns pertences num outro tronco amarrado com uma
corda de cipó.
Acionamentos e comandos hidráulicos ganharam importância através dos
tempos, com a automatização e mecanização, sendo que atualmente, experiências têm
mostrado que a hidráulica é agora indispensável como um método moderno de
transmissão de energia.
A palavra “HIDRÁULICA” é derivada de raízes gregas e significa:

“Hidro”: Água
“Aulus”: Cano (Tubo)

Desta forma, compreendia-se antigamente, por isso, todas as leis e


comportamentos relativos à água.
Hoje entende-se por hidráulica, a transmissão, controle de forças e
movimentos por meio dos fluidos.
O fluido hidráulico é utilizado como meio para transmissão de energia.
Este fluido é na maioria das vezes, óleo mineral, podendo ser entretanto, um fluido
sintético, ou uma emulsão óleo-água.
Na parte “hidráulica” da tecnologia dos fluidos, aproveita-se as leis da
“Hidromecânica” (mecânica dos fluidos) a qual se divide em:

A) Hidrostática: Mecânica dos fluidos estáticos – transmissão de pressão (teoria


das condições de equilíbrio dos fluidos – Lei de Pascal)

B) Hidrodinâmica: Mecânica dos fluidos em movimento - teoria da vazão

Um exemplo de hidrostática pura é a transmissão de forças na hidráulica (princípio de


funcionamento do macaco hidráulico)

Um exemplo de hidrodinâmica pura é a transformação da energia dinâmica da água,


nas usinas hidrelétricas.

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A) Hidrostática – Mecânica dos fluidos estáticos

A-1) Pressão exercida por forças externas (Lei de Pascal)

A lei de Pascal resume-se em:

“ A pressão exercida em um ponto qualquer de um fluido em repouso, transmite-se


integralmente a todos os pontos do fluido e atua perpendicularmente contra as
paredes do recipiente que o contém. ” Se desprezamos a pressão por gravidade
devido à altura da coluna de fluido, a pressão em todos os pontos se torna igual.
Este enunciado explica o fato de uma garrafa de vidro quebrar-se caso sua
rolha seja forçada a entrar, com o recipiente completamente cheio. O fluido,
praticamente incompressível, transmite a pressão aplicada pela rolha também ao
fundo da garrafa; como a área do fundo é muito maior que a da rolha, produz-se uma
força no fundo, excessivamente alta a ponto de quebrá-la.

Obs.:

Devido à pressões com as quais se trabalha nas modernas instalações


hidráulicas, podemos desprezar a pressão por gravidade. Exemplo: 10,33 m de coluna
de água são iguais a 1 bar de pressão.

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A-1.1) Multiplicação de força (Utilizando o princípio de Pascal)

No princípio da revolução industrial, o mecânico britânico Joseph Bramah


conclui que, uma força moderada aplicada a uma pequena área, produz
proporcionalmente, uma força maior em uma área maior. Na figura abaixo, podemos
ver como Bramah aplicou o princípio de Pascal a um macaco/prensa hidráulicos.

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Exercício:

Analise o macaco hidráulico abaixo e responda:

a) Qual é o valor da força F1 necessária para levantar uma carga de 100 kg.
b) Qual é o valor da força F2 necessária para levantar uma carga de 100 kg.
c) Qual é o curso deslocado da carga de 100 Kg supondo que estamos atuando em F1
e que o curso do êmbolo 1 seja de 10 cm.
d) Qual é o curso deslocado da carga de 100 Kg supondo que estamos atuando em F2
e que o curso do êmbolo 2 seja de 10 cm.
e) Sabendo-se que os cursos máximos dos êmbolos 1 e 2 são de 10 cm, calcule o
volume deslocado por cada êmbolo respectivamente.
f) Para levantar a carga de 100 Kg, quais são as vantagens e/ou desvantagens de se
atuar no êmbolo 1 ou êmbolo 2?

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RELEMBRANDO UM POUCO DE FÍSICA

1 - FORÇA

Conforme a lei de Newton temos:

F=m.a

Para um corpo de massa de 1Kg atingir uma aceleração de 1m/s² é necessário


imprimir neste corpo uma força de 1 Kg.m/s².
No S.I. (Sistema Internacional de unidade) a unidade de força é o Newton:

1 N = 1 Kg.m/s²

Então podemos dizer que para um corpo de massa de 1Kg atingir uma
aceleração de 1m/s² é necessário imprimir neste corpo uma força de 1 N.

Na fórmula acima F = m . a, substituindo a aceleração comum “a” pela


aceleração da gravidade g (g = 9,81 m/s²) obtemos a força-peso que chamamos
normalmente de peso e que na realidade é a força com que a gravidade atrai os
objetos.
Para o nosso exemplo em que utilizamos um bloco de massa igual a 1Kg,
calcule qual o valor de seu peso.

Obs.: considerar g = 10 m / s²

P=m.g

P = 1 Kg . 10 m / s²

P = 10 Kg.m / s²

P = 10 N

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Existe uma outra unidade de medição de força que é o Kgf

1 Kgf = 10 N

Então temos que o peso de uma massa de 1 Kg pode ser considerado igual a:

P = 1 Kgf

Baseado nos cálculos acima, podemos refletir sobre o tópico abaixo:

- Diferença entre massa e peso.

As balanças que encontramos normalmente nas farmácias medem o nosso


peso ou a nossa massa ?
Quando subimos numa balança e dizemos o meu peso é de 100 Kg; está correta
esta indicação?

Vejamos:

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Primeiramente é importante definirmos que a unidade g (grama) e seus
diversos múltiplos e submúltiplos são indicadores de massa e não de força, e no caso
em questão estamos falando de peso o qual nada mais é que a força com que uma
determinada massa é atraída pela aceleração da gravidade. Logo concluímos:

Massa – unidade: grama


Peso – unidade: grama-força

Uma massa de 100 Kg terá um peso de :

P=m.g

P = 100 Kg . 10 m/s2

P = 1000 Kg.m/s²

P = 1000 N, como 1 Kgf = 10 N, temos

P = 100 Kgf

Logo concluímos que a balança de farmácia na realidade mede o peso, pois


sofre influência direta da aceleração da gravidade, uma vez que se levássemos esta à
lua, esta nada indicaria devido à ausência da gravidade.
Para o exemplo acima, podemos então dizer que o peso medido pela balança
foi de 100 kgf e que a massa deste peso coincide em módulo com o próprio valor de
sua massa que é de 100 Kg.

Resumindo:

m = 100 Kg

P = 100 Kgf

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2 - PRESSÃO

- Conceito de pressão:

P = F/A

Onde P – Kgf/cm2
F – Kgf
A – cm2

Situação prática:
Suponha que o peso dos livros que você tem que levar para a escola é de
5 Kgf e você tem 2 mochilas a “tiracolo” para escolher. Uma possui a cinta a tira colo
com uma área de contato com seu ombro de aproximadamente 20 cm² e uma outra de
aproximadamente 50 cm². A pergunta é:

Qual das 2 mochilas você escolheria? Por quê?

M1 = 0,25 bar

M2 = 0,1 bar

No S.I (Sistema Internacional de unidades) a unidade padrão de pressão é o Pascal,


porém na prática trabalha-se preferencialmente com o bar ou Kgf/cm², onde temos:

1 bar = 100.000 Pa

1 bar = 0,987 atm

1 bar = 1,02 Kgf/cm²

1 bar = 14,5 PSI

1 bar = 75 cm de coluna de Hg

1 bar = 10,33 m de coluna d’água

1 Kgf/cm² = 0,981 bar

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Na prática consideramos aproximadamente 1 Kgf/cm² igual a 1 bar.

1 bar é aproximadamente a pressão atmosférica ao nível do mar.

Curiosidades:

I. A pressão máxima que obtemos quando sopramos contra a nossa mão com a
saída de ar totalmente obstruída (inclusive podemos observar que a pressão é
gerada a partir da obstrução contra o fluxo do fluido) é de aproximadamente
0,25 bar.
II. Calcule a pressão exercida pelo seu corpo contra a superfície terrestre em bar,
supondo que você esteja em pé. Você usaria sapato com salto alto fino?
Justifique.
III. Qual é o princípio de funcionamento do canudinho de refrigerante?
IV. Porque Galileu descobriu que uma bomba aspirante não conseguia elevar a
água a uma altura superior a 10,33m?
V. Como funciona um manovacuômetro?
VI. Como funciona uma prensa hidráulica?
VII. Como funciona uma girafa hidráulica com 2 cilindros com mesmo curso e
diferentes diâmetros?
VIII. Como funciona uma bomba de encher pneu de bicicleta?

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A)HIDRODINÂMICA – Mecânica dos fluidos em movimento

Leis da vazão:

Se um fluido flui por um tubo com vários diâmetros, o volume que passa em
uma unidade de tempo é o mesmo, independente da seção. A velocidade do fluxo
varia, a vazão não.

Exercício:

Na figura acima, supondo o maior diâmetro interno igual a 2” (A1) e o diâmetro


interno menor igual a 1” (A2) e ainda que a bomba hidráulica possui uma vazão de 5
GPM, calcule:

a) A vazão de entrada e saída na tubulação em litros/minuto.

b) Quando o diâmetro interno se reduz à metade, o que acontece com a área interna à
tubulação? Também se reduz à metade ou não? Consequentemente o que acontece
com a velocidade do fluido? Calcule as áreas A1 e A2 e as respectivas velocidades
v1 e v2 do fluido no interior da tubulação.

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Lei da Conservação da energia:

A lei da conservação da energia nos afirma que a energia total da vazão de um


determinado fluido permanece constante enquanto não houver troca de energia com o
meio externo.
Desprezando as formas de energia que não se modificam com o fluxo do
fluido, podemos dividir a energia total em:

Energia potencial (energia armazenada):

- Energia de posição em função da altura de coluna de fluido.


- Energia de pressão (pressão estática)

Energia cinética (energia de movimento):

- Energia de movimento em função da velocidade do fluxo (pressão dinâmica).

Do exposto acima, resulta a EQUAÇÃO DE BERNOULLI:

2
g.h + p / ρ +V / 2 = constante

Quando nos referimos à energia de pressão teremos:

2
Pt = pst + ρ.g.h + ρ/2 . V

Do exposto acima, concluímos que se através do estreitamento da seção transversal a


velocidade aumenta , a energia de movimento será maior. Uma vez que a energia
total permanece constante, e energia potencial e/ou a pressão deverão diminuir por
meio do estreitamento da seção transversal.

Quase não se pode medir a alteração da energia potencial . A pressão estática no


entanto se altera por causa da contrapressão. Isto é , altera-se por causa da velocidade
da vazão.

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Na restrição a velocidade de escoamento é aumentada com o intuito de manter a
mesma vazão (Equação da continuidade), aumentando a energia cinética. Conforme
a lei de conservação da energia, aumentando a energia cinética, a energia potencial
(pressão estática) diminui, onde pode-se ver nas colunas de fluido que a pressão na
área com restrição é menor.

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B.1) Perdas por atrito e pressão:

Ao analisarmos as leis referentes aos fluidos em movimento, vimos que as


camadas de fluido podem deslocar-se umas contra as outras ou contra as paredes da
tubulação , sem que ocorra atrito (fluido ideal).
A energia hidráulica, porém, não passa através de uma tubulação sem
apresentar perdas por atrito as quais geram calor. Então a energia hidráulica é
transformada em calor. A perda ocorrida de energia hidráulica significa, para as
instalações hidráulicas, uma perda de pressão, também conhecida como perda
de carga.
A determinação da carga é importante para saber se a pressão fornecida ao
sistema é ou não suficiente ao trabalho que se propõe.
A perda de pressão ou diferença de pressão é indicada por ∆P. Quanto maior é
a viscosidade de um fluido, maior é o seu atrito interno (atrito entre as camadas
internas do próprio fluido)
A extensão das perdas por atrito e conseqüente aquecimento do óleo depende
predominantemente de:
- Comprimento da tubulação
- Seção transversal da tubulação
- Rugosidade da parede do tubo
- Número de curvas e restrições do tubo
- Velocidade da vazão (volume de passagem)
- Viscosidade do fluido
- Tipo de fluxo (laminar ou turbulento)

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Podemos distinguir dois tipos de fluxo:

- fluxo laminar
- fluxo turbulento

Até uma certa velocidade os fluidos se movimentam em camadas (movimento


laminar) através do tubo. Quando o fluido é laminar apresenta maior velocidade. A
camada mais externa está praticamente imóvel em contato com a parede do tubo. Se
aumentarmos a velocidade do fluxo, é modificada a forma de fluxo da velocidade
crítica, tornando-se giratória (turbulenta).
Com isto eleva-se a resistência à vazão e as perdas hidráulicas. Por este
motivo o fluxo turbulento geralmente não é desejado.
A velocidade crítica não é uma grandeza física. Ela depende da viscosidade do
fluido e da seção transversal da tubulação. A velocidade crítica pode ser calculada e
não deveria ser ultrapassada em instalações hidráulicas.

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Número de Reynolds Re:

Através do fator Reynold é possível determinar a grosso modo o tipo de fluxo:

Re = V . dh / ν

Onde:

V: Velocidade do fluido em m/s


Dh: O diâmetro hidráulico em m. No caso de seções transversais circulares é igual ao
diâmetro interno do tubo. No mais temos dh = 4 . A/U
A: Área de seção transversal
U: Perímetro
ν: Viscosidade cinemática em m2/s
Re crit = 2300

Este valor é válido para tubos redondos, tecnicamente retos e lisos.

No Re crit o fluxo muda de laminar para turbulento e vice-versa.

Fluxo laminar: Re < Re crit


Fluxo turbulento: Re > Re crit

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Princípio do fluxo hidráulico:

Em um sistema hidráulico a força é transmitida pela pressão e velocidade dos


atuadores está ligada à vazão hidráulica provida pela bomba hidráulica. A bomba é
responsável pelo fornecimento do óleo hidráulico, produzindo assim o fluxo
hidráulico. Então temos,

Força ------------ PRESSÃO

Velocidade ------ VAZÃO HIDRÁULICA

COMO MEDIR A VAZÃO HIDRÁULICA?

Há 2 formas de medição:

Velocidade: É a distância que as partículas percorrem em uma unidade de tempo.


Conforme varia a seção transversal de um tubo a velocidade média das partículas do
fluido varia inversamente, apesar da vazão ser constante. Portanto para utilizar este
tipo de método é necessário medir a velocidade do fluido e conhecer naquele ponto a
área da seção transversal da tubulação.
Sua unidade é m/s.

Q=v.A

v = velocidade em m/s
A = Área de seção transversal em m2

Vazão: É o volume que atravessa uma seção de um tubo em uma unidade de tempo.
Sua unidade é l/min.

Q = V/t

V = volume (litros)
t = tempo (min.)

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Vazão e velocidade:

A velocidade de um atuador hidráulico, sempre depende do seu tamanho e da


vazão de fluido que chega até ele.

Exercício:

Na figura abaixo, responda:


a) Qual a vazão em l/min no tubo 1 e no tubo 2?
b) Qual a velocidade do fluido hidráulico no tubo 1 e no tubo 2? A velocidade do
fluido será maior no tubo 1 ou no tubo 2?
c) No dimensionamento de um cilindro hidráulico, explique a correlação entre seu
diâmetro, força hidráulica, pressão hidráulica e velocidade do atuador.

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Restrições e orifícios:

Perdas de pressão nas restrições ou estreitamentos, devido à conversão de


energia de pressão em energia térmica, são provocadas em alguns casos,
deliberadamente (ex.: válvula redutora de pressão), mas não se deseja que nos
estreitamentos, haja perda de pressão por aquecimento. Todo líquido hidráulico se
aquece, pois durante o trabalho, o líquido passa por muitos estreitamentos que
existem nos elementos hidráulicos.

Se o fluxo é interrompido, não é produzido atrito, logo não existirá perdas nas
restrições, garantindo que a pressão anterior e posterior à restrição sejam idênticas.

Obs.: Quanto maior for o fluxo, maior será a queda de pressão (∆ P) através do
orifício (restrição).

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Como é gerada a pressão:

1) Quando o registro está totalmente aberto, todo fluxo da bomba pode atravessá-la
sem restrições. Não há pressão nesta condição.
2 ) À medida que o fluxo for restringido pelo fechamento gradual do registro, a
pressão aumenta.
3) Quando a válvula de segurança se abre, permite passagem parcial ou total do
fluxo. Nesta hora o manômetro acusará o ajuste (pressão de abertura) da válvula de
segurança.

Nota: Uma bomba hidráulica não gera pressão mas sim vazão hidráulica. A
pressão em um sistema hidráulico é causada pelas restrições/resistências à
circulação do fluido.

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Como dimensionar um motor térmico para comandar a bomba hidráulica de
um determinado sistema hidráulico:

P (kw) = Q (l/min) . p (bar) / 600 . η

P (Hp) = Q (GPM) . p (PSI) / 1714 . η

ONDE :

P - Potência solicitada ao motor térmico


Q - Vazão
p - pressão do sistema hidráulico
η - rendimento total ( η = ηvolumétrico . η hidro-mecânico) ~ 90%

Exercício:

Calcule a potência de um motor térmico Diesel para comandar um sistema hidráulico


com as seguintes características abaixo. Compare a potência dos dois motores.

1)

a) Q bomba = 50 GPM
b) p pressão do circuito hidráulico = 3000 PSI

2)

c) Q bomba = 189,2706 litros/min


d) p pressão do circuito hidráulico = 206,8427 bar

OBS.: 1 Hp = 0,745699 Kw
1GPM = 3,785412 litros/minuto
1 bar = 14,50377 PSI
1 m3/s = 60.000 l/min

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FLUXO PARALELO:

Quando houver duas ou mais vias de fluxo em paralelo, cada qual com
resistências diferentes ao escoamento, a pressão aumentará até vencer a resistência
menor, quando ocorrerá fluxo por esta via correspondente.
Diz-se que os fluidos são inteligentes e escolhem os caminhos mais fáceis.

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FLUXO EM SÉRIE:

Quando resistências ao fluxo estão ligadas em série, somam-se as pressões.


A figura mostra as mesmas válvulas da figura anterior, porém ligadas em
série. A pressão indicada no manômetro da bomba indica a soma das pressões
necessárias para abrir cada válvula individualmente.

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VANTAGENS DO SISTEMA HIDRÁULICO:

VELOCIDADE:

Vantagem: Consegue-se num sistema bem dimensionado, uma variação contínua e


precisa de velocidade (linearidade e precisão), seja cilindro ou motor hidráulico,
bastando para isto mudar a vazão da bomba, ou controlá-la através de válvula
adequada.

Desvantagem: Baixas velocidades de deslocamento dos atuadores ( velocidades


máximas na faixa entre 0,6 e 0,7 m/s – normalmente entre 0,05 a 0,1 m/s) quando
comparada com sistema pneumáticos que trabalham na faixa 1 a 2 m/s.

Calcule:

a) O volume de um cilindro hidráulico lado base e lado haste que possua as seguintes
características:

Diâmetro interno: 120 mm


Diâmetro da haste: 60 mm
Curso: 520 mm
Comprimento máximo: 830 mm
Comprimento mínimo: 310 mm

b) Supondo este cilindro anterior trabalhando em uma máquina cuja bomba


hidráulica possua uma vazão de 10 GPM, calcule a velocidade de deslocamento
deste cilindro quando atuado pelo lado de haste e pelo lado de base. Qual das duas
velocidades é maior?

Utilizar a fórmula: Q = v . A

Q = vazão em m3/s
v = velocidade de deslocamento em m/s]
A = Área da seção transversal em m2

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c) Aproveitando o tema cilindros, supondo que uma máquina acima trabalhe com a
bomba hidráulica de 5 GPM e a pressão máxima do sistema seja de 3000 PSI,
calcule qual o diâmetro de base necessário para levantar uma carga de 5000 Kgf de
peso. Supondo que o curso deste cilindro seja de 2500 mm, calcule qual o tempo que
gastará para levantar a carga desde o solo até seu ponto máximo.

Para o cilindro acima, calcule seu volume lado base e lado haste, considerando que a
haste possua diâmetro de 30mm.

- REVERSIBILIDADE:

Se comparamos o sistema hidráulico com o sistema elétrico, podemos


observar que basta apenas alterar a posição de uma válvula direcional para fazer a
inversão do sentido do movimento do atuador. Em um motor elétrico trifásico para se
obter essa inversão é necessário desligá-lo, inverter 2 fases e dar nova partida. Pode-
se automatizar essa inversão nos motores elétricos, porém apesar da rapidez na
inversão do sentido de rotação, a mesma não é suave e os picos de corrente são
elevados.

PROTEÇÃO CONTRA SOBRECARGA:

Quando a carga excede os limites de trabalho, ocorre o aumento da pressão do


fluido a um valor limitado pela válvula de alívio de segurança, que nesta situação
abre impedindo qualquer dano ao sistema. Baixo custo quando comparada a um relê
de proteção de sobrecarga em um sistema elétrico.

LIMITAÇÃO DE FORÇA (OU TORQUE):

Há facilidade em se limitar a força máxima de um cilindro ou o torque máximo


de um motor, pela válvula de alívio de segurança e ainda se existir a necessidade de
um limite mais baixo para um determinado atuador, pode-se utilizar válvulas
redutoras de pressão.

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DIMENSÕES REDUZIDAS:

Como a força e a velocidade dos atuadores dependem apenas da pressão e


vazão respectivamente, o peso e tamanho dos componentes hidráulicos são reduzidos
em relação aos equivalentes equipamentos mecânicos e elétricos da mesma potência.

Listamos rapidamente as vantagens em resumo:

- Transmissão de grandes forças(torques) com um volume de construção


relativamente pequeno.
- É possível a partida sob carga plena.
- A influência progressiva (comando e regulagem) de :

• Velocidade
• Torque ou
• Força
é fácil de ser realizada

- Proteção simples contra sobrecargas


- Apropriada para movimentos rápidos e também extremamente lentos que são
controláveis.
- Armazenamento de energia através de gases (acumuladores hidráulicos)
- Sistema de acionamento centralizado
- É possível a conversão descentralizada de energia hidráulica em energia mecânica.

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DESVANTAGENS DO SISTEMA HIDRÁULICO:

O rendimento global de um sistema hidráulico, sem levar em


consideração o rendimento do motor que aciona a bomba hidráulica, é em torno de
80 a 90 %, enquanto que máquinas elétricas podem ter rendimento superior a 95%.
São 3 fatores responsáveis pela variação do rendimento do sistema hidráulico:

1 – Vazamentos internos em todos os componentes. Esses vazamentos são


necessários para promover a lubrificação das partes móveis dos diversos
componentes.

2 - Perda de energia provocada pelas perdas de carga (∆ P) nos tubos, válvulas e


restrições, com o conseqüente aquecimento do óleo hidráulico.

3- Várias transformações do estado de energia. A bomba recebe em seu eixo potência


mecânica e a transforma em potência hidráulica (pressão e vazão). O atuador
hidráulico por sua vez realiza o processo inverso, transformando energia hidráulica
em mecânica.

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EXEMPLOS DE APLICAÇÕES HIDRÁULICAS:

Para que tenhamos melhor idéia, os vários campos de aplicação da hidráulica


foram divididos em 5 setores:

1 – Hidráulica Industrial:

Injetoras plásticas e de outros materiais; Prensas; Indústria pesada (metalurgia e


laminação); Máquinas-ferramentas

2- Hidráulica em construções fluviais, lacustres e terrestres:

Comportas e eclusas; Acionamento de pontes; Máquinas de mineração; turbinas;


Usinas nucleares

3 – Hidráulica em aplicações técnicas especiais:

Escavadeiras, dragas e gruas; Máquinas rodoviárias e agrícolas; Mecânica


automobilística

4 – Hidráulica em aplicações técnicas especiais:

Acionadores de telescópio; antenas; bóias de investigação marítima; trens de


aterrissagem e controle de aeronaves; máquinas especiais.

5 – Hidráulica na Indústria Naval

Acionamento de lemes; guindastes de bordo; gruas; plataformas; escotilhas de cargas.

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Anexo I

Unidades do Sistema Internacional de Unidades SI:

GRANDEZA - SÍMBOLOS UNIDADES SI - SÍMBOLOS CONVERSÕES E OUTRAS


SI UNIDADES LEGAIS
Comprimento l Metro m 1m = 100 cm = 1000 mm
Percurso s

Área A Metro quadrado m2 1m2 = 10.000 cm2


= 1.000.000 mm2
Volume V Metro cúbico m3 1m3 = 1000 dm3
1 dm3 = 1 L
Tempo t Segundo s 1s = 1/60 min

Velocidade v Metro por segundo m/s 1m/s = 60 m/min

Aceleração a Metro por segundo m/s2 g = 9,81 m/s2 (aceleração da


Quadrado gravidade)
Vazão qv,Q Metro cúbico por m3/s 1 m3/s = 60.000 L/min
Segundo
Rotação n rpm ou rps 1/s ou 1/min 1/s = 60 / min

Massa m Quilograma Kg 1 Kg = 1000 g

Densidade ρ Quilograma por Kg/m3 1 Kg/m3 = 0,001 Kg/dm3


Metro cúbico
Força F Newton N 1N = 1 Kg.m/s2

~10 N = 1Kgf
Pressão p Newton por N/m2 1 N/m2 = 1 Pa = 0,00001 bar
Metro quadrado
~1 bar = 1 Kgf/cm2
Pascal Pa
Trabalho W Joule J 1 J = 1 W.s

Potência P Watt W 1W = 1 J/s

Temperatura T Kelvin K Celsius °C


Temperatura-Celsius t
t°C = 5/9 (F – 32)

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